adenocarcinoma endometrial em uma coelha (oryctolagus ... · 3 l.s. quevedo, c.s. silveira, p.a....

Acta Scientiae Veterinariae, 2015. 43(Suppl 1): 93.

CASE REPORT Pub. 93

ISSN 1679-9216

1

Received: 23 January 2015 Accepted: 8 July 2015 Published: 3 August 2015

1Laboratório de Patologia Veterinária (LPV), Universidade Federal do Pampa, Unipampa, Uruguaiana, RS, Brazil. 2Acadêmico, Medicina Veterinária, Unipampa, Uruguaiana, RS. 3Setor de Patologia Veterinária (SPV), Faculdade de Veterinária (FaVet), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Porto Alegre, RS. CORRESPONDENCE: B.L. Anjos [[email protected] - Tel.: +55 (53) 3421-8445]. BR 472, Km 592, Caixa Postal 118. CEP 97500-970 Uruguaiana, RS, Brazil.

Adenocarcinoma endometrial em uma coelha (Oryctolagus cuniculus)

Endometrial adenocarcinoma in a rabbit (Oryctolagus cuniculus)

Lucas Souza Quevedo1, Caroline da Silva Silveira1, Pedro Araújo Damboriarena1, Leandro Mallmann2, Saulo Petinatti Pavarini3 & Bruno Leite Anjos1

ABSTRACT

Background: Uterine tumors are classified according to their origin, epithelial or mesenchymal. These neoplasms are uncom-mon in most animal species, but are considered as important causes of reproductive disorders. In rabbits, the occurrence of these tumors increase with development of the animals and, although the numbers indicate a high occurrence of this disease in rabbits, reports are scarce. Therefore, this paper has the objective to describe a case of endometrial adenocarcinoma in a rabbit, emphasizing their histological features as well as provide a brief discussion about the epidemiological, clinical, pathological and prevention forms and treatment. Case: A 4-years old New Zealand rabbit breed, from a group of animals maintained only for breeding, had low fertility. The rabbit was twice covered by proven fertile animals, but no pregnancy, becoming unfit reproduction and subjected to eutha-nasia. At necropsy, tissue samples were collected, subsequently fixed in 10% formalin and then were processed routinely and stained with hematoxylin and eosin for histopathological analysis. Grossly, there was swelling of the uterine body, characterized by two masses that protruded from the endometrium, with rounded and soft look, and the court had cystic cavity filled with whitish gelatinous consistency of content. Microscopic cancer cells that originated from the endometrial epithelium, was characterized by round or oval nucleus with loose chromatin and inconspicuous nucleoli were observed, as well as eosinophilic and scant cytoplasm arranged in similar to acinar structures. The tumor cells showed moderate pleomorphism and moderate markup for cytokeratin in the cytoplasm of neoplastic cells confirming the epithelial origin of the tumor in the immunohistochemical analysis. Discussion: The diagnosis of endometrial adenocarcinoma was based on clinical and pathological findings and confirmed their epithelial origin by immunohistochemical staining, which demonstrated cytokeratin positive cells where moderate pleomorphism, atypia and the behavior of some character of the cells determined the malignant neoplasm. In Brazil, reports of adenocarcinoma or even tumors in rabbits in general are scarce despite the high frequency of tumors in adult rabbits in other countries. Probably, because there are low number of rabbits bred as pets in Brazil when compared to North American countries and Europeans. It is known that the development of most neoplasms and hyperplastic disorders of uterus of rabbits has the action of hormones, thus veterinarians and owners should be aware of the importance of ovari-osalpingohisterectomy as an effective method of preventing and treating these reproductive disorders when it is required. For the prevention and treatment of this tumor, it should be distinguished by commercial breeders owners of pets, and by animals raised as pets is advised performing ovariosalpingohisterectomy before two years of age and/or immediately after diagnosis; and for the animals in production systems slaughter should be indicated to prevent complications such as metastases and worsening clinical course. The increase in the number of rabbits bred as pets in the country as well as in life expectancy, periodic clinical evaluation and rapid diagnosis should be performed, especially in rabbits above four years of age. Also, like most neoplasms and hyperplastic disorders of uterus rabbits develop under the influence of hormones, veterinarians and owners should be aware of the importance of ovariosalpingohisterectomy as efficient method of preven-tion and treatment for these disorders.

Keywords: neoplasms, lagomorphs, uterus, reproductive disorders. Descritores: neoplasmas, lagomorfos, útero, desordens reprodutivas.

2

L.S. Quevedo, C.S. Silveira, P.A. Damboriarena, et al. 2015. Adenocarcinoma endometrial em uma coelha (Oryctolagus cuniculus). Acta Scientiae Veterinariae. 43(Suppl 1): 93.

INTRODUÇÃO

A maioria dos tumores uterinos é classificada por sua origem epitelial ou mesenquimal. Os neoplas-mas de origem mesenquimal mais comuns em animais são o fibroma/fibrossarcoma, o leiomioma/leiomios-sarcoma e o fibroleiomioma [8]. O linfossarcoma, na forma multicêntrica, é observado em útero de vacas e, com exceção deste, metástases de outros tumores são pouco frequentes em útero de animais domésticos [6,8]. Já os tumores de origem epitelial, primários do endométrio, são infrequentes na maioria das espécies domésticas e acometem mais frequentemente bovinos [5,6,8].

A idade parece influenciar na ocorrência desses tumores e a incidência aumenta conforme o desenvol-vimento dos animais [1,4,10] e, embora os números indiquem uma alta ocorrência dessa doença em coe-lhas, os relatos são escassos nessa espécie.

O aumento da criação de coelhos como animais de estimação (“pets”) no país e a elevada expectativa de vida desses animais podem propiciar uma maior ocorrência de diversas doenças e dessa forma seus aspectos clinicopatológicos devem ser bem compre-endidos. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de adenocarcinoma endometrial em uma coelha (Oryctolagus cuniculus).

CASO

Uma coelha (Oryctolagus cuniculus) adulta, com mais de 4 anos, da raça Nova Zelândia, apre-sentou baixa fertilidade mesmo após duas coberturas por machos comprovadamente férteis. A coelha foi considerada inapta para a reprodução e submetida à eutanásia após apresentar também irregularidades no ciclo estral.

Na necropsia a avaliação externa demonstrou aumento de volume na região abdominal ventral. Após a abertura da cavidade observou-se aumento de volume do corpo uterino caracterizado por duas massas que se projetavam a partir do endométrio. As massas eram arredondadas e macias, a maior delas media 5,5x2,5x2 cm e ao corte apresentava cavidade cística com 2,0 cm de diâmetro, preenchida por conteúdo brancacento e consistência gelatinosa. O nódulo menor (4,5x2,5x2 cm) era enegrecido, mais sólido e com consistência firme.

Fragmentos de útero com nódulos foram co-letados, fixado em formol a 10% por 48 h, processado rotineiramente para histopatologia e avaliados através

de cortes com 3 µm de espessura, corados por hema-toxilina e eosina (HE) [Figura 1], ácido periódico de Schiff (PAS) e Tricrômico de Masson (TM). Secções dos nódulos uterinos foram submetidas à técnica imuno-histoquímica (IHQ), baseada no método do complexo estreptavidina ligada a peroxidase, revelada com DAB (DABBS 2006), utilizando-se anticorpos monoclonais anti-citoceratina-AE1/AE31 (diluição 1:80) e anti-vimentina-V92 (diluição 1:200).

Figura 1. Útero com adenocarcinoma endometrial. Observa-se espessa-mento do endométrio e diminuição da luz uterina. Hematoxilina e eosina [Bar = 1 cm].

Microscopicamente, os nódulos uterinos eram formados por células neoplásicas proliferadas a partir da camada basal do endométrio, arranjadas em estru-turas semelhantes à ácinos e papilas (Figura 2). As células neoplásicas apresentavam núcleo redondo ou oval com cromatina moderadamente escassa e nucléo-lo, quando presente, pouco visível, além de citoplasma eosinofílico, escasso e com bordas indistintas. Alguns desses túbulos estavam acentuadamente distendidos e um deles com formação de uma grande cavidade cística preenchida por material proteináceo, eosino-fílico e amorfo (PAS positivo), secretado por células neoplásicas cuboidais que revestiam internamente as cavidades. Em alguns desses cistos foram observadas células necróticas e debris celulares livres no seu interior. Algumas áreas do neoplasma apresentavam arranjo mais sólido e anisocariose moderada (Figura 3). Foram visualizadas até cinco figuras de mitoses por campo em maior aumento (40x). As células tumorais eram sustentadas por estroma fibroso moderadamen-te denso em algumas áreas próximas a base tumoral (TM-positivo) e vasos, que separavam a massa em múltiplos lóbulos.

3


As secções submetidas à avaliação imuno--histoquímica apresentaram moderada marcação para citoceratina no citoplasma das células neo-

plásicas confirmando a origem epitelial do tumor (Figura 4). As células neoplásicas foram negativas para vimentina.

Figura 2. Adenocarcinoma endometrial em uma coelha. Observam-se células neoplásicas arranjadas em ácinos e papilas que se projetam para o interior das estruturas acinares. Observam-se algumas estruturas tubulares distendidas e com conteúdo amorfo e eosinofílico. Hematoxilina e eosina [Bar = 100 µm].

Figura 3. Adenocarcinoma endometrial em uma coelha. Células neoplásicas arranjadas em padrão mais sólido com moderada anisocariose. Notar que as células apresentam citoplasma escasso e eosinofilico, núcleo redondo ou oval com cromatina frouxa, sustentada por fino estroma fibrovascular. Hematoxilina e eosina [Bar = 50 µm].

Figura 4. Observam-se células epiteliais neoplásicas do endométrio com marcação citoplasmática para citoceratina. Notar que alguns ácinos apre-sentam células neoplásicas com baixa imunomarcação. Anti-citoceratina Dako AE1/AE3 (diluição 1:80) [Bar = 100 µm].

DISCUSSÃO

O diagnóstico de adenocarcinoma endometrial foi baseado nos achados macroscópicos e microscó-picos [5,8,10,11]. A origem epitelial do neoplasma pode ser confirmada através da técnica de imuno--histoquímica, a qual demonstrou células positivas para citoceratina [10]. O moderado grau de pleomorfismo, a atipia e o comportamento de algumas células de-terminaram o caráter maligno do neoplasma [10,11].

Os neoplasmas uterinos são pouco relatados em animais de grande porte [7] e acometem com maior frequência cães adultos [8]. No entanto, em coelhas os relatos sugerem que sua ocorrência é alta [4,5,10,11], embora, no Brasil os relatos sejam escassos. Possivel-mente por ainda ser considerado baixo o número de coelhos criados como animais de estimação, quando comparado com países norte-americanos e europeus. Em algumas raças de coelhos a incidência destes tu-

4


mores é maior e pode-se destacar a raça Tan, Havana e Holandês, e destas, os coelhos que possuem idade superior a quatro anos a ocorrência pode chegar a 80% [5]. Conforme visto no caso em estudo, a raça acome-tida foi uma coelha Nova Zelândia e correspondeu a um animal adulto com mais de quatro anos.

Os neoplasmas uterinos nesta espécie geral-mente ocorrem em animais com idade acima de qua-tro anos, e possuem maior incidência entre 5-7 anos [4,5,11]. Em alguns estudos a maioria dos animais avaliados apresentaram alterações malignas de útero com mais de 2 anos com maior ocorrência em animais entre 6 e 7 anos [10].

Quando avaliados clinicamente, os casos de tumores uterinos em coelhas podem cursar com he-matúria, corrimento vaginal serossanguinolento, cistos mamários, dor abdominal, anorexia, desidratação, redução do tamanho da ninhada, complicações na gravidez, depressão, dificuldade em respirar, abdômen distendido, emagrecimento, diminuição da fertilidade e, em casos mais graves, metástases podem ocorrer para diferentes sítios [5,10]. Embora esses sinais se-jam frequentes, muitas vezes não são percebidos ou relatados [9].

Para facilitar o diagnóstico desses neoplasmas a anamnese deve ser criteriosa e a palpação da região abdominal é fundamental, além da necessidade de submeter os animais a exames complementares como radiografia e ultrassonografia, porém deve-se tomar cuidado para diferenciar de outras condições como pio-metra, hidrometra, metrite, hiperplasia endometrial, ou abscesso abdominal, granuloma ou hematoma [5,9-11].

Os tumores de útero com tamanho a partir de 0,5 cm de diâmetro podem ser detectados por palpação da parede abdominal em coelhas na avaliação clinica [4]. No caso em estudo, a avaliação clínica não foi realizada, porém facilmente essa avaliação poderia ter detectado as massas tumorais na cavidade abdominal na região do útero. Em estágios iniciais, os adenocar-cinomas podem ter aspecto pendular e podem medir cerca 0,2 cm de diâmetro [3] e ser de difícil detecção. Os adenocarcinoma papilar e tubular sólido de útero de coelhas podem apresentar um tamanho médio de 1,5 cm de diâmetro e máximo de 3,2 cm e a idade en-tre 1,5-10 anos [1]. O tumor aqui descrito apresentou 5,5x2,5x2 cm, provavelmente em decorrência da idade avançada da coelha.

Os adenocarcinomas do tipo papilar caracteri-zam-se pelas várias projeções papilares para o lúmen, perda de grande parte do estroma, confluências das glândulas e descontinuidade da membrana basal, o pleomorfismo e moderado ou acentuado, além de apresentar invasão do miométrio [1,11]. Essas caracte-rísticas auxiliaram na determinação do comportamento maligno do caso em estudo. O adenocarcinoma tubular sólido tem como característica microscópica a proli-feração celular arranjada em ninhos e frequentemente formam estruturas tubulares em que o lúmen é reves-tido por uma única camada de células epiteliais, sem projeção papilar e frequentemente invade o miométrio e podem ser observadas até seis mitoses por campo de maior aumento (40x) [1]. A partir dessas características morfológicas, o tumor aqui descrito, pôde ser caracte-rizado como adenocarcinoma do tipo papilar, embora algumas áreas apresentem um padrão mais sólido.

Alguns autores classificam os adenocarcino-mas intrauterinos em graus que variam de I a IV [4]. O grau I classifica os tumores em estágio inicial e com glândulas endometriais separadas por grande quanti-dade de estroma. O grau II caracteriza-se crescerem em forma de papilas unirradiculares e que evoluem para multirradicular e unem seus ramos que formam pseudoácinos e possuem cerca de 1cm de diâmetro. Nos tumores de grau III os padrões acinares e papi-lares ficam menos distintos e há perda da arquitetura, porém ainda há certa organização glandular. A fase de desenvolvimento final deste tumor é chamada de grau IV e o crescimento celular é difuso, desorganizado e sem padrão glandular. Com base nessas características o tumor dessa coelha foi classificado como grau III de desenvolvimento, pois ainda mantinha áreas com padrões acinares e papilares.

Assim como em mulheres, acredita-se que a patogênese dos adenocarcinomas de endométrio esteja diretamente relacionada ao estímulo de estro-gênico prolongado, bem como os casos de hiperplasia endometrial e outros tumores do sistema reprodutivo de coelhas [2], embora nem todos os casos relatados estejam diretamente ligados a receptores de estrogênio e progesterona em células tumorais [1,5,8,10,11].

Para a prevenção e o tratamento desse tumor, deve-se distinguir os criadores comerciais de proprie-tários de animais de estimação, uma vez que, para os animais criados como pets aconselha-se a realização de ovariosalpingohisterectomia antes dos dois primeiros

5


www.ufrgs.br/actavetCR 93

anos de idade e/ou logo após o diagnóstico; e deve ser indicado o abate imediato de animais em sistemas de produção, para evitar complicações como metástases e piora do quadro geral [5,9].

Com aumento do número de coelhos criados como pets no país, bem como da expectativa de vida, a avaliação clínica periódica e detalhada e o rápido diagnóstico devem ser realizados, especialmente em coelhas acima de quatro anos de idade. Além disso, como a maioria dos neoplasmas e dos distúrbios hiperplásicos de útero de coelhas se desenvolvem

sob influência de hormônios, médicos veterinários e proprietários devem estar conscientes da importância da ovariosalpingohisterectomia como método eficiente de prevenção e tratamento.

MANUFACTURERS

1Dako Cytomation. Carpinteria, CA, USA.

2Life Technologies Corporation. Grand Island, NY, USA.

Declaration of interest. The authors report no conflicts of interest. The authors alone are responsible for the content and writing of the paper.

REFERENCES

1 Asakawa M.G., Goldschmidt M.H., Une Y. & Nomura Y. 2008. The immunohistochemical evaluation of estrogen receptor-a and progesterone receptors of normal, hyperplastic, and neoplastic endometrium in 88 pet rabbits. Veterinary Pathology Online. 45(2): 217-225.

2 Chambers J.K., Uchida K., Ise K. & Nakayama H. 2014. Cystic rete ovary and uterine tube adenoma in a rabbit. The Journal of Veterinary Medical Science. 76(6): 909-912.

3 Greene H.S.N. & Saxton J.A. 1938. Uterine adenomata in the rabbit: I. Clinical history, pathology and preliminary transplantation experiments. The Journal Experimental Medicine. 67(5): 691-708.

4 Greene H.S.N. & Saxton J.A. 1948. Evolution of cancer of the uterine fundus in the rabbit. Cancer. 1(1): 82-99.5 Hreiz J.E. 2013. Uterine adenocarcinoma in rabbits. Domestic Rabbits. 41: 30-31.6 Maclachlan N.J. & Kennedy P.C. 2002. In: Meuten D.J. (Ed). Tumors in Domestic Animals. 4th edn. Ames: Iowa

State Press, pp.245-317.7 Ramos A.T., Souza A.B., Norte D.M., Ferreira J.L.M. & Fernandes C.G. 2008. Tumores em animais de produção:

aspectos comparativos. Ciência Rural. 38(1): 148-154. 8 Schlafer D.H. & Miller R.B. 2007. Female genital system. In: Maxie M.G. (Ed). Jubb Kennedy, and Palmer’s Pathol-

ogy of Domestic Animals. 5th edn. Philadelphia: Elsevier, pp.429-564.9 Sommerville L.M. 1998. Treatment of a uterine adenocarcinoma in a domestic rabbit by ovariohysterectomy. Veterinary

Record. 142(20): 550-551. 10 Walter B., Poth T., Böhmer E., Braun J. & Matis U. 2010. Uterine disorders in 59 rabbits. Veterinary Record. 166(8):

230-233.11 Woodhouse S.J. & Hanley C.S. 2011. What Is Your Diagnosis? Uterine adenocarcinoma. Journal of the American

Veterinary Medical Association. 238(3): 289-290.

adenocarcinoma endometrial em uma coelha (oryctolagus ... · 3 l.s. quevedo, c.s. silveira, p.a....

Documents