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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Núcleo de Computação Eletrônica
Alexandre Gomes de Carvalho
CONVERGÊNCIA DADOS E VOZ: Rede Celular 3G
Rio de Janeiro
2010
Alexandre Gomes de Carvalho
CONVERGÊNCIA DADOS E VOZ:
Rede Celular 3G
Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Gerência de Redes de Computadores no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gerência de Redes de Computadores e Tecnologia Internet do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro – NCE/UFRJ.
Orientador:
Moacyr Henrique Cruz de Azevedo, M.Sc., UFRJ, Brasil
Rio de Janeiro
2010
RESUMO
CARVALHO, Alexandre Gomes de. CONVERGÊNCIA DADOS E VOZ: REDE CELULAR 3G. Monografia (Especialização em Gerência de Redes e Tecnologia Internet). Núcleo de Computação Eletrônica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2010.
A presente monografia tem como propósito discutir as redes de telefonia móvel,
dando ênfase nos conceitos e características da Rede WCDMA de 3ª Geração e abordando ainda alguns aspectos relacionados à rápida evolução mundial do setor, bem como o comportamento do público consumidor quanto ao fomento provocado pelo setor industrial que lidera esse ciclo evolutivo.
São apresentados conceitos técnicos, sistêmicos e mercadológicos envolvendo a transição dos sistemas móveis 2.5G para os sistemas convergentes de 3a geração, a chamada rede 3G, como etapa de evolução das atuais redes GSM para a rede de convergência de serviços.
A primeira parte deste trabalho introduz um breve histórico, a motivação, os conceitos e aspectos inerentes às redes de telefonia móvel.
A segunda parte tem por objetivo discutir os aspectos que levaram o UMTS a ser adotado como a tecnologia mais adequada para a migração das redes GSM para as redes 3G e também busca enfatizar as particularidades encontradas nas redes WCDMA, mais precisamente o tratamento das informações na interface aérea do sistema.
Uma conclusão é apresentada ao final dos estudos, visando levar ao leitor o resultado da avaliação dos aspectos referentes aos processos da migração, aceitação de mercado, oferecimento de serviços, tendências e evolução de mercado.
ABSTRACT
CARVALHO, Alexandre Gomes de. CONVERGÊNCIA DADOS E VOZ: REDE CELULAR 3G. Monografia (Especialização em Gerência de Redes e Tecnologia Internet). Núcleo de Computação Eletrônica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2010.
The present monograph aim to give information about mobile telephone
networks, emphasizing concepts and featuring related to WCDMA Network of 3rd Generation, besides, taking some aspects involving fast increasing in mobile sector. The behavior of consumers face the evolution cycle promoted by the industries will be discussed too.
Some technical, systemic and market concepts, related to the transition from 2.5G to 3G systems are shown as evolution stage from current GSM networks to the voice and data convergence network.
The first part introduce a brief description, motivation, concepts and topics related to mobile telephone networks.
The second part of the job is concerned to relevant aspects which has taken UMTS to be adopted as the natural transition from GSM to 3G network. It intends to focus WCDMA networks, that is, the air interface more specifically.
At last, a conclusion in order to take to the reader a evaluation result of subjects concerned to migration process, market acceptance, portfolio, services offer, trends and market evolution.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 5.1 – TOPOLOGIA CELULAR ..............................................................................22 FIGURA 6.1 – FASES DAS ESPECIFICAÇÕES GSM ..........................................................24 FIGURA 6.2 – TOPOLOGIA GSM....................................................................................26 FIGURA 7.1 – COMPONENTES DA ARQUITETURA EM CAMADAS ........................................29 FIGURA 8.1 – MODELO DE REFERÊNCIA 3GPP ..............................................................33 FIGURA 8.2 - OPERAÇÃO WCDMA EM MODOS FDD E TDD............................................35 FIGURA 8.3 - TOPOLOGIA WCDMA...............................................................................38 FIGURA 9.1 – ACESSO MÚLTIPLO POR DIVISÃO DE FREQUÊNCIA......................................44 FIGURA 9.2 – ACESSO MÚLTIPLO POR DIVISÃO DO TEMPO ..............................................45 FIGURA 9.3 – DIRECT SEQUENCE – CODE DIVISON MULTIPLE ACCESS ............................46 FIGURA 9.4 – COMPOSIÇÃO DO ESPALHAMENTO ESPECTRAL ..........................................49 FIGURA 9.5 – TAXA DE BITS DO ASSINANTE E FATOR DE ESPALHAMENTO..........................50 FIGURA 9.6 - ÁRVORE DE CÓDIGOS / CÓDIGO OVSF......................................................51 FIGURA 9.7 - BITS E CHIPS ...........................................................................................52 FIGURA 9.8 - CÓDIGOS DE CANALIZAÇÃO E CORRELAÇÃO DE CÓDIGOS ...........................53 FIGURA 9.9 - CÓDIGOS DE CANALIZAÇÃO E DE EMBARALHAMENTO ..................................54 FIGURA 9.10 – MODULAÇÃO QPSK ..............................................................................58 FIGURA 9.11 - DPDCH E DPCCH DE UPLINK ...............................................................61 FIGURA 9.12 - DPDCH E DPCCH DE DOWNLINK ..........................................................62 FIGURA 9.13 - RECEPTOR RAKE..................................................................................66 FIGURA 9.14 - RESPIRAÇÃO DA CÉLULA ........................................................................69 FIGURA 9.15 - CA: CONTROLE DE ADMISSÃO.................................................................70 FIGURA 10.1 - PRINCÍPIOS DO HSDPA..........................................................................73 FIGURA 10.2 – MODULAÇÃO DE ALTA ORDEM ................................................................75 FIGURA 10.3 - CONTROLE DE POTÊNCIA X ADAPTAÇÃO DE TAXA ....................................77 FIGURA 10.4 - ALOCAÇÃO DINÂMICA DE POTÊNCIA.........................................................78 FIGURA 11.1 - ÁREAS DE APLICAÇÃO ............................................................................80
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.1 – MARCOS DAS COMUNICAÇÕES SEM FIO ....................................................15 TABELA 6.1 – RECOMENDAÇÕES GSM..........................................................................23 TABELA 6-2 – ATRIBUTOS DO SISTEMA GSM 900 / DCS 1800........................................25 TABELA 8.1 - PRINCIPAIS PARÂMETROS DO WCDMA......................................................36 TABELA 14-1 - GSM X WCDMA...................................................................................85
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3GPP Third Generation Partnership Project – Grupo de estudos do ITU-T formado para elaborar as especificações da Rede 3G.
AM Amplitude Modulation – Modulação em Amplitude.
AMPS Advanced Mobile Phone System – primeiro padrão analógico de telefonia móvel celular utilizado no Brasil.
AN Access Network – Rede de Acesso. ARQ Automatic Repeat reQuest - AUC AUthentication Center – Centro de Autenticação. BCH Broadcast Cannel – Canal de Broadcast. BER Bit Error Rate – Taxa de Erros de Bit. BLER Block Error Rate – Taxa de Erros de Bloco. BPSK Binary Phase Shift Keying – esquema de modulação utilizado na
transmissão de sinais em redes sem fio. BS Base Station – Estação Base. BSC Base Station Controller – Controladora de Estação Base. BSS Base Station Subsystem – subsistema de estação base. BTS Base Transceiver Station – Estação Base Transmissora. CDMA Code Division Multiple Access – método de acesso a canal utilizado
por várias tecnologias de comunicação. Seu conceito básico consiste na idéia de permitir o envio de várias informações simultâneas sobre um único canal de comunicação, permitindo que usuários compartilhem a mesma banda de frequência através de espalhamento espectral.
CDMA 2000 Padrão da família de tecnologias 3G de telefonia móvel. Baseado no CDMA para envio de voz, dados e sinalização entre telefones móveis.
CGR Cento de Gerência de Rede. Do inglês NMC (Network Management Center).
CEPT European Conference of Postal and Telecommunications Administrations . Órgão criado em 26/06/1959 como coordenador de telecomunicações e organizações postais européias. A sigla CEPT é originada do francês Conférence européenne des administrations des postes et des télécommunications
CN Core Network – Núcleo da Rede. CS Circuit Switched – Comutação de Circuitos. CSPDN Circuit Swtched Public Data Network – Rede Pública de Dados
Comutados por Circuito. D-AMPS Digital-AMPS – evolução digital do padrão AMPS. DCH Dedicated Channel – Canal Dedicado. DECT Digital Enhanced Cordless Telecommunications – conhecido como
Digital European Cordless Telephone até 1995, é um padrão para telefones digitais portáveis, comumente utilizados para fins domésticos e comerciais.
DPCCH Dedicated Phyical Control Channel – Canal Físico Dedicado de Controle
DPDCH Dedicated Phyical Data Channel – Canal Físico Dedicado de Dados
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (continuação)
DPLM Domestic Public Land Mobile - Rede Móvel Pública Doméstica Terrestre.
DS-CDMA Direct Sequence CDMA – Técnica de espalhamento espectral de Sequência Direta em Múltiplo Acesso por Divisão de Código.
DSSS Direct Sequence Spread Spectrum – Espalhamento Espectral por Sequência Direta.
EDGE Enhanced Data rates for GSM Evolution – tecnologia compatível com redes móveis digitais, capaz de elevar a taxa útil de transmissão de dados.
EIR Equipment Identity Register – Registro de Idenficação de Equipamento.
ETSI European Telecommunications Standards Institute – é uma organização independente e sem fins lucrativos, voltada à padronização do mercado de telecomunicações europeu, através da regulamentação dos equipamentos produzidos e funcionamento das operadoras de rede.
FACH Forward Access Channel - Canal de Acesso à Frente. FCC Federal Communications Commission – órgão regulador da área de
telecomunicações e radiodifusão dos Estados Unidos. FDMA Frequency Division Multiple Access – método de acesso a canal
amplamente utilizado por tecnologias de comunicação analógicas. Consiste em dividir as informações dos usuários em banda de frequência distintas.
FM Frequency Modulation – Modulação em Frequência. GERAN GSM EDGE Radio Access Network GGSN Gateway GPRS Support Node – Gateway de Suporte GPRS. GMSC Gateway MSC. GPRS General Packet Radio Service – Serviço de Rádio de Pacote Geral. GSM Global System for Mobile communications – Sistema Global para
Comunicações Móveis. Sigla originada de Groupe Spécial Mobile. Padrão de rede celular mais popular em todo o mundo.
HLR Home Location Register – Registro de Localização de Usuário Local. HSDPA High-Speed Downlink Packet Access – protocolo da família HSPA
(High-Speed Packet Access) incorporado às redes UMTS para proporcionar aumento das taxas de transmissão de dados de downlink.
HS-DSCH High Speed Downlink Shared Channel – Canal de Donwlink Compartilhado para Alta Velocidade.
IMS IP Multimedia Subsystem. IMT-2000 International Mobile Telecommunications-2000 – mais conhecido
como 3G (terceira geração), representa uma família de padrões definidos pelo ITU para comunicações móveis. Inclui GSM EDGE, UMTS, CDMA2000, DECT e WiMAX.
IMTS Improved Mobile Telephone System - geração pré-celular constituída de sistema rádio VHF/UHF interligado às PSTN.
ISDN Integrated Services Digital Network – Rede de Serviços Digitais Integrados.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (continuação)
ITU International Telecomunication Union – União Internacional de Telecomunicações.
MAC Media Access Control – subcamada de controle de acesso ao meio. MAC-HS Media Access Control for High Speed data– subcamada de controle
de acesso ao meio para dados em alta velocidade. ME Mobile Equipment – Equipamento Móvel. MGW Media Gateway – Gateway de Mídia. MS Mobile Station – Estação Móvel. MSC Mobile Switching Center – Centro de Comutação Móvel. MT Móbile Terminal – Terminal Móvel. NMC Network Management Center – Centro de Gerência de Rede. NMT Nordic Mobile Telephone – primeiro sistema de telefonia celular
totalmente automático. NSS Network Switch Subsystem – Subsistema de Comutação da Rede OMC Operation and Maintenance Center – Centro de Operação e
Manutenção. OVSF Orthogonal Variable Spreading Factor – Fator de Espalhamento
Ortogonal Variável. PCH Paging Channel PDP Packet Data Protocol – Protocolo utilizado na transferência de dados
em redes móveis celulares. PDN Packet Data Network – Rede de Pacotes de Dados. PS Packet Switched – Comutação de Pacotes. PSPDN Packet Switched Public Data Network – Rede Pública de Dados
Comutados por Pacotes. PSTN Public Switched Telephone Network – Rede de Telefonia Fixa
Comutada. PTT Push-to-Talk – comunicação realizada em um sentido por vez. QAM Quadrature Amplitude Modulation – esquema de modulação utilizado
na transmissão de sinais em alta velocidade das redes sem fio. QPSK Quadrature Phase Shift Keying – esquema de modulação utilizado na
transmissão de sinais em redes sem fio. RACH Random Access Channel – Canal de Acesso Aleatório. RAN Radio Access Network – Rede de Acesso por Rádio. RNC Radio Network Controller – Controladora da Rede de Rádio. RNS Radio Network System – Sistema de Redes de Rádio. RX Recepção ou receptor (de sinais). SCF Service Control Functionality – Funcionalidade de Controle de
Serviço. SCP Service Control Point – Ponto de Controle de Serviço. SGSN Serving GPRS Support Node – Nó de Suporte aos Serviços GPRS. SIM Subscriber Identity Module – Module de Identidade do Assinante. SIR Signal-to-Interference Rate - Relação Sinal/Interferência. SMS-GMSC Short Message Service GMSC – Serviço de Mensagem Curta por
GMSC. SMS-IWMSC Short Message Service Interworking MSC – Serviço de Mensagem
Curta por Inter-funcionalidade MSC.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (continuação)
SNR Signal Noise Rate – Relação Sinal-Ruído. TDMA Time Division Multiple Access – Acesso Múltiplo por Divisão de
Tempo. Técnica que consiste na alocação de até seis fontes de informação distintas no mesmo canal através de sua ocupação durante curtos períodos.
TFCI Transport Format Combination Indicator. sequência de bits de comando contida no DPCCH.
TPC Transmit Power Control – sequência de bits de comando contida no DPCCH.
TTI Transmission Time Interval – Intervalo de Tempo de Transmissão. TX Transmissão ou transmissor (de sinais). UE User Equipment – Equipamento do Usuário. UMTS Universal Mobile Telecommunications System – um dos padrões de
telecomunicações móveis de terceira geração (3G) existentes hoje no mercado.
USIM UMTS Subscriber Identity Module. UTRAN UMTS RAN. VLR Visitor Location Register – Registro de Localização de Usuário
Visitante. WCDMA Wideband Code Division Multiple Access – método de acesso a canal
utilizado em redes 3G padronizadas pelo 3GPP. WiMAX Worldwide Interoperability for Microwave Access – tecnologia de
telecomunicações que permite transmissão de dados sem fio em alta velocidade, utilizando diferentes modos de transmissão; de links ponto-multiponto para acesso internet portável ou móvel.
WRC World Radiocommunication Conference – grupo organizado pelo ITU para revisar e, se necessário, editar as regulamentações dos sistemas via rádio incluídos nos tratados governamentais de uso do espectro de rádio frequência, dos satélites geo estacionários e não estacionários.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................14
1.1 HISTÓRICO DAS COMUNICAÇÕES SEM FIO .........................................14
2 MOTIVAÇÃO .....................................................................................................17
3 OBJETIVOS.......................................................................................................18
4 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................19
5 EVOLUÇÃO.......................................................................................................21
6 REDES GSM – 2,5 G.........................................................................................23
6.1 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ...........................................................24
6.2 TOPOLOGIA...............................................................................................26
7 CONVERGÊNCIA..............................................................................................28
7.1 ARQUITETURA EM CAMADAS .................................................................29
7.2 INTEGRAÇÃO DE SERVIÇOS...................................................................30
8 TECNOLOGIA 3G .............................................................................................31
8.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................31
8.2 UMTS..........................................................................................................31
8.3 CENÁRIO....................................................................................................32
8.4 MODELO DE REFERÊNCIA 3GPP............................................................32
8.5 WCDMA......................................................................................................33
8.6 COMPONENTES DA REDE WCDMA ........................................................36
8.6.1 Rede WCDMA de Acesso por Rádio ................................................36
8.6.2 Core Network WCDMA/GSM .............................................................37
8.6.3 Estação Móvel e Cartão SIM .............................................................40
9 A REDE DE RÁDIOS.........................................................................................42
9.1 ESPECTRO DE FREQUÊNCIA..................................................................42
9.2 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO WCDMA.............................................42
9.3 RESUMO DAS TECNOLOGIAS DE ACESSOS MÚLTIPLOS....................43
9.3.1 Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência (FDMA) ......................43
9.3.2 Acesso Múltiplo por Divisão do Tempo (TDMA) .............................44
9.3.3 Acesso Múltiplo por Divisão de Código (CDMA) ............................45
9.3.4 DS-CDMA............................................................................................46
9.3.5 Wideband CDMA (WCDMA)...............................................................47
9.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ESPALHAMENTO ESPECTRAL .47
9.5 PRINCÍPIOS DO ESPALHAMENTO (SPREADING) ..................................48
9.6 GRUPOS DE CÓDIGO DE ESPALHAMENTO...........................................51
9.6.1 Códigos de Canalização....................................................................51
9.6.2 Ortogonalidade e Correlação............................................................53
9.6.3 Códigos de Embaralhamento (Scrambling).....................................54
9.7 MODULAÇÃO.............................................................................................58
9.8 CANAIS DE TRANSPORTE .......................................................................59
9.8.1 Dedicated Channel (DCH)..................................................................59
9.8.2 Broadcast Channel (BCH) .................................................................59
9.8.3 Forward Access Channel (FACH).....................................................59
9.8.4 Paging Channel (PCH).......................................................................59
9.8.5 Random Access Channel (RACH) ....................................................60
9.9 CANAIS FÍSICOS .......................................................................................60
9.9.1 Dedicated Physical Data Channels uplink (DPDCH).......................60
9.9.2 Dedicated Physical Control Channel uplink (DPCCH)....................61
9.9.3 Dedicated Physical Data/Control Channel downlink .....................62
9.10 ASPECTOS DO DS-CDMA ........................................................................62
9.10.1 Controle de Potência .........................................................................63
9.10.1.1 Controle de Potência Open Loop..................................................63
9.10.1.2 Controle de Potência Inner-Loop (Rápido) ...................................64
9.10.1.3 Controle de Potência Outer-Loop (Lento).....................................65
9.10.2 Handover ............................................................................................65
9.10.2.1 Receptor RAKE ............................................................................65
9.10.2.2 Situações de Handover.................................................................67
9.10.2.3 Handover Intra-Frequência (Soft/Softer Handover) ......................67
9.10.2.4 Handover Inter-Frequência (Hard Handover) ...............................69
9.10.3 Respiração da Célula.........................................................................69
10 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO HSDPA..............................................................72
10.1 PRINCÍPIOS GERAIS.................................................................................73
10.2 AGENDAMENTO DEPENDENTE DO CANAL DE RÁDIO.........................74
10.3 ARQ HÍBRIDO COM SOFT COMBINING...................................................74
10.4 TRANSMISSÃO COMPARTILHADA NO CANAL.......................................74
10.5 TTI REDUZIDO (2 MS) ...............................................................................74
10.6 MODULAÇÃO EM ALTA ORDEM ..............................................................75
10.7 RÁPIDA ADAPTAÇÃO DE LINK.................................................................76
10.8 ALOCAÇÃO DINÂMICA DE POTÊNCIA ....................................................77
11 SERVIÇOS.....................................................................................................79
11.1 TIPOS DE APLICAÇÕES ...........................................................................79
12 METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................81
13 ASPECTOS MERCADOLÓGICOS................................................................82
14 CONCLUSÕES ..............................................................................................84
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................86
14
1 INTRODUÇÃO
As telecomunicações móveis são atualmente o setor que apresenta o maior
ritmo de crescimento e maior aceitação no segmento de tecnologia da comunicação.
A possibilidade de se efetuar e receber chamadas a partir de um terminal móvel sem
fios, qualquer que seja a localização, é uma das grandes atrações oferecidas aos
consumidores.
A oportunidade de negócio está longe de estar esgotada, pois, a partir desse
novo conceito, cada cidadão, e não cada casa, é um potencial assinante móvel,
incluindo as camadas etárias mais jovens. Não surpreende o fato de que o
crescimento do mercado das comunicações móveis supera quaisquer outros
mercados das telecomunicações. Introduziram diversos conceitos nas
telecomunicações, por exemplo, um número de telefone deixou de estar associado a
um local, como acontecia com a rede fixa antes de iniciada a portabilidade, para
estar associado a uma pessoa, qualquer que seja o local onde ela se encontre.
A telefonia celular em especial é um grande sucesso porque foi cuidadosamente
desenvolvida e testada, é economicamente viável, capaz de despertar o interesse e
criar necessidade nos consumidores, gerando contínuas inovações com produtos de
qualidade e eficiência. Conseguiu atingir as pessoas de todos os lugares do planeta,
mudando substancialmente seu cotidiano e propiciando mais qualidade, segurança e
mobilidade nas comunicações, além de agregar novos serviços e facilidade à vida do
homem moderno.
1.1 HISTÓRICO DAS COMUNICAÇÕES SEM FIO
O início da comunicação móvel acompanhou de perto a trilha aberta com a
invenção do rádio no fim do século XIX. Os relatos indicam que as primeiras
aplicações móveis por rádio foram dadas à navegação e segurança das
15
embarcações no mar. Os principais marcos no desenvolvimento das comunicações
sem fio estão resumidos na Tabela 1.1:
Tabela 1.1 – Marcos das Comunicações Sem Fio
Data Descrição 1906 Reginald Fesseden transmite voz humana sobre rádio. Até essa
época, as comunicações de rádio consistiam em transmissão de Código Morse.
1915 J. A. Fleming inventa a válvula, tornado possível a construção de rádios móveis.
1921 A polícia de Detroit utiliza a frequência de 2MHz para estabelecer a primeira comunicação móvel por rádio. O sistema funcionava em apenas um sentido, o policial precisava de telefone convencional para responder às mensagens.
1930 (década) Sistemas móveis em dois sentidos (two-way) sobre técnica de modulação AM (Amplitude Modulation) foram implantados nos EUA, levando vantagem com o desenvolvimento de novos transmissores. Utilizavam a tecnologia half-duplex or PTT (push-to-talk) para a comunicação.
1935 A invenção da modulação FM (Frequency Modulation) melhora a qualidade da transmissão de voz. A utilização da tecnologia FM resultou na diminuição do volume dos transmissores e da potência de operação do sistema.
1940 (década) A FCC (Federal Communications Commission) reconhece um serviço de comunicação identificado como DPLM (Domestic Land Public Mobile). O primeiro sistema DPLM foi estabelecido em St. Louis em 1946 e utilizou a banda de 150 MHz.
1947 D. H. Ring, trabalhando nos Laboratórios Bell visiona o conceito de telefonia celular.
1948 Shockley, Bardeen e Brittain, nos Laboratórios Bell, inventam o transistor, que possibilita a miniaturização dos equipamentos eletrônicos.
1964 AT&T apresenta o IMTS (Improved Mobile Telephone System). 1968 FCC inicia o processo de alocação de frequência para as novas
demandas de utilização do espectro nos EUA. 1969 Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia firmam acordo de formação
de um grupo para estudar e recomendar áreas de cooperação em telecomunicações, levando à padronização das telecomunicações todos os membros no NMT (Nordic Mobile Telephone).
1970 Tem início o desenvolvimento de sistemas militares baseados na tecnologia CDMA.
1973 NMT especifica funcionalidade que permite a localização de telefones móveis na rede. Essa especificação viria a ser a base para a realização de roaming1 nas redes celulares.
1 roaming - designa a habilidade de um usuário de uma rede para obter conectividade em áreas fora da localidade geográfica onde está registrado, ou seja, obtendo conectividade através de uma outra rede onde é visitante.
16
Data Descrição 1979 FCC autoriza instalação e testes do AMPS (Advanced Mobile
Phone System) com canais de 25 kHz, primeiro sistema celular em desenvolvimento nos EUA (Illinois Bell Telephone Company)
1981 Na Arábia Saudita, lançamento do primeiro sistema móvel celular baseado no padrão analógico NMT 450.
1982 É iniciado o desenvolvimento do GSM, originalmente denominado “Groupe Spécial Mobile”, formado pelo CEPT (European Conference of Postal and Telecommunications Administrations).
1987 Lançamento do primeiro sistema celular digital IS-54 e IS-136 (D-AMPS), utilizando a tecnologia TDMA como acesso.
1991 Lançamento do sistema celular GSM (Global System for Mobile communications) na Finlândia, através da operadora Radiolinja.
1992 WRC-92 (World Radiocommunication Conference) em Mobile designa as frequências para uso futuro no UMTS (Universal Mobile Telecommunications System). Os intervalos de frequências 1885 – 2025 MHz e 2110 – 2200 MHz foram adotados para utilização no IMT-2000.
1994 Início da operação comercial do padrão D-AMPS nos EUA. 1995 Em fevereiro, é criada a UMTS Task Force. Com ela, é elaborado o
relatório “A Estrada para o UMTS”. 1995 Início da operação comercial do padrão CDMA em Hong Kong e na
Coréia. 1996 Fórum UMTS é criado durante encontro inaugural em Zurich na
Suíça. Desde o evento, o padrão WCDMA Europeu ficou conhecido como UMTS.
1998 Realizada a primeira chamada WCDMA em Tóquio no Japão. 1999 ETSI finaliza a padronização das especificações referentes ao
UMTS Release 1999. 2000 Lançamento comercial da primeira rede GPRS . 2000 Coréia lança comercialmente primeira rede CDMA2000. 2001 Realizada a primeira chamada de voz WCDMA sobre uma rede em
operação comercial. 2002 Elaborado o padrão UMTS Release 5. 2002 Chamada de voz com handover bem sucedido entre redes
comerciais GSM e 3G WCDMA. 2004 Chamada de dados com handover bem sucedido entre redes
comerciais GSM/EDGE e 3G WCDMA. 2004 Elaborado o padrão UMTS Release 6. 2005 Obtida a taxa de 9Mbps com HSDPA fase sobre WCDMA. 2006 Obtida a taxa de uplink de 1,5 Mbps em rede operacional sobre
sistema WCDMA 3G.
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2 MOTIVAÇÃO
Os acessos sem fio aos sistemas de telecomunicações têm mostrado um
crescimento exponencial nos últimos anos e rapidamente caminham para
ultrapassar os acessos fixos convencionais. Interessante o fato de que em pouco
mais de 20 anos a telefonia móvel atingiu a penetração de mercado apresentada
pela utilização dos serviços de telefonia fixa convencional em cerca de 100 anos.
O telefone celular há muito deixou de ser artigo de luxo, privilégio de poucos,
inacessível e caro para muitos. A ampliação da oferta, decorrente de sua fabricação
em larga escala, transformou o celular em um produto mais barato e popular,
utilizado como um dispositivo eletroeletrônico, parte do cotidiano de qualquer
indivíduo.
Fomentada pela mobilidade, novos serviços, comodidade e essencialmente
pela Internet, que remete à necessidade de convergência das tecnologias de
telefonia móvel com as redes de comunicação de dados, a motivação para a entrada
do sistema de terceira geração (3G) é expressa através do interesse cada vez maior
dos usuários por serviços como a troca de mensagens, imagens e músicas, acesso
à rede de dados e demandas por vídeos, possibilitando assistir TV e realização de
vídeo conferências.
Vislumbrando essa possibilidade, muito antes de esgotado todo o potencial
dos outros sistemas da geração 2 e 2,5, as pesquisas em tecnologias de terceira
geração foram iniciadas com o objetivo de estabelecer um padrão mundial que
possibilitasse consolidar o roaming global e o atendimento a todas as necessidades
que os usuários sinalizavam esperar da evolução do próximo sistema móvel.
18
3 OBJETIVOS
Através da análise de um conjunto de fatores como a estrutura das redes,
tendências, objetivos de mercado, interoperabilidade e estudo das técnicas
relacionadas ao meio físico do sistema de acesso, serão discutidos os aspectos
relacionados ao estabelecimento do padrão UMTS (3G), potencialmente mais
moderno, atraente comercialmente, multi-serviços por excelência e com garantia de
qualidade de serviço, segundo as premissas adotadas na legislação brasileira
aliadas às orientações da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
19
4 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico da pesquisa está baseado no estudo de caso da
implantação, noções sistêmicas e conceitos da interface aérea aplicados à planta de
uma rede de telefonia móvel convergente WCDMA de 3a geração em que coexistem
aplicações de dados e voz, assistidas por controle de banda e garantia de qualidade.
Para a apresentação e desenvolvimento de quais as formas possíveis de se
conduzir a migração da telefonia celular atual para o sistema móvel de terceira
geração, a pesquisa está dividida na forma abaixo:
� Evolução
� Redes 2,5 G
� Características do Sistema
� Topologia
� Convergência
� Arquitetura em Camadas
� Integração de Serviços
� Tecnologia 3G
� Considerações Iniciais
� UMTS
� Cenário
� Modelo de Referência 3GPP
� WCDMA
� Componentes da Rede WCDMA
� A Rede de Rádios
� Espectro de Frequência
� Características Básicas do WCDMA
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� Resumo das Tecnologias de Acesso Múltiplo
� Vantagens e Desvantagens do Espalhamento Espectral
� Princípios do Espalhamento (Spreading)
� Grupos de Código de Espalhamento
� Modulação
� Canais de Transporte
� Canais Físicos
� Aspectos do DS-CDMA
� Princípios Básicos do HSDPA
� Princípios Gerais
� Agendamento Dependente do Canal de Rádio
� ARQ Híbrido com Soft Combining
� Transmissão Compartilhada no Canal
� TTI Reduzido
� Modulação em Alta Ordem
� Rápida Adaptação de Link
� Alocação Dinâmica de Potência
� Serviços
� Tipos de Aplicações
� Metodologia de Pesquisa
� Aspectos Mercadológicos
� Conclusões
� Referências Bibliográficas
Quadro referencial teórico estabelecido a partir da leitura de [1], [3], [4] e [5].
21
5 EVOLUÇÃO
A tecnologia das Telecomunicações Móveis não é de forma alguma advento
recente, é um conceito com cerca de 50 anos. Aparelhos montados em veículos já
existem a 40 ou 50 anos, na época, sistemas extremamente dispendiosos e,
portanto, de baixa aceitação. Foi a partir dos anos 80 que as telecomunicações
móveis começaram a crescer, com a entrada em funcionamento de diversos
sistemas baseados em tecnologias analógicas. Nos anos 90 entraram em
funcionamento as tecnologias digitais, seguido do desejo de consumo dos serviços
móveis celulares; fenômeno jamais visto no setor de comunicações [1].
A capacidade de integração em larga escala alcançada nos anos 70 e o
desenvolvimento dos microprocessadores foram a porta aberta para o crescimento
da oferta na área dos móveis. Apareceram então os sistemas de 1ª Geração, sendo
sistemas desenvolvidos dentro de limites nacionais ou de fabricantes, estando
bastante limitados em termos de crescimento. O surgimento das tecnologias
celulares foi o marco principal no panorama das comunicações móveis.
O conceito de células aparece como sendo o de áreas separadas, servidas
pelo mesmo canal de rádio. Surge da necessidade de utilização de diversos canais
de rádio, assim como da necessidade de mobilidade do móvel sem nunca perder o
sinal de rádio, tirando partido da limitada distância de propagação de ondas de alta
frequência. Em vez de aumentar a potência de transmissão, os sistemas celulares
são baseados no conceito de reutilização de frequência: a mesma frequência pode
ser reutilizada em diferentes locais, desde que estejam a uma distância mínima entre
si. Assim, quanto menor for o tamanho das células, maior será o número de canais
que podem ser utilizados simultaneamente na área constituída por diversas células.
22
Como pode ser observado na Figura 5.1, a área de cobertura das células é
didaticamente representada de forma hexagonal. A distribuição de frequências pelas
diversas células depende do tráfego, mas deve sempre considerar a possível
interferência de outra célula com a mesma frequência (interferência co-canal).
O conceito celular foi introduzido pelos Laboratórios Bell e foi motivo de estudo
em várias partes do mundo durante os anos 70.
Figura 5.1 – Topologia Celular
23
6 REDES GSM – 2,5 G
As especificações GSM não impõem requisitos em termos de hardware, mas
especificam em pormenor as funcionalidades e interfaces das diversas entidades
envolvidas no sistema. Isto permite que os fabricantes evoluam em termos de
hardware, mas, simultaneamente, permite que os utilizadores e operadores
adquiram equipamento de diferentes origens. As recomendações GSM são
constituídas por 12 séries listadas na Tabela 6.1. A norma foi registrada sob a sigla
GSM, passando a significar “Global System for Mobile communications”, com o
seguinte logotipo:
Tabela 6.1 – Recomendações GSM
Série Conteúdo 01 Generalidades 02 Aspectos do Serviço 03 Aspectos da Rede 04 Interface e protocolos MS-BSS 05 Camada física do percurso rádio 06 Especificação da codificação de voz 07 Adaptador terminal para a MS 08 Interface BSS-MSC 09 Interfuncionamento de redes 10 Interfuncionalidade de serviços 11 Especificações de equipamento e de fabrico 12 Operação e Manutenção
No fim dos anos 80, por falta de tempo devido às muitas pressões para que o
sistema começasse a ser comercializado, a comunidade GSM não conseguiu
terminar as especificações para toda a gama de serviços e potencialidades a que
tinham-se propostos. Assim nasceu a fase 1 da normalização, constituída por um
24
limitado conjunto de serviços e potencialidades. O objetivo da fase 2 era terminar
todas as potencialidades e características que tinham ficado pendentes na fase
anterior (ver Figura 6.1).
A fase 1 das especificações GSM está encerrada para quaisquer modificações
ou melhoramentos. Os resultados da primeira fase de recomendações serviram não
apenas de plataforma para continuar o desenvolvimento do GSM, mas definiram
também uma série de serviços e características do sistema. A terceira fase de
normalização, a fase 2+ pretende cobrir potencialidades relacionadas com os
assinantes, tais como múltiplos números atribuídos ao mesmo assinante, bem como
potencialidades ao nível dos negócios.
Figura 6.1 – Fases das Especificações GSM
6.1 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA
A opção por determinadas características do sistema GSM nem sempre foi
fácil, necessitando-se avaliar diferentes escolhas e analisar as vantagens e
desvantagens de cada opção. Depois de ficar decidido a opção por uma transmissão
digital, era necessário decidir também o tipo de acesso de rádio e a largura de
banda.
O sistema GSM utiliza como tipo de acesso o TDMA – Time Division Multiple
Access, no qual cada portadora é dividida em oito janelas temporais. A estação
móvel recebe e envia na mesma janela temporal, o que significa que cada portadora
25
suporta oito conversas em simultâneo. As características do sistema podem ser
visualizadas na Tabela 6-2.
Tabela 6-2 – Atributos do sistema GSM 900 / DCS 1800
ATRIBUTO GSM 900 DCS 1800
Norma ETSI GSM serie 01 a 12
Frequências utilizadas (MHz) 890 – 915 935 – 960
1710 – 1785 1805 – 1880
Faixa de frequências disponível (MHz) 25 + 25 75 + 75
Modo de acesso TDMA / FDMA
Espaçamento dos canais de rádio (kHz) 200
Separação entre canais de radio de cada sentido (MHz)
45 95
Número de canais de rádio por sentido 124 374
Número de canais de voz por canal de rádio 8 – taxa total de banda 16 – taxa parcial de banda
Tipo de transmissão Digital Taxa do canal de rádio (kbps) 270
Tipo de codificação RPE-LTP Modulação GMSK
Proteção de canal C/I (dB) 9 Proteção do canal adjacente (dB) 60
Roaming Sim Handover Sim
Potência máxima do móvel (W) 8 (+39 dBm) 4 Sensibilidade de recepção do móvel (dBm) -102 -100
Raio máximo de células (Km) 30 8 Taxa útil máxima por canal do voz (bits/s) 9600
Salto de frequência Sim Cartão de assinante Sim
Autenticação Sim Codificação na interface de rádio Sim
Duração da trama (ms) 4,615 Tráfego ≤1 000 erl/km2
26
6.2 TOPOLOGIA
Figura 6.2 – Topologia GSM
A rede móvel GSM é divida em dois subsistemas que compreendem elementos
individuais que, por sua vez, são representados por unidades funcionais. Os
subsistemas são:
• Network Switch Subsystem (NSS) – subsistema de comutação da rede. • Base Station Subsystem (BSS) – subsistema de estação base.
O subsistema de comutação da rede é responsável pelo processamento das
chamadas e outras funções relacionadas ao usuário. As unidades funcionais que
formam o NSS são:
• MSC – Mobile Switching Center (Centro de Comutação Móvel). • HLR – Home Location Register (Registro de Localização de Usuário Local). • VLR – Visitor Location Register (Registro de Localização de Usuário
Visitante). • AUC – Authentication Center (Centro de Autenticação). • EIR – Equipment Identity Register (Registro de Identificação de Equipamento).
27
O subsistema de estação base trata das funções relativas ao sistema de rádio
e é formado por:
• BSC – Base Station Controler (Controladora de Estação Base). • BTS – Base Transceiver Station (Estação Base Transmissora).
Assim como em todos os demais sistemas de telecomunicações, é necessária
a instalação de centros informatizados através dos quais a rede GSM é operada,
mantida e gerida remotamente. Esse ambiente é chamado de Centro de Gerência de
Rede (NMC, Network Management Center) ou Centro de Operação e Manutenção
(OMC, Operation and Maintenance Center). O OMC é implementado de maneira a
acessar ambos os subsistemas (NSS e BSS) e abrange várias funções, dentre elas,
monitoração do tráfego e de alarmes da rede.
MS representa o equipamento do cliente (Mobile Subscriber). Não pertence a
quaisquer subsistemas.
A Figura 6.2 mostra a topologia de uma rede GSM destacando os subsistemas
NSS e BSS, bem como os elementos de redes que os formam.
28
7 CONVERGÊNCIA
WCDMA (Wideband Code Division Multiple Access) é um sistema de
comunicações móvel de terceira geração. É um sistema sem fio onde comunicação
de voz, dados e multimídia convergem através de uma arquitetura baseada em
camadas.
A convergência pode ser analisada sob três perspectivas: convergência de
serviços de usuário, convergência de equipamento e convergência de rede.
Convergência de Serviços de Usuário: representa a existência de serviços
semelhantes na concepção, desenvolvidos com o objetivo de serem disponibilizados
ao mesmo usuário por meio de diferentes redes de acesso e diferentes
equipamentos. São categorias de serviços convergentes C2C (customer to
customer), B2C (business to customer) e C2B (customer to business)
Convergência de Equipamento: representa a diversidade de modos de
acesso suportados por uma única estação de usuário. Permite o uso de múltiplas
aplicações, através da reutilização das mesmas funções de identificação e
autenticação. Além disso, a cada dia a estação móvel recebe implementações
adicionais ao serviço de telefonia, por exemplo: câmera, TV/vídeo e e-mail.
Convergência de Rede: representa a consolidação das redes de trabalho com
o objetivo de prover serviços diversificados ao usuário, considerando a
implementação de graduação da qualidade de serviço aos variados modos de
acesso existentes, enfatizando a melhor relação custo-benefício da operadora de
telefonia. Para idealização do modelo de convergência, foi desenvolvida uma rede
sobre arquitetura estratificada ou em camadas.
29
7.1 ARQUITETURA EM CAMADAS
Figura 7.1 – Componentes da Arquitetura em Camadas
A arquitetura das redes de telecomunicações, sejam as sem fio (móveis) ou as
cabeadas (fixas), sofreram mudanças expressivas. Atualmente, as redes são
divididas em diversas camadas horizontais relativamente independentes umas das
outras, retratando uma arquitetura flexível e compatível com os avanços
tecnológicos do futuro (future-proof). O objetivo do conceito de redes estratificadas é
possuir camadas de conectividade, controle e aplicação com funções claramente
definidas, conforme a Figura 7.1.
Camada de Aplicação: responsável pela entrega de serviços e conteúdo aos
usuários através das aplicações desenvolvidas, independente do equipamento ou
método pelo qual o cliente acessa a rede.
Camada de Controle: responsável pelas funções de sessão e controle de
chamada. Contém os nós de controle e direcionamento do tráfego de voz e dados.
30
Camada de Conectividade: consiste na concentração dos nós de transporte,
responsáveis pela conexão física das várias redes de acesso.
A Rede de Acesso é formada por estações rádio base e controladores
relacionados às redes móveis (GSM, UMTS, CDMA ou por acessos fixos), transporte
e rede de conectividade, que são capazes de gerir diferentes tipos de tráfego, sejam
informações de Comutação de Circuitos (CS – Circuit Switched) ou Comutação de
Pacotes (PS – Packet Switched). Para o WCDMA, a Rede de Acesso é realizada
através da Rede de Acesso WCDMA.
7.2 INTEGRAÇÃO DE SERVIÇOS
A Figura 7.1 ilustra ainda a forma como a malha WCDMA pode ser considerada
uma “rede” de redes multi-serviços, capaz de fornecer os tradicionais serviços de
telecomunicações e, sobre a mesma plataforma, os novos serviços baseados na
Internet, com suporte a altas taxas de transferência de informações. O WCDMA
também absorve o crescente número de interconexões entre as várias redes,
comutação de circuitos e comutação de pacotes, banda estreita e banda larga, voz e
dados, fixa e móvel.
O suporte WCDMA para altas taxas de transferência de dados agrega largura
de banda superior ao usuário, quando comparado aos sistemas móveis 2G e 2,5G.
O aumento da largura de banda permite acesso Internet/Intranet em alta velocidade
e suporte a aplicações avançadas de multimídia.
31
8 TECNOLOGIA 3G
8.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na visão da terceira geração de sistemas celulares, existem dois caminhos
distintos para a evolução das atuais redes: uma em direção ao UMTS e outra em
direção ao CDMA2000. O primeiro caminho é a evolução natural do GSM e uma
opção viável para o padrão TDMA. O segundo caminho é a evolução natural do
padrão CDMAOne (IS-95) e uma possível opção para sistemas TDMA. Ainda que
redes TDMA possam ser migradas para CDMA2000, dependendo dos interesses e
do contexto de suas operadoras em determinados mercados, a opção pelo caminho
rumo ao UMTS oferece mais vantagens em virtude da presença maciça de
operadoras GSM no mundo, possibilitando contratos de roaming global para
quaisquer novas participantes.
8.2 UMTS
Como último degrau na evolução do GSM em direção à terceira geração, o
UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) é um padrão que preenche
diversas lacunas no desempenho de GERAN2 através da implementação de uma
outra arquitetura de rede baseada em uma nova técnica de acesso: o WCDMA
(Wideband Code Division Multiple Access).
Com a utilização do WCDMA, a rede UMTS pode atingir taxas máximas de
2Mbps além de permitir futuras expansões que aumentam as taxas de dados em
downlink3, como o HSDPA (High Speed Downlink Packet Access).
Contudo, o maior trunfo do UMTS é certamente a capacidade de integração
multi-rádio, que permite submeter ambas as redes GERAN (EDGE) e UTRAN4
2 GERAN – abreviatura de GSM/EDGE Radio Access Network, ou seja, refere-se à rede de acesso de rádio do sistema GSM/EDGE. 3 downlink – designação da transmissão estabelecida no sentido da estação base para a estação móvel. O sentido contrário é chamado do uplink.
32
(WCDMA) sob o controle de um mesmo core network, possibilitando cobertura
transparente para usuários com terminais multi-modo5. Esta vantagem resulta em
garantias mais sólidas de prover QoS com base no acréscimo (indireto) de
throughput6 que se obtém com a operação comum e equilibrada destas redes.
8.3 CENÁRIO
GSM é o padrão de comunicações celulares de segunda geração mais utilizado
no mundo. De todos os sistemas móveis digitais desenvolvidos até hoje, ele é o
único presente em todas as regiões do globo, tendo sido originalmente desenvolvido
e implantado na Europa e posteriormente adotado por algumas operadoras nas
Américas, Ásia, Oceania e África. É em virtude desta ampla presença que o sistema
possui um importante diferencial em relação às demais tecnologias: a possibilidade
de cobertura celular sob um mesmo padrão em nível mundial (roaming).
Tal vantagem conta com o reforço de um importante atributo na concepção do
sistema: a compatibilidade. O sistema GSM não identifica seus assinantes através
de seus terminais móveis, mas por meio de um pequeno cartão denominado SIM
(Subscriber Identification Module), inserido dentro dos aparelhos de seus
proprietários. É o SIM que contém as informações relativas ao assinante GSM,
podendo ser destacado e inserido em outros aparelhos conforme ele transita por
outras regiões do mundo cuja operação em rádio-frequência seja distinta de sua
região original.
8.4 MODELO DE REFERÊNCIA 3GPP
A tecnologia WCDMA aplicada às redes 3G foi padronizada pelo 3GPP (Third
Generation Partnership Project)
4 UTRAN – abreviatura de UMTS Terrestrial Radio Access Network. UTRAN traduz a rede de acesso de rádio do sistema UMTS. 5 multi-modo – designação dada às estações móveis capazes de operar em duas ou mais redes distintas. Por exemplo, terminais que funcionam na rede GSM/EDGE e na rede WCDMA. 6 throughput – taxa (efetiva) de transferência de bits.
33
Baseado no modelo de referência de rede elaborado pelo 3GPP, a rede
WCDMA consiste de quatro componentes principais:
• UE – User Equipment (Equipamento do usuário)
• AN – Access Network (Rede de Acesso).
• CN – Core Network (Núcleo da Rede).
• Redes Externas ao WCDMA.
O modelo de referência 3GPP definido para a rede WCDMA é mostrado na
Figura 8.1
Figura 8.1 – Modelo de Referência 3GPP
8.5 WCDMA
WCDMA é uma técnica de múltiplo acesso baseado no DS-CDMA (Direct
Sequence – CDMA), onde bits de informação do usuário são espalhados sobre um
espectro muito mais largo do que a banda do sinal de informação. O espalhamento
espectral se dá por meio de uma multiplicação da sequência de dados do usuário
por um código pseudo-aleatório cuja taxa de chip (unidade com duração menor que
um bit de dados) é de 3,84 Mc/s sobre um espectro de 5 MHz. São estes códigos
espalhadores que diferenciam um usuário do outro, dado que em um sistema CDMA
34
todos os usuários operam simultaneamente numa mesma frequência de portadora.
Para extrair um determinado usuário do espectro compartilhado, uma multiplicação
deste mesmo espectro pela sequência espalhadora recupera o aspecto do sinal
original (banda estreita) enquanto que a operação do resto dos usuários,
comparativamente, se assemelha a ação de um ruído branco, podendo ser
facilmente filtrado. O nome Wideband CDMA foi designado a este sistema no intuito
de diferenciá-lo do padrão 2G já existente, denominado IS-95 (CdmaOne), também
baseado em espalhamento espectral, porém atuando com uma taxa de chip de
1,288 Mcps.
A vasta largura de banda do WCDMA permite alcançar altas taxas de dados de
usuário além de conferir alguns benefícios ao sistema, como uma maior diversidade
de multipercurso. Para uma operadora, o espaçamento real de portadora a ser
usado pode variar em unidades de 200 kHz numa faixa que vai aproximadamente de
4,4 MHz até 5 MHz, dependendo do arranjo do espectro e das características de
interferência do ambiente de rádio.
É possível também suportar grandes variações de taxas de dados com a
utilização do conceito de largura de banda sob demanda (BoD – Bandwidth on
Demand), através de um gerenciamento de recursos de rádio (RRM – Radio
Resource Management) pela rede, permitindo uma rápida alocação de recursos de
capacidade de rádio. Um quadro com duração de 10 ms é reservado a cada usuário
para manter sua taxa de dados constante, porém, esta taxa de dados pode variar de
quadro para quadro e de usuário para usuário. Este recurso permite que ótimos
throughputs sejam alcançados para serviços comutados a pacotes, ao mesmo
tempo em que uma qualidade suficiente é mantida para os serviços comutados a
circuitos.
35
A Figura 8.2 ilustra os dois modos de operação possíveis para o WCDMA:
duplexação por divisão da frequência (FDD) e duplexação por divisão do tempo
(TDD). No modo FDD dois espectros distintos de 5 MHz cada são separados por um
espaçamento duplex, sendo cada uma destas bandas reservada para downlink e
uplink. No modo TDD uma mesma portadora de 5 MHz é usada para downlink e
uplink segundo um compartilhamento no tempo. O modo TDD foi introduzido no
conceito WCDMA com o objetivo de impulsionar a adoção do WCDMA em um nível
mais genérico, no sentido de contornar as situações de espectro limitado dentro das
faixas definidas pelo ITU para o IMT-2000. Mesmo assim, a utilização do modo TDD
não está prevista dentro das primeiras fases de implantação de redes WCDMA.
Figura 8.2 - Operação WCDMA em modos FDD e TDD
Como ponto alto desta tecnologia, a estandardização do WCDMA prevê
integração com sistemas GSM, garantindo o suporte de handovers7 entre sistemas
WCDMA e GSM por um mesmo terminal móvel multi-modo. Tal integração implica
na vantagem de que, sendo os terminais multi-modo capazes de aferir medições em
uma rede enquanto conectadas na de outro sistema, redes utilizando ambos os
sistemas GSM e WCDMA podem compartilhar seus recursos equilibrando a carga
operacional entre os dois sistemas de acordo com certos critérios de desempenho
7 handover - termo utilizado na telefonia móvel para designar que o assinante com uma chamada em curso fez a transição de uma célula para outra, mantendo ininterrupta a conversação.
36
em diferentes condições de rádio. Assim, uma dada aplicação rodando em um
terminal móvel pode “trocar” de rede de acordo com a disponibilidade maior de
recursos ou pela ausência de cobertura de um dos sistemas em uma determinada
localidade. Com exceção do mercado japonês, cuja migração do sistema PDC para
o WCDMA não passou por uma fase intermediária GSM, todos os terminais multi-
modo estarão aptos a operar tanto em ambiente WCDMA quanto em GSM segundo
o padrão UMTS [5]. A Tabela 8.1 enumera as principais características técnicas do
sistema WCDMA.
Tabela 8.1 - Principais parâmetros do WCDMA
WCDMA
Método de múltiplo acesso DS-CDMA
Método de duplexação FDD / TDD
Sincronização da estação base Operação assíncrona
Espaçamento da portadora 5 MHz
Taxa de chips 3,84 Mc/s
Tamanho do quadro 10 ms
Controle de potência ±1dB @ 1500 Hz (downlink e
uplink)
Multiplexação de serviços Múltiplos serviços com
diferentes requisitos de QoS
multiplexados em uma conexão
Conceito de multi-taxa Fator de espalhamento variável
e multi-código
Deteção Coerente usando símbolos-
piloto ou piloto comum
Deteção multi-usuário, antenas
adaptativas (smart antennas)
Suportado pelo padrão,
opcional na implementação
8.6 COMPONENTES DA REDE WCDMA
A presente sessão está fundamenta na Figura 8.3 e descreve os componentes
da rede WCDMA.
8.6.1 Rede WCDMA de Acesso por Rádio
1. Estação Rádio Base (RBS – Radio Base Station)
37
Chamada de Node-B no modelo de referência 3GPP, a estação rádio
base é responsável pelos recursos físicos de rádio e converte o fluxo de
informações entre as interfaces Iub e Uu.
2. Controladora de Rede de Rádio (RNC – Radio Network Controller)
A RNC controla a Node-B e os recursos de rádio. A RNC é o ponto de
acesso a todos os serviços de WCDMA RAN e o elemento de interface
com o Core Network.
8.6.2 Core Network WCDMA/GSM
A arquitetura do Core WCDMA é baseada na mesma topologia desenvolvida
para a rede GSM, consistindo dos seguintes nós:
1. MSC Server (Softswitch)
A MSC Server opera com as funções relacionadas ao modo de
comutação de circuito (CS) da Camada de Controle quando tais
serviços são providos em um ambiente de Arquitetura em Camadas (ou
Estratificada); como por exemplo, serviços de gerência de mobilidade e
gerência de conectividade. A MSC Server trabalha em conjunto com a
M-MGW (Mobile Midia Gateway).
2. MSC/VLR
A MSC/VLR opera com as funções relacionadas ao modo de comutação
de circuito (CS) dentro de uma arquitetura de rede não estratificada
(monolítica). Serviços de gerência de mobilidade e gerência de
conectividade são de responsabilidade da MSC/VLR.
3. Gateway MSC Server (GMSC Server)
Sua principal função é o roteamento de chamadas para os assinantes
móveis, mediante consulta dos respectivos HLRs.
38
Figura 8.3 - Topologia WCDMA
4. Mobile Media Gateway (M-MGW)
O M-MGW tem a função de conectar as Redes Móveis de Acesso
(GERAN e ULTRAN) às Redes Externas (PSTN, ISDN, etc.). O M-MGW
trabalha em conjunto com a MSC Server (Softswitch).
5. Serving GPRS Support Node (SGSN)
O SGSN atua nas comunicações de dados (PS) fornecendo gerência de
mobilidade e sessão. Paging (sinal de localização de assinante), attach
(registro do assinante), detach (desconexão do assinante), operações
de contexto PDP (Packet Data Protocol)8, atualização de área de
8 contexto PDP – estabelecimento de comunicação entre SGSN e GGSN sob o Protoco de Pacote de Dados (PDP).
39
roteamento intra e inter SGSN são algumas das funções
desempenhadas pelo SGSN.
6. Gateway GPRS Support Node (GGSN)
O GGSN tem a função de interface entre o core da rede de dados móvel
e as demais redes de pacotes de dados, como Internet, intranet
corporativa e redes de dados privativas.
7. Home Location Register (HLR)
Consiste na base primária de dados de informações de assinantes e
proporciona controle e inteligência no âmbito das redes móveis.
O HLR controla os perfis dos assinantes móveis, sua localização e o
status de atividade desses usuários.
8. Authentication Center (AUC)
Servidor que contém as funções de armazenamento seguro da
identificação individual dos assinantes e das chaves de segurança. O
AUC também opera os algoritmos necessários à geração das chaves de
autenticação e cifragem distribuídas aos assinantes. As chaves geradas
pelo AUC serão utilizadas por diferentes elementos da rede visando
proteger a rede, usuários e operadora contra o uso não autorizado dos
recursos do sistema.
9. Equipment Identity Register (EIR)
Banco de dados cuja função é validação da identidade do equipamento
móvel do assinante. A MSC pode solicitar ao EIR que confirme se o
equipamento do usuário foi roubado/está indisponível para uso (black
list ou lista negra), se possui o status de tipo não aprovado (lista cinza),
40
se está registrado normalmente (lista branca), ou se o status é
desconhecido.
10. IP Multimedia Subsystem (IMS)
O IMS é o novo padrão para serviços de multimídia IP e aplicações de
“próxima geração”, como vídeo conferência e jogos multiplayers. A
plataforma também especifica os padrões de interoperabilidade e
roaming, controle de bearer9, tarifação e segurança para os serviços
multimídia. O acesso ao IMS é realizado tanto por serviços baseados
em CS (circuit switched) quanto PS (packet switched).
8.6.3 Estação Móvel e Cartão SIM
A MS (Mobile Station), ou estação móvel, representa o equipamento terminal
de comunicação de voz e dados do usuário. Existem dois tipos de identidades que
são associadas à estação móvel. A primeira delas é o IMEI (International Mobile
Equipment Identity) que identifica um número de série único do aparelho para
autenticação da rede com base no EIR. A segunda é o IMSI (International Mobile
Subscriber Identity) que identifica o assinante proprietário do aparelho. O IMEI fica
registrado no próprio aparelho enquanto o IMSI é armazenado no cartão SIM
(Subscriber Identity Module) destacável, que fica inserido na estação móvel. O
aparelho faz uso deste SIM para validar as informações referentes à identidade do
assinante no sistema e registrar outras informações úteis como agenda pessoal de
telefones, configurável pelo próprio usuário. Sem este SIM, o terminal móvel é
incapaz de utilizar quaisquer serviços oferecidos pela rede, excetuando-se
chamadas de emergência (dependendo da legislação de cada país).
9 bearer – no contexto da dissertação, é um termo que expressa os serviços de entrega de informações dentro de um sistema de telecomunicações.
41
Uma importante funcionalidade do cartão SIM é a possibilidade de utilização de
códigos de segurança contra uso indevido e roubos. O SIM possui dois tipos de
código de segurança que podem ser usados pelo usuário: o PIN (Personal Identity
Number) e o PUK (Personal Unblocking Key). O PIN é um código numérico
configurável pelo usuário, sem o qual o aparelho não pode ser usado, caso esta
funcionalidade esteja ativada. Assim, se o PIN for digitado incorretamente em até
três vezes consecutivas, o SIM fica temporariamente bloqueado e só poderá ser
destravado introduzindo-se o PUK. Consequentemente, caso o PUK seja também
digitado incorretamente em até dez vezes consecutivas, o SIM torna-se inutilizável,
sendo necessária sua substituição.
42
9 A REDE DE RÁDIOS
O objetivo deste capítulo é prover uma visão geral a respeito da Rede de
Acesso de Rádio de 3ª Geração e padronização WCDMA.
9.1 ESPECTRO DE FREQUÊNCIA
Os intervalos de frequência escolhidos pelo ETSI para utilização nos sistemas
WCDMA são:
• 1920 – 1980 MHz para Uplink
• 2110 – 2170 MHz para Downlink
9.2 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO WCDMA
Para atender aos requisitos de suporte flexível e eficiente aos serviços
WCDMA, a rede de acesso por rádio deve apresentar certo número de
características básicas, que são listadas a seguir:
• Suporte à transmissão em alta taxa de dados: mínimo de 384 kbps em
grandes áreas descobertas; capacidade mínima de 2Mbps em locais de cobertura
confinada. Característica que precisa estar adequada em uma largura de banda total
de 5MHZ.
• Alta flexibilidade de controle e gerência de serviços, isto é, compatível
com múltiplas mídias e aplicações (beares) e taxas variáveis de dados em cada
conexão.
• Controle de potência eficiente. Propriedade capaz de reduzir
significativamente a interferência na rede (aumento de capacidade) e
simultaneamente otimiza a potência despendida para transmitir (eleva o tempo útil
de utilização da bateria do equipamento móvel).
• Acesso rápido e eficiente à rede de pacotes.
43
• Suporte às constantes evoluções de capacidade/cobertura demandada
pela tecnologia. O sistema possui robustez para funcionamento com antenas
adaptativas, estruturas avançadas de receptores e diversos tipos de transmissores.
• Compatibilidade com handover inter-frequência (para funcionamento
com estrutura de hierarquia de células, por exemplo) e com handover para outros
sistemas, incluindo o GSM.
• Transmissão full-duplex. Modo de transmissão que implica na
transmissão e recepção simultâneas de informações é utilizado nos sistemas de
telefonia móvel. Por isso apenas atrasos insignificantes (imperceptíveis ao usuário)
são aceitos na rede
9.3 RESUMO DAS TECNOLOGIAS DE ACESSOS MÚLTIPLOS
Em sistemas de comunicações móveis modernos são imprescindíveis a
coordenação de acessos múltiplos e simultâneos às bandas de frequência e
tecnologias de acesso de rádio existentes.
• FDMA (Frequency Division Multiple Access) – os usuários são
separados por frequência.
• TDMA (Time Division Multiple Access) – os usuários são separados
pelo tempo.
• CDMA (Code Division Multiple Access) – os usuários são separados
por códigos.
9.3.1 Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência (FDMA)
A Figura 9.1 ilustra o método comumente utilizado nos sistemas móveis de
primeira geração, chamados então de analógicos. O espectro disponível no FDMA é
divido em canais físicos de mesma largura de banda, onde cada qual é alocado para
um assinante. O canal físico designado ao usuário é utilizado durante todo o tempo
44
da chamada, portanto indisponível para outros assinantes durante esse período. O
canal é liberado ao término da conversa, quando então é permitida sua utilização
pelo próximo assinante.
Em resumo, em FDMA, um canal de banda estreita é ocupado durante
transmissão e recepção contínuas, há ortogonalidade10 de frequência dentro da
célula e não é necessária qualquer sincronização no domínio do tempo.
Figura 9.1 – Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência
9.3.2 Acesso Múltiplo por Divisão do Tempo (TDMA)
Técnica em que a frequência é divida em unidades de tempo, chamadas time
slots (TS). Para cada assinante requisitando recursos do sistema é alocado um time
slot, que transmite e recebe seus dados. O TDMA é usado em vários sistemas de
segunda geração como GSM e D-AMPS.
Após fornecido um TS para o assinante, somente aquele poderá ser utilizado
durante o tempo designado e o assinante tem acesso cíclico ao recurso. Conforme
mostrado na Figura 9.2, a informação do usuário é dividida e transmitida bit a bit via
time slot associado. Um TS típico é da ordem de centena de microssegundos, por
isso TDMA necessita de sincronismo acurado na transmissão de burst11 para que
10 ortogonalidade – derivado de (frequências) ortogonais. Diz-se de duas frequências que, seja por separação espectral, seja por tratamento através de modelo matemático, não causam interferência recíproca. 11 burst – parte da informação ou toda ela transmitida em forma rajadas de bits.
45
não haja sobreposição de time slots adjacentes. O atraso causado pela transmissão
de bursts é um grande obstáculo em sistemas que apresentam células muito
extensas; é necessário sincronismo muito preciso entre o equipamento do usuário e
a estação rádio base. Informação de “Timing Advance12” e “Guard Periods13” entre TS
adjacentes evitam interferência e sobreposição das informações.
Figura 9.2 – Acesso Múltiplo por Divisão do Tempo
TDMA conta com sincronização, aumento de largura de banda e pico de
potência, transmissão e recepção descontínuas e ortogonalidade no domínio do
tempo.
9.3.3 Acesso Múltiplo por Divisão de Código (CDMA)
CDMA é uma técnica digital de compartilhamento do espectro de frequências.
Sua tecnologia de espalhamento14 espectral emprega códigos para separar os
usuários na mesma frequência. A primeira e mais amplamente difundida
12 Timing Advance – uma das várias grandezas criadas para a telefonia móvel buscando-se prover robustez e confiabilidade ao sistema. TA corresponde ao tempo que o sinal leva para percorrer desde o equipamento móvel até a estação base. Uma vez que há grande variação entre a distância dos vários usuários e a estação base, é através desse contador que o sistema consegue obter o sincronismo preciso, enviando comandos periódicos para que determinados equipamentos de usuários transmitam bit de enchimento dentro de sua informação. 13 Guard Periods ou guard intervals – são intervalos utilizados nos sistemas de telecomunicações, cuja função é certificar de que transmissões de informações distintas não causem mútua interferência. 14 espalhamento (spreading) – significa que a informação digital é multiplicada por códigos.
46
implementação comercial desse modo de acesso foi o sistema cdmaOne baseado
no padrão IS-95.
No CDMA todos os assinantes dentro de uma célula dividem a mesma
frequência durante o período de utilização do serviço. Por isso, é necessário
distinguir cada uma das chamadas e sessões existentes na célula. Utiliza-se o Direct
Sequence Spread Spectrum (DSSS) – Espalhamento Espectral por Sequência
Direta – para realização do espalhamento espectral, e o Direct Sequence CDMA
(DS-CDMA) – CDMA por Sequência Direta – onde a informação de cada usuário é
espalhada através da banda espectral usando um único código.
A utilização desse modelo possibilita que as operadoras solucionem o
problema de demanda de capacidade em suas redes, uma vez que a técnica de
espalhamento espectral codifica e “espalha” todas as conversações ao longo de um
espectro de banda larga (1,25 MHz). Este esquema permite que um grande número
de usuários compartilhem a mesma portadora de 1,25 MHz.
9.3.4 DS-CDMA
Figura 9.3 – Direct Sequence – Code Divison Multiple Access
No Direct Sequence – CDMA, a portadora é espalhada usando-se um código
digital. Cada bit de informação é codificado com uma sequência de chips. A razão
47
entre a taxa de bits e a taxa de chips é conhecida como Spreading Factor (SF) ou
fator de espalhamento.
O receptor deve conhecer a correta sequência do código a fim de extrair a
informação exata contida no sinal transmitido dentro da banda de frequência de 1,25
MHz. A Figura 9.3 sintetiza as características relacionadas ao DS-CDMA.
9.3.5 Wideband CDMA (WCDMA)
É baseado no esquema DS-CDMA que, além dos serviços de alta taxa de
dados, através da interface de rádio WCDMA oferece melhoras significativas sobre o
padrão CDMA 2G.
Propostas do WCDMA:
• Melhora de cobertura e capacidade, graças à maior largura de banda (5
MHz).
• Compatibilidade com handover inter-frequência
• Robustez para funcionamento com antenas adaptativas e deteção de
multi-usuários.
• Protocolo de acesso a pacotes de dados mais rápidos e eficientes.
Características do WCDMA:
• Portadoras de 5 MHz de banda.
• Frequency Division Duplex (FDD).
• Taxa de chip a 3,84 Mcps15.
• Código de espalhamento variáveis.
9.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ESPALHAMENTO ESPECTRAL
Existem vantagens e desvantagens no uso da tecnologia de espalhamento
espectral no WCDMA [4].
15 Mcps (mega ciclos por segundo) – unidade de medida da taxa de chips.
48
Seguem abaixo alguns dos vários motivos que favorecem seu uso:
• Transmissões em banda larga são menos suscetíveis ao fading16 e
interferência seletiva de frequência.
• A densidade de potência do espectro é significativamente reduzida e a
transferência de informação é possível, mesmo com o sinal abaixo do
nível de ruído de fundo.
• Apresenta boa eficiência espectral devido à possibilidade do reuso das
frequências de cada portadora em cada uma das demais células
existentes.
• Não existe limite fixo da quantidade de usuários simultâneos por célula.
O principal comprometimento reside no aumento do nível de
interferência dos demais usuários, o que reduz a qualidade do serviço
prestado.
Algumas desvantagens associadas ao WCDMA são:
• Para taxas de transferência iguais, o sinal transmitido pelas estações
móveis de usuário deve ter o mesmo nível de potência na recepção da
estação base. Portanto, é necessário utilizar o controle rápido de
potência (assunto abordado no item 9.10.1).
• Quando em situação de soft handover (item 9.10.2), as estações móveis
de usuário requisitam comunicação simultânea com mais de uma célula.
9.5 PRINCÍPIOS DO ESPALHAMENTO (SPREADING)
Antes de iniciar o estudo, alguns conceitos e premissas:
• Um bit de informação é dado por “0” e “1”, quando utilizado código
binário ou por “+1” e “-1”, quando o código é bipolar.
16 fading ou desvanecimento – é o fenômeno caracterizado pela atenuação aleatória de sinais de rádio frequência.
49
• Os bits de informação do usuário são espalhados segundo uma
quantidade de chips quando “multiplicados” pelo código de
espalhamento. A taxa de chips no sistema WDCMA é um valor
constante de 3,84 Mchips/s e o sinal resultante é espalhado numa
largura de banda de aproximadamente 5 MHz.
• O Fator de Espalhamento (Spreading Factor – SF) é a relação entre a
taxa de chips e a taxa de bits de informação do assinante. Esse valor
representa o ganho de espalhamento, ou seja, a medida de quão imune
a interferências é o sinal modulado.
Figura 9.4 – Composição do Espalhamento Espectral
A Figura 9.4 sintetiza os conceitos quanto à modulação por espalhamento
espectral.
Quando a informação de vários usuários é emitida através do espaço como
sinal de rádio frequência (RF), ela pode ser transmitida em diferentes taxas,
dependendo do tipo de serviço usado pelo assinante naquele momento (voz, vídeo
conferência, internet, etc). A Figura 9.5 ilustra diferentes taxas de bits e Fatores de
Espelhamento modulados sob uma taxa constate de chips.
50
Para o envio de feixe de bits, um certo nível de potência é necessário. A
potência de transmissão de um sinal é proporcional à velocidade de transferência da
informação contida nele. Se a velocidade de transferência é alta, a potência de
transmissão torna-se alta e vice-versa. Uma vez que a taxa de chips é constante, o
fator de espalhamento é baixo quando a taxa de bits é alta. Uma das características
mais importantes do WCDMA é que a potência é o recurso físico compartilhado no
sentido de downlink.
Figura 9.5 – Taxa de bits do assinante e Fator de Espalhamento
O WCDMA é bastante flexível na administração de serviços convergentes que
demandam taxas de informações variáveis. A gerência dos recursos de rádio foi
implementada de maneira a alocar potência destinada à chamada de cada usuário e
garantir que o nível máximo de interferência não seja excedido. A tecnologia conta
ainda com a capacidade de trafegar serviços de comutação de pacotes e de
comutação de circuitos com larguras de banda variáveis ao mesmo tempo que
disponibiliza níveis especificados de qualidade ao mesmo assinante. Cada terminal
móvel WCDMA pode acessar simultaneamente múltiplos serviços, incluindo voz ou
uma combinação de serviços de dados, como fax, e-mail e vídeo.
51
9.6 GRUPOS DE CÓDIGO DE ESPALHAMENTO
WCDMA utiliza diferentes tipos de códigos, os quais podem ser divididos em
dois grupos principais:
• Códigos de Canalização (Channelization Codes)
• Códigos de Embaralhamento (Scrambling Codes)
A codificação da informação do assinante é obtida através da “multiplicação” da
informação transmitida pelos códigos de Canalização e Embaralhamento.
9.6.1 Códigos de Canalização
Os códigos de canalização, geralmente chamados códigos de Fator de
Espalhamento Ortogonal Variável (OVSF – Orthogonal Variable Spreading Factor)
são aplicados para a separação de um canal, dentre os vários contidos no link de
transmissão entre a estação base e estação móvel.
Figura 9.6 - Árvore de Códigos / Código OVSF
Os códigos possuem propriedades ortogonais visando minimizar a interferência
entre os diferentes usuários.
52
Os códigos OVSF podem ser definidos através da árvore de códigos
apresentada na Figura 9.6. A árvore é construída por meio da formação de dois
novos códigos a partir do primeiro. Um novo ramo surge da adição do código do
ramo pai com ele mesmo para formar o ramo filho superior e adição do ramo pai
com o seu inverso para formar o ramo filho inferior. Considerando a primeira divisão
na árvore da Figura 9.6, onde o código pai é (1), teremos, portanto, a formação dos
novos ramos com códigos (1,1) e (1,-1) respectivamente.
Cada nível na árvore de códigos define um código de canalização de tamanho
SF, que corresponde ao fator de espalhamento SF. Por exemplo, se o SF for 4, a
velocidade de transferência em cada ramo será de 960 kbps, desde que mantida
constante em 3,84 Mcps a velocidade de chips.
A Figura 9.7 mostra um código de espalhamento com SF de 4.
Figura 9.7 - Bits e Chips
53
9.6.2 Ortogonalidade e Correlação
Dois vetores ortogonais resultam em um vetor “0” quando são multiplicados um
pelo outro. Isso quer dizer que a informação codificada somente sofre influência do
código ortogonal correto quando a mesma é demodulada; por isso a interferência
pode ser minimizada. Os códigos de canalização preservam a ortogonalidade entre
os canais físicos dos usuários mesmo quando operam em diferentes velocidades.
Dessa forma, por um único canal pode trafegar múltiplos serviços com taxas de bits
variadas. Uma vez que esta situação requer alteração na velocidade de
transferência, a potência alocada para o canal deve estar em um nível que garanta a
qualidade de serviço para todos os instantes da comunicação.
A Figura 9.8 apresenta as propriedades dos códigos Ortogonais (Canalização).
Figura 9.8 - Códigos de Canalização e Correlação de Códigos
No cenário (a), o mesmo código ortogonal é utilizado no transmissor e no
receptor (autocorrelação), resultando na correlação máxima (100%). Por isso, a
informação obtida na recepção é a mesma que foi enviada.
54
No cenário (b) são aplicados diferentes códigos de canalização na transmissão
e na recepção (correlação cruzada). Devido às propriedades ortogonais dos códigos,
a transferência resultou na mínima correlação (0).
No cenário (c), os dados transmitidos e recebidos foram modulados com o
mesmo código ortogonal, porém deslocados no tempo. Aqui é demonstrado que os
códigos ortogonais são sensíveis quanto ao sincronismo, o resultado torna-se
imprevisível. Portanto, o uso dessa técnica exige perfeito sincronismo na aplicação
dos códigos.
9.6.3 Códigos de Embaralhamento (Scrambling)
Figura 9.9 - Códigos de Canalização e de Embaralhamento
Após os códigos de canalização, o feixe de dados é multiplicado por um código
pertencente a um grupo de códigos binários especiais visando sua distinção entre
55
diferentes fontes transmissoras; fornecendo, assim, uma identidade única ao par
estação móvel/estação base.
Esse processo é conhecido por embaralhamento (scrambling) e os códigos
envolvidos por códigos de embaralhamento ou ruído falso.
Tais códigos são construídos de forma que resultem numa baixa correlação
quando modulados por eles próprios em todos os casos em que a sincronização
entre eles é inconsistente. Quando correlacionados com ruídos falsos diferentes
também ocorre uma saída de baixa correlação. A essa propriedade é dado o nome
de boa correlação cruzada. Dessa maneira pode-se dizer que Códigos de
Embaralhamento proporcionam segregação das várias fontes de transmissão. A
única condição para se alcançar alta correlação quando da decodificação de um
sinal é pela aplicação do código de embaralhamento correto, seguido de
sincronização precisa.
A operacionalização dessa tecnologia de códigos requer uma estratégia na
aplicação de cada código, levando portanto, ao desenvolvimento da engenharia de
Planejamento de Códigos de Embaralhamento. Visto que todos os transmissores
operam na mesma frequência, não há necessidade do planejamento de frequências.
Para cada feixe de informações transmitido existe um Código de
Embaralhamento (SC) e tantos Códigos de Canalização (CC) quantos forem os
canais físicos associados.
A Figura 9.9 ilustra o funcionamento dos códigos de canalização e de
embaralhamento no envio e recebimento de informações na interface aérea da rede
de rádios WCDMA.
Na comunicação da Estação Base 1 (BS1) com os usuários 1 e 2 estão
representados:
56
1. Transmissão dos canais Piloto e Broadcast.
A portadora carrega SC1, CCp e CCb, respectivamente, o Scrambling
Code 1, que define o downlink dedicado entre a BS1 e os usuários 1 e 2;
o Código de Canalização do canal Piloto, responsável pela distinção do
canal Piloto dentre os vários existentes no link e o Código de
Canalização do canal Broadcast, responsável pela distinção do canal de
Broadcast no mesmo link.
2. Transmissão de 2 canais de dados da BS1 ao usuário 1.
A portadora contém SC1 (downlink da BS1), CC1 (separação do canal
de dados 1 para o usuário 1 dentro do link) e CC2 (separação do canal
de dados 2 para o usuário 1 dentro do link).
3. Transmissão de 1 canal de dados da BS1 ao usuário 2.
A portadora contém SC1 (downlink da BS1) e CC3, que distingue o
canal de dados do usuário 2 dentro do link.
4. Transmissão de 2 canais de dados do usuário 1 à BS1.
A portadora contém SC3, Scrambling Code 3, que define o uplink a partir
do usuário 1, CC1 (separação do canal de dados 1 no link) e CC2
(separação do canal de dados 2 no link).
5. Transmissão de 1 canal de dados do usuário 2 à BS1.
A portadora contém SC4, Scrambling Code 4, que define o uplink a partir
do usuário 2 e CC1 (separação do canal de dados 1 no link).
Na comunicação da Estação Base 2 (BS2) com os usuários 3 e 4 estão
representados:
6. Transmissão dos canais Piloto e Broadcast.
57
A portadora carrega SC2 (Scrambling Code 2, que define o downlink
dedicado entre a BS2 e os usuários 3 e 4), CCp (Código de Canalização
do canal Piloto) e CCb (Código de Canalização do canal Broadcast do
enlace).
7. Transmissão de 3 canais de dados da BS2 ao usuário 3.
A portadora contém SC2 (downlink da BS2), CC1 (separação do canal
de dados 1 para o usuário 3 dentro do link), CC2 (separação do canal de
dados 2 para o usuário 3 dentro do link) e CC3 (separação do canal de
dados 3 para o usuário 3 dentro do link).
8. Transmissão de 3 canais de dados da BS2 ao usuário 4.
A portadora contém SC2 (downlink da BS2), CC4 (separação do canal
de dados 1 para o usuário 4 dentro do link), CC5 (separação do canal de
dados 2 para o usuário 4 dentro do link) e CC6 (separação do canal de
dados 3 para o usuário 4 dentro do link).
9. Transmissão de 3 canais de dados do usuário 3 à BS2.
A portadora contém SC5, Scrambling Code que define o uplink a partir
do usuário 3, CC1 (separação do canal de dados 1 no link), CC2
(separação do canal de dados 2 no link) e CC3 (separação do canal de
dados 3 no link).
10. Transmissão de 3 canais de dados do usuário 4 à BS2.
A portadora contém SC6, Scrambling Code que define o uplink a partir
do usuário 4, CC1 (separação do canal de dados 1 no link), CC2
(separação do canal de dados 2 no link) e CC3 (separação do canal de
dados 3 no link).
58
9.7 MODULAÇÃO
Estão disponíveis várias técnicas de modulação de portadoras, dentre elas
QPSK (Quadrature Phase Shift Keying) e BPSK (Binary Phase Shift Keying).
Entretanto, como apenas o QPSK é utilizado no WCDMA, será este o esquema de
modulação abordado na dissertação.
Figura 9.10 – Modulação QPSK
O método mais simples para obtenção de um sinal QPSK é utilizando dois
moduladores em fase, trabalhando em paralelo. Para isso, os bits de informação têm
de ser separados em dois ramos, ramo I e ramo Q. Técnica também referenciada
como modulação IQ. O efeito do deslocamento de fase em 90º é produzido com a
modulação de todo segundo bit de informação com cos wct e o próximo bit com –sen wct.
Dessa forma, haverá dois feixes de dados digitais representados por X(t) e Y(t)
modulados em paralelo, cuja soma dos resultados são múltiplos de 90º. Os dois
feixes de bits em cada estado de modulação podem estar em quaisquer das quatro
fases possíveis, ou seja, 45º, 135º, 225º e 315º. A Figura 9.10 mostra os aspectos
pertinentes à modulação QPSK.
59
9.8 CANAIS DE TRANSPORTE
Assim como implementado no padrão GSM, nas redes WCDMA também
existem vários canais divididos em dois grupos distintos: Canais de Transporte e
Canais Físicos.
Nesta sessão serão apresentados os canais de transporte, os quais são
definidos segundo suas características e forma como os dados são transferidos na
interface aérea.
9.8.1 Dedicated Channel (DCH)
DCH é um canal de transporte dedicado que opera no downlink ou uplink com a
função de transportar informações de usuário ou de controle entre a rede e a
estação móvel. DCH é transmitido em broadcast para todas as estações móveis
existentes sob a cobertura de uma célula e envia informações pertinentes à
alteração de taxa de transferência (a cada 10 ms), controle rápido de potência e
endereçamento de estações de assinantes.
9.8.2 Broadcast Channel (BCH)
O canal de broadcast é um canal de transporte de downlink usado para divulgar
as informações específicas da célula e dados do sistema. O BCH é sempre enviado
para toda a célula a uma taxa fixa e reduzida.
9.8.3 Forward Access Channel (FACH)
É um canal de transporte de downlink usado para envio de informação de
controle a uma estação móvel quando a localização da célula do assinante é
conhecida pelo sistema. O canal também pode transportar pacotes curtos do
usuário.
9.8.4 Paging Channel (PCH)
Canal de transporte de downlink usado para envio de informação de controle a
uma estação móvel quando a localização da célula do assinante não é conhecida
60
pelo sistema. PCH sempre é transmitido a toda célula e requer identificação in-band
da estação móvel.
9.8.5 Random Access Channel (RACH)
O RACH é um canal de transporte de uplink usado para envio de informação de
controle da estação móvel para a estação base. Eventualmente, podem ser
enviados pacotes curtos do usuário. O canal é recebido de todos os assinantes da
célula, por isso, é caracterizado pela existência de risco de colisão.
9.9 CANAIS FÍSICOS
Um canal físico consiste de uma estrutura de três camadas: super quadro,
quadro de rádio e time slots. Dependendo da taxa de símbolos do canal físico, a
configuração do quadro de rádio ou time slots pode variar.
• Super quadro – um super quadro tem duração de 720 ms e é formado
por 72 quadros de rádio. Os limites do super quadro são definidos pelo
Número de Quadros do Sistema (SFN – System Frame Number).
• Quadro de rádio – é uma unidade de processamento com 10 ms de
duração, qua consiste de 15 time slots.
• Time slot – um time slot é uma unidade formada de 2560 chips, os
quais representam os símbolos de informação. O número de time slots
por símbolo depende do canal físico associado.
• Símbolo – um símbolo é formado por uma quantidade de chips. O
número de chips por símbolo representa o fator de espalhamento (SF)
do canal físico.
9.9.1 Dedicated Physical Data Channels uplink (DPDCH)
O DPDCH é um dos dois canais físicos dedicados de uplink. É utilizado para
tráfego de dados dedicados, isto é, o canal dedicado de transporte (DCH). Poderão
61
existir zero, um ou vários DPDCHs de uplink. Eles são multiplexados no ramo “I” do
esquema de modulação IQ.
9.9.2 Dedicated Physical Control Channel uplink (DPCCH)
O canal DPCCH de uplink serve para o tráfego de informação de controle.
Entende-se por informação de controle um sinal piloto contendo uma sequência
conhecida de bits que fornece uma estimação do canal quanto à deteção de
portadora, comandos de controle de potência de transmissão (TPC), informação de
feedback (FBI), e um indicador da combinação de formato de transporte (TFCI) –
opcional. O TFCI informa o receptor sobre parâmetros instantâneos de diferentes
canais de transportes multiplexados no DPDCH de uplink, e corresponde aos dados
transmitidos no mesmo quadro.
O DPCCH é multiplexado no ramo “Q” do esquema de modulação IQ.
Figura 9.11 - DPDCH e DPCCH de Uplink
A Figura 9.11 detalha a estrutura de quadro dos canais físicos dedicados.
Cada segmento de 10 ms é dividido em 15 slots, onde cada um tem uma duração
Tslot = 0,667 ms, que, por sua vez, corresponde a um período de controle de
62
potência. Um super quadro representa 72 quadros consecutivos, ou seja, um
período de super quadro dura 720 ms.
9.9.3 Dedicated Physical Data/Control Channel downlink (DPDCH / DPCCH)
Também no downlink existem DPDCH e DPCCH, conforme Figura 9.12.
Em contraste com o uplink, os dados de usuário e de controle não são
transmitidos separadamente através dos ramos “I” e “Q”; ambos os canais são
multiplexados no tempo em um feixe único de dados, posteriormente combinado
num dos ramos “IQ” do esquema de modulação.
O código de canalização utilizado no espalhamento espectral dos campos do
DPDCH é o mesmo aplicado no campo do DPCCH.
Figura 9.12 - DPDCH e DPCCH de Downlink
9.10 ASPECTOS DO DS-CDMA
Uma vez que Espalhamento Espectral e Modulação foram abordados
anteriormente, outros aspectos básicos a respeito do Direct Sequence Code Division
Multiple Access serão discutidos a seguir:
63
• Controle de Potência
• Handover (Hard, Soft e Softer)
• Respiração da Célula
9.10.1 Controle de Potência
Controle de potência é o elemento mais importante no DS-CDMA,
particularmente no uplink. Devido ao fato de muitos assinantes utilizarem a mesma
frequência e largura de banda simultaneamente, ocorre interferência entre eles.
Em casos onde não há controle de potência, pode acontecer de uma estação
móvel (MS) que esteja na borda da célula sofrer maior perda por percurso de sinal
do que outra estação móvel (MS) próxima à estação base (BS). Se não houvesse
um mecanismo na estação base capaz de aplicar controle de potência aos
equipamentos do usuário, a MS mais próxima à BS poderia facilmente tirar proveito
de sua posição e bloquear grande parte da célula gerando uma falha chamada near-
far problem. A fim de manter um equilíbrio na capacidade da rede, assumindo que
todas as MS utilizam o mesmo serviço, os sinais recebidos pela BS devem ser de
mesma potência, não importando de onde as MS estão transmitindo (perto ou longe
da BS).
Existem três tipos de controle de potência:
• Controle de Potência Open Loop
• Controle de Potência Inner-Loop (rápido)
• Controle de Potência Outer-Loop (lento)
9.10.1.1 Controle de Potência Open Loop
Controle utilizado na configuração inicial de potência da MS no começo de uma
conexão e para a transmissão de canais de dados comuns. Quando o móvel solicita
acesso à rede, em vez de transmitir em potência máxima, como ocorre no GSM, ele
64
utiliza os passos a seguir evitando causar interferência nos demais usuários da
célula.
1. O móvel mede a potência do sinal recebido da estação base.
2. O móvel lê a potência de transmissão do sinal piloto contido no canal de
broadcast da Estação Base.
3. O móvel estima (calcula) a potência mínima necessária para acessar a
célula e realiza uma tentativa de conexão com uma potência de
transmissão pouco inferior àquela.
4. Caso a tentativa fracasse, ou seja, não haja resposta da BS, a MS
elevará sua potência em passos e realizará nova tentativa.
9.10.1.2 Controle de Potência Inner-Loop (Rápido)
O controle de potência também é necessário para evitar que os móveis
transmitam numa potência muito elevada enquanto se deslocam em direção à BS. O
sistema deve garantir que o móvel transmita somente a potência suficiente para o
estabelecimento da conexão e evitar interferências desnecessárias nos outros
assinantes. Isso significa que o controle Inner-Loop deve possuir uma grande região
dinâmica de atuação, e deve atuar rápido suficiente para compensar o fenômeno
chamado de fast fading (desvanecimento rápido), no qual o nível de sinal recebido
sofre desvanecimentos que dependem da frequência de rádio e da velocidade do
objeto. Estes desvanecimentos acontecem porque o sinal recebido é composto de
várias cópias (reflexões de diferentes objetos no ambiente) que atuam construtiva ou
destrutivamente.
Uma vez estabelecida conexão, a potência de uplink da estação móvel pode
ser controlada pela estação base através do envio de mensagens de controle de
potência, bits TPC (Transmit Power Control), os quais também são aplicados no
65
controle de potência de downlink. A potência pode ser ajustada em passos menores
que 1 dB e na velocidade de 1500 vezes por segundo.
9.10.1.3 Controle de Potência Outer-Loop (Lento)
O controle de potência Outer-Loop é necessário para manter a qualidade da
comunicação em nível predefinido. Esse nível de qualidade é expresso pela Relação
Sinal/Interferência (SIR), o qual possui um valor de referência constantemente
monitorado e controlado pela RNC (Radio Network Controller) por meio dos
indicadores de Bit Error Rate (BER) e Block Error Rate (BLER).
O Outer-Loop visa manter a qualidade determinada, sem piora, sem melhora,
uma vez que o aumento da qualidade pode causar desperdícios na capacidade do
sistema. Se a qualidade no uplink é melhor que a predefinida, a SIR é
decrementada. Na situação oposta, a SIR é elevada.
9.10.2 Handover
Antes da discussão a cerca das características inerentes ao handover, é
necessário relembrar que os sinais recebidos pela estação móvel a partir da estação
base podem percorrer vários caminhos de transmissão. Esses sinais estarão
dispersos quando alcançarem o móvel do assinante. Quando os sinais oriundos de
caminhos múltiplos chegam em fase, eles se combinam e produzem um acréscimo
do nível de sinal. Entretanto, se estão fora de fase, os sinais se subtraem, resultando
em sua redução. Em casos extremos, os sinais podem estar em fases opostas e se
cancelarem mutuamente. Este fenômeno é denominado fading de multipercurso e
afeta todos os sistemas de rádio.
9.10.2.1 Receptor RAKE
A fim de contornar esse efeito indesejável, o WCDMA utiliza um dispositivo
chamado Receptor RAKE, que consiste em submeter o sinal de RX a uma série de
filtros de retardos variáveis, cuja saída é correlacionada com um código de
66
embaralhamento desejado. É então aplicado um processo chamado de Combinação
de Máxima Taxa para formar o sinal de saída do receptor. Cada filtro de retardo
representa um receptor individual de fases distintas, denominado finger. A
quantidade de fingers em cada receptor é característica de desenvolvimento do
fabricante. Se um receptor possui cinco fingers, quatro deles tratam os sinais de
multipercurso e o quinto é responsável pela identificação de outras Estações Base
do sistema. Este finger tem o nome de finger de busca, como representado na
Figura 9.13.
Figura 9.13 - Receptor RAKE
Com isso, ocorre a situação em que a MS está conectada a mais de uma
Estação Base simultaneamente. Por exemplo, uma MS usando um receptor Rake de
cinco fingers com uma chamada estabelecida na Célula 1, move-se em direção à
Célula 2. Em certo ponto durante a conversação, um dos fingers começa a rastrear a
Célula 2. Nesse momento haverá um ou mais fingers tratando os sinais da Célula 1
e o finger 5 rastreando a Célula 2. Essa chamada está na condição de soft handover
com a Célula 2. Se a Célula 1 e a Célula 2 pertencem à mesma Estação Base, há
uma situação de softer handover. Esse tipo de handover favorece a redução das
67
quedas de chamada, visto que não há quebra da conexão. Contudo, é evidenciada
grande desvantagem, devido ao desperdício de valiosos recursos para manter uma
única conversa a partir de duas conexões estabelecidas. Estatísticas de rede CDMA
têm mostrado que as chamadas gastam grande parte de sua duração realizando soft
handover. Ainda assim as operadoras dão grande ênfase nessa questão quando
planejam suas redes, uma vez que acreditam que a redução de queda de chamadas
é um aspecto a ser perseguido a todo custo, por isso considerado mais importante
que o “gasto” de recursos com soft handover.
9.10.2.2 Situações de Handover
As razões principais para a existência do handover são a continuidade da
conexão e as alterações de modo no equipamento do usuário. Devido à constante
mobilidade da MS, é necessário mudar os links de rádio e as conexões de um ou
mais setores (células) ou de uma Estação Base para outra (ou várias outras), sem
interrupção da chamada.
Em relação às variações do modo, o sistema requer a mudança de um canal
comum para um canal dedicado e vice-versa.
Existem dois tipos de handover no WDCMA:
• Handover intra-frequência – handover entre portadoras que utilizam a
mesma frequência (soft ou softer handover).
• Handover inter-frequência – handover entre portadoras de frequências
distintas (hard handover).
9.10.2.3 Handover Intra-Frequência (Soft/Softer Handover)
O handover intra-frequência possui a grande vantagem de aplicar macro
diversidade no seu funcionamento, que se caracteriza como um poderoso método
de combate ao fading durante o deslocamento. No modo ativado, através do finger
68
de busca, a estação móvel faz pesquisa contínua por novas estações base na
mesma frequência de portadora atual.
No soft handover, uma MS está conectada a duas ou mais BS ao mesmo
tempo. No softer handover, caso especial de soft handover entre células de uma
mesma BS, o móvel está conectado a dois ou mais setores da mesma estação base.
Ou seja, conceitualmente, o softer handover é iniciado e executado da mesma forma
que o soft handover comum.
A busca por novas células é orientada pela lista de células vizinhas, que
representa uma característica fundamental na gerência de comunicações móveis.
Devido ao deslocamento da MS e à constante alteração do nível do sinal, a lista de
células vizinhas é atualizada constantemente na estação móvel a partir de
orientações passadas pela RNC. Essa lista contém informações quanto à ordem de
prioridade de pesquisa do código de embaralhamento de downlink, refletindo em
redução significativa do tempo e do esforço despendidos pela MS na busca de
novos códigos (células).
Durante a pesquisa a estação móvel mede a intensidade do sinal de broadcast
dos canais pilotos referentes às estações base vizinhas e compara seus valores
para configurar os limiares. Baseado nas informações, a RNC ordena a MS para
adicionar ou remover links em sua operação corrente.
Soft handovers são importantes para um controle de potência eficiente. Sem
eles haveria cenários near-far onde a MS penetraria diretamente na célula adjacente
sem que sua potência fosse monitorada ou controlada. Hard handovers muito
rápidos e frequentes poderiam evitar esse efeito, entretanto, são executados com
certo atraso, proibitivo nesse caso. Dessa forma, em conjunto com o controle rápido
69
de potência, o soft handover mostra-se um instrumento essencial na redução de
interferência do WCDMA.
9.10.2.4 Handover Inter-Frequência (Hard Handover)
No WCDMA, a grande maioria dos handovers são intra-frequência. Quando
ocorre, o hard handover tipicamente se apresenta de duas formas:
• Handover entre células que possuem alocação de frequências
diferentes nas portadoras.
• Handover entre operadoras ou sistemas distintos, utilizando portadoras
de frequências diferentes, incluindo o handover para sistema GSM.
A realização de handovers inter-frequência deve estar implementada no
equipamento do usuário, sendo possível somente quando este é capaz de executar
busca de células vizinhas em outra frequência que não a atual, sem comprometer o
fluxo de informações da comunicação.
9.10.3 Respiração da Célula
Figura 9.14 - Respiração da Célula
A cobertura do sistema WCDMA depende da carga instantânea da célula.
Sempre que o tráfego aumenta, a interferência aumenta e a distância máxima entre
BS e MS para transferência de informações torna-se menor. Em um sistema onde há
70
variação da carga de tráfego, essa característica causa expansão e compressão da
cobertura da célula ao longo do tempo. A Figura 9.14 representa esse efeito que é
denominado respiração da célula.
No downlink todas as conexões de uma determinada portadora compartilham o
mesmo amplificador de potência. Se em determinado momento o tráfego é baixo,
uma MS terá oportunidade de conectar-se com a BS mesmo estando muito afastada
dela. Por outro lado, se o tráfego aumentar, a mesma MS não mais será capaz de
realizar uma chamada a menos que passe a estar próxima da BS. Esse efeito torna
difícil o uso do termo “cobertura” do setor em downlink.
Figura 9.15 - CA: Controle de Admissão
A qualidade da informação obtida no receptor depende da relação sinal/ruído
(SNR) do sinal de RF que chega ao seu demodulador. Por isso, a potência da
portadora (S) recebida deve ser suficiente para superar o ruído (N) e a interferência
(I), ou seja, S/(N+I) tem de estar num valor superior ao limiar do receptor. A fim de
se alcançar uma previsão satisfatória de cobertura num sistema em tráfego, faz-se
necessário o cálculo da margem de crescimento do ruído, uma vez que a
interferência aumenta juntamente com a carga do sistema.
71
O setor é planejado para uma determinada capacidade. O Subsistema de
Gerência de Recursos de Rádio contendo controle de admissão de chamadas irá
garantir o QoS do sistema permitindo ou negando o acesso de novos assinantes,
conforme ilustrado na Figura 9.15.
72
10 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO HSDPA
À medida que aumenta a utilização dos serviços de dados e novas aplicações
são desenvolvidas, torna-se necessária a ampliação da capacidade do sistema
WCDMA.
O 3GPP incluiu no WCDMA versão 5, entre outros, um novo canal de
transporte de downlink que acrescenta suporte a serviços como interatividade e
streaming17, resultando num considerável incremento de capacidade comparado ao
WCDMA versão 99. Com a entrada da versão 5, obteve-se ainda a redução de
atrasos no fluxo de dados e picos de até 14 Mbps na taxa de transferência. A essa
tecnologia denominou-se HSDPA (High Speed Downlink Packet Access).
O novo canal de transporte utilizado nas redes HSDPA é chamado HS-DSCH
(High Speed Downlink Shared Channel), que, devido à utilização de modulação de
alta ordem, permite altos picos de velocidades de dados e aumento de capacidade.
HS-DSCH é compatível com rápida adaptação de link18 e agendamento rápido
dependente de canal. Isto significa que as condições instantâneas do canal de rádio
são levadas em consideração na seleção dos parâmetros de transmissão, o que
permite o uso otimizado dos recursos e maior capacidade no envio de dados.
HS-DSCH suporta ARQ19 (Automatic Repeat reQuest) híbrido rápido com soft
combining20. A união desses recursos possibilita a redução do número de
retransmissões e o tempo entre as mesmas, propiciando aumento de capacidade e
redução de atraso. O uso do ARQ híbrido juntamente com o soft combining
acrescenta robustez à adaptação de link. 17 streaming - forma de distribuir informação multimídia numa rede através de pacotes. Ela é frequentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da Internet 18 adaptação de link – característica de versatilidade de redes móveis, uma vez que demonstra a capacidade de adequação dinâmica da utilização dos recursos, segundo a quantidade de ruído, ocupação dos canais, existência de fadings, interferências, etc. 19 ARQ (Automatic Repeat reQuest) – é um método de controle de erro usado para transmissão de dados. 20 soft combining – recurso utilizado nos sistemas HS-DSCH em conjunto com o ARQ híbrido visando aplicar resiliência ao sistema de transmissão de dados. Consiste no envio dos bits de informação utilizando o princípio da redundância incremental, formada por uma via de bits sistemáticos e uma via de bits de paridade.
73
Para aplicar essas melhoras com o mínimo de impacto na rede legada, uma
nova camada MAC, a MAC-HS, foi introduzida para a transmissão do HS-DSCH. A
MAC-HS fica localizada na estação base para reduzir o atraso de retransmissão
para ARQ híbrido e possibilita a frequente atualização das estimativas da qualidade
de canal, que, por sua vez, favorece a implementação de links adaptativos e o
agendamento dependente do canal. Pelas mesmas razões, HS-DSCH usa um TTI
(Transmission Time Interval) de 2ms, bem menor que os 10 ms típicos dos canais de
transporte do WCDMA versão 99.
Figura 10.1 - Princípios do HSDPA
10.1 PRINCÍPIOS GERAIS
Conforme ilustrado na Figura 10.1, a transmissão do HS-DSCH é baseada em
sete principais tecnologias: agendamento dependente do canal de rádio, ARQ
híbrido com o soft combining, adaptação de link, transmissão compartilhada no
canal, modulação de alta ordem, TTI mais curto (2 ms) e alocação dinâmica de
potência.
74
10.2 AGENDAMENTO DEPENDENTE DO CANAL DE RÁDIO
As condições instantâneas do canal de rádio são levadas em consideração na
seleção dos parâmetros de transmissão, o que permite o uso otimizado dos recursos
e maior capacidade no envio de dados.
10.3 ARQ HÍBRIDO COM SOFT COMBINING
Esses recursos aplicados em conjunto possibilitam a redução do número de
retransmissões e o tempo entre as mesmas, propiciando aumento de capacidade e
redução de atraso. O uso do ARQ híbrido juntamente com o soft combining
acrescenta robustez à adaptação de link, uma vez que são associados um método
de controle de erro (ARQ) e o envio dos bits de informação utilizando o princípio da
redundância incremental, formada por uma via de bits sistemáticos e uma via de bits
de paridade (soft combining).
10.4 TRANSMISSÃO COMPARTILHADA NO CANAL
Recurso representado pelo envio de diferentes canais de informação sob o
mesmo feixe de transmissão, separados por meio dos códigos de canalização
correspondentes.
10.5 TTI REDUZIDO (2 MS)
Uma razão para o TTI reduzido é a diminuição do atraso da interface aérea
através do RTT (Round Trip Time) menor. Isto melhora o sistema para o usuário final
pois o TTI menor otimiza a interação com a camada TCP/IP.
Um pequeno TTI também é necessário, uma vez que proporciona outras
funcionalidades como rápida adaptação de link, agendamento rápido e ARQ híbrido
rápido.
75
10.6 MODULAÇÃO EM ALTA ORDEM
A modulação utilizada na transmissão de downlink no WCDMA versão 99 é o
QPSK. Quando é necessário disponibilizar altas taxas de dados a modulação de alta
ordem, como 16 QAM, pode ser aplicada.
Conforme visto na Figura 10.2, comparada com a modulação QPSK, as
modulações de alta ordem apresentam largura de banda de maior eficiência, ou
seja, enviam mais bits por hertz.
Dessa forma, a modulação de alta ordem pode ser usada junto com a
transmissão de canal compartilhado a fim de prover altas taxas e escala de
capacidade, assumindo-se que só é aplicado quando em condições propícias do
canal de rádio.
Figura 10.2 – Modulação de Alta Ordem
• HS-DSCH opera tanto com QPSK quanto 16 QAM.
• 16 QAM é recurso opcional na node-B.
• 16 QAM permite o dobro do pico de dados do QPSK.
• 16 QAM pode ser aplicado como complemento da modulação QPSK.
16 QAM é recurso obrigatório nas estações móveis, exceto em duas categorias
inferiores de aparelhos.
76
10.7 RÁPIDA ADAPTAÇÃO DE LINK
Em um sistema celular, as condições dos links de rádio estabelecidos entre MS
e BS variam significativamente, tanto em termos de sincronismo quanto da posição
dos móveis dentro da célula. As principais causas desse comportamento são:
• Perda em espaço livre e sombra devido à localização momentânea do
móvel.
• Nível de interferência.
• Fading por multipercurso.
O controle de potência é utilizado para compensar as diferenças e variações
instantâneas das condições do canal de rádio de downlink. Em princípio, o
dispositivo de controle de potência proporcionalmente aloca grande parte da
potência da célula para estabelecer links em canais de condições ruins. Isso garante
qualidade de serviço similar a todas as comunicações, independente das condições
apresentadas na interface de rádio. Ao mesmo tempo, recursos de rádio deveriam
ser melhor utilizados quando designados para links de comunicação com boas
condições de canal. Dessa forma, do ponto de vista do escoamento de tráfego, o
controle de potência não é o meio mais eficiente de alocação dos recursos
disponíveis.
Em geral, o objetivo é garantir nível de energia suficiente por bit de informação
para todos os links de comunicação, independente das variações e diferenças das
condições dos canais. O controle de potência atende àquelas premissas por meio do
ajuste contínuo da potência de transmissão enquanto mantém constante a
velocidade dos dados enviados.
Para serviços que não requisitam taxa específica de dados, como os muitos
serviços de melhor esforço existentes, o ajuste da velocidade dos dados, mantendo
77
a potência constante, proporciona ainda o controle de energia por bit de informação.
Esta técnica é também conhecida como controle de taxa de dados ou rápida
adaptação de link.
Figura 10.3 - Controle de Potência x Adaptação de Taxa
A Figura 10.3 ilustra os diferentes meios de ajuste da taxa de dados visando
compensar as variações instantâneas nas condições do canal.
• Ajuste da taxa de códigos do canal. O uso do código de canalização
com taxas de código mais elevadas permite taxas de dados maiores em
detrimento da robustez do link quanto a interferências e fadings.
• Ajuste do esquema de modulação. A utilização de modulação de alta
ordem (16 QAM) permite o envio de mais bits por símbolo de modulação
e, consequentemente, maiores velocidades de dados, também em
detrimento da robustez do link quanto a interferências e fadings.
10.8 ALOCAÇÃO DINÂMICA DE POTÊNCIA
A modulação de alta ordem pode ser combinada à adaptação de link para
maximizar a utilização instantânea das condições do canal de rádio. O HS-DSCH
não emprega o controle rápido de potência para compensar as variações do canal.
Em vez disso, visando otimizar o throughput de dados do usuário em downlink, o
sistema ajusta a velocidade de transmissão dos dados para compatibilizar com as
condições instantâneas do canal e com a potência de transmissão disponível na
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node-B. Depois de atender à demanda de envio dos canais comuns e dedicados, é
possível designar a potência restante na célula para o HS-DSCH, resultando na
utilização mais eficiente da potência da célula.
Figura 10.4 - Alocação Dinâmica de Potência
Contrariando a técnica HS-DSCH, os canais dedicados são transmitidos de
modo a manter uma taxa de dados constante, em função do controle rápido de
potência. Se fossem utilizados apenas canais de potência controlada seria difícil
explorar a capacidade total de potência da célula. Contudo, por meio da técnica de
adaptação rápida de link para serviços que toleram certos níveis de oscilação na
velocidade de dados, é possível operar próximo da potência máxima da célula ao
mesmo tempo em que é mantida taxa constante para os serviços atendidos pelos
canais dedicados. A Figura 10.4 mostra a utilização de potência na versões 99 e na
versão 5 do WCDMA. A viabilidade do cenário referente à versão 5 é favorecida pelo
TTI de 2ms, intervalo curto o suficiente para que o sistema rapidamente tome as
decisões relacionadas às condições do canal de rádio e à transmissão de dados.
79
11 SERVIÇOS
Quando lançaram as redes 2G existentes, as operadoras construíram suas
redes de Core e de Acesso, com isso, cobertura e capacidade tornaram-se artigos
de utilidade. Ao mesmo tempo, as operadoras 3G investiram grande quantidade de
dinheiro na nova infraestrutura WCDMA e licenças 3G. Uma vez que o 3G tem sido
rotulado principalmente como facilitador dos serviços avançados de Internet móvel, a
Camada de Serviços torna-se peça chave no oferecimento de serviços de
operadoras 3G.
A Camada de Serviços, portanto, representa um mecanismo para operadoras
3G introduzirem novos serviços que orientem para novas fontes de receita e tragam
ainda serviços inovadores que as diferencie das demais concorrentes.
São aspectos importantes para uma operadora dentro da Camada de Serviços:
• Habilidade para criar serviços.
• Habilidade para lançar e gerir serviços rápida e eficientemente.
• Habilidade em tarifar os serviços de maneira flexível.
11.1 TIPOS DE APLICAÇÕES
As operadoras 3G atuais estão oferecendo aplicações de maior qualidade se
comparado com o que a Internet está oferecendo. Alguns exemplos incluem: e-mail,
vídeo conferência, notícias, streaming de mídia e TV ao vivo.
Exemplos de serviços a aplicações adicionais que podem ser explorados na
Camada de Serviços estão ilustrados na Figura 11.1.
A solução de e-mail, por exemplo, pode ser encaixada em um Serviço Comum
de Rede e pode disponibilizar acesso ao assinante independente do tipo de
dispositivo que ele esteja utilizando no momento:
80
• Telefone Móvel com funcionalidade WAP: o usuário pode acessar e-mail
através do navegador WAP.
• Telefone Móvel ou PDA com suporte a cliente POP3.
• Acesso baseado em POP3 ou WEB para cliente ISP.
• Acesso via telefone fixo com conversão de texto para voz.
Figura 11.1 - Áreas de Aplicação
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12 METODOLOGIA DE PESQUISA
A proposta apresentada está fundamentada sobre métodos qualitativos através
de pesquisa de material escrito especializado, aliado à experiência adquirida ao
longo de dezesseis anos na área de telecomunicações, dos quais onze vêm sendo
dedicados ao setor de telefonia celular e parte desses, consolidada em serviços de
campo, vivência de problemas e soluções inerentes às comunicações móveis.
82
13 ASPECTOS MERCADOLÓGICOS
Do ponto de vista das operadoras, a decisão de se lançar no mercado uma
nova rede móvel celular construída sobre uma tecnologia inovadora, porém
recém concebida, deve ser tomada levando-se em consideração uma série de
fatores:
• O investimento com equipamentos e infraestrutura.
• Se a idéia é consoante com as tendências mundiais de mercado.
• A mobilização das empresas concorrentes quanto ao lançamento de
um produto similar.
• A necessidade do cliente quanto à utilização do novo sistema.
• O grau de penetração/aceitação dos serviços.
• Quais públicos consumidores serão alvo da nova política.
• Fornecimento de serviços de qualidade que vão ao encontro das
expectativas dos usuários.
• O tempo de retorno e o lucro esperado com o negócio.
• A expectativa de aumento da carteira de clientes.
• A fatia de mercado que a operadora visa assimilar.
No Brasil, a primeira rede WCDMA entrou em operação no fim de 2006.
Naquele momento o clima era de alguma expectativa por parte da massa
consumidora e de várias incertezas por parte das operadoras. O desenho desse
cenário foi confirmado à medida que as redes 3G foram inicialmente lançadas
em grandes centros urbanos de forma bastante conservadora em termos de
investimentos. Entretanto, logo as dúvidas de antes começaram a ser revertidas
em análises e estratégias.
83
Rapidamente as operadoras perceberam que havia uma demanda
reprimida muito maior do que a prevista. Bem pouco tempo após o lançamento
das redes WCDMA, as mesmas já estariam apresentando altos índices de
congestionamento e uma quantidade não estimada de potenciais clientes
realizando consultas e procura pelo serviço, oriundos das mais diversas áreas
geográficas, pertencentes a diferentes classes de consumo.
Em curto período de funcionamento as novíssimas redes já necessitariam
de ampliação de capacidade, cobertura e investimentos, por conseguinte. Ao
mesmo tempo, as operadoras puderam avaliar que o grau de aceitação do
produto superou em muito os estudos realizados no pré-lançamento, a demanda
era muito acima da esperada e novos nichos de mercados foram descobertos,
como por exemplo, a população do interior que passou a buscar a rede 3G como
alternativa à ausência de infraestrutura cabeada em suas regiões de origem.
Adicionado a essa combinação de fatores, há ainda o fascínio imposto pela
utilização dos dados em alta velocidade de forma nômade. Nômade é termo
mais adequado, uma vez que a mobilidade ainda não está presente de maneira
satisfatória. Ao assinante ainda não é permitida a navegação simultânea ao
deslocamento, pois persistem vários pontos de cobertura isolados (ausência na
continuidade do sinal 3G) e os fabricantes, sem exceção, permanecem em busca
de uma solução consistente para o handover de dados, que ainda é incipiente,
principalmente quanto ao handover do sistema 3G para o sistema GSM.
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14 CONCLUSÕES
É notável o grau de complexidade a que foram submetidos os sistemas de
comunicação móvel em seu curto período de evolução. Cabe enfatizar o avanço
tecnológico percebido em tão pouco tempo, dos primeiros sistemas de primeira
geração até a terceira geração, novos serviços e possibilidades, figurando como
carros chefes a sua qualidade de desenvolvimento, a viabilidade econômica, a
capacidade de despertar interesse nos usuários e neles criar necessidades.
Gerando assim, um ciclo de contínuas inovações com produtos consistentes e
eficientes, através do qual foi possível atingir as pessoas de todos os lugares do
planeta, mudar substancialmente seu cotidiano e propiciá-las mais qualidade de
vida.
Percebe-se que na evolução do sistema GSM para o WCDMA, os
equipamentos que compõem o Core da rede não sofreram alterações expressivas.
Procurou-se manter a base do Core GSM para servir também ao WCDMA, visando
otimizar a performance e reduzir os custos de implantação da nova rede 3G.
Entretanto, é na revolução ocorrida no sistema de acesso que residem as grandes
diferenças entre o 2,5G e o 3G.
Pode-se dizer que as semelhanças entre as tecnologias cessam no fato de
serem ambas redes sem fio, providas de mobilidade com necessidade da operar
handover e roaming. Considerando-se ainda um paralelo entre os dois sistemas, no
que tanges às diversidades existentes, as principais podem ser resumidas segundo
a Tabela 14-1.
As redes móveis vieram para ficar, trazendo a reboque uma série de
benefícios, conforto e praticidade, mas também, novas expectativas, necessidades,
imprevistos e desafios. Devido à reunião desses fatores, a área de telefonia móvel,
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assim como a maioria esmagadora do setor tecnológico, é caracterizada pela busca
incessante de melhoria e inovações. Por isso, há algum tempo foram iniciados os
estudos sobre uma nova evolução de rede, e hoje já existem propostas concretas
para a implantação do sistema de 4G de quarta geração, que dentro em breve
estará surgindo no mercado brasileiro repleto de novidades.
Tabela 14-1 - GSM x WCDMA
GSM WCDMA Planejamento de Frequência Planejamento de Códigos de
Canalização Método de Múltiplo Acesso: TDMA Método de Múltiplo Acesso: CDMA Tx de informações no domínio do tempo Tx de informações por espalhamento
espectral Portadora em banda estreita Portadora em banda larga Modulação GMSK Modulação QPSK Cobertura da célula é função da potência Cobertura da célula é função da carga e
SNR. Não suporta QoS Suporta QoS.
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15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] RAPPAPORT, Theodore S. “Wireless Communications - Principles and Practice”. Prentice Hall,1996.
[2] MELLO, L. Silva & LIMA, Adriano R. “Sistemas de Comunicações Celulares”.
Notas e Apresentações de Aula. Rio de Janeiro, 2003. CETUC / PUC-Rio. [3] ERICSSON. “WCDMA Network - Network Overview”. 2005. 12p. [4] ERICSSON. “WCDMA Network – Radio Network”. 2005. 63p. [5] HALONEN, Timo; ROMERO, Javier & MELERO, Juan. “GSM, GPRS and EDGE
Performance: Evolution towards 3G/UMTS”. John Wiley & Sons, jun. 2002. [6] NOKIA. “WCDMA System Overview”. 2008. 106p. [7] NOKIA. “Nokia HSDPA Solution”. 2003. 8p.