alter nada
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corrente alternadaTRANSCRIPT
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INSTITUTO DE FSICA DA UFBA
DEPARTAMENTO DE FSICA DO ESTADO SLIDO
DISCIPLINA: FSICA GERAL E EXPERIMENTAL IV (FIS 124)
Circuitos de Corrente Alternada
Considere um circuito com vrias malhas e constitudas de resistncias, capacitores e
indutores. Em alguma regio do circuito aplicada uma tenso alternada = o cost . Para
descrevermos o circuito, aplicamos a lei das malhas e dos ns e encontramos um sistema de equaes
diferenciais no homogneas que, em sua maiori a, no so simples resolv -las. Um caso bem trivial,
como o circuito RLC, envolve identidades trigonomtricas que so, para dizer o mnimo, tediosas. Para
contornarmos estas dificuldades e encontrarmos solues mais elegantes e concisas, faremos uso dos
nmeros complexos. Utilizaremos tambm uma generalizao da lei de Ohm para a corrente alternada,
isto , a lei de Ohm na forma complexa.
Definimos, ento, uma tenso complexa tjoe=V , onde a tenso fsica de interesse a parte
real de V, isto , = Re{V} = o cos t. Analogamente, definimos uma corrente complexa I onde a corrente
fsica a parte real de I, isto , I = Re{ I }. Como na lei de Ohm, existe aqui uma relao linear entre a
corrente e a tenso complexa. Se em circuitos de corrente contnua o parmetro que intermedia estas
duas grandezas a resistncia, em corrente alternada devemos ter tambm uma grandeza que
descreve o comportamento resistivo do circuito: a impedncia. Chamaremos de Z a impedncia
complexa do circuito, de forma que a lei de Ohm na forma complexa ser:
1. Aplicaes Em Circuitos
a. Circuito Resistivo
A resistncia R neste caso est simbolizando a associao de todas as
resistncias do circuito. U sando a lei das malhas, obtemos = R I, ou na notao
complexa V = R I. Comparando com a lei de Ohm V = ZI, obtemos ZR = R, ou
seja, a impedncia de um circuito puramente resistivo a prpria resistncia.
A corrente complexa ser dada por tjo
Re
R==
Z
VI enquanto que a corrente
fsica ser I = Re{I} = tcosR
o
. Observando a figura ao lado, vemos que os
mximos, mnimos e zeros tanto da tenso quanto da corrente ocorrem no mesmo
instante. Dizemos ento que a corrente est em fase com a tenso.
Tanto a tenso quanto a corrente complexas podem ser representados no plano complexo atravs dos
vetores girantes ou fasores.
t
I
V = Z I
-
2
Note que tjoe=V e tjo e
R=I so nmeros complexos que variam com o
tempo e, como o sentido de crescimento do ngulo t no plano complexo
antihorrio, os fasores tambm giram nesse sentido. Note que V e I giram ao
mesmo tempo, pois esto em fase.
b. Circuito Indutivo
A lei das malhas nos fornece dt
dL
I= , ou em termos de linguagem dos
complexos dt
dL
IV = (1). Assumimos aqui que a corrente oscila com a mesma
freqncia da fonte, pois se trata de uma oscilao forada.
Escrevemos ento )t(jme= II , onde Im a amplitude e a fase da corrente . Assim devemos ter:
II
== jejdt
d )t(jmI
Substituindo na equao (1), teremos V = j L I que, comparada com a lei de Ohm, nos leva a
LjL =Z .
Podemos escrever esta impedncia de outra forma. Basta lembrar que 2= jej , de forma que
22 == jLj
L eXeLZ , onde XL= L chamada de reatncia indutiva. A corrente ser dada por:
L
)t(jo
jL
tjo
L X
e
eX
e 2
2
=
==
ZV
I
Logo, a corrente do circuito ser: I = Re{I}
=
2I tcos
XL
o
Note que a corrente est defasada da tenso de /2. Neste caso dizemos que a corrente est
atrasada em relao tenso . Os diagramas da corrente e da tenso so :
c. Circuito capacitivo
A lei das malhas nos fornece C
q= . Diferenciando em relao ao tempo, teremos:
dt
dq
Cdt
d 1=
. Usando
dt
dq=I , teremos:
Cdt
d I=
.
C
t
I
Re
ImV
It
t
V
I Re
Im
-
3
Em notao complexa devemos ter: Cdt
d IV= (2). Como tjoe
=V , ento VV
== jejdt
d tjo .
Substituindo este ltimo valor na equao (2), obtemos C
jI
V = , ou seja, IVCj
= 1 .
Comparando com a lei de Ohm, chegamos a: C
j
CjC =
= 1Z
Lembrando-se que 2= jej , ento:
221 =
= jCj
C eXeCZ , onde
CXC
=1
chamada de reatncia capacitiva.
A corrente no circuito ser I = Re{I}, ou seja
+
=
2I tcos
XC
o . Note que neste circuito a
corrente est adiantada de /2 em relao a tenso.
2. Associao de impedncias
a. Em srie
Sejam duas impedncias Z1 e Z2 associadas em srie e submetidas a uma
tenso alternada V. A impedncia Z1 est submetida a uma tenso V1 e Z2
tenso V2 , onde V = V1+ V2.
Usando a lei de Ohm, teremos V = Z1 I + Z2 I = Ze q I, o que nos leva a:
Ze q = Z1 + Z2
Se tivermos N impedncias associadas em srie, teremos: =
=N
eq
1iiZZ
b. Em paralelo
Neste diagrama fcil ver que I = I1+ I2. Usando a lei de Ohm,
obtemos: eqZV
ZV
ZV
I =+=21
, onde V a tenso aplicada em cada
uma das impedncias. Assim:
21
111ZZZ
+=eq
Se tivermos N impedncias associadas em paralelo, devemos ter:
t
I
t
VI
Re
Im
Z1 Z2
V
V1 V2
Z1
Z2
V
II1
I2
-
4
=
=
N
1iieq Z
1Z1
3. Circuito RLC acoplado a uma f.e.m. alternada
Seja um circuito RLC em srie acoplado a uma f.e.m. alternada
= o cost. De acordo com a lei de Ohm, a corrente ser ZV
I = , onde
tjoe
=V a tenso complexa. Para a resoluo deste problema,
devemos calcular a impedncia total do circuito. Como os trs elementos
esto associados em srie, teremos : CLR ZZZZ ++=
+=
+=
CLjR
C
jLjR
1Z
Podemos escrever Z na forma Z = Z je onde Z e sero dados por:
22 1
+=
CLRZ
=
CL
Rtgarc
11
A corrente complexa ser:
)t(joj
tjo e
ZeZ
e
=
==
ZV
I
A corrente no circuito ser portanto I = Re{ I }, ou seja
)tcos(Zo
=I onde Z e esto acima descritos.
a. Ressonncia
. Note que a amplitude da corrente ir depender
da freqncia, uma vez que a impedncia Z tem
essa dependncia. Assim, podemos ter uma tenso
altssima, mas uma corrente baixa a depender do
valor da freqncia . Podemos fazer crescer este
valor usando-se o expediente de variar , at atingir
o ponto mximo da corrente Im, o que equivale ao
valor mnimo de Z.
R
L
C
R1
-
5
Isto ocorrer quando XL - XC = 0, ou seja, quando 01
=
CL , o que nos levar a
LCo
1== .
Em outras palavras, quando a freqncia da fonte for igual freqncia natural do sistema, a corrente no
circuito ir oscilar com amplitude mxima Im = o / R. Chamamos esta condio de ressonncia.
Este circuito tem utilidade, por exemplo, nos circuitos de rdio, onde usado como circuito
sintonizador. Neste caso a antena serve como fonte. Esta capta as ondas eletromagnticas, transformando
os campos eltricos oscilantes em correntes. Note que antena capta todas as freqncias, mas s ir
oscilar com amplitude mxima naquela que estiver em ressonncia. Para sintonizar uma outra estao de
rdio basta mudar a freqncia natural do circuito, alterando-se ou o capacitor ou o indutor.
4. Potncia mdia. Valor eficaz
Como vimos, a corrente assim como a tenso so grandezas que oscilam com freqncia ,
que podem variar desde alguns Hz - como na rede eltrica - at a ordem de MHz como nos circuitos de
rdio e TV. Assim, para medirmos os valores instantneos destas grandezas, necessitamos de
instrumentos adequados, tais como os osciloscpios, que respondam com preciso a estas variaes. No
entanto, em diversas ocasies no nos interessamos por estes valores instantneos, mas sim pelo valor
mdio ou valor eficaz. Antes de definirmos estas grandezas, precisamos conhecer como calcular a mdia
temporal de uma grandeza.
a. Mdia temporal
Suponha que um veculo percorra uma estrada com velocidade v1 durante um tempo t1 , com
velocidade v2 durante um t2 , com v3 durante t3 e assim sucessivamente. Para calcular a velocidade
mdia desenvolvida pelo veculo, simplesmente dividimos a distncia total percorrida pelo tempo total de
percurso.
L
L
321
332211
ttt
tvtvtvv
++++
=
Podemos generalizar este conceito para uma grandeza f qualquer. Seja f(t) uma grandeza que varie
discretamente com o tempo, ou seja, ela assume um valor constante f1 durante um tempo
t1 , f2 durante t2 e assim por diante. Se existe N intervalos de tempo, a mdia temporal de f(t) ser:
=
=
=++
+++=
N
1i
i
N
1i
ii
N21
NN2211
t
tf
ttttftftf
fK
K (3)
Supondo agora que f= f(t) seja uma funo contnua no tempo, o valor mdio ser obtido se fizermos as
somatrias da equao (3) para o limite ti 0. Se tomarmos a mdia entre os instantes to e t1 ento :
-
6
=1
o
1
o
t
t
t
t
dt
dt)t(f
f
Se f(t) for uma funo peridica de perodo T, costuma-se fazer esta mdia para N perodos.
Mostra-se que se a funo no for amortecida, a mdia para um intervalo de tempo igual a NT ser igual a
mdia tirada em um nico perodo T. Assim, colocando-se t1 = to + T, ento:
+
=
Tt
t
o
o
dt)t(fT1
f
Contudo, se f(t) for uma funo trigonomtrica como o seno ou coseno, a mdia ser nula, pelo
simples fato dessas funes assumirem igualmente em um perodo, valores positivos e negativos. Por
este motivo, costuma-se definir o valor mdio quadrtico:
2ffmq = ou +
=
Tt
t
2mq
o
o
dt)t(fT1
f
Seja P a potncia dissipada em um resistor R em um circuito de corrente contnua. Esse mesmo
valor tambm pode ser enc ontrado em um circuito de corrente alternada ao calcularmos a potncia mdia
P dissipada em R. Chamaremos de corrente eficaz e de tenso eficaz aos valores mdios quadrticos da
corrente e tenso necessrios para produzir aquela potncia mdia em um circuito de corrente alternada.
Assim, +
=
Tt
t
2ef
o
o
dt)t(IT1
I e +
=
Tt
t
2ef
o
o
dt)t(T1
Suponha que ( )= tcosoII . Assim:
( )+
=
Tt
t
22o
2ef
o
o
dttcosIT1
I . Como ( )21
dttcosT1
Tt
t
2o
o
=+
, obtemos 2
II oef=
Para a tenso tcos)t( o = , teremos +
=
Tt
t
22o
2ef
o
o
dttcosT1
, o que nos leva a: 2o
ef
=
d. Potncia Mdia
A potncia fornecida por uma fonte a um circuito dada por P = I . usando ( )= tcosoII e tcos)t( o = , obtemos a potncia instantnea transferida ao circuito:
( ) ( )== sentcostsencostcostcostcos)t(Poooo
2II . A potncia mdia
ser:
-
7
== +++
dttcostsenT1
sendttcosT1
cosIdt)t(PT1
P
Tt
t
2
Tt
t
oo
Tt
t
o
o
o
o
o
o
Usando o fato de que ( )21
dttcosT1
Tt
t
2o
o
=+
e 0dttcostsen
Tt
t
o
o
=+
, chegamos a:
= cosP oo2I
.
O termo cos chamado de fator de potncia. Em um circuito resistivo = 0 ( a corrente e
tenso esto em fase) e teremos:
efefooP I2
I
2=
= , o que nos remete para a definio de valor eficaz de corrente e tenso.
BIBLIOGRAFIA
1. Reitz J., Milford F., Fundamentos da Teoria Eletromagntica
2. Edminister J., Circuitos Eltricos
3. Purcell E., Curso de Fsica de Berkeley, vol.2