01 - relatório de observação
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL
CAMPUS DO SERTÃO
COORDENADORIA DO CURSO DE PEDAGOGIA
FERNANDO EMANNUEL VICENTE DA SILVA
ISABELA SANTOS PEREIRA (14212843)
MANUELA RIBEIRO TORRES (14212863)
MARCEL SILVA GARRIDO (14112500)
RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
DA
ESCOLA ESTADUAL DE XINGÓ I
Trabalho apresentado referente a
composição de nota da AB1 na disciplina
Projeto Pedagógico: organização e gestão do
trabalho escolar, ministrada pela professora
Marilza Pavezi, para os alunos do curso de
Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas
– Campus do Sertão.
DELMIRO GOUVEIA, 2015
INTRODUÇÃO
Este trabalho corresponde ao relatório de atividade prática da disciplina Projeto
Pedagógico: organização e gestão do trabalho escolar.
Para subsidiar este relatório realizamos a observação na Escola Estadual de Xingó I,
no dia 27 de abril de 2015. Esta escola está localizada na avenida Rio São Francisco S/N,
bairro Xingó, na cidade de Piranhas no interior de Alagoas e oferece ensino fundamental e
ensino médio, nos seguintes horários: o ensino fundamental maior, do 5º ao 9º ano, e o ensino
médio completo são realizados pela manhã das 07:00hs às 12:20hs; o ensino fundamental
menor, do 2º ao 4º ano a tarde, das 12:50hs às 17:30hs e o ensino médio a noite das 18:30hs
às 22:30hs.
DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE
Iniciamos o processo de observação da escola estadual de Xingo I pouco antes da
abertura dos portões. O horário de funcionamento da escola é das 07:00hs às 12:20hs da
manhã para o ensino fundamental maior (5º ao 9º ano) e ensino médio completo, o ensino
fundamental menor, do 2º ao 4º ano a tarde, das 12:50hs às 17:30hs e o ensino médio a noite
das 18:30hs às 22:30hs.
Durante a chegada dos alunos, no período da manhã, acompanhamos a entrada dos
mesmos na escola e observamos a presença de alguns pais que acompanhavam seus filhos.
Como informado anteriormente, no horário da manhã a escola oferta o ensino fundamental e
médio, o que permitiu perceber que boa parte das crianças que chegaram acompanhadas
pelos pais eram estudantes dos primeiros anos do ensino fundamental maior.
Após observar a entrada dos alunos realizamos uma entrevista com a coordenadora
Maria de Jesus e questionamos a respeito da presença/falta de professores. Segundo a
coordenadora, a escola possui professores para atender as demandas em boa parte das
disciplinas, porém quando há falta de professores, para ministrar disciplinas, são enviados
professores substitutos ou alguém para realizar alguma atividade com os alunos.
As instalações da escola estão em ótimas condições, o pátio é espaçoso e permite a
realização de atividades físicas, brincadeiras e outras dinâmicas junto aos alunos, a escola
possui uma biblioteca funcionando regularmente e, segundo a responsável, os alunos fazem
uso constantemente da mesma, os livros estavam dispostos em estantes, porém estavam
empoeirados e existe um espaço reservado para estudos com mesas e cadeiras. Durante o
intervalo os alunos correram e brincaram sem complicações. Não vimos nenhuma confusão,
também não observamos nenhuma participação ou interação por parte dos servidores em
algum tipo de atividade lúdica ou esportiva com os alunos durante a realização do intervalo.
Existe um laboratório de informática, porém o mesmo não está funcionando pois falta professor
com formação na área e não há substitutos. A escola possui rampas de acessibilidade para
locomoção até o pátio e a cantina e possui uma sala de vídeo estava funcionando no momento
da observação. Quanto aos banheiros, estes apresentaram alguns problemas para utilização
(danificados). A escola possui cozinha própria e um cardápio que define a alimentação dos
alunos na escola. As merendeiras nos informaram que anualmente uma nutricionista vem dar
assistência e elaborar o cardápio. Questionamos as merendeiras quanto ao cumprimento do
cardápio, se o mesmo era seguido de fato. Elas afirmaram que sim. (Observação: No dia da
visita os alunos lancharam bolacha com suco, quando no cardápio não havia nenhuma
descrição das refeições para a 5ª semana do mês, já que o mês de abril de 2015 possui 5
semanas e o cardápio foi elaborado para meses com 4 semanas, como é possível verificar nas
fotos do anexo). Ainda durante a visita verificamos a existência da venda de lanches dentro da
escola durante o intervalo e, segundo a coordenadora, os responsáveis por esse espaço
haviam ganho uma licitação muito antiga para exercerem esse comercio e com o dinheiro que
é passado dessas pessoas para a coordenação a escola paga algumas contas.
Observamos a sala dos professores, mas no momento permitido a mesma estava vazia
devido ao horário das aulas, o que impossibilitou a realização de uma entrevista com o corpo
discente do horário.
Perguntamos a coordenadora sobre o atendimento na secretaria e segundo a mesma o
atendimento acontece durante os três turnos em que a escola está funcionando, mas no
momento o secretário havia pedido uma licença no horário da tarde e por isso não funcionava
neste horário.
Questionamos a coordenadora sobre a existência do Projeto Político-pedagógico e de
acordo com a coordenadora existe o PPP, no entanto está desatualizado. (Observação: Nós
não tivemos acesso ao PPP, mesmo desatualizado).
No momento da observação não vimos a presença de pais na escola, perguntamos a
coordenadora se os pais participavam das reuniões e a mesma relatou que apenas poucos
participavam.
De acordo com a coordenadora ainda não existe grêmio estudantil na escola pois o
mesmo ainda está sendo organizado.
Perguntamos a coordenadora a respeito da presença/falta de alunos e de acordo com
ela é impossível ter um número a respeito da presença e falta de alunos. Com relação ao
número de alunos por turma de acordo com a coordenadora o número médio de alunos por
turma é de 40 a 45 alunos.
Além do laboratório de informática que não estava funcionando por conta da falta de
funcionário especializado, não vimos mais nenhum atendimento educacional especializado.
Verificamos que vários alunos estavam fora da sala de aula durante nossa visita de observação
e questionamos a coordenadora sobre o motivo deles estarem fora da sala de aula. A mesma
informou que os alunos estavam em período de provas e conforme os alunos acabavam
terminando as provas estes eram liberados da sala indo para o pátio para não atrapalharem os
demais que ainda estavam fazendo a prova.
Ainda durante a visita observamos que estava ocorrendo uma aula no espaço da
cantina e questionamos por que não estavam na sala de aula. A coordenadora relatou que
estavam tendo aula naquele espaço por que haviam perdido a chave da porta da sala de aula e
por conta disso não conseguiram abrir a sala para que eles pudessem ter acesso.
Durante a realização desta visita, procuramos em nossas observações obter algumas
relações com os temas abordados na disciplina de Projeto Pedagógico: organização e gestão
do trabalho escolar, mais especificamente com os temas abordados no texto “A Escola Tem
Futuro? Das Promessas às Incertezas” do autor Rui Canário.
Tornou-se possível observar que os processos de aprendizagem escolar realizados na
escola estadual Xingó I, ainda possui características organizacionais condizentes as escolas do
século XX. Segundo Canário (2006, p.13), em sua realização de um balaço da educação
escolar no século XX, a escola é por três fatores principais: a hegemoneidade da forma
escolar; a naturalização e persistência da configuração organizacional do estabelecimento de
ensino; e as mutações do modelo das instituições (certezas > promessas > incertezas)
“Acontece que a escola – invenção histórica recente – instituiu um
espaço e um tempo distintos, destinados às aprendizagens”. (CANÁRIO,
2006, p.13)
Como vimos anteriormente, a escola estadual de Xingo I trabalha com um projeto
político-pedagógico (PPP) desatualizado, porém, ao visitarmos os demais ambientes da escola
podemos perceber que não há ações que visem uma mudança no perfil do projeto político-
pedagógico com relação a outras escolas do sertão alagoano. Essa observação nos remete a
um trecho do texto de Rui Canário que diz:
“A organização dos nossos estabelecimentos de ensino tem como base
uma compartimentação estandardizada dos tempos (aula de uma hora), dos
espaços (salas de aula), do agrupamento dos alunos (turma) e dos saberes
(disciplinas), aos quais correspondem formas determinadas de divisão do
trabalho entre professores”. (CANÁRIO, 2006, p.15)
Podemos interpretar que ao possuir um projeto político-pedagógico desatualizado, o
corpo administrativo desta escola compreende como natural o modelo de aprendizagem
tradicionalmente trabalhado desde sua elaboração, não havendo nenhum registro de
atualização em função das necessidades e demandas da sociedade em que a escola atua.
Essa situação pode ser justificada por uma série de fatores, mas em nossa compreensão
talvez o principal deles seja a comodidade que o projeto político-pedagógico da escola estadual
de Xingó I tenha apresentado aos servidores.
“Tal modalidade de organização tem-se revelado uniforme e estável, o
que contribui para que as escolas não sejam somente semelhantes, mas
idênticas se forem exibidas as descrições que delas se faz, mesmo que em
épocas muito diferentes”. (CANÁRIO, 2006, p.15)
Não foi possível evidenciar nenhuma proposta pedagógica inovadora nos espaços da
escola, que levassem a compreender que a mesma organiza os recursos existentes de modo
diferente. Mesmos os espaços como a sala de vídeo e a biblioteca não nos pareceram locais
onde os alunos possam perceber algum estimulo para desenvolver a leitura e a aprendizagem.
Neste caso é imediatamente perceptível que há apenas uma repetição de informações e não a
produção de saberes.
Segundo Canário (2006, p. 19 a 20), quando da reinvenção da organização escolar, o
processo de reinvenção da escola apela para uma ação estrategicamente orientada para a
incidência em pontos críticos. O mesmo aponta três eixos estratégicos de intervenção:
� A necessidade de romper com a ideia de que a inovação depende da
existência de um acréscimo de recursos.
� A associação da produção de mudanças à ruptura com as invariantes
organizacionais da escola (modo de gestão do tempo, do espaço, do grupo de
alunos e etc.).
� Conceber e praticar uma ação educativa globalizada em que a referência seja
um território educativo.
CONSIDERAÇÕES E SUGESTÕES
Ao considerar as avaliações realizadas durante a visita de observação na escola
estadual de Xingo I torna-se possível realizar as seguintes considerações:
1. A escola estadual de Xingó I, em relação aos aspectos físicos e estruturais do prédio,
apresenta boas condições para o desenvolvimento das atividades de ensino e
aprendizagem dos alunos. A escola possuí salas amplas, áreas verdes, rampas de acesso
para pessoas com deficiência, assim como uma sala de vídeo, uma biblioteca, um
refeitório e um pátio amplo e arejado e coberto. Com relação aos banheiros, alguns
apresentam sinais de depredação. Visualmente, torna-se necessário apenas alguns
serviços de manutenção dos banheiros e algumas paredes em que o reboco ou pintura se
apresentam danificados.
2. Com relação ao corpo docente, não foi possível ter um maior contato pois na data
escolhida para a realização da observação os alunos estavam realizando provas
inviabilizando a realização de entrevistas com os professores.
3. Quanto ao corpo administrativo, podemos considerar que a escola passa por uma situação
relativamente grave. Ao se observar as respostas da coordenadora Maria de Jesus para
as questões da entrevista realizada. Podemos pautar como pontos críticos a
desatualização do Projeto Político-pedagógico (PPP), a impossibilidade de mensurar as
faltas dos alunos e a elaboração do cardápio da merenda na visita anual da nutricionista.
Torna-se necessário para a escola a atualização do projeto político-pedagógico, a
conscientização dos professores quanto a observação da frequência dos alunos em sala
de aula e o acompanhamento nutricional adequado com relação ao cardápio da
alimentação dos alunos.
4. Com relação a participação dos pais nas atividades da escola, torna-se necessário a
realização de projetos que envolvam pais e alunos na construção da relação escola-
famílias-escola. Para isso sugerimos a realização da atualização do projeto político-
pedagógico da escola estadual de Xingó I mediante a intensificação das relações famílias-
escolas e com a participação da sociedade local, onde a escola está inserida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CANÁRIO, R. A escola tem futuro? Das promessas às incertezas. – Porto Alegre:
Artmed, 2006. 160 p.
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