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LEIA AGORA - ABRIL DE 2012 - ANO 03 - EDIÇÃO N° 03 página 1 Notícias que marcaram o mês LEIA A GORA Mundo “Coreia do Norte não vai conseguir nada com ameaças”, diz Obama O pre- sidente dos Estados Unidos, Barack Oba- ma, fez neste domingo uma dura adver- tência à Coreia do Norte para que o país desista de lançar um foguete de longo alcance que, de acordo com Pyongyang, colocará um satélite em órbita. 25 mar. 2012 Agência EFE Hillary desafia Irã a cumprir proibição de armas de destruição em massa Se- cretária de Estado americano quer que líder supremo siga máxima islâmica de impedir que esse tipo de armamento seja desenvolvido e utilizado no país. 1 abr. 2012 Estadão.com Preços dos alimentos devem cair cerca de 10% este ano, diz FMI – Os preços dos alimentos devem sofrer redução no mercado mundial ao longo deste ano, como ocorreu na metade de 2011, se- gundo previsão do Fundo Monetário In- ternacional (FMI). Em relatório divulgado nesta terça-feira (17), o FMI calcula que os preços globais de mercadorias (com exceção do petróleo) deverão cair 10,3% este ano e 2,7% em 2013. 17 abr. 2012 Agência Brasil Brasil Demóstenes é notificado e agora tem dez dias para se defender no Conselho de Ética – Demóstenes é investigado por suposto envolvimento com o empresário Carlos Cachoeira, preso sob a acusação de exploração de jogos ilegais. 11 abr. 2012 UOL Notícias Casos de gripe suína chegam a 69 no Ceará – O número de casos confirmados de gripe H1N1, também conhecida por gripe suína, no Ceará, já supera o regis- trado em 2010 e 2011. Até o momento, segundo o último boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), 69 pessoas fo- ram acometidas pela doença. 16 abr. 2012 Diário do Nordeste Abril Vermelho tem início no Estado com bloqueio de estradas Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem- -Terra (MST) em todo o país promovem, desde ontem, uma série de atividades que integram a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, conhecida como “Abril Vermelho”. No Rio Grande do Sul, desde as 9h desta terça-feira, militantes fazem mo- bilizações em diversas estradas. 17 abr. 2012 Correio do Povo.com.br Cultura Sob a forma de constelações, 30ª Bienal de SP anuncia tema e artistas – Os orga- nizadores da Bienal de São Paulo anun- ciaram os detalhes sobre o evento deste ano. “A Iminência das Poéticas” será o tema de sua 30ª edição, que acontece de 7 de setembro a 9 de dezembro. De acordo com o curador, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, a Bienal será dividida em “constelações” de obras e artistas que conversam entre si. Dentro das conste- lações, haverá quatro zonas curatoriais (Sobrevivências, Alterformas, Derivas e Vozes) e uma zona transversal (Reverso), como forma de articular os componentes expositivos do quadro geral da mostra. 12 abr. 2012 Terra Diversão Ciência Satélite brasileiro estudará buracos ne- gros – O primeiro satélite astronômico brasileiro já teve sua configuração defini- da. A informação é do cientista responsá- vel pela missão, que está sendo planeja- da para voar em janeiro de 2017. 8 abr. 2012 Folha.com Direitos autorais Análise Debate sobre direitos autorais causa racha entre artistas Sabe aquela música que toca na sua aca- demia de ginástica? O dono da academia tem de pagar direitos autorais para você suar a camisa naquela esteira. Sabe aquela dan- ceteria da Vila Olímpia que você frequenta? A boate também paga para tocar enquanto você ferve. Sabe o filme que você vê no canal a cabo? A trilha sonora que ouve na novela das oito? A música que toca na feira agrope- cuária? Todo o dinheiro recolhido vai para o cofre dos direitos autorais. E é absolutamente justo que o composi- tor, o autor, o intérprete, que todos recebam os direitos que têm por tornar nossa vida me- nos braba. Agora, será que o que vai para o bolso dos artistas é o correto? Esse é o ponto nevrálgico do debate que uma proposta do governo federal levantou há um mês. O governo propôs uma grande discussão sobre uma nova legislação para regularizar a cobrança, a distribuição e a fis- calização de direitos autorais no país. [...] Segundo o Ministério da Cultura, o Brasil é um dos raros países do mundo que não fis- caliza a arrecadação de direitos [autorais]. Disponível em: <www.estadao.com.br/noticias/ arteelazer,debate-sobre-direitos-autorais-causa-racha- entre-artistas,585347,0.htm>. Acesso em: 17 abr. 2012.

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Page 1: Agora abril

LEIA AGORA - AbRIL DE 2012 - ANO 03 - EDIÇÃO N° 03

página 1

Notícias que marcaram o mês

Leiaagora

Mundo“Coreia do Norte não vai conseguir nada com ameaças”, diz Obama – O pre-sidente dos Estados Unidos, Barack Oba-ma, fez neste domingo uma dura adver-tência à Coreia do Norte para que o país desista de lançar um foguete de longo alcance que, de acordo com Pyongyang, colocará um satélite em órbita.25 mar. 2012

Agência EFE

Hillary desafia Irã a cumprir proibição de armas de destruição em massa – Se-cretária de Estado americano quer que líder supremo siga máxima islâmica de impedir que esse tipo de armamento seja desenvolvido e utilizado no país.1 abr. 2012

Estadão.com

Preços dos alimentos devem cair cerca de 10% este ano, diz FMI – Os preços dos alimentos devem sofrer redução no mercado mundial ao longo deste ano, como ocorreu na metade de 2011, se-gundo previsão do Fundo Monetário In-ternacional (FMI). Em relatório divulgado nesta terça-feira (17), o FMI calcula que os preços globais de mercadorias (com exceção do petróleo) deverão cair 10,3% este ano e 2,7% em 2013.17 abr. 2012

Agência Brasil

BrasilDemóstenes é notificado e agora tem dez dias para se defender no Conselho de Ética – Demóstenes é investigado por suposto envolvimento com o empresário Carlos Cachoeira, preso sob a acusação de exploração de jogos ilegais.11 abr. 2012

UOL Notícias

Casos de gripe suína chegam a 69 no Ceará – O número de casos confirmados de gripe H1N1, também conhecida por gripe suína, no Ceará, já supera o regis-trado em 2010 e 2011. Até o momento, segundo o último boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), 69 pessoas fo-ram acometidas pela doença.16 abr. 2012

Diário do Nordeste

Abril Vermelho tem início no Estado com bloqueio de estradas – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem--Terra (MST) em todo o país promovem, desde ontem, uma série de atividades que integram a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, conhecida como “Abril Vermelho”. No Rio Grande do Sul, desde as 9h desta terça-feira, militantes fazem mo-bilizações em diversas estradas.17 abr. 2012

Correio do Povo.com.br

CulturaSob a forma de constelações, 30ª Bienal de SP anuncia tema e artistas – Os orga-nizadores da Bienal de São Paulo anun-ciaram os detalhes sobre o evento deste ano. “A Iminência das Poéticas” será o tema de sua 30ª edição, que acontece de 7 de setembro a 9 de dezembro. De acordo com o curador, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, a Bienal será dividida em “constelações” de obras e artistas que conversam entre si. Dentro das conste-lações, haverá quatro zonas curatoriais (Sobrevivências, Alterformas, Derivas e Vozes) e uma zona transversal (Reverso), como forma de articular os componentes expositivos do quadro geral da mostra.12 abr. 2012

Terra Diversão

CiênciaSatélite brasileiro estudará buracos ne-gros – O primeiro satélite astronômico brasileiro já teve sua configuração defini-da. A informação é do cientista responsá-vel pela missão, que está sendo planeja-da para voar em janeiro de 2017.8 abr. 2012

Folha.com

Direitos autorais

Análise

Debate sobre direitos autorais causa racha entre artistas

Sabe aquela música que toca na sua aca-demia de ginástica? O dono da academia tem de pagar direitos autorais para você suar a camisa naquela esteira. Sabe aquela dan-ceteria da Vila Olímpia que você frequenta? A boate também paga para tocar enquanto você ferve. Sabe o filme que você vê no canal a cabo? A trilha sonora que ouve na novela

das oito? A música que toca na feira agrope-cuária? Todo o dinheiro recolhido vai para o cofre dos direitos autorais.

E é absolutamente justo que o composi-tor, o autor, o intérprete, que todos recebam os direitos que têm por tornar nossa vida me-nos braba. Agora, será que o que vai para o bolso dos artistas é o correto?

Esse é o ponto nevrálgico do debate que uma proposta do governo federal levantou

há um mês. O governo propôs uma grande discussão sobre uma nova legislação para regularizar a cobrança, a distribuição e a fis-calização de direitos autorais no país.

[...]Segundo o Ministério da Cultura, o Brasil

é um dos raros países do mundo que não fis-caliza a arrecadação de direitos [autorais].

Disponível em: <www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,debate-sobre-direitos-autorais-causa-racha-entre-artistas,585347,0.htm>. Acesso em: 17 abr. 2012.

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CoNTEXTOfatos e interpretações

Direitos autorais na internet e o comportamento da nova geração

Basicamente, todo autor é considerado dono de sua obra, pelo menos dono do con-teúdo enquanto criador. É isso que se chama de “propriedade intelectual”. Ninguém pode pegar uma obra, um texto, um vídeo, uma música ou qualquer outra coisa e publicar ou distribuir como se fosse de outra pessoa sem autorização do criador daquele conteúdo. O roubo de propriedade intelectual é conhecido como “plágio” e é considerado crime.

Mas, incrivelmente, muita gente faz isso na internet e vive disso. Um site de sucesso fez sua fama copiando conteúdo de sites meno-res e colocando tudo em seu site dizendo que é conteúdo dele. De tanto que ele fez isso, já se cunhou o verbo “kibar” como sinônimo de plá-gio feito na internet. Isso é bastante comum en-tre blogs pessoais, pois não há como fiscalizar nem comprovar a propriedade do conteúdo. Quase ninguém irá processar o “kibador” por causa de um vídeo ou uma postagem copiado.

[...]Se alguma pessoa lucra direta ou indireta-

mente com algum conteúdo distribuído pela in-ternet, diz-se que ela está explorando comercial-mente essa obra. Acontece que somente o autor ou quem ele autorizar pode lucrar com a obra. Lucrar com a venda não autorizada de qualquer conteúdo, seja ele um livro, uma música ou um filme, é considerado pirataria, ou seja, é crime.

[...]Por mais que os direitos autorais sejam um

campo um tanto quanto complicado, prin-

cipalmente na internet onde não se entende muito bem como tudo isso funciona, vale sem-pre o bom-senso. Será que o que estou fazendo com esta obra musical, audiovisual ou literária é algo que eu gostaria que fizessem com uma obra de minha autoria? Saber respeitar o con-teúdo alheio é o ponto mais importante para saber se estamos agindo corretamente.Disponível em: <www.tecmundo.com.br/internet/2301-

direitos-autorais-na-internet-e-o-comportamento-da-nova-geracao.htm>. Acesso em: 17 abr. 2012.

Nas últimas edições, temos observa-do textos que se contrapõem por meio da utilização de diversos recursos linguísticos que, se bem observados, deixam evidentes a posição de cada autor: desde a seleção de palavras até o tom do texto (que pode ser mais ameno ou mais ameaçador, depen-dendo das intenções que se tem), escrever um texto requer calma e conhecimento da língua. Para ler também. Não basta uma primeira “batida de olhos” para que todos os sentidos pretendidos pelo autor sejam observados. Pode-se, nesse caso, fazer uma analogia com um bom filme que, assistido diversas vezes, sempre nos revela uma sur-presa, uma cena não percebida anterior-mente, um detalhe no cenário ou na trilha sonora que passou sem ser percebido em outras oportunidades.

Neste mês, optamos por trazer dois textos que, em uma primeira leitura, aparentam não assumir uma postura clara em relação ao debate proposto: os direitos autorais.

Porém, observe o trecho retirado do pri-meiro texto: “E é absolutamente justo que o compositor, o autor, o intérprete, que todos recebam os direitos que têm por tornar nos-sa vida menos braba.”. Mesmo que o restante do texto traga à tona a discussão sobre os di-reitos autorais e até mesmo argumentos que deixem claro, por exemplo, que o autor pos-sa ser contra a atual forma de cobrança de direitos autorais, a frase inicial já denunciou o autor: ele considera “absolutamente justo” que se paguem/cobrem os direitos autorais. No caso de continuar seu texto apresentan-do argumentos contrários a essa afirmação, ele estaria, certamente, apresentando um texto incoerente.

O autor do segundo texto se compromete com a discussão de outra forma, observe: “Ba-sicamente, todo autor é considerado dono de sua obra, pelo menos dono do conteúdo en-quanto criador.”. Ao selecionar as palavras “ba-sicamente” e a expressão “pelo menos”, ele já demonstra não ter total certeza daquilo que diz ou, ainda, não crer completamente no que afirma. No decorrer do texto, mantendo a coerência, esse texto deve apresentar argu-mentos que convençam o seu leitor de que a polêmica sobre o assunto é tamanha, que fica quase impossível afirmar com certeza o que é o direito autoral e a quem ele corresponde.

Por fim, repetimos: uma única leitura não é suficiente para se observar todos os detalhes e intenções de um texto. Portanto, leia e releia quantas vezes achar necessário, para garantir uma compreensão mais com-pleta do texto.

O Brasil e a indústria cultural nos tempos da internet*

Principiado o século XXI, muitos anuncia-ram que o poder imenso da indústria cultural finalmente acabaria: desde o fim dos anos 1990, com a massificação da internet, a in-dústria fonográfica entrou em uma derrocada aparentemente irreversível. A partir da inter-net, o grande público, anteriormente um mero receptor de informações, não apenas teve a cultura acessível a um clique, como também tornou-se protagonista na produção cultural. Bandas como Radiohead e Arctic Monkeys e, no Brasil, os músicos Criolo e Emicida aparece-ram como símbolo dessa nova era: chegaram à fama ou divulgam seus trabalhos por meio da internet, pelo gosto democrático de seus fãs, sem passar anteriormente pela censura institucionalizada da indústria cultural.

No entanto, iniciada a segunda década do século XXI, a indústria cultural mostra sua reação: nos Estados Unidos, é notória a for-ma como Barack Obama perseguiu o site de compartilhamento de arquivos Megaupload. Em 2012, essa onda chegou ao Brasil: a mi-nistra da Cultura, Ana de Hollanda, em saba-tina no Congresso, disse que “a pirataria vai matar a produção cultural brasileira se não tomarmos cuidado”. Entre os projetos do Mi-nistério da Cultura (MinC), está, por exemplo, a eliminação de conteúdos da internet por infração de direitos autorais, sem a necessi-dade de ordem judicial. Os consumidores de cultura na internet são apresentados, então, como inimigos a serem combatidos, penali-zados e punidos. Com essa posição, o atual ministério mostra uma linha de atuação oposta às gestões anteriores.

O primeiro ponto a ser assinalado é a fra-queza conceitual a respeito do que é a cultura. Para o historiador Jacob Burckhard, estudioso do Renascimento, a cultura deve ser entendi-da em um nível antropológico, isto é, ao lado da arte, literatura, filosofia e ciência; também fazem parte da cultura as atividades manuais, crenças e superstições. Dessa forma, a cultu-ra não seria composta apenas pelas grandes produções cinematográficas e musicais.

Um grupo de intelectuais brasileiros manifestou-se em relação à forma de enca-rar a cultura demonstrada pelo Ministério da Cultura por meio do artigo “O despreparo é dolorosamente evidente”, assinado por Mari-lena Chaui, Eduardo Viveiros de Castro, Suely Rolnik, Laymert Garcia dos Santos, Gabriel Cohn, Manuela Carneiro da Cunha e Moacir dos Anjos. No artigo, o grupo de pensadores

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destaca a importância da cultura como ob-jeto de políticas estatais, e a louvável gestão do Minc durante os anos de 2003 a 2010, quando houve o acolhimento entusiástico de uma vasta gama de manifestações an-tropológicas, dando direito de cidadania e densidade politica a vários conceitos novos: cultura digital, pontos de cultura, cultura viva, patrimônio imaterial, cidades criativas, economia da cultura, diversidade cultural, creative commons, compartilhamento, cul-tura e pensamento, cidadania colaborativa, participação setorial e tantos outros. Duran-te a atuação de Juca Ferreira no Ministério da Cultura, por exemplo, o orçamento subiu de R$ 217 milhões para R$ 2,3 bilhões anuais – nunca a cultura foi tão valorizada. Após elogiar essa compreensão ampla da cultu-ra durante o governo Lula, a administração da atual ministra de Dilma é acidamente criticada: “é digno de nota, em particular, o que parece ser o total desconhecimento, por parte da atual gestão do MinC, do debate internacional sobre os desafios que o novo regime capitalista globalizado coloca para os criadores em todos os âmbitos da cultura [...]. A criação cultural é indissociável da cons-trução inovadora de horizontes para o país, é a cultura que forma as realidades que nos condicionam e projetam os destinos da vida em comum. Não faz mais sentido pensar nos quadros anacrônicos que tinham a chamada

infraestrutura, ou economia, como elemento primordial da vida humana, ao passo que a cultura, ou superestrutura, era vista como artigo de luxo. Pois não é possível, justamen-te, entrarmos em pleno século XXI equipados com uma superestrutura mental que data do século XIX. [...] Ao tornar-se refém de um modelo institucional arcaico, o governo fede-ral vai aceitando que as forças mais reativas do modelo neoliberal passem a conduzir as subjetividades, tornando-se um instrumento para sustentar apenas desejos sociais com-pulsivos de consumo, como se estes fossem o meio de produção de sociabilidade.”

No entanto, mesmo se considerássemos a cultura brasileira sinônimo de grandes pro-duções musicais e cinematográficas, seria correto dizer que a pirataria a estaria des-truindo? Do ponto de vista da população em geral e, em especial, daqueles que apreciam a música brasileira, a resposta seria, sem he-sitações, não. Desde a época dos festivais da TV Record, a MPB foi marginalizada na pro-gramação de nossas emissoras, restringindo seu espaço às trilhas de novelas ou progra-mas com pouca audiência em horários ina-dequados. Sem espaço nas TVs, onde é pos-sível ter acesso à MPB? Entre outros locais, no YouTube. É incrível como, para a população em geral, a internet ampliou o acesso à cul-tura e, como já foi dito, possibilitou a ascen-são de novos artistas. Nas palavras de Juca

Ferreira, ex-ministro da cultura, “a internet amplia, e muito, a possibilidade de acesso à informação e à cultura. Ela multiplica os in-terlocutores. O monopólio da comunicação de grandes meios hoje tem um contraponto, que é essa complexidade enorme de vozes.” Outro ex-ministro, Gilberto Gil, disse em fe-vereiro de 2012, durante um evento em Porto Alegre, que “a internet chegou para bagun-çar o coreto. E têm aqueles que acham que pôr ordem no coreto é reivindicar a restau-ração, a ordem tal como ela foi até agora. Para outros não, é preciso criar novas ordens, novas formas de regulação, novas formas de atendimento à questão dos direitos. [...] Essas são as novas disputas e que estão em todas as áreas, no econômico, no político, no cultu-ral etc.”

Sob esse aspecto, devemos nos pergun-tar: a pirataria é destrutiva para quem? Tal-vez para a grande indústria cultural e, espe-cialmente, para os órgãos de arrecadação de direitos autorais, como o Ecad.

Como exemplo da atuação desses órgãos, o Ecad tomou, recentemente, uma decisão que gerou polêmica na internet. Foi anun-ciado que a postagens de vídeos em sites ou blogs só ocorreriam mediante o pagamento de R$ 352,59. Após duras críticas, a medida foi suspensa. Observe: os esforços empreen-didos andam na contramão de um processo de democratização da cultura e pretende, em benefício dos magnatas da música e em pre-juízo da população consumidora de cultura, retroceder em direção ao monopólio da in-dústria cultural. Se o acesso à vanguarda mu-sical mundial se dá pelo Youtube, por exem-plo, restringir sua audiência de vídeos seria um verdadeiro golpe na cultura brasileira.

Não se pode, de forma alguma, cair em um maniqueísmo simplista e dizer que a in-ternet é “boa” ou “ruim”. As tecnologias, so-zinhas, são amorais; o uso que os homens fazem delas lhes dão um significado. E a in-ternet, no estágio atual das forças produtivas, tornou-se elemento essencial para o funcio-namento das sociedades. Não se pode colo-car os direitos autorais em oposição ao acesso à cultura. É preciso buscar uma forma inteli-gente de harmonização. A internet exige no-vos modelos regulatórios e administrativos.

Por fim, em entrevista para a Folha de S.Paulo, Juca Ferreira lembrou que “pouco mais de 5% dos brasileiros entraram mais de uma vez em um museu, só 13% dos brasilei-ros vão ao cinema, só 17% compram livros, a média de leitura de livros é de 1,7 per capita”.

Restringir o acesso à cultura é um ato que só vai manter no Brasil o título que ganha desde os tempos de Getúlio: um país (sem-pre) do futuro.

*Daniel Gomes é professor de História e Sociologia.

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Atualmente, diversos artistas se destacam por meio da Internet.

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Supervisão Editorial:  Sandra CastroEdição: Júlio César D. Silva Textos: Everton Perugini e Daniel Gomes de CarvalhoIlustração: Rafael Coelho Vilarino

Projeto gráfico: Antonio DominguesRevisão: Adams Almeida LopesDiagramação: Carolina Paiva Seidl

Editorial

eSPaÇoliterÁrio

“Espaço Literário” é a seção de literatura do Leia Agora e queremos dividi-lo com você, nosso leitor, como uma forma de estimular sua participação, além de divulgar e descobrir novos talentos. Se você tem um poema, um texto, um pequeno conto ou um desenho inédito que gostaria de compartilhar, envie para [email protected], indicando o seu nome, idade, Unidade Parceira e sua cidade. A sua composição poderá estar nas próximas edições! Participe!

TOQUE DE ESPECIALISTA

Matemática e suas Tecnologias

Os números governam o mundoPlatão.

Embora saibamos que os números não podem governar, as pessoas que os dominam podem, ou, ainda, as governanças do mundo podem ocorrer por meio de números. Por um motivo ou outro, sempre foi de suma importância compreender dados numéricos para conseguir-mos interpretar a realidade que nos cerca.

Thomas Carlyle (1795-1881), escritor, historia-dor e ensaísta escocês, afirmou: “Com números é possivel demonstrar-se qualquer coisa.”

Pensando nesse assunto, retomemos um trecho do artigo do professor Daniel Gomes: “Durante a atuação de Juca Ferreira no Ministério

da Cultura, por exemplo, o orçamento subiu de R$ 217 milhões para R$ 2,3 bilhões anuais.”

Por meio de números, o autor demonstra e argumenta que a cultura foi mais valorizada no período citado.

Numericamente, essa ideia está expressa na simples comparação entre os valores R$ 217 mi-lhões e R$ 2,3 bilhões; ainda que a palavra subiu fosse passou ou mudou, conhecendo o sistema de numeração decimal, já seria possível perceber a grande elevação do orçamento destinado à cul-tura no Brasil.

Recorrendo aos conhecimentos de Razão e Proporção, nota-se que esse investimento tor-nou-se mais do que 10 vezes maior se comparado ao que era antes da gestão de Juca Ferreira. Indo mais além e analisando percentualmente esse crescimento, chega-se à conclusão de que em

um curto espaço de tempo, em meio aos avanços da internet, o crescimento nos investimentos em cultura no país alcançou a gigantesca marca de quase 1.000%.

É evidente que os números estão dissemina-dos por toda parte, mas nesse momento é primor-dial que você note como ocorrem essas aparições quando se prepara para provas como as do ENEM, independentemente da disciplina que se estuda. Os números aparecem de diversas formas e nos modos mais peculiares no desenrolar do exame; você deve transitar bem nesse universo numérico caso queira abstrair as informações disponibili-zadas pelo examinador. Quer uma dica? Fique craque em interpretar dados percentuais, pro-porcionais, fracionários e em notação científica; normalmente, são esses os recursos empregados para esclarecer ou omitir medidas quantitativas.

Everton Perugini.

País sem igualO verde que desperta os olhos do mundoÉ esquecido na memória de uma naçãoFaz cenário a uma peça diária da humildadeQue está em seus últimos dias de exibição

A riqueza vem traduzida na belezaDe uma flora sem igualColorindo os olhos de verDando sentido aos olhos de sentir

Nos oceanos as águas mais cristalinasRefletem um céu de azul intensoDando espaço a uma sinfoniaNo horizonte de uma apresentação sem-fim

País da raça, da garra e da uniãoTraduzidas na força de trabalhoNa persistência da conquistaE na felicidade sem fronteiras.

Adrielle Moraes Cazotti(Aluna da Unidade Parceira Villa Lobos.

Poesia selecionada entre as vencedoras do III Festival de Obras Literárias do Sistema de Ensino Poliedro)