agentes químicos inquietantes - instruções básicas

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO COMANDO DE POLICIAMENTO DE CHOQUE 2º BATALHÃO DE POLÍCIA DE CHOQUE–BTL ANCHIETA OPERAÇÕES COM AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES AGENTES QUÍMICOS 1. INTRODUÇÃO: Só o conhecimento e conveniente exploração das particularidades dos Agentes Químicos podem fornecer os elementos necessários às decisões de comando para eventual emprego de agentes químicos nas Ações de Controle de Distúrbios Civis. O conhecimento das características gerais dos agentes químicos e classificações destes, são indispensáveis à perfeita compreensão das normas regulamentares e táticas, que regulam o seu emprego na ação e suas limitações e possibilidades. 1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 1

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMANDO DE POLICIAMENTO DE CHOQUE

2º BATALHÃO DE POLÍCIA DE CHOQUE–BTL ANCHIETA

OPERAÇÕES COM AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

AGENTES QUÍMICOS

1. INTRODUÇÃO:

Só o conhecimento e conveniente exploração das particularidades dos

Agentes Químicos podem fornecer os elementos necessários às decisões de comando para

eventual emprego de agentes químicos nas Ações de Controle de Distúrbios Civis.

O conhecimento das características gerais dos agentes químicos e

classificações destes, são indispensáveis à perfeita compreensão das normas

regulamentares e táticas, que regulam o seu emprego na ação e suas limitações e

possibilidades.

PARTICULARIDADES DOS AGENTES QUÍMICOS

1. Definição:

Chama-se agente químico ou agressivo químico a toda substância que por

sua atividade química, produza quando empregado para fins militares, um efeito tóxico,

fumígeno ou incendiário.

2. Uso de expressões errôneas:1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 1

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1. A expressão "gás" é errônea, muito embora consagrada pelo uso.

2. A grande maioria dos agentes químicos é constituída de líquidos e

sólidos aos quais não se poderia designar como gases.

3. Todavia o fato de que os primeiros agentes usados (Cloro e

Fosgênio) se apresentassem como gases fez com que a primeira máscara fosse denominada

"máscara contra gases".

4. Depois, mesmo com o aparecimento de outros agentes, sólidos e

líquidos, a expressão foi sendo admitida por comodismo.

5. Atualmente, porém, embora ainda errada, é somente empregada para

designar os agentes químicos utilizados contra pessoal e que produzam efeitos tóxicos,

independente do estado físico que se encontrem.

3. Requisitos de um agente químico.

Para que uma substância química possa ser usada como material

bélico deve preencher um certo número de requisitos.

ESSES REQUISITOS PODEM SER ABSOLUTOS OU

ADICIONAIS.

Requisitos Absolutos

a. Ser muito tóxica ou muito inquietante, produzir grande volume de

fumaça ou ter propriedades incendiárias;

b. Ser estável ou razoavelmente estável quando armazenada e quando

em contato com a umidade;

c. Ser de fabricação em grande escala;

d. Poder ser fabricada com matérias primas existentes no país ou ser

obtida, com facilidade, em outros pontos;

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e. Poder ser acondicionada em munições e ter pouco ou nenhum efeito

corrosivo sobre o aço;

f. Poder ser vaporizada ou lançada por qualquer outro meio de

dispersão, em concentração e quantidades suficientes para produzir o efeito desejado, nas

condições normais de ação.

g. Se for um gás, nas condições normais de temperatura e pressão,

poder ser facilmente liqüefeito por compressão e voltar também facilmente a forma gasosa

quando cessar a compressão.

Requisitos Adicionais

a. Poder ser manipulada e transportada sem exigir precauções especiais;

b. Ser de fabricação barata;

c. Poder ser fabricada em curto prazo na indústria civil, sem exigir grandes

alterações no equipamento existente;

d. Quando dispersada sob a forma de vapor, ter peso molecular muitas vezes

maior do que o ar.

4. Símbolos

Os agentes químicos, por questões de segurança e conveniência são

designados por meio de símbolos. Os símbolos são arbitrários, não tendo nenhuma relação

com a constituição do agente químico . Apareceram inicialmente como designação de

código para manter em segredo os agentes químicos empregados na guerra. Mais tarde,

mesmo quando o agente químico se tornou conhecido, o símbolo continuou sendo mantido

por tradição ou comodismo.

Esse sistema foi consagrado pelo uso e é mantido até hoje. Os

símbolos são combinações de letras e números.

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

MODOS DE DISPERSÃO DOS AGENTES QUÍMICOS

De uma maneira geral, os agentes químicos são dispersados por queima, por

espargimento e por explosão.

a. Por queima - ocorre a ação de um dispositivo de acionamento do tipo

queima (espoleta, misto de ignição) e o agente químico é liberado lentamente, para o

exterior, na forma gasosa ou de aerossol. É o modo de dispersão de algumas granadas e dos

tubos fumígenos

b. Por espargimento - o agente químico é lançado na forma líquida ou

sólida micropulverizada, de espargidores portáteis. É a forma de dispersão mais própria

para a contaminação de grandes eixos ou áreas.

c. Por explosão - é o caso dos agentes químicos que são lançados,

acondicionados em artefatos, que ao serem detonados, por ação da carga de

arrebentamento, têm destruído o invólucro que os acondiciona, sendo liberado

instantaneamente.

MEIOS DE LANÇAMENTO DOS AGENTES QUÍMICOS

Os agentes químicos podem ser disseminados por munições terrestres ou

espargimentos.

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CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES GERAIS DOS AGENTES QUÍMICOS

a. Concentração

1) Os efeitos tóxicos dos agentes químicos dependem de sua natureza e

composição para que possam ocorrer, entretanto, é necessário ainda que seja lançado em

certa quantidade.

2) Chama-se a concentração de um agente químico, à quantidade desse

agente existente em determinado volume de ar.

3) A concentração pode ser expressa em miligramas de agente químico

por metro cúbico de ar (mg/m3)

4) A concentração pode ser eficiente, letal ou inquietante.

- CONCENTRAÇÃO EFICIENTE:

É aquela em que o agente químico produz o efeito que lhe é característico e

para obtenção do efeito para o qual é lançado;

- CONCENTRAÇÃO LETAL:

É aquela em que o agente químico é capaz de produzir a morte em pessoal

desprotegido;

- CONCENTRAÇÃO INQUIETANTE:

É aquela em que o agente químico , embora não produza integralmente

efeito característico, exige o emprego de MOPP (Medidas Operacionais de Proteção

Preventiva), para evitar outros efeitos secundários ou inquietantes, no caso de agentes

lacrimogêneos usamos como Medidas de Proteção a máscara contra gases e os uniformes

com mangas compridas, com outros agentes químicos de guerra causadores de baixa, seu

uso vai desde a máscara contra gases até o uso de roupas impermeáveis até a instalação de

postos de descontaminação total para pessoal e viaturas.

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

b. Toxidez:

1. Chama-se toxidez a capacidade relativa dos agentes químicos de agirem

sobre o organismo e produzirem incapacitação ou morte

c. Dosagem letal média:

A dosagem letal de um agente químico pode ser considerada como a

dosagem letal média, esta é indicada pela expressão "Ct L 50", onde a concentração do

agente químico em vapor é multiplicada pelo tempo de exposição, considerada letal para

50% do pessoal exposto;

Quando a dosagem se refere a líquido, ela é indicada pela expressão "D L

50", que vem a ser a quantidade de gramas do líquido sobre a pele, considerada letal para

50% do pessoal atingido;

As dosagens letais variam com o grau de proteção proporcionado pelos

níveis de Medidas Operacionais de Proteção Preventiva-M0PP (máscaras e pelas roupas

usadas pelo pessoal);

d. Dosagem Média de Incapacitação:

A Dosagem Média de Incapacitação é a concentração em vapor multiplicada

pelo tempo de exposição ou a quantidade de agente químico líquido sobre a pele,

suficiente para incapacitar 50% do pessoal exposto;

A Dosagem Média de Incapacitação é indicada pela expressão "Ct I 50",

quando se trata de agente químico como vapor e "D I 50" para o caso de agente químico

líquido sobre a pele.

As dosagens "Ct I 50" e "D I 50" variam de acordo com a proteção

fornecida pelos níveis de MOPP (máscaras e roupas protetoras usadas pelo pessoal) e

proporcional à contaminação do corpo;

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

e. Efeito cumulativo:

Alguns agentes químicos tem características interessantes. O organismo

pode anular os efeitos de certas doses de agente químico e consequentemente se a dose

que um indivíduo absorveu estiver abaixo da que seu organismo pode anular por si mesmo,

esses efeitos serão anulados num ritmo mais rápido que aqueles que são produzidos e a

morte nessas circunstâncias não ocorrerá; entretanto, se a dose for maior que a

correspondente a sua capacidade de eliminação, os efeitos se produzirão em ritmo superior

ao de desintoxicação e tornar-se-á cumulativo.

Desta maneira se o homem permanecer exposto numa atmosfera com uma

alta concentração por um dado espaço de tempo, absorverá uma dose letal e poderá morrer.

f. Persistência:

Chama-se persistência ao tempo em que um agente químico permanece em

concentração eficiente no ponto em que foi lançado;

A persistência varia de acordo com as propriedades físicas e químicas do

agente químico , que por sua vez estão na dependência de fatores comuns, tais como

temperatura, velocidade do vento, processo de dispersão, estabilidade do ar (gradiente de

temperatura), topografia do terreno, vegetação, natureza do solo, bem como a quantidade

de agente químico lançado;

Quando um agente químico líquido é lançado por munição do tipo

arrebentamento, parte desse agente químico espalha-se em forma de gotas que se assentam

rapidamente na superfície do terreno, parte fica suspensa como aerossol e parte vaporiza-se

instantaneamente formando uma nuvem de gás;

Quando a nuvem de gás composta de aerossol e vapor permanece efetiva no

ponto em que foi lançada por um período de tempo relativamente curto, diz-se que o

agente químico é "Não persistente"; quando permanece por um período de tempo

relativamente longo, antes de ser dispersado no ar, diz-se que o agente químico é

"Persistente".

Fatores que influenciam na persistência

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1) O processo de dispersão , as condições atmosféricas, a topografia, a

vegetação da região e a natureza do solo são fatores que modificam a maneira de atuação e

a eficiência sob o ponto de vista tático. As condições atmosféricas tem maior influência

sobre o ponto de vista tático dos agentes químicos no estado gasoso que nos de forma

líquida

2) Propriedades físicas e químicas dos agentes:

A volatilidade é uma propriedade física especialmente importante para a

duração da eficiência do agente químico. Outras propriedades físicas como: densidade de

vapor, peso molecular, temperaturas de congelamento, de ebulição e de decomposição e

pressão de vapor, também podem influir na persistência de um agente químico. O grau de

hidrólise, estabilidade na armazenagem e a ação sobre metais e outros materiais, são

propriedades químicas que influenciam no comportamento dos agentes químicos;

3) Processos de dispersão

Quando uma munição química explode em contato com o solo, o sopro da

carga de arrebentamento, que é destinado a ruptura do corpo da granada, dispersa a carga

química líquida ou sólida. Parte dessa carga é lançada para dentro da cratera formada pela

explosão; parte é decomposta pelo calor e sopro da explosão; parte é transformada em

aerossóis; parte transforma-se em vapor e parte é espalhada como gotículas líquidas ou

partículas micropulverizadas.

Quando a explosão for acima do solo, os efeitos são similares não havendo,

no caso, a produção da cratera.

4) Efeitos da temperatura.

Altas temperaturas aceleram o processo de evaporação dos agentes líquidos,

ocorrendo o oposto com baixas temperaturas, pode-se concluir que um mesmo químico

terá sua persistência aumentada ou diminuída de acordo com a queda ou elevação da

temperatura.

5) Efeitos de gradiente de temperatura

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

A variação vertical de temperatura é chamada de "Gradiente de

Temperatura", a qual afeta a estabilidade do ar, com formações de correntes aéreas

verticais.

Sob condições instáveis a turbulência é grande e são formadas muitas

correntes verticais, motivando a dispersão rápida das nuvens de gás.

6) Efeitos do vento

Ventos fortes aceleram o processo de evaporação dos agentes líquidos e as

nuvens de gás (partículas líquidas ou sólidas) são rapidamente dissipadas.

Quando do uso de agentes químicos em grandes áreas, obtém-se resultados

satisfatórios se a velocidade do vento for de até 18 Km/h.

Para uso sobre pequenas áreas a velocidade do vento desejável é de até 9

Km/h.

7) Efeitos da umidade e precipitações (chuvas)

Um grande índice de umidade, acompanhado de uma elevada temperatura,

aumenta a eficiência dos gases, uma vez que as partículas de agentes químicos tendem a se

prender às gotículas de água (umidade) presentes na atmosfera.

8) Efeitos do terreno

Em condições estáveis, nuvens de gás fluem através do terreno ondulado,

descendo para os vales, penetrando em concavidades, terrenos baixos e depressões,

tendendo a rodear os obstáculos, ou terrenos elevados. Terreno plano, proporciona um

movimento constante e suave.

É difícil obter concentração eficiente em cristas escarpadas, encostas

íngremes ou despenhadeiros, porém, pode-se conseguir em cristas arredondadas, com

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

ventos fracos.

9) Efeitos da vegetação

Os terrenos cobertos de vegetação são mais propícios ao emprego de

agentes químicos do que os terrenos limpos. Um gás disseminado em bosque denso, tende

a permanecer por mais tempo do que em bosques abertos.

CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS

CLASSIFICAÇÃO GERAL:

1) Gases

Compreendendo todos os agentes químicos para fins bélicos que são

empregados contra pessoal e produzem efeitos tóxicos (Ex. Tóxicos dos Nervos, Tóxicos

do Sangue, Vesicantes, Lacrimogêneos, etc.);

2) Fumígenos

Os que por queima, hidrólise ou condensação produzem fumaça ou neblina;

3) Incendiários

Os que gerando altas temperaturas, provoquem incêndios em materiais

combustíveis.

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

OBS: No grupo dos gases estão compreendidos agentes químicos sólidos,

líquidos ou gasosos, não se levando em conta o estado físico do agente químico.

CLASSIFICAÇÃO TÁTICA:

1) Causadores de baixas;

2) Inquietantes;

3) Incapacitantes;

4) Fumígenos, e

5) Incendiários.

CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA:

1) Neurotóxicos;

2) Hemotóxicos;

3) Vesicantes;

4) Sufocantes;

5) Lacrimogêneos;

6) Vomitivos;

7) Fumígenos, e

8) Incendiários.

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AGENTES QUÍMCOS LACRIMOGÊNEOS

INTRODUÇÃO

Neste capitulo trataremos dos agentes químicos lacrimogêneos, da

classificação fisiológica, iniciando o estudo dos agentes químicos inquietantes. O grupo

tático dos inquietantes compreende, na classificação fisiológica, os agentes químicos

lacrimogêneos e vomitivos.

Os agentes químicos lacrimogêneos, são de grande importância para o

emprego na instrução de defesa contra todos os agentes químicos (no caso de agentes

químicos de guerra adestra o combatente a se comportar quando do alerta da presença de

um agente químico causador de baixa), no controle de motins e de distúrbios civis.

DESENVOLVIMENTO

1. GENERALIDADES

Os gases lacrimogêneos causam dor e irritação nos olhos, que reagem com

um abundante fluxo de lágrimas. Além da ação sobre os olhos - sua principal característica

- os lacrimogêneos também irritam a pele. Como agentes químicos inquietantes que são; os

lacrimogêneos tem efeitos temporários, que diminuem a capacidade operativa do oponente,

mas não lhe causam a morte nem a incapacitação prolongada (Consultar C L 50 e C I 50).

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1. CLORACETOFENONA - Símbolo CN

a. Histórico e Generalidades

A cloracetofenona, considerada taticamente um agente químico inquietante,

foi descoberta em 1869, pelo químico alemão Graebe, sem ter sido, entretanto, considerada

realmente um gás de guerra até o fim da Primeira Guerra Mundial quando pesquisadores

americanos obtiveram um processo de fabricação satisfatório. No Controle de Distúrbios

Civis era largamente empregada, principalmente em granadas de mão. Não menos amplo

era o seu emprego na instrução prática de defesa contra gases, porém vários históricos de

acidentes, inclusive fatais, e estudos científicos provaram ser a CN um agente químico

sensível à higroscopicidade e sujeita a mudança brusca de classificação tática e fisiológica,

perdendo portanto sua posição de agente padrão dos agentes químicos inquietantes.

b. nome comum:

Cloracetofenona ou gás lacrimogêneo. Também é chamado, erroneamente,

gás lacrimejamente.

c. nome: Cloracetofenona.

d. Classificação Geral/básica: Gás

e. Classificação tática: Inquietante

f. Classificação fisiológica: Lacrimogêneo

g. Classificação quanto a persistência:

A CN, quando sólida, é altamente persistente, permanecendo eficiente no

verão por dias e no inverno por semanas. Sob a forma de gás, como é normalmente

empregada, é não persistente.

h. Estado físico a 20º C:

A Cloracetofenona é um agente químico sólido, incolor e cristalino quando

puro, e de cor castanha, quando produto industrial. Passa ao estado líquido a 55º C e ao

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estado gasoso a 244º C. É normalmente encontrada em campanha e na instrução como um

gás incolor.

i. Ação sobre os metais e outros materiais: Embacia levemente o aço.

j. Reação com a água:

É pouco solúvel na água, hidrolisando-se lentamente, com formação de

ácido clorídrico e hidroximetilfenilcetona.

l. Cheiro: Flagrante, lembrando botões de macieira.

m. Ação sobre o organismo:

Praticamente instantânea, atacando os olhos, causando dor e irritação

intensa, contração das pálpebras e provocando abundante lacrimejamento, além do

poderoso efeito lacrimogêneo. A cloracetofenona é irritante para as vias aéreas superiores.

Em altas concentrações é irritante para a pele e produz uma sensação de queimadura e

comichão, principalmente nas partes úmidas do corpo. Esses efeitos, semelhantes aos das

queimaduras de sol, são inteiramente inofensivos e desaparecem em pouco tempo,

raramente ultrapassando meia hora, o mesmo acontecendo com os que se produzem nos

olhos, quando se tratar de C I 50.

n. Proteção: Máscara contra gases.

o. Primeiro socorro:

Não permitir que o gasado esfregue os olhos, pois isto, apenas aumentará a

irritação. Mantê-lo coma máscara ajustada até que a atmosfera fique livre do gás. Então,

retirá-la e fazer a vítima voltar-se contra o vento, com os olhos abertos. Bater bem as

roupas. As regiões da pele que pareçam queimar ou coçar devem ser lavadas com água

abundante e sabão. Normalmente não é necessário tratamento médico nem evacuação. Em

caso de hipersensibilidade do agente químico podem ser usado colírios anestésicos.

p. Descontaminação do local:

O arejamento é suficiente. Em espaços confinados devem ser usadas

soluções alcoólicas de soda cáustica ou soluções fortes de carbonato de sódio, para

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descontaminação do ambiente.

2. ORTOCLOROBENZILMALONITRILO - Símbolo - CS

a. Generalidades:

CS é um pó cristalino branco. Tem uma pureza mínima de 96%. É insolúvel

na água e etanol, mas é solúvel no cloro metileno. É atualmente o agente padrão dos

agentes químicos inquietantes, possui baixa toxidez à uma baixa concentração.

b. Nome químico: O-Clorobenzilmalonitrilo.

c. Fórmula: Cl C6 H4 CHC (CN)2

d. Peso molecular: 188,5

e. Ponto de fusão: 93 a 95º C.

f. Ponto de ebulição: 310 a 315º C.

g. Volatilidade: Não conhecida.

h. Ponto de fulgor: Não conhecido.

i. Temperatura de decomposição: Não conhecida.

j. Calor latente de vaporização: Não conhecido.

l. velocidade de hidrólise: Não conhecido.

m. produtos da hidrólise: Clorobenzaldeído e anionmalonitrilo.

n. Estabilidade de armazenagem: Estável.

o. Ação sobre metais: Ação muito ligeira sobre o aço.

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

p. Odor: Lembra a Pimenta.

q. Dosagem Letal Média: 25.000mg-min/m3 para homem em repouso.

r. Dosagem de Incapacitação Média: 10 a 20 mg-min/m3.

s. Velocidade de desintoxicação: Muito rápido. Dosagens de incapacitação

perdem seus efeitos em 5 a 10 minutos.

t. Toxidez para pele e olhos: Altamente irritante, mas não tóxico.

u. Velocidade de ação: Muito rápida.

v. Efeitos fisiológicos:

O CS produz efeitos imediatos mesmo em baixas concentrações. A

concentração média para ocasionar efeitos respiratórios é de 12 a 20 mg-min/m3; a

concentração para efeitos sobre os olhos é de 1 a 5 mg-min/m3. A incapacitação dá-se de

12 a 60 segundos após a exposição e os efeitos persistem de 5 a 10 minutos após a remoção

para ar puro.

Os efeitos fisiológicos são os seguintes:

- Forte sensação de queimaduras nos olhos acompanhada de lacrimejamento

intenso, sufocação, dificuldades de respiração e constrição do peito; fechamento

involuntário dos olhos; sensação de ardência na pelo úmida; corrimento nasal e vertigens

ou aturdimento. Concentrações pesadas podem causar náuseas e vômitos.

x. Proteção: Máscara contra gases e roupa comum, mas que proteja o pulso

e o pescoço. O pessoal para manusear o CS deverá usar luvas de borracha.

y. Descontaminação: A descontaminação de campanha não é necessária,

pois o CS tem pequena duração de eficiência. O pessoal afetado pelo CS deve dirigir-se

para o ar fresco permanecendo com o rosto voltado para o vento, separar-se e não esfregar

os olhos. Em caso de contaminação pesada, o pessoal atingido deve remover a roupa e

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

imediatamente banhar o corpo com copiosa quantidade de água corrente; aplicar uma

solução de 5% de bisulfito de sódio para remover o agente químico (exceto nos olhos ou

em torno do mesmo); e após, banhar-se.

3. OLEORISINA DE CAPSAICINA (Gás Pimenta) - Símbolo - OC

a. Generalidades:

OC é um pó branco com peso molecular igual a 305,4 e ponto de fusão

650C. É praticamente insolúvel em água fria e parcialmente solúvel em água quente. É

livremente solúvel em álcool, éter, benzeno e clorofórmio.

b. Peso molecular: 305,4

c. Ponto de fusão: 65º C.

d. Proteção: Máscara contra gases e roupa comum, mas que proteja o pulso

e o pescoço.

e. Descontaminação: Deve-se remover o gasado para fora do meio tóxico e

promover a aeração. Se a tosse ou dificuldade na respiração aumentar deve-se avaliar

possível tratamento de irritação respiratória tais como bronquites ou pneumonites. Os olhos

e a pele devem ser irrigados com grande quantidade de água corrente à temperatura

ambiente durante no mínimo 15 minutos, no caso da pele pode-se acrescentar sabão e

pequenas quantidades de álcool, lembrando-se que a capsaicina é mais solúvel em água

quente.

EFEITOS TOXICOLÓGICOS DA CAPSAICINA:

a. Resumo Geral:

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INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

A capsaicina (l-trans-8-methyl-N-vanillyl-6-nonenamida) é um irritante

químico encontrado em muitas espécies de plantas do gênero capsicum e pode causar

dermatites bem como problemas nasais, pulmonares e efeitos gastrointestinais no ser

humano. É um irritante de mucosas causando irritação dos olhos, nariz e boca. Os vapores

de capsaicina podem causar significante irritação pulmonar e tosse prolongada. Sérios

envolvimentos pulmonares tem sido registrados.

Estimula as fibras nervosas e libera o imunoreativo somatostatina. A nível

gastrointestinal pode causar ardência, vômito e diarréia. Dermatologicamente pode levar a

irritação, eritema e dores de queimação. Bolhas e erupções podem ocorrer depois da

exposição crônica e prolongada.

EFEITOS NOS OLHOS

a. Resumo Geral:

Lacrimação, ardência, eritema (congestão dos vasos capilares) resultam da

aplicação acidental ou não da capsaicina nos olhos. Experiências em animais mostram

sérios danos nos olhos.

b. Trabalhos publicados:

A aplicação de Capsaicina na córnea produziu mudanças nas estruturas finas

dos neurônios sensoriais.

Em animais, uma simples injeção subcutânea de 12,5, 25 ou 50 mg/kg de

capsaicina conduziu a mudanças na córnea de camundongos e ratos com achados

histológicos caracterizado por perda dos nervos axônios no epitélio corneal.

Um garoto que acidentalmente aspergiu o spray (repelente para cães) nos

seus olhos teve lacrimação, eritema e dor aguda que melhorou no dia seguinte.

Blefaroespasmos (espasmos das pálpebras) e dores foram observados em

ratos em que foram instilados 50 mcg/ml nos olhos.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 18

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

EFEITOS NO NARIZ:

Resumo Geral:

a. Resumo Geral:

Rinorréia (corrimento nasal), dor e irritação da mucosa nasal ocorrem

quando do contato direto com esta mucosa.

EFEITOS CARDIOVASCULARES:

a. Resumo Geral:

Foram observados efeitos na pressão sangüínea em animais.

b. Trabalhos publicados:

Quando injetado em ratos, apresentou uma queda inicial e depois, aumento

passageiro da pressão sangüínea e então uma queda secundária foi observada nesta

seqüência. O tratamento com adrenoceptores ou colínoceptores foi ineficiente.

EFEITOS RESPIRATÓRIOS:

a. Resumo Geral:

A inalação causa tosse e irritação químico-pulmonar. Edema pulmonar e

broncoespasmo podem ocorrer. Esta resposta não é causada pela liberação de histamina.

b. Trabalhos publicados:

O vapor de capsaicina, especialmente quando queimados ou em aerossóis

pode causar broncoespasmo com significativa irritação pulmonar e tosse prolongada.

Há um caso registrado com uma criança, onde o spray produziu severo

broncoespasmo e edema pulmonar.

O aumento da freqüência respiratória pode ser observado depois da inalação

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 19

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

da capsaicina.

EFEITOS NEUROLÓGICOS:

a. Resumo Geral:

A sensação de dor e toque são reduzidos depois da exposição tópica.

b. Trabalhos publicados:

Estimula a dor na pele humana e de animais insensíveis a vários tipos de

dores químicas.

A pele tratada com capsaicina tem reduzida a vasodilatação e a sensibilidade

ao calor. Há evidências que o dano pode ser prolongado quando da exposição crônica.

EFEITOS GASTROINTESTINAIS:

Resumo Geral:

a. Resumo Geral:

A ingestão pode causar irritação e vômito podendo ocorrer diarréia. Pode

ocorrer alteração das células epiteliais com suave sangramento.

b. Trabalhos publicados:

A fibrose submucosa é uma condição em que ocorrem mudanças no tecido

conjuntivo do palato. Foi observado na Índia, onde há um alto consumo de pimenta, a

formação de vesículas bucais em 13% de uma séria de 104 casos.

Náuseas, vômitos e diarréia podem ocorrer após a ingestão da capsaicina.

Danos na células epiteliais e destruição podem ocorrer na área

gastrointestinal devido a administração crônica de capsaicina.

Microsangramento foi observado depois da administração, e um indivíduo

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 20

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

teve sangramento gástrico bastante visível.

EFEITOS DERMATOLÓGICOS:

a. Resumo Geral:

Sensações de dilaceração e queimação podem ocorrer com o uso prolongado

ou exposição intensa a capsaicina.

b. Trabalhos publicados:

Eritema e queimação sem vesiculação aparecem freqüentemente quando

aplicado topicamente na pele humana, mas bolhas e descamações podem ocorrer

especialmente após a exposição crônica ou prolongada.

Uma condição onde a capsaicina é exposta nas mãos, uma intensa sensação

de queimadura e dor que podem se irradiar para os braços foram observadas. Queimaduras

reais usualmente não aparecem.

Trabalhadores manipulando Capsicum constantemente desenvolveram

dermatites nas mãos e a irritação parece ocorrer até mesmo quando se usava luvas de

borracha.

EFEITOS NA GESTAÇÃO:

a. Resumo Geral:

Pode ocorrer alguma alteração.

b. Trabalhos publicados:

Ratos tratados pre-natalmente com capsaicina desenvolveram retardamento

e redução da fertilidade.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 21

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

EFEITOS CARCINOGÊNICOS:

a. Resumo Geral:

É objeto atual de estudos.

b. Trabalhos publicados:

O potencial carcinogênico da capsaicina é atualmente objeto de discussão,

embora uma condição pré cancerosa como fibrose submucosa oral associada ao tecido

conjuntivo e hiperplasia do palato tem apresentado forte associação com a ingestão de

Capsicum.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 22

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

ARMAMENTO E MUNIÇÕES QUÍMICAS

ESPOLETAS DE GRANADAS DE MÃO

1. Introdução

a. Generalidades:

A espoleta é um órgão vital no funcionamento das granadas. É um material

que, pela sua finalidade, é de grande importância, tornando-se perigoso o seu manuseio,

por causa de sua constituição complexa.

O seu manuseio deverá ser feito por pessoas que conheçam a sua técnica,

para poder trabalhar em segurança e corrigir os incidentes, que não muito dificilmente

aparecem.

GRANADAS QUÍMICAS DE MÃO, INQUIETANTES

1. INTRODUÇÃO

a. Generalidades:

Sem dúvida, cabe às granadas químicas de mão uma parcela importante na

eficiência das operações químicas.

Empregadas não só em operações de controle de distúrbios civis, como

também na instrução, apresentam constituições variadas, de acordo com o tipo, a carga que

utilizamos e o emprego particularizado que possuem.1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 23

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

Neste assunto faremos uma apreciação sobre as granadas químicas de mão

inquietantes que são fabricadas em nosso país, de dotação da Polícia Militar do Estado de

São Paulo e outras Corporações.

2. DESENVOLVIMENTO

a. Emprego Geral das Granadas Químicas de Mão:

1. Na instrução - São utilizadas para treinar a tropa na importância e

emprego adequado da máscara contra gases e do equipamento de proteção, bem como,

adestrá-lo na tática dos fumígenos e gases. Podem ainda serem empregados para dar maior

realismo aos exercícios de combate, para sinalização, ou para representar outros agentes

químicos.

2. Em Controle de Distúrbios Civis - Alguns tipos de granadas de mão,

podem ser utilizadas com eficiência para o Controle de Distúrbios Civis, tornando-se em

excelente auxiliar da tropa nessa missão.

ALGUNS TIPOS DE GRANADAS ENCONTRADAS PARA USO NA CORPORAÇÃO

1. Granada Lacrimogênea Explosiva CS - GL-305

Tipo: Arrebentamento

Carga Química: Ortoclorobenzilmalonitrilo (CS)

Corpo: Cilíndrico em material plástico na cor vermelha com caracteres identificadores na cor branca.

Princípio de funcionamento: Ação de uma espoleta detonante, tipo E.O.T. (Espoleta de Ogiva de Tempo) a

partir da retirada do grampo de segurança.

Descrição e funcionamento: Utilizada em controle intensivo de distúrbios, é empregada em curtas distâncias,

acumulando o efeito moral, provocado pela sua explosão, ao efeito inquietante através da liberação de uma

nuvem de cristais de agente químico lacrimogêneo. O retardo é de aproximadamente 3 a 4 segundos e seu

peso é de cerca de 200 gr.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 24

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

2. Granada Explosiva de Efeito Moral - GL-304

Tipo: Arrebentamento.

Carga Química: não possui; apenas talco industrial em seu interior.

Corpo: Cilíndrico de plástico na cor branca com caracteres identificadores na cor preta.

Princípio de funcionamento: Ação de uma espoleta detonante, tipo E.O.T. (Espoleta de

Ogiva de Tempo) a partir da retirada do grampo de segurança.

Descrição e funcionamento: Utilizada em controle intensivo de distúrbios, é empregada em

curtas distâncias, devido à sua ação explosiva. Além do efeito moral apresentado por sua

explosão, libera uma nuvem de pó inócuo, que não provoca danos ao ser humano. O

retardo é de aproximadamente 3 a 4 segundos e seu peso é de cerca de 200 gr.

3. Granada de Mão Lacrimogênea de Alta Emissão CS - GL-302

Tipo: Queima

Carga Química: Ortoclorobenzilmalonitrilo (CS)

Corpo: Cilíndrico metálico

Princípio de funcionamento: Acionamento de uma mistura de queima através de percussão provocada a

partir de tração do cordão do acionador.

Descrição e funcionamento: Munição lacrimogênea, destinada à saturação de grandes ambientes, face à

alta potencialidade do seu efeito. Dotada de acionador tipo tração, é lançada manualmente, produzindo

densa fumaça lacrimogênea por cerca de 90 segundos, após um retardo de 3,5 a 5,0 segundos.

A fumaça é liberada através de dois orifícios situados na parte superior do artefato. O peso da granada é

de aproximadamente 280 gr.

4. Granada de Mão Lacrimogênea Mini Condor CS - GL-303

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 25

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

Tipo: Queima.

Carga Química: Ortoclorobenzilmalonitrilo (CS)

Corpo: Cilíndrico metálico

Princípio de Funcionamento: Idêntico à GL-302

Descrição e funcionamento: Munição lacrimogênea destinada a controle intensivo de

distúrbios à curta distância. É lançada manualmente, produzindo fumaça lacrimogênea por

cerca de 30 segundos, através de 03 orifícios situados na sua parte superior, após um

retardo de 3 a 5 segundos. O peso da granada é 115 gr.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 26

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

METEOROLOGIA

TEMPERATURA

1. GENERALIDADES

Temperatura é o estudo do aquecimento dos corpos.

Para fins de Operações Químicas, define-se a Temperatura da superfície

como a temperatura do solo no momento em que é atingido pelo agente químico. Esta

temperatura desempenha um papel importante na determinação da persistência das

contaminações líquidas e das concentrações de vapor acima do líquido.

As operações em que se empregam agentes químicos dependem muito das

condições dominantes nas camadas inferiores da atmosfera. A temperatura do ar depende

essencialmente da temperatura do solo a que ele se acha próximo.

2. GRADIENTE TÉRMICO VERTICAL

a) O Gradiente térmico Vertical é igual a diferença algébrica (conhecida em

graus centígrados) existente entre as temperaturas do ar ambiente compreendidas entre

1,80 m e 0,30 m do solo

b) O Gradiente Térmico Vertical é a variação da temperatura decorrente da

variação de altitude. Nas previsões micro-meteorológicas para operações com agentes

químicos, o gradiente varia de 1 em 1 grau Fahrenheit (0,5 em 0,5 graus centígrados),

sendo a temperatura medida às alturas de 0,3 m e 1,8 m.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 27

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

OBS: Nos locais de operação são tomadas as temperaturas com um termômetro a uma altura de 0,30

m e 1,80 m do solo, a diferença entre estas medidas resultara no Gradiente Térmico Vertical do

momento.

TIPOS DE GRADIENTE TÉRMICO

1. CONDIÇÃO DE LAPSE (Gradiente Térmico Negativo, a temperatura a

0,30 m é maior do que a temperatura a 1,80 m)

a. Quando a temperatura varia inversamente com a altitude, verifica-se a

condição de LAPSE, a qual normalmente prevalece nos dias de céu sem nuvens ou

parcialmente nublado. Outrossim, o decréscimo da temperatura com o aumento da altitude

é tanto mais pronunciado quanto mais próximo ao solo, Esta situação caracteriza-se pela

turbulência térmica, isto é, gerada por correntes verticais devidas ao aquecimento do ar

superficial.

As fumaças dos agentes químicos lançadas numa atmosfera nessa situação,

serão rapidamente dispersadas.

b. A situação de lapse indica um gradiente térmico vertical entre 0,3m e 1,8

m, variando entre -1,0º C e -3,5º C, ou mesmo mais baixo sobre massas grandes de água. A

tendência é haver durante a noite uma condição de inversão.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 28

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

Exemplo de LAPSE (Gradiente Térmico Negativo)

Alt (m)

30º-31º = -1º

1,80 m

0,30 m

Solo 30º 31º Temp (ºC)

2. CONDIÇÃO DE INVERSÃO TÉRMICA ( Gradiente Térmico

Positivo):

a. Quando a temperatura varia diretamente com a altitude, verifica-se a

condição de INVERSÃO, a qual prevalece normalmente nas noites claras, de céu límpido.

b. Haverá um mínimo de correntes de convecção (mínimo de turbulência), e

em conseqüência, um máximo de estabilidade.

c. Havendo inversão, e não ultrapassando o vento a 8 Km por hora, o gás ou

fumaça será mais persistente que em qualquer outra condição.

d. Com vento bem fraco, porém firme, as nuvens de gás ou fumaça,

deslocam-se quase sem dispersão.

e. Diz-se que há inversão, quando o gradiente térmico vertical estiver entre

+1,0º C e +3,5º C, ou mesmo mais elevado.

f. Quando houver inversão sobre as grandes massas de água, ela ocorrerá 1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 29

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

durante o dia.

Exemplo de INVERSÃO TÉRMICA (Gradiente Térmico Positivo)

Alt (m)

21º-22º = + 1º

1,80 m

0,30 m

Solo 21º 22º Temp (ºC)

3. CONDIÇÃO DE NEUTRALIDADE:

a. A situação entre lapse e inversão, é chamada de NEUTRA. esta condição,

também conhecida por "condição de isotermia", ocorrerá quando praticamente não houver

variação sensível da temperatura do ar nas diferentes camadas. Nela, praticamente, não há

correntes verticais, não há turbulência.

b. Ocorre normalmente quando o céu muito encoberto (neutralizando a ação

do sol), ou como período de transição entre uma situação de lapse e uma de inversão, ou

vice-versa.

c. Estas transições ocorrem geralmente do nascer do sol até duas horas

depois e 2 horas antes até o por do sol.

d. O gás e a fumaça lançadas nestas condições permanecerão eficazes se a

velocidade do vento não for grande. Corresponde a um gradiente entre +0,5º C e -0,5º C.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 30

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

2 Horas 2 Horas

4. TURBULÊNCIA TÉRMICA

a. Sabemos que o ar ao aquecer-se, tende a elevar-se, sendo substituído por

camadas mais frias. As velocidades diferentes com que se aquecem ou se resfriam duas

massas de ar vizinhas, dão a essas massas densidades diferentes, e criam correntes de

convecção.

b. Nas grandes turbulências, consideráveis quantidades de ar deslocam-se

das camadas elevadas para as baixas e vice-versa.

Nas pequenas turbulências, menos ar será deslocado de uma camada de ar

para outra, e o ar próximo ao solo é apenas ligeiramente influenciado pelos ventos vindos

das camadas superiores.

c. Em igualdade de condições de vento e de superfície, há menos

turbulência em uma situação de inversão que em uma lapse. Por isso, a camada de ar

próxima ao solo é considerada estável, quando o gradiente térmico é positivo (condição de

inversão), e instável quando este gradiente é negativo (condição de lapse).

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 31

ICMN – INÍCIO DO CREPÚSCULO MATUTINO NÁUTICO

FCVN – FIM DO CREPÚSCULO VESPERTINO NÁUTICO

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

VENTOS

DESIGNAÇÕES DAS DIREÇÕES DOS VENTOS

1. Pelos Pontos Cardeais e Colaterais (Rosa dos Ventos):

É a mais comumente usada, sendo a direção do vento aquela de onde

ele sopra, será o vento designado conforme o caso, como vento norte, vento nordeste,

vento sudeste, vento noroeste, e assim por diante.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 32

INIMIGO

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

2. Pelo Sistema do Relógio:

Por esse processo o vento será designado “vento de seis horas” o vento

que soprar de trás para frente de um observador; “vento de três horas”, o que sopra da

direita para a esquerda, “vento de dez horas”, o que soprar obliquamente da direção dos

ponteiros das 10 horas, e assim por diante.

OBS: Existem ainda outras formas de designação da direção dos ventos,

porém não serão objeto de comentários nesta fase.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 33

INIMIGO

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

MÁSCARA CONTRA GASES

A máscara contra gases é um equipamento de proteção individual, que

permite a permanência do homem em atmosfera gasada, sem que inspire ar contaminado. É

o principal meio de proteção individual, tanto em ambiente químico, quanto biológico ou

nuclear. Os outros meios de proteção complementam-na ou tem, no máximo, a mesma

importância, quando diante de determinados agentes químicos.

Tão grande importância é decorrente do fato de que protege o aparelho

respiratório, principal porta de entrada dos agentes químicos para o organismo, e os olhos,

também altamente sensíveis aos agentes químicos.

Existem vários tipos de máscaras contra gases, militares e civis. As

máscaras civis têm aplicação, principalmente, nas indústrias que possuem, risco de

vazamento de gases e no combate a incêndios, devido a grande emanação de CO E CO 2.

As máscaras militares variam de um exército para o outro, de acordo com a indústria que

as fabrica, e dentro do mesmo exército, de acordo com os tipos que são adotados ao longo

dos anos. Apesar do avanço tecnológico e da criatividade do homem, as máscaras contra

gases possuem o mesmo princípio de funcionamento e a mesma divisão básica das

primeiras máscaras, criadas na Primeira Guerra Mundial, ante o lançamento dos agentes

químicos na moderna concepção de Guerra Química.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 34

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

EMPREGO TÁTICO DE AGENTES QUÍMICOS

1. DOUTRINA DE EMPREGO EM AÇÕES TÁTICAS COM A PRESENÇA DE

REFÉM:

As informações aqui mencionadas são baseadas na doutrina de

emprego do G.A.T.E. - GRUPO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS DA POLÍCIA

MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, que em sua estrutura segue o padrão dos

"Tactical Teams" e "Special Response Teams" que rege a atuação das SWATs e outras

Equipes Táticas Especiais dos EUA e outros países mais avançados nessa área.

1. Dentro dessa doutrina, destacam-se as diretrizes das chamadas

alternativas táticas, ou opções táticas possíveis de serem empregadas em situações de crise.

Essas alternativas são resultados de uma evolução policial e táticas com início nos anos 50,

onde se previa como solução para situações de crises, a tática dos "3 T" (Time, Talk and

Tear Gás), isto é, esperar, falar e por último, usar gás lacrimogêneo. Estas táticas foram

evoluindo durante os anos, principalmente na década de 70, com a intensificação do

terrorismo em várias partes do mundo. O último avanço nas táticas especiais ocorreu em

1992, sendo adotado pela maioria das Forças Especiais e Equipes Táticas, inclusive o

G.A.T.E. da Polícia Militar do Estado de São Paul. São elas:

a. NEGOCIAÇÃO - A primeira alternativa tática a ser empregada,

além de ser a mais segura e eficiente, é responsável pela solução de 80% dos casos. As

Equipes de Negociação do G.A.T.E. são compostas por um mínimo de dois policiais, um

interlocutor e um auxiliar, podendo chegar a até cinco membros. A principal missão da

negociação é o convencimento da rendição por via pacífica, sendo que também atua no

levantamento de informações para a Equipe Tática.

b. AGENTES QUÍMICOS E ARTEFATOS - Não se trata

simplesmente do uso de agentes químicos em ocorrência grave. Muito mais complexo que

isso, essa alternativa prevê o emprego de todos os artefatos e equipamentos especiais que

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 35

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

auxiliem as demais alternativas, indo desde o uso de escutas e aparelhos eletrônicos para

auxiliar a negociação até o uso de agentes químicos e explosivos para auxiliar o assalto. No

G.A.T.E., essa alternativa tática é desempenhada pelo Esquadrão de Bombas, cujas

Equipes Anti-Bomba passam a compor "Equipes de Bombas".

c. SNIPER - São os chamados "atiradores de elite" ou "marksman".

Esta alternativa tática é responsável pelo chamado "Tiro de Comprometimento", tiro de

alta precisão como forma de deter o criminoso, libertar o refém e/ou desencadear o assalto.

Além do tiro, as Equipes de Sniper são responsáveis pela segurança do perímetro,

observação e transmissão de informações para as demais equipes.

d. ASSALTO - A última alternativa tática possível, também a mais

arriscada e perigosa, tanto para os reféns como para os policiais. Nessa alternativa também

é quase sempre previsível a existência de um confronto armado, motivos pelos quais é

utilizada somente em último caso, quando todas as outras alternativas se esgotarem e o

risco de vida para os reféns e para os policiais forem iminentes. As Equipes Táticas do

G.A.T.E. são responsáveis pelo assalto, utilizando-se de todos os equipamentos de

segurança possíveis e armamentos adequados para cada situação.

É importante ressaltar que o emprego dessas alternativas táticas não ocorre

de maneira estanque. Não se "esgota" uma para iniciar outra. Todas são empregadas

simultaneamente e uma depende da outra.

Dentro da doutrina do G.A.T.E., o emprego das alternativas segue como

regra básica, "Resgatar os reféns e capturar os criminosos da forma mais segura e no

menor tempo possível"

Dentro dessa doutrina e somente após uma apurada análise da situação do

momento é que podemos optar por uma ação em que se empregue agentes químicos, sendo

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 36

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

preferível a opção em que a Equipe de Bombas seja empregada para o arrombamento com

explosivos, pois, sob o efeito de um agente químico torna-se imprevisível a ação tanto do

refém como do marginal.

2. DOUTRINA DE EMPREGO EM AÇÕES TÁTICAS SEM A PRESENÇA DE

REFÉM:

Tendo em vista que o marginal se encontra homiziado em um ambiente que

propicie o lançamento de agentes químicos para anular sua capacidade de reação sem a

necessidade do confronto direto com os policiais militares, devemos tomar as seguintes

providências:

1) anular toda e qualquer possibilidade de pessoas estranhas ao fato

serem afetadas pela ação do agente químico;

2) de acordo com a metragem cúbica do ambiente calcular

aproximadamente a quantidade de agente químico a ser lançado, evitando-se desta forma

atingir a Concentração Letal Média - Ct L 50 );

3) dotar a Equipe Tática das (MOPP) Medidas Operacionais de

Proteção Preventiva (Máscara Contra Gases, roupa protetora individual, etc.);

4) dar preferência ao método de lançamento por espargimento, evitando

desta forma provocar incêndios (Granadas do tipo Queima) e lesões corporais resultantes

da explosão em ambiente fechado (Granadas do tipo Arrebentamento);

3. DOUTRINA DE EMPREGO EM MISSÕES DE CONTROLE DE

DISTÚRBIOS CIVIS

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 37

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

No Controle de Distúrbios Civis a utilização de Agentes Químicos

tem sido largamente usada e com grande eficácia. Contudo a sua utilização requer por

parte do comandante de Tropa ou fração de Tropa que atue no Controle d Distúrbios Civis

alguns cuidados e conhecimentos, para que essa arma não se volte contra sua tropa,

prejudicando toda a operação.

Um fator de suma importância para se coroar de êxito uma Operação

de Choque utilizando-se munição química é o conhecimento dos Agentes Químicos e suas

particularidades de emprego, bem como, muito treinamento. É necessário que os policiais

militares encarregados de lançar as munições químicas estejam bem treinados como

também familiarizados com as munições que possuem e seus efeitos.

O COMANDANTE DE OPERAÇÃO DE CHOQUE NA AÇÃO

PROPRIAMENTE DITA:

a. Em campo aberto:

Comandante ao posicionar sua tropa para dispersar uma massa

humana antes de dar ordem para ser efetuado o lançamento da munição química deverá

mentalmente fazer um prévio planejamento da operação, evitando desta forma

conseqüências que poderão advir de uma operação mal planejada (Gasto desnecessário de

munição, Concentração Letal Média, etc.)

Deverá ser feita uma análise de situação, para se conseguir o efeito

desejado no que tange a concentração ideal (vide Pg. 05), a quantidade de pessoas,

tamanho da área que elas ocupam, se a concentração de pessoas for muito grande em um

local aberto porém pequeno a quantidade de munição a ser utilizada para conseguir a

dispersão será diferente se por exemplo fosse a situação inversa, isto é, pouca concentração

em um local aberto e amplo, a distância também, deve ser levada em consideração, pois

poderá ser necessário utilizar armas especiais para o lançamento.

Em alguns casos o comandante poderá se valer de munições 1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 38

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

combinadas, isto é, utilizar granadas de efeito moral e granadas fumígenas de cobertura

que proporcionam, grande efeito psicológico.

Um fator a ser considerado é a persistência, isto é, o tempo que um

agente químico permanece em concentração eficiente no ponto em que foi lançado. Para

isso o comandante deverá atentar a alguns fatores que influenciam na persistência.

1. Direção e Velocidade do Vento - é um fator que influencia não só na

persistência como também na dispersão dos agentes químicos pois a nuvem de agente se

formará alguns metros longe do ponto de lançamento, o comandante deverá estar atento a

sua direção e velocidade, pois se o vento estiver às “doze horas”(ver nas próximas

páginas), o agente químico lançado poderá se voltar contra sua tropa e a velocidade

determinará a quantidade de munição a ser lançada.

2. Gradiente Térmico Vertical - fator de grande relevância para

qualquer operação com agentes químicos onde podemos observar que determinados

horários e condições meteorológicas favorecem ou prejudicam o lançamento dos Agentes

Químicos.

3. Terreno - como foi abordado, também está relacionado à

concentração, pois há locais em que proporciona uma maior ou menor concentração bem

como provoca efeitos na temperatura;

4. Umidade do Ar - A Umidade Relativa do Ar aliada a determinada

temperatura influi na dispersão da nuvem de Agentes Químicos.

5. Vegetação - Em áreas com densa vegetação a nuvem de Agentes

Químicos pode perdurar por mais tempo do que em área limpas de vegetação.

OBS: observe-se que os subítens acima não devem ser analisados

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 39

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

isoladamente, ao contrário, devem ser levados em consideração no seu conjunto, para o

planejamento da operação.

b. Em locais fechados

A tropa de choque em algumas situações é empregada em locais

fechados, como por exemplo, estabelecimentos prisionais, sendo assim, o comandante

deverá se valer do conhecimento mencionado anteriormente sobre agentes químicos. Deve-

se evitar a utilização de granadas lacrimogêneas ou fumígenas , principalmente se sua tropa

tiver que avançar sobre aquele local, pois a dispersão do agente químico em lugares

fechados e não muito ventilados é muito lenta.

c. Proteção Individual

comandante deverá sempre ter em mente que não se lança um

Agente Químico sem que se possua os meios de defesa, caso contrario estaremos agindo

contra nossa própria tropa, é imperioso que tenhamos em nosso poder os Equipamentos de

Proteção Individual (EPI), que se constituem basicamente na Máscara Contra Gases e a

Roupa Protetora Individual (que proteja pelo menos o pescoço e braços). A Máscara

Contra Gases é o mais importante item dos EPI, pois permite a atuação em lugares que a

atmosfera esteja parcialmente gasada.

OBS: o importante como várias vezes foi salientado é o profundo

conhecimento dos agentes químicos em uso na corporação, sua classificação fisiológica,

os tipos de munição em uso, medidas de proteção individual e coletiva e fatores

determinantes para emprego de munição química.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 40

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

INSTRUÇÃO COM AGENTES QUÍMICOS

Todas as instruções com Agentes Químicos, pelos riscos inerentes

que oferecem à saúde da tropa, deverão ser ministradas por um Oficial ou Sargento que

possua pelo menos o Curso de Controle de Distúrbios Civis.

Todas as formas conhecidas de instrução com agentes químicos

destinam-se somente a condicionar o homem a detectar e identificar a presença de um

determinado agente químico no ambiente e NÃO EXISTE INSTRUÇÃO CAPAZ DE

CONDICIONAR O ORGANISMO HUMANO A NÃO REAGIR ANTE A PRESENÇA

DE UM AGENTE QUÍMICO.

Instrução em "Câmara de Gás" - destina-se SOMENTE a instruir e

adestrar o homem no uso correto e eficiente da Máscara Contra Gases.

Primeiros socorros - Toda instrução deverá ter a presença de um

Policial Militar do Quadro de Saúde.

GERZINAL DE OLIVEIRA LIMA1º Sgt PMESP

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 41

INSTRUÇÕES BÁSICAS DE AGENTES QUÍMICOS INQUIETANTES

B I B L I O G R A F I A

1. Lima, 1º Sgt Gerzinal de Oliveira - Curso de Defesa Química,

Biológica e Nuclear. Apontamentos de aula, Escola de Instrução Especializada do Exército

Brasileiro, Rio de Janeiro, 1993.

2. Curso de Defesa Química, Biológica e Nuclear, Apostilas de:

a. Agentes Químicos;

b. Defesa Química;

c. Meteorologia;

d. Emprego Tático de Defesa Química, Biológica e Nuclear, e;

e. Armamento e Munições Químicas, 1993.

3. C-3-5 Manual de Campanha, Operações Químicas, Biológicas e

Nucleares, 1ª Edição, 1987.

4. C-3-40 Manual de Campanha, Defesa Contra os Ataques Químicos,

Biológicos e Nucleares, 1ª Edição, 1987.

5. Palhares, Dr. Fortunato Antonio Badan. Efeitos Lesivos causados

pelo uso indiscriminado do Gás Lacrimogêneo "CN" (Tese de Doutoramento da

Universidade Estadual de Campinas - Departamento de Anatomia Patológica e Medicina

Legal), 1985.

6. M-8-PM Manual de Controle de Distúrbios Civis, PMESP.

7. Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São

Paulo, Efeitos dos Agentes Lacrimejantes, 1995.

8. Parecer emitido pelo Centro Farmacêutico da Polícia Militar do

Estado de São Paulo.

1º Sgt PMESP Gerzinal de OLIVEIRA LIMA Página 42