histÓria da paraÍba
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HISTÓRIA DA PARAÍBA
Etimologicamente falando o nome PARAÍBA é originado de tupi:
PARA(rio) IBA(mau), cuja significação foi atribuída pelo historiador holandês
Elias Herckman como: rio mau, o cronista Loureto Couto o denominou de rio
caudaloso e Coriolano de Medeiros de BRAÇO QUE VEM DO MAR.
O rio Paraíba denominado de São Domingos por André Gonçalves, era
há muito tempo conhecido dos franceses que por ele faziam os carregamentos
de madeira da terra. Já se encontrava nessa época na Paraíba uma porção de
mamelucos, que cortava em varias direções e quase sempre iam implantando
o terror sobretudo entre os negros nativos que encontravam. Através do rio
Paraíba armaram-se batalhas, trafegaram naus francesas e portuguesas
carregando toros de pau brasil cuja madeira era de primeira qualidade e muito
abundante na Paraíba.
O território era dos mais povoados no tempo do descobrimento do
Brasil. Duas nações tupis, os Tabajaras e os Potiguares, ocupavam as
margens do Rio Paraíba até 20 léguas do litoral. Havia os Cariris, povo tapuia
dominando o Planalto da Borborema e todo interior. Devido às condições
favoráveis do meio, livre dos danos das secas, os tupis, compostos apenas de
duas nações, equivaliam numericamente, aos cariris, divididos em muitas
tribos.
Estava a Paraíba entregue aos índios e aos franceses que invadiam,
explorando toda a região e fazendo importante comércio de pau-brasil. Não
somente a exploravam, mas, ainda saqueavam os proprietários. Cada ano
ancoravam vinte a trinta navios na foz do Rio Paraíba na Baia de Acejutibiró
(Traição), hoje Baia da Traição, os índios ajudavam os franceses a tirar o pau-
brasil, em troca de ferramentas, presentes e enfeites, de que muito gostavam.
Os piratas enchiam as naus de madeira cor de brasa, algodão, óleos vegetais
e animais nativos e vendiam no comércio europeu. O contrabando de pau-
brasil tornou-se palco de luta, guerra e morte.
Setenta e quatro anos depois do descobrimento do Brasil, era tão forte o
núcleo frances-potiguara que em 1574, levaram a efeito uma macabra incursão
ao Engenho Tracunhaém no território de Pernambuco, com tal surpresas
perversidade que tudo reduziam a cinzas, atearam fogo nos canaviais,
mataram os animais de serviço e exterminaram mais de 500 pessoas
moradores do engenho, inclusive o proprietário Diogo Dias, foi sacrificado com
toda a família.
A Paraíba não foi logo constituída em capitania. O seu território em 1534
pertencia à capitania de Itamaracá. Ia da foz do Rio Santa Cruz, hoje Igaraçu,
até a Baía da Traição. Cobria assim, todo o território do atual Estado da
Paraíba. Essa capitania foi doada a Pero Lopes de Sousa, com sua morte os
franceses e potiguares tinham multiplicado sua ação de domínio, inclusive com
audacioso avanço ao Engenho Tracunhaém, o rei de Portugal D. Sebastião
assombrado com os acontecimentos e para assegurar a tranqüilidade dos
habitantes de Itamaracá e Olinda, resolveu criar a Capitania Real da Paraíba,
em 1574, compreendendo parte das terras da capitania de Itamaracá.
Chamou-se capitania da Coroa porque foi conquistada com dinheiro e
soldados do Estado independente e administrada por Governadores nomeados
pelo Rei.
A conquista da Paraíba vinha constituindo um problema sério para os
portugueses, as primeiras tentativas foram frustradas e a terra continuou
entregue ao próprio destino. O rei de Portugal sabedor da grande mortandade
efetuada pelos mamelucos e índios, resolve tomar as devidas providencias
receosos de que os franceses não viesse tomar conta da Paraíba e ordena ao
governador geral do Brasil Luis de Brito e Almeida efetuar a conquista e
povoamento.
Em 1574 realizou-se a primeira tentativa de conquista. O governador
Luis de Brito ordena a Fernão da Silva, ouvidor Geral e Provedor-Mor da
Fazenda ara que viesse ocupar a Paraíba. Organiza a expedição com
elementos de que pode dispor, e toma posse da terra, mas não pode manter a
conquista, pois indígenas e franceses se levantaram em tão grande número
que ele teve de fugir sacrificando parte de sua expedição.
1575 segunda tentativa quando o governador Luis de Brito em face ao
fracasso de Fernão da Silva, para a conquista da Paraíba, resolve ele mesmo
faze-la. Devidamente aparelhado, dispondo de uma frota considerável e de
tropas numerosas e bem organizadas, embarcou para Paraíba, porem fortes
temporais dispersaram a frota, que regressou a Bahia sem ter atingido o ponto
desejado.
1579 terceira tentativa João Tavares, Juiz de Órgãos e Escrivão da
Câmara de Olinda lançou os fundamentos de uma povoação a margem do rio
Paraíba, construiu um fortim de madeira na ilha da Camboa hoje chamada
Restinga. Por falta de auxilio dos portugueses não pode continuar sua ação de
conquista regressando a Pernambuco.
1580 chega a Pernambuco Frutuoso Barbosa, rico proprietário e
comerciante de pau-brasil, conseguira do governo a nomeação de Capitão-mor
da Paraíba por espaço de dez anos, obrigando-se a realizar sua conquista.
Organiza uma poderosa expedição e se dispões a combater os selvagens,
porém um temporal destroçaram a armada e retrocederam-na a Lisboa de
onde depois de recomposta retornou a Pernambuco. Nesse mesmo ano, não
esmorecendo com aquele infortúnio que lhe roubara a esposa, e cheio de
coragem e talvez guiado pelo interesse Frutuoso volta a sua empresa, reforça
suas tropas e segue por mar enquanto o Capitão Simão Rodrigues Cardoso
vinha por terra com a legião de voluntários. Na foz do Paraíba, aprisionou
Frutuoso cinco naus francesas carregadas de pau-brasil. Mas enquanto
esperava ali pelas forças da terra, uma cilada do gentio vem atacar sua gente
perdendo quarenta homens de sua força inclusive seu filho, fato que o deixou
profundamente aflito e impressionado.
Frutuoso, depois de transferir a colônia da Camboa para Cabedelo,
procurou fortificar-se ao norte, mas insuflado pelo inimigo se viu obrigado a
retirar-se para Pernambuco e pedir socorro a Manuel Teles Barreto governador
geral do Brasil. Coincidiu a sua chegada a Bahia com o aparecimento de uma
poderosa esquadra comandada por Diogo Flores Valdez (General Espanhol) á
busca de provisões, o governador consegue a ajuda do general auxiliado por
Martim Leitão, Martins de Carvalho e Dom Felipe Moura, chegando em
Pernambuco reuniram-se em Conselho e combinaram o plano de conquista. A
Paraíba é cercada por terra e por mar. Na Barra do Rio Paraíba, Valdez
aprisionou naus francesas ateando fogo as mercadorias, enquanto o restante
da força por terra combatiam os índios.
Tratou Diogo Flores de escolher o local para construção de forte, ponto
de apoio pra novas conquistas. Defronte a Cabedelo foi erguido o forte com o
nome de São Felipe ou São Tiago (Forte Velho). Logo depois Flores retirava-
se com suas tropas nomeando diretor do Forte Francisco Castrejon e Frutuoso
incumbido de governar a capitania. As desinteligências entre os dirigentes do
forte impediram o progresso da recente colônia, que já não podia oferecer aos
inimigos a necessária resistência. Passou o forte, a ser alvo de insistentes
agressões dos selvagens açulados pelos franceses. Castrejon não resistindo
as hostilidades dos selvagens e franceses abandona o forte vai para
Pernambuco onde é preso e remetido para Espanha. Enquanto ele partia os
índios tratavam-se de organizar resistência e uniram a tribos tabajaras e
potiguares, porém um imprevisto deu-se o rompimento do chefe Tabajara com
o chefe Portiguar, perseguido pelo inimigo Piragibe pede socorro a
Pernambuco, e foi nesse momento de desarmonia que Martim Leitão,
habilmente soube aproveitar-se mandando propor a paz a Piragibe, o
emissário foi o Capitão João Tavares, o acordo foi celebrado numa colina, as
margens do Rio Sanhauá, começaram a expulsar o invasor. Era 05 de agosto
de 1585 dia consagrado a Nossa Senhora das Neves, realizava-se nesta data
a conquista definitiva da Paraíba. Estava o convênio celebrado feita assim a
Aliança forte contra Potiguar e Tapuia, inimigos poderosos do litoral, contrários
e hostis a conquista da civilização.
Efetuada a conquista da Paraíba, Martim Leitão, tomou providencias
para que desde logo se fundasse a colônia que mais tarde deveria se tornar
uma cidade próspera. A fundação recuou do litoral e situou-se numa colina, a
margem do Sanhauá, afluente do Paraíba, a quarenta e cinco metros de
altitude, no sentido leste-oeste. Foi vista por Frei Vicente Salvador como “uma
planície de mais de meio légua, muito chão e toda cercada de água”.
Estabelecidas as pazes entre portugueses e o cacique dos Tabajaras
Piragibe, a 05 de agosto de 1585, João Tavares escolheu o local para a
construção de um forte sob a direção do oficial alemão Cristóvão Lins como
meio de defesa da cidade. No alto da colina foi construída a capela de Nossa
Senhora das Neves que seria a padroeira da cidade e lhe daria o primeiro
nome. A data exata da origem é 04 de novembro de 1585, o mestre construtor
das obras foi Manuel Fernandes designado para dirigir as novas edificações
em projeto.
A cidade recebeu o nome de Filipéia de Nossa Senhora das Neves em
homenagem a Filipe II rei de Espanha e Portugal. Sob o domínio holandês
denominou-se Frederica, em homenagem ao príncipe de Orange.
Restabelecida a soberania portuguesa foi chamada Paraíba, finalmente em
1930 recebe o nome de João Pessoa por Decreto assinado por Dr. Álvaro de
Carvalho pai do ilustre governador barbaramente assassinado no Recife.
Vale ressaltar com profundo reconhecimento três figuras importantes
que se sobressaíram na história da conquista e civilização da Paraíba. Merece
comentários especiais o nome de Martim Leitão, combatente indomável dos
franceses e potiguares, verdadeiro conquistador e fundador da Paraíba.
Destacando-se também seu auxiliar João Tavares, primeiro capitão-mor,
incansável administrador, fundou engenhos, desenvolveu a agricultura, instituiu
prêmios de vinte mil reis a quem empreendesse construções, fundou a Santa
Casa de Misericórdia, contribuiu bastante para o desenvolvimento da cidade.
Em 1586 inicia-se a obra de catequese e civilização confiado aos
jesuítas que vieram na expedição de Martim Leitão, eles construíram a capela
de São Gonçalo e a aldeia Braço de Peixe. A freguesia de Nossa Senhora das
Neves foi criada nesse ano e o seu primeiro vigário foi o Pe. João Sarlém dos
Santos. Outras ordens religiosas tais como carmelitas, beneditinos e
franciscanos vieram a Paraíba com o objetivo de fundarem conventos. O
primeiro convento foi o de Santo Antonio fundado pelo Pe. Custódio Melchior
da Santa Catarina, o Convento do Carmo fundado por Francisco S.
Boaventura, o mosteiro de São Bento por Frei Damião da Fonseca e o
convento de São Francisco por Frei Antônio do Campo Maior. O estilo é
barroco romano, atualmente pertence ao Estado onde funciona o Museu de
Arte Sacra, com um acervo de mais de dez mil peças.
Esta ordem cronológica nos dá uma informação precisa dos primeiros
governantes da Paraíba, que de uma ou de outra maneira, contribuíram para o
progresso e desenvolvimento da nossa Paraíba
1585 a comitivata do interior da Paraíba não excedeu a serra de
Copaoba, limite das excursões chefiadas por Martim Leitão e João Tavares, no
combate contra franceses e potiguares. Após a expulsão dos holandeses da
Paraíba é que, na realidade, começaram explorações do interior. A conquista
do sertão foi bastante lento, pois os governadores das capitanias se ocupavam
com a colonização do litoral e por muitos anos as ENTRADAS tiveram a serra
de Capaoba como limite. Os holandeses também fizeram explorações pelo
interior, indo Elias Herckman até a serra (hoje cidade de Areia). Entretanto
nada lograram dessa entrada.
A primeira entrada paraibana visando escravizar índios e explorar
minas, foi a de Pedro Coelho de Sousa, cunhado de Frutuoso Barbosa,
obtendo permissão do governo geral partiu com 65 soldados, entre os quais
Martins Soares Moreno, o célebre herói de Iracema, o ponto de reunião dos
exploradores foi o rio Jaguaribe, essa bandeira chegou até serra de Ibiapina,
era intenção de Pedro Coelho ir até o Maranhão, porém seus soldados
protestaram contra seu desejo. Impossibilitado de levar avante sua conquista
por falta de recursos financeiros, regressa a Paraíba. Outras ENTRADAS se
efetuaram após essa, como as de Feliciano Coelho, Duarte Gomes da Silveira
e do Alcaide Manuel Rodrigues. Os bandeirantes paulistas que vinham do sul
do país, penetraram até o Piauí. Afirma-se que os mesmos demoraram no
interior da Paraíba, tendo Domingos Jorge Velho, fundado Piancó e
estabelecido muitos currais de gado.
Não há dúvida que foi a família Oliveira Ledo, da casa da Torre da Bahia
quem levou a efeito a conquista do interior paraibano, partindo das margens do
rio São Francisco atingiu o sertão da Paraíba chegando a Boqueirão, onde
estabeleceu o primeiro núcleo colonial do Cariri. Era chefe da expedição
Antonio de Oliveira Ledo, que foi substituído pelo seu sobrinho Teodósio de
Oliveira Ledo mais célebre e ousado conquistador do sertão paraibano. Do
Boqueirão estendeu-se a conquista por todo alto sertão da Paraíba, tendo
Teodósio recebido o título de capitão-mor de Piranhas e Piancó. A ele deve-se
a fundação de Campina Grande que teve como origem o aldeamento dos arius
que tinha por principal chefe um indígena chamado Cavalcanti, que prestou
relevantes serviços aos conquistadores. O rigor com que os bandeirantes
tratavam os índios determinou a grande reação destes, havendo muitas lutas
que receberam o nome de “Guerra dos Cariris”. Esta tribo aliou-se aos Açus
do Rio Grande do Norte, aos Sucurus, Panatis, Coremas, os Pegas, Icós do
Ceará, empenhando-se numa luta de morte contra o conquistador Oliveira
Ledo. A Paraíba auxiliou as capitanias atacadas, a guerra foi feroz, mas os
indígenas foram vencidos.
Em conseqüência dessa guerra Teodósio Oliveira Ledo leva a conquista
além da Borborema, chegando até Pombal onde constituiu uma povoação. Os
indígenas procuram-se se restabelecer no alto sertão, iniciou-se uma luta sem
trégua, o governo geral mandou a Paraíba o Coronel Manoel Araújo,
fazendeiro nas margens do São Francisco com auxilio dos colonos dirigidos
por Teodósio, a guerra durou alguns anos, depois foi assinada a paz entre os
Coremas e Manoel de Araújo, é considerado o verdadeiro colonizador de
Piancó.
HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO DE POMBAL
1694, Com o auxilio do governo foi organizado duas BANDEIRAS e
partiram para a conquista do sertão. Tendo a frente o capitão-mor Teodósio de
Oliveira Ledo, comandante de uma delas, teve muitas vezes que repelir os
cariris que lhe embargavam a passagem. Avançou sempre, desceu a
Borborema e chegou a Piranhas.
Homem forte e destemido, escoando nas veias o sangue quente do
lusitano, galgou serras e vales do rincão sertanejo, até chegar as águas
barrentas do Piranhas. É certo que teve nos lances mais quentes da conquista
o auxílio de Domingos Jorge Velho á frente das BANDEIRAS paulistas, de
Francisco Dias D’avila, valente sertanista, herdeiro da nobreza e egoísmo seu
avô, Garcia D’avila e o de Abreu Soares aliado de Camarão. Teodósio não
avançou muito pelo rio Piancó acima. Os Coremas e panatis, ferozes e
valentes como eram, chefiados pelo bravo Piancó, lhe embargaram a marcha
por muitas vezes. Sua ação, como desbravador do rincão sertanejo, foi mais
eficiente nos vales do Piranhas e rio do Peixe. Era intenção de Teodósio fundar
um arraial em Piranhas, era necessário pedir auxilio ao governo, conseguindo
gente munição e religiosos para converter os gentios. Em 1699 foi fundado o
arraial com o nome de Piranhas, o terreno escolhido, era ocupado por uma
aldeia de “Pegas”, ramo da família Cariri. Em combates renhidos, mas sempre
vencedor, fundou aqui o valente capitão o Arraial ou povoação de Nossa
Senhora do Bom Sucesso, fundando a primeira Igreja talvez de taipa e palha,
onde apenas se pudesse celebrar o Santo Sacrifício da Missa e se
administrassem os sacramentos dos índios que iam sendo catequizados pelo
religioso da ordem de Santo Antonio.
Até 1719, Pombal não passava de pequena aldeia, ainda com o batismo
de Piranhas, sob as vistas do seu fundador. Nessa época, foi atacado o
pequeno povoado. Mais de 2.000 índios confederados para exterminar a
povoação. Era desigual o combate, tendo havido a superioridade numérica dos
selvagens. O piedoso franciscano invoca a religião e pede a Nossa Senhora do
Bom Sucesso com a promessa de erigir uma igreja constituindo-a como sua
padroeira. O voto foi deferido. Os combatentes fugiram assombrados ante a
resistência cristã.
Em 1721 foi construída a primeira igreja matriz de Nossa Senhora do
Rosário(hoje) contratada pelo preço de 600,00 pagos em três prestações ao
pedreiro Simão Barbosa Moreira, sendo seu primeiro vigário o Padre Antonio
Rodrigues Frasão para esse fim criou-se uma irmandade a de Nossa Senhora
do Rosário, cujos pretos perduram até hoje, fazendo parte integrante do nosso
folclore, os “Pontões”, coisa rara em outras cidades, geralmente se apresentam
na festa tradicional do Rosário que se realiza anualmente no mês de outubro.
A Carta Régia que elevou Pombal a categoria de vila data de 22 de julho
de 1766, nesse tempo a jurisdição de Pombal se estendia desde o Seridó ao
Patú (Rio Grande do Norte) as bacias do Piranhas e Piancó até os contrafortes
da Borborema. 21 de julho de 1862, fundada a cidade Pombal completou em
2002 seus 140 anos.
É uma das mais antigas cidades da Paraíba. A principio chamou-se
Arraial de Piranhas, Bom Sucesso e Finalmente Pombal em homenagem a
Sebastião José de Carvalho e Melo, Ministro de Dom José I, Rei de Portugal.
Sua primeira rua a do comércio hoje Cel. João Leite, que liga a Igreja do
Rosário a primeira da cidade construída pelos conquistadores, marco histórico
do primeiro núcleo colonial do município. A cidade cresceu com a Rua Nova,
hoje Coronel João Carneiro, na qual está instalada a Igreja Matriz de Nossa
Senhora do Bom Sucesso, tendo a sua frente a praça Getulio Vargas. Não
resta dúvida que Pombal cresceu graças a atuação dos seus dirigentes, ela
continua em fase de desenvolvimento nos setores econômicos, políticos,
sociais e culturais.
Atualmente a cidade Colégios, Grupos Escolares, além de Escolas
Isoladas e Municipais todas em perfeito estado de funcionamento destacando-
se seus professores como batalhadores ardentes pelo progresso da cultura da
nossa cidade. No setor da Saúde Publica vamos encontrar Hospitais e Postos
de Saúde com uma equipe médica bastante eficiente que atendem diariamente
a necessidade do seu povo.
Merece comentários especiais os filhos ilustres da nossa terra, Manoel
Arruda Câmara, naturalista, fundou o “Areópago de Itambé” (instituição literária
e política, da qual faziam parte cidadãos da mais alta projeção dos Estados da
Paraíba, Pernambuco e Ceará). Argemiro de Sousa, uma das mais altas
celebrações jornalísticas do Brasil, exímio cultor da civilização oriental. Padre
José Ferreira Nobre, José Ferreira de Sousa, Manoel Ferreira de Sousa,
Manoel Ferreira Nobre, Francisco da Costa Barbosa e outros patriotas que
contribuíram direta ou indiretamente na Revolução de 1817 em Pernambuco.
Na cultura pombalense destacamos os poetas, Leandro Gomes de
Barros, Silvestre Honório, José Ferreira Lima, Belarmino de França e Alcides
Mascena Dantas. Grande educador o Bacharel Arlindo Ugulino. Entre os
escritores focalizamos o Dr. Wilson Seixas autor de “O Arraial de Piranhas”
além de outras obras, o Sr. José Antonio de Sousa, autor de Grande Pombal, o
Economista Celso de Medeiros Furtado, autor de vários compêndio de
sociologia, relembrando também a memória do grande orador José Medeiros
Vieira. Na geração contemporânea Pombal orgulha-se dos seus filhos ilustres:
médicos, bacharéis, sacerdotes, professores, dentistas, economista, ect., e
muitos outros investidos de cargos superiores que muito tem contribuído com
sua parcela de cooperação na federação brasileira. Pombal é pequenina
contanto é grande a ação dos seus filhos que não medem esforços nem
sacrifícios para contribuírem com o bem a quem quer que seja, são exemplos
de valores que a todos deixam transparecer são hospitaleiros e bondosos, pois
aqui há sempre um lugar ao sol para todos aqueles que desejam conhecer
nosso torrão natal sendo bem acolhida no seio da nossa comunidade.
GOVERNADORES DO ESTADO DA PARAÍBA NO PERÍODO
COLONIAL
1585-1588. João Tavares
1588-1591. Frutuoso Barbosa
1591-1592. André de Albuquerque
1592-1600. Feliciano Coelho de Carvalho
1600-1603. Francisco de Sousa Pereira
1603-1605. André Albuquerque
1605-1608. João Barros Correia
1608-1612. Francisco Coelho de Carvalho
1612-1616. João Rabelo de Lima
1616-1620. Francisco Nunes Marinha de Sá
1620-1623. João de Brito Correia
1623-1627. Afonso França
1627-1634. Antonio Albuquerque
1655- Primeiro governador após a expulsão dos holandês, foi João
Fernandes Vieira. Um dos chefes mais notáveis do movimento restaurador em
Pernambuco. Encontrou a Paraíba na miséria. É inegável que empregou
esforços para a reconstrução da colônia, procurou estabelecer a agricultura e
aparelhar engenhos desenvolvendo assim a agricultura. No seu governo
voltaram a Paraíba os monges beneditinos dirigidos por Francisco Paulo do
Espírito Santo, encontrando seu mosteiro em ruínas, foram residir em casas
até serem construídos.
1657- Capitão-mor Matias de Albuquerque Maranhão. Sua
administração assinala o período de reconstrução da Paraíba, com
extraordinário zelo e melhorou as fortificações da capitania.
1662- João Rego Barros. Desenvolvimento da cana de açúcar,
determinou que o açúcar fosse remetido ao reino e não a Pernambuco como
vinha sendo feito.
1670- Luis Nunes de Carvalho. Fez excelente administração.
1673- Inácio de Carvalho. Não foi bem sucedido como seu antecessor.
1675-Manuel Pereira de Lacerda. Organizava empresa e bandeiras com
o objetivo de dominar os índios e conquistar os sertões.
1678- Alexandre de Sousa Azevedo. No seu governo falece a maior
figura da Paraíba André Vidal de Negreiros.
1684- Antonio da Silva Barbosa. No governo houve um surto de febre
amarela denominada de Bicha, que dizimou grande parte da população.
1687- Amaro Velho Ciqueira. Decreta que o açúcar seja vendido
livremente nos comércios.
1692- Manuel Nunes Leitão. Uma seca assola a Paraíba, não sendo
favorável a sua administração. Funda a povoação litorânea de Mamanguape,
sendo seu Primeiro donatário Duarte Gomes da Silveira. Ainda na sua gestão é
fundada a cidade de Guarabira e Pombal.
1697- Manoel Soares Albergaria. Regulou a situação do fumo na
Paraíba. É fundada Campina Grande que se chamou antes Vila Nova da
Rainha.
1700- Francisco de Abreu Pereira. Eleva-se o número de 50 soldados
para cada capitania. Fundada a cidade Cruz do Espírito Santo, nesse lugar
deu-se uma cruenta batalha entre paraibanos e holandeses. São punidos os
negros fugidos de Palmares.
1703- Fernando de Barros Vasconcelos. Proíbe a industria de sal.
1708- João da Mata da Gama. Manda construir a Casa da Pólvora que é
concluída em 1710, recebe a visita de Dom Manuel Álvares da Costa, bispo da
capitania de Pernambuco.
GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA PERÍODO REPÚBLICA.
1889. Junta Governativa - JUNTA GOVERNATIVA
-Ten-coronel Honório Cândido Ferreira Caldas.
- Antônio da Cruz Cordeiro Senior.
- Cap. de engenheiros João C.de Oliveira Cruz.
- Comandante Tomás de Aquino Mindelo.
- Capitão Manoel Alcântara de Sousa Cousseiro.
- Manoel Carlos de Gouveia.
1889-Venâncio Augusto de Magalhães Neiva - PRESIDENTE.
1891-1892. Junta Governativa - JUNTA GOVERNATIVA.
-Coronel Cláudio do Amaral Savaget.
-Eugênio Toscano de Brito.
-Joaquim Fernandes de Carvalho.
1892- Álvaro Lopes Machado. - PRESIDENTE.
1892- 1896. Álvaro Lopes Machado. - PRIMEIRO PRESIDENTE
CONSTITUCIONAL.
1896- Padre Walfredo Leal. - SUBSTITUTO.
1896- 1900. Antônio Alfredo da Gama e Melo.-PRESIDENTE.
1900- 1904. José Peregrino de Araújo. - PRESIDENTE.
1905- 1908. Monsenhor Walfredo Leal. - VICE-PRESIDENTE.
1908- 1912. João Lopes Machado. - PRESIDENTE.
1912- 1915. João Pereira de Castro Pinto. - PRESIDENTE.
1915- 1916. Cel. Antônio da Silva Pessoa. -VICE-PRESIDENTE.
1916- Sólon Barbosa de Lucena. - PRESIDENTE.
1916- 1920. Francisco Camilo de Holanda. - PRESIDENTE.
1920- 1924. Sólon Barbosa de Lucena. - PRESIDENTE.
1924- 1928. João Suassuna. - PRESIDENTE.
1928- 1930. João Pessoa Cavalcanti. - PRESIDENTE.
1930- Álvaro Pereira de Carvalho. - SUBSTITUTO.
1930-1932. Antenor da França Navarro. - INTERVENTOR.
1932-1935.Gratuliano da Costa Brito. - INTERVENTOR.
1935-1940. Argemiro de Figueiredo. – GOVERNADOR E
INTERVENTOR.
1940-1945. Ruy Vieira Carneiro. - INTERVENTOR.
1945-Samuel Vital Duarte. - INTERVENTOR.
1945-1946. Severino Montenegro. - INTERVENTOR.
1946-Odon Bezerra Cavalcanti. - INTERVENTOR.
1946-1947. José Gomes da Silva. - INTERVENTOR.
1947-1950. Osvaldo Trigueiro de A. Melo. - GOVERNADOR.
1950-1951. José Targino. - VICE-GOVERNADOR.
1951-1953. José Américo de Almeida. - GOVERNADOR.
1953-1954. João Fernandes de Lima. - VICE-GOVERNADOR.
1954-1956. José Américo de Almeida. - GOVERNADOR.
1956-1958. Flávio Ribeiro Coutinho. - GOVERNADOR.
1958-1960. Pedro Moreno Gondim. - VICE-GOVERNADOR.
1960-1961. José Fernandes de Lima. - PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA
LEGISLATIVA.
1961-1966. Pedro Moreno Gondim. - GOVERNADOR.
1966-1971. João Agripino. - GOVERNADOR.
1971-1975. Ernani Sátiro - GOVERNADOR ELEITO PELA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA.
1975-1979. Ivan Bichara Sobreira. - GOVERNADOR ELEITO PELA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA.
1979-1983. Tarcísio de Miranda Burity. - GOVERNADOR ELEITO POR
COLÉGIO ELEITORAL.
1982-Clovis Bezerra Cavalcanti - VICE-GOVERNADOR.
1983-1986. Wilson Leite Braga. - GOVERNADOR ELEITO.
1984-Almir Carneiro da Fonseca – PRESIDENTE TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.
1986-Rivando Bezerra Cavalcanti. - PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.
1986-1987. Milton Cabral. - GOVERNADOR ELEITO PELA
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA.
1987-1991. Tarcísio de Miranda Burity. - GOVERNADOR ELEITO.
1991-1994. Ronaldo José da Cunha Lima - GOVERNADOR ELEITO.
1994-Cícero Lucena - VICE-GOVERNADOR.
1988-Miguel Levino de Oliveira Ramos - PRESIDENTE DO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. 1995 - Antônio Marques da Silva Mariz - GOVERNADOR
ELEITO. 18/10/1995 –
1998-José Targino Maranhão. - VICE-GOVERNADOR.
1996-Antônio Elias de Queiroga - PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.
199 8-2002. José Targino Maranhão - GOVERNADOR ELEITO.
2002-Roberto Paulino - VICE-GOVERNADOR.
2003-2007 - Cassio Cunha Lima
A Paraíba em 1618 era afamada como a terceira capitania do norte em
adiantamento, depois da Bahia e Pernambuco. O número de engenhos era de
20 e as fazendas de criação de gado iam além de Pilar. A cidade cotava mais
de 1.000 habitantes habitantes. Expulsados os franceses e dominados os
índios em quase todo o litoral, criavam-se condições para uma obra
civilizadora, que dependia essencialmente da paz. E veio a guerra de
conquistas cometida pelo governo holandês a Companhia das Índias
Ocidentais.
A Primeira tentativa de invasão holandesa no Brasil deu-se na Bahia em
1624, sob o comando de Jacob Willekens e Johan Von Dorth, não teve quase
duração não chegou a fixar-se, embora houvesse dominado a cidade de
Salvador e aprisionado o governador da Bahia, Diogo de Mendonça Furtado.
Expulsos da Bahia os holandeses tomaram a Baia de Traição nesse
recanto da Paraíba depositaram os seus feridos em número elevado. Sabendo
do ocorrido o capitão-mor da Paraíba, Antonio de Albuquerque que organiza
uma tropa de soldados e índios consegue bater os holandeses que
abandonam o sonho de conquista. A Paraíba desempenhou-se com admirável
heroísmo na primeira tentativa de invasão holandesa enviando tropas em
socorro da Bahia sob o comando do seu ex-governador Francisco Nunes
Marinho, inclusive o ilustre paraibano André Vidal de Negreiros supõe-se que
tenha combatido holandeses não só na Baia da Traição como também no
cerco a Salvador, tornando-se mais tarde herói e símbolo de resistência e
bravura.
Com o fracasso da invasão da Bahia, não abandonaram os holandeses
a idéia de conquista, em 1630 ocupam Pernambuco uma poderosa esquadra
composta de 60 navios. O governador de Pernambuco Matias de Albuquerque
organizou a defesa armando para isso o posto de guerra denominado “Arraial
do Bom Jesus”, entre Olinda e Recife. Organizou as Companhias de
Emboscadas e Guerrilhas em que muito se distinguiu o valente Felipe
Camarão. Os holandeses revoltados com a resistência do forte,
impossibilitados de avançar incendiaram Olinda se fixaram no Recife. Matias
de Albuquerque teria possivelmente absoluto êxito, se não fora a interferência
maléfica de Domingos Fernandes Calabar. Resolveram os holandeses mais
uma vez investir sua ação para a Paraíba. O governador Antonio de
Albuquerque prevendo nova invasão mandou reconstruir a fortaleza de Santa
Catarina em Cabedelo e guarnece-la de 18 peças. Em frente fez edificar um
reduto o forte de Santo Antonio, que foi confiado ao comando de Duarte
Gomes da Silveira e o de Santa Catarina a João de Matos Cardoso. No dia 05
de dezembro de 1632, apareceu defronte a Cabedelo uma expedição
holandesa composta de 1.600 homens comandados pelo Coronel Callenfels. A
fortaleza recebeu a bala os invasores. A batalha durou muitos dias, oscilando
entre vitórias e peripécias e peripécias de parte a parte. Lutas ásperas
ocorreram entre as tropas holandesas e os defensores da capitania, nelas
perderam a vida os capitães André da Rocha e Jerônimo de Albuquerque
irmão do governador, morrendo também no combate o capitão espanhol
Manuel Gondinho, inclusive Frei Manuel da Piedade filho do capitão-mor João
Tavares.
Em 1630 Rio Grande do Norte é dominado pelos holandeses que se
apoderam do forte dos Reis Magos, chegando tardiamente os socorros da
Paraíba. Em tais circunstâncias o ataque a nossa capitania estava iminente.
No dia 24 de fevereiro de 1634 chegou ao Cabo Branco uma expedição
holandesa composta de 20 navios sob as ordens do almirante Lichtards,
conduzindo 1.500 homens comandados por Sigismundo von Schkoppe. Essa
poderosa frota começou o desenvolvimento nas margens do Rio Jaguaribe. O
governador Antonio de Albuquerque oferece a máxima resistência mas não
consegue impedir a vitória dos bravos holandeses.
DOMÍNIO HOLANDÊS – Em 24 de dezembro de 1634 a Paraíba era
ocupada pelos holandeses, não encontraram resistência pois os moradores
incendiaram os depósitos de mercadorias e navios no porto, para não vir a
pertencer aos inimigos, refugiaram-se no campo. Foi assim que a Paraíba
capitulou. O Coronel Segismundo apoderou-se da capital mudando-lhe o nome
para Frederica em homenagem a Frederico Henrique, e o Coronel Cristóforo
Arciszewski correu até o Engenho Velho onde esperava capturar o capitão-mor
desaparecido, somente encontrando o seu proprietário, Duarte Gomes da
Silveira, a quem ofereceu uma proposta de paz.
O primeiro governador da Paraíba e Rio Grande do Norte em nome da
Holanda, foi Servais Carpentier, que um ano mais tarde era substituído por
Ippo Eyssens, homem ambicioso que se apoderava de um dos melhores
engenhos da capitania. Durante sua administração ocorreu a incursão na
capitania de tropas portuguesas comandadas pelo valoroso chefe Francisco
Rabelo, o Rabelinho assim chamado por ser pequeno de estatura. Saindo-lhe
ao seu encontro, Ippo Eyssen foi logo batido e morto. Sucedeu-lhe ao governo
o Diretor Elias Herckman um dos mais notáveis dentre os holandeses que
então vieram ao Brasil. O qual escreveu uma bela descrição da Paraíba. Tem
um ligeiro encontro com rabelinho, mas os portugueses se retiram, vendo que
não obteriam vantagens na luta.
No ano seguinte novas lutas se assinalam dessa vez dirigidas pelo
capitão Sebastião Souto e pelo ajudante André Vidal de Negreiros, ilustre
paraibano, que tendo ordem de destruir todos os recursos da capitania, para
cumprir a missão iniciou a destruição pelos canaviais do seu próprio pai, pois
assim fazendo, enfraquecia economicamente os holandeses dominadores da
província.
Estes acontecimentos motivam da parte dos holandeses as mais
violentas medidas contra os moradores que são perseguidos, muitas vezes
punidos com a pena capital e a confiscação dos bens e menos suspeita de
convivência. Ao mesmo tempo o príncipe Mauricio de Nassau, investido do
governo do Brasil holandês inicia reformas que foram as regalias prometidas
do ponto de vista religioso. Entretanto Mauricio continua com as suas reformas
tendo antes visitado a Paraíba em 1637. procura moldar a administração e a
justiça pelas leis e estilo da Holanda. As capitanias não habituadas a tal
regime, sentem muito e reclamam.
Em 1644 Mauricio de Nassau, tendo de regressar a Holanda vem a
Paraíba, onde embarca numa frota de 13 navios, sendo este a última terra da
América que ele pisou. Não resta dúvida que seu governo marcou bem a sua
administração no Brasil, Recife cresceu e progrediu, enquanto que na Paraíba
ele ordenou a reconstrução da fortaleza de Santa Catarina, cujo nome mudou
para Margareth em honra a sua mãe.
O domínio holandês durou ate 1654, ano em que o heroísmo do
brasileiro, representado pela bravura dos pernambucanos, após lutas de
muitos anos, conseguiu dominar por completo a resistência do inimigo.
Pernambuco teve na Paraíba a alma mais viva da insurreição. Foi herói dessa
gloriosa epopéia o insigne paraibano André Vidal de Negreiros.
RESTAURAÇÃO
1640 Portugal se libertara da Espanha e no entanto os holandeses
permaneciam no Brasil. A dominação holandesas tornava-se para o brasileiro
um julgo cada vez mais insuportável. Além disso as diferenças de raça, línguas
e religião causavam profundas incompatibilidades entre os dominadores e os
dominados. Entregue aos próprios recursos, trataram os brasileiros de por si
mesmo derrubar o julgo que os escravizavam e entraram num vasto conserto
de forças em que se destacou André Vidal de Negreiros (paraibano) seguindo
também João Fernandes Vieira (português), Antonio Felipe Camarão (índio
potiguar) e Henrique Dias (negro). Traçados o plano da conspiração, Vidal vem
a Paraíba em 1644 a pretexto de visitar os seus pais, mas na realidade para
combinar com seus moradores o inicio da campanha restauradora. Logo entra
em acordo com Fernão Rodrigues de Bulhões, Lopo Curado Garro, Manuel
Queirós Cerqueira, Jerônimo Cadenna.
Em principio de 1645 uma nova revolta na capitania, um bando de
selvagens influenciados assaltou num domingo o engenho S. Tiago Maior de
André Dias de Figueiredo trucidando todas as pessoas presentes, inclusive o
sacerdote que celebrava a missa. Só foi salva a filha do senhor de engenho,
por seus encantos, sendo conduzida para a fortaleza de Cabedelo. Paulo de
Linge, nomeado governador da Paraíba, foi a figura sinistra do terror, mandou
enforcar a Gonçalo Cabral. O cadáver de Estevão Fernandes foi arrastado
preso a cauda de um acavalo pelas ruas da cidade.
Em represália ao movimento revolucionário Vidal enviou a Paraíba
reforços comandado pelo capitão Antonio Curado, auxiliado por Diogo
Camarão e Henrique Mendonça para reunirem e comandarem os índios e os
negros. Paulo Linge refugia-se com as suas tropas dentro das muralhas de
Cabedelo e a cidade capitulou caindo em poder de Lopo Curado Garro que
tratou de fortificar-la. O governo restaurador é constituído deste juntamente
com Jerônimo Cadena e Francisco Gomes Muniz. Todos os moradores ficaram
solidários contribuindo com homens e armas, reuniram-se em Tibiri e
organizaram as companhias de guerra, os holandeses saindo do forte de
Cabedelo entraram em choque com os paraibanos no engenho Inhobin, onde
os paraibanos tiveram uma vitória espetacular, apesar da superioridade
numérica dos seus inimigos. O fim do domínio holandês no Brasil é
melancólico, depois de 11 anos de domínio na Paraíba, são agora obrigados a
fugir as presas ameaçados pelo poder do invasor. Mas Cabedelo não assistiria
o espetáculo das honras militares de entrega da Fortaleza de Santa Catarina
ao governo da restauração. Pelo contrário, a retirada holandesa ocorreu em
clima de atropelo, deixando um resquício de fuga desarvorada.
O Coronel Mautijn e os holandeses ali residentes, embarcaram
precipitadamente sem ao menos poderem dispor dos seus bens e escravos,
apesar de que antes de partir soltou todos os prisioneiros paraibanos entregou
a Fortaleza para que se defendessem contra qualquer ato de barbaridade. Não
resta dúvidas que a Fortaleza de Santa Catarina foi um reduto militar, uma
fortificação permanente destinada a defesa da Capitania da Paraíba e litoral
nordestino contra tentativas de invasão inimiga e ataques dos piratas
franceses. Nos primeiros anos do século XVII o capitão-mor da Fortaleza foi
João Cardoso de Matos, militar que marcou profundamente a história da
Paraíba pelos seus feitos de defesa. Essa fortaleza registra os grandes
conflitos dos maiores Estados Europeus, como ainda documenta a vibração
dos homens que em sua defesa entregaram a vida em favor da Pátria
engrandecendo o seu nome com exemplos magistrais de valor. No século
XVIII, tornou-se uma das maiores Fortalezas da América do Sul, como moldura
dos quadros vivos que criou. Bonita pela forma, grande pela História.
No dia 26 de janeiro de 1654, capitulavam os holandeses na Campina
da Taborda em Pernambuco. A 01 de fevereiro partia do Recife o capitão
Francisco Figueiredo, com 859 homens para tomarem conta das fortificações
da Paraíba. Aqui chegados, a bandeira portuguesa por fim tremulou no reduto
militar de Cabedelo, aos sons de sinos e orações, enquanto salvas de tiros
prometiam novas era.
http://www.marcoslacerdapb.hpg.ig.com.br/cronicaspbl/
historiaparaiba.htm
A História da Paraíba tem sido contada
a partir de sua fundação em 1585, mas na
verdade vem desde 1501 quando da primeira
expedição para reconhecimento de suas
costas, que ancorou na baia de Acejutibiró.
E que tinha nela embarcado como piloto ou cosmógrafo o
famosoAmérico Vespúcio que estando em Sevilha atendeu ao pedido do rei de
Portugal Dom Manoel para descobrir novas terras, e conforme o seu relato ao
rei de Portugal, a frota esteve surta no ancoradouro de desembarque durante
sete dias, e que o primeiro dia se prendeu em tomar posse da terra e de fazer
provisão para o navio, e que no segundo dia avistaram em cima de uma cume
um grupo de pessoas que estavam nuas e eram do mesmo porte e cor das
pessoas que tinha visto quando da viagem que fizera ao norte da equinocial
embarcado sob a chefia de Hojeda as costa da Venezuela, e que os
observavam sem ousar em descer, apesar do esforço para que fizessem
contato apesar de não inspirarem confiança lhes foram deixado alguns
presentes os quais foram por eles recolhidos, e na manhã do dia seguinte foi
observado que eles faziam sinal de fumaça, o que levou acreditar que eles
estariam chamando.
E por conta disto alguns
marinheiros pediram ao capitão
para fosse concedido uma licença
para irem até a eles.
Para verificar que tipo de gente eram eles e se possuíam alguma
riqueza, e após muita insistência o capitão permitiu eu fossem a terra e para
isto mandou aprontar alguns presentes e deu ordem para que não
demorassem mais do que cinco dias para regressarem. E no decorrer dos dias
eles sempre apareciam na praia sem querer falar com os tripulantes do navio,
porém no sétimo dia eles apareceram junto com um grupo de mulheres em um
clima de amizade, e por conta disto o capitão deu ordem para que alguns
homens desembarcassem e eles se aproximassem . No entanto quando os
homens se aproximaram ao encontro, uma das mulheres desceu do monte até
a praia à frente das outras que a seguia, e logo o rodearam foi quando uma
das mulheres com um grande pedaço de pau na mão ao chegar perto de um
dos marinheiro desferiu uma pancada em sua cabeça que o fez cair morte por
terra, enquanto as outras mulheres o arrastaram para o cume do monte e os
homens se precipitavam para a praia armados com seus arcos e passaram a
atirar suas setas contra a tripulação do barco que na confusão reinante acabou
por disparar alguns tiros de bombarda contra os atacantes que frente aos
estrondos acabaram fugindo para o monte
Onde as mulheres já estavam
despedaçando o marinheiro para ser
asado em uma grande fogueira, enquanto
os homens faziam sinal dando a entender
que tinham matado e devorado os outros
marinheiros.
Imediatamente alguns homens da tripulação queriam saltar em terra e
vingar a morte tão cruel e aquele ato bestial e desumano, porém o capitão não
lhes deu consentimento e ordenou que o navio partisse para correr a costa.
O primitivo nome da baia da Tradição era Acejutibiró, originário de Acajutebiró
que quer dizer caju azedo ou cajual da sodomia, e segundo alguns
pesquisadores a mudança de nome se deve a matança efetuada pelos índios,
e no mais antigo mapa do Brasil confeccionado a pedido de Alberto Cantino
agente do Duque de Ferrara na corte de Lisboa em 1502 por um cartógrafo
português a Paraíba figura no mapa como um monte intitulado San Vicenso, e
a Tristão da Cunha e atribuido a descoberta do rio Paraíba por volta do ano de
1506, quando tomou o nome de São Domingo e que muitos anos depois tomou
o nome indígena de Paraíba.
E ao encerrar-se o ciclo dos descobrimentos com o memorável feito
de Fernão de Magalhães, era chegado o tempo de povoar o novo mundo
que Pedro Álvares Cabral descobrira para Portugal, onde até então os navios
perlongavam as costas assinalando a posse e dilatando as fronteiras dentro do
Tratado de Tordesilhas, mas a tarefa de transplantar para as selvas os
fundamentos de uma civilização nascente excedia ao poderio de qualquer
nação da Europa, deste modo a colonização do Brasil estava a exigir o
supremo sacrifício de uma nação já saturada de tantas conquistas e por isto
mesmo exausta, apesar do imperialismo que ditava ao mundo, pois quanto
mais Portugal dilatava o seu império no oriente, mais se via empobrecido, pois
as riquezas que desse tão vasto domínio promanava por mais paradoxal que
pareça, se esvaia em guerras e o Brasil com a única riqueza que tinha para
oferecer, que era a madeira de tintura, por si só, não bastava para a
construção de um império, pois outras vantagens que permitissem implantar o
homem na terra com um mínimo de bem estar, não havia no imenso território
brasileiro onde a demanda dos ermos bravios era um desafio ao progresso e
aliado a isto estava a inaptidão de Portugal para o comércio, pois esta falta de
vocação manifestada pelos portugueses para a atividade mercantil decorria da
expulsão dos judeus pelo Rei Dom Manoel em 1496, onde o interesse
econômico de Portugal estava na Ásia, e por conta disto o Brasil ficou restrito
ao estabelecimento de algumas feitorias de caráter puramente defensiva.
Pois desde o Tratado de
Tordesilha em 1494 celebrado
entre Portugal e Espanha com
isto a França mostrou-se
inconformada por não ser
admitida na partilha das terras
que viessem a ser descobertas
no aquém mar.
Em represália passou a estimular o corso e a pirataria sob a proteção da
bandeira francesa no deliberado intuito de apoderar-se de um pedaço do novo
mundo com o beneplácito de Francisco I rei da França, de inicio foi a França
Antártica no Rio de Janeiro com Villegaignon, seguindo-se depois o trafego
com gentio por todo nordeste e por fim a ocupação do Maranhão no reinado de
Luiz XIII. E o medo de perder a colônia, foi que levou Portugal a volver as
vistas para o Brasil em busca de uma solução definitiva para o problema da
colonização e para isto no ano de 1534 foi posto em pratica o plano donatorial
sob a forma de um regime neofeudal, único capaz de salvar a colônia se não
fossem os contratempos que levaram a ruína os pequenos monarcas que se
aventuraram a transplantar para a terra indomável os promissores núcleos de
civilização nas doze capitanias hereditárias em que se dividiu o Brasil e delas
somente a de Pernambuco vingou em virtude ao descortino do seu donatário
Duarte Coelho que possuía um espirito enérgico e um caráter nobre, posto a
prova em tantos serviços prestados ao reino, e que ao chegar em Iguaraçu em
1535 encontrou os franceses ali estalados e da guerra que abriu contra eles
resultou a morte do governador alienígenas com o qual estavam aliados os
nativos da terra, e com a vitória alcançada sobre os franceses e o
desbaratamento dos indígenas, Duarte Coelho construiu a vila de Iguaraçu no
sitio dos Marcos e logo a seguir fundou a vila de Olinda para onde transferiu a
sede do governo e todo território da capitania Duarte Coelho queria que fosse
chamado de Nova Lusitânia, todavia o mesmo ficou conhecido por
Pernambuco do tupi Paranã-buca que quer dizer mar furado; Pêro de Gois
acabou abandonando a capitania de São Tomé com tudo que havia investido,
depois de haver perdido um olho em combate com os índios; Vasco Fernandes
Coutinho donatário do Espirito Santo além de excomungado pelo Bispo Pedro
Fernandes Coutinho acabou seus dias muitos pobre; o donatário da capitania
de Porto Seguro Pêro de Campo Tourinho fidalgo minhoto terminou o seu
infortúnio reduzido à condição de réu do santo oficio ao ser recambiado preso
para Lisboa; Jorge Figueiredo Corrêa donatário dos Ilhéus vendo a sua
capitania assolada pelos Aimorés e seus canaviais destruídos e os engenhos
incendiados e seus colonos mortos imediatamente desistiu do seu domínio
feudal; Francisco Pereira Coutinho donatário da Bahia bravo soldado das
companhas da Ásia neto do Conde de Marialva depois de perder todo o
cadebal que trouxera da Índia culminou o seu martírio em Itaparica devorado
pelos Tupinambás num repasto de antropófagos; outro que acabou devorado
pelos Caetés depois de um naufrágio juntamente com o Bispo Pedro
Fernandes Sardinha; foi Antônio Cardoso de Barros donatário da capitania do
Piauí e Ceará da qual não chegara a tomar posse; João de Barros e Aires da
Cunha e Fernão Alvares de Andrade arruinaram-se na tentativa de conquistar
o Rio Grande do Norte, Para e Maranhão, sendo que Aires da Cunha perdeu a
vida num naufrágio nas costas do Maranhão; e a capitania de Itamaracá que
tinha trinta léguas de frente que ia da foz do rio Santa Cruz à baia da Tradição,
que era uma terra que completava a capitania doada a Pêro Lopes de Souza
dono por igual ou de maior número de léguas em Santana e Santa Amaro.
No ano de 1532 Pero Lopes de Souza se confrontou e venceu em Itamaracá
numa violeta batalha os franceses do Senhor de La Motte e permaneceu na
feitoria existente na ilha por um certo tempo e ao partir para o reino deixou
como administrador da feitoria Francisco Braga que era grande conhecedor
das terras e amigo dos Potiguares e ao chegar ao reino Pêro Lopes de Souza
recebeu em doação a capitania de Itamaracá, e no momento em que se
aparelhava para retornar ao Brasil, foi mandado à índia como capitão mor de
uma armada e ao regressar dessa missão em 1539 sucumbiu com a nau
capitaneia perto de Madagascar, Francisco Braga que exercia o posto de
preposto na administração do feudo sem poder fazer nada em virtude de não
dispor de grandes recursos, e com a morte do donatário da capitania o ritmo do
progresso em Itamaracá que já era lento ficou cada dia pior, e devido aos
incidentes com a vizinha Iguaraçú onde as desavenças entre os mandões das
capitanias faziam com que os moradores perseguidos em uma possessão
procurasse abrigo na outra,
Com isto fez com que Duarte Coelho homem feudal
cioso de sua autoridade se queixasse com o rei, de que os
criminosos de sua capitania encontravam homizio nas
outras capitanias, e por conta disto mandou dar uma
cutilada no rosto de Francisco Braga para que ficasse
marcado para sempre.
Amargurado por não poder tomar qualquer tipo de vingança para
tamanha ofensa, Francisco Braga optou em abandonar a capitania levando
consigo tudo quanto nela possuía junto com alguns companheiros quando
rumou para à Índia de Castela, com isto Dona Isabel de Gamboa viúva do
donatário Pêro Lopes de Souza para não perder a capitania, confiou o governo
dela ao seu preposto João Gonçalves, velho companheiro de Pêro Lopes de
Souza e que participou do ataque aos franceses em 1532 que investido das
novas funções embarcou para o Brasil devidamente proviosionado e que
devido as furiosas tempestades que enfrentou teve o seu navio arrastado para
à ilha de São Domingos nas Antilhas de onde João Gonçalves pode retomar o
caminho marítimo para Itamaracá onde encontrou a capitania em lastimável
estado de abandono, porém devido as suas qualidades pessoais, sobretudo
pela confiança que os índios depositava sobre a sua pessoa ele conseguiu
construir na ilha a vila de Conceição e dar início a construção de alguns
engenhos nas margens do rio Tracunhaém com grande facilidade em virtude
da violenta seca que abateu nos sertões de Copaoba em 1545.
E que forçou aos índios a procurarem
alimentos na capitania e por conta disto João
Gonçalves foi beneficiado pela mão de obra indígena
para execução de seus planos.
Porém esta fase dourada da capitania de Itamaracá teve pouca
duração, pois passado a seca em 1548 João Gonçalves morreu e os índios por
sua vez se revoltaram contra o vexames do cativeiro que tanto os inquietavam
e por isto puseram um cerco a vila de Iguaraçú, o que obrigou aos colonos de
Itamaracá a se recolherem à ilha para se colocarem a salvo do perigo, com isto
Duarte Coelho ao se ver assediado pelos Caetés que assolavam e
incendiavam os engenhos e as casas dos colonos, partiu para o ataque e os
primeiros tiros efetuados pelos de Duarte Coelho bastou para quebrar o ímpeto
dos atacantes que em fuga desesperada acabaram levantando o cerco que
mantinham e rumaram para as suas aldeias nos sertões da Paraíba, com isto a
paz voltou a reinar ente os portugueses e os Potiguares da Paraíba, tanto que
Frutuoso Barbosa rico mercador pernambucano ia carregar de pau-brasil os
seus navios, bem acima da barra do rio Paraíba no lugar que ficou denominado
como Porto da Casaria e depois chamado de Porto do Capim em cujas
imediações foi criada a cidade de Nossa Senhora das Neves perto da várzea
do Miriri onde estava a posse de Jorge Camelo que era denominada como
Água do Camelo, e no exercício dessa atividade era o mercador ajudado pelos
índios que cortavam e transportavam a madeira para o local de embarque.
Em 1549 o plano donatorial acentuava a sua falência que se iniciava desde a
criação do governo geral do Brasil, com Tomé de Souza cuja jurisdição se
exercia sobre todas as capitanias, que implicava no termino do feudo
donatorial e que de imediato terminou com privilegio hereditário quando
algumas capitanias foram passadas para a coroa sob o argumento de que não
progredira na tentativa de ocupação por seus donatários, apesar de debilitada
por falta de material humano para povoar o solo a capitania de Itamaracá
permaneceu estagnada na ilha, escapando de ser revertida para a coroa que
se mostrava inerte e incapaz para atender uma ação mais decisiva pela posse
da terra, o que retardou por muitos anos a conquista da Paraíba, e no
momento em que o gérmen da discórdia inoculada pelos franceses entrou em
furiosa ação ao estigarem os índios contra os portugueses em uma guerra
sanguinolenta, após serem expulsos do Rio de Janeiro por Mem de Sá em
1565 e que após passarem por Cabo Frio e daí para o Rio Real e chegaram as
costas entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte onde se estabeleceram
quando se introduziram no meio dos nativos cuja língua dominavam
demonstrando apenas querer as suas amizades em proveito das novas
relações de comércio.
Os francess com seus
temperamentos mais alegre e seus métodos
de ação bem divergentes do empregado
pelos colonizadores portugueses que
tomavam as suas terras e os escravizavam.
Logo captaram a confiança e a simpatia dos indígenas e firmaram uma
aliança com os Potiguares para exercerem o comércio clandestino de pau
brasil, pois a Paraíba era o lugar onde abundava a melhor madeira de tintura,
com isto a cada ano ancorava na foz do rio Paraíba e na baia da Tradição uma
média de vinte a trinta navios franceses que traziam ferramentas e outras
oferendas para serem trocadas com os índios por pau brasil, algodão, óleos
vegetais e bichos da terra, com isto os mercadores de Dieppe e da Normandia
exerciam livremente o tráfico do pau brasil nas selvas de Copaoba, enquanto
isto os soberanos franceses não se preocupavam em elaborar um plano para
ocupação definitiva em que se consolidassem na Paraiba pois apenas
cuidavam de obstar o avanço dos portugueses contentando-se com o tráfico do
pau brasil do saque dos navios portugueses.
E no decorrer do tempo apesar da dominação portuguesa o povoamento do
norte do país não havia dado um passo avante, pois os colonos que vinham
para o Brasil, bem poucos traziam as suas famílias e a solução estava no
cruzamento racial de que proveu o mameluco, gente que queria ser povo, e a
história registra as primeiras manifestações do espirito nacionalista e a lenta
avançada estava agora em risco de retroceder com as constantes ameaças de
assalto por parte dos potiguaras. A Paraíba, terra quase desconhecida que
pertencia à capitania de Itamaracá que definhava na ilha como um caso
ostensivo de malogro, com isto a guerra entre potiguaras e portugueses não
demoraria a estourar, devido ao fato que um rico mercador de Pernambuco
Diogo Dias que tinha obtido uma data de terra às margens do rio Tracunhaém
para montar um engenho, e nesta época aconteceu de um mameluco
aventureiro que saindo de Olinda passou por Tracunhaém e penetrou os
sertões da Paraíba rumo à serra da Copoaba onde os potiguaras tinham as
suas aldeias e aproveitando de sua metade de índio, acabou sendo admitido e
passou a viver entre os potiguaras e aceito na taba do cacique Inigaçu e com
isto acabou conquistando a filha do cacique como esposa, até que um dia
aproveitando que o cacique fora a caça, ele acabou fugindo com a
companheira para Olinda. Inigaçu ao tomar conhecimento do fato ocorrido de
imediato despachou dois de seus filhos para Olinda para que falasse com
Antônio de Salema que era o governador geral do Brasil e que estava em
correição na capitania de Pernambuco, Antônio de Salema ao tomar
conhecimento dos fatos de imediato mandou notificar o ao pai do mameluco
para que entregasse a índia, o que foi prontamente atendido, com o caso
resolvido.
Os filhos do cacique Inigaçu retornaram com
uma provisão para que não fossem molestados
pelo caminho, assim se passou até junto ao
engenho de Diogo Dias em Tracunhaém onde
pediram para que fossem dado pousada para eles,
no entretanto ao dar pouso aos filhos de Inigaçu
ele acabou por esconder a moça dos irmãos.
Apesar dos mesmos apresentarem a provisão de Antônio de Salema
que recomendava ao acatamento dos mesmos, com a moça raptada por Diogo
Dias os seus irmãos prosseguiram viagem para a sua aldeia onde relataram o
fato ao seu pai, que de imediato enviou um emissário até ao senhor de
engenho Diogo Dias o qual retornou sem a moça, porém cheio de
dissimulações e totalmente enganado por Diogo Dias e por seu amigo o
Capitão mor de Itamaracá a quem o emissário havia recorrido.
Nesta época chegou a baia da Tradição alguns franceses em suas naus, e
diante dos acontecimentos passaram a estigar os índios de Copoaba pela
necessidade de ser executada uma desforra contra os portugueses. Iniguaçu
que já se mostrava resignado com o ultraje recebido, porém ao ser açulado
pelos franceses que o incitava à luta, reuniu milhares de índios e decidido a
quebrar a paz reinante se deslocou de Copoaba para Tracunhaém onde
chegou pela madrugada e puseram cerco ao engenho de Diogo Dias e ao
amanhecer quando os trabalhos no engenho começaram, Inagaçu junto a uma
coluna arremeteu em escaramuças contra o engenho enquanto o grosso da
indiada se conservava oculto nos matos e ao ser dado o alarme e posta em
funcionamento a defesa da fazenda, a coluna atacante foi aos poucos
recuando como se bastasse em retirada, com isto Diogo Dias saiu com sua
gente no proposito de perseguir os atacantes em retiradas.
No entanto quando se encontrava
em campo aberto, acabou sendo atacado
por todos os lados pelos índios.
E que devido a fúria dos atacantes que acabaram aturdindo à Diogo
Dias que pode se recolher em um lugar seguro, com isto se deu uma matança
total da gente de Diogo Dias.
Numa grande carnificina, onde morreram mais de seiscentas pessoas e
entre elas constava o senhor de engenho Diogo Dias e sua família da qual só
se salvou os seus filhos Boaventura Dias que se encontrava em Olinda e o
menor Pedro Dias que estudava em Portugal. E no ano seguinte Boaventura
Dias associou-se com Miguel de Barros para construir o engenho, quando
levou um grande numero de pessoa de Pernambuco, acontece que o gentio
com a vitória conquistada se mostravam muito soberano, e por esta razão
empreenderam um novo ataque quando atiçados pelos franceses, do qual os
sitiantes resistiram bravamente ao se refugiarem numa casa forte, todavia
devido ao forte ataque no final da batalha acabaram cedendo e Miguel de
Barros junto a sua família veio encontrar a morte no campo de batalha, e
Boaventura Dias que se encontrava ausente no momento em que os índios
efetuaram o cerco, conseguiu se salvar e por conta do acontecimento em 1577
numa petição feito ao Capitão mor de Itamaracá ele pediu licença para vender
as suas terras a João Cavalcanti de Araripe. Tão logo ecoou em Portugal o
massacre efetuado pelo cacique Inigaçu em Tracunhaém, de imediato o Rei
Dom Sebastiao determinou que fosse fundada as custa do governo de Portugal
a capitania da Paraíba, que assim se desmembrava da capitania de Itamaracá
e neste sentido o Governador Geral do Brasil Luís de Brito recebeu ordem para
mandar ocupar as margens do rio Paraíba e plantasse ali os fundamentos de
uma cidade para poder atender as necessidades que impunha-se em vencer
os obstáculos que impediam a marcha da conquista para o norte e eliminar
pelas armas o estabelecimentos do comércio fraudulentos praticado pelos
franceses que alimentavam o foco de perturbação que aniquilava Itamaraca e
punha em sobressalto os moradores de Pernambuco.
Nesta época todas as capitanias não povoadas por seus donatários, foram
revertidas para a coroa, a época era de rasgar as cartas e forais pois o regime
donatorial já estava gorado desde a instalação do governo geral.
O regimento dado a Tomé de Souza lhe permitia
intervir discricionariamente em qualquer capitania
hereditária.
E os limites da Paraíba, depois de separada de Itamaracá iam do rio
Abiaí à baia da Tradição que era um limite histórico de Itamaracá pelo lado
norte, era apenas um ponto de referência na costa, pois não podia servir de
divisa porque não tinha uma fronteira natural que demandasse ao interior,
portanto era impossível determinar a frente doada a João de Barros e Aires da
Cunha que veio a ser chamar Rio Grande do Norte, por isso a divisa ente as
duas capitanias passou a ser o lugar onde se plantou um marco, entre a baia
Formosa e a Baia da Tradição recuando mais tarde para o rio Guaju, pelo lado
sul a Paraíba inicialmente se separou de Itamaracá pelo rio Abiaí e
posteriormente a ocupação holandesa e que a antiga freguesia da Taquara se
passou para a Paraíba, desta maneira ficou separada de Pernambuco pelo rio
Popoca e para alargamento da conquista era necessário um investimento mais
agressivo contra o inimigo, o que a metrópole ressentia devido a falta de
elementos humanos e de recursos materiais e para isto a ação dos
pernambucanos foi mais eficaz que o governo geral, não somente deram
assistência a Itamaracá como investiram sobre a Paraíba quando da formação
do primeiro núcleo colonial, e para solucionar o problema de falta de mulheres
para enlaces condignos, onde os portugueses se amigavam com as índias veio
a se agravar ainda mais quando Tomé de Souza chegou ao Brasil trazendo
alguns casais e muitos soldados e degredados e por conta disto em 1551
atendendo ao pedido de Tomé de Souza a Rainha de Portugal Dona Catarina
fez embarcar para o Brasil algumas donzelas de nobre geração filhas de
fidalgos mortos em combates que eram criadas em Lisboa no Mosteiros das
Órfãs para realizarem seus casamentos e constituírem os seus lares e dar
inicio a historia social do Brasil.
No decorrer de onze anos, quatro expedições
foram feitas para a conquista da Paraíba, a primeira
expedição data de 1574 quando o rei Dom Sebastião.
Ao tomar conhecimento do massacre realizado pelo cacique Inigaçu em
Tracunhaém, de imediato determinou que o Governador Luís de Brito se
pusesse à frente de uma expedição e fosse ocupar a Paraíba e que
implantasse uma cidade fortificada para defesa da nova capitania, e para dar
imediato cumprimento as ordens recebidas uma vez que por motivos urgentes
que o prendiam à Bahia, ele não podia seguir para a Paraíba, Luís de Brito
designou que o Ouvidor Geral Fernão da Silva que estava de partida para uma
correição em Pernambuco que o mesmo deveria reunir uma tropa e seguir
para à Paraíba, onde os índios estavam em estado de guerra na capitania de
Itamaracá colocando em desassossego os seus moradores pelas suas
agressividade.
Fernão da Silva ao chegar em Olinda imediatamente reuniu um grupo
de soldados e alguns voluntários resolutos e marchou para a conquista da
Paraíba disposto a castigar os potiguares e seus aliados franceses pelo
caminho transitável entre Olinda e Igaraçu de onde seguiram por apertadas
trilhas dos índios nas terras assoladas de Itamaracá e que a expedição chegou
à margem direita do rio Paraíba onde o gentio observando a movimentação da
tropa de Fernão da Silva e o não ousou fazer-lhe frente, preferindo se
refugiarem nos matos ao abandonar suas aldeias e roçados que foram
queimados e destruídos pelos homens de Fernão da Silva que após o sucesso
alcançado, imediatamente rumou para Cabedelo na foz do rio Paraíba onde
tomou posse da capitania em nome do Rei de Portugal Dom Sebastião com
todas as solenidade do estilo com a lavratura de um termo judicial. Assim deste
modo estava conquistada a Paraíba no entender do Ouvidor Geral Fernão da
Silva.
Porém os índios que espreitavam os seus passos aguardando o
momento apropriado para desferirem os seus ataques contra os portugueses.
Que foram surpreendidos pela investida inesperada que levou pânico a
tropa que acabou fugindo com destino a Itamaracá, desta maneira acabava em
fiasco a conquista da Paraíba por parte do Ouvidor Geral Fernão da Silva que
ao regressar de Itamaracá para Olinda sofreu as mais diversas zombaria,
quando diziam que a expedição não era de briga, por isto Fernão da Silva
considerou a ofensa como uma afronta a sua autoridade de ouvidor geral da
qual possuía poderes para abrir devassa, processos e proferir sentenças,
inclusive de morte se assim lhe parecesse justo, com isto o povo ficou
temeroso das conseqüências futuras devido as injurias praticadas contra o
ouvidor geral, porém graças a intervenção do padre superior da companhia de
Jesus que levou o ofensor que era uma pessoa de grande prestigio na terra a
pedir perdão a Fernão da Silva.
Com o regresso do Ouvidor Geral Fernão da Silva da Paraíba para a Bahia, ele
acabou deixando a situação na capitania em condições bem pior do que
encontrara, pois os índios com a carreira que haviam dado a ele, acabaram
ficando mais soberbos e por conta disto o Governador Luís de Brito que estava
muito indignado com a situação reinante, decidiu resolver por si próprio a
conquista da Paraíba e para isto mandou aprontar uma frota de doze navios
bem equipados com a melhor tropa que pudesse ser arregimentada na Bahia e
em Setembro de 1575 partiu para a Paraíba com o seu sobrinho Bernardo
Pimentel de Almeida comandando a nau capitania, e que devido a ventos
contrários sofridos durante a viagem que acabou desbaratando a frota por
completo, aonde o navio do governador após alguns dias a deriva em alto mar
acabou dando no porto que havia partido, seu sobrinho conseguiu chegar a
Pernambuco com apenas alguns veleiros sob o seu comando, de onde seguiu
para encontrar o seu tio que se encontrava muito abalado pelo insucesso da
expedição e impossibilitado de empreender uma nova expedição em virtude do
esgotamento da real fazenda em virtude dos dispêndios realizado na
malograda expedição.
Luís de Brito foi substituído no Governo Geral do Brasil por Lourenço da Veiga
que chegou a dar ordem ao novo Ouvidor Geral Cosme Rangel para armar
uma expedição para conquistar a Paraíba, todavia o novo ouvidor geral não
deu nenhum passo para cumprimento da missão, enquanto isto a situação se
tornava cada vez mais difícil para Dom Sebastião que obstinadamente
chamava a nobreza e os homens validos de Portugal e do Brasil para uma
guerra de aventura na África, na qual acabou perdendo a vida e a reputação da
pátria.
E em seu lugar no trono de Portugal o seu tio o
octogenário Cardeal Dom Henrique ocupava o trono.
E no ano de 1580 o cedro passava para as mãos de Felipe II da
Espanha quando Portugal perdeu a sua independência que para o Brasil foi
extremamente benéfico em virtude do alargamento das fronteiras e pelo fato da
Espanha ter evitado que o Brasil fosse entregue a França conforme promessa
de Dom Antônio Prior de Crato presuntivo herdeiro do trono português em
troca do apoio da França caso fosse coroado rei, e devido as dificuldades da
metrópole em acudir à colônia a segunda expedição só foi armada em 1582
quando comandada por Frutuoso Barbosa que no tempo do Cardeal Rei Dom
Henrique fora ao reino munido de avultado cadebal e obteve uma provisão de
capitão mor da Paraíba em 25 de Janeiro 1579 pelo prazo de dez anos
mediante a condição de fazer à sua custa o difícil empreendimento da
conquista e o povoamento da capitania, a qual já conhecia desde a época em
que embarcava pau brasil para a metrópole e como ajuda o rei forneceu-lhe
quatro naús para a expedição totalmente equipada e provida do necessário
para a empreitada que partiu rumo a Paraíba trazendo muitas famílias,
soldados e alguns religiosos franciscanos e beneditinos, e que após uma boa
viagem a frota chegou a Pernambuco onde Frutuoso Barbosa permaneceu
com seu galeão fundeado no porto sem desembarcar, até que no oitavo dia
ocorreu um violenta temporal que desarvorou completamente a frota, e
fazendo com que os navios levantassem as âncoras e fossem levados ao
largo, onde o galeão de Frutuoso Barbosa ao ser cometido pelos fortes ventos
contrários e as correntes marítimas, acabou se desgarrando e levado para as
Índias de Castela onde a sua mulher acabou falecendo. Apesar de todo os
fatos ocorridos Frutuoso Barbosa homem de têmpera rija, não desistiu da
conquista, pois ao regressar a Portugal, refez-se como pode do desastre
sofrido e retornou a Pernambuco confirmado no posto de capitão mor da
Paraíba por ato do Rei de Castela Filipe II, e ao chegar em Pernambuco
imediatamente se encontrou com o Capitão mor de Olinda o licenciado Simão
Rodrigues Cardoso que governava a capitania no impedimento de Jerônimo de
Albuquerque lugar tenente do terceiro donatário Jorge Coelho de Albuquerque
de quem recebeu toda a ajuda necessárias e partiu com a tropa que dispunha
e mais a arregimentada em Pernambuco por mar, enquanto Simão Rodrigues
seguiu por terra a frente de seus homens para se encontrarem na foz do rio
Paraíba onde ao chegar recebeu a informação de que rio acima na altura da
ilha da Restinga alguns navios franceses estariam sendo carregados, e ao
chegar ao lugar indicado Frutuoso Barbosa.
Imediatamente investiu contra os piratas franceses em
um ataque fulminante, quando acabou por incendiar cinco
naús francesas.
O prazer pela vitória alcançada sobre os piratas franceses fez com que
Frutuoso Barbosa deixasse alguns soldados de sua armada e se retirasse com
a frota para a foz do rio Paraíba para examinar o local onde deveria fundar a
povoação, porém logo a seguir Frutuoso Barbosa recebeu a noticia de que os
índios e os franceses que se encontravam de espreita dos portugueses,
haviam sido atacados e mortos inclusive o seu filho, apesar do golpe sofrido
Frutuoso Barbosa suportou mais esse duro golpe sem se entregar aos
clamores do desespero, todavia arrefeceu-se, contudo, o seu interesse pela
conquista da Paraíba e quando se preparava para partir chegou a coluna
comandada por Simão Rodrigues que havia tido muito trabalho ao atravessar a
várzea do Paraíba em virtude do assedio dos índios. E após oito dias de
permanência na barra do rio Paraíba e já refeito das desgraças sofridas
Frutuoso Barbosa passou a cuidar do levantamento de um forte na margem
esquerda do rio Paraíba, o que não acabou se concretizando, porque os
potiguares favorecidos pela vitória alcançada e estimulados pelos franceses
que haviam perdido os seus navios incendiados, investiram em grande numero
contra Frutuoso Barbosa e sua gente que diante a superioridade do inimigo
resolveu retirar-se em virtude das perdas sofridas, e diante disso os índios
ficaram mais arrogantes, vaidosos e valentes por conta disto passaram a
molestar os moradores de Itamaracá que foram obrigados a abandona-lha e se
refugiarem na ilha de onde Frutuosos Barbosa seguiu para a pedir socorro ao
Governador Manoel Teles Barreto que ao tomar conhecimento dos fatos
ocorridos na capitania da Paraíba, imediatamente designou o General
espanhol Diogo Flores Valdez que havia saído em Setembro de 1851 de Cadiz
com uma armada composta de vinte e três navios e cinco mil homens para
defender o estreito de Magalhães do ataque efetuados por navios corsários,
que após a sua partida acabou perdendo alguns navios em uma tormenta que
o obrigou a retornar ao porto de partida para recuperação dos navios da
armada, e que após a nova partida acabou chegando ao Rio de Janeiro onde
deteve-se durante seis meses em virtude do tempo que não lhe permitia
navegar para o estreito, e ao largar do Rio de Janeiro sofreu um forte temporal
no Rio da Prata que lhe obrigou a arribar nas costas de Santa Catarina onde
deixou algumas naus armada e quando de volta ao mar com destino ao
estreito uma nova tempestade o trouxe de volta a São Vicente de onde desistiu
de sua missão e o fez de regresso para a Europa com sete naus que ainda lhe
restava em condições de fazer a travessia do Atlântico, todavia uma nova
tempestade o levou a Bahia onde reparou os navios, e que ao partir recebeu
um convite do Governador Manoel Teles de Barros para comandar uma nova
expedição para a Paraíba onde os moradores viviam oprimidos pelos ataques
dos índios. Imediatamente o General Diogo Valdez aceitou ao convite do
governador para chefiar a expedição e para isto em Março de 1584 a armada
partiu para da Bahia composta de nove navios sendo sete castelhanos e dois
portugueses que levava o Ouvidor Geral Martins Leitão a quem o governador
confiara a organização da expedição e de todas as providencias para a
fundação da Paraíba.
E para isto Martins Leitão acertou com o
Capitão mor Filipe de Moura sobre o objetivo de sua
missão e organização da expedição que seguiria por
terra comandada por Simão Rodrigues.
Frutuoso Barbosa que já estava refeito dos golpes sofridos, também
estava presente nesta expedição, pois não desistira do intento de conquistar e
governar a terra indômita, Martins Leitão acompanhou a expedição até Igaraçu,
de onde regressou para Olinda e Diogo Flores Valdez partiu com a sua armada
em demanda para a foz do rio Paraíba para atacar o inimigo por terra e por
mar. Quando a armada chegou à embocadura do rio, na altura da ilha da
Restinga encontrou algumas naus francesas carregada de pau brasil que
foram violentamente atacadas e incendiadas e suas guarnições obrigada a
fugir para junto aos seus aliados potiguares, e logo após a este encontro,
chegou a coluna de terra comandada por Simão Rodrigues e o General Diogo
Valdez começou a procurar um local apropriado para a construção do forte, e a
partir deste momento começou as dissensões ente os espanhóis e
portugueses por causa da escolha do local onde deveria ser construído o forte,
Valdez queria o forte à margem esquerda do rio em frente a ilha da Restinga e
Frutuoso Barbosa era contra, pois queria na foz do rio sob o argumento de que
se o povoado fosse feito no lugar pretendido por Valdez além de contrariar o
regulamento que lhe fora dado como governador da Paraíba, não oferecia
nenhuma segurança aos moradores, porém o General Valdez não se dignou
de reconhecer nenhuma autoridade em Frutuoso Barbosa e por conta disto
formou um conselho com os chefes militares para decidir o local mais indicado,
que por decisão unanimide escolheram o local preferido por Frutuoso Barbosa,
desde que não fosse no Cabedelo, qualquer outro lugar oferecia melhor
vantagens por ter o próprio rio como barreira defensiva e por estar em ligação
direta com Pernambuco. Todavia o General Valdez não admitiu ser vencido na
contenda e fazendo valer os seu poder de general espanhol, sem perda de
tempo determinou que o forte fosse construído no local que ele escolhera. E
para isto, todos os soldados, índios e escravos trabalharam freneticamente na
obra de taipa do forte e que antes de ter sido concluído o General Valdez
conferiu o cargo de Alcaide a Francisco Castejon, capitão de infantaria de sua
armada a quem confiou cento e dez soldados espanhóis, uma nau portuguesa
e dois patachos, o que gerou uma nova reclamação de Frutuoso Barbosa, por
entender que a alcadaria teria que ser sua por direito em razão da provisão
régia que o fazia capitão mor da Paraíba se o conquistasse, o que o General
Valdez contestou em atendê-lo sob o fundamento de que a provisão estava no
condicionamento da conquista, e no dia 1 de Maio o General Valdez batizou o
forte ainda inacabado com o nome de Filipe e Santiago e após receber as
homenagens do alcaide, embarcou e fez-se de vela para a Europa.
Com o termino das obras do forte, o comandante do exército Filipe de Moura
atendendo as informações recebidas de que os índios potiguara de uma aldeia
localizada perto do forte estariam praticando assaltos aos colonos da região,
de imediato ordenou que o Capitão Simão Falcão fosse de encontro dos índios
potiguares, Simão Falcão a frente da tropa pernambucana percorreu mais de
duas léguas pelo sertão a dentro a procura do inimigo até atingir a campina
denominada Campo das Ostras a qual os indígenas chamavam de Leritiba
(ostras em abundância) e acampou onde após alguns dias foram despertados
pelo som de uma trombeta e para verificar a sua procedência, o Capitão
Antônio Leitão a frente de cinqüenta soldados saiu para ver o que era e acabou
sendo envolvido num rijo ataque praticado pelos índios potiguares do qual;
resultou na sua morte e de muitos de seus soldados, e devido ao ataque
sofrido pelo Capitão Antônio Leitão, no acampamento a situação se arruinou e
o medo se apossou do Capitão Felipe de Moura, que por este motivo ele
ordenou que a tropa regressasse imediatamente para o forte.
Onde relatou os acontecimentos ao Alcaide
Francisco Castejan, que tomado de medo ordenou que
o destroçado exército pernambucano ficasse no forte
para defendê-lo de um possível ataque dos índios
potiguaras, porém nada foi capaz de deter essa força
que no mesmo dia se pôs em retirada para
Pernambuco.
Com o sucesso de mais uma vitória obtida os índios potiguares se
tornaram daí por diante mais agressivos e por isto encurralaram Castejon e
Frutuoso Barbosa no forte que os índios puseram em sítio, onde obrigavam os
cento e sessenta soldados e os dois chefes que não se entendiam, e por conta
disto a situação se tornou insustentável com Castejan comandando a cidadela
e Frutuoso Barbosa como capitão da nascente capitania onde a artilharia não
continham os assaltantes que a cada vez mais apertavam o sítio e
aumentavam a situação precária que exposta aos contratempos internos e
externos cada vez mais reduzia a conquista da Paraíba. E no mês de
Setembro de 1584 por se sentir oprimido por todos os lados, o Alcaide
Castejan resolveu embarcar com destino a Pernambuco a fim de pedir socorro
urgente para o forte na capitania da Paraíba, e ao chegar em Olinda foi
recebido pelo ouvidor gral, pelo provedor da fazenda, pelo Bispo Dom Antônio
Barreiros, pelos juizes e oficiais na câmara municipal de Olinda em uma
sessão muito tumultuada onde o Ouvidor Martim Leitão conseguiu apaziguar
os ânimos, e no mês de Novembro duas naus francesas entraram no rio
Paraíba e diante do forte acabaram retrocedendo e foram fundear na baia da
Tradição e retiraram grande quantidade de armas e seguiram para várzea do
rio Paraíba as fim de ajudar os potiguares no cerco que exerciam sobre o forte.
Imediatamente o Alcaide Castejon secundado por Frutuoso Barbosa deram
ciência dos fatos com novos pedidos de socorro ao ouvidor geral que ao
receber a noticia, imediatamente começou a tomar as providencias cabíveis ao
mandar aprontar um navio à sua custa porque o Provedor Martim Carvalho
dificultava quanto podia o fornecimento de recursos para a capitania da
Paraíba.
Com o navio fornecido pelo ouvidor geral sob o comando de Gaspar Dias
Morais e uma Gale do Capitão de Itamaracá Pêro Lopes Lobo e algumas
peças de artilharia e alguns homens branco e outros índios este socorro
chegou a tempo para destruir o inimigo, quando o Alcaide Castejon reuniu aos
seu homens que estavam no forte e rumou para a baia da Tradição onde
queimou as naus francesas que lá estavam ancoradas matando alguns
homens da tripulação e colocando outros em fuga, após esta vitória quando
repeliu os inimigos Castejan retornou cheio de jubilo, porém um contratempo
se verificou no retorno a baia da tradição quando a expedição foi acometida de
fortes ventos com isto uma das naus a que levava em seu bojo as presas das
embarcações francesas se desgarrou da frota e foi arribada ao mar da
América. Com inicio dos trabalhos na capitania, se deu com a chegada de um
novo aliado dos potiguares que eram os tabajaras que viviam as margens do
rio São Francisco nas fronteiras da Bahia com Pernambuco em perfeita
harmonia e paz com os portugueses, porém devido a deslealdade pratica por
Francisco de Calda que fora provedor da fazenda e que logo após a partida do
donatário de Pernambuco Duarte Coelho de Albuquerque para o reino.
Armou uma expedição em
Pernambuco e partiu nos barcos de
Gaspar de Ataíde com o objetivo de
aprisionar alguns índios para o
mercado local nas margens do rio
São Francisco.
Onde obteve a cooperação do cacique Piragibe que lhe forneceu alguns
caçadores com os quais Francisco Caldas penetrou no sertão a dentro a matar
e a aprisionar os índios e que ao retornar com o barcos trouxe um grande
número de presa, porém não se deu por satisfeito pela colheita realizada, e por
isto arquitetou um plano ganancioso de pegar o guerreiro Tabajara Piragibe e
levá-lo amarrado junto aos seus. Porém Piragibe suspeitou da trama e avisou
aos seus caçadores e mandou um recado ao seu parente e grande chefe
Tabajara Guiragibe (assento de pássaro) para que viesse em seu auxilio, de
imediato Guiragibe partiu com todos os seus guerreiros da aldeia, e no raiar do
dia atacou o acampamento de Francisco Caldas e Gaspar de Ataúde com
tamanha fúria que só um mameluco escapou da morte porque a irmã de
assento de pássaro o escondera no mato de onde seguiu para Olinda para
transmitir o massacre. Piragibe imediatamente libertou os índios que estavam
cativos e partiu para a Paraíba através da serra do Moxotó e alcançou o
município de Monteiro onde nasce o rio Paraíba e chegou ao teatro de guerra
em fins de 1584 após uma longa jornada.
E no exato momento em que a
guerra contra os portugueses estava no
auge.
Piragibe chegou ao litoral paraibano à frente de alguns milhares de seus
guerreiros Tabajaras e acertou a paz com os Potiguaras que estavam com
suas aldeias nas margens esquerda do rio Paraíba desde a fez do rio aos
sertões de Copaoba e para os Tabajaras foi reservada a margem direita do rio
com liberdade de se estabelecerem para o sul até Itamaracá onde montaram
as suas aldeias na faixa compreendida entre Tibiri e o Samhauá com o objetivo
de desalojar os portugueses, e com a aliança firmada entre potiguares e
Tabajaras eles passaram a exercer um certo aperto com os ataques efetuados
ao forte da Restinga, onde a situação dos sitiados piorava a cada dia em
virtude da carência de recursos e pelo desanimo reinante entre os mais forte e
no decorrer do ano de 1585 a colonização não dava um passo além das
quatros paredes do forte São Filipe, plantado na várzea úmida em frente a ilha
da restinga onde alguns soldados morriam em conseqüência da insalubridade
do local e dava mostra que a solução fatal para o caso seria o abandono do
forte, e para isto o Alferes Castejon enviou um emissário a Pernambuco
manifestando o propósito do abandono do forte. E devido a alarmante noticia a
mesma acabou provocando um grande pânico na cidade de Olinda e por causa
disto foi organizada as presas uma expedição para marcha sobre a Paraíba,
desta fez comandada pelo próprio Ouvidor Martim Leitão que em poucos dias
arregimentou um poderoso exército formado por homens branco, índios
domesticados e escravos da Guiné, o qual assumiu toda responsabilidade dos
gastos e publicou um bando pela boa ordem e estabeleceu duros castigos para
quem desertassem das fileiras de seu exército, e confiou ao seu cunhado
Francisco Barreto o posto de mestre de campo e escolheu 8 capitães, seis
ordenanças e dois mercadores e os padres jesuítas Jerônimo Machado e
Simão Travassos que eram grandes conhecedores da língua dos potiguares e
confiou para sua guarda pessoal alguns mamelucos filhos da terra. Martins
Leitão, partiu de Olinda com seu exército e acampou em Igaraçu onde recebeu
os últimos reforços e seguiu viagem até fazer alta nas margens do rio
Tapirema e no dia 1 de Março pôs o seu exército em marcha sobre a Paraíba
quando cruzou o rio Popoca e seguiu pela sua margem esquerda com destino
a Tibiri, tendo em sua vanguarda o Mestre de campo Francisco Barreto que ao
cair da noite do dia 5 de Março se defrontou com uma aldeia Tabajaras da qual
estava localizada a tapa do valente chefe Piragibe que escapou com toda a
sua gente pelo lado oposto, deixando alguns mortos em virtude do violento
ataque em sua aldeia abandonada, a qual Martins Leitão instalou o seu quartel
general e com o passar dos dias.
Os índios voltaram e ficaram
provocando os soldados e que pelo seu
dialeto falado, eles foram identificados
como Tabajaras.
No que em muito significou para o chefe pois o seu interesse de
imediato deixou de ser a guerra com aquela gente e sim a paz para poder
quebrar a aliança com os Potiguaras e para isto mandou o jesuíta Jerônimo
Machado entrar em contato com eles oferecendo-lhes segurança e amizade,
do encontro realizado ficou acertado que se encontrariam novamente para
acertar a troca de reféns e a celebração da paz, e para isto ficou acertado que
se encontrariam em uma taba que se localizava ente os morros e um enorme
alagadiço onde os embaixadores dos Tabajaras expuseram os receios de uma
cilada por parte dos portugueses em virtude do massacre sofrido nos sertões
baianos e a esse respeito o Padre Jerônimo Machado ponderou ao falar da
antiga amizade dos Tabajaras com os portugueses e da razão que os
Tabajaras tiveram como procederem e demonstraram o medo que possuíam
dos Potiguaras seus aliados que possuíam um número superior de guerreiro e
que poderiam massacrá-los se suspeitassem de suas atitudes, e por conta
disto não houve entendimento entre o Padre Jerônimo Machado e os
Tabajaras que ao observarem a movimentação dos soldados em redor do
morro enceraram as negociações e prometeram matar os reféns que tinham
sem seu poder. Martim Leitão ao ser informado do resultado frustado de
imediato resolveu prosseguir na guerra contra os Tabajaras e para isto
ordenou que fosse realizado um ataque a aldeia onde havia sido realizada a
reunião, e na tomada da aldeia a resistência apresentada pelos Tabajaras se
apresentou fraca em virtude da evacuação realizada pelo cacique Piragibe
usando deslocou a sua gente para a aldeia de assento de pássaro. E após
incendiar a aldeia Tabajara, Martim Leitão partiu para a várzea do Paraíba em
busca de uma passagem para o forte São Filipe o qual encontrou em estado
deplorável, tanto pelos estragos que apresentava como pelo aspecto físico e
moral dos que nele viviam, e em vista do que encontrou Martim Leitão insistiu
com Frutuoso Barbosa para que ele não abandonasse o forte e fosse fundar a
povoação duas léguas acima na outra margem do rio e prometeu que
permaneceria com ele por seis meses ajudando-o com oitenta homens e após
a sua saída, deixaria como seu substituto o seu cunhado Francisco Barreto,
apesar de todas as ofertas a Frutuoso Barbosa, não houve força de persuasão
que levantasse a sua moral muito abatida devido aos tantos azares que havia
amargurado na Paraíba que o fizera desistir de tudo e não queria fazer outra
coisa senão escapar o mais depressa possível.
De imediato Martim Leitão ordenou que o Capitão João Pais Barreto fosse
fazer uma inspeção na baia da Tradição, e preparou um contingente para ir ao
local onde pretendia edificar a cidade e dali seguir ao encontro de João Pais no
reduto inimigo na baia da Tradição, porém todos os seus planos se
desmantelaram dois dias após a partida de João Pais Barreto, em virtude de
terem ficado doente quarenta soldados e o Mestre de campo Francisco Barreto
e o jesuíta Simão Travasso em virtude da insalubridade do terreno e a
qualidade da água que abastecia o forte, e suspeitando disso Martim Leitão
retirou o seu exército e foi acampar no Campo das Ostras, onde seis depois
João Pires chegou para dar conta o que fizera na baia da Tradição, e na
oportunidade Martim Leitão tomou conhecimento através de alguns índios
prisioneiros.
Que tendo em vista os acontecimentos os índios Potiguaras se armaram
para combater aos Tabajaras.
Por suspeitarem da fraca resistência exercida contra o ataque exercido
por João Pires na tomada da baia da Tradição, e por conta disto o cacique
Piragibe tomou o caminho da serra de volta da terra de onde viera, então
Martim Leitão ordenou que fosse solto um dos índios e instruído para orientar o
chefe Tabajara que tomasse o caminho à beira mar e que evitasse a luta e
caso fosse atacado teria o socorro português, e deixou Pêro Lopes no lugar de
Frutuoso Barbosa e seguiu para a cidade de Olinda onde chegou em 6 de Abril
de 1585 e foi recebido com grande festa apesar do descontentamento do
ouvidor geral que dizia que Martim Leitão não havia feito nada, porque não
deixara nenhuma povoação levantada na Paraíba, e no decorrer do mês de
Junho chegou a noticia de que o Capitão Pêro Lopes havia abandonado o forte
da Paraíba e se recolhido em Itamaracá de onde foi chamado para dar as
devidas explicações de seu gesto e exortado para que retornasse a Paraíba.
E no decorrer do tempo nenhum auxilio foi enviado a Paraíba em virtude da má
vontade do Provedor da Fazenda Martim Carvalho com os serviços prestado
por Martim Leitão que para o qual tornou público ao declarar que não mais
proveria de qualquer ajuda e para piorar ainda mais a situação, correu na
cidade de Olinda a noticia de que Castejan havia abandonado o forte e
colocado fogo ao baluarte e jogado no rio todas as armas e munição e
afundado uma nau e rumado com toda a sua tropa espanhola para Itamaracá
assim sendo com o seu gesto acabava-se a obra do Almirante Valdez e do
forte São Filipe situado à margem esquerda do rio Paraíba o qual ficou apenas
um monte de ruínas e para o lugar que ficou conhecido como forte velho, com
isto em Olinda o pavor começava a tomar conta da vila e por este motivo o
Provedor da Fazenda Martim de Carvalho diante do perigo que todos
pressentiam, concordou em fornecer os recursos necessários para o socorro
da Paraíba e para comandar uma nova expedição foi indicado Frutuoso
Barbosa para assumir o comando e submeter a Paraíba, todavia este de
maneira alguma aceitou o encargo, então a escolha recaiu em Simão Falcão
que de imediato aceitou a indicação porém às vésperas de seguir viagem
acabou adoecendo e ter ficado impossibilitado de seguir viagem, e no final do
mês de Julho chegou a Olinda dois índios enviados pelo cacique Piragibe para
obter os socorros prometidos contra os Potiguaras que em estado de guerra
declarada estavam colocando os Tabajaras no maior aperto, imediatamente
Martim Leitão entrou em entendimento com João Tavares que era escrivão da
câmara e juiz dos órfãos de Olinda a quem confiou a execução de suas
instruções e para isto em 2 de Agosto João Tavares partiu com a quinta
expedição colonizadora para a Paraíba.onde chegou em 3 de Agosto na
embocadura do rio Paraíba e se defrontou e afugentou um grande número de
Potiguaras para o interior da capitania e logo a seguir se encontrou com o
cacique Piragibe grande chefe Tabajara com quem concertou as pazes entre
as duas partes, e em 5 de Agosto João Tavares saiu a procura do local
indicado por Martim Leitão para erguer o forte e o local escolhido se localizava
na encosta da colina em cuja base ficava Sanhauá braço do rio Paraíba e no
dia 5 de Agosto batizou o local da povoação que pouco depois se tornava a
cidade com o nome de Nossa Senhora das Neves a quem a tomou patrona.
Martim Leitão ao tomar conhecimento da paz firmada e celebrada entre João
Tavares e Piragibe desde 3 de Agosto tinha certeza que estava virtualmente
conquistada a Paraíba, pois o que se ia fazer daí por diante não mais seria
tomado pelos Potiguaras, e por conta disto enviou mais vinte cinco homens
para João Tavares.
E no dia 5 de Outubro partiu por terra para a Paraíba acompanhado de
vinte e cinco cavaleiros que entre eles se encontrava Duarte Gomes de
Oliveira que muito fez pela fundação da Paraíba, Cristóvão Lins fidalgo alemão
que traçou a planta do forte, Pêro Lopes Lobo Capitão mor da capitania de
Itamaracá, o jesuíta Jerônimo Machado, e alguns pedreiros, carpinteiros,
cavoqueiros e oficiais de outros ofícios e despachou alguns caravelões com os
apetrechos necessários à fundação da cidade.
E ao chegar a Paraíba em fim de Outubro aprovou a escolha do local
onde seria construído o forte que em 4 de Novembro teve inicio as suas obras
quando da fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves.
Após o inicio das obras, Martim Leitão preparou uma expedição com destino a
serra de Copaoba com o objetivo de eliminar o perigo que ameaçava a
fundação da cidade, porém devido a noticia de que havia algumas naus
francesa na baia da Tradição, ele teve que mudar os seus planos para uma
nova jornada e para isto reuniu oitenta e cinco homens branco e cento e
oitenta índios Tabajaras num momento de grande manifestação de
insubmissão por parte dos soldados espanhóis remanescentes da tropa de
Castejon, quando um soldado espanhol colocou um arcabuz no peito de João
Tavares e que de outra feita provocou o próprio Martim Leitão e por isto o
ouvidor mandou acoitai-lo para servir de exemplo.
E no dia 20 de Novembro colocou em marcha a tropa com destino a
Tibiri de onde seguiu para o Campo das Ostras e chegaram a embocadura do
rio Mamanguape onde acamparam
E na oportunidaade Martim Leitão mandou que Duarte Gomes da
Silveira fosse a frente com alguns homens para correr o campo da baia da
Tradição para verificar a existência das naus francesas, e ao receber o pedido
de socorro de Duarte Gomes da Silveira, imediatamente Martim Leitão partiu
com a sua tropa para atacar a uma grande nau francesa ali ancorada, que
suspeitando que viesse por mar alguma frota de combate, imediatamente
levantou ferro em demanda de outra paragem, em vista disto Martim Leitão
permaneceu três dias na baia da Tradição ocupado em destruir as aldeias e as
lavouras dos índios Potiguaras e com a colaboração de alguns índios que
haviam caído como prisioneiros, o guiaram em busca de Tijucupapo que era
um dos principais e afamado feiticeiro dos Potiguaras, até que na altura de
Potengi a expedição foi violentamente atacada por todos os lados pelas flechas
inimigas, todavia Martim Leitão apesar da surpresa e da impetuosidade do
ataque inimigo, deu animo aos seus e partiu para o contra ataque, que deixou
muitos mortos entre os inimigos que fugiram desordenadamente sob os
cuidados de Cristóvão Lins, Martim Leitão ordenou que o ritmo dos trabalhos
fossem acelerado e por este motivo em poucos dias o forte se encontrava
concluído, e por este motivo João Tavares homenageou o Ouvidor Martim
Leitão que em 20 de Janeiro de 1586 deixou o forte com destino a
Pernambuco deixando como Capitão mor da Paraíba, e no dia 2 de Abril
chegou a capitania vindo do reino o Capitão espanhol Francisco Morales
acompanhado de cinqüenta soldados com a incumbência de recolher os
homens deixado por Castejan, porém ao chegar apoderou-se do forte e
destituiu João Tavares de suas funções, com isto os Tabajaras inconformados
com o seu intrometimento se amotinaram nas aldeias, e as naus francesas
retornaram a freqüentar a baia da Tradição e os Potiguaras voltaram a assaltar
em Tibiri, deste modo desmoronava-se o nascente núcleo colonial onde o
Capitão Francisco Morales vendo o perigo da situação reinante imediatamente
abandonou o forte levando os seus soldados para a cidade de Olinda de onde
seguiu par o reino.
Nesse meio tempo as noticias que chegavam da Paraíba a Pernambuco eram
as mais alarmantes e por conta disto logo se designou que Martim Leitão teria
que voltar para restabelecer a ordem na turbulenta capitania da Paraíba, e
para isto no mês de Dezembro Martim Leitão mandou por terra vinte e cinco
homens e seguiu junto a sua gente em três naus e algumas caravelas providas
de tudo que era necessário para o desenvolvimento da conquista onde chegou
em 23 de Dezembro e entregou o comando do forte ao Capitão Pêro de
Albuquerque e partiu para o sertão de Copoaba à frente de um exército até
Pinacama onde acampou por alguns dias e prosseguiu viagem para o sertão
de Massapé onde na encosta da serra atacaram uma aldeia matando muitos
índios e fizeram cerca de oitenta prisioneiros, e de aldeia em aldeia os índios
iam sendo corridos e largando as terras devastadas para Martim Leitão que
marchava em busca da aldeia do famoso chefe Tijucupapo onde se
desenvolveu uma violenta batalha que resultou num grande número de mortos
e feridos de ambos os lados, inclusive o próprio Ouvidor Martim Leitão e após
permanecer por alguns dias ali acampados tratando dos feridos se colocaram
em marcha de regresso ao forte, e por não saberem onde estavam acabaram
se guiando pelo sol e por este motivo optaram por um outro caminho que os
fez passar pela lagoa de Acejutibiró e atravessar o rio Mamamnguape e
seguirem para Água de Jorge Camelo e chegarem exauridos ao forte. Após as
escaramuças militar vitoriosa que impôs para limpeza do terreno para a
conquista e o desenvolvimento definitivo do povoamento da Paraíba, e para
isto João Tavares foi até Tibiri para ativar as obras de um forte que tomou o
nome de São Sebastião por ter sido iniciado as suas obras em 20 de Janeiro e
daria cobertura à aldeia de assento de pássaro e proteção aos colonos que
iam se estabelecendo na várzea ao redor do engenho do Rei que foi o primeiro
a ser construído na Paraíba e que depois tomou o nome de Tibiri de Cima e
que no tempo da dominação holandesa foi confiscado e vendido a Jorge
Homem Pinto e que após a restauração passou às mãos de Jorge Fernandes
Vieira que era o Governador da Paraíba e que teve a semente da caba de
açúcar vinda de Itamaracá e Pernambuco
E o braço do índio manso no início
de suas produções, devido a pequena
proporção de negro escravo africanonos
primeiro tempo que não bastavam para
todas as necessidades em um engenho
corrente e moente.
E na cidade foi construída uma capela provisória em uma colina acima
do forte onde mais tarde foi erguida a igreja catedral que a invocação de Nossa
Senhora das Neves e entre a capela e o forte foi construída uma ladeira que se
chamava Ladeira de São Francisco, e pelo lado sul da cidade na orla
conhecida como Passeio Geral mudado depois para Ilha do Bispo onde o
cacique Piragibe tinha a sua aldeia e os padres da Companhia de Jesus
edificaram a capela de São Gonçalo, e a primeira rua aberta na cidade recebeu
o nome de Rua Nova onde foram edificados a cadeia, a casa da câmara e o
açougue e com o andamento de seu principal objetivo que era o povoamento
da Paraíba, em meados de Fevereiro de 1587 Martim Leitão distribuiu algumas
sesmarias e deixou João Tavares no governo da Paraíba e seguiu para
Pernambuco onde chegou muito doente e foi demitido do cargo de ouvidor
geral e recebeu ordem de prisão em virtude de uma intriga política ocorrida na
Bahia entre as duas forças que se chocavam que eram as do Governador
Geral do Brasil Manoel Teles Barreto e os padres da Companhia de Jesus no
episódio em que Martim Leitão favoreceu os padres jesuítas quando demarcou
e deu posse as terras aos jesuítas em Camamu que pertenciam a pequenos
proprietários.
A relação dos governadores da Paraíba no periodo que vai da conquista
ao domínio holandês, nem sempre a nomeação importava em posse do cargo,
muitas das vezes ficavam aguardando a vacância para exercer as suas
funções, porque os providos no cargo só o deixavam quando recebiam ordens
para isso, e que foram os seguintes:
de 1585 a 1588 = João Tavares
de 1588 a 1591 = Frutuoso Barbosa
de 1591 a 1592 = André de Albuquerque
de 1592 a 1600 = Feliciano Coelho de Carvalho
de 1600 a 1603 = Francisco de Souza Pereira
de 1603 a 1605 = André de Albuquerque
de 1605 a 1608 = João de Barros de Correia
de 1608 a 1612 = Francisco Coelho de Carvalho
de 1612 a 1616 = João Rabelo de Lima
de 1616 a 1620 = Francisco Nunes Marinho de Sá
de 1620 a 1623 = João de Brito Corrêa
de 1623 a 1627 = Afonso de França
de 1627 a 1634 = Antônio de Albuquerque
A Paraíba que fora conquistada em 1585 quando João
Tavares que partira de Pernambuco e firmara a paz com o
cacique Piragibe e nomeado como capitão mor da Paraíba
por Martins Leitão e confirmado pelo rei e que no início de
seu governo não pode fazer nada em matéria de progresso
em virtude das serias perturbações realizadas.
Mesmo assim suas maiores realizações em matéria de administração a
conquista vingou, e só a partir de 1587 foi que João Tavares pode realizar a
construção do primeiro engenho de cana de açúcar e outros benefícios para a
capitania da Paraíba e a penetração para o interior não ia além da zona
litorânea em virtude da carência de elementos humanos, e pela metade do ano
de 1588 João Tavares passou o governo da Paraíba a Frutuoso Barbosa e por
essa época chegou a Pernambuco o espanhol Dom Pedro de La Cueva que
em 1579 Frutuoso Barbosa havia requerido para que fosse entregue a ele a
capitania da Paraíba para completar o seu governo como capitão do forte no
comando dos soldados espanhóis das tropas de Castejon e Morales. E assim
que assumiram os seus postos, começaram a se desentenderem e desta
forma o desenvolvimento da colônia acabou se comprometendo e disto os
indios Potiguares tiraram grandes vantagens, quando instigados pelos
franceses passaram a investir constantemente contra a cidade onde os
colonos não ousavam em sair de suas casas e principalmente contra as
aldeias dos Tabajaras que eram a linha avançada da defesa da cidade e para
conter esses assédios Frutuoso Barbosa quase nada podia fazer em razão de
que o Capitão Cueva alegava que não tinha ordem do reino para solucionar o
problema, contudo Frutuoso Barbosa não ficou inativo diante da situação pois
para isto imediatamente solicitou socorro a Pernambuco e a Itamaracá que de
imediato organizaram uma expedição para cobrar pelas armas ao levante dos
Potiguares sob o comando de João Tavares que partiu em 1590 de Olinda e
que ao cabo do primeiro dia de jornada tombou morto à margem da estrada.
E para o seu lugar foi nomeado o
Capitão mor da capitania de Itamaracá
Pêro Lopes Lobo que ao chegara na
Paraíba ordenou que Cueva com seus
soldados espanhóis e outra com os
soldados portugueses do Capitão Diogo
Nunes Correia.
E a gente dos caciques braço de peixe e assento de pássaros e dois
padres e partiu para percorrer as fronteiras da capitania onde encontrou uma
grande aldeia que foi totalmente arrasada com seu impetuoso ataque no qual
mataram uma grande quantidade de índios, e em virtude dessa vitória, Pêro
Lopes Lobo partiu para a baia da tradição e retornou para o forte onde se
reuniu com os Capitães Frutuoso Barbosa e Cueva e os padres para selar a
paz entre ambos e partiu para sua capitania deixando em seu lugar André de
Albuquerque, e durante a sua permanência no governo da Paraíba, Frutuoso
Barbosa tratou de mudar o nome da cidade para Filipeia de Nossa Senhora
das Neves, efetuou a doação de um terreno para os religiosos franciscanos da
Ordem de Santo Antônio em 1589 através do Custodio Frei Merchier de Santa
Catarina com o objetivo de fundar um convento e ministrar o culto religioso o
qual foi projetado pelo Frei Francisco dos Santos e que recebeu o nome de
Convento de São Francisco cuja obra foi interrompida durante a ocupação
holandesa quando serviu de residência ao governador holandês e só a partir
de 1656 que teve reinicio as obras e sendo sagrada em 1734, e em frente ao
convento foi aberta uma rua que tomou por nome como rua Direita que ia até o
lugar denominado como Ponto de Cem Réis.
E devido aos seus métodos de
ensino que eram menos rígidos,
acabou atraindo um grande um grande
numero de índios que estavam sob a
tutela dos padres jesuítas.
Que estavam estabelecidos na Paraíba com sua igreja desde os
primeiros dias da conquista, doutrinando a fé católica aos índios,com isto
acabou fomentando uma desavença contra a presença dos franciscanos nas
tabas indígenas e por conta disto procuraram exercer uma pressão sobre o
governador para dificultar a construção do convento tendo em vista quando
Frutuoso Barbosa ao levantar um forte em Cabedelo para assegurar a entrada
da barra contra os navios franceses pediu auxilio ao cacique Piragibe, que não
pôde fazer por estar a sua aldeia sujeita à doutrina dos padres da companhia
de Jesus e diante disso foram chamados os índios dos frades franciscanos
para trabalharem na obra, por este motivo, devido a situação criada Frutuoso
Barbosa acabou representando contra os jesuítas ao rei de Portugal como
sendo eles os responsáveis pela perturbação em que se encontrava a
capitania da Paraíba, e por conta disto os jesuítas acabaram sendo expulsos
da Paraíba pela carta régia de 1593 que foi cumprida por Feliciano Coelho de
Carvalho.
Em seu segundo governo Frutuoso Barbosa sempre esteve com suas vistas
voltadas para a várzea onde novos engenhos foram criados, sendo em Duarte
Gomes da Silveira a grande figura que deu impulso à Paraíba que saiu de
Pernambuco e fundou o engenho Salvador as margens do rio Inhoim iniciando
com isto uma grande emigração de colonos ara a capitania e para proteger o
engenho foi fundado um forte que veio ajudar o desenvolvimento da
agricultura.
E no ano de 1591 Frutuoso Barbosa foi sucedido no governo da Paraíba por
André de Albuquerque filho de Jerônimo de Albuquerque e da índia Maria do
Espirito Santo Arco Verde, foi vereador da câmara de Olinda e alcaide mor de
Igaraçu antes de ser governador da Paraíba onde pouco fez a frente de seu
governo que sofreu um forte ataque dos índios Potiguares que destruíram o
forte de Cabedelo em represália aos constantes ataques efetuados ao seu
reduto em Copaoba.
E no mês de Maio de 1592 foi
substituído pelo Capitão mor Feliciano
Coelho de Carvalho que encontrou a
capitania em grande aperto em virtude
dos contínuos assaltos praticados
pelos Potiguaras em suas roças e
arrabaldes.
E por conta disto, determinou-se a acabar com semelhante foco de
perturbação da ordem, pois de imediato solicitou auxilio ao Capitão mor de
Itamaracá Pêro Lopes Lobo que o socorreu ao enviar um forte contingente do
qual Feliciano Coelho juntou o seu pessoal e rumou para Copoaba onde
realizou uma terrível e desumana matança contra as aldeias Potiguaras, e na
volta à Paraíba, o capitão mor resolveu transferir a aldeia do chefe Piragibe
dos arrabaldes da cidade para as fronteiras do interior contra a vontade dos
padres da companhia de Jesus, quando determinou que uma parte ficasse nas
proximidades do rio Inhobim e a outra em Livramento sem dar grande
importância ao problema da catequese, pois estava muito preocupado nos
problemas militar e econômico da capitania, porque considerava que as aldeias
indígenas deveriam ser consideradas apenas como postos avançados de
defesa localizadas nas fronteiras com a finalidade precipua de preparar braços
para a lavoura e soldados para a guerra, e de imediato mandou destruir a
aldeia velha dos índios Potiguaras do cacique Piragibe que se localizavam no
lugar denominado Passeio Geral posteriormente conhecido como ilha do Índio
Piragibe, devido a atitude tomada pelo Governador Feliciano Coelho de
Carvalho, os padres jesuítas ficaram magoados com o governador e por conta
disto decidiram-se a não mais assistir aos índios nas novas aldeias, e por
estarem inconformados com a destruição da aldeia velha de Piragibe,
acabaram reclamando ao Governador Geral do Brasil Francisco de Souza
contra o Capitão mor Feliciano Coelho de Carvalho ao pleitearem que fossem
indenizados, tendo em vista que foram eles que haviam construído a aldeia, e
devido a atitude tomada pelos padres jesuítas o governador interpretou como
um ato de rebeldia que serviu para aprofundar a área de atrito, tendo em vista
que os jesuítas andavam mal visto na Paraíba, e por conta disto o rei mandou
que fosse tirada uma inquirição para apuração dos responsáveis pelos
escândalos existente na capitania e como resultado os jesuítas foram expulsos
da Paraíba em 1593.
Após a primeira investida contra os Potiguaras logo após a sua chegada a
capital na qual obteve uma significativa vitória, e que levou ao governador a
promover varias incursoes ao sertão de Copoaba, e no ano de 1594 Feliciano
Coelho de Carvalho organizou um forte contingente e atacou uma aldeia
Potiguara onde estavam recolhidos cerca de três mil e quinhentos índios e
cinqüenta franceses que ofereceram tenaz resistência da qual Feliciano Coelho
de Carvalho foi obrigado a recuar com grandes perdas de seus homens para
se refazer.
Que ofereceram tenaz resistência da
qual Feliciano Coelho de Carvalho foi
obrigado a recuar com grandes perdas de
seus homens para se refazer.
Todavia durante a madrugada os Potiguaras apesar das grandes perdas
sofridas no campo de batalha, e que ainda mantinham a sua aldeia com
grandes esforços, observaram uma grande movimentação dos homens do
governo e por isto suspeitaram de alguma manobra tática ou da chegada de
reforços, acabaram abandonando a aldeia e se internado no mato sempre
perseguidos.
E por mais batidos que fossem os Potiguaras, não cessaram de acometer os
seus assaltos a capitania da Paraíba em reencontros sucessivos contra as
forças de Feliciano Coelho de Carvalho que aos pouco ia forçando a se
retirarem para o Rio Grande do Norte por onde se estendiam a grande família
Potiguar. E numa destas surtidas os Potiguaras fizeram um grande estrago no
aldeamento de São Francisco quando mataram muitos colonos e queimaram a
igreja e colocaram a situação da capitania em maior desordem.
E que na oportunidade o Governador
Feliciano Coelho de Carvalho saiu
gravemente ferido o que lhe deixou aleijado
de uma das pernas.
E no decorrer do ano de 1596, teve início a desinteligência ente o
Governador Feliciano Coelho de Carvalho e os padres franciscanos que no
começo eram menos rígidos e que com decorrer do tempo passaram a ser
mais rígidos que os jesuítas, quando passaram a exercer os seus poderes
temporal sobre os índios aldeados que passaram a ser submetidos a uma
disciplina que o capitão mor não tolerava por entender que havia uma invasão
em sua jurisdição, pois por qualquer falta o culpado era posto no tronco como
corretivo pela ordem do aldeamento, e sofriam castigos se não assistissem a
missa, tudo isto sob a alegação que eles estavam saindo da barbárie e por
este motivo não podiam gozar de tanta liberdade.
E por conta disto Feliciano Coelho de Carvalho
mandou quebrar os troncos nas aldeias e deu liberdade
a todos os índios.
No que tangia aos seus ritos e costumes, com isto os franciscanos
limitaram-se a abandonar as aldeias sob a alegação da falta de garantia e
queixaram-se ao Governador Geral do Brasil Francisco de Souza que após
analisar a situação mandou que Feliciano Coelho de Carvalho readmitisse os
frades franciscanos nas suas aldeias e que os mesmos continuassem a
exercer governo temporal sobre os índios, e por causa das ordens recebidas
Feliciano Coelho de Carvalho ficou exasperado contra o despacho recebido do
governador geral do Brasil e por conta disto denunciou o governador geral por
prevaricação e por não mandar em socorro os soldados a ele solicitado, porém
aos poucos foi cedendo nas suas manifestações contra os frades que
restabeleceram a ordem nas aldeias abandonadas e desenvolveram os seus
trabalhos com afinco nas obras do convento e da catequese.
E no final de Junho de 1597 a Paraíba foi acometida por um ataque de uma
frota francesa que era composta por treze navios que investiram contra a
fortaleza de Cabedelo onde desembarcaram cerca de trezentos e cinqüenta
homens que se defrontaram contra vinte homens que o a defendia com cinco
peças de artilharia em uma dantesca batalha em que os franceses se viram
obrigado a retroceder para o Rio Grande do Norte onde preparam um novo
ataque, porém no momento em que Feliciano Coelho de Carvalho que estava
em guerra contra os Potiguaras tomou conhecimento do ataque francês a
fortaleza de Cabedelo, imediatamente marchou para o litoral onde tomou
conhecimento através de um prisioneiro de nome Mifa que era parente do
governador de Dieppe que informou da esquadra que estava sendo preparada
pelo Conde de Viladorca em Rochela para atacar o Rio Grande do Norte, e
para isto reforçou a tropa com o auxilio recebida da Bahia através do
Governador Geral do Brasil Francisco de Souza que lhe enviou uma armada
composta de seis navios, cinco caravelões e quatro companhia de Manoel
Mascarenhas que seguiu até Olinda.
Onde embarcaram os Capitães Jerônimo de
Albuquerque e seu irmão Jorge de Albuquerque e de Antônio
Leitão Mirim e quatro padres
E rumaram para a Paraíba onde acertarem os planos de ocupação,
enquanto Feliciano Coelho de Carvalho seguiu por terra em 17 de Dezembro
de 1597 com quatro companhia vinda de Pernambuco, emais uma da Paraíba
que contava com alguns índios como auxiliares junto aos seus principais
chefes, que ao alcançarem, a fronteira do Rio Grande do Norte foram atacados
por uma epidemia de varíola, e com isto foram obrigados a retornar a Paraíba,
exceto Jerônimo de Albuquerque que embarcou num caravelão e seguiu ao
encontro de Manoel Mascarenha Homem, que ao penetrar nas costa do Rio
Grande do Norte afugentou sete naus francesas e foi fundear num portal à foz
do rio Potengi onde desembarcou seus homens que foram imediatamente
atacados por numerosos potiguares acompanhados de muitos franceses por
diversos dias até que um dia chegou Francisco Dias Paiva com reforços de
armas e mantimentos, porém os dias seguiram entre combates intermitente e
falta de progresso nas obras do forte, e nessa conjuntura chegou Feliciano
Coelho de Carvalho em auxilio à frente de oitenta e quatro homens de seu
contingente e trezentos e cinqüenta índios conduzidos por seus principais
chefes que ajudaram a concluir o forte que foi denominado dos Reis, que em
24 de Junho de 1598 foi entregue a Jerônimo de Albuquerque.
Nesta época a guerra se mostrava estagnada, com ambos os lados cansados
da luta que não era decidida pelas armas, e devido ao fato dos franceses
terem sido desalojados do Rio Grande do Norte, veio quebrar a aliança com os
aguerridos aborigenes que os frades franciscanos e os padres jesuítas
acenaram para um mundo de maravilhas celestias e que atacados pelo suro de
variola que se propagou entre eles, os Potiguares acabaram cedendo ao
governo que sustentava e incentivava a conversão da paz quando a paz foi
alcançada em 11 de Junho e por ordem do Governador Geral do Brasil
Francisco de Souza as pazes foram juradas solenemente na Paraíba em 15 de
Junho 1599 em conjunto com os Potiguares e Tabajaras.
E antes do termino do governo de
Feliciano "Coelho de Carvalho, chegou a
Paraíba os frades da ordem de São Bento
com o seu abade Frei Anstácio.
Para receber o terreno para construção do convento e da igreja que
recebeu a invocaçao de Nossa Senhora do Montserrat e a seguir adquiriram o
sitio Tambiá Grande e no ano d 1612 receberam do governo duas léguas de
terra ao pé da serra da Copoaba no lugar denominado como Gandu e com isto
a cidade crescia dotada de três ordens religiosas que eram os franciscanos a
dos beneditinos e a dos carmelitas junto a uma população que tinha a força da
mestiçagem numa época de expansao da agricultura onde a necessidade de
braços para a lavoura era grande, porque a importação africana não havia
ainda dominado o mercado da Paraíba, com isto os trabalhos no início foi
empregado o braço indígena assalariado o qual não tinha constancia no
trabalhos dos engenhos o que lhe levou a sofrer menos no cativeiro e por isso
misturou-se depressa com o branco e dessa fusao e que saiu o homem forte
do nordeste que pegou no bacamarte e expulsou o invasor por amor a terra.
Com o final do século XVI chegava a termo o governo do Capitão mor
Feliciano Coelho de Carvalho que foi um dos mais longo e agitado, no qual
deixou a paz na capitania e ao transmitir o seu governo em Agosto de 1600
para Francisco de Souza Pereira que deixou poucos sinais visíveis de sua
passagem.
Em princípios de Dezembro de 1631, os
holandeses investiram pela primeira vez com uma
expedição de mil e seiscentos homens embarcados
em dezesseis navios sob o comando do Coronel
Callenfels e do Conselheiro
PolíticoServais Carpentier.
Contra uma capitania que já estava prevenida contra a vinda do inimigo
pelos reforços recebidos de Pernambuco através de Matias de Albuquerque,
que no dia 5 logo ao desembarque da força holandesa ao sul de Cabedelo o
Governador Antônio de Albuquerque saiu a enfrentá-lo com a força que
dispunha para cortar a marcha inimiga contra o forte em um violento combate
que se estendeu até o dia seguinte, no qual Jerônimo de Albuquerque
Maranhão encontrou a morte no campo de batalha. O com o decorrer dos dias,
os holandeses cada vez mais se aproximavam do forte, porém devido a
resistência imposta pelos bravos defensores do forte de Cabedelo e da bateria
que funcionava ao lado da barra do rio sob o comando de Duarte Gomes da
Silveira que teve o seu filho morto em um acidente com sua própria artilharia,
que fizeram com que os holandeses após seis dias dias de infrutíferos ataques
se vissem na contingência de se retirarem para Recife deixando muitos mortos
e feridos no campo de luta. E em Fevereiro de 1634 os holandeses efetuaram
o segundo ataque a Paraíba quando se apresentaram com uma esquadra
composta de vinte navios que contavam com mil e quinhentos homens
embarcados sob o comando do almirante Lichthart e por chefe das forças de
desembarque o Coronel Segismundo Van Schkoppe que trazia como adjunto
Gysseling que era diretor da companhia e Carpentier como conselheiro
político, e muitos confiantes na ação em virtude de já terem se apoderado do
Rio Grande do Norte e pela experiência adquirida durante a primeira invasão
quando uma parte da esquadra deu fundo em frente a barra do rio Paraíba e a
outra seguiu ao norte para desembarcar a sua gente na praia de Lucena para
fazer calar a bateria do forte de Santo Antônio que estava confiada ao Capitão
Lourenço de Brito Correia que após efetuar o desembarque de mais de mil
homens marchou para tomar o forte.
Porém no meio do caminho acabou se
defrontando com uma trincheira bem guarnecida sob o
comando do Capitão mor Antônio de Albuquerque, que
após diversas investida holandesa partiu ao ataque
com duzentos soldados e trezentos índios que fizeram
com que o inimigo abandonasse a lua e seguissem
para o Cabo de Santo Agostinho para se recuperarem
das perdas sofridas.
Para os holandeses o grande desafio ao seu poder de domínio, era
atacar a Paraíba que nesta época estava com mais umafortificação que
Antônio de Albuquerque mandara construir na ilha da Restinga, e com o forte
do Varadouro mais guarnecido e com diversas baterias instaladas em diversos
ponto da capitania, e nesta época a fortaleza de Cabedelo estava confiada ao
Capitão João de Matos Cardoso, e o forte de Santo Antônio ao Capitão Luís de
Magalhães, e para defesa da Paraíba Antônio de Albuquerque dispunha de
oitocentos homens distribuídos em varias companhias pois era sabedor de que
os holandeses estavam preparando uma forte esquadra em Recife para atacar
a Paraíba, e para isto em 25 de Novembro de 1634 a esquadra partiu do porto
de Recife composta apor trinta e dois navios e diversas barcaças que traziam a
bordo dois mil trezentos e cinqüenta e quatro soldados sob o comando do
Coronel Schkoppe que era auxiliado pelo coronel Arciszewski e pelos
conselheiros políticos Stachouver e Carpentier que em 4 de Dezembro
desembarcaram uma parte da tropa na enseada do Jaguaribe na praia do
Bessa sem dar chance para que o governador impedisse o desembarque
apesar de ter marchado sobre o inimigo com um reduzido numero de soldados,
e que devido a inferioridade de sua força foi forçado a recuar. A tropa
holandesa desembarcada foi aquartelada perto da fortaleza do Cabedelo,
enquanto o restante da tropa desembarcava na praia de Lucena com a
finalidade de atacar pelo lado norte o forte de Santo Antônio, e no decorrer dos
dias foram realizado intensos combates que apertava cada vez mais o cerco
contra a fortaleza do Cabedelo o que tornava cada vez mas difícil ao capitão
mor de enviar reforços às guarnições dos fortes atacados devido ao inimigo
estar fortificado em diversas posições e atacando as cidadelas. E na
madrugada do dia 9 calou-se os canhões do forte da Restinga a qual vinha
causando sérios danos aos holandeses, em virtude de um audacioso golpe
praticado pelo Major Hunderson.
Que aproveitando-se da chuva
reinante e da escuridão da noite
penetrou pela barra com oitocentos
homens embarcados em diversas
pequenas embarcações
Que passaram entre os dois fortes sem ser notado em virtude de um
audacioso golpe praticado pelo Major Hunderson que aproveitando-se da
chuva reinante e da escuridão da noite penetrou pela barra com oitocentos
homens embarcados em diversas pequenas embarcações que passaram entre
os dois fortes sem ser notado e foi surpreender o forte da Restinga pela
retaguarda após uma breve escaramuça em que morreram alguns homens da
guarnição e o seu comandante Pedro Ferreira caiu prisioneiro, com isto o forte
do Cabedelo estava privado de receber auxilio da cidade, porque devido aos
incessantes canhoneiros dos holandeses que se estabeleceram no forte da
Restinga e passaram a interceptar a passagem de qualquer auxilio aos
sitiados.
E nesta oportunidade aconteceram
diversos casos de heroísmo, como o caso
que em certa feita a bordo de uma chalupa de
abastecimento conduzida por Antônio Peres
Calhaus e seu irmão Francisco Peres Calhau
Que ao se aproximarem da zona ocupada pelos holandeses foram
duramente castigados pelos disparos efetuados que atingiram a embarcação
matando um dos tripulantes e deixando ferido o braço de Antônio Peres Calhau
que estava no leme da embarcação e no momento em que seu irmão quis
substitui-lo, ele não consentiu com a argumentação de que tinha outro braço
com o qual poderia guiar a embarcação, porém ao ser atingido com outro tiro,
que o deixou quase morto, e na oportunidade imediatamente o seu irmão
Francisco tomou o leme, e foi atingido em um dos braços e tomando como
exemplo o seu irmão, trocou de mão no leme e levou o socorro aos sitiantes
dos fortes.
Nesta época chegou a Paraíba o Conde de Bagnuolo que após se encontrar
com o capitão mor, acertou em enviar reforços urgente que trazia para atacar o
inimigo pela retaguarda, todavia em 19 de Dezembro não tendo mais meios de
sustentar o combate em virtude dos contínuos e incessantes bombardeios das
trincheiras inimigas que a cada dia apertava o reduto do forte do Cabedelo,
que sem artilheiros e sem abastecimento, acabou se rendendo com a
assinatura de um termo de capitulação para a guarnição do forte no qual ela
deveria sair com as honras de guerra, e no dia 23 o forte de Santo Antônio se
rendeu com as mesmas condições acertada com o forte do Cabedelo, e os
soldados ali feitos prisioneiros que junto aos do forte de Cabedelo foram
embarcados a bordo de um navio holandês em 31 de Janeiro de 1635 com
destino as prisões da Antilhas. Com a queda dos fortes de Santo Antônio e do
Cabedelo que custaram aos seus defensores oitenta e duas vidas e cento e
três feridos estabeleceram, um pânico generalizado na cidade que acabou
fazendo com que sua população o abandonasse e por conta disto Antônio de
Albuquerque retirou-se para o interior da capitania no engenho Salvador de
Duarte Gomes da Silveira onde encontrou ali alojado Martins Soares Moreno e
o Padre Manoel de Morais, e por não achar o sitio de modo a transformá-lo em
arraial de campanha, por conta disto Antônio de Albuquerque se deslocou se
deslocou para o engenho Espirito Santo de Manoel Peres Correia e seguiu
para o engenho Tapuá de Antônio Correia Valadares que era o ultimo lugar
povoado ao sudoeste da capitania, onde pensou em fortificar-se apesar que os
principais lideres da terra não queriam mais colaborar na causa da resistência
como no caso de Duarte da Silveira que vendo a inutilidade do seu esforço em
continuar na luta armada para defesa de uma cidade já rendida, imediatamente
entrou em entendimento com os comandantes holandeses e devido ao pânico
estabelecido na cidade com a queda dos fortes do Cabedelo e Santo Antônio,
o Conde de Bagnuolo mandou desarmar o forte do Varadouro e incendiou os
armazéns de açúcar e os navios que estavam no porto e conclamou os
moradores para que cada um cuidasse de si como pudesse, e a seguir tomou
o caminho do arraial de Bom Jesus em Pernambuco.
Enquanto isto os holandeses tomavam a cidade sem a
necessidade de disparar um único tiro
Quando uma parte do exercito subiu o rio Paraíba e desembarcou no
porto de Sanhauá e a outra parte rumou pelo rio Tambiá Grande e
desembarcaram no sopé da colina e seguiram pelo caminho de Boissó e
penetraram pelo lado esquerdo na cidade, e de posse da Paraíba o primeiro
passo do Coronel Schkoppe foi mudar o nome da cidade que passou de
Filipéia de Nossa Senhora das Neves para Frederica em homenagem ao
Príncipe de Orange Frederico Henrique, e logo a seguir o Coronel Arciszewski
recebeu a visita de Duarte Gomes da Silveira que estava cansado de combater
e vendo a inutilidade de seus esforços em continuar de armas na mão para a
defesa de uma cidade já rendida, e por conta disto havia procurado entrar em
entendimento com os conquistadores em nome dos Estados Gerais e da
Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais para obter uma anistia geral aos
moradores que se submetessem ao domínio holandês do qual assegurasse o
exercício amplo dos direitos de propriedade e de liberdade de religião, e no seu
entender de ter cumprido honestamente o seu dever, de imediato partiu para
contar de seu procedimento ao Governador Antônio de Albuquerque que se
encontrava no engenho do Valadares, onde acabou sendo preso como traidor
pelo Governador Antônio de Albuquerque que imediatamente ordenou que
levassem Duarte Gomes da Silveira ao arraial de Matias de Albuquerque em
Pernambuco conduzido por uma escolta de doze soldados sob o comando do
Capitão Gaspar Vancácer que ao cair da noite do dia 30 de Novembro foi
atacado por uma patrulha holandesa que libertou o preso. Enquanto isto o rico
proprietário Bento do Rego que estava persuadindo aos moradores da
capitania para que não desse ajuda ao governador na obra de fortificação que
pretendia fazer no engenho do Tapua, e o genro de Antônio Valadares foram
aos chefes holandeses e denunciaram onde o governador Antônio de
Albuquerque estava com sua tropa e colocaram à disposição das tropas
holandesas um guia que o levasse onde estaria o governador, então o Coronel
Arciszewski de imediato arregimentou uma tropa sob o comando do Major
Picard para sair em perseguição do governador no engenho Tapua onde ao
chegar já não mais o encontrou, pois Antônio de Albuquerque havia se retirado
para Pernambuco, e com a Paraíba em poder dos holandeses.
A cidade esvaziou-se em virtude
dos moradores terem acompanhado o
capitão mor com medo das crueldades
praticadas pelos invasores.
Que diante do desamparo da terra conquistada procuraram conquistar
os moradores de volta e para isto propuseram uma anistia geral e asseguraram
o direito de propriedade e a liberdade de religião, e em vista do exposto os
principais moradores da Paraíba acabaram se rendendo e regressaram às
suas casas submissos ao domínio holandês, e em 26 de Janeiro de 1635 as
forças holandesas comandadas pelo Coronel Schkoppe regressaram a
Pernambuco e deixaram no governo da Paraíba o diretor daCompanhia das
Índias Ocidentais Servais Carpentier cuja jurisdição se estendia até ao Rio
Grande do Norte na qual havia dezenove engenhos de açúcar os quais muitos
foram confiscados dos donos que recusaram aceitar o domínio holandês e
foram vendidos aos que aderiram, nesta época a capitania da Paraíba produzia
para exportação o açúcar e o pau-brasil e cultivava para consumo interno
apenas o fumo e algodão e consumiam as carnes de gado, cabra e caneiro em
pequena quantidade em virtude do valor que davam a caça, e os cavalos que
haviam em grande quantidade eram utilizados para sela e não utilizavam como
animais de carga, e possuíam sete aldeias indígenas em plena atividade, sob o
controle de um capitão português que costumava alugar os índios para os
trabalhos dos engenhos, provindo daí a denominação de trabalho alugado.
Servais Carpentier administrou a Paraíba pelo um espaço de um ano, com isso
teve pouco tempo para grandes realizações materiais e de positivo ficou a
restauração do forte do Cabedelo que havia sido arrasado com o bombardeio
da guerra de conquista e no principio de 1636 passou o governo a Ippo
Eyssens que era diretor da Companhia das Índias Ocidentais, que logo de
inicio se deteve as voltas com as turbulência em todo o território ocupado
porque as forças portuguesas tentavam recobrar novamente o domínio das
terras perdidas desde a celebre derrota de mata redonda onde o General
Rojas y Borja perdeu a vida.
E para isto militares experimentados como os Capitães
Francisco Rabelo, Sebastiao de Souto, Joao Lopes Barbalho,
Henrique Dias e Camarão se distinguiram ao adotarem o
sistema de guerrilha desde Porto Calvo à Várzea da Paraíba
salteando os lugarejos arrasando os campos e colocando fogo
nos engenhos e canaviais.
Em certa ocasião o Capitão Francisco Rabelo, mais conhecido como
Rabelinho e que deixou fama na Paraíba por suas façanhas, saiu de Porto
Calvo com cerca de duzentos homens às suas ordens e se encontrou com o
Governador Ippo Eyssens em 14 de Outubro de 1636 que apesar de estar
avisado da presença de Rabelinho, acabou cometendo a imprudência de
seguir até ao engenho Espirito Santo que havia sido confiscado e vendido a
Menso Fransen, muito embora estivesse acompanhado de muitos soldados,
acabou sendo emboscado por Rabelinho e inopinadamente atacado
violentamente na casa do engenho onde resistiu bravamente ao cerco até ser
obrigado a abandonar o abrigo em virtude do incêndio provocado pelos
homens de Rabelinho, e continuar a batalha em campo aberto até que o
comandante holandês Ippo Eyssens caiu morto junto a outros holandeses.
Com a morte do Governador Ippo Eyssens o governo da capitania ficou sob o
comando de Elias Herckmann que possuía grande cultura e raras qualidades
de poeta e escritor que se arregimentou-se para tomar uma desforra ao
inimigo, enquanto a noticia da vitória de Francisco Rabelo era levada ao
conhecimento do Conde de Bagnuolo em Porto Calvo de onde imediatamente
despachou os Capitães Sebastiao de Souto e Henrique Dias a frente de seus
homens em auxilio as tropas empenhadas na Paraíba sob o comando de
Rabelinho que continuava a agir de engenho em engenho praticando as suas
investidas e convocando a todos para uma frente única contra os holandeses,
sob pena de morte ao que se recusasse a aderir o movimento armado. E da
cidade de Recife partiu o Coronel Cristóforo Arciszewski com mil e duzentos
homens disposto a vingar a morte de Ippo Eyssens na Paraíba.
E em 17 de Novembro encontrou-se
na margem esquerda do rio Paraíba com a
tropa de Rabelinho que numericamente
era menor em uma renhida batalha que se
desenrolou com grandes perdas para
ambos os lados.
E que obrigou a Francisco Rabelo se visse obrigado a recuar em virtude
do rompimento de sua defesa até o lugar denominado Socorro onde as tropas
de Henrique Dias juntamente com as de Sebastião Souto o acudiram, porém
em virtude da superioridade numérica do inimigo acabaram sendo batidos e
por isto para escapar a um massacre acabaram se retirando pelos caminhos
ignotos de Porto Calvo.
Apesar da desigualdade de forças, no mês de
Dezembro de 1636 o Capitão Sebastião Souto voltou à
Paraíba acompanhado de André Vidal de Negreiros à frente
de oitenta homens e destruíram alguns engenhos e
incendiaram canaviais por toda a várzea do rio Paraíba.
Em suas investidas em que utilizavam o sistema de guerrilha, e destas
escaramuças resultou em Sebastião souto com um ferimento a frechada no
braço, André Pina com uma outra na barriga eAndré Vidal de Negreiro com um
ferimento no peito, e durante este estado de guerrilha empregado contra os
holandeses chegou ao Brasil em Janeiro de 1637 o Príncipe Maurício de
Nassau e ao visitar a capitania da Paraíba se deparou com o péssimo estado
que se encontrava a capitania e por conta disto tomou varias providencias para
recuperação para sua recuperação quando iniciou as obras do forte do
Cabedelo e do Varadouro, construiu um armazém com trapiche em Sanhauá e
fez um grande esforço para soerguer a capitania da abatida prosperidade, pois
na época da invasão a cultura de cana de açúcar estava em pleno
florescimento, porém em virtude dos acontecimentos, o fizeram cair
vertinozamente, causando um depauperamento das forças vitais da colônia, e
no começo a Companhia das Índias Ocidentais supondo estar fazendo um
excelente negocio, confiscou e vendeu por preços altos os engenhos
abandonados os quais na maioria dos casos foram forçados a vender a prazo
e emprestar dinheiro ao comprado.
Que nem sempre tinham
recursos suficiente para adquirir
escravos, bois e outros
apetrechos agrários.
E na gana de obter lucros altos, a companhia concedia estes
empréstimos a juros altos, porque o que mais lhe interessava era a
rentabilidade do capital empregado, e como exemplo temos o caso do judeu
Jorge Homem Pinto dono de três engenhos na Paraíba, trezentos e setenta
escravos e mais de mil bois de carro, que se viu na contingência de declarar ao
alto conselho de constituição que não tinha mais condições de liquidar os seus
compromissos financeiros, e por conta disto obteve a encampação de sua
divida e ganhou um prazo de seis safras para amortizá-la. E diante dos fatos
Maurício de Nassau suspendeu as confiscações, prorrogou as dividas, reduziu
os impostos, fez novos adiantamentos sem juros para reconstrução dos
engenhos e convidou os portugueses que haviam fugido e os expulsos para
regressar as suas terras com a garantia de suas segurança pessoas e
igualdade de tratamento com os holandeses, e tentou criar novas riquezas
para a capitania quando fomentou as culturas do fumo, do algodão, do arroz,
do anil que eram insignificantes na balança comercial. A proclamação de
direitos que assegurava aos moradores da Paraíba a liberdade de consciência
e de culto religioso estava deixando os pastores protestante inconformados
com a competição religiosa exercida pela igreja católica a qual clamavam do
púlpito contra elas ao chamarem de peste católica e por conta disto acabaram
exigindo do conselho político que acabasse com ela, e para recrudescer o
fanatismo religioso dos Calvinistas, caiu em poder dos holandeses uma
correspondência dos padres franciscanos da Paraíba que era dirigia a Matias
de Albuquerque com noticias que manifestava o desejo de ver desferido um
golpe de morte sobre o regime herético que se implantava na capitania, com
isto acabou a tolerância religiosa do conselho político e os frades franciscanos
foram expulsos para Índias Ocidentais e seu convento foi ocupado e
transformado em sede do governo.
Antes da chegada do Conde Maurício de Nassau ao
Brasil, Duarte Gomes da Silveira que havia sido libertado
pelo Capitão Gaspar Vancacer quando de sua prisão
efetuada em 30 de Novembro de 1634 pelo Governador da
Paraíba Matias de Albuquerque, acabou sendo preso por
haver protestado contra a violação da liberdade de
consciência
E em 7 de Julho de 1636 na fortaleza do Cabedelo, escreveu uma carta
de protesto por se sentir vitima da prepotência e da tirania holandesa ao Conde
Maurício Nassau que mandou abrir uma devassa que investigou todos os seus
papeis e que em nenhum documento se encontrou nada que pudesse lhe
incriminar, e por isso os conselheiros intercederam que ele fosse solto e que
voltasse ao seu engenho. E a Elias Herckmans sucedeu Gysbert With que era
membro do conselho político que exerceu concanitamente as funções de
governador da Paraíba e diretor da Companhia das Índias Ocidentais e durante
o seu curto governo não teve nenhum alargamento no campo das atividades
econômicas, o que se pode ver foi a expedição armada para descobrimento de
algumas minas de ouro, quando Mauricio de Nassau escolheu Elias Elias
Herckmans para comandar uma expedição, e que partiu após obter algumas
informações com o Alcaide Manoel Rodrigues com uma caravana bem
aparelhada com destino ao sertões de Copoaba onde percorreu a serra do
Espinho, esteve na aldeia do chefe Araramabé e com ajuda de dois índios
desta aldeia tomou a direção sudoeste onde avistaram uma grande serra, a
qual os soldados se recusaram a escalar, então receoso da turba que se
mostrava sem nenhuma obediência.
Por este motivo Herckman foi forçado a voltar daquela
posição pesaroso, pois imaginava que ali podia achar a
desejada mina de ouro, por isto penetrou em Curimataú e
retornou à cidade de Recife carregado de dissabores porque
voltava de mãos vazias.
E no mês de Junho de 1645, Pauls de Linge que era diretor da
Companhia das Índias Ocidentais foi designado para assumir o governo da
Paraíba onde chegou com cem homens para a guarnição do forte do Cabedelo
onde a situação se agravava por aprestar rumores de insurreição por parte dos
portugueses e para mostrar um braço forte, de imediata mandou prender vários
moradores da Paraíba e por suspeitar de Gonçalo Cabral como possível líder
de uma conjuração, mandou enforcá-lo, e Estevam Fernandes que havia
morrido na prisão mandou que seu corpo fosse arrastado através da cidade
preso a um cavalo e informou ao conselho que reinava a paz na capitania
apesar de alguns moradores estarem contra os procedimentos adotados pelos
holandeses com referencia aos índios da capitania, e o conselho em
observância ao caso, deu parecer que daria garantia aos moradores, porém
somente aqueles que jurasse fidelidade ao governo flamengo, enquanto isto os
Tapuias dirigidos por Jacob Rabi no dia 16 de Julho praticaram a monstruosa
carnificina do Cunhaú, que acabou levando ao auge a indignação dos
moradores da Paraíba, que já estavam articulando com os insurgentes de
Pernambuco para o levante geral em nome da liberdade divina conforme um
proclamação já firmada pelos chefes militares e em 3 de Agosto desmoronava-
se o poderio holandês no monte das Tabocas em Pernambuco e no dia 2 de
Setembro foi a Paraíba que sacode de si o jugo do invasor apesar da
dificuldade encontrada pelos insurgentes da Paraíba em possuir as armas
desejadas, que forma trazidas de Pernambuco.
Por Antônio Curado Vidal e que foram utilizada
pelos moradores da várzea que se encontravam
concentrados no Tibiri sob o comando dos chefes
revolucionários Lopo Curado Garro, Francisco Gomes
Muniz e Jerônimo Cadena.
Ao tomar conhecimento dos preparativos para a luta por parte dos
insurgentes, o Governador Paulus de Linge tratou de abandonar a cidade e
recolheu-se com toda a sua gente no forte do Cabedelo enquanto os índios
Tapuias chegavam em bandos à Paraíba atendendo aos pedidos do
governador, todavia ao tomarem conhecimento que o governador havia se
recolhido ao forte, e que o povo estava levantado em armas, de imediato
retornaram as suas aldeias no sertão, enquanto isto os insurgentes sob o
comando de Lopo Curado Garro ocuparam a cidade de Frederica e os seus
dois companheiros de triunvirato Francisco Gomes Munis e Jerônimo Cadena
deixaram Tiniri para instalar um novo arraial no engenho Santo André para
guardar uma melhor posição estratégica com relação ao forte de Cabedelo, e
lançaram uma proclamação aos moradores e aos senhores de engenho que
seriam perdoados de suas dividas com a Companhia das Índias Ocidentais
caso contribuíssem com a guerra, enquanto o Governador Paulus de Linge
para tentar recuperar a situação perdida, reuniu a tropa de que ainda dispunha
nos fortes do Cabedelo e de Santo Antônio e com o reforço que havia recebido
da Cidade de Recife e marchou contra o arraial de Santo André disposto a
castigar os insurretos, que ao tomarem conhecimento sairam de encontro as
tropas holandesas que estavam em inferioridade numérica e por conta disto
em 11 de Setembro rompeu um sangrenta batalha no engenho Inhobim sob
uma forte chuva que acabou se constituindo num fator decisivo para a vitória
das forças libertadoras em virtude de ter molhado a pólvora dos mosquetes
enquanto os comandados de Francisco Gomes Muniz investiam contra os
holandeses de espada nas mãos deixando no campo de batalha muitos mortos
e feridos e fazendo com que o Governador Paulus de Linge fugisse para se
refugiar no forte do Cabedelo e de Santo Antônio onde ficaram sitiado pelas
forças libertadoras.
"Após o combate em Inhobim, os chefes
insurgentes mandaram um emissário que era o
paraibano Fernão Rodrigues de Bulhões que
era amigo do governador ao forte do Cabedelo
para oferecer a Paulus de Linge que se
entregasse a custa de dinheiro.
E que após varias reuniões acabou acertando a rendição dos
holandeses pela quantia de dezenove mil florins, todavia no meio das
negociações transpirou o segredo e Paulus de Linge para salvaguarda a sua
reputação, mandou pender e enforcar Fernão Rodrigues de Bulhões sob
pretexto de ser espião conforme os seus relatos ao conselho. Enquanto isto
sob a contemplacencia do Conselheiro Bullestratem duzentos índios Tapuias
que haviam saído do Rio Grande do Norte sob o comando do holandês Willen
Lambertsz invadiram o engenho Santiago Maior de André Dias de Figueiredo e
cometeram uma monstruosa carnificina, enquanto isto no Rio Grande do
Norte Jacob Rabi e sua escolta de Tapuias repetiram a horrenda chacina de
Cunhaú quando mataram friamente setenta homens que estavam rendidos em
Uruaçu.
E devido ao sitio imposto, os holandeses não sairam mais do forte do
Cabedelo e Santo Antônio até o final da guerra que veio determinar o final da
ocupação holandesa na Paraíba e que perdurou desde a ocupação da cidade
em 27 de Dezembro de 1634 até a libertação em 2 de Setembro de 1645, por
ocasião da capitulação da praça ocupada pelos holandeses o forte do
Cabedelo era comandado por Hautjin que aguardava melancolicamente a hora
da rendição para desocupá-lo, e esta hora chegou quando o Coronel Class que
vinha foragido da cidade de Recife lhe bateu a porta com a noticia da rendição
geral aos poucos holandeses sitiados no forte do Cabedelo, que
imediatamente zarparam da Paraíba que continuou por mais de um ano sendo
governada pela junta de patriota que a libertou do jugo holandês.
Até que em Julho de 1655 passou o poder ao Sargento mor
Antônio Dias Cardoso que vinha cumprindo as ordens para
organizar a capitania para a posse do governador João Fernandes
Vieira.
A guerra para expulsão dos
holandeses deixou a Paraíba em precária
situação econômica com suas fontes de
produção estancadas.
Os engenhos pertencentes ao holandeses haviam sido abandonados e
os outros estavam operando com suas capacidades abaixo do normal por falta
das atividades agrícolas, e para normalizar a situação o exército de libertação
nacional organizado na Paraíba chamou de volta os senhores de engenho com
seus escravos e agregados que haviam trocado os instrumentos da lavoura
pelas armas de guerra em todas as frentes de batalhas até o final da ocupação
holandesa sob o comando de Lopo Curado Garro. E sem uma ajuda
substancial por parte do governo a economia paraibana não tinha condições de
se restabelecer a curto prazo e sim a custa de penosos sacrifícios a longo
prazo, em virtude da metrópole não estar em condições de prestar o socorro
desejado, devido ter recaído sobre ela o encargo de satisfazer a indenização
de guerra que Portugal se obrigara a pagar a Holanda, que fora vencida no
Brasil e que havia virado suas armas contra Portugal com a ameaça de investir
os seus navios que se encontravam bloqueando o porto de Lisboa, com isto
Portugal capitulou e se obrigou a pagar a indenização solicitada quando
partilhou entre as capitanias devastadas a indenização que durante anos arcou
com o passivo da indenização.
E o primeiro governador da Paraíba após a ocupação holandesa foi João
Fernandes Vieira que havia sido nomeado para o governo de Angola , e que
enquanto aguardava a vaga para tomar posse, foi convidado para assumir o
governo, cargo este que tomou posse em Agosto de 1655 e que pouco fez pela
restauração econômica da Paraíba dada a notória falta de recursos apenas
deu inicio a reconstrução dos engenhos, dos conventos e das casas de
residências e com a ajuda do Frei Manoel dos Mártires e de alguns
franciscanos começou a obra de restauração do convento de Santo Antônio e
para buscar uma vingança contra os Tapuias que haviam auxiliado os
holandeses, João Fernandes Vieira despachou uma tropa para combate-los, a
qual retornou com quinhentos Potiguares que haviam fugido para o convívio
dos Tapuias após o massacre realizado em 1625 na baia da Tradição
Os quais informaram que os
índios Janduis tinham em seu
poder muitos negros a seus
serviços.
Que haviam sido tomado de colonos portugueses no tempo da
ocupação holandesa, e para recuperá-los o governador mandou vir a sua
presença sob pretexto de paz o filho do rei dos Janduí o índio Canindé, que
assim que chegou foi imediatamente preso, e para sua liberdade o governador
exigiu que fosse enviado sessenta negros pelo chefe Janduí. Não satisfeito
com os negros recebidos, o governador prendeu quatro indios os quais
remeteu de presente ao rei de Portugal, e coerentes com seu estilo de vida,
João Fernandes Vieira não descuidou dos seus próprios interesses, pois
comprou pelo valor que bem quis os engenhos São Cosme e Damião, São
Gabriel e o Gargan que pertenciam a Ambrósio Fernandes Brandão e que
tinham sido confiscados pelos holandeses e vendidos a Isac Raziere que os
abandonou quando da libertação da Paraíba e com a restauração voltaram ao
seu primitivo dono, também comprou os engenhos de Tibiri de Cima e o Tibiri
de Baixo e o engenho Santo André e através de um requerimento solicitou uma
sesmaria sobre vastas terras para criar gado no Rio Grande do Norte, que em
9 de Junho de 1668 lhe foi concedida, e apesar de ser homem riquíssimo,
ganancioso e mau pagador, ele foi acusado de ter mandado retirar do engenho
Cunhaú no Rio Grande do Norte para seus engenhos na Paraíba as
ferramentas e por causa deste seu ato, foi aberta uma demanda contra ele
promovida por Antônio de Albuquerque Maranhão, e no governo da Paraiba ele
foi sucedido no interinamente por Antônio Dias Cardoso até 1657 quando o
Capitão mor Matias de Albuquerque Maranhão foi nomeado no governo da
capitania e que de imediato incrementou a lavoura de açúcar que era a única
fonte de renda da Paraíba e sob a sua administração o Governador de
Pernambuco Francisco de Brito Freire entendeu de estender a sua jurisdição
sobre o território paraibano quando ordenou a mudança de três companhia de
infantaria e para este fato houve tenaz resistência do Capitão mor Matias de
Albuquerque Maranhão e um grande alvoroço do povo que repeliu a
intromissão do governo pernambucano. inconformado com as atitudes
tomadas, o Governador de Pernambuco Francisco de Brito Freire pediu ao
governador geral do Brasil que fizesse a Paraíba submeter-se à sua
obediência, por seu turno Matias de Albuquerque Maranhão expôs as razoes
de repulsa a tão absurda pretensão do governo de Pernambuco, e devido a
todo esse incidente o governador geral do Brasil deu conta dos acontecimentos
ao rei em 9 de Junho de 1661 e através da carta régia de 26 de Janeiro de
1662 o rei liquidou a questão esclarecendo que a capitania da Paraiba sempre
havia pertencido a coroa, independentemente, portanto da capitania de
Pernambuco e não cabendo ao seu governador nenhuma jurisdição sobre a
capitania da Paraíba.
E após dez anos da expulsão dos holandeses da Paraíba, foi quando as terras
que se prolongavam para o interior tiveram inicio a sua ocupação pelos
colonos de modo pacifico sem lutas com os índios quando povoaram os
chapadões da Borborema na zona dos Cariris velhos que se mostravam
favoráveis para criação de gado, que por este motivo rapidamente fez o
desenvolvimento das atividades pecuárias que era menos exaustivas que a de
fazer moer um engenho de açúcar.
Nesta época o sertão
paraibano eram habitados pelos
índios cariris em grande numero
que ocupavam o interior quase todo
do nordeste.
Desde o Paraguaçú na Bahia ao Itapicuru no Maranhão disseminados
em numerosas tribos sob a denominação genérica de Tapuias que
compreendiam os grupos Ariús, Bultrins, Camamus, Carcarás, Caratiús,
Carnijós, Coremas, Icós, Jandiús, Jaguaribaras, Paiacus, Panatus, Pegas,
Quixolós, Rodelas, Sucurus, Tocarijus, Tremembes, Xocós além de outros, e
no ano de 1657 a frente avançada que partia da faixa litorânea estava ainda
estacionada um pouco além do engenho Itapuá quando o Governador de
Pernambuco André Vidal de Negreiros requereu ao Governador Geral do Brasil
Conde de Atouguia uma data de terra situada as margens do rio Paraíba que
seguiam até as vertentes orientais da Borborema, que em 3 de Maio de 1657
lhe foi concedida e exatamente a testada de sua sesmaria já no planalto da
Borborema outras terras foram requeridas pelos moradores da Bahia todos do
tronco da família de Antônio de Oliveira Ledo que no futuro se tornariam uma
tradição na Paraíba como desbravadores do sertão, a sesmaria por eles
requerida foi concedida pelo Governador Geral do Brasil Conde de Óbidos em
20 de Março de 1665.
Então Antônio de Oliveira Ledo fundou no centro
da sesmaria o arraial do Boqueirão de Cabaceiras onde
lançou o seu gado que trouxera das ribeiras do rio São
Francisco.
E após observar que os índios da redondeza eram de boa índole tomou
alguns deles como guia e seguiu para Pernambuco onde encontrou o
missionário francês Teodoro de Luce para doutriná-los e devido ao sucesso de
seu arraial que foi o ponto de partida para o devassamento do sertão
paraibano que teve o seu nome mudado para Carnoió, mas voltou ao topônimo
anterior quando da criação do município, o Governador da Paraíba João do
Rego Barros sentindo a sua autoridade afetada queixou-se ao Governador
Geral do Brasil Conde de Óbidos que estava enfrentando grandes obstáculos,
e no decorrer do tempo não foram poucos os que requererão na Bahia
sesmarias em territórios paraibanos conforme os registros nos livros do arquivo
da fazenda naquela época, e entre eles os Oliveiras Ledo que andaram
requerendo ao governador geral do Brasil como se não houvesse governo na
Paraiba e por conta disto em 4 de Fevereiro de 1670 obtiveram uma vasta
possessão no rio das Espinhas na vertente ocidental da Borborema e daí os
Oliveiras Ledo se espalharam pelos sertões de Piranhas, Painço e do Rio
Grande do Norte e no ano de 1673 os seus filhos requereram e obtiveram do
governador geral do Brasil uma sesmaria no rio Piranhas e no ano de 1680
Constantino de Oliveira Ledo a frente de um grupo de dezoito colonos
requereu uma sesmaria junto ao rio Buti no sertão de Painço que foi concedido
pelo Capitão mor da Paraíba Alexandre de Souza Azevedo e confirmada pelo
governador geral do Brasil, e no ano de 1682Antônio de Oliveira Ledo partiu
com uma expedição que foi organizada a sua custa quando o capitão mor da
Paraíba mandou que fizesse uma entrada para vasculhar o interior da capitania
da Paraíba , e por tais serviços, Antônio de Oliveira Ledo foi agraciado com o
posto de capitão de infantaria da ordenança do sertão da Paraíba, cargo este
que ocupou por cerca de dez anos nas fronteiras de Piranhas e Piançó e no
ano de 1692 foi sucedido pelo seu sobrinho Constantino de Oliveira Ledo por
ordem do governador geral do Brasil e com sua morte em 1694 o cargo foi
ocupado pelo seu irmão Teodósio de Oliveira Ledo.
Outros curraleiros que não pertencia a família Oliveira Ledo também obtiveram
sesmarias nos sertões paraibanos, como Cristovam Fernandes de Oliveira com
duas léguas de terras que começavam na testada da sesmaria de André Vidal
de Negreiros em 12 de Maio de 1673, Manoel Fragoso de Albuquerque com
dez léguas que começavam na testada da sesmaria de Antônio de Oliveira
Ledo junto as margens do rio Paraíba em 13 de Maio de 1673, Baltazar Pereira
de Matos com doze léguas pela ribeira acima do riacho Carpuaçu em 22 de
Setembro de 1678, Antônio Galhardo com dezoito léguas que começavam na
testada da sesmaria de Constantino de Oliveira em 7 de Outubro de 1677,
Domingos Escórcio com cinco léguas pelo rio Guaxemum no sertão das
Piranhas que se iniciava na sesmaria de Manoel Rodrigues Rocha em 22 de
Janeiro de 1681, Antônio Gonçalves de Barros com quarenta e oito léguas no
rio Buti que começava na testada da sesmaria de Antônio de Oliveira Ledo em
3 de Outubro de 1681, Luiz de Souza com quatro léguas nas cabeceiras do rio
Guaiananduba em Curimataú que se iniciava na testada da sesmaria de
Gonçalo de Almeida Quaresma em 28 de Fevereiro de 1698 e muitos outros
que requererão terras na Paraíba.
O seculo XVIII encontrou a Paraíba
pacificada, do litoral ao sertão com a terra
povoada e as suas economias voltada para as
culturas do algodão, da cana de açúcar e os seus
derivados.
Tudo isto graça as ações desvabradoras dos sertanistas baianos que
partiram das ribeiras do rio São Francisco ao requererem terras para
instalações de seus currais nos longínquos campos do Cariri e Painço, os
quais foram seguidos por sesmeiros de outros quadrantes que ocuparam os
espaços vazios que acolhia os aventureiros que chegavam para tentar fortuna
sob constante vigilância do governo da capitania para o delineamento de suas
fronteiras.
A economia primaria colonial na Paraíba sempre teve por fundamentos a cana
de açúcar da qual era extraido o açúcar que era a única fonte de renda, pois a
cultura do algodão era apenas de subsistência, e a zona de criação que
ocupava poucos braços para o trabalho se modificou radicalmente com a
conquista do sertão onde diminuta ou quase nula era a escravatura, pois a
população indígena já domesticada ajudava o colono sertanejo em suas
atividades onde os costumes eram rígidos, e exercidos por um regime
patriarcal onde a palavra do chefe tinha força de lei. E entre o sertão e o litoral
mediava o brejo que era um oásis de fartura o qual se constituía um celeiro do
sertão onde a vida corria ordeira na rotina do trabalho sem guerra contra as
tribos indígenas dos quais pretexto não faltava para o trafego do infeliz gentio
quando tomado como presa de guerra, em virtude da legislação vacilante da
metrópole visto que em 1709 Teodosio de Oliveira Leite tendo a intenção de
aprisionar alguns indios aproveitou a legislação vigente e notificou ao
governador da Paraíba João da Maia Gama de uma rixa entre as tribos dos
Coremas e dos Pegas a qual estava colocando em sobressalto os moradores e
donos de currais nos sertões de Piancó e Piranhas,
E em 1710 Teodosio de Oliveira Leite e
o Capitão Luís Soares pediram autorização ao
governador da Paraíba para levar em
arrematação na praça os índios que tinham
aprisionado.
E em 1750 todo o território da Paraíba constituía um só município que
era o da capital a antiga cidade de Nossa Senhora das Graças depois Filipeia,
Frederica, Paraíba e a atual João Pessoa com a extensão que ia da orla
marítima aos limites com o Ceará cuja jurisdição administrativa era exercida
pelo capitão mor que compreendia a civil e a militar, a judiciaria tinha no
ouvidor geral e no corregedor da comarca a suas ações sobre a Paraíba, Rio
Grande do Norte e Itamaracá e nesta época se afloravam numerosos núcleos
populacionais do litoral que eram servidos por dez freguesias a saber: da
capital que vinha desde a fundação, de Nossa Senhora dos Anjos de Taipu
criada em 1745, a de São José do Paincó criada em 1745, a de Nossa
Senhora de Assunção de Alhandra criada em 1749, a de Nossa Senhora dos
Milagres do Cariri de Fora criada em 1750, a de Nossa Senhora do Pilar criada
em 1758, a de Nossa Senhora da Penha de França de Taquara criada em
1758, a de São Miguel da Baia da Tradição criada em 1762, a de Nossa
Senhora dos Prazeres do Monte Mor da Preguiça criada em 1762, e a de
Nossa Senhora da Conceição de Campina Grande criada em 1769 e desses
núcleos nasceram asvilas de Alhandra em 1758, a de Pilar em 1758, a de São
Miguel da Baia da Tradição criada em 1762 e a de Monte Mor da Preguiça
criada em 1762, e a de Conde criada em 1768.
E entre estas vilas cinco foram criadas por sugestão
do Marquês de Pombal dentro de aldeias indígenas no
litoral para integrar os índios com a comunidade brasileira.
E desta forma foram libertados do cativeiro disfarçado em que viviam
monopolizados pelos jesuítas que desta forma perderam a jurisdição temporal
que tinham em todo o Brasil sobre os índios, que passaram a ser governados
pelos principais chefes de suas aldeias sob a supervisão do governo da
capitania, infelizmente o índio brasileiro não estava preparado para receber o
régio presente e o resultado foi a marginalização da sociedade em formação, e
no sertão foram criada a vila de Pombal em 4 de Maio de 1772, a de vila Nova
de Pombal em 1790, a de vila Nova da Rainha em 1800, a de vila do Souza em
1800 e a vila Real de São João dos Cariri Velhos em 1800 e as ribeiras até
1774 eram as de Painço, Piranhas, Espinhas, Sabugi, Rio dos Peixes e Patu.
Por longos anos viveu a Paraíba
exportando o açúcar, algodão, couro curtido,
fumo de rolo e até as boiadas que desciam
do sertão para o porto de Recife.
Com isto no porto da Paraíba escasseavam os navios e os poucos que
chagavam não encontravam carga, porque os atravessadores desviavam as
mercadorias para o comércio de Pernambuco pois para o produtor tanto fazia
pagar o imposto na alfândega da Paraíba como na de Pernambuco pois o que
importava era conseguir melhor preço para os produtos, e para isto o
governador geral do Brasil proibiu ao produtor paraibano de desviar o seu
produto para a praça de Recife quando houvesse navio no porto da Paraíba e
para disciplinar as relações comerciais entre as duas capitanias o reino de
Portugal criou a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba em Lisboa no ano
de 1759 por sugestão doMarquês de Pombal que via a prosperidade que
acarretava para seus países as Companhias de Comércio da Holanda, da
Inglaterra e da França e por isto inspirou-se na criação da companhia, a qual
dispunha de uma frota de navios para carregamento dos produtos que só ela
podia comprar e vender na área de sua exclusiva dominação que com isto
eliminou o intermediário nas operações de compra e venda, com isto as
mercadorias tanto de importação como de exportação passaram a ser
tabeladas pela metrópole, em pouco tempo a ação da empresa monopolista na
Paraíba acabou arruinando a capitania.
Pois os engenhos se viram
sem safra, o comércio ficou
depauperado, o povo sem
expectativa de dias melhores.
E a única fonte de renda da capitania para fazer face aos encargos da
administração era a arrecadação do imposto do dizimo que inexplicavelmente
em 1753 passou a ser arrematada em Pernambuco e ser utilizada em seu
proveito, e diante dos fatos o governador da Paraíba em 1754 representou ao
rei de Portugal por intermédio do Conselho Ultramarino reclamando a
devolução da arrematação do dizimo real, o que foi prontamente acatada pelo
conselho que de imediato ordenou ao governador de Pernambuco que
remetesse ao governo da Paraíba o valor reclamado. Todavia o governador de
Pernambuco respondeu que estava ciente da determinação, porém na
oportunidade não tinha meios para efetuar o pagamento ao governo da
Paraíba em virtude do valor arrecadado ter sido consumido pelo provedor da
fazenda, porém a verdade dos fatos era levar a capitania da Paraíba à
exaustão para poder anexá-la ao seu território, e devido as pressões
econômicas a Paraíba acabou sendo anexada a capitania de Pernambuco em
razão da precariedade de suas rendas conforme as propostas do Conselho
Ultramarino que foram aprovadas pelo rei Dom José, com isto a Paraíba ficou
anexada a Pernambuco.
E ao findar o século XVIII Fernando Delgado Freire de Castilho veio governar a
Paraíba e para isto em 1798 ao tomar posse encontrou a capitania em um
estado de estagnação geral, com suas fontes de renda esgotadas com
engenhos desprovidos de safra e escravos, com aparelhamentos fabris
estragados, produtos agrícolas sem preço no mercado, comércio inexistente e
com os negociantes se passando por meros agentes do comércio de Recife e
o povo totalmente oprimido. E devido a subordinação ao governo de
Pernambuco, o capitão mor nada podia fazer sem a previa autorização da junta
da fazenda de Pernambuco, da qual era difícil de obter qualquer tipo de ajuda,
pois tudo servia de pretexto para sustentar a subordinação da capitania da
Paraíba a de Pernambuco da qual não recebia qualquer tipo de beneficio, e
entre as muitas missões que trazia para ser resolvida a mais importante era a
de examinar a possibilidade de libertar a Paraíba da suberania de Pernambuco
e para isto deu ciência ao governo de Portugal de todas as calamidades que a
capitania vinha sofrendo, e mostrou que a Paraíba submergia na inércia por
força da subordinação exercida por Pernambuco e para salvá-la da inanição
ele sugeriu a reconquista de sua independência, pois a desanexação, não
somente levantaria as forças econômicas como acarretaria um aumento para a
renda real.
E com base nas informações prestada pelo Capitão mor
Fernando Delgado de Castilho a Rainha Dona Maria I baixou a
carta regia de 17 de Janeiro de 1799.
Na qual declarou a Paraíba liberta da subordinação do governo de
Pernambuco após quarenta e três anos que perdurou no periodo de 1756 a
1799, assim sendo a Paraíba estava livre da tutela pernambucana, mas ainda
sem independência econômica e para isto o governador procurou incentivar a
agricultura para o plantio da cana de açúcar e aconselhou o aproveitamento do
bagaço da cana como combustível nas fornalhas dos engenhos, organizou a
secretaria do governo, disciplinou os regimentos da milícia, criou as capitanias
mores de ordenanças da vila Real de São João do Cariris Velhos e da vila
Nova do Souza e para insuflar a vida do comércio reuniu as safras de todos os
engenhos para exportá-la pelos navios que a seu pedido chegariam do reino,
todavia o seu esforço em nada adiantou, somente a partir de 1814 quando o
inglês Mac Klakan que dispunha de bastante recursos se estabeleceu na
Paraíba com a finalidade de competir com os comerciantes pernambucanos
quando mandava vir navios ingleses que subiam o rio Paraíba e atracavam em
um trapiche localizado no canal do Sanhauá para escoar a safra, não só de
açúcar como de algodão, couro, fumo, madeiras etc.
Com a chegada da família real portuguesa no Brasil, entrava em
decomposição o sistema colonial no Brasil em virtude das transformações
exercidas na colônia tanto na administração, como nas novas idéias
implantadas, assim como na abertura dos portos ao comércio das nações
estrangeiras, a elevação da colônia à categoria de reino com a criação da
impressão régia, e a revogação das leis que proibiam as atividades industriais
no Brasil.
E a par com estas conquistas, surgiram varias lojas
maçônicas que consistiram nos primeiros sintomas da formação
de uma consciência nacional.
Sendo o Areópagos fundado pelo naturalista paraibano Manoel de
Arruda da Câmara no ano de 1799 em Itambé com a finalidade de estudar as
ideologias da revolução francesa contra o absolutismo monárquico de Portugal
e preparou adeptos para o sistema republicano essencialmente democrático
com noção da dignidade do homem sem diferenciação de raça, que entre eles
faziam parte André Dias de Figueiredo, do Padre João Ribeiro Pessoa,
Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque Montenegro, José Pereira
Tinoca e outras figuras de destaque da Paraíba e Pernambuco que cogitavam
na criação de uma republica sob a proteção de Napoleão Bonarparte na qual
os irmãos Suassuna foram os mais comprometidos na conjura, e logo após o
plano ser descoberto foi aberto uma devassa na qual não se apurou nada de
positivo, e os acusados sendo libertados, porém a idéia de independência
continuou bailando no ar quando cresceu e se propagou através das lojas
maçônicas que funcionavam com o rótulo de academia.
Que estavam a serviço da
democracia através da Academia do
Paraíso fundada em Recife pelo Padre
João Ribeiro.
A Academia do Cabo fundada por Francisco Paes Barreto Morgado do
Cabo que funcionava no Recife e também nesta mesma cidade funcionavam a
Pernambuco do Oriente fundada por Cruz Cabugá e a do Oriente fundada por
Domingos José Martins, e a Academia Suassuna, além destas academias
também haviam em Iguaraçu uma oficina que foi fundada pelo Capitão
Francisco Xavier de Morais Cavalcanti, nesta época não funcionava nenhuma
academia na Paraíba, porém pessoas como Amaro Gomes Coutinho, Estevan
José Carneiro da Cunha, Joaquim Manoel Carneiro da Cunha, Joaquim Batista
Avundano, Francisco Xavier Monteiro da França, André Dias de Figueiredo e
outros mais que já estavam iniciado nos mistérios da maçonaria.
E no ano de 1800 o bispo Azeredo Coutinho que era um homem culto, viajado
e integrado no espirito da época, muito embora não participasse das idéias
revolucionarias, fundou o Seminário de Olinda que concorreu em muito para a
propagação da idéias republicana no nordeste brasileiro em virtude dos padres
estarem bem informados a respeito da revolução francesa e por se colocarem
em posição contraria com o poder absoluto do monarca e com isto acabaram-
se se tornando os arautos da idéias que só admitiam independência com
republica, E a par disso, crescia a animosidade entre brasileiros e portugueses
que acabou irrompendo o sentimento nativista que foi a primeira manifestação
de nacionalismo e que deu aos brasileiro a consciência de pátria que naquela
época não existia. E devido aos ânimos acirrados em 6 de Março de 1817
ocorreu a prisão de alguns militantes maçons quando o brigadeiro Manoel
Joaquim Barbosa que era odiado por sua prepotência e superioridade
portuguesa mandou chamar ao quartel para que fossem preso todos os oficiais
brasileiros suspeitos de serem conspiradores.
Todavia José de Barros Lima - O Leão
Coroado não suportou os achincalhes acabou
puxando a sua espada e investiu contra o
Brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa com um
certeiro golpe que o levou a morte.
E como conseqüência a cidade de Recife foi tomada de inteira
desordem quando o Governador Caetano Pinto que havia se refugiado ma
fortaleza do Brum foi obrigado a renunciar e alguns oficiais foram mortos após
esboçarem alguma reação, desta forma estava vitorioso o movimento
revolucionário que rebentou inopino, sem data marcada, sem plano de ação e
sem articulação com as capitanias vizinhas, porém compensado pelo contágio
ideológico dos chefes locais para exercerem de forma maravilhosa a
organização e a propaganda do plano revolucionário quando implantou de
pronto uma república com bases democráticas, e no momento em que
organizavam o governo, os pernambucanos enviaram alguns emissários para
explicar o sentido da revolução e pedir adesão do movimento ao triunvirato que
administrava a Paraíba em virtude da morte do Governador Antônio Caetano
Pereira.
Itabaiana foi o primeiro lugar da
Paraíba a aderir à revolução, quando
o Capitão João Batista do Rego
Cavalcante levantou a bandeira
revolucionaria.
E partiu junto com Manoel Clemente Cavalcanti para Pilar comandando
um terço armado para plantar a bandeira da liberdade e se juntar as tropas de
André Dias de Figueiredo e de Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e
partiu com destino a capital onde a administração da Paraíba era exercida
interinamente por um triunvirato composto pelo Ouvidor Geral André Alves
Pereira Ribeiro Cirne, pelo Coronel Francisco José da Silveira e do Vereador
Manoel José Ribeiro de Almeida que ao tomarem conhecimento dos primeiros
rumores dos fatos ocorridos na cidade de Recife, imediatamente colocaram os
quartéis de prontidão e confiaram a ordem publica ao Coronel de Milícia Amaro
Gomes Coutinho e ao Comandante da Tropa de Linha Estevam José Carneiro
da Cunha, e na madrugada do dia 13 ao tomar conhecimento da aproximação
das forças revolucionarias vinda do interior da capitania, o Ouvidor Geral André
Pereira Cirne que era o presidente da junta governativa, imediatamente fugiu
da capital para Mamanguape de onde seguiu para o sertão disfarçado de
vaqueiro e pela manhã quando os outros membros da junta chegaram ao
palácio do governo, foram surpreendido com a fuga do presidente e por conta
dista e sem medirem as conseqüências, de imediato entregaram o governo aos
chefes militares Amaro Gomes Coutinho e Estevam José Carneiro da Cunha
que também participavam das mesmas idéias democráticas e estavam
dispostos a proclamarem a república na Paraíba, por este motivo quando da
chegada das forças revolucionarias avinda do interior em 15 de Março.
As mesmas foram recebidas
festivamente pelos chefes militares.
Que proclamaram a república e elegeram no palácio do governo uma
junta composta pelo Padre Antônio Pereira de Albuquerque Melo, Inácio
Leopoldo de Albuquerque Maranhão, Francisco Xavier Monteiro de França e
Francisco José da Silveira que aboliram as insígnias reais a fim de apagar a
lembrança do absolutismo monárquico quando extinguiram os cargos de
ouvidor geral e juiz de fora, anistiaram todos aqueles que haviam sido
condenados pelo ex-Ouvidor Geral André Alves Pereira Ribeiro Cirne,
acabaram com o imposto da carne, proibiram a criação de gado solto nas
terras de cultura, prescreveram concessões para novas sesmarias,
regulamentaram a administração dos índios e adotaram a bandeira da
república da Paraíba.
Os revolucionários paraibanos que se denominaram como patriotas
imediatamente enviaram ao Rio Grande do Norte uma expedição militar sob o
comando de José Peregrino de Carvalho, com a missão de propagar a causa
da república, que já estava proclamada em terras potiguar pelo patriota André
de Albuquerque Maranhão senhor de Cunhaú com pouca aceitação pelo povo,
e por conta disto José Peregrino permaneceu alguns dias no Rio Grande do
Norte para ajudar a André de Albuquerque Maranhão na sua sustentação a
frente do governo, porém no final do mês de Abril José Peregrino foi chamado
de volta a Paraíba, e a república potiguar acabou se desmoronando em virtude
do assassinato do patriota André de Albuquerque Maranhão dentro do palácio
do governo.
No retorno de José Peregrino de Carvalho a Paraíba ele encontrou a república
bastante enfraquecida em seus movimentos em face do bloqueio praticado em
todas as partes pelas forças legais que acarretavam um desânimo nas hostes
republicanas da Paraíba, e por conta disto João Alves Sanches Massa e
Matias da Gama Cabral marcharam contra as forças rebeldes do Coronel
Amaro Gomes Coutinho para um confronto que se realizou no dia 5 de Maio
em Tibiri que levou as forças republicanas a baixar as armas com a capitulação
de Amaro Gomes Coutinho no dia 6 no improvisado quartel armado no
Convento de São Bento quando jurou obediência e vassalagem ao Rei Dom
VI, e que com isto a Paraíba foi restaurada, e para compor o governo em
caráter provisório foi chamado os legalistas Gregário José da Silva Coutinho, o
Capitão João Soares Neiva e o Vereador Manoel José Ribeiro de Almeida que
ficaram em plena liberdade para atuarem conforme os termos da capitulação e
por conta disto no periodo do dia 6 a 13 de Maio ninguém foi punido ou
molestado.
Porém a partir do dia 14 todos os chefes civis e militares
foram presos e no dia 17 fez se o seqüestro de seus bens
quando foram acusados de alta traição contra o Rei Dom João
VI.
A exceção de José Carneiro da Cunha que era o líder da revolução e
que era o líder da revolução e que escapou de ser preso por estar escondido
no seu engenho Tibiri nas proximidades de Santa Rita, pois quando procurado
por agentes da legalidade se encontrava metido num buraco que fora cavado
na choupana de uma escrava de estimação onde permaneceu até que cessou
as buscas e seguiu para a cidade do Recife onde se escondeu na casa de um
amigo e embarcou para a Inglaterra junto com José da Cruz Gouveia que
chegou da Paraíba por outros caminhos.
Com o restabelecimento do legalismo, foi instalado na cidade do Recife uma
comissão militar que ficou encarregada de apurar a responsabilidade dos
implicados na revolução de 1817, comissão esta que praticou as mais variadas
injustiças ao exercer todo tipo de vingança em nome do poder legal, pois as
vitimas foram sumariamente condenadas e a primeira a ser executada foi o
Tenente Antônio Henrique que comandava a fortaleza de cinco pontas no
Recife, e que ao caminhar para o patíbulo onde foi degredado seguiu resoluto
e soltou alguns impropérios contra ao absolutismo monárquico até ser
empurrado pelo carrasco e a seguir no dia 10 de Maio foram enforcados os
Capitães Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima o Leão Dourado
que do alto da forca vociferaram contra a vingança legal e no dia 21 de Maio
foram enforcados os patriotas paraibanos José Peregrino de Carvalho, Amaro
Gomes Coutinho e Francisco José da Silveira e no dia 6 de Setembro subiram
ao patíbulo os seus companheiros de infortúnio os Padres Antônio Pereira de
Albuquerque e Inácio de Albuquerque Maranhão.
O capitão de milícia Francisco Xavier
Monteiro de França era um homem
esclarecido, que em sua casa reunia os
patriotas antes da revolução.
E que fez parte da junta que governou a Paraíba na república de 1817,
e ao tomar conhecimento da conspiração que sufocou as tropas comandadas
por Amaro Gomes Coutinho na batalha travada nas margens do rio Tibiri, se
manifestou no sentido de que as tropas revolucionarias deveriam se render
debaixo do titulo de capitulação para evitar uma efusão inútil de sangue e por
ser um dos lideres da insurreição acabou preso e condenado a morte, porém a
sentença que o condenou teve efeito suspensivo por força de um recurso
quando Francisco Xavier Monteiro de França declarou que foi levado contra a
sua vontade a fazer parte da revolução e por conta disto a comissão militar
interpôs para ao soberano que através da carta régia de 28 de Novembro
concedeu perdão da pena de morte para o réu e o remeteu aos cárceres da
Bahia de onde foi libertado em 2 de Março de 1821 por força do perdão geral.
Através da carta régia de 6 de Agosto foi criada uma alçada que substituiu a
comissão militar em 13 de Outubro quando se instalou sob a presidência do
Desembargador Bernardo Teixeira Coutinho Alvares de Carvalho que pertencia
a relação da Bahia e de formação granítica que sabia prender mas não sabia
soltar e por conta disto Manoel da Fonseca Galvão que havia levantado a
bandeira da liberdade em Mamanguape cuja guarda foi confiada ao Vigário
Veríssimo Machado Coelho que hospedara a tropa de Peregrino de Carvalho
em seu regresso do Rio Grande do Norte acabou sendo preso quando o
Capitão mor Sebastião Nobre de Almeida hasteou o estandarte real como
triunfo da legalidade e na oportunidade alguns moradores do lugar deixaram de
comparecer ao ato da restauração e por conta disto acabaram sendo presos e
remetidos para os calabouços da Bahia junto ao vigário, em Vila Nova da
Rainha o vigário da freguesia Virginio Rodrigues Campelo foi preso,
processado e enviado aos cárceres da Bahia por ter feito propaganda da
revolução para os seus paroquianos no Brejo da Areia quando da contra
revolução Antônio José Gomes Loureiro e o Frei João de Santa Teresa que
faziam parte do governo estabelecido para restabelecer a ordem do lugar e
que haviam se arrependido de terem tomado parte na república instalada na
Paraíba e que recriminavam-se reciprocamente, acabaram sendo presos
quando acompanhavam alguns prisioneiros que eram remetidos para a capital
sob a acusação de cometerem desmandos durante a jornada e um outro fato
relevante se deu quando Antônio Tomaz Duarte ao chegar em Brejo de Areia
foi imediatamente peso e remetido para a capital fortemente escoltado, no
entanto misteriosamente acabou fugindo junto com os soldados que o
conduziam.
Em Vila do Pombal o Vigário José Ferreira Nobre e seu irmão Antônio José
Nobre implantaram a revolução instruído pelo Frei Miguelito e por João Ribeiro
quando estavam no seminário de Olinda, e ao organizarem um corpo de tropa
e marcharam para a cidade de Souza ao encontro do Padre Luís José Correia
de Sá que era considerado como um homem forte do sertão
E que estava em companhia de seu
filho o Sargento mor Francisco Antônio
Correia de Sá que comandava um exército
fortemente armado para invadirem o Ceará.
Na intenção de derrubar o governo tirano de Manoel Inácio Sampaio e
proclamarem a república da liberdade, todavia ao chegarem em São João do
Rio do Peixe foi surpreendido com a noticia de que havia caído a república na
Paraíba e em Pernambuco, e por conta disto imediatamente dissolveu o seu
exército e ainda de armas nas mãos passou para a legalidade exatamente
quando o Ouvidor Geral André Alves Cirne abandonava o seu esconderijo em
Painço e marchava em direção a capital acompanhado de um exército
fortemente armado e que ao chegarem na Paraíba em 9 de Junho destituiu o
triunvirato que a governa e constituiu um outro que junto a ele ficou formado
por Matias da Gama Cabral e Manoel José Ribeiro de Almeida que foi
dissolvido três dias após em virtude da posse do novo Governador Tomaz de
Souza Mafra que era um homem demasiadamente tímido e por isto viveu
grande parte de seu governo assustado com o fantasma de outra revolução e
para que isto não acontecesse ordenou que o ouvidor geral que deixou fama
de desonesto em virtude da distriçao da justiça por ele aplicada, que abrisse
uma devassa contra os suspeitos de terem participado da república paraibana,
e por conta da recomendação do Presidente da Alçada Bernardo Teixeira para
que dessem preferencia para as testemunhas portuguesas, as quais acabaram
acusando e prestando falsos testemunhos por meras suspeição e por conta
disto a cadeia da Paraíba e a fortaleza do Cabedelo se encheram de muitos
inocentes, como no caso de Manoel Lobo de Miranda Henriques que não teve
nenhuma participação ativa, porém por ser genro de Francisco José da Silveira
que era membro da junta revolucionaria acabou sendo preso e remetido para a
Bahia, entretanto muitos revolucionários a não prestaram conta a justiça em
virtude das extorsões praticadas pelo ouvidor geral como no caso do Sargento
mor Antônio Galdino Alves da Silva que comandou a tropa rebelde na marcha
de Pilar sobre à Paraíba em 13 de Março e que nada sofreu pois nenhum
processo foi aberto contra ele por ser filho do Coronel João Alves Sanches
Massa que era amigo intimo do ouvidor geral, e um outro que nada sofreu foi o
Capitão Manoel Alves da Costa Lima que comandou uma companhia de
ordenança na marcha de Pilar à Paraíba e que era genro do Coronel João
Alves Sanches Massa, e num outro caso o governador do Ceará Manoel Inácio
Sampaio organizou um exército sob o comando do Coronel Alexandre José
Leite Chaves para vasculhar os sertões da Paraíba, onde capturou diversos
elementos comprometidos com o movimento, e entre eles estava o Padre Luís
José Correia de Sá e o seu filho Francisco Antônio Correia de Sá os quais o
Ouvidor Geral André Alves Cirne os acolheu em Souza e os excluíram da
devassa por entender que estavam inocentes das acusações recebidas e os
fizeram regressar a capital, e pela carta régia de 6 de Fevereiro de 1812 a
devassa foi encerrada e os presos que não fossem lideres da revolução
deveriam ser postos em liberdade, todavia o Presidente da Alçada Bernardo
Teixeira interpretou que todos os presos eram lideres do movimento, e por este
motivo nenhum preso foi solto, e por conta disto o Governador de Pernambuco
Luís do Rego através de uma carta enviada ao Ministro Tomaz Antônio Vila
Nova Portugal pediu clemência para todos os envolvidos na devassa e relatou
como agia o presidente da alçada contra os que apesar da esmagadora
opressão faziam continuar viva a idéia de independência com democracia nas
grades das prisões que serviram de lenitivo para as pregações cívicas.
E bem antes do grito de independência em 11 de Junho de 1822 a junta de
governo da Paraíba através de um oficio enviado a José Bonifácio deu adesão
ao Príncipe Dom Pedro I e pleitearam por parte dele que as prerrogativas de
igualdade que a constituição jurada assegurava as comunidades luso-
brasileiras
E de posse deste oficio José Bonifácio de
Andrada e Silva exaltou a Paraíba em discurso
realizado perante ao Príncipe Dom Pedro I quando
exaltou ao povo paraibano como sendo formado de
homens bons e generosos que não haviam
esmorecidos a independência do povo nordestino cujos
ideais palpitavam nos corações paraibanos, sobretudo
naqueles que purgavam suas penas nos cárceres da
Bahia e por conta disto deveriam contar com a proteção
da alteza real sem terem a necessidade de atravessar o
oceano para mendigar a proteção dos seus direitos.
O absolutismo monárquico contra o qual os nordestinos se levantaram
na revolução de 1817 e que os portugueses não consentiram que fosse
empregado no Brasil, acabou-se realizando na revolução do Porto quando
forçaram que o Rei Dom João VI jurasse as bases de uma constituição que os
deputados das cortes portuguesas iriam ainda aprovar e cujas bases o rei
ficaria amputado dos poderes absoluto por ele exercido, e por conta disto em
26 de Fevereiro de 1821 Dom João VI jurou a constituição no Rio de Janeiro e
no dia 10 de Junho ela foi jurada pela câmara da Paraíba onde os régulos do
soberano poder que tão enfurecidos se mostraram contra os patriotas, estavam
agora desencantados com o rei por ter jurado e mandado jurar a constituição e
por conta disto João Alves Sanches Massa e Matias da Gama Cabral
impugnaram a constituição jurada por considerarem obra de libertinos, e por
conta disto foram afastados do poder em virtude da nova câmara que se
implantava na Paraíba, e a partir deste momento tomaram como pretexto que o
Rei Dom João VI estaria sendo coagido quando jurou a constituição
E nesse pressuposto sairam
em defesa do rei com um bando
armado a cometerem violências
pelo interior.
e nesse pressuposto sairam em defesa do rei com um bando armado a
cometerem violências pelo interior, quando depredaram e saquearam Pilar,
Itabaiana, Guarabira, Alagoas Grande até serem contidos e desbaratados ao
penetrarem na Vila Real do Brejo de Areia quando foram presos e mandados
para as prisões da cidade do Recife e o governador da Paraíba solicitando
através de um oficio enviado a José Bonifácio de Andrada e Silva que baixasse
uma ordem proibindo o regresso dos mesmos a Paraíba. Com o decreto das
cortes de 29 de Setembro de 1821 que determinava que fosse realizada as
eleições de uma junta governativa para cada província e que na Paraíba a
mesma se realizou em 25 de Outubro quando foram escolhido para presidente
o português João de Araújo que em 18 de Julho de 1822 renunciou o seu
cargo e como seu substituto foi nomeado o Padre Galdino da Costa Vilar e no
dia 29 de Setembro a câmara da Paraíba realizou as eleições para deputados
a assembléia constituinte do Rio de Janeiro, e no dia 8 de Outubro declarava-
se desligada da metrópole portuguesa e em 28 de Novembro proclamavam
Dom Pedro I como Imperador do Brasil e entre os dias 16 a 24 de Dezembro
festejou-se na Paraíba a aclamação do imperador, e o governador que nesta
época além de assegurar a ordem interna na Paraíba, enviou uma força militar
para Bahia com a finalidade de ajudar na expulsão dos portugueses que se
opunham a independência do Brasil sob o comando do General Madeira, e um
outro contingente foi enviado ao Ceará para reforçar as forças de José Pereira
Filguera que lutava contra as forças portuguesas de João da Cunha Fidié que
acabou sendo vencido em uma batalha que foi travada no Piauí, e no dia 3 de
Fevereiro de 1823 uma nova junta governativa foi eleita sob a presidência de
Estevan José Carneiro da Cunha que de imediato se viu envolvido nos
tumultos
Em que o Tenente José da Fonseca Galvão
que se encontrava aquartelado no Convento de
Santo Antônio promoveu um grande tumulto em 10
de Setembro ao feriu com um golpe de espada o
Tenente coronel Trajano Antônio Gonçalves de
Medeiros comandante do batalhão de linha.
Com intento de fugir para restabelecer na Paraíba os laços do
colonialismo e em conseqüência desse distúrbios acabaram sendo presos
muitos portugueses na Paraíba e remetidos para a ilha de Fernando de
Noronha.
Quando da fundação do partido
republicano no Rio de Janeiro em 1870,
entre os seus fundadores contava com os
paraibanos Aristides Lobo e Manoel
Marques da Silva Acauã.
Que foram os signatários do manifesto de 3 de Dezembro, e devido as
atividades do partido que eram restritas ao eixo Rio de Janeiro e São Paulo, as
propagandas do partido não chegaram a Paraíba em virtude da inexistência da
imprensa republicana, e ao raiar a proclamação da república em 1889 a
Gazeta da Paraíba que era um órgão monarquista de Eugênio Toscano de
Brito cedeu uma de suas colunas para a propaganda republicana e no interior
da Paraíba a cidade de Areia o jornal A Verdade e em Campina Grande a
Gazeta do Sertão as vezes davam um vagido em prol da república. E quando o
Conde D'Eu esteve na Paraíba na missão de dissipar os vestígios as
propagandas republicanas e para combatê-lo Albino Meira se deslocou da
cidade do Recife para fazer conferencias pela república no Teatro Santa Cruz
na capital paraibana e neste mesmo ano realizou-se a última eleição do regime
monárquico quando Albino Meira candidatou-se pelo partido republicano e
obteve uma inexprecivel votação de vinte e quatro votos.
E quando da proclamação da
república em 15 de Novembro de 1889 a
noticia desse acontecimento histórico
chegou a Paraíba no mesmo dia
E foi acolhida com indiferença, com incredulidade e nem despertou a
curiosidade publica, nem causou nenhuma alteração na ordem social e
administrativa na província e no dia seguinte a Gazeta Paraibana jornal que
pertencia a Eugênio Toscano de Brito em editorial sereno e frio divulgou a
noticia dos acontecimentos da véspera a qual foi recebida pelo povo com
indiferença, enquanto o Presidente da província Francisco Luís da Gama Rosa
pedia garantia de vida ao Coronel Honorato Caldas que era o comandante do
batalhão de infantaria por temer cair nas mãos de seus adversários políticos
sobre os quais ele havia exercido forte pressão na última eleição em proveito
do partido liberal, e no decorrer dos acontecimentos no dia 17 chegou à
Paraíba a noticia de que a família imperial embarcara para o exílio a bordo do
vapor Alagoas, e por conta disto Eugênio Toscano de Brito convocou os
homens de evidencia na Paraíba para uma reunião na redação da Gazeta da
Paraíba onde após algumas trocas de idéias todos marcharam para a câmara
municipal, a fim de organizarem um novo governo onde foi aclamada a
seguinte junta governativa composta pelo Coronel Honorato Caldas, Tenente
Artur José Reis Lisboa, Barão de Abiai, Doutor Lima Filho e o Doutor Eugênio
Toscano de Brito que foi anulada em virtude da ambição do Coronel Honorato
Caldas que não queria uma junta constituída de civil assumindo o governo da
Paraíba, e por isto no dia 18 de Novembro com a colaboração de alguns
próceres paraibanos ele organizou uma outra junta governativa que foi
composta do Coronel Honorato Caldas, pelos Capitães João Claudino de
Oliveira Cruz e Manuel de Alcântara Canceiro e pelos Tenentes Artur José de
Reis Lisboa, Antônio da Cruz Cordeiro, Manoel Carlos Gouveia e Tomaz de
Aquino Mindelo e que foi proclamada de uma das janelas do quartel pelo
Doutor Antônio Massa e de imediato dirigiram-se ao palácio do governo e
assumiram o poder no dia 18 de Novembro em nome do povo, do exército, e
da armada enquanto Francisco Luís Gama da Rosa deixava o placio e se
dirigiu ao porto do Cabedelo onde embarcou para o Rio de Janeiro.
A primeira noticia que circulou vinda do Rio de Janeiro
foi a nomeação de Albino Meira para governador da Paraíba,
porém os Marechais Almeida Braga e Tude Neiva
conseguiram de Deodoro da Fonseca presidente da
republica torna-la sem efeito.
E como seu substituto foi nomeado Venancio Neiva que acabou irritando
o Coronel Honorato Caldas que queria continuar no governo e por este motivo
promoveu um comício em praça publica no dia 1 de Dezembro no qual
pretendia ser aclamado governador da Paraíba, todavia com a chegada do
chefe de policia Pedro Velho do Rego Melo o ajuntamento popular se dissolveu
e ao anoitecer do mesmo dia tentou-se a aclamação do Coronel Honorato
Caldas para o governo da Paraíba no Teatro Santa Rosa com a colaboração
de alguns catetes que o proclamariam, todavia devido a confusão reinante o
Coronel Caldas partiu para o quartel decidido a dar ali um brado de armas a
fim de se impor pela força, porém chegando ao quartel acabou sendo preso.
Em virtude de uma ordem expedida pelo Ministro
da Guerra Benjamim Constant ao Major João Domingos
Ramos para assumir o comando do batalhão de
infantaria no lugar do Coronel Caldas do qual era
desafeto.
E por ordem do Ministro da Guerra Benjamim Constant, o Capitão João
Claudino de Oliveira Cruz assumiu o governo da Paraíba onde permaneceu até
o dia 6 de Dezembro quando chegou de Catolé do Rocha para investir-se no
cargo o Doutor Venâncio Neiva que politicamente harmonizou a família
paraibana desavinda em dois partidos desde o império e durante o seu
governo foram eleitos três senadores e cinco deputados para a primeira
constituinte nacional e com a promulgação da constituição de 24 de Fevereiro
de 1891 cabia ao estado organizar-se politicamente e para isto foi convocada
uma assembléia constituinte que foi composta de trinta deputados que se
reuniu a 25 de Junho e que deu a Paraíba a constituição de 5 de Agosto de
1891 que para feitura da carta contou com sete projetos elaborados pelos
paraibanos mais ilustre, e na continuidade de seus trabalhos a assembléia
elegeu o governador e o vice-governador da Paraíba. Venâncio Neiva que já
vinha no exercício da administração como delegado do governo central foi
escolhido pela assembléia para o governo da Paraíba para o quatriênio de
1891 a 1894 que sob o ponto de vista de realização foi praticamente nulo em
virtude do pouco recurso disponível, porém politicamente harmonizou a família
paraibana, e no dia 3 de Novembro de 1891 com a dissolução do congresso
nacional por Deodoro da Fonseca que trouxe como conseqüência a sua
renuncia.
E para o exercer o mandado presidencial
foi empossado o Vice presidente Floriano Peixoto
Na Paraíba Venâncio Neiva foi deposto em 27 de Dezembro quando foi
investido no poder uma junta governativa que foi composta do Coronel Cláudio
Saveget, Eugênio Toscano de Brito e Joaquim Fernandes de Carvalho que
carecia de experiência para sustentar-se no poder, pois dissolveu a assembléia
legislativa e declarou sem efeito a constituição de 5 de Agosto e convocou uma
nova assembléia constituinte para dar ao estado outra constituição. E devido a
confusão reinante pelo interior da Paraíba em virtude da deposição das
intendências municipais de Areia, Alagoas Grande e Alagoas Nova, e devido
aos acontecimentos os paraibanos residentes no Rio de Janeiro descruzaram
os braços e solicitaram uma solução urgente para a Paraíba quando Abdon
Milanez e Coelho Lisboa se avistaram com Floriano Peixoto que escolheu
Álvaro Lopes Machado para assumir o governo da Paraíba e que por
aclamação da junta assumiu o governo em 18 de Fevereiro de 1892 tendo
como Vice presidente o Monsenhor Valfredo Leal para o quatriênio de 1892 a
1896, e de imediato convocou uma nova assembléia constituinte que instalada
em 1 de Julho promulgou em 30 de Julho de 1892 uma nova constituição para
a Paraíba, e no seu governo Álvaro Machado colocou em dia o pagamento dos
funcionários, aumentou o efetivo da força publica, instalou o tribunal de justiça
da Paraíba, construiu açudes publico em diversas localidades, abriu estradas,
criou a diretoria de obras publica, a junta comercial, a imprensa oficial do
estado, com o jornal A União e reduziu a divida passiva do estado que vinha
dos tempos imperiais, e sob o ponto de vista político fundou o partido
republicano na Paraíba, e atraiu os nomes mais tradicionais das antigas
parcialidade do império, e os municípios que eram administrados pela
intendência municipal, Álvaro Machado também criou os cargos de prefeito e
subprefeito para cada municipalidade de livre nomeação do presidente e no dia
28 de Julho de 1896 renunciou o seu mandado para eleger-se senador, e o
Monsenhor Valfredo Leal assumiu o exercício da presidência da Paraíba até 22
de Outubro de 1896 quando foi sucedido por Gama e Melo que sofreu grande
aperto financeiro dos quais o governo federal se mostrou indiferente aos
pedidos de auxilio.
E no exato momento em que os venancistas curtiam
um duro ostracismo Epitácio Pessoa foi chamado a ocupar a
pasta da justiça no governo de Campos Sales.
Com isto acabaram se reanimaram para a luta na disputa pela sucessão
de Gama e Melo, no exato instante em que o partido republicano comandado
por Álvaro Machado apresentou o Desembargador José Peregrino de Araújo
para presidente do estado, e que em oposição a essa candidatura os
venancistas lançaram João Tavares senhor do engenho Geraldo em Alagoas
Nova e com o decorrer do tempo a violência e o vicio no pleito eleitoral se
desencadearam com encontros armados entre as duas corporações militantes
que tinha no partido republicano a maioria absoluta para vencer o pleito que
transcorreu cheios de problemas, quando foram quebrada algumas urnas, atas
falsificadas e votação manipulada de modo que se estabeleceu a duvida
quanto ao resultado apurado, onde ambas facções políticas proclamaram a
vitória dos seus candidatos e se prepararam a vitória dos seus candidatos e se
prepararam para empossá-los e no dia 22 de Outubro de 1900 perante a
assembléia legislativa do estado da Paraíba José Peregrino de Araújo assumiu
o governo da Paraíba e na mesma hora em lugar diferente e perante a outra
assembléia Antônio Massa tomava posse na ausência do Presidente José
Tavares no governo da província, e durante alguns dias a Paraíba teve dois
governos até que o governo federal mandou que fosse reconhecido como
legitimo o presidente que estivesse no palácio do governo, e desta maneira
normalizou-se a situação de José Peregrino que continuou no pleno exercício
do mandato executivo, enquanto Venâncio Neiva era nomeado juiz federal em
virtude da influência de Epitácio Pessoa, José Peregrino governou a Paraíba
de modo o que arrecadava só dava para pagar, onde a receita sempre
deficitária mal chegava para as despesas ordinárias, porém mesmo assim
conseguiu amortizar parte da divida passiva do estado.
E durante o seu governo ficou marcado os atos de
violência praticados contra a imprensa quando em 28 de
Julho de 1904 os jornais O Comércio e o Combate que
lhe faziam oposição foram atacados violentamente.
E no momento da escolha de seu sucessor José Peregrino pensou em
seu chefe de policia Antônio Simeão dos Santos Leal que teve a sua indicação
aceita de um modo geral pelos situacionistas, e antevendo o perigo de
contrapor outra candidatura, o Senador Álvaro Machado chefe do partido
republicano acabou se decidindo em aceitar que Simeão Leal integrasse a sua
chapa como primeiro vice presidente na disputa do governo do estado sem
risco pela disputa, porém apesar de serem naturais de Areia e de pertencerem
a mesma corrente política e de estarem congraçados no mesmo ideal, após as
eleições e empossados em seus cargos o chefe do partido Álvaro Machado
procurou uma oportunidade para aliviar-se de seu vice presidente e como
solução encontrada trocou Simeão Leal de cargo que ocupava por uma cadeira
vaga na bancada paraibana na câmara dos deputados em virtude da renuncia
de Valfredo Leal que havia passado para o senado na vaga de Álvaro
Machado e a seguir Valfredo Leal renunciou ao senado e se elegeu vice
presidente da Paraíba na vaga deixada por Simeão e para o senado Álvaro
Machado voltou em 28 de Outubro de 1905 após passar o governo para
Valfredo Leal do qual procurou congraçar a política paraibana atraindo para o
partido republicano as figuras mais representativas da facção venancistas
quando nomeou Pedro da Cunha Pedrosa que era o seu grande adversário
político para o cargo de secretario geral do estado.
Valfredo Leal após sanear as finanças da Paraíba completou o periodo de sua
administração em Outubro de 1908 quando foi sucedido por João Machado
que antes exercia a presidência da assembléia legislativa, e por já estar
integrado nos problemas a sua administração assinalou-se por melhoramentos
que marcaram uma época na Paraíba quando reorganizou o serviço de saúde
publica, reformou a escola normal, melhorou ensino primário, fundou a escola
agro pecuária de Imbiribeira, elevou o efetivo da força policial e reconstruiu o
velho quartel da policia, adquiriu uma casa no bairro de trincheiras que serviu
de resistência do chefe do seu governo, comprou dois automóveis para o
estado, abriu a avenida João Machado, calçou ruas, rasgou estrada de
rodagem, dotou a Paraíba com o código de processo criminal com base do
projeto de Pedro da Cunha Pedrosa, debelou a intentona de Alagoas do
Monteiro em 1912, inaugurou o sistema de iluminação elétrica e substituiu o
sistema de bonde puxado por burro por elétricos com as linhas do Tambiá,
Trincheiras e Varadouro, e ao termino de seu governo João Machado realizou
a inauguração do sistema de abastecimento de água à capital pelo projeto do
bacharel em direito Miguel Raposo.
A frente do governo da
Paraíba João Machado sem
duvida alguma foi o governador
que mais obra realizou em
beneficio do povo paraibano.
Sem escorchar o povo, sem contrair empréstimo e sem deixar qualquer
dividas a pagar, deixou o governo e voltou ao seu lugar de médico da saúde
pública do Rio de Janeiro onde faleceu em 30 de Janeiro de 1912 e que
acarretou profundas mudanças na política da Paraíba onde a frente do partido
republicano dominou politicamente durante vinte anos. No comando do partido
republicano ele foi substituído pelo Senador Valfredo Leal cujo prestigio
acabou sendo abalado em virtude da presença de Epitácio Pessoa que era
ministro do supremo tribunal federal que se opôs quando ele pretendeu a se
candidatar ao apoio ao seu irmão Antônio Pessoa e devido aos conselhos de
Hermes da Fonseca para que não se candidatasse ao governo da Paraíba,
Valfredo Leal vendo que não contava com o apoio do poder central,
imediatamente lançou a candidatura do Senador Castro Pinto figura de
destaque e sem nenhuma incompatibilidade entre os próceres da política
paraibana e amigo de Epitácio Pessoa desde a faculdade de direito da cidade
de Recife que mesmo assim se manifestou contrario, porém para que não
parecesse que ele queria implantar na Paraíba uma oligarquia acabou cedendo
desde que Antônio Pessoa ficasse como primeiro vice presidente e para
segundo vice presidente Valfredo Leal indicou Pedro Bandeira que era juiz de
direito de Guarabira que após um acordo político conchavado pelo Ministro da
Justiça Rivadávia Corrêa, e no dia 22 de Outubro de 1912 Castro Pinto tomou
posse do governo da Paraíba onde cuidou dos sentimentos de justiça, quando
acabou com a prática de confiar a chefia política de um município ao juiz de
direito da comarca
E com respeito a segurança pública
empreendeu forte repressão aos bandos
armados que infestavam o interior da
Paraíba com a proteção de coiteiros
poderosos.
Que o Coronel Mário Barbedo acabou terminando com seus redutos até
então inexpugnáveis e ao amparar e aprimorar ao ensino Castro Pinto com a
ajuda do Doutor Tomaz Mindelo fez ressurgir o tradicional estabelecimento de
ensino que era o Liceu Paraibano e criou a Escola de Comércio e um curso de
agrimensura que era anexo ao Liceu Paraibano, e que nesta época A União
era o principal jornal da Paraíba dirigido por Carlos Dias Fernandes que
também era diretor da imprensa oficial que tinha suas colunas aberta a todos
os intelectuais paraibano para publicação de sua crônicas e editoriais, na
capital paraibana também circulavam os jornais O Norte dirigido por Oscar
Soares, O Estado da Paraíba dirigido por Matias Freire e o Operário sob a
direção de Ulisses de Oliveira e também nesta época circulavam mensalmente
as revistas Liceum dos Alunos do Liceu Paraibano orientada pelo Professor
Álvaro de Carvalho e a Prox dos alunos do Colégio Diocesano e as
publicações de assuntos especializados como a Revista do Foro, Revista do
Instituto Histórico Paraibano e o Almanaque da Paraíba e no interior do estado
circulavam os jornais Correio da Semana, e o Município em Itabaiana, o
Correio de Campina em Campina Grande.
Em Agosto de 1914 explodiu a primeira guerra mundial e na Paraíba esboçou
uma crise econômica em virtude do seu principal produto de exportação que
era o algodão ter ficado retido na fonte e a esta em virtude da dissensões
reinantes dentro do partido republicano conservador explodiu uma grande crise
de natureza política quando Epitácio Pessoa assumiu a chefia do partido
deixando Valfredo Leal como chefe da comissão executiva que acabou
desagradando os políticos da velha guarda radicados no estado os quais
tinham em Valfredo Leal por chefe, e em conseqüência as duas alas do partido
passaram a se hostilizar mutuamente e com isto gerou um antagonismo entre
os dois chefes dos quais Castro Pinto se manteve na difícil posição de
neutralidade que não agradou aos epitacistas que exerceram uma forte
pressão para que deixasse o governo a qual trouxe uma forte tensão entre os
valfredistas que viam a possibilidade de cair o governo nas mãos do vice
presidente Antônio Pessoa quando Epitácio Pessoa ofereceu a Castro Pinto
um lugar no senado ou no tribunal de contas a troco de sua renuncia, fato este
que deixou o presidente Castro Pinto constrangido num conturbado horizonte
político em que Epitácio Pessoa e Valfredo Leal caminhavam para um iminente
rompimento da simulada aliança que deixou sem possibilidade de
entendimentos para a composição da chapa para as eleições a deputado
federal e uma vaga de senador onde Valfredo Leal queria a cadeira do senado
para João Machado e mais dois lugares na chapa de cinco deputados federais,
enquanto que Epitácio Pessoa não aceitava a indicação de João Machado
para o senado e para contornar o impasse Pinheiro Machado sugeriu que João
Machado fosse para a câmara dos deputados e devido não ter havido qualquer
tipo de acordo político para a situação o inevitável rompimento entre os dois
chefes acabou ocorrendo, e no dia 15 de Janeiro de 1915 Epitácio Pessoa
chegou a Paraíba e ao convocar os seus amigos lançou um manifesto e
apresentou a sua chapa para a eleição do dia 30, a qual correu livre e pacifica
menos em Campina Grande onde a mesa apuradora foi dissolvida à mão
armada e as urnas quebradas e como resultado do pleito foi apurado para o
senado como vencedor Cunha Pedrosa e para deputado Camilo de Holanda,
Cunha Lima, Maximiano de Figueiredo, Otacilio de Albuquerque e Simeão Leal
Todos os indicados por Epitácio Pessoa, que assim
conquistou a Paraíba e fez dela o seu feudo que durou
quinze anos.
Costa Pinto que se mantinha neutro em referência as duas facções em
atrito acabou sendo incompreendido e duramente atacado por uma campanha
de injuria e ridículo e por não ter temperamento de luta acabou renunciando
em 24 de Julho de 1915 e par o seu lugar foi investido o primeiro vice
presidente Antônio Pessoa que encontrou a situação financeira bastante
desgastada em virtude de uma seca inclemente e dos efeitos da guerra e para
remediar a situação optou por reduzir as despesas e para isto parou as obras
em andamento, demitiu em grande escalas os funcionários públicos, suprimiu
as comarcas de Alagoas do Monteiro quando colocou o juiz de direito em
disponibilidade e a primeira vara da comarca da capital e durante o seu
governo o jornal A União que era órgão oficial do estado da Paraíba publicou
diversos editais contra os seus adversários políticos que se defendiam no
Diário do Estado, e antes do termino de seu mandado Antônio Pessoa
renunciou o seu cargo em virtude do seu lastimável estado de saúde em 21 de
Julho de 1916 e o seu substituto natural seria o segundo vice presidente do
estado o valfredista Pedro Bandeira que era juiz de direito de Guaratiba e
homem de modestas pretensões que renunciou ao cargo de segundo vice
presidente em troca de sua promoção ao cargo de desembargador do tribunal
de justiça da Paraíba, e desta maneira Solon de Lucena que era o presidente
da assembléia legislativa e pertencia ao grupo dos jovens turcos, ala rebelde
do partido epitacista foi quem substituiu Antônio Pessoa no governo da
Paraíba.
O ano de 1824 foi de grande exacerbação patriótica no nordeste, e a
Paraíba se envolveu no movimento revolucionário que trazia em seu bojo
idéias republicanas e separatistas que foi irradiada na cidade de Recife cuja
esfera de influência gravitava na Paraíba. Nesta oportunidade Pernambuco era
governado por uma junta presidida por Francisco Paes Barreto, o Morgado do
Cabo que foi substituído por outra sob a presidência de Manoel de Carvalho
que possuía tendência autonomista.
A qual o governo imperial através de Dom Pedro I
que era monarca de formação absolutista não aprovou a
nomeação.
E com base na lei de 20 de Setembro de 1823 nomeou Francisco Paes
Barreto para presidência da província e dissolveu a assembléia geral
constituinte em 12 de Novembro de 1823, e um mês após os deputados
retornaram as suas províncias e ao desembarcarem na cidade de Recife Luís
Inácio de Andrade Lima, Inácio de Almeida Fortuna, Francisco Muniz Tavares
e Venâncio Henriques de Resende deputados de Pernambuco, José
Martiniano de Alencar deputado do Ceará e Joaquim Manoel Carneiro da
Cunha, José da Cruz Gouveia e Augusto Xavier de Carvalho deputados pela
Paraíba assinaram e lançaram um manifesto contra o ato do Imperador Dom
Pedro I no exato momento em que os artigos escritos por Frei Caneca eram
publicados no Typhis Pernambucano e pelas criticas de Francisco Paes de
Andrade que mantinha o ideal de implantar no Brasil uma república
confederada e por conta disto censurava abertamente o poder central. Com
isto alastrou-se a agitação em Pernambuco e acabando por exacerbar o
antagonismo entre brasileiros e portugueses que acabou sendo abafado em
virtude das normas estabelecidas para a administração das províncias e com
base na lei foi nomeado Felipe Neri para presidência da Paraíba em 9 de Abril
de 1824 que apesar de bem intencionado, pois assegurou a garantia de seus
direitos a todos os cidadões e de ter convocado as câmaras das províncias
para a eleição dos membros dos conselhos com os quais tinha que governar e
já ter dado mostra de governar e de já ter demonstrado todo o seu patriotismo
quando da revolução de 1817 foi declarado suspeito de lusitanismo por ter sido
a sua nomeação feita pelo Imperador Dom Pedro I.
E por conta disto
somente a câmara da capital
atendeu ao seu apelo ao
elegerem os seus seis
conselheiros.
Enquanto que no interior onde já circulavam rumores de rebeldia, onde
elas guardaram silêncio ao apelo, por isto vila Real do Brejo da Areia assumiu
à atitude de declarar que não reconhecia a autoridade de Felipe Neri na
presidência da província e por este motivo não haviam eleito nenhum
representante legal para o seu governo. E a esse ato de 3 de Abril as câmaras
de vila Nova da Rainha, Pilar, Monte Mor e São João do Cariri se colocaram
em oposição ao governo enquanto as vilas de Pombal e Souza que se
situavam no sertão não tomaram conhecimento da luta em razão da terrível
seca que enfrentavam, com isto somente as vilas do Conde e Alhambra que
eram as mais modestas é habitadas quase que totalmente por índios e que
ficaram submissas ao governo, e por conta disto em 5 de Março sob a
articulação dos insurgentes de Pernambuco que encontraram um campo fértil
na vila Real do Brejo da Areia o povo e as tropas se colocaram lado a lado e
aclamaram um governo temporário que foi aprovado pelas câmaras rebeldes e
instalado em Areia no dia 9 de Maio sob a presidência de Felix Antônio de
Albuquerque que de imediato partiu a frente das tropa para Itabaiana para
receber os reforços prometidos pela capitania de Pernambuco, e para
contornar a situação o governo da Paraíba enviou Estevam José Carneiro da
Cunha e João Batista Avundano em uma missão de paz ao encontro dos
revolucionários que exigiram como formula de acomodação da situação a
renuncia do Presidente Felipe Neri e todo o seu secretariado ou a decisão de
tomara o seu posto pelas armas.
Diante disto foi enviado a Pilar um forte
contingente das forças de linha sob o comando do
Coronel Estevam José Carneiro da Cunha que em 24
de Maio se defrontou em Itabaiana em uma das
maiores batalhas travadas em solo paraibano e
talvez a mais importante da Confederação do
Equador.
Onde os dois exércitos se defrontaram com grande animo em mais de
quatro horas de luta e que ao final a coluna do governo retornou para Pilar e a
dos revolucionários seguiram para a povoação de Serrinha onde receberam os
reforços de Pernambuco e marcharam para Pilar onde as forças do governo
havia recebido reforços, e por este motivo os rebeldes que se encontravam
numericamente inferior, acabaram recuando para uma melhor posição
estratégica em Feira Velha de onde escreveram para o presidente do Rio
Grande do Norte dizendo que Felipe Neri havia arruinado a Paraíba com seus
atos de prepotência, enquanto isto Paes de Andrade continuava fazendo os
seus pronunciamentos contra o poder central e por conta disto em 2 de Julho
acabou lançando o famoso manifesto em que chamou o Imperador Dom Pedro
I de traidor e conclamou as províncias do norte a unirem-se a Pernambuco na
formação de um estado republicano ao qual deu o nome de Confederação do
Equador.
Sendo Felipe Neri um homem de fraquezas notórias e por se sentir sem
coragem para enfrentar a situação reinante, inicialmente manifestou a sua
intenção de retirar-se para a fortaleza do Cabedelo para continuar o exercício
da presidência da província da Paraíba cujo lugar se sentiria mais seguro,
porém em virtude da oposição do conselho acabou não realizando a sua
intenção, então para apaziguar de vez a Paraíba ele propôs-se a deixar o
governo ao passar a administração da Paraíba aos conselheiros Estevam José
Carneiro da Cunha e Francisco Xavier Monteiro da França que eram os
conselheiros mais votados e que renunciaram para facilitar a eleição de
Joaquim Manoel Carneiro da Cunha que partiu da vila do Conde para assumir
a presidência da Paraíba, e ao se hospedar na casa do Ouvidor da Comarca
Francisco de Souza Paraíso que era simpático à causa dos revolucionários
acabou sofrendo um atentado por parte de um grupo de manifestante no dia 20
de Julho que o obrigou a retornar a vila do Conde e na manhã do dia seguinte
Felipe Neri reuniu o conselho para notificar que Joaquim Manoel Carneiro da
Cunha estava fora da sucessão em virtude de ter abandonado o campo político
ao desertar em conseqüência do tumulto popular ocorrido, em face do exposto
ele consultou os seus conselheiros para deliberarem quem deveria ser o seu
substituto pois estava decidido a deixar o cargo, e por voto unânime dos
presentes ficou deliberado que o Coronel Estevam José Carneiro da Cunha
deveria assumir a presidência da Paraíba, cargo este que não aceitou ao
alegar a forma irregular de sua eleição e diante do impasse foi chamado a
sucessão Francisco Xavier Monteiro de França que igualmente recusou o
posto, então o cargo foi oferecido a Alexandre Francisco de Seixas Machado
por voto unânime dos presentes a reunião, e após grande relutância em seu
oferecimento em virtude da negativa de Alexandre Francisco de Seixas
Machado em aceitar o cargo, ele acabou cedendo devido ao apoio recebido da
oficialidade da Paraíba, desta maneira Felipe Neri se sentiu aliviado da
responsabilidade pelo governo da Paraíba e de imediato embarcou para o Rio
de Janeiro com o intuito de relatar os fatos ocorridos na Paraíba, todavia ao
chegar ao Rio de Janeiro o Imperador Dom Pedro I recusou-se a recebê-lo,
exigindo que primeiro se justificasse da deserção praticada, e ao mesmo
instante ordenou que abrisse uma devassa contra ele para apurar o motivo por
que abandonara o governo. Enquanto isto Alexandre Francisco Seixa da
Fonseca era nomeado presidente da província por carta imperial de 26 de
Outubro devido a dignidade como vinha se comportando a frente do governo
da Paraíba e no dia 5 de Março de 1827 veio a falecer no exercício do cargo e
como seu substituto foi escolhido o Vice-presidente Francisco de Assis Pereira
Rocha que transmitiu o governo ao novo presidente Gabriel Getulio Monteiro
de Mendonça, e devido as noticias de que uma forte esquadra portuguesa
estava a caminho do Brasil para subjugar e levar o Imperador Dom Pedro I
para Portugal.
A esquadra do Almirante Taylor recebeu ordem para
suspender o bloqueio até aqui efetuado a Pernambuco.
Fato este que levou aos republicanos a adquirirem alma nova quando
passaram a propagandear a revolução pelas diversas províncias do norte, e
tão logo se dissipou a ameaça da anunciada esquadra portuguesa o Imperador
Dom Pedro I organizou uma expedição militar sob o comando do Brigadeiro
Francisco de Lima e Silva com severas instruções para não poupar os
culpados.
E para isto em 2 de Agosto partiu do Rio de
Janeiro a esquadra imperial sob o comando doAlmirante
Cochrane levando a expedição militar.
E que ao desembarcar em Jaraguá, marchou para Barra Grande onde
se juntou com as forças de Paes Barreto, Lamenha e a de Holanda
Cavalcanti que rumaram para Recife ao encontro dos revolucionários logo
após de terem solicitado reforços ao governo da Paraíba, que lhe arregimentou
um corpo de soldados de primeira linha que ocuparam a localidade de Goiana
que se mantinha insubmissa, e no dia 12 de Setembro ao penetrarem em
Recife o Brigadeiro Francisco de Lima e Silva se instalou no palácio do
governo de onde o presidente Paes de Andrade havia fugido com destino a
Inglaterra na véspera, deste modo estava encerrada a sua aventura de
implantar no Brasil uma república nos moldes que havia visto nos Estados
Unidos onde vivera exilado quando de sua fuga na revolução de 1817, Todavia
os revoltosos mais determinados não capitularam com à queda da cidade de
Recife, pois reuniram-se em Olinda e partiram para Goiana rumo ao Ceará
Grande com os ânimos ainda resolutos para sustentar a revolução amparados
no poder de Tristão de Alencar e na bravura de José Filgueiras, e ao chegarem
a Goianinha as tropas revolucionarias em marcha se juntaram com as força da
Paraíba sob o comando de Felix Antônio Ferreira de Albuquerque presidente
temporário da Paraíba que assumiu o comando geral das tropas e que ao
penetrar em São João do Cariri encontrou forte resistência armada pela Padre
Galdino Vilar e o Capitão Costa Ramos em uma sangrenta batalha que lhe
cortou o seu avanço fazendo com que o bando revolucionário retrocedesse
para o norte passando por Pedra Lavada em direção a Seridó no Rio Grande
do Norte até a serra dos Martins de onde retornaram para o território
paraibano.
Onde travaram cerrado tiroteio em Rio dos Peixes e
seguiram para o Ceará onde o Presidente Tristão de
Alencar havia tombado morto na batalha de Santa Rosa.
E Filgueira fora vencido e preso na cidade de Crato sempre perseguidos
pela tropa do Coronel Lamenha que em 29 de Novembro intimou aos rebeldes
a deporem as armas na fazenda Juiz no distrito de Missões Velha com a
promessa de regressarem em paz , pois teriam a clemência do imperador,
todavia no momento em que os rebeldes ensarilharam as armas, ele separou
os lideres do movimento e entregou ao Major Pastorinha para que fossem
conduzidos as prisões de Pernambuco, e que ao pernoitarem em Goiana no
engenho Bujari o Presidente temporário da Paraíba Felix Antônio Ferreira de
Albuquerque, o Padre Inácio de Ávila Cavalcanti e José da Costa Machado
empreenderam uma fuga da qual José da Cruz Gouveia e Frei Caneca não
aderiram ao plano em virtude de terem confiado na promessa de clemência do
imperador, e na cidade de Recife nesta época estava com as prisões
abarrotadas é para lá que foram levados os lideres do movimento os quais a
comissão militar condenou à morte em virtude de serem considerados inimigos
declarados do Imperador Dom Pedro I.
E o primeiro a ser executado foi Frei Caneca
que foi levado a forca em 13 de Janeiro de 1825, ao
vestir a alva dos padecentes e ser degradado das
ordens sacras, porém em virtude do fato da recusa de
um preso de se sujeitar ao papel de carrasco o qual
lhe fora imposto, o Brigadeiro Francisco de Lima e
Silva ordenou que Frei Caneca fosse imediatamente
fuzilado.
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