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AGOSTINHO LEANDRO DA COSTA: NOÇÕES DE CIDADANIA E DIREITOS NO
IMEDIATO PÓS-ABOLIÇÃO EM CURITIBA1
Pamela Beltramin Fabris 2
Em 1960, o Diário da Tarde, um importante jornal que naquele momento completava 61
anos de circulação em Curitiba, publicou algumas matérias abordando os “tipos populares” que
marcaram o cotidiano da cidade décadas atrás. Nesse esforço em recompor parte da memória local,
Agostinho Leandro da Costa foi um dos sujeitos citados:
aquele mulatão capenga, [...] além das atividades de hospedeiro, fundou um jornalzinho intitulado „Operário‟
que servia ao tempo, de percursor das ideias socialistas, as quais posteriormente vieram a notabilizar mais figuras da política nacional.[...] ridicularizando a uns; incomodando a outros; fazendo gestos largos de
predicador, qual o profeta Moisés, pregando ao povo Hebreu.3
A “pregação” de Agostinho Leandro, tratava-se, na realidade, de sua tentativa de intervir e
se inserir numa sociedade em que as desigualdades e injustiças eram constantemente percebidas e
vivenciadas por ele e traduzidas, por exemplo, em textos próprios ou de terceiros publicados no
jornal Operário Livre, cuja direção era de responsabilidade de Agostinho Leandro. Fazendo o uso
da palavra, seja por meio da oralidade ou da escrita, ele participou ativamente dos debates que
diziam respeito à situação dos trabalhadores, apontando possíveis caminhos a serem percorridos em
busca de uma vida mais digna para os mais pobres, incomodando parte da elite política local,
quando, por exemplo, tecia críticas ácidas a práticas como o nepotismo e o mal uso do dinheiro
público.
Agostinho Leandro, viveu grande parte da sua vida envolvido numa complexa rede de
sociabilidades, formando-se e sendo formado a partir das histórias que ouvia e vivenciava e de um
olhar apurado voltado para as questões sociais e políticas de seu tempo. Uma parte significativa de
sua vida se passou no litoral do Paraná, na cidade de Morretes, onde nasceu, em algum momento,
1 Texto apresentado no 9º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Florianópolis (UFSC), de 14 a 18 de
maio de 2019. Anais completos do evento disponíveis em http://www.escravidaoeliberdade.com.br/ 2 Doutoranda em História/UFPR. E-mail: [email protected] 3 Diário da Tarde, 17 de março de 1960. p.6
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no ano de 1857. Nascera em uma família sem posses, formada pelo casal Leandro José da Costa e
Josepha Maria Rodrigues, ambos identificados como pardos, conforme a Lista Nominativa de
1836.4 Ainda novo, Agostinho Leandro aprendeu o ofício de alfaiate. Aos 20 anos, em Morretes, fez
parte da diretoria do Club Alpha, agremiação literária, exercendo a função de Procurador.5 Fundado
em 1876, esse clube tinha por objetivo “dar a seus associados um ponto de reunião da instrução e
recreio facilitando-lhes livros, jornais e outros quaisquer meios de distração.”6 Além disso, estava
previsto em seu regulamento encontros semanais aos sábados para a discussão de assuntos que eram
escolhidos por meio de sorteio.7 Frequentando tal ambiente, Agostinho Leandro certamente
aprimorou o hábito da leitura, entrando em contato com jornais e livros diversos. De fato, como
ficou registrado em um documento do clube, em 1880 havia na biblioteca da agremiação 343 obras
e jornais da Província e de fora.8 Ainda na cidade litorânea, e possivelmente influenciado pela sua
presença no Club Alpha, Agostinho Leandro iniciou sua experiência político-parlamentar em 1882,
conquistando 16 votos na eleição daquele ano, o suficiente para se eleger como vereador.9 Até o
momento, não há como saber se cumpriu o mandato todo, pois em 1884 ele já havia se mudado para
Curitiba, onde inaugurou o Núcleo Popular, um botequim onde os frequentadores poderiam, além
de desfrutar de uma variedade de bebidas e comidas, jogar bilhar e encontrar “jornais para
proporcionar ao público a respectiva leitura.”10
Em 1890, Agostinho Leandro foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Partido
Operário de Curitiba.11
Ainda que congregasse pessoas de origem sociais distintas, tal partido se
destacava pela presença em seu meio de diversos homens negros, inclusive alguns que, poucos anos
antes tinham sido escravos, como será apontado adiante. Em 1891, tornou-se diretor e redator-chefe
Operário Livre, jornal de tiragem semanal que também se tornou um aliado na divulgação das
ideias do Partido Operário. A experiência com a imprensa, a qual de certa forma já acompanhava
4 Arquivo Público do Estado de São Paulo. Lista Nominativa de Morretes, 1836, s.p. Essa documentação foi,
gentilmente, cedida por Silvio Andriano Weber. 5 Provincia do Paraná, 8 de abril de 1877. p. 6 Estatutos do Club Alpha p.98. Arquivo Público do Paraná, AP657. 7 Estatutos do Club Alpha p.100. Arquivo Público do Paraná, AP657. 8 Sessões do Club Alpha p.188. Arquivo Público do Paraná, AP589. 9 Dezenove de Dezembro, 2 de agosto de 1882. p.3 10 Dezenove de Dezembro, 9 de maio de 1884. p.4 11 Sete de Março, 6 de setembro de 1890. p.4
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Agostinho Leandro desde, pelo menos, a década de 1870 com sua presença no Club Alpha, se
intensificou a partir dos anos 1890, tornando-se uma marca fundamental em sua trajetória.
Ao acionar as múltiplas lutas empreendidas por Agostinho Leandro, principalmente a sua
atuação como diretor no Operário Livre, é possível se aproximar dos anseios, dos problemas e das
inquietações que atingiam parte da população negra naquele período. Assim, tendo como fio
condutor aspectos de sua trajetória, esse texto procura dialogar com algumas das temáticas que vêm
sendo objeto do campo de estudo do Pós-Abolição, entre elas, as expectativas e os anseios da
população negra com o início da República no Brasil.
O Operário Livre e o“governo da maioria”
Em seu primeiro número, o jornal Operário Livre anunciava:
Aparecemos pela primeira vez ao público, hasteando a bandeira das novas ideias e pugnando pelos direitos dos
operários e artistas e, geralmente, do povo, das classes produtivas. Não podemos permanecer indiferentes ante
a luta que se desenvolve na sociedade atual, e na qual se manifestam todos os preconceitos dos tempos
passados [...]. Eis aí as ideias por que pugnamos; queremos o governo da MAIORIA, a liberdade do trabalho,
do comércio, da consciência e a extinção de todos os privilégios e regalias da minoria.12
Circulando de forma irregular entre 1891 e 1898 (sendo interrompido por diversos motivos,
alguns dos quais serão tratados a frente), o jornal abordava, entre seus principais temas, críticas as
práticas das autoridades políticas locais, cujas publicações, de forma geral, tornaram-se um forte
instrumento de contestação da política hegemônica local, de defesa da liberdade de imprensa, da
cobrança de melhorias dos serviços públicos, da valorização do trabalho, ou ainda, de abordagens
sobre a situação da política nacional, expressando, inclusive, o crescente descontentamento com o
regime republicano, o qual, por diversas vezes, era entendido como uma continuidade do período
monarquista no que tangia as regalias e privilégios de uma minoria. Porém, duas temáticas eram,
em especial, valorizadas e constantemente abordadas nos textos publicados no Operário Livre: a
importância do voto e da instrução pública para a “classe operária”.
12 Operário Livre, 13 de fevereiro de 1891.Curitiba. p.1
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O diretor do Operário Livre via o seu jornal como um instrumento para o fortalecimento e
desenvolvimento da “classe operária”, talvez por isso, o mesmo, por vezes, expressasse
preocupação quando alguém que julgava pertencer a tal classe devolvia o jornal (os jornais eram
enviados por correspondentes para diversas partes do Paraná). Assim, anunciou no primeiro número
que aqueles que comprovadamente não pudessem arcar com os custos, poderiam ainda sim ficar
com o jornal, pois na sua concepção “esses pobres devolvendo o jornal ainda ficam, se não me
engano, mais pobres.”13
Mas as devoluções também eram temas da seção humorística “Sobre-
Meza”, na qual, ainda que fossem tratadas de um forma mais irreverente, não deixavam de
transparecer conflitos de classe. Ali eram publicados casos que, ainda que possivelmente fossem
ficcionais, transpareciam tais conflitos: um “moço bonito, rico, desempenado” de Paranaguá não
assinaria o jornal, “nem que o diabo arrebente.”, já que, não estava disposto a “alimentar jornal pra
falar da gente boa.”14
Já, para outro homem, da cidade de Campo Largo, o motivo da devolução era
outro: “temo medo de lê o Operário, pode o nosso chefe sabe.” É possível que as pequenas anedotas
envolvendo as devoluções derivassem de cartas que realmente eram recebidas ou de opiniões que
Agostinho Leandro escutava por suas andanças pela cidade, suas idas as sociedades operárias ou de
seus clientes no Hotel Paraná, sendo assim afetado por tais experiências. O que publicava em seu
jornal, portanto, era o resultado da transmissão desse afeto em forma de narração.
As ações de Agostinho Leandro, como a fundação de um partido e de um jornal, parecem
apontar para um otimismo em relação as possibilidades que os trabalhadores poderiam alcançar por
meio da luta diária no início do período republicano. No entanto, tal otimismo não ficava ofuscado
pelos problemas que o mesmo sentia na pele. Agostinho Leandro, como um homem negro que
vivenciou o período de vigência da escravidão e que acompanhava de perto os desdobramentos do
pós-abolição, sabia que naquele período também “se manifestam todos os preconceitos dos tempos
passados”.15
O próprio título escolhido para o jornal - Operário Livre - carregava em si, além de um
apelo ao público leitor alvo, um adjetivo (livre) de importância simbólica, que evocava o anseio
pela conquista de uma liberdade inexistente naquela sociedade altamente hierarquizada e
13 Operário Livre, 13 de fevereiro de 1891. p.3 14 Operário Livre, 26 de janeiro 1896. p.3 15 idem
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racializada, onde a narrativa que evocava a memória da escravidão era muitos vezes enunciada. Foi
esse o tom da crítica feita à chapa formada pelo conservador e adversário político de Agostinho
Leandro, Vicente Machado, um dos políticos de maior destaque do Paraná dessa época: basta estar
a frente do carunchoso partido o sr. Vicente Machado, para que a aristocracia, a ostentação e
vaidade representem os interesses do Paraná, tornando uma fazenda de criação paulista onde com
certeza predominara o senhor sob o escravo.16
Como bem apontou Joseli Mendonça,
os trabalhadores, certamente, identificavam nas suas condições de trabalho a persistência de aspectos que
caracterizaram as relações da escravidão. Para a militância vinculada aos operários, tais aproximações
tornavam ainda mais legítimas a causa pela qual lutavam: se a extinção da escravidão tinha sido uma necessidade para que o país ingressasse no mundo das luzes e da civilização, tal ingresso só se concluiria com
a emancipação completa do trabalhador. A escravidão, assim, era evocada como argumento em um embate,
sobretudo, político.17
Mesmo o Operário Livre adotando desde o primeiro número um tom combativo, é notável
que a partir de 1895, notícias e matérias relacionadas ao problemático regime republicano vigente
se tornaram mais frequentes no jornal:
O que existe realmente é a descrença que leva em todos os espíritos, é a desconfiança que invade todos os
ânimos, a desilusão que entristece, a decepção que punge, o horror que assalta todos os brasileiros! Ninguém
contava com essa república leprosa, esfarrapada impúdica, desavergonhada! Merecem forca e fuzil aqueles que
criminosamente concorreram para torná-la assim asquerosa e repugnante! A república é uma vítima sacrificada a torpe exploração dos homens que a proclamaram, iludindo o povo com promessas fementidas de felicidade
que não gera, e garantias de liberdade de que se acha privado!18
Tal texto, assinado pelo padre João Manoel, com sua retórica mais agressiva, tem elementos
que o diferenciam bastante do estilo adotado normalmente por Agostinho Leandro. Ainda assim,
para que fosse publicado, provavelmente tal texto passou pelo aval do diretor do jornal, o que não
parece nenhuma surpresa, já que o próprio Agostinho Leandro tecia inúmeras críticas ao regime
republicano, ou seja, no Operário Livre era comum publicar críticas as práticas entendidas como
16 Operário Livre, 22 de fevereiro de 1891. p.1 17 MENDONÇA, Joseli. Memórias da escravidão nos embates políticos do Pós-abolição. In: ABREU, Martha,
DANTAS, Carolina Vianna e MATTOS, Hebe. Histórias do pós-abolição no mundo atlântico : identidades e projetos
políticos – vol.1. Niterói : Editora da UFF, 2014. p.42 18 Operário Livre, 10 de março de 1895.
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cada vez mais comuns do governo republicano: a restrição de liberdade da imprensa, a criação de
cargos para acomodar parentes dos que ocupavam postos públicos, o descaso com a população mais
pobre, principalmente no que tangia ao acesso à educação. Em um longo texto de autoria de um
professor local, Gregorio Bispo dos Santos, publicado na primeira página do jornal de 28 de abril de
1896, os sentidos da instrução pública popular eram discutidos: os pobres sentem necessidade de
instrução; eis em todos os lugares suas associações, suas escolas noturnas, suas instituições de
proteção mútua, porém essas iniciativas não podem vigorar por falta de recursos.19
Além da “falta de recursos” aludida no texto, outros motivos também faziam com que tais
locais passassem por dificuldades. Um ano após a publicação desse texto, os alunos que
frequentavam a escola noturna da Sociedade Treze de Maio, estavam, de acordo com um oficio
enviado ao Presidente do Estado pelos diretores da sociedade, Norberto Garcia, Manoel Teixeira e
Edmundo Vianna, “aterrorizados pelos fatos que dão-se pelas ruas”.20
De acordo com tal oficio, a
escola do clube “não pode funcionar regularmente devido ao recrutamento forçado.”21
Poucos anos
antes, os membros do clube já haviam sentido na pele a perseguição de agentes do Estado pelo
mesmo motivo. Em nota à imprensa o então presidente, João Batista Gomes de Sá, anunciava que o
clube não iria comemorar “o aniversário da gloriosa Lei de 13 de Maio”, como “era de seu dever”,
em razão do “recrutamento desenvolvido nesta capital, que muito tem horrorizado o maior número
de seus sócios.”22
Ao pesquisar sobre a instrução popular em Curitiba, Noemi Santos da Silva, constatou as
diversas lutas e iniciativas da população negra (livre ou não) antes e depois da abolição, afim de
conquistarem o letramento.23
Para Silva, é possível que no horizonte dos anseios por essa luta
também estivesse o desejo de participar efetivamente dos processos eleitorais, após as mudanças
nacionais decorrentes da Lei Saraiva. É possível que essa tenha sido também a linha de raciocínio
19 Operário Livre, Ano 3 - ed.78, 28 de abril de 1896 20 Boletim do Arquivo Público do Paraná. Ano 06, n 09, 1981, p. 18. 21 Idem 22 Jornal Dezenove de Dezembro, 2 de maio de 1889, p.3. apud, NASCIMENTO, Franciele Pereira do. Crime e Castigo
da Raça: o papel da cultura jurídico-criminal na construção de um projeto de embranquecimento da nação. (1888-
1915). Dissertação (Mestrado em Direito. PPGD – Setor de Ciências Jurídicas -UFPR. Curitiba, 2016, p.27 23 SILVA, Noemi Santos da. O “Batismo na Instrução”: projetos e práticas de instrução formal de escravos, libertos e
ingênuos no Paraná Provincial. Dissertação (Mestrado em História) Setor de Ciências Humanas -UFPR. Curitiba, 2014.
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feita por Agostinho Leandro ao resolver fundar em Curitiba, em parceria com Justiniano de Mello,
o Partido Operário.
Segundo Benito Schmidt, uma parte da historiografia, principalmente entre os anos 1960 e
1970, considerou que partidos operários do início da Primeira República não se constituíram como
“uma alternativa política e ideológica sólida para o operariado brasileiro”24
. Por não conquistarem a
adesão dos “de baixo” e manterem uma estreita relação com “os de cima” foram tachados como
“reformistas”. Tal visão foi contestada, a partir dos anos 1980, por estudos dedicados a entender
como os sujeitos que escolhiam o partido “como meio de ação operária”, mais do que simplesmente
aderir ao reformismo ou adotar uma estratégia “pequeno-burguesa”, procuravam “transformar a
questão social numa questão política”25
.
Durante as eleições de 1891, o jornal proclamava, “cumpre que os operários procedam com
a independência de caráter, não entregando o Paraná nas mãos daqueles que esbanjaram os
dinheiros públicos (...). Devemos procurar orientar-nos com melhores ideias e com princípios mais
democráticos e republicanos.”26
Ainda que limitado a uma parcela da população, os processos
eleitorais movimentaram o cenário curitibano, envolvendo homens como Agostinho Leandro, que
em 1892 foi eleito como deputado estadual.27
Mas, também mobilizou Vicente Moreira de Freitas e
Décio Antonio da Costa Mesquita, ambos egressos da escravidão28
e Manoel Ferreira Bello, filho
do liberto Benedito Ferreira Bello.29
Em comum, além do fato de serem negros, esses três homens
24 SCHMIDT, Benito Bisso. Os partidos socialistas na nascente República. In.: FERREIA, Jorge; REIS, Daniel Aarão.
A formação das tradições (1889-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p.138 25 MENDONÇA, Joseli. Evaristo de Moraes, tribuno da República. Campina, SP: Editora da UNICAMP, 2007. p. 55. 26 Operário Livre, 4 de abril de 1891. p.1 27 A República, 28 de janeiro de 1892. p.2 28 Sobre aspectos da vida de Vicente Moreira de Freitas, ver: FABRIS, Pamela B.; HOSHINO, Thiago A. P. Sociedade
Operária Beneficente 13 de Maio: mobilização negra e contestação política no Pós-Abolição. In: MENDONÇA, Joseli
M. N. e SOUZA, Jhonatan Uewerton. (orgs.) Paraná Insurgente – História e Movimentos Sociais, século XVIII ao XXI. São Leopoldo: Casa Leiria, 2018. Décio Mesquista, pedreiro, escravizado em Curitiba até 1871, e membro de
Partido Operário em 1896. A República, 28 de março de 1896. Curitiba. p.2 Thiago Hoshino discorreu sobre o processo
de alforria de Décio Mesquita em: HOSHINO, Thiago A. P. Entre o “espírito da lei” e o “espírito do século”: a
urdidura de uma cultura jurídica da liberdade nas malhas da escravidão. (Curitiba: 1868-1888). Dissertação: Mestrado
em Direito. PPGD. Curitiba, 2013. 29 Registro de óbito de Manoel Ferreira Bello. Livro de Óbitos 02, ano de 1909. f.121. Curitiba, 1º Ofício -
Documentação digitalizada e disponível no site familysearch.org. Acesso em 19 de abril de 2017 e Registro de óbito de
Benedito Ferreira Bello. Livro C, 1877-1878. p.69 Documentação digitalizada e disponível online no site
familysearch.org. Acesso em 19 de abril de 2017.
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tinham o desejo de ocupar o espaço da política institucionalizada, tentando uma vaga como
vereadores na Câmara Municipal de Curitiba, os dois últimos pelo Partido Operário.30
A Guarda Branca de Curitiba
No Operário Livre, assim como em outros jornais da imprensa negra da época, como O
Exemplo, do Rio Grande do Sul, e Cidade do Rio, dirigido por José do Patrocínio,31
as críticas ao
governo republicano ganharam espaço para circular, repercutiram e, certamente, incomodaram.
Esse incômodo se evidencia, por exemplo, no episódio ocorrido em abril de 1895, quando a
oficina onde funcionava o Operário Livre foi empastelada. Segundo o próprio Agostinho Leandro,
o ataque fora feito por “Kagados dados a republicanos”32
, os mesmos que o haviam tachado de
“monarquista” pouco antes. Mesmo enfrentando dificuldades, o jornal deu continuidade a suas
atividades por mais algum tempo, até que em junho do mesmo ano Agostinho Leandro sofreu
ameaças explícitas de um grupo que se autointitulava “Guarda Branca”. Tal identificação
evidentemente assinalava uma contraposição à Guarda Negra, grupo que atuou na capital federal
desde 1888, formado majoritariamente por libertos com o intuito de defender a liberdade dos
escravizados e a princesa Isabel, e que tinha entre seus correligionários maltas de capoeiras e
ilustres conhecidos como José do Patrocínio.33
Discorrendo sobre os processos eleitorais da Primeira República, Cláudia Viscardi afirmou
que, “muitas vezes eram os jornais os únicos meios de intervenção das oposições sobre a política.
Portanto, a liberdade de imprensa, mantida em quase todo o período, foi fundamental para que a
30 A República, 21 de agosto de 1896. p.3 Em um artigo recente, Leonardo Affonso de Miranda Pereira discorre sobre a
participação popular nas disputas eleitorais no Rio de Janeiro contrapondo a ideia, por anos disseminada na
historiografia, de que nesse período os trabalhadores estavam totalmente alheios as eleições. PEREIRA, Leonardo
Affonso de Miranda. A dança da política: trabalhadores, associativismo recreativo e eleições no Rio de Janeiro da
Primeira República. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 37, nº 74, 2017. pp. 63-88 31 PINTO, Ana Flávia Magalhães. Imprensa Negra no Brasil do século XIX. São Paulo: Selo Negro, 2010. p.152 32 Operário Livre, 20 de abril de 1896. p.2 33 Sobre a conjuntura envolvendo a Guarda Negra, ver: GOMES, Flávio. “No meio das águas turvas”: raça, cidadania e
mobilização política na cidade do Rio de Janeiro – 1888-1889. In. GOMES, Flávio e DOMINGUES, Petrônio. (orgs.)
Experiências da emancipação. São Paulo: Selo Negro, 2011.
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defesa dos direitos tivesse lugar.”34
É possível que em Curitiba, Agostinho Leandro sentisse desde o
surgimento do Operário Livre, a necessidade defender a liberdade de expressão, pois, como já dito,
tal assuntos era um dos mais debatidos nos textos publicados pelo jornal. Ao ser obrigado a
interromper as atividades no seu jornal, Agostinho Leandro teve seus direitos cerceados por um
grupo ligado as oligarquias locais.
Um texto e assinado pela “Guarda Branca”, publicado no maior jornal de Curitiba, A
República - órgão oficial do Partido Republicano local, dirigido por Vicente Machado, oriundo de
famílias tradicionais paranaenses, cuja inserção na política remonta ao século XVII35
, e que então
ocupava seu primeiro mandato como senador. Ao contar como se deu um conflito com Agostinho
Leandro, o jornal descreveu o diretor do Operário Livre como alguém de “chapéu claro todo
desabado, calças claras, peituitaria muito clara, só o rosto é que era um tanto escuro”36
. Ainda de
acordo com tal notícia: “terminou o primeiro ato e lá se foi o compadre Munheca [como o próprio
Agostinho Leandro era conhecido] puxando a triste perna tomar ares lá fora! Maldita ideia... A
guarda branca lá estava à espera de fazer-lhe uma manifestação pelas suas desinfelicidades no seu
Operário Livre...”.37
Por fim, com um discurso altamente depreciativo, o grupo assim encerrava a
notícia: “Dizem que se o Munheca perder a outra perna, andará de 4 para poder equilibrar-se... Ora
que novidade!”.38
Em um telegrama enviado a jornais da capital federal, publicados também na
Gazeta da Tarde,39
Agostinho Leandro confirmou o ataque sofrido na saída do teatro por
“indivíduos suspeitos e armados”.40
Poucos dias antes desse ataque, o mesmo grupo – que se também se autoproclamava como a
“rapaziada republicana” – já havia procurado a redação do A República, e fez publicar um texto
ameaçando seus opositores: “toda vez que abusarem de nossa condescendência, hão de levar sapeca
34 VISCARDI, Cláudia M. R. Direitos políticos e representação no Brasil Republicano (1891-1934). Revista Mundos do Trabalho - v. 9, n. 18 (2017). pp.49-62, p.58 35 GOULART, Mônica Helena Harrich Silva. Classe dominante e jogo político na Assembleia Legislativa Paranaense
(1889-1930). Tese (Doutorado em Sociologia – Setor de Ciências Humanas -UFPR. Curitiba, 2008. 36 A República, 12 de junho de 1895. p.2 37 Idem. 38 Idem. 39 Gazeta da Tarde, 16 de junho de 1895. p.1. Importante órgão da imprensa negra, dirigido anteriormente por Ferreira
de Menezes e José do Patrocínio. PINTO, Ana Flávia Magalhães. Fortes laços em linhas rotas: literatos negros,
racismo e cidadania na segunda metade do século XIX. Tese (doutorado em História.) Campinas, Unicamp, 2014. 40 Jornal do Brasil, 16 de junho de 1895. p.2
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mestra. Portanto, bico calado, já ouviram?”41
Em resposta aos ataques, Agostinho Leandro, que em
nenhum momento se declarou monarquista, acusou o A República de envolvimento com as calúnias
a seu respeito e em 16 de junho de 1895, afirmou, por meio de nota na imprensa, que iria suspender
a publicação do seu jornal por falta de garantias da polícia. Na Capital Federal o caso ainda
repercutia, e em matéria estampada em primeira página, o Correio da Tarde denunciava que no
Paraná, “as perseguições continuam a ser desenvolvidas ali de um modo assombroso.”42
Conforme
fontes que chegaram ao jornal, a “Guarda Branca” era “uma reunião de indivíduos perigosos,
amigos do sr.Vicente Machado, que tem por fim espancar seus adversários, movendo-lhes toda a
espécie de perseguições.”43
Se, por um lado, a perseguição sofrida por Agostinho Leandro mostra a violência praticada
por grupos políticos dominantes nesse período, por outro, ela também aponta para a relevância de
sua presença na cidade. “Bico calado”, era o que pedia os seus opositores, ameaçando
explicitamente, no jornal ligado ao Partido Republicano local, aqueles cujas palavras ameaçavam
seus interesses. Ainda que tenha se visto forçado a fechar seu jornal por um tempo, Agostinho
Leandro não ficou de “bico calado” e, em novembro de 1896, com a volta do Operário Livre, a
coluna “Telegramas” fez menção, de forma bem humorada, a chamada “Guarda Branca”:
Do Partido Federal – Rio a coronel Batalhão Patriotas – Curitiba.
Embarquem com batalhão e tragam suas armas, é ocasião de salvarmos a República, também que embarque
todos os valentes soldados da guarda branca aí de Curitiba...
Do coronel batalhão patriotas – Curitiba, a partido federal – Rio
Batalhão tudo pronto porém não embarca sem saber quanto tem de soldo... Os valentes da guarda branca de Curitiba, só brigam aqui na canxa, por isso não embarcarão.
44
Com tal discurso, o jornal apontava a covardia da “guarda branca”, que só eram “valentes”
em seu reduto e se preocupavam mais com seu soldo do que com sua causa.
A escolha pelo termo “Guarda Branca” para se intitularem diz muito sobre a estratégia
adotada pelo grupo para combater aqueles que por eles eram considerados como seus opositores.
Ao evocar uma evidente contraposição à Guarda Negra, acionando os diversos conflitos ocorridos
41 A República, 7 de junho de 1895. p.2 42 Correio da Tarde, 20 de junho de 1895. p.1 43 Idem. 44 Operário Livre, 14 de novembro de 1896, p.3
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logo no pós-abolição, tal grupo, ao entrar em conflito com Agostinho Leandro, procurava usar o
elemento racial de forma a detrata-lo. Os insultos racistas e a violência verbal e física
experimentadas por Agostinho Leandro certamente o afetaram, tendo, inclusive, impacto nas
publicações do Operário Livre, já que ao voltar a circular depois dos conturbados acontecimentos é
possível localizar (ainda que não muitas) referências a discursos que combatiam o preconceito
racial e falavam sobre assuntos ligados a população negra da cidade. É o caso da denúncia
envolvendo um presidente recém eleito da Sociedade 13 de Maio:45
Este clube que conta alguns anos de sacrifício, e lutas entre os seus sócios e sócias fundadores, hoje apareceu
naquela democrática e boa sociedade um sr. Ferrabras que não sei porque arte foi nomeado presidente. Tem
esse sr. desejado transformar o democrático Clube 13 de Maio, que em sua totalidade era de homens pretos, e
em sua maioria de libertos com aquela santa lei em um Clube aristocrata, um segundo Clube Curitibano [...] O
Sr. Ferrabraz [...] está franca e bruscamente desgostando e enxotando os sócios e sócias que por aquele clube além do entusiasmo e amor tem feito enormes sacrifícios. O sr. Ferrabraz não compreendeu ainda que o Clube
13 de Maio representa um franco protesto aos miseráveis mascates, marinheiros e verdugos dessa raça que os
brancos julgam inferiores. [...] A virtude desse clube está na agremiação da classe preta, na harmonia dos seus
sócios [...] Tenha paciência sr. Ferrabraz, o lugar de presidente na sociedade 13 de Maio coloca-lhe em más
condições e torna-se um remendo branco em um paletó preto.46
O autor do texto (talvez Agostinho Leandro) afirma, de maneira contundente, o caráter racial
da associação portadora de um papel político e social a cumprir, mas que via o cerceamento de suas
práticas por conta da atuação de um “remendo branco” em seu meio.
Considerações finais
Após contrair varíola, provavelmente, em uma viagem que fizera ao Rio de Janeiro, meses
antes da eclosão da Revolta da Vacina, Agostinho Leandro adoeceu e veio a falecer em Curitiba em
junho de 1904. Um jornal local assim descreveu o que ocorreu em decorrência de sua morte:
A notícia espalhou-se com rapidez admirável, enchendo de profunda consternação a sociedade curitibana, pois
o sr. Agostinho Leandro era um cavalheiro verdadeiramente popular. [...] achava-se sempre ao lado das
coisas nobres, pugnando ardorosamente em favor dos humildes e dos pequenos. Ainda no regime monárquico,
45 Tratei desse clube, junto com Thiago Hoshino em: FABRIS, Pamela B.; HOSHINO, Thiago A. P. Sociedade
Operária Beneficente 13 de Maio: mobilização negra e contestação política no Pós-Abolição. In: MENDONÇA, Joseli
M. N. e SOUZA, Jhonatan Uewerton. (orgs.) Paraná Insurgente – História e Movimentos Sociais, século XVIII ao
XXI. São Leopoldo: Casa Leiria, 2018. 46 Operário Livre, 7 de novembro de 1897, p.2
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quando moço, o sr. Agostinho Leandro foi um dos que mais batalhou pelo ideal republicano e pela liberdade
dos escravos, sendo sócio do primeiro clube republicano que se fundou nesta cidade.47
Embora a notícia sobre sua morte o reconhecesse como um militante da causa da abolição,
não encontrei registros da sua participação nos movimentos pelo fim da escravidão no Paraná. No
entanto, é muito significativo que o jornal o tenha associado a essa causa, incutindo em sua
trajetória uma conexão entre lutas as sociais no país: a luta pela conquista da liberdade nas últimas
décadas do século XIX se estendeu a causa por direitos e cidadania nos pós-abolição. Ao apontar as
demandas e esforços empreendidos por ele, é possível, portanto, conhecer um pouco mais os
anseios e esperanças de um parcela da população negra, sobretudo ligada a grupos de trabalhadores,
nesse início do período republicano, momento privilegiado para se observar as disputa em torno de
diferentes projetos de nação. Para Agostinho Leandro, certamente a República deveria reparar o que
entendia como erros perpetuados durante o Império, o que, na prática, significaria que aquele
momento era propício para lutar por uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
Suas armas, nessa batalha, foram, principalmente as palavras, essas que ao mesmo tempo em
que atingiram e confrontaram os interesses de grupos políticos tradicionais, ecoaram em espaços
frequentados por trabalhadores, formando subsídios a mais para as lutas cotidianamente travadas
por esses em busca de melhorias de suas condições de vida.
Fontes
Periódicos Hemeroteca Biblioteca Nacional:
A República, 7 de junho de 1895.
A República, 12 de junho de 1895.
A República, 28 de março de 1896.
A República, 21 de agosto de 1896.
Dezenove de Dezembro, 2 de agosto de 1882.
Dezenove de Dezembro, 9 de maio de 1884.
Diário da Tarde, 8 de junho de 1904.
Diário da Tarde, 17 de março de 1960.
Gazeta da Tarde, 16 de junho de 1895.
47 Diário da Tarde, 8 de junho de 1904. p.2, grifo meu.
13
Jornal do Brasil, 16 de junho de 1895.
Província do Paraná, 8 de abril de 1877.
Sete de Março, 6 de setembro de 1890.
Periódicos do acervo particular de Silvia Maria de Araújo
Operário Livre, 13 de fevereiro de 1891.
Operário Livre, 13 de fevereiro de 1891.
Operário Livre, 4 de abril de 1891.
Operário Livre, 26 de janeiro 1896.
Operário Livre, 10 de março de 1895.
Operário Livre, 20 de abril de 1896.
Operário Livre, 28 de abril de 1896
Operário Livre, 14 de novembro de 1896.
Operário Livre, 7 de novembro de 1897.
Departamento Estadual do Arquivo Público do Paraná:
Boletim do Arquivo Público do Paraná. Ano 06, n 09, 1981, p. 18.
Estatutos do Club Alpha, p.98. AP657.
Sessões do Club Alpha, p.188. AP589.
Arquivo Público do Estado de São Paulo:
Lista Nominativa de Morretes, 1836.
Fontes cartoriais:
Óbitos, Livro C, 1877- 1878, Curitiba, 1º Ofício
Óbitos, Livro 2, ano de 1909. Curitiba, 1º Ofício
Bibliografia
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BATALHA, Claudio H.M.; SILVA, Fernando Teixeira da.; FORTES, Alexandre. (orgs.). Culturas
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FABRIS, Pamela B.; HOSHINO, Thiago A. P. Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio:
mobilização negra e contestação política no Pós-Abolição. In: MENDONÇA, Joseli M. N. e
SOUZA, Jhonatan Uewerton. (orgs.) Paraná Insurgente – História e Movimentos Sociais, século
XVIII ao XXI. São Leopoldo: Casa Leiria, 2018.
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