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CÁLCULO DO CUSTO DE PRODUÇÃO
UNITÁRIO DE ESTOJO ESCOLAR: USO
DO CUSTEIO VARIÁVEL NUMA
PEQUENA CONFECÇÃO
Getulio da Silva Abreu (UCAM )
getulio-abreu@hotmail.com
Marilia de Fatima da Costa Mello Barroso (UCAM )
marilia@ucam-campos.br
ALDO SHIMOYA (UCAM )
aldoshimoya@yahoo.com.br
Alan Barreto Mayerhoffer (Eucarístico )
alan_barreto_@hotmail.com
O objetivo geral deste trabalho foi encontrar o custo unitário de
produção (CP/un.) de estojos escolares de uma pequena confecção de
Campos dos Goytacazes - RJ. Os objetivos específicos foram: a)
mensurar os componentes do custo de produção: matéria-prima
(MAT), mão de obra direta (MOD) e custo indireto de fabricação
(CIF). Além das despesas diversas (DD); b) fazer uma demonstração
do resultado do exercício (DRE) mensal e c) obter um gráfico de ponto
de equilíbrio contábil (PEC) da pequena confecção de estojo escolar.
Quanto aos fins, trata-se de um estudo quantitativo, com caráter
descritivo; e quanto ao meio de investigação, foi utilizado um estudo de
caso in loco. Fez-se um levantamento na própria confecção, com
intuito de entender a produção dos estojos escolares. Em seguida,
partiu-se para a contabilização dos gastos gerais da pequena fábrica.
Por fim, foi possível identificar pelo custeio variável que o CP/un. era
de R$9,22/estojo. Com vendas de 750 unidades mensais, a pequena
confecção tem um ponto de equilíbrio contábil (PEC) de 158
estojos/mês e margem de segurança (MS) de 79,00%, gerando um
lucro considerável de R$ R$2.366,98 ao mês. É notório que o estudo
feito pelo engenheiro de produção contribuirá para o gestor adotar
melhores práticas no futuro.
Palavras-chaves: Custeio variável, Custo unitário de produção, Estojo
escolar, Ponto de equilíbrio contábil
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
O município de Campos dos Goytacazes situa-se no Norte do Estado do Rio de Janeiro, e é
famoso no Brasil devido ao petróleo. E possui também atividades voltadas aos pequenos
negócios, como: agricultura, pesca, artesanato e confecções. Em geral, os pequenos
empresários destes setores menores têm dificuldades em mensurar o custo de produção
unitário de seus produtos, e tendem a adotam preços de vendas inadequados.
A contabilidade de custos é um ramo dominado pelo engenheiro de produção, visto que este
profissional possui boas práticas em cálculo e matemática financeira. E o uso da contabilidade
também é um fator positivo. Para Marion (2009), “a Contabilidade é o instrumento que
fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”.
Auxiliar o pequeno empresário na área de confecções de estojos escolares pode ser uma tarefa
simples para um profissional de Engenharia de Produção. Portanto, este artigo contribuirá
para que o pequeno gestor saiba apurar adequadamente o custo unitário do seu produto.
2. Objetivos
O objetivo geral desta pesquisa foi encontrar o custo unitário de produção de estojos escolares
de uma pequena confecção de Campos dos Goytacazes - RJ. Para alcançar o objetivo geral,
têm-se os seguintes objetivos específicos:
a) Mensurar os componentes do custo de produção: matéria-prima (MAT), mão de obra
direta (MOD), custo indireto de fabricação (CIF). Além das despesas diversas (DD) da
pequena fábrica;
b) Fazer uma demonstração do resultado do exercício (DRE) mensal para verificar se
houve lucro ou prejuízo no período considerado;
c) Criar um gráfico de ponto de equilíbrio contábil (PEC) da pequena confecção de estojo
escolar.
3. Revisão de literatura
3.1. Terminologia básica da contabilidade de custos
Em contabilidade, os conceitos básicos devem ser entendidos pelos gestores adequadamente.
Por isso, fez um apanhado geral nas principais definições, de acordo com a terminologia-
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padrão de diferentes autores. Segundo Leone (2009), a contabilidade de custos é um segmento
da contabilidade utilizado para gerar informações aos diversos níveis gerenciais de uma
entidade, como auxiliar determinadas funções de desempenho, do planejamento e controle das
operações de tomada de decisões.
3.1.1. Gasto ou dispêndio
Ferreira (2012) define gasto como uma contrapartida necessária à obtenção de um bem ou
serviço. Segundo este autor, na compra à vista de bens, o gasto corresponde à redução do
ativo, em virtude do pagamento. Se a compra for adquirida a prazo, o gasto representa o
aumento do passivo, em razão da obrigação consumida. Os salários de um determinado
período representam um gasto (pago ou a pagar).
Martins (2010) aduz que “só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa
do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida
assumida ou da redução do ativo dado em pagamento”.
3.1.2. Desembolso ou desencaixe
Martins (2010) define desembolso como o “pagamento resultante da aquisição de bem ou
serviço”.
Alguns conceitos podem ser confundidos, como o desembolso e o recebimento. Bruni e Famá
(2010) mencionam que recebimentos e desembolsos devem ser contabilizados segundo o
regime de caixa, ou seja, quando, de fato, ingressarem ou saírem da conta Caixa do Balanço
Patrimonial. Tais autores usam as seguintes definições:
a) Recebimentos: correspondem aos ingressos de recursos no Caixa da empresa;
b) Desembolsos: representam a saída de recursos financeiros do Caixa da entidade.
3.1.3. Investimento
Martins (2010) define investimento como gasto ativado em função de sua vida útil ou de
benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Lima (2010) cita alguns exemplos de
investimentos, como: a aquisição de móveis e utensílios, aquisição de matérias-primas,
aquisição de imóveis, etc.
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Portanto, um investimento inicial, dependendo de seu direcionamento na empresa, pode
tornar-se um custo ou uma despesa. Por exemplo, ainda de acordo com Lima (2010), no
momento em que as matérias-primas adquiridas pela empresa passam a ser utilizadas no
processo de bens e serviços, deixam de ser considerados investimentos e passam a ser
considerado custo de produção.
3.1.4. É custo ou despesa?
Custo não é sinônimo de despesa. Nunca foi. Martins (2010) afirma que custo e despesa têm
sentido próprio, assim como investimento, gasto e perda. Por isso, quando há referência à
Contabilidade de Custos, o conceito de custos refere-se apenas aos bens ou serviços utilizados
na produção de outros bens ou serviços. Martins (2010) confirma que leigamente a palavra
custo sugere preço original de aquisição de qualquer bem, por exemplo, é comum dizer:
“custo de uma obra”, “custo de um automóvel”, “custo de uma consulta” etc.
No campo da Contabilidade de Custos, a classificação destes em fixos e variáveis permite
compreender a natureza do seu comportamento para que se possa agir sobre ele (MARTINS e
ROCHA, 2010). Os autores Martins e Rocha (2010) ainda afirmam que custos fixos são
aqueles cujo montante não é afetado pelo volume de venda, dentro de determinado intervalo
de nível de atividade. E os custos variáveis são aqueles cujo montante é afetado de maneira
direta pelo volume, dentro de determinado intervalo de nível de atividade.
Com foco nos produtos fabricados, segundo Bruni e Famá (2010), os custos podem ser:
a) Diretos: estão diretamente ligados ao cálculo dos produtos. Por exemplo, os materiais
diretos usados na fabricação de novos produtos e a mão de obra direta para a
fabricação. Podem ser mensurados de maneira clara e objetiva.
b) Indiretos: têm uma característica de ser mensurado, identificado e quantificados
indiretamente. Por isso, necessitam de algum critério de rateio para chegar a uma
atribuição do valor deste custo. O ideal seria que todos os custos fossem diretos, pois
haveria uma precisão maior nos cálculos.
Silva e Lins (2013) definem despesa como “recursos consumidos direta ou indiretamente na
forma de um bem ou serviço com o intuito de obtenção de receitas”. Iudícibus e Marion
(2011) comentam que as despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos,
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administrar a empresa e financiar as operações. Ou seja, os autores aduzem que são todos os
gastos para manter a manutenção da atividade operacional da empresa.
3.1.5. Perda e desperdício
Perdas são gastos imprevistos que não trazem nenhum tipo de retorno para a empresa. Para
Bruni e Famá (2010) “perdas representam bem e serviços consumidos de forma anormal.
Consiste em: (i) um gasto não intencional decorrente de fatores externos extraordinários ou
(ii) atividade produtiva normal da empresa”.
O conceito de desperdício, segundo Wernke (2005), é mais difundido na área de Engenharia
de Produção do que na seara contábil ou administrativa e pode englobar os custos e as
despesas utilizados de forma não eficiente. São considerados desperdícios os gastos
relacionados com atividades que não agregam valor, do ponto de vista do cliente, que
implicam dispêndio de tempo e dinheiro desnecessários aos produtos (ou serviços).
3.1.6. Receita
Para Iudícibus e Marion (2011) a receita corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou
prestações de serviços. Ela aparece (é refletida) no Balanço através de entrada de dinheiro no
caixa (receita à vista) ou entrada em forma de direitos a receber (receita a prazo).
Santos (2009) afirma que a receita de vendas é reconhecida no momento da entrega dos
produtos, mercadorias e serviços aos clientes compradores. E receita bruta corresponde ao
preço total cobrado pelos produtos e serviços fornecidos aos clientes, cuja receita bruta é
reconhecida no momento da entrega, acompanhados pelas respectivas notas fiscais de vendas.
3.2. Custos de produção
O custo de produção representa o custo total de fabricação de produtos completados durante o
período atual. Os custos atribuídos para produtos acabados são os custos de manufatura de
materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação (HANSEN e MOWEN,
2003).
Segundo Santos (2009) os custos de produção podem ser detalhados, como:
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a) Matérias-primas (MAT): correspondem aos materiais diretamente aplicados para a
obtenção de um produto final.
b) Mão de obra direta (MOD): elemento utilizado para transformação dos materiais
diretos em produto. A mão de obra direta, bem como os respectivos encargos sociais,
pode ser claramente identificada com o volume operacional de atividade (unidades
produzidas, horas-máquina ou homens-hora).
c) Custos indiretos de fabricação (CIF): são os outros custos que complementam uma
atividade e são incorridos de forma indireta ou geral, beneficiando dessa maneira, todos
os bens ou serviços produzidos ou serviços prestados. Exemplos de insumos que são
necessários para a obtenção do produto final, porém não mantém qualquer relação
direta: supervisão geral da fábrica, limpeza, segurança, depreciação, energia elétrica,
água, peças de reposição de equipamentos etc.
3.3. Custeio variável ou marginal
O método do custeio variável, segundo Martins e Rocha (2010) consideram como sendo dos
produtos exclusivamente seus custos variáveis, somente eles. Todos os custos fixos, inclusive
os identificáveis com os produtos (custos fixos diretos), são debitados ao resultado do período
em que são incorridos. A Figura 1 mostra a lógica deste custeio.
Figura 1 - Modelo de apuração do lucro segundo o custeio variável
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Fonte: Adaptado de Ponte, Riccio e Lustosa (2007)
Pela Figura 1 é possível perceber que na demonstração do resultado do exercício (DRE)
mensal consta uma margem de contribuição. A margem de contribuição (MC) unitária pode
ser obtida, segundo Martins e Rocha (2010), como:
MC/un. = PV – CV – DV, em que: MC/un. é a margem de contribuição por unidade, PV é o
preço de venda unitário do produto, CV é o custo variável unitário do produto e DV é a
despesa variável do produto.
É comum expressar a MC em percentual, sendo conhecida como Índice de Margem de
Contribuição (IMC). Para encontrá-la, basta dividir a MC unitária pelo preço de venda
unitário (PVun.) do produto (PVun.
MC/un.MCI ). Para Garrisson, Noreen e Brewer (2007), “o
índice MC é extremamente útil, porque mostra como a margem de contribuição será afetada
por uma variação das vendas totais”.
3.4. Ponto de equilíbrio (PE)
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Segundo Horngren, Datar e Foster (2004), “o ponto de equilíbrio (PE) é a quantidade de
produtos vendidos em que as receitas se igualam aos custos totais – ou seja, a quantidade de
produção vendida em que o lucro operacional é $0”.
Bruni e Famá (2010) argumentam que quanto mais próximo a empresa estiver do ponto de
equilíbrio, mais arriscada será a sua situação. Ou seja, é maior a chance de deixar de ter lucros
e passar a gerar prejuízos. A Figura 2 mostra a forma do gráfico do ponto de equilíbrio
contábil.
O ponto de equilíbrio, então, é importantíssimo numa pequena empresa de confecções, pois
ele mostrará até que ponto pode as vendas podem variar sem que a empresa tenha prejuízo. E
mais, permitirá que gestor se questione até que ponto é possível produzir de maneira
satisfatória.
3.4.3. Ponto de equilíbrio contábil (PEC)
Para Coronado (2006), o ponto de equilíbrio contábil “é o nível de faturamento de que a
empresa necessita e que, deduzido das despesas variáveis, resulta na margem de contribuição
que cobre os custos e despesas fixas, obtendo-se um lucro [...] zero”.
O PEC pode ser calculado em unidades pela fórmula: $)R(MC
$)R(FixosGastosunidades
PEC .
Figura 2 – Ponto de equilíbrio contábil
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Fonte: Adaptado de Bruni e Famá (2010)
4. Metodologia
4.1. O ambiente de estudo
A pesquisa foi realizada numa pequena confecção localizada no município de Campos dos
Goytacazes – RJ, de propriedade de um único dono, que trabalha no ramo na fabricação de
estojos escolares para complementar sua renda mensal. Ao mês é fabricada uma média de 800
unidades de estojos (≈27 un./dia), entre design masculino e feminino, porém com os mesmos
mecanismos de produção. Normalmente, o dono leva 15 min para produzir uma unidade do
produto.
As vendas mensais dos produtos giram em torno de 750 unidades por mês, e o preço de venda
aplicado pelo pequeno empresário é de R$14,00/un. Em geral, as receitas são intensificas nos
inícios de semestres acadêmicos e/ou escolares, principalmente nos meses de janeiro a março.
4.2 A pesquisa
Quanto aos fins, este artigo é caracterizado como quantitativo, com caráter descritivo. Quanto
ao meio de investigação, foi utilizado um estudo de caso in loco. Segundo Vergara (2005), a
pesquisa descritiva objetiva expor características de determinado fenômeno, sem ter o
compromisso de explicar os fenômenos que descreve, porém serve de base para tal
explicação.
Gil (2010) comenta alguns propósitos dos estudos de caso, como: 1) explorar situações da
vida real cujos limites não estão claramente definidos; 2) preservar o caráter unitário do
objeto estudado; 3) descrever a situação do contexto em que está sendo feita uma determinada
investigação etc.
O estudo foi realizado em três momentos. No primeiro, fez um levantamento na própria
confecção, com intuito de entender o processo de fabricação dos estojos escolares. Num
segundo momento, partiu-se para a contabilização dos gastos gerais da pequena fábrica:
MAT, MOD, CIF e DD. Por fim, foi possível identificar se a empresa obteve lucro ou
prejuízo no mês analisado, por meio da DRE e do PECunidades.
5. Resultados e discussões
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5.1. Cadastro de matérias-primas (MAT)
Para contabilizar a quantidade de matérias-primas requeridas numa única unidade de estojo
foi necessário fazer uso da Tabela 1. Nesta encontram-se descritos os componentes utilizados,
a quantidade solicitada (a) e também o preço unitário (b) de cada item. Depois, multiplicou-se
a quantidade pelo preço unitário para encontrar o custo total (a x b) dos materiais que
compõem os estojos escolares. É importante saber que os custos com embalagens do produto
são configurados como MAT.
Tabela 1 – Custo com matéria-prima por unidade de estojo escolar
Ingredientes Qtde. (a) Preço unitário (b) Custo total (a x b)
Tecido Duratan (24x24cm) 0,48 m² R$ 10,75/m² R$ 5,1600
Zíper 0,27 m R$ 0,40/m R$ 0,1080
Cursor 1,0 un. R$ 0,07/un. R$ 0,0700
Linha branca 2,0 m R$ 0,003/m R$ 0,0060
Linha nylon 2,0 m R$ 0,001/m R$ 0,0020
Cartolina (10x10cm) 100 cm² R$ 0,0001/cm². R$ 0,0100
Grampos 3,0 un. R$ 0,0005/un. R$ 0,0015
Embalagem (12x30cm) 1,0 un. R$ 0,05/un. R$ 0,0500
MAT/un. ≈R$ 5,41
Percebe-se que mensalmente, para uma produção de 800 un. de estojo por mês, que o custo
com MAT é de R$4.328,00, pois MAT/un. foi de ≈ R$5,41.
Figura 3 – Estojos escolares prontos para venda
Os estojos são direcionados à venda em embalagens organizadas pelo próprio dono empresa.
Necessita-se de um pedaço de cartolina de 10x10 cm, um saquinho plástico de polietileno
para embalar o estojo e grampos para lacrar a embalagem. Em seguida, faz-se um furo no
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centro da cartela para, quando necessário, os revendedores pendurem os produtos em
gôndolas.
5.2. Cadastro de mão de obra (MOD)
A MOD considerada é a do próprio dono da empresa. Para saber o valor da MOD/h da
produção de estojos foi necessário simular um Funcionário A contratado pelo empresário. Por
isso, a MOD encontrada será a de um possível Funcionário A, conforme Tabela 2. Isto é
reforçado com a afirmação de Santos (2009), que diz que nos casos em que existem
trabalhadores envolvidos na atividade e não são remunerados, deve-se computar um valor que
corresponderia ao salário de um funcionário para exercer determinada função.
O Funcionário A ganharia, caso contratado, R$1.600,00 na carteira, com jornada de trabalho
de 40 h semanais, de segunda a sexta-feira (com compensação dos sábados), totalizando 200 h
trabalhadas no mês e o seu salário por hora seria de R$ 8,00/h (R$1.600,00/200 h).
No ano, o Funcionário A não trabalharia nos casos: a) nos 15 feriados (nacionais e
municipais), b) nos 48 dias de repouso semanal remunerado (referente aos domingos) e c) nos
30 dias de férias garantidos por lei. Então, conclui-se que ao descontar os dias ausentes de 365
dias no ano, o trabalhador comparecerá à empresa 272 dias. Sendo a semana de trabalho (40
h) considerada de 6 dias, tem-se uma jornada diária de ≈6,6667 h/dia (40/6), totalizando
≈1.813 h/ano (272 × 6,6667).
Considerando aos dados anteriores, na Tabela 2 encontra-se o resumo da folha do Funcionário
A. Verificou-se, pela mesma tabela, o valor da MOD/hora deste profissional; de acordo com
as leis trabalhistas. Os encargos legais foram com: FGTS (8,0%) e INSS (20,0%), totalizando
28,0%.
Tabela 2 - Resumo da folha dos do Funcionário A
Descrição Cálculo A
(R$)
Salário 1.813 × 8,00 14.504,00
Repouso remunerado 48 × 8,00 × 6,6667 2.560,01
Férias 30 × 8,00 × 6,6667 1.600,01
Adicional de férias 1.600,00 / 3 533,33
13° salário 30 × 8,00 × 6,6667 1.600,01
Feriado 15 × 8,00 × 6,6667 800,00
Subtotal 21.597,36
Acréscimos legais 28,0% 6.047,26
Total 27.644,62
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MOD/h 27.644,62/1.813 ≈15,25
MOD/min 15,25/60 ≈0,254
TOTAL/mês 6,6667 × 15,25 × 30 ≈3.050,02
O salário mensal do Funcionário A, foi calculado multiplicando-se o número de horas de
trabalho por dia, pela MOD/h e o número de dias que o funcionário trabalha por mês (30
dias). Desse modo, 02,050.3$R3025,156667,6MOD AoFuncionári . Para produzir uma
única unidade do estojo são gastos 15 min de mão de obra, sendo a MOD/min = R$0,254,
tem-se a MOD/un. de R$3,81.
5.3. Cadastro de custos indiretos de fabricação (CIF) e despesas diversas (DD)
Os valores dos CIFs foram estimados segundo informações do proprietário, sendo agrupados
na Tabela 3. É válido lembrar que quando uma pequena fábrica produz apenas um tipo de
produto, não há necessidade de criar uma base de rateio. Sabe-se que os estojos são
diferenciáveis por cor e tipo (masculino e feminino), porém estas diferenciações não
impactaram nos custos dos mesmos. Por isso, considera-se a pequena confecção produtora de
um único tipo de produto: o estojo escolar.
Foram consideradas como CIFs as depreciações dos maquinários da empresa, que tem
máquinas de costura, tesouras, estiletes, grampeadores, agulhas etc. Estimaram-se os valores
atuais dos equipamentos, e em seguida, foi atribuída uma porcentagem residual (10%) e uma
vida útil de 60 meses, chegando-se a valor de 18,00/mês com depreciações.
Tabela 3 – Custos indiretos de fabricação mensais
Itens CIF(fixo)
(R$)
Depreciação mensal* 18,00
Energia elétrica da confecção 250,00
IPTU 25,15
Manutenção da máquina de costura 20,00
Materiais diversos 100,00
Telefone da confecção 38,70
TOTAL/mês 451,85
*Bens já totalmente depreciados
A confecção conta com um telefone fixo para atender as chamadas referentes aos negócios da
fábrica. E o dono fez um plano mensal numa determinada operadora, cujo valor é de
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R$38,70/mês. O valor de R$100,00/mês de IPTU corresponde ao valor total do mesmo
(R$301,08) dividido por 12 meses.
As despesas diversas (DD) representam os gastos incorridos na confecção com objetivo de
gerar receitas aos períodos futuros. Com maior valor está o preço pago a uma diarista
(R$140,00), que pelo menos 1 vez na semana limpa e organiza o espaço da pequena fábrica.
Tabela 4 – Despesas diversas mensais
Itens DD(fixa)
(R$)
Água da residência (15 m³ a R$5,21/m³) 78,15
Materiais diversos de limpeza 55,00
Diarista para limpeza da residência 140,00
Outras despesas gerais 30,00
TOTAL/mês 303,15
Consideraram-se os CIFs e as DDs apurados como fixos no mês analisado. Então, somando-se
os valores presentes nas Tabelas 3 e 4, chega-se ao valor de gastos fixos de R$ 755,00/mês. O
que representa um custo fixo/un. de R$0,94, aproximadamente.
5.5. Custo unitário de produção dos estojos (CP/un.)
De posse dos integrantes do custo de produção de estojos, foi possível conhecer o custo de
produção total e unitário da pequena confecção, segundo o custeio variável (Tabela 5). De
acordo com o custeio variável, os custos variáveis compõem o custo de produção e os custos
fixos irão impactar no resultado do exercício (Tabela 6).
Os valores de MAT e MOD somados foram considerados variáveis, totalizando um CP de
R$7.378,02/mês. Somando-se o valor de MAT/un. e MOD/un., chega-se ao valor de R$9,22,
que é CP/un. Observa-se que se fossem somados os valores mensais de MAT e MOD, e em
seguida, fosse dividido pela quantidade mensal de estojos (800 un.), o valor seria também de
R$9,22 (Tabela 5) de custo variável unitário.
Tabela 5 – Custo de produção dos estojos pelo custeio variável
CP Valor Total
(R$/mês)
CP/un.
(R$/un.)
MAT 4.328,00 5,41
MOD 3.050,02 3,81
TOTAL 7.378,02 9,22
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O dono da confecção vende uma média de 750 unidades de estojo escolar ao preço unitário de
14,00. Normalmente as lojas que compram o produto o revendem por R$20,00 reais,
aproximadamente. Considerando os gastos fixos no período de R$755,00/mês , verifica-se
com o auxílio da DRE (Tabela 9), um lucro mensal de R$2.366,98.
Tabela 6 - DRE mensal da confecção
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO MENSAL
(custeamento variável)
Receitas líquidas de vendas (750 un. a R$14,00) R$10.500,00
( - ) Custo do produto vendido (R$7.378,02)
( = ) Lucro marginal R$3.121,98
( - ) Gastos fixos (CIF + DD) (R$755,00)
( = ) Lucro operacional R$2.366,98
5.7. Ponto de equilíbrio contábil (PEC)
Antes de encontrar o ponto de equilíbrio contábil da pequena confecção fez necessário saber o
valor da MC/un. Portanto, ao subtrair o valor do preço de venda (PV) de R$14,00 pelos custos
variáveis unitários (CV) de R$9,22, sendo igual a zero (“0”) as despesas variáveis (DV), o
valor de MC é de R$4,78/un. e um IMC de 0,3414 ou 34,14%. Ao dividir os custos fixos
mensais pela MC obtém-se um PEC de ≈158 unidades, que ao ser multiplicado pelo preço de
venda corresponde a R$2.212,00 (PEC$). Então, com auxílio do Excel 2010 encontrou-se o
PEC da confecção, segundo a Figura 4.
Ao subtrair o valor das vendas (750 un.) pelas vendas no ponto de equilíbrio (PEC), encontra-
se 592 unidades (79% das receitas). Ou seja, as vendas podem cair até este patamar sem
prejudicar a pequena fábrica de estojos escolares. Tal valor em percentual é chamado de
margem de segurança (MS).
Figura 4 – Ponto de equilíbrio contábil da produção de estojos escolares
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6. Considerações finais
O trabalho permitiu encontrar, de maneira simples e breve, o custo de produção unitário de
estojo escolar da pequena confecção, que foi de R$9,22/un. É inquestionável que o dono da
empresa, adotando estas práticas, poderá se posicionar melhor no mercado.
O pequeno empresário encontra-se bem posicionado no negócio, com um lucro operacional de
R$2.366,98/mês. As receitas ultrapassaram bastante os custos de produção. É possível
perceber que há 79% de folga (MS) nas vendas até caírem ao valor do PECunidades.
Seria interessante reduzir o custo com MAT/un., pois foi o que mais consumiu valor
monetário. Sugere-se que o pequeno proprietário busque novos fornecedores, com preço de
compra mais baixos, por exemplo, do tecido especial Duratan, que onerou em maior grau as
matérias-primas requeridas no mês.
Espera-se que este trabalho sirva de base para outros pequenos empresários consigam tomar
decisões mais bem acertadas nas empresas.
REFERÊNCIAS
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