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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
GERCILÉIA SIMPLÍCIO MOURÃO
VITÓRIA/ES 2008
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM CONTEXTOS ESCOLARES DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM.
GERCILÉIA SIMPLÍCIO MOURÃO
Trabalho monográfico apresentado como requisito para obtenção do Grau de especialista em Psicopedagogia.
Vitória/ES 2008
Ao Deus todo poderoso, por me presentear com a vida e poder compartilhá-la com pessoas maravilhosas. Pelo refúgio, fortaleza e sabedoria nele encontrados nos momentos difíceis e decisivos.
Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é
um estranho ímpar.
(Leda Fraguito, 2004)
RESUMO
Este trabalho objetiva refletir sobre a intervenção psicopedagógica no processo de aprendizagem no contexto escolar a partir da identificação das dificuldades de aprendizagem dos discentes. As dificuldades apresentadas durante o processo de escolarização precisam ser intermediadas pela escola, buscando solução junto às famílias e profissionais para que se desenvolvam e sejam inseridas no mundo letrado.
Palavras-chave: alfabetização, intervenção, escola.
METODOLOGIA
Este estudo é do tipo descritivo já que busca estudar, analisar e refletir
sobre a intervenção psicopedagógica no espaço escolar, em seus diferentes
níveis de intervenção.
Usar-se-á de análise bibliográfica e metodológica por meio de
investigação de idéias, conceitos e comparações de diferentes autores em
relação ao tema e refletindo criticamente sobre os modelos metodológicos de
intervenção psicopedagógica. Acredita-se que dessa forma se poderá determinar
a natureza e a intensidade das intervenções psicopedagógicas na escola e assim
descrever as condições nas quais ela acontece.
A base do método será dialética, já que se aprofundará o conhecimento
sobre a intervenção psicopedagógica durante as manifestações de dificuldade de
aprendizagem no contexto educacional. Como suporte teórico para investigar o
contexto proposto, esta pesquisa deteve nas obras de: ANTUNES (2002);
CAGLIARI (1996); FERREIRO (1985); GOMES (2001); JOSÉ (1996); MORAIS
(2004); MRECH (1987); NUNES (2000); PAIN (1987); SOARES (1998); VISCA
(1987); WANDSWORTH (1996); WYGOTSKY (1991) e outros.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ 4
METODOLOGIA.................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 7
CAPITULO UM....................................................................................................... 9
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR................... 9
1.1 Contextualização............................................................................................... 9
1.2 Conceituando Dificuldade na Aprendizagem.................................................. 10
1.3 Dificuldades Advindas do Comportamento..................................................... 14
1.4 Dificuldade da Leitura..................................................................................... 16 1.4.1 A Dislexia e os Distúrbios de Aprendizagem............................................... 18
1.4.2 Dificuldades da Escrita................................................................................. 19
1.4.3 Disgrafia...................................................................................................... 19
1.4.4 Disortografia................................................................................................. 20
1.4.5 Erros de Formulação e Sintaxe.................................................................... 21
1.4.6 Dificuldades Escolares Globais de Origem Afetiva..................................... 22
CAPÍTULO DOIS.................................................................................................. 24
IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL................................................................................................... 24
2.1 Repensando o Âmbito Escolar........................................................................ 24
2.2 Intervenção Psicopedagógica....................................................................... 26
2.3 O Uso de Brinquedos, Jogos e Materiais Pedagógicos na Intervenção
Psicopedagógica................................................................................................... 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 34
ANEXOS............................................................................................................... 35
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Aluna: Gerciléia Simplício Mourão
Tema: A Intervenção Psicopedagógica em Contextos Escolares de Dificuldade
de Aprendizagem.
Referencial teórico
Os jogos e materiais psicopedagógicos favorecem ao desenvolvimento da criança
e sua “interação ao meio” (WYGOTSKY, 1991). Dessa forma, se faz necessário
que o educador se integre no contexto educacional e busque juntamente com a
equipe pedagógica meios favorecedores do desenvolvimento do aluno.
Profissionais da educação que lidam com crianças são grandes responsáveis pelo
seu crescimento, tanto no aspecto intelectual como no social, sendo que a
expressão da criança pode ser influenciada e interpretada precipitadamente, não
lhe dando a oportunidade de se desenvolver adequadamente. Pois, alguns jogos
tem como objetivo o “desenvolvimento da autonomia da criança: poder arriscar-
se, ter de fazer a sua parte sozinha e ser responsável por suas escolhas e atos”
(MALUF, 2003).
É imprescindível garantir o direito de aprender de forma ampla, seja na escola ou
em casa, cujo intuito se volta para o resgate do espaço infantil, que vem
progressivamente se perdendo e o desenvolvimento da mesma como um todo
para o exercício de sua cidadania, associando assim ás dificuldades de
aprendizagem que decorrem no período estudantil.
Embora o conceito de dificuldades de aprendizagem apresente diversas
definições e ainda são poucos ambíguos se faz necessário tentar determinar a
que fazemos referência com tal expressão ou diagnóstico de modo que se possa
reduzir a confusão com outros termos tais como: “inadaptações por déficit sócio
ambiental” (PAIN, 1987).
Assim, os inúmeros problemas de aprendizagem que decorrem no contexto
escolar como exemplo, “a agitação, inquietude ou instabilidade, quando presentes
na sala de aula, podem ocupar grande parte do valioso tempo” (JOSÉ, 1996,
p.184).
Apesar de vários autores demonstrarem a importância do “desenvolvimento
cognitivo na aprendizagem da leitura e da escrita e na formação da inteligência”
(VISCA, 1987) tradicionalmente a escola tem dado pouca importância à atividade
motora das crianças. O impacto desta concepção é considerável, porque ela
supõe a “abolição completa dos serviços segregados” (CAGLIARI, 1996).
Pode-se considerar de suma importância a realização de uma ação
psicopedagógica junto aos profissionais dos serviços públicos de atendimento,
para que possam desenvolver uma proposta mais fecunda de trabalho, a partir da
compreensão de questões relacionadas ao processo ensino/aprendizagem.
Para tanto o psicopedagogo, com uma formação específica para os problemas de
aprendizagem, capaz de trabalhar de modo afetivo com tais crianças
(Psicopedagogia clinica) e também com os profissionais envolvidos nesse
processo (Psicopedagogia institucional) a fim de se estar desenvolvendo um
programa apropriado às necessidades dessas crianças (VISCA, 1987). A intervenção pode ocorrer junto aos alunos que apresentam problemas para
aprender através de atendimentos individuais ou grupais, seja na escola ou
através de serviços de atendimento, com apoio de profissionais que atuarão
juntamente com os educadores.
PROPOSTA DE SUMÁRIO RESUMO
METODOLOGIA
Este estudo é do tipo descritivo já que busca estudar, analisar e refletir sobre a
intervenção psicopedagógica no espaço escolar, em seus diferentes níveis de
intervenção.
Usar-se-á de análise bibliográfica e metodológica por meio de investigação de
idéias, conceitos e comparações de diferentes autores em relação ao tema e
refletindo criticamente sobre os modelos metodológicos de intervenção
psicopedagógica. Acredita-se que dessa forma se poderá determinar a natureza e
a intensidade das intervenções psicopedagógicas na escola e assim descrever as
condições nas quais ela acontece.
INTRODUÇÃO
Destaca a importância do tema, o objetivo que se pretende alcançar com a
realização da pesquisa e a relevância da atuação do psicopedagogo no âmbito
educacional.
CAPITULO UM
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR
No âmbito educacional durante o processo de ensino e aprendizagem os alunos
se defrontam com inúmeras dificuldades que o impossibilitam de avançar nos
conhecimentos. Assim, se torna de suma importância os profissionais da
educação adquirir conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem e
posicionar-se criticamente frente á realidade.
1.1 Contextualização
1.2 Conceituando Dificuldade na Aprendizagem
1.3 Dificuldades Advindas do Comportamento
1.4 Dificuldade da Leitura
1.4.1 A Dislexia e os Distúrbios de Aprendizagem
1.4.2 Dificuldades da Escrita
1.4.3 Disgrafia
1.4.4 Disortografia
1.4.5 Erros de Formulação e Sintaxe
1.4.6 Dificuldades Escolares Globais de Origem Afetiva
CAPÍTULO DOIS
A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL
No âmbito educacional é de suma importância que ocorra a existência do
psicopedagogo para realizar ações e diagnosticar as dificuldades enfrentadas
pelos alunos durante o processo de ensino e aprendizagem.
2.1 Repensando o Âmbito Escolar
2.2 Intervenção Psicopedagógica
2.3 O Uso de Brinquedos, Jogos e Materiais Pedagógicos na Intervenção
Psicopedagógica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Demonstra o resultado a que se chegou com a realização da pesquisa, e sua
importância para a área d a educação.
INTRODUÇÃO
O mundo passa por inúmeras evoluções exigindo da escola mudanças
em seu interior e adaptações correspondentes aos seus anseios. Assim, cabe a
escola ser um espaço para que alunos e professores percebam-se como sujeitos
integrantes de um grupo social determinado, cuja realidade reflita os movimentos
de uma sociedade mais ampla, deixando de ser um lugar onde aprender a ler,
escrever e contar seja apenas um treinamento para atuação em sociedade.
A escola desse ponto de vista passa a ser um espaço de percepção,
discussão, análise e ação consciente do aluno e do professor, onde o cotidiano se
torna o ponto de partida para a busca do conhecimento, compreensão e
interpretação da realidade, tornando-se local de conhecimentos no qual todos
desenvolvem dentro de suas potencialidades e capacidade de adquirir
aprendizagem. Ao desempenhar sua missão de educar, a escola deve ter clareza
quanto às diferenças culturais, reconhecendo as dificuldades encontradas pelos
alunos durante o processo de alfabetização.
A qualidade do ensino a ser oferecida favorece aos alunos repercutindo
num melhor entendimento das relações existentes na sociedade, oportunizando
condições para que possam posicionar-se criticamente frente aos problemas,
tomando decisões no presente e futuro sobre fatos e fenômenos da realidade que
vive. Ao buscar desempenhar a função do educar, a escola precisa ter clareza
com relação às diferenças culturais, reconhecendo as dificuldades enfrentadas
pelos alunos no processo de aprendizagem.
Assim questiona-se: de que forma o psicopedagogo pode intervir no
ambiente escolar, num trabalho de cooperação e parceria com aprendizes e
professores e assim atender as necessidades dos alunos no processo de
aprender quando estes apresentam dificuldades de aprendizagem? Dessa forma
a realização deste trabalho objetiva refletir sobre a intervenção psicopedagógica
no processo de aprendizagem no contexto escolar a partir da identificação das
dificuldades de aprendizagem dos discentes.
Ao encontrar nas séries iniciais do ensino Fundamental alunos com
dificuldades de aprendizagem, o professor necessita criar condições
favorecedoras da construção do conhecimento pela criança. Nesta expectativa,
com o apoio do psicopedagogia a tarefa torna-se facilmente realizada, uma vez
que este profissional deve ser dotado de conhecimentos de diferentes áreas,
podendo, assim, contribuir em diferentes momentos do processo, iniciando com o
diagnóstico do problema, conhecendo as causas e realizando intervenções por
meio de interações com a família e a escola.
A escola deve ser um local de conhecimento indefinido e ser humano
amadurece intelectualmente, repercutindo na evolução dentro da sociedade. A
qualidade do ensino aos alunos repercutindo num melhor entendimento das
relações existentes na realidade social e oportuniza condições para que possam
se posicionar e tomar decisões mais conscientes agora e no futuro, sobre fatos e
fenômenos da realidade social em que vivem.
Ao desempenhar a tarefa de educar, a escola deve ter clareza das
diferenças culturais, reconhecendo as dificuldades encontradas pelos alunos
durante o processo de aprendizagem, pois elas se tornam sintomas no mesmo
momento histórico em que está ocorrendo à aprendizagem que, por sua vez,
resultam de toda a história vivida pelo aprendiz, nas suas dimensões afetivas,
cognitivas, sociais, orgânicas e funcionais.
CAPITULO I
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR
No âmbito educacional durante o processo de ensino e aprendizagem os
alunos se defrontam com inúmeras dificuldades que o impossibilitam de avançar
nos conhecimentos. Assim, se torna de suma importância os profissionais da
educação adquirir conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem e
posicionar-se criticamente frente á realidade.
1.1 Contextualização
Um dos objetivos da escola na atualidade tem sido ensinar a ler e
escrever, mas só isso não basta, pois ela deve oferecer condições para que os
sujeitos se desenvolvam de forma geral, acompanhando as mudanças existentes.
Assim, para formar pessoas sensíveis, criativas, investigativas e descobridoras do
mundo que o cerca, com pensamento e ações críticas, capazes de distinguir entre
o certo e o errado, também é função da escola.
A escola deve se tornar capaz de caminhar em direção a autonomia e o
pensamento crítico, visando ajudar o indivíduo a chegar a níveis mais elevados de
desenvolvimento afetivo, cognitivo e social. É um processo natural e gradativo,
pois a criança constrói sua aprendizagem a medida que entra em contato com o
objeto do conhecimento, no caso a cultura escrita. E, precisa oportunizar o
desenvolvimento da criança em todos os aspectos, desempenhando assim a
função de educar para a formação do sujeito atuante em sociedade.
Porém embora o conceito atual de alfabetização enfatize a necessidade
de se aprender, ler e escrever pensando, é ela que reinventa o processo sendo
por isso capaz de descobrir como se lêem ou se escrevem palavras que ainda
não foram utilizados em sala de aula. Como destaca Ferreiro (1985 p.56):
Ao iniciar a escolarização as crianças já têm hipóteses sobre a leitura e a escrita, uma vez que seu universo conceitual já está inundado de livros, jornais, revistas, mensagens vão estruturando as dimensões fundamentais desse objeto do conhecimento.
O contato com a cultura escrita no cotidiano favorece o processo
educativo, repercutindo em leitores e produtores de textos criativos, porém nota-
se que algumas crianças chegam ao âmbito escolar pronta ou quase pronto para
enfrentarem a escrita alfabética, enquanto outras chegam não diferenciam o que
é ler e falar, ler e escrever, o que pode ser lido ou escrito.
Conceituando Dificuldade na Aprendizagem
O neologismo pretende nomear a progressiva “perda de especificidade do
processo de uma análise mais detalhada da progressiva ampliação do conceito
de alfabetização” (Soares, 1998) e certamente a alfabetização é fator explicativo -
talvez um dos mais relevantes – do atual fracasso na aprendizagem e, portanto,
também no ensino da língua escrita nas escolas brasileiras, fracasso hoje tão
reiterado e amplamente denunciado.
Anteriormente o fracasso se revelava em avaliações internas à escola,
sempre concentrado na etapa inicial do Ensino Fundamental, traduzindo-se em
altos índices de reprovação, repetência, evasão; hoje, o fracasso revela-se em
avaliações externas à escola, demonstrando o analfabetismo funcional que
perpetua na maioria de nossas escolas.
O processo de aprendizagem é desencadeado a partir da motivação,
sendo que esse processo se dá no interior do sujeito, estando, entretanto,
intimamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio,
principalmente escolar. Nas situações escolares, o interesse é indispensável para
que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento,
porém o mais importante é despertar na criança o desejo de aprender, ter a
curiosidade de conhecer e o reforço positivo pelo seu desenvolvimento.
A aprendizagem se torna dessa forma o processo através do qual a
criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que
o seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda necessitará interagir com
outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais
experientes.
Nas inúmeras interações em que se envolve desde o nascimento, a
criança vai gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai
construindo significados para as suas ações e para as experiências que vivem.
Sendo assim, pode-se definir mais claramente aprendizagem como um processo
evolutivo e constante que implica uma seqüência de modificações observáveis e
reais no comportamento do indivíduo físico, biológico e no meio que o rodeia com
ser atuante e atuado.
Pode-se considerar o problema de aprendizagem como sintoma, no
sentido que o não-aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa
nos comportamentos os quais se destacam como sinal de descompensação
dentro do meio ao qual o sujeito está inserido. Os sintomas e comportamentos
infantis, devido à duração que têm na vida escolar e pela participação do lar e da
escola nos processos problemáticos dificultam o educador entender como
ocorrem e impossibilitando de diferenciar um distúrbio de um problema de
aprendizagem. Para diferenciar os dois se torna tarefa complicada ficando a
critério do especialista da área em que a deficiência se apresenta.
Embora o conceito de dificuldades de aprendizagem apresente diversas
definições e ainda são poucos ambíguos se faz necessário tentar determinar a
que fazemos referência com tal expressão ou diagnóstico de modo que se possa
reduzir a confusão com outros termos tais como: “inadaptações por déficit sócio
ambiental” (PAIN, 1987, p.125).
Os problemas e dificuldades de aprendizagem decorrem de diversos
elementos os quais estão inseridos num contexto maior que é o ser humano.
Pode-se, assinalar que a partir deste ponto de vista se tornam elementos de
definição mais relevantes os seguintes tópicos:
• A criança com transtornos de aprendizagem tem uma linha desigual em
seu desenvolvimento.
• Seus problemas de aprendizagem não advêm da pobreza ambiental, e
ainda assim não são devidos a atraso mental ou transtornos emocionais.
Assim para atuar com alunos com dificuldades de aprendizagem, nota-se
que inclui problemas mais localizados nos campos da conduta e da
aprendizagem, dos seguintes tipos:
• Atividade motora: hiperatividade ou hiperatividade, dificuldade de
coordenação.
• Atenção: baixo nível de concentração, dispersão.
• Área matemática: problemas em seriações, inversão de números,
reiterados erros de cálculo.
• Área verbal: problemas na codificação/ decodificação simbólica,
irregularidades na lecto escrita, disgrafias.
• Emoções: desajustes emocionais leves, baixa auto-estima.
• Memória: dificuldades de fixação
• Percepção: reprodução inadequada de formas geométricas, confusão entre
figura e fundo, inversão de letras.
• Sociabilidade inibição participativa, pouca habilidade social, agressividade.
Dessa forma partindo da realidade plenamente constatada que todos os
alunos são diferentes, tanto em suas capacidades, quanto em suas motivações,
interesses, ritmos evolutivos, estilos de aprendizagem, situações ambientais, etc.
e entendendo que todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas
contextuais e relativas, se faz necessário colocar o acento no próprio processo de
interação ensino/aprendizagem.
Num processo complexo estão incluídas inúmeras variáveis: aluno,
professor, concepção e organização curricular, metodologias, estratégias,
recursos. Porém a aprendizagem do aluno não depende somente dele, e sim do
grau de maturidade e ajuda do professor o qual deve estar ajustada ao nível que
o aluno apresenta em cada tarefa de aprendizagem. Se o ajuste entre professor e
aprendizagem for apresentará progressos, qualquer que seja o seu nível.
Dessa forma dos inúmeros fatores que podem desencadear uma
dificuldade ou distúrbio de aprendizagem são condicionamentos fundamentais, no
entendimento da questão:
• Fatores orgânicos - Saúde física deficiente, falta de integridade neurológica
(sistema nervoso doentio) alimentação inadequada, etc.
• Fatores psicológicos – Decorre da inibição, fantasia, ansiedade, angústia,
inadequação à realidade, sentimento de generalizado e rejeição.
• Fatores ambientais — São tipos de educação familiar, o grau de estimulação
que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de
comunicação, o âmbito escolar, a influência com o meio que está inserido, etc.
A criança sendo um todo quando apresenta dificuldades de
aprendizagem, precisa ser avaliada em seus vários aspectos, entre eles se
incluem relação professor - aluno; Relação entre alunos; Métodos didáticos;
Distúrbios de aprendizagem condicionados pela situação familiar, Características
da personalidade da criança, dificuldade de adaptação ao meio e tipo de
educação recebida no meio familiar.
Quando o professor detecta alguma anormalidade após a verificação de
todos esses fatores, é necessário que faça uma análise a respeito da
permanência das características apresentadas, pois a criança pode estar vivendo
uma fase difícil que será provisória ou não, dependendo de suas condições em
superá-la.
Várias crianças são identificadas como portadoras de problemas de
aprendizagem quando não conseguem alcançar os objetivos do ensino. Às vezes
pode ser porque ficam presas a mecanismos de escritas que tentam reproduzir,
ou por não conseguirem se expressar. Quando o ato de aprender se apresenta
como problemático, se torna preciso não esquecer que o aluno é um ser social
com cultura, linguagem e valores específicos aos quais devem estar sempre
atento, inclusive para evitar que os seus próprios valores o impeçam de auxiliar o
sujeito no seu processo de aprender.
A Lei de diretrizes e Bases da Educação (1996) afirma que: “toda criança
tem direito a receber uma educação qualificada”, cuja função da escola é cumprir
esta tarefa oportunizando desenvolvimento dentro de suas capacidades e
limitações. É notório observar que aqueles que possuem dificuldades de
aprendizagem não conseguem acompanhar o currículo estabelecido pelas
escolas e, porque são classificadas como perturbados ou simplesmente rotulados
como alunos fracos e repetentes, ficam excluídos do direito de aprender.
O sistema educacional brasileiro não possui capacidade para atuar
com essas crianças em seu desenvolvimento, pois a educação especial ainda se
torna utopia e somente as classes mais abastadas conseguem educar
adequadamente uma criança com dificuldades de aprendizagem, pois a
desigualdade social favorece a segregação.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental o professor deve contar com
seus próprios conhecimentos e, ao detectar qualquer distúrbio ou dificuldade na
aprendizagem deve recorrer aos recursos que estiverem ao seu alcance, solicitar
apelo da família do aluno para que juntos possam ajudar a criança na superação
ou pelo menos no enfrentamento de suas dificuldades.
1.3 Dificuldades Advindas do Comportamento
Dentre as dificuldades de aprendizagens mais freqüentes pode-se citar as
que são advindas do comportamento na sala de aula, pois tornam-se
dificultadores do processo de aprendizagem do aluno. Assim, pode-se observar
que a metodologia usada em sala de aula muitas vezes se volta para a forma
tradicional de ensino e os professores não buscam atualizar seus conhecimentos
e as características da infância no mundo atual, cujos valores são deturpados e a
maioria das famílias se encontra desestruturada podendo tornar-se também
fatores dificultadores do processo educativo.
Esse desequilíbrio reflete na sala de aula no comportamento dos alunos
dificultando a aprendizagem num mundo que globaliza conhecimentos, provoca o
consumo e não está preparado para o novo século. Tudo isto interfere no
comportamento, principalmente das crianças, sendo preciso haver uma inclusão
no planejamento, pois dele depende o desempenho do papel da escola na
formação de pessoas para uma sociedade digna de se viver. Conforme Vygotsky
(1988 p. 120):
O desenvolvimento das crianças é, inicialmente, determinado por processos biológicos e guiado, subseqüentemente, por interações sociais com adultos, que inicia e mediam, pelas interações sociais, o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Quando as crianças vão crescendo internalizam as operações e as direções verbais fornecidas pelos adultos, utilizando-as para dirigir seus próprios pensamentos.
Este, portanto se torna o caminho por meio do qual formas historicamente
determinada e socialmente organizada para operar a informação influenciam o
conhecimento do indivíduo e a consciência de si e do mundo. Assim, pode
destacar que no âmbito educacional muitos são os problemas decorrentes do
comportamento dentre os quais está a hiperatividade, onde as crianças que
possuem agilidade mental e corporal, apreendida no seu próprio meio e, quando
chegam á escola são classificadas como hiperativas e passam a ser medicadas
para poderem se concentrar e aprender os conteúdos transmitidos pela escola.
A hiperatividade não é uma doença que se encontra instalada nas
crianças, mas é um modo de vida que está sendo ensinado desde quando
nascem e estão se sentindo traídas pelo mundo já que aprendeu a se
desenvolver de uma forma que não pode ser aproveitada em todas as instâncias.
Assim, “apesar de não serem problemas graves, a agitação, inquietude ou
instabilidade, quando presentes na sala de aula, podem ocupar grande parte do
valioso tempo de classe” (JOSÉ, 1996, p.184).
O grande objetivo da escola atualmente deve se voltar para permitir a
descoberta da aprendizagem, cujo segredo se volta para a capacidade de
concentração permitindo a participação intensa do aprendiz. A consciência social
deve ser desenvolvida para que as pessoas vivam em função do grupo social e o
de seus desejos individuais. Normas de convivências se fazem necessárias para
que o ser humano se desenvolva tendo como valores a igualdade de direitos e
deveres, justiça social e a importância das diversidades culturais no contexto ao
qual está inserido.
Embora seja conhecida a dimensão do problema, da participação da
mídia na formação das mentalidades infantis e adolescentes, da visão globalizada
de mundo na criação e a solução deste problema, é o sistema educativo que
sente as conseqüências negativas, expressadas em socos, chutes. Questões
ligadas á sexualidade, desinteresses, imposições individualistas e outros, são
também os primeiros a receberem críticas pelo aparecimento dos
comportamentos considerados inadequados.
Os educadores necessitam com urgência de uma ação para a construção
das normas de convivência na pós-modernidade, antes que acabem por banalizar
tanto as regras a ponto de contribuirmos para sua extinção da face da terra e da
cultura. Muitas vezes os comportamentos inadequados podem ter a ver com a
diferença existente entre o que o professor tem como objetivo e o que o aluno
espera da aula e de todas as formas de consumir conhecimento. Assim, a atitude
do professor frente aos comportamentos imperativos, agressivos ou desinteresse
deve ser de acolhimento, apresentação da nova situação e de combinação de
normas para nova convivência.
Para lidar com comportamentos inadequados em sala de aula não
depende só do uso de técnicas de reforço positivo ou negativo, de dicas
específicas para cada caso. É necessário realizar uma análise sobre a concepção
de ensinar e aprender, uma mudança da aula em si, a relação do conteúdo do
que está acontecendo no mundo e considerar os acontecimentos que as pessoas
absorvem e estão assimilando fora da escola, antes mesmo de conhecê-la.
1.4 Dificuldades da Leitura
A leitura é a possibilidade própria que cada uma das pessoas tem de
dotar de sentido e de significado, seja ela textos escritos, desenhos,
comportamentos, expressões e outros. O trabalho escolar não pode minimizar o
conceito de leitura e nem a necessidade que cada criança tem de se relacionar
com sua língua, de forma ampla, criativa e autônoma. Não se trata de só trabalhar
para que as crianças aprendam a ler, mas sim trabalhar para que elas façam uso
da linguagem em sua plenitude, riqueza e complexidade em espaços de
interlocução permanente. Percebem-se assim três grandes causas funcionais nos
problemas de leitura e escrita: os déficits da função simbólica que podem ser
observados nas debilidades, os atrasos ou os defeitos de linguagem e os
problemas essencialmente psicomotores.
Ao relacionar problemas de orientação com a dificuldade de aprendizado
da leitura é algo clássico e que sobressai da evidência. Da observação desta
concordância, passa-se logo a fazer uma relação de causa e efeito. Na verdade,
felizmente, não é necessário que uma criança tenha verbalizado sua direita ou
sua esquerda para que possa ser confrontada com o aprendizado da leitura.
Não concerne apenas ao papel perceptivo, mas surge de uma dificuldade
muito mais fundamental que atinge a organização de seu corpo próprio. Na
lateralização sendo a tradução de uma assimetria funcional, os espaços motores
que correspondem ao lado direito a ao lado esquerdo do corpo não são
homogêneos. Assim, esta desigualdade vai particularizar-se no decorrer do
desenvolvimento e consolidar-se quando ocorrem os ajustamentos práticos de
natureza intencional.
No maior número de casos, esta lateralização é homogênea e sem
ambigüidade. Noutros, ao contrário, e particularmente no caso dos canhotos,
podemos observar discordância que concorrem às que atingem a organização do
olhar e a organização da prevalência manual e, nossas próprias observações
permitem afirmar que em muitos casos de dislexia, constata-se uma “dominância
cruzada da mão e da visão” (NUNES, 2000). A leitura de um texto é feitos graças
a uma sucessão de movimentos oculares bruscos e ritmados, orientados
obrigatoriamente da esquerda para a direita, sendo que a organização desta
motricidade ocular é muito precoce.
1.4.1 A Dislexia e os Distúrbios de Aprendizagem
Pode observar ao longo da história da educação que a inclusão escolar
só existe para os deficientes físicos e mentais. As pessoas que possuem dislexia
ou distúrbios de aprendizagem ficam entregues à própria sorte. É preciso oferecer
condições para a inclusão escolar dos que apresentam distúrbios, com a mesma
atenção que se dá aos demais excluídos.
Neurologicamente conceituando, trata-se da incapacidade de
compreensão do que se lê, devido à lesão no sistema nervoso central. Porém
muitas vezes esta condição apresenta-se sem qualquer comprometimento
neurológico, neste caso a dislexia poderá ser considerada a condição em que o
aluno consegue ler, mas experimenta fadiga e sensações desagradáveis.
As crianças disléxicas são maus leitores, uma vez que são capazes de
ler, mas não de entender o que leu de maneira eficiente. Os disléxicos em geral
são inteligentes, habilidosos, mas apresentam esse quadro de dificuldade desde
muito cedo, quando ainda na Educação Infantil, onde deveria ser trabalhada uma
forma de melhorar esse quadro.
No contexto educacional quando surge o problema se faz necessário
aceitar a dislexia como uma “dificuldade de linguagem que deve ser tratada por
profissionais especializados” (PAIN, 1987). As escolas podem acolher esses
alunos sem modificar os seus currículos, porém podem desenvolver projetos
pedagógicos ao desempenho dos mesmos.
As múltiplas aptidões podem ser desenvolvidas por meio de
procedimentos didáticos adequados. Assim a compreensão da leitura provém do
equilíbrio entre o desenvolvimento das operações da leitura, decodificação e
compreensão, interagindo com os estágios de desenvolvimento do pensamento e
processamentos lingüísticos.
1.4.2 Dificuldade da Escrita
A escrita é antes de mais nada, um aprendizado motor. A aquisição desta
praxe específica, particularmente complexa, exige que se eduque a função de
ajustamento. Antes que a criança aprenda a ler, o trabalho psicomotor terá como
objetivo proporcionar-lhe uma motricidade espontânea, coordenada e rítmica, que
será o melhor aval para evitar os problemas de escrita.
A habilidade manual será desenvolvida, quer pela utilização da
modelagem do recorte, da colagem, quer por exercício de dissociação ao nível da
mão e dos dedos, que identificamos como exercícios de percepção do corpo
próprio fazendo atuar a função de interiorização. O ritmo do traçado e sua
orientação da esquerda para a direita serão melhorados pelos exercícios gráficos
baseados nas formas da pré-escrita, como as diferentes hélices e guirlandas. O
controle da velocidade e a manutenção de sua constância serão obtidos por
exercícios em séries crescente e decrescente. Assim, o trabalho que chamamos
de controle tônico assume igualmente uma enorme importância. Nesse contexto
podem surgir as dificuldades da escrita, desfavorecendo o processo ensino
aprendizagem.
1.4.3 Disgrafia
Torna-se a dificuldade em passar para a escrita o estímulo visual ou a
percepção do ponto de vista do sujeito. Caracteriza-se pelo lento traçado das
letras, em geral são ilegíveis. Existem vários níveis da disgrafia, desde a
incapacidade de segurar um lápis e traçar uma linha, até a apresentada por
crianças que são capazes de fazer desenhos simples, mas não cópias de
palavras do quadro. As principais características das crianças disgráficas são:
apresentação desordenada do texto, margens mal feitas ou inexistentes, espaço
irregular entre palavras, linhas e entrelinhas, traçado de má qualidade, distorção
de formas de letra e separação inadequada de letras.
A disgrafia é considerada uma das dificuldades usualmente apontadas
pelos professores, sendo também chamada de “letra feia”, e, ocorre em geral em
decorrência da dificuldade de recordar a grafia correta para representar um
determinado som ouvido ou elaborado mentalmente (o sujeito é capaz de ler e
falar, mas não de escrever, tem dificuldades na cópia de letras e palavras).
Alguns estudos atribuem a causa destas dificuldades a fatores sociais, outros a
fatores emocionais, e alguns, ainda, a atrasos no desenvolvimento psicomotor,
sendo este último o foco desta pesquisa.
A sociedade exige do indivíduo o domínio da leitura e da escrita, o saber
escrever tem uma dimensão que ultrapassa a sala de aula, é indispensável para
que o indivíduo se integre e se adapte ao meio social. Segundo Guerreiro (2002),
o fato de o sujeito não conseguir escrever discrimina-o, primeiramente na escola,
e depois em todo o seu meio social.
A imprecisão do diagnóstico e a insuficiência do tratamento fornecido
pelas escolas a essas crianças servem como parâmetro da necessidade de
investigações nesta área. Apesar de vários autores (VISCA, 1987) demonstrarem
a importância da psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na
aprendizagem da leitura e da escrita e na formação da inteligência,
tradicionalmente, à escola tem dado pouca importância à atividade motora das
crianças.
1.4.4 Disortografia
Consiste numa escrita não necessariamente disgráficas, mas com
numerosos erros, manifestos logo que se têm adquirido os mecanismos da leitura
e da escrita. Considera-se um sujeito é disortográfico quando comete um grande
número de erros, caracterizado pela incapacidade de transcrever corretamente a
linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras. Essa dificuldade
não implica na diminuição da qualidade do traçado das letras e as trocas
ortográficas são normais nas séries iniciais, porque a relação entre palavra
impressa e os sons ainda não estão totalmente dominadas.
As principais características das crianças que apresentam disortografia
costumam ser: confusão de letra (consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/x),
confusão de sílabas com tonicidades semelhantes, confusão de letras simétricas
(b/d; q/p) e semelhantes (e/a; b/h; f/t).
Entre os diversos motivos que podem condicionar uma escrita desse tipo
conforme se destaca: Alterações na linguagem: um atraso na aquisição e/ou no
desenvolvimento e utilização da linguagem, junto a um escasso nível verbal, com
pobreza de vocabulário (código restrito) podendo facilitar os erros de escrita.
Dentro desta área estão os erros originados por uma alteração específica da
linguagem, como são os casos das dislálias e/ou disartrias. Os erros na
percepção, tanto visual como auditiva fundamentalmente estão baseados numa
dificuldade para memorizar os esquemas gráficos ou para discriminar
qualitativamente os fonemas, também causam dificuldades na aprendizagem dos
discentes.
As falhas de atenção se são instáveis ou frágeis não permitem a fixação
dos grafemos ou dos fonemas corretamente. Dessa forma, uma aprendizagem
incorreta da leitura e da escrita, especialmente na fase de iniciação, pode originar
lacunas de base com a conseqüente insegurança para escrever. Igualmente,
numa etapa posterior, a aprendizagem deficiente de normas gramaticais pode
levar à realização de erros ortográficos que não se produziriam se não existissem
lacunas no conhecimento gramatical da língua. Muitas destas alterações
entroncam a disortografia com a dislexia, chegando a ponto de, para muitas
pessoas entenderem a disortografia como uma seqüela da dislexia.
1.4.5 Erros de Formulação e Sintaxe
Esse tipo de distúrbio da escrita refere-se a casos em que a criança
consegue ler com fluência e apresenta uma linguagem oral perfeita,
compreendendo e copiando palavras, mas não consegue responder ou dar
respostas a perguntas ou cartas, não impetrando se expressar de forma escrita.
Conforme relata José (1996 p.95):
A criança que apresenta desordem na formulação escrita tem dificuldades em colocar seu pensamento em símbolos gráficos (letras), numa folha de papel. Apesar de sua linguagem oral ser superior e de boa compreensão do que lê, ela fica parada, sem condições de produzir um texto próprio.
Assim podem ocorrer erros como omissão de palavras, ordem errada das
palavras, uso incorreto dos verbos e dos pronomes, terminações incorretas das
palavras e falta de pontuação. É uma situação muito frustrante, pois a criança se
sente capaz de competir com os demais alunos quando é exigida a expressão
oral, porém ao ser solicitado a transferência do conhecimento oral para o escrito
ele não consegue acompanhar.
1.4.6 Dificuldades Escolares Globais de Origem Afetiva
A criança de seis anos que ingressa na escola elementar acha-se
bruscamente confrontada com uma situação nova à qual terá de adaptar-se
rapidamente. Os problemas com os quais ela vai envolver-se implicam, em muitos
casos, uma reconsideração dos hábitos e atitudes anteriores. Particularmente,
confrontava-se com o problema de sua própria eficácia, já que deve submeter-se
às aprendizagens e ser bem sucedida de acordo com um ritmo que, na maioria
dos casos não leva em conta suas possibilidades reais.
Esta exigência de desempenho é exacerbada pelas comparações feitas
de uma criança a outra e este ambiente competitivo passará, rapidamente, a ter
para ela uma significação afetiva, e até mesmo moral, na medida em que as
noções de bons e maus alunos se desprenderão naturalmente do êxito ou do
fracasso. A situação da criança torna-se ainda mais difícil pela exigência dos pais
que se sentem pessoalmente implicados, e até traídos, quando seus filhos não
chegam ao nível das outras crianças.
Esta análise sucinta põe em evidência o fato de que a aprendizagem
escolar definida como conteúdo é inseparável das condições das relações dentro
das quais ela é exercida. Compreende-se, então, que os problemas encontrados
possam situar-se, conforme o caso, mais no pólo afetivo ou mais no plano
funcional.
Durante o período escolar, seriam possíveis, apoiando-nos nas atividades
de expressão espontânea realizadas em grupos, despistar entraves como
inibição, a insegurança, as dificuldades de comunicação, os atrasos de
linguagem. A exploração das situações lúdicas e do trabalho voltado para a
imagem do corpo num clima de segurança criado pelo educador, deve permitir às
crianças, vítimas de carências afetivas ou, ao contrário, (super) protegidas, a
recuperação de uma parte de seu atraso no plano funcional e, abordar o curso
preparatório em melhores condições.
CAPÍTULO DOIS
A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO
CONTEXTO EDUCACIONAL
No âmbito educacional é de suma importância que ocorra a existência do
psicopedagogo para realizar ações e diagnosticar as dificuldades enfrentadas
pelos alunos durante o processo de ensino e aprendizagem.
2.1 Repensando o Âmbito Escolar
A situação atual do atendimento às necessidades escolares da criança
brasileira é responsável pelos índices assustadores de repetência e evasão no
ensino fundamental. Por outro lado, já se conhece o “efeito solicitador do meio
escolar regular no desenvolvimento de pessoas com deficiências” (MANTOAN,
2003) e é mesmo um comum afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em
sua individualidade, para não se condenar uma parte deles ao fracasso e às
categorias especiais de ensino.
A diversidade no meio social e, especialmente no ambiente escolar, é
fator determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios intelectuais,
sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujeitos que neles interagem.
Acredito que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição de
princípios educacionais válidos para todos os alunos, resultarão naturalmente na
inclusão escolar.
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros onde
toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no
aluno depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino
escolar. De fato, nem sempre os estudos e as comprovações científicas são
diretamente aplicáveis à realidade escolar e as implicações pedagógicas que
podemos retirar de um novo conhecimento também precisam ser testadas, para
confirmar sua eficácia no domínio do ensino escolar. O paradigma vigente de
atendimento especializado e segregativo é extremamente forte, se fazendo assim
enraizado no ideário das instituições e na prática dos profissionais que atuam no
Ensino Fundamental.
A normalização no âmbito educacional visa tornar accessível às pessoas
socialmente desvalorizadas condições e modelos de vida análogos aos que são
disponíveis de um modo geral ao conjunto de pessoas de um dado meio ou
sociedade; implica a adoção de um novo paradigma de entendimento das
relações entre as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas que objetivam a
eliminação de toda e qualquer forma de rotulação.
A mudança de perspectiva educacional não se limita a ajudar somente os
alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóiam todos: professores,
alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa
geral. O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a “abolição
completa dos serviços segregados” (CAGLIARI, 1996).
As ações educativas têm como eixos o convívio com as diferenças e a
aprendizagem como experiência relacional participativa. Por tudo isso, a inclusão
é produto de uma educação plural e democrática. A Constituição Federal (1988)
elege como “fundamento a cidadania e a dignidade da pessoa humana” (art. 1º,
inciso II e III) e como objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação (art. 3º, inciso IV). Garante ainda o direito à igualdade (art. 5º). Esse
direito visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
A constituição, contudo, garante a todos direito à educação e ao acesso à
escola e isso significa que para se atingir o pleno desenvolvimento humano e o
preparo para a cidadania, entende-se que essa educação não pode se realizar
num ambiente segregado. O acesso a todas as séries do ensino fundamental
(obrigatório) deve ser incondicionalmente garantido a todos. Os critérios de
avaliação e promoção devem ser reorganizados de forma a cumprir os princípios
constitucionais da igualdade de direito ao acesso e à permanência na escola
básica, bem como o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
da criação artística, segundo a capacidade de cada um.
A reorganização das escolas depende de um encadeamento de ações
que estão centradas no projeto político-pedagógico, que pretende esclarecer
diretor, professores, coordenadores, funcionários e pais sobre a clientela e sobre
os recursos, humanos e materiais, de que a escola dispõe. A inclusão não prevê
as práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência e/ou
dificuldade de aprender, pois os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino
for de boa qualidade, o professor explorará convenientemente as possibilidades
de cada um. Uma outra situação de recriação dos espaços educativos é o que diz
respeito ao trabalho em sala de aula, ainda muito marcado pela individualização
de tarefas.
O papel do professor nesse processo é decisivo para engendrar e
participar dessa caminhada pelo saber, sendo que ele é capaz de partilhar com os
alunos a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula. É seu
papel respeitar as diferenças e estar atento ás singularidades das vozes que
compõem as turmas, promovendo o diálogo entre elas, contrapondo-as,
complementando-as.
2.2 Intervenção Psicopedagógica
Na nossa realidade escolar são inúmeras as dificuldades enfrentadas
pelos educadores cujos caminhos encontrados pela escola para resolver os
problemas, prendem-se a exercícios repetitivos e sem sentido, que além de pouco
ou nada contribuem para uma mudança de desempenho, acabam inibindo ou
prejudicando a aprendizagem.
Pode-se considerar de suma importância a realização de uma ação
psicopedagógica junto aos profissionais dos serviços públicos de atendimento,
para que possam desenvolver uma proposta mais fecunda de trabalho, a partir da
compreensão de questões relacionadas ao processo ensino/aprendizagem.
Intervenção essa que deve ocorrer junto aos alunos que apresentam problemas
para aprender através de atendimentos individuais ou grupais, seja na escola ou
através de serviços de atendimento, com apoio de profissionais que atuarão
juntamente com os educadores.
O psicopedagogo é um profissional que precisa estar presente na escola
e ser qualificado para atuar nesse âmbito. O mesmo busca realizar este trabalho
através de processos e estratégias que levam em conta a individualidade do
aprendente, sendo comprometido com a melhoria das condições de ensino e
aprendizagem, assumindo o papel de estimular ou facilitar o processo ensino-
aprendizagem.
Muitas vezes o profissional precisa descobrir na criança o que ela já sabe,
porém é importante despertar o desejo de aprender, ter a curiosidade de
reconhecer o reforço positivo pelo seu desenvolvimento, tendo a consciência do
seu papel educativo e humano. Devendo assim, detectar as dificuldades de
aprendizagem que possam aparecer em sala de aula e investigar as causas de
forma ampla, abrangendo os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais,
psicológicos adicionados ao meio em que a criança vive.
Cabe ao Psicopedagogo contextualizar, sempre que possível, os
conteúdos sistematizados pela escola, favorecendo a vivência destes conteúdos
para que possa ser facilmente compreendido pela criança. Falar de problemas de
aprendizagem nessa perspectiva pressupõe entender que, em primeiro lugar,
todas as dificuldades devem ser consideradas, como uma interferência no
processo de mediação do conhecimento. Quando for esgotada essa
possibilidade, aí sim, deve-se começar a pensar em alguma outra causa. Cabe
ressaltar que as práticas multidisciplinares têm demonstrado, cada vez mais,
atingir os objetivos estipulados para o acompanhamento de crianças que
apresentam algum tipo de interferência em seu processo de aprendizagem.
Pela intensidade com as crianças apresentam os sintomas e
comportamentos infantis, pela duração em que eles têm na vida escolar e pela
participação do lar e da escola nos processos problemáticos, fica difícil para o
professor identificar os problemas de aprendizagem de seu aluno. Na verdade
quando o ato de aprender se apresenta problemático, é preciso uma avaliação
muito mais abrangente e minuciosa, cabendo ao Psicopedagogo fazê-la, a fim de
identificar causas, e planejar possíveis ações.
A escola e os pais, em geral, tentam lidar com uma imensa gama de
problemas, pois seus filhos/alunos parecem suficientemente inteligentes, porém
enfrentam todos os tipos de obstáculos na escola. E uma vez entendido isto,
entende-se também, que muitos desses métodos didáticos de sucesso
comprovado e que os materiais que funcionam para crianças ditas “normais”, são
inúteis para as crianças com dificuldade de aprendizagem. Elas têm boa intenção
no tocante a deveres e tarefas, porém esquecem com extrema facilidade as
instruções ou objetivos para desenvolvê-los. Seus problemas as impedem, às
vezes, de fazer amizades, causando um tumulto na vida de toda a sua família.
Para tanto o psicopedagogo, com uma formação específica para os
problemas de aprendizagem, capaz de trabalhar de modo afetivo com tais
crianças (Psicopedagogia clinica) e também com os profissionais envolvidos
nesse processo (Psicopedagogia institucional) a fim de se estar desenvolvendo
um programa apropriado às necessidades dessas crianças (VISCA, 1987). Numa perspectiva educativa os Distúrbios, Dificuldades e Problemas de
Aprendizagem refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem
da leitura, da escrita ou do cálculo influenciando na aquisição de aptidões sociais.
Enquanto que, em uma perspectiva orgânica, de modo geral, são desordens
neurológicas que interferem com a recepção, integração ou expressão de
informações, caracterizando-se em uma discrepância acentuada entre o potencial
estimado do aprendente e a sua realização escolar.
Dentre as variáveis da ação psicopedagógica os Distúrbios, Dificuldades
e Problemas de Aprendizagem se configuram no seu objeto de trabalho e o
diferencia da ação do psicólogo, pois se prende exclusivamente aos fatores que
interferem na aprendizagem, proporcionando correções e ajustamentos, no
processo educativo escolar que garanta ao aprendente o sucesso e a auto-
estima. È por causa dos Distúrbios, Dificuldades e Problemas de Aprendizagem
que o Psicopedagogo entra em ação, sendo procurado pelos pais e/ou escolados.
Será a partir do deste conhecimento que o psicopedagogo poderá analisar e
refletir a respeito:
a) da aprendizagem e seu processo de escolarização b) dos fatores que influenciam na aprendizagem humana e as causas do
fracasso escolar; c) da diferença entre Distúrbios, Dificuldades e Problemas de
Aprendizagem e finalmente; d) da importância da Psicomotricidade como recurso de atendimento
psicopedagógico;
Assim, a atuação deste profissional que pretende atuar na
Psicopedagogia visa descobrir, aceitar, entender as causas e conseqüência de
determinados resultados escolares para que haja uma compreensão do homem e
contribuir para seu sucesso escolar. O Psicopedagogo, tendo a consciência do
seu papel educativo e humano, deve detectar as dificuldades de aprendizagem
que possa aparecer em sala de aula e investigar as causas de forma ampla, que
abranje os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos adicionados
ao meio ambiente em que a criança vive.
Embora a educação ainda seja um dos meios capazes de transformar a
realidade, é necessário que todos se posicionem de forma critica e principiem a
prática da inclusão no cotidiano escolar. Há necessidade de se criar alternativas
reais, efetivas e afirmativas, para que todos possam conviver no espaço escolar
comum, pois só assim estaremos construindo uma sociedade mais justa e
igualitária e a escola estará desempenhando a função de educar para a
transformação da sociedade vigente em um mundo melhor e digno de se viver.
A função do psicopedagogo na atualidade é a de oferecer suporte, ou
seja, de ser um mediador de informações, de ser aquele que indica caminhos
possíveis para serem trilhados pelo sujeito, sem imposições de qualquer
natureza. Seu trabalho é pautado na crença da capacidade humana de aprender
e renovar-se continuamente, adaptando-se a cada mudança que ocorre no
ambiente. Por isso, acredita sempre no homem que tem fé no humano e não
desanima diante de qualquer dificuldade, pois sabe que todos os seres são
dotados da possibilidade de transformar vida em existência, informação em
conhecimento, e todos tem um saber a ser explorado em benefício da sociedade.
Nas relações entre escola, estado e sociedade, o psicopedagogo pode vir
a ser o profissional que articula instâncias reguladoras entre os diversos âmbitos
da realidade educacional, pois é um especialista em aprendizagem humana e
detém conhecimentos fundamentais para o momento em que vivemos. Por isso,
sua atuação profissional legitimada socialmente, precisa ser regulamentada o
quanto antes, de forma que possa desempenhar o papel que lhe cabe neste
momento histórico, sem qualquer tipo de reação normativa.
2.3 O Uso de Brinquedos, Jogos e Materiais Pedagógicos na
Intervenção Psicopedagógica.
Pode-se conceber o processo ensino aprendizagem sendo fundamentado
em três elementos articuladores básicos: o objeto pedagógico, a matéria-prima
pedagógica e o substrato pedagógico. Com isso venho a expor que o material
pedagógico tem uma “concretude ou essência, uma multiplicidade de imagens da
concretude e um símbolo representativo da mesma” (MRECH, 1987, p. 50), dessa
forma pode-se observar que a passagem do objeto concreto para o objeto
construído pelo aluno parece fundamental.
O psicopedagogo pode acreditar que sua visão do objeto é a mesma do
aluno, porém ele não perceber que, embora a essência do objeto seja a mesma, a
sua inserção se dá em um universo simbólico diferente. Para identificar o que o
aluno está percebendo, é fundamental captar em que contexto simbólico e/ou
imaginário o objeto do aluno se encontra inserido.
É importante perceber o objeto em construção, para não reduzi-lo a uma
leitura rasa do que pode estar acontecendo com o aluno. Este processo é
fundamental, porque não é só o objeto do conhecimento e do saber que está
sendo construído, mas também a modalidade de aprendizagem do aluno. Embora
muitas crianças não consigam desenvolver-se plenamente o psicopedagogo pode
encaminhá-la aos especialistas que buscarão juntamente á família e escola
soluções ou enfrentamento do problema.
Assim, a construção da modalidade de aprendizagem dos alunos são
processos em estruturação, pois, em cada um de pode-se observar uma maneira
pessoal para aproximar-se do conhecimento e para conformar seu saber. E tal
modalidade de aprendizagem constrói-se “desde os primeiros dias do
desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num
sistema de comportamento social” (VYGOTSKY, 1994).
A modalidade de aprendizagem revela a forma e o conteúdo do processo
de estruturação da aprendizagem do sujeito, trazendo em seu bojo a criação do
material pedagógico como um objeto resultante do processo de ensino-
aprendizagem. O material pedagógico ou objeto pedagógico construindo
interiormente pelo aluno é sempre único, e podem ser utilizadas pelo
psicopedagogo durante o processo de detectar os problemas de aprendizagens,
sendo essas as necessidades específicas que deverão nortear o nosso trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O importante da análise realizada é que se conheçam as possibilidades
dos sujeitos, seus funcionamentos, a formas de vinculação afetiva, para que
apartir daí se possa organizar uma intervenção psicopedagógica que auxilie na
superação ou minimização de suas dificuldades de aprendizagem.
Muitas são as dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelas crianças
durante o processo de aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Porém é necessário que a escola se posicione criticamente frente á realidade e
execute sua função de educar para a vida, oportunizando á todos acessarem aos
conhecimentos que lhes são de direito, fazendo adaptações em seu currículo,
enfim abrindo-se á um leque de oportunidades que surgem em seus recintos,
favorecendo aos alunos que necessitam de oportunidades de desenvolvimento.
As inúmeras pesquisas realizadas na área da educação sobre o tema em
questão oferecem momentos de reflexão sobre as conseqüências geradas no
âmbito educacional, prejudicando a vida de inúmeros sujeitos que fica á margem
do saber. Assim o psicopedagogo, sendo um profissional qualificado para atuar
no âmbito educacional concebe a realização de ações de intervenção
favorecedoras do processo ensino aprendizagem, ajudando ás crianças no
enfrentamento de suas dificuldades nas séries iniciais do Ensino fundamental.
Na atual realidade em decorrência dos inúmeros problemas de
aprendizagem, exigem dos profissionais da educação uma ação ativa, reflexiva,
socializadora e criativa que constituem a essência da evolução no processo
educativo em oposição ao condicionamento oferecido pela prática pedagógica
estática. A constituição de um sistema educacional inclusivista se torna a
efetuação de um organismo respeitoso justo e digno, com oportunidades de
desenvolvimento á todos que adentram aos recintos da escola, porém é
necessário que haja a participação de todos os atores do processo educativo.
O psicopedagogo atuante no âmbito educacional beneficia o processo
ensino aprendizagem, pois pode diagnosticar os problemas existenciais, sendo
necessário a efetuação de ações de intervenção psicopedagógica, auxiliando as
crianças com dificuldades de aprendizagem que estão inseridas neste contexto. O
apoio familiar é fundamental, porém na maioria das vezes se faz necessário o
acompanhamento de profissionais da educação, pois a exclusão impossibilita o
sujeito acesso aos direitos que lhes convêm. Nesse sentido é suma importância a
efetuação de ações, como:
• Existência do psicopedagogo no âmbito educacional, com
formação qualificada, diagnosticando as dificuldades de aprendizagem, realizando
ações e encaminhamentos que julgar necessário;
• Realização de projetos inclusivos envolvendo a escola e
comunidade;
• Adaptação curricular;
• Reflexão sobre a prática, com posicionamentos críticos dos
educadores, e utilização de técnicas e métodos atrativos que favoreçam aos
alunos em suas dificuldades;
• Respeito pelas individualidades e capacidades de desenvolvimento
dos sujeitos;
• Oferecimento de um ensino qualificado num sentido de igualdade
de condições;
A escola sendo local de acesso á toda população precisa aprender lidar
com as diferenças que adentram seus recintos. Assim, a diversidade de saberes
se torna uma oportunidade rica para que se adquirir conhecimentos,
estabelecerem novas relações, aprender a conviver e respeitar aos demais e
principalmente oferecer oportunidades para que todos se desenvolvam dentro de
suas capacidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Celso. Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender. Porto Alegre: ARTMED, 2002. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística. Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Scipione, 1996 (p. 8-10). FERREIRO, Emilia, Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre. Artes médicas. 1985. GOMES, Maria de Fátima Cardoso e SENA, Maria das Graças de Castro (org). Dificuldades de aprendizagem na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. JOSÉ, Elisabeth da Assunção. Coelho, Maria Tereza. Problemas de aprendizagem. Ed. Ática, São Paulo: 1996. MORAIS, Albuquerque, E.B.C. Alfabetização e letramento: O que são? Como se relacionam? Como alfabetizar letrando? In: Albuquerque, E.B. C, Leal, T.F. Alfabetização de jovens e adultos em uma perspectiva de letramento. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. MRECH, Leny M. Uma breve discussão a respeito da concretude do material pedagógico. In: Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Ano 6, n. 13, jun. 1987. NUNES, T. BUARQUE, L. Dificuldades de aprendizagem da leitura: Teoria e prática. São Paulo: Cortez, 2000. PAIN, Sara. Inclusão social. Ed. Vozes. Petrópolis, 1987. SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo horizonte: Autêntica, 1998. VISCA, J. L. Clínica psicopedagógica: A epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes médicas, 1987. WANDSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. São Paulo: Ed. Pioneira, 1996. WYGOTSKY, Lev. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
ANEXOS
Projeto de Pesquisa Nome da Aluna: Gerciléia Simplício Mourão Curso: Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia
Tema
Dificuldades de aprendizagem
Título
A intervenção psicopedagógica em contextos escolares de dificuldade de aprendizagem.
Problema
De que forma o psicopedagogo pode intervir no ambiente escolar, num trabalho de cooperação e parceria com aprendizes e professores e assim atender as necessidades dos alunos no processo de aprender quando estes apresentam dificuldades de aprendizagem?
Justificativa
Ao encontrar nas séries iniciais do ensino Fundamental alunos com dificuldades de aprendizagem, o professor necessita criar condições favorecedoras da construção do conhecimento pela criança. Nesta expectativa, com o apoio do psicopedagogia a tarefa torna-se mais facilmente realizada, uma vez que este profissional deve ser dotado de conhecimentos de diferentes áreas, podendo, assim, contribuir em diferentes momentos do processo, iniciando com o diagnóstico do problema, conhecendo as causas e realizando intervenções por meio de interações com a família e a escola. Diante do exposto, releva-se esta pesquisa que poderá auxiliar professores e pedagogos no enfrentamento de situações de dificuldades de aprendizagem no contexto.
Objetivo Geral
• Refletir sobre a intervenção psicopedagógica no processo de aprendizagem no contexto
escolar a partir da identificação das dificuldades de aprendizagem dos discentes.
Objetivos Específicos
• Conceituar dificuldades de aprendizagem através das diversas definições apresentadas
pelos estudiosos do tema. • Discutir a importância da intervenção psicopedagógica no contexto educacional em
situações de dificuldade de aprendizagem. •
Questões Secundárias
Ainda há, por parte dos educadores, confusão sobre as necessidades específicas de aprendizagem com déficit de inteligência e dessa forma o espaço do psicopedagogo no contexto escolar continua restrito. Dificultando assim, suas ações junto aos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagens, já que os agentes da comunidade escolar, pais e professores, não conhecem, ou melhor, não reconhecem a importância do trabalho desse profissional.
Delimitação
Dificuldades de aprendizagem encontradas nas séries iniciais e possibilidades de intervenção psicopedagógica.
Procedimento Metodológico
Este estudo é do tipo descritivo já que busca estudar, analisar e refletir sobre a intervenção psicopedagógica no espaço escolar, em seus diferentes níveis de intervenção. Usar-se-á de análise bibliográfica e metodológica por meio de investigação de idéias, conceitos e comparações de diferentes autores em relação ao tema e refletindo criticamente aos modelos metodológicos de intervenção psicopedagógica. Acredita-se que dessa forma se poderá determinar a natureza e a intensidade das intervenções psicopedagógicas na escola e assim descrever as condições nas quais ela acontece. A base do método será dialética, já que se aprofundará o conhecimento sobre a intervenção psicopedagógica durante as manifestações de dificuldade de aprendizagem no contexto educacional.
Problemática: A Intervenção Psicopedagógica em Contextos Escolares de
Dificuldade de Aprendizagem.
Elaborada por: Gerciléia Simplício Mourão
Aluna da Pós-graduação “LATO SENSU” em Psicopedagogia Institucional -
Universidade Cândido Mendes
Foi analisado e aprovado com a Nota: ____
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Membro da Banca Examinadora
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Membro da Banca Examinadora
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Professor Orientador
Presidente
Vitória/ES
2008
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