determinaÇÃo de fenÓis totais em frutos do cafÉ
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Universidade de São Paulo
Instituto de Química de São Carlos
DETERMINAÇÃO DE FENÓIS TOTAIS EM FRUTOS DO CAFÉ:
AVALIAÇÕES EM DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO
RENATO PIERROTTI ROSSETTI
Orientador:
Prof.Dr. Wagner Luiz Polito
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Instituto de Química da USP de São Carlos
para a obtenção do título de Mestre em Ciências,
área de concentração: Química
São Carlos – SP
Julho de 2007
Dedico
A meus pais Adelino Rossetti
e Maria José Pierrotti Rossetti
por todo amor, ajuda e dedicação
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter dado forças nos momentos mais decisivos;
A meus irmãos Eduardo e Carolina pelo suporte e apoio ao longo de todos
esses anos;
A meu orientador e amigo Wagner Luiz Polito por toda ajuda prestada dentro e
fora do Instituto de Química de São Carlos ao longo de todos estes anos;
A meus familiares presentes nos mais diferentes planos da existência e que de
uma forma ou de outra sempre me ajudaram quando foi necessário;
A Érica por ser uma grande amiga e irmã de todas as horas;
A todos meus amigos espalhados pelo mundo, pelo apoio nos melhores e
piores momentos de minha vida;
A Celso Telles por toda ajuda e conselhos
A Regina Peçanha do CENA-USP por toda a ajuda nas análises feitas;
A Fabiana T. Camargo pela paciência e ajuda para compreender o universo do
café;
A Maria Emília (Mila) e Maria Cecília (Cissa) por seu modo particular e único de
demonstrar afeto e amizade;
Aos professores e funcionários da ETE – Trajano Camargo de Limeira por me
apoiarem em uma nova etapa de minha vida;
A meus alunos, que me deram forças e com os quais além de ensinar, aprendo
a cada novo dia;
Muito Obrigado.
SUMÁRIO
Índice de figuras 06
Índice de tabelas 08
RESUMO 09
ABSTRACT 10
1. INTRODUÇÃO 11
2. OBJETIVOS 13
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 14
3.1. HISTÓRIA DO CAFÉ 14
3.1.1. CAFÉ NO MUNDO 14
3.1.2. CAFÉ NO BRASIL 16
3.2. CLASSIFICAÇÃO DO CAFÉ 18
3.2.1. MORFOLOGIA DO CAFEEIRO 18
3.2.1.1. CAULE E RAMOS LATERAIS 19
3.2.1.2. FOLHAS 19
3.2.1.3. SISTEMA RADICULAR 20
3.2.1.4. FLORES E FRUTOS 21
3.2.2. ESPÉCIES CAFEEIRAS 23
3.2.2.1. CULTIVARES DE CAFÉ 24
3.3. PROCESSO PRODUTIVO DO CAFÉ 26
3.4. COMPOSTOS ATIVOS DO CAFÉ 31
3.4.1. COMPOSTOS FENÓLICOS 33
3.4.2. CAFEÍNA 34
3.4.3. ÁCIDOS CLOROGÊNICOS 35
3.5. QUALIDADE DO CAFÉ 37
3.5.1. PROVA DE XÍCARA 37
3.5.2. ANÁLISES QUÍMICAS 38
3.6. METABOLISMO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO 41
3.7. COMPOSTOS BIOATIVOS DO CAFÉ E A SAÚDE 41
3.8. ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR
NO ULTRAVIOLETA/VISÍVEL 42
3.8.1. A ENERGIA RADIANTE 43
3.8.2. ABSORÇÃO DE ENERGIA 45
3.8.3. APLICAÇÃO EM ANÁLISES QUANTITATIVAS 48
3.8.3.1. LEI DE LAMBERT – BEER 48
3.8.4. DIAGRAMA DO EQUIPAMENTO 51
4. PARTE EXPERIMENTAL 54
4.1. AMOSTRAGEM 54
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 58
5.1. RESULTADOS 58
5.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 64
6. CONCLUSÃO 66
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 67
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 01 – Caule e ramos laterais do cafeeiro 19
Figura 02 – Folhas do cafeeiro 20
Figura 03 – Flor do cafeeiro 21
Figura 04 – Frutos do cafeeiro 22
Figura 05 – Fruto do café aberto com a semente exposta 23
Figura 06 – Café no terreiro após beneficiamento 30
Figura 07 – Cascas coletadas após beneficiamento 31
Figura 08 – Cafeína 35
Figura 09 – Ácido Clorogênico 36
Figura 10 – Campo eletromagnético 44
Figura 11 – Espectro de radiação eletromagnética 45
Figura 12 – Estados excitado e fundamental 45
Figura 13 – Níveis de energia eletrônica molecular 46
Figura 14 – Lei de Lambert 49
Figura 15 – Lei de Beer 50
Figura 16 – Espectrofotômetros 52
Figura 17 – Área experimental – I 54
Figura 18 – Área experimental – II 55
Figura 19 – Amostras dos frutos 55
Figura 20 – Gráfico da padronização 58
Figura 21 – Gráfico Fenóis Totais em fruto verde 59
Figura 22 – Gráfico Fenóis Totais em fruto verde/amarelado 60
Figura 23 – Gráfico Fenóis Totais em fruto amarelo 61
Figura 24 – Gráfico Fenóis Totais em fruto amarelo/avermelhado 62
Figura 25 – Gráfico Fenóis Totais em fruto vermelho 63
Figura 26 – Gráfico Fenóis Totais em fruto cereja 64
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 01 – Cultivares de café 24
Tabela 02 – Curva de padronização 58
Tabela 03 – Fenóis Totais em fruto verde 59
Tabela 04 – Fenóis Totais em fruto verde/amarelado 60
Tabela 05 – Fenóis Totais em fruto amarelo 60
Tabela 06 – Fenóis Totais em fruto amarelo/avermelhado 61
Tabela 07 – Fenóis Totais em fruto vermelho 62
Tabela 08 – Fenóis Totais em fruto cereja 63
9
RESUMO
O presente trabalho experimental focaliza o tema “compostos
fenólicos no café”. Dentre estes compostos se destacam os flavonóides, os
ácidos clorogênico, cafêico, cafeilquinico, e seus isômeros.
Na pesquisa foram avaliados quantitativamente, por
espectrofotometria UV/VIS, as espécies fenólicas presentes após extração e
complexação em amostras de cafés (cascas e sementes) com grãos em vários
estágios de maturação.
Foram obtidos valores da ordem de 10-6 mol.L-1 para fenóis totais
nas cascas e nos grãos.
O método de extração aqui proposto tornou-se bastante viável,
sendo possível sua aplicação com tempo de preparo de amostras secas para
análise de cerca de 40 minutos.
As evidências experimentais decorrentes dessa pesquisa sugerem
que tais espécies fenólicas (anti-oxidantes) podem ser aproveitadas de um
material que é descartado (a casca do café), sendo, portanto um grande
benefício econômico para a sustentabilidade do cultivo do café.
Palavras-chave: Café, Fenóis Totais, Atividade Antioxidante
10
ABSTRACT
This experimental work has focused the theme “Phelonic Compound
in Coffee Beans”. Among these compounds have been shown flavonoids
species, chlorogenic acid, caffeic acid, caffeinic acid and their isomer.
The phelonic species has presented after extraction and
complexation from coffee samples (peels and beans) using coffee beans in
different grown and developed process has been evaluated in quantitative
research by using UV/VIS Spectrophotometry
Values have been got about 10-6 mol.L-1 in peels and beans.
The proposed extraction method has been not only viable but its use
possible with preparing time of dried samples for analyses in about 40 minutes.
The experimental evidence resulting from this research has proposed
that such phenolic antioxidant species can be made a good use of discarded
material (the peel of coffee beans) therefore a great economical benefit for
sustainable coffee cultivation.
Key Words: Coffee, Total Phenol, Antioxidant Activity
11
1. INTRODUÇÃO
Os interesses crescentes do mercado consumidor mundial por cafés
especiais provocaram a adoção de novas tecnologias de produção e preparo
de cafés de melhor qualidade. Em busca de inovações que atendam aos
anseios do mercado europeu e norte-americano, a indústria cafeeira emprega
novas técnicas para análises de seus produtos, aliadas à técnicas de análise
sensorial já consolidadas.
Com a desmitificação dos malefícios que o café poderia causar ao
homem e os avanços nas pesquisas mostrando os benefícios que o café traz à
saúde, o mercado cafeeiro recebeu novo fôlego para produção e pesquisa de
novas alternativas para obter o máximo proveito da lavoura.
Sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de café, junto
com Colômbia, México, Guatemala, Indonésia, Vietnã, Costa do Marfim, Índia,
Uganda e Etiópia. O Brasil é o líder mundial nas exportações do produto com
cerca de 32% do mercado internacional (UNICAFÉ,2007).
O sabor característico do café deve-se à presença de vários
constituintes químicos voláteis e não voláteis; proteínas, aminoácidos, ácidos
graxos, compostos fenólicos e ação enzimática, todos eles interferindo no
sabor e odor da bebida (COELHO, 2002).
Os compostos fenólicos estão presentes em todos os vegetais e
compreendem um grupo heterogêneo de substâncias com estruturas químicas
relativamente simples e algumas mais complexas, tais como taninos e ligninas.
12
No café, esses compostos contribuem de maneira altamente significativa para
o sabor e o aroma do produto final. Vários autores afirmam haver nos frutos de
café, alto teor desses componentes fenólicos, em particular de ácido
clorogênico. Os compostos fenólicos são responsáveis pela adstringência dos
frutos; no caso do café, e interferem no seu sabor (PIMENTA, 2007).
Com relação à atividade antioxidante apresentada pelos flavonóides,
sabe-se que além de doenças cardiovasculares e tumorais, outras doenças são
relacionadas à ação de radicais livres extremamente reativos que provocam
danos oxidativos nos alvos celulares (DNA, lipídios, proteínas). Entre elas
estão diabetes, arteriosclerose, artrite, doenças vasculares cerebrais e
neurodegenerativas, tais como os males de Parkinson e Alzheimer, e o
envelhecimento celular precoce (KAWANISHI, 2001).
13
2. OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho é o de quantificar os compostos
fenólicos presentes na casca do café e compará-los com as quantidades
existentes nas sementes dos frutos. Sendo que, atualmente, os compostos
anti-oxidantes têm grande aplicação na indústria farmacêutica.
Este trabalho visa atrelar um produto de baixo valor financeiro, a
casca do café, que é descartada ao final do beneficiamento do café por via
úmida, em matéria prima para um novo setor da indústria cafeeira, tão rentável
quanto a própria fabricação do café, e com isso contribuir com a
sustentabilidade da lavoura.
14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. HISTÓRIA DO CAFÉ
3.1.1. CAFÉ NO MUNDO
A Etiópia é tida como o país de origem do café, daí, ele teria migrado
para a Arábia, em data não estabelecida corretamente. Admite-se, contudo,
que já no século XV os árabes tomavam café, cabendo a eles a exclusividade
da lavoura até o século XVII. Assim, considerando-se esta a primeira região em
que o uso do café se difundiu em larga escala, pode-se dizer que a
denominação de uma de suas principais espécies comerciais ─ Coffea arabica
─ é bastante apropriada. (FERRÃO, 2004)
Ao ser levado para o Iêmen em fins do século XV, o café encontrou
na aldeia de Moka seu grande pólo de difusão. O preparo da bebida com o uso
das sementes coube exclusivamente aos árabes, que dessa forma, já no
século XVI, podem ser considerados os autênticos descobridores do café tal
como se conhece hoje em dia, ou seja, uma bebida obtida por infusão de
grãos, torrados e moídos, em água quente. Durante muito tempo, a Arábia
manteve-se como a única região produtora, sendo Moka e outros portos do mar
Vermelho os principais centros exportadores para Meca e o Cairo. Damasco
era abastecida por terra. (FERRÃO, 2004)1
1 FERRÃO, A. M.; SIMONSEN, R. C. Arquitetura do café. Campinas, Editora da Unicamp, 2004
15
Levado para Meca entre 1470 e 1500, a bebida teve excelente
receptividade. Logo apareciam na cidade os Kavehkanes, os primeiros cafés
do mundo; onde se cantava e dançava, se jogava xadrez e principalmente, se
discutiam as novidades. Surgiam também opositores, que perseguiriam
consumidores e fornecedores da bebida, havendo registros de depredações de
cafés já em 1533. no Egito, o café também fez sucesso e, na Turquia, seu
consumo foi cercado de luxo e refinamento.
Constantinopla possuía alguns dos cafés mais requisitados, e era
local onde os freqüentadores no começo do século XVII se inebriavam com os
vapores do tabaco, com a introdução feita pelos holandeses que traziam o
fumo do Brasil. (FERRÃO, 2004)2
O café atingiu a Europa no século XVII. Há registros históricos de
comércio desse produto em Veneza, a partir de 1615, quando teria sido
introduzido por mercadores, ainda em pequena escala. Em Amsterdã, já se
bebia café cotidianamente, em 1637. Os holandeses, que adquiriram o hábito
de bebê-lo em suas colônias orientais, assumiram um papel fundamental em
sua distribuição para a Europa Central e Setentrional e foram os primeiros a
comercializar café, em grande escala, por meio de sua Companhia das Índias
Orientais. (FERRÃO, 2004)
Após chegar à Europa, o café ainda apresentava forte relação com
sua origem oriental, sendo uma bebida maometana e sendo inicialmente
rejeitado pela população cristã.
Somente após o Papa Clemente VIII provar o café e 'absolver' a
bebida da culpa, o consumo foi liberado. (DOLCE FAMIGLIA, 2007).
2 FERRÃO, A. M.; TAUNAY A. d’E. Arquitetura do café. Campinas, Editora da Unicamp, 2004
16
O Suriname, colônia holandesa na América do Sul, começou a
cultivar o café em 1718. Em 1722, Monsieur de la Motte Aigron, governador de
Caiena, iniciou uma plantação que já em 1725,resultava em produção
relativamente significativa. Em 1727 (mesmo ano em que o café chegou ao
Brasil) os franceses, percebendo que essa cultura poderia significar boa
alternativa econômica para suas demais colônias, levam algumas mudas à
Martinica, de onde, provavelmente, o café se alastrou para as ilhas vizinhas,
chegando à Jamaica em 1732(FERRÃO, 2004)3.
2.1.1. CAFÉ NO BRASIL
A entrada das primeiras sementes de café plantadas no Brasil deu-
se em 1727, por intermédio de Francisco de Melo Palheta, sargento-mor, oficial
de linha do Exército Português, “[...] que houvera estado por ordem do Sr. João
Maia da Gama, Governador Geral da Província do Maranhão, em Caiena, na
Guiana Francesa, para resolver questões de fronteira levantadas pelo Sr.
Cláudio d’Orvilliers, governador daquela colônia” (FERRÃO, 2004).4
No Brasil, no final do século XVIII, economicamente a cultura do café
era, ainda iniciante, restringindo-se a pequenas plantações em volta da cidade
do Rio de Janeiro, de onde, a partir do início do século XIX, iniciaria vitoriosa
marcha para o interior do país, na direção dos estados de São Paulo e Minas
Gerais. Nessa época, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, com uma
população de centenas de milhares de habitantes, encontrava-se isolada,
cercada por florestas praticamente inexploradas, povoadas pro tribos indígenas
ainda desconhecidas. As poucas vias de comunicação que dela partiam “[...]
3 FERRÃO, A. M.; TAUNAY A. d’E. Arquitetura do café. Campinas, Editora da Unicamp, 2004 4 FERRÃO, A. M.; TAUNAY A. d’E. Arquitetura do café. Campinas, Editora da Unicamp, 2004
17
corriam tênues por centenas de quilômetros através da mata fechada”, ligando-
a à importante região mineira de Vila Rica, São João del Rei, Sabará e
Mariana. Já pelo sul o trânsito, a partir de São Paulo, em direção ao Rio, [...]”
(FERRÃO, 2004). 5
Penetrando pelo vale do rio Paraíba, a mancha verde dos cafezais,
que já dominava paisagem fluminense, chegou a São Paulo, que, a partir da
década de 1880, passou a ser o principal produtor nacional da rubiácea (café).
Na sua marcha foi criando cidades e fazendo fortunas. Ao terminar o século
XIX, o Brasil controlava o mercado cafeeiro mundial (HISTORIA NET, 2007).
Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de
1929, o Sudeste do país voltou a crescer, desta vez com perspectivas
lastreadas na cafeicultura e na indústria, que assumia parcelas maiores da
economia. O café retomou sua importante posição nas exportações brasileiras
e, mesmo perdendo mercado para outros países produtores, o país ainda se
mantém como maior produtor de café do mundo (ABIC, 2007).
A cafeicultura brasileira sofreu uma sensível transformação a partir
da década de 1960.A partir da uma cafeicultura extrativista, com variedades
antigas e com baixas produtividades, foram introduzidas novas variedades com
maior potencial de produção; foi incentivado o uso intensivo de adubos
químicos e foram promovidas novas tecnologias de cultivo, via incentivos
creditícios fornecidos pelo Instituto Brasileiro do Café (SILVA, 1998).
Esta situação perdurou até cerca de 1990, com a extinção do
Instituto Brasileiro do Café e dos Acordos Internacionais do Café. O final da
intervenção estatal e do sistema de quotas leva à uma queda dos preços
5 FERRÃO, A. M.; TAUNAY A. d’E. Arquitetura do café. Campinas, Editora da Unicamp, 2004
18
internacionais do café, que se reflete no decréscimo da produção brasileira e à
busca de novas fórmulas para a manutenção dos preços ao consumidor, no
mercado interno. Neste aspecto, começa a entrar o café conilon (também
conhecido como café robusta) na formulação de ligas ou misturas com o café
arábica (CORTEZ, 2001).
Durante a década de 1990, são estabelecidos mecanismos de
estímulo à retomada dos níveis de consumo, dentro do mercado interno. É
instituído o Selo de Pureza pela Associação Brasileira das Industrias de Café
(ABIC), como forma de punir os industriais que fraudavam os seus produtos e
começam a surgir as idéias para a segmentação do mercado e para a
concentração das grandes indústrias. Em paralelo, é fortalecida a exploração
das diversidades sensoriais dos cafés produzidos no Brasil, tanto como forma
de diminuição dos custos de produção como para o atendimento aos mercados
segmentados no Exterior, via certificação de cafés por origem e programas
mercadológicos como o “Café do Brasil” (SAES, 1999).
3.2. CLASSIFICAÇÃO DO CAFÉ
2.2.1. MORFOLOGIA DO CAFEEIRO
Morfologicamente o cafeeiro pode ser dividido da seguinte maneira:
• Caule e ramos laterais
• Folhas
• Sistema radicular
• Flores e os frutos
19
2.2.1.1. CAULE E RAMOS LATERAIS
O tronco tem diâmetro médio de 7 a 10 cm e dele saem ramos
opostos e cruzados – produtivos. Os ramos laterais primários podem
apresentar ramificações de ordem superior – secundárias e terciários.
Os ramos produtivos aparecem a partir do 6º ou 10º par de folhas do
caule da gema “cabeça-de-série”. No caule ou ramo ortotrópico as gemas
auxiliares podem dar ramos produtivos. Nos ramos laterais as gemas folhares
evoluem para ramos de ordem superior e/ou após a evocação e diferenciação
para gemas floríferas.
Figura 01 – Caule e ramos laterais do cafeeiro
(foto do autor, ESALQ-USP,2006)
2.2.1.2. FOLHAS
As folhas têm pedicelo (uma estrutura originada da modificação do
caule, responsável pela sustentação e condução de seiva para as flores) curto.
No caule as folhas são opostas e cruzadas e apresentam margens ligeiramente
onduladas.
20
No ramo plagiotrópico lateral as folhas são opostas e no mesmo
“plano”. As folhas novas podem ser verde clara ou bronzeadas e verde escura
quando maduras. Apresentam forma elíptica com a lâmina superior brilhante e
sem brilho na lâmina inferior, a face inferior da filha apresenta em média 200
células estomáticas por mm2 para o Coffea. arabica e uma médias de 400
células estomáticas por mm2 para o Coffea canephora.
Figura 02 – Folhas do cafeeiro (foto do autor, ESALQ-USP, 2006)
2.2.1.3. SISTEMA RADICULAR
O cafeeiro apresenta uma raiz pivotante (raiz primária da planta,
com crescimento vertical, formando a continuação do eixo da planta) curta e
grossa, que termina abruptamente. Apresentando entre 4 e 8 raízes axiais que
21
partem da pivotante, se ramificam e chegam até 3m de profundidade
(ascensão hidráulica).
Apresenta também, raízes verticais que crescem horizontalmente
sob a copa – mudando o sentido em profundidade. As raízes laterais crescem
paralelas ao solo sob projeção do dossel e também podem dirigir em
profundidade. As raízes alimentadoras são curtas com diâmetro inferior a 1 m,
esbranquiçadas e com pêlos entre 3 e 10 centímetros da ponta (não são
estruturas permanentes)
2.2.1.4. FLORES E FRUTOS
A flor tem pedicelo curto em glomérulos (“novelo” de capilares
localizados dentro da cápsula de Bowman) axilares (2 a 20 flores). O ovário é
ínfero bilocular com um óvulo (oosfera, n) por loja. A inflorescência é
continuação do ramo vegetativo em que as brácteas, são órgãos homólogos
das folhas (CAFÉ BRASIL, 2007).
Figura 03 – Flor do cafeeiro
A flor tem estilo-estigma e filete (parte estame-sustenta antera). A
superfície estigma no ápice do estilete (parte do pistilo). Na abertura da flor, de
22
90 a 99% dos óvulos foram fertilizados no caso do coffea arabica e o tubo
polínico alcança o óvulo entre 24 e 36 horas. O gameta (n) fertiliza a oosfera
(n) e forma o zigoto (embrião 2n). o outro gameta (n) funde com o núcleo
primário (2n) e forma o endosperma (3n) – reserva.
O fruto do café é formado por casca, polpa, mucilagem, pergaminho
e sementes ou grãos. A casca com o amadurecimento, passa de verde a
vermelha ou amarela. A polpa, situada logo após a casca, é bastante carnuda.
A mucilagem é uma camada viscosa, rica em açúcares, entre a polpa e o
pergaminho. O pergaminho é uma película interna, que envolve a semente ou
grão. As sementes ou grãos se apresentam na forma de duas em cada fruto.
(CAFÉ BRASIL, 2007)
Figura 04 – Frutos do cafeeiro (foto do autor, ESALQ-USP, 2006)
23
Figura 05 – Fruto do café aberto com a semente exposta (foto do autor)
2.2.2. ESPÉCIES CAFEEIRAS
O café provém da planta Coffea, da família Rubiaceae, que inclui
mais de 6 mil espécies. Há pelo menos 25 espécies importantes, originárias da
África e de ilhas do Oceano Índico. Apenas duas espécies cafeeiras são
importantes economicamente, e diferem uma da outra pelo número de genes:
Coffea arabica: origina o café arábica de sabor suave, aromático,
para ser bebido puro, sem nenhum blend. É a espécie mais complexa, com 44
cromossomos e só pode fazer cruzamentos com plantas da mesma espécie, o
que evita casamentos negativos. É uma planta mais delicada, que se
desenvolve em altas altitudes (os melhores cafés são plantados acima de
1000m) e exige clima ameno (entre 15ºC e 22ºC). Geralmente plantado entre
os trópicos. Certas regiões de minas gerais, tipicamente de cerrado ou florestas
de altitude atendem à essas especificações.
Coffea canephora, variedade robusta: produz o café conilon. Tem 22
cromossomos, e é a variedade mais resistente a pragas e aos fatores
climáticos (desenvolve-se bem em temperaturas entre 24ºC e 29ºC). Tem uma
24
raiz mais profunda, dá árvores mais altas, entretanto, não origina um café com
a mesma qualidade do arábica, pois tem sabor mais adstringente e amargo
(BASILICO, 2007)
O Arábica produz cafés de melhor qualidade, mais finos e
requintados. Tem grãos de cor esverdeada, é cultivado em regiões com altitude
acima de 800m e é originário do Oriente, de onde resulta seu nome (Etiópia,
Yemem). (CAFÉ DAMASCO, 2007)
O robusta é originário da África, tem um trato mais rude e pode ser
cultivado ao nível do mar (altitudes mais baixas). Não têm sabores variados e
refinados como o arábica, dizendo-se que tem um “sabor típico e único”. Sua
acidez é mais baixa e, por ter mais sólidos solúveis, é utilizado intensamente
nos cafés solúveis. Seu teor de cafeína é maior do que nos arábicas. (CAFÉ
DAMASCO, 2007)
2.2.2.1. CULTIVARES DE CAFÉ
Segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC, 2007) estão
registradas e recomendadas pelo IAC no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) os seguintes cultivares de café:
Tabela 01 – Cultivares de café (fonte – IAC) Cultivares e Linhagens Características Principais
Bourbon Amarelo Porte alto; frutos amarelos e de maturação precoce
(20-30 dias antes que o Mundo Novo); sementes
menores, peneira média em torno de 16; suscetível à
ferrugem. É reconhecida a sua excelente qualidade
da bebida. Produção menor que a do Mundo Novo.
25
Mundo Novo:
IAC 379-19; IAC 376-4;IAC 382-14;
IAC 388-6; IAC 388-17; IAC 388-17-
1; IAC 464-12; IAC 467-11; IAC 480-
6; IAC 515-20; IAC 501-5; IAC 502-1
Porte alto; vigoroso, frutos vermelhos e de maturação
média; sementes com peneira média em torno de 17;
suscetível à ferrugem. As linhagens IAC 388-6; IAC
388-17 e IAC 388-17-1 apresentam ramos laterais
mais longos (maior diâmetro da copa).
Acaiá:
IAC 474-1; IAC 474-4; IAC 474-6;
IAC 474-7; IAC 474-19; IAC 474-20
Porte alto; frutos vermelhos e de maturação mais
uniforme, de média para precoce; sementes maiores,
com peneira média em torno de 18; suscetível à
ferrugem.
Icatu Vermelho:
IAC 2941; IAC 2942; IAC 2945; IAC
4040; IAC 4041; IAC 4042; IAC
4043; IAC 4045; IAC 4046; IAC 4228
Porte alto; vigoroso; frutos vermelhos de maturação
média a tardia; sementes com peneira média em
torno de 17; resistente à ferrugem. Frutos mais
aderentes aos ramos.
Icatu Amarelo:
IAC 2944; IAC 3686; IAC 2907
Porte alto; vigoroso; frutos amarelos de maturação
média a tardia; sementes com peneira média em
torno de 17; resistente à ferrugem. Frutos mais
aderentes aos ramos. Excelente qualidade de bebida.
Icatu Precoce:
IAC 3282
Porte alto; frutos amarelos de maturação precoce;
sementes com peneira média em torno de 16;
resistente à ferrugem. Frutos mais aderentes aos
ramos.
Catuaí Vermelho:
IAC H2077-2-5-15; IAC H2077-2-5-
24; IAC H2077-2-5-44; IAC H2077-2-
5-72; IAC H2077-2-5-81; IACH2077-
2-5-99; IAC H2077-2-5-144
Porte baixo; internódios curtos; ramificação
secundária abundante; frutos vermelhos de
maturação média a tardia; sementes de tamanho
médio; peneira média em torno de 16; suscetível à
ferrugem. Indicado para plantios adensados,
superadensados ou em renque.
Catuaí Amarelo:
IAC H2077-2-5-17; IAC H2077-2-5-
32; IAC H2077-2-5-39; IAC H2077-2-
5-47; IAC H2077-2-5-62; IAC H2077-
2-5-74; IAC H2077-2-5-86; IAC
H2077-2-5-100
Porte baixo; internódios curtos; ramificação
secundária abundante; frutos amarelos, de maturação
média a tardia; sementes de tamanho médio; peneira
média em torno de 16; suscetível à ferrugem.
Indicado para plantios adensados, superadensados
ou em renque.
26
Obatã:
IAC 1669-20
Porte baixo; vigoroso; internódios curtos; boa
ramificação secundária; brotos novos de coloração
verde; frutos vermelhos e de maturação média a
tardia; sementes com peneira média de 17; resistente
à ferrugem. Indicado prefencialmente para plantios
adensados ou em renque.
Tupi:
IAC 1669-33
Porte baixo; internódios curtos; brotos novos de
coloração bronze; frutos vermelhos e de maturação
precoce; sementes com peneira média em torno de
17; resistente à ferrugem. Indicado preferencialmente
para plantios adensados, superadensados ou em
renque
Apoatã - Coffea canephora (porta-
enxerto):
IAC 2258
Porta-enxerto resistente aos nematóides
Meloidogyneexigua, M. incognita, M. paranaensis e à
ferrugem; vigoroso e abundante sistema radicular;
este cultivar está sendo experimentalmente plantado
como pé franco. Possui sementes graúdas e de bom
aspecto.
3.3. PROCESSO PRODUTIVO DO CAFÉ
O processo de produção do café se inicia desde a escolha do local
de plantio e do tipo de cultura a ser escolhido até a comercialização, passando
pelas etapas de preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, secagem e
beneficiamento.
A prática da calagem proporciona diversos benefícios à cafeicultura
como:
• Elevação do pH do solo baixando sua acidez, promovendo maior
aproveitamento das adubações com melhor assimilação dos nutrientes:
nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre, neutralização do alumínio trocável
27
e insolubilização do manganês, evitando a toxidez e contribuindo para
maior crescimento e desenvolvimento do cafeeiro;
• Fornecimento adequado de cálcio e magnésio e maior disponibilidade
dos demais nutrientes suprindo a necessidade e aumentando a
produtividade;
• Melhoria da atividade microbiana do solo com aumento da
decomposição da matéria orgânica, liberando mais nutrientes e
fortalecendo o cafeeiro perante algum déficit hídrico;
• Elevação da capacidade de troca de cátions pelo aumento das cargas
dependentes do pH, proporcionando maior reserva de nutrientes no solo
(REVISTA CAFEICULTURA, 2007).
A adubação consiste em corrigir deficiências naturais em algum
nutriente importante para o crescimento das plantas ou para repor nutrientes
removidos pelas colheitas. A adubação correta aumenta a produtividade
agrícola. Deve, entretanto, ser usada com moderação. É preciso ter sempre em
mente que os adubos são extraídos de rochas, que são recursos naturais não
renováveis, ou produzidos em indústrias químicas com riscos para o meio
ambiente. A adubação pode também ser feita com adubos orgânicos. Estes
adubos são obtidos a partir da decomposição de restos de plantas ou de fezes
de animais (boi, galinha, etc.), pela ação dos microrganismos e também das
minhocas. Há também os chamados adubos verdes que são plantas
(geralmente leguminosas) que são cultivadas antes ou junto com a cultura
principal. As folhas e palhada dos adubos verdes contém nutrientes que
lentamente vão sendo mineralizados e utilizados por outras culturas como por
exemplo, fruteiras, café, e até mesmo o milho (EMBRAPA c., 2007).
28
A periodicidade do crescimento vegetativo do cafeeiro está
associada a diversos fatores ambientes, como: temperatura, fotoperíodo,
irradiância, suprimento de água e de nutrientes e crescimento reprodutivo
(MATOVANI, 2007)
O café é uma espécie de floração gregária, ou seja, todas as plantas
de uma região florescem simultaneamente, com número de floradas variável,
desde umas poucas até várias ao longo do ano nas regiões equatoriais
(SOARES, 2005).
O cafeeiro arábica, quando em áreas com temperaturas médias
anuais elevadas (acima de 23º C), apresenta a frutificação e a maturação
demasiadamente precoces, podendo esse fato, acarretar perdas na qualidade
final do produto, pois as fases da colheita e secagem podem coincidir com
períodos quentes e chuvosos. Por outro lado, temperaturas médias anuais
baixas (inferiores a 18º C) provocam aumento no período de frutificação,
podendo ocorrer a maturação, se sobrepondo ao florescimento no ano
seguinte, prejudicando a vegetação e produção final (ALFONSI, 2007).
A colheita do café pode ser feita de forma manual, semi-mecanizada
e mecanizada. A colheita manual pode ser do tipo seletiva, catando-se a dedo
somente os frutos maduros ou do tipo concentrada, derriçando-se todos os
frutos de cada ramo no chão, em panos ou em peneiras. Por outro lado, a
colheita semi-mecanizada utiliza derriçadeiras portáteis ou tracionadas,
desprovidas de recolhedores e a mecanizada é feita com máquinas colhedeiras
completas automotrizes ou tracionadas por trator (EMBRAPA a., 2007).
Existem duas maneiras de se fazer a secagem do café. Uma delas é
por meio de terreiro, também conhecida por secagem de via úmida. O terreiro
29
deve ser construído, com cimento, asfalto ou outro material, sobre um terreno
de topografia plana. Quanto ao tamanho da área destinada à secagem, é
necessário levar em consideração o número de cafeeiros existentes na
propriedade. Na secagem em terreiro, os grãos devem ser esparramados pelo
chão em camadas finas e revolvidos freqüentemente. Conforme for diminuindo
o teor de umidade com a ação do sol, o café já pode ser disposto em camadas
mais grossas. O ponto ideal de umidade, que fica em torno de 11%, pode ser
reconhecido de várias maneiras. Ao observar, através do aspecto ou do peso,
o produtor já pode identificar se o grão atingiu o grau de umidade necessário.
(COFFEE BREAK, 2007)
O secador mecânico é outra alternativa. Ao contrário do que ocorre
no secador de terreiro, este processo requer menos tempo para atingir o grau
de umidade necessário. Os grãos ficam em uma câmara de aquecimento, na
qual permanecem aquecidos através da queima de combustível em uma
fornalha. Esse aquecimento deve ser feito de maneira indireta, para evitar que
os gases da combustão contaminem os grãos. O calor liberado não pode
ultrapassar a temperatura de 45ºC. O período de secagem pode ser contínuo
ou descontínuo. (COFFEE BREAK, 2007)
No Brasil ainda predomina o sistema de beneficiamento do café por
via seca, em que o café é seco com casca, geralmente em terreiros. Em uma
segunda alternativa de preparo, o café “cereja”, separado do verde e “bóia,” é
descascado, com retirada da sua polpa, sendo o grão (pergaminho) assim
obtido seco juntamente com a mucilagem que o reveste. O café preparado
dessa maneira é chamado de “cereja descascado”. Existe ainda a possibilidade
de remoção da mucilagem residual que reveste o grão; o processo pode
30
ocorrer por uma fermentação natural em tanques, ou então utilizando-se
máquinas desmuciladoras, obtendo-se finalmente o “café despolpado”, que é
posteriormente submetido à secagem. Em todas estas etapas é necessário o
controle de umidade e da atividade de água para minimizar possíveis
contaminações com fungos produtores de ocratoxina (SILVA, 2007).
Figura 06 – Café no terreiro após beneficiamento
(foto do autor – Patrocínio 2004)
As cascas obtidas a partir do processo de beneficiamento podem ser
usadas no processo de compostagem. A compostagem é um processo
biológico em que ocorre a desintegração dos resíduos como conseqüência da
decomposição aeróbica. Os resíduos são decompostos nas suas unidades
mais simples, metabolizados pelos microrganismos (bactérias, fungos e
actinomicetos), transformando-se em biomassa microbiana. Há grande
desprendimento de CO2 e vapor d'água, sendo grande parte da energia
decorrente da atividade dos microrganismos liberada na forma de calor
(EMBRAPA d., 2007).
O produto obtido a partir da compostagem é chamado de composto.
O composto possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maior quantidade pelas
31
raízes além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são
absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de
micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o
composto é feito, maior será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Os
nutrientes do composto, ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos,
são liberados lentamente, realizando a tão desejada "adubação de
disponibilidade controlada" (PLANETA ORGÂNICO, 2007).
Figura 07 – Cascas coletadas após beneficiamento
(foto do autor – Patrocínio 2004)
3.4. COMPOSTOS ATIVOS DO CAFÉ
O grão de café (café verde) possui além de uma grande variedade
de minerais como potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca), sódio (Na), ferro
(Fe), manganês (Mn), rubídio (Rb), zinco (Zn), Cobre (Cu), estrôncio (Sr),
crômio (Cr), vanádio (V), bário (Ba), níquel (Ni), cobalto (Co), chumbo (Pb),
32
molibdênio (Mo), titânio (Ti) e cádmio (Cd); aminoácidos como alanina,
arginina, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina,
lisina,metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, tirosina, valina; lipídeos
como triglicerídeos e ácidos graxos livres , açúcares como sucrose, glicose,
frutose, arabinose, galactose, maltose e polissacarídeos. Adicionalmente o café
também tem uma vitamina do complexo B, a niacina (vitamina B3 , PP ou
"Pelagra Preventing" do inglês) e, em maior quantidade que todos os demais
componentes, os ácidos clorogênicos, na proporção de 7 a 10 %, isto é, 3 a 5
vezes mais que a cafeína. (LIMA, 2007)
2.4.1. COMPOSTOS FENÓLICOS
Uma “substância fenólica ou polifenólica” é aquela que tem um ou
mais núcleos aromáticos contendo substituintes hidroxilados e/ou seus
derivados funcionais (ésteres, éteres, glicosídeos e outros). Entretanto, uma
definição levando em conta somente a estrutura química não é apropriada,
uma vez que existem compostos contendo hidroxilas fenólicas, que fazem
parte de outras classes de metabólitos. Dessa forma, é mais conveniente
empregar-se um definição que leva em conta também a origem biogenética
(SIMÕES, 2003)
As classes de compostos fenólicos mais importantes são: a lignina,
que fortalece mecanicamente as paredes celulares; os pigmentos flavonóides,
que agem como proteção contra a radiação ultravioleta e como atrativos para
os polinizadores e dispersores de sementes. Os taninos, a lignina, os
flavonóides e outros compostos fenólicos, atuam na defesa contra a herbivoria
e os patógenos (SALGADO, 2004).
33
Os compostos fenólicos de fontes vegetais podem ser divididos em
dois grupos: os flavonóides e os não flavonóides. Sendo que ambos são
metabólitos secundários presentes em frutas e vegetais. A distribuição dos
flavonóides nos vegetais depende de diversos parâmetros de acordo com a
fila/ordem/família do vegetal, bem como da variação das espécies. Os
flavonóides são formados da combinação de derivados sintetizados da
fenilalanina (via metabólica do ácido chiquínico) e ácido acético (DEGÁSPARI,
2004). A origem biogenética determina o padrão de substituição do composto
fenólico resultante. Dessa maneira, pela via do ácido chiquímico obtém-se
compostos com grupos hidroxilas em posição orto, que se formam a partir do
ácido cinâmico. Por outro lado, a via do acetato-polimalato origina compostos
com grupos hidroxilas dispostos em posição meta. (SIMÕES, 2003)6
Logo após a produção dos compostos polifenólicos esses podem ser
armazenados em vesículas, na forma original ou glicosada. A
compartimentalização é fundamental para o funcionamento das células, pois os
fenóis são tóxicos e devem ser mantidos na forma reduzida. A
descompartimentalização dos fenóis pode levar à sua rápida oxidação pela
ação das peroxidases, em resposta a infecção. Quando os fenóis se mantém
livres no citoplasma podem ser tóxicos aos patógenos como à própria célula
vegetal, provocando reações de hipersensibilidade. Os taninos são
encontrados, principalmente, nos vacúolos das plantas e, portanto, não
interferem no metabolismo vegetal, exceto após a lesão ou morte das plantas
quando se tornam eficientes na sua ação toxicológica (SALGADO, 2004)7 8 9.
6 GEISSMAN, T.A.; CROUT, D.H.G. Organic Chemistry of secondary plant metabolism. San Francisco: Freeman, Cooper, p.92-181, 1969. 7 ISAAC, S. Fungal and plant interactions. Cambridge: Chapman and hall, 418p., 1992.
34
Segundo Salgado (2004) os compostos fenólicos são bem
conhecidos como substâncias fungitóxicas, antibacterinas e antiviróticas. O
efeito inibitório desses metabólitos na germinação dos esporos, crescimento
micelial e produção de enzimas variam entre os diferentes grupos de fenóis.
Dessa forma, essas substâncias tem sido consideradas como compostos que
participam dos mecanismos de defesa das plantas. O metabolismo primário e
secundário do carbono é dependente da fotossíntese e da formação de
carboidratos. A partir do metabolismo primário, ocorre a biossíntese de
compostos fenólicos por meio da realocação de fotoassimilados para o
metabolismo secundário.
Segundo Santa-Cecília (2001) muitos trabalhos vêm mostrando a
função dos compostos polifenólicos na fisiologia das plantas, sendo
responsáveis pela resistência ou susceptibilidade, em alguns foi constatado
que tanto nas variedades de cafeeiro susceptíveis à ferrugem quanto nos
cafeeiros resistentes à ferrugem, ocorreu aumento na quantidade de fenóis
presentes após a incubação do fungo causador da doença.
2.4.2. CAFEÍNA
A cafeína é uma metilxantina encontrada no café, metilxantinas são
constituintes químicos de várias bebidas alimentícias ou estimulantes não
alcoólicas. Em função de sua origem biogenética, não sendo originárias de
aminoácidos, mas de bases púricas, e de seu caráter anfótero, pois podem se
comportar como ácidos ou bases, as metilxantinas são geralmente
8 HRAZDINA, G. Compatimentation in phenolic metabolism. Acta Horticulture, v.1, n.318, p.8693, 1994. 9 CANNAS, A. Tannins: fascinating but sometimes dangerous molecules. http://www.ansci.cornell.edu/plants/toxicagens/tannin.htm Itaka, 1999
35
consideradas como pseudoalcaóides. Mas, devido à sua atividade biológica
marcante, distribuição restrita e presença de nitrogênio heterocíclico, muitos
autores classificam as metilxantinas como alcalóides verdadeiros,
denominados alcalóides purínicos (SIMÕES, 2003)
As metilxantinas ocorrem em famílias não filogeneticamente
relacionadas, como distribuição restrita principalmente a regiões tropicais e
subtropicais. Mais raramente, ocorrem em zonas temperadas, como China e
Japão. Aproximadamente 60 espécies vegetais, distribuídas especialmente nos
gêneros Coffea (Rubiaceae), Cola e Theobroma (Sterculiaceae), Paullinia
(Sapindaceae), Ilex (Aquifoliaceae) e Camellia (Theaceae = Ternstroemiaceae)
contêm metilxantinas (SIMÕES, 2003)
A cafeína atua antagonizando os efeitos da adenosina, uma
substância química do cérebro (neurotransmissor) que causa o sono e da
microcirculação, onde melhora o fluxo sangüíneo (CIC, 2007).
C C
CC
NO
NH3C N
CH3
CH
N
O
CH3 Figura 08 – Cafeína
2.4.3. ÁCIDOS CLOROGÊNICOS
Os ácidos clorogênicos (7 -10 %) são polifenóis com ação
antioxidante que no processo de torra forma quinídeos, que têm um potente
efeito antagonista opióide. Isto é, bloqueiam no sistema límbico o desejo
36
excessivo de auto-gratificação que leva o indivíduo insatisfeito a se deprimir e a
consumir drogas como nicotina, álcool e mesmo as ilegais. Adicionalmente o
quinídeos inibem a recaptação da adenosina (que atua por mais tempo),
agindo assim de forma protetora contra os efeitos da cafeína nas células
nervosas e melhorando a microcirculação. Por isto o consumo regular de uma
planta como o café, na dose de quatro xícaras diárias, pode ajudar a prevenir a
depressão e suas conseqüências, como o consumo de drogas, conforme
dados de diversos estudos científicos modernos no Brasil e no exterior (ABIC,
2007).
HO
HO
O
OH
OH
HO O
O
OH
Figura 09 – Ácido Clorogênico
Pode-se dizer, que os ácidos clorogênicos são um conjunto de 5
grupos principais de compostos fenólicos e seus isômeros formados,
principalmente, pela esterificação do ácido quínico com um dos seguintes
ácidos derivados do ácido cinâmico: o ácido cafeico, o ferúlico, ou o p-
cumárico. Estes grupos são ácidos cafeoilquínicos, com três isômeros
principais (3, 4, 5); os ácidos dicafeoilquínicos, cujos isômeros principais são
3,4; 3,5; 4,5; ácidos feruloilquínicos (3, 4, 5), ácidos p-cumaroilquínicos, e os
ácidos cafeoilferuloilquínicos (SIMÕES, 2003).
Durante as últimas décadas, estudos in vitro e in vivo levaram os
pesquisadores a atribuir diferentes funções farmacológicas aos ACG, tais como
a ligação a centros opióides do cérebro; atividade inibitória sobre as integrases
37
que participam na replicação do vírus HIV; indução da diminuição dos níveis
sanguíneos de glicose, por meio da inibição da enzima glicose-6-fosfatase;
efeito indutor na replicação e na mobilidade de macrófagos de camundongos, o
que acarretaria um aumento da imunidade e característica anti-mutagênica
(MONTEIRO, 2005).
Durante a torrefação, os ácidos clorogênicos são progressivamente
degradados, contribuindo amplamente para a formação do aroma e sabor final
da bebida e outros produtos do café torrado podendo ocorrer perdas de até
90% do conteúdo inicial de ácidos clorogênicos após torrefação severa dos
grãos. Aproximadamente metade do conteúdo total de ácidos clorogênicos
degradados na torrefação pode ser encontrada na fração de pigmentos, na
forma de ácido quínico livre e como compostos fenólicos de baixa massa
molecular (MONTEIRO, 2005)
3.5. QUALIDADE DO CAFÉ
A qualidade do café está relacionada às características dos grãos
quanto à cor, aspecto, número de defeitos, aroma e gosto da bebida, e
depende de vários fatores, como, a composição química do grão, que é
influenciada por fatores genéticos, condições climáticas, sistemas de cultivo,
época de colheita, preparo, armazenamento, torração e características
organolépticas da bebida.
2.5.1. PROVA DE XÍCARA
Este método é desenvolvido por meio de uma equipe treinada que
classificam a bebida de acordo com as suas características organolépticas. Os
38
provadores podem ser escolhidos da seguinte maneira: de certo número de
pessoas recrutadas para serem provadores, seleciona-se aqueles que têm
habilidade para discriminar o gosto amargo, e destes seleciona-se os mais
aptos a identificar o aroma e os mais aptos a identificar o sabor.
A identificação da bebida é feita por meio de degustação e antes de
ser provado, o café é torrado e moído. Em uma xícara ou pires é feita uma
infusão de 10 gramas de pó com 100 mL de água quente (em ponto de
primeira fervura). Após misturar com uma concha, o provador sente o aroma da
infusão, e depois a espuma é retirada. O processo de degustação se inicia
quando o pó estiver depositado no fundo e a mistura estiver morna. Com o
auxílio da concha, o degustador sorve uma quantidade de líquido, que mantém
na boca o tempo suficiente para sentir o sabor. Em seguida, esse líquido é
expelido em um recipiente, chamado "cuspideira". As provas de café são feitas
simultaneamente com diversas amostras. Por esse motivo, o degustador deve
ter um paladar apurado e, principalmente, deve poder distinguir a diferença
entre as bebidas (Cortez, 2001).
2.5.2. ANÁLISES QUÍMICAS
Atualmente procura-se estabelecer um critério não subjetivo para a
prova de xícara, sendo que para isso se procura determinar por métodos
químicos padrões de compostos “chave” para a determinação da qualidade do
café (MAZZAFERA, 2002).
Visando melhorar a qualificação do café para a venda, algumas
análises químicas são feitas, visando caracterizar melhor o produto, são essas
39
análises a acidez titulável do café, condutividade elétrica, teor de açúcares
totais, compostos fenólicos e atividade da polifenoloxidase (PFO).
A acidez da bebida de café é uma das características utilizadas para
a avaliação da qualidade. Sabe-se que as fermentações que ocorrem nos
grãos por meio de rotas bioquímicas variadas induzem à produção de álcoois e
ácidos, entre outros compostos (COELHO, 2002).
A fração ácida do café é constituída, basicamente, por ácidos não
voláteis (oxálico, málico, cítrico, tartárico e pirúvico) e ácidos voláteis
(acético,propiônico, valérico e butírico). Alguns desses ácidos, dependendo de
suas concentrações, conferem sabor e odor desagradáveis à bebida do café. A
presença dos defeitos possivelmente acarreta um desequilíbrio quanto à
existência e proporção desses ácidos, ocasionando redução na qualidade do
café (COELHO, 2002)
Condutividade elétrica: mede a concentração de íons através da
corrente elétrica, que no caso do café são exsudatos originados do grão. De
modo geral quanto menor o valor de condutividade elétrica melhor a qualidade
da bebida. Os grãos do café são pesados e imersos em 75 mL de água
destilada no interior de copos plásticos, por um período de 3,5 horas. Após este
período mede-se a condutividade elétrica com um condutivímetro de leitura
direta, com os resultados expressos em micro Siemens por grama (Romero,
2003).
Alguns autores ressaltam a importância de teor de açúcares totais
para a qualidade da bebida do café. De maneira geral, os açúcares parecem
não afetá-la, entretanto, ressalta-se que eles participam de importantes
reações químicas que ocorrem durante a torração, dentre elas a reação de
40
Maillard e/ou caramelização, responsável pela formação da cor, do sabor e do
aroma peculiares da bebida. O teor de açúcares pode-se relacionar com as
condições climáticas das diferentes regiões onde o café é produzido, e em
maiores teores propiciam um amadurecimento mais uniforme dos frutos e
consequentemente um acúmulo maior, devido a menor incidência de
microorganismos precursores de fermentação (SILVA, 2002).
Os compostos fenólicos também são apontados como importante
fator na qualidade da bebida e compõem um grupo heterogêneo de
substâncias, que estão presentes em todos os vegetais, e no café esses
compostos contribuem sobremaneira para o aroma e o sabor do produto final,
sendo responsáveis pela adstringência dos frutos (PIMENTA, 2002).
Segundo, Pinto et al. (2002) em seu trabalho de caracterização
química e sensorial de cafés torrados espresso encontrou para bebidas
estritamente mole maior teor de polifenóis.
A atividade da polifenoloxidase (PFO) ultimamente tem causado
bastante discussão no meio científico, sendo apontada por muitos técnicos
como bom parâmetro para classificação da bebida de café.
Mazzafera et. al. afirmam que uma descoberta feita por Amorim e
Silva (1968) de que café de bebida mole apresentava maior atividade da PFO
que café de bebida Rio tem sido amplamente utilizada como indicadora da
qualidade da bebida. Em termos de ação enzimática, as enzimas
polifenoloxidases atuam nos polifenois, diminuindo a ação anti-oxidantes
destes compostos sobre os aldeídos, e facilitando sua oxidação, o que resulta
na produção de quinonas (que reagem com outras moléculas formando
compostos escuros), que inibem a ação das PFOs. Assim se estabelece uma
41
relação entre a baixa atividade da PFO e os cafés de baixa qualidade.
(MAZZAFERA, 2002)
3.6. METABOLISMO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO
Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos
metabólicos que desempenham uma função essencial no vegetal, tais como a
fotossíntese, a respiração e o transporte de solutos. Os compostos envolvidos
no metabolismo primário possuem uma distribuição universal nas plantas. Esse
é o caso dos aminoácidos, dos nucleotídeos, dos lipídios, carboidratos e da
clorofila.
Em contrapartida, o metabolismo secundário origina compostos que
não possuem uma distribuição universal, pois não são necessários para todas
as plantas. Como conseqüência prática, esses compostos podem ser utilizados
em estudos taxonômicos (quimiosistemática). Um exemplo clássico são as
antocianinas e betalainas, as quais não ocorrem conjuntamente em uma
mesma espécie vegetal. As betalainas são restritas a dez famílias de plantas,
pertencentes a ordem Caryophyllales, que conseqüentemente não possuem
antocianinas. Como a beterraba (Beta vulgaris) pertence a uma dessas famílias
(Chenopodiaceae), a coloração avermelhada de suas raízes só pode ser
atribuída à presença de betalainas, e não às antocianinas, como erroneamente
costuma se pensar (PERES, 2007).
3.7. COMPOSTOS BIOATIVOS DO CAFÉ E A SAÚDE
Em pesquisas epidemiológicas alguns flavonóides apresentam-se
associados com a proteção contra doenças do envelhecimento. Isto pode ser
42
justificado devido à sua ação antioxidante. A formação de radicais livres pelo
oxigênio é supostamente a chave para o desenvolvimento de câncer e doenças
coronárias, aliado à função protetora da membrana celular. Radicais livres
podem atacar biomoléculas dentre as quais destacam-se os lipídios, as
proteínas ou DNA propriamente dito, os quais podem ser preservados pela
ação dos anti-oxidantes (DEGÁSPARI, 200410)
As frutas, principalmente as que apresentam a coloração
vermelha/azul, são as mais importantes fontes de compostos fenólicos em
dietas alimentares. Especialmente os derivados do ácido hidroxibenzóico e do
ácido hidróxiciânico dentre estes cita-se: as antocianinas, os flavonóides, as
catequinas e os taninos (hidrolisados ou condensados) nas quais estão
freqüentemente presentes. Muitos compostos apresentam uma grande gama
de efeitos biológicos, incluindo ações anti-oxidantes, antimicrobiana,
antiinflamatória e vasodilatadora. Estes compostos fenólicos apresentam
diversas funções para as plantas, não somente contra agentes do meio
ambiente (luz, temperatura e umidade) mas para fatores internos incluindo
diferenças genéticas, nutrientes, hormônios, contribuindo para a sua síntese
(DEGASPARI, 2004)11
3.8. ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR NO
ULTRAVIOLETA/VISÍVEL
A espectrofotometria é um processo de medida que basicamente,
emprega as propriedades dos átomos e moléculas de absorver e/ou emitir
10 BIRCH, A.E. et. al. Antioxidant proprieties of evening primrose seed extracts. J. Agric. Food Chemistry, Chicago, v.49, p. 4502-4507, 2001. 11 AHERNE,S.A.; O’BRIEN, N.M. Dietery flavonols: chemistry, food content, and metabolism. Nutrition. New York, v.18, n.1, p.75-81, 2002
43
energia eletromagnética em uma das regiões do espectro eletromagnético
(CIENFUEGOS, 2000).
A espectroscopia de absorção é uma das ferramentas mais úteis e
amplamente usadas disponíveis para o químico para análise quantitativa.
Características importantes dos métodos espectrofotométricos incluem:
(1) ampla a sistemas orgânicos e inorgânicos,
(2) sensibilidades típicas de 10 – 4 a 10 – 5 M,
(3) seletividade moderada a alta,
(4) boa exatidão (tipicamente, incertezas relativas de 1 a 3% são
encontradas, embora com precauções especiais os erros podem ser reduzidos
a décimos de uma parte por cento)
(5) facilidade e conveniência de aquisição de dados (SKOOG, 2002).
2.8.1. A ENERGIA RADIANTE
A principal classe de métodos analíticos baseia-se na interação da
energia radiante com a matéria. Um estudo das propriedades da energia
radiante revela uma dualidade essencial na nossa compreensão de sua
natureza. Em alguns aspectos suas propriedades são as de uma onda,
enquanto em outros é evidente que a radiação consiste em uma séria de
pacotes de energia discretos (fótons). (EWING, 1972)
É conveniente descrever a luz em termos de partículas e de ondas.
As ondas luminosas consistem em campos magnéticos e elétricos oscilantes,
perpendiculares (HARRIS, 2001). A energia radiante pode ser descrita em
termos de um número de propriedades ou parâmetros. A freqüência ν é o
número de oscilações por segundo descrita pela onda eletromagnética; as
44
unidades de freqüência é o hertz. A velocidade (c) de propagação é bem
próxima de 2,998x108 m.s-1 para a radiação atravessando o vácuo e algo
menor pela passagem através de vários meios transparentes. O comprimento
de onda é a distância entre as cristas adjacentes da onda em um feixe de
radiação. É dado pela razão entre a velocidade e a freqüência. As unidades de
comprimento de onda são os angstroms, microns ou nanômetros. (EWING,
1972)
Figura 10 – Campo eletromagnético (fonte HARRIS, 2001)
As regiões de maior interesse para análiese químicas são as
compreendidas entre 200 a 380nm (ultravioleta), 380 a 780nm (visível) e 2 a
16μ (infravermelho). Apesar do mecanismo de absorção de energia ser
diferente nas regiões do ultravioleta e do infravermelho, o processo
fundamental que ocorre é a absorção de certa quantidade de energia. A
energia necessária para a transição de um estado de menor energia para um
outro de maior energia é diretamente relacionada à freqüência da radiação
eletromagnética que causa a transição (CIENFUEGOS, 2000).
45
Figura 11 – Espectro de radiação eletromagnética (fonte HARRIS,2001)
2.8.2. ABSORÇÃO DE ENERGIA
Quando uma molécula absorve um fóton, a energia da molécula
aumenta. Dizemos que a molécula é promovida a um estado excitado. Se a
molécula emite um fóton, a energia da molécula diminui. O estado de menor
energia de uma molécula é chamado de estado fundamental. A radiação de
microondas estimula o movimento de rotação das moléculas quando é
absorvida. A radiação infravermelha estimula as vibrações das moléculas, e a
luz visível e a radiação ultravioleta causa a transferência de elétrons para
orbitais de maior energia. Os raios X e a radiação ultravioleta de comprimento
de onda curto provocam o rompimento de ligações químicas e ionizam as
moléculas. (HARRIS, 2005).
Figura 12 – Estados excitado e fundamental (fonte HARRIS,2005)
46
A energia total de uma molécula é a soma de suas energias
eletrônica, vibracional e rotacional. A magnitude destas energias decresce na
ordem: Eelet, Evib e Erot. A absorção de energia na região do ultravioleta produz
modificações da energia eletrônica da molécula em conseqüência de
transições dos elétrons de valência. Estas transições implicam a excitação de
um elétron de um orbital molecular ocupado (usualmente um orbital p não
ligante ou um orbital π ligante) ao primeiro orbital de energia superior (um
orbital antiligante π* ou σ*). A energia absorvida depende da diferença de
energia entre o estado fundamental e o estado excitado. Quanto menor a
diferença, maior será o comprimento de onda de absorção. O excesso de
energia acumulada no estado excitado pode resultar em dissociação ou
ionização da molécula, o ser reemitido na forma de calor ou de luz.
(SILVERSTEIN, 1991).
Figura 13 – Níveis de energia eletrônica molecular (fonte -SKOOG, 2002)
A absorção seletiva da energia radiante nas regiões do espectro
visível e ultravioleta depende primeiramente do número e arranjo dos elétrons
nas moléculas ou íons absorventes. A absorção seletiva entre os compostos
47
orgânicos é relacionada a uma deficiência de elétrons na molécula. Compostos
totalmente saturados não mostram absorção seletiva nas regiões do visível e
ultravioleta. Compostos que contêm uma dupla ligação absorvem fortemente
no ultravioleta afastado. As duplas ligações conjugada (isto é, duplas e simples
ligações alternadas) produzem absorção a maiores comprimentos de onda.
Quanto mais extenso for o sistema conjugado, mais longos são os
comprimentos de onda onde se observa a absorção. O sistema conjugado
completo de um composto é denominado seu cromóforo, grupo que absorve
radiação (EWING, 1972).
No tratamento de orbitais moleculares, elétrons π tornam-se ainda
mais deslocalizados por conjugação. Os efeitos dessa deslocalização são um
abaixamento do nível de energia do orbital π* e a promoção de um caráter
menos antiligante para este orbital. Como conseqüência, os máximos de
absorção são deslocados para comprimentos de onda maiores. As absorções
de multicromóforos em uma única molécula orgânica são aproximadamente
aditivas, uma vez que os cromóforos estejam separados uns dos outros por
mais de uma ligação simples. A conjugação de cromóforos, no entanto tem um
profundo efeito nas propriedades espectrais (SKOOG, 2002).
Muitos solventes são utilizados na região do ultravioleta-visível.
Muitos solventes de “pureza espectroscópica” adequada para o ultravioleta.
Quando se planeja a utilização de um solvente deve-se levar em conta sua
inércia em relação ao soluto. Assim, por exemplo, o espectro de aldeídos não
deve ser determinado em álcoois. É possível detectar a ocorrência de reações
fotoquímicas péla variação da absorbância com o tempo após exposição ao
feixe de radiação ultravioleta do instrumento (SILVERSTEIN, 1991)
48
Ao escolher um solvente, deve-se considerar não apenas a sua
transparência, mas também seus possíveis efeitos sobre o sistema absorvente.
Geralmente solventes polares, como água, álcoois, ésteres e cetonas, tendem
a obliterar a estrutura fina espectral que se origina de efeitos vibracionais;
espectros que se aproximam aos da fase gasosa têm mais possibilidade de ser
observados em solventes não-polares como hidrocarbonetos. Além disso, as
posições de máximos de absorção são influenciadas pela natureza do solvente.
Evidentemente, o mesmo solvente deve ser usado ao comparar espectros de
absorção com propósito de identificação (SKOOG, 2002).
2.8.3. APLICAÇÃO EM ANÁLISES QUANTITATIVAS
2.8.3.1. LEI DE LAMBERT – BEER
A lei de Lambert estabelece que quando a luz monocromática passa
através de um meio transparente, a taxa de decréscimo da intensidade com a
espessura do meio é proporcional à intensidade da luz. Isto é equivalente a se
dizer que a intensidade da luz emitida decresce exponencialmente à medida
que a espessura do meio absorvente aumenta aritmeticamente, ou que
qualquer camada de uma dada espessura do meio absorve a mesma fração da
luz incidente sobre ela.
49
Figura 14 – Lei de Lambert
It = I0. e-kl (1)
Onde I0 é a intensidade da luz incidente sobre o meio absorvente de
espessura l, It é a intensidade da luz transmitida e k é uma constante para o
meio no comprimento de onda considerado (VOGEL, 1981).
A lei de Beer mostra a relação entre a transmissão e concentração,
a mesma relação que Lambert verificara entre a transmissão e a espessura da
camada, a intensidade do feixe de luz monocromática decresce
exponencialmente à medida que a concentração da substância absorvente
aumenta aritmeticamente.
It = I0. e-kc (2)
As equações 1 e 2 podem ser unificadas e a esta equação pode ser
aplicado o logaritmo natural e após isso mudar a base para o logaritmo comum
e obtemos a equação (3):
It = I0 . 10-acl (3)
50
Figura 15 – Lei de Beer
Considerando I0 como sendo a quantidade de luz incidente, It e I’t
como sendo as quantidades de luz que transmitida através da cubeta de
amostra e c indicando a concentração da amostra.
A lei de Beer estabelece que a absorbância A, quantidade de luz
absorvida pela amostra, é diretamente proporcional à concentração da espécie
absorvente. A fração de luz que passa por uma amostra, a transmitância T,
está relacionada logaritmicamente, e não linearmente com a concentração da
amostra (HARRIS, 2005).
A = log(I0/It) = log 1/T = – log T (4)
A lei de Beer é válida para radiação monocromática passando
através de uma solução diluída, onde a espécie absorvente não está
participando de um equilíbrio que seja dependente da concentração. Ela
estabelece que a absorbância é proporcional à concentração da espécie
absorvente. Ela se aplica à maioria das substâncias quando a radiação é
monocromática e as soluções a serem estudadas são suficientemente diluídas
51
(menores ou iguais a 0,01M). Em soluções concentradas, as moléculas do
soluto influenciam umas as outras devido à sua proximidade. Quando as
moléculas do soluto ficam muito perto umas das outras suas propriedades
sofrem ligeiras modificações. Em concentrações muito altas, o soluto torna-se o
solvente. As propriedades de uma molécula não são exatamente as mesmas
quando dissolvidas em solventes diferentes (HARRIS, 2005).
Para a maioria das análises químicas, a resposta do procedimento
analítico deve ser avaliada usando-se quantidades conhecidas do analito (os
padrões), de forma que a resposta para uma quantidade desconhecida possa
ser determinada. Tendo em vista esse propósito, normalmente faz-se uso de
uma curva de calibração, que mostra a resposta de um método analítico em
função de quantidades conhecidas do analito (HARRIS, 2005).
Quando se trabalha com soluções padrão se faz uso da relação
entre concentrações e absorbâncias. Entretanto, nem sempre tais soluções
podem se manter estáveis e sua preparação diária demanda grande perda de
tempo. É por isso que, com mais freqüência, se recorre ao uso de curvas de
calibração (CIENFUEGOS, 2000).
2.8.4. Diagrama do equipamento
Dentre os equipamentos de espectrometria ultravioleta/visível
existem muitas variações de construção de um fabricante para outro, mas
basicamente todos apresentam duas versões, que são equipamentos de feixe
único e equipamentos de feixe duplo.
52
Figura 16 – Espectrofotômetros: (a) feixe único, (b) feixe duplo feixe
(fonte SKOOG 2002)
Instrumentos de feixe único para medidas de absorção como
mostrado na figura acima, consistem de uma fonte de radiação, um filtro ou
monocromador para a seleção do comprimento de onda, células casadas, que
podem ser interpostas alternadamente no feixe de radiação, um transdutor,
fotodetector, um amplificador e um dispositivo de leitura. Normalmente, um
instrumento de feixe único requer uma fonte estabilizada de tensão para evitar
erros resultantes de variação da intensidade do feixe durante o tempo
necessário para fazer o ajuste de 100% T e determinar % T para o analito
(SKOOG, 2002).
Os instrumentos de feixe duplo apresentam dois feixes que são
gerados por um espelho no formado de V chamado divisor de feixe. Um feixe
passa através da solução-referência até o fototransdutor e o outro atravessa
53
simultaneamente a amostra até o segundo fotodetector casado. As duas saídas
são amplificadas e sua razão é determinada eletronicamente e exibida no
dispositivo de leitura (SKOOG, 2002).
54
4. PARTE EXPERIMENTAL
3.9. AMOSTRAGEM
Foram utilizados cultivares de café Obatã – IAC – 1669-20 plantados
em Janeiro de 2002 com espaçamento de 3,4m x 0,9m, presentes na área
experimental da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade
de São Paulo, Piracicaba-SP.
Figura 17 – Área experimental – I (foto do autor – ESALQ, 2006)
55
Figura 18 – Área experimental – II (foto do autor – ESALQ, 2006)
As análises de espectrofotometria ultravioleta/visível para determinar
a quantidade de fenóis totais presentes nas cascas e nas sementes em
diversos estados de amadurecimento.
As amostras foram divididas em seis categorias de acordo com a cor
apresentada pelos frutos, sendo apresentados nas seguintes categorias: verde,
verde/amarelado, amarelo, amarelo/avermelhado, vermelho e cereja como
mostra a Figura 19.
Figura 19 – Amostras dos frutos, seguindo de verde para cereja (foto do autor)
As análises foram feitas no laboratório do CENA-USP Piracicaba
utilizando o método descrito por Dawra (1988), Inoue (1988).
56
A opção por um método de determinação das quantidades via
extração como tais métodos utilizam, deve-se ao fato de que o objetivo deste
trabalho é a possibilidade de implantação de tais métodos em escala industrial.
As amostras foram colocadas em estufa a 40ºC por 48 horas e então
separas as sementes das cascas por processo manual. Após a separação as
cascas e as sementes foram trituradas e passou-se ao processo de extração
das frações solúveis.
Extração de frações solúveis
Foram pesados 200mg da amostra moída, em um becker e
adicionados 10 mL de solução de acetona 70%. As amostras foram submetidas
a ultra-som, em água contendo gelo por 20 minutos. Após esse tratamento as
amostras foram centrifugadas por 10 minutos a temperatura de 4ºC a 3000
rpm, o sobrenadante foi coletado e conservado em gelo.
Análise de Fenóis Totais
Em tubos de ensaio foram adicionados 50μL do extrato, 450μL de
água destilada, 520μL do reagente Folin Ciocalteau (solução contendo
molibdato, tungstato e ácido fosfórico -1N) (diluído 1:1) e 1,25mL de solução de
carbonato de sódio 20%. Os tubos foram agitados e após 40 minutos foi feita a
leitura em espectrofotômetro, medindo-se a absorbância em comprimento de
onda de 725nm.
Geralmente em estudos para a quantificação de fenóis totais
empregam-se ensaios como os métodos de Folin-Denis ou Folin-Ciocalteau,
pois estes métodos utilizam reações de oxi-redução entre o reagente e as
hidroxilas fenólicas gerando complexos coloridos, que são quantificados por
57
espectrofotometria (SIMÕES, 2003). A cor apresentada por este complexo
durante a análise foi a cor azul.
Obtenção da curva de calibração
A curva padrão foi preparada a partir de uma solução de ácido tânico
0,1mg/mL e posteriormente diluída na proporção de 1:10 (1mL de solução de
ácido tânico completando o volume de um balão volumétrico de 10mL com
água destilada). Em tubos de ensaio, foi prepara a curva colocando volumes
crescentes da solução diluída (20μL, 40μL, 60μL, 80μL, 100μL). No tubo para a
medida do branco não foi colocada a solução de ácido tânico. Os volumes dos
tubos, inclusive da medida do branco foram completados com 500μL de água
destilada. Posteriormente foi adicionado a todos os tubos 250μL do reagente
Folin Ciocalteu (1N) (diluído 1:1) e 1,25 mL de solução de carbonato de sódio
20%. Os tubos foram agitados por 40 minutos e foi feita a leitura em
espectrofotômetro, medindo-se a absorbância em comprimento de onda de
725nm.
58
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.10. RESULTADOS
O equipamento utilizado fui um espectrofotômetro Perkin Elmer
UV/VIS Lambda EZ 150 que apresenta feixe simples.
Tabela 02 – Curva de padronização Número
do padrão
Ácido Tânico
(μL) H2O (μL)
Absorbância em 725 nm
T0 0 500 0.000
T1 20 480 0,082 0,100
T2 40 460 0,173 0,178
T3 60 440 0,265 0,284
T4 80 420 0,365 0,382
T5 100 400 0,458 0,463
Padronização (725nm)
y = 0,046xR2 = 0,997
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0 2 4 6 8 10 12
ác. tânico
Abs
orbâ
ncia
Figura 20 – gráfico da padronização
O gráfico acima representa a curva da padronização para a
determinação do complexo Ácido Tânico/Fenóis obtida a partir da tabela 02.
59
Com base no método empregado foram obtidos os seguintes
resultados com relação à determinação de fenóis totais em equivalente grama
de ácido tânico em relação à quantidade de matéria seca (g/Kg) e em
molaridade de ácido tânico.
Tabela 03 – Fenóis Totais em fruto verde
FRUTO AMOSTRA MATÉRIA SECA
(g/Kg) FENÓIS TOTAIS
(eq.g de ac.tânico/Kg de matéria seca) Molaridade de ácido tânico (10-6 mol.L-1)
VD C-02 916,440 64,160 1,950 VD S-02 926,240 22,350 0,679 VD C-18 946,930 16,160 0,491 VD S-18 946,220 31,180 0,948 VD C-21 943,500 11,340 0,345 VD S-21 946,040 37,420 1,138 VD C-06 938,030 16,540 0,503 VD S-06 948,060 30,760 0,935 VD C-25 918,950 18,710 0,569 VD S-25 935,260 30,160 0,917 VD C-28 942,360 13,150 0,399 VD S-28 953,050 38,210 1,132
VD=VERDE; C= CASCA; S= SEMENTE
Figura 21- Gráfico Fenóis Totais em fruto verde (C= CASCA; S= SEMENTE)
Como a figura 21 mostra, o fruto verde do café apresentou
quantidade pequena de fenóis totais na casca em comparação a quantidade
encontrada na semente.
60
Tabela 04 – Fenóis Totais em fruto verde/amarelado
FRUTO AMOSTRA MATÉRIA SECA
(g/Kg) FENÓIS TOTAIS
(eq.g de ac.tânico/Kg de matéria seca) Molaridade de ácido tânico (10-6 mol.L-1)
VD-AM C-17 940,720 12,120 0,368 VD-AM S-17 944,240 36,110 1,098 VD-AM C-19 919,240 13,820 0,420 VD-AM S-19 939,810 30,330 0,922 VD-AM C-07 936,150 12,850 0,391 VD-AM S-07 940,640 35,770 1,087 VD-AM C-26 941,650 14,310 0,435 VD-AM S-26 944,810 37,560 1,142 VD-AM C-32 940,320 13,170 0,400 VD-AM S-32 938,560 31,340 0,953
VD-AM=VERDE-AMARELADO; C= CASCA; S= SEMENTE
Figura 22 – Gráfico Fenóis Totais em fruto verde/amarelado (C= CASCA; S= SEMENTE)
Pode-se observar pelo gráfico da figura 22 que a semente do café
nesta etapa apresenta maior quantidade de fenóis totais do que a casca.
Tabela 05 – Fenóis Totais em fruto amarelo
FRUTO AMOSTRA MATÉRIA SECA
(g/Kg) FENÓIS TOTAIS
(eq.g de ac.tânico/Kg de matéria seca) Molaridade de ácido tânico (10-6 mol.L-1)
AM C-03 888,440 70,800 2,152 AM S-03 920,030 20,540 0,624 AM C-22 936,440 27,870 0,847 AM S-22 938,800 39,200 1,192 AM C-27 911,840 26,940 0,819 AM S-27 915,580 35,850 1,090 AM C-31 935,870 27,830 0,846 AM S-31 938,510 35,840 1,090 AM C-34 910,270 28,940 0,879 AM S-34 914,810 37,660 1,145
AM=AMARELO; C= CASCA; S= SEMENTE
61
Figura 23 – Gráfico Fenóis Totais em fruto amarelo (C= CASCA; S= SEMENTE)
A figura 23 mostra que nesta etapa de maturação do fruto, há um
relativo aumento da quantidade de fenóis totais na casca, mas ainda é grande
quantidade de fenóis totais presentes na semente do café.
Tabela 06 – Fenóis Totais em fruto amarelo/avermelhado
AMOSTRA MATÉRIA SECA
(g/Kg) FENÓIS TOTAIS
(eq.g de ac.tânico/Kg de matéria seca) Molaridade de ácido tânico (10-6 mol.L-1)
AM-VM C-04 907,910 33,150 1,008 AM-VM S-04 918,840 24,600 0,748 AM-VM C-23 918,820 33,740 1,026 AM-VM S-23 942,100 36,730 1,117 AM-VM C-24 900,310 16,770 0,509 AM-VM S-24 940,010 32,130 0,977 AM-VM C-29 919,890 18,580 0,565 AM-VM S-29 925,280 29,970 0,911 AM-VM C-30 932,650 35,520 1,080 AM-VM S-30 952,130 38,170 1,160 AM-VM C-32 940,330 34,770 1,057 AM-VM S-32 950,640 38,910 1,183
AM-VM=AMARELO-AVEMELHADO; C= CASCA; S= SEMENTE
62
Figura 24 – Gráfico Fenóis Totais em fruto amarelo/avermelhado (C= CASCA; S= SEMENTE)
No estágio vermelho/amarelado o fruto do café passa a apresentar
quantidades maiores de fenóis totais nas casca, mas a quantidade de fenóis
totais presentes na semente ainda é maior, como pode ser observado na figura
24.
Tabela 07 – Fenóis Totais em fruto vermelho
FRUTO AMOSTRA MATÉRIA SECA
(g/Kg) FENÓIS TOTAIS
(eq.g de ácido tânico/Kg de matéria seca) Molaridade de ácido tânico (10-6 mol.L-1)
VM C-05 902,070 35,360 1,075 VM S-05 931,110 21,480 0,653 VM C-13 888,870 27,450 0,835 VM S-13 942,530 37,880 1,152 VM C-14 884,680 24,870 0,756 VM S-14 945,840 32,560 0,989 VM C-15 885,920 33,190 1,009 VM S-15 941,420 34,200 1,040 VM C-20 888,540 27,010 0,821 VM S-20 939,750 31,500 0,958
VM=VEMELHO; C= CASCA; S= SEMENTE
63
Figura 25 – Gráfico Fenóis Totais em fruto vermelho (C= CASCA; S= SEMENTE)
A figura 25 apresenta a determinação obtida no fruto vermelho,
mostrando que o café esta entrando na etapa final de maturação, na qual a
proteção da semente tem grande importância para a planta, mas nesta etapa
ainda se encontra maior quantidade de fenóis totais presentes na semente em
comparação a quantidade de fenóis totais na casca.
Tabela 08 – Fenóis Totais em fruto cereja
FRUTO AMOSTRA MATÉRIA SECA
(g/Kg) FENÓIS TOTAIS
(eq.g de ácido tânico/Kg de matéria seca) Molaridade de ácido tânico (10-6 mol.L-1)
CJ C-01 867,310 55,340 1,682 CJ S-01 915,210 13,770 0,419 CJ C-08 866,380 22,280 0,677 CJ S-08 945,240 28,460 0,865 CJ C-09 879,370 14,900 4,405 CJ S-09 944,020 26,590 0,808 CJ C-10 858,540 19,100 0,581 CJ S-10 944,330 31,240 0,949 CJ C-11 874,580 26,180 0,796 CJ S-11 940,450 28,180 0,857 CJ C-12 859,670 20,820 0,633 CJ S-12 940,540 36,360 1,105 CJ C-16 876,720 28,060 0,853 CJ S-16 941,640 37,700 1,146
CJ= CEREJA; C= CASCA; S= SEMENTE
64
Figura 26 – Gráfico Fenóis Totais em fruto cereja (C= CASCA; S= SEMENTE)
Na figura 26 é observada uma redução da quantidade de fenóis
totais presente na casca do café com relação a sua semente. Isto pode ter sido
ocasionado principalmente pela ação de defesa que os fenóis apresentam em
relação ao fruto, e possível tentativa de ataque de algum agente natural.
3.11. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Foi observado ao longo do experimento que na fase inicial a
quantidade de fenóis totais era menor na casca em comparação a semente na
mesma etapa.
Posteriormente, com o amadurecimento do fruto, observa-se que na
etapa em que o fruto apresenta cor amarela, é o ponto em que a relação entre
fenóis totais na casca e na semente é mais próxima.
Ao passar para a etapa final de maturação, o café atingindo a cor
vermelha e cereja (vermelho mais intenso) a quantidade de fenóis totais na
casca volta a ter um declínio.
65
A variação da quantidade de fenóis totais presente na casca do café,
aumento e declínio podem ser compreendidos como a utilização dos fenóis
totais no mecanismo de proteção do fruto em relação a algum agente externo
natural.
A presença da cor vermelha no fruto esta relacionada com a
oxidação dos compostos fenólicos, que é caracterizada pela presença desta
coloração quando oxidados.
Ainda que a quantidade encontrada de compostos fenólicos na
ultima etapa, fruto cereja, seja menor que a quantidade encontrada a etapa
intermediária (fruto amarelo), ainda é possível obter quantidade significante de
fenóis totais.
66
6. CONCLUSÃO
Considerando os resultados obtidos neste trabalho pode-se concluir
que:
1. A quantidade de fenóis totais em café verde é maior na semente em
relação à quantidade presente na casca em função da proteção da
semente.
2. A concentração de fenóis totais no decorrer do amadurecimento do
café tende a um valor de equilíbrio na etapa de maturação.
3. A quantidade de fenóis totais na etapa final volta a ter relativa redução,
possivelmente devido a fatores de proteção do fruto por parte da casca
do café.
Deve-se ressaltar que as substâncias fenólicas no café fazem parte
do sistema de proteção via metabolismo secundário como fitoanticipinas
(sistema de defesa constitutivo).
De acordo com a proposta original deste trabalho sua maior
relevância consiste em mostrar a possibilidade de um aproveitamento da casca
e mucilagem, extraindo substratos fenólicos (dentre eles os ácidos
clorogênicos) que apresentam alto valor agregado, tendo em vista auxiliar a
sustentabilidade no cultivo do café. Apesar das análises apresentarem
resultados correspondentes à 10 – 6 mol.L-1 de substâncias anti-oxidantes o
aproveitamento das cascas e da mucilagem do café pode se dar em
quantidades que se contam em milhares de toneladas
67
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFONSI R.R. Histórico climatológico da cafeicultura brasileira. Seção artigos
e projetos, Disponível em: <http://www.coffeebreak.com.br> Acesso em: 25
jun. 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ (ABIC) seção café e
saúde/história do café Disponível em: <http://www.abic.com.br> Acesso em:
17 jan. 2007.
BASÍLICO A GASTRONOMIA NA WEB seção beber, Disponível em:
<http://basilico.uol.com.br> acesso em: 17 jan. 2007.
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