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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
NELINE CARLOS PEREIRA CARNEIRO
A DISLEXIA NO ÂMBITO ESCOLAR
Rio de Janeiro 2014
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NELINE CARLOS PEREIRA CARNEIRO
A DISLEXIA NO ÂMBITO ESCOLAR
Rio de Janeiro 2014
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva.
Orientadora: Maria Esther
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RESUMO
Ao longo desta obra acadêmica, o leitor encontrará um compilado que reúne
as principais problemáticas relacionadas ao contexto em que são inseridos os alunos
da rede regular de ensino das escolas municipais da cidade do recife.
O Capítulo I abordará o que é a dislexia, reunindo dados da Associação
Internacional de Dislexia e a perspectiva dos principais pesquisadores da área; O
que desencadeia o transtorno - a dislexia -; Quais seus sintomas; quais são os
métodos de avaliação e diagnóstico mais recomendados; E, os seus tipos e
diferenciações.
Já no Capítulo II, serão enfatizados os processos referentes ao mecanismo
de aprendizagem dos disléxicos; A fisiologia cerebral da leitura; E, a alfabetização de
indivíduos com tal problema.
No Capítulo III, apresentam-se temas relacionados com a interação do
disléxico com o meio escolar; As legislações de apoio para o atendimento ao
disléxico; O papel do professor e suas qualificações profissionais; As formas com
que tais alunos lidam com a escola; A importância do comprometimento da família,
como suporte aos estudos; Métodos diferenciados nos processos de ensino; E, qual
a postura que o psicopedagogo deve adotar diante de alunos com dificuldades de
aprendizagem.
O Capítulo IV trará as intervenções mais aconselháveis, no tratamento do
indivíduo disléxico, considerando importantes acadêmicos da área.
Sobretudo, este trabalho traz um importante material de suporte aos
psicopedagogos e demais profissionais de educação, que lidam com os portadores
do transtorno no seu ambiente de trabalho.
PALAVRAS-CHAVES: Dislexia; Aprendizagem; Professor, Inclusão.
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METODOLOGIA
O desenvolvimento do estudo realizado nesta monografia foi fundamentado
em bases teóricas. Foram realizadas pesquisas através de livros e portais de
internet de autores que tratam do tema de estudo.
A pesquisa dar-se-á através de método bibliográficocom coleta de textos
reconhecidamente científicos de autores, também, reconhecidos na literatura sobre
Dislexia e suas diversas abordagens, no âmbito clínico e escolar.
Como referencial teórico será utilizado o livro Dislexia e distúrbios de
aprendizagem (Liana O. Ventura et. al.), quem tem objetivo de identificar e
esclarecer o distúrbio e seus sintomas, além de referenciarmos teóricos como:
Simaia Sampaio, Fátima Alves, Vitor da Fonseca, Jaime Luiz Zorzi, entre outros que
estarão presentes na bibliografia do trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
CAPÍTULO I - DISLEXIA ............................................................................................. 7
1.1. Etiologia ............................................................................................................ 9
1.2. Sintomatologia ................................................................................................ 10
1.3. Avaliação ........................................................................................................ 12
CAPÍTULO II - O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS DISLÉXICOS ............... 14
2.1. Fisiologia Cerebral da Leitura ........................................................................ 14
2.2. A Dislexia e a Alfabetização ........................................................................... 16
CAPÍTULO III - DISLEXIA NO ÂMBITO ESCOLAR .................................................. 18
3.1. Legislação de Apoio para Atendimento ao Disléxico ..................................... 18
3.2. A Escola .......................................................................................................... 20
3.3. O Professor ..................................................................................................... 22
3.3.1. Formação de Professores ............................................................................ 23
3.4. O Aluno ........................................................................................................... 24
3.5. A Família e o Disléxico .................................................................................. 26
3.6. Diferenciação do Ensino ................................................................................. 28
3.7. A Inclusão Escolar do Disléxico ...................................................................... 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 34
WEBGRAFIA ............................................................................................................ 36
ANEXO ..................................................................................................................... 38
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INTRODUÇÃO
Dislexia é o distúrbio responsável pelo mal desempenho de uma significativa
parcela dos alunos do Ensino Fundamental, nas atividades escolares. Questões que
margeiam o fenômeno, tais como, sua influência no desenvolvimento acadêmico e
social do indivíduo, causas, tratamentos e métodos psicopedagógicos para o bom
convívio e adequação do aluno no meio escolar são alvos desta atividade, que
propõe esclarecer e instigar a apreciação e o debate em ambiente acadêmico, sobre
a dislexia.
A dificuldade de conhecimento e de definição do que é Dislexia, faz com que
se tenha criado um mundo tão diversificado de informações errôneas, que
confundem e desinformam a população.
“Um excelente começo é a divulgação de informação científica de
forma clara e prática. O ideal é que toda sociedade e os profissionais
envolvidos em saúde e educação sejam informados e atualizados
sobre a importância do letramento e da leitura e sejam capazes de
identificar grupos de risco para seu transtorno.” (Alves, 2011 p. 33).
A presente pesquisa tem como propósito, contribuir com a análise e o
reconhecimento de dificuldades de aprendizagem, bem como as estratégias
pedagógicas utilizadas para minimizar o problema no ambiente escolar, favorecendo
o aluno e os profissionais de educação em geral, beneficiando assim, o seu
aprendizado de forma contínua, gradativa e esclarecedora.
O educador tem um importante papel de facilitar, no que diz respeito a ajudar
alunos com dificuldades de aprendizagem, desta forma, ele utilizará seu
conhecimento pedagógico para inserir o aluno no contexto socioeducacional,
transformando a sala de aula, num laboratório de novas experiências e de
integração para o disléxico. Do ponto de vista do educador, usar métodos que
facilitem o aprendizado é de suma importância, pois o disléxico não consegue
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identificar e decodificar padrões que seriam simples para os demais alunos.
"A simplicidade e a objetividade dos recursos, aliada a uma boa
condução do trabalho, são quase sempre as melhores posturas dos
professores que atuam com crianças de severas dificuldades."
(Almeida, 2011 p.18).
Nas estratégias didáticas desenvolvidas e aplicadas na escola, deve-se
abordar temas diversificados, fazendo o aprendizado se tornar mais agradável, onde
o professor pode utilizar técnicas didáticas diversificadas.
Existem diversas definições para estabelecer as causas da dislexia, porém a
mais aceita é que a dislexia não é nada mais do que uma condição genética que
apresenta alteração no padrão neurológico do indivíduo.
Identificar os alunos portadores de dislexia, conhecer as origens e
desenvolvimento da dislexia, subsidiar os profissionais quanto ao conhecimento e
procedimentos condizentes ao tema e analisar se as ações didáticas desenvolvidas
nas salas de ensino regular estão de acordo com as propostas de desenvolvimento
destes alunos fazem parte do contexto que será abordado, nas páginas a seguir,
amparando e esclarecendo os profissionais da área a respeito do tema abordado
mostrando possíveis soluções, que devem ser direcionadas aos alunos da rede
regular de ensino das Escolas Municipais da cidade do Recife.
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CAPÍTULO I
DISLEXIA
Segundo a Internacional Dislexia Association (1994), a Dislexia é um distúrbio
de linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar
palavras simples.
A palavra deriva do grego “dis” que significa dificuldade e “lexia”, que significa
linguagem (Associação Nacional de Dislexia, 2005; Ianhez, 2002). Segundo Lyon,
G.R., Shaywitz, S.E., &Shaywitz, B.A. (2003), a dislexia é definida como:
Uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.
Em 1896, o médico inglês Pringle Morgan, divulgou a primeira definição do
distúrbio de aprendizagem, que mais tarde viria a ser conhecido com dislexia do
desenvolvimento, a partir do caso de um jovem de 14 anos que possuía uma
dificuldade na leitura e na escrita. A dislexia era, então, conhecida como cegueira
verbal congênita e era definida como um transtorno de aprendizagem na leitura e na
escrita.
O termo “dislexia do desenvolvimento” foi utilizado pela primeira vez em 1968,
pela Federação Mundial de Neurologia, sendo definida como um transtorno
manifestado a partir de dificuldades na aprendizagem da leitura e que, pode ocorrer
mesmo em crianças que sejam ensinadas com métodos convencionais de ensino,
com a inteligência não comprometida e interações socioculturais adequadas. A
competência para a leitura era vista como um "sinal" de inteligência, e isto motivava
a escolarização, porém esta afirmação se mostrou inverídica com o passar dos anos
e a vivência escolar dos disléxicos.
Estima-se que entre 10 e 17% da população mundial sofre de dislexia. No
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Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas têm algum tipo de necessidade especial,
noventa por cento deste total está relacionado a alguma dificuldade de
aprendizagem relacionada à linguagem, dentre as quais se destaca a dislexia.
Informações da Associação Brasileira de Dislexia - ABD apontam que 40%
dos casos diagnosticados na faixa mais crítica, entre 10 a 12 anos, são de grau
severo, 40% de grau moderado e 20% grau leve.
De acordo com Ianhez (2002), a dislexia pode ser classificada em 5 tipos. São
estes:
a) Dislexia Disfonética – caracterizada pela dificuldade auditiva. Na dificuldade
temporal.
b) Dislexia Diseisética – caracterizada pela dificuldade visual. Na percepção de
direção, localização, distância e espacial.
c) Dislexia Visual – caracterizada pela deficiência na percepção visual,não
visualiza cognitivamente o fonema.
d) Dislexia Auditiva - caracterizada pela deficiência na percepção auditiva, ou
seja, o disléxico escuta cognitivamente o fonema.
e) Dislexia Mista - caracterizada pela dificuldade do indivíduo na análise fonética
das palavras e na percepção de letras e palavras completas.
Para Moojen apud Rotta (2006), é possível classificar a dislexia em três tipos:
a) Dislexia fonológica (sublexical ou disfonética): caracterizada por uma
dificuldade seletiva para operar a rota fonológica durante a leitura,
apresentando, não obstante, um funcionamento aceitável da rota lexical; com
frequência os problemas residem no conversor fonema-grafema e/ou no
momento de juntar os sons parciais em uma palavra completa. Sendo assim,
as dificuldades fundamentais residem na leitura de palavras não familiares,
sílabas sem sentido ou pseudopalavras, mostrando melhor desempenho na
leitura de palavras já familiarizadas. Subjacente a essa via, encontra-se
dificuldades em tarefas de memória e consciência fonológica. Considerando o
grande esforço que fazem para reconhecer as palavras, portanto, para manter
uma informação na memória de trabalho, são obrigados a repetir os sons para
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não perdê-los definitivamente. Como consequência, toda essa concentração
despendida no reconhecimento das palavras acarreta em dificuldades na
compreensão do que foi lido.
b) Dislexia lexical (de superfície): as dificuldades residem na operação da rota
lexical (preservada ou relativamente preservada a rota fonológica), afetando
fortemente a leitura de palavras irregulares. Nesses casos, os disléxicos leem
lentamente, vacilando e errando com frequência, pois ficam escravos da rota
fonológica, que é morosa em seu funcionamento. Diante disso, os erros
habituais são silabações, repetições e retificações, e , quando pressionados a
ler rapidamente, cometem substituições e lexicalizações; às vezes situam
incorretamente o acento prosódico das palavras.
c) Dislexia Mista: nesse caso, os disléxicos apresentam problemas para operar
tanto com a rota fonológica quanto com a lexical. São assim situações mais
graves e exigem um esforço ainda maior para atenuar o comprometimento
das vias de acesso ao léxico.
1.1 Etiologia
Há várias definições que estabelecem as causas da dislexia, porém a mais
aceita é que a dislexia é uma condição genética que apresenta alteração no padrão
neurológico do individuo e caracteriza-se pela dificuldade acentuada na leitura,
escrita, soletração e ortografia. Sendo assim, a criança herda a dislexia. “Um dos
primeiros sinais clínicos da dislexia é a história familiar de dificuldade de leitura.
Pesquisa demonstra que muitas vezes a dislexia é hereditária.” (CATTS, 2011 p. 56)
Existem ainda alguns fatores que atribuem causa ao distúrbio, como:
Disfunções em nível cerebral – Um atraso no desenvolvimento do Sistema Nervoso
Central. Quando os neurónios não estabelecerem o seu contato, tornando as
funções de coordenação mais difíceis;
Fatores genéticos – A predisposição de genes ligados a dislexia, que são
transmitidos em nível hereditário.
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Perturbações durante o parto ou no início da vida;
Doenças – como, por exemplo, as encefalopatias;
Perturbações nutricionais – A desnutrição pode afetar o sistema nervoso central,
que irá por sua vez afetar a aprendizagem e o desenvolvimento da criança.
Produção excessiva de testosterona durante a gravidez.
1.2 Sintomatologia
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia - ABD, os sintomas do distúrbio
estão relacionados apenas a aprendizagem, o que em alguns casos não confirmam
o distúrbio, sendo assim, necessário realizar uma avaliação para diagnosticar o
caso.
Outro ponto a ser considerado quando se fala em dislexia é de que existem
crianças que apesar das dificuldades, aprendem a ler, porém permanecem com
dislexia de forma camuflada. Em geral, estas crianças, em sua maioria,
incompreendidas por suas limitações, são estigmatizadas como desinteressadas, e
frequentemente cobradas por atividades que não podem realizar. Neste ponto,
costumam surgir às reações de apatia ou revolta.
Segundo Estill (2005) existem diversos sinais que indiciam o distúrbio nos
comportamentos das crianças, e que estes aspectos podem vir a auxiliar os pais e
os educadores a identificar a dislexia precocemente, tais como:
a) Dificuldades nas aquisições linguísticas: dificuldades em reconhecer rimas e
aliterações; vocabulário reduzido; construções gramaticais inadequadas,
severa dificuldade para entender as palavras pelo seu significado;
b) Dificuldade em fazer cópias, trabalhos e agendas incompletas;
c) Dificuldade no entendimento leitura;
d) Importantes dificuldades de organização sequencial tempo-espacial;
sequências e rotinas diárias;
e) Dificuldades em matemática, cálculos e desenhos geométricos;
f) Grande dificuldade para organizar-se em suas tarefas de vida diária;
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g) Especial dificuldade para aprender uma segunda língua;
h) Confusões de orientação, trabalhar com dicionários e mapas é mais um
complicador.
i) Alterações de comportamento - agressividade, desinteresse, baixa autoestima
e até mesmo condutas opositivas-desafiadoras.
Estill (2005) ainda acentua que é necessário haver uma atenção especial com
as crianças que demonstram interesses em conversar, que são curiosas, entendem
e falam bem, mas não demonstram interesse para a escrita e a leitura. A autora
sugere que no caso de crianças leitoras, deva-se oferecer um problema matemático,
escrito e oral, e que as respostas sejam comparadas, pois, com certa frequência, é
possível encontrar algumas respostas que divergem das demais, que estão corretas
na questão oral e incorreta na mesma questão escrita. Ou seja, a mesma criança
que aparenta não conseguir resolver uma questão matemática por escrito, poderá
ter um desempenho satisfatórioresolvendo a mesma questão oralmente. Este tipo de
situação deixa claro como pode-se confundir os sinais, a dificuldade não é na
aprendizagem da matemática, mas na leitura.
Além destes, outros sintomas podem ser observados. Como:
a) Troca de letras, sílabas ou vocábulos que são similares graficamente: a-o; e-
c; f-t; m-n; v-u; i-j;
b) Inversão de letras com escrita parecida, porém com diferente orientação no
espaço: b-p, d-p, d-q, b-d, d-q, n-u, a-e, w-m;
c) Troca de letras cujos sons são parecidos: d-t, j-x, c-g, m-b, v-f;
d) Acréscimo ou omissões de sons: casa por casaco, prato por pato;
e) Ao realizar a leitura, pula linha ou retorna para a anterior;
f) Ao ler, movem os lábios murmurando;
g) Dificuldade na orientação espacial, não conseguindo se orientar com mapas,
globos e o próprio ambiente;
h) Utiliza dedos para contar;
i) Demonstram dificuldade de lembrar objetos, nomes, sons, palavras, ou
mesmo letras;
j) Alguns conseguem copiar do quadro com facilidade, porém na escrita
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espontânea (ditado e/ou redação) mostram extrema dificuldade;
k) Atinge mais meninos que meninas;
(CODEMARIN (1898) apud SAMPAIO (2010)
1.3 Avaliação
O diagnóstico realizado com antecedência possibilita uma intervenção
psicopedagógica aos alunos disléxicos. Usando métodos e estratégias adequadas,
visando minimizar consequências futuras no processo de aprendizagem da criança.
Se tratado cedo, o aluno com dislexia pode encontrar meios de superar a dificuldade
na leitura e na escrita, mas isso não o faráum não disléxico. De acordo com Oliver
(2008):
“O psicopedagogo avaliará o paciente encaminhado, para detectar
distúrbios fonoauditivos, que exigirão encaminhamento a um
fonoaudiólogo e a um otorrino. Havendo deficiência na visão, poderá
ser indicado um oftalmologista. Também, certamente, o
psicopedagogo o encaminhará a um neurologista, para que exames
sejam realizados.”.
A avaliação para a descoberta da dislexia é realizada por associações como a
ABD (Associação Brasileira de Dislexia) e o CAD (Centro de Aprendizagem e
Desenvolvimento), onde é possível adquirir laudos clínicos através da realização de
uma bateria de exames realizada por uma equipe multidisciplinar formada por
psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos que devem iniciar uma investigação
detalhada sobre o paciente. A equipe também deve realizar uma integração na
avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como
Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso, para uma maior abrangência
do diagnóstico.
A investigação tem como base a avaliação de todas as possibilidades de
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transtornos, como disfunções auditivas e visuais, déficit intelectual, desordens
afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar e lesões cerebrais antes de
confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. Este procedimento ainda conta com
o auxilio da escola em que o individuo estuda, através de um parecer dos pais e de
um levantamento do histórico familiar. A avaliação permite que o tratamento seja
feito de forma mais eficaz, especificando as particularidades de cada caso.
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CAPÍTULO II
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS DISLÉXICOS
A aprendizagem, enquanto processo de construção, é definida por um
fenômeno que, a partir, de uma articulação esquemática de contextos, indica a
existência de diferentes dimensões sobrepostas possibilitando ao ser humano
sintetizar dinamicamente o seu processo de aprendizagem. A leitura e a escrita são
valores inestimáveis na vida sócio-cultural do ser humano. De acordo com Vygotsky
(1992), todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de acordo com
sua história social e acabam se constituindo no produto do desenvolvimento
histórico-social de sua comunidade. Neste processo de desenvolvimento cognitivo, a
linguagem tem papel facilitador na determinação de como o sujeito vai aprender a
pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança
através de palavras.
Segundo os estudos funcionais, “o reconhecimento das palavras tem bases
neurológicas bem estabelecidas, representadas pela ativação da região temporal
basal e bilateral”. (ARAÚJO, 2011 p.22).
2.1 Fisiologia cerebral da leitura
O controle dos processos do corpo humano, na antiguidade, era voltado para
a alma que, considerava-se ser agente do funcionamento da mente. Essa
concepção era fundamentada na compreensão religiosa e filosófica. Segundo os
egípcios, o coração era um órgão sagrado, responsável pela inteligência, por ser
pulsante. Quando alguém morria, seu coração era embalsamado e posto de volta ao
corpo, pois, o mesmo, era considerado importante para a pós vida. Os demais
órgãos também tinham sua relativa importância, porém o cérebro era descartado,
porque não se considerava haver utilidade para a massa flácida e viscosa, ao
contrário do coração que os egípcios podiam sentir bater, e quando ele parava a
pessoa também parava de viver (SHAYWITZ, 2006).Se somando aos egípcios, há
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indícios de demais culturas que tinham o cérebro como sendo um dos órgãos de
menor importância do corpo.
Aristóteles deduzia o coração como sendo autor dos movimentos e
sensações, considerando-o como um órgão quente por possuir movimentos e deter
um líquido vermelho deslumbrante, e via o cérebro como uma estrutura
esbranquiçada, sem calor que resfriava tudo que era produzido pelo coração.
Segundo o neurologista Ailton Mello (2009) o cérebro é de extrema importância para
o funcionamento de todas as outras estruturas do corpo humano. Através da
ressonância magnética é possível identificar o caminho que a leitura percorre em
nosso cérebro. O cérebro se divide em hemisférios; direito e esquerdo e frontal
(anterior) e de trás (posterior). Cada hemisfério detém quatro lobos: frontal, parietal,
temporal e occipital. Os lobos frontais se localizam na parte anterior do cérebro, os
occipitais ficam na parte posterior e os temporais e os parietais são intermediários.
Pesquisadores associam a linguagem à parte esquerda do cérebro.
Os estudos relacionados ao cérebro, com o intuito de compreender o caminho
da leitura, é uma abordagem recente. Esses estudos fazem possível o entendimento
do porque de indivíduos inteligentes apresentarem dificuldades de leitura. Por
intermédio de pesquisas realizadas por ressonância magnética, com observância de
imagens do cérebro em funcionamento, foram verificadas duas reações cerebrais,
quanto à leitura: uma primeira se refere àqueles que estão no início da
aprendizagem da leitura, sendo esta, mais lenta e a segunda mais rápida naqueles
que estão habituados às letras e seus respectivos sons. Ademais, é possível
verificar lapsos nestes circuitos neurais nas pessoas disléxicas, que tendem a seguir
por caminhos diferentes como forma de reparação, utilizando mais a parte anterior.
À medida que crescem demostram uma superação da região de Broca que se
localiza na parte frontal do cérebro.
SegundoShaywitz (2006) quando um indivíduo está em atividade, ele ativa as
regiões posterior e anterior do cérebro, uma vez que a maior parte relacionada à
leitura está localizada na região posterior, chamada de sistema de leitura posterior,
localizada na região parietotemporal. A área anterior do cérebro é onde os lobos
occipital e temporal se encontram (occipitotemporal), área que se utiliza para a
imagem das palavras, sons e significados a serem memorizados.
Nos indivíduos que estão no início do processo de aprendizagem da leitura, a
regiãoparietotemporal é a que será acrescentada, visto que necessitam examinar a
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palavra com mais atenção e cautela para que possam memorizar e, assim, aprender
a verbalizar conforme os sons e seus significados. Nos leitores mais versados, que
detém uma leitura dinâmica e rápida, a parte occipitotemporal que deverá ser
acionada, não sendo necessário averiguar as palavras inicialmente, apenas em um
olhar é capazde distingui-las de forma automática. Esta área também é denominada
de sistema de forma da palavra.
Compensatoriamente, os indivíduos com dislexia resultam subvocalizando as
palavras através da área de Broca, possibilitando-lhes fazer uma leitura mesmo que
de forma lenta, até mesmo os alunos disléxicos que ingressam em universidades e
adquirem certa perícia na leitura, prosseguem precisando usar esta área, com uma
leitura vacilante se comparados aos demais colegas.
Acreditava-se que ao passar dos anos, de acordo com o amadurecimento do
indivíduo disléxico, os problemas com a leitura fossem desaparecendo. Atualmente,
de acordo com o que se pode perceber geneticamente, não há esta possibilidade. O
que se pode acontecer é um condicionamento alfabético ajustado de diminuição das
consequências geradas por esta falha, e, assim, os disléxicos conseguirão tornar-se
leitores com fluência, porém letárgicos, necessitando de condições temporais
distintas dos não disléxicos para realizarem o processo de conclusãoda leitura de
um texto.
2.2 A Dislexia e a Alfabetização
A Dislexia se evidencia na fase da alfabetização, contudo alguns sintomas já
são notáveis em estágios anteriores. O distúrbio é responsável por altos níveis de
repetência e abandono escolar.
Crianças na fase de aprendizado da leitura e da escrita, alfabetização,
passam por uma série de mudanças psicossociais. Com a criança disléxica não é
diferente, excetuando pela forma como ela deve ser instruída.
Neste processo de aquisição de conhecimentos, é necessário haver a
conscientização do corpo docente, das escolas municipais, sobre as dificuldades
que os disléxicos enfrentam e incentivar o encorajamento e respeito dos limites,
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evitando situações de desconforto que reprimam o aluno. Ainda é necessário
reconhecer que o auxilio de ajuda externa e o desenvolvimento de um clima
confortável e paciente é fundamental para que o aluno sinta-se seguro para realizar
as atividades propostas pela escola.
Segundo SMOLKA (1996, p. 72),
Para a alfabetização ter sentido e ser um processo interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança, com histórias e com intervenções das próprias crianças que podem aglutinar contrair, “engolir” palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas. Os “erros” das crianças podem ser trabalhados. Ao contrário do que as maiorias das escolas pensam, esses “erros” demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois às crianças começam a se preocupar com outras coisas (como ortografia) com que não se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita.
Contudo, contrariando os métodos mais comuns e engessados adotados nas
escolas há décadas, as práticas que devem ser adotadas em ambiente escolar, para
lidar com alunos que sofrem com a dislexia, devem se concentrar, exatamente, nas
atividades de inclusão do indivíduo no meio social, respeitando suas diferenças e
necessidades específicas, considerando seu tempo e limitações, assim como
ensejos por conhecimento que não diferem dos demais alunos.
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CAPÍTULO III
DISLEXIA NO ÂMBITO ESCOLAR
É através da escola que se faz possível detectar, com maior facilidade a
manifestação da dislexia, quando, de fato, o distúrbio aparece. A escola apresenta
um ambiente adequado para o disléxico evidenciar suas dificuldades, visto que é um
ambiente propício de valorização da leitura e da escrita.
O modelo escolar não é voltado para os disléxicos, mesmo que estes alunos
sempre tenham feito parte da história da escola. Tal modelo dito regular cria um
estereótipo de aluno normal, que julga as diferenças apresentadas por aqueles que
não se enquadram neste conceito. E por isso, em diversos casos, os diléxicos
acabam sendo rotulados de deficientes mentais ou preguiçosos , o que gera um
ciclo de frustração e agravamento do quadro. O papel ideal do educador é ir além
desses conceitos, de colocar o problema como sendo apenas do aluno, e buscar em
sua atuação profissional métodos que acolham a individualidade desses alunos,
respeitando seus limites e diferenças.
3.1 Legislação de Apoio para Atendimento ao Disléxico
O Estado tem, por obrigação, que assegurar atendimento gratuito, e de
qualidade, em rede regular de ensino público, aos portadores de necessidades
especiais de aprendizagem. Este atendimento é uma complementação no ensino
que tem seu foco direcionado a pessoa com alguma dificuldade de aprendizagem,
com o objetivo de fornecer igualdade de oportunidade, como está descrito na
Constituição Federal Brasileira no seu artigo 5º.
Na Constituição Federal “cidadã”, de 1988, cabe destacar também o artigo
205, que afirma que a educação é direito de todos, do Estado, da família e da
sociedade. E o artigo 208, inciso III, que garante o atendimento educacional
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especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de
ensino, estabelecendo no artigo 227, inciso II a:
“Criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como a integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação (BRASIL, 1988).”
Nessa perspectiva, também devem ser tidas em conta a Lei n°. 853/89 que “Dispõe
sobre o apoio às pessoas com deficiências, sua integração social, assegurando o
pleno exercício de seus direitos individuais e sociais” e o Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei 8.069 / 90, que no seu capítulo IV, Do Direito à Educação, à
Cultura, ao Esporte e ao Lazer, art. 53 determina que:
A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho assegurando-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1990).
É importante destacar que a Legislação penal brasileira reforça essa
afirmação através da Lei Federal nº 7.853/89, no art. 8º, letra “a” dispondo que quem
recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou
grau, público ou privado, porque é portador de deficiência, será punido com prisão (1
a 4 anos) e multa.
Na perspectiva legal, a Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional), o artigo 58, define a educação especial como sendo uma modalidade de
educação escolar, que deve ser ofertada, preferencialmente, na rede regular de
ensino, na educação de portadores de necessidades especiais. No inciso I, fica
20
estabelecida a obrigatoriedade de serviços de apoio especializado e no inciso II,
quando não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular, o
atendimento em classes ou escolas especializadas. Não obstante, no inciso III fica
determinado que a oferta de educação especial tem início na faixa etária de zero a
seis anos, na educação infantil.
Nesse mesmo sentido, o artigo 59 da LDBEN afirma a necessidade de
assegurar aos alunos com necessidades especiais currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização específica. Por fim, no art. 60, recomenda-se o
apoio técnico e financeiro do poder público às instituições privadas sem fins
lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial.
Estas orientações são confirmadas e regulamentadas na Resolução
CNE/CEB nº 2, de fevereiro de 2001, que estabeleceu as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial Básica, e no Plano Nacional de Educação (PNE), que através da
Lei 10.172 de janeiro de 2001, no inciso XVI, define que as escolas e os professores
têm que se adaptar para receber este aluno assegurando a inclusão, no projeto
pedagógico das unidades escolares, do atendimento às necessidades educacionais
especiais de seus alunos e definindo os recursos disponíveis e oferecendo formação
em serviço aos professores em exercício.
É importante recordar que o Brasil é membro da Organização das Nações
Unidas e participou da Conferência Mundial dos Direitos Humanos em 1948, da
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien na Tailândia em 1990
e da Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais: Acesso e
Qualidade, realizada em Salamanca, Espanha em 1994. Participou como signatário,
isto é, assinou esses documentos se comprometendo a fornecer educação de
qualidade para todas as pessoas, incluindo as com deficiência.
Portanto, todas essas Leis, Decretos, Pareceres e Declarações vieram
consolidar os direitos de todos os cidadãos a uma educação de qualidade, sendo
essa consolidação de direitos de responsabilidade da União, dos Estados, das
Prefeituras e dos Órgãos competentes.
3.2 A Escola
21
Segundo Martins (2001), no ambiente das instituições de ensino, informes de
professores registram situações em que crianças, aparentemente brilhantes e muito
inteligentes, não podem ler , escrever e nem têm boa ortografia para idade. Nos
exames vestibulares, as comissões executivas descrevem casos "bizarros" (às
vezes, motivo de chacotas) em que candidatos apresentam baixo nível de
compreensão da leitora ou a ortografia ainda é fonética (baseada na fala) e
inconstante.
Ainda de acordo com Martins (2001), assim, urge a realização de testes de
leitura nas escolas públicas e privadas, desde cedo, de modo a diagnosticar e
avaliar a dificuldade de leitura. Por trás do fracasso escolar ou da evasão escolar,
sempre há fortes indícios de dificuldades de aprendizagem relacionadas à
linguagem. Na visão de Sassaki (1999, p.18),
A inclusão escolar é vista como a melhor alternativa para os alunos segregados da escola regular, já que ela: “representa um passo muito concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares para assegurar que todos os estudantes comecem a aprender que pertencer é um direito e não um status privilegiado que deva ser conquistado.
Outro fator que dificulta a aprendizagem da leitura e da escrita, e que leva
alunos disléxicos a abandonarem a escola é a dispedagogia. Pode-se afirmar que a
dispedagogia é o desconhecimento por parte dos professores, pais e gestores
educacionais, do que é a dislexia e suas mazelas na vida das crianças e dos
adultos, também, só piora a aprendizagem da leitura de seus alunos (MARTINS,
2001).
Lima (2002) afirma que a função de expandir a experiência humana pertence
à escola, consequentemente a mesma não pode ser limitada ao que é significativo
para o aluno, mas criar situações de ensino que ampliem a experiência, aumentando
os campos de significação.
O mesmo afirma ROLDÃO(2003), citado por Sanches, (2005,p. 132),
22
Pressupõe escolas abertas a tordos, onde aprendem juntos, quaisquer que sejam as suas dificuldades, porque o ato educativo se centra na diferenciação curricular inclusiva construída em função dos contextos de pertença dos alunos, à procura de vias escolares diferentes para dar resposta à diversidade cultural, implementando uma práxis que contemple diferentes metodologias que tenham em atenção os ritmos e os estilos de aprendizagem dos alunos.
De acordo com Salgado (2006), a vida escolar de uma criança ou jovem com
dislexia é altamente influenciada pelo distúrbio, e enquanto os professores e a
escola não tomarem conhecimento sobre o assunto e suas dificuldades, isso poderá
atribuir um baixo rendimento e consequências que prejudicam a vida do aluno, não
apenas no presente, mas também futuramente.
A Resolução CNE/CEB nº 2/2001, de 11 de setembro de 2001 - institui
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, deixando
expressa a necessidade de inclusão do disléxico como portador de necessidades
educacionais especiais, precisando ser inseridos no ensino regular. Dessa forma, os
docentes devem ser qualificados, profissionalmente, para lidar com tais alunos,
assinalando suas deficiências didáticas e os assistindo com estratégias e estímulos
para que a criança lide com os obstáculos, com maior naturalidade.
3.3 O Professor
Segundo Cogan, P. (2002), o professor que lida com um aluno disléxico em
sala de aula, deve ter conhecimento de que o mesmo tem o potencial de ser bem
sucedido como os demais alunos, necessitando apenas de uma maneira diferente
de aprender. Desta forma, se faz necessário, que o professor esteja preparado para
lidar com as dificuldades do processo de aprendizagem destes alunos.
Possíveis dificuldades enfrentadas por educadores, retidas do site ABD:
a) Não existe receita para trabalhar com alunos disléxicos; é preciso mais tempo e
ocasiões para a troca de informações sobre os alunos, planejamento de
atividades e elaboração de instrumentos de avaliação específicos.
b) Relutância inicial ou dificuldade por parte de alguns professores para separar o
23
comportamento do aluno disléxico das dificuldades.
c) Receio do professor em relação às normas burocráticas, aos companheiros de
trabalho, aos colegas do aluno disléxico, familiares.
d) Angústia do professor em relação ao nível para enfrentar o vestibular.
e) Tempo necessário para cada professor percorrer a sua trajetória pessoal em
relação a esta questão.
Conforme MENDES (2004, p.227):
O caminho para essa mudança conceitual teria que ser construída a partir do trabalho colaborativo do professor do ensino comum com o professor especializado, além de equipes multiprofissionais que atuariam, preferencialmente, dentro da escola e da classe comum.
3.3.1 Formação de Professores
A formação de professores é um fator importante e que merece destaque
quando se fala em inclusão. Apesar das atuais mudanças na grade curricular dos
cursos de graduação, muitos professores ainda se sentem despreparados diante da
descoberta de alunos disléxicos em sala de aula.
De acordo com Siems (2010), o problema desta defasagem na capacitação
dos professores é devido a preocupação com a educação inclusiva ser algo recente.
A autora sugere que é necessário realizar mais investimentos nos processos de
formação para reconstruir as práticas educacionais, reorientando, assim, os
processos exercidos na Formação de Professores.
“Uma política de formação de professores é um dos pilares para a construção da inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial instalado, em termos de recursos humanos, em condições de trabalho para que possa ser posta em prática.” (MENDES, 2004, p. 227)”.
24
É fundamental fazer uma ressalva para os casos em que existe a
necessidade de auxílio extra, onde os demais funcionários da escola devem estar
preparados para cada situação.
“O importante não é só capacitar o professor, mas também toda equipe de funcionários desta escola, já que o indivíduo não estará apenas dentro de sala de aula. [...] Alguém tem por obrigação treinar estes profissionais. Não adiante cobrar sem dar subsídios suficientes para uma boa adaptação deste indivíduo na escola. Esta preparação, com todos os profissionais serve para promover o progresso no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas.”(ALVES, 2009, p.45,46).”.
A escola ainda deve ter olhar analítico com as crianças que apresentam
algum sinal de dislexia, sendo cautelosos ao diagnosticar as dificuldades
apresentados por eles, visto que cada caso pode ser manifestado e tratados de
diferentes formas.
3.4 O Aluno
Crianças com dislexia têm dificuldade em compreender textos escritos e em
retratar seus pensamentos de forma escrita. Para Rodrigues e Silveira (2007),
quando a criança disléxica tenta se expressar no papel, o faz de maneira confusa,
dificultando a compreensão que o leitor deve ter da ideia proposta.
“Os distúrbios de linguagem envolvem fracasso na leitura, problemas de sintaxe, deficiências fonológicas que prejudicam o desenvolvimento escolar afetando até mesmo a motivação da criança. Assim, alunos que apresentam dificuldades de leitura, quando é proposta uma atividade de paráfrase, ou seja, recontar o texto com suas próprias palavras (testando habilidades de memória ׃ entendimento, organização e competência linguística), apresenta dificuldades em ler, pronunciar, mas eles decodificam sem obter nenhuma extração de sentido daquilo que estão lendo.” (OLIVEIRA, 2009, p. 28).”.
25
A leitura, seja para disléxicos ou não, é uma perícia que exige alto nível de
complexidade, essa é uma habilidade não nata. Sua complexidade só é reduzida,
quando se torna automática para o leitor, essa automatização da leitura exige
domínios de diversos aspectos linguísticos, tais como fonologia da língua materna,
sistemáticas escolares, gramaticais e metalinguísticas do principio alfabético do
sistema de escrita, que se caracteriza pela relação entre letras e fonemas.
Para o disléxico, é dispendioso, organizar contas, respeitar regras de
diagramação de textos em cadernos, respeitar margens e, por vezes, existe uma
dificuldade em associar fonemas às suas formas gráficas específicas confundindo,
assim, e trocando as letras (d com t; v com f; b com d; p com q). Essas
problemáticas costumam acompanham muitas crianças em fase pré-escolar,
contudo as crianças disléxicas não as superam.
De igual maneira, crianças disléxicas abordam a leitura de modo inconstante,
se comparadas às demais crianças. A questão é descobrir se as crianças tem
dificuldade alfabética mostrando os mesmos padrões de erro, ou abordando a leitura
como uma tarefa fonética e, por consequência, cometendo erros visuais, ou
abordando a leitura como uma tarefa visual, ocasionando, muitos erros fonológicos.
Para alunos com dislexia os procedimentos básicos são:
a) Tratar o aluno com naturalidade.
b) Usar a linguagem direta, clara e objetiva quando falar com ele.
c) Falar olhando direto para o aluno.
d) Traze-lo para perto da lousa e da mesa do professor.
e) Verificar sempre e discretamente se o alunodemonstra estar entendendo a
exposição.
f) Certificar se as instruções para determinadas tarefas foram compreendidas.
g) Observar discretamente se o alunado faz as anotações da lousa e de maneira
correta antes de remover do quadro.
h) Observar se ele está se integrando com os colegas.
i) Estimular, incentivar, fazê-lo acreditar em si, sentir-se forte, capaz e seguro.
j) Sugerir “dicas, atalhos”, “jeitos de fazer”, “associações” que o ajudem a
lembrar de, a executar atividades ou a resolver problemas.
26
k) Não pedir para fazer coisas na frente dos colegas, que o deixem
constrangido: principalmente ler em voz alta.
l) Atenção: em geral, o disléxico tende a lidar melhor com as partes do que com
o todo.
m) Permitir, sugerir e estimular o uso de gravador, tabuada, calculadora e
recursos de informática.
n) Permitir, sugerir e estimular o uso de outras linguagens.
O disléxico tem dificuldades para ler e entender o que lê, pode-se facilitar com as
seguintes sugestões:
a) As avaliações que contenham textos longos não devem ser aplicadas a tais
alunos.
b) Utilizar uma única fonte, simples, em toda a prova, preferencialmente “Arial 11
ou Times New Roman 12”, evitando misturar fontes e tamanhos.
c) Oferecer uma folha de prova limpa, sem rasuras, sem riscos ou sinais que
possam confundir.
d) Ler a prova em voz alta e, antes de iniciar, verificar se os alunos
compreenderam o que foi perguntado.
e) Recorrer a símbolos, sinais, gráficos, desenhos, modelos e esquemas que
possam fazer referência aos conceitos trabalhados.
f) Dar preferência a avaliações orais, através das quais, em tom de conversa, o
aluno tenha a oportunidade de dizer o que sabe sobre o assunto em questão.
g) Não indicar livros para leituras paralelas. Dar preferência a outras
experiências que possam contribuir para o alcance dos objetivos previstos:
filmes, documentários, peça teatral, visita a museu e uso de laboratório.
h) Dar instruções curtas e simples para evitar confusões.
3.5 A Família e o Disléxico
Diante da dificuldade de aprendizagem da criança, os membros da família se
defrontam com uma nova situação que, a partir disso, fará parte de sua rotina. Como
27
resultado, a família poderá por mudanças no planejamento, a fim de oferecer suporte
ao disléxico.
A criança com dislexia necessita do auxilio e da compreensão de seus pais
para obter confiança em si mesma que tanto necessita na opinião do professor
Martins (2003). É indispensável que a família realize uma pesquisa nas escolas,
antes de escolher a que acolherá seu filho, averiguando se a escola possui um plano
de recuperação eficiente que englobe as necessidades do aluno disléxico, e se está
preparada para alfabetizar este aluno.
Coelho (2006) afirma que a família é uma instituição, um grupo social, no
âmbito essencial que detém normas de relacionamento entre os seus membros e
cujas atribuições são desenvolvidas no seu cotidiano e alteradas continuamente.
Contudo, a família existe em processo contínuo de inter-relação e as alterações que
acontecem exercem mudanças de condutas e mudanças nas atribuições de seus
elementos.
A cooperação presente dos pais na instrução escolar dos filhos, em especial
daqueles que são disléxicos, deve ocasionar total diferença. Interagir com os
profissionais de educação que trabalharão com o disléxico é uma importante atitude
a se tomar, permitindo que o mesmo tenha consciência do que está ocorrendo, e
sempre se dispor à ajudá-lo, também é outra atitude sugerida.
O cenário social da atualidade é competitivo. É de conhecimento que o
incremento escolar é o principal fator para o sucesso profissional, e como
geralmente, os pais presentes almejam que seus filhos sejam os melhores em sala
de aula, tenham boas notas, boa conduta e sejam frequentemente elogiados,
necessita-se refletir melhor no quesito em questão, já que infelizmente não acontece
desta forma, na maioria das vezes.
Partindo desta perspectiva, a flexibilidade e afeto pelo filho devem ser
proeminentes, na ocasião em que se toma consciência com a realidade de possuir
uma criança disléxica com bloqueio de aprendizagem, abandonando, paralelamente,
os paradigmas sociais e permitindo entrar em cena a integralidade entre pais e
filhos. A forma mais adequada para fazer dessa realidade uma maneira
descomplicada e agradável de viver, é buscar auxílio de uma equipe multidisciplinar,
onde se encontrará a forma mais adequada, menos custosa e menos lastimante
para trabalhar e buscar compensar esta complicação.
A criança só conseguirá lidar com dada situação, que costuma desmotivá-la,
28
com relação aos estudos e fazê-la se sentir como pessoa normal, se houver a uma
atitude de fomento, da parte dos pais. É preciso parcimônia e muito empenho para
assisti-la nas tarefas de casa, lendo, relendo, explicando e auxiliando da melhor
maneira possível.
Sally Shaywitz (2006) relata , em sua obra a extrema importância do
acompanhamento dos estudos feitos entre pais e filhos disléxicos no lar, como
prática de apoio para o aproveitamento escolar, incentivando a leitura, explicando o
significado das palavras para que a criança possa compreender e decodificar
quando se defrontar com esta novamente, usar, se possível, softwares educativos
buscando incentivo a leitura, o compreensão das palavras através de sons e
imagens, facilitando, assim, o aprendizado.
Se faz imprescindível que os pais amem seus filhos de forma incondicional,
porque apenas com afeto e muita dedicação poderão maximizar a autoestima destas
crianças, engrandecê-las e estimular seus potenciais. Também é correto
compreender que o aperfeiçoamento ocorrerá gradativamente, precisando de muito
apreço e afinco de ambas as partes, possuir comedimento não significa não poder
obter êxito, mas sim ter resiliência. Independente de questões étnicas, de crença,
classe social ou econômica, respeito é direito de todo cidadão, dignidade e
cidadania, e através de ações humanísticas e compreensão poderão ser obter
sucesso acadêmico, pessoal e profissional.
3.6 Diferenciação do Ensino
Com a intenção de que discentes evitem que os portadores de necessidades
educacionais especiais permaneçam ociosos, ou que as atividades não
correspondam às mais adequadas à eles e para assegurar que efetivamente
aprendam na instituição de ensino regular os docentes devem diferenciar o ensino
para que todos os alunos sejam atendidos:
Para atender a diferença na sala de aula devemos flexibilizar as práticas pedagógicas. Os objetivos e estratégias de metodologias não são inócuos: todos se baseiam em concepções e modelos de aprendizagem.
29
Assim, se não propormos abordagens diferentes ao processo de aprendizagem acabaremos criando desigualdades para muitos alunos. (RODRIGUES, 2006, p.305-306)
As atividades pedagógicas não devem ser fixas. Elas devem ser flexibilizadas
junto com o alunado. Se faz necessário, portanto, que os professores organizem
práticas de ensino-aprendizagem que atendam, eficazmente, as necessidades
didáticas de todo o alunado, incluindo, assim, os com necessidades especiais. É
preciso universalizar as práticas de ensino:
Diferenciar o ensino é organizar as interações de modo que cada aluno se defronte constantemente com situações didáticas que lhe sejam mais fecundas (.. ) Implica, pois, o desenvolvimento de caminhos diversos para que os alunos consigam atingir as metas escolares, por meio de um acompanhamento e percursos individualizados. (PERRENOUD, 19995, p.28-29)
Nos cursos de formação de professores deve-se discutir o tema da
diversificação do ensino. Na visão da inclusão escolar, os professores devem estar
de preparados para lidarem com as diferenças, em especial com as multifacetas do
alunado com necessidades educacionais especiais, que no percurso do processo de
escolarização pode apresentar algumas peculiaridades. A diversidade não pode ser
utilizada como justificativa para a exclusão dos alunos com necessidades
educacionais especiais do processo de escolarização.
3.7 A Inclusão Escolar do Disléxico
Uma instituição de ensino crítica e criativa realça a avaliação dinâmica num
processo que agrega a aprendizagem do aluno e a interposição pedagógica do
professor, nos obstáculos de aprendizagem e também compor-se no método da
ação – reflexão – ação em que guiar o ensino no tocante da aprendizagem
ponderando, procurando novos conhecimentos para a rotina escolar. Estas são as
considerações que orientarão a atividade pedagógica, possibilitando ao professor,
30
redimensionar a sua interposição no método de ensino, revendo processos
alternativos de trabalho e desenvolvendo recursos didáticos mais eficazes à
aprendizagem do aluno.
Estas considerações e interposições permitem ao alunado acompanhar o
desempenho de seu percurso escolar, identificar seus êxitos, os seus progressos,
bem como os seus déficits, e potencialidades para a orientação do seu próprio
estudo.
Face a essa nova concepção de ensino inclusiva, torna-se necessário
modificar a lógica da avaliação. O educador deve adotar uma demanda com seus
alunos objetivando garantir-lhes um ensino de qualidade, independente da classe
social a que fazem parte.
O educador como mediador da aprendizagem do alunado, tem a obrigação de
identificar seus potenciais, correlacionando-se com ele no aspecto de promovê-lo
como ser cidadão, desenvolvendo nele autoestima por meio de sua atividade escolar
e em sala de aula. É a partir dessa prática, que partirá um esforço de ver na
totalidade as problemáticas, e são elas que se voltarão para a competência, a
compreensão dos conceitos, e torná-las mais consistente e significativa.
O processo de aprendizagem infantil é entendido como um processo
multicausal, amplo, acarretando componentes de diversas macroáreas de
estruturação, afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos e políticos. A causa
do processo de aprendizagem, assim como das adversidades de aprendizagem,
deixa de focar apenas no aluno e no professor e passa a ser visualizado como um
macroprocesso multifacetado que precisa ser apreendidas com cautela pelo
professor.
O processo de ensino-aprendizagem insere, também, a não aprendizagem,
isto é, um processo a parte que se encontra vinculado ao processo de
aprendizagem, porém não está contido nele. O aluno pode não querer aprender em
um dado momento. O insucesso escolar não é um procedimento raro que acontece
na direção contrária ao procedimento de ensino-aprendizagem. Compõe
intimamente vinculado. Com isto, entende-se que o processo de ensino-
aprendizagem, apresenta duas perspectivas: a aprendizagem e a não
aprendizagem.
A compreensão e o saber não são assimilados pelo indivíduo de forma
indiferente. Dentro do indivíduo há um embate entre a vontade do saber e a de não
31
saber. Este processo estabelece ao indivíduo posições a prioridade da
aprendizagem e absorção de informações e/ou processos formativos.
Segundo Bossa (2000, p. 14) é comum, na literatura, os professores serem
acusados de se isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno ou sua família
pelos problemas de aprendizagem, porém há um sistema ser visualizado, por vez,
as práticas de ensino aplicadas têm que ser modificadas.
Ao pensar em problemáticas de aprendizagem, pressupõem-se hipóteses das
causas que compõem tal problema, para que se possa compreender qual o tipo de
problema existente, no alunado (Rubinstein, 1996).
Desta forma, a proposta é trabalhar no aluno o desenvolvimento da
autonomia e a percepção de que sua postura diante das adversidades da
aprendizagem irá refletir em sua vida enquanto aluno, cidadão e profissional.
Portanto, se faz necessário que o professor auxilie o alunado na identificação de
suas limitações e na demanda de superá-las, através de análise de registros das
atividades, do discente, e de seu comportamento enquanto aprendiz.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral desse trabalho foi desvendar a dislexia e suas limitações em
alunos disléxicos nas salas de ensino da rede regular, analisando assim, as origens
do distúrbio, bem como seus sintomas e as ações didáticas que podem ser adotadas
pelos professores em sala de aula, para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
destes alunos. Nesse sentido, foram realizadas pesquisas bibliográficas nas áreas
de educação e da neurociência para conhecimento do distúrbio, visando embasar a
proposta deste trabalho.
A Dislexia, como que a dislexia é um problema que pode ser minimizado por
métodos pedagógicos, pois as pessoas que as possuem são inteligentes e com uma
percepção incrível, capazes de se sentir realizadas em suas escolhas. O que faz a
diferença para os disléxicos é a forma pela qual são orientados pelos professores e
principalmente pelos seus pais.
Para a maioria dos autores tais como Sally Shaywitz, Vicente Martins ( 2001),
entre outros a dislexia, o quanto antes for identificada melhor será, pois assim se
evita um sofrimento desnecessário por falta de informações ao longo do processo
escolar, mas isto não impede que seja trabalhada para a melhora daqueles que já
avançaram a alfabetização inicial.
Também, relação entre a dislexia e as alterações do cérebro da criança, em
áreas imprescindíveis para a aprendizagem da linguagem e leitura, mas que
mostram que, a qualidade funcional do cérebro pode ser melhorada através do apoio
dos educadores e da família à criança, além da aplicação de terapias
especializadas.
Existem inúmeras maneiras que podem ser adotadas para a melhoria e
tratamento de crianças disléxicas, incluindo-se fatores como, por exemplo, adotar
programas de estudo especializados para cada criança; não permitir que os colegas
interfiram no psicológico da criança e, explicar às crianças não-disléxicas o que é a
dislexia pode ser de grande valia; animar e elogiar sempre a criança pelos seus
talentos e atitudes, evitando colocá-la em situações de fracasso; outro ponto é
favorecer a aprendizagem através da utilização de métodos baseados nas
faculdades auditivas, visuais, táteis e de movimento, quando o nível da criança
33
corresponde à pré-escola; bem como dar tempo extra nos exames e provas, além de
períodos de descanso, permitindo a utilização de equipamentos como calculadoras
se necessário.
Portanto, é esperado que este estudo seja de grande utilidade e inspiração a
quem precise lidar com a realidade de um distúrbio e que as informações nele
contidas possam desmistificar conceitos, incitar novas atitudes e fazer saber que,
por mais difícil que possa parecer, uma vida saudável e normal é totalmente possível
a todos os que são diagnosticados como portadores de algum distúrbio de
aprendizagem.
Pôde-se, então, concluir que este assunto ainda necessita de informações e
de que maneira trabalhá-lo para minimizar as dificuldades que os alunos possuem
no ambiente escolar. Conclui-se que, pelo fato de ainda muitos dos pais não fazer
parte ativamente da vida escolar de seus filhos, tenham contribuído para essa falta
de informações, pois não havendo cobrança não há preocupações em procurar o
motivo real pelo qual aquele aluno não consegue acompanhar o restante da classe.
Por fim, é importante enfatizar o quanto a família é responsável pela
motivação e desenvolvimento das crianças, seja na escola, em casa ou na rua.
Pode-se perceber que é um trabalho que requer paciência, carinho, persistência, e
muita determinação por parte dos pais e dos filhos. Não se deve deixar que a escola
por si só tome iniciativas, é necessário um trabalho em conjunto.
34
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38
ANEXO I
LDB 9.394\96
Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu
sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua Proposta Pedagógica.
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.
Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos
semestrais, ciclos, alternância regular nos períodos de estudos, grupos não
seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma
diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem
assim o recomendar.
Art. 24 - V, a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos qualitativos
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período.
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)
Art. 53, incisos I, II e III
“a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes:
I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
39
II - Direito de ser respeitado pelos seus educadores.
III - Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias
escolares superiores.”
Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001 - Plano Nacional de Educação
Capitulo 8 - Da Educação Especial
8.2 - Diretrizes
A educação especial se destina a pessoas com necessidade especiais no
campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou
múltipla, que de características com altas habilidades, superdotação ou talentos.
(...) A integração dessas pessoas no sistema de ensino regular é uma diretriz
constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política governamental há pelo menos
uma década. Mas, apesar desse relativamente longo período, tal diretriz ainda não
produziu a mudança necessária na realidade escolar, de sorte que todas as
crianças, jovens e adultos com necessidades especiais sejam atendidos em escolas
regulares, sempre que for recomendado pela avaliação de suas condições pessoais.
Uma política explícita e vigorosa de acesso à educação, de responsabilidade da
União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios, é uma condição para que às
pessoas especiais sejam assegurados seus direitos à educação.
Tal política abrange: o âmbito social, do reconhecimento das crianças, jovens
e adultos especiais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados na
sociedade o mais plenamente possível; e o âmbito educacional, tanto nos aspectos
administrativos (adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais
pedagógicos), quanto na qualificação dos professores e demais profissionais
envolvidos.
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O ambiente escolar como um todo deve ser sensibilizado para uma perfeita
integração. Propõe-se uma escola integradora, inclusiva, aberta á diversidade dos
alunos, no que a participação da comunidade é fator essencial. Quanto às escolas
especiais, a política de inclusão as reorienta para prestarem apoio aos programas de
integração.
(..) Requer-se um esforço determinado das autoridades educacionais para
valorizar a permanência dos alunos nas classes regulares, eliminando a nociva
prática de encaminhamento para classes especiais daqueles que apresentam
dificuldades comuns de aprendizagem, problemas de dispersão de atenção ou de
disciplina. A esses deve ser dado maior apoio pedagógico nas suas próprias
classes, e não separá-los como se precisassem de atendimento especial.
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