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2ANO I - No 22001
A partir dessa premissa básica, osDrs. Raul Dias dos Santos, Andrei C.Sposito e José Antonio F. Ramires, doInCor � Instituto do Coração do HC daFMUSP, desenvolveram o trabalho�Avaliação do risco cardiovascularno excesso de peso e obesidade�.
CARACTERIZAÇÃO DAOBESIDADE:CRITÉRIOS PRINCIPAIS
Dentro da noção de que o pacienteobeso deve ser inicialmente avaliadocomo qualquer outro paciente com ma-nifestações sugestivas de cardiopatia,deve-se buscar em primeiro lugar ele-mentos indicativos de doença arterialcoronária e fatores de risco para a ate-rosclerose.
Essa orientação, particularizam ospesquisadores do InCor, procura aci-ma de tudo estabelecer as medidas aserem adotadas como prevenção pri-mária ou secundária, de maneira a tra-tar ao mesmo tempo tanto a obesida-de propriamente dita como os demaisfatores de risco eventualmente presen-tes no caso.
O primeiro parâmetro a ser consi-derado na quantificação da obesidade éa determinação do índice de massa cor-poral, mais bem conhecido pelas inici-ais IMC.
O cálculo é feito pela divisão do pesocorporal, em kg, pelo quadrado da altura,em metros, como mostra o quadro 1.
Embora bastante utilizado na práti-ca, o IMC tem a limitação de ser poucodescritivo quanto à distribuição dos te-cidos adiposo e muscular do paciente.Além disso, como considera apenas opeso e a altura, pode levar à classifica-ção equivocada de um halterofilistacomo sendo obeso, por exemplo.
AVALIAÇÃO DO RISCOCARDIOVASCULAREM PACIENTE COMSOBREPESO OU OBESIDADE
A avaliação inicial do paciente obeso tem o objetivoprimordial de estimar o risco cardiovascular globale identificar comorbidades que de algum modoestão relacionadas à própria obesidade.
Dr. Raul Dias dos Santos Dr. José Antonio F. Ramires
Sem título-2 08/11/02, 12:202
3ANO I - No 2 2001
De qualquer modo, segundo oguia de orientação (�guidelines�) doInstituto Nacional do Coração, Pul-mão e Sangue, dos Estados Unidos,todos os indivíduos adultos, de am-bos os sexos, com IMC > 25 kg/m2
apresentam risco aumentado paracomplicações cardiovasculares1.
Em metanálise desenvolvida porR. P. Troiano, E. A. Frongillo Jr., J. Sobale col. foram incluídos 600 mil indiví-duos pelo período de 15 a 30 anos2.Os resultados mostraram que a mor-talidade total (por todas as causas) foimenor entre aqueles com IMC entre 23e 28 kg/m2.
te no abdome e freqüentemente se as-socia à chamada �síndrome plurimeta-bólica�, que, como está bem demons-trado, se caracteriza por:
• resistência à insulina,
• tríade lipídica (LDL tipo B, TGem níveis elevados, HDL-C emníveis baixos),
• hipertensão arterial4.
Como conseqüência, essa forma deobesidade está relacionada a maiorrisco cardiovascular5,6.
Sob o ponto de vista estético, aobesidade abdominal assume a for-ma de uma maçã, mas pode ser di-ferenciada de modo mais confiávelpela simples medida da circunferên-cia abdominal, ou seja, da cintura.
Para tanto, mede-se a circunfe-rência do abdome na altura da cica-triz umbilical, em ortostasia. Os da-dos obtidos ao final da expiraçãopodem indicar obesidade abdomi-nal:
• circunferência abdominal > 94cm, no homem, e > 80 cm, namulher, é considerada marcadorade risco;
• circunferência abdominal > 102,no homem, e > 88 cm, na mulher,passa a ser indicativa de alto ris-co para hipertensão arterial, disli-pidemia, diabete melito e doençascardiovasculares em geral.
RISCO GLOBALDE DOENÇACARDIOVASCULAR
A avaliação do paciente obeso deveser complementada pela análise do ris-co global, com destaque para a pre-sença de comorbidades e de outrosfatores de risco para complicaçõescardiovasculares.
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
1. NHLBI Obesity Education Initiative ExpertPanel on the Identification, Evaluation, andTreatment of Overweight and Obesity inAdults. National I Of Heath 1998; 31-238.
2 . Troiano RP, Frongillo EA Jr., Sobal J,Levitsky DA. The relationship between bodyweight and mortality: a quantitative analysisof combined information from existingstudies. Int J Obes Relat Metab Disord 1996;20: 63�75.
3. Arner P. Not all fat is alike. Lancet 1998;351: 1301�2.
4. Reaven GM. Pathophysiology of insulinresistance in human disease. Physiol Rev1995; 75: 473�86.
5 . Bouchard C, Bray GA, Hubbard VS.Basic and clinical aspects of regional fatdistribution. Am J Clin Nutr 1990; 52:946�50.
6. Han TS, van Leer EM, Seidell JC et al. Waistcircunference actino levels in theidentification of cardiovascular risk factors:prevalence study in a random sample. BMJ1995; 311: 1401�5.
OBESIDADE ABDOMINAL/OBESIDADE GINECÓIDE
Como enfatizam os Drs. Raul,Andrei e Ramires, o segundo parâmetroa ser considerado relaciona-se à diferen-ciação de dois padrões distintos de obe-sidade:
• obesidade abdominal ou andróide;
• obesidade ginecóide3.
Como o nome indica, a obesidadeabdominal localiza-se preferencialmen-
Aqui, explicam os estudiosos doInCor, deve-se ter sempre em men-te que a presença de sobrepeso(IMC > 25 kg/m2) ou de obesidade(IMC > 30 kg/m2), associada a ma-nifestações de doença ateroscleró-tica, diabete melito e apnéia dosono, caracteriza pacientes de altorisco cardiovascular.
Por outro lado, a associação de doisou mais fatores de risco com o excessode peso caracteriza indivíduos de riscomoderado a alto.
Como se observa, concluem osautores, a avaliação dos parâmetrosclínicos, associada com a determi-nação do IMC e da circunferênciaabdominal, é suficiente para quan-tificar e qualificar a obesidade, con-tribuindo de forma significativa paraa determinação global do risco car-diovascular do paciente.
Os pacientes sob risco devem sertratados de forma adequada, ou seja,devem-se tratar o excesso de pesoe os fatores associados.
Dr. Andrei C. Spósito
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