influência da iniciação científica na formação de pesquisador
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7/25/2019 Influência da Iniciação Científica na Formação de Pesquisador
http://slidepdf.com/reader/full/influencia-da-iniciacao-cientifica-na-formacao-de-pesquisador 1/3
Influênciada Iniciação Científica na Formação de Pesquisadores
Pesquisadores Diva Lopes da Silveira (coordenadora),Alexandre Gomes Ga-
lindo, Jadcele Gonçalves Gondrae Paulo Roberto Nunes Pinto
Instituição: UniversidadeFederalRural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Fonte financiadDra:
CNPq (PIBC/UFRRJ-UFES)
Problemática
A questão da influência da ini-
ciação cientrfica (IC) na fonnação de
pesquisadores pode ser entendida em
tennos da contradição fundamental
existente entre a concepção de ciên-
cia como patrimônio da humanidade e
a sustentação deSse conceito pelas
escolas (de 12,22,32 e 42graus). De
fato, a iniciação à ciência nas institui-
ções de ensino superior (IES) tende a
começar nos programas de p6s-gra-
duação. Ora, em paTsescomo o Bra-
sil, isso é o mesmo que reservaresse
bem público para uma minoria,já que,
como sabemos, apenas uns poucos
conseguem chegar até esse nTvelde
escolaridade.
Essa contradição tende a negli-
genciar o processoque o IC envolve.
Como propõe Silveira 1991 , a IC se
refere a um processode socialização
de conteúdos como os técnico-cientr-
ficos (por exemplo, teorias e metado-
lagias), os filos6ficos (por exemplo, a
busca da totalidade do saber, a ética
da pesquisa) e os polTtico-sociais(por
exemplo, a democratizaçãodos resul-
tados da pesquisa), os quais são in-
terpretados e intemalizados como di-
retrizes para o comportamento do ci-
dadão-pesquisador (Bernstein, 1987,
p.18). A iniciação à ciência implica,
portanto, um processo longo, talvez
nunca tenninado, que será tanto mais
crTticoe democrático quanto mais ce-
do começado. Ou seja, a maioria ex-
cluTdae a minoria privilegiada s6 te-
rão a ganhar com a antecipação (de-
vida) desse processo para a gradua-
ção e antes desta, acompanhado, é
claro, da pesquisa e dos seus meios
de sustentação (bolsa de IC, por
exemplo).
Assim definida, a IC influencia e
é influenciada (entre outras coisas)
pelas realidades objetivas e subjeti-
vas da IES onde se desenvolve. Por
realidades objetivas entendemos aqui
o grau de articulação entre enSinO,
pesquisa e extensão e entre as suas
funções técnico-cientrficas e polrtico-
sociais e o grau de interdisciplinarida-
de existente na IES. As realidades
subjetivas incluem os aspectos moti-
vacionais como ps _ posicionamentos
(intemalizados) dos indivTduossobre
tais atividades.e funções e as articu-
lações entre estas.
Essa problemática, aqui breve-
mente descrita, clama por polTticas
institucionais (e nacionais) de pesqui-
sa e de IC comprometidas çom a glo-
balidade da fonnação do pesquisador,
e por maneiras de pensar (r~fletir e
tratar) a implementação das mesmas.
Uma dessas- maneiras, proposta por
Silveira
1991 ,
é pen ;ar-(nos dois
96
R. b ras. Est . pedag ., Brasf lik V. 2 n . 170 , p . 96-98 , jan .lab r. 1991
..,..
sentidos do verbo) o processo de IC
no conjunto das relações entre a es-
trutura posicional (Vlasceanu, 1976
e do campo de iniciação cientrfica . A
estrutura posicional, no caso da pes-
quisa e da IC, inclui os pesquisadores
(professores, alunos e outros), os ad-
ministradores das IES e as relações
de poder (Bernstein, 1987) entre es-
ses agentes nas decisões sobre a
(re)formulação de polTticasde pesqui-
sa e de IC, alocaçãode recursos etc.
O campo da IC refere-se,especifica-
mente, aos pesquisadores e às suas
relações de controle sobre as deci-
sões e realizaçõesdas atividades ine-
rentes ao processo de IC e das pes-
quisas que eles desenvolvem. Onde
as relações entre as duas dimensões,
as polTticasgovemamentais e a so-
ciedade em geral forem dialéticas,
supõe-se que o processo tenha uma
influência estimuladora na fonnação
de pesquisadoresnas IES. Onde essa
dialética falhar, o processo poderá
correr o risco de se transfonnar num
mero banco de bolsas ou de mão-
de-obra para a pesquisa, e respon-
der, precariamente, às necessidades
sociais, ou de esvaziar a estrutura po-
sicional e o campo de iniciação que o
sustentam.
Este trabalho pretende ser uma
contribuição para a IC como processo
institucional. Para isso busca: a) iden-
tificar e analisar os posicionamentos
dos pesquisadores da UFRRJ quanto
à atividade e à função básica da uni-
versidade, ao processo de IC propria-
mente dito, à interdisciplinaridadee à
articulação entre o ensino de gradua-
ção e a pesquisa; b) solicitar aos pes-
quisadores propostas de polfticas de
pesquisa e de IC, c) sugerir,aos ca-
nais competentes da UFRRJ, algu-
mas diretrizes para a implementação
dessaspolfticas.
éto o
O estudo coletou os dados atra-
vés de questionário (pré-testado)junto
a 63 pesquisadores (quarenta do
PIBIC/CNPq e trinta do balcão do
CNPq) e a 49 alunos bolsistas do
Programa Interinstitucional de Bolsas
de Iniciação Cientr fica (PIBIC) do
CNPqlUFRRJ-UFES, implantado em
1989. Esse campo de IC já participou
de várias atividades (por exemplo,
seminários sobre ética de pesquisa,
iomadas de IC), organizadas pela es-
trutura posicional do PIBIC/CNPqI
UFRRJ. As respostas dos participan-
tes estão sendo examinadas através
da técnica de análise de conteúdo
(Grace,
1978 , agrupadas
por áreas
do conhecimento (ciências da vida,
exatas e humanas/sociais),classifica-
das como integradasou não-inteQra-,
das (Bemstein, 1987) e situadas em
nTvelmacro da Nação (por exemplo,
as propostas de polTticas govema-
mentais) e em nTvelmicro da estrutu-
ra posicional e do campo de IC do
PIBIC/UFRRJ.
lguns resultados
A
pesquisa vem demonstrando
uma tendência geral para considerar
básica a articulação entre ensino,
pesquisa e extensão e entre as fun-
ções técnico-cientrticae polftico-soclal
das IES. Nesse sentido, os depoimen-
tos foram classificados como integra-
dos, o que supõe um espaço impor-
tante para a realização da IC como
R. b ras. Est . pedag ., Brasf lia, v . 72, n . 170 , p .96-98 , jan .lab r. 1991
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processo e de pesquisas interdiscipli-
nares. Não foram poucos os depoi-
mentos sobre essa função básica.
Num deles, por exemplo, diz-se que
-a universidade deve associar o saber
e sua produção ao quadro de neces-
sidades da sociedade, pois ela espera
respostas para os seus problemas .
Isso nos remete não só ao cumpri-
mento das competências técnica e
polrticada educação, como também à
influênciada ICnesse processo.
Quanto às propostas,destaca-
mos aqui a continuaçãodo PISIC,o
aumento do número de bolsas, o
apoio a projetosemergentesde pes-
quisa, a avaliaçãodos desempenhos
docente e discente e da pesquisa.
Numcontextode ICcomoprocesso,
essas propostas reivindicat6riassão
pensadas comomeiosimportantesde
sustentação e superaçãode algumas
contradiçõesque a ciênciacomobem
públicoenvolve.
Cumpre esclarecer que a pes-
quisa está em fase finalde elabora-
ção de artigos e de relatóriose que,
emborase refiraa umprogramaainda
relativamentenovona UFRRJ(e em
outras IES),o PISICé, no nossoen-
tender, crucial nas decisões para a
implementaçãode polfticasde pes-
quisa e de ICno ensinode gradução
de todoo Pars.
Referências bibliográficas
BERNSTEIN, B. Class, codes and con-
trol. London: Routledge Kegan
Paul, 1971. v.1, p.85-115: Sobre a
classificação e a estruturação do co-
nhecimento educacional. (trad. por
DivaL.da Silveira, Ed. UFRRJ,1987).
GRACE, G. Teachers, ideology and
controL London: Routledge Kegan
Paul, 1978.
SILVEIRA,D. L. da. Iniciação cientlfica
na graduação: uma proposta da
UFRRJ. In: REUNIÃO ANUAL DA
SBPC,43, 1991. Rio de Janeiro. Ciên-
cia e sobrevivência. Rio de Janeiro:
UFRRJ, 99 p.543-544.
VLASCEANU,L. Decision and innova-
tion in the Romanian education sys-
tem: a theoretical exploration of tea-
chers's orientation. London: 1976.te-
se (doutorado) - University of
London.
98 R. bras. Esl. pedag., Brasllia. v. 72, n. 170, p. 96-98, jan.labr. 1991
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