as linhas da augusta
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AS LINHAS DA AUGUSTA
As linhas da augusta2
Marina Rosenfeld Sznelwar
Orientadora: Ana Carolina Tonetti Novembro 2009
3
Porque o nosso progresso é feio?
Porque os que tem ainda um sangue virgem se apressam
a tomar de nós o pior?
As pessoas têm gosto pela arte?
Será que não é sua Teoria continuarmos fazendo
arte?
Será que nunca mais teremos harmonia?
Restam-nos santuários para duvidar eternamente.
Lá nada se sabe do hoje, estamos sempre no outrora;
o trágico e a alegria exultante se tocam.
Somos internamente sacudidos porque o isolamento é
completo...
É assim na Acrópole, nos degraus do Partenon. Vemos
realidade de outrora e o mar além.
Tenho vinte anos e não posso responder.1
Le Corbusier
1 CORBUSIER, le. Viagem do Oriente. Tradução de Paulo Neves. São Paulo, 2007, Cosac Naify, 2007
As linhas da augusta4
Lygia Clark, Bicho (caranguejo dup
lo),
196
1
5
Índice
01. Pesquisa
02. Galerias
04. Estudo de casos
05. Ensaios
06. Um primeiro olhar
07. Uma linha
08. Localização
09. Outras cotas
10. Projeto
11. Maquetes
12. Reportagens
13. Bibliografia
14. Agradecimentos
a pesquisa
desenho: marina rosenfeld sznelwar
As linhas da augusta8
1. RESUMO
O objeto deste trabalho é estudar a rua Augusta e
suas galerias. A intenção desta pesquisa é investigar as
relações coletivas urbanas que as galerias proporcionam
à cidade de São Paulo, tendo como ponto de partida o mo-
vimento do corpo humano em tais espaços.
Para tanto, busco analisar as galerias existentes
e projetar uma nova. A relação entre cidade e as pessoas
que transitam pela rua, as manifestações sociais e cultu-
rais que derivam dos encontros e dos atos espontâneos.
Junto à pesquisa, pretendo entender como seria de-
senhar um projeto de uma galeria na contemporaneidade.
2. INTRODUÇÃO
- Breve explicação sobre os meus percursos;
- As galerias;
- Sobre a rua Augusta;
- Sobre o quarteirão escolhido;
- O espaço, o tempo, o corpo e a escala humana;
3. JUSTIFICATIVA
A pesquisa traz um levantamento e análise da rua
Augusta dentro de um recorte proposto, ou seja, a Augusta
como rua inserida na cidade de São Paulo, uma linha na
metrópole.
Uma rua que se modifica o tempo todo, nasce e re-
nasce, “ressignifica” temas como a moda, as galerias, os
bares, os cinemas retomados de forma espontânea, consti-
tuindo a história da rua.
Olhar uma rua em sua individualidade e pluralidade
é uma forma de compreender parte da diversidade em que se
insere. Uma linha na cidade que abriga diversas manifes-
tações sócio- culturais, os vazios urbanos, as dificulda-
des dos pedestres, as galerias. Dessa forma, a partir de
uma compreensão dessa linha, busca-se entender melhor a
complexidade da cidade.
O primeiro olhar arquitetônico sobre a rua Augus-
ta, ocorreu no quarto ano, na aula de projeto em 2008¬¬¬
quando projetamos um SESC. Nesse momento surgiram algu-
mas inquietações quanto à rua, devido à diversidade de
gente, de programas e de edifícios, às muitas formas de
apropriação da rua.
No desenho a seguir registro uma das diferentes
experiências nesses cinco anos de Escola da Cidade e a
partir do texto de Argan, relembro algumas questões que
sempre me ¬¬acompanharam.
“O que é um conhecimento histórico? O que é a his-
toria? A historia antes de tudo é a memória. O que é a
imaginação... o que é a memória? É a imaginação do pas-
sado. O que é a imaginação? É a memória da posteriorida-
de.”2
A partir da idéia de travessia de Guimarães Rosa
me recordo de alguns espaços. Quando pequena, dentro da-
quele enorme galpão, SESC Pompéia, um desafio, um rio.
Tinha que superar o medo e saltar.
Na FAUUSP, no percurso das rampas, um passeio que
contempla o edifício, tudo novo e cheio de ar.
9 a Pesquisa
Ou a passarela do Trianon. Entre parques, uma pers-
pectiva da cidade, um intervalo da mata, raridade em São
Paulo.
E em outra escala, uma outra travessia na cidade,
a rua Augusta.
galerias
desenho: Carla
Caa
ffé
As linhas da augusta12
AS VITRINESChico BuarqueComposição: Chico Buarque
Eu te vejo sair por aíTe avisei que a cidade era um vãoDá tua mãoOlha pra mimNão faz assimNão vai lá não
Os letreiros a te colorirEmbaraçam a minha visãoEu te vi suspirar de afliçãoE sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de serTua sombra a se multiplicarNos teus olhos também posso verAs vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarãoÉ como um dia depois de outro diaAbrindo um salãoPassas em exposiçãoPassas sem ver teu vigiaCatando a poesiaQue entornas no chão
AS GALERIASGA.LE.RI.A
“sf (ital galleria) 1 Parte de um edifício mais comprida
que larga, e que serve como meio de comunicação ou para
a exposição de objetos de arte, colecionados e dispostos
artisticamente. 2 Coleção de retratos, estátuas, bustos
ou quadros representando personagens ou assuntos his-
tóricos, comuns ou da vida real. 3 Lugar onde se acha
reunida essa coleção. 4 Coleção de estudos biográficos ou
descritivos. 5 Náut Varanda saliente na parte posterior
dos navios ao nível do sobrado dos galhardos da popa. 6
Varanda, tribuna extensa em certos edifícios, destinada
ao público. 7 O conjunto das pessoas que se acham nas
galerias. 8 Corredor subterrâneo que se abre para ex-
ploração de uma mina ou outro fim. 9 Qualquer reunião de
pessoas que vêem outras divertir-se. 10 O público. 11 A
mó superior ou girante de um moinho ou de um lagar. 12
Bot Formação vegetal arbórea das margens dos rios e ria-
chos. 13 Armação de madeira ou metal para cortinados. 14
Aventura, façanha. sf pl 1 Tribuna onde se acham algumas
das localidades mais baratas nos espetáculos públicos,
em geral situadas na parte mais alta do recinto. 2 Os es-
pectadores que ocupam essas localidades. Para a galeria:
diz-se de ato ou palavras com que se visa ao efeito sobre
a opinião pública.” 1
1 HOUAISS, A. Villar, M. S. Dicionário Houaiss de Língua Por-tuguesa. Rio de Janeiro. Objetiva, 2001. p. 1418
13 galeria
As galerias serviam para explorar espaços in-
teriores com empreendimentos comerciais para um novo
público de compradores. Espaços de grande fluxo de
pedestres, um comércio na passagem. Típicas do sé-
culo XIX, passavam através das quadras, como corta-
caminhos. Suas fachadas eram autônomas, o programa
que existia no exterior funcionava independentemen-
te do que ocorria dentro da galeria. Assim, o espa-
ço interior das quadras se tornava mais acessível e
ao mesmo tempo o tecido urbano ficava mais unido. A
divisão entre espaço público e privado era desman-
chada.
O tema é bastante tratado pelos impressionis-
tas franceses, que viviam num momento de uma nova
cidade. Nessa época, Haussman transformou Paris,
antes considerada uma cidade Medieval e que se tor-
na Moderna. Os quadros impressionistas revelam essa
Paris, uma metrópole que se ilumina à noite, que
passa a ser protagonista.
As passagens, os cafés, as boates; surgiram
como programas que correspondiam ao novo modo de
viver moderno. No livro Passagens (1927-1940), de
Walter Benjamin1 , Paris era descrita como a “capi-
tal do século XIX”, e as passagens como “as cidades
em miniatura” que ilustravam a história cotidiana
da modernidade a partir de diferentes personagens
como o flâneur, a prosti=tuta, o jogador, o colecio-
nador, que viviam um tempo outro nas galerias da
1 BENJAMIN, Walter. Passagens. Imprensa Oficial do Estado S/A.
São Paulo.
quadro: Camille
Piss
arro
As linhas da augusta14
desenho: Marina Ro
senf
eld
cidade.
Ou, segundo Cortázar2, “em todo caso era bas-
tante entrar no desvio prazenteiro do cidadão que se
deixa conduzir por suas preferências de rua, e quase
sempre meu passeio terminava no bairro das galerias
cobertas, talvez porque as passagens e as galerias
sempre foram minha pátria secreta.
Em São Paulo, as galerias surgiram em meio a um
processo de verticalização e “metropolização” nos
anos 50 e 60 quando o mercado imobiliário investia
em novos edifícios, principalmente no Centro Novo.
Nessa área central de São Paulo, é possível perceber
que elas são muito diversificadas, muitas vezes são
passagens, com grande fluxo de pessoas no cotidiano.
A maioria destas galerias abriga diversos tipos de
pessoas e programas, com os térreos voltados para o
comércio, serviços e, por vezes, habitação. As ruas
entram no edifício e configuram um novo espaço, a
calçada se amplia e o pedestre ganha área para ca-
minhar.
A criação de novos chãos na cidade.
As galerias são os ritos de passagem das me-
trópoles, definem lugares de trânsito e deslocamen-
to. São traços entre exterior e interior, configuram
as ruas e as lojas em um tempo de espaçamentos.
Cada uma tem sua relação com a rua, com o en-
torno, cada uma tem sua particularidade, seu uso,
seus freqüentadores, trabalhadores. As cores, chei-
ros e sentimentos desses lugares são distintos.2 CORTAZAR, Julio. O outro céu in Todos os fogos o fogo. Civi-lização Brasileira. Rio de Janeiro, 2007.
15 galeria
Na rua Augusta existem 16 galerias, cada uma
de um jeito. Algumas são uma continuidade da calçada
e a chegada se faz de forma natural: por rampas, por
alguns degraus, corredores ou ainda por um passeio
pontuado com palmeiras.
O Conjunto Nacional é um exemplo dessa inte-
gração do edifício e da calçada, uma generosa exten-
são do espaço público que agrega diferentes pessoas
em distintas atividades. Outro exemplo é a Galeria
Village, localizada em frente ao Espaço Unibanco,
agora muito freqüentada por quem vai assistir a um
filme. O entorno reavivou essa galeria. Um espaço
aberto, amplo, com bancos centrais. São dois pavi-
mentos: o térreo e o mezanino. Este espaço abriga
escritórios, clínicas de estética e muitas plaqui-
nhas: ALUGA-SE.
A Galeria Ouro Velho, um edifício com ilumina-
ções zenitais, mezaninos, vazios, bancos de madei-
ra, um verdadeiro lugar de encontros que permite que
as pessoas permaneçam.
A partir dos percursos, indagações e conver-
sas, cheguei a algumas impressões e evidências. É
muito distinto uma galeria de uma passagem, algumas
galerias apresentam o caráter de passagem e deli-
neiam corta caminhos na cidade, desenho possibili-
tando a continuidade do fluxo da rua.
Nem toda galeria é uma passagem.
Galeria Village
Centro Mercantil Jardim América
Galeria Ouro fino
Galeria Ouro Velho
Conjunto Nacional
estudo de casos
As linhas da augusta20
ESTUDOS DE CASO
Os estudos de caso apresentados a seguir tra-
zem diferentes formas de se pensar a cidade a partir
de costuras urbanas. Vários diálogos estabelecidos
com o quarteirão existente e formas de pensar a vida
do pedestre desenhando os espaços.
São distintas as escalas abordadas, possibili-
tando discussões sobre como é possível desenhar as
cidades.
21 estudo de casos
O projeto da GALERIA VERMELHO que foi desen-
volvido pelo arquiteto PAULO MENDES DA ROCHA em
2003, ele reformou uma pequena vila de 3 casas ge-
minadas.
Em 2007, o escritório PIRATININGA ARQUITETOS
ASSOCIADOS, foram responsáveis por uma nova refor-
ma. Anexaram mais duas casas, aumentando o espaço
de exposição que possibilita uma melhor disposição
do acervo e foi feito um pavilhão anexo ligado ao
bloco original por uma passarela – túnel. Os espa-
ços expositivos, no térreo e no primeiro pavimento,
permitem diferentes escalas de obras. O “terraço –
mirante” é uma experiência particular na cidade e
permite a exposição de obras ao ar livre.1
A galeria, um espaço que agrega diferentes
manifestações artísticas, está se construindo, se
firmando.
1 http://www.piratininga.com.br (10/05/2009)
fotos: galeria vermelho
As linhas da augusta22
A RECONSTRUÇÃO DO CHIADO em Lisboa 1989 de ÁL-
VARO SIZA, pode trazer um outro repertório. Um local
que passou por um incêndio e deveria ser reconstru-
ído.
Um lugar de ruínas, um esqueleto incompleto que
revelava Lisboa. Siza dizia que naquele lugar deve-
ria ter uma plataforma de distribuição. Um patamar
onde é imprescindível passar e parar, uma aparição
de onde se vê a paisagem.1
Ao mesmo tempo o Chiado não pode ser o lugar
da saudade. As diferentes pessoas ocupam este lu-
gar: turistas, vendedores de livros pornográficos,
casais, homens de negócios. Então, foram desenvolvi-
dos os “Princípios Programáticos” que definiam regras
para se estabelecer um plano.
Ficou definido que tudo o que foi danificado pelo
incêndio seria renovado ou reconstruído. Foram ela-
borados desenhos globais em grande escala. As vias,
edifícios, infra-estruturas foram renovados com a
idéia de que fica uma memória do que foi, mas não uma
imitação, pois o resto virá.
1 SIZA. Alvaro: 1986-1995. Editorial Blau, Lisboa. 1995.
fimagens Alvar
o Si
za
23 estudo de casos
O PARQUE DA GROTA DA BELA VISTA, projeto de
PAULO MENDES DA ROCHA de 1974, traz algumas relações
instigantes de viver na cidade. Integra um estudo do
COGEP - Coordenadoria Geral de Planejamento do Mu-
nicípio para a recuperação de edifícios abandonados
e deteriorados do bairro.
O projeto foi organizado a partir de diretri-
zes: manter o caráter habitacional do bairro, aden-
sar, melhorar a utilização do solo, aproveitar os
recursos da área, incentivo à cultura e as ativida-
des recreativas locais. Com aproximadamente 34,5 ha
a sua ocupação era condicionada pela topografia aci-
dentada cortada pelo Ribeirão do Saracura.
A idéia era construir 984 unidades em aparta-
mentos de 52m2 junto a equipamentos que complemen-
tam esse morar. Garagens para 800 vagas no subsolo,
edifícios tipo, pisos térreos livres, com jardins,
passeios, galerias comerciais e áreas de recreação
entre andares.
fimagens paulo Mende
s da
Roc
ha
As linhas da augusta24
O CONJUNTO NACIONAL foi projetado em 1954 por
DAVID LIBESKIND. Nessa época São Paulo se torna-
va a maior metrópole brasileira, e a relação entre
edifício e o meio urbano era colocada em questão.
O Conjunto Nacional representou uma nova forma de
projetar. O edifício ocupa 14 000 m2 de terreno com
150 000 m2 de área construída. O programa está di-
vidido em 2 volumes principais.
- horizontal: que ocupa toda a quadra em três
pavimentos com cinemas, galerias, bancos e outros
programas. Na cobertura o terraço faz a transição
para as torres.
- vertical: as três torres tem acessos inde-
pendentes o que permite existirem diferentes usos,
como escritórios, consultórios e habitação.
O desenho do edifício permite a calçada en-
trar em um térreo com pé direito duplo, uma genero-
sa extensão do espaço público.
fdesenho david Lib
eski
nd
25 estudo de casos
O projeto, CINCO PASSAGENS comerciais
construído em Munique, 1994-2003 pelos suíços
HERZOG E DE MEURON.
Em um primeiro projeto, haveria a demoli-
ção de grande parte dos edifícios da quadra, mas
depois, o projeto conservou a maioria dos edi-
fícios e também as fachadas das ruas. Assim o
interior do quarteirão possui diferentes formas
e tamanhos, proporcionando uma nova experiência
urbana.
Talvez esta seja uma resposta aos shoppin-
gs, um passeio agradável que respeita a cidade
histórica.
São diversos os programas, cafés, restau-
rantes, lojas e galeria de arte.
fimagens Herzog e de
Meu
ron
ensaios
Frida Kahlo
desenho: Frida Kah
lo
As linhas da augusta28
SANA
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usan
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29 ensaios
ENSAIOS
A seguir são discutidos alguns conceitos:
ESPAÇO
O espaço pode ser definido de diversas manei-
ras, quais conceitos podem estar relacionados?
Segundo Milton Santos O fenômeno humano é di-
nâmico e uma das formas de revelação deste dinamis-
mo está exatamente na transformação qualitativa e
quantitativa do espaço habitado.1
A partir do desenho, das palavras e das téc-
nicas arquitetônicas os espaços são revelados, par-
te de uma arquitetura se esconde e sugere, o que a
torna sedutora e desejável.
Podemos questionar as relações de horizontali-
dade e verticalidade, dentro e fora, figura e fundo,
tudo o que temos articulado pela nossa visão tradi-
cional.
Mas o espaço efetivo – que funciona, abriga,
significa, enquadra, produz um efeito estético e, ao
mesmo é um espaço afetivo. O espaço que significa.
Então a arquitetura pode satisfazer as expec-
tativas espaciais, como disse Tshumi2 materializan-
do as idéias, conceitos ou arquétipos arquitetônicos
com inteligência, imaginação, refinamento, ironia.
1 SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado, São Paulo, 1988. 2 TSHUMI, Bernard. O prazer da arquitetura. In Uma nova agenda para a arquitetura. São Paulo, CosacNaify, 2006.
Podemos vivenciar a fruição sensual do espaço.
TEMPO
A cidade pode ser reconhecida com três modali-
dades de tempo: permanência, sucessão, simultanei-
dade. Essas modalidades ora estão juntas ora não. Os
limites não ficam claro. A cidade se caracteriza como
um movimento de contradições e oposições mas também
de afirmação.
O tempo do indivíduo na cidade parece não
pertencer mais a ele, mas às atividades que ele se
propõe a fazer. Nos perdemos no tempo. Com a ace-
leração, o tempo cotidiano reduz a nossa percepção
dos espaços. Segundo Nelson Brissac3, o espaço do
passageiro escapa a toda a localização: seu meio é
o não – lugar do movimento.
A capacidade que temos em organizar o espaço
e o tempo parece estar suspensa, submetida a outras
questões, por exemplo as imagens, que não nos trazem
a sensação de pertencimento, são paisagens, imagens
a nossa frente. Porém habitamos esses espaços. Vi-
vemos o tempo do relógio a rotina das imagens que
nos apreende e nos consome.
O tempo substitui o espaço. O deslocamento é o
que marca o espaço, agora na ordem do itinerário.
3 PEIXOTO, Nelson Brissac. Distancias in Paisagens urbanas. Editora SENAC, São Paulo,1996.
As linhas da augusta30
O Modulor, 1942 de L
e Co
rbus
ier
31 ensaios
ESCALA
Le Corbusier propôs o Modulor que abordava
questões relacionadas a escala humana na arqui-
tetura. Invenção que se estendeu de 1942 a 1948,
constituída a partir de dimensões matemáticas e ge-
ométricas em uma tolerância de 1/6000, com traços
rigorosos e precisos. Uma tentativa de aplicar uni-
versalmente diversas escalas humanas para a arqui-
tetura e para a mecânica.
O Modulor trouxe muitas facilidades. As in-
certezas se tornaram menos corriqueiras, possibi-
litando uma liberdade na imaginação. O principal
projeto que utilizou os conceitos do Modulor, foi
L’Unité d’Habitation de Marseille, construída com
quinze medidas do Modulor. Um edifício de 140m de
extensão e 70m de altura, mesmo com essa dimensão
existe uma escala humana no edifício, que parece
deixar o espaço familiar e íntimo.
Le Corbusier desenhou um novo momento na ar-
quitetura. Mas como pensar o Modulor hoje? Como as
escalas se dão em uma cidade fragmentada, em um es-
paço em que as noções de corpo estão sendo revistas
e na qual o sujeito não é mais o protagonista, mas
as imagens?
Segundo Agrest1 , o processo de simbolização
ocorre mediante a articulação do corpo, como um
sistema de proporção, a outros sistemas de propor-
1 AGREST, Diana I. A margem da arquitetura : corpo, lógica e sexo. In Uma nova agenda para a arquitetura. São Paulo, Cosac-Naify, 2006. p. 596.
ção. Transformando em um sistema abstrato de forma-
lização, o corpo é então incorporado, como forma ao
sistema arquitetural por intermédio das ordens, das
hierarquias e do sistema geral de organização for-
mal que permite que esse discurso antropocêntrico
opere no nível do inconsciente.
Performance Floor of the Forest (1970), de Trisha
brow
n
33 ensaio
CORPO
Se pensarmos especificamente no sentido do
olhar, a invenção da perspectiva linear (com um
ponto de fuga) feita por Brunelleschi, ocorreu em
uma época de mudanças de paradigmas, quando a vi-
são de mundo passou a ser antropomórfica e antropo-
cêntrica. Assim o discurso dominante na arquitetu-
ra passou a ser a visão.
No período Barroco, essa visão foi questiona-
da, a experiência visual do barroco tem uma carac-
terística corporal que amplia o “perspectivismo”
cartesiano.
Porém, se pensarmos hoje, diferentemente do
renascimento ou do período barroco, que traziam a
idéia de corpo como um sistema fechado, resolvido
e unitário, estamos tratando de um corpo fragmen-
tado e híbrido.
O corpo já não pode ser colocado em um siste-
ma de regras da arquitetura, considerado logocên-
trico ou antropomórfico.
Ao relacionar a cidade contemporânea com o
corpo, Agrest1 expressa: “a cidade se deixa ver
como um corpo fragmentado que foge à ordem das
coisas e da linguagem, um texto a ser “explodido”,
visto aos pedaços, em fragmentos e ainda decompos-
to em tantos outros textos possíveis, aberto em
uma metonímia do desejo.”
1 AGREST, Diana I. A margem da arquitetura : corpo, lógi-ca e sexo. In Uma nova agenda para a arquitetura. São Paulo, CosacNaify, 2006. p. 598.
primeiro olhar
esmalte sobre metal: Alex Flemming , The win
ters
Tal
e
As linhas da augusta36
Depois das pesquisas sobre espaço tempo es-
cala e corpo, me aproximei das pessoas que vivem a
cidade.
Busquei algumas possíveis formas que os ar-
tistas trazem para compreender as cidades. Aqui
temos um exemplo do trabalho da artista Paola
Mojica, a cidade pode ser a casa? Ela leva às
ruas, aos pontos de ônibus as diferentes cadei-
ras que podemos ter em casa.. A idéia de par-
ticularizar seu canto na cidade, construir seus
endereços. Colocar no que há de mais público, as
particularidades. Ao mesmo tempo, este trabalho
desperta algumas dúvidas:
Até onde vai o espaço público e o privado?
Como encaramos essa relação público e privado em
São Paulo?
De que forma nos apropriamos da cidade con-
temporânea?
Ao retornar à rua Augusta, de que forma os
indivíduos participam dela? Como se dá a relação
de espaço, tempo, escala e corpo?
Na tentativa de olhar para uma rua com vários
ângulos, pedi para algumas pessoas registrarem,
com uma máquina fotográfica descartável, como se dá
a relação entre elas e a rua Augusta.
Considerando a fotografia uma memória e um
descobrimento que capta imagens muitas vezes des-
percebidas, escolhi essa ferramenta para regis-
trar a rua. Com a ajuda do olhar do outro, novas
imagens podem ser criadas. A experiência do outro
Instalações de Paola M
ojic
a
37 Um primeiro olhar
mostra lugares, personagens que retratam recortes
de uma ou de várias realidades.
Desta forma inicio uma visão mais partici-
pativa, imagino o meu projeto como algo que faça
sentido à quem vive este lugar, esta cidade.
Encontrei uma maneira de dar voz a quem usa
a cidade de diferentes formas, e em suas derivas
essas pessoas me mostram um pouco como elas vivem
na Augusta.
Dimitri, vendedor da Livraria do Espaço Uni-
banco, foi quem iniciou esse registro fotográfico
da rua Augusta. Intérprete de uma realidade. Com a
máquina fotográfica na mão, revelou seu cotidiano,
o entorno e o os personagens da rua.
Maísa, que trabalhava na Galeria Ouro Velho,
em um brechó, no dia em que me devolveu a câmera
já não trabalhava mais, segundo ela os clientes
eram poucos e não valia a pena trabalhar com isso.
Suas fotos trazem a rua, a calçada e suas estra-
nhezas, as luzes e sombras nos edifícios.
Com cuidado, na busca por espontaneidades e
na tentativa de compreender outros universos es-
sas fotos revelam as particularidades da rua. Ali-
mentando meu modo de pensar e projetar na cidade.
Talvez essa seja uma forma de revelar a rua
trazer novas histórias. Segundo Wim Wenders1 “as
cidades não contam mais histórias, mas podem con-
tar algo sobre A História. As cidades podem trazer
em si sua história, e mostrá-la, podem torná-la 1 WENDERS, Wim. A paisagem urbana. Revista do departamento Histórico e Artístico Nacional.p. 187.
visível ou ocultá-la.”
38
Maísa
dimitri
Maísa
dimitri
dimitri
39
uma linha
quadro: fitas vermelhas, 1962. Alfredo V
olpi
As linhas da augusta42
UMA LINHA
Na cidade de São Paulo, o Espigão, uma di-
visão da metrópole. No Planalto as vistas se mul-
tiplicam, para baixo as rampas buscam as várzeas.
São linhas, percursos que nos mostram a diversida-
de. Para o Sul e Sudoeste, buscam o Rio Pinheiros.
Para Norte e Leste procuram o Rio Tietê ou o Rio
Tamanduateí.
Uma das linhas é a rua Augusta, um dos espi-
gões secundários que temos na cidade.
Um território entre rios a cidade se concen-
tra nele. É um lugar de chegadas e partidas. Dia
e noite. As pessoas nela circulam conversam e se
encontram. As diferentes idéias se cruzam. A di-
versidade dialoga.
A rua não apenas como um emaranhado de facha-
das. Mas sob os céus mais diversos ela se mostra
e circula vida, um espaço em que as transformações
“resignificam” termos e “espacializa” desejos.
As várias Augustas se mesclam em uma úni-
ca rua. São 3,5 km de extensão, a rua começa na
rua Martins Fontes até a rua Estados Unidos. De-
pois passa a se chamar rua Colômbia até a avenida
Brasil, mais adiante, até a Avenida Faria Lima se
chama avenida Europa e por fim quando encontra o
Rio Pinheiros se chama Cidade Jardim.
Apesar de ser um importante eixo viário na
cidade, quando se percorre a rua, vemos um caráter
mais local, com comércios, serviços e usos resi-
denciais.
Ao olharmos para a história da rua percebemos
que ela nasce e renasce, está em constante movi-
mento. Em 1875, a rua Augusta, era conhecida pelo
nome Rua Maria Augusta, época em que a Augusta era
uma trilha que ligava a entrada da Chácara do Ca-
pão, hoje Rua Dona Antonia Queiroz, à estrada da
Real Grandeza, atual Avenida Paulista.
Já na década de 50, a Augusta começou a
atrair um comércio mais sofisticado, foram constru-
ídas algumas galerias como a Ouro Fino, Ouro Velho
e também o Conjunto Nacional.
Nas décadas de 60 e 70, a rua era o lugar de
encontros, os cinemas Picolino, Marachá e Majestic
ficavam lotados. Pioneira, a rua Augusta abrigou o
primeiro buffet de festas da cidade, o Buffet João
Moura, a primeira boate gay, a Intend´s, e o pri-
meiro espaço multicultural do país, o Pirandello.
símbolo da luta pela liberdade e redemocratiza-
ção do país, o Pirandello era ponto de encontro de
artistas, intelectuais e políticos; um lugar onde
tudo acontecia.1
Na década de 70 a rua era muito freqüentada
1 http://centrosp.prefeitura.sp.gov.br/projetos/augusta.php (11/05/2009)
43 UMA LINHA
por jovens, diversos automóveis e ônibus passaram
a circular na Augusta. Ao mesmo tempo surgiam no-
vos programas comerciais, bares, boates, docerias,
academias de ginástica, cinemas (Cine Marachá, Pi-
colino, Majestic e Paulistano).
“Entrei na rua Augusta a 120 por hora
Botei a turma toda do passeio pra fora
Com 3 pneus carecas sem usar a buzina
Parei a 4 dedos da esquina (...)2“
Nos anos 80 a Rua Augusta passou por uma
degradação, que vinda do centro da cidade se ex-
pandiu. Com o crescimento dos centros comerciais,
o comércio de rua foi reduzido e o movimento nas
lojas de rua decaiu.
Hoje, a Augusta vive um boom, tem tanto um
caráter metropolitano quanto local. Na área mais
próxima do centro de São Paulo a variação dos
usos, como mostra Isabel Cytrynowics3 em seu TFG
(página 50 a 52) é muito diversa e o movimento na
rua ocorre dia e noite. Ao mesmo tempo, a quanti-
dade de vazios urbanos é muito grande, no total
são 39 vazios, 70% localizados na área central.
Mas, os vazios urbanos podem complementar os
cheios. Encontramos no vazio o lugar do possível,
uma “resignificação” para os resíduos da cidade,
2 Composição de Herve Cordovil3 CYTRYNOWICZ, Isabel Nassif. Duas Augustas. Isabel Nas-sif Cytrynowics. São Paulo, 2008.
Fotos Cléber R
agaz
zo
As linhas da augusta44
foto:Marina Rosenfeld
Szne
lwar
45 UMA LINHA
como diz Solá-Morales4, “terrain vague a incerteza
e indeterminação do lugar” . São espaços com pro-
messas de encontros de liberdade, um lugar de pos-
sível produção.
A partir da arquitetura devemos permitir a
continuidade desses espaços, interligados por um
fio vermelho. Mas precisar, a partir de uma costura
os novos programas a serem construídos e conecta-
dos com a rua.
Publico X privado, publico = privado,
publico + privado
Como posso pensar essa relação na Augusta? A
idéia de domínio público?
A cidade contemporânea vive um intenso pro-
cesso de privatização do espaço publico. Tanto nos
investimentos públicos como nos projetos imobili-
ários, são muitos os exemplos de construções que
acabam impedindo um acesso igualitário aos espa-
ços, os muros, as catracas as grades são símbolos
desse limite.
A relação de espaço público é muito discuti-
da, o crítico Guilherme Wisnik5 traz uma visão do
tema. Coloca que na década de 90, era temido que o
espaço público fosse transferido para a televisão
e a internet, que junto com às comodidades trazi-
4 SOLA MORALES, Ignasi. Territórios. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002, p. 186.5 WISNIK, Guilherme. Estado crítico: a deriva das cidades. Pu-blifolha, São Paulo, 2008. p. 237.
das pelos sistemas de entrega delivery , estivesse
surgindo uma cultura sedentária.
Mas, hoje, com a difusão das redes Wi-Fi, sem
fio, esse novo “espaço público” se torna “virtua-
lizado” e volta às ruas. Um exemplo dessa situação
são os adolescentes em Tóquio que enviam mensagens
SMS instantaneamente pelo celular, e criam novos e
imprevistos encontros de grupos pela cidade. Que
segundo Wisnik, seria uma “deriva” contemporânea,
numa megalópole em que o espaço privado é muito
reduzido.
E em São Paulo, na Augusta?Essa foto do quar-
teirão na esquina da rua Augusta com a Rua Peixoto
Gomide ilustram a minha preocupação em dar espaço
para as cenas populares, aos encontros que ocorrem
na cidade.
Segundo Lina Bo Bardi, quando conta sobre o
SESC Pompéia coloca: “Na segunda vez que lá esti-
ve, um sábado, o ambiente era outro: não mais a
elegante e solitária estrutura Hennebiquiana mas
um público alegre de crianças, mães, pais, anciãos
passava de um pavilhão ao outro. Crianças corriam,
jovens jogavam bola na água. As mães preparavam
churrasquinhos e sanduíches na entrada da rua Clé-
lia; um teatrinho de bonecos funcionava perto da
mesma, cheio de crianças. Pensei: isto tudo deve
continuar assim, com toda essa alegria.Voltei mui-
tas vezes, aos sábados e aos domingos, até fixar
claramente aquelas alegres cenas populares.”6 6 Cidadela da liberdade. Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. SESC São Paulo.
localização
nv0 100 200
metrosANÁLISE USOS
LEGENDA
estacionamentos
sem uso / abandonado
habitação
comércio + habitação
bar / restaurante + habitação
escritórios + habitação
casa de prostituição + habitação
escritórios / consultórios
comércio + escritórios
comércio
shopping / galeria
bar
restaurante
casa de prostituição
casa noturna
banco
academia
posto de gasolina
supermercado
cinema e teatro
faculdade / escola
igreja
mecânica
hotel
área verde
MAPA 1 USOS. FOTOS EDIFICIOS E APROPRIAÇõES
DO ESPAÇO DE INTERESSE.
nv
nv
CYTRYNOWICZ, Isabel Nassif. Duas Augustas. Isabel Nassif Cytrynowics. São Paulo, 2008
LEGENDA
estacionamentos
sem uso / abandonado
habitação
comércio + habitação
bar / restaurante + habitação
escritórios + habitação
casa de prostituição + habitação
escritórios / consultórios
comércio + escritórios
comércio
shopping / galeria
bar
restaurante
casa de prostituição
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cinema e teatro
faculdade / escola
igreja
mecânica
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área verde
MAPA 1 USOS. FOTOS EDIFICIOS E APROPRIAÇõES
DO ESPAÇO DE INTERESSE.
nv
ANÁLISE PAVIMENTOSnv
0 100 200
metros
CYTRYNOWICZ, Isabel Nassif. Duas Augustas. Isabel Nassif Cytrynowics. São Paulo, 2008
ANÁLISE GALERIAS
LEGENDA
estacionamentos
sem uso / abandonado
shopping / galeria
MAPA 3 LEVANTAMENTO DE GALERIAS
OU SHOPPINGS
nv
nv0 100 200
metros
LEGENDA
estacionamentos
sem uso / abandonado
shopping / galeria
MAPA 3 LEVANTAMENTO DE GALERIAS
OU SHOPPINGS
nv
As linhas da augusta Localização
A ESCOOLHA DO SÍTIO
A partir dos levantamentos1 feitos na Rua Au-
gusta, número de pavimentos dos edifícios, usos ,
e por último da localização das galerias, um quar-
teirão me chamou a atenção.
Localizado na érea central e muito próximo de
ruas de grande fluxos como a rua da Consolação e a
Peixoto Gomide.
Primeiramente a escolha do lugar considerou a
localização das galerias que estão implantadas em
sua maioria na área dos jardins.
O quarteirão escolhido, possui uma outra ge-
ometria, um outro desenho, que dificulta a transpo-
sição para a Augusta, com um grande relevo e vá-
rias barreiras.
Nessa área muitos investimentos estão sen-
do feitos, bares, casas noturnas, restaurantes e
hotéis foram abertos. A quantidade de pessoas que
transitam por essa área denominada “Baixo Augusta”
vem aumentando.
Então, são diversas as conexões que este
lugar demanda.
1 Os levantamentos dos pavimentos e dos usos dos edifícios da Rua Augusta estão no trabalho final de graduação: CYTRYNOWICZ, Isabel Nassif. Duas Augustas. Isabel Nassif Cytrynowics. São Paulo, 2008.
0 100 200
metros
nv
GEGRAN
As linhas da augusta Localização
PROBLEMAS:
Procurei um quarteirão na Rua Augusta que
agregasse o maior número de problemas:
- As diversas barreiras existentes na área: o Ce-
mitério da Consolação, a rua Consolação com um
enorme fluxo, mas poucas faixas de pedestre e uma
calçada muito pequena.
- A grande dimensão do quarteirão.
- Pouca diversificação dos usos. Faltam equipamen-
tos culturais e espaços de lazer.
- Uma concentração de lotes utilizados como esta-
cionamentos.
- Edifícios abandonados.
- Acúmulo de lixos, área insalubre.
- Hotel Quality, construído no miolo da quadra e
que não tem nenhuma relação com a rua.
cinemas/teatros
galerias
galeria e shopping
casas noturnas
demais vias
escolas/faculdadeárea verdeANÁLISE 0 100 200
metros
nv
As linhas da augusta Localização
AS RUAS
A rua Peixoto Gomide parte da rua Augusta, passa
pela avenida Paulista e acaba na Rua Estados Uni-
dos, é uma via com usos diversos como bares, hos-
pitais, habitação e escola. Um lugar de circulação
dia e noite.
A rua Pedro Taques com uma outra escala, é
uma rua mais de bairro, com edificações mais baixas,
cafés.
A rua Bela Cintra atravessa o centro de São
Paulo e chega no Bairro dos Jardins, porém seu ca-
ráter não muda muito, uma rua residencial.
E por último a Rua Fernando de Albuquerque,
que possui um grande fluxo de carros, conecta a rua
da Consolação à rua Haddock Lobo, um “corta cami-
nho” para a Avenida Paulista. Esta rua ao mesmo
tempo tem uma grande movimentação noturna com ba-
res, restaurantes e pontos de prostituição.
MAPA DOS FLUXOS nv0 50 100
metros
As linhas da augusta Localização
MAPA DO PASSEIO DO PEDESTRE nv0 50 100
metros
As linhas da augusta Localização
MAPA DAS AREAS nv0 50 100
metros
outras cotas
As linhas da augusta68
69MAPA TOPOGRAFIA nv0 50 100
metros
As linhas da augusta70
MAPA USOSedifício sem uso/ abandonado
casas noturnas
estacionamento
escola
hab. + comércio
serviçoshabitação nv0 50 100
metros
As linhas da augusta72
10 a 15 pavimentosMAPA PAVIMENTOS 4 a 10 pavimentos
20 a 25 pavimentos
2 a 4 pavimentosestacionamentos nv0 50 100
metros
As linhas da augusta74
FOTO AÉREA nv0 50 100
metros
76
RUA FERNANDO DE ALBUQUERQUE
MIOLO DA QUADRA
RUA AUGUSTA
RUA BELA CINTRA
77
projeto
foto: Trisha Brown roofpiece
As linhas da augusta80
PARTIDO
Chegar e partir!
Esse lugar pode ser experimentado como um even-
to, o estabelecimento de um lugar habitável. Uma ar-
quitetura da deriva baseada em espaços flexíveis e
lúdicos, onde os fluxos se distribuem e se constrói
uma cidade de viajantes – passantes – habitantes.
Uma tentativa de articular um espaço fragmen-
tado (o interior de uma quadra na rua Augusta) me-
diante um volume que produz seu próprio espaço, um
espaçamento, ou seja uma dimensão dentro do próprio
espaço.
Um eixo que não vislumbra controlar o terri-
tório, mas passa a costurar em uma nova sucessão,
outros lugares. Um desenho de quarteirão que costura
o existente e ao mesmo tempo contamina os edifícios
vizinhos tangentes à rua.
Uma arquitetura entre construções, em espaços
intersticiais. Uma passagem animada com a sobreposi-
ção dos térreos da cidade de São Paulo. Desafogando
a rua Augusta com novas chegadas e partidas.
O entre, a arquitetura passa a explorar o en-
tre as coisas – as passagens – estar não num extremo
ou noutro, mas no meio. Contra a tradição monumen-
tal – do eterno e do estático – assimilar a fluidez
dos sistemas de comunicação. Uma “arquitetura do
entre”.1 1 PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. São Paulo. São Paulo: SENAC: Editora Marca D’Água. p.319.
A rua que rasga a quadra!
24 HORAS!
Ao imaginar uma galeria passagem, um corta ca-
minho, uma extensão do espaço público, vislumbro um
espaço aberto 24 horas no qual a relação dos fluxos
rege o espaço. A circulação se torna organizadora
do espaço: escadarias e elevadores conectam vários
programas e ao mesmo tempo passa ser um programa.
São muitas as determinações que vivemos hoje,
então com esses novos chãos cada um faz o seu cami-
nho, desta forma passamos a nos responsabilizar por
nossos percursos.
Retiro a idéia de frente e fundo um estado fu-
sional agora possibilito uma nova perspectiva. Sub-
vertendo a idéia de frente e fundo ofereço cidade
tornando visível o invisível para talvez combater
esse “excesso de fora”2 que vivemos como disse Nuno
Ramos. Assim a dobra de um outro dentro.
No deslocamento o passante vive surpresas e
visualiza a rua Augusta e seu relevo por diversos
ângulos. Um passeio criativo e cheio de encontros.
Além de abrigar quem vive na metrópole em trânsito,
o desenho da galeria possibilitará o contato das
diferentes atividades e pessoas. Com novos aconte-
cimentos que reforça a idéia de espaço público-co-
letivo.
2 RAMOS, Nuno, in Brasil: os Rios e a Geografia à Margem da História? As cidades e suas margens: Seminário Internacional de Arte Pública,16 setembro de 2009.
81 Projeto
Uma infra estrutura para a cidade
Um edifício como um empilhamento de pisos equi-
pados que são um suporte flexível para as atividades
planejadas e ao mesmo tempo um facilitador para ati-
vidades possíveis, considerando a mutabilidade dos
espaços.
Um projeto com um sistema construtivo simples
e de fácil execução, uma estrutura simples pilares
que vencem pequenos vãos e uma laje alveolar que
proporciona uma estrutura leve. O fechamento será
uma pele exterior que funciona como regulador climá-
tico, permite a entrada de luz e ventilação. Assim a
aparência do edifício se torna leve e transparente.
O projeto a partir das reflexões sobre espaço,
tempo, escala humana e corpo visa possibilitar novas
experimentações e criações.
À MANTER
Os edifícios a serem mantidos possuem mais
de quatro pavimentos e mantém um bom uso. As pesso-
as que moram nos edifícios a serem retirados, serão
transferidas para o edifício abandonado na mesma
quadra, que será reformado, possibilitando assim,
uma permanência no lugar. Os edifícios comerciais e
de serviços a serem retirados terão um espaço dentro
da galeria.
As linhas da augusta82
existente a manter intervenção
83 Projeto
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P I S O A U G U S T A
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SKATE BICICLETA
espaço coletivo playground piscina solário bar lanchonete conexões vegetação mirante descanço DANÇA
salas de ensaios
salas de ensaios
MÚSICA REFEITÓRIO MARMITA OFICINAS ESCRITÓRIOS
Fernando de Albuquerque
Costa
estacionamentoestacionamento
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Fernando de Albuquerque
Costa
84
COMÉRCIO SERVIÇOS ESCRITÓRIOS ESTACIONAMENTOS
rua augusta
rua bela cintra
rua f. de albuquerque
rua costa
COMÉRCIO SERVIÇOS ESCRITÓRIOS ESTACIONAMENTOS
rua augusta
rua bela cintra
rua f. de albuquerque
rua costa
COMÉRCIO SERVIÇOS ESCRITÓRIOS ESTACIONAMENTOS
rua augusta
rua bela cintra
rua f. de albuquerque
rua costa
85
COMÉRCIO SERVIÇOS ESCRITÓRIOS ESTACIONAMENTOS
rua augusta
rua bela cintra
rua f. de albuquerque
rua costa
COMÉRCIO SERVIÇOS ESCRITÓRIOS ESTACIONAMENTOS
rua augusta
rua bela cintra
rua f. de albuquerque
rua costa
0 5 10 50
0 5 10 50
86
87 0 5 10 50
As linhas da augusta88 nv
0 5 10 50 100
89 Projeto
PLANTA 799: PISO RUA COSTA
Este piso é uma continuidade da calçada que entra
no edifício.
O uso voltado para esportes e lazer.
1- Do outro lado na esquina da rua augusta com a
Fernando de Albuquerque existem barzinhos que de-
senham uma marquise, no meu projeto faço a conti-
nuidade dela, primeiramente uma marquise que abriga
um ponto de ônibus com bancos! na espera as pessoas
podem dar a sorte e ver algum show na praça e perder
o ônibus.
Existe também a possibilidade de subir uma rampa
chegar a Fernando de Albuquerque e sua intensa vida
noturna!
2- é possível ao subir um nível, acessar o prédinho
salas de ensaio, um edifício com infra estrutura
para que salas sejam alugadas, pra dança, capoeira,
o que quiser.
3- nas arquibancadas é possível ver skatista e a
rua augusta esse nível abriga esportes, uma mar-
quise para os diferentes esportes, uma marquise, e
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salas de ensaios
salas de ensaios
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Fernando de Albuquerque
Costa
estacionamentoestacionamento
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Fernando de Albuquerque
Costa
se continuarmos pela Augusta, passamos embaixo da
vitrine e é possível subir ao próximo nível ou por
rampas à direita ou ainda se não for nenhum desses
ao entrar subir a rampa ela acessa ao fundo a escada
rolante.
As linhas da augusta90 nv
0 5 10 50 100
91 Projeto
PLANTA 802: PISO COSTA
Nesse piso o uso é voltado para comércio e lazer.
1- Se da rua Costa a pessoa subiu as rampas, elas
podem parar a bicicleta, entrar na galeria, ir para
a varanda assistir um pouco do show e se continuarem
andando sobem a escada e chegam no próximo piso.
2- subindo a arquibancada ao se manter a esquerda
as pessoas encontram uma galeria de comércio, uma
de suas entradas se dá pela rua Fernando de Albu-
querque.
3- Ao subir a escadaria/ arquibancada da rua Augus-
ta, podem parar e assistir algum espetáculo na vi-
trine da rua augusta (mostrar o corte).
4- vindo da rua augusta entrou no cinema!
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salas de ensaios
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Costa
As linhas da augusta92 nv
0 5 10 50 100
93 Projeto
PLANTA 805: PISO AUGUSTA
Caracterizado por uma passagem, fluxos com uso vol-
tado para comércio e serviços são varias as possi-
bilidades de acesso.
1- subiu a arquibancada, encontrou alguém passou
pela praça de utilidades urbanas, caixas eletrôni-
cos, bancos, orelhão, caixa de correios, lixeiras e
um bar!entrou no cyber café, comprou uma coca e foi
para o cinema.
2- Na parada Pedro Taques, a pessoa desce a galeria
em rampa (mostrar na maquete) parou na primeira vi-
trine, encontrou um amigo, bebeu um drink e desceu
para a Rua Augusta.
3- Chegou de carro saiu do estacionamento e foi pas-
sear nas lojas...
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95 Projeto
PISO 811: PISO BELA CINTRA
Esse piso tem um uso de comércio e serviços. Com
várias chegadas e partidas.
1- Um artista que irá expor na galeria de arte, vin-
do da Rua Haddock Lobo é possível acessar a galeria
e levar suas obras pelo monta carga.
2- Alguém que vem da Rua Pedro Taques e passa pela
praça, pelo restaurante, até chegar na loja.
3- Da rua da Consolação, no respiro do metro é pos-
sível cortar caminho e chegar na praça, passar no
parquinho e entrar para trabalhar no restaurante.
4- Quem estiver trabalhando no edifico da CET pode
tomar um café na varanda, passar por alguns serviços
e lojas e ir para outra varanda assistir ao espetá-
culo na varanda.
Neste piso temos a entrada do Hotel Quality,
que hoje não tem nenhuma relação com a rua, a entra-
da se dá pelo estacionamento, então, no meu projeto
possibilito essa passagem e uma relação mais franca
com a rua para o Hotel e me aproprio de parte do se
lote.
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Costa
As linhas da augusta96 nv
0 5 10 50 100
97 Projeto
PLANTA 817 PISO FERNANDO:
Um piso voltado para serviços escritórios e oficinas
um lugar de trabalho e de trocas onde os escritórios
do entorno podem tomar café, tirar xerox, se usufrir
deste espaço o que possibilita diálogo entre os di-
ferentes profissionais.
1-Uma pessoa pode estar na galeria de arte, encon-
trou um amigo, foi para a balada, que é uma conexão
um outro ambiente da balada existente, o Geni. Essa
mesma pessoa foi até o banheiro que acontece em to-
dos os pavimentos.
2-Depois de dançar, foi ao refeitório comer.
3-Subiu a escadaria passou pela oficina e foi ao seu
escritório trabalhar.
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Costa
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0 5 10 50 100
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salas de ensaios
salas de ensaios
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Fernando de Albuquerque
Costa
estacionamentoestacionamento
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Fernando de Albuquerque
Costa
Projeto
PLANTA 823 PISO COBERTURA:
A cobertura atravessa a quadra é um elemento
que dá unidade ao projeto com lanchonete e bar, pis-
cinas vestiários e o quadrado dançante, um espaço a
ser ocupado dia e noite por quem vive e trabalha por
lá. Neste nível as conexões são feitas com edifícios
residenciais moradores que usarão esse lugar.
1- Saindo do Hotel a pessoa acessa a cobertura e vai
para o quadrado dançante
2- Da sua casa passa pela lanchonete toma um suco
passa no lava pé e vai para a piscina
Os edifícios que são conectados a cobertura recebem
o acesso, mas cada um se organiza da forma que achar
melhor, um piso só de conexão, um apartamento passa
a ser entrada....
A idéia é que este lugar se torne um mirante
para a Augusta!
As linhas da augusta100 ELEVAÇÃO BELA CINTRA
101 Projeto
0 5 10 50
As linhas da augusta102 ELEVAÇÃO FERNANDO DE ALBUQUERQUE
103 Projeto
0 5 10 50
As linhas da augusta104 ELEVAÇÃO COSTA
105 Projeto
0 5 10 50
As linhas da augusta106 CORTE HOTEL
107 Projeto
0 5 10 50
As linhas da augusta108
109 Projeto
0 5 10 50
MAQUETES
serviçosMAQUETE DE ESTUDO comércioHABITAÇão
edifício abandonado
113 Maquete
MAQUETE
115 Maquete
As linhas da augusta116
117 Maquete
As linhas da augusta118
119 Imagens
reportagens
Considerações finais
pintura sobre foto: Paulo
von
pose
r
As linhas da augusta124
125 Considerações finais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de um ano de reflexões e desenhos. Con-
sidero que elaborei um modo de pesquisar e projetar
em um tempo meu. Diversas questões surgiram, antes
em emaranhado de dúvidas, um novelo confuso e cheio
de nós.
Mas percebi que junto `as outras pessoas,
discutindo, desenhando, “jogando conversa fora”,
enriquecia meu modo de olhar, eram diferentes his-
tórias no cenário de São Paulo e na Augusta.
Durante todo o processo precisei de outros
olhares, que possibilitaram encontrar o meu. Tanto
de arquitetos, anigos, parentes, ou seja quem vive
a cidae. Depois de escolhido o lugar, pude encon-
trar problemas e perguntas, tudo era confuso, di-
versos desejos, diversos edifícios, alturas, muros,
pessoas. Agora um espaço que me instiga. Com esse
projeto possibilito novas perguntas1.
Desta forma penso a arquitetura como uma dis-
ciplina que proporciona dispositivos capazes de
transbordar seus próprios limites, a inter relação
entre pensamentos para pensar a cidade.
Neste momento, algumas perguntas se aproxima-
ram de certas respostas, mas sei que novas sempre
irão me acompanhar.
1 GALVAO, Evangelina Lopes Nunes. Entrelinhas. Trabalho final de graduação do Mackenzie, 2008.
bibliografia
quadros: Jpsep
h Al
bers
As linhas da augusta128
BIBLIOGRAFIA
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Tradução de Antonio da Costa Leal e Lidia do Valle Santos Leal. Rio de Janeiro: Livraria Eldorado Tijuca.
BENJAMIN, Walter. Passagens. Imprensa Oficial do Estado S/A. São Paulo.
CAFFE, Carla. São Paulo na linha. Texto Gisele Beiguelman; ilustrações Carla Caffé. São Paulo, DBA Artes Gráficas, 2000.
CALVINO, Italo. Cidades Invisíveis. Companhia das Letras. São Paulo, 1998.
CORTAZAR, Julio. O outro céu in Todos os fogos o fogo. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2007.
CYTRYNOWICZ, Isabel Nassif. Duas Augustas. Isabel Nassif Cytrynowics. São Paulo, 2008. CYTRYNOWICZ, Roney (org.). Dez roteiros históricos a pé em São Paulo. São Paulo, Narrativa Um, 2007.
DOHERTY, Brian O’. No interior do cubo branco: a ideologia do Espaço da Arte. Martins Fontes, São Paulo, 2007.
FERREIRA, Glória e COTRIM, Cecilia (org.). Escri-tos de artistas: anos 60/70. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 2006.
JACOBS, Jane. Morte e vida nas grandes cidades. Martins Fontes. São Paulo, 2008.
JENGER, Jean. Le Corbusier : Architect of a New Age. London, Thames e Hudson, 1996. KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da escultura moderna. Martins Fontes, São Paulo, 1998. NESBITT, Kate. Uma nova agenda para a arquitetura. São Paulo, CosacNaify, 2006.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Distancias in Paisagens urbanas. Editora SENAC, São Paulo, 1996.
RAMOS, Nuno. Ó. Editora Iluminuras ltda. São Pau-lo, 2009.
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agradecimentos
quadro: Edgar Dégas
As linhas da augusta134
135 agradecimentos
Agradeço primeiramente à professora e orientadora Carol Tonetti que a cada orientação me mostrou um universo da arquitetura e do desenho proporcionando um ano de aprendizado muito prazeiroso e sério.
À Juju e sua alegria de viver que trouxe cor para o projeto.
Ao trio parada dura que agora só vai partir pro abraço.
À Mila e a sua rapidez, esperteza e paciência.
À Doda e sua sensibilidade e criatividade.
Ao Pe por suas imagens e disponibilidade.
À a Bel e sua paixão pela Augusta.
À Evan pelo seu olhar estético e prático e seu lindo TFg que me inspirou muito.
À Aninha por suas leituras.
À Ma Pappa por seu desenho.
À Re Bo e seus questionamentos intrigantes.
À Escola da Cidade e as aulas de metodologia que me ensinaram a elaborar perguntas.
Aos meus pais, pelas leituras, comentários e idéias.
À Marisa e suas sábias colocações.
Ao Be e seu jeito de ver o mundo.
Ao Deco e sua proximidade longe.
Aos meus amigos da faculdade Bia, Carol, Carol
Sacconi, Elisa, Ju, Patê, Ro, Pedro e Tatá sempre por perto.
Às já arquitetas Ju e Anita.
Às quase arquitetas Aninha e Nana.
E às amigas Ju Maria e Lu que sempre acrescentam.
Aos fotógrafos que ilustraram meu trabalho.
À banca de reflexão: Joana Mello que me mostrou o mundo acadêmico e como trazer o cotidiano ao projeto, e ao Vinícius Andrade que pacientemente acompanhou todo o processo do TFG e me mostrou como as várias orientações seu modo de ver arquitetura.
À banca de qualificação: Vinícius Andrade e Pedro Barros e Carol Tonetti, que me ajudaram a desenhar a cara do projeto.
À banca final: Marcelo Barbosa, Álvaro Puntoni, Vinícius Andrade e à Carol Tonetti.
E sempre em todas as bancas a Carol Tonetti e seu olhar livre e rigoroso.
Aos professores César Shundi, Cristiane Muniz, Guilherme Wisnik, Pedro Salles, Marta Moreira e Vera Domschke, que me orientaram e com novas e importantes questões.
E aos arquitetos que de diversas formas trabalham a arquitetura e eu pude compartilhar alguns momentos com eles. Abílio Guerra, Décio Amadio, Cícero Ferraz , Fábio Mosaner, e à Silvana Romano.
Obrigada.
As linhas da augusta136
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