além da torre de marfim

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Além da torre de Marfim: Questionamentos e possibilidades na formação em psicologia Para além do biológico e de definições simplistas ou baseadas no senso comum, o que define, no campo do pensamento ser homem ou mulher? Seguindo a mesma lógica, cabe-nos indagar, o que é o amor? Tais questões, na sua intricada simplicidade, quando postas aos estudantes de graduação em psicologia geram um profundo desconforto e mal estar. Sob qual teoria se estaria falando? Qual olhar, qual ótica, de qual autor, emanam estas conceituações? A formação em psicologia, dada multiplicidades de olhares e posturas teóricas, tende a produzir nos graduando um estado que pode ser traduzido pela ideia de “menoridade” presente na obra de Foucault. Ao analisar a influencia do presente este aponta para certo estado da nossa vontade em aceitar a autoridade de outro em nos conduzir no uso da razão. Não raro em sala de aula, presos a ementas longas e específicas, a olhares voltados a uma rigidez epistemológica ministrada em contraponto a outras, percebe- se a apropriação e não o uso criativo da teoria ou conceito por parte dos alunos que, ante ao bombardeio de teorias e conceitos, acabam por ocupar um lugar onde “um orientador espiritual toma o lugar da consciência”, contentando-se em reproduzir conceitos sem, no entanto, se apropriar dos mesmos. Ao propor esta discussão em grupos de estudos fora do ambiente acadêmico, outras possibilidades se desdobram ao implicar os participantes na produção “autoral”. Esse exercício, tendo por foco a atuação profissional e a apropriação do cotidiano que habita permite aventar outras possibilidades no campo da formação em psicologia.

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Apresentação no congresso ciência e profissão 2014

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Page 1: Além Da Torre de Marfim

Além da torre de Marfim: Questionamentos e possibilidades na formação em psicologia

Para além do biológico e de definições simplistas ou baseadas no senso comum, o que define, no campo do pensamento ser homem ou mulher? Seguindo a mesma lógica, cabe-nos indagar, o que é o amor? Tais questões, na sua intricada simplicidade, quando postas aos estudantes de graduação em psicologia geram um profundo desconforto e mal estar. Sob qual teoria se estaria falando? Qual olhar, qual ótica, de qual autor, emanam estas conceituações? A formação em psicologia, dada multiplicidades de olhares e posturas teóricas, tende a produzir nos graduando um estado que pode ser traduzido pela ideia de “menoridade” presente na obra de Foucault. Ao analisar a influencia do presente este aponta para certo estado da nossa vontade em aceitar a autoridade de outro em nos conduzir no uso da razão. Não raro em sala de aula, presos a ementas longas e específicas, a olhares voltados a uma rigidez epistemológica ministrada em contraponto a outras, percebe-se a apropriação e não o uso criativo da teoria ou conceito por parte dos alunos que, ante ao bombardeio de teorias e conceitos, acabam por ocupar um lugar onde “um orientador espiritual toma o lugar da consciência”, contentando-se em reproduzir conceitos sem, no entanto, se apropriar dos mesmos. Ao propor esta discussão em grupos de estudos fora do ambiente acadêmico, outras possibilidades se desdobram ao implicar os participantes na produção “autoral”. Esse exercício, tendo por foco a atuação profissional e a apropriação do cotidiano que habita permite aventar outras possibilidades no campo da formação em psicologia.