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RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DA I FASE DO PROJETO
“NOSSOS CÓRREGOS”
AÇÃO RESTINGA
1 - APRESENTAÇÃO
O Projeto “Nossos Córregos” desenvolvido pelo Instituto das Águas da Serra da
Bodoquena, em parceria com a Prefeitura Municipal de Bonito, IBAMA, Promotoria de
Justiça, escolas públicas e particulares, empresários e entidades locais teve na sua 1ª
fase a finalidade de realizar um levantamento socioeconômico ambiental junto à
comunidade ribeirinha do córrego Restinga buscando coletar dados, informações e
características sobre as condições atuais deste córrego, bem como realizar ações de
educação ambiental envolvendo alunos através do mutirão de limpeza e plantio de
mudas na mata ciliar.
2. JUSTIFICATIVA
A degradação ambiental que tem sido verificada nas cidades é fruto de seu
crescimento vertiginoso (Jacobi, 1998), o qual leva a uma série de conseqüências,
como falta de infra-estrutura básica de saneamento, ocupação das áreas de várzea e
de mananciais e destruição das matas ciliares dos córregos urbanos, etc.
Esse quadro tem levado, dentre outros efeitos, a uma diminuição da
disponibilidade de água, seja em quantidade como em qualidade, provocando uma
série de desdobramentos negativos ao meio ambiente, como prejuízo à fauna e flora
aquática, disseminação de doenças de veiculação hídrica, escassez de água, dentre
outros.
Em Bonito, Mato Grosso do Sul, existem uma série de córregos que cortam a
cidade, sendo os principais os córregos Bonito, Restinga e Saladeiro, que constituem
grandes influenciadores da qualidade das águas do rio Formoso, rio cênico com alta
relevância econômica e social para a região.
Entretanto, apesar de existir um sistema de tratamento e retenção de resíduos
no município, os córregos urbanos de Bonito apresentam em seu percurso, problemas
comuns aos córregos urbanos brasileiros, como lixo jogado nas margens, lançamento
clandestino de esgotos, construções irregulares, dentre outros.
3
Em decorrência disto, tornou-se necessário e urgente levantar informações
sobre a atual situação destes córregos com o intuito de, a partir dos dados obtidos,
desenvolver futuros projetos que contemplem ações de conservação e de educação
ambiental, através da sensibilização da comunidade residente próxima a esses cursos
d’água, além da melhoria da qualidade de vida dessas populações.
Desta forma, o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena executou no mês de
outubro e novembro de 2006, a primeira etapa do Projeto “Nossos Córregos” que teve
por objetivo fazer o levantamento socioeconômico e ambiental do Córrego Restinga.
Também foram realizadas ações de educação ambiental como o plantio de mudas e o
mutirão de limpeza, envolvendo alunos de 8ª séries das escolas de Bonito,
participantes do projeto “Bonito Para Sempre”, também executado pelo IASB.
Sendo o córrego Restinga o primeiro córrego urbano a ser trabalhado dentro do
projeto “Nossos Córregos”, as ações realizadas descritas neste relatório serão
avaliadas, aprimoradas e servirão de base para expandir aos córregos Bonito e
Saladeiro.
3. CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO CÓRREGO RESTINGA
Dentre os córregos urbanos de Bonito, apenas o córrego Restinga nasce e
deságua dentro do perímetro urbano. Este córrego, de percurso total de 05 quilômetros
aproximadamente, tem suas nascentes dentro de um empreendimento turístico, sendo
suas águas utilizadas para diversos fins, desde consumo humano até para o
abastecimento de piscinas.
O córrego Restinga faz parte da Bacia Hidrográfica do rio Formoso, uma das
mais importantes bacias do município de Bonito, que possui uma população estimada
em aproximadamente 18 mil habitantes, sendo considerada uma das áreas que
apresentam maior beleza e riqueza em biodiversidade.
4 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
4.1 Aplicação do questionário socioeconômico ambiental e mobilização da
comunidade sobre a importância da conservação dos córregos urbanos
4
Esta etapa compreendeu o levantamento socioeconômico ambiental do córrego
Restinga. Para a realização deste levantamento foram utilizados dados bibliográficos,
máquina fotográfica e questionários que analisaram, em nível de identificação familiar,
a situação social e econômica da população residente. A aplicação dos questionários
foi feita por brigadistas, acompanhados pelos técnicos do IASB e do IBAMA.
Entre os dias 23 e 24 de outubro, foram percorridos todos os domicílios do
entorno do córrego Restinga. Em cada domicílio pesquisado, foi selecionada uma
pessoa residente para responder ao questionário.
Na ocasião, os brigadistas transmitiram informações sobre a importância da
conservação do córrego Restinga, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde da
comunidade e, também passaram dicas de como contribuir para amenizar a situação
em que o córrego se encontra. Esta mobilização também se estendeu para as demais
fases do projeto.
4.1.1 Tabulação dos questionários
Ao longo de aproximadamente 05 km de extensão do córrego Restinga, foram
encontrados 24 moradias, subdivididas em chácaras, sítios e residências e 06
hotéis/pousadas (Tabela 1). Apenas em uma das casas não foi encontrado nenhum
morador.
Tabela 1 – Relação dos hotéis/pousada próximos ao córrego Restinga
Categoria Nome
Hotel Blue Tree Village Zagaia
Pousada Olho D’Água
Pousada Moinho de Vento
Pousada Recanto dos Pássaros
Pousada Araúna
Hotel/Pousada Bonsai
Os bairros com maior concentração de domicílios foram os considerados
centrais (centro velho e novo, vide mapa 1b). Nos bairros mais afastados foram
encontrados em grande parte, chácaras e sítios (Tabela 2).
5
Tabela 2 – Bairros próximos ao córrego Restinga e quantidade de domicílios encontrados
Bairro Quantidade de domicílios
Vila Machado 7
Vila Donária 2
Jardim Boa Vista 2
Bairros centrais 19
Total 30
4.1.1.1 Gênero
Entre os entrevistados, a distribuição de grupos por sexo não apresentou uma
diferença significativa: 52% são do sexo masculino e 48% do sexo feminino (Gráfico 1).
Gráfico 01 – Gênero dos entrevistados
52%
48% masculino
feminino
4.1.1.2 Idade
Quanto à idade, apenas 17% possui idade entre 20 a 30 anos (Gráfico 2),
apontando um envelhecimento da população residente.
6
Gráfico 02 – Faixa etária dos entrevistados
17%
28%
17%7%
14%
17%20 a 30 anos
40 a 50 anos
50 a 60 anos
60 a 70 anos
mais de 70 anos
não respondeu
4.1.1.3 Estado civil
Dos 29 entrevistados, 73% são casados (Gráfico 3) e 79% possuem filhos
(Gráfico 4).
Gráfico 03 – Estado civil dos entrevistados
Gráfico 04 – Existência de filhos
73%
11%
10% 3% 3% casado
solteiro
viúvo
separado
amasiado
79%
21%
sim
não respondeu
4.1.1.4 Filhos
Quando questionados sobre a quantidade de filhos, 51% respondeu entre 1 a 4
filhos, sendo que desses, apenas cinco alegam ter apenas um único filho e 28%, de 6 a
9 filhos (Gráfico 5).
7
Gráfico 05 – Quantidade de filhos dos
entrevistados
51%
28%
21%
1 a 4 filhos
6 a 9 filhos
não respondeu
4.1.1.5 Domicílios
Em relação ao número de pessoas residentes no imóvel, 26% dos entrevistados
informou que mais de 06 pessoas moram na mesma casa (Gráfico 6). Quanto ao tipo
do imóvel, a maioria das casas é de alvenaria (Gráfico 7).
Gráfico 06 – Número de pessoas no imóvel
Gráfico 07 – Tipo de casa
7%20%
7%
13%10%
26%
17%
1
2
3
4
5
6
não respondeu
69%
24%
7%
Alvenaria
Madeira
não respondeu
Verificou-se que dos domicílios entrevistados, 73% são próprios, 3% alugados e
10% são cedidos (Gráfico 8). Dos domicílios cedidos, grande parte se concentra
próximo ou na saída Bonito/Bodoquena.
8
Gráfico 08 – Moradia dos entrevistados
73%
10%
3% 14%própria
cedida
alugada
não respondeu
4.1.1.6 Saneamento básico
Dentre os domicílios, destaca-se ainda que 69% deles possuem abastecimento
de água da rede geral. Enquanto 14% utilizam poços manuais para o abastecimento de
água e 3% utilizam água de açude (Gráfico 09). Os únicos que alegaram utilizar água
de poços artesianos são os proprietários de pousadas/hotéis.
Gráfico 09 – Formas de abastecimento de água
69%
14%
14% 3%Encanada
Poço artesiano
Encanada e poço
manual
água de açúde
Quanto ao tipo de sistema de tratamento de efluentes, os domicílios
apresentaram como principal forma de coleta, a Fossa Rudimentar, que corresponde a
48%. Enquanto que a rede geral de esgotamento sanitário atinge 45% dos domicílios.
Vale ainda ressaltar que 7% dos domicílios não apresentam nenhum desses
tratamentos, alegando que os efluentes “ficam a céu aberto” (Gráfico 10).
9
Gráfico 10 – Formas de tratamento de efluentes
45%
48%
7%
rede coletora
fossa
céu aberto
4.1.1.7 Lixo
Quanto ao lixo, 49% dos entrevistados disseram fazer a separação de lixo seco
do molhado em seus domicílios, contra 48% que não possuem esta prática (Gráfico
12). Destes 48%, quando questionados sobre o porquê de não realizarem a separação
do lixo, 40% responderam que não separam porque a “Prefeitura não possui um
caminhão apropriado para coletar o lixo separado” e 39% responderam que “não
sabem como fazer essa separação” (Gráfico 13).
Gráfico 12 – Separação do lixo pelo entrevistado Gráfico 13 – Por que o entrevistado não separa o lixo
49%
48%
3%
sim
não
não respondeu
39%
7%7%7%
40%
Não sei como devo separar o lixo
Dá muito trabalho
As pessoas da minha família não colaboram
Acho que isso é de responsabilidade da Prefeitura
A Prefeitura não tem caminhão apropriado para coletar o lixo separado
10
Já o lixo que não é recolhido pelo caminhão da Prefeitura, como entulhos e
galhos de árvores, 70% dos entrevistados alegaram que queimam esse lixo e 11%
disseram deixar amontoado em frente a sua casa (Gráfico 14).
Gráfico 14 – Destino do lixo que não é recolhido pela
Prefeitura
70%
11%
3%3%
7% 3% 3%
Queimo
Deixo amontoado em frente a minha casa
Jogo na beira do córrego
Contrato uma pessoa para dar destinação adequada a este tipo de lixo
Enterro no quintal ou outro lugar
Levo direto para o Aterro
Uso como adubo orgânico
E quanto ao lixo comum, 38% dos entrevistados afirmaram já terem visto, pelo
menos uma vez, pessoas despejando lixo no córrego (Gráfico 15).
Gráfico 15 – Pessoas despejando lixo no córrego
38%
45%
17%
sim
não
não respondeu
11
4.1.1.8 Bem-estar social
Quando perguntados sobre quais as prioridades para o bem estar de sua
família, 25% dos entrevistados responderam “postos de saúde”, outros 25% disseram
“asfalto” e 14% “moradia” (Gráfico 16).
Gráfico 16 – Prioridades para o bem estar da família dos entrevistados
10%
25%
25%3%
3%
14%
3%
17%
Esgoto Posto de Saúde
Asfalto Lazer
Praças as margens dos córregos Moradia
Ponte Não respondeu
4.1.1.9 Educação
Em relação à escolaridade, 62% não possuem o 1º Grau do Ensino
Fundamental completo e 7% disseram ser analfabetos (Gráfico 17). Nenhum dos
entrevistados tem ao menos o 2º grau completo ou ensino superior, apesar de 21% não
ter respondido a esta questão.
Gráfico 17 - Escolaridade dos entrevistados
62%10%
7%
21% 1º grau incompleto
2º grau incompleto
analfabeto
não respondeu
12
4.1.1.10 Renda Salarial
Quanto ao trabalho, 31% responderam que apenas uma pessoa da casa
trabalha contra 45% dos entrevistados que não responderam a esta questão (Gráfico
18). A ocupação principal do responsável pela família foi “serviços gerais”, com 25%,
seguida por proprietários de pousada, com 22% (Gráfico 19).
Gráfico 18 – Nº. de pessoas que trabalham na casa Gráfico 19 – Principal atividade
31%
7%14%3%
45%
1
2
3
4
não respondeu
3% 11%10%
25%22%
3%
7%
7%
3%
3%
3%
3%
eletricista
do lar
produtor familiar
serviços gerais
proprietário pousada
feirante
aposentado
guarda
pedreiro
autônomo
artesão
não respondeu
Quanto à renda mensal familiar, 45% recebem entre R$ 300,00 a R$ 500,00
reais por mês e 21%, de R$ 600,00 a R$ 1.000,00 (Gráfico 20).
Gráfico 20 – Renda familiar mensal
45%
21%
17%
17%
R$ 300,00 a R$ 500,00
R$ 600,00 a R$ 1.000,00
R$ 1.001,00 a R$ 1.500,00
não respondeu
13
4.1.1.11 Questões ambientais
Foi constatado que mais da metade dos entrevistados não sabem o nome do
córrego que passa próximo às suas casas (Gráfico 21).
Gráfico 21 – Nome do córrego
45%
55%
sim
não
Quanto à utilização da água do córrego para consumo, 17% afirmaram utilizar
contra 62%, que responderam não usar a água do córrego para nenhum fim (Gráfico
22). Já para o consumo animal, apenas 21% dos entrevistados afirmaram utilizar a
água para os animais (Gráfico 23).
Gráfico 22 – Utilização da água do córrego
para consumo
Gráfico 23 – Utilização da água do córrego para
consumo animal
17%
62%
21%
sim
não
não respondeu
21%
65%
14%
sim
não
não respondeu
14
Em relação a tomar banho no córrego, 14% dos entrevistados responderam que
a família possui esta prática (Gráfico 24).
Gráfico 24 – Prática de tomar banho no córrego
14%
76%
10%
sim
não
não respondeu
Devido à confirmação dos entrevistados utilizarem à água para consumo tanto
animal quanto próprio e de algumas pessoas tomarem banho no córrego, foi pertinente
perguntar se já teve alguém da família que pegou alguma doença através da água.
Gráfico 25 – Casos de doenças transmitidas pela água
83%
17%
não
não respondeu
E, quando questionados sobre a importância de um sistema de tratamento de
efluentes, 32% dos entrevistados alegaram que “previne doenças” e 24% disseram que
“mantém o córrego limpo” (Gráfico 26).
15
Gráfico 26 – Importância do tratamento de efluentes
14%
24%
32%
3%
10%
17%
evita mau cheiro
mantém o rio limpo
previne doenças
evita mau cheiro e
mantém o rio limpo
mantém o rio limpo e
previne doenças
não respondeu
4.1.1.12 Participação nas questões ambientais
Um dos objetivos centrais da pesquisa também foi mensurar o potencial de
participação da população frente às questões ambientais. Os dados coletados
permitem avaliar o potencial de envolvimento dos moradores na solução dos problemas
comunitário-ambientais que afetam o córrego. Neste sentido, em primeiro lugar,
procuramos identificar os principais problemas ambientais percebidos pelos moradores
nos seus locais de residência.
Quando questionados sobre o nível de satisfação da atual situação do córrego
Restinga, 38% afirmaram estar satisfeitos e 55% disseram que não estão satisfeitos
(Gráfico 27). Quando questionados sobre o motivo da insatisfação, 44% alegaram que
“o córrego está muito sujo”, 31% que “está secando” e 25% porque “está exalando mau
cheiro” (Gráfico 28).
16
Gráfico 27 – Satisfação dos moradores quanto ao estado atual do córrego Restinga
Gráfico 28– Motivos da insatisfação quanto ao estado atual do córrego Restinga
38%
55%
7%
sim
não
não respondeu
31%
44%
25%O córrego está
secando
Está muito sujo
Exala mau cheiro
Já os que responderam estarem satisfeitos, 28% disseram que é porque a “área
que usam está limpa” e 18% porque “mata a sede dos animais” (Gráfico 29).
Gráfico 29 – Motivos da satisfação quanto ao estado atual do córrego Restinga
28%
9%
18%9%
9%
9%
18%
A área que eu uso está limpa Ajuda quando falta água
Mata a sede dos animais Dá para tomar banho
Serve para meus vizinhos Deixa a casa fresquinha
não respondeu
Em relação ao bairro, 25% disseram que o maior problema que observam é o
“mau cheiro vindo do córrego” e 25% disseram que é o lixo. (Gráfico 30).
17
Gráfico 30 – Maior problema encontrado no bairro
25%
3%
14%
25%
7%
3%
3%
3%17%
Lixo Valetas Enchentes
Mau cheiro vindo do córrego Domícilios irregulares Falta de coleta de lixo
Iluminação pública Não há problemas Não respondeu
Perguntados se estariam dispostos a colaborar para ajudar a conservar o
córrego Restinga, 32% disseram que poderiam “plantar mudas à beira do córrego”,
31% disseram que “deixariam de jogar lixo no córrego” e 28%, “orientar os vizinhos
para não poluírem o córrego” (Gráfico 31).
Gráfico 31 – Disposição dos entrevistados para colaborar na conservação do córrego Restinga
32%
31%3%
28%
3% 3%
Plantar mudas a beira do córrego
Deixar de jogar lixo no córrego
fazer a ligação à rede de esgoto
Orientar os vizinhos para não poluir o córrego
Isolar a área
Não respondeu
Mas quando questionados sobre o que falta para começar a colocar em prática
as ações citadas anteriormente, 29% responderam que falta um “programa de doação
de mudas”, 21% alegaram que precisam “receber mais informações sobre como podem
colaborar com a conservação do córrego Restinga” e 17%, gostariam de “participar de
18
ações de Educação Ambiental”. Entretanto, 17% não responderam a esta questão e
10% disseram que “não falta nada” (Gráfico 32).
Gráfico 32 – O que falta para os entrevistados colocar em prática as ações em prol da conservação do córrego Restinga
29%
17%21%3%
3%
10%
17%
Programa de doação de mudas
Participar de ações de Educação Ambiental
Receber mais informações sobre como posso colaborar para ajudar a conservar o córrego
RestingaSeparar o lixo
Falta recursos para fazer a ligação à rede de esgoto
Não falta nada
Não respondeu
No entanto, quando questionados sobre a participação em alguma ação de
Educação Ambiental que envolvesse as questões abordadas na resposta anterior, 65%
responderam que nunca participaram contra 21% que responderam já ter participado
de algum tipo de ação educativa (Gráfico 33).
Gráfico 33 – Participação em alguma ação de Educação Ambiental
21%
65%
14%
Sim
Não
Não respondeu
19
Os que responderam que sim, participaram de palestras, mutirões de limpeza e
apoio a projetos de ONG’s locais (Gráfico 34).
Gráfico 34 – Ações de E. A. que os entrevistados participaram
49%
17%
17%
17%Palestras
Limpeza nas estrada
Visitação alunos projeto
Brazil Bonito
Não respondeu
Dos que não participaram 37% alegaram que “não tem tempo” e 21% que
“nunca foi convidado” (Gráfico 35).
Gráfico 35 – Motivos dos entrevistados não participarem de ações de E. A.
5% 5%
21%
37%
16%
16%
Por falta de incentivo Por falta de divulgação Porque nunca fui convidado
Não tenho tempo Não tenho interesse Não respondeu
4.1.2 Levantamento ambiental realizado através de pesquisa in loco
Na realização do trabalho de campo, os brigadistas utilizaram GPS e uma
planilha para anotações de dados relevantes. Para tal, receberam informações
específicas antes de saírem para as atividades.
20
Com o intuito de obter informações para a elaboração do levantamento
ambiental, foram tomados pontos através do GPS e utilizadas fotos, observações e
relatos de pessoas da comunidade. Também foram feitos apontamentos em diários de
campo para posterior análise e conjunção com demais informações obtidas.
4.1.2.1 Resultados do levantamento
O córrego Restinga pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Formoso, possui
aproximadamente cinco quilômetros de extensão e suas nascentes encontram-se entre
a área pertencente ao empreendimento turístico Blue Tree Village Zagaia e Pousada
Olho D’Água. Esta área tem sua vegetação parcialmente conservada. Os principais
problemas verificados foram: ausência de vegetação na margem esquerda (Foto 4),
pouco lixo e o represamento do córrego formando um pequeno açude (Foto 5).
Foto 4 – Ausência de vegetação na margem
esquerda do córrego Foto 5 - Açude
Inclusive, o proprietário do local controla a saída de água deste açude para o
curso normal do córrego. No momento em que o local foi visitado, puderam ser
verificadas duas situações. Na primeira, a água do açude estava sendo liberada onde
fazia girar uma roda d’água (Foto 6) e na segunda, a passagem de água do açude foi
fechada, e a água que estava sendo liberada era insignificante perante a vazão normal
do córrego, além da roda d’água estar parada (Foto 7).
21
Foto 6 - Roda d’água em funcionamento Foto 7 - Roda d’água parada
Saindo dessa região, o córrego atravessa a Vila Machado, onde passa em sua
maior parte por chácaras. Em algumas dessas chácaras foi encontrado bastante lixo
em decomposição e um número considerável de roupas espalhadas. Passando este
bairro, o córrego cruza a saída Bonito/Bodoquena. Neste ponto ele é utilizado pelo
acampamento instalado no local. Observa-se grande quantidade de lixo, além da
drenagem da estrada estar inadequada, proporcionando um acúmulo de material que
caem dentro do córrego.
Após um longo trecho, com apenas grandes chácaras e relativamente
conservado, o córrego Restinga encontra a Vila Donária, na altura da Pousada Moinho
de Vento. Nesta área foi encontrado um desvio de água para um açude, onde
ocasionou o desaparecimento do curso normal do córrego por aproximadamente 20
metros. Saindo deste local, há uma área com grande quantidade de aroeiras em
crescimento.
Em seguida, o córrego passa pelo Jardim Boa Vista, próximo ao loteamento
Solar dos Lagos. Neste ponto foi possível observar que houve um desvio do córrego e
soterramento do curso anterior. Os brigadistas também apontaram uma grande
quantidade de lodo e folhas em decomposição, dando um aspecto de “água poluída” a
este trecho.
Mas, apesar disso, no entorno existem lugares com uma mata bastante
conservada, onde de acordo com Ângela Pellin (2005), poderia ser instalado um
Parque Municipal (Fotos 8 e 9).
22
Foto 8 e 9 – Local onde poderia ser formado um parque municipal
Após a entrada do loteamento, novamente o córrego Restinga corre por
chácaras, onde também se encontra relativamente conservado. No entanto, foi
verificado que novamente pode ter havido um desvio da água do córrego, pois o curso
normal do mesmo desaparece, reaparecendo apenas a aproximadamente 350 metros
abaixo desta área. Na pousada Recanto dos Pássaros foi verificado um desvio do
córrego para um açude, mas a água deste açude aparentemente retorna para o
córrego. Neste ponto também foi verificado uma diminuição da vazão e da largura do
leito do córrego.
Passando por este trecho até o encontro de uma Olaria, foi encontrada uma
nova mina que abastece o córrego. Também foram verificadas plantações na mata
ciliar e a interrupção do curso do córrego através de uma barragem.
Já no local próximo à Olaria, foi visto uma área onde existe vegetação já
bastante degradada e onde, aparentemente, pode estar havendo a retirada de argila do
leito do córrego.
Em outro ponto, entre a Olaria e a “Estância Cachoeirinha”, os brigadistas
verificaram que há o uso da água do córrego para abastecimento de uma piscina, além
do plantio de milho na mata ciliar.
Logo abaixo deste ponto, novamente os brigadistas verificaram um desvio no
percurso do córrego. Passado este trecho encontra-se uma área bastante degradada,
onde segundo os moradores, foi retirada a vegetação para a instalação de canos (Foto
10, 11 e 12).
23
Foto 10 e 11 – Área desmatada entre o Restinga e os “braços” de água que deságuam no Restinga
Foto 12 – Cano que passa por cima de um dos
“braços” que deságua no córrego Restinga
Nesta área também foram verificadas vários “braços” de água que deságuam no
Restinga. Inclusive em um desses “braços” foram encontradas diversas casas na beira
do córrego e muito lixo.
Abaixo desta área, no final da Rua Nossa Senhora da Penha, foram encontradas
casas instaladas na barranca do córrego e a estrada municipal chega a poucos metros
do mesmo. O córrego encontra-se em processo de assoreamento.
Descendo mais um pouco, encontramos a Pousada Araúna. Neste trecho, do
lado da pousada, não há mata ciliar, dessa forma o proprietário está plantando mudas
de árvores na mata ciliar do córrego, sendo na maioria de espécies frutíferas exóticas.
O proprietário relatou que há pouco tempo atrás os turistas tomavam banho no córrego,
mas com a contínua diminuição da água, tiveram de parar com esta prática.
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Abaixo da pousada, na ponte da Rua Monte Castelo, há ausência de mata ciliar
em um dos lados da ponte e muito lixo jogado dentro do córrego. Um pouco mais
abaixo, há uma criação de porcos na mata ciliar, a uns cinco metros do córrego.
No final da Rua Santana do Paraíso há uma casa construída a menos de 20
metros do córrego. Na Rua 29 de maio, próximo à ponte foi encontrado muito lixo
dentro do córrego, principalmente por haver escolas próximas. Também foram vistas
algumas casas construídas na mata ciliar.
Na ponte da Rua Senador Filinto Muller, a vegetação do entorno está
parcialmente conservada. Nesta área não foi observado lixo e as tubulações não estão
entupidas. Um morador do local comentou que, quando chove, eles retiram o lixo e os
galhos que ficam presos nas manilhas.
Na ponte sobre a Rua 15 de Novembro, ao lado do Hotel Bonsai, além de existir
casas construídas nas margens do córrego e um pouco de lixo na margem oposta do
hotel, foi percebido um cano do lado do terreno do hotel, que inicialmente acreditou-se
ser de esgoto, mas de acordo com moradores locais, trata-se de um cano de água
pluvial, mas disseram existir algumas ligações clandestinas de esgoto que deságuam
no córrego Restinga. E, de acordo com os brigadistas no momento em que fizeram
este trabalho de campo, perceberam um líquido saindo deste cano fluvial, de cheiro
fétido e com restos de comida.
Neste ponto também há uma “fossa” a menos de cinco metros do córrego e de
acordo com o proprietário, vai direto para a rede coletora de esgoto.
Ainda no hotel, foi percebido uma bomba de água que pode servir para
abastecer o chafariz em forma de estátua que enfeita o pátio do hotel. Inclusive há um
cano que deságua no córrego, sendo provavelmente o retorno desta água que vai para
o chafariz.
Apesar de quase não ter mata ciliar no pedaço do córrego que passa por dentro
deste hotel, o proprietário diz ter um cuidado especial, procurando sempre deixá-lo
“limpo” para evitar o aparecimento de animais peçonhentos, retirando o acúmulo de
folhas, galhos e lixo.
No hotel também fizeram uma espécie de barragem para que a água
acumulasse um pouco num determinado pedaço, mas como a água do córrego
começou a diminuir, o proprietário diz não ter mais essa prática.
Na Rua 31 de Março, o córrego corre paralelamente. Neste trecho, o córrego
está com um processo de assoreamento e vem recebendo despejo de esgoto
25
doméstico. Os moradores de frente ao córrego têm o costume de queimar lixo na mata
ciliar.
Esta prática foi mais evidenciada quando o IASB realizou, através do Programa
de Educação Ambiental Bonito para Sempre, um plantio de mudas de espécies nativas
neste trecho (Foto 13 e 14).
Foto 13 e 14 – Plantio de mudas pelo Programa de E.A. do IASB
Cruzando a Rua Nelson Felício, as tubulações além de estarem entupidas, estão
quebrando e caindo dentro do córrego, provavelmente devido à falta de manutenção.
Moradores do local comentaram que quando chove a rua e as casas próximas alagam.
Na continuação da rua, que não está aberta, foi observado um local de
bebedouro de gado. Existem também casas construídas na barranca do córrego e
ainda, um poço escavado ao lado do córrego em um banco de areia provocado pelo
assoreamento.
Inclusive o proprietário de uma das casas está tentando mudar o curso do
córrego para devia-lo do terreno de sua casa. Segundo ele, quando chove forte, a
enxurrada está retirando a terra do barranco que sustenta a casa e trazendo muito
resíduo, como galhos de árvores, lixo e pedras, contribuindo para o assoreamento do
córrego e um possível desmoronamento de sua casa (Foto 15). Este proprietário até
fez uma contenção utilizando pneus como forma de evitar a retirada de terra do seu
quintal (Foto 16).
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Foto 15 – Proximidade do quintal da casa e o
córrego Foto 16 – Contenção feita pelo proprietário
utilizando pneus
No final da Rua General Osório o córrego está sendo usado para abastecer os
caminhões-pipa da cidade. Neste local há uma bomba e uma estrutura para encher
esses caminhões (Foto 17 e 18).
Foto 17 – Bomba d’água Foto 18 - Estrutura para
encher os caminhões-pipa
De frente a este local, foi observado uma casa na margem do córrego, falta de
mata ciliar, lixo espalhado e uma fossa a 40 metros do córrego. Mas, apesar disso
existe uma vegetação relativamente conservada no restante da margem do córrego.
Logo abaixo desta região, o córrego Restinga faz divisa entre a Fazenda Agnol e
a Estação de Tratamento de Esgoto de Bonito – ETE. Foram observadas pequenas
erosões. Nesta região as duas margens do córrego estão bem conservadas.
A foz do córrego Restinga fica poucos metros acima da ETE. Neste ponto o
Restinga encontra outro córrego urbano chamado Bonito. É importante ressaltar que,
27
pouco acima deste ponto, o córrego Bonito recebe o despejo da ETE. Depois de se
unirem, os córregos irão desaguar no rio Formoso.
4.1.3 Considerações finais do levantamento socioeconômico ambiental do Restinga
O levantamento socioeconômico ambiental do córrego Restinga demonstra que
dada à sua quantidade de domicílios encontrados no entorno do córrego, as
distribuições dos grupos de sexo não apresentaram diferenças significativas. Quanto à
idade, foi encontrado um envelhecimento dos moradores, onde a maior parte possui
acima de 40 anos.
Os moradores apresentaram ainda características educacionais semelhantes às
da Zona Rural, onde grande parte possui apenas o Ensino Fundamental incompleto e
outros ainda, são analfabetos.
A renda das famílias entrevistadas concentra-se em sua maioria, na faixa de até
3 salários mínimos, sendo que a concentração maior se dá na faixa de até 2 salários
mínimos, seguida da faixa entre 0,86 a 1 salário mínimo. Constata-se que os
entrevistados que apresentaram renda maior, são quando mais de uma pessoa da
família trabalha ou, estão ligados a alguma atividade turística (pousadas, hotéis,
artesãos).
Apesar das condições predominantes de moradia apresentarem dados como
domicílios próprios e de alvenaria, nem todos os domicílios dispõem de infra-estrutura
de serviços, como abastecimento de água e rede de esgoto. Inclusive, os dados sobre
abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo revelam que ainda existem famílias que
consomem água do córrego, como também possuem esgoto a céu aberto.
Em 27% dos domicílios encontra-se algum tipo de criação de animais,
destacando-se a criação de aves. Foram encontrados ainda criações de bois e porcos.
Entre os fatores que exercem elevada pressão sobre o ecossistema do córrego,
encontra-se a criação de animais, agricultura e o despejo inadequado de lixo. Outro
fator importantíssimo é a pressão sobre a rede hídrica, tanto em termos de captação
desordenada, como do despejo das águas servidas, através de ligações de esgoto
clandestinas ligadas às tubulações de águas pluviais. Quanto à captação, há casos até
do desaparecimento do córrego em alguns trechos, prejudicando as famílias que
necessitam desta água para sobreviver. De acordo com moradores, “cada um bota na
nascente o seu cano e cada vez com uma bitola maior, sem pensar que se capta mais
28
do que precisa nas partes altas, vai faltar nas partes baixas, e afetar os cursos ali
localizados” 1. Apesar de evidenciados atividades poluidoras no córrego, nenhum
morador alegou ter tido doenças transmitidas pela água. No entanto, acredita-se que a
pergunta não foi bem formulada, pois caso fosse perguntado se o morador já teve
alguns sintomas ou ao menos ter dado o nome de determinadas doenças de
veiculação hídrica (disenterias, doenças de pele, verminose, hepatite, etc.), poderia ter
sido encontrado alguns casos.
A primeira constatação importante deste perfil é que o tempo de residência está
positivamente correlacionado ao nível de pressão antrópica e que baixos níveis de
renda e escolaridade encontram-se associados à maior incidência de condutas
potencialmente agressivas ao meio ambiente. Ou seja, são os moradores mais antigos
da área que apresentam condutas potencialmente agressivas ao córrego (criação de
animais, lavoura, despejo de lixo, esgoto a céu aberto, etc.). Já os moradores mais
recentes, principalmente os associados com algum tipo de atrativo turístico, são os que
exercem maior pressão sobre os recursos hídricos através da captação indiscriminada
de água para abastecer açudes e piscinas. Também devem ser citados os moradores
mais afastados do córrego, que contribuem com a degradação do Restinga através de
ligações clandestinas de esgoto na rede de drenagem pluvial.
Mas, no que diz respeito às opiniões dos entrevistados, elas se dividem entre
aquelas que acham que o quadro de agravos ambientais vem se amenizando e
aquelas que enxergam uma clara tendência ao aumento destes mesmos agravos
(diminuição da quantidade de água, poluição, etc.).
Já os dados sobre o abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo revelaram
uma pequena deficiência do saneamento básico nos domicílios do entorno do córrego.
Além da deficiência dos serviços de saneamento, deve ser destacada a ocorrência de
algumas práticas potencialmente nocivas ao córrego, refletidas num percentual baixo,
mas freqüente, como a prática de jogar lixo na beira do córrego.
4.2 Plantio de mudas e mutirão de limpeza
Esta etapa foi realizada entre os dias 26, 30 e 31 de outubro e 01 de novembro
juntamente com o Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre e contou com
o auxílio de 01 técnico e 08 brigadistas do IBAMA. Nesta atividade participaram 134
1 Texto escrito na íntegra
29
alunos de 06 escolas públicas e privadas de Bonito. Nenhum aluno do período noturno
compareceu.
Para iniciar a ação, os alunos da Escola Bonifácio Camargo Gomes se
deslocaram até uma área próxima à escola, na ponte em sentido ao Bairro Marambaia
onde realizaram o plantio de mudas de espécies nativas na mata ciliar do córrego
Restinga. Já os alunos das demais escolas se deslocaram até uma área próxima ao
Hotel Bonsai. Os alunos da Escola Falcão tiveram que se deslocar de ônibus. Cada
aluno ficou responsável por plantar uma muda. Ao todo foram plantadas
aproximadamente 100 mudas na mata ciliar do córrego Restinga.
Durante o plantio, os alunos foram auxiliados pelo técnico do IBAMA e
brigadistas, que ajudaram a abrir as covas e irrigar as mudas. As ferramentas utilizadas
no plantio foram emprestadas pelo IBAMA e Viveiro Municipal e as mudas foram
doadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para a identificação do local de
plantio das mudas na mata ciliar, foi colocada uma placa contendo informações da
escola e o nome do projeto.
Alunos da Durvalina e Falcão durante o plantio de mudas na mata ciliar do córrego Restinga
Após o plantio, os alunos voltaram para a escola realizando o mutirão de
limpeza onde, com a ajuda dos brigadistas, foram recolhendo e armazenando em
sacos plásticos os resíduos encontrados no caminho. Os sacos com o lixo recolhido
foram levados pelo carro do IBAMA para o pátio da Secretária de Obras, a pedido do
secretário.
30
Alunos do João Alves e BCG durante o mutirão de limpeza
Com o término do mutirão de limpeza, os alunos distribuíram para os veículos e
pessoas que trafegavam em frente à escola, saquinhos de lixo para automóveis e um
folder do Projeto Nossos Córregos contendo dicas para a população colaborar com a
conservação dos recursos naturais.
4.2.1 Considerações finais das ações: plantio de mudas e mutirão de limpeza
O plantio de mudas no córrego Restinga proporcionou um maior contato com
moradores locais, que se sensibilizaram com os alunos. Promoveu ainda, o exercício
de cidadania por parte dos alunos e contribui com a recuperação da mata ciliar do
respectivo córrego, ressaltando para esses alunos a necessidade da continuidade
deste tipo de ação. E através do mutirão, os alunos puderam verificar na prática a
quantidade de lixo depositado em frente às casas, pontos de comércio e principalmente
nos terrenos baldios, no entorno da escola e na mata ciliar do córrego Restinga,
permitindo dar a eles condições de refletir sobre a falta de respeito da população para
com a sua cidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROJETO
A execução da primeira fase do projeto “Nossos Córregos” realizada no córrego
Restinga demonstrou um ambiente bastante alterado, mantendo muito pouco das suas
condições originais e que vem sendo utilizado pela população de forma insustentável,
ameaçando suas condições ambientais para as futuras gerações.
31
A partir do levantamento realizado foi possível constatar a inexistência de um
planejamento ambiental que promova a melhoria da qualidade de vida da população
local e assegure a vida do respectivo córrego que hoje se encontra em condições
degradantes devido aos diferentes usos, sendo possível perceber que através dos
problemas ambientais ocorrentes como, poluição, contaminação, desperdício,
desmatamento de matas ciliares, erosão e assoreamento provocados pelo uso
inadequado do solo contribuem para a escassez da água e conflito entre usuários.
Também foram identificados problemas sociais que afetam os ribeirinhos como a
falta de serviços básicos, moradia, saneamento, dentro outros, que se multiplicam e se
avolumam entre os grupos de maior vulnerabilidade.
Apesar da situação ambiental do córrego Restinga estar bastante comprometida,
ainda é possível realizar intervenções de recuperação nas áreas mais críticas e
minimização dos impactos negativos nos pontos que ainda se encontram mais
conservados. Para que isso ocorra será necessário um maior empenho do poder
público apoiado na participação social dos moradores locais, através do conhecimento
e cumprimento da legislação aliada ao planejamento ambiental.
Cabe ainda a promoção de programas de Educação Ambiental mais amplo,
sobretudo projetos que conscientizem a população em geral, e empresários do setor
turístico, em particular, para uma agenda ambiental que não é exclusivamente verde
(fauna e flora), mas que diz respeito ao solo e ao sistema hídrico que muitos
consideram em vias de degradação.
5.1 Pontos positivos
Levantamento de dados, informações e características sobre as condições
ambientais do córrego Restinga e o levantamento socioeconômico da população
ribeirinha e sua interface com o ambiente natural;
Fornecimento de informações ambientais e sociais que poderão subsidiar políticas
públicas para adotarem medidas que tragam melhoria da qualidade de vida da
população local
Sensibilização da comunidade ribeirinha e alunos das escolas de Bonito através da
realização de ações de educação ambiental;
Realização do plantio de mudas e mutirão de limpeza;
Experiência para o corpo técnico do IASB para execução das próximas etapas;
32
Parcerias e apoios firmados que permitiram a execução da primeira etapa do
projeto;
Execução da primeira etapa do projeto através da reivindicação dos associados do
IASB e da Câmara dos Vereadores de Bonito;
5.2 Pontos negativos
Problemas ambientais encontrados que poderiam ser minimizados através de ações
educativas;
Pouco registro fotográfico durante a etapa de levantamento;
Treinamento insuficiente dos brigadistas para maior efetividade dos dados e
informações coletadas;
Falha na elaboração do questionário;
A presença do IBAMA em certos momentos inibiu os entrevistados, podendo
estimular uma visão distorcida do IASB, passando de aliada para de denúncias;
Falta de manutenção constante das mudas plantadas às margens do córrego
Restinga;
Pouca experiência dos técnicos do IASB na execução da primeira fase do projeto.
5.3 Aprimoramento do projeto
Reformulação dos questionários;
Acompanhamento dos técnicos do IASB durante todo o levantamento;
Ampliar o registro fotográfico;
Treinamento mais efetivo dos entrevistadores;
Ampliar o conhecimento sobre a área a ser pesquisada;
Realizar reunião com os ribeirinhos para apresentação dos resultados;
5.4 Ações realizadas posteriores ao levantamento
Através do convênio da Prefeitura Municipal de Bonito com a Petrobrás foi instalado
interceptores de esgoto nas duas margens do Restinga, impedindo que os dejetos
sejam lançados no córrego, canalizando-os para a estação de tratamento;
33
No sentido de orientação, os técnicos do IBAMA solicitaram a um determinado
estabelecimento turístico a liberação da água do açude e a elaboração de um
projeto de recuperação de mata ciliar que posteriormente será encaminhado ao
Promotor de Justiça para servir de modelo aos demais empreendimentos .
6. AÇÕES FUTURAS (Responsabilidade do IASB):
Encaminhar relatório as autoridades locais para cumprimento da Lei Orgânica
Municipal que “estabelece a proibição de desmatamento, da descaracterização e
qualquer outro tipo de degradação ao meio ambiente no trecho de trinta metros das
margens de todos os rios e mananciais na área urbana do Município”. E de acordo
também com a Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo “que considera os
córregos urbanos (Bonito, Restinga e Marambaia) áreas de Proteção Ambiental,
sendo seu uso compatível com as atividades de lazer coletivo e atividades de
interesse turístico, tais como parques, praças, atividades de cultura e esporte, bem
como instituições ligadas ao ensino e pesquisa ambientais, cujos parâmetros
quanto ao uso e ocupação devem ser determinados com vista à manutenção das
características naturais do local”.
Orientar os proprietários de empreendimentos turísticos as margens do córrego
Restinga para boas práticas ambientais;
Buscar apoio de órgãos ambientais para o monitoramento da qualidade das águas
dos córregos urbanos;
Buscar o apoio do COMDEMA para financiar a execução das próximas etapas do
projeto nos córregos Bonito e Saladeiro;
Elaborar futuros projetos que amenizem os problemas ambientais existentes.
7. PARCEIROS:
Parceiros que contribuíram na realização desse trabalho e que certamente não
teria sido possível alcançar os resultados que obtivemos sem este apoio e confiança.
Associação Bonitense de Hotelaria;
Associação Bonitense de Proprietários de Agências de Ecoturismo;
Associação de Guias de Turismo de Bonito;
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Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região;
Câmara Municipal de Bonito;
Empresários locais;
IBAMA
Instituições de ensino das redes públicas e particulares de Bonito;
Prefeitura Municipal de Bonito/MS;
Promotoria de Justiça da Comarca de Bonito MS;
Secretaria Municipal de Educação;
Secretaria Municipal de Meio Ambiente;
Secretaria Municipal de Obras;
Secretaria Municipal de Turismo, Ind. e Comércio.
Equipe IASB