da escola pÚblica paranaense 2009 · 2013-06-14 · foram feitas ainda pesquisas bibliográficas e...
Post on 30-Nov-2018
217 Views
Preview:
TRANSCRIPT
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1
O USO DO RAP NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Mascarenhas, Rose Xavier da Costa1 Toledo, Adilson do Rosário2
RESUMO Este artigo fundamenta-se na área da Teoria da Variação e Mudança e segue os preceitos da sociolinguística laboviana (LABOV, 1972). Tem por objetivo apresentar os dados referentes ao Projeto de Intervenção Pedagógica desenvolvido no Colégio Estadual Protásio de Carvalho E. F. M., junto aos alunos da sétima série do período diurno. Metodologicamente, utilizamos as orientações presentes em Tarallo (1990) na pesquisa de campo para a coleta de dados da oralidade na comunidade escolar na interface com os procedimentos pedagógicos de Língua Portuguesa retirados de Antunes(2003) e nas propostas sobre o trabalho pedagógico com variedades dialetais sugeridas por Bagno (2009). Os dados referem-se às informações coletadas no desenrolar da pesquisa, no segundo semestre de 2010 que consistem em intervenções de cunho pedagógico, na sala de aula e fora dela, com apresentação e tematização crítica do RAP no contexto escolar. Nosso intuito foi o de trazer ao fazer educativo, a conscientização social sobre a diversidade, tanto linguística quanto cultural e seus efeitos sobre o exercício pleno da cidadania. O trabalho intraclasse foi desenvolvido através da discussão histórica sobre o RAP, seu surgimento e engajamento nas lutas sociais de afirmação da negritude, por meio da análise das letras de música de RAPpers famosos, como MV Bill e Marcelo D2. Foram feitas ainda pesquisas bibliográficas e incursões no mundo da música com o objetivo de aprender as marcas sociais e linguísticas que envolvem as manifestações musicais dessas minorias sociais. O projeto final do trabalho culminou na construção e interpretação do gênero RAP para a comunidade da escola. Percebemos que o uso do RAP nas aulas de língua portuguesa, destacando o uso contextual das variedades linguísticas, pode ser um estímulo ao estudo da língua para debatermos as diversas formas de discriminação e seus reflexos na inclusão social.
Palavras-chave: RAP, diversidade, oralidade, inclusão social 1 Professora PDE/2009, área de Língua Portuguesa e Língua inglesa, resemascarenhas@seed.pr.gov.br
2 Doutor em Estudos da Linguagem (UEL), professor da UNESPAR/ campus FAFIPAR, área de Letras,
adrosário@ibest.com.br
2
ABSTRACT
This article is based in the Theory of Variation and Change and follows the precepts of the Labovian sociolinguistics (Labov, 1972). Aims to present data related to Educational Intervention Project developed at the goal of this task is to normal, along with seventh-graders the daytime. Methodologically, we use the guidelines found in Tarallo (1990) on field research to collect data of orality in the school community at the interface with the teaching procedures taken from the Portuguese Antunes (2003) and in the proposals for pedagogical work with dialectal varieties suggested by Bagno (2009). The data refers to information collected on this research, in the second half of 2010 consisting of pedagogical interventions in the classroom and beyond, with presentation and critical appraisal of RAP in the school context. Our aim was to bring awareness to make education about social diversity, both linguistic and cultural groups and their effects on the full exercise of citizenship. The work was developed through the intraclass historical discussion about RAP, its emergence and engagement in social struggles for affirmation of blackness, by analyzing the lyrics of famous RAPpers such as MV Bill and Marcelo D2. Were also made literature searches and raids in the music world with the goal of learning the language and social marks involving the musical manifestations of these social minorities. The final design work culminated in the construction and interpretation of the RAP genre to the school community. We realized that using RAP in Portuguese language classes, emphasizing the contextual use of language varieties, can be a stimulus for language study and to discuss the various forms of discrimination and its effects on social inclusion. Key words: RAP, diversity, orality, social inclusion
3
1. Introdução
Este artigo fundamentou na área da Teoria da Variação e Mudança e segue os
preceitos da sociolinguística laboviana (LABOV, 1972). Utilizamos os recursos da
sociolinguística laboviana qualitativa para a leitura dos dados. A técnica da coleta de
dados foi aquela presente em Tarallo (1990). No âmbito da intervenção escolar,
seguiremos as orientações de Bagno (2009) e Antunes (2003).
A variação linguística é um fenômeno resultante da evolução do sistema
gramatical da língua. Por esse motivo, nunca deve ser tratada como deficiência ou
empobrecimento da língua. A diversidade linguística está presente em todos os
níveis da sociedade, e se reflete nas variações dialetais, diastráticas, diageracionais,
diasexuais. Em uma mesma língua, convive-se com diferentes socioletos.
Este trabalho teve exatamente o objetivo de chamar a atenção para a
diversidade linguística com o intuito de desconstruir o mito da língua ideal que traz
como consequência outros tipos de discriminações. No caso da escola, tais
discriminações podem levar à exclusão. Secundariamente, o objetivo deste trabalho
foi pensar a inclusão através da língua, utilizando os recursos do RAP nas aulas de
língua portuguesa. Por outro lado também pretendeu- se valorizar as culturas
periféricas e mostrar que elas são uma forma original de manifestação cultural e da
identidade de seus usuários.
1.1 As questões norteadoras desta pesquisa foram:
a) A análise do conteúdo presente nos textos das letras do RAPpers brasileiros
para incentivar a produção deste gênero textual nas aulas de Língua Portuguesa da
sétima série. Percebeu-se, nitidamente, neste gênero musical a contestação da
ordem social e a denúncia da violência presente em suas letras. Ao mesmo tempo,
deixam entrever um movimento de valorização de negritude que tomou corpo a partir
da década de sessenta. Destacou-se a influência dos ritmos africanos presente na
4
musicalidade e nas marcações, ressaltada pela força da palavra, especialmente da
palavra cantada.
b) As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (DCE, 2006) que deixam claro a
importância do trabalho com gêneros discursivos na funcionalidade da escrita, leitura
e oralidade. O ensino da língua, assim, não pode limitar-se ao trabalho exclusivo
com a escrita e com gêneros tradicionalmente selecionados.
c) Outro ponto importante foi o destaque à análise da variante utilizada pelo grupo
social do próprio aluno, ressaltando sua importância do ponto de vista comunicativo.
A partir disso, propiciamos ao aluno o contato com variantes linguísticas
consideradas marginais para que eles concluam que não há apenas uma forma
padrão correta de expressão, mas sim várias. E que a variedade linguística
(socioleto) apresentada pela escola é uma delas. Nesse aspecto foi importante
realçar a importância da adequação contextual das diversas variedades, como por
exemplo, o internetês, unicamente no contexto da internet; as gírias musicais no
contexto das músicas; o gênero escolar, mais formal de todos, no contexto de uma
entrevista de emprego, por exemplo.
Por fim, cabe salientar ainda que se viva em um país onde as desigualdades
e discriminações de todas as espécies se avolumam. No ambiente escolar a
situação não é diferente. Convive-se com grande desigualdade social e cultural.
Uma das funções da escola é diminuir essa distância que traz como consequência
maléfica a exclusão, vestida com roupagens de discriminação social, linguística, de
gênero, de credo e de raça.
Foi nesse fator que se sedimentou a importância deste trabalho: a tentativa de
atenuar as diferenças. E o uso do RAP em sala de aula foi um recurso pedagógico
viável nesse sentido. A força discursiva presente nas letras das canções do RAP
poderá despertar no aluno, alvo desta pesquisa, o desejo da manifestação crítica de
sua voz, independentemente dos questionamentos que possam surgir deste tipo de
abordagem.
2. Fundamentação teórica e metodológica.
5
Como ressaltamos anteriormente, este artigo fundamentou-se na
sociolinguística laboviana (LABOV, 1972), aliado às pesquisas de campo em
conformidade com Tarallo (1990), na confluência dos fazeres pedagógicos em
ambientes educativos analisados na interação social dos diferentes grupos
linguísticos (BAGNO, 2009; ANTUNES, 2003).
As variantes linguísticas utilizadas pela comunidade linguística da escola será
analisada nos textos das letras das músicas produzidas pelos alunos em contraste
com as letras dos RAPpers brasileiros.
O gênero discursivo RAP, segundo Stam (1992) compartilha muitas
caracteríscas com o dialogismo bakhtiniano como forma de discurso agressivo e
ritmado. O próprio significado da palavra RAP vem de conversar, dialogar e pode ser
considerada como o dialogismo bakhtiniano colocado em prática na linguagem das
ruas. Musicalmente, o RAP se baseia nos esquemas musicais africanos de
chamada e resposta, numa espécie de interanimação entre executante e ouvinte que
lembra claramente a teoria da linguagem centrada na interação e na performance.
Pelo aspecto linguístico da Teoria da Enunciação (BAKHTIN,...), o RAP pode ser
considerado como o gênero do discurso cotidiano, já que este gênero é uma forma
de expressão ampla que se subdivide em gêneros menores como o RAP de insulto,
o RAP de mensagem social, o RAP de festa, o RAP de conselhos de amigo.
Tanto os PCNs (1998) como as DCEs (2006) destacam a necessidade de
pesquisas de recursos pedagógicos para fazer face aos crescentes problemas
educacionais observados em nossas instituições escolares. Neste caso, a utilização
do RAP como objeto pedagógico nas aulas de Língua Portuguesa está em
consonância ao que apregoam os próprios PCNs (1998) e as DCEs (2006),
principalmente no que respeita ao tratamento das variedades dialetais:
É tarefa de a escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação (…). Desta forma, será possível a inserção de todos os que frequentam a escola pública em uma sociedade cheia de conflitos sociais, raciais, religiosos e políticos de forma ativa, marcando, assim, suas vozes no contexto em que estiverem inseridos (DCEs, Língua Portuguesa, 2006, p. 6)
Sobre o assunto, e a utilização da Sociolinguística Aplicada para a renovação
6
do ensino nas escolas brasileiras, Bagno (2009) afirma:
A Sociolinguística nos ensina que onde tem variação (linguística) sempre tem avaliação (social). Nossa sociedade é profundamente hierarquizada e, em consequência disso, todos os valores culturais e bens simbólicos que nela circulam também estão dispostos em escalas hierárquicas que vão do 'bom' ao 'ruim', do 'certo' ao 'errado', do 'feio' ao 'bonito', etc. E entre esses valores culturais e bens simbólicos está a língua, certamente, o mais importante deles (BAGNO, 2009, p. 48).
Assim sendo, este trabalho procura aliar os estudos da Sociolinguística às
atividades práticas de sala de aula, num dialogismo com as práticas sociais
veiculadas nas letras das músicas do RAP como gênero discursivo privilegiado para
tratamento da diversidade em todas as suas formas.
Metodologicamente, a pesquisa utiliza o recurso da expressão da oralidade
para tratar das variantes linguísticas. De acordo com as DCEs (2006),
(…) na prática da oralidade estas diretrizes reconhecem as variantes linguísticas, uma vez que são expressões de grupos sociais historicamente marginalizados em relação à centralidade ocupada pela norma padrão, pelo poder da fala culta. Isto contraria o mito de que a língua é uniforme e não deva variar conforme o contexto de interação (…). Bagno (2003, p. 17) afirma que esse mito tem sido prejudicial à educação porque impõe uma norma como se fosse a única e desconsidera as outras variedades. (DCE, Língua Portuguesa, 2006, p. 6).
As atividades em sala de aula seguirão as orientações presentes em Antunes
(2009). Segundo Antunes (2009), existe uma falsa aceitação da premissa que
falamos (e escrevemos) sempre do mesmo jeito. Embora os textos orais ocorram
sob a forma de variados gêneros, são bem diferentes na realidade da comunicação,
como em um debate, uma exposição, um elogio, um aviso, etc.
Neste aprendizado, muitas vezes, o aluno precisa da ajuda do professor para
respeitar seu momento de falar e de ouvir, de expor e de argumentar, de dar
instruções e narrar experiências, etc. O professor deverá rejeitar, com firmeza, toda
e qualquer atitude discriminatória, seja de que natureza for, em relação às variantes
linguísticas utilizadas pelos diferentes locutores.
No âmbito desta pesquisa, os seguintes momentos podem ser destacados:
7
a) Pesquisa dos diversos tipos de músicas, a origem do RAP, havendo uma grande
troca de informação tanto musical quanto biográfica, despertando assim o senso
crítico. Estas pesquisas e os debates contribuíram muito para o aprendizado do
aluno.
b) Pesquisa na internet sobre as variantes linguísticas, inclusão social, drogas e
debates sobre estas questões.
c) Análise das diferenças entre a entrevista oral e escrita com MV BILL. A
mensagem gravada por MV BILL aos alunos do Protásio.
d) Apresentação do resultado do projeto de pesquisa à comunidade escolar.
3. Intervenção Pedagógica. Aplicação do projeto em sala de aula
Fizemos um breve levantamento das preferências musicais dos (as) alunos (as)
e os (as) mesmo (as) puderam expor seus gostos musicais. Os gêneros mais
ouvidos foram o rock, sertanejos universitários, pagode, samba, lenta, eletrônicas, e
é claro o RAP.
Aproveitou-se para falar sobre o projeto de pesquisa, que é O Uso do RAP nas
aulas de Língua Portuguesa, destacou-se a importância deste gênero musical e
notou- se que a maioria dos alunos curtem este gênero (RAP). Conhecem RAPpers,
estilos de RAP e a origem do mesmo. O debate em pequenos grupos e depois em
grande grupo fortaleceu a experiência da maioria, dando uma boa visão aos demais
que não curtiam e passaram a ter um olhar com mais aceitação.
O RAP surgiu no Brasil em 1986, na cidade de São Paulo. A população não
aceitava o RAP, pois considerava este gênero musical como sendo algo violento e
tipicamente de periferia. Já lá pela década de 1990 o RAP ganha as rádios e
indústrias fonográficas e começa a dar mais atenção ao estilo.
A aproximação com o universo da cultura Hip Hop suscita um conjunto de
questões que podem ser tratadas por diversas áreas do conhecimento e por várias
disciplinas. Tomando o RAP como uma das formas de expressão contemporânea de
8
cultura, da arte e da ação política, cabe realizar um processo investigativo de
maneira a contextualizar sócio e historicamente seu surgimento e desenvolvimento,
visando ampliar os conhecimentos a respeito das linguagens que caracterizam a
cultura.
3.1. O gênero musical RAP
O RAP é a abreviação do inglês Rhythm and Poetry (ritmo e poesia) e é um
gênero musical com vida e linguagem própria. O RAP tem sua origem na Jamaica,
por volta de 1960, onde as populações dos guetos ouviam músicas em sistemas de
sons. Enquanto as músicas tocavam, uma espécie de Mestre de Cerimônias (MC)
discursava e mantinha a população informada sobre a violência nas favelas.
Contemporaneamente, trata-se de uma manifestação cultural, uma forma de laser
praticada, geralmente, por jovens adolescentes, moradores das periferias dos
grandes centros e representa o grito de conscientização de uma comunidade
discriminada que se fez ouvir em forma de canção.
O RAP representa uma realidade de uma comunidade até bem pouco tempo
desconhecida e silenciosa que muitos se recusam a ouvir. O poder do RAP está,
exatamente, em fornecer um veículo de comunicação para a fala de jovens
marginalizados que se posicionam de maneira crítica frente às mazelas da vida, da
realidade da vida e aos elementos que dela fazem parte (políticos, pessoas comuns,
sociedade em geral).
A principal vantagem que temos ao utilizar o gênero musical RAP em sala de
aula revela-se na abertura de uma janela comunicativa que leva em conta a
manifestação musical como prática pedagógica. Com a utilização do RAP em sala
de aula pode-se, ainda, desenvolver nos alunos sensibilidades mais aguçadas nas
questões da disciplina de Língua Portuguesa.
Os RAPpers constróem seus RAPs com temas oriundos de seu convívio
social, sua realidade, sua condição de vida, suas angústias. As letras, geralmente
longas, tratam de temas cotidianos, descrevem a rudeza do que veem e o que
sentem. Relatam os problemas com drogas, violência, crimes, política, fome,
9
pobreza, falta de perspectiva no futuro e sua relação com a polícia. É um tipo de
discurso calcado nos problemas urbanos. O acompanhamento rítmico, neste tipo de
música, serve para reforçar o sentido do texto, ou seja, o som confirma o que a
palavra apresenta.
O RAP situa-se no limite entre a fala e a canção. A letra das músicas mostra
uma riqueza vocabular, principalmente pelo emprego de variedade própria do
gênero. A prática discursiva mais utilizada entre as pessoas no RAP é a fala,
entretanto, no contexto escolar, é necessário que se ofereçam condições ao aluno
de falar com fluência as situações do dia a dia. Nestes momentos, o aluno
aprenderá a conviver democraticamente com seus semelhantes. A entonação é
outra marca expressiva do RAP.
3.2.OS Estilos
No Brasil existem diversos estilos derivados do RAP. Os que abordam
temática mais relacionada com a periferia e o modo de vida, o sistema, a polícia. Os
mais populares são Racionais MC`s, MV Bill e GOG.
O estílo Gangsta RAP é um termo usado pela mídia para descrever um certo
gênero do RAP, que tem por caracteristica a descrição do dia a dia violento dos
jovens de algumas cidades. A palavra gangsta é um derivativo de gangster. Há
também o RAP popular, cantado por músicos cariocas em sua maioria, com
exemplos de Marcelo D2 e Gabriel, O Pensador, que abordam temas diferentes.
As suas letras são violentas e normalmente tendem a criticar a sociedade e a
mostrar ao mundo a injustiça desta, e a partir dessa crítica, abrir os olhos de quem
não está nem aí para a dura realidade das ruas, mesmo que isso atinja diretamente
ao ouvinte. Geralmente, os autores têm problemas com a lei, alguns inclusive tem ou
já tiveram envolvimento com gangues.
Os gangsta-RAPpers, por sua vez, defendem-se das acusações alegando
que suas letras não falam de nada além da realidade vivida nas periferias e
procuram, através das mesmas, chamar a atenção das autoridades. É a vertente
10
mais extrema do Hip Hop.
O RAP Alternativo ou RAP Underground é um estilo do RAP que é o oposto
do estilo Pop RAP tentando mostrar as raízes dos problemas sociais, e não apenas
como "coisa comercial", como definem a grande maioria dos RAPpers que fazem
esse estilo, nem sempre criticando, mas querendo que o RAP não vire "somente
moda", e sim seja a solução para "abrir os olhos" das pessoas à realidade. Os
RAPpers brasileiros se destacam por aderirem a esse estilo (a grande maioria).
Apesar do que é dito os RAPpers alternativos não se importam de ser
famosos ou conhecidos, desde que continuem a rimar por si e não porque a editora
pede para fazer a música sobre um tema (normalmente festa). Bandas como Linkin
Park foram fortemente influenciadas pelo Hip Hop Alternativo.
Na década de noventa o RAP ganha às rádios e o interesse da indústria
fonográfica. Os primeiros RAPpers começam a fazer sucesso, entre eles, Thayde e
DJ Hum, seguidos de Racionais MC, Detentos do RAP, Câmbio Negro, Planet
Hemp, Gabriel o Pensador, Ferrez, Marcelo D2 e MV Bill.
Vamos destacar em nossas atividades de aula os Racionais Mc e Marcelo D2. Por
esse motivo, trazemos uma breve biografia sobre eles.
3.3. Marcelo D2
Nome artístico de Marcelo Maldonado Gomes Peixoto, nasceu no Rio de
Janeiro, no dia 05 de Novembro de 1967. Ex- vocalista da banda Planet Hemp, mas
hoje segue em carreira solo. "D2", no jargão dos usuários de maconha, significa dar
apenas alguns "tragos" na droga, Marcelo é assumidamente usuário de droga e foi
falando dela que ele começou nos palcos.
“Em 1998 começou sua carreira solo com o lançamento do seu primeiro
álbum Eu Tiro é Onda, que é uma gíria carioca que significa” Eu sou poderoso” ou
também "Eu posso tudo" esse álbum foi muito bem aceito pelo público e pelo
movimento RAP de São Paulo”. Seus maiores sucessos após reiniciar a carreira solo
foram "1967" que conta a história de sua vida, música inspirada na música "Espelho"
de João Nogueira, seu maior ídolo junto com Bezerra da Silva.
11
3.4 Racionais MC
Racionais MC's é um grupo brasileiro de RAP, que surgiu em 1988, na
coletânea Consciência Black, com as músicas Pânico na Zona Sul e Tempos
Difíceis. As letras do grupo têm como objetivo mostrar a desigualdade social
brasileira, abordando diversos temas como crime e injustiças.
Formado por Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira), Ice Blue (Paulo
Eduardo Salvador), Edy Rock (Edivaldo Pereira Alves) e KL Jay (Kleber Geraldo
Lelis Simões), o sucesso dos Racionais Mc's ultrapassou barreiras Biografia.
Racionais MC's é um grupo brasileiro de RAP, que surgiu em 1988, na
coletânea nacional, realizando apresentações ao vivo na Europa e na Ásia.
. No começo dos anos 90, Thaíde e DJ Hum e os Racionais eram
reconhecidos com os mais sérios e importantes nomes do RAP paulistano, sempre
envolvidos com campanhas de conscientização da juventude e movimentos de
divulgação, unificação e promoção do hip hop no Brasil. .
A partir de 1992 os integrantes dos Racionais passaram a desenvolver um
trabalho voltado para comunidades pobres da periferia, fazendo palestras em
escolas sobre drogas e violência policial, racismo e outros temas. Combativos, em
suas letras procuram passar uma postura até mesmo agressiva contra a submissão
e a miséria, usando a linguagem da periferia, com gírias e expressões típicas.
As letras do grupo têm como objetivo mostrar a desigualdade social brasileira,
abordando diversos temas como crime e injustiças.
3.5. O Método
Primeiramente foi disponibilizada a música e pedido que os alunos fizessem
anotações da maioria das palavras que ouviram, objetivando a escrita e a oralidade.
O interessante é que alguns tiveram dificuldades de fazer as duas tarefas juntas,
pois escutavam o RAP ou escreviam. Aproveitou-se para discutir a necessidade de
ouvirem as explicações dos professores, pois lhes ajudam a compreender os
conteúdos apresentados em sala e que por falta de prestarem atenção, dificulta
12
muito mais o aprendizado dos educandos.
O uso do dicionário foi muito importante, pois melhora a compreensão das
gírias presentes no RAP " A Vida é Desafio", Como: "Quando pivete meu sonho era
ser jogador de futebol", "enquanto mano desempregado, viciado se afunda", "O
barato é loko", "Que o céu é o limite e você, truta, é imbatível" Desavença, treta e
falsa união". "Tem que trampar ou ripar pros irmãos sustentar".
Quando interpretada, a letra do RAP "A Vida é Desafio", observou-se que os alunos
com mais dificuldades, e mais dispersos, participaram mais, comentando a realidade
do local de onde vivem, mostrando com isso a situação da comunidade, como: "Meu
sonho era ser jogador de futebol, vai vendo. Mas o sistema limita a nossa vida de tal
forma... " que nem tudo está ao nosso alcance, que tem que se lutar para conseguir
as coisas. Na frase: "tive que fazer minha escolha sonhar ou sobreviver", os alunos
notaram que eles têm pela frente uma dura realidade, que se tem que lutar muito
para realizar um sonho ou partir para outro, não deixando de sonhar, mas encarando
a dura realidade "A vida não é o problema, é batalha, desafio. Cada obstáculo é uma
lição, eu anuncio". Finalizando com uma produção textual.
Na análise linguística, a presença de figuras de linguagens, conjunções foram
constantes nas letras dos RAPs trabalhados em sala.
A linguagem varia de aluno para aluno, os mais jovens se utilizam de gírias
tais como: "tá ligado", "foi mal", "chega aí", "fala sério", "não dá nada. Aquela garota
é do tipo, morou, sacou, não é? Vou nessa, fui, não tou nem aí, fechou, ta
fechado, qual é professora? Demorou!, galera, dentre outras, e, normalmente
suas falas são reduzidas, simplificadas, às vezes, omitem os esses finais dos nomes
e dos verbos.
O interessante é que essas palavras quase sempre substituem frases. Na
linguagem dos jovens observa- se que falta certa articulação entre as palavras,
(faltam palavras), vocabulário. Contudo nota-se que eles se comunicam
perfeitamente bem, com as palavras que usam quando falam.
Já a comunicação apresentadas pelas famílias destes alunos (trabalhadores e
donas de casa), apresentam uma linguagem com muitas variações linguísticas, haja
vista, que temos famílias de diferentes estados e diferentes regiões do próprio
estado. Assim, as famílias paranaenses nascida no interior usam o /r/ retroflexo nas
13
palavras como porta, mar, marmita, já os cariocas ou nordestinos usam o /r/
aspirado nas mesmas palavras, quanto aos nascidos em Santa Catarina apresentam
um linguajar quase açoriano puxando os /s/ finais e usando um /r/ aspirado como o
dos cariocas. Exemplos: Meu pai e minha mãe não pudero estudá, poes onde ele
morava não tinha escola. Outras: Vou fazê o armoço, tou com sono, vou dormi.
A escola deve respeitar todas as variações linguísticas trazidas pelos alunos,
mas também deve ensinar a norma culta da língua.
Segundo Bagno, (2007), "O mais importante de tudo é preservar, no ambiente
escolar, o respeito pelas diferenças linguísticas, insistir que elas não são " erros" e
até mesmo tentar, na maneira do possível, mostrar a lógica linguística delas."
4. Gênero Entrevista
Existem diferentes tipos de entrevistas: de emprego, a médica, a jornalística,
etc. Sendo considerada um gênero oral. A entrevista é a uma interação entre duas
pessoas (ou mais), cada uma com um papel específico: o entrevistador responsável
pelas perguntas, e o entrevistado (os) responsáveis pelas respostas.
A entrevista jornalística é a que costuma despertar maior interesse público,
ela é vinculada pelos meios de comunicação orais e escrita, como: jornal falado da
tevê, o rádio, o jornal escrito, a revista e a internet. Antes de ser publicada em revista
ou jornal escrito, a entrevista geralmente é feita de forma oral, quando é gravada e
depois transcrita para a linguagem escrita. Nesta transcrição muitas vezes são
modificadas as falas originais.
4.1. M. V. BILL.
O hip hop pode ser um instrumento de ensino e inclusão social. Fico muito animado quando vejo o hip hop sendo usado como ferramenta de ensino e inclusão. Os professores, principalmente na rede pública de ensino, vão ter que abrir os portões das escolas para essa nova realidade. M.V. Bill.(Em entrevista,nov,2010)
14
Nascido na Cidade de Deus, e que recentemente produziu o documentário e
escreveu o livro Falcão – Meninos do Tráfico, retratando a realidade de jovens
ligados ao tráfico de drogas.
Politizado e autor de músicas com letras contundentes, MV BILL não informa
o nome verdadeiro e usa o pseudônimo Alex Pereira Barbosa como registro
alternativo. Ele participou da coletânea Tiro Inicial, que revelou novos talentos do
RAP brasileiro, entre eles Gabriel, o Pensador.
MV. Bill, antes de se decidir pelo o RAP, chegou a cantar um samba-enredo
composto por seu pai para uma escola de samba. Mais tarde adotou a alcunha de
MV (Mensageiro da Verdade) e Bill (refere se ao Ratinho Bill).
Na entrevista com CA (Conexão Aluno), ele fala da ligação do movimento hip
hop com as ruas e sobre a vida dos jovens das favelas, que muitas vezes enxergam
nessa cultura uma forma de sair da pobreza. MV Bill dispara contra a desigualdade
social, a defasagem no ensino e até contra o salário dos professores. Denuncia o
contraste social, o preconceito da cor e o poder que a mídia exerce na sociedade.
Critica o distanciamento entre a realidade e a fantasia que a televisão apresenta.
M.V.BILL procura sempre enfatizar a condição do negro no Brasil, que é posta em
segunda instância e coloca o branco como paradigma, enquanto deveria oportunizar
a todos os grupos independentes de cunho social ou étnico: “Discriminados na rua,
na praia, na condução, na televisão, condição de beleza.
4.2 As produções dos alunos:
Estes foram alguns dos RAPs apresentados na sala de aula, e na Semana
Cultural para a comunidade escolar.
Tá ligado que meu futuro é louco mano A vida é cheia de altos e baixos e a cada dia uma nova treta. Então você tem que saber lidar com as coisas que a vida te dá. Tem que saber se preparar, então a escola é pra te ajudar, as pessoas que estão aqui pra colaborar é preciso saber escutar e entender o que elas querem te dizer.
15
Refrão No dia que tudo isso acontecer Tem que saber viver Tem que saber viver No dia que tudo isso acontecer Tem que tá preparado mano para você vencer. Por isso preste atenção nas palavras do seu irmão Tem que ter cabeça pra você crescer e no final entender. Alunos A
RAP DA FAMÍLIA Saio de casa Pensando na vida Pensando no futuro Espero que para mim Seja melhor esse mundo Pessoas ao redor Tentando todo dia Ganhar seu ganha pão Fazendo seu papel Indo atrás de uma missão olha ali aquele mano Envolvido naquela treta Matou um inocente Assaltou uma carreta Era um pai de família Sujeito trabalhador Sua família está chorando Engolindo essa dor Deixo aqui minha mensagem Pra pessoa nessa terra Andando nesse chão Fechando uma porta abrindo uma janela. Alunos B E ai meu irmão preste E ai meu irmão preste atenção O racismo é coisa séria
16
Não é brincadeira não Todos nós somos iguais Ao olhar do pai, mais Não adianta fé Nem religião Se você é racista agora vou explicar, O racismo está em todo lugar Nesta canção venham se conscientizar Hei! O racismo tem que acabar A solução é respeitar não podemos vacilar. [...] Alunos C Nasci no Sabará, sou negrinho morador da favelinha. Desde pequeno acostumado a catar latinhas, Mas com o dinheiro que ganhará não dava para nada, Então, eu pego e compro outras paradas. Como negrinho que sou, Arrumar coisa fácil não dava, pois a minha pele já falava e as pessoas já me apedrejavam,mas até que... Arrumei uma mina e me apaixonei mais em pouco tempo eu a engravidei. Tive que trabalhar e me esforçar para sustentar uma família, E eu vi como é , mas isso agora é companheiro Parei de usar pela minha família, agora que eu tenho uma filha, Tenho que me cuidar, pois fiquei devendo, se eu não me cuidar vou acabar levando tiro. Arrumei um emprego. Apesar da minha cor. Me entenderam, em começaram a me respeitar Com dinheiro e trabalho justo, agora sou honesto E a sociedade me mudou. Alunos D Discriminação e as drogas Minha vida era muito difícil todo dia uma nova treta, Pois sai da escola muito cedo, pulava o muro pra correr atrás de pipa, não ligava pra nada nem pra ninguém. Sai de perto de todos que me ajudavam e me julgavam. Por isso me afundei em drogas e no crime. Depois de um tempo percebi que não tinha mais volta, todos me amavam e eu gostava, eu deixei pra trás, pois o vicio era mais podre que eu. Nessa vida Negrinho não se cria,ou acaba morto ou fica sozinho. Então meu irmão, fica ligado nesta.
17
A droga é uma droga, não leva a nada. Tome cuidado, e veja onde vai te levar. Eu sou neguinho, a minha juventude é boa, pena que o mundo é preconceituoso não aceita a minha cor. Agora inventaram uma tal de cota, agora meu irmão até entrar na facul é fácil Só basta ter cor. Então se liga nessa estudar é , só basta querer. Alunos E
5. CONSIDERAÇOES FINAIS
As questões norteadoras do projeto: O Uso do RAP nas aulas de Língua
Portuguesa, foi realizado 80% das atividades do mesmo. Sendo os encontros
realizados uma vez por semana ( quarta-feira), no contra turno, com os alunos da 7ª
série E.
Observamos que a aplicação deste artigo atingiu os objetivos específicos,
despertou nos alunos o senso crítico, habilidade criativa e poética, melhorando a
habilidade oral, respeitando a variação linguística presente no ambiente escolar.
Através do gênero musical RAP, notamos uma maior integração da
comunidade escolar, com isso conscientizando a mesma da importância das
habilidades do RAP na sala de aula, e também o respeito à diversidade.
Quero agradecer aqui todos os docentes e discentes que participaram do
processo, em especial o orientador DR. Adilson do Rosário Toledo por toda
dificuldade que passamos para a finalização deste trabalho. Aos Professores que
participaram do Grupo de Trabalho em Rede( GTR) pela grandiosa colaboração no
projeto de intervenção escolar.
Os RAPpers são os novos narradores contemporâneos da periferia porque
chamam a atenção da sociedade para as misérias sociais em que vivem suas
famílias, os operários, os negros, as crianças, os jovens. Além disso, eles também
têm a função de aconselhar os "iguais-diferentes" para que não se envolvam no
tráfico de drogas e na violência, que voltem à escola e respeitem os seus pais.
Agradeço aos RAPpers Gabriel O Pensador pelo apoio e interesse de
conhecer o artigo, após publicação e ao M.V. Bill pela participação neste artigo, pois
sua mensagem enriqueceu em muito o nosso trabalho. Segue abaixo o texto
digitado da mensagem deixada por M.V. Bill aos alunos do Colégio Estadual
18
Protásio de Carvalho.
“Olá pessoal, alunos do Colégio Protásio de Carvalho, alunos da professora Rose que dá aula de Português. Quero falar prá vocês que até hoje cara, não inventaram nada, nada mais importante para ascensão social, para ganhar grana, prá ficar rico, prá ter uma vida legal do que a Educação. A Educação pode dar tudo isso, só que ninguém te avisa na televisão, ai você vira vítima do imediatismo dos que tem dinheiro agora. Mas você precisão saber que se ensinar, se você estudar, se você fizer por onde, você fizer um pré vestibular, ingressar na faculdade, se formar, e consegue um bom emprego, você vai mudar de vida, vai poder dar uma condição melhor para a sua família e vai também poder botar as roupas e tudo que você quer de melhor, só que isso só vai poder com Educação, é a coisa mais importante do que isso, você pode gostar de Hip Hop , se formar em cantor, mas não precisa parar de estudar por conta disso, você pode jogar futebol, mas não precisa falar tudo errado (nóis vai, agente fizemos) pra ser jogador de futebol, ser um craque de futebol é saber falar, saber dos seus direitos, saber dar um papo maneiro, se tem informação sobre o que é importante, valeu? mas pra isso, tem que estar estudando com a professora Rose, nesse momento, depois com outra . Depois passar por outra série. Não saia da Escola nunca e em breve, se Deus quiser quero fazer uma visita no Colégio, Qual é o nome? Protásio de Carvalho.(...) ( M V BILL, Nov. 2010) Postado no Youtube in: http://www.youtube.com/watch?v=ddJ5tvd1ctc data15/06/2011
O resultado final foi apresentado à Comunidade Escolar, no dia Consciência
Negra, onde os alunos da 7ª série E, apresentaram um RAP composto pela turma e
a mensagem de M V BILL foi postada com o título: O uso do Rap nas aulas de
Língua Portuguesa, no youtube.
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Irandé. Aulas de Português. São Paulo, Parábola Editorial, 2009.
BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por Acaso. São Paulo, Parábola Editorial,2009
LABOV, William. Socilinguistic Patterns. Great Britain: Basil Blackwell, Oxford, 1972.
MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA. Parâmetros Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental- língua portuguesa. Secretaria
de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1998.
PARANÁ, Secretara de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua
Portuguesa para os Anos Finais do Ensino Fundamental e Médio. Disponível em
: http:www.pr.gov.br/portal/portal/diretrizes/index.php.Acesso 19 jun.2008.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede
Pública de Educação Básica - Língua Portuguesa. Curitiba, 2006.
STAM, Robert. Bakhtin: da teoria literária à cultura de massa. São Paulo: Àtica,
1999. Paraná.
TARALLO, Fernando. Pesquisa Sociolingüística. 3ª. Ed. São Paulo: Ática, 1990.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin I. Fundamentos Empíricos
para uma Teoria da Mudança Lingüística. Trad. Marcos Bagno. Rev. Téc. Carlos
Alberto Faraco. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
20
SITES PESQUISADOS
http://www.vagalume.com.br/racionais-mcs/a-vida-e-desafio.html
http://www.muitamusica.com.br/567-marcelo-d2/biografia
www.vagalume.com.br
http://bocadaforte.uol.com.br/site?uri=letras detalhes.php&id=131
http://www.muitamusica.com.br/567-marcelo-d2/biografia/
http://www.vagalume.com.br/racionais-mcs/a-vida-e-desafio.html
http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/educacao-entrevista-01.asp,
http://www.RAPnacional.com.br/2010/index.php/entrevistas/mv-bill/
http://www.RAPnacional.com.br/2010/index.php/noticias/celso-athayde-entrevista-mv-
bill/
http://www.ferrez.com.br/lado%20bom.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_D2
http://www.webartigos.com/articles/44101/1/RAPensando-o-Brasil-de-
perto/pagina1.html#ixzz1NKPNPKPu
http://www.youtube.com/watch?v=ddJ5tvd1ctc data15/06/2011
top related