25 de setembro
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CADERNO
ESPECIA
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DIA
RIO
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EERRNNAAMM
BBUUCCOO
DOMINGORecife, 25 de setembro de 2011
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro
Motos:contra abarbárie,a educação
Asmortesnotrânsitoprovocadasporacidentesdemotosem
Pernambucosãoumadas facesmaiscruéisdaexplosãodoau-
mento da frota, que vemcrescendomais de 300%a cada dé-
cada.Eaquantidadedemortes jáchegouanúmerosalarman-
tes.Noanode2010 foramregistradas 571mortes, umamédia
de 1,5pordia.Nomesmoano, a frotaalcançou639milmotos.
Na década de 1990, a diferença entre carros e motos era de
90%, hoje já reduziu essa distância para cerca de 30%.
A explosão do aumento na forta não veio acompanhada de
umaspecto fundamental: a formação dos condutores. Os pró-
priosmotociclistasadmitemafragilidade dapreparaçãoeotes-
te do Detran não é suficiente paramedir a habilidade. O resul-
tadopodeservistonasruascommotociclistasmalpreparados
eimprudentese,oqueépior,transformadosemarmasletaiscon-
tra eles mesmos e terceiros. Mesmo sem a exigência da lei, os
próprios motociclistas estão se organizando em clubes e pas-
sandoaofereceralternativasdereciclagemparaumadireçãose-
gura. Eles também chamam atenção da responsabilidade dos
fabricantes emrelaçãoaos equipamentosde segurança.
NasextaediçãodoFórumDesafiosparaoTrânsitodoAma-
nhã, pr,prnhã omovidopelosDiáriosAssociados,asmotos foramote-
madadiscussão.Paratentarreverteroquadro,ogovernodoes-
tadoinstituiuoComitêdePrevençãodeAcidentesdeMoto,com
ametade reduzir pelametadeasmortes ematé 10anos.
GREG/DP
Aemergência da trau-matologia do Hospi-tal da Restauraçãoestá quase sendo
chamada de emergência de trau-mas de moto. Mais de 80% dosatendimentos são de vítimas deacidente de motocicleta, que ocu-pam praticamente todos os lei-tos, todos os dias. Na última se-gunda-feira, o Diario foi conhe-cer as histórias dessas pessoas, ví-timas do mesmo tipo de trau-ma, e que passaram a dividirsuas dores, suas esperanças e ex-pectativas enquanto se recupe-ram em uma cama de hospital.
Há oito meses internado, o ex-motociclista José Romariz Rêgo,42 anos, assiste à chegada de no-vos pacientes. Alguns conse-guem ter alta antes dele. Josésofreu um acidente no dia 28 dejaneiro deste ano, na Muribeca,em Jaboatão dos Guararapes. Elehavia pego carona na moto deum amigo e viu quando um car-ro entrou na contramão e atin-giu os dois em cheio. Desde quefoi internado, ele já passou porseis cirurgias, mas acabou per-dendo a perna esquerda. A am-putação havia ocorrido quinzedias antes de nossa chegada aohospital. O ex-motociclista esta-va conformado, mas inseguroquanto ao futuro.
“Eles fizeram de tudo para sal-var a minha perna, mas não tevejeito. O importante é que estouaqui. Muitos morrem no aciden-te. Só não sei como será minha vi-da daqui para frente”. Casado e
pai de quatro filhos, ele e a mu-lher costumavam usar a moto co-mo meio de transporte . “Perdi aperna, mas mesmo se não tives-se perdido não iria mais usar mo-to. Minha esposa também nãoquer mais. Foi preciso isso acon-tecer para gente entender que orisco é muito grande e eu pode-ria ter morrido”, afirmou.
Nem todas as vítimas de aci-dente de moto pensam assim. Omototaxista de profissão Adre-nílson Ramos Gonzaga, 26 anos,foi internado no HR no dia 30 deagosto deste ano. Ele sofreu fra-tura na perna, foi operado e de-verá ficar um bom tempo inter-nado. “Uma moto bateu de fren-te com a minha. Eu desmaiei eacordei no hospital. Mas aindaacho a moto um meio de trans-porte seguro. O motoqueiro quebateu em mim estava bêbado.Quando eu sair daqui volto a pi-lotar”, disse.
Tamanha disposição tambémpode ser vista no motoqueiroEdiclei dos Santos da Silva, 25anos, que sobreviveu a um aci-dente por quase milagre. A mo-to de Ediclei também se chocoucom outra. O outro piloto mor-reu. Ele passou dois meses em
coma e teve perda temporáriada memória. Internado desde odia 1º de agosto, está quase re-cuperado. Só continua preso àcama devido a uma fratura naperna e outra no braço. “Só é otempo de sair daqui para subirna moto. Na minha opinião, é omelhor meio de transporte e detrabalho. Não tem outro”, afir-mou Ediclei. Se depender damãe, ele terá que procurar outraprofissão. “Não quero que elevolte a andar de moto. Muitagente está morrendo”, revelouMaria de Fátima dos Santos Ne-vez, 45 anos.
Cirurgião há 21 anos do Hos-pital da Restauração, o médicoJoão Veiga, atual coordenadordo Comitê de Prevenção de Aci-dente de Motos, diz que já per-deu as contas de quantas vezesteve que comunicar a um pai ouuma mãe a morte do filho, víti-ma de acidente de moto. “A gen-te faz de tudo para salvar e, quan-do não consegue, chega o piormomento de dar a notícia. Hojeme recuso a fazer isso. Designeiessa função a um residente. Jádei minha contribuição por 21anos. Tenho filhos adolescentese me coloco na posição dos pais”.
desafios para o trânsito do amanhã
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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 25 de setembro de 2011especial
saibamais+
Asortedossobreviventes
Em 1990, Pernambuco tinhauma frota de apenas 33.381 mo-tos. Dez anos depois houve umsalto para 144.804, um aumen-to de 334%. Era o início de umaexplosão no consumo, que en-controu terreno em duas con-junturas: a facilidade na comprado veículo com prestações a per-der de vista e a corrida para es-capar do transporte público aqualquer preço. Não deu outra.De 2000 a 2010, houve mais341% de aumento da frota quepassou, no ano passado, para639.404 motos.
A cada ano, o acréscimo sur-preende. De 2008 para 2009 hou-ve um aumento de 83.096 novasmotos. De 2009 a 2010 esse au-mento chegou a 99.020 e a ten-dência é aumentar ainda mais.Apesar de ser um veículo peque-no de fácil locomoção, a motochega a ocupar 4 vezes mais es-paço que o ônibus nas vias.
Para ser controlada, essa “epi-demia” deve seguir alguns ca-minhos. O primeiro é a melho-ria do transporte público. A mo-to ou o carro não podem ganharpara o ônibus ou o metrô. “Namoto eu chego mais rápido aotrabalho. Se for depender do ôni-
bus, vou perder muito tempo”,revelou o motociclista RozanoGomes, 39 anos. A expectativada melhora do transporter pú-blico deve vir com os investi-mentos para a Copa de 2014. Oestado, o município e o governofederal anunciaram investimen-tos na ordem de R$ 1,3 bilhão nainfraestrutura viária de trans-porte, que inclui corredores ex-clusivos, paradas em nível, ho-ra de chegada e partida e, dequebra, a implantação do proje-to de navegabilidade para a par-te Oeste da cidade.
“Não estamos defendendo queas pessoas deixem de comprarcarro ou moto. Mas esses podeme devem ter outra utilidade, co-mo por exemplo o lazer. Nas ati-vidades do dia a dia, o transpor-te público deve ser prioridade ecom qualidade”, declarou o pre-sidente do Fórum Desafios parao Trânsito do Amanhã, o enge-nheiro Laédson Bezerra. O outroviés é o da educação e fiscaliza-ção. “Nós vamos direcionar asações do comitê de Prevenção deAcidentes em dois pilares: edu-cação no trânsito e fiscalização”,detalhou João Veiga, coordena-dor do comitê estadual.
Radiografiados acidentesde moto em PE
8.700atendimentos em 2010
571 mortes
30%das vítimas apresentavamsinais de embriaguez
70%não eram habilitadas
11%das vítimas ficarammutiladas
20%dos atropelamentos depedestres nas calçadas sãopor motociclistas
77%dos acidentes deixamos pacientes em estadomuito grave
Fonte: João Veiga, em pesquisa no HR
Motos ganhamespaço nas vias
1990 2000 2010 2011
Apesardas
sequelas,muitos
acidentados
voltamapilotar
Fonte: Detran - PE
Evolução da frota de motos em PE
33.381motos
144.804motos
639.406motos
701.139motos(até omês de agosto)
Internadoháoitomeses, JoséRomariz perdeu apernadepois de passar por seis cirurgias
Ediclei dos Santos da Silva ficoudoismeses emcoma
Adrenilson Gonzaga sofreu uma fratura na perna, foi operado e deve ficar um bom tempo no hospital
Na Traumatologia doHR, mais de 80% dosinternados são vítimasde acidentes de motos.Recuperação costumaser longa e incerta
FOTOS:
TERESA
MAIA/D
P/D
.APRESS
Osenhor concordacoma te-se de que amoto é a grandevilã no trânsito?E ela é? Porque não há nenhumestudo de causa dos acidentesno Brasil. Não sabemos ao certose a responsabilidade é do con-dutor ou do veículo, ou ainda deterceiros. Um buraco na pista,por exemplo, pode ser um cau-sador de acidente.
O motociclista brasileiro épreparado o suficiente na
horade tirar acarteiradeha-bitação?Há uma grande lacuna na capa-citação. O que importa é passar noteste do Detran. Tem uma piadaconhecida que diz que basta saberfazer o oito para passar no teste.E isso, claro, não mede a capaci-dade do condutor. Em São Paulo,por exemplo, não sei aqui, mas látem motociclista que altera a mo-to para que ela acelere mais e en-tão fica mais fácil de passar noteste da rampa.
Na sua opinião, a fiscaliza-çãoprecisaria sermais rigo-rosa?Sim. Quando há um acidente en-volvendo moto ninguém investi-ga se a moto estava com defeito.Em alguns casos é possível iden-tificar se o condutor estava ounão alcoolizado, mas a moto nãoé fiscalizada.
Em relação aos itens de se-gurança da moto, os fabri-cantesnãopoderiammelho-
rar a qualidade e os acessó-rios serem obrigatórios noato da venda do produto.É preciso que tenha uma regula-mentação sobre isso, uma vezque não é permitida a venda ca-sada. E não é certeza se fosse ofe-recido um capacete básico jun-to com a moto, se o motociclis-ta iria utilizar.
Deque formaos fabricantespodem colaborar na redu-ção dos acidentes?
Nós estamos abertos a colaborarno que for possível. E já fizemosalgumas iniciativas por conta pró-pria, inclusive com a realização demutirão para fiscalizar as condi-ções das motos. Foram observa-dos 21 itens de manutenção emalguns estados brasileiros. Aqui,por exemplo foi observado que sequebra mais a coroa e a corrente.Não sabemos ao certo a razão, queprecisa ser melhor investigada.Em São Paulo são os freios quesão mais danificados.
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DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 25 de setembro de 2011 especial 3
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desafios para o trânsito do amanhã
Quando há um
acidente com
moto ninguém
investiga se
ela estava
comdefeito”
Diretor daAbraciclo critica a falta deumpadrãona fiscalizaçãode veículos e condutores
entrevista >> Moacir Alberto Paes
“Nãohá estudosobre a causadosacidentes nopaís”
Vilã ou vítima? Estigmatizada, em função da quantidade de
vítimas no trânsito, amoto vem se transformando emalvo fá-
cil de críticas. Mas a Associação Brasileira dos Fabricantes
de Motos (Abraciclo) questiona a ausência de um estudo da
causa dos acidentes. De fato não existe. Também não há ho-
je um padrão de fiscalização que seja capaz de identificar as
condições do veículo e do condutor. Na entrevista abaixo, o
diretor executivo da Abraciclo, Moacir Alberto Paes, fala so-
bre o que poderia ser melhorado na fiscalização e capacita-
ção. Há muito o que ser feito e os fabricantes também preci-
sam ser chamados para fazer a parte deles.
JULIO JACOBINA /DP/ D.A PRESS
“
ALEXANDREGONDIM
/DP/D
.APRESS
-03/07/20
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Aepidemia social resul-tante do crescimen-to da frota de motosno estado respinga
responsabilidade para todos os la-dos. Não há um único culpado. Oefeito dominó tem raízes que seiniciam desde a ausência de umaformação adequada dos conduto-res, da não disponibilização, pe-los fabricantes, dos equipamen-tos de segurança e da falta de res-ponsabilidade de motociclistas,motoristas e pedestres.
A resolução nº 356/2010 do Con-selho Nacional de Trânsito (Con-tran) define os requisitos de se-gurança, por exemplo, para moto-frete e mototáxi: protetor de per-nas e motor, aparador de linha(corta-pipa), faixas refletivletivef as e di-mensões das cargas e alça paraapoio dos passageiros, entre ou-tros. A resolução, no entanto, nãoaponta até onde vai a responsabi-lidade do fabricante. “Os itens desegurança da moto eram para virjunto com a moto. Ninguém com-pra um carro faltando o cinto desegurança. A nossa legislação éomissa na hora de chamar os fa-bricantes à responsabilidade”, cri-ticou o motociclista e conselhei-ro de segurança do Clube Bodesdo Asfalto, Aílton Martins Cezar.
A crítica de quem está numaguerra diária no trânsito é tam-bém em relação à falta de forma-ção dos condutores. E nesse que-sito a lacuna é talvez a mais da-nosa, uma vez que traz conse-quências, em geral, irreversíveispara o próprio condutor ou tercei-ros. “Ninguém aprende a condu-zir nos cursos das autoescolas. Apessoa aprende apenas a passare as autoridades sabem disso enão fazem nada para mudar”,afirmou Aílton Cezar. E ele nãoé o único. O próprio diretor defiscalização do Detran, SérgioLins, admite que a formação nãoé suficiente. “São escolas de ha-bilitação. Não de formação”, reve-lou durante uma audiência públi-
ca sobre os motociclistas na Câ-mara de Vereadores.
A educação no trânsito é umdos pilares do Comitê Estadualde Prevenção de Acidentes. Se-gundo o coordenador e médicoJoão Veiga, será feito um traba-lho junto às escolas. “Somente es-te ano, nós teremos 60 escolasque irão adotar a disciplina deeducação no trânsito, mas a pro-posta é ampliar para todos os ní-veis de ensino”, revelou.
Dentro do tema de educação,o motociclista Aílton Martins Ce-zar acredita que é uma oportu-
nidade de se repensar a forma-ção dos condutores. “O estadoprecisa fiscalizar e tornar obriga-tória uma formação mais com-pleta para os condutores. Nãoadianta criar metas de reduçãoda mortalidade se não se comba-ter a raiz do problema”, ressal-tou. E a raiz pode ser o própriocondutor. “Eu costumo dizer quea moto sozinha não oferece ne-nhum risco. Mas uma moto comum condutor mal capacitado étão perigosa quanto uma armacarregada”, comparou Moacir Al-berto Paes, da Abraciclo.
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saibamais+Dicas de comopilotarcom segurança:
Não passe emalta velocidadeentre os carros.Numaemergência, você pode precisarfrear rápido. E frear acima dos30Km/h entre os carros podesermuito difícil
A velocidade boa é poucoacima da velocidade dos carros.Se eles estiveremparados operigo é dobrado
Osmotoristas podemabrir aporta do carro, colocar o braçopara fora, ou uma criança podecolocar a cabeça para fora
Cuidado ao passar ao lado deônibus parados.Algummotorista pode passar pelafrente dele tentando atravessara rua e dar de cara com você
Se você se desequilibrar entreumcarro e umônibus, opte porse encostar no ônibus. Ele tema superfíciemais lisa e poucospontos para prender suamoto
Émais fácil “rolar”por baixode umônibus do que de umcarro
Observe os retrovisores. Seentortar o restrovisor de umcarro, pare e arrume.Sequebrar, seja honesto e pague
Não tire “onda”coma caradosmotoristas presos noengarrafamento. Eles comcerteza já estãomuitorevoltados por estarempresos no trânsito
Não pare para discutir.Nãovale a pena jogar fora seutempo emdiscussões que nãotrazembenefício algum
A velocidade no trânsitodependemuito da capacidadede frenagemda suamoto, e dasua habilidade, que você comobommotociclista, deveconhecer e reconhecer sempre
Não pare amoto emcimada faixa de pedestre.Vocêse arrisca a ganhar umamulta e não ganhamaistempo com isso
O certo é parar longe dosinal (semáforo). Isso tambémevita a situação desagradáveldomotormorrer na frentede todomundo
À noite é recomendávelnão parar “em cima”dosinal. Os assaltos acontecemnestes pontos
Se a a rua tiver poucomovimento, émelhor avançar osinal do que ficar parado.Claro,olhando antes de avançar
Fique atento ao retrovisor.Caso veja umamoto comdoisocupantes se aproximando,deixe amoto engrenada (aliás,deixe sempre engrenada) eprepare-se para acelerar
Fonte: Motoclube Bodes da Estrada(www.bodesdaestrada.com.br)
O aumento da frota de motosno estado cresceu mais de 600%nas duas últimas décadas. É osegundo tipo de veículo emmaior número no estado. Só per-de, por enquanto, para o carro.Uma diferença de menos de 30%.Em 1990, essa diferença era dequase 90%. “As motos vieram pa-ra ficar. É preciso saber convivercom elas e cada um deve fazer asua parte”, afirma o conselheirode segurança do clube Bodes doAsfalto, Aílton Martins Cezar.
Qual a parte que cabe a cadaum de nós? Do estado, a capacita-ção dos condutores, a educaçãoda disciplina trânsito na rede es-colar e, ainda, a fiscalização. Aparte que cabe aos condutores é pi-lotar com responsabilidade, parti-cipar dos cursos de capacitação,entender a lógica da direção defen-siva e saber se comportar no trân-sito em meio a uma selva de car-ros. Aos motoristas, a responsabi-lidade no trânsito requer tambémum detalhe básico de respeito aos
veículos menores e ao pedestre.O pedestre também precisa sa-
ber ocupar o seu espaço no trân-sito e isso significa usar a faixa eos passeios. “Precisamos fazer umtrabalho de base. Há registro deque 20% dos atropelamentos depedestres nas calçadas são feitospor motociclistas. Ninguém estárespeitando o espaço de ninguéme é claro que isso não pode con-tinuar assim”, ressaltou João Vei-ga, do Comitê Estadual de Pre-venção de Acidentes.
Desafio para todos
Condutores malpreparados e a faltade equipamentos desegurança nas motosreforçam as estatísticas
Tragédia emefeito dominó
Diferença entre o número de carros emotos é de 30%
Em 20 anos, frota demotos no estado cresceu 600%
FOTOS: TERESA MAIA/DP/D.A. PRESS
Uma das maiores críti-cas em relação à for-mação dos motociclis-tas pelas autoescolas e
centros de formação de condutor,para quem vai tirar a carteira dehabilitação para moto, é quanto aotipo de curso que é oferecido. Ameta é deixar o aluno pronto pa-ra o teste do Detran, mas não ne-cessariamente saber conduzir comsegurança no trânsito.
“É costume dizer que basta sa-ber fazer o oito com a moto, queo candidato passa no teste”, de-clarou o presidente da AssociaçãoBrasileira dos Fabricantes de Mo-to (Abraciclo), Moacir Alberto Paes.Com 15 aulas práticas em umaautoescola, Andréa Sales, 28 anos,conseguiu tirar a carteira de ha-bilitação para as categorias A e B,respectivamente, carro e moto.
Das quinze aulas obrigatórias,10 ficaram para o carro e cincopara aprender a pilotar moto. Eela não teve dificuldade para pas-sar. Não é um caso isolado. Dos200 exames realizados por dia noDetran-PE, cerca de 70% são apro-vados. Para o teste da moto, o de-safio é fazer o oito, três curvas àdireita e três à esquerda, um zi-gue-zague em dois cones e a subi-da na prancha acelerando semdesequilibrar. “Não me sinto pron-ta para as ruas. O aprendizado vaiser na prática”, admitiu Andréa.
Os cursos oferecidos nas escolase centros de formação estão deacordo com a resolução nº168/2004 do Contran. Segundo ocoordenador de educação de trân-sitodoDetran/PE,MarceloTenório,as cinco aulas oferecidas são sufi-centes para preparar o aluno. “Pi-lotar é uma questão intuitiva. Ocurso é suficiente se o instrutorpreparar bem o aluno”.
A segurança do coordenador detrânsito do Detran não parece con-dizer com o que acontece na prá-tica. Basta olhar para as estatísti-cas dos acidentes. Um total de 8,7mil atendimentos com vítimas deacidentes de moto em 2010. “Nin-guém começa a dirigir um carro
com perfeição. Com a moto é amesma coisa. A prática ensina”,afirmou Tenório.
Se depender do que diz a reso-lução do Contran, no caso de mu-dança de classificação, isto é, dequem já dirige e vai tirar a cartei-ra para moto, as aulas teóricasnão são obrigatórias desde 1998.Mas, nesse aspecto, há chances demelhora. Uma nova portaria doContran vai entrar em vigor emfevereiro de 2012. Trata-se da re-solução nº 321/2012, que prevêreavaliação dos instrutores e exa-minadores dos testes.
A expectativa é de que o níveldos instrutores e examidores pas-se a ser top de linha. “O Detrande Pernambuco está entre os seisdetrans do Brasil que vão apli-car a nova resolução. Até o fimdo ano, vamos implementar exa-mes para instrutores e examina-dores”, detalhou Marcelo Tenó-rio, que integra o Comitê Esta-dual de Prevenção de Acidentescom Motos. Segundo ele, quemnão passar no teste e for reinci-dente perderá a licença para serinstrutor. Isso dificilmente ocor-rerá. Afinal, se um instrutor nãoconsegue passar em um teste,não precisa dizer mais nada.
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desafios para o trânsito do amanhã
Com cinco aulaspráticas e o testede condução noDetran, pode-se tirar ahabilitação para moto
saibamais+
Basta fazer ooito…
Nova resolução
doContrandeve
melhornível
dos instrutores
LAIS TELLES/ESP. DP/D.A PRESS
LAIS TELLES/ESP. DP/D.A PRESS
Cerca de 70% dos candidatos são aprovados no exame, que consiste de desafios de equilíbrio, como curvas, zigue-zagues e subidas em rampas
De volta à sala de aula. O mo-tociclista Everton dos Reis, 27anos, pilota moto há dois anos,mas teve que se submeter a umcurso oferecido pelo Centro deTreinamento da Companhia deEngenharia de Tráfego de SãoPaulo (CET), que ensina motoci-clistas, já habilitados, a enfrentarcom segurança o trânsito de SãoPaulo. A exigência foi da empre-sa onde ele trabalha. “A firmamandou que todos os emprega-dos que usam a moto como meiode transporte fizessem o cursode formação da CET. Aqui estoureaprendendo a me comportarno trânsito”, contou.
Um dos ensinamentos do cur-so é em relação à frenagem. Amoto tem três tipos de freios:dianteiro, traseiro e o freio mo-tor. O instrutor da CET é categó-rico no primeiro dia de aula. “Es-queçam tudo o que vocês apren-deram para fazer o teste do De-tran. Aqui vocês vão aprender a
pilotar com segurança”, afirmouo instrutor que não teve autori-zação para dar entrevista.
Ele faz simulações de frenagemcom a moto para mostrar como oveículo se comporta em diferen-tes velocidades e condições do pi-so. Outro ponto insistentementerepetido é quanto a obrigatorieda-de do uso da viseira. “Os motoci-clistas chegam aqui com muitosvícios”, revelou a gestora de educa-ção da CET, Irismar Menezes.
No Recife, cursos do gênero sãooferecidos pelo Sesc/Senat e o cen-tro de treinamento de motos daHonda, em parceria com os clubesde moto. “Basta o motociclista seassociar a um dos clubes que te-rá acesso gratuito. Depois da ex-periência, a maioria reconheceque não sabia pilotar”, contou Aíl-to Cezar, do Motoclube Bodes daEstrada. “Infelizmente a procurapelos cursos ainda é muito peque-na”, revelou Lúcia Recena, gesto-ra do trânsito em Jaboatão.
Reaprendendoa pilotar
Você sabe quantostipos de condução demotos existem?
Condução Urbana:
No trânsito urbanodas cidades
Nos fins de semana
Lazer
Condução em BRs:
Viagens
Condução Off-Road:
Trafegar em terrenos nãopavimentados
Condução Esportiva:
Off-Road(Trilha, enduro, emcompetição demotocros)
Autódromos(Tracky Days, competições)
Exibições(Stunt Bikes,Manobras,Acrobracias,ArenaCross)
Fonte: Motoclube Bodes da Estrada
Motociclistas chegam aoCET commuitos vícios
Andrea tem a carteira,mas não se sente segura
TANIA PASSOS/DP/D. A PRESS
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