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AUTO DA BARCA DO INFERNO

GIL VICENTE

Madalena Fernandes

ESPAN 2013/14

Para se compreender o “Auto da Barca do Inferno”

deve-se ter presente que esta obra foi escrita num

período da história que corresponde à transição da

Idade média para a Idade Moderna.

O seu autor, Gil Vicente, enquadra-se justamente

nesse momento de transição, ou seja, está ligado

tanto ao medievalismo quanto ao humanismo. Esse

conflito faz com que Gil Vicente pense em Deus e ao

mesmo tempo exalte o homem livre.

O reflexo desse conflito interior é visto claramente

na sua obra, pois ao mesmo tempo que critica, de

forma impiedosa, toda a sociedade de seu

tempo, adotando assim uma postura moderna, tem

ainda o pensamento voltado para

Deus, característica típica do mundo medieval.

Para além de ser uma peça de crítica social,

Gil V. classificou-a de moralidade, ou seja,

peça destinada a transmitir, aos espectadores,

“lições” sobre o bem e o mal, as virtudes e os

vícios.

«

RIDENDO CASTIGAT MORES»« A R I R S E C O R R I G E M O S C O S T U M E S » , O U, A

R I R S E D I Z E M A S V E R DA D E S

Este é o lema de todo o teatro vicentino.

Criticar, provocando o riso, não era só mais divertido e adequado, como

também permitia que as pessoas aceitassem melhor a crítica.

O cómico é um dos meios utilizados para atingir o seu objetivo (criticar os

comportamentos e as mentalidades das diferentes classes sociais da época).

moralidade

3 TIPOS DE CÓMICO

Cómico de linguagem: utilização do calão, das pragas, etc.

Cómico de situação: Ex. : o Frade entra a cantar e a dançar

com uma moça.

Cómico de caráter: o Parvo, por ser tolo, não tem

consciência dos seus atos nem das suas palavras.

Ao cómico prende-se um recurso expressivo:

a ironia.

A ironia pretende-se sugerir o contrário

daquilo que se diz com as palavras ou daquilo que se

pensa.

A ironia assemelha-se à hipocrisia.

O “Auto da Barca do Inferno”foi apresentado pela

primeira vez em 1517, à «muito católica rainha

Lianor»,a rainha D. Maria de Castela, que estava

enferma.Este Auto, classificado pelo próprio

autor como um “auto de moralidade”,

tem como cenário um porto imaginário,

onde estão ancoradas duas barcas:

uma, com destino ao paraíso, tem como

comandante o Anjo; a outra, com

destino ao inferno, tem como

comandante o Diabo, que traz consigo

um companheiro.

Todas as almas, assim que se desprendem dos

corpos, são obrigadas a passar por esse lugar para

serem julgadas. Dependendo dos atos cometidos

em vida, são condenadas à Barca da Glória ou à

do Inferno.

O ESTILO

Quanto ao estilo, pode-se dizer que todo o

Auto é escrito em tom coloquial, ou seja, a

linguagem aproxima-se a da fala, revelando

assim a condição social das personagens.

O Auto possui um único ato, dividido em cenas, nas quais predominam os diálogos entre as almas que estão sendo julgadas com o Anjo e com o Diabo. As personagens do Auto, com exceção do Anjo e do Diabo, são representantes típicos da sociedadeda época (personagens-tipo). Raramente aparecem identificados pelo nome, pois são designadas pela ocupação social que exercem.Exemplo : o onzeneiro, o judeu, sapateiro etc.

ESTRUTURA EXTERNA

PERSONAGEM-TIPO

É uma personagem plana* que pretende caracterizar um grupo

social ou profissional. O seu comportamento não o

individualiza, dado que o objectivo é expressar as qualidades

e/ou defeitos do conjunto a que pertence.

Personagens planas: são aquelas que não tem profundidade

psicológica. Não tem uma caracterização psicológica, que não a

faz evoluir durante a narrativa da história.

PERSONAGENS ALEGÓRICAS

O Anjo e o Diabo são personagens alegóricas, porque

representam respectivamente o Bem e o Mal, o Céu e

o Inferno.

ESTRUTURA INTERNA

Este auto não é constituído por uma ação que se desenvolve da

exposição ao desenlace, mas por um conjunto de várias mini-

ações paralelas. Cada uma destas mini-ações funciona como um

tribunal. Ao longo de toda a obra, o Diabo e o Anjo

desempenham o papel de advogados de acusação e, ao mesmo

tempo, de juízes. Não existe advogado de defesa e são os réus

que, bem ou mal, apresentam os seus argumentos de defesa.

O Auto da Barca do Inferno do século XXI

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