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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: ANÁLISE DA ABORDAGEM LÚDICA POR
MEIO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Luciano dos SANTOS1 Robson José de Moura SILVA2
Cleia Janaina Veloso Rodrigues de SOUZA3 Iraí Lopes Cabral LIMA4
Kelly Cristina Matias Belchior da COSTA5 Elzaneide Morais das CHAGAS6
Eimar Raquel da SILVA7
RESUMO
Histórias em quadrinhos (HQs) são uma das possibilidades do fazer pedagógico que envolve
a atratividade e interesse do aluno através da ludicidade do desenho e das animações. A
criança em fase de aprendizagem está diretamente exposta a desse tipo de atividade, seja
em casa ou na escola. O referencial teórico dessa pesquisa aponta as contribuições de
estudos desenvolvidos sobre as práticas pedagógicas, especialmente, no que se refere à
utilização de HQs em sala de aula. O desenvolvimento de diferentes códigos linguísticos em
sala de aula oferecerá ao aluno inúmeras possibilidades de aprendizagem, onde o professor
terá ao alcance uma ferramenta de grande contribuição pedagógica, tornando suas aulas mais
atrativas e, ao mesmo tempo, significativas. O presente estudo é de natureza qualitativa,
realizado através de levantamento bibliográfico. O estudo possibilitou apreciar uma das
estratégias relacionadas ao desenvolvimento da leitura e escrita de alunos, através de HQs.
Com base nos dados extraídos e reunidos aqui, foi possível, através desse estudo, revelar o
potencial das HQs sobre as etapas de construção do conhecimento.
Palavras-chave: Histórias em quadrinhos. Alfabetização. Sala de aula.
LITERACY METHODOLOGIES: ANALYSIS OF THE PLAYFUL APPROACH THROUGH
COMIC STRIPS
ABSTRACT
Comic books are one of the possibilities of the pedagogical doing that involves the
attractiveness and interest of the student through the playfulness of the drawing and the
animations. The learning child is directly exposed to this type of activity, whether at home or
at school. The theoretical reference of this research points to the contributions of studies
developed on pedagogical practices, especially, regarding the use of comics in the classroom.
The development of different language codes in the classroom will offer the student numerous
possibilities for learning, where the teacher will have at his disposal a tool with great
pedagogical contribution, making his classes more attractive and, at the same time, significant.
1 Especialista em Ensino da Língua Inglesa – UECE, 2018. E-mail [email protected] 2 Especialista em Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento Físico – UGF, 2013. E-mail
[email protected] 3 Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica – UVA, 2008. E-mail [email protected] 4 Especialista em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) – CAS, 2018. E-mail [email protected] 5 Especialista em Supervisão Escolar – ISEED, 2019. E-mail [email protected] 6 Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica – FACEN, 2014. E-mail [email protected] 7 Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica – FALC, 2013. E-mail [email protected]
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The present study is qualitative in nature, carried out through a bibliographic survey. The study
made possible to appreciate one of the strategies related to the development of reading and
writing of students, through comic books. Based on the data extracted and gathered here, it
was possible, through this study, to reveal the potential of the comic books on the stages of
knowledge construction.
Keywords: Comic stories. Literacy. Classroom.
1 INTRODUÇÃO
As Histórias em quadrinhos8 são histórias ilustradas e associadas a
diálogos entre diversos personagens, compostas por desenhos em espaços e tempos
diversos, alcançam múltiplos públicos, desde crianças, jovens a adultos. As HQs já
alcançou o status de meio de comunicação em massa, sendo esta forma de
comunicação e entretenimento objeto de estudos de pesquisas voltadas à área do
ensino-aprendizagem, em diferentes etapas da formação escolar básica. As HQs são
ferramentas de ensino que podem ser utilizadas por diferentes disciplinas, sendo
envolvidas através do contexto que possuem em contrapartida às realidades das
comunidades escolares.
HQs são uma das possibilidades do fazer pedagógico que envolve a
atratividade e interesse do aluno através da ludicidade do desenho e das animações.
A criança em fase de aprendizagem está diretamente exposta a desse tipo de
atividade, seja em casa ou na escola.
O uso de HQs na sala de aula oportuniza um momento de aprendizagem
mais interativo, lúdico e especial, pois os alunos serão apresentados a uma atividade
de natureza alternativa, onde os mesmos poderão ler e interpretar situações fictícias
e inferir opiniões envolvendo desde aspectos de dúvida, quanto à sua própria
capacidade de leitura quanto de interpretação.
Com o advento das novas tecnologias, muitas crianças manuseiam e
descobrem novos personagens que acabam fazendo parte de seu repertório
8 Doravante HQs.
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comunicativo, onde tanto pais quanto professores podem fazer uso dessa abordagem
em sala de aula, através de inúmeras estratégias de ensino.
Trata-se, aqui, portanto, da um estudo sobre as evidências dessas
possibilidades em sala de aula, onde o professor pode lançar mão ao trabalho com
charges, tirinhas, etc., para que a criança interaja com aqueles personagens e que
possa expressar oral mente ou graficamente seus pensamentos.
O estudo é fruto da reflexão sobre os benefícios de se trazer a favor da
educação elementos do universo infantil para a sala de aula, onde a criança possa
identificar-se com aqueles assuntos e poder aprender de maneira natural fluente.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico dessa pesquisa aponta as contribuições de estudos
desenvolvidos sobre as práticas pedagógicas, especialmente, no que se refere à
utilização de HQs em sala de aula, bem como as contribuições desses para a
reformulação de planos de aula preocupados com a promoção de estratégias de
ensino que reduzam as dificuldades de leitura por promover um engajamento
significativo para às expressões de satisfação da criança.
2.1 A história em quadrinhos e suas características
Desde o aprimoramento das técnicas e habilidades de domínio da figura
em desenho, o ser humano desenvolveu inúmeras expressões artísticas através para
expressar situações de seu cotidiano, reais ou fictícias que possibilitassem maior
dissipação dos novos saberes adquiridos.
De acordo com a Appai (s/d):
Desde o primeiro desenho em pedra até a sua grande influência artística: os quadrinhos marcaram história, contando, de uma maneira informal e sempre inovadora, as histórias dos povos, sua cultura, suas paixões, seus ídolos. Formando heróis e estruturando uma intensa crítica social, as HQs enfrentaram adaptações artísticas, variados formatos, comércio, público, indústria. No Brasil, os quadrinhos
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lutaram para sobreviver e se destacar no mercado mundial. As HQs tem muita história pra contar. Com um flash-back pela Antigüidade, podemos pensar que os primeiros homens iniciaram uma fase de contemplação do mundo em que viviam a partir do momento que deram asas à imaginação. A comunicação gráfica pode ter dado os primeiros passos com os desenhos em pedra de animais com seis pernas, dando uma precária (mas perceptível) idéia de movimento (APPAI, s/d, p.1).
Conforme exposto, as atuais HQs são frutos de um passado onde as
mesmas desempenhavam registro de atividades cotidianas dos seres humanos. Muito
além do aspecto humorístico, as HQs são formas de expressar as relações humanas
entre sociedades.
2.2 A linguagem dos quadrinhos e seus reflexos para a criança
O desenvolvimento de diferentes códigos linguísticos em sala de aula
oferecerá ao aluno inúmeras possibilidades de aprendizagem, onde o professor terá
ao alcance uma ferramenta de grande contribuição pedagógica, tornando suas aulas
mais atrativas e, ao mesmo tempo, significativas.
A linguagem presente em HQs pode aproximar a criança ao mundo da
leitura, tudo isso através da ação do professor em instigar esse processo. Apresentar
quadrinhos com poucas palavras e expressões é o início de uma jornada de ricas
relações entre ludicidade e aprendizagem da leitura e do letramento.
Portanto, a proposta de se trabalhar a história em quadrinho em sala de
aula almeja mudar aspectos pejorativos desse tipo de atividade, pois as alternativas
para que se habilite o aluno ao mundo da leitura e do aprendizado é uma das funções
do professor, ele será responsável pela orientação da aprendizagem de crianças que
não estão conscientes de que estará diante do aprendizado, sendo o professor o
mentor das instruções essenciais.
2.3 Tipos de histórias em quadrinhos e suas aplicações em diferentes aulas
Inúmeras são as abordagens que podem ser aplicadas sobre quadrinhos.
Vejamos a seguir algumas delas:
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2.3.1 Língua Portuguesa
A abordagem de HQs é muito recorrente na língua portuguesa, pois faz
parte constituinte da aprendizagem da linguagem materna.
Atualmente, é muito comum a publicação de livros didáticos, em praticamente todas as áreas, que fazem farta utilização das HQs para transmissão de seu conteúdo. No Brasil, principalmente após a avaliação realizada pelo Ministério da Educação a partir de meados dos anos de 1990, muitos autores de livros didáticos passaram a diversificar a linguagem no que diz respeito aos textos informativos e às atividades apresentadas como complementares para os alunos, incorporando a linguagem dos quadrinhos em suas produções (RAMA; VERGUEIRO, 2012, p.14).
Exaltando as contribuições das HQs, muitos livros didáticos e de língua
português as insere frequentemente durante a realização de atividades de
interpretação de texto, referência à gramática, etc., servindo-se desse recurso como
alternativa para fechar a ideia de concentração e descontração do aprendizado, onde
um complementa o outro sem prejuízos.
Figura 1 – Mafalda (Quino)
Fonte: https://www.asomadetodosafetos.com/2016/05/melhores-tirinhas-da-mafalda.html
Essa tirinha indica a possibilidade da criança desenvolver suas primeiras
impressões gramaticais sobre silabação, a qual poderá ser instruída aos sons de
fonemas, etc.
Levando-se em consideração as significativas contribuições que as HQs
têm a oferecer, o ensino da Língua Portuguesa oportuniza a expansão da criatividade
da criança, desde a iniciação das primeiras manifestações da escrita á produção de
historiarias independes, como, por exemplo, o preenchimento de balões de fala com
conteúdos pertinentes ao contexto visual e contextual o qual criança identifica.
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Através da aplicação e prática das mais diversificadas atividades com o uso
de HQs, a criança tende a desenvolver suas habilidades cognitivas, possibilitando o
desenvolvimento psicomotor e ampliando seu repertorio de conhecimento. No
entanto, tais atividades requerem, por parte do professor, bastante atenção no
momento de planejar suas atividades, com foco em objetivos que contribuam na
proposta de atividades voltadas à leitura e a produção textual.
O trabalho pedagógico que envolva a utilização de HQs estará
possibilitando o envolvimento do universo fantasioso da criança com os elementos da
aprendizagem, haja vista o potencial educativo que HQs têm a oferecer ao ensino-
aprendizagem de Língua Portuguesa.
2.3.2 Matemática
O ensino da Matemática pode e deve ser um processo educativo que
envolva aspectos lúdicos, haja vista que tal disciplina requer muita atenção elevando
grau de concentração, onde a descontração também deve ter vez e se faz necessária.
Segundo Miskulin (et. al. 2016):
As crianças, de um modo geral, têm grande interesse por HQs, sendo a sua leitura um passatempo bastante comum. [...] busca relatar uma pesquisa envolvendo a utilização de HQs por crianças em aulas de Matemática. Em linhas gerais, pode-se buscar definir HQs como seqüências de imagens dentro de quadros retratando pequenas histórias, acompanhadas por balões representando diálogos de personagens, de modo a favorecer a sua compreensão (MISKULIN, et. al. 2016, p.1).
Aulas de Matemática geralmente requerem bastante atenção do aluno que, muitas
das vezes, esse acaba enfadando-se e, por conseguinte, leva ao desgosto pela disciplina, por
não sentir atratividade alguma na prática das operações básicas.
Diante disto, HQs podem ser aplicadas com o intuito de envolver estímulos
engajadores do universo lúdico com a proposta de ensino da Matemática, onde o professor
pode lançar mão de diferentes abordagens metodológicas que envolvam a produção, recorte
e colagem, pintura, dentre ouros que, ao mesmo tempo em que envolva o lúdico seja possível
envolver atividades relativas ao ensino da Matemática.
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A periodicidade com que o professor trabalha HQs em sala de aula, especialmente
voltadas à Matemática, definirá a expressividade dos efeitos significativos à aprendizagem
dos alunos.
A seguir, encontra-se um dos múltiplos exemplos da abordagem do enesino da
Matemática através de HQs.
Figura 2 – Mauricio de Sousa 2019
Fonte: https://sites.google.com/site/informaticaparacriancas/atividade-educacional-com-o-
editor-de-hq/atividade-educacional-com-editor-de-hq-2
A tirinha acima apresenta, de maneira lúdica, situações-problema onde o
professor pode estar fazendo uso em suas metodologias, haja vista que com o
advento e disponibilidade dos serviços de internet, muitas são as possibilidades de
acesso de gibis temáticos e completos.
A utilização de HQs no ensino da Matemática não vem para substituir os
tradicionais recursos de equipamentos e ferramentas que já existem nomeio
educacional, mas, sim, uma maneira de diversificar e complementar a abordagem
metodológica, além de fazer uso de uma estratégia de ensino, pois HQs pertence ao
universo lúdico, explorado através da imagem e pela comunicação, onde o professor
pode envolver traços caraterísticos da matemática ao utilizarem-se dados enunciados
dos personagens como elementos indutivos às atividades propostas.
A proposta da abordagem lúdica, através de HQs, pode se apresentar
como uma atividade simples ou fácil, no entanto, o professor precisa reconhecer o
potencial didático de tal proposta, não exclusivamente referente à Matemática, mas,
sim, para as demais disciplinas, conforme o estudo evidencia.
Ao fazer uso de elementos do universo lúdico de crianças e adolescentes
como HQs em aulas de Matemática, o professor estará ampliando as possibilidades
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de aprendizagem, pois as HQs estão presentes nos mais variados meios de
comunicação e de ensino, como, por exemplo, livros, jornais, revistas, dentre outros.
Os contextos propostos por HQs em aulas de Matemática possibilitam o
envolvimento de resoluções de problemas, cálculos, incógnitas, dentre outras
exercícios fundamentais à consolidação dos conhecimentos matemáticos.
2.3.3 Ciências
O ensino de Ciências é voltado diretamente às relações cotidianas dos
alunos, relações essas com a natureza, ou seja, explora as afinidades que ocorrem
entre os seres e o meio ambiente em que vivemos.
O trabalho com HQs envolve essa troca, onde o aluno observa seu
contexto e reflete suas observações em suas produções artísticas e textuais, onde o
professor poderá identificar o grau de engajamento e aproveitamento dos
ensinamentos em contrapartida à abordagem empírica.
Para Pizarro (2017):
O ensino de Ciências tem se esforçado no sentido de compreender e criar diferentes formas de trabalhar com o conteúdo científico de modo a alcançar a efetiva aprendizagem de conceitos e, ao mesmo tempo, aumentar o interesse dos alunos pela área. Os pesquisadores têm se empenhado em buscar alternativas de práticas que sejam motivadoras para a aprendizagem e que, ao mesmo tempo, deem conta de ensinar Ciência com qualidade e sem perder o aprofundamento em detrimento do lúdico (PIZARRO, 2017, p.2).
Uma das alternativas práticas mencionadas acima é a proposta de HQs
que auxiliem o trabalho pedagógico coerente com as possibilidades curriculares
atuais.
Nessa perspectiva, muitos dos conteúdos programáticos de Ciências
poderão ser apresentados através da abordagem lúdica em forma de HQs,
oferecendo a oportunidade de contextualização do que fora ensinado através de
figuras, desenhos, isto é, imagens em geral, pois a leitura de figuras/imagens
possibilita maior integração entre os conteúdos normativos e as possibilidades de
criatividade no desenvolvimento de HQs. Ao lançar mão dessa metodologia, o
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professor indicará a ativação de memória que reforcem o conceito aprendido por meio
de associações, haja vista que a interpretação imagética não acontece apenas em um
contexto, mas, sim, da associação de outros e de forma constituinte.
Figura 3 – Freire 2015
Fonte: http://biocbiologicas.blogspot.com/2015/03/historia-em-quadrinho-sobre-
interacoes.html
Na historinha em quadrinhos acima, o professor pode explorar situações
do cotidiano do aluno a partir da discussão sobre as características apresentadas na
leitura com a de suas vivências com amigos e familiares.
Conforme apresentado, anteriormente, o trabalho com HQs aciona as
habilidades de recordação do aluno com o intuito de interpretar e inferir situações que
culminem na compreensão e/ou resolução de hipóteses com indicação prática.
Quanto mais as imagens forem expostas e exploradas, mais significativo
será o aprendizado por associação, revelando situações e contextos que podem ser
inferidos à realidade.
As HQs reconstroem a mensagem que os conteúdos programáticos
buscam propor, de maneira a ampliar a viabilidade de aprendizagem, sendo uma
proposta direcionada a determinados aspectos do conhecimento, fazendo uso de
habilidades de natureza lógica, inferências, associações, etc.
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2.3.4 Geografia
A Geografia, como parte indissociável da existência do homem, é área de
grande atenção e necessidade. Em contexto educacional, os alunos devem ser
estimulados a expressar oral ou graficamente o espaço geográfico em que vive: zona
urbana, rural, tipos de relacionamentos com transporte, comércio, etc.
Em Deffune (2010 apud NEVES e RUBIRA, 2017), evidenciam-se as
contribuições das HQs ao ensino da referida disciplina:
[...] a Geografia ganha um leque de possibilidades para melhor atingir a percepção do público discente, abordando em sua prática pedagógica, a música, o cinema, a literatura e o objeto em questão desta reflexão, as HQs, que reverberam em ambos os hemisférios cerebrais de quem as lê: o esquerdo (racional) com as informações científicas e termos técnicos e o direito (criativo) com os desenhos e criações imagéticas “lúdicas”, os quais auxiliam a mente a recriar sobre o que está vendo e lendo, e questiona a necessidade de se resgatar a beleza poética na vida, em contraponto à frieza cientificista cartesiana de um pensamento racional exclusivista (DEFFUNE, 2010, apud NEVES, RUBIRA, 2017).
Diante do excerto, identifica-se a relevante contribuição de HQs ao ensino
da Geografia por apresentar ao público discente múltiplas perspectivas, atrelando
conceitos científicos engajados aos aspectos inspiradores da vida como as cores, as
formas e os significados, bem como reflexões críticas diante de aspectos que os
contrariem.
Figura 4 – UFMG 2009
Fonte: https://www.ufmg.br/boletim/bol1657/8.shtml
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Na tirinha acima, o professor tem a possibilidade de envolver o pensamento
crítico dos alunos, obviamente, quando a atividade for aplicada em determinadas
turmas, ou seja, com maior grau de discernimento entre os hábitos benéficos e
prejudicais ao meio ambiente.
Essa abordagem favorece a exploração dos pontos de vista dos alunos
acerca da devastação do meio ambiente em prol do interesse de poucos, os alunos
podem lançar mão da elaboração de cartazes que exponham suas concepções acerca
da temática explorada, por exemplo.
HQs originam ricas discussões e estimulam à leitura investigativa,
direcionada à compreensão do que se passa em contexto e tempo literário, além de
associar experiências vividas pelos leitores em seus contextos locais. Além do mais,
a linguagem desse recurso é capaz de tornar consideravelmente mais fluente a
aprendizagem dos aspectos de estudo, fazendo com que seja viável uma
compreensão geral de tal objeto, estimulando maior interesse e ampliando o alcance
de propostas de natureza crítica.
HQs são transmissoras de significativos valores e conceitos. Sua
distribuição, bem como utilização em espaços educacionais, é livre, sendo cada vez
mais percussora de implementações científicas, históricas e identitárias. Assim, o
ensino de Geografia pode lançar mão de outras linguagens.
Os recursos destinados ao trabalho pedagógico de Geografia e HQs são
vastos. Os alunos podem fazer uso de construções em seus cadernos, bem como
construírem suas próprias HQs, como, também, produzir cartazes para serem
expostos em sala de aula, atrelado a outras atividades exploratórias como, por
exemplo, gincanas, quizzes, campeonatos, dentre outros.
O potencial do uso de HQs possui alcance ilimitado. A criatividade diante
da produção de contextos, situações, espaços geográficos, orientações, condições
climáticas, escalas, dentre outros é uma excelente metodologia que pode ser,
periodicamente, utilizada em sala de aula em prol da aprendizagem e fixação de
elementos específicos do ensino da Geografia.
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2.3.5 História
Para o ensino de História, o professor tem a possibilidade de envolver o
aluno na construção de sequências de fatos nos espaços dos quadrinhos. Utilizando-
se desse recurso, o mesmo poderá, por exemplo, narrar determinadas histórias e
solicitar para que os alunos construam e escrever o que está sendo narrado.
A utilização das narrativas históricas, através das HQs, são, cada vez mais
recorrentes ao ensino da disciplina de História, haja vista seu grande potencial
comunicativo e interativo. O professor, ao fazer uso de HQs, oportuniza a ampliação
das abordagens metodológicas à favor dos processos de ensino-aprendizagem.
O uso de personagens é fundamental na elaboração de HQs com a
disciplina de História. Tais elementos são capazes de conter informações referente a
situações, figuras históricas, dentre outros.
Figura 5 – Europanet Copyright © 2019
Fonte: https://www.europanet.com.br/colecoes/historiadobrasil/
Esta história em quadrinho representa uma das possibilidades do trabalho
pedagógico, narrando conflitos históricos e situações que o aluno possa interpretar o
conhecimento explanado. O lúdico se faz presente em todos os momentos da
construção de saberes.
3 METODOLOGIA
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O presente estudo é de natureza qualitativa, realizado através de pesquisa
bibliográfica. Para Marconi e Lakatos (2008):
[...] o método qualitativo difere do quantitativo não só por não empregar instrumentos estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise dos dados. A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes e tendências de comportamento (MARCONI; LAKATOS 2008, p. 269).
Para Gil (1999), pesquisa bibliográfica é:
Estudo desenvolvido a partir de material já elaborado, principalmente livros e artigos científicos. Grande parte dos estudos exploratórios é desenvolvida a partir de fontes bibliográficas e são importantes para o surgimento de novos caminhos para as pesquisas empíricas. Permite ao pesquisador cobrir uma gama maior de fenômenos. Como principal desvantagem, destaca-se o risco da apresentação de dados com baixa qualidade (GIL, 1999, p.37).
Assim, o estudo se apresenta relevante no sentido de aprimorar técnicas
que envolvem o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita, através da
múltipla abordagem metodológica da utilização de HQs em diferentes disciplinas da
educação básica.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao articular HQs no processo de ensino, o professor oportuniza ao aluno
maior participação em sala de aula, fazendo com que este identifique algo da
atratividade de seu universo lúdico no ambiente escolar, de maneira a conquistá-lo
para as ações de seu desenvolvimento cognitivo na escola. Assim, o uso de HQs
demonstrou ser um recurso relevante para que o professor possa desenvolver tanto
sua prática educativa quanto o nível de expressão dos alunos.
Apresentando-se como uma alternativa para atrair e despertar a atenção
dos alunos, HQs é uma estratégia de leitura que reforça a participação do aluno nos
conteúdos de ensino apresentados e discutidos. Para tanto, a produção e organização
dessa expressividade artística, em sala de aula, deve ser minuciosamente analisada,
principalmente, no que se refere aos objetivos propostos e embasados nos aspectos
qualitativos de natureza exploratória, seguida pela intenção de elevar ou superar
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aspectos da leitura e escrita dos alunos. Independentemente do gênero das HQs
selecionado, o trabalho pedagógico estabelece o compromisso em se alcançar
objetivos claros através das habilidades natas dos alunos.
Por se tratar de uma atividade que envolve o universo lúdico, HQs
estimulam o interesse dos alunos, através dos variados gêneros, onde crianças, que
não dominam a habilidade da leitura e escrita, são atraídas pela curiosidade dos
acontecimentos dispostos nos Gibis, como é popularmente conhecidas. A disposição
dos desenhos, formatos das gravuras, estilos, espaços, cores, personagens, tudo
influencia para uma prática que envolve a leitura.
Quanto à utilização de HQs em Língua Portuguesa, tornou-se claro que a
abordagem está diretamente atrelada à promoção das habilidades de leitura e escrita,
onde o professor tem ao seu dispor a oportunidade de atrelar ensinamentos
linguísticos ao universo lúdico do jovem, proporcionando-lhe mais confiança e vontade
de envolver-se com que está sendo proposto como conteúdo programático.
Na medida com que o professor consegue envolver o aluno às produções
de leitura e escrita de HQs, esse por sua vez terá maior domínio de técnicas capazes
de servir como estratégias para a superação das mais variadas dificuldades de
aprendizagem, como é o caso do ensino da Matemática onde muitos alunos enfrentam
a dificuldade na realização de cálculos simples e complexos. Conforme exposto, a
utilização de HQs no ensino da Matemática pode facilitar o processo de aquisição e
familiarização com as novas expressões algébricas, em prol de maior domínio
instrutivo, tendo, por exemplo, o auxílio de um personagem para apresentar,
aprofundar ou, até, orientar o aluno em sua jornada diária de e estudos.
Aos aspectos referentes à disciplina de Ciências, essa, por sua, vez tem
um repertório vasto, repleto de possibilidades expressivas, onde os alunos poderão
explorar e (re) produzir elementos da natureza e contexto onde vivem com aqueles de
se referem aos conteúdos programáticos. A leitura e/ou produção de HQs é, de certa
forma, um registro científico. O aluno consegue identificar e relacionar parte ou toda
uma história com seus conhecimentos, realidade e emoções, transformando, assim,
os aspectos teóricos em momentos práticos, através de sua sensibilidade. Por
exemplo, a visualização dos tecidos humanos no livro didático pode oferecer aos
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alunos a base para produção de cartazes que, posteriormente possam ser expostos
juntamente à proposta de observação in vitro de tais tecidos, ampliando,
significativamente, a aprendizagem sobre a temática.
No ensino de Geografia, as HQs são construídas através de diferentes
contextos, reais ou fictícios, e tais contextos remetem aos espaços geográficos que,
por sua vez, constituem um dos principais elementos do ensino da referida disciplina:
o homem e o espaço geográfico. A partir desse ponto de vista, a prática da leitura e
escrita pode ser envolvida a partir dos próprios elementos que constituem a realidade
dos alunos, como espaços urbanos e rurais, paisagens naturais e modificadas pela
ação humana, dentre outros, onde a produção de HQs sobre esses aspectos se
apresenta como o elo entre saber e conhecer.
A disciplina de História por si só compreende grande significado das HQs.
No entanto, HQs podem, sim, representar os contextos históricos da humanidade,
desde a II Guerra Mundial à história de visa de um cão vira-lata, narrada por um aluno.
A narrativa compõe parte fundamental para construção de HQs, onde o professor
pode lançar mão da reprodução da histórica temática através da criatividade dos
alunos, na tentativa de fixar, melhor, a compreensão acerca dos conteúdos
programáticos apresentados.
5 CONCLUSÃO
O estudo possibilitou apreciar uma das estratégias relacionadas ao
desenvolvimento da leitura e escrita de alunos, através de HQs, bem como aspectos
matemáticos, geográficos, científicos e históricos. Evidenciou-se que o recurso lúdico
é uma estratégia viável em sala de aula, haja avisto a disponibilidade de materiais que
possibilitam isso, como papéis, tintas, lápis de colorir, etc. O professor deve fazer uso
dessas ferramentas para envolver o aluno de forma orientada nos estudos e não
apenas dispersa, buscando inserir os processos de alfabetização e letramento da
melhor maneira possível, dentro do universo da ludicidade e criatividade dos jovens.
Com base nos dados extraídos e reunidos aqui, foi possível, através deste
estudo, revelar o potencial das HQs sobre as etapas de construção do conhecimento.
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A utilização desse tipo de abordagem metodológica, embora limitada pela
disponibilidade de HQs nas escolas, é imprescindível à aprendizagem expressiva,
suas contribuições são de caráter formador, ou seja, ultrapassam o aspecto do
entretenimento, atribuindo a essa prática um caráter realmente significativo no
processo de aprendizagem dos alunos.
O professor deve sempre buscar aperfeiçoar suas habilidades
metodológicas trazendo às salas de aula atividades sensíveis, com objetivos
concretos e com viabilidade de serem atingidos. Essa abordagem também evidencia
a possibilidade de outros professores utilizarem essa prática.
Especialmente, enquanto aspecto histórico, o desenho deve ser explorado
desde sua origem pré-histórica, produzido sob forma de registro das atividades
cotidianas e dos costumes de povos que descobriram no registro de gravuras em
rochas de cavernas a oportunidade de transmitir, posteriormente, situações que
pudessem servir como exemplo ou tradição para execução de alguma tarefa do dia-
a-dia. Assim, através desse argumento, a História pode explorar esses recursos como
fonte de novas produções pelos alunos.
Inserir novas metodologias no cotidiano escolar, como a utilização de HQs,
pode ocasionar estranheza ou, até mesmo, repulsa, no entanto, ao conhecer a
potencialidade dessa metodologia, o professor poderá, gradativamente, conquistar os
alunos e inseri-la eventualmente em suas abordagens de ensino, tendo em vista que
essa possibilidade é remota, mas não descartável.
A disposição sequencial de ideias e desenhos em papel é, de fato, uma
estratégia de ensino de grande relevância para o ensino-aprendizagem de forma
dinâmica, oportuniza a expressão discente e enfatiza a necessidade de se engajar
elementos da natureza didática com os desejos e habilidades dos discentes.
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