desastre ambiental: percepÇÃo de risco em ...desastre ambiental: percepÇÃo de risco em uma...
Post on 16-Dec-2020
6 Views
Preview:
TRANSCRIPT
DESASTRE AMBIENTAL:
PERCEPÇÃO DE RISCO EM
UMA COMUNIDADE NÃO ATINGIDA,
SITUADA PRÓXIMA AO LOCAL DO EVENTO
José Maria Morais
(LATEC / UFF)
Resumo: No presente artigo, foi analisada, a partir de um estudo de caso em Pedro do Rio, Petrópolis
(RJ), a percepção de risco de desastre ambiental de uma comunidade, tendo em vista suas condições de
localização (moradias entre o rio e o morro), proximidade com áreas já atingidas por grandes
desastres e as previsões de impacto das mudanças climáticas para a região. Tais condicionantes podem
sugerir a existência de medidas de precaução e pressão junto a órgãos públicos, o que não se verificou
no estudo. O trabalho aponta na direção do estreitamento das relações entre os órgãos responsáveis
por fiscalização, orientação e proteção das comunidades vulneráveis, como suporte às ações de
prevenção, enquanto sugere estudos mais aprofundados sobre percepção, comunicação e controle do
risco.
Palavras-chaves: percepção de risco, desastre ambiental, vulnerabilidade a risco
ambiental.
ISSN 1984-9354
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
2
Introdução
“Uma das grandes perdas do atual estágio da modernidade é a casa,
lugar da proteção por excelência, ter se tornado, também, um lugar de risco,
o que torna o habitar metropolitano um habitar em risco.” Marandola Jr. (2008)
Em março de 2013, mais de 100 escorregamentos ocorreram nas encostas de Petrópolis, na região
serrana fluminense, causando 33 mortes. “O cenário de desastre já era esperado tanto sob o ponto de
vista do risco espacial (distribuição dos escorregamentos) como pelo aspecto do risco temporal
(chuvas registradas)” (Relatório Técnico DRM, março 2013). Dois anos antes, naquele reconhecido
como o maior desastre do país em número de mortos desde 2000, na mesma região serrana, morreram
429 pessoas no município de Nova Friburgo, 392 pessoas no município de Teresópolis e 71 pessoas no
município de Petrópolis, além de 26 pessoas em municípios vizinhos. Em Petrópolis, o Vale do
Cuiabá, no 3o distrito de Itaipava, foi a região mais atingida em 2011 (Foto 1, Apêndice A), com
deslizamentos de 15 km de extensão e largura entre 20m e 40m, que ocasionaram 71 mortes (ABDN,
2011).
O quadro a seguir evidencia esta situação de risco do município de Petrópolis: há sete registros de
eventos extremos ambientais na região, detectados em um período de 20 anos, de 1987 a 2008.
(Quadro 1)
Quadro 1 – Eventos extremos na região serrana – Fonte: Freitas et al. (2012), citando dados da Defesa
Civil.
Agravando ainda mais o cenário, estudos e conclusões sobre mudanças climáticas, previstas ou em
curso, apontam para um quadro onde repetições de desastres ambientais impactantes, devido a chuvas
intensas, não podem ser consideradas exceções. De acordo com o “Sumário para os Formuladores de
Políticas”, relatório sobre o clima global emitido em fins de março de 2014 pelo Painel
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
3
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), regiões já vulneráveis, com
enchentes e deslizamentos de terra frequentes, podem sofrer graves consequências com o aumento do
volume de chuvas.
Segundo José Marengo, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, vinculado ao
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e um dos autores do novo capítulo elaborado pelo
IPCC (2014), “Já se observam tendências significativas na precipitação e na temperatura na América
Central e do Sul e, em alguns casos, extremos climáticos também têm afetado as duas regiões”. Mas
acrescenta que, se as pessoas não estivessem morando em áreas de risco, não seriam afetadas pelo
deslizamento de terra, causados por chuvas intensas. (FAPESP, 2014).
As previsões “altamente confiáveis”, segundo o relatório, para a América Central e América do
Sul indicam, para o período de 2030 a 2040, uma alta evolução do risco (aproximando-se de “muito
alto”), mantidos os atuais níveis de adaptação (Quadro 2).
Quadro 2 – Contribuição relativa das mudanças climáticas a deslizamentos e inundações.
Fonte: IPCC, 2014, p. 29
Considerando o cenário acima exposto, o objetivo deste artigo é apresentar um estudo de caso que
contribua para a reflexão sobre a situação de vulnerabilidade relacionada a desastres ambientais,
considerando a percepção de risco em uma comunidade do distrito de Petrópolis que não foi atingida
pelos desastres mencionados anteriormente.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
4
Distante apenas 8,3 km do Vale do Cuiabá, em linha reta (Foto 2, Apêndice A), um dos cenários do
megadesastre1 de 2011, a localidade de Pedro do Rio (4
o distrito de Petrópolis) presenciou a cheia do
Rio Piabanha, - com os destroços do Vale carreados pelo afluente Santo Antônio - sem, entretanto,
nenhum dano expressivo registrado aos seus moradores.
O ABDN (2011) aponta, em sua análise sobre o megadesastre de 2011, que “o caráter
absolutamente generalizado dos escorregamentos” não respeitou “a variedade de formas das encostas
nem a gênese dos materiais geológicos” atingindo “todas as encostas suaves, íngremes ou escarpadas,
sejam as compostas por solos residuais e transportados, sejam aquelas com depósitos de movimentos
de massa pretéritos ou afloramentos rochosos” (p. 63).
Apesar de relevo semelhante, ocupação irregular e moradias construídas às margens do Rio Piabanha,
com 357 delas classificadas em situação de alto risco de escorregamento (DRM, 2013), o distrito de
Pedro do Rio não tem sido atingido por desastres ambientais expressivos, nos anos recentes, segundo
registros pesquisados no site do DRM. Ainda assim, o Plano de Contingência de Proteção e Defesa
Civil de Petrópolis (PLANCON 2013/2014) classifica o 4o. Distrito de Pedro do Rio como de “risco a
deslizamentos de grande impacto, de acordo com o histórico de desastres em Petrópolis, com o Plano
Municipal para Redução de Desastres, além de estudos realizados pelo DRM” (p. 12), além do risco de
inundações (p. 17) e alagamentos (p. 19).
2. Formulação da situação problema
Em Pedro do Rio, a comunidade de 7 Casas, próximo ao centro, é um aglomerado de cerca de 70
casas de alvenaria, imprensadas entre o morro e a pista sem acostamentos da Estrada União Indústria e
o Rio Piabanha (Foto 3, Apêndice A).
Apesar de ter resistido ao megadesastre de 2011, as consequências deste, segundo o ABDN (2011),
[...] foram responsáveis por uma mudan a de paradigma no que tange gestão dos Desastres aturais. A maneira de
pensar, tanto da popula ão quanto das autoridades, mudou drasticamente e trou e tona a import ncia da preven ão,
mitiga ão e cria ão de cidades mais resilientes, ou seja, que suportem mel or as adversidades naturais e diminuam as
vulnerabilidades as quais a popula ão está e posta. (2011, p. 68)
A partir da posição geográfica da comunidade, entre o morro e o rio, da sua proximidade com as áreas
atingidas pelos últimos desastres ambientais e em função das previsões sobre os impactos das
mudanças climáticas, delimitamos uma área de estudo, com o objetivo de identificar a percepção de
1 Termo adotado pelo Anuário Brasileiro de Desastres Naturais (ABDN, 2011).
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
5
risco a desastres ambientais pelos moradores da comunidade e avaliar se possíveis dados técnicos
existentes sobre o risco efetivo corroboram a percepção identificada.
Marandola Jr e Modesto (2012) defendem que necessitamos, primeiro, compreender a percepção das
pessoas sobre os perigos que aparecem em sua experiência para, somente depois, pensar a dimensão
dos riscos envolvidos.
“A percep ão é intuitiva, imediata, e é por isso que, com relação à maioria dos perigos, as pessoas não passam da sua
percepção, pois não chegam a refletir ou elaborá-los enquanto tal. Os perigos são constituintes da história de vida das
pessoas e da própria forma como elas se colocam nas cidades, como elas constroem suas identidades, mas nem sempre se
tornam conscientes.” (p. 13)
Os perigos são tangíveis e sua percepção é parte integrante do próprio fenômeno. É ela que nos
leva a uma elaboração cognitiva para o entendimento dos riscos (MARANDOLA JR; MODESTO,
2012).
Analisar a percepção de risco, ainda, pressupõe considerar juízos, memória, emoção e motivação das
pessoas que fazem parte do contexto analisado. Segundo Kuhnen (2009),
[...] a percepção do meio ambiente é aprendida e está carregada de afetos que traduzem juízos acerca dele. Estão juntos o
cognitivo e o emocional, o interpretativo e o avaliativo. Portanto a percepção ambiental é aprendida e aparece nos juízos
que formamos sobre o meio ambiente e nas intenções modificadoras que empregamos. É resultante tanto do impacto
objetivo das condições reais sobre os indivíduos quanto da maneira como sua interveniência social e valores culturais agem
na vivência dos mesmos impactos (2009, p. 47).
A mera análise das fotos, da posição geográfica e dos elementos físicos condicionantes (morro e
rio) nos permitiu assumir, mesmo sem o detalhamento técnico referente à vulnerabilidade e risco
efetivos, tratar-se de uma comunidade em risco, tomando por base apenas a probabilidade de eventos
meteorológicos futuros extremos, pressuposto considerado aceitável pelo IPCC, em seu último
relatório. Como pontuam O’Brien et al. (2006), “perigos (hazards) podem ser naturais na sua origem,
mas é a forma com que as sociedades têm se desenvolvido que os transforma em desastres” (p. 65,
tradução minha).
Independentemente de a abordagem técnica de vulnerabilidade e risco já compor os planos dos
principais órgãos públicos envolvidos com desastres ambientais, principalmente a Defesa Civil e o
Instituto Estadual do Ambiente – INEA, os dados disponíveis para pesquisa apenas nos permitem
afirmar que a região do distrito de Pedro do Rio não faz parte das atuais prioridades desses órgãos, em
face das condições precárias dos demais locais atingidos pelo megadesastre de 2011.
Neste sentido, é objetivo desta pesquisa apresentar a percepção dos moradores envolvidos na
situação de vulnerabilidade da região. Evidenciar como essas personagens se relacionam com o risco
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
6
de desastre ambiental constitui um material relevante para compreender como se desenvolvem práticas
de prevenção, considerando desde cuidados básicos à fomentação de políticas de proteção da região.
Método
Para apresentar este estudo de caso, foi realizada uma pesquisa qualitativa que, conforme Minayo
(1993), trabalha com o universo das crenças e das atitudes, buscando compreender e interpretar a
realidade, elementos importantes para a abordagem da percepção de risco de desastres ambientais. A
fase e ploratória da pesquisa “[...] compreende várias fases da construção da trajetória de investigação,
tais como: escolha do tópico de investigação, delimitação do objeto, definição dos objetivos,
construção do marco teórico conceitual, seleção dos instrumentos de construção/coleta de dados,
e plora ão de campo” (p. 37-38).
Definida a comunidade objeto do estudo, tendo por base a localização das moradias entre o morro e o
rio, foram realizadas 7 entrevistas com os moradores e 1 entrevista com o presidente da Associação do
Moradores. A realização da entrevista deu-se em função da presença da pessoa em sua residência, no
dia da entrevista, e pela disposição das mesmas.
A entrevista foi semi-estruturada, combinando perguntas fechadas com perguntas abertas, a maioria,
permitindo ao entrevistado discorrer sobre o tema apresentado (MINAYO, 1993, p. 64). A análise das
entrevistas se deu de forma qualitativa, não se utilizando parâmetros estatísticos em função do
tamanho da amostra.
O questionário, com 18 questões semi-abertas (APÊNDICE C), foi aplicado no mês de março de
2014.
Como observador, o autor participou, no dia 12/04/2014, de uma reunião de planejamento para
instalação de um Núcleo Comunitário de Defesa Civil (NUDEC) no Vale do Cuiabá e comunidades
próximas. A Defesa Civil apresentou os aspectos básicos e funcionais de um NUDEC a um grupo de
23 pessoas das comunidades envolvidas, ressaltando a importância da participação desses voluntários
na prevenção, noções de percepção de risco e de primeiros socorros.
Revisão da literatura
Não faz parte do escopo dessa revisão da literatura a análise das várias e complexas abordagens
e istentes sobre o tema “percep ão de risco”, envolvendo teorias como do con ecimento, da
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
7
personalidade, econômica, política ou a comparação entre as diversas abordagens antropológica,
psicológica, dentre outras. Para contextualizar o tema, apresentamos algumas abordagens, não
exaustivas, sobre as condições físicas do solo (geomorfologia) e as condições sociais de
vulnerabilidade, risco e percepção de risco.
Deslizamentos, segundo Fernandes et al. (2001), são deflagrados por complexas relações entre fatores
geológicos. Os fatores topográficos (ou geomorfológicos) compreendem parâmetros tais, como:
declividade, forma da encosta, área de contribuição, orientação das encostas (aspecto), espessura do
solo, comprimento da encosta, (as)simetria dos vales e elevação.
Dentre os mecanismos de ruptura, tem-se a saturação dos solos pelo aumento da poro-pressão positiva
(infiltração da água preenchendo todos os vazios) que leva à redução do fator de segurança ou a perda
da coesão aparente (sucção), onde a ruptura ocorre sem haver a saturação do solo (p. 54).
Segundo Guerra e Cunha (2010), os escorregamentos translacionais, que ocorrem geralmente durante
períodos de chuva intensa, são a forma mais frequente de movimentos de massa, dando-se o plano de
ruptura do solo, na maioria das vezes, em profundidades de 0,5m a 5,0m, podendo ocorrer com
superfície de ruptura na interface solo-rocha.
Escorregamentos nas encostas de Petrópolis, em 2013, envolveram “inclina ão acima de 45º, com capa
de solo sobre rocha sã e fraturada [...] com exposição de taludes íngremes à erosão violenta em setores
não dotados de drenagem” (DRM, 2013).
Alertam Fernandes et al. (2001) que considerar a declividade como principal ou mesmo único
parâmetro topográfico, nos estudos de previsão e definição de áreas instáveis, pode gerar distorções na
análise dos deslizamentos. Áreas de menor declividade, definidas inicialmente como sendo de baixa
susceptibilidade, mostram, frequentemente, a presença de deslizamentos no campo, principalmente na
forma de corridas de massa (p. 55). Uma distribuição de deslizamentos observados na Nova Zelândia
indicou que a maior densidade de movimento se deu em encostas com declividades entre 21 e 25
graus, em função das variações do tipo de cobertura vegetal (p. 171).
Dentre as condições sociais envolvidas em desastres ambientais, a vulnerabilidade, termo de uso
difundido e crescente, cuja definição e medida não são consensuais, representa as características de
uma pessoa ou grupo em termos de sua “capacidade de antecipar, enfrentar, resistir e se recuperar de
um impacto de um perigo natural” (WHITE, KATE e BURTO , 2001). Segundo os autores, esse
conceito envolve uma combina ão de fatores que determinam o grau, segundo o qual, “a vida de uma
pessoa e seus meios de sobrevivência são colocados em risco por um evento, identificável e discreto,
na natureza ou na sociedade” (2001).
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
8
Cardona (2003) propõe uma perspectiva abrangente para a vulnerabilidade, com três componentes
principais: fragilidade ou exposição, susceptibilidade (ou fragilidade socioeconômica) e falta de
resiliência. Fragilidade é a componente física e ambiental da vulnerabilidade em função da área de
influência e da ausência de resistência física à propagação do fenômeno perigoso; susceptibilidade, a
predisposição de um grupo de pessoas sofrer danos devido a um fenômeno perigoso; e falta de
resiliência, uma expressão das limitações de acesso e mobilização de recursos das comunidades e sua
incapacidade de resposta para a absorção do impacto. Acrescenta o autor que perigo e vulnerabilidade
são concomitantes e levam ao risco: “Se não á perigo, não é possível ser vulnerável”. Da mesma
forma, “não e iste uma situa ão de perigo para um elemento ou sistema que não está exposto ou
vulnerável ao fenômeno potencial” (2003).
Para o IPCC (2014), vulnerabilidade é a “propensão ou predisposi ão de ser afetado negativamente.
Compreende uma variedade de conceitos e elementos, incluindo a susceptibilidade ao dano e a falta de
capacidade de enfrentar e adaptar-se”.
Freitas et al. (2012) apresentam uma abordagem socioambiental para vulnerabilidade, cujas condições
resultam de processos sociais e mudanças ambientais. Essas condições combinam os processos sociais,
relacionados à precariedade das condições de vida e proteção social, que tornam vulneráveis aos
desastres determinados grupos populacionais, principalmente os mais pobres; e as mudanças,
decorrentes da degradação do ambiente, que tornam este mais vulnerável frente a ameaças e seus
eventos subsequentes.
Risco, na abordagem do IPCC (2014) referindo-se aos riscos de impactos das mudanças climáticas, é
representado como a probabilidade de ocorrência de eventos perigosos multiplicada pelos impactos, no
caso de os eventos ocorrerem. O risco resulta da interação da vulnerabilidade, exposição e perigo.
Para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – UNDP, risco é a probabilidade de
consequências danosas resultantes das interações entre perigos naturais, ou induzidos pelo homem, e
condições vulneráveis. O relatório do UNDP para Redução do Risco de Desastre considera risco como
“o número de mortes em um evento perigoso em rela ão popula ão total e posta a tal evento”. Ou
seja, restringe ao risco de perdas de vidas humanas, não considerando outros tipos, como perdas
econômicas, de moradias ou infraestrutura.
Adger et al. (2004), em seu projeto de desenvolvimento de novos indicadores de vulnerabilidade e
capacidade de adaptação às mudanças climáticas, apresentam, a partir de uma variedade de fontes
pesquisadas, algumas definições de risco, como:
- Probabilidade x perda (probabilidade de ocorrência de um perigo específico)
- Medida combinando a probabilidade e a magnitude de um efeito adverso
- Probabilidade x consequência
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
9
- Perdas esperadas devido a um perigo particular, para uma dada área e num período específico
- Probabilidade de ocorrência de um perigo
- Probabilidade de perda dependente de três elementos: perigo, vulnerabilidade e exposição
- Produto do perigo pela vulnerabilidade
Um dos elementos do projeto envolveu exatamente o desenvolvimento de indicadores simples de risco,
medido em termos de resultado de desastres relacionados ao clima (p. 2). Para os autores, risco é uma
medida agregada de perigo e vulnerabilidade, que interagem para determinar os resultados de eventos
climáticos.
Para Marandola Jr e Modesto (2012), o fenômeno que causa o dano são os perigos e, assim, são estes e
não os riscos que devem ser questionados. “Os perigos constituem a materialidade que aparece na
experiência das pessoas e, por isso, precisamos primeiro entender a percepção deles, para depois
pensarmos a dimensão dos riscos (a probabilidade de eles ocorrerem)” (p. 12).
A percepção, segundo Vazquez (2001), é um processo que permite a adaptação ao ambiente, mas, ao
mesmo tempo, é um processo de avaliação emocional e cognitiva, “uma garantia prática [...] que
confere sentido aos objetos percebidos do ambiente” (p. 123). Para a autora, a percepção de risco não
pode ser um julgamento objetivo do perigo e, sim, a “representa ão de valores e significados coletivos
de eventos diferentes, práticas e elementos ambientais e da sociedade” (p. 124).
Kuhnen (2009) acrescenta que a percepção ambiental é aprendida e surge nos juízos que formulamos
sobre o meio ambiente. “É resultante tanto do impacto objetivo das condições reais sobre os indivíduos
quanto da maneira como sua interveniência social e valores culturais agem na vivência dos mesmos
impactos” (p. 47).
Do ponto de vista psicológico, afirma Reid (1999), a percepção de risco pode ser relacionada ao
conceito de uma medida de probabilidade subjetiva ou pessoal. E, assim, fatores subjetivos podem
influenciar e distorcer as percepções de risco. Conclui o autor que percepções intuitivas de risco se
relacionam não apenas a fatos objetivos quantificáveis, mas também a vários outros fatores, incluindo
o contexto social dos riscos e, ainda, a necessidade (sic) da exposição ao risco e o seu controle (p.
383).
Concluindo, com a visão de Marandola Jr:
“A percep ão [...] é parte constituinte do próprio fenômeno, ou seja, seu estudo é um caminho que nos permite tentar
compreender o porquê de as pessoas terem determinada percepção que talvez não seja a mesma verificada pelo estudo
técnico” (MARANDOLA JR e MODESTO, 2012, p. 13).
“A percep ão dos grupos afetados (há ou não há risco, de qual magnitude e o que deve ser feito a respeito) influenciará na
prepara ão e rea ão quando o perigo ocorrer, podendo potencializar ou mitigar os danos” (MARA DOLA JR, 2008, p. 39)
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
10
Narrativas sobre a noção de risco ambiental: a percepção a comunidade 7 Casas
Em sua tese, Vieira (2004) acentua que os trabalhos de percepção de risco têm contribuído para
tomadas de decisões políticas na prevenção de acidentes. Assim, compreender e interpretar
adequadamente a percepção que os moradores possuem do lugar onde vivem contribui para a
construção de ações que tomem por base os conhecimentos e as experiências locais. Segundo a autora,
é necessário que os especialistas e órgãos públicos responsáveis considerem as percepções sociais,
tendo sempre em mente a sua responsabilidade social.
Acrescenta, ainda, que grande parte dos moradores não admite morar em área de risco, pois, se assim
fizessem, sentir-se-iam forçados a tomar ações preventivas ou se mudar.
As pessoas vêm morar ou continuam morando em área de risco não apenas por fatores econômicos,
mas também emocionais, como o acesso à casa própria, proximidade de amigos e parentes. No
presente estudo de caso, 5 entrevistados informaram terem ido para o local em função da mudança da
família, um para fugir de um aluguel maior e outro para poder comprar a própria casa.
Burton e Kates (1964) sustentam que as diferenças culturais influenciam o ponto de vista das pessoas
com relação à natureza e, portanto, sua percepção de perigo. Que muito da divergência com relação a
essa percepção é explicável em termos das atitudes básicas diante da incerteza. E, concluem os autores,
as variações de percepção podem afetar as políticas de gestão e controle dos riscos ambientais.
Mais da metade dos entrevistados na comunidade 7 Casas não se percebe em risco de deslizamento. A
ausência de experiência referente a desastres ambientais – seja na moradia atual, seja em moradias
anteriores –, contribui para essa percepção. Quanto ao risco de inundação, apesar de morarem “sobre”
o rio Piabanha, a altura do leito do rio até as casas é expressiva, trazendo-lhes a sensação de segurança.
Mesmo os pilares e fundações das moradias estando à beira do rio, a percepção de insegurança foi
relatada apenas pela entrevistada L. Para alguns, não á risco pois “o rio avisa e dá tempo pra sair, o
morro não”, enquanto o entrevistado A. acrescenta que “se sentir c eiro de pei e, é que o rio tá
enchendo” (Foto 4, Apêndice A). Para Giddens (2002), boa parte da estimativa de risco se dá ao nível
da consciência prática e “o casulo protetor da confiança básica bloqueia a maioria dos eventos
potencialmente perturbadores que interferem nas circunstâncias da vida do indivíduo” (p. 119). É esta
confiança que possibilita ao indivíduo sustentar uma “normalidade viável” transportada de situa ão
para situação (p. 122).
Mais da metade dos entrevistados afirmou desconhecer detalhes de ações dos órgãos públicos no Vale
do Cuiabá, em função do megadesastre 2011, mesmo sabendo-se que os noticiários (televisão, rádio e
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
11
jornais) tenham feito algum tipo de reportagem2. A entrevistada S. respondeu que “fizeram casa
popular, canalizaram o rio, abriram valas no rio"; outro entende que “pra 90% dos atingidos não
fizeram nada”; enquanto a entrevistada A. foi taxativa: "Só (sei) o que passa na televisão. Esqueceram
deles. Estão abandonados. Não fizeram nada. Não se preocupam nem em limpar".
Uma medida de caráter coletivo foi relatada por três moradores: consistiu em uma ação estruturante
para resolver o problema da água que descia do morro, com chuvas fortes, em um dos pontos da
comunidade. Sem serem atendidos no seu pleito, os moradores se cotizaram e pagaram a construção da
canalização da água. Essa ação específica – e importante para a comunidade – solucionou talvez um
dos únicos aspectos que pudesse trazer algum tipo de preocupação. Ainda assim, os moradores
envolvidos não demonstraram temer algum risco maior, apenas quando chovia muito: a “água vem
forte e atravessava a estrada (União Indústria) e entrava em casa”, segundo a entrevistada L.
A única menção à vegetação no morro, sem comentar se o fator é positivo ou negativo, foi feita pela
entrevistada A. ao ser perguntada se havia notado alguma alteração no morro que representasse algum
perigo: “Só as árvores no morro é que aumentaram”. A existência ou não da vegetação não é percebida
como um fator de segurança contra o deslizamento. Segundo Michel, Kobiyama e Goerl (2013), “o
efeito mecânico das raízes consiste no aumento da resistência pela ligação das fibras das raízes com o
solo, gerando a chamada coesão das raízes [...] A coesão gerada pela presença das raízes no solo pode
ser adicionada a coesão do solo, aumentando dessa maneira o valor total do termo de coesão”,
contribuindo para a estabilidade das encostas. Por outro lado, a presença da vegetação nas encostas
gera uma sobrecarga devido ao seu peso. Esta sobrecarga tem uma componente paralela à encosta, a
qual favorece o cisalhamento do solo. Preservados os vários fatores que necessitam ser analisados
tecnicamente, que ultrapassam o objetivo desse artigo, a vegetação pode, então, exercer influência
considerável sobre a estabilidade das encostas.
O reduzido potencial de danos dos eventos registrados corrobora a nossa pesquisa, uma vez que não
encontramos nenhum registro de desastres significativos nessa área. A análise dos relatórios técnicos3
Correlação Chuvas x Escorregamentos no Estado do Rio de Janeiro, emitidos pelo Núcleo de Análise e
Diagnóstico de Escorregamentos, NADE/DRM, não registram ocorrências de escorregamento na
região estudada. Os cenários de risco associados a chuvas estão detalhados no Apêndice B.
Mais de 50% dos entrevistados afirmaram terem parentes e conhecidos atingidos pelo megadesastre de
2011 no Vale do Cuiabá, com a ocorrência de mortes, inclusive. Poderia se esperar que essa realidade,
2 Não foi perguntado se os moradores possuíam televisão e, como as entrevistas não foram efetuadas dentro das residências,
esse detalhe não pode ser observado. 3 Dezoito relatórios técnicos elaborados no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2014, disponíveis no site do DRM.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
12
tão próxima, trouxesse algum tipo de insegurança a esses moradores. Entretanto, apenas um
entrevistado admitiu ter insegurança quanto a deslizamento. Esse entrevistado, inclusive, reside na área
onde tiveram que canalizar a água que desce do morro.
Questionados se percebiam alguma mudança no morro ou no rio que pudesse gerar alguma
insegurança, o entrevistado P., há 50 anos na localidade, comentou a situação do rio Piabanha que,
exatamente no trecho em estudo, teve seu curso e leito alterados por pedras lançadas durante as obras
de construção da rodovia interestadual BR040, em 1980 e, também, em março e dezembro de 2012
(Foto 5, Apêndice A), em função de deslizamentos de lascas do talude rochoso no km 50 dessa
rodovia. Isto alterou o perfil do leito e as margens do rio, tornando as casas ribeirinhas mais
susceptíveis aos riscos de enchentes.
Consistente com a quase nula percepção de risco pela comunidade, a maioria dos entrevistados não
soube responder se a comunidade estava preparada ou se devia se preparar para agir em casos de
imprevistos ambientais. Apenas dois entrevistados se manifestaram exigindo maior fiscalização por
parte dos órgãos responsáveis, enquanto a entrevistada A. afirmava “Sim. Tem que se preparar. O
futuro a Deus pertence”. Corroborando Giddens (2002, p.106), uma posição fatalista, de aceitação
resignada de que se deve deixar que as coisas sigam seu curso4.
Questionados se tinham conhecimento de ações ou planos preventivos de algum órgão para a
localidade, apenas um morador comentou ter ouvido falar em possível retirada de casas à beira do rio,
em Itaipava, 10 km rio acima. No artigo de Farias et al. (2013), abordando o diagnóstico do desastre de
janeiro de 2011 na Região Serrana e as principais ações desenvolvidas e resultados alcançados pelo
INEA, no âmbito da gestão de risco de inundações, os autores atestam que
A metodologia de zoneamento de áreas de risco de inundações proposto para a Região Serrana representou um grande
avanço para a gestão, uma vez que conjugou o ordenamento urbano das áreas ribeirinhas e o reassentamento das
populações em áreas de risco a inundação e possibilitou o estudo exploratório de intervenções para controle de cheias e
recuperação ambiental. (2013)
Solicitados a opinar sobre quais deveriam ser as ações preventivas desses órgãos para a localidade, os
entrevistados não souberam precisar, limitando-se aos comentários sobre a falta de fiscalização de
obras irregulares e alguma contenção no morro (Foto 6, Apêndice A).
O Presidente da Associação de Moradores de Pedro do Rio, residente próximo à área estudada,
entende que os moradores da comunidade 7 Casas estão sujeitos aos riscos tanto de deslizamento
quanto de enc entes. “Um peda o de pau que desce na en urrada, se bater ali, vai quebrar aquela
coluna e vai descer tudo [...] eles fazem as obras, os outros deixam e eles continuam a fazer [...] e (o
que precisa) é uma fiscalização adequada, uma fiscalização que atuasse”. Quanto à sua relação com a
4 A propósito, há duas igrejas evangélicas no pequeno trecho da comunidade 7 Casas.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
13
comunidade “eu tô sozin o [...] ninguém colabora com a gente”, justificando não ter o suporte para
uma ação juntos aos órgãos públicos.
Vieira (2014), em seu estudo sobre deslizamentos no município de Blumenau (SC), relata que “o
descrédito no governo aparece muito evidente. Inúmeros moradores criticam a posição dos candidatos
a cargos políticos que em período de eleições prometem melhorias para o local e ao serem eleitos, não
as cumprem”. Em nosso estudo, essa também é uma das observações mais contundentes por parte dos
moradores. Questionados se já tinham solicitado apoio ou orientação de órgãos públicos sobre
prevenção ou alguma obra de proteção - e quais tinham sido os resultados, foram unânimes em negar
pontuando: “ ão (pedimos). Pra quê? Só aparecem pra pedir votos”; “Pedimos a um vereador pra
manil ar a água. ‘ ão tem o que fazer, disse ele’ ”; “ unca vieram aqui. Só quando quer voto”; “ ão
fez nada. Quem fez ‘foi’ os moradores. Se fosse esperar por eles, estaria até oje”.
Citando Burton et al. (1978), Vieira (2004) pontua que o isolamento da visão dos especialistas, sem
referenciar os aspectos sociais envolvidos, pode agravar os problemas sociais, ao invés de melhorá-los.
Isso pode levar à adoção de estratégias técnicas consideradas como adequadas, podendo deixar,
entretanto, as comunidades mais vulneráveis.
A implantação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC) representa a única iniciativa
efetiva, que se conseguiu identificar pela nossa pesquisa, no sentido de estreitar a relação entre os
órgãos públicos e as comunidades vulneráveis.
Notícia veiculada no jornal Acontece em Petrópolis, em 29/01/2014, atesta
Nesta última terça-feira (28), cinco técnicos da Secretaria de Proteção e Defesa Civil estiveram na comunidade do Chapa 4,
no Valparaíso, realizando vistorias preventivas em cerca de 15 casas. (…) A medida atendeu a um pedido do úcleo
Comunitário de Defesa Civil (Nudec) do Chapa 4, quando foram capacitados voluntários na região. Eles pediram que a
Defesa Civil analisasse algumas casas da região, para assim reduzir os riscos de desastres no caso de fortes chuvas. Depois
das vistorias desta terça-feira, será marcada nova reunião do Nudec, quando os registros de ocorrências com as
recomendações serão entregues aos moradores.
Em Petrópolis já foram implantados 51 Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC), “contando
com cerca de 450 agentes voluntários capacitados, pela Defesa Civil, para atuar na prevenção de
desastres, aprendendo noções básicas de Defesa Civil, medidas simples para deixar a casa mais segura,
o que fazer se come ar a c over forte e como montar um pluviômetro caseiro” (site da Prefeitura de
Petrópolis). Segundo o Setor de Integra ão Comunitária da Defesa Civil de Petrópolis, “Reunir 20
pessoas de uma comunidade já permite a formação de um NUDEC”.
Esses núcleos fazem parte de um projeto da CARE Brasil, uma confederação global de ONGs com
foco em combater a pobreza no mundo, com o suporte financeiro da ECHO, Comissão Europeia para
Ajuda Humanitária e Proteção Civil. A eficiência dos NUDECs, os primeiros criados a partir do
megadesastre 2011, foi comprovada nas chuvas de verão de 2012, quando vidas foram salvas durante a
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
14
atuação dos Núcleos em Teresópolis e Nova Friburgo (NUDEC, 2012). Os agentes comunitários
receberam capacitação da Defesa Civil municipal para atuar como voluntários em trabalhos de
prevenção de tragédias das chuvas e na resposta a situações de desastres naturais, aprendendo sobre
preven ão de tragédias, no ões de percep ão de risco e de primeiros socorros.” Hoje, o NUDEC faz
parte da Política Nacional de Defesa Civil do Brasil.
No distrito de Pedro do Rio não há NUDEC e as entrevistas não obtiveram nenhum menção dos
moradores com relação a essa iniciativa.
No final da pesquisa, o autor participou, como observador, de uma reunião de planejamento da Defesa
Civil para a criação do NUDEC no Vale do Cuiabá e mais três comunidades do entorno, em abril de
2014. Definiu-se a união de esforços com os agentes do projeto Mãos à Obra, um projeto do INEA
que, com suporte de formação da Universidade Estadual do RJ - UERJ, já atua na região.
Considerações finais
No que tange à gestão dos desastres naturais, corroborando a afirmativa do ABDN (2011) de que o
megadesastre de 2011 ocasionou uma mudança de paradigma, nossa pesquisa identificou ações de
criação ou reformulação de órgãos, como:
Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), criado em 2011, vinculado ao Centro
Estadual de Administração de Desastres (CESTAD), com a “fun ão peculiar de fornecer e embasar tudo relativo aos
fenômenos naturais que possam causar dano ao Estado” (site eletrônico do CEMADE -RJ).
Núcleo de Análise e Prevenção de Desastres e Escorregamentos (NADE), vinculado ao Departamento de Recursos
Minerais (DRM), “ oje responsável pelo mapeamento das áreas de risco iminente em 91 municípios do Estado, além do
atendimento às situações de emergência” (site eletrônico do DRM-RJ).
Superintendência Regional do Piabanha (SUPPIB), do INEA, tendo algumas atividades como licenciamento ambiental e
fiscalização, com impactos na “ocupa ão irregular e movimenta ão de terras em áreas de preserva ão permanente”, e no
“desmatamento de fragmentos da Mata Atl ntica” (site eletrônico do I EA).
Entretanto, não conseguimos acesso aos dados técnicos, seja da Defesa Civil seja do INEA, para
avaliar se os mesmos corroboram ou não a percepção de risco identificada, um dos pressupostos
apontados na formulação da situação problema.
A comunidade 7 Casas, em Pedro do Rio, pode ser entendida como um exemplo de outras áreas de
risco na serra fluminense, tanto pelas suas características físicas de localização, quando sociais. O
acesso a cartas geotécnicas detalhadas ou a algum estudo geológico específico para a área, não
conseguido, teria apenas agregado aspectos técnicos quanto à efetiva vulnerabilidade do maciço, sem
entretanto alterar a percepção de risco, objeto do nosso estudo.
Se as condições efetivas de risco, a partir de levantamentos técnicos, forem diferentes da percepção da
comunidade, isso aumenta a responsabilidade dos órgãos públicos em estender a essa região algumas
das ações em curso adotadas para as áreas definidas como prioritárias. Independentemente das
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
15
conclusões técnicas, ao menos uma forma de comunicação adequada, e compreensível à população,
deve ser implementada, compatível com o nível efetivo de risco, uma vez que uma das mais fortes
evidências do estudo indica seu desconhecimento por parte dos moradores entrevistados.
Se já existem essas ações, sua efetividade necessita ser questionada. Para tal, naturalmente, os
limitados resultados desse estudo necessitam ser estendidos não apenas para contemplar melhor a
comunidade, mas também as áreas adjacentes ou mesmo outras áreas de perfil similar. Da mesma
forma, são necessários estudos mais aprofundados sobre percepção, comunicação e controle do risco.
Como afirma Kuhnen,
as medidas de mitigação ou de prevenção de riscos devem necessariamente levar em conta a percepção, o conhecimento e
aceitação do risco pela população. Portanto se a redução da vulnerabilidade é possível, ela não será eficaz se não for
apropriada pelos indivíduos ou grupos envolvidos. Esta apropriação passa pela compreensão dos fenômenos, mas também
pelas relações relativas e próprias do território em questão. (2009, p. 50).
Os NUDECs, em implantação, podem representar um dos meios adequados, desde que induzam,
efetivamente, a participação dos moradores das áreas mais vulneráveis, um dos seus pressupostos
básicos.
Referências
Bibliográficas
ADGER, W.N.; BROOKS, N.; BENTHAM, G.; AGNEW, M.; ERIKSEN, S. New indicators of
vulnerability and adaptive capacity. Tyndall Centre for Climate Change Research, Technical Report,
n. 7, 2004.
BURTON, I.; KATES, R.W. The perception of natural hazards in resource management. In: Natural
Resources Journal, v. 3, jan. 1964. p. 412-441.
CARDONA, O.D. The need for rethinking the concepts of vulnerability and risk from a holistic
perspective: a necessary review and criticism for effective risk management. In: Maping
vulnerability: disasters, development and people. London: Earthscan Publishers. 2003. Chap. 3.
FARIAS JUNIOR, J.E.F. de; IKEMOTO, S.M.; SANTOS, M.O.R.M. dos; JOHNSSON, R.M.F.
Gestão de riscos de inundações e a tragédia da região serrana: ações, resultados, desafios e
perspectivas futuras. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 20., 2013, Bento
Gonçalves. Anais eletrônicos... Bento Gonçalves, ABRH, 2013.
FERNANDES, N.F.; GUIMARÃES, R.F.; GOMES, R.A.T.; VIEIRA, B.C.; MONTGOMERY, D.R.;
GREENBERG, H. Condicionantes Geomorfológicos dos Deslizamentos nas Encostas: avaliação de
Metodologias e Aplicação de Modelo de Previsão de Áreas Susceptíveis. Revista Brasileira de
Geomorfologia, UGB, ano 2, n. 1, 2001. p. 51-71.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
16
FREITAS, C.M. de; CARVALHO, M.L. de; XIMENES, E.F.; ARRAES, E.F.; GOMES, J.O.
Vulnerabilidade socioambiental, redução de riscos de desastres e construção da resiliência – lições do
terremoto no Haitie das chuvas fortes na Região Serrana, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n.
6, 2012. p. 1577-1586.
GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. p. 233.
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. da (Org.) Geomorfologia e meio ambiente. 9.ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2010. 394 p.
KUHNEN, A. Meio ambiente e vulnerabilidade: A percepção ambiental de risco e o comportamento
humano. Geografia. Londrina. 2009, v. 18, n. 2.
MARANDOLA JR, E. Habitar em risco: mobilidade e vulnerabilidade na experiência
metropolitana. 2008. 278 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto de Geociências, Unicamp,
Campinas, 2008.
MARANDOLA JR, E.; MODESTO, F. Percepção dos perigos ambientais urbanos e os efeitos de lugar
na relação população-ambiente. Revista Brasileira de Estudos de População. Rio de Janeiro, v. 29,
n. 1, 2012. p. 7-35.
MICHEL, G.P.; KOBIYAMA, M.; GOERL, R.F. Formulação do fator de segurança considerando a
presença de vegetação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 20., 2013, Bento
Gonçalves. Anais eletrônicos... Bento Gonçalves, ABRH, 2013.
MINAYO, M.C.S. (Org.); DESLANDES, S.F.; GOMES, R. Pesquisa Social: teoria, método e
criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 1993.
O’BRIEN, G.; O’KEEFE, P.; ROSE, J.; WISNER, B. Climate change and disaster management. In:
Disasters. v. 30, n. 1, 2006. p. 64-80.
PATON, D. Preparing for natural hazards: the role of community trust. In: Disaster Prevention and
Management. v. 16, n. 3, 2007. p. 370-379.
REID, S.G. Perception and communication of risk, and the importance of dependability. Structural
Safety, v. 21, n. 4, 1999. p. 373-384.
VAZQUEZ, E.L. Risk perception interactions in stress and coping facing extreme risks. In:
Environmental Management and Health. MCB University Press. v. 12, n. 2, 2001. p. 122-133.
VIEIRA, R. Um olhar sobre a paisagem e o lugar como expressão do comportamento frente ao
risco de deslizamento. 2004. 197 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Departamento de Geociências,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
WHITE, G.F.; KATES, R.W.; BURTON, I. Knowing better and losing even more: the use of
knowledge in hazards management. Global environmental change. Part B, Environmental hazards, v.
3, n. 3-4, 2001. p. 81-92.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
17
Relatórios Técnicos
ANUÁRIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS – ABDN. 2011. Disponível em:
<http://www.integracao.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=e3cab906-c3fb-49fa-945d-
649626acf790&groupId=185960>. Acesso em 16 mar. 2014.
DEFESA CIVIL. Plano de contingência de proteção e defesa civil. 2013/2014. Disponível em:
<http://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/phocadownload/destaques/plano%20de%20contingncia%20de%
20proteo%20e%20defesa%20civil%20-%20prefeitura%20de%20petrpolis-2.pdf>. Acessado em: 18
mar. 2014.
NUDEC – Núcleo Comunitário de Defesa Civil. Disponível em: < http://www.care.org.br/wp-
content/uploads/2010/08/MANUAL_FormacaoNUDECs_CAREBrasil_FINAL.pdf>. Acesso em: 08
mar. 2014.
FAPESP. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/18866>. Acesso em: 04 abr. 2014.
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. WGII AR5 Summary for Policymakers.
Disponível em: <http://report.mitigation2014.org/spm/ipcc_wg3_ar5_summary-for-
policymakers_approved.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2014.
UNDP – Disaster Risk Assessment. Disponível em:
<http://www.undp.org/content/dam/undp/library/crisis%20prevention/disaster/2Disaster%20Risk%20
Reduction%20-%20Risk%20Assessment.pdf>. Acesso em: 08 abr. 2014.
Digitais
CEMADEN - Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais. Disponível em:
<http://cemadenrj.defesacivil.rj.gov.br.> Acesso em: 23 mar. 2014.
DRM – Departamento de Recursos Minerais. Disponível em: <http://www.drm.rj.gov.br>. Acesso em
27 mar. 2014.
INEA – Instituto Estadual do Ambiente. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br>. Acesso em: 16
mar. 2014.
PREFEITURA DE PETRÓPOLIS. Disponível em:
<http://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/index.php/imprensa/noticias/item/2102-prefeitura-capacita-
moradores-do-vale-do-cuibá-para-serem-voluntários-da-defesa-civil.html>. Acesso em: 09 abr. 2014.
Jornais
JORNAL ACONTECE EM PETRÓPOLIS. Disponível em:
<http://www.aconteceempetropolis.com.br/2014/01/29/15-imoveis-sao-vistoriados-na-comunidade-do-
chapa-4/> Acesso em: 04 abr. 2014.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
18
APÊNDICE A
Fotografias de situação da comunidade 7 Casas
Foto 1 – Deslizamentos no Vale do Cuiabá. Fonte: DRM (2011).
Foto 2 – 8,34 km separam o Vale do Cuiabá da comunidade 7 Casas, em Pedro do Rio
Fonte: www.google.com
Foto 3 – A comunidade 7 Casas, entre o morro e o rio Piabanha. Ao lado, a BR-040
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
19
Fonte: www.google.com
Foto 4 – Trecho do rio Piabanha, na comunidade 7 Casas
Fonte: o autor, 25/03/2014
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
20
Foto 5 – Pedras sobre o Rio Piabanha, em frente à comunidade 7 Casas,
pelo lado da rodovia BR040 - Fonte: http://www.revistaon.com.br (27/03/2012)
Foto 6 – Aspectos do morro, em frente à comunidade 7 Casas
Fonte: www.google.com
APÊNDICE B
CENÁRIOS DE RISCO ASSOCIADOS A CHUVAS
Fonte: Departamento de Recursos Minerais – DRM-RJ Diagnóstico sobre Risco a Escorregamentos
2012/2013
Quadro sintético
Cenário 1: registro ou expectativa de escorregamentos ocasionais (<5/município), afetando taludes de
corte e deflagrados por chuvas > 50mm/h OU > 120mm/24h, após sucessão de dias secos.
Cenário de escorregamentos esparsos - 5<x<25/município, afetando taludes de corte ou naturais e
linhas de drenagem, deflagrados pela combinação de chuvas, para a região serrana, de 30mm/h +
100mm/24h + 115mm/96hs + 270mm/mês.
Cenário de escorregamentos generalizados - >25/município, com mobilização coletiva da massa
deslizada em taludes e drenagens naturais, deflagrados pela combinação de chuvas, para a região
serrana, de 50mm/h + 120mm/24h + 130mm/96h + 300mm/mês.
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
21
Quadro completo Cinco são os cenários de risco a escorregamentos hoje diagnosticados pelo NADE/DRM como
possíveis de ocorrer em fun ão do registro de diferentes “tipos” de c uva no período de verão 12/13 no
Estado do Rio de Janeiro.
(1) cenário de risco a escorregamentos ocasionais: está relacionado a acidentes pontuais (<
5/município), geralmente afetando taludes de corte, […] deflagrado por c uvas orárias muito
intensas, acima de 50mm/h, OU chuvas diárias muito significativas, acima de 120mm/24h, após uma
sucessão de dias secos.
(2) cenário de risco a escorregamentos esparsos: está relacionado a acidentes dispersos (5<x<25 por
município),geralmente afetando taludes de corte ou naturais e lin as de drenagem, […]deflagrado pela
combinação de pulsos de chuvas horárias intensas E chuvas diárias significativas. Para a região
serrana, este cenário está associado a uma combinação de chuvas acima de 30mm/h + 100mm/24h +
115mm/96h + 270mm/mês, considerados os índices críticos do NADE/DRM e que devem servir como
parâmetro de referência para o acionamento individual de sirenes instaladas em áreas
reconhecidamente de risco na serra fluminense;
(3) cenário de risco a escorregamentos generalizados: está relacionado a acidentes adjacentes
(>25/município) e de largo alcance, com mobilização coletiva das massas deslizadas em taludes de
corte e drenagens naturais, mas também encostas naturais (deslizamentos) e canais de drenagem
(corridas), […]deflagrado pela combina ão de pulsos de c uvas orárias muito intensas E chuvas
diárias muito significativas. Para a região serrana, este cenário está sendo associado a um acréscimo
médio de aproximadamente 50% na superposição de alguns dos limiares críticos, ou seja, 50mm/h +
120mm/24h + 130mm/96h + 300mm/mês, e que podem/devem servir como parâmetro de referência
para o acionamento coletivo das sirenes instaladas em áreas de risco na serra fluminense;
(4) cenário dos desastres associados a escorregamentos: está relacionado a um grande número de
acidentes naturais e induzidos (>50) e que ultrapassam os limites municipais, diante da união dos
volumes mobilizados em movimentos que afetaram indistintamente taludes de corte, encostas naturais
(deslizamentos) e canais de drenagem (corridas de detritos), […]deflagrado pela combina ão de
eventos influentes como o registrado em Janeiro de 2011 na Serra Fluminense, ou seja, eventos
pluviométricos duradouros (24-32 horas), realimentados por Zonas de Convergência (formando
nuvens espessas de 70km com geometria de paralelogramo de largura estendida) e marcados por
tempestades de 4-5horas (com eventuais pulsos de 15 minutos mais críticos), que, se somam a
antecedentes significativos em 4, 12 dias ou 1 mês, da ordem, como foi o caso, de 88mm/h a
130mm/h, 264mm/dia e 300mm acumulados em 12 dias;
(5) cenário das grandes catástrofes associadas a escorregamentos: está relacionado a um número
ainda não enfrentado de acidentes naturais e induzidos, possíveis apenas nas encostas dos municípios
do Grupo I, e em chuvas absolutamente excepcionais, com recorrência acima de 500-600 anos, da
ordem de 80mm/h + 250mm/dia + 400mm/96h + 600mm/mês.
APÊNDICE C
QUESTIONÁRIO
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
22
Questionárioestudodecasodacomunidade7Casas,emPedrodoRio,Petropolis-RJ
1.Estruturasocial
1.1.Pessoasporresidência 1-3 4-5 6-8 9-10 >10 TOTAL
1.2.Pessoasporfaixadeidade(anos) 0-5 5-15 15-30 30-50 >50 TOTAL
1.3.Pessoasporsexo masc fem
1.4.Pessoasporescolaridade Seminstrução
formal
fund
inc
fund
comp
medio
inc
medio
comp
sup
inc
sup
comp
pós-
grad
Infantil
2.Estruturalocal2.1.Quandochegaramaolocal2.2.Vieramdeonde?
2.3.Porquevieram?
2.4.Propriedade Própria
2.5.Construiramamoradia? Sim2.6.Quantoscômodos 1 2 3 4 5 >5
2.7.Temrededeesgoto? Sim2.8.Temfossaoujogamnorio? Fossa
3.Experiência/impactos3.1.Jáenfrentourisco/desastreambiental? Sim Não3.2.Tipo:enchente,deslizamento,chuvaforte Deslizamento Enchente Chuva Outros
3.2.1.Quantasvezes3.2.2.Quando
3.3.Consequênciasparaafamilia
4.Impactosdodesastre2011
4.1.Tevealgumconhecidoatingido,naregiãoafetada?
4.2.Consequênciasparaoatingidoesituaçãoatualdomesmo
4.3.Conhecimentodeaçõesdosórgãospúblicosnaregiãoatingida(DefCivil,Prefeitura,Polícia,MAmbiente,vol)
4.4.Consequênciasnolocaldemoradia,dasforteschuvasdejaneirode2011
4.5.Algumaprovidênciafoitomadanacomunidadeemquemora,emdecorrênciadodesastrede2011?Quais
5.Percepçãoderisco
5.1.Sente-seseguronolocalondereside,comrelaçãoaalgumimprevistoambiental?
5.2.Motivosdainsegurança(fragilidadedamoradiaouelementosambientaisexternos)
5.3.Aquetipodeameaçasesentemaisexposto?Deslizamento,enchente,outros
5.5.Tempercebidoalgumaumentoemrelaçãoàameaça(deterioraçãoterreno,rachadurasnoimovel…)?
5.6.Comoacomunidadedeveriaseprepararparaagiremcasosdeimprevistosambientais?
5.7.Acomunidadeestápreparadaparaagiremcasosdeimprevistosambientais?
6.Açõespreventivas
6.1.Conhecimentodeações/planospreventivosparaolocaldemoradia(DefCivil,Pref.,Polícia,MAmbiente,vol.)
6.2.Estáconfiantequantosaosresultadosdosplanosouações?
6.3.Algumavezprocurou(oualguémconhecidoofez)algumórgãopúblicopedindoapoioouorientação?
6.4.Sesim,aquemprocurouequaisosresultados?
6.5.Alguémdafamiliajárecebeualgumtipodeorientaçãocomoagiremcasosdeacidentesambientais?Dequem
6.6.Quaisdeveriamserasaçõesouplanosdosórgãosparaevitar/diminuirosimpactosdedesastresambientais?
5.4.Qualoprincipalmotivoemrelaçãoàameaçaexterna?Ex:Deslizamento(algummovimentodeterra,trincas,faltade
vegetação…);enchente(lixo,assoreamentodorio);chuvasmaisfortes
Alugada
Não
NãoRio
top related