ii seminÁrio internacional de retÓrica do grupo era · ii seminário internacional de retórica...
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II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE RETÓRICA
DO GRUPO ERA
X COLÓQUIO DO GRUPO ERA: RETÓRICA E
EDUCAÇÃO
Caderno de Resumos
14 e 15 de dezembro de 2018
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Rua Monte Alegre, 984 – Perdizes,
SP
II Seminário Internacional de Retórica do Grupo ERA
X Colóquio do Grupo ERA: Retórica e Educação
Dias 14 e 15 de dezembro de 2018
O presente Caderno de Resumos reúne os trabalhos que compõem o II Seminário Internacional de Retórica do
Grupo ERA e X Colóquio do Grupo ERA: Retórica e Educação, evento realizado anualmente pelo Grupo de
Estudos Retóricos e Argumentativos, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em torno do tema Retórica e Educação, este espaço se abre a
todos interessados na divulgação de suas pesquisas, procurando estimular discussões acerca dos estudos em
Retórica e na área de Linguagens.
Além das sessões de comunicação oral, com a participação de graduados, mestres e doutores de diversas áreas,
esta edição contou com a presença do Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira como coordenador geral do evento e
profa. Dra. Ana Lúcia Magalhães, que proferiu palestra de abertura. No dia 14 de dezembro, a Prof.ª Dr.ª Isabel
Roboredo Seara inaugurou o evento com a conferência “Do narcisismo ao dialogismo: a retórica do epistolar”.
Em seguida, a mesa redonda “A retórica, o sistema retórico e a escrita” contou com a presença da Prof.ª Dr.ª
Isabel Cristina Michelan de Azevedo, da Prof.ª Dr.ª Lílian Maria Ghiuro Passarelli e do Prof. Dr. João Pinheiro
de Barros Neto (PUC-SP/Uninove). No dia 15 de dezembro, o Prof. Dr. Eduardo Lopes Piris e o Prof. Dr. João
Hilton Sayeg de Siqueira participaram da mesa redonda “Retórica, língua e linguística”. A última mesa
redonda, sobre “Retórica e potencialidade discursiva”, foi composta pelo Prof. Elioenai dos Santos Piovezan
e pelo Prof. Dr. Noslen Nascimento Pinheiro.
Que este encontro possa ser um convite para discussões futuras!
Comissão Organizadora
Programação 14 de dezembro
19h00 Credenciamento
19h30 Abertura
Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Magalhães (FATEC/Grupo ERA)
Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira (PUC-SP/Grupo ERA)
20h00 Conferência Inaugural Do narcisismo ao dialogismo: a retórica do epistolar
Prof.ª Dr.ª Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa)
Moderadora
Prof.ª Dr.ª Cláudia Mastromauro Cerveira Quintas (Grupo ERA)
21h00 Intervalo
21h15 Mesa Redonda A retórica, o sistema retórico e a escrita
I - Possibilidades teóricas e metodológicas para o ensino do processo de escrita argumentativa
Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Michelan de Azevedo (UFS)
II - Projeto de dizer: A mediação do professor no ensino da escrita
Prof.ª Dr.ª Lílian Maria Ghiuro Passarelli (PUC-SP)
III - Ethos organizacionais e discursos escritos
Prof. Dr. João Pinheiro de Barros Neto (PUC-SP/Uninove)
Moderadora
Prof.ª Dr.ª Inês Teixeira (FLAM / Grupo ERA)
Programação 15 de dezembro
08h30 Credenciamento
09h00 Mesa Redonda Retórica, língua e linguística
I - Por que a escola não ensina argumentação?
Prof. Dr. Eduardo Lopes Piris (UESC)
II - A ação da retórica na produção multimodal de textos
Prof. Dr. João Hilton Sayeg de Siqueira (PUC-SP)
Moderadora
Prof.ª Dr.ª Elizabeth Rizzi (Grupo ERA)
10h45 Intervalo
11h00 Mesa Redonda Retórica e potencialidade discursiva
I – O lugar do Autor na escola: uma reflexão sobre produções escritas à luz da retórica
Prof. Me. Elioenai dos Santos Piovezan (Grupo ERA)
II - Retórica do consumo: A escolha lexical como estratégia persuasiva
Prof. Dr. Noslen Nascimento Pinheiro (USJT)
Moderadora
Prof.ª Dr.ª Maria Júlia Santos Duarte (Grupo ERA)
12h00 Almoço
13h30 Sessões de comunicação
16h00 Encerramento
Os textos que se seguem são transcrições dos originais enviados pelos participantes e, portanto, são de sua
inteira responsabilidade.
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA
ESCRITA SOB O VIÉS RETÓRICO-ARGUMENTATIVO
Aidil Soares Navarro
Fernanda Martin Sbroggio
Este capítulo discorre sobre perspectivas retórico-argumentativas para o processo de ensino-aprendizagem de
leitura e escrita no ensino básico. Por ser a escola, e mais precisamente a sala de aula, um espaço comunicativo,
no qual as relações são mediadas pela linguagem, as estratégias discursivas e persuasivas postuladas pela
Retórica podem contribuir para elucidar como se dá a construção desses processos discursivamente.
A Retórica Aristotélica tinha como foco o emprego da linguagem falada, perante uma multidão reunida em
praça pública, a fim de obter a adesão desses espíritos a uma determinada tese, e dessa forma utilizava-se do
discurso oral, servindo-se especialmente dos recursos da eloquência e da oratória. A Nova Retórica, de
Perelman & Olbrechts-Tyteca (2014), debruça-se sobre a linguagem escrita, preocupando-se mais diretamente
com a estrutura da argumentação escrita. Ambas fundamentam as teorias sociorretóricas, de Charles Bazerman
(2015), sobre leitura e escrita como atividades sociais situadas, em que a compreensão de gênero é essencial à
construção da situação comunicativa pelo escritor e pelo leitor.
O ensino da leitura e da escrita, por exigir decisões cognitivas complexas e uma série de ações de linguagem,
é por si só uma tarefa árdua, mas se revela ainda mais desafiadora quando se consideram todas as demais
variáveis nela envolvidas, que compreendem desde a estrutura da escola, os materiais didáticos ofertados até
a heterogeneidade social e formativa da comunidade escolar brasileira. Nesse contexto, uma abordagem que
pretendesse dar conta de todas essas nuances ou que se propusesse a oferecer receitas milagrosas para execução
dessa tarefa poderia revelar-se ingênua e até presunçosa. Por isso, este capítulo apresenta-se como um convite
à reflexão sobre processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita no ensino básico, com enfoque
retórico sobre o auditório e o gênero como conceitos fundamentais para o desenvolvimento do protagonismo
do leitor e do escritor.
ALIADOS E ANTAGONISTAS: POSICIONAMENTOS
ENUNCIATIVOS E RELAÇÕES ENTRE SERES DISCURSIVOS
PROJETADOS EM NOTÍCIA SOBRE DISPUTA JUDICIAL ACERCA
DE ENTREVISTA DE LULA
Alvaro Magalhães Pereira da Silva
A comunicação proposta pelo presente resumo pretende apresentar como a enunciação, para além de projetar
a imagem do locutor e de outros seres discursivos, tece uma rede de relações entre tais seres. Para tanto,
procurou-se verificar os posicionamentos enunciativos dos diferentes seres discursivos que emergiram em
texto do gênero notícia publicado na Folha de S.Paulo a respeito da disputa judicial acerca da possibilidade de
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, conceder
entrevista. Dentro dos quadros das Teorias da Enunciação, e tendo como paradigma a Teoria Polifônica da
Enunciação, proposta por Oswald Ducrot (DUCROT, 1984), e seu posterior desenvolvimento apresentado
pelos autores da Teoria Escandinava de Polifonia Linguística (ScaPoLine) (NØLKE et al, 2004; NØLKE,
2017), propõem-se que o conceito de posicionamento enunciativo diz respeito não apenas ao locutor do
enunciado (lo), como também às demais vozes projetadas na enunciação. Nessa perspectiva, entendeu-se por
posicionamento enunciativo as relações de acordo/desacordo, com suas possíveis gradações, entre os seres
discursivos que emergem na enunciação e pontos de vista encenados pelos quais tais seres discursivos não se
responsabilizam. Tornou-se, com isso, possível descrever as consonâncias e dissonâncias entre seres
discursivos e a projeção de blocos de aliados e antagonistas.
A SEDUÇÃO DA RETÓRICA: E A POLÍTICA CONTEMPORÂNEA
ENTRE RETÓRICA E PARRESÍA
Anderson Da Cunha Pirota
A opinião pública é um fenômeno humano de caráter social cuja difícil abordagem pode ser em parte explicada
pelas influências que sofre do meio externo do grupo que se está inserido. Mas, além disso, esse fenômeno é mediado
por uma escolha de caráter individual onde o indivíduo opina segundo suas crenças, suas posições sociais e seus
interesses. (Maisonneuver, J. 1988:105). A opinião pública, segundo Walter Lippmann (1922), perpassa pela
legitimidade dos discursos de poder nas sociedades de massas, entretanto este entendimento está calcado na
realidade observada. A opinião pública é um espaço de disputa ideológica em que veículos de comunicação como
revistas, jornais, rádio, televisão, internet e cinema, exercem toda sua capacidade estratégica na divulgação e difusão
dos fatos revestidos de imparcialidade e de independência, por um lado e, secretamente, revestidos de opinião
ideológica, e interesses econômicos por outro. Formar ou influir na formação de uma opinião pública favorável a
um determinado interesse político, econômico ou religioso, é uma questão sobre a qual não pesam mais dúvidas,
como sendo objetos explícitos ou não dos grandes conglomerados da comunicação no Brasil e no mundo, e isso,
porque como define Jean-Gabriel Tarde, no livro A psicologia Social, (Maisonneuver, J. 1988:108) “a opinião é
para o público o que a alma é para o corpo: um conjunto de julgamentos sobre problemas atuais aos quais uma
grande parte dos membros da comunidade adere”. Porém, no discurso político o conceito de parresía é a coragem
de dizer a verdade, logo, falar com franqueza e recusar a mentira como instrumento de ‘salvação’, é peculiaridade
da parresía, até mesmo correr um alto risco. Enquanto a retórica se ocupa na técnica do discurso, a título de
persuadir, a paressía se define fundamentalmente como o dizer a verdade numa democracia de autogoverno dos
cidadãos, pondo em risco a sua pessoa que não teme contrariar os valores da maioria. (TÓTORA, S; CHAIA, M.
2016:392). Neste contexto do discurso político, entende-se que a opinião pública, é o campo de disputas em uma
sociedade e, muitas vezes, não se usa a verdade. No decorrer da pesquisa, um problema encontrado são as marcas
de um discurso. Quando da utilização do discurso bem como o seu receio, vão criando no indivíduo via ideologias,
constantes variações de inquietude, fruto do resultado do medo, sendo o discurso uma materialização de ideologias
e de garantir posições representando um interesse de classe e servir de dominação, haja vista que, o discurso
simboliza poder. Foucault salienta com uma profunda clareza diante da força do discurso da materialização do
mesmo, bem como a responsabilidade do locutor ao fazer uso das palavras e da sua entonação ao construir tal
discurso. Essas formulações discursivas é o centro da comunicação, sai do campo do pensamento e vai para o campo
do universo palpável, embora todo discurso é fruto e resultado de outros já proferidos por atores e oradores, mas
leva o ouvinte / sujeito imaginar-se inédito. Entende-se que o discurso nunca é inédito, até mesmo porque o seu
contexto é sempre original, mas inédito é o que vai determinar as idéias transmitidas por este discurso que seja
único, e que são herdados de vários outros discursos transmitidos. No espinhoso campo da retórica e os seus reflexos
na subjetividade, o presente trabalho tem o objetivo de analisar uma retórica aparentemente mais sedutora. Pretende
também compreender a cobertura midiática dos referidos discursos de posse dos presidenciáveis eleitos pós
redemocratização. A metodologia e ser empregada é do estudo de caso
REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO PALAVRA IMAGEM EM
PROCESOS DE LEITURA E PRODUÇÃO DE ESCRITA: UMA
PROPOSTA COM TIRAS DA TURMA DO XAXADO
Andreia Honório da Cunha
Carla Moreira de Paula Prada
Esse trabalho analisa a complexidade das relações comunicativas presentificadas na interação palavra-imagem
como rede produtora de sentidos. Objetiva-se contribuir para os estudos sociorretóricos e sociossemióticos
relativos à relação de complementaridade de sentidos decorrentes da relação palavra-imagem, especificamente
em âmbito escolar pedagógico, enfocando processos de leitura e proposta de produção escrita. O procedimento
metodológico é teórico-analítico e o material de análise foi selecionado no gênero multimodal tiras referentes
à problemática social do Nordeste brasileiro por meio da turma do Xaxado com a finalidade de examinar os
aspectos do sistema e contexto retóricos e sociossemióticos representados no cenário. Nesse sentido, o
arcabouço teórico fundamenta-se nos conceitos apresentados por Bazerman (2015), Reboul (1998), Kress e
van Leeuwen (1996); dentre outros. Como resultado de nossa pesquisa, constatamos que: 1. O percurso
interpretativo e analítico apresentado propicia a professores e alunos percepção crítica quanto ao gênero
multimodal fornecendo subsídios teóricos para implementar de forma crítica e reflexiva novo processo de
leitura que se reflete na produção escrita, por meio da utilização de recursos retóricos e argumentativos e 2. O
uso do gênero multimodal tiras proporciona condições para uma proposta de letramento visual como processos
mentais interpretativos na observação, captação da manipulação do que é visto e se configura como recurso
retórico persuasivo comunicativo.
ETHOS: UMA ESTRATÉGIA NO DISCURSO POLÍTICO EM CENA
André Santos Soares
Este trabalho tem por tema o estudo do ethos discursivo como estratégia do discurso político e fundamenta-se
na Análise do Discurso de linha francesa, que tem se mostrado aplicável aos estudos de diferentes discursos e
por privilegiar o sujeito. Tomando, enfim, a Análise do Discurso e as perspectivas de Maingueneau, o nosso
objetivo geral consiste em analisar o discurso de posse do prefeito João Dória, proferido na ocasião de sua
vitória nas eleições municipais de 2016. A razão que nos motivou a fazer esta pesquisa foi a possibilidade de
compreender o discurso político pela forma como os políticos no Brasil, hoje, decepcionam-nos e, por isso,
carece de reflexões que permitam que a máquina pública, controlada pelos políticos, se volte para o povo e
faça com que o político deixe de pensar em si mesmo. Nossos objetivos específicos foram: identificar a
construção da cenografia e a constituição do ethos discursivo; verificar as estratégias linguístico-discursivas e
depreender os efeitos de sentido criados pelo interdiscurso e relacioná-los com a memória social e discursiva.
Os resultados parciais da análise permitiram-nos concluir que o ethos discursivo constrói-se polêmico, visto
que ele joga com características de pai, esposo, religioso, homem do povo, com o desejo de adesão ao seu
discurso junto ao seu coenunciador. O ethos discursivo construído na cenografia se configura como uma
estratégia de adesão inerente ao discurso.
AS ESTRATÉGIAS RETÓRICAS DE FERNANDO HADDAD E JAIR
BOLSONARO NO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES DE 2018
Daniela Dos Santos Barbosa
Lidiane Pedroso Gonçalves
O Brasil vive um momento político peculiar e, ao mesmo tempo, desafiador do ponto de vista retórico. As
últimas eleições presidenciais, definidas em novembro de 2018, segregaram a população e foi marcada pelas
disputas pautadas por um discurso em que o ódio e as agressões verbais passaram a ser o mote e a estratégia
de debate mais utilizada pelos candidatos. Sabe-se que a Retórica é amoral, ela nem sempre está preocupada
com a verdade, mas com o que se aproxima do que é verdadeiro, o verossímil. Por isso, o presente trabalho
tem por objetivo analisar o discurso político brasileiro do século XXI à luz da Retórica. Com o suporte teórico
de Angenot (2015), Ferrari (2018), Ferreira (2010) e Tringali (2015), será feita uma análise das estratégias
retóricas dos políticos que concorreram, no segundo turno, para o cargo de presidente do Brasil, são eles:
Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT) e Jair Messias Bolsonaro, do Partido Social Liberal
(PSL).
ANÁLISE DO ETHOS DISCURSIVO PRESENTE NO DISCURSO DA
SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO
Dante Augusto Assis Ribeiro De Freitas
Os estudos acerca da linguagem procuram entender como se dão a interação do homem, enquanto agente
social, e mundo. Conceber a relação entre língua e discurso como mediadora das relações sociais do homem
requer um olhar crítico sob a maneira pela qual tais pressupostos dispersam significados sobre os contextos
discursivos. As teorias discursivas têm suma importância para se entender como se dá a consciência social dos
agentes sociais. Por meio da Análise do Discurso de linha francesa e da noção de governamentabilidade
proposta por Foucault, este trabalho tem como objetivo analisar a construção do Ethos discursivo presente no
discurso da Secretaria Estadual de Educação por meio do uso, por parte do professor de Língua Portuguesa,
da proposta curricular do Estado de São Paulo em duas escolas de Ensino Fundamental e Médio, situadas em
situações contextuais diferenciadas, sob o seara do IDHM. Além disso, como a noção de governo está
pressuposto no texto curricular de modo a normatizar as relações dos agentes da educação. Não se pretende
definir o conceito de Estado, mas como os sujeitos são agenciados por intermédio da relação poder/saber em
relação ao modo pelo qual a superestrutura governa o currículo, este considerado como um discurso, para fins
específicos a partir das tecnologias de governo. Para tal, o método utilizado no presente trabalho para a coleta
de dados será entrevista semi-estruturada com os professores de Língua Portuguesa das escolas a serem
analisadas. A pesquisa se caracterizará por apresentar natureza qualitativa e quantitativa e terá como percurso
metodológico de tratamento de dados os pressupostos teóricos apontados das tessituras discursivas presentes
em Maingueneau (2015); (2008), Foucault (2016); (2008) e curriculares em Tomaz Tadeu da Silva (2017);
(2006) em relação à interação entre os participantes da pesquisa.
MOVIMENTO TROPICÁLIA: ANÁLISE DA CAPA DO LP NARA
LEÃO
Delzio Marques Soares
O disco de vinil de 12 polegadas (LP) foi a principal mídia da indústria da música no século XX. Nesse
contexto, a capa que embalava e acondicionava o disco, exercia uma função promocional nas vitrines das lojas,
visando vender o produto dentro de uma estratégia de marketing. Articulando elementos persuasivos por meio
do projeto gráfico, as capas também colaboravam na compreensão e na adesão a uma nova proposta musical,
bem como contribuíam para moldar o ethos de um artista. Este estudo se propõe analisar a parte frontal da
capa do LP Nara Leão, lançado em agosto de 1968, tomado como texto sincrético, ou seja, que faz uso da
linguagem verbal e visual. Com uma sólida carreira fonográfica distribuída em nove LPs, marcados por estilos
que iam do samba à canção de protesto, esse álbum apresenta a definitiva adesão da cantora às propostas do
movimento Tropicália, já enunciada no disco manifesto Tropicália ou Panis et Circencis, lançado no mês
anterior. Se na autoria e nos arranjos das canções estão as assinaturas de outros artistas que atestam esse
vínculo, a capa do LP de Nara apresenta um projeto gráfico bem distinto dos outros quatros álbuns tropicalistas
que o antecederam. Tendo como fundamento a teoria retórica de base aristotélica e os conceitos da Retórica
do Design Gráfico, delineada por Almeida Junior e Nojima a partir do Tratado da Argumentação de Perelman
e Olbrechts-Tyteca, analisaremos o corpus buscando compreender como seu projeto gráfico pode refletir e se
conectar com as propostas do movimento Tropicália.
AUTORIA E RETÓRICA EM PRODUÇÕES ESCRITAS NA ESCOLA
Elioenai Dos Santos Piovezan
Roberta Maria de Souza Piovezan
A autoria de textos escolares por muito tempo tem sido considerada como tarefa de somenos importância em
que o texto do aluno geralmente é tratado como repetição de modelos que lhes são apresentados desde a
alfabetização até o Ensino Médio. Por esse motivo, assumimos neste trabalho que o processo de escrita, quando
realizado com as condições e procedimentos adequados, pode produzir resultados mais positivos do que a
fórmula tradicional da escrita sem propósito e descontextualizada. Nesse sentido, nosso objetivo é refletir sobre
como a atividade de produção escrita pode se tornar mais significativa e colaborar para o desenvolvimento da
capacidade escritora do aluno. Para tanto, analisamos uma experiência com alunos do 6º ano do Ensino
Fundamental II durante uma atividade de produção textual, para constatar, sob a luz da retórica aristotélica, da
Sociorretórica, de Bazerman (2015) e de uma abordagem sócio-interacionista na perspectiva de Bakhtin
(1997), que é possível obter bons resultados. Ao final, ficará evidente que o sistema retórico, o pragmatismo
da Sociorretórica e o interacionismo verbal possibilitam a observação e manejo do texto como lugar de
interação e de produção de discursos eficazes.
A RETÓRICA UTILIZADA NO AMICUS CURIAE COMO
INSTRUMENTO DE CONVENCIMENTO DO JULGADOR
Gabriel Campos Frade Machado
A retórica utilizada no "amicus curiae" como instrumento de convencimento do julgador, temática no qual o
"amicus curiae" em sucinta tradução seria o amigo da corte. Assim, é um auxiliar da justiça para convencer o
julgador de assunto não específico de sua alçada. Traz então um parecer técnico dotado de retórica para
persuadir e ao mesmo tempo convencer de que a tese defendida está correto por fundamentação tanto retórica
quanto argumentativa.
ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA NO JÚRI DE UM TRIBUNAL
POPULAR
Gabriel Henrique Haddad
A presente pesquisa tem como objetivo analisar as paixões aristotélicas despertadas nos jurados por meio do
discurso proferido pela acusação em um tribunal do Júri, nos termos da legislação processual penal brasileira.
Por meio desta análise, serão investigadas possíveis evidências de que o discurso utilizado pela acusação tem
caráter retórico-persuasivo e busca o convencimento dos jurados por numerosos aspectos, sendo eles:
sociológicos, políticos e psicológicos, e não somente nos alicerces da lei brasileira. Além disso, verificar-se-á
de que forma esses aspectos influem no pathos de um Tribunal Popular. A fim de proceder à análise, será
selecionado um processo do Júri na comarca de Franca/São Paulo. Para a pesquisa, no que se refere aos estudos
retóricos e argumentativos, serão tomados como referencial teórico os seguintes autores: Aristóteles (2012),
Perelman (2004), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (2000), Abreu (2002) e Figueiredo et al. (2016)
e Figueiredo (2018). Concomitantemente, no que tange ao referencial jurídico, serão utilizados os autores:
Zaffaroni (2004); Greco (2008); Lopes Jr (2006). Por meio desta pesquisa, espera-se contribuir com o estudo
da aplicação do Direito Penal pátrio sob a perspectiva da Teoria Retórica e seus desdobramentos, tendo o
intuito de evidenciar os diversos fatores que são capazes de influenciar os votos dos jurados no plenário de um
Júri. Palavras-chave: direito penal; argumentação e retórica; júri; paixões retóricas.
A REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE NA ARGUMENTAÇÃO DE
TEXTOS PRODUZIDOS EM SITUAÇÃO DE VESTIBULAR
Inês Teixeira
Sob a perspectiva da retórica, propõe-se uma reflexão analítica da argumentação de redação de vestibular,
diferenciada dos critérios usuais de correção, por compreender que as teorias de estudos da Retórica antiga e
da Nova Retórica são essenciais não só para interpretar enunciados, mas também para construir valores, ideias
e visões de mundo. A análise dos textos textos produzidos em situação real de vestibular permite uma
compreensão da forma como o candidato concebe seus valores e os argumenta socialmente. Também
demonstra como a argumentação retórica insere-se na representação da realidade a partir de palavras-signos
constitutivas de um campo conceitual que indica um constructo discursivo que, por sua vez, dá a base para a
argumentação. Ademais, entender a argumentação sob o olhar retórico propõe um percurso didático no ensino
de redação. A compreensão de como o sujeito descreve a realidade pode aprimorar a interação social e o
desenvolvimento cognitivo, e formar indivíduos competentes para produzir um texto em que haja uma
representação de mundo sólidas e consistente.
DESVENDANDO OS MEMES: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO
DE LEITURA E ESCRITA
Joelma Batista Dos Santos Ribeiro
Márcia Silva Pituba Freitas
Dentre os gêneros midiáticos que circulam no ciberespaço, elegemos para o trabalho com o ensino de leitura
e escrita em Língua Portuguesa o meme, que vem conquistando cada vez maior popularidade. Geralmente,
esse gênero transmite uma mensagem de humor ou ironia e pode ser formado por imagens, figuras, fotografias,
frases ou qualquer elemento que transmita uma mensagem. A argumentação acha solo fértil nele que carrega
uma construção de sentido apoiada na imagem, na intertextualidade e no contexto, ou seja, para dominar a
leitura e a produção do gênero em questão é necessário identificar fatores externos ao texto como: a memória
e a atualização dos fatos que o originaram. O caráter persuasivo do meme está internamente relacionado com
os estudos de retórica que, desde os seus primórdios, não se ocupa com as teses aceitas e provadas; antes,
encarrega-se do que pode ter sido, com o provável, com o verossímil que atua no campo da doxa, ou seja, da
opinião. Aristóteles (2005), filósofo que viveu entre 384 a.C. e 322 a.C., já definira a retórica como sendo
capaz de achar o que cada caso comporta de persuasivo. É nessa perspectiva, aliada à sociorretórica de
Bazerman (2015) que sugerimos a utilização do meme como ponto de partida para o ensino de leitura e
produção textual argumentativa em Língua Portuguesa. Para tanto, propomos na nossa comunicação um breve
histórico sobre a origem (DAWKINS, 1979), as características e a taxonomia dos memes como um gênero
textual midiático (RECUERO, 2007), um brevíssimo panorama teórico sobre retórica (TRINGALI, 2014), e,
por fim, um percurso de leitura de um meme que, potencialmente, balizará o processo de invenção da escrita
de um texto argumentativo.
ESTRATÉGIAS SOCIORRETÓRICAS NA CONSTRUÇÃO DE
TEXTOS ARGUMENTATIVOS
Leonardo Tavares
Mariano Magri
Esta comunicação está situada na área da Retórica Clássica e propõe estratégias para a construção de textos
argumentativos. O tema compreende o trabalho com os elementos extralinguísticos e a relação entre professor
e aluno no momento da produção de textos argumentativos. A base teórica foi fundamentada em Aristóteles
(2013 [384-322 a.C.]) e apoiada em estudiosos mais contemporâneos da Retórica, como Mosca (1997),
Tringali (2008), Bazerman (2013) e Ferreira (2015). O objetivo geral foi demonstrar quais as preocupações o
escritor/orador deve ter para situar o seu auditório de modo adequado para conquistar a adesão. Foram
objetivos específicos: a) demonstrar que a argumentação não se ocupa de construir “verdades”, mas de chegar
ao argumento mais bem adequado ao caso particular; b) mostrar que o auditório não está suscetível a
argumentos baseados na razão, somente; e c) evidenciar que há diferenças entre os raciocínios relativos à
verdade e raciocínios relativos à adesão e nossa preocupação recaiu sobre a adesão. O procedimento
metodológico foi qualitativo com base teórico-analítica.
O MITO DE CRIAÇÃO JUDAICO-CRISTÃO PELA ÓPTICA DA
RETÓRICA DAS PAIXÕES
Luan Marques Domingues
Ainda na atualidade, inúmeras discussões acerca do mito criacional do livro de Gênesis estão presentes, seja
no âmbito religioso, seja no universo acadêmico. Esse fato evidencia o quanto o homem procura entender a
origem das coisas e de si mesmo. Nesse contexto, esta pesquisa tem por objetivo propor uma leitura do texto
criacional de Gênesis sob o viés retórico das paixões propostas por Aristóteles. Dessa maneira, o trabalho traz
consigo a pretensão de verificar se tal leitura é capaz de libertar o leitor de se ater à literalidade do texto bíblico,
podendo, assim, ampliar seu conhecimento acerca do propósito comunicativo do orador, bem como do texto
em si. Em termos metodológicos, será feita uma análise retórica dos capítulos I e II do livro do Gênesis,
seguindo o pensamento do filósofo Aristóteles em seu livro Retórica, em especial o livro II que trata das
paixões. Portanto, trata-se de uma pesquisa bibliográfico-descritiva. Na etapa atual da pesquisa, estamos
investigando a questão do gênero do discurso em que se enquadra o livro de Gênesis, procurando assim ampliar
o entendimento do texto e obter um auxilio para a análise proposta. Esperamos que o resultado deste estudo
nos revele se a leitura pelo viés das paixões pode se constituir em uma ferramenta à disposição do leitor que o
leve a ampliar o entendimento de textos, mesmo quando o acesso ao seu contexto de produção e ao seu contexto
de recepção originário não estejam claramente apresentados.
#SOUPROFESSOR: A MANIPULAÇÃO DISCURSIVA DO ETHOS NA
CONSTRUÇÃO DE UM DISCURSO DE VALORIZAÇÃO
Luana Ferraz
A interseção entre a arte retórica e a arte de educar é assunto em questão desde a Antiguidade, haja vista a
articulação entre docere, delectare e movere que define o objetivo da retórica desde as suas primeiras
sistematizações. Sem dúvida, também na contemporaneidade, o jogo de forças revelado pelos discursos no
âmbito da Educação se mostra profundamente influenciado por estratégias retóricas que permitem negociar
distâncias entre os indivíduos, levando em conta seus aspectos psicológicos, sociais e ideológicos, isto é, o
pensar e o sentir dos sujeitos envolvidos no processo educativo. Como analistas dedicados à investigação dos
procedimentos retóricos utilizados na construção de diferentes discursos, podemos, portanto, nos concentrar
nas mais diversas situações de interação que ocorrem no campo da Educação. Nesta comunicação, em
específico, concentramo-nos em discursos que versam sobre um dos agentes do processo de ensino-
aprendizagem. Assim, partimos da concepção de ethos presente na Retórica aristotélica e das discussões
propostas por autores contemporâneos, tais como Eggs (2005) e Amossy (2005), para investigar a construção
do ethos do professor em depoimentos da campanha #souprofessor, idealizada pela ONG Instituto Península
em 2016. Os vídeos da campanha, veiculados em redes sociais, trazem depoimentos de professores da
educação básica ao ensino superior. A partir de nossas análises, constatamos que a argumentação pelo modelo,
baseada na exploração dos lugares da qualidade e da essência, dá o tom dos depoimentos e contribui para a
construção de um ethos socialmente valorizado, marcado pela competência e pelo amor.
SOCIORRETÓRICA: DA LEITURA E DA ESCRITA PARA ALÉM DO
CONTEXTO ESCOLAR
Luanny Vidal
Luisiana Moura
Quando propomos aos nossos alunos uma atividade de produção escrita, deparamo-nos, muitas vezes, com
certa resistência construída na concepção de que não conseguem realizar a tarefa, pois a encaram como algo
complexo, cujos obstáculos são intransponíveis. No intuito de fazer frente a essa percepção, e a partir de nossa
vivência em sala de aula, propomos uma sequência em etapas para a produção escrita a partir da leitura, com
base em estratégias que explicitam os mecanismos de construção do discurso. O objetivo é trazer sugestões
que possam ajudar nas práticas diárias de ensino de escrita, alicerçadas em situações que reflitam o contexto
real do aluno. Nesse viés, guiamo-nos pela perspectiva da Sociorretórica, entendida como a junção das teorias
que tratam do estudo da linguagem e do discurso, e na aplicação do sistema retórico como ferramenta didática
capaz de explicitar e organizar as partes que constituem o discurso, num duplo movimento de desenvolvimento
da competência leitora e escritora. Considerando nossos interesses de pesquisa, apoiamo-nos na retórica
aristotélica e, também, nos estudos da Nova Retórica de Perelman & Olbrechts-Tyteca (2014), além de
Bazerman, (2011), Ferreira (2017), Fiorin (2015) e Reboul (2004). Esta proposta surge como parte integrante
do percurso investigativo sobre Retórica, Escrita e Autoria na escola, cujas leituras e reflexões revelaram a
aplicabilidade estratégica da retórica em aulas de português, especialmente no que tange ao desenvolvimento
de uma produção escrita autoral e significativa.
“BLACK IS BEATIFUL” – ESTRATÉGIAS RETÓRICAS DA
CAMPANHA DO LANÇAMENTO DO PAPEL HIGIÊNICO
PERSONAL VIP BLACK
Luciene Batista da Conceição
A campanha realizada pela agência Neogama para a empresa Santher, fabricante da marca Personal, sobre o
primeiro papel higiênico preto produzido no país, “Vip Black”, causou polêmica ao ser divulgada na mídia
online em outubro de 2017 utilizando a hashtag #Blackisbeatiful. Apresentando a atriz Marina Ruy Barbosa e
fotografada pelo renomado Bob Wolfenson, profissional consagrado no mundo da moda, a campanha sugeriu
o preto do produto como representante de estilo, sofisticação e luxo, associando-o ao mundo da moda. A
recepção negativa à campanha se deu especialmente pela apropriação da expressão “Black is beautiful”,
utilizada no século 19 pelo abolicionista John Rock e mais tarde empregada na década de 1960 ao movimento
criado por intelectuais e artistas norte-americanos na luta dos direitos civis dos negros, influenciando o
pensamento de milhões de pessoas ao redor do mundo. O resultado pretendido pela agência e pela marca
Personal foi ao desencontro do pensamento dos consumidores, que se sentiram ofendidos com a apropriação
da frase de Rock para a promoção de um item de higiene pessoal cuja cor branca é um referencial. Alvo de
muitas críticas negativas e acusada de racismo, a campanha não foi veiculada em outros meios de comunicação
e logo foi retirada da mídia online. Nesta pesquisa pretendemos analisar qualitativamente a campanha pelo
viés da Retórica, compreendendo teoricamente como as suas estratégias argumentativas não angariaram a
adesão do auditório e promoveram o despertar de paixões disfóricas, não pretendidas. Nesse sentido, o trabalho
terá por sustentação os pressupostos teóricos da Retórica formulados por autores como Aristóteles, Perelman
e Olbrechts-Tyteca, Meyer, Reboul e Ferreira. Palavras-chave: Retórica; Publicidade; Texto verbo-visual;
Pathos; Doxa.
O SILÊNCIO RETÓRICO DE FABIANO EM VIDAS SECAS
Maria Júlia Santos Duarte
O objetivo desta comunicação é investigar o silêncio de Fabiano na obra literária Vidas Secas (Ramos - 2001)
como argumento persuasivo. Esse estudo é parte integrante de uma pesquisa de doutorado recém defendida na
PUC-SP. A teoria que sustenta a análise retórica pauta-se em Aristóteles (s/d), Ferreira (2010), Meyer (1993,
2007), Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996), Reboul (1998) e Tingali (1998, 2014). As referências ao silêncio
e à Literatura advém dos estudos de Barthes (1978, 2004), Foucault (2002, 2015), Le Breton (1997), Steiner
(1988), Teles (1979) e Zumthor (1993). Revisitamos autores que trazem o itinerário do silêncio para o centro
da reflexão e, de modo, mais ou menos explícito e com propósitos diferenciados em função de suas áreas de
atuação, todos consideram a linguagem como forma de interação social que dialoga com o mutismo. Assim, é
considerável o entendimento de o silêncio atuar, contribuir e fazer sentido nas relações sociais e, de maneira
específica, sua caracterização como argumento retórico no texto ficcional. Observou-se no simbolismo de
Vidas Secas o ser e o querer ser, o dito e o não-dito, refletidos nas palavras do orador.
A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DO PERSONAGEM EMÍLIO NA HQ
RUGAS, DE PACO ROCA
Mariana Ferreira Santos
Publicada originalmente em 2007 na França, a História em Quadrinhos “Rugas” do espanhol Paco Roca foi
um sucesso internacional de crítica e público, que a levou a ser adaptada para um filme de animação em 2011.
Lançada no Brasil em 2017 pela editora Devir, a obra trata do tema da doença de Alzheimer por meio do
protagonista Emílio, um idoso internado em um asilo. A obra promove uma imersão do leitor na gradativa
perda de memória vivida pelo protagonista. Compreendendo a HQ como um texto multimodal, amparado numa
relação de revezamento entre o plano de expressão verbal e o visual no construto de sentidos, objetivamos
identificar como os aspectos éticos foram construídos pelo autor-orador por meio da linguagem dos quadrinhos
para despertar no auditório-leitor a empatia pelo personagem protagonista. Em suma, o trabalho propõe uma
análise retórica da HQ, considerando como o caráter do protagonista contribui para a adesão do auditório-
leitor. Como aparato teórico, as obras de autores da retórica como Aristóteles, Reboul, Meyer e Ferreira serão
associados aos estudos da linguagem dos quadrinhos de autores como Eisner, McCloud e Ramos, bem como
aos fundamentos da retórica da imagem formulados por Barthes. Amparados pela revisão bibliográfica,
faremos uma análise qualitativa do corpus, visando responder questionamentos como: qual o ethos construído
para o protagonista? Como essa construção é realizada na HQ? A análise retórica revelará que todos os signos
usados na composição do texto em estudo tem valor e relevância para levar o auditório-leitor à comoção diante
dos fatos narrados.
“LONGE DA EXISTÊNCIA, DORA DA VIDA, PARA ALÉM DA
MORTE”: AS PAIXÕES DESPERTADAS EM MÁRIO DE ANDRADE
PELA EXPOSIÇÃO DE ANITA MALFATTI EM 1917
Nayara Christina Herminia Dos Santos
A artista plástica Anita Malfatti é considerada a precursora da arte moderna brasileira. Em sua Exposição de
pintura moderna - Anita Malfatti, em 1917, a artista divulgou 12 pinturas, que agiram retoricamente,
despertando paixões no auditório da época. A exposição atuou como estopim para a Arte Moderna no Brasil e
foi considerada o alicerce para a realização da Semana de Arte Moderna de 22. Dessa forma, nos propomos a
perscrutar retoricamente trechos de quatro artigos publicados pelo escritor Mário de Andrade sob o título O
movimento modernista (1942), no jornal Estado de S. Paulo, em comemoração ao 20º aniversário da Semana
de Arte Moderna de 22; e fragmentos das cartas trocadas entre o autor e a artista plástica Anita Malfatti, na
coletânea Mário de Andrade - Cartas a Anita Malfatti (1989), que discorram a respeito da exposição
mencionada. Os trechos analisados foram publicados após a exposição e reunidos pela historiadora Marta
Rossetti Batista. Destarte, Mário de Andrade, persuadido pelo discurso de Malfatti, teve reações passionais
que foram desde a amizade à devoção, passando pelo amor e compaixão pela artista e sua obra. Portanto,
analisamos as nuances retóricas do discurso proferido por Mário de Andrade, averiguando, para tanto, as
paixões realçadas. Este trabalho se fundamenta sobre o alicerce teórico da Retórica, com os estudos de autores
como Aristóteles (2015), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (1993), Reboul (2004), Fiorin (2014), e
Tavares (1987). Sobre Malfatti, sua obra e o contexto cultural de sua época, consideraremos os trabalhos de
Batista (2006). Como resultado obtido, foi possível, por meio do discurso de Mário de Andrade, averiguar as
paixões eufóricas despertadas pela exposição, constatando que essas paixões incitadas alavancaram a Arte
Moderna e serviram de base para instituir uma nova forma de expressão artística em nosso país.
LINGUAGEM DAS EMOÇÕES: HALLELUJAH, A MÚSICA COMO
INSTRUMENTO RETÓRICO
Priscila Antunes De Souza
Hallelujah, composta por Leonard Cohen em 1985, foi gravada por mais de 300 artistas. Estudar o alcance
retórico dessa canção é necessário por sua relevância no contexto musical e reconhecimento internacional.
Ademais, a estrutura em que foi composta fornece ao artista possibilidades quanto à interpretação, permitindo
que seja utilizada com distintos fins persuasivos. Como corpus, selecionamos dois arranjos distintos: de Rufus
Wainwright, na voz de John Cale (filme: Shrek) e a versão original do compositor Leonard Cohen (filme:
Watchmen). Neles, buscaremos depreender os elementos musicais e suas variações interpretativas com vistas
a desvelar seu alcance persuasivo no contexto em que foram enunciadas. Utilizaremos, para tanto, teorias
advindas de duas áreas do conhecimento: Retórica e Música. Quanto à retórica, valeremos das proposições de
Aristóteles (2015), Meyer (2007) e Figueiredo (2006, 2010). Quanto aos aspectos pisicomusicais,
exploraremos os estudos de Copland (1939), Sloboda (2008), Gorbman (1967), Agawu (2012) e Meyer (1956).
Procederemos à análise qualitativa do corpus indicando quais recursos da composição e suas modificações
podem influir no envolvimento do ouvinte, despertando, assim, a(s) paixão(ões) adequadas ao contexto.
Esperamos que a análise permita evidenciar a maneira como diferentes execuções de uma mesma canção pode
despertar paixões distintas e, consequentemente, atingir auditórios diversos.
O ENSINO DA PRODUÇÃO TEXTUAL COM FOCO NO PROCESSO :
A VERSÃO TEXTUAL DA AÇÃO RETÓRICA
Ricardo Ugeda Mesquita
Rosíris Flocco
A proposta deste trabalho volta-se para o uso do contexto retórico como suporte pedagógico essencial no
processo de ensino das produções textuais em âmbito escolar. Nesses casos, as produções textuais escolares
são dirigidas somente a um auditório. Dessa forma, o autor – aluno preocupa-se somente com a
superficialidade do texto, afastando-se da sua autoria enfocando somente o produto final a ser avaliado pelo
auditório – o professor. Objetiva-se, portanto, contribuir com os estudos sociorretóricos associados ao processo
da escrita em âmbito escolar, de forma que o aluno-escritor aproxime-se cada vez mais de sua própria autoria
valendo-se dos elementos do contexto retórico. O procedimento metodológico é teórico bibliográfico. O
arcabouço embasa-se em questionamentos ante às práticas do ensino da produção textual, no ambiente escolar,
e ressalta a possível relação dos elementos retóricos com o processo de construção da escrita. Para tanto,
apoia-se em Barthes (1975), Bazerman (2015), Ferreira (2010), Passarelli (2010) Tringali (2014) dentre outros.
Como resultado, a pesquisa oferece recursos aos professores sobre os processos de constituição da produção
escrita por intermédio do uso dos elementos do contexto retórico para além do que se julga como introdução,
desenvolvimento e conclusão. Dessa forma, os atores envolvidos nesse processo passam a ter maior
consciência da importância e da necessidade de revisar com cuidado seu texto tendo em vista um interlocutor
real para além do mero professor avaliador.
FUNDAMENTOS E PERSPECTIVAS DA RETÓRICA: PONTO DE
REFERÊNCIA PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
FUNDAMENTADO NO ESTUDO DE GÊNEROS
DISCURSIVOS/TEXTUAIS, DE PLANOS DE TEXTO E DE
SEQUÊNCIAS COM VISTAS À PROFICIÊNCIA ESCRITA
Tatiana da Conceição Gonçalves
Desde a virada do século XX, o ensino de Língua Portuguesa vem ampliando suas fronteiras, visto que
diferentes campos de estudos da linguagem, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Teoria dos
Atos de Fala, a Retórica apontam para caminhos que levam o estudo da Língua Materna a repensar e a
transcender visões apenas prescritivas de ensino. Desta maneira, este trabalho intenciona focalizar nos
fundamentos e perspectivas da Retórica como referência para o ensino de Língua Portuguesa no Instituto
Federal do Amapá, considerando, para tanto, os aspectos teóricos delineados por (CABRAL, 2017);
(FERREIRA, 2010); (FIORIN, 2015); (MOSCA, 2004); (PERELMAN, 1993), os quais subsidiarão os
métodos e as propostas de ensino do docente de Língua Portuguesa do IFAP voltados, principalmente, para a
produção textual com vistas à proficiência escrita. Sendo assim, a partir de um trabalho com a produção de
gêneros discursivos/textuais e sequências buscar-se-á a elaboração de planos de texto e o estabelecimento de
critérios de organização textual, tendo em vista os princípios teóricos descritos acima. Com efeito, acredita-se
que as orientações teórico-metodológicas sustentadas nos fundamentos e pressupostos da Retórica possam
possibilitar, preliminarmente, a proficiência escrita do estudante.
BIOGRAFISMO E RETÓRICA: A ESCRITA BIOGRÁFICA NO
ENSINO SUPERIOR
Tiago Ramos E Mattos
Éber José dos Santos
Biografia é a apreciação, descrição e contemplação da vida. Segundo Bakhtin (2010), o biografismo e o
biográfico, sejam nos gêneros do discurso biografia ou autobiografia, compõem um espaço discursivo em que
o eu-para-si não é constitutivo da forma. O “eu” somente existe diante de um “você”. Trata-se de uma
perspectiva dialógica donde a busca biográfica sempre se dá pela constituição de uma identidade e o encontro
da identificação com valores sociais e institucionais, inerentes a cada um de nós: a família, a religião, a
profissão, a política, a escola etc. A partir desse contexto e com enfoque na escola, levantamos o seguinte
questionamento: por meio do princípio de alteridade (interação entre o eu e o outro), quais os lugares retóricos
que o aluno, orador-autor, utiliza para imprimir veracidade, convencimento e persuasão, quando escreve um
texto biográfico? Desse modo, este trabalho tem como objetivo definir, encontrar e avaliar os argumentos
identificados na escrita do gênero biografia que justifiquem a busca pela veridicção característica do gênero
biográfico. Para isso, empregamos as considerações teóricas fundamentadas em Bakhtin (2010), Bazerman
(2015), Ferreira (2010), Goffman (1982), Perelman-Tyteca (2014), entre outros. Para cumprirmos essa tarefa,
nosso objeto de estudo é um texto biográfico, produzido e autorizado – para publicação – pelo aluno Willian
Veríssimo da Cruz sobre a vida de Rodolfo Luiz de Oliveira, ambos concluintes do Curso Superior de
Tecnologia em Eventos, de uma faculdade pública, situada na cidade de Cruzeiro, SP, Região Metropolitana
do Vale do Paraíba. Pela análise sóciorretórica realizada, foi possível identificar que as preferências do aluno-
biógrafo quanto a argumentos são: enaltecer as qualidades do aluno-biografado e de seu valor como pessoa.
RETÓRICA EM PERSPECTIVA: O UNIVERSO PAREMIOLÓGICO E
SUA POTENCIALIDADE PERSUASIVA
Ticiano Jardim Pimenta
Desde sua sistematização, a funcionalidade da retórica tem sido modificada e incorporada às necessidades e
especificidades de cada período da história humana. Atualmente, ela tem expandido seu alcance para várias
áreas do conhecimento, ampliando, assim, sua importância como arte persuasiva. A paremiologia é o ramo da
Linguística que estuda os fraseologismos tradicionalmente conhecidos como provérbios. Dessa maneira, os
três principais objetivos deste trabalho são: analisar a eficiência dos provérbios como recurso argumentativo;
estudar os provérbios pelo viés da retórica e dos lugares da argumentação; inter-relacionar a retórica e a
paremiologia com vistas a ampliar os horizontes de suas aplicabilidades. De modo a alcançar os objetivos
propostos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de autores consagrados da retórica, como Aristóteles
(2015), e de pensadores modernos e contemporâneos, como Perelman e Tyteca (1996), Tringali (1988), Abreu
(2004), Ferreira (2010); no que tange a paremiologia, podemos destacar Amaral (1976), Albuquerque (1989),
Obelkevich (1988), Steinberg (1985), Vellasco (2000). A seleção do corpus foi realizada a partir da leitura e
análise de obras de cunho sistematizador de provérbios e da utilização da ferramenta Youglish (youglish.com).
Até o momento, dentre outras conclusões, duas análises preliminares permitiram o entendimento de que os
provérbios representam fontes argumentativas eficazes e, como lugar-comum, podem ser analisados sob a
óptica da teoria dos lugares da argumentação.
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