degustação elos familiares

Post on 30-Mar-2016

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Sinopse: O autor proclama a família como o alicerce para a educação natural da sociedade e situa o lar como um laboratório para desenvolver fórmulas de convívio, misturar substâncias de ideias divergentes, ligar a estufa de pensamentos odientos, tudo isso concorrendo para seus membros aprenderem a química do amor! Suas abordagens em torno da criança, do adolescente e do idoso são de expressiva riqueza psicológica e espiritual, situando esses seres como criaturas merecedoras de muita atenção e tato por parte dos responsáveis pelo núcleo doméstico, além de apresentar sensos para educá-las e assisti-las. Discorre sobre a instituição do casamento entre o humano e o divino, convicto, sim, das dificuldades e dos desafios das uniões conjugais, porém enaltecendo e demonstrando os ascendentes espirituais que promovem o reencontro de criaturas, de modos surpreendentes e inusitados, num indecifrável e doce mistério, tendo em vista a realização de programas evolutivos neste mundo abençoado que...

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ElosFamiliares

Célio Alan Kardec de Oliveira

Apresentação

Existe felicidade pronta ou será algo que se vende, se compra ou se guarda num esconderijo para ser doado ou transmitido a alguém? O que é a felicidade? As pessoas ca-vam em sua busca com se fosse um tesouro que se pudesse tocar e reter! Outros imaginam ser a felicidade o resultado da conquista e manutenção do estado de saúde e de juven-tude. Notam-se aqueles entendendo a felicidade ser atingível quando se vive na abastança e no gozo dos prazeres, na for-ma de entretenimento, estímulo e satisfação proporcionados pela civilização moderna. Para entrar nesses gozos ou praze-res, o indivíduo haverá de transitar no mundo com títulos acadêmicos, exercer influência pessoal na forma de autori-dade humana, ter prestígio, empreender para possuir bens e primar-se pela expressão de uma exuberante inteligência.

A maioria das criaturas humanas busca momentos feli-zes e, para tanto, bebe na fonte dos desejos, das ilusões, das ambições e dos sonhos. Umas almejam mais, outras menos, entretanto, nem sempre quem almeja mais tem mais e a re-cíproca é verdadeira. Não existe uma medida na busca da felicidade. Nesse diapasão, gozar dos bens do mundo, viver emoções compensadoras, ter prestígio, manter inalterado o estado de saúde, arremete o indivíduo a estados emocionais, sugerindo uma vida prazerosa e algo feliz. As pessoas, para

conquistarem isso, comportam-se de maneiras diversas, se-não vejamos: uma aspira ter um automóvel, outra simples-mente desejaria se locomover; uma anseia vazar os céus em bólidos supersônicos para se deliciar em passeios turísticos inusitados, outra se satisfaria visitando a mãe no sítio onde viveu sua infância; uma ambiciona os dons da oratória, outra gostaria de falar ou simplesmente emitir pequenos vocábu-los verbais; uma quer possuir sapatos ricamente trabalhados compondo com vestes de rara beleza estética, outra exultaria com cobertores protegendo o corpo e pantufas aquecendo os pés. Quando se atendem a essas realizações, o indivíduo terá logrado a conquista da felicidade?

Quantas criaturas lamentam a fuga ou ausência da fe-licidade dos seus caminhos e as explicações são assentadas em causas como: abuso e desperdício do tempo, do humor e das forças vitais; amor não liberado na direção de pessoas próximas, muito importantes e de alguma maneira interfe-rentes nas suas vidas; filhos abortados propositadamente ou filhos sonhados que não lograram nascer; euforias sufocadas represando emoções, sorrisos, gritos e abraços de enorme significação no cenário vivo das relações humanas; horas li-vres não planejadas ou vazias, nas quais se deixou de conver-sar com amigos, de falar ao telefone, de nadar, de correr, de ir ao cinema, de ir as festas, de viajar, de dar atenção e dialo-gar com outrem, ou até mesmo fazer coisa nenhuma; pru-dência egoísta e teimosa de não arriscar ver ou fazer coisas novas, deixando prevalecer o medo e a acomodação; sentir--se e deixar-se envelhecer, não permitindo novas aventuras acontecerem.

Luminares do pensamento e do coração deixaram afir-mações como: se alguém não encontra a felicidade em si

mesmo, é inútil que a procure noutro lugar (La Rochefou-cauld); a felicidade não é uma estação de chegada, mas um modo de viagem (M. Ruberck); sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos (W. Shakespeare).

Há quem assevere existir felicidade somente para quem acorda cada dia com a sensação do dever cumprido ou ain-da, para muitos, a conquista da felicidade pede uma visão diferenciada de mundo e a procura de um estado de harmo-nia interior ou da própria paz! Atinge-se esse estado quando as coisas são feitas corretamente, sem atritos com os outros, prevalecendo uma sensação interior de harmonia.

Muitos são os negadores da felicidade, baseados na as-sertiva do Eclesiastes: “A felicidade não é deste mundo!”. Poder-se-ia afirmar ser a felicidade uma sensação dimanada do amor, nas suas multiplicadas expressões, sendo uma res-posta a Deus da obediência e compreensão dos seus desíg-nios? Qual é o seu caminho? O venerável místico Sai Baba aduz: reduza suas necessidades e viva com simplicidade – tal é o caminho da felicidade! Os conflitos e as incertezas da vida cotidiana auxiliam ou dificultam a descoberta des-ses caminhos? Ah, eis aí um desafio, pois a felicidade não é matéria-prima ou bem de consumo que se pode mercadejar; ela pede movimento e ideal, permuta e doação – é essência cultivada na natureza íntima de cada criatura! A felicidade não entra em portas trancadas e tampouco permanece junto a quem não se decide a abri-las!

A felicidade é, então, um estado de harmonia íntima e só atinge a plenitude de tal êxito a criatura verdadeiramente educada e sintonizada com a vida! A obediência às leis da vida é, pois, o caminho para a conquista da felicidade; derro-

gá-las ou fazer-lhes objeção é transitar sem rumo certo, con-trariando a suprema destinação dos filhos de Deus! As leis da vida são leis naturais, muitas das quais gravadas na consci-ência de cada um, e estas não precisam ser descobertas nem demonstradas por fórmulas ou experiências laboratoriais. As singelas anotações que virão a frente pretendem refletir so-bre roteiros e comportamentos ensejadores de vida operosa, altiva e sobremodo revestida da moral contida no evangelho ensinado por Jesus, guardando a singela intenção de mostrar uma faceta da felicidade naturalmente edificada no mundo onde nos encontramos.

Elegemos o lar como ponto de partida ou, por outra, quem almejar a conquista da felicidade situe o lar como la-boratório e desenvolva fórmulas de convívio, misture subs-tâncias de ideias divergentes, agite frascos de ressentimen-tos, ligue a estufa para a assepsia dos pensamentos odientos, enfim, aprenda a química do amor! Johann Heinrich Pesta-lozzi proclamou o lar como o alicerce para a educação na-tural da humanidade, e nós afirmamos, convictos, ser o lar uma escola abençoada onde todos os membros, na convi-vência estreita, no esforço contínuo e na forja do exemplo, constroem valores educativos de real valia para a existência. Implementando-se um programa de convivência pacífica e solidária a partir dos pais, a sociedade receberá valores ex-portados de real grandeza e os membros fruirão sensações extrapolando as pontuais alegrias e emoções características do mundo – a felicidade!

A felicidade só pode ser edificada com base em senti-mentos e ações altruístas, e os fundamentos disso nascem, quase sempre, do solo áspero e pedregoso que é a família. Falemos, pois, de família, de educação, de um novo de modo

de viver e se relacionar para tecer em nossas vidas a felicida-de sonhada, aparentemente perdida, o farol escondido em nós mesmos e que convém acender de maneira a brilhar a luz a nosso próprio favor e em benefício dos situados no nos-so campo de convivência!

Índice

1 - DEFINIÇÃO DE FAMÍLIA SEVERO, O HANSENIANO

2 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FAMÍLIA

3 - EVOLUÇÃO SOCIOLÓGICA DA FAMÍLIA

4 - VISÃO ESPÍRITA DA FAMÍLIAANÁLISE ESPIRITUAL DA FAMÍLIATIPOS DE FAMÍLIAA SOLIDARIEDADE NA FAMÍLIA

5 - O CASAMENTO CONCEITO DE CASAMENTO O PRÍNCIPE E A BRUXA TIPOS DE CASAMENTO PROVACIONAL EXPIATÓRIO SACRIFICIALCIRCUNSTANCIAL POR AFINIDADE MANDAMENTOS PARA O CASAMENTO 6 - A PATERNIDADE E MATERNIDADE

7 - Convívio em família

1927

35

43

51525660

6969728080818283868789

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8 - Estar perto ou estar longe 9 -SEPARAÇÕES CONJUGAIS VISÃO DAS SEPARAÇÕES NA ÓTICA ESPÍRITA CASAMENTO À BEIRA DO CAOS

10 - A CRIANÇAO QUE É A CRIANÇAO SABER EDUCARSENSOS PARA EDUCAR A CRIANÇAADOÇÃO DE CRIANÇASADOÇÃO COM AMORAPELO DA CRIANÇA AOS PAIS

11 - O ADOLESCENTECONCEITUANDO O ADOLESCENTECRISES NA ADOLESCÊNCIACAUSA E EFEITOAPELO DO JOVEM AOS PAIS

12 - OS PAIS ESTILOS DE PAISPAIS CONTROLADORESPAIS PROVEDORESEU NÃO MATEI O MEU FILHOPAIS INDIFERENTESPAIS PROTETORESPAIS PERMISSIVOSENTENDER A DOR DOS OUTROS É DIFÍCILPAIS PERFECCIONISTASPAIS EDUCADORESO NÓ DO AFETO

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PAIS ORFÃOS DE FILHOS3 - O IDOSOSOBRE O ENVELHECERENXERGANDO O IDOSOLUZIA, UMA VIDA DE TESTEMUNHOSPANORAMA ESPÍRITA SOBRE O IDOSOMENSAGEM DO IDOSO

14 - O LARCONCEITUANDO O LARLAR, ESCOLA DA VIDALAR, OFICINA DE TRABALHOLAR, TEMPLO DO AMOR

15 - CULTO CRISTÃO NO LAR

16 - EDUCANDO PARA A PAZO QUE É A PAZRECEITAS DE PAZBUSCANDO A PAZ

Referências bibliográficas

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Capítulo 1

Definição de família

São inúmeras as definições de família e, naturalmente, cada autor se atém a determinadas particularidades, situan-do-se em um contexto compatível com sua visão e maneira de compreender as pessoas e a vida. Incontestavelmente, so-bre essa instituição se levanta o edifício básico da humanida-de.

A família é a unidade básica da sociedade, sua célula primeira. A família é um pequeno núcleo humano, funda-mental para o equilíbrio e a ascensão do núcleo maior de-nominado sociedade, ou, por outra, a família é o órgão mais importante do corpo da sociedade. Se a família cai, a socieda-de sucumbe com ela; se a família sofre, a sociedade se ester-tora com ela; e se a família galga os montes da prosperidade e da harmonia, a sociedade agita-se com dias de progresso e de paz!

Do ponto de vista espiritual, a família é o instituto abençoado onde as criaturas se encontram para a realização de um programa de provas, expiações e conquistas, visando ao bem-estar no amanhã. Muitos dos seres que compõem

a célula familiar têm compromissos recíprocos a cumprir, atendendo a metas traçadas ainda no mundo espiritual, qual seja, antes do nascimento físico. De um lado, para a repara-ção de equívocos cometidos em existências pretéritas, com maior ou menor gravidade e, de outro, para avançar no qua-dro de realizações de natureza moral e intelectual, em que um auxilia o outro em demonstrações de solidariedade e compartilhamento. Sem isso os seres que constituem uma constelação familiar estarão juntos, sim, porém fruto de en-contros desprovidos de substância, eivados de injunções ca-suísticas, resvalando nos interesses circunstanciais da vida de relação. Prevalecendo esta última consideração, não haveria a tendência para uma desordem de natureza crônica?

(...)

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