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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Departamento de Engenharia Civil
ISEL
Ampliao do Porto de Pesca de Rabo de Peixe, Ilha de So Miguel, Aores
Peas Escritas
LUCLIA ALVES LUS
Licenciada em Engenharia Civil Trabalho de Projecto para obteno do grau de Mestre em Engenharia na rea de
Especializao em Hidrulica
Orientador:
Licenciado Equiparado a Prof. Adjunto do ISEL, Especialista da OE - Jos Pedro Fernandes
Jri: Presidente: Mestre Cristina Ferreira Xavier Brito Machado, Prof. Coordenadora (ISEL) Vogais:
Doutor Joo Alfredo Ferreira dos Santos, Prof. Coordenador (ISEL)
Licenciado Jos Pedro Coelho Fernandes, Eq. Prof. Adjunto (ISEL)
Dezembro de 2010
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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Departamento de Engenharia Civil
ISEL
Ampliao do Porto de Pesca de Rabo de Peixe, Ilha de So Miguel, Aores
Peas Escritas
LUCLIA ALVES LUS Licenciada em Engenharia Civil
Trabalho de Projecto para obteno do grau de Mestre em Engenharia na rea de Especializao em Hidrulica
Orientador: Licenciado Equiparado a Prof. Adjunto do ISEL, Especialista da OE - Jos Pedro Fernandes
Jri: Presidente: Mestre Cristina Ferreira Xavier Brito Machado, Prof. Coordenadora (ISEL) Vogais:
Doutor Joo Alfredo Ferreira dos Santos, Prof. Coordenador (ISEL)
Licenciado Jos Pedro Coelho Fernandes, Eq. Prof. Adjunto (ISEL)
Dezembro de 2010
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AGRADECIMENTOS equipa tcnica que participou na elaborao deste trabalho, nomeadamente Sofia Freire, ao Miguel Robert, ao Joo Prado, ao Srgio Santos, Ftima Correia e Ana Maria Santos. Quero tambm manifestar o meu agradecimento Consulmar Projectistas e Consultores, Lda. e Lotaor Servio de Lotas dos Aores, S.A. por permitirem o uso deste trabalho prtico para fins acadmicos.
I
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RESUMO Refere-se o presente trabalho ao Estudo Prvio de Ampliao do Porto de Pesca de Rabo de Peixe, situado na costa norte da ilha de So Miguel, no arquiplago dos Aores. Trata-se de um estudo que se reveste de alguma complexidade, no s pelas condies de agitao severas que assolam frequentemente toda a costa norte da ilha, como pelas particularidades das infra-estruturas existentes e programa de necessidades a satisfazer. A sua realizao envolveu o uso de vrias ferramentas de clculo, designadamente de um programa matemtico de Refraco Espectral, para transferncia da agitao do largo para o local, modelao matemtica da propagao da agitao para o interior do porto, e formulaes vrias para predimensionamento estrutural dos mantos de proteco, muros-cortina e verificao da estabilidade do molhe em estrutura mista. O Estudo Prvio inicia com a descrio das infra-estruturas porturias existentes e historial do porto, passa depois para a caracterizao das condies naturais locais, procedendo-se posteriormente definio do programa de necessidades. Por ter envolvido o estudo de um grande nmero de solues (cerca de onze), antes da descrio das solues preseleccionadas e posteriormente analisadas mais detalhadamente (apenas trs), procede-se descrio de todas as solues alternativas e variantes inicialmente consideradas, enumeram-se as suas principais caractersticas, vantagens e desvantagens, bem como as razes que levaram sua excluso. Para cada uma das trs solues alternativas preseleccionadas apresenta-se:
Descrio e justificao do Arranjo Geral; Caracterizao do comportamento hidrulico e estrutural esperado das obras de
abrigo; Descrio das obras interiores propostas; Interferncia nas condies actuais de entrada no porto; Processo construtivo; Estimativa de custo.
Finalmente, procede-se anlise comparativa das solues propostas e recomendao da que se considera tcnica e economicamente mais vantajosa.
II
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ABSTRACT This paper covers a Preliminary Expansion Study for the fishing port of Rabo de Peixe, situated on the north coast of the island of So Miguel in the Azores. This study is somewhat complex, not only because of frequently severe wave agitation along the islands whole northern coast, but also because of the existing infrastructures specific conditions and the programmed needs to be met. The study involved applying various calculation tools, particularly a Spectral Refraction mathematical program to transfer nearshore agitation to the respective location, the mathematical modelling of agitation propagated into the port, various formulas for the structural pre-design of protection layers, curtain walls and to confirm the stability of the jetty built of a mixed structure. The Preliminary Study begins by describing the ports existing infrastructures and history, characterizes the locations natural conditions and then defines the requirements program. Since the study covered a wide number of solutions (about eleven), before describing the pre-selected solutions (only three), which were analyzed in greater detail, all the alternative and variant solutions initially taken into account are also described and a list was made of their main features, advantages and disadvantages, as well as the reasons for their exclusion. The following was presented for each of the three preselected alternatives:
Description and justification of the General Arrangement; Characterization of the structural and hydraulic behaviour expected from the
protection works; Description of proposed works inside the port; Interference with the ports current entrance conditions; Construction process; Estimated cost.
Lastly, the proposed solutions are subject to a comparative analysis, after which the technically and economically more advantageous solution is recommended.
III
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PALAVRAS CHAVE
Portos de pesca, propagao da agitao para o interior de bacias porturias, onda de projecto, dimensionamento estrutural e hidrulico das obras de abrigo.
KEYWORDS Fishing ports, propagation of agitation into port basins, design wave, structural and hydraulic design of protection structures.
IV
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NOTA PRVIA A anteceder a apresentao do contedo deste Trabalho Final de Mestrado (TFM), cuja escolha recaiu sobre um Projecto realizado pelo autor e sua equipa tcnica, no mbito da sua actividade profissional, faz-se notar que se trata de um trabalho de cariz eminentemente prtico. Assim, foi opo do autor manter a sua apresentao o mais fiel possvel original sem, no entanto, deixar de a conjugar com as regras de apresentao dos TFM institudas, nomeadamente a incluso do sumrio e das palavras chaves, que no mundo profissional normalmente no constam do contedo deste tipo de projectos, bem como a descrio pormenorizada dos mtodos de clculo adoptados que, por constarem da bibliografia da especialidade, geralmente no so descritos, mas apenas referenciados. De registar tambm que o Projecto seleccionado para este TFM foi o Estudo Prvio de Ampliao do Porto de Pesca de Rabo de Peixe. A motivao para esta escolha est associada a caractersticas do local e da estrutura preexistente, que tornam o projecto particular, complexo, e logo, mais interessante, quer do ponto de vista prtico quer do ponto de vista acadmico. A ttulo de exemplo enumeram-se:
A sua localizao costa norte da ilha de So Miguel que caracterizada por um clima de agitao dos mais severos de Portugal;
As infra-estruturas porturias preexistentes:
seu aproveitamento; melhoria das suas condies de funcionamento, segurana e operacionalidade; integrao com as novas infra-estruturas;
Tipo de utilizadores destas infra-estruturas a comunidade piscatria mais
carenciada do pas; Programa de Necessidades a satisfazer e conjugao das pretenses dos seus
utilizadores com as das entidades tutelares; Limitaes fsicas:
plataforma continental estreita;
reduzido nmero de dias com condies para trabalhar, devido ao clima de agitao severo caracterstico do local;
limitaes na obteno de enrocamento de grandes dimenses (no mximo 60 a 90 kN, enquanto no continente se pode obter enrocamento at 150 kN);
V
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ausncia de meios humanos e materiais para realizao deste tipo de obras, obrigando deslocao destes do continente;
Limitaes oramentais sempre presentes na elaborao de projectos em geral,
nestes, em particular, pelo facto de as obras martimas serem muito onerosas, neste caso, agravadas pelas limitaes fsicas referidas.
A opo pela apresentao da fase de projecto correspondente ao Estudo Prvio tambm no foi inadvertida. A sua escolha assenta no facto de se tratar da fase de concepo por excelncia, e logo, a mais complexa e exigente do ponto de vista do conhecimento da Hidrulica Martima e Engenharia Costeira e Porturia exigindo, igualmente, noes de Planeamento Porturio. nesta fase que se elaboram os estudos de caracterizao da agitao martima ao largo, efectua-se a sua transposio para o local, se estimam as alturas de onda de projecto e se predimensionam os elementos constituintes das estruturas de abrigo (blocos dos mantos de proteco e muros-cortina). Com base nos levantamentos topo-hidrogrficos e geotcnicos existentes, ou elaborados para o efeito, gizam-se as diferentes solues alternativas de layout e estruturais, que melhor se ajustam s condies locais. Solues estas que so posteriormente validadas, excludas ou melhoradas, com recurso a modelos matemticos de propagao da agitao para o interior das bacias porturias, permitindo assim avaliar as solues que sero mais eficientes do ponto de vista do abrigo porturio que se pretende conferir. Analisadas as vrias solues alternativas, do ponto de vista hidrulico e estrutural, procede-se elaborao das respectivas estimativas de custo, passando-se finalmente para a sua anlise comparativa, tarefa na qual se entra em conta com inmeros parmetros de avaliao (e.g.: melhoria das condies de abrigo, nmero de postos de estacionamento em flutuao criados, reduo dos galgamentos, aumento das reas molhadas e de terrapleno, criao de postos de estacionamento para embarcaes de recreio e martimo-turisticas, processo construtivo, custo das obras e relao custo/benefcio), concluindo-se com a recomendao da soluo que se afigura tcnica e economicamente mais vantajosa. Concluda a fase de Estudo Prvio, as fases seguintes (Projecto Base e Projecto de Execuo) consistem apenas na confirmao dos pressupostos que levaram recomendao da soluo seleccionada e a pequenas afinaes (Projecto Base) e ao desenvolvimento e pormenorizao (Projecto de Execuo). Uma destas fases normalmente antecedida da realizao de ensaios em modelo fsico reduzido tridimensional para verificao da estabilidade, avaliao dos galgamentos e das condies de abrigo da bacia porturia, cujas especificaes so tambm elaboradas na fase de Estudo Prvio.
VI
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Finalmente, de referir que, embora o Estudo Prvio realizado inclua tambm as estruturas interiores (cais, pontes-cais, doca de prtico, rampas-varadouro, etc.), neste TFM, embora se faa referncia a estas estruturas, optou-se por suprir o seu dimensionamento da Memria Clculo pelo facto de este tipo de dimensionamento estrutural no fazer parte do mbito da especialidade da Hidrulica Martima.
VII
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NDICE DO TEXTO
1 - INTRODUO ........................................................................................................... 1
2 - DESCRIO SUCINTA DAS INFRA-ESTRUTURAS PORTURIAS EXISTENTES ........................................................................................................... 3
2.1 - Historial do porto de pesca de Rabo de Peixe ....................................................... 3 2.2 - Identificao das infra-estruturas porturias existentes ......................................... 3 2.2.1 - Molhe-cais ........................................................................................................... 4 2.2.2 - Cais de descarga ................................................................................................. 5 2.2.3 - Ponte-cais de descarga ....................................................................................... 5 2.2.4 - Reteno de aterro .............................................................................................. 6 2.2.5 - Doca de prtico .................................................................................................... 6 2.3 - Caracterizao das condies de operacionalidade actuais .................................. 8
3 - CARACTERIZAO DAS CONDIES NATURAIS LOCAIS ................................. 11
3.1 - Consideraes prvias ........................................................................................... 11 3.2 - Topo-hidrografia e natureza dos fundos ................................................................. 11 3.3 - Ventos ..................................................................................................................... 12 3.4 - Mar e correntes ..................................................................................................... 13 3.5 - Agitao martima ................................................................................................... 17 3.5.1 - Regime ao largo .................................................................................................. 17 3.5.2 - Regime mdio local ............................................................................................. 18 3.5.3 - Valores extremos ................................................................................................. 20
4 - PROGRAMA DE NECESSIDADES ........................................................................... 25
5 - DESCRIO DAS SOLUES ALTERNATIVAS PREVIAMENTE CONSIDERADAS .................................................................................................... 27
5.1 - Consideraes prvias ........................................................................................... 27 5.2 - Soluo Alternativa 1 e Variantes ........................................................................... 27 5.3 - Soluo Alternativa 2 e Variantes ........................................................................... 31 5.4 - Soluo Alternativa 3 e Variantes ........................................................................... 33 5.5 - Solues preseleccionadas .................................................................................... 36 5.6 - Minimizao dos galgamentos do actual molhe ..................................................... 36
6 - DESCRIO PORMENORIZADA DAS SOLUES ALTERNATIVAS PRESELECCIONADAS ........................................................................................... 37
6.1 - Consideraes prvias ........................................................................................... 37 6.2 - Soluo Alternativa 1 .............................................................................................. 37 6.2.1 - Descrio e justificao do Arranjo Geral ............................................................ 37
VIII
-
6.2.2 - Comportamento hidrulico e estrutural das obras de abrigo ............................... 39 6.2.3 - Caracterizao das obras interiores .................................................................... 41 6.2.4 - Alterao das condies de entrada ................................................................... 43 6.2.5 - Processo construtivo ........................................................................................... 43 6.2.6 - Estimativa de custo ............................................................................................. 44 6.3 - Soluo Alternativa 2 .............................................................................................. 45 6.3.1 - Descrio e justificao do Arranjo Geral ........................................................... 45 6.3.2 - Comportamento hidrulico e estrutural das obras de abrigo ............................... 47 6.3.3 - Caracterizao das obras interiores .................................................................... 49 6.3.4 - Alterao das condies de entrada ................................................................... 50 6.3.5 - Processo construtivo ........................................................................................... 51 6.3.6 - Estimativa de custo ............................................................................................. 52 6.4 - Soluo Alternativa 3 .............................................................................................. 52 6.4.1 - Descrio e justificao do Arranjo Geral ........................................................... 52 6.4.2 - Comportamento hidrulico e estrutural das obras de abrigo ............................... 54 6.4.3 - Caracterizao das obras interiores .................................................................... 56 6.4.4 - Alterao das condies de entrada ................................................................... 57 6.4.5 - Processo construtivo ........................................................................................... 57 6.4.6 - Estimativa de custo ............................................................................................. 58 6.5 - Soluo para minimizar os problemas de galgamento do actual
molhe ..................................................................................................................... 58
7 - ANLISE COMPARATIVA DAS SOLUES ALTERNATIVAS PROPOSTAS .......................................................................................................... 61
7.1 - Resumo das caractersticas das solues ............................................................. 61 7.2 - Anlise Comparativa de Solues .......................................................................... 62 7.3 - Concluso - Soluo recomendada ....................................................................... 67
REFERNCIAS CONTIDAS NO TEXTO ....................................................................... 69
REFERNCIAS NO CONTIDAS NO TEXTO .............................................................. 71
PEAS DESENHADAS APNDICES: APNDICE I FIGURAS VENTOS E AGITAO EXTERIOR (ao largo e local) APNDICE II RESULTADOS DO MODELO MATEMTICO MIKE 21 (Propagao da
agitao local para o interior da bacia) APNDICE III MEMRIA DE CLCULO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS
CONSTITUINTES DAS OBRAS DE ABRIGO APNDICE IV ESTIMATIVA ORAMENTAL APNDICE V ESPECIFICAO PARA REALIZAO DE ENSAIOS EM MODELO
FSICO REDUZIDO ANEXO LISTAGEM DA FROTA DE PESCA LOCAL
IX
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X
NDICE DE FOTOGRAFIAS Fot. 1 Fotografia area da baa de Rabo de Peixe (Google, 2007) ....................... 4 Fot. 2a) Fotografia area das infra-estruturas porturias de Rabo de
Peixe (Google, 2007) .................................................................................. 7 Fot. 2b) Fotografia oblqua da baa de Rabo de Peixe (Luclia, 2009) ..................... 7
NDICE DE QUADROS Quadro 1 Valores de Hs (m) em Q0, a -30 m (ZH) ..................................................... 21 Quadro 2 Valores de Hs (m) em Q1, a -14 m (ZH) ..................................................... 22 Quadro 3 Valores de Hs (m) em P1, a -10 m (ZH) ..................................................... 22 Quadro 4 Valores da altura de onda limitada pela profundidade ................................ 23
NDICE DE FIGURAS Fig. 1 Soluo 1 e Variante A .................................................................................... 28 Fig. 2 Soluo 1 Variantes B e C ............................................................................... 30 Fig. 3 Soluo 1 Variante D .................................................................................... 30 Fig. 4 Soluo Alternativa 2 e Variante A .................................................................. 31 Fig. 5 Soluo 2 Variante B .................................................................................... 33 Fig. 6 Soluo Alternativa 3 e Variante A .................................................................. 34 Fig. 7 Soluo Alternativa 3 Variante B .................................................................. 35 Fig. 8 Alteamento do muro-cortina do molhe existente .............................................. 36
NDICE DE DESENHOS Des. 1 Planta da Situao Actual Des. 2 Soluo Alternativa 1 Planta Des. 3 Soluo Alternativa 1 Perfis Des. 4 Soluo Alternativa 2 Planta Des. 5 Soluo Alternativa 2 Perfis Des. 6 Soluo Alternativa 3 Planta Des. 7 Soluo Alternativa 3 - Perfis
-
AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
1
1 - INTRODUO
Refere-se o presente documento ao Estudo Prvio de Ampliao do Porto de Pesca de
Rabo de Peixe, na ilha de S. Miguel. Deste Estudo Prvio consta o estudo de vrias
solues alternativas das quais se preseleccionaram e desenvolveram as trs que
revelaram maior viabilidade.
Antecederam a elaborao deste Estudo, uma visita ao local e a realizao de uma reunio
com representantes das entidades tutelares.
Este documento constitudo pelos seguintes captulos:
Descrio das infra-estruturas porturias existentes;
Caracterizao das condies naturais locais;
Estabelecimento do Programa de Necessidades;
Descrio das solues alternativas consideradas;
Estudo mais detalhado das Solues alternativas preseleccionadas;
Anlise comparativa das solues alternativas propostas,
fazendo igualmente parte deste documento, a estimativa oramental das vrias solues
preseleccionadas, bem como as peas desenhadas que ilustram cada uma das solues.
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
3
2 - DESCRIO SUCINTA DAS INFRA-ESTRUTURAS PORTURIAS EXISTENTES
2.1 - Historial do porto de pesca de Rabo de Peixe
Desconhece-se a data em que teriam sido construdas as primeiras infra-estruturas
porturias na baa de Rabo de Peixe. Sabe-se, no entanto, que at ao incio dos anos 80, as
infra-estruturas existentes limitavam-se a uma pequena rampa-varadouro e a uma rea para
estacionamento de embarcaes a seco, situada cerca de 14 m acima do ZH (1).
No decurso da dcada de 80, as instalaes foram alargadas com a construo de uma
segunda rea de estacionamento cota +7,00 m (ZH), terrapleno este que ter sido
protegido da agitao martima por um muro-cortina e Tetrpodos. Nesta altura foi tambm
construda uma segunda rampa para acesso ao novo terrapleno e em terra, uma lota.
No perodo entre 1998-2000 foram construdas novas obras na bacia de Rabo de Peixe,
para melhorar as condies de segurana na entrada das embarcaes de pesca artesanal
s referidas rampas.
2.2 - Identificao das infra-estruturas porturias existentes
O porto de pesca de Rabo de Peixe actualmente constitudo por obras de acostagem,
obras de alagem e varagem e terrapleno para estacionamento de embarcaes. Para o
abrigar, existe um molhe, com a orientao aproximada de NE-SW (ver Fot. 1) (Consulmar,
1999).
No intradorso do molhe est construdo, adjacente ao mesmo, um cais de descarga com
fundos de servio a -5 e -3,00 m (ZH) e cota de coroamento +3,0 m (ZH).
Aderente ao cais, na zona do enraizamento com o terrapleno, existe uma doca de prtico
com 5 m de largura por 15 m de comprimento. Tambm nesta zona, para reter os
terraplenos, existe uma reteno perpendicular ao cais, a qual interrompida por uma
ponte-cais de 40 m de comprimento por 5,5 m de largura.
(1) - Nos Aores o Zero Hidrogrfico encontra-se 1 m abaixo do nvel mdio do mar.
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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Fot. 1 - Fotografia area da baa de Rabo de Peixe (Google, 2007)
2.2.1 - Molhe-cais
O molhe-cais enraza na Av. Marginal e apresenta cerca de 240 m de comprimento (ver
Fots. 2a) e b) ponto 1).
constitudo por um ncleo trapezoidal de enrocamento de todo o tamanho (tot), revestido
por mantos de enrocamento seleccionados e de blocos artificiais (cubos Antifer) e encimado
por uma superstrutura de beto simples.
O ncleo revestido exteriormente por um manto de enrocamento de 10 a 30 kN, com
2,0 m de espessura e inclinao do talude de 1/1,5 (V/H), e por um manto de proteco
exterior constitudo por blocos Antifer de 150 kN, com uma espessura de 3,90 m at o molhe
atingir a batimetria de -5,00 m (ZH) e blocos Antifer de 300 kN, com uma espessura de
4,90 m, no restante corpo do molhe e na cabea.
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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No intradorso, excepto na extenso do cais, revestido por um manto de enrocamento de
10 a 30 kN, com 2 m de espessura, sobre o qual est colocado o manto de proteco de
blocos Antifer de 150 kN, com 3,90 m de espessura.
A cabea do molhe tronco-cnica, sendo o manto de proteco constitudo, tambm, por
blocos Antifer de 300 kN, com a inclinao do talude de 1/1,5 (V/H).
A superstrutura em beto simples, assente sobre a ncleo de tot. Dispe de uma
plataforma com 8 m de largura cota +2,5 m (ZH) e de um muro em degrau, com uma altura
total de 7,0 m no extradorso, para apoio do manto de proteco. No intradorso a cota do
muro atinge apenas a +6,0 m (ZH).
2.2.2 - Cais de descarga
A infra-estrutura do cais (ver Fots. 2a) e b) ponto 3) corresponde a um tradicional muro em
colunas de blocos de beto simples em forma de I, com os poos entre os pilares, cheios
de enrocamento e encimados por uma superstrutura de beto simples, betonada in situ
(Consulmar, 1997).
Nos remates dos cantos de cais, foram utilizadas aduelas de beto armado, preenchidas
com beto.
Os blocos assentam sobre um prisma de enrocamento de 0,2 a 0,5 kN, com espessura
mnima de 0,50 m e plataforma regularizada com brita.
No tardoz das colunas de blocos localiza-se o prisma de alvio constitudo por enrocamento
de todo o tamanho (tot).
2.2.3 - Ponte-cais de descarga
A ponte-cais (ver Fots. 2a) e b) ponto 4) constituda por pilares de aduelas de beto
armado preenchidas com beto simples, assente sobre prismas de enrocamento de
fundao de 0,3 a 0,5 kN.
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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Estas aduelas tm o coroamento cota +1,50 m (ZH) e sobre elas assente a superstrutura
de beto in situ, em toda a largura (5,50 m) custa de vigas prefabricadas com
comprimento de 8,5 m e seco rectangular de 0,70 m x 0,50 m. Sobre as vigas apoia uma
laje de tabuleiro com 0,20 m de espessura.
2.2.4 - Reteno de aterro
A reteno existente implanta-se perpendicularmente ao cais de descarga (ver Fots. 2a) e
b) ponto 5), apresenta uma extenso de 40 m, e constituda por um prisma de
enrocamento de todo o tamanho (tot), revestido exteriormente por uma proteco de
enrocamento de 10 a 30 kN, com 2,0 m de espessura.
No coroamento da reteno encontra-se um bloco de beto simples de seco prismtica,
que faz o remate do pavimento.
2.2.5 - Doca de prtico
Aderente ao cais, sobre a reteno marginal (ver Fots. 2a) e b) ponto 6), foi construda
uma doca de prtico com fundos de servio de -3,0 m (ZH). A estrutura do tipo gravidade e
apresenta uma largura de 5,0 m, um comprimento til de 15 m e total de 26 m, dos quais,
9 m ficam sobre a reteno.
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
7
2
3 6 1 5
4 8
7
Fot. 2a) - Fotografia area das infra-estruturas porturias de Rabo de Peixe (Google, 2007)
1 6 3 4 7
Fot. 2b) - Fotografia oblqua da baa de Rabo de Peixe (Luclia, 2009)
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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2.3 - Caracterizao das condies de operacionalidade actuais
O porto de pesca de Rabo de Peixe, tal como existe actualmente, devido sua localizao
totalmente exposta agitao do quadrante de norte, ao programa de necessidades ento
estabelecido e a restries de ordem financeira, foi concebido, projectado e construdo para
ter condicionantes importantes de operacionalidade, (Consulmar, 2001).
Foi assumido e verificado nos ensaios em modelo fsico reduzido (LNEC, 1998) que a obra
de abrigo era francamente galgvel; s se previa estacionamento em flutuao de
embarcaes em condies favorveis; a operacionalidade do cais s se mantinha
enquanto as condies de agitao permitiam a faina no mar.
Por isso, apesar do porto de pesca dispor de uma srie de infra-estruturas (cais, doca de
prtico, terraplenos, etc.), que posteriormente foram sendo adicionadas, foi concebido
apenas com o intuito de melhorar as condies de acesso das embarcaes rampas
preexistentes. O que significa, obviamente, que, sua utilizao em condies de agitao
desfavorveis, esto associados riscos para as pessoas e bens.
A operacionalidade do porto essencialmente afectada pelos galgamentos de lminas de
gua que comeam a ocorrer no incio das tempestades quando, de acordo com os
resultados dos ensaios em modelo reduzido (LNEC, 1998), as ondas comeam a exceder
alturas significativas da ordem dos 5 m, valor cuja probabilidade de ocorrncia
relativamente elevado (perodo de retorno da ordem de 1 ano), como se ver no capitulo da
caracterizao da agitao.
As limitaes de uso das diferentes infra-estruturas porturias so genericamente as
seguintes:
Estacionamento de embarcaes em flutuao No se pode estacionar, quer no cais quer fundear na bacia, em condies de agitao caracterizada por
Hs > 2 m;
Estacionamento de embarcaes a seco permitido nos terraplenos do cais de descarga em condies de agitao com Hs < 3 m. Dada a frequncia de
condies superiores a estas no perodo de Inverno, este interdito nesse perodo;
Prtico de alagem Este poder movimentar-se at serem atingidas condies de agitao de Hs < 4 m, altura em que deve ser deslocado para uma zona abrigada;
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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Edifcios sobre o terrapleno Caso venham a ser construdos devem ser implantados o mais recuados possvel, com cota de soleira elevada e de
preferncia com as portas opostas zona exposta;
Circulao sobre o molhe-cais e sobre a ponte-cais interdita sempre que ocorrem situaes de mau tempo (Hs > 4 m).
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AMPLIAO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE
MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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3 - CARACTERIZAO DAS CONDIES NATURAIS LOCAIS
3.1 - Consideraes prvias
Neste captulo apresentam-se os dados mais relevantes que caracterizam as condies
naturais locais.
Relativamente a alguns dos domnios sobre que incide esta caracterizao, a informao
disponvel escassa ou diz respeito a uma caracterizao genrica para toda a Ilha de
S. Miguel.
No caso particular da topo-hidrografia, devido s condies de agitao, no foi possvel
efectuar o levantamento antes da elaborao deste estudo, tendo-se recorrido ao
levantamento existente, datado de Maio de 1995, e Carta Hidrogrfica N. 162.
Prev-se que na fase seguinte Projecto Base j se disponha do levantamento
topo-hidrogrfico, procedendo-se nessa altura, completagem da respectiva caracterizao.
3.2 - Topo-hidrografia e natureza dos fundos
O Porto de Pesca de Rabo de Peixe situa-se na costa norte, no lado nascente de uma baa
virada a NNW, apresentando abertura e recorte de cerca de 570 e 340 m, respectivamente.
O seu molhe de abrigo tem cerca de 240 m de comprimento, estando orientado
sensivelmente de ENE para WSW, enraizado sobre a Ponta do Baixio, onde se estende
por mais cerca de 140 m, protegendo a estrada de acesso ao porto.
No intradorso do molhe existe um cais de descarga com cerca de 104 m de comprimento,
formando uma plataforma com 23 m de largura dotado de fundos de servio a -5,0 m e
-3,0 m (ZH). Na sua perpendicular, desenvolve-se reteno marginal em talude de enroca-
mentos que contem e protege o pequeno terrapleno porturio. Sensivelmente a meio da re-
teno enraza uma ponte-cais de descarga paralela ao cais, com cerca de 40 m de compri-
mento. O porto dispe ainda de duas rampas-varadouro situadas na parte sul do porto.
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12
O levantamento hidrogrfico realizado em Maio de 1995, revela uma configurao dos fun-
dos ondulada, denotando a presena de trs calas de fundos submersos, uma por poente,
apontada ao Canto do Teatro, outras imediatamente a nascente e centradas com a baa.
A batimtrica -5 m (ZH) apresenta distncias variveis orla costeira, com valores na ordem
de 100 a 200 m e um declive mximo de cerca de 5%.
Na zona frontal baa, entre as batimtricas de -5 e -10 m (ZH), os fundos so
extremamente irregulares, definindo uma extensa plataforma com um declive mdio menor.
A partir da cota -10 m (ZH), as profundidades crescem mais rapidamente, mantendo ainda
os fundos a configurao geral da baa definida pela linha da costa.
Para alm de um reconhecimento superficial e pontual dos fundos, realizado aquando da
construo da obra de varagem de embarcaes, na dcada 80, no se dispe de qualquer
levantamento geolgico especfico dos fundos do local da obra, prevendo-se a realizao de
uma prospeco geotcnica que anteceder a prxima fase de projecto (Projecto Base).
No entanto, tendo em conta a irregularidade da batimetria, detectvel no levantamento
hidrogrfico disponvel, provvel que, em grande parte, os fundos sejam de rocha,
podendo estar, em certas zonas, nomeadamente na faixa com menores fundos e situada
mais prxima da costa, cobertos com areia, calhau rolado ou blocos de pedra.
A linha de costa formada por uma escarpa de grande altura (da ordem dos 30 m), sendo o
seu permetro caracterizado pelo afloramento de plataforma rochosa e pela presena de
pequenas praias de pedra de razovel dimenso.
3.3 - Ventos
Para analisar o regime de ventos foram considerados os valores dos registos corresponden-
tes estao sinptica mais prxima de Rabo de Peixe, localizada em Ponta Delgada/
/Nordela. Os dados, extrados de uma publicao de 1989 do Servio de Meteorologia do
Instituto Nacional de Meteorologia e Geofsica, abrangem um perodo de 15 anos
consecutivos (1971/85), com oito observaes dirias, estando referidos altura de 10 m.
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13
Na Fig. I.1 so apresentadas as rosas dos ventos anuais e sazonais (Inverno e Vero
martimos) de frequncias e velocidades e nas Fig. I.2 a I.5, as rosas dos ventos mensais
(agrupadas por perodo sazonal), correspondentes a esses registos. Na Fig. I.6
apresentada a relao entre as velocidades mximas e mdias, por rumo.
De acordo com estas figuras, o regime de ventos em Ponta Delgada pode caracterizar-se do
seguinte modo:
Os ventos dominantes (mais fortes) no conjunto anual apresentam a seguinte
ordem decrescente W, N, NE, NW e S, SW, SE, E;
Os ventos mais rpidos no conjunto anual apresentam a seguinte ordem
decrescente NE, W, NW, N e SW, E, SE, E;
Os ventos reinantes (mais frequentes) no conjunto anual apresentam a seguinte
ordem decrescente N, NE, W, NW e S, SW, SE, E;
O regime de velocidades marcadamente sazonal. Com efeito, os valores mais
elevados da velocidade mdia mensal ocorrem durante o perodo de Inverno
martimo (meses de Outubro a Maro), sendo mximos no sector NW-W-S (23,5 a
24,5 km/h);
Durante o Vero martimo (meses de Abril a Setembro), as maiores velocidades
provem do sector W-N-NE (16,5 a 18,5 km/h);
O vento N reina durante todos os meses do ano (19% no Inverno e 25% no Vero),
seguido dos rumos W no Inverno (15,3%) e NE no Vero (18,4%) e inversamente,
nos perodos opostos;
As velocidades mximas so superiores s mdias mensais em cerca de 2 a 5
vezes, no ultrapassando aquelas valores de cerca de 80 km/h (fora 9 na escala
de Beaufort vento e mar tempestuoso), durante o perodo abrangido;
A percentagem de calmas de 2,5% em ano mdio, apresentando o mximo em
Agosto (4,7%) e o mnimo em Janeiro (1,3%).
3.4 - Mar e correntes
As mars no Arquiplago dos Aores so do tipo semi-diurno regular, apresentando
amplitudes mdias da ordem de 1,0 m e as mximas prximas de 1,9 m.
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De acordo com as previses do Instituto Hidrogrfico, elaboradas com base em registos
maregrficos realizados no Porto de Ponta Delgada (Tabelas de Mars de 1982 a 2009),
aplicveis a Rabo de Peixe, os elementos caractersticos da mar apresentam os seguintes
valores:
Preia-mar mximo .............................................................. 1,98 m (ZH)
Preia-mar de guas vivas .................................................. 1,69 m (ZH)
Preia-mar de guas mortas ................................................ 1,30 m (ZH)
Nvel mdio ........................................................................ 1,00 m (ZH)
Baixa-mar de guas mortas ............................................... 0,70 m (ZH)
Baixa-mar de guas vivas .................................................. 0,31 m (ZH)
Baixa-mar mnimo .............................................................. 0,09 m (ZH)
As Preias-mares e Baixas-mares mdias (mdia dos correspondentes valores em guas-
-vivas e guas-mortas) tm alturas de gua de +1,50 m (ZH) e +0,50 m (ZH),
respectivamente.
O Zero Hidrogrfico (ZH), utilizado como plano de referncia dos levantamentos hidrogrfi-
cos e das tabelas de mars, situa-se 1,00 m abaixo do nvel mdio das guas do mar.
Dado se basearem em medies realizadas h muitos anos, a estas alturas dever ser
somado 0,1 m, assim se tendo em conta a lenta subida do nvel do mar.
Sob condies meteorolgicas anmalas, ventos fortes ou grandes perturbaes da presso
atmosfrica, a altura de gua passa a ter uma importante componente meteorolgica
sobreposta componente devida mar, podendo verificar-se variaes significativas das
cotas indicadas.
A rebentao contnua de frentes de onda extensas tambm pode originar a subida do nvel
do mar (set-up). Trata-se do resultado do transporte e acumulao progressiva no sentido
de terra das massas de gua mobilizadas durante a rebentao.
Estes efeitos so particularmente sentidos em Rabo de Peixe devido configurao
cncava e total exposio da sua orla costeira s condies de agitao martima e de vento
mais frequentes e intensos. A durao destes fenmenos desempenha aqui tambm um
importante papel.
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Em 2001, no mbito das 2.sJPECP da PIANC, foi apresentada por Trigo Teixeira, A. et al
(2001) uma anlise sobre o temporal de Outubro de 1999, que se apoia em observaes
visuais de fotografias, onde se refere que os nveis de gua no tardoz do molhe excederam
em 1 m os nveis estticos tericos, ...sobreelevao excepcional do nvel do mar
provocada pela rebentao da onda antes de atingir a obra de abrigo existente. No entanto,
no existem quaisquer registos ou dados que corroborem as referidas alturas de
sobreelevaes.
Apesar disso, tendo por base a referida anlise, assim como hipteses simplificativas de
funcionamento hidrodinmico, considerou-se neste estudo que os nveis do mar, nas
proximidades e interior do porto, podem elevar-se cerca de 0,8 a 1,0 m sobre os nveis
estticos tericos, em condies de tempestade excepcionais, valores estes que sero
confirmados aquando da realizao dos ensaios em modelo fsico tridimensional.
De acordo com o Roteiro do Arquiplago dos Aores, 2000, nos Aores ainda se encontram
por estudar as correntes de mar, se bem que observaes empricas revelem que estas
se fazem sentir, quer na enchente quer na vazante, embora com valores moderados de
intensidade. Em geral, as correntes de mar so mais fortes durante guas vivas e prximo
da inverso da mar (meia-mar), atingindo maiores velocidades junto s pontas salientes
das ilhas.
Segundo o Instituto Hidrogrfico, no exterior do porto, as correntes de mar, que regra geral
no excedem 1 n, na vazante correm para W e na enchente para E, paralelamente costa.
As correntes ocenicas na zona do arquiplago dos Aores integram-se na circulao geral
do Atlntico Norte. superfcie, a circulao geral do Atlntico Norte formada por um giro
anticiclnico. Esta circulao anticiclnica essencialmente constituda a sul pela corrente
Equatorial do Norte, a oeste pela corrente do Golfo, a norte pelas correntes do Golfo e do
Atlntico Norte, a este e a sudeste pelas correntes de Portugal e das Canrias.
A corrente Equatorial do Norte, induzida pelos ventos alsios de NE, desloca-se para W
juntando-se a S parte da corrente Equatorial do Sul que atravessa o equador. Parte da
corrente resultante da confluncia destas duas flu para NW formando a corrente das
Antilhas, a outra parte desloca-se em direco ao Golfo do Mxico, induzida pelos ventos de
E, fluindo em seguida, atravs do estreito da Flrida, onde se passa a chamar corrente da
Florida. Da confluncia desta com a corrente das Antilhas resulta a corrente do Golfo que se
desloca para NE ao longo da costa da Amrica do Norte numa faixa relativamente estreita.
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Na sua progresso para norte, a corrente do Golfo vai-se afastando da costa tornando-se
mais larga e mais fraca. A partir aproximadamente de 40 N 50 W forma um largo fluxo
para E e NE e passa a ser chamada corrente do Atlntico Norte. A parte sul da corrente do
Atlntico Norte roda no sentido anticiclnico, para direces que vo desde SE at SW, e
conhecida como corrente dos Aores.
A corrente dos Aores integra-se na corrente Subtropical do Norte e na corrente Equatorial
do Norte completando a circulao anticiclnica principal. A parte norte da corrente do
Atlntico Norte dirige-se para NE entre a Esccia e a Islndia contribuindo para a circulao
nos mares da Noruega, Gronelndia e rctico. Parte deste ramo da corrente do Atlntico
Norte roda para sul dando origem corrente de Portugal que flu ao longo das costas
Portuguesa e do Norte de frica onde se passa a chamar corrente das Canrias. A corrente
das Canrias integra-se na corrente Equatorial do Norte completando assim a circulao
Anticiclnica do Atlntico Norte.
Como acontece com a grande maioria das correntes do lado este dos oceanos, a corrente
dos Aores relativamente fraca, com valores geralmente inferiores a 0,5 m/s (1 n). Esta
corrente essencialmente influenciada pela corrente do Golfo e pela corrente Subtropical do
Norte. A corrente de Portugal e a corrente das Canrias, determinantes na circulao geral
do Atlntico junto costa Europeia e costa do Norte de frica, tm apenas influncia na
franja Oriental da corrente dos Aores.
De acordo com o Roteiro do Arquiplago dos Aores, a corrente dos Aores tem direces
normalmente para SE e S. De Dezembro a Abril predominam as direces para SE,
enquanto de Maio a Novembro predominam as direces para S.
No se dispe de dados sobre as correntes oceanogrficas locais, e desconhece-se se foi
realizada alguma campanha de medio. De qualquer modo, atendendo localizao e
configurao batimtrica do local, de esperar que sejam fracas.
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3.5 - Agitao martima
3.5.1 - Regime ao largo
Para caracterizao do regime de agitao ao largo de S. Miguel recorreu-se aos resultados
do modelo de reconstituio da agitao (hindcast) do Instituto Meteorolgico Britnico
(UKMO, Meteorological Office), correspondentes a um ponto ao largo do grupo oriental do
Arquiplago dos Aores, para um perodo de cerca de 25 anos (1978 a 2002).
Estes elementos foram utilizados em inmeros estudos idnticos para a totalidade das Ilhas
dos Aores e confrontados com registos de ondgrafos e outras fontes de dados,
observaes e relatos de tempestades, revelando-se fidedignos.
Na Fig. I.7 apresentam-se os resultados obtidos do tratamento dos dados do "hindcast", em
termos das distribuies de rumos, alturas significativas (Hs) e perodos de pico (Tp) das
ondas ao largo (valores mdios anuais), em escales de 22,5, 0,5 m e 2 s,
respectivamente, verificando-se que:
a) - Rumos
O Porto de Rabo de Peixe encontra-se exposto agitao dos quadrantes
(sectores de 90) NW e NE (quase 80%), sendo do primeiro que provm a
agitao mais frequente e intensa ao largo (56%).
A percentagem de ocorrncia de agitao por octantes de rumos (sectores de 45)
toma valores mximos de 17% (NW) e 18% (NNW), diminuindo depois at 8% a
oeste e 2% a este.
b) - Alturas
Tendo em conta a totalidade dos rumos (360), as alturas inferiores a 1 m tm
uma ocorrncia mdia de cerca de 7%. As maiores frequncias correspondem a
ondas com alturas entre 1 e 2 m, com aproximadamente 43% das ocorrncias.
As ondas com alturas superiores a 3 e 5 m representam aproximadamente 23% e
4 % das ocorrncias, respectivamente.
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c) - Perodos
Verifica-se a predominncia dos escales relativamente baixos, com a quase
totalidade (99%) das ondas com perodos inferiores a 11 s. Os perodos mais
frequentes pertencem ao escalo dos 6 s, com cerca de 53% das ocorrncias. O
segundo escalo mais frequente o de 8 s com aproximadamente 28% dos
valores.
Os perodos inferiores a 5 s tm uma frequncia mdia anual de cerca de 10%.
3.5.2 - Regime mdio local
A localizao de Rabo de Peixe na costa norte da Ilha de S. Miguel faz com que este Porto
seja directamente exposto s maiores tempestades geradas ao largo. Embora a agitao
mais intensa seja limitada em altura na aproximao ao Porto, o molhe existente atingido
com frequncia por ondas de grande altura, sendo galgado e apresentando o plano de gua
um grau de abrigo limitado.
A agitao ao largo foi transposta para as proximidades do Molhe atravs de um programa
de clculo automtico de Refraco Espectral, desenvolvido pela Consulmar que tem em
conta o empolamento no linear das ondas e a sua rebentao. Para o efeito, foram
seleccionados os pontos Q0 a -30 m (ZH), Q1 a -14 m (ZH) e P1 a -10 m (ZH) (Fig. I.8),
representativos das condies de agitao na aproximao ao porto.
Na Fig. I.9 so apresentadas as distribuies de rumos, alturas significativas (Hs) e perodos
de pico (Tp) da agitao martima local, para o ponto Q0, em escales de 22,5, 0,5 m e 2 s,
respectivamente.
Todas as frequncias indicadas esto referidas ao total da agitao transferida do largo
(360), podendo incluir ondas que no chegam a atingir o ponto considerado. Este efeito
aqui, contudo, pouco sentido. Com efeito, tratando-se de uma orla costeira virada a norte, a
exposio agitao dominante quase total, verificando-se que quase 90% das ondas ao
largo atingem Rabo de Peixe nos pontos considerados.
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Assim, no que diz respeito ao regime mdio da agitao, pode-se constatar que:
a) - Rumos
A agitao que atinge o ponto Q0 abrange uma janela de direces entre NW e
ENE, sendo claramente mais frequentes os rumos do octante NW.
De poente para nascente, verificam-se frequncias de 32, 25, 12, 6, 7 e 3%, no
nos octantes NW, NNW, N, NNE, NE e ENE.
b) - Alturas
A frequncia de alturas de onda inferiores a 1 m da ordem de 27%, sendo
mxima para alturas entre 1 e 2 m (aproximadamente 35%). As ondas com alturas
superiores a 3 e 5 m representam cerca de 9 e 1% das ocorrncias,
respectivamente.
c) - Perodos
Os perodos inferiores a 7 s apresentam frequncia mxima, quase 44%,
seguindo-se perodos de 8 e 10 s, com uma frequncia total de aproximadamente
42%. Os perodos superiores a 11 s representam apenas 1,0% das ocorrncias.
Nas Figs. I.10 e I.11 so apresentadas as distribuies de rumos, alturas significativas (Hs)
e perodos de pico (Tp) da agitao martima local, para respectivamente os pontos Q1 e
P1, em escales de 22,5, 0,5 m e 2 s, respectivamente.
A configurao cncava e presena de duas calas na baa de Rabo de Peixe, assim como a
sbita elevao dos fundos, introduzem forte variabilidade nas distribuies de altura e rumo
exibidas pelas ondas na sua propagao ao longo da baa. Considera-se que o Ponto Q1
representa aproximadamente as condies na zona central da baa, enquanto que o Ponto
P1 representa as que actuam pelas suas extremidades.
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Assim, no que diz respeito ao regime mdio da agitao, pode-se constatar que:
a) - Rumos
A agitao que atinge ambos os pontos abrange uma janela de direces entre
NW e NE, sendo claramente mais frequentes os rumos do octante NNW.
De poente para nascente, verificam-se frequncias de 12, 36, 21, 9 e 9%, no
Ponto Q1, e de 21, 37, 15, 10 e 5%, no Ponto P1, nos octantes NW, NNW, N,
NNE e NE.
O ponto P1 apresenta assim mais ocorrncias de NW do que Q1, mas neste so
maiores as frequncias de N e NE do que em P1.
b) - Alturas
A frequncia de alturas de onda inferiores a 1 m da ordem de 30%, sendo
mxima para alturas entre 1 e 2 m (aproximadamente 35%). As ondas com alturas
superiores a 3 e 5 m representam cerca de 6 e 0,5% das ocorrncias,
respectivamente.
c) - Perodos
Os perodos inferiores a 7 s apresentam frequncia mxima, quase 50%,
seguindo-se perodos de 8 e 10 s, com uma frequncia total de aproximadamente
38%. Os perodos superiores a 11 s representam apenas 0,5 e 1,3% das
ocorrncias (Q1 e P1).
3.5.3 - Valores extremos
A onda de projecto considerada no dimensionamento de obras martimas est, em geral,
associada a perodos de retorno na ordem dos 50 e 100 anos, consoante a importncia da
obra. Para a sua obteno necessrio extrapolar-se os dados de agitao local existentes
para os perodos de retorno considerados. Os dados disponveis, relativos a cerca de
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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25 anos, permitem j uma estima relativamente segura das condies de agitao com
perodos de retorno compatveis com a onda de projecto a adoptar.
Assim, com base no regime geral local obtido em cada ponto, seleccionaram-se, para cada
rumo, as alturas significativas (Hs) mximas anuais. Estes dados foram em seguida agrupa-
dos em amostras representativas e extrapolados para vrios perodos de retorno, adoptando
a distribuio de mximos de Gumbel, geralmente aceite como representativa dos valores
mximos anuais das alturas de onda significativas. A forma desta distribuio dada por:
F (H) = exp [ - exp (- (H - )) ],
onde e so parmetros que podem ser determinados directamente a partir da amostra
de dados.
Os valores extremos obtidos em cada ponto so apresentados nos quadros seguintes:
Quadro 1 - Valores de Hs (m) em Q0, a -30 m (ZH)
Perodo de Retorno (anos)
RUMO LOCAL (em QO, a -30 m)
NW NNW N NNE NE 1 3.8 5.7 5.3 4.3 3.3 2 4.2 6.5 6.2 5.1 3.8 5 4.6 7.5 7.3 6.3 4.5 10 4.9 8.2 8.2 7.2 5.0 20 5.3 9.0 9.1 8.0 5.5 50 5.7 10.0 10.2 9.2 6.1 100 6.1 10.7 11.1 10.0 6.6
A informao contida no Quadro 1 servir parcialmente para a estimativa da avaliao do
abrigo no interior das novas bacias porturias proporcionado por cada uma das solues
alternativas estudadas, estando o ponto Q0, localizado na fronteira do domnio adoptado
para o estudo em modelao matemtica da propagao da agitao no interior do porto. A
associao dos valores extremos da altura significativa aos ndices de agitao obtidos com
base no estudo da propagao da agitao permitir estimar alturas de onda no interior das
novas bacias porturias.
Como se ver mais frente, isso s ser possvel para alturas de ondas com perodos de
retorno da ordem dos 1 a 2 anos, dado que as alturas de onda so limitadas pelos fundos,
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assumindo valores inferiores aos estimados para a generalidade dos perodos de retorno
indicados.
Quadro 2 - Valores de Hs (m) em Q1, a -14 m (ZH)
Perodo deRetorno (anos) NW NNW N NNE NE
1 1.2 4.1 5.5 4.0 2.42 1.5 4.5 6.1 4.8 2.75 1.9 4.9 6.9 5.7 3.0
10 2.3 5.2 7.5 6.4 3.220 2.6 5.6 8.1 7.2 3.550 3.0 6.0 9.0 8.1 3.8100 3.3 6.3 9.6 8.8 4.0
RUMO LOCAL (em Q1, a -14)
Quadro 3 - Valores de Hs (m) em P1, a -10 m (ZH)
Perodo deRetorno (anos) NW NNW N NNE NE
1 1.9 5.5 5.0 2.5 0.82 2.2 6.2 5.8 2.8 1.05 2.5 7.1 6.8 3.2 1.3
10 2.7 7.8 7.6 3.6 1.520 3.0 8.5 8.4 3.9 1.850 3.3 9.4 9.5 4.4 2.1100 3.5 10.1 10.3 4.7 2.3
RUMO LOCAL (em P1, a -10)
A leitura dos Quadros 2 e 3 mostra que as condies de agitao extremas so, para a
maioria dos rumos, superiores em P1 do que em Q1. Tal se deve, por um lado, a um maior
empolamento das ondas junto a P1 (menor profundidade) e, por outro lado, ao facto deste
ponto se situar sobre zona cuja batimetria mais exposta aos rumos dominantes de NW.
Pelo contrrio, o Ponto Q1 situa-se sobre convexidade dos fundos mais virada a NE,
apresentando por isso maiores alturas para rumos destes sectores. Note-se que a poente
desta convexidade surge nova cala de fundos, na qual se estima ocorrerem condies de
agitao semelhantes s de P1 que por isso se considera representativo das condies de
agitao actuantes pelas extremidades da baa.
No entanto, as ondas de maior altura patentes nestes quadros no tm condies de actuar
directamente sobre as obras de abrigo exterior, existente e propostas, por limitao dos
fundos. So alis caractersticas nesta baa as frentes de rebentao que se sucedem para
barlamar do molhe existente, em ocasio de tempestade.
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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Conforme verificado nos ensaios em modelo reduzido do projecto do Porto, (LNEC, 1998) a
onda de projecto do molhe existente tem uma altura significativa mxima, limitada pelos
fundos, de 6,5 m.
No quadro seguinte apresentam-se os valores da altura de onda (Hs e H1/250) limitada pelos
fundos, determinados pelo mtodo de Goda (Takahashi,1996) (2), para uma gama de
profundidades varivel entre 13,5 m e 3,5 m.
Quadro 4 Valores da altura de onda limitada pela profundidade
Batimtrica mZH Hs (m)
* Hs (m) ** Hs (m) *** H1/250 (m) * H1/250 (m) ** H1/250 (m) ***
-11,0 9,5 9,4 8,3 12,1 11,9 11,8 -10,0 8,9 8,8 8,3 11,3 11,2 11,0 -9,0 8,2 8,2 8,1 10,6 10,5 10,3 -8,0 7,6 7,5 7,5 9,9 9,7 9,6 -7,0 7,0 6,9 6,8 9,1 9,0 8,8 -6,0 6,4 6,3 6,2 8,4 8,3 8,1 -5,0 5,8 5,7 5,6 7,7 7,5 7,4 -4,0 5,2 5,1 5,0 6,9 6,8 6,6 -3,0 4,6 4,5 4,4 6,2 6,0 5,9 -2,0 3,9 3,9 3,8 5,5 5,3 5,2 -1,0 3,3 3,2 3,2 4,7 4,6 4,4
Calculado para ondas com um perodo de retorno de 50 anos, perodo de onda de 12 s, rumo norte e nvel de gua correspondente a 2,5 m: * ponto ao largo ** ponto Q0 *** ponto Q1
Estes resultados foram corroborados recorrendo a outros dois mtodos constantes na
bibliografia da especialidade, designadamente o mtodo proposto na publicao do CERC
- Estimating Nearshore Significant Wave Height, 1980 e Weggel, 1972.
Como se pode observar pelos valores apresentados no Quadro anterior, a partir da
batimtrica dos 10 m, as alturas de onda limite que a ocorrem so condicionadas pela
profundidade, sendo estes os valores a adoptar para o predimensionamento estrutural das
obras de abrigo (Hs mantos de proteco e H1/250 estabilidade dos muros-cortina).
(2) - Ver Memria de Clculo Apndice III.
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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4 - PROGRAMA DE NECESSIDADES
Conforme referido no ponto relativo actuais condies de operacionalidade do porto,
apesar do porto de Rabo de Peixe dispor de uma ampla bacia e infra-estruturas porturias
de proteco e acostagem, as suas obras de abrigo actuais, projectadas com o objectivo de
apenas melhorar as condies de acesso s rampas de varagem, no lhe conferem o
resguardo necessrio para permitir que a frota de pesca fique permanentemente
estacionada em flutuao, obrigando assim, alagem de embarcaes para
estacionamento a seco, o que tem implicaes de ordem operacional significativas.
Actualmente, aquando da ocorrncia de tempestades, cuja frequncia elevada, e para as
quais o porto de Rabo de Peixe no usufrui de qualquer abrigo natural, dado que se localiza
na costa norte da ilha de S. Miguel, verificam-se galgamentos de massas de gua que
inundam o cais e o terrapleno.
Para alm dos galgamentos do muro-cortina, as inundaes do terrapleno do-se tambm
por efeito da insuficiente dissipao de energia em consequncia da difraco sobre a
cabea do molhe, que resulta do facto de este apresentar um comprimento reduzido,
propagando-se as ondas para o seu interior, inundando o terrapleno junto doca de prtico,
atravs do espraiamento sobre a reteno.
Por outro lado, a rea de terrapleno actual escassa para a frota artesanal existente
(aproximadamente 100 embarcaes com comprimento mdio de 11 m ver anexo),
prevendo-se que esta venha ainda a aumentar, frota que o porto no tem capacidade para
albergar, quer por insuficincia de terraplenos, insuficincia de condies de abrigo, quer
por insuficincia de infra-estruturas de acostagem e estacionamento.
Pretende-se tambm que o porto possa proporcionar abrigo s embarcaes de maior porte
que navegam na costa norte, em situaes de tempestade, j que este o porto de abrigo
de maior importncia desta costa.
Da frota a servir por este porto fazem tambm parte atuneiros, embarcaes com
comprimentos da ordem dos 15 a 16 m e calados de cerca de 3,3 m, que continuaro a
utilizar o cais e ponte-cais actualmente existentes.
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26
Resumidamente, pretenso da comunidade piscatria de Rabo de Peixe que sejam
eliminados os problemas resultantes da:
Insuficincia de abrigo da bacia porturia;
Insuficincia de postos de estacionamento em flutuao;
Inundaes resultantes do espraiamento sobre a reteno;
Inundaes resultantes dos galgamentos.
Face aos problemas de operacionalidade e segurana detectados, perspectiva de
crescimento da frota de pesca local, s pretenses da comunidade piscatria de Rabo de
Peixe, e aos recursos financeiros disponveis para a regio estabeleceu-se, em conjunto
com as entidades tutelares, como PROGRAMA DE NECESSIDADES a satisfazer, o
seguinte (por ordem decrescente de importncia):
1. Melhorar as condies de abrigo do porto (sem alterar o actual rumo de entrada);
2. Criar postos de estacionamento em flutuao para cerca de 100 embarcaes com
comprimentos inferiores a 11 m e calados inferiores a 2 m;
3. Eliminar as inundaes do terrapleno actual (resultantes do espraiamento sobre a
reteno);
4. Aumentar a rea de terrapleno porturio;
5. Reduzir as inundaes resultantes dos galgamentos do molhe-cais actual;
6. Prever tambm postos de acostagem para embarcaes de recreio e para
embarcaes martimo-turisticas.
Atendendo s caractersticas da frota, foi tambm definido e acordado que a cota mnima
entrada o porto seria a -4,0 m (ZH), enquanto a cota de servio das novas bacias de
estacionamento seria -2,0 m (ZH).
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5 - DESCRIO DAS SOLUES ALTERNATIVAS PREVIAMENTE CONSIDERADAS
5.1 - Consideraes prvias
Nos pontos seguintes descrevem-se as vrias solues consideradas, fazem-se referncia
s principais vantagens e desvantagens de cada uma, e explica-se de que forma que
foram dando origem a outras solues variantes ou alternativas (que na generalidade dos
casos so resultado da combinao das solues estudadas no mbito do Estudo
Preliminar).
Para facilitar a compreenso das diferentes solues consideradas, apresentam-se um
conjunto de esquemas extrados das simulaes em modelo matemtico (3).
As Solues Alternativas 1, 2 e 3 surgiram quase em simultneo, tendo cada uma delas sido
modificada com vista, quer sua melhoria tcnica, quer sua melhoria econmica, tendo
dado origem a vrias variantes.
As alternativas consideradas tm por base a satisfao das pretenses da comunidade
piscatria de Rabo de Peixe e dos quatro primeiros requisitos estabelecidos no Programa de
Necessidades, sendo cada um deles abordado em cada soluo. O quinto requisito (relativo
reduo dos galgamentos do molhe actual) por envolver intervenes independentes das
restantes e por ser comum a todas as solues, abordado num sub-captulo autnomo.
5.2 - Soluo Alternativa 1 e Variantes
H j muito que a comunidade piscatria de Rabo de Peixe vem exigindo solues para os
problemas de operacionalidade e de segurana do seu porto, tendo-se manifestado, em
vrias ocasies, sobre qual a soluo que consideram resolver os actuais problemas sem
alterar as presentes condies na entrada, consistindo esta na construo de um contra-
molhe enraizado na ponta de S. Sebastio.
(3) - Nestes esquemas aparece apenas a parte da estrutura que se encontra acima do nvel da gua
considerado, ficando a parte emersa oculta.
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Foi com base nesta sugesto que surgiram as Soluo 1 e 1A, cujos esquemas se
apresentam nas figuras seguintes.
Soluo 1 Contra-molhe enraizado na arriba
Soluo 1 Variante A Contra-molhe
destacado Fig. 1 Soluo 1 e Variante A
A Soluo 1 apresenta assim um quebra-mar enraizado ligeiramente a este da ponta de
S. Sebastio, com uma orientao prxima de SW - NE, implantando-se sobre uma faixa
com fundos que variam entre -2 m (ZH) e -10 m (ZH), apresentando um desenvolvimento de
cerca de 320 m e um canal de acesso de cerca de 50 m de largura.
Feita uma anlise qualitativa da Soluo 1 identificaram-se as suas principais vantagens e
desvantagens que, resumidamente, se enumeram:
Vantagens da Soluo 1:
Melhora significativamente as condies de abrigo, essencialmente para os rumos
de NW;
No altera as actuais condies de entrada;
Elimina as inundaes do terrapleno;
Cria uma ampla bacia;
Permite a criao dos postos de estacionamento necessrios;
Aumenta as reas de terrapleno;
Permite a expanso futura do porto.
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Desvantagens da Soluo 1
Apesar do seu comprimento e cruzamento das cabeas, esta soluo no oferece o
grau de abrigo necessrio para os rumos de norte, penetrando a agitao pela
entrada;
Alm disso, trata-se de uma soluo muito ambiciosa, pois excede largamente o
estabelecido no Programa de Necessidades, sendo muito onerosa por:
Incluir uma obra de abrigo muito extensa (320 m), com o troo final e cabea
implantado a profundidades elevadas [da ordem dos -10 m (ZH)];
Pelos mantos de proteco da cabea e grande parte do tronco terem que ser
constitudos por blocos artificiais de peso consideravelmente elevado (800 a
600 kN);
No existir acesso directo por terra ao enraizamento do contra-molhe, o que
obriga construo de um caminho de acesso muito longo, que onera
significativamente a obra ou obriga sua construo por via martima, processo
que apresenta tambm custos muito elevados.
Assim, para fazer face aos problemas relacionados com os custos da obra, estudou-se a
Soluo Alternativa 1A, que consistiu em eliminar os primeiros 100 m de molhe, tornando-o
destacado. Se por um lado, com esta alterao se conseguiu uma economia significativa,
embora no expressiva, por outro, assistiu-se tambm a uma diminuio das condies de
abrigo da bacia, principalmente para os rumos mais rodados para NW, o que punha em
causa a instalao de estruturas flutuantes de acostagem tendo sido, por isso, abandonada.
Como a comunidade piscatria pretendia manter as condies de entrada na bacia porturia
nas condies actuais, inicialmente, as solues consideradas, no incluam o
prolongamento do molhe-cais actual.
No entanto, abandonada a Soluo Alternativa 1A, e sendo necessrio melhorar as
condies de abrigo no interior da bacia por forma a permitir a instalao de estruturas de
estacionamento flutuantes no seu interior, procederam-se a ajustes na Soluo 1. Esses
ajustes consistiram na combinao do prolongamento do contra-molhe e do molhe-cais
actual, conforme esquematizado nas figuras seguintes.
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Soluo 1 Variante B Prolongamento de
45 m do molhe-cais existente
Soluo 1 Variante C Prolongamento de
20 m do novo contra-molhe Fig. 2 Soluo 1 Variantes B e C
Tendo-se constado que as Variantes B e C da Soluo 1, por si s, embora melhorassem as
condies de abrigo, no atingiam os ndices necessrios para permitir a instalao de
equipamento flutuante, chegou-se finalmente Soluo Alternativa 1D, que consiste na
combinao das duas anteriores.
B [m]Above 8
4 - 80 - 4
-4 - 0-8 - -4
-12 - -8-16 - -12-20 - -16-24 - -20-28 - -24-32 - -28-36 - -32-40 - -36-44 - -40-48 - -44
Below -48Undefined Value
0 200 250 300 350(Grid spacing 5 meter)
Fig. 3 Soluo 1 Variante D
-
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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5.3 - Soluo Alternativa 2 e Variantes
Em paralelo com o estudo da Soluo Alternativa 1 e suas variantes, por se considerar que
se tratavam de solues muito ambiciosas, pois excediam largamente o estabelecido no
Programa de Necessidades e muito onerosas e, por conseguinte, muito provavelmente
economicamente inviveis, estudou-se uma soluo minimalista (quando comparada com a
Soluo 1 e variantes), designada de Soluo Alternativa 2, cujo esquema se apresenta.
Soluo Alternativa 2
Soluo Alternativa 2 Variante A
Fig. 4 Soluo Alternativa 2 e Variante A
Esta soluo consiste na proteco da parte norte da bacia porturia face aos rumos prove-
nientes do quadrante NW, atravs do prolongamento do molhe-cais actual com um troo de
cerca de 60 m perpendicular ao existente, e na construo de um pequeno contra-molhe,
enraizado na base da arriba, com 70 m de extenso, para abrigo de uma pequena bacia a
E.
Feita igualmente uma anlise qualitativa desta soluo, identificaram-se as seguintes
vantagens e desvantagens:
Vantagens:
Melhora significativamente as condies de abrigo;
Elimina as inundaes do terrapleno;
Aumenta ligeiramente as reas de terrapleno;
substancialmente menos onerosa do que a Soluo 1 e respectivas variantes.
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Desvantagens:
Altera as actuais condies de entrada;
Obriga a executar dragagens em rocha para criao dos fundos necessrios na
zona de entrada e rea circundante;
Apresenta maior nmero de dias de inoperacionalidade porque a entrada se encon-
tra a profundidades mais baixas, logo onde se d rebentao com maior frequncia;
Apresenta uma reduzida rea de plano de gua abrigado;
No cumpre o Programa de Necessidades no que diz respeito ao nmero de postos
de estacionamento, dado que apenas permite alojar cerca de 70 embarcaes.
Para resolver os problemas da entrada, estudou-se uma Soluo Alternativa 2A, muito
semelhante Soluo Alternativa 2, mas em que a implantao do prolongamento do
molhe-cais deixa de ser perpendicular ao existente, passando a fazer um ngulo de 120,
dando origem a um canal mais largo, minimizando-se desta forma os problemas relativos
entrada.
Apesar disso, esta soluo continua a apresentar duas desvantagens consideradas
importantes. So elas:
Altera o actual rumo da entrada e no garante as condies de segurana
necessrias;
No cumpre o Programa de Necessidades no que se refere ao nmero do postos
de acostagem necessrios.
Como garantir as condies de segurana na entrada, assume uma importncia
preponderante em relao aos restantes requisitos a satisfazer, estudou-se outra variante
(B) Soluo 2, que consiste em construir um terceiro molhe, exterior ao pequeno
contra-molhe, por forma a criar um canal de acesso, numa zona em que a rebentao
menos frequente, e um anteporto, conforme se esquematiza na figura seguinte.
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B [m]Above 8
4 - 80 - 4
-4 - 0-8 - -4
-12 - -8-16 - -12-20 - -16-24 - -20-28 - -24-32 - -28-36 - -32-40 - -36-44 - -40-48 - -44
Below -48Undefined Value
150 200 250 300 350(Grid spacing 5 meter)
Fig. 5 Soluo 2 Variante B
Esta Soluo, apesar de melhorar as condies da entrada, quando comparada com a
anterior, afigurou-se bastante onerosa, uma vez que envolve a construo de trs molhes,
com um comprimento total de 425 m e a dragagem de rocha na zona da entrada.
Alm disso, trata-se de uma soluo que limita a expanso futura do porto, j que boa parte
da sua rea fica obstruda com as obras fixas de abrigo. semelhana das Solues 2 e
Variante A, tambm no permite alojar a frota estabelecida no Programa de Necessidades.
As desvantagens apontadas a estas solues, levou assim a que se estudassem outras
alternativas em que as mesmas fossem suprimidas e em que o Programa de Necessidades
fosse cumprido.
5.4 - Soluo Alternativa 3 e Variantes
Perante, por um lado, uma soluo alternativa economicamente invivel (Soluo Alternativa
1 Variante D) e, por outro, uma soluo alternativa tecnicamente desfavorvel (Soluo
Alternativa 2 Variante A e Variante B), estudou-se uma terceira Soluo Alternativa (3),
com o objectivo de suprir as principais desvantagens apresentadas pelas solues
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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alternativas anteriores, que correspondesse a uma soluo tcnica e economicamente
vivel e que apresentasse uma relao custo/benefcio equilibrada.
Assim, nasceu a Soluo Alternativa 3, cujo esquema se apresenta na figura seguinte. Esta
consistiu em criar uma bacia de estacionamento suficientemente ampla para cumprir o
estabelecido no Programa de Necessidades no que se refere ao nmero de postos de
estacionamento e no interferir com o actual rumo de entrada, no envolvendo por isso o
prolongamento do molhe existente.
A Soluo Alternativa 3 consiste assim na construo de um contra-molhe enraizado na
base da arriba, com uma extenso de aproximadamente 240 m, dividida por dois troos, um
com direco aproximada de SSW-NNE e o outro inflectindo cerca de 45 para este.
Soluo Alternativa 3
Soluo Alternativa 3 Variante A
Fig. 6 Soluo Alternativa 3 e Variante A
Efectuada a respectiva anlise, verificou-se que esta soluo alternativa cumpria grande
parte o estabelecido no Programa de Necessidades, nomeadamente no que se referia a
manter as actuais condies de entrada, criao de uma bacia abrigada para estaciona-
mento permanente em flutuao de cerca de 100 embarcaes e ao aumento do terrapleno.
No entanto, apresentava tambm grandes desvantagens: no s no resolvia os problemas
das inundaes do terrapleno existente, como agravava as condies de operacionalidade
do cais actual, por efeito da reflexo gerada no troo terminal do novo contra-molhe.
Para resolver este ltimo problema, optou-se por uma soluo em que o contra-molhe
apresenta um nico troo recto, com orientao SSW-NNE e cerca de 240 m de extenso
- Soluo Alternativa 3 Variante A.
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35
Resolvido que ficou o problema do agravamento das condies de operacionalidade actuais
em virtude dos efeitos de reflexo, permaneceu o problema das inundaes do terrapleno,
desvantagem que assume uma grande importncia, tendo assim surgido uma outra variante
Alternativa 3 (Variante B) que resulta da combinao da Soluo Alternativa 3 A com a
Soluo Alternativa 2 A.
A combinao destas duas solues foi sendo sucessivamente ajustada, quer no que se
refere ao comprimento do prolongamento do molhe-cais existente, quer no que se refere
sua implantao e largura do canal de entrada, sendo a soluo que se apresenta na figura
seguinte a que demonstrou satisfazer, simultaneamente, as seguintes condies:
1. Melhora as condies de abrigo do porto, tanto na bacia norte como na bacia sul,
sendo a melhoria superior nesta ltima;
2. Altera ligeiramente as condies de entrada no porto mantendo, no entanto, as
condies de segurana;
3. Elimina (ou pelo menos reduz) as inundaes do terrapleno;
4. Permite a criao de um nmero de postos de estacionamento em flutuao para a
pesca, recreio e martimo-turisticas;
5. Aumenta a rea de terrapleno;
6. menos onerosa do que as anteriores solues.
B [m]Above 8
4 - 80 - 4
-4 - 0-8 - -4
-12 - -8-16 - -12-20 - -16-24 - -20-28 - -24-32 - -28-36 - -32-40 - -36-44 - -40-48 - -44
Below -48Undefined Value
0 200 250 300 350(Grid spacing 5 meter)
Fig. 7 Soluo Alternativa 3 Variante B
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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5.5 - Solues preseleccionadas
Foram avaliadas qualitativamente trs solues alternativas: Soluo 1, 2 e 3 e respectivas
variantes, tendo-se concludo que as que melhor satisfazem o Programa de Necessidades
so as:
Soluo Alternativa 1 Variante D;
Soluo Alternativa 2 Variante B;
Soluo Alternativa 3 Variante B.
Sendo, por isso, estas as solues preseleccionadas e analisadas mais detalhadamente nos
captulos seguintes.
5.6 - Minimizao dos galgamentos do actual molhe
Para minimizar os galgamentos do actual molhe prope-se que o muro-cortina seja alteado
em cerca de 2 a 2,5 m. Para no instabilizar este muro que, quanto mais alto mais fica
exposto aco das ondas, a par do alteamento, ser tambm necessrio efectuar o seu
alargamento, para assim se garantir a sua estabilidade, quer ao derrubamento quer ao
deslizamento.
Fig. 8 Alteamento do muro-cortina do molhe existente
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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6 - DESCRIO PORMENORIZADA DAS SOLUES ALTERNATIVAS PRESELECCIONADAS
6.1 - Consideraes prvias
Neste captulo apresenta-se uma descrio mais detalhada das solues alternativas
preseleccionadas, tanto no que se refere s obras de abrigo como s infra-estruturas
interiores. Procede-se tambm anlise do comportamento hidrulico de cada uma e
descrio estrutural, bem como aos efeitos na segurana da navegao entrada do porto.
Finalmente procede-se descrio do(s) processo(s) construtivo(s) associado(s) e na forma
como estes se repercutem nos custos, concluindo-se com a apresentao da estimativa
oramental de cada soluo alternativa.
A designao que se adopta seguidamente corresponde soluo alternativa
preseleccionada, suprimindo a designao da variante correspondente. Deste modo, a
Soluo Alternativa 1 Variante D passa a designar-se apenas por Soluo Alternativa 1, e
assim sucessivamente.
6.2 - Soluo Alternativa 1
6.2.1 - Descrio e justificao do Arranjo Geral
A Soluo Alternativa 1 caracteriza-se por apresentar um contra-molhe, galgvel, exterior ao
actual, com um desenvolvimento de cerca de 340 m (medido do enraizamento ao centro da
cabea), enraizado no Canto do Teatro, implantando-se com uma direco aproximada de
SW-NE, cujo objectivo proteger a baa dos rumos provenientes de NW (Des. 2).
Dado que a proteco conferida por este molhe, de acordo com as simulaes matemticas,
no era suficiente para os rumos provenientes de NNE e NE, foi necessrio prolongar o
actual molhe, numa extenso de cerca de 75 m e implantao aproximadamente paralela ao
novo contra-molhe.
Com estas duas obras de abrigo, cujas cabeas se cruzam a profundidades da ordem dos
-9 a -10 m (ZH), proporcionam-se condies de acesso em relativa segurana atravs de
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
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um canal com uma largura til da ordem dos 45 m e fundos de servio (no seu eixo) da
ordem dos -9 m (ZH).
Estas obras proporcionam o abrigo de um plano de gua com cerca de 4,5 ha de rea til e
12 ha de rea total, na parte E do qual, se instalam as novas infra-estruturas de acostagem
e estacionamento constitudas por:
Uma ponte-cais de 150 m de extenso e 5,5 m de largura;
Uma ponte-cais de 170 m de extenso e 5,5 m de largura;
Duas pontes-cais de 85 m de extenso e 5,5 m de largura;
Um passadio flutuante com 110 m de comprimento;
Uma rampa-varadouro;
E um terrapleno com cerca de 1,5 ha.
Estando as pontes-cais destinadas actividade da pesca, o passadio flutuante ao
estacionamento de embarcaes de recreio e martimo-turisticas, sendo as restantes
estruturas para utilizao comum e ordenada de todas as actividades. Com estas novas
infra-estruturas de acostagem, estima-se que se possam alojar embarcaes
permanentemente em flutuao, de cerca de:
Acostagem directa nas pontes cais 98 embarcaes;
Acostagem abraada a outras embarcaes +98 embarcaes;
Acostagem em postos flutuantes 24 embarcaes;
Total de postos de acostagem 122 a 220.
Com esta ampliao, o porto passa a dispor de duas reas porturias: a actual, localizada a
norte com cerca de 0,7 ha e a futura, localizada a sul e a este com cerca de 1,5 ha, ligando
ambas na zona do farolim, atravs do avano do terrapleno no sentido da bacia e do corte
do conto do terrapleno sobrelevado do Clube Nutico.
O acesso ao porto continua a processar-se por norte, fazendo-se a ligao parte sul e este
do terrapleno, superiormente, atravs do acesso ao Clube Nutico e, inferiormente, atravs
do terrapleno norte.
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39
Os terraplenos so limitados, do lado do mar, por estruturas pouco reflectoras, constitudas
por retenes marginais revestidas por enrocamento seleccionado, e do lado de terra pela
base da arriba que, nesta extenso, passa a ficar protegida da eroso martima por estes.
A proteco dos terraplenos contra o risco de desprendimentos de materiais constituintes da
arriba em resultado da eroso do vento e da chuva, efectua-se atravs de uma vala de
dejeco de grande dimenso, da ordem dos 15 m de largura, separada do terrapleno
atravs de um muro de beto.
Para garantir a segurana da navegao no interior do porto ser necessrio efectuar
algumas dragagens, delimitar e sinalizar as zonas de perigo.
Nesta nova configurao ser tambm necessrio fazer a adaptao do assinalamento
martimo, prevendo-se manter o actual farol na cabea do molhe existente, instalar outro na
cabea do novo contra-molhe e na cabea do prolongamento do molhe actual.
6.2.2 - Comportamento hidrulico e estrutural das obras de abrigo
Para a avaliao do grau de abrigo no interior da bacia porturia, recorreu-se ao modelo
matemtico MIKE21 BW, desenvolvido pelo DHI (Danish Hydraulic Institute), modelo
bidimensional de propagao de ondas, que se baseia nas equaes de Boussinesq, e
permite simular os fenmenos de refraco, difraco e reflexo das ondas, cuja descrio
se encontra no Apndice II. No mesmo Apndice, nas Figs. 16-II a 30-II, apresentam-se os
resultados dos estudos de modelao matemtica da agitao local efectuados para esta
soluo.
Atravs dos resultados obtidos nas simulaes, constata-se que, para os rumos mais
frequentes, o ndice de agitao nas zonas de estacionamento das embarcaes
encontra-se generalizadamente no escalo dos 0,00 a 0,05, apresentando pontualmente
valores no escalo imediatamente acima. Este padro altera-se um pouco apenas para os
rumos mais rodados a E, em que o escalo dominante o de 0,05 a 0,1.
Na zona do canal de entrada as condies so obviamente menos favorveis, variando
entre 0,30 e 0,75, valores que vo diminuindo medida que se desloca para o interior da
bacia porturia.
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
40
A fixao da onda de projecto teve em conta a caracterizao do regime de agitao
martima ao largo e junto costa, a anlise dos valores extremos, bem como a avaliao da
altura de onda limitada pelos fundos, feitas no sub-captulo 3.5.
Seguindo os critrios usualmente recomendados para o pr-dimensionamento do manto de
proteco do corpo e da cabea dos novos molhes (ver Apndice III) adoptaram-se como
ondas de projecto, as alturas de onda limitadas pelos fundos sempre que estas assumem
valores inferiores s estimadas para um perodo de retorno de 50 anos.
Assim, tendo em conta as alturas de onda de projecto, bem como o peso dos blocos
capazes de resistir sua aco, alm das limitaes construtivas e financeiras, optou-se por
um contra-molhe convencional de seco transversal trapezoidal, simtrica, com manto
exterior constitudo por blocos do tipo Antifer de grandes dimenses, colocados de forma
regular (4), que se estimam ser de 800 kN na cabea e 600 kN no tronco, e cota de
coroamento varivel entre 7,9 m (ZH) e 6,3 m (ZH).
Para reduzir os volumes de material necessrio, e consequentemente, os custos, previu-se
que esta estrutura fosse fracamente galgvel, funcionando essencialmente como uma
estrutura de dissipao de energia.
Por outro lado, o prolongamento do actual molhe-cais corresponde a uma estrutura que j
se encontra parcialmente protegida pelo novo contra-molhe, surgindo da necessidade de im-
pedir a agitao incidente dos rumos do sector N-NNE, que correspondem aos rumos mais
gravosos, de penetrar no interior do porto. Assim, esta estrutura apresenta-se bastante mais
ligeira que a anterior, no s no que se refere altura do coroamento, como na proteco
das camadas sendo, no entanto, o manto de proteco exterior quase sempre constitudo
por blocos do tipo Antifer, mas de menor dimenso, estimando-se que sejam de 150 kN.
Sob os mantos de proteco so colocadas camadas de filtros de enrocamentos
classificados, com pesos unitrios da ordem de 1/10 a 1/20 do peso dos blocos da camada
respectiva.
(4) - Dado que se tratam de obras fracamente galgveis em que a estabilidade assume claramente
uma maior importncia, optou-se por uma colocao regular (Neves, M.G., et al., 2003).
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA
41
O ncleo dos molhes constitudo por um prisma de enrocamento de todo o tamanho (tot) e
o coroamento do prolongamento do molhe existente em beto simples betonado in situ.
Prev-se que a inclinao dos mantos de proteco seja de 2/3 (V/H), com excepo da
cabea do molhe exterior e troo adjacente, em que se adoptou, como medida de segurana
e por forma a reduzir a elevada dimenso e peso dos blocos, a inclinao de 1/2 (V/H). Nos
taludes interiores dos troos mais protegidos ou que se encontram implantados em cotas
mais baixas adoptou-se, para economia de material, uma inclinao de 3/4 (V/H).
Como nesta fase dos estudos no se conhece com rigor a natureza dos fundos,
admitindo-se, no entanto, que sejam predominantemente rochosos e eventualmente
cobertos por uma camada superficial de sedimentos, optou-se por fundar os mantos de
proteco directamente no fundo natural.
Na fase seguinte do estudo - Projecto Base - quando j se dispuser de informao sobre a
natureza dos fundos, se se considerar necessrio adoptar-se- a realizao de um tapete de
fundao, no caso de se encontrar fundos arenosos, ou vala de encaixe, no caso de se
encontrar fundos rochosos e os ensaios em modelo reduzido assim o recomendarem.
6.2.3 - Caracterizao das obras interiores
Com a ampliao e o aumento do grau de abrigo da bacia porturia, adoptou-se como
soluo de estacionamento no plano de gua a instalao de pontes-cais fixas, que
permitem o estacionamento em permanncia de embarcaes acostadas directamente sofre
a face acostvel ou abraadas.
Paralelamente ao actual cais e a aproximadamente 80 m de distncia deste, prev-se a
construo de uma ponte-cais com 5,5 m de largura e 150 m de comprimento. Esta
ponte-cais dever ser semelhante actual, ou seja, constituda por pilares de aduelas de
beto armado preenchidas com beto, assentes sobre prismas de enrocamento. As aduelas
devem apresentar o coroamento cota +1,50 m (ZH) e sobre estas ser construda a
superstrutura de beto in situ, em toda a largura (5,50 m) custa de vigas prefabricadas,
sobre as quais assentar a laje de tabuleiro.
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MEMRIA DESCRITIVA E JUSTIFICA
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