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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS
ACADEMIA REAL MILITAR (1811)
IAGO CAPANEMA SIQUEIRA
MEIOS ELETRÔNICOS NO GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA:
estudo quanto à tecnologia agregada, à precisão e à rapidez na obtenção de dados
topográficos
Resende
2016
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IAGO CAPANEMA SIQUEIRA
MEIOS ELETRÔNICOS NO GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA:
estudo quanto à tecnologia agregada, à precisão e à rapidez na obtenção de dados
topográficos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado àAcademia Militar das Agulhas Negras como parte dosrequisitos para a Conclusão do Curso de Bacharel emCiências Militares, sob a orientação do Cap Art RafaelFerraz Pinto.
Resende
2016
IAGO CAPANEMA SIQUEIRA
MEIOS ELETRÔNICOS NO GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA:
estudo quanto à tecnologia agregada, à precisão e à rapidez na obtenção de dados
topográficos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado àAcademia Militar das Agulhas Negras como parte dosrequisitos para a Conclusão do Curso de Bacharel emCiências Militares, sob a orientação do Cap Art RafaelFerraz Pinto.
COMISSÃO AVALIADORA
_______________________________________
Rafael Ferraz Pinto - Cap Art
Orientador
_______________________________________
Wesley Jardim Batista – Maj Art
Avaliador
_______________________________________
Matheus Ribeiro Carvalho – Cap Art
Avaliador
Resende
2016
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado forças nos momentos de dificuldades.
Á minha mãe, Maria Elisa Capanema Siqueira, e ao meu pai, Carlos Alberto Siqueira,
por serem minha base forte e sempre me incentivarem na realização do meu sonho.
A todos meus demais familiares que sempre me apoiaram e me deram suporte nessa
caminhada, em especial: Eli Capanema Filho, Valter Capanema, Gabriela Capanema e
Vanderlei Capanema.
Ao Ten Art De Carvalho pela dedicação à confecção do meu projeto de pesquisa e
apoio prestado mesmo após sua transferência da Academia Militar das Agulhas Negras.
Ao Cap Art Ferraz pelo pronto apoio e pela assídua dedicação para confecção desta
monografia.
RESUMO
SIQUEIRA, Iago Capanema. Meios Eletrônicos no Grupo de Artilharia de Campanha:
estudo quanto à tecnologia agregada, à precisão e à rapidez na obtenção de dados
topográficos. Resende: AMAN, 2016. Monografia.
O emprego da artilharia é de suma importância para que a arma base cumpra sua missão na
guerra sendo inclusive designado a ela o título de mulplicador do poder de combate. Para
melhor compreender o funcionamento da artilharia divide-se esta em 9 subsistemas: linha de
fogo, observação, busca de alvos, topografia, meteorologia, comunicações, logística e direção
e coordenação de tiro. Este trabalho tratará exclusivamente do subsistema topografia
buscando realizar uma comparação entre as forma de levantamento topográfico eletrônico e
clássico e constatar qual é mais viável atualmente. Tem-se como objetivo geral demonstrar a
maior eficiência do emprego da utilização dos meios eletrônicos no levantamento topográfico
do Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) em detrimento do levantamento clássico,
largamente difundido nos quartéis ainda hoje. Para atingir tal objetivo empregou-se uma
pesquisa bibliográfica na qual foram pesquisadas as formas levantamento topográfico bem
como os equipamentos empregados no mesmo, analisando características como rapidez,
precisão e tecnologia agregada. O resultado foi a constatação da superioridade dos meios
eletrônicos por apresentarem um moderno sistema de informatização, o que diminui a
interferência humana e erros mecânicos no processo. A conclusão desta monografia foi a de
que a divulgação dos meios eletrônicos deve ser ampliada tendo em vista suas características
atenderem melhor ao emprego da artilharia atualmente.
Palavras-chave: Meios eletrônicos. Levantamento topográfico. Rapidez. Precisão.
Tecnologia agregada.
ABSTRACT
SIQUEIRA, Iago Capanema. Electronic Media in the Field Artillery Group: study about
the aggregate technology, accuracy and speed in obtaining topographic data. Resende:
AMAN, 2016. Monograph.
The use of artillery is of paramount importance so that the base weapon fulfill its mission in
war including and it is also entitled as the multiplier of combat power. In order to better
understand the operation of artillery, it is necessary to divide these 9 subsystems: fire line,
observation, search targets, topography, meteorology, communications, logistics and
management and coordination shot. This work will address exclusively the topography
subsystem aiming to make a comparison between the electronic survey and classical one and
observe which one is more viable these days. The general objective of this present work is to
demonstrate the efficiency of the use in electronic means in the survey of the Field Artillery
Group (FAG) at the expense of the classic survey, widespread in the military units today. To
achieve the research objective we used a literature in which researched up the survey forms as
well as the equipment used in, analyzing the same characteristics as speed, accuracy and
aggregate technology. The result was the finding of the superiority of electronic media in
order to present a modern computerized system, which reduces human interference and
mechanical errors in the process. The conclusion of this thesis was that the dissemination of
electronic media should be expanded in order to better meet its features to the use of artillery
today.
Keywords: Electronic Media. Topographic surveying. Quickness. Precision. Aggregated
technology
FIGURA 1:
FIGURA 2:
FIGURA 3:
FIGURA 4:
FIGURA 5:
FIGURA 6:
FIGURA 7:
FIGURA 8:
FIGURA 9:
FIGURA 10:
FIGURA 11:
FIGURA 12:
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FIGURA 14:
FIGURA 15:
FIGURA 16:
FIGURA 17:
FIGURA 18:
FIGURA 19:
FIGURA 20:
Sistema de coordenada retangular (visão global)........................................
Sistema de coordenada retangular (BRASIL)..............................................
Goniômetro-Bússola....................................................................................
Folga longitudinal do parafuso do GB.........................................................
Correção do erro do ponto zero (C0)...........................................................
Divisão de declinação (Dd)..........................................................................
Ficha topo 2...........................................................................................
Medição por lances horizontais da trena em terreno inclinado....................
Levantamento da área de posição................................................................
Ficha topo 4...........................................................................................
Interseção avante..........................................................................................
Ficha topo 5...........................................................................................
Esquema completo com os três seguimentos de GPS..................................
Funcionamento do sistema GPS..................................................................
Colocação dos aparelhos GPS sobre o ponto topográfico do IG CII ..........
Telêmetro laser ............................................................................................
Princípio de funcionamento de um distanciômetro eletrônico....................
Atlas Gun- Laying System (AGLS).............................................................
Emprego do AGLS em diversos subsistemas de artilharia..........................
O levantamento eletrônico na área de alvos.................................................
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LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO..................................... 122.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema...................................... 122.2 Referencial metodológico e procedimentos.................................................. 15
3 TOPOGRAFIA: O LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
CONVENCIONAL......................................................................................... 183.1 Generalidades.................................................................................................. 183.2 O Sistema de Coordenadas............................................................................ 193.2.1 O Sistema de Coordenadas Retangular.......................................................... 193.3 Material topográfico da Artilharia............................................................... 203.3.1 Determinação de
direções................................................................................
21
3.3.1.1 Características
gerais.......................................................................................
21
3.3.1.2 Estacionamento................................................................................................
.
22
3.3.1.3 Medidas de ângulos horizontais....................................................................... 223.3.1.4 Correção do ponto zero
(C0)............................................................................
23
3.3.1.5 Distância de segurança.................................................................................... 243.3.1.6 Divisão de Declinação (Dd)............................................................................. 243.3.2 Determinação de
distâncias.............................................................................
26
3.3.2.1 Características
gerais.......................................................................................
26
3.3.2.2 Execução..........................................................................................................
.
27
3.3.2.3 Problemas......................................................................................................... 273.4 O processo de levantamento clássico............................................................. 283.4.1 Área de
Posição................................................................................................
29
3.4.2 Área de Conexão.............................................................................................. 313.4.3 Área de Alvos................................................................................................... 313.5 Pranchetas de tiro com processos convencionais......................................... 33
4
4.1
4.1.1
4.1.1.1
TOPOGRAFIA: O LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
ELETRÔNICO...............................................................................................
Materiais eletrônicos empregados no levantamento topográfico...............
Global Positioning System (GPS) - Sistema de Posicionamento Global.......
Histórico...........................................................................................................
34
34
34
34
4.1.1.2
4.1.1.2.1
4.1.1.2.2
4.1.1.2.3
4.1.1.3
4.1.1.4
4.1.1.4.1
4.1.2
4.1.2.1
4.1.2.2
4.1.2.3
4.1.2.4
4.1.3
4.1.3.1
4.1.3.2
4.1.3.3
4.1.3.4
4.2
4.2.1
4.2.2
4.2.3
4.3
4.3.1
4.3.2
4.4
5
6
Composição......................................................................................................
Seguimento espacial.........................................................................................
Seguimento de controle....................................................................................
Seguimento de usuário......................................................................................
Funcionamento.................................................................................................
Experiência.......................................................................................................
Análise parcial de dados...................................................................................
Laser Range Finder (LRF) - Telêmetro
laser.................................................
Histórico e características
gerais.....................................................................
Funcionamento.................................................................................................
Operação..........................................................................................................
Conclusão
parcial.............................................................................................
Atlas Gun-Laying System (AGLS) - Sistema de Posicionamento de
Azimute do Canhão.........................................................................................
Histórico e características
gerais.....................................................................
Funcionamento.................................................................................................
Operações.........................................................................................................
Conclusão Parcial............................................................................................
O processo de levantamento eletrônico.........................................................
O levantamento na Área de Posição...............................................................
O levantamento na Área de
Conexão..............................................................
O levantamento na Área de Alvos...................................................................
Pranchetas de tiro com processos eletrônicos..............................................
Prancheta de tiro precisa.................................................................................
Prancheta de tiro sumária...............................................................................
Conclusão parcial...........................................................................................
RESULTADO E ANÁLISE DE DADOS.....................................................
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CONCLUSÃO.................................................................................................
REFERÊNCIAS..............................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente o tema sobre a utilização dos meios eletrônicos de levantamento
topográfico tem adquirido importância, pois a utilização de tais equipamentos já se efetivou
em grande parte dos exércitos do mundo tendo em vista acompanhar o combate de 4ª geração
que tem como uma de suas facetas o dinamismo.
Seu estudo é relevante para o meio militar, uma vez que tais equipamentos tendem a
substituir os meios convencionais tendo em vista que estes já não conseguem mais
acompanhar a guerra com toda a sua demanda por velocidade, desta forma o emprego dos
meios eletrônicos tende a se tornar bastante comum nos quartéis de artilharia.
A presente pesquisa busca tratar do tema sob a perspectiva da confrontação dos meios
eletrônicos com os meios convencionais explicando as razões da utilização daquele ao invés
desses. Para atingir esse objetivo mostrar-se-á no capítulo 3 as características dos principais
equipamentos convencionais e como é realizado o levantamento explicitando suas
particularidades. Após isso será abordado o histórico de diversos equipamentos eletrônicos
bem como suas características mais relevantes, o que possibilitará, por fim, realizar uma
confrontação de dados.
Delimitou-se o foco em realizar uma comparação dos equipamentos de levantamento
topográfico eletrônicos e convencionais nos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) à luz,
respectivamente, do Caderno de Instrução (CI) 1-199/1, o Levantamento Topográfico
Eletrônico, e do Manual C 6-199, Topografia do Artilheiro.
Faz-se necessário definir alguns conceitos fundamentais para o desenvolvimento do
assunto. Segundo Brasil (1986), Estação de Orientação (EO) é o ponto materializado no
terreno, no qual se estaciona o Goniômetro-Bússola (GB) para orientação das peças sendo um
ponto sobre a Direção de Referência (DR); DR é o Lançamento para um Ponto Afastado,
partindo da EO; Ponto Afastado é um ponto nítido no terreno ou uma baliza a 300m; Centro
de Bateria (CB) é o ponto que ocupa aproximadamente o centro da figura geométrica formada
pelas peças e em relação ao qual são determinados os elementos da bateria; Ponto de
Vigilância (PV) é o alvo auxiliar para o qual são apontadas as baterias de um Grupo; Direção
de Vigilância (DV) é o lançamento CB-PV; Alvo Auxiliar (AA) é o ponto na Área de alvos,
conhecida na prancheta e no terreno sendo utilizado como referência para regulações; Sítio é
ângulo que representa o desnível entre dois pontos medido em milésimos; Referência de
Posição de Grupo (RPG) é o ponto de coordenadas conhecidas e com uma DR levantados
topograficamente pelo Escalão Superior e repassados às Organizações Militares subordinadas;
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Região de Procura de Posição (RPP) é o local onde o GAC deverá se desdobrar e escolhida de
modo a permitir, dentro de características técnicas do material, o cumprimento da missão.
O objetivo deste trabalho é mostrar a maior eficiência da utilização dos meios
eletrônicos no levantamento topográfico dos GAC analisando características como rapidez,
precisão e tecnologia agregada.
As fontes precípuas empregadas foram o manual C 6-199, Topografia do Artilheiro,
que descreve de forma detalhada o levantamento topográfico convencional; e o CI 6-199/1, O
Levantamento Topográfico Eletrônico. Vale a pena ressaltar que esses dois manuais são bases
no entendimento desse assunto, entretanto diversos outros materiais foram abordados para o
desenvolvimento desta monografia.
A presente monografia está assim estruturada:
No primeiro capítulo, foi abordado o levantamento topográfico convencional. Aqui foi
dada ênfase ao GB e a trena, para a medição de direções e distâncias, respectivamente,
mostrando suas características, bem como é realizado o levantamento topográfico com esses
equipamentos. Para elaboração deste capítulo utilizou-se como principal fonte de consulta o
manual C 6-199, pois aborda especifica e minuciosamente o assunto.
O segundo capítulo aborda o levantamento topográfico eletrônico, apresenta os
materiais eletrônicos mais recentes empregados pela artilharia, tais como Global Positioning
System (GPS) – Sistema de Posicionamento Global; Laser Range Finder (LRF) - Telêmetro
laser; e o Atlas Gun-Laying System (AGLS) – Sistema de Posicionamento de Azimute do
Canhão. O corrente capítulo explica o histórico dos materiais citados, suas características
mais importantes e mostra como é realizado o levantamento com estes materiais. As
principais fontes utilizadas foram manuais específicos dos aparelhos e o CI 6-199/1, pois
aqueles fornece dados específicos dos materiais e este nos detalha os procedimentos do
levantamento eletrônico de maneira clara.
Ambos os capítulos são abordados o assunto prancheta de tiro que classifica os dados
obtidos de acordo com a precisão obtida e o tempo disponível para realização dos trabalhos.
Por fim, no último capítulo, que resultado e análise de dados, realizou-se uma
comparação entre os levantamentos feitos com materiais eletrônico e convencionais tendo
como base os dados abordados nos primeiro e segundo capítulos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
A pesquisa a ser realizada tratará do assunto meios eletrônicos de levantamento
topográfico, campo de pesquisa inserido na área de ciência de tecnologia, conforme definido
na Portaria nº 734, de 19 ago 10, do comando do Exército Brasileiro.
2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema
Buscando identificar o que de mais relevante e atualizado tem sido produzido sobre o
tema utilização dos meios eletrônicos no Grupo de Artilharia de Campanha, foram
pesquisadas algumas fontes de consulta; dentre elas, o Caderno de Instrução (CI) 6-199/1, O
Levantamento Topográfico Eletrônico (BRASIL, 2005), que aborda como deve ser realizado
o procedimento para realizar o Levantamento Topográfico nas três áreas: área de posição,
área de conexão e área de alvos; citando as suas características bem como os prazos para sua
realização.
Convém destacar que de acordo com a NBR 13133 (ABNT, 1991, p. 3) Levantamento
Topográfico define-se como:
Conjunto de métodos e processos que, através de medições de ângulos horizontais everticais, de distâncias horizontais, verticais e inclinadas, com instrumentaladequado à exatidão pretendida, primordialmente, implanta e materializa pontos deapoio no terreno, determinando suas coordenadas topográficas. A estes pontos serelacionam os pontos de detalhes visando à sua exata representação planimétricanuma escala predeterminada e à sua representação altimétrica por intermédio decurvas de nível, com equidistância também predeterminada e/ou pontos cotados.
O método de levantamento topográfico convencional vem sendo utilizado há décadas
pelas gerações de artilheiros, tendo se destacado durante a Segunda Guerra Mundial quando
as tropas brasileiras se deslocaram para o território europeu e desconheciam o terreno sendo,
portanto, necessário realizar o levantamento topográfico daquela região para se empregar a
artilharia. Convém destacar que, naquela época surgiram os meios clássicos de levantamento
topográfico que são empregados atualmente, conforme afirma Academia Militar das Agulhas
Negras “Passou-se a utilizar o goniômetro-bússola para pontaria da peça em substituição á
antiga luneta. A melhoria da precisão dos tiros, com o emprego da topografia [...]” (2011, p.
399). Portanto, pode-se afirmar que os meios clássicos de levantamento topográfico eram
adequados ao levantamento topográfico da referida época. Vale a pena ressaltar que, de
acordo com Gorgulho (2001 apud SILVA, 2002, p. 15), surgiram em 1912 os primeiros
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equipamentos de rádio-navegação, entretanto estes eram utilizados apenas pela marinha
americana com a finalidade de navegação.
Segundo A Evolução Histórica Tecnológica do Instrumental Topográfico (2015, p. 7)
na década de 60 foi lançada a primeira constelação de satélites com a finalidade de
geoposicionamento, por intermédio de ondas eletromagnéticas, e aqui surge o embrião do
Global Positioning System (GPS) - Sistema de Posicionamento Global – era o Navy
Navigation Satellite System / TRANSIT (NNSS/TRANSIT) – Sistema de Navegação Naval
por Satélite / Trânsito - um sistema empregada pela marinha norte americana o sistema.
Somando-se a tudo isso, de acordo com Martins (2016; slides 5, 6 e 12), cita-se ainda
que a 2ª Guerra Mundial caracterizava-se pela manobrabilidade com o emprego de meios
mecanizados (tanques, aviões e submarinos) o que por meio “do fogo e movimento” davam
suporte a blitzkrieg - Guerra Relâmpago.
Ainda de acordo com Martins (2016; slides 5, 6 e 13), atualmente encontra-se na fase
da Guerra de 4ª Geração, também chamada de Guerra Total, ou Amplo Espectro, na qual suas
principais características são a grande fluidez do combate com o emprego maciço de meios
informatizados e o alto grau de tecnologia empregada por meio do computador e rede.
Sendo assim, torna-se questionável o emprego do levantamento topográfico
convencional atualmente. Pode-se abordar a teoria existente sobre o tema em questão da
seguinte maneira:
Há uma corrente de artilheiros menos conservadores que defendem que o Meio
eletrônico é mais viável devido à rapidez com que os trabalhos são realizados e a precisão
com que os resultados são obtidos, atendendo perfeitamente as necessidades da artilharia e o
acompanhamento dos combates modernos.
Há outra corrente de artilheiros mais conservadores, em contrapartida, que defendem a
tese que o levantamento clássico deve ser empregado nos Grupos de Artilharia de Campanha
(GAC) em detrimento do eletrônico, isto devido ao fato de aquele ser mais confiável, sendo
utilizado há décadas, fato empírico, e tendo assim sua eficiência comprovada; acrescenta-se
ainda o fato do Brasil não possuir satélites próprios para operar os equipamentos eletrônicos,
ficando assim, dependente da tecnologia estrangeira.
Visando esclarecer este problema, realizou-se uma pesquisa bibliográfica a respeito de
ambas as formas de levantamento topográfico e dos equipamentos empregados neste.
Para empreender este trabalho de forma mais objetiva, delimitou-se o tema buscando
esclarecer melhor a respeito dos seguintes equipamentos: trena e Goniômetro-Bússula (GB),
para determinação de distâncias e direções, respectivamente, no levantamento topográfico
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convencional; o Global Positioning System (GPS) - Sistema de posicionamento global; Laser
Range Finder (LRF) - Telêmetro laser; e o Atlas Gun-Laying System (AGLS) - Sistema de
Posicionamento de Azimute do Canhão - para determinação de posição, direção e distâncias,
respectivamente, no levantamento topográfico eletrônico.
O manual de campanha C 6-199, Topografia do Artilheiro, descreve como é o
levantamento topográfico clássico no GAC, sendo utilizado como base para ministrar
instruções sobre o assunto nos quartéis. O referido manual descreve de forma detalhada como
deve ser realizado o procedimento convencional, pode-se citar o uso do GB e da trena,
equipamentos utilizados para medir ângulo e distância, respectivamente, e juntamente ao uso
de fichas se obter a locação do ponto, azimute, lançamento dentre outros dados julgados
necessário. O manual aborda, também, o levantamento topográfico convencional nas 03 (três)
áreas, prazos e tipos de prancheta de tiro.
A semelhança do C 6-199, o CI 6-199/1 aborda todos os aspectos verificados naquele
manual diferenciando apenas no aspecto de este ser voltado para os meios eletrônicos
possibilitando assim fazer-se uma comparação de dados e verificar que o levantamento
eletrônico é o mais adequado atualmente.
Visando conferir embasamento a essa conclusão, foram consultados diversos autores,
dentre eles: Rodrigues (2003), que aborda a evolução dos equipamentos topográficos,
permitindo verificar o progresso que a ciência trouxe a esses equipamentos; Silva (2002) que
realiza uma análise comparativa entre equipamentos eletrônicos (GPS) para levantamento de
dados topográficos, fornecendo desta maneira uma visão da evolução do GPS, explicando seu
funcionamento de forma bastante simples e fornece dados da precisão obtida por tal meio; A
Evolução Histórica e Tecnológica do Instrumental Topográfico (2015) que faz uma mescla
em seu trabalho dos meios eletrônicos e meios convencionais permitindo fazer uma
comparação entre tais meios de forma mais clara, além de dar uma breve explicação de
diversos aparelhos; e Veiga (2012) que fornecendo os fundamentos básicos da topografia e,
aliado aos manuais C 6-199 e CI 6-199/1, permite embasar de forma mais eficiente como é
realizado o levantamento topográfico.
Foram consultados também diversos manuais técnicos, a saber: a NBR 13133,
Execução de Levantamento Topográfico, que define alguns termos empregados na topografia;
os manuais do operador do telêmetro laser “COBRA” e do “AGLS” que abordam de forma
bastante específica o funcionamento de tais aparelhos e fornecem dados precisos dos mesmos.
Todas essas obras servirão para embasar o porquê de se usar os meios eletrônicos
através da evolução histórica, do funcionamento dos aparelhos e da comparação de dados.
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A teoria que ampara a presente pesquisa pode ser assim resumida: com a evolução da
tecnologia veio também o aprimoramento e o aumento da precisão dos meios empregados
pela artilharia e consequentemente a agilização da obtenção de dados, sendo assim torna-se
necessário o emprego de tais meios pela artilharia brasileira para que esta possibilite ao
Exército Brasileiro o acompanhamento da guerra moderna.
2.2 Referencial metodológico e procedimentos
Visando investigar as lacunas no conhecimento até agora existente, formulou-se o
seguinte problema de pesquisa: a artilharia é uma arma caracterizada pelo poder de fogo
capaz de destruir áreas e bater alvos de forma cirúrgica, correta e veloz, o que torna
necessário que o levantamento topográfico, realizado pela equipe topográfica, seja preciso e
rápido, pois a artilharia, como elemento de apoio, deve estar em condições de apoiar a arma
base no menor espaço de tempo possível. Sendo assim torna-se questionável qual a forma de
levantamento topográfico (clássica ou eletrônica) é a mais viável fazendo assim que a
Artilharia cumpra sua missão de maneira mais eficiente nos conflitos de modernos? E que
características apresentadas pelos materiais eletrônicos que tornam mais viável o seu uso em
detrimento dos meios convencionais?
Partiu-se da seguinte hipótese se os meios eletrônicos atingirem a rapidez e a precisão
requeridas pela Artilharia segundo o manual de topografia então é mais conveniente a
utilização deste meio.
Para realização deste trabalho trabalhou-se com as seguintes variáveis: a rapidez e a
precisão obtidas pelos meios eletrônicos e as mesmas obtidas pelos meios clássicos de
levantamento além da tecnologia agregada aos materiais empregados nos trabalhos.
O objetivo geral da presente pesquisa é demonstrar a maior eficiência da utilização dos
meios eletrônicos no levantamento topográfico do GAC em detrimento do levantamento
topográfico clássico, fazendo um estudo das variáveis mencionadas no parágrafo anterior.
Os objetivos específicos são: verificar a rapidez e precisão dos dados obtidos para o
levantamento eletrônico e se estes atendem aos critérios da artilharia; citar alguns aparelhos
convencionais e eletrônicos de levantamento topográfico; suas características básicas e como
é realizado o levantamento topográfico com os mesmos; verificar sua eficiência em relação
aos meios convencionais descritos no manual C 6-199, Topografia do Artilheiro. Portanto,
pode-se enunciar a hipótese da seguinte maneira:
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a) se devido ao fato dos meios eletrônicos já virem com calculadora interna e circuitos
integrados já previamente programados, bastando apenas a mera operação do instrumento
pelo operador, não necessitando preencher dados em fichas e nem realizar operações
matemáticas presume-se que os “erros humanos” são diminuídos vindo a gerar maior precisão
aos trabalhos;
b) se os processos eletrônicos demoram poucos segundos na obtenção de dados,
enquanto o trabalho manual exige muito tempo em função de necessitar medir distâncias,
medir ângulos horizontais e verticais e calcular os dados obtidos de acordo com o manual
Topografia do Artilheiro, então os meios eletrônicos são mais rápidos;
c) se os meios eletrônicos devido ao fato de virem com alto grau de tecnologia
(empregando laser, visor de cristal liquido, placas de circuito integrado) reduzem os erros
mecânicos dos equipamentos analógicos (“barriga” na trena, folga de parafuso, dentre outros
erros) garantindo maior precisão ao processo.
Com o propósito de operacionalizar a pesquisa, adotaram-se os procedimentos
metodológicos descritos abaixo.
Primeiramente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica visando rever a literatura
objetivando fornecer o estofo teórico necessário. Desse levantamento, destacam-se os
manuais que servem como base para este trabalho o CI 6-199/1, O Levantamento Topográfico
Eletrônico e o manual C 6-199, Topografia do Artilheiro. Os referidos manuais abordam os
procedimentos, de forma minuciosa, de como o levantamento topográfico deve ser realizado.
Além desses manuais foram consultadas diversas obras que devido a sua qualidade
dão credibilidade a este trabalho, a citar: Rodrigues (2003), Silva (2002), A Evolução
Histórica e Tecnológica do Instrumental Topográfico (2015) e Veiga (2012).
Foram consultados também manuais técnicos que fornecem dados e características a
respeito dos diversos materiais citados nesta monografia, como: a NBR 13133, os manuais do
telêmetro laser e do AGLS.
Constatou-se inicialmente que, até o momento, foram editados muitos títulos sobre o
assunto. Quanto à qualidade das fontes encontradas, pode-se dizer que estão compatíveis com
os objetivos aqui propostos, pois descrevem procedimentos, características e dados que
servem de base a esta pesquisa.
Adotou-se como instrumento de coleta de dados o fichamento para se armazenar
informações necessárias ao empreendimento do trabalho.
O objetivo precípuo é constatar a superioridade dos meios eletrônicos em detrimentos
dos meios convencionais. As obras, em sua maioria, foram obtidas em manuais técnicos.
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Com a finalidade de coletar registro de dados adotou-se observação sistemática para
coletar e registrar informações de manuais, artigos e páginas da internet, objetivando
identificar as características dos materiais eletrônicos e materiais convencionais para por fim
realizar uma confrontação de dados e assim retificar ou ratificar a hipótese do presente
trabalho.
Por fim na análise de dados empreender-se-á uma comparação de dados e confrontar-
se-á os resultados com a teoria estudada na revisão da literatura.
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3 TOPOGRAFIA: O LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO CONVENCIONAL
O Levantamento topográfico clássico é realizado utilizando os meios convencionais. A
seguir, constam as principais características desse levantamento abordando aspectos atinentes
a esta monografia.
3.1 Generalidades
Segundo o manual de campanha C 6-199, Topografia do Artilheiro (1986, p. 1-2):
O trabalho topográfico na Artilharia tem por finalidade o estabelecimento de umatrama comum que permita: concentrar o fogo; desencadear, de surpresa, tirosobservados; desencadear tiros eficientes, sem observação; transmitir dados delocação de alvos de uma para outra unidade.
Para realizar o trabalho topográfico descrito acima, a artilharia segue o seguinte
procedimento:
(1) Planejamento do Levantamento topográfico(a) Estudo de Situação topográfico;(b) Reconhecimento no Terreno;(c) Elaboração do Plano de Levantamento do Grupo (PLG).(2) Trabalho de Campo – (Operações de medidas).(3) Cálculos – (Sempre que possível paralelo ao trabalho de campo).(4) Fornecimento de dados – (Central de Tiro, Linha de Fogo, etc).(5) Levantamento de posição de troca e outros pontos que se fizerem necessários.(BRASIL. 1986, p. 7-4).
O manual descreve ainda a precisão dos trabalhos para diversos escalões. Para esta
monografia focou-se o escalão GAC.
Por fim, o referido manual descreve ainda o responsável pelo levantamento
topográfico bem como os pontos necessários que o mesmo deve levantar:
O Adjunto do S/2, que é o oficial de reconhecimento e observação do grupo (ou ooficial de reconhecimento da bateria isolada), planeja, coordena e dirige asoperações topográficas do grupo (ou bateria isolada). As turmas topográficas dogrupo e das baterias executam as operações de que tratam os subparágrafos abaixo:a. As coordenadas retangulares e a altura (ou altitude) de:(1) Um centro de bateria (CB), para cada bateria de artilharia leve, média ou pesada;(2) Cada peça, para baterias de artilharia muito pesada;(3) Pontos de controle topográfico para Cia de morteiros, quando determinado;(4) A altura (ou altitude) do Posto Meteorológico do Grupo (P Meteo Gp), nasregiões em que não houver carta, bem como uma DR para o posto.b. Uma DR e o ângulo de vigilância para cada bateria.
19
c. As coordenadas retangulares e a altura (ou altitude) para observatórios extremosda base de levantamento da área de alvos, sendo ainda fornecida uma DR para cadaobservatório.d. As coordenadas retangulares e as alturas (ou altitudes) de pontos na área de alvos,a saber: ponto de vigilância (PV), alvos auxiliares (AA) e pontos de controle defotografias aéreas, quando necessários.e. As coordenadas retangulares a alturas (ou altitude) e uma DR para outros pontos,quando determinado pelo comandante do grupo. (BRASIL, 1986, p. 1-3 - 1-4).
3.2 O Sistema de Coordenadas
Segundo o manual de campanha C 21-26, Leitura de Cartas e Fotografias Aéreas
(1980, p. 6-1), a finalidade da designação de locação de pontos na carta deve-se ao fato das
operações militares serem conduzidas em cartas e constantemente há necessidade de
designação de pontos importantes no terreno, e no caso da artilharia a locação do CB, PV,
AA, dentre outros pontos. Este procedimento para essa designação de pontos pode ser pelas
coordenadas geográficas, retangulares e polares. Para a artilharia, se utiliza o sistema de
coordenadas retangulares devido ao fato de que o papel de prancheta e as cartas topográficas
empregadas e os demais materiais, de modo geral, já virem preparados para este sistema;
soma-se ainda o fato, de acordo com o manual C 21-26 (1980, p. 6-6) da relativa simplicidade
do emprego do referido sistema de coordenadas.
3.2.1 O Sistema de Coordenada Retangular
De acordo com São Paulo ([20--], slides 26 e 27) o Sistema de Coordenadas
Retangulares foi desenvolvido pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma
aliança militar de países do leste europeu, em 1947, e são coordenadas baseadas na
quadriculação Universal Transverse Mercator Projection (UTM) - Projeção Universal
Tranversa de Mercator - que é utilizada mundialmente entre as latitudes 80º S e 84º N. É
dividida em 60 fusos de projeção na longitude e 20 fusos na latitude. A figura 1 mostra uma
visão global deste Sistema de Coordenadas.
A figura 2 especifica o Sistema de Coordenada Retangular para o continente sul
americano e parte da América Central, com destaque para o Brasil, fornecendo assim uma
visão ampliada do sistema permitindo uma observação mais detalhada deste.
20
Figura 1 - Sistema de coordenada retangular (visão global)Fonte: SÃO PAULO. Corpo de alunos. Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Terreno: Campinas, [20--].slide 28, color.
Figura 2 - Sistema de coordenada retangular (BRASIL)Fonte: SÃO PAULO. Corpo de alunos. Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Terreno: Campinas, [20--].slide 29, color.
3.3 Material topográfico da Artilharia
Os instrumentos utilizados na artilharia estão descritos no Capítulo 3-2 do manual
Topografia do Artilheiro. Para este trabalho abordou-se basicamente a trena, empregada na
determinação de distâncias, e ao Goniômetro-Bússola (GB) empregado na determinação de
direções.
3.3.1 Determinação de direções
21
A determinação de direções tem por finalidade se obter dados de derivas e
lançamentos que serão empregados nos diversos subsistemas de artilharia.
3.3.1.1 Características gerais
Segundo o manual Topografia do Artilheiro “O GB é utilizado nos trabalhos
topográficos da artilharia para medir ângulos verticais de amplitude limitada e quaisquer
ângulos horizontais.” (1986, p. 3-10).
Figura 3- Goniômetro-Bússola
De acordo com o manual Topografia do Artilheiro “A luneta aumenta 5 vezes as
imagens e tem o campo ótico da ordem de 8° ou 151’’’ e sua ocular poderá focalizar para a
acuidade visual do operador, girando para a direita ou para a esquerda” (1986, p. 3-10)
Há, ainda, uma bússola localizada no corpo do GB, logo sob da luneta. A agulha
magnética é assinalada com um traço de referência, gravada na sua ponta sul, a fim de
permitir que, através da visada feita pela lupa de colimação da ponta sul da agulha, seja
conseguido seu exato alinhamento com o índice marcado no corpo do instrumento.
Segundo o informativo sobre o Goniômetro-Bússola (2002, p. 1):
Figura 3 - Goniômetro-Bússola Figura 3 - Goniômetro-Bússola Fonte: Adaptado pelo autor de Brasil (1986, p. 3-10); e Rio de Janeiro ([20-?], slide 16).
22
O goniômetro-bússola é um teodolito fácil de operar, destinado ao uso nas bateriasde bocas de fogo (para dar pontarias) e em levantamentos topográficos executadoscom uma precisão de 1:500 (não é usado se a precisão requerida for superior).
3.3.1.2 Estacionamento
Estacionar um equipamento significa que o mesmo deverá estar nivelado e centrado
sobre o ponto topográfico. As medições somente poderão iniciar após estas condições serem
verificadas.
Uma das desvantagens do GB é o estacionamento do mesmo, visto que esta operação
pode ser executada sobre superfícies extremamente irregulares o que demandaria muito tempo
na sua execução além de aumentar a possibilidades de erros devido ao posicionamento
incorreto do instrumento.
O manual de campanha C 6-199 traz em seu parágrafo 3-19 os procedimentos a serem
adotados para se estacionar o GB em terrenos planos ou inclinados.
3.3.1.3 Medida de ângulos horizontais
Segundo o manual Topografia do Artilheiro (1986, p. 3-16):
Nos trabalhos topográficos da Artilharia lida-se, unicamente, com os ânguloshorizontais medidos no sentido direto, isto é, no sentido do movimento dos ponteirosdo relógio. Conforme a orientação tomada; estes ângulos poderão ser azimutesmagnéticos, verdadeiros ou lançamentos, ou então, simplesmente, afastamentosangulares.
Aqui ressalta-se um aspecto muito importante tendo em vista que os GB empregados
são muito antigos e com isso apresentam folgas em seu sistema de parafusos de direção. O
GB funciona baseado em um sistema de parafusos quando se gira o tambor azimutal há uma
folga nesse parafuso que faz com que se altere o valor registrado no tambor, entretanto a
ocular permanece na mesma posição, ou seja, o tambor gira livre (vide figura 4), o que
ocasionaria um erro de leitura, para se reduzir essa imprecisão a leitura, de acordo com o
manual Topografia do Artilheiro (1986, p. 3-16), deve ser sempre feita no sentido “horário”
com a finalidade de que a folga e o desgaste da rosca não venham interferir na leitura.
Sendo assim, a folga do parafuso do GB pode causar imprecisão aos trabalhos.
23
Figura 4 - Folga longitudinal do parafuso do GBFonte: HUCK: Alcoa Fastening Systems & Rings. Alcoa FasteningSystems & Rings. [20-?]. Disponível em:<http://www.afsrhuck.net/us/uploads/images/Huck_360_difference-design_cutaway_Brazil.png>. Acesso em: 21 dez. 2015.
3.3.1.4 Correção do ponto zero (C0)
Segundo o manual de campanha Topografia do Artilheiro (1986, p. 3-22) para medir
ângulos de sítio com exatidão, é necessário que, uma vez nivelado e instrumento e registrado
zero no sitômetro, o eixo ótico do GB esteja na posição horizontal. Quando isso não acontece,
diz-se que o instrumento apresenta um “erro do ponto zero” sendo, portanto necessário inserir
ao valor medido uma correção chamada de “correção do ponto zero” (C0). Vide figura
abaixo:
Figura 5- Correção do erro do ponto zero (C0)Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Rio de Janeiro ([200-], slide 51).
No plano horizontal, sítio= +2
Quando ler o sítio = +30. O sítio na verdade será= +28, pois foi inserido a C0
24
Portanto verifica-se aqui mais uma fonte de imprecisão devido ao fato de o material
ser mecânico e, portanto contando com folgas relativas suas partes móveis sendo necessário
que o operador quando realizar a leitura lembre-se de somar a C0 ao sítio lido.
3.3.1.5 Distância de segurança
Quando se utilizar o GB deve-se ter em mente as distâncias de segurança para evitar a
interferência de massas ou campos magnéticos sobre a agulha imantada, sendo necessário,
portanto respeitar as seguintes distâncias de utilização:
Tabela 1- Distâncias de segurança
OBJETOS DISTÂNCIA DO GBLinhas elétricas 150 mLinhas férreas 75 m
Peças de artilharia pesada, carros de combate ou viaturas grandes 60 m
Peças de artilharia leve, viaturas de ¼ t, fios telegráficos, etc. 40 m
Arame farpado, armas portáteis, etc 10 mPequenos objetos feitos com aço ou ferro (lapiseiras, aros de
óculos ou de lentes de aumento, etc5 m
Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Brasil (1986, p. 3-31 - 3-32).
3.3.1.6 Divisão de Declinação (Dd)
Por Dd entende-se o lançamento no qual a agulha magnética do GB está apontada que
pode ou não ser coincidente com o Norte Magnético (NM).
Por defeito de construção, a leitura feita no instrumento nem sempre corresponde auma visada rigorosamente paralela à direção tomada pela agulha imantada; assim ovalor da Dd é, em cada aparelho e num dado lugar, função da Declinação Magnética(Dm) e de uma correção, positiva ou negativa, peculiar ao instrumento. (BRASIL,1986, p. 3-25).
Ressalta-se que a correção citada acima corresponde ao valor da Constante de
Declinação (d) que corresponde ao erro proveniente da não coincidência da direção da agulha
com a do Norte Magnético (NM)
25
Figura 6- Divisão de declinação (Dd)Fonte: Adaptado pelo autor a parti de Rio de Janeiro ([200-], slide 73).
A Dd tem validade no tempo de 3 meses, e no espaço de num raio de 10 Km da
Estação de Declinação, que é como é chamado o local onde se faz a declinação do
instrumento.
Uma das maneiras mais utilizadas de declinar o GB é Ficha Topo 2 (vide figura 7) que
por meio de cálculos fornece o valor da Dd do instrumento e de sua C0. Verifica-se então a
interferência direta do militar no preenchimento de ficha, na qual existem diversos campos a
serem preenchidos o que aumentaria a possibilidade de erros humanos, além do fato de ter de
se respeitar sua zona de validade para que seja mantida a precisão dos trabalhos.
Por fim vale a pena ressaltar o fato que o Exército Brasileiro vem comprando um lote
de GB americano. Esse material não permite a utilização da sua Dd aqui no Brasil tendo em
vista o fato de sua agulha ter sido imantada no hemisfério norte sendo, portanto inviável sua
utilização no hemisfério sul.
γ
Legenda:
NM: Norte Magnético
NQ: Norte de Quadricula
NV: Norte Verdadeiro
Ag: Agulha do Instrumento
Dd 2: Divisão de Declinação
Dm 2: Declinação Magnética
d₂: Constante de Declinação
γ: Convergência de Meridianos
26
Figura 7 – Ficha Topo 2Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Brasil (1986, p. 3-2).
3.3.2 Determinação de distâncias
A determinação de distâncias tem por finalidade fornecer dados de alcance de diversos
elementos aos subsistemas de artilharia que no fim servirão para se locar com precisão pontos
ou fornecer elementos de tiro para as baterias.
3.3.2.1 Características gerais
Segundo o manual Topografia do Artilheiro (1986, p. 3-2):
Os tipos de trena normalmente usados pela topografia da artilharia, são de aço oufibra de vidro, de 30, 50 ou 100 metros de comprimento, com graduação emdecímetros e centímetros em toda sua extensão, sendo o primeiro decímetrosubdividido em milímetros.
Segundo o manual C 6-199 (1986, p.3-2) para a medição de distâncias com a trena o
princípio básico de que deve ser mantido é o de que a trena, durante toda a execução, deve
manter-se horizontal.
De acordo com o manual Topografia do Artilheiro “A turma da trena compreende dois
operadores: o operador de vante e o operador de ré. Este é o chefe da turma, porém ambos são
27
responsáveis pela exatidão das medidas. À noite é necessário reforçar a turma de trena.”
(1986, p. 3-3).
3.3.2.2 Execução
A execução da trenada se procede da seguinte maneira:
A turma da trena compreende dois homens: o operador de vante e operador de ré. Ooperador de ré permanece na estação a ré, com a trena enrolada. O operador de vantedesloca-se sobre o trecho a medir, segurando a extremidade da trena. [...] Quando atrena estiver prestes a desenrolar-se completamente, o operador de ré comanda:“Alto”. O operador de vante vira-se e alinha a trena, segurando as indicações dooperador de ré; ao comando de “Esticar”, estica-a, dando-lhe uma tensão. Ooperador de ré ajusta a extremidade da trena ao ponto de partida e comanda “Ficha”,o operador de vante enterra uma ficha junto á graduação zero, anunciando “Pronto”.Ambos prosseguem [...] para a próxima. (BRASIL, 1986, p. 3-3).
A figura 8 mostra a execução de uma trenada em terreno inclinado seguindo os
procedimentos descritos acima na qual devido às condições adversas do terreno os lances
sucessivos apresentam-se com distâncias variadas.
3.3.2.3 Problemas
A trena é um equipamento extremamente rudimentar, e como tal não possui tecnologia
agregada sendo extremamente dependente da atenção, da técnica e da pericia do operador
sendo a maioria das imprecisões de medição em decorrência deste; pode-se dizer também da
grande quantidade de tempo necessário para se realizar as medidas sendo ratificada tal
informação por Veiga “A medição de distâncias na Topografia e na Geodésia, sempre foi um
problema, devido ao tempo necessário para realizá-la e também devido à dificuldade de se
obter boa precisão”. (2012, p. 58).
Os problemas começam quando se vai realizar, por exemplo, a trenada de um terreno
que não é regular, contendo aclives e declives, sendo necessário, para cada um desses casos,
realizar um procedimento diferente e que demanda muito tempo. Vide na figura 8 um
exemplo de medição em terreno com aclive. Observe que a distâncias entre os lances
sucessivos variam de acordo com as imposições do terreno.
28
Figura 8– Medição por lances horizontais da trena em terreno inclinadoFonte: BRASIL. Exército Brasileiro. Ministério da Defesa. C 6-199: topografia do artilheiro. 3. ed. Brasília:EGGCF, 1986, p. 3-5.
De acordo com o manual de campanha C 6-199 (1986, p. 3-8 - 3-9), durante a
execução, podem ocorrer erros ou faltas:
a) erros sistemáticos - são erros cometidos no mesmo sentido. Devido aos erros
sistemáticos, as distâncias medidas com a trena poderão diferir, para mais ou para menos, das
distâncias verdadeiras; as principais causas dos erros sistemáticos são:
- imperfeição no alinhamento da trena;
- tensão insuficiente da trena;
- ondulação da trena devido ao uso.
b) erros acidentais – são erros poderão ser cometidos num e noutro sentido. Nas
medidas com a trena, o principal erro acidental é devido às pequenas variações nas marcações
feitas com o fio de prumo e, por isto, os operadores da trena deverão ter, sempre, o máximo
de cuidado ao usá-lo;
c) faltas – são erros grosseiros cometidos pelos operadores. Nas medidas com a trena,
as faltas mais comuns do pessoal são:
- troca incorreta das fichas;
- erros de leitura.
3.4 O Processo de levantamento Clássico
O processo de levantamento convencional tem como responsável o Adjunto do S2 que
segue o que foi previsto no planejamento: Plano de Levantamento do Grupo (PLG); no qual
estão divididas as turmas topográficas, o tempo disponível para cada operação, materiais e
demais informações pertinentes às turmas.
29
O PLG consiste no levantamento de pontos nas seguintes áreas:
a) área de posição;
b) área de conexão;
c) área de alvos.
3.4.1 Área de Posição
De acordo com o manual Topografia do Artilheiro (1986, p. 7-5) o levantamento na
área de posições tem a finalidade de levantar:
a) Localização dos CB e radar;
b) DR para orientação dos instrumentos;
c) DV ou AV para cada bateria de tiro.
Para as artilharias leve e média, o levantamento desta área é executado na precisão de
1/500. Para a pesada e muito pesada, será de 1/1000. Vale a pena ressaltar que esses valores
significam a tolerância permitida de modo a não influenciar os trabalhos de artilharia. Caso se
exceda esses valores há necessidade de retrabalho.
O processo normalmente empregado no levantamento da área de posição é o
caminhamento fechado, só não sendo utilizado quando o tempo for reduzido. O processo do
caminhamento fechado, na área de posições, é iniciado na RPG, ponto inicial da trama do
Grupo, ou em um ponto fornecido pela conexão topográfica e poderá fechar no ponto de
partida ou em outro estabelecido pela conexão, cujas coordenadas sejam conhecidas.
Figura 9- Levantamento da área de posiçãoFonte: BRASIL. Exército Brasileiro. Ministério da Defesa. C 6-199: topografia do artilheiro. 3. ed. Brasília:EGGCF, 1986, p. 7-6.
30
De acordo com o manual Topografia do Artilheiro (1986, p. 7-8) para realizar o
levantamento topográfico na área de posição empregam-se 8 homens assim distribuídos:
a) Oficial de Reconhecimento (O Rec) 2 – Chefe do levantamento da área de posição;
b) Cabo Observador (Cb Obs) da 2ª BO – é o Operador de Instrumento;
c) 6 Cabos e Soldados Observadores- sendo 02 calculadores, 02 trenadores e 02
balizadores.
Durante esse levantamento emprega-se a Ficha Topo 4 (vide figura 10), necessitando
muita atenção de toda a equipe para não ocorrerem erros tendo em vista que o preenchimento
da ficha segue um sequência lógica apresentando diversos campos a serem preenchidos e um
equivoco na leitura ou na anotação levariam a um efeito cascata, onde os erros se
acumulariam; verifica-se aqui também a grande quantidade de pessoal empregado neste
procedimento constituindo-se em mais uma desvantagem em relação aos processos
eletrônicos de levantamento no qual a quantidade de pessoal empregado é bem reduzida
devido ao fato do procedimento ser computadorizado, e com pouca interferência humana.
Figura 10- Ficha Topo 4Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Brasil (1986, p. 4-36).
3.4.2 Área de conexão
31
De acordo com o manual Topografia do Artilheiro (1986, p. 7-8) o levantamento na
área de conexão tem por finalidade colocar na mesma trama a área de alvos e a área de
posições visando determinar um ou mais observatórios extremos de base na área de alvos ou,
ainda, estabelecer um ponto de referência, a partir do qual a turma da área de alvos fará o
levantamento dessa área e dos observatórios.
A precisão desse trabalho é de 1/500.
O processo normalmente empregado é o caminhamento fechado (quando não, deve-se
fechá-lo na primeira oportunidade) começando na RPG.
É possível, desde que o terreno imponha, usar triangulação ou interseção. A escolha
do processo a empregar será função do Adj S/2, levando em consideração o tempo disponível,
material empregado, pessoal empenhado e principalmente as imposições do terreno.
O chefe da equipe responsável pelo levantamento na área de conexão é o Adj do S/2
sendo que a constituição ideal de sua equipe é de dezenove militares ou tendo no mínimo dez
homens sob seu comando.
3.4.3 Área de Alvos
De acordo com o manual C 6-199 (1986, p. 7-9) o levantamento na área de alvos tem
por finalidade determinar as coordenadas (E, N, H) de diversos pontos notáveis (PV, CB,
AA).
A precisão para os trabalhos na Área de Alvos é de 1/500.
O processo normalmente empregado é o de interseção avante para levantamento dos
alvos, devido a impossibilidade de estacionamento do GB na área inimiga.
A interseção avante utiliza cálculos matemáticos com a resolução de um triângulo,
onde são conhecidos dois de seus ângulos internos, e os três lados do mesmo, entretanto, um
dos vértices é inacessível. Os dois vértices conhecidos são dois Postos de Observação (PO
“A” e PO “B”) e o vértice inacessível (“P”) é o local onde o alvo se encontra. Observe na
figura abaixo os postos citados.
32
Figura 11- Interseção avanteFonte: BRASIL. Exército Brasileiro. Ministério da Defesa. C 6-199: topografia doartilheiro. 3. ed. Brasília: EGGCF, 1986. p. 4-44.
Ao final, após preenchimento da ficha topo 5 (figura 12), é determinada a coordenada
do alvo
Figura 12- Ficha Topo 5Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Brasil (1986, p. 4-51).
33
Vale a pena ressaltar que a grande diferença entre a interseção avante e a triangulação
é a de que naquela existe um vértice inacessível por se tratar da área de alvos .
O pessoal empenhado neste processo é a seguinte:
a) O Rec/1 e Cb Obs da 1ª Bia O (É o Operador de Instrumento - GB);
b) O Rec/3 e Cb Obs da 3ª Bia O (É o Operador de Instrumento - GB).
3.5 Pranchetas de tiro com processos convencionais
De acordo com o manual C 6-40 volume I, Técnica de Tiro de Artilharia de Campanha
“A Prancheta de tiro é um documento que contém a posição relativa, planimétrica e
altimétrica, de todos os dados necessários ao preparo dos elementos de tiro.” (2001, p. 4-4).
A seleção quanto ao tipo de prancheta a empregar está relacionada ao tempo
disponível para realização do trabalho topográfico e a precisão empregada nos mesmos.
Existem 3 tipos de prancheta:
a) Prancheta de Tiro Precisa (PTP);
b) Prancheta de Tiro Sumária (PTS);
c) Prancheta de Tiro de Emergência (PTE).
Para esta pesquisa, somente as duas primeiras serão abordadas, visto que a PTE é
usada quando não se tem dados topográficos levantados, fugindo, portanto, do foco do
trabalho.
Segundo o manual de campanha C 6-199 (1986, p. 7-13) a Prancheta de Tiro Precisa
(PTP), no levantamento topográfico convencional, as localizações de todos os pontos notáveis
(CB, AA, PO) são determinados por processos clássicos, com fechamento dos
caminhamentos, e respeitando a tolerância máxima (precisão):
a) posicionamento (erro circular): < 20 m;
b) direção: < 2’’’;
c) altura: < 10 m.
O Tempo necessário para se obter uma PTP é de mais de 5 horas.
A Prancheta de Tiro Sumária é obtida quando o levantamento topográfico não está
dentro da precisão prescrita para a PTP ou quando não é possível verificar sua precisão, ou
seja, o levantamento é realizado por inspeção carta ou o processo clássico sem fechamento.
O tempo necessário, no levantamento convencional, para se obter uma PTS é de 4 a 5
horas; e de 1 hora se for levantamento por inspeção na carta.
34
4 TOPOGRAFIA: O LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO ELETRÔNICO
O Levantamento topográfico eletrônico é realizado quando se empregam
equipamentos eletrônicos como meios para se levantar dados que serão fornecidos aos
diversos subsistemas de artilharia. A seguir serão citados os principais meios empregados nos
levantamento hoje em dia abordando seu histórico de surgimento, suas principais
características, seu funcionamento e sua operação. Tudo isso servirá como base de
comparação com os meios convencionais no resultado e análise de dados.
4.1 Materiais eletrônicos empregados no levantamento topográfico
Para realização deste trabalho abordar-se-á a seguir: o Global positioning System
(GPS) - Sistema de Posicionamento Global; Laser Range Finder (LRF) - Telêmetro laser; e o
Atlas Gun-Laying System (AGLS) - Sistema de Posicionamento de Azimute do Canhão.
4.1.1 Global positioning System (GPS) - Sistema de Posicionamento Global
O GPS é um equipamento utilizado para se determinar posições de forma eletrônica
fornecendo assim de forma precisa a locação de pontos. A seguir, será apresentado o seu
histórico, a sua composição, abordando os diversos segmentos; o seu funcionamento e
finalizando, será exposta uma experiência feita pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) demonstrando a precisão dos dados obtidos por este meio.
4.1.1.1 Histórico
Segundo Gorgulho (2001 apud SILVA, 2002, p. 15) “O emprego dos sinais de rádio
para determinar posições de objetos apareceu por volta de 1912 quando se tem notícias dos
primeiros sistemas de rádio-navegação empregados pela marinha norte-americana. O sistema
não possuía boa precisão, mas era um grande avanço, principalmente como auxiliar nos
sistemas tradicionais de posicionamento pelos astros.”
Esse sistema teve grande utilização até a Segunda Guerra Mundial quando iniciou-se o
uso do Radio Detection And Ranging (RADAR) - Detecção e Telemetria por Rádio.
Já na década de 60, segundo A Evolução Histórica e Tecnológica do Instrumental
Topográfico (2015) teve origem primeira constelação de satélites artificiais lançados com a
35
finalidade especifica de geoposicionamento, por intermédio de ondas eletromagnéticas
emitidas pelos satélites foi o sistema Navy Navigation Satellite System / TRANSIT
(NNSS/TRANSIT) – Sistema de Navegação Naval por Satélite / Trânsito. Esse sistema,
originalmente idealizado para localização e navegação de belonaves americanas foi
amplamente utilizado para aplicações geodésicas no mundo inteiro. O sistema como um todo
possua dois grandes problemas:
a) não provia cobertura mundial total;
b) havia um lapso de tempo considerável entre as passagens sucessivas de satélites
para um mesmo ponto da terra.
O sistema Navigation System with Time and Ranging / Global Positioning System
(NAVSTAR/GPS) – Sistema de Navegação por tempo e distância / Sistema Global de
Posicionamento - foi desenvolvido para substituir o Sistema TRANSIT. Esta substituição teria
que ser executada para permitir a correção dos dois grandes problemas do NNSS.
Assim, segundo Corrêa (2001 apud SILVA, 2002, p. 16):
Assim, em 1973, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DOD –Department of Defense), tornou-se o principal responsável pela coordenação donovo sistema, que possibilitasse o posicionamento contínuo em tempo real,fornecesse a precisão de centímetros e que permitisse a determinação instantânea develocidade e tempo, suprindo desta forma a necessidade do exército, da marinha eda aeronáutica. Este sistema recebeu o nome de NAVSTAR – GPS.
A vantagem do uso desse sistema em relação aos outros é, segundo A Evolução
Histórica e Tecnológica do Instrumental Topográfico (2015, p.8):
As vantagens do método GPS em relação aos outros métodos é que não há anecessidade de intervisibilidade entre os pontos da rede, as observações podem serrealizadas independentemente do horário e das condições climáticas além do métodopoder atingir precisão geodésica.
De acordo com Silva (2002, p. 12) atualmente diversos países já desenvolveram seu
próprio Sistema GPS, alguns para uso restrito em seu próprio território ou de seus parceiros
de desenvolvimento e outros de uso aberto a todo o globo, pode-se citar a China, a Rússia, o
Japão com seu sofisticado sistema de visualização em três dimensões, os Estados Unidos e um
consórcio de países europeus.
36
4.1.1.2 Composição
Segundo Silva (2002, p. 16) para uma melhor administração do sistema GPS, realizou-
se uma divisão deste em três componentes básicos:
a) segmento espacial;
b) segmento de controle;
c) segmento de Usuário.
Figura 13- Esquema completo com os três seguimentos de GPSFonte: SILVA, Sérgio Teixeira da. Geoprocessamento: Análise comparativa entre equipamentos eletrônicos(GPS) para levantamento de dados topográficos. 2002. 69 f. Monografia (Especialização) - Curso de Geografia,Departamento de Cartografia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002. p. 16.
4.1.1.2.1 Segmento espacial
Segundo Silva (2002, p. 17) este segmento funciona com 24 satélites ativos mais 4
reservas. Os 24 satélites ativos estão distribuídos em 6 planos orbitais distintos ( de A até F),
contendo 4 satélites em cada plano, a uma altitude aproximada de 20.200 Km da superfície da
terra. Tais planos estão distanciados entre si 60° de longitude e inclinados 55° em relação ao
plano equatorial terrestre.
Da forma com que ficou concebido, fica garantido uma visibilidade mínima de 4
satélites a qualquer hora do dia em qualquer ponto do globo terrestre. Não havendo obstruções
e raciocinando com área de visão de horizonte a horizonte, pode-se considerar em 6 o número
básico de satélites disponíveis em 100% do tempo.
Seguimento de
usuários
Seguimento de controle
Seguimento espacial
Estações de monitoramentoEstação
principal
37
Entretanto, são necessários, pelo menos, quatro satélites para que as coordenadas dos
pontos sejam obtidas em qualquer tempo.
4.1.1.2.2 Segmento de controle
Segundo Rodrigues (2003, p. 19) o sistema de controle é constituído por 5 estações de
rastreio distribuídas ao longo do globo e uma estação de controle principal,a Master Control
Station (MCS) - Estação Central de Controle.
Este componente rastreia os satélites, atualiza as suas posições orbitais e calibra e
sincroniza os seus relógios.
Outra função importante é determinar as órbitas de cada satélite e prever a sua
trajetória nas vinte e quatro horas seguintes.
Esta informação é enviada para cada satélite para depois ser transmitida por este,
informando o receptor do local onde é possível encontrar o satélite.
4.1.1.2.3 Segmento de usuários
Segundo Rodrigues (2003, p. 19) o seguimento de usuários inclui todos aqueles que
usam um receptor GPS para receber e converter o sinal GPS em posição, velocidade e tempo;
incluindo ainda nesse processo todos os elementos necessários como as antenas e softwares de
processamento.
De acordo com Rodrigues “O sistema do usuário consiste de cada satélite emite uma
mensagem que, grosso modo, significa: ‘Eu sou o satélite X, minha posição atual é Y e esta
mensagem foi enviada no tempo Z’.” (2003, p. 20).
O seguimento de usuários pode ser dividido em dois grupos: o de uso militar e o de
uso civil.
Segundo Silva (2002, p. 19) o seguimento de uso militar tem alguns privilégios na
utilização do sistema, principalmente quanto a precisão e exatidão do posicionamento, pois
mesmos os receptores portáteis têm permissão de receber e processar códigos que garantem
elevada precisão aos receptores. Este seguimento é de uso restrito dos desenvolvedores do
sistema.
No uso civil, a gama de usuários é ainda maior, pois as aplicações desta tecnologia têm
se mostrado ilimitadas. Pode-se encontrar receptores portáteis de diferentes graus de precisão
e acurácia, dependendo da utilização ao qual é destinado podemos citar, por exemplo:
38
topografia, geodésia, aviação comercial, marinha mercante, fonte de dados para sistema de
informações geográficas – SIG.
Ressalta-se que o Exército Brasileiro tem acesso apenas ao seguimento de uso civil e
que fornece uma precisão extremamente acurada sendo ratificada tal informação pelos
exemplos de uso citados acima.
4.1.1.3 Funcionamento
O principio de funcionamento do GPS segundo Guerreiro (2002 apud SILVA, 2002, p.
20):
O princípio básico de funcionamento do GPS é a obtenção da distância entre 2pontos (receptor e satélite), sendo que um deles tem sua posição conhecida, sendoutilizada como referência. A determinação de um objeto (veículo, alvo, vértice etc)na superfície terrestre segue o princípio da triangulação, onde com um mínimo de 3referências se obtém seu posicionamento, como suas coordenadas. Uma quartareferência adiciona a componente altitude, permitindo maior precisão naidentificação e localização do objeto.
Para obtermos a distância entre os dois pontos cada satélite transmite um sinal que é
recebido pelo receptor, este por sua vez mede o tempo que os sinais demoram a chegar até
ele; multiplicando o tempo medido pela velocidade do sinal (a velocidade da luz), obtemos a
distância receptor-satélite, (Distância = Velocidade x Tempo).
Figura 14- Funcionamento do sistema GPSFonte: OFICINA da NET: Tudo sobre tecnologia. Tudo sobre tecnologia. [20-?]. Disponível em:<https://www.oficinadanet.com.br/imagens/post/12406/td_1.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2015.
39
4.1.1.4 Experiência
Foi realizado um experimento, em Belo Horizonte, pela Universidade Federal de
Minas Gerais para verificar a precisão do sistema GPS. Estacionou-se diversos receptores
eletrônicos sobre um ponto topográfico, o Instituto de Geociências II (IG CII).
Figura 15- Colocação dos aparelhos GPS sobre o ponto topográfico do IG CIIFonte: SILVA, Sérgio Teixeira da. Geoprocessamento: Análise comparativa entre equipamentos eletrônicos(GPS) para levantamento de dados topográficos. 2002. 69 f. Monografia (Especialização) - Curso de Geografia,Departamento de Cartografia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002. p. 40.
Segundo Silva (2002, p. 46) para obtenção de dados seguiu-se os seguintes
procedimentos:
Com o GPS III plus houve duas variações. Primeiramente coletou-se a coordenadade forma normal (pressionando a tecla “Mark” e armazenando o dado obtido), e umsegundo posicionamento empregando-se o recurso da média, tomando 60 posiçõespara o cálculo da posição média armazenada. Para o GPS 12 XL foi possívelestabelecer 4 condições de coleta de dados, sendo duas com antena externa e 2 semantena externa. Nas duas condições tomou-se uma coordenada de forma normal(tecla “Mark” e armazenando o dado), e outra através da média. Ao acionar a funçãomédia, aguardou-se 2 minutos antes de armazenar o resultado obtido, visto que oreceptor não permite acompanhar o número de coordenadas que está sendo coletadopara processar a média. Com o GPS eTrex Summit foi obtido a coordenada deposicionamento apenas da forma normal.
40
Os resultados podem ser acompanhados na tabela 2:
Tabela 2- Desvio dos aparelhos GPS em relação ao ponto topográfico do IGC II
EQUIPAMENTOCoordenada UTM
Diferença deposicionamento Deslocamento
X Y X YIGC II 608839,220 7802679,220 0,0000 0,0000 0,0000GPS 45 XL 608830,279 7802680,483 -8,9410 1,2630 9,0298GPS II 608850,450 7802672,644 11,2300 -6,5760 13,0137GPS III plus std 608837,011 7802678,660 -2,2090 -0,5600 2,2789GPS III plus media 608836,456 7802680,445 -2,7640 1,2250 3,0233GPS 12 XL ca 608839,817 7802678,642 0,5970 -0,5780 0,8310GPS 12 XL sa 608837,566 7802678,656 -1,6540 -0,5640 1,7475GPS 12 XL ca média 608839,471 7802678,202 0,2509 -1,0177 1,0482GPS 12 XL as média 608837,402 7802675,919 -1,8183 -3,3007 3,7684GPS eTrex Summit 608838,678 7802680,570 -0,5330 1,3500 1,4514MAIOR DESVIO 13,0137MENOR DESVIO 0,8310MÉDIA TOTAL 4,0214
ca = com antena externa ativa; sa = sem antena externa ativa; std = demarcação da coordenada de forma normalFonte: Adaptado pelo autor a partir de Silva (2002, p. 53).
4.1.1.4.1 Análise parcial de dados
Gráfico 1- Variação dos aparelhos GPS em relação ao ponto topográfico do IG CII
Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Silva (2002)
41
Da análise do gráfico acima da experiência científica realizada pela UFMG pode-se
observar que os maior deslocamento calculado foi de 13,0137 metros distante da coordenada
verdadeira para o GPS II, o segundo maior deslocamento foi de 9,0298 metros para o GPS 45
XL e a partir daí os desvios á se tornam ínfimos para os trabalhos de artilharia, visto que o
desvio de posicionamento tolerado para se enquadrar dentro de uma PTP é de 20 metros.
Ressalta-se ainda que o desvio médio de todos os 9 aparelhos testados foi de 4,0214 metros o
que demonstra a grande precisão deste tipo de aparelho tendo em vista tanto o maior desvio
encontrado quanto a média dos desvios de todos os aparelhos se encontrarem bem abaixo do
desvio em direção tolerado para se enquadrar dentro de uma PTP.
Portanto pode-se concluir que mesmo o maior erro de posicionamento de um sistema
GPS ele ainda obtém a precisão que se enquadra dentro de uma PTP, que é a prancheta de tiro
de onde se obtém valores topográficos mais precisos, sendo estes dados obtidos em menor
espaço de tempo do que empregando meios convencionais.
4.1.2 Laser Range Finder (LRF) - Telêmetro Laser
O telêmetro laser é empregado na determinação de distâncias de forma eletrônica de
forma bastante singela e precisa. A seguir serão apresentados: sua evolução, desde seu
surgimento; suas principais características; seu funcionamento e por fim sua operação.
4.1.2.1 Histórico e características gerais
O primeiro medidor eletrônico de distâncias (MED) surgiu em 1943 e era chamado,
também, de distanciômetro eletrônico que devido ao fato de não haver mais a necessidade de
se ficar “trenando”, o que economiza tempo e garante mais rapidez aos trabalhos além de
apresentar uma altíssima precisão aos trabalhos.
Com a chegada ao mercado dos MED’s, não havia mais a necessidade absoluta demedir diretamente as distâncias entre pontos topográficos, utilizando as trenas, nema medida indireta das distâncias por taqueometria nos levantamentos topográficos. Onovo processo era simples e com precisão sub-milimétrica. (A EVOLUÇÃOHISTÓRICA E TECNOLÓGICA DO INSTRUMENTAL TOPOGRÁFICO, 2015,p. 4)
42
Figura 16- Telêmetro laserFonte: ITL OPTRONICS LTD. Manual do Operador: Telêmetro a Laser "Cobra". [s.l], 2009, p. 3.
De acordo com Rio de Janeiro ([20--], slide 8) o telêmetro laser (figura 16) é um
dispositivo de precisão destinado a medição de distância de forma instantânea. Pode ser
óptico, quando se baseia em um mecanismo de focalização, ou ultrassônico, quando utiliza
reflexos sonoros. Devido ao fato deste dispositivo apresentar-se de forma compacta e com
grande tecnologia agregada tem sua aplicação em uma gama muito grande de atividades.
Substitui com vantagens ferramentas como fitas métricas, trenas e metros e élargamente utilizado em áreas tão diversas quanto fotografia, náutica, topografia,astronáutica, astronomia, caça e balística. Os telêmetros de última geração sãodigitais, baseados em disparo de feixe laser. Estes podem alcançar centenas demilhares de quilômetros e têm, por isso, utilização inclusive astronômica. (RIO DEJANEIRO, [20--], slide 9).
Ainda segundo Rio de Janeiro ([20--], slide 10) outra característica que confere ao
telêmetro laser uma gama de aplicações muito diversificada é o fato deste poder integrar com
vários instrumentos ópticos como lunetas, câmeras fotográficas, binóculos, periscópios,
telescópios e miras de armas em geral além de poderem ser conectados ao AGLS por meio de
um conector de comunicação sendo que “O conector sob o LRF é o conector de comunicação,
o qual transfere os dados de extensão para o Goniômetro.” (AZIMUTH TECNOLOGIES
LTD, 2010, p. 2-7)
O telêmetro empregado pelo Exercito Brasileiro é o Telêmetro Laser “Cobra”, a
seguir, na Tabela 2, são apresentadas algumas características desse material segundo o
Manual do Operador do Telêmetro Laser “Cobra” (2009):
Tabela 3- Características Técnicas do telêmetro laser
Requisitos da Alimentação
43
Baterias 6 volts (2 pilhas de lítio de 3 volts, do tipo Bt. 6123)Tempo de operação Cerca de 2.000 lasers por jogo de baterias
Desligamento automáticoO telêmetro a laser se desliga automaticamente após 2
minutos sem usoDados Físicos
Dimensões144 mm (comprimento) x 64 mm (largura) x 149 mm
(altura)Observação
Ampliação: x 6 ou x 7Telêmetro Laser
Alcance de medição De 50 até 2.500 metrosSegurança para o olho Classe 1 – seguro para o olhoPrecisão ± 5 metros
Bússola EletrônicaUnidades de medida de azimute Graus ou milésimosPrecisão ± 0,6º
Display
Tipo
Quadrado com dimensões de 2 x 2 milirradianos +
apresentação alfanumérica com 16 seções progressivas;
duas linhas de 5 caracteres cadaCor Vermelha
Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Itl Optronics ltd (2009, p. 3-4)
4.1.2.2 funcionamento
Segundo Veiga (2012, p. 58-59) o princípio de funcionamento é simples e baseia-se na
determinação do tempo “t” que leva a onda eletromagnética para percorrer a distância, de ida
e volta, entre o equipamento de medição e o refletor. De posse desse tempo e multiplicando-se
esse tempo “t” pela velocidade da luz obtém-se a distância procurada. A figura 17 caracteriza
de forma objetiva o que foi descrito:
Figura 17- Princípio de funcionamento de um medidor eletrônico de distância
44
Fonte: VEIGA, Luis Augusto Koenig; ZANETTI, Maria Aparecida Zehnpfennig; FAGGION, PedroLuis. FUNDAMENTOS DE TOPOGRAFIA: Engenharia Cartográfica e de Agrimensura UniversidadeFederal do Paraná. [curitiba]: Cartográfica, 2012. p. 59.
4.1.2.3 Operação
Segundo manual do Operador do Telêmetro Laser “Cobra” (2009, p. 13) a medição de
distâncias segue o seguinte procedimento:
a) a medição de distância é feita pela pressão momentânea do botão RANGE -
Alcance. A distância até o alvo é apresentada em metros (de 50 a 2.500) na linha superior do
display - tela do aparelho. Se, por qualquer motivo, a medição não for efetuada, no display
aparecerá uma linha interrompida (- - - - -);
b) a distância até o alvo é exibida na linha superior do display;
c) além da distância até o alvo, são exibidos também, alternadamente, os dados do
azimute ou da elevação por meio de uma bússola integrada ao aparelho, porém esta deve ser
calibrada anteriormente. Para alternar entre estes dados, pressione o botão ENTER - botão de
seleção de opção. A visualização padrão é a dos dados do azimute;
d) os valores medidos permanecerão no display durante cerca de 20 segundos, a partir
da liberação do botão RANGE.
4.1.2.4 Conclusão parcial
Portanto verifica-se que o telêmetro laser é um instrumento que veio a acrescentar e
muito a artilharia visto que para se obter o valor de uma determinada distância o operador do
telêmetro executa uma operação simples (supracitada), obtendo a distância em poucos
segundos, o que garante assim rapidez no levantamento. Devido ao fato da sua alta tecnologia
agregada, com sistema de laser e circuito integrado, gera precisão aos trabalhos com o
mínimo de interferência humana diferentemente do processo clássico com a trena no qual a
intervenção do operador de trena na medição se torna crucial (medir, anotar, utilização de
fichas, e demais características que podem agregar erro a medida) o que pode ocasionar uma
grande probabilidade de erros.
4.1.3 Atlas Gun - Laying System (AGLS) - Sistema de Posicionamento de Azimute do
Canhão
45
O AGLS é o instrumento mais moderno dos citados nesta pesquisa sendo considerado
uma estação total devido a sua característica de sozinho poder determinar direção e distância.
A seguir aprestaremos seu histórico, suas principais características, funcionamento e por fim
sua operação.
4.1.3.1 Histórico e características gerais
Figura 18- AGLS (Atlas Gun - Laying System)Fonte: RIO DE JANEIRO. Curso de Artilharia. AcademiaMilitar das Agulhas Negras. AGLS: Resende, [20--]. Slide 16,color. 4° ano.
Segundo Rio de Janeiro ([201-?], slide 4):
O Exército Brasileiro, buscando acompanhar os avanços tecnológicos e suprir anecessidade de substituição de equipamentos obsoletos está realizando estudo paraaquisição de um novo sistema de Pontaria das peças, em substituição ao GB.Uma das opções encontradas no mercado mundial de Defesa foi o Sistema israelenseAGLS, da Empresa Azimuth, esse sistema abrange não só o subsistema LF maistodos os outros da Artilharia.
O sistema AGLS surgiu como integração dos sistemas eletrônicos de medição de
distâncias e ângulos com um processador em um único aparelho.
Segundo Manual do Operador do AGLS (2010, p. 1-1) o equipamento tem uma gama
de aplicações muito diversificada sendo empregado em: observação avançada de artilharia,
posicionamento de canhão de artilharia, controladores de vôo, suporte aéreo próximo,
inteligência de alvos, designação laser, vigilância de fronteiras e forças especiais.
46
Com a finalidade de ratificar a altíssima precisão e versatilidade do Sistema de
Posicionamento de Azimute do Canhão destacou-se a seguir determinadas características
desse material de acordo com o Manual do Operador (2010, p. 2-13 - 9-3):
Tabela 4- Características Técnicas do AGLS
Leitura horizontal de 6400”’ contínuosLeitura de elevação: ± 400”’Precisão de elevação e
azimute: ± 01”’
Energia: 9 baterias AA ou fonte de alimentação externa de 12 V;Precisão da bússola integrada ± 0,5ºPrecisão do GPS: ± 16 mPrecisão da leitura em
distância
± 2 metros (50 m – 1500 m)
± 5 metros (˂ 50 m /˃ 1500m)Peso 3,4 Kg
Fonte: Adaptado pelo autor a partir de Azimuth Technologies Ltd (2010, p. 2-13)
O AGLS conta com uma variedade de artifícios e comodidades extremamente ampla
apresentando uma versatilidade muito alta para diversas situações dentre elas pode-se citar: o
Astronomic North Finding Module (ANFM) - Módulo de localização do Norte Astronômico -
que é empregado para apontar o sistema para um corpo celeste com o objetivo de localização
do norte; GPS Interno e externo; visor de cristal líquido entre diversos outros artifícios.
Segundo Manual do Operador o sistema apresenta diversas possibilidades e muitas
delas vêm facilitar, dinamizar e acelerar os procedimentos de artilharia sendo extremamente
facilitador seu emprego nos subsistemas de artilharia, dentre elas pode-se citar: estimativa
precisa da posição própria, tanto através do GPS interno, GPS externo ou método de resseção;
localização precisa do norte; aquisição precisa de pontos - cálculos da medida de alcance,
azimute e elevação - levantamento topográfico preciso – reduz o erro humano e pontaria
inicial da linha de fogo.
4.1.3.2 funcionamento
De maneira geral pode-se dizer que o AGLS nada mais é do que um goniômetro
eletrônico (medida angular), um distanciômetro eletrônico (medida linear) e um processador
matemático, associados em um só conjunto.
47
O goniômetro permite o movimento no eixo horizontal (azimute) e vertical (elevação)
(AZIMUTH TECHNOLOGIES LTD, 2010, p. 2-3). Tanto o azimute como a elevação podem
ser digitalmente visualizados na tela do goniômetro. Usando-se o GPS interno, bússola
integrada e LRF, é possível obter a posição própria, localizar o norte e obter alvos.
O principio de funcionamento do goniômetro segundo Rodrigues (2003, p. 28):
Para entender o princípio de funcionamento podemos pensar, de maneirasimplificada, num círculo de vidro com uma série de traços opacos igualmenteespaçados e com espessura igual a este espaçamento. Colocando uma fonte de luz deum lado do círculo e um fotodetector do outro, é possível "contar" o número depulsos "claro/escuro" que ocorrem quando o teodolito é girado, de uma posição aoutra, para medir um ângulo. Esse número de pulso pode ser então convertido emostrado de forma digital em um visor.
4.1.3.3 Operações
O Sistema de Posicionamento de Azimute do Canhão apresenta uma grande
diversidade de operações possíveis, dentre elas obtenção de azimute, distância, elevação,
gerar lista de alvos, coordenadas absoluta (é aquela que é determinada por meio de uma
definição de coordenada absoluta – UTM), coordenadas relativa (são determinadas, tomando
como base as coordenadas polares, isto é, relativas à uma determinada posição), localização
astronômica do norte dentre muitas outras, tudo isso com o objetivo de se adequar a qualquer
situação, ou seja caso um método não seja possível devido a uma intempérie aplica-se outro.
Devido ao fato de haver uma gama de operações possíveis muito grande, dada a alta
tecnologia agregada ao aparelho AGLS, recomenda-se ler o Manual do Operador (2010) que
descreve de forma detalhada e precisa cada operação possível com este material.
4.1.3.4 Conclusão parcial
48
Figura 19- Emprego do AGLS em diversos subsistemas de artilhariaFonte: Adaptado pelo autor de Rio de Janeiro ([20--], slide 10).
Verifica-se então que o AGLS é um sistema completo podendo ser empregado na
linha de fogo, observação, topografia e busca de alvos (vide figura 19); com elevado grau de
tecnologia agregada gerando assim precisão e rapidez aos trabalhos.
A precisão é garantida graças aos modernos métodos empregados pelo goniômetro e
telêmetro tendo todos os desvios de posição (± 16 m), direção (± 1’’’) e altura (± 5 m) se
encaixado dentro de uma PTP. Aqui faz-se uma ressalva que apesar de haver uma imprecisão
de 16 metros do GPS isso não interfere de forma significativa no levantamento topográfico
tendo em vista o emprego do método diferencial de campo.
O método consiste na utilização de um receptor base estacionado em um ponto de
coordenadas conhecidas ou convencionais (RPG), comparando as coordenadas conhecidas
com as levantadas pelos satélites, com o cuidado de que todos os receptores envolvidos nesse
processo devem estar rastreando os mesmos satélites. A diferença de coordenadas obtidas na
RPG é adicionada algebricamente ao valor das coordenadas auferidas nos receptores móveis
(dos CB e dos PO, portanto esse método é empregado na área de posição e área de conexão),
com esse procedimento, ele estará colocando todos os pontos na mesma trama topográfica. A
vantagem da utilização desse método é a de que neste processo são eliminados quase que
totalmente os erros decorrentes do Serviço de Posicionamento Padrão, ou seja, os erros
acidentais.
APONTAR AS
PEÇAS
LINHA
DE FOGO
OBSERVAR O TIRO
OBSERVAÇÃ
O
49
Assim o desvio de posição quando se emprega o AGLS é de 5 metros pois utilizando-
se o método do diferencial de campo todos os aparelhos AGLS ficam na mesma trama
restando apenas o erro decorrente das leituras feitas pelo telêmetro laser, de 5 metros, sendo
considerado esse um valor ínfimo perante os 20 metros tolerados para se obter uma PTP.
A rapidez é obtida devido ao fato de haver integrado no aparelho um processador
matemático que torna desnecessário o preenchimento de fichas para se obter resultados e
consequentemente reduz também a probabilidade de “erros humanos”.
Portanto o AGLS é um sistema moderno, simples e completo que garante a rapidez e
precisão exigida pela artilharia sendo aplicado a diversos subsistemas.
4.2 O processo de levantamento eletrônico
O processo empregado no levantamento eletrônico deve seguir o seguinte
procedimento:
Para início dos trabalhos, o Adj S2 deverá receber as coordenadas precisas da RPG ea Direção de Referência Inicial (DR0). Caso não sejam fornecidas as coordenadasiniciais, o Adj S2 deverá convencioná-las, retirando-as de uma carta (escala 1/25000ou maior), imagens de satélite ou arbitrá-las totalmente. A princípio, este ponto seráutilizado como local para a instalação da estação base. (BRASIL, 2005, p. 3-6).
Convém destacar que, de acordo com o CI 6-199/1 (2005, p. 3-1), a estação base
encontra o erro de posicionamento do GPS em relação à RPG e, em seguida, repassa a
correção (do erro encontrado) para as estações móveis. A estação móvel é um GPS com
equipamento rádio acoplado, o qual recebe as correções enviadas pela estação base (outro
GPS acoplado a um rádio e computador, sobre a RPG). A estação móvel e a estação base
compõem o Differential Global Positioning System (DGPS) – Sistema de Posicionamento
Global Diferencial.
Segue abaixo, de acordo com o CI 6-199/1 , a descrição do DGPS:
O SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL DIFERENCIAL (DGPS) é umsistema que utiliza receptores GPS com a finalidade de obter precisões superiores àsprecisões obtidas utilizando-se apenas o GPS (no GPS a precisão é da ordem de atécentenas de metros com a degradação internacional da precisão ativada – SA).Na maioria dos modos de operação DGPS a precisão obtida é de 0,5 a 5 metros,dependendo de vários fatores associados ao procedimento e equipamentosutilizados. (2005, p. 3-1).
50
Aqui se verifica uma grande desatualização do Caderno de Instrução tendo em vista
que, para a época de confecção do referido manual, a precisão dos aparelhos GPS era de até
centenas de metros. Entretanto hoje, com o desenvolvimento das tecnologias, a precisão
desses aparelhos é extremamente apurada conforme descrito no capítulo 4: Topografia: O
Levantamento Topográfico Eletrônico, no qual verificou-se que a precisão média obtida por
nove aparelhos distintos foi de 4,0214 metros.
Mudando de foco, e ainda de acordo com o Caderno de Instrução de Levantamento
Topográfico Eletrônico (2005), verifica-se a grande precisão conferida aos trabalhos, gerada
pelo emprego do método Diferencial de Campo, utilizando GPS o que torna os erros quase
nulos e, por conseguinte garante extrema precisão ao levantamento topográfico e,
principalmente coloca todos os pontos na mesma trama permitindo assim a centralização dos
fogos.
A seguir será descrito a forma execução do levantamento topográfico nas três áreas, tal
qual no levantamento convencional:
a) área de posição;
b) área de conexão;
c) área de alvos.
4.2.1 O levantamento na Área de Posição
De acordo com o Caderno de Instrução de Levantamento Topográfico Eletrônico
(2005, p. 3-4) o levantamento na área de posições é realizado da seguinte forma:
No levantamento da Área de Posições, o Oficial de Reconhecimento 2 (O Rec 2)posicionar-se-á, com as estações móveis, sobre os pontos a serem levantados, demodo a obter as coordenadas corrigidas destes pontos, quais sejam: Centro deBateria (CB), Posição de Regulação e Posição de Radar (sfc).A obtenção das DR para cada Bia O é realizada por meio de giroscópio, que éinstalado sobre cada EO, de onde são visados os pontos afastados das DR. Estesdevem ser nítidos e perfeitamente identificáveis no terreno, a uma distância superiora 2000 m, ou na sua inexistência, uma baliza pode ser plantada, a uma distânciamínima de 300m.
Aqui consta mais uma desatualização do CI 199/1 tendo em vista o aparelho
giroscópio ser considerado inservível atualmente em conseqüência de que a precisão obtida
utilizando os modernos aparelhos eletrônicos já parearem com a obtida do giroscópio (1”’)
somando a isso a vantagem de que no meio eletrônico há uma menor interferência humana
tanto no processo de pontaria do instrumento, pois com AGLS, por exemplo, apresenta outras
51
possibilidades de se orientar o instrumento (por um corpo celeste por exemplo) se adequando
as mais diversas situações; quanto na obtenção e tratamento de dados, tendo em vista os dados
serem visualizados em um display bastando a mera leitura e pelo fato do cálculos com os
dados obtidos para obtenção de coordenadas ser por meio de um moderno circuito integrado.
4.2.2 O levantamento na Área de Conexão
De acordo com o Caderno de Instrução de Levantamento Topográfico Eletrônico
(2005, p. 3-11):
O levantamento da Área de Conexão tem por finalidade colocar na mesma tramatopográfica a Área de Alvos e a Área de Posições. Com a utilização do DGPS nãohá trabalhos naquela área, exceto se for necessário levantar alguma estaçãointermediária (RPG) para levantamento do P Obs. Entretanto, a trama topográfica éobtida devido ao fato de as Áreas de Alvos e de Posições serem levantadas a partirdo mesmo ponto (RPG).
Os trabalhos na Área de Conexão são realizados pela Turma de Observação e
Topografia da Bateria Comando chefiada Adj do S/2.
4.2.3 O levantamento na Área de Alvos
De acordo com o Caderno de Instrução de Levantamento Topográfico Eletrônico
(2005, p. 3-8 - 3-9):
No levantamento da Área de Alvos, o O Rec 1 posicionar-se-á no PO “A” com suaestação móvel, de modo a obter as coordenadas do observatório. Para olevantamento os pontos desejados na área de alvos (PV e AA) utilizará o radiamentoeletrônico a partir dos PO’s. O giroscópio determinará o lançamento (PO-PV) e otelêmetro laser a distância entre eles. Com estes dados calcularemos, através dacalculadora eletrônica 11-c ou similar, as coordenadas do PV e dos AA.O levantamento das coordenadas dos alvos deve ser feito, preferencialmente, comdois P Obs para que seja feita comparação entre os resultados.
A figura 20, a seguir, permite observar de forma concreta como é realizado o
levantamento topográfico na referida área.
52
Figura 20- O levantamento eletrônico na área de alvosFonte: BRASIL. Exército Brasileiro. Ministério da Defesa. CI 6-199/1: olevantamento topográfico eletrônico. Brasília: EGGCF, 2005. p. 3-9.
Analogamente às situações anteriores, aplica-se o GPS à estação móvel nos dias atuais.
4.3 Pranchetas de Tiro com processos eletrônicos
Durante a 1ª Fase do Planejamento o Adj S-2 colhe informações na Reunião de Estado
Maior e a partir disso propõe ao Cmt do GAC qual prancheta deve ser empregada baseada em
diversos fatores, tais como: pessoal disponível, condições atmosféricas, situação e missão da
unidade, tempo disponível etc.
Segundo o manual de Levantamento Topográfico Eletrônico (2005, p. 6-2) são
utilizadas 3 (três) tipos de prancheta:
a) Prancheta de Tiro Precisa (PTP);
b) Prancheta de Tiro Sumária (PTS);
c) Prancheta de Tiro de Emergência (PTE).
No combate moderno onde a dinâmica dos processos é extremamente acentuada e os
meios empregados são mais velozes cabe a Artilharia acompanhar o ritmo da arma-base.
Nesse contexto, de acordo com Brasil “O levantamento topográfico deve primar pelos meios
eletrônicos e se adequar a essas imposições” (2005, p. 6-2).
Para esta monografia, somente as duas primeiras serão abordadas, visto que conciliam
precisão e tempo, concomitantemente, vindo ao encontro do que o trabalho propõe.
Portanto a seleção quanto ao tipo de Prancheta a empregar está baseada em diversos
fatores, sendo o principal deles o tempo.
53
4.3.1 Prancheta de Tiro Precisa
Para se obter uma PTP são necessárias basicamente duas condições:
a) que os dados obtidos estejam dentro do preconizado no quadro abaixo:
Quadro 1- Desvios máximos tolerados para se obter uma PTP
PRANCHETA DE TIRO PRECISALevantamento topográfico
realizado porTolerância máxima (precisão) no levantamento
Sistema de Posicionamento
Automatizado (DGPS,
PADS, MAPS, etc).
Posicionamento˂ 20 m (erro de precisão
circular)Direção ˂ 2”’Altura ˂ 10 m
Fonte: Adaptado pelo autor a partir de BRASIL (2005, p. 6-3)
b) que seja realizado um fechamento, para verificação dos resultados, seja por
inspeção na carta, GPS ou processos clássicos
Com meios topográficos eletrônicos, o tempo estimado para confecção de uma PTP é
de 2 horas.
4.3.2 Prancheta de Tiro Sumária
Se obtém uma PTS quando não se atende a qualquer uma das duas condições da PTP.
O tempo estimado para confecção de uma PTS é de 2 horas.
4.4 Conclusão parcial
Do estudo do processo de levantamento topográfico apresentado no capitulo 4.2
verifica-se que da época de criação do CI 6-199/1 para os dias atuais houve um grande
desenvolvimento de tecnologia atrelada ao setor da topografia tendo em visa as precisões
obtidas pelos aparelhos hoje em dia conforme apresentado no capítulo 4 do presente trabalho
(desvio médio de todos os 9 aparelhos GPS testados foi de 4,0214 metros). Logo a evolução
tecnológica nos trouxe um aumento da precisão dos equipamentos eletrônicos. Somando-se a
isso resolução de azimute obtida com o AGLS (± 1”’) pode-se inferir que a prancheta de tiro
empregada realizando-se um processo totalmente eletrônico será a PTP ratificando assim o
fato de que o levantamento empregando estes meios serem mais viáveis do que o empregando
54
os meios clássicos. Vale a pena ressaltar ainda que o tempo necessário para se obter uma PTP
empregando meios clássicos é de mais de 5 horas o se empregando o levantamento eletrônico
é de até 2 horas.
5 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS
55
Diante dos resultados encontrados, pode-se fazer algumas inferências. A resposta ao
problema formulado parece ser totalmente respondida. No entanto, faz-se necessário
demonstrar essa resposta através da análise dos dados exibidos nesta monografia.
A resposta do problema da presente pesquisa é que os meios eletrônicos são mais
viáveis ao levantamento topográfico hoje em dia em detrimento dos meios convencionais
devido as características tais como tecnologia agregada, precisão e rapidez.
A tecnologia agregada é uma variável interveniente, pois interfere nas outras duas, e
para este trabalho, de maneira muito positiva. Devido ao fato de os equipamentos eletrônicos
já virem com circuitos integrados com calculadora interna reduz a interferência humana o que
garante maior precisão aos trabalhos; e devido ao fato de virem com artifícios de última
geração (laser, sistema de posicionamento de satélites) reduz o tempo necessário em trabalhos
de campo o que garante maior rapidez ao processo como um todo.
Quanto ao aspecto precisão que pode-se demonstrar que os meios convencionais estão
ultrapassados devido a várias características obsoletas demonstradas por meio desta pesquisa
e em contrapartida os meios eletrônicos são mais viáveis devido a outras características que os
ratificam como mais viáveis atualmente.
Quanto ao Goniômetro-Bússola (GB) verificou-se que este é um meio de medição de
direções inviável no momento, pois apresenta diversas características, tais como: folgas
mecânicas exageradas pelo fato de ser um equipamento analógico e portanto sem tecnologia
eletrônica alguma agregada; grande dispêndio de tempo para sua montagem; necessidade de
cálculo da divisão de declinação para utilização de azimutes, o que demanda muito tempo e
além disso o emprego de ficha topo 2 que pode aumentar a chance de erro humano durante o
processo; cálculo da C0 para medir sítios o que também emprega o preenchimento de fichas e
desta forma aumenta a chance de erros humanos no processo de medição; distância de
segurança de linhas elétricas; o fato da agulha do GB americano ser imantada apenas para o
hemisfério norte impossibilitando assim a utilização deste instrumento no hemisfério sul.
Todos esses aspectos tornam o GB um equipamento inviável atualmente tendo em vista o
surgimento do Atlas Gun-Laying System (AGLS) - Sistema de Posicionamento de Azimute do
Canhão (AGLS) - sendo um meio com um alto grau de tecnologia embutida que reduz a
interferência humana no processo e que garante maior precisão ao processo como um todo.
Ainda quanto ao GB pode-se destacar a grande variedade de fontes de imprecisão,
logo a soma de cada um desses pequenos erros no fim do processo se torna algo grande para o
emprego na Artilharia tendo em vista que uma de suas características é a precisão do tiro, e
isso não por devaneio e sim devido a grande potência de fogo que a artilharia representa
56
podendo causar grande contribuição, para força amiga, caso os tiros sejam desencadeados
com precisão, causando devastação ao inimigo; quanto prejuízo para a força amiga caso sejam
disparados tiros imprecisos ocorrendo diversas catástrofes, por exemplo, o fratricídio.
Para a determinação de direção de maneira mais adequada atualmente pode-se citar o
AGLS, que também foi objeto de estudo deste trabalho, tendo diversas características que se
sobressaem ao GB.
Pode-se exemplificar o alto grau de tecnologia agregada, citando o computador interno
integrado, o que dá grande precisão aos trabalhos, visto que, para a determinação de pontos,
torna-se dispensável o uso de fichas topo, pois o próprio instrumento laser captura o ponto e
seu computador interno integrado calcula os dados do ponto em questão de segundos,
diminuindo exponencialmente a chance de erros humanos. Além disso, pode-se citar o
Astronomic North Finding Module (ANFM) - Módulo de captura do Norte Astronômico - que
é um artifício muito prático e preciso para a localização do norte magnético por meio dos
astros sendo esse apenas mais um dos muitos artifícios disponíveis, como foi abordado, para o
AGLS possibilitando seu emprego tanto de dia quanto de noite com facilidade.
Outro instrumento eletrônico abordado foi o Global Positioning System (GPS) -
Sistema de Posicionamento Global - que é um meio extremamente prático e preciso. Prático
devido as suas dimensões e a facilidade de manuseio e preciso pelo fato de haver todo um
controle do seu sistema por meio de seus três segmentos: espacial, de controle e de usuário; o
que garante precisão cirúrgica ao GPS. Para ratificar tal informação traz-se à memória a
experiência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na qual a média dos desvios
de 9 aparelhos GPS diferentes foi de 4,0214 metros e além disso nenhum deles ultrapassou os
20 metros tolerados para se enquadrar dentro de uma Prancheta de Tiro Precisa (PTP).
Por fim o telêmetro laser é também um instrumento de altíssima precisão (± 5 metros)
empregado na medição de distância e que substitui a trena com grande maestria tendo em
vista que no processo de medição de distância com trena há grande interferência humana no
processo (medição, fixa, ficha topo 1) e também a imprecisão do uso da trena ( por exemplo
formação de curvatura, desalinhamento no uso da trena, dentre outros erros).
Quanto ao aspecto rapidez, verifica-se que os meios eletrônicos empregados se
sobressaem também neste aspecto, tendo em vista, como já foi citado, a não utilização das
fichas topográficas para o cálculo de dados tanto do próprio instrumento (Dd, C0) quanto dos
pontos (PV, AA, CB, dentre outros).
Outro aspecto que garante a maior rapidez dos meios eletrônicos é o fato de não
necessitar do emprego da interseção avante, tendo em vista que os instrumentos eletrônicos,
57
quando o laser alcança o ponto, após alguns segundos, fornece os dados, de lançamento e
posicionamento, do ponto procurado. Em contrapartida, para fazer a medição de distância
utilizando-se a trena, há um grande desperdício de tempo tendo em vista a mesma ter tamanho
máximo de 50 metros, sendo necessário executar a operação de medição de distâncias por
muitos lanços o que compromete também a precisão dos trabalhos.
Para finalizar verificou-se que para se obter uma PTP, que é onde se obtém maior
precisão de dados, no processo clássico emprega-se cerca de 5 horas e, utilizando meios
eletrônicos, além de haver mais praticidade e facilidade empregam-se apenas 2 horas.
Somente esse dado permite contatar a maior viabilidade dos meios eletrônicos, entretanto no
aspecto precisão os meios eletrônicos também apresentam características vantajosas em
relação aos meios convencionais tendo grande tecnologia embutida fornecendo assim dados
mais precisos com reduzida interferência humana.
Portanto a hipótese da pesquisa pode ser considerada totalmente confirmada sendo que
a soma dessas três variáveis: rapidez, precisão e grau de tecnologia agregada; permite afirmar
que os meios eletrônicos são mais viáveis para o combate do século XXI garantindo assim
que a artilharia acompanhe a fluidez do combate moderno.
6 CONCLUSÃO
58
A presente pesquisa teve como objetivo geral demonstrar a maior eficiência da
utilização dos meios eletrônicos no levantamento topográfico do Grupo de Artilharia de
Campanha (GAC) em detrimento dos meios convencionais. Para alcançar este objetivo final
passou-se pelos seguintes objetivos específicos: verificar a rapidez e precisão dos dados
obtidos para o levantamento eletrônico e se estes atendem aos critérios da artilharia; citar
alguns aparelhos eletrônicos de levantamento topográfico e suas características básicas;
verificar sua eficiência em relação aos meios convencionais descritos no Manual de
Campanha ,Topografia do Artilheiro (1986).
Os resultados encontrados foram que os meios eletrônicos atingem melhores
resultados que os meios convencionais em menos tempo. Os novos materiais empregados,
devido ao fato de virem com alta tecnologia agregada, reduzem erros mecânicos e erros
humanos, o que garante maior precisão aos dados. Além disso, por obterem os dados de forma
quase instantânea apresentam maior rapidez.
Foi objeto de estudo o Global Positioning System (GPS) - Sistema de Posicionamento
Global - que se mostrou, de forma empírica pela experiência citada no cap 4.1.1.4, ser um
meio de altíssima precisão devido ao seu complexo e completo sistema de seguimentos
garantindo assim confiabilidade nos dados. O GPS fica, portanto tendo sua eficiência
comprovada no levantamento topográfico do Grupo.
Outro aparelho estudado foi o telêmetro laser que deve ser um aparelho amplamente
difundido nos Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) devido a sua altíssima precisão na
locação de pontos, fornecendo desvios ínfimos, o que viabiliza o seu emprego no combate do
século XXI, pois gera rapidez no processo de levantamento, fornecendo dados de forma quase
que instantânea; reduz a exposição do militar à percepção inimiga; Além de ter sobrepujado o
processo de interseção avante que despende muito tempo para determinação de pontos.
A pesquisa demonstrou que o Atlas Gun-Laying System (AGLS) - Sistema de
Posicionamento de Azimute do Canhão - é um meio extremamente necessário para o emprego
na artilharia possuindo características que o colocam no estado da arte do levantamento
topográfico do GAC.
Vale a pena ressaltar que o combate de quarta geração é caracterizado pela rapidez e
dinamismo de suas ações. Isso tudo vai de encontro do levantamento clássico pelo fato deste
ser mais demorado, não conseguindo acompanhar a fluidez do combate. Portanto o meio
convencional está inviável para se enfrentar a guerra do século XXI. O Goniômetro-Bússola
(GB) e a trena não se encaixam mais nas operações que o Exército se propõe a realizar.
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Diante de tais informações convém afirmar que a Artilharia deve evoluir sua doutrina
de levantamento topográfico para possibilitar que acompanhe os conflitos modernos.
Portanto, a hipótese do corrente trabalho foi confirmada, visto que os meios
eletrônicos atingem a rapidez e a precisão requerida pela artilharia segundo o Caderno de
Instrução de Levantamento Topográfico Eletrônico (2005), CI 6-199/1, analisando fatores
como: rapidez, precisão e tecnologia agregada.
Os resultados alcançados nesta pesquisa podem ser generalizados a todas as Unidades
de Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro, tendo em vista o levantamento ser
regulamentado por um manual específico, o Caderno de Instrução de Levantamento
Topográfico Eletrônico, em vigência, sendo portanto aplicável a todo Exército.
Conclui-se então que os meios eletrônicos são mais rápidos e mais precisos que os
meios convencionais devido a sua tecnologia agregada que contribui sobremaneira para
alcançar tais resultados. Logo, fica aparente a importância do levantamento topográfico com a
utilização de meios eletrônicos, por ocasião do combate moderno e conflito de 4ª geração.
Sendo assim, é imprescindível que as unidades de Artilharia do Exército Brasileiro adquiram
e se adestrem continuamente com estes meios.
No decorrer da pesquisa, deparou-se com um tema de grande interesse, mas fugiu ao
recorte ora adotado: o fato do caderno de instrução, O Levantamento Topográfico Eletrônico,
C 6-199/1, estar desatualizado, sendo datado de 1995, quando os aparelhos eletrônicos não
dispunham de tanta tecnologia. Portanto o referido manual apresenta diversos procedimentos
considerados obsoletos para os dias de hoje sendo necessária uma pesquisa mais aprofundada
para verificar os pontos onde se necessita de alterações.
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