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INTRODUÇÃO
Apresentação do Objeto de Estudo
A nomenclatura tal como é conhecida e divulgada hoje SAE – Sistematização da
Assistência de Enfermagem, não é o único modo de ser chamada. De acordo com o
contexto inserido podem encontrar outras terminologias, como: Processo de
Enfermagem; Processo de Cuidado; Metodologia do Cuidado; Processo de Assistir e
Consulta de Enfermagem. A relevância está em compreender que todas assinalam a
aplicação de um método científico para o planejamento das ações de enfermagem
com o intuito de organizar o gerenciamento da assistência (SILVA, et. al., 2011).
A SAE é uma maneira sistemática e dinâmica de prestar o cuidado de enfermagem,
promovendo a humanização do cuidar, e para sua aplicação é necessário um
embasamento teórico, ou seja, o planejamento do cuidado à luz dos conhecimentos
das teorias de enfermagem.
Durante a década de 70 observou-se um movimento mundial dos profissionais
enfermeiros na direção de organizar e o planejar a assistência de enfermagem
baseada na cientificidade do Processo de Enfermagem. No Brasil, a partir dos
estudos de Wanda de Aguiar Horta, uma das pioneiras a refletir sobre o Processo de
Enfermagem, iniciou-se, nessa mesma época, um apontamento para a necessidade
de se introduzir a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas
instituições de saúde brasileiras (CAVALCANTE, et. al., 2011).
Desde Florence Nightingale há uma preocupação com a identidade profissional da
enfermagem. Inicialmente os cuidados começaram a ser organizados de forma
funcional, preocupando-se com o cumprimento de tarefas, a realização de
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procedimentos técnicos e atividades rotineiras. Depois surgiram os estudos de caso
e os planos de cuidados, utilizados pela primeira vez no Brasil no ano de 1934,
como uma forma de organização e individualização do cuidado de enfermagem
(BRANDALIZE e KALINOWSKI, 2005).
A expressão “Processo de Enfermagem”, empregada pela primeira vez por Orlando,
em 1961, compreendia três elementos básicos: o comportamento do cliente, as
reações do enfermeiro e as ações de enfermagem. A partir disso o cuidado era
planejado e executado em fases. Em 1985, a Organização Mundial de Saúde propôs
oficialmente a sua operacionalização em quatro fases: Levantamento de dados,
Planejamento, Implementação e Avaliação (BARRA e SASSO, 2012).
Desde 1986 o planejamento da assistência de enfermagem é uma imposição legal,
de acordo com a Lei do Exercício Profissional nº 7.498, art. 11, o qual afirma que: “O
enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: Privativamente
planejamento, organização, coordenação e avaliação dos serviços de assistência de
enfermagem” (ANDRADE e VIEIRA, 2005).
Ao longo da trajetória profissional, observa-se que a enfermeira tem desempenhado
papel de controladora do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem,
sendo vista como uma profissional que determina e checa as atividades a serem
executadas. Dessa forma, tornando o seu trabalho predominantemente em
atividades administrativas burocráticas, distanciando-se de sua função essencial que
é o gerenciamento do cuidado a ser prestado ao paciente (FERNANDES, et. al.,
2003).
Percebe-se que a prática mecanizada e as decisões unilaterais têm prevalecido nas
instituições de saúde e em particular em ambientes como UTI, Emergência e Centro
Cirúrgico. Entendemos que em locais críticos como esses, a conduta impessoal dos
profissionais pode ser decorrência da grande demanda do serviço, cujos clientes
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não raras vezes se encontram em risco eminente de morte. Esses fatores, sem
dúvida geram estresse, desgaste físico e psicológico, o que reduz as interações da
equipe com o paciente (MATSUDA, et. al., 2003).
Diante do enfoque assistencial visado para os problemas no âmbito individual,
pressupõe-se que as unidades de cuidados intensivos devem ser convenientes às
necessidades dos pacientes atendidos. Portanto, devem ser munidas de maneira
adequada em sua estrutura física, de recursos materiais e de recursos humanos
especializados, constituindo assim em um suporte para a implementação de uma
assistência efetiva ao paciente internado, especificamente nas UTI’s, em função de
sua alta especificidade.
Uma Unidade de Terapia Intensiva se destina ao tratamento de pacientes em estado
critico, dispondo de uma infra-estrutura própria, recursos materiais específicos e
recursos humanos especializados que através de uma prática segura e contínua,
busca restabelecer as funções vitais do paciente (AMANTE, et al., 2009).
Ao buscar referências sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)
na literatura, foi observado que existe uma evolução crescente e contínua em
direção a uma assistência integral ao paciente. Todas as teorias elaboradas têm
como objetivo prestar uma assistência sistematizada, planejando, organizando e
registrando as ações realizadas pela enfermeira (CUNHA e BARROS, 2005).
Em 1970, no Brasil, por meio da sua primeira teórica Wanda Horta, cria a primeira
teoria de enfermagem brasileira, a qual denominou Teoria das Necessidades
Humanas Básicas. No entanto, as teorias de enfermagem, apesar de serem
consideradas importantes no ensino, uma vez que são reproduzidas nos dias atuais
em nossas escolas, sua aplicabilidade na prática não se concretizou, em virtude não
ser levado em consideração o contexto no qual se dá o exercício profissional, ainda
pautado no modelo biomédico (SOUZA, et. al., 2006).
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A Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é um processo que objetiva
a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde do cliente e da
comunidade, devendo ser desenvolvido pelo profissional de enfermagem. Para sua
aplicação é necessária a adoção de uma ou mais teorias de enfermagem que
fundamentarão sua pratica, sendo assim, optamos pela teoria das Necessidades
Humanas Básicas (NHB) de Wanda Horta, a qual defende o método de atuação da
enfermagem como Processo de Enfermagem (CUNHA e BARROS, 2005).
O Processo de Enfermagem, como metodologia de trabalho oferece diretrizes para o
desenvolvimento da assistência de enfermagem com base no método científico, cujo
propósito é identificar as necessidades humanas do cliente e implementar a
adequada terapêutica de enfermagem (ALVES, et. al., 2008).
Justificativa
Este tema foi escolhido, por ser de grande importância na área de enfermagem em
uma Unidade de Terapia Intensiva, já que os pacientes internados neste tipo de
unidade necessitam de uma assistência integral, humana e contínua. No momento,
é importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem na
UTI, com a finalidade de provocar uma reflexão da equipe e em especial dos
enfermeiros. Dessa forma, incorporar a SAE tornando a enfermagem mais científica,
promovendo um cuidar de enfermagem mais justo e com qualidade para o paciente,
pois a humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem.
Refletindo sobre a realidade evidenciada pela literatura nos ambientes hospitalares e
tendo como exigência para a conclusão do curso de pós-graduação lato sensu em
enfermagem o desenvolvimento de uma monografia, decidi realizar o presente
estudo para aperfeiçoar meu conhecimento no que se refere o tema, contribuir para
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a realização de novos estudos e para melhorar a qualidade do cuidado de
enfermagem no cenário atual.
Problema
O que diz a literatura sobre a sistematização da assistência de enfermagem em uma
Unidade de Terapia Intensiva?
Objetivo
Analisar, a partir da literatura como se dá a sistematização da assistência de
enfermagem em uma UTI.
Metodologia
Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, a qual segundo Godoy (1995) é
de caráter descritivo, onde não há interferência do investigador, não requer técnicas
ou métodos estatísticos, se baseia na interpretação de fenômenos, na atribuição de
resultados e trabalha com aspectos subjetivos do objeto estudado, bem como, com
a percepção do pesquisador. Dessa forma o presente estudo descreve através de
uma revisão literária o Processo de Enfermagem (SAE) juntamente ao paciente
critico numa Unidade de Terapia Intensiva.
Para Severino (2000), a revisão literária permite a construção de uma análise ampla
da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisa,
assim como reflexões sobre a realização de futuras pesquisas.
Esta pesquisa utiliza uma metodologia que busca explorar a literatura científica,
desta forma, é um estudo bibliográfico, desenvolvido a partir de materiais já
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elaborados e tornados públicos a respeito do tema em estudo, através de livros,
artigos científicos, jornais, revistas, entre outros.
Para Lakatos e Marconi (2001), a pesquisa bibliográfica consiste em colocar à
disposição do pesquisador tudo que foi escrito, dito ou filmado sobre o assunto em
questão. Acrescenta-se ainda que ela não se resume a uma mera repetição do que
já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob
novo enfoque, chegando a conclusões inovadoras.
Estrutura do Trabalho
O presente trabalho está constituído de três momentos: no primeiro momento foram
abordados o conceito, histórico e importância de uma Unidade de Terapia Intensiva;
no segundo momento abordou-se a Assistência de Enfermagem ao paciente crítico
desde Florence Nightingale até o âmbito atual; e no terceiro momento enfocou-se a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
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1 REFERENCIAL TEORICO
1.1 Unidade de Terapia Intensiva
1.1.1 Conceito
Conceitualmente, a Unidade de Terapia Intensiva é um setor hospitalar que se
destina ao atendimento de pacientes em estado agudo ou crítico, mas recuperável,
os quais requerem assistência médica e de enfermagem permanente e
especializada. São pacientes sujeitos à instabilidade de funções vitais, que
necessitam do apoio de equipamentos especiais tanto para o diagnóstico quanto
para o tratamento (TRANQUITELLI e CIAMPONE, 2007).
No Brasil, as primeiras UTIs surgiram na década de 70 do século XX, época em que
o perfil do sistema de saúde caracterizou- se pela absorção de avanços tecnológicos
oriundos do primeiro mundo, que possibilitaram o aprimoramento dos métodos
diagnósticos e terapêuticos. A instalação das UTIs teve a finalidade de centralizar
pacientes graves recuperáveis em uma área hospitalar com recursos humanos,
equipamentos e materiais especificamente direcionados ao cuidado desses
pacientes (KIMURA, et. al., 1997).
A partir da década de 80, é possível afirmar que, nas instituições hospitalares, houve
a tendência e preocupação em alocar o paciente certo na unidade certa, onde se
pretende que ele possa dispor de uma infra-estrutura organizada de tal maneira, que
todas as suas necessidades sejam atendidas com qualidade (TRANQUITELLI e
CIAMPONE, 2007).
Geralmente, a enfermeira identifica-se com o trabalho que realiza na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI); porém, convive com angústias intensas consequentes da
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complexidade do cuidado intensivo, pela necessidade de conhecer e manusear
equipamentos e saber realizar essas atividades com iniciativa e segurança, além do
contato visceral com pacientes e familiares que despertam os mais variados
sentimentos nos profissionais (OLIVEIRA e SPIRI, 2011).
Sabemos, entretanto, que existe uma grande diversidade entre as UTIs no que diz
respeito aos recursos de que dispõem, incluindo o ambiente físico, os recursos
humanos e materiais, condições estruturais que podem influenciar diretamente na
qualidade da assistência prestada nestas Unidades (KIMURA, et. al., 1997).
A identificação da enfermeira com o processo de trabalho em UTI surge com a
possibilidade de somar novos conhecimentos, desenvolvimento profissional e
raciocínio ágil para o atendimento de emergências e resolução de problemas. Além
disso, este trabalho exige que a profissional aplique seu conhecimento técnico-
científico. Esse conhecimento possibilita a tomada de decisões com competência e
ética, assegurando os direitos dos pacientes e suas respectivas famílias, além de
preparar o profissional de enfermagem para qualquer atividade profissional
(OLIVEIRA e SPIRI, 2011).
1.1.2 Importância de uma UTI num hospital
As Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais são importantes recursos para o
tratamento de pacientes graves ou potencialmente graves que necessitam de
cuidados contínuos e especializados, em conseqüência de uma ampla variedade de
alterações fisiopatológicas (KIMURA, et. al., 1997).
Portanto, com o surgimento das UTI’s, pacientes graves que, antes do advento
destas unidades, tinham pouca ou nenhuma chance de sobrevivência, passaram a
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utilizar recursos de que até então não dispunham (TRANQUITELLI e CIAMPONE,
2007).
Os serviços de terapia intensiva ocupam áreas hospitalares destinadas ao
atendimento de pacientes críticos. Esses serviços têm como objetivos concentrar
recursos humanos e materiais para o atendimento de pacientes graves que exigem
assistência permanente, além da utilização de recursos tecnológicos apropriados
para a observação e monitorização contínua das condições vitais do paciente e para
a intervenção em situações de descompensações (LEITE e VILA, 2005).
Nas últimas décadas a medicina obteve evidentes benefícios com o avanço
tecnológico. Neste contexto, a medicina intensiva abriu novos caminhos da cura e do
aumento da expectativa de vida para aqueles que ali estão sendo assistidos (SILVA,
et. al., 2009).
Diante do cuidado altamente especializado e complexo que o enfermeiro desenvolve
em uma Unidade de Terapia Intensiva, a sistematização e a organização do seu
trabalho e da equipe de enfermagem, mostram-se imprescindíveis para uma
assistência de qualidade, com eficiência e eficácia (TRUPPEL, et. al., 2009).
1.1.3 Caracterização
De acordo com o enfoque assistencial voltado aos problemas no âmbito individual,
nas UTI’s, em função da sua especificidade, pressupõe-se que as unidades de
cuidados devam ser adequadas às necessidades da clientela atendida. Assim,
devem ser providas adequadamente, em sua estrutura física, de recursos humanos
e de recursos materiais, constituindo-se em suporte para implantação de uma
assistência efetiva ao paciente hospitalizado (TRANQUITELLI e CIAMPONE, 2007).
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O ambiente especializado da terapia intensiva demanda que o profissional que lá
atua tenha determinadas características, no sentido de atender aos requisitos do
cuidado que se processa neste local, marcado pela presença de aparatos
tecnológicos. Tais características impactam nos modos de agir dos enfermeiros, os
quais por sua vez, repercutem na qualidade da assistência que é prestada (SILVA e
FERREIRA, 2011).
1.2 Assistência de Enfermagem
1.2.1 A arte do cuidar
A formação do enfermeiro para o cuidado, como prática profissional, teve início em
1860, na Inglaterra com Florence Nightingale, onde ocorreu a categorização da
equipe de enfermagem (Nurses e Lady-Nurses), havendo uma fragmentação das
tarefas relacionadas ao cuidado, já que para as ladies cabia o ensino e supervisão, e
às nurses as tarefas manuais. Vale ressaltar que para Florence a disciplina é a
essência do treinamento, tendo sido ali o início da docilização dos corpos da qual
não conseguimos nos libertar até hoje (SOUZA, et. al., 2006).
O ato do cuidar implica colocar-se no lugar do outro, geralmente em situações
diversas, quer na dimensão pessoal, quer na social. Cuidar em enfermagem
consiste em envidar esforços transpessoais de um ser humano para outro, visando
proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando pessoas a encontrar
significados na doença, sofrimento e dor, bem como, na existência. É ainda, ajudar
outra pessoa a obter auto conhecimento, controle, cuidado e auto cura (SOUZA, et.
al., 2005).
A enfermagem é uma arte que implica no cuidado dos pacientes durante o
adoecimento e o ajuda para alcançar um potencial de saúde máximo ao longo de
seu ciclo vital (BRANDALIZE e KALINOWSKI, 2005).
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Desse modo, o cuidado é compreendido como a essência da enfermagem,
transcendendo aspectos técnicos e biológicos, psico-sociais e espirituais do
indivíduo, família e comunidade, envolvendo a provisão de ajuda, atenção, respeito,
amor e compreensão mútua. Para que o cuidado seja efetivado é necessário que o
ambiente físico, social e administrativo valorizem o cuidado e entendam o significado
do cuidar (SOUZA, et. al., 2006).
Ao posicionar o cuidado de enfermagem no contexto de um agir solidário na vida e
na morte, a Enfermagem respeita as razões morais de cada cidadão ao mesmo
tempo em que convive com dores e alegrias advindas da relação interpessoal. Ao
operar nesta dimensão, às vezes extremas, o cuidado orientado pela solidariedade
busca a simetria e o equilíbrio nas suas múltiplas atividades enquanto função
cuidadora (SOUZA, et. al., 2005).
1.2.2 Funcionamento da assistência de enfermagem
A organização da assistência de Enfermagem, prestada ao indivíduo, família ou
comunidade, mediante utilização das fases do método científico, é denominada pela maioria dos enfermeiros no Brasil de Sistematização da Assistência de
Enfermagem, também referida como SAE (CARVALHO, et. al., 2007).
A profissão de enfermagem vem se constituindo como um componente essencial na
qualidade em saúde, acompanhando assim mudanças nas relações interpessoais,
sociais, políticas, no campo tecnológico e no modelo das organizações dos serviços.
A SAE contribui para a expansão do conhecimento, a qualidade da assistência e
melhores registros das informações de enfermagem (CAVALCANTE, et. al., 2011).
O Processo de Enfermagem (PE), como metodologia de trabalho oferece diretrizes
para o desenvolvimento da assistência de enfermagem com base no método
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científico, cujo propósito é identificar as necessidades humanas do cliente e
implementar a adequada terapêutica de enfermagem (ALVES, et. al., 2008).
Assim, quando implementado na sua totalidade, o processo de enfermagem,
direciona atitudes sistematizadas e interrelacionadas com fins a assistência de
qualidade ao ser humano, guiando as decisões necessárias para um cuidado de
excelência da enfermagem, na concepção aprimorada do cuidado, na conjuntura
familiar e comunitária, e não apenas orienta um cuidado focado na doença. Desta
forma, é imprescindível que o PE seja aplicado em sua totalidade, perpassando
pelas cinco fases interrelacionadas, direcionando as devidas intervenções para o
alcance do objetivo final que é uma maior qualidade e segurança na assistência de
enfermagem (CAVALCANTE, et. al., 2011). 1.3 Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)
1.3.1 Histórico
Na enfermagem, a humanização do paciente foi enfocada no Século XIX por
Florence Nightingale (1989), a qual em seu livro de título Notas Sobre Enfermagem
sugere maneiras para o melhor restabelecimento dos pacientes através da adoção
de medidas ambientais proporcionadas pelas enfermeiras. Através dos seus
escritos, percebe-se que naquela época, ainda que o foco principal da assistência
fosse o ambiente, a humanização já estava implícita na atuação da enfermagem
(MATSUDA, et. al., 2003).
Humanizar de acordo com os valores éticos consiste fundamentalmente, em tornar
uma prática bela, por mais que ela lide com o que tem de mais degradante, doloroso
e triste na natureza humana, o sofrimento, a deterioração e a morte. Refere-se,
portanto, a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro e de
reconhecimento dos limites. O ponto chave do trabalho de humanização está no
fortalecimento desta posição ética de articulação do cuidado técnico cientifico, já
20
construído, conhecido e dominado, ao cuidado que incorpora a necessidade, a
exploração e o acolhimento do imprevisível, do incontrolável, ao indiferente e
singular (SALICIO e GAIVA, 2006).
A prática da assistência de enfermagem vai além do modelo médico, ela é baseada
e instrumentalizada por um referencial próprio, criado e construído pelos
profissionais de enfermagem, o qual possibilita a união da teoria à prática. O uso de
marcos conceituais explícitos na prática assistencial altera, também, a estrutura da
forma da assistência, possibilitando ação participativa, crítica, embasada em
conceitos científicos, exigindo maior conhecimento da disciplina de enfermagem
(REPPETTO e SOUZA, 2005).
O Processo de Enfermagem, por sistematizar a assistência, ficou conhecido como
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e trata-se de um método de
organização do pensamento e das ações do enfermeiro, numa abordagem de
individualização e humanização do cuidado prestado ao paciente. Esse método é
orientado por teorias de enfermagem, o que faz com que a implantação da SAE seja
também um poderoso instrumento de valorização da profissão. Está implantação da
SAE nas instituições de saúde pública e privada se tornaram obrigatórias, conforme
a Resolução 272/2004 do COFEN (LANSONI, 2008).
Através da Lei do Exercício Profissional, lei nº 7498/86, em seu artigo 8º, a Legislação brasileira dispõe que ao enfermeiro incumbe (...) a participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde (...). Isto é, sistematizar, individualizar, administrar e assumir o papel de prestador do cuidado de enfermagem junto à equipe de saúde (FIGUEIREDO, et. al., 2006).
A enfermagem, por se caracterizar como uma profissão dinâmica necessita de uma
metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo. O processo de enfermagem é
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo,
21
facilitando a troca de informações entre enfermeiros de várias instituições. Sendo
assim a aplicação do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a
possibilidade da prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades
humanas básicas, além de ser aplicado à assistência e pode nortear tomadas de
decisões em diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador
da equipe de enfermagem (ANDRADE e VIEIRA, 2005).
Ao prestar o cuidado qualificado, seguro e livre de riscos aos clientes, entende-se
que o enfermeiro faça a avaliação diagnóstica de enfermagem, elabore a evolução
clínica a cada turno de trabalho, exerça os cuidados considerados complexos que
necessitam de habilidades e conhecimentos específicos, bem como manuseie os
equipamentos tecnológicos (BARRA e SASSO, 2012).
O Processo de Enfermagem é constituído por fases ou etapas que envolvem a
identificação de problemas de saúde do cliente, o delineamento do diagnóstico de
enfermagem, a instituição de um plano de cuidados, a implementação das ações
planejadas e a avaliação.
A dinâmica organizada da sistematização da assistência de enfermagem, através da
seqüência das suas fases que estão inter-relacionadas e inter-dependentes,
identifica as necessidades do indivíduo como um todo e através de uma intervenção,
proporciona os resultados que se esperam dela, pois, como intervenção terapêutica
o cuidado é centralizado nas necessidades do paciente que devem ser atendidas
(CUNHA e BARROS, 2005).
Os elementos que descrevem a prática da Enfermagem são constituintes de um
processo específico de trabalho, o qual demanda de habilidades e capacidades
cognitivas, psicomotoras e afetivas, além de conhecimento e perícia no uso das
técnicas de resolução de problemas e liderança na implantação do plano de
intervenção. Essas habilidades e capacidades ajudam a determinar o que deve ser
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feito, porque deve ser feito, por quem deve ser feito, como deve ser feito, com que
deve ser feito e que resultados são esperados com a execução da ação e
intervenção de enfermagem (GARCIA e NOBREGA, 2000).
No cotidiano hospitalar a avaliação do processo de enfermagem, tem como
principais propósitos indicar cuidado sistematizado, promover efetiva comunicação
com a equipe envolvida no cuidado e prover registros permanentes para buscas
futuras.
Matté, et al (2001), afirma em seu estudo que o conceito de processo de
enfermagem para a maioria dos enfermeiros é abordado de maneira pouco clara,
abstrata, subjetiva, sem definição exata para o conceito e para as fases do processo
de enfermagem. E avaliou que grande maioria dos enfermeiros já tiveram a
oportunidade de estudar e aplicar o processo de enfermagem, porém uma grande
parte teve esta experiência durante a fase acadêmica.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) vem sendo largamente
utilizada nos últimos anos como método científico para instrumentalizar a resolução
de problemas dos pacientes e tornar o cuidado individualizado, além de embasar e
fundamentar cientificamente as ações da enfermeira. Esse processo compreende as
seguintes etapas: consulta de enfermagem, histórico, exame físico, diagnóstico de
enfermagem, prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem (GROSSI, et.
al., 2011).
1.3.2 Dificuldades da implementação da SAE
Até pouco tempo atrás os conceitos de Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE) e de Processo de Enfermagem (PE) eram utilizados de forma
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ambígua, dependendo da visão dos diferentes autores. Alguns utilizavam ambos os
conceitos como sinônimos, enquanto outros consideravam que a Sistematização da
Assistência de Enfermagem abarcava a organização da mesma, operacionalizada e
explicitada, entre outras formas, pelo Processo de Enfermagem (PIMPÃO, et. al.,
2010).
A partir disso pode- se afirmar que a Sistematização da Assistência de Enfermagem
organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando
possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, e este se torna o
instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a
documentação da prática profissional.
A enfermagem, por se caracterizar como uma profissão dinâmica, necessita de uma
metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo. O processo de enfermagem é
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo,
facilitando a troca de informações entre enfermeiros de várias instituições. A
aplicação do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da
prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades humanas
básicas, e, além de ser aplicado à assistência, pode nortear tomadas de decisão em
diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de
enfermagem (ANDRADE e VIEIRA, 2005).
Para a implementação do Processo de Enfermagem, há pelo menos duas barreiras
iniciais a serem transpostas: uma relacionada à escolha, interpretação e aplicação
do modelo conceitual; e outra a sua operacionalização no contexto da prática,
situação em que outras dificuldades se interpõem (BITTAR, et al., 2006).
No Brasil, o modelo mais conhecido e seguido para a implantação do processo de
enfermagem é o proposto por Wanda Horta em 1979, o qual contém as seguintes
fases: a) histórico de enfermagem, b) diagnóstico de enfermagem, c) plano
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assistencial, d) prescrição de enfermagem, e) evolução de enfermagem e f)
prognóstico de enfermagem.
A primeira fase do processo é definida por Horta (1979) como o roteiro sistematizado
para o levantamento de dados do ser humano que tornam possível a identificação
de seus problemas. A segunda fase do processo é a identificação das necessidades
básicas do ser humano que precisam de atendimento. A terceira fase do processo
de enfermagem é a determinação global da assistência de enfermagem que o
paciente deve receber diante do diagnóstico estabelecido. O enfermeiro prioriza os
problemas levantados, identifica resultados ou metas mensuráveis, seleciona
intervenções adequadas e documenta o plano de cuidados. A quarta fase do
processo de enfermagem, foi definida como a implementação do plano assistencial
diário que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados
adequados ao atendimento das necessidades básicas do ser humano. Já a quinta
fase do processo, consiste no relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem
no paciente, é uma avaliação global do plano de cuidados. A sexta e última fase do
processo, indicará as condições que o paciente atingiu na alta médica, porém um
bom prognóstico é aquele que leva ao autocuidado, portanto, à independência de
enfermagem.
Registros ou anotações de enfermagem consistem na forma de comunicação escrita
de informações pertinentes ao cliente e aos seus cuidados. Entende-se que os
registros são elementos imprescindíveis no processo de cuidado humano visto que,
quando redigidos de maneira que retratam a realidade a ser documentada,
possibilitam à comunicação permanente, podendo destinar-se a diversos fins como:
pesquisas; auditorias; processos jurídicos; planejamento e outros (MATSUDA, et. al.,
2006).
Seguindo esse modelo, o enfermeiro ao planejar a assistência garante sua
responsabilidade junto ao cliente assistido, uma vez que o planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente, garante a prescrição adequada dos
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cuidados, orienta a supervisão do desempenho da equipe, a avaliação dos
resultados obtidos, a da qualidade da assistência (ANDRADE e VIEIRA, 2005).
Entretanto, observa-se que a implantação do processo de enfermagem envolve três
áreas inter-relacionadas de cognição: o raciocínio e julgamento diagnóstico; o
raciocínio e julgamento terapêutico e o raciocínio e julgamento ético. Ressaltando
também que o processo de enfermagem não é aplicado de um modo totalmente
objetivo, uma vez que os valores humanos influenciam tanto a identificação quanto a
solução de problemas, a sensibilidade moral e o julgamento ético na interação com o
paciente permeiam o processo de uma forma geral (GARCIA e NOBREGA, 2000).
Apesar das justificativas éticas e legais para implementação da SAE e dos
benefícios que ela proporciona, estudos têm apontado dificuldades para sua
operacionalização, visto que grande parte dos enfermeiros acaba dividindo seu
tempo entre a elaboração da SAE e as atividades administrativas. Eles se deparam
com o complexo desafio de administrar seu tempo para que todas as suas tarefas
sejam realizadas integralmente e com qualidade na prestação de assistência ao
paciente, especialmente na realização da SAE (GROSSI, et. al., 2011).
Não se pode pensar em uma sistematização eficiente, sem que todas as fases
sejam realizadas, elas são interdependentes. Os problemas, as necessidades
identificadas permitem as conclusões diagnósticas, a prescrição, o cuidado e
possibilita a continuidade do trabalho e documentação da assistência de
enfermagem prestada por meio da evolução e anotações da equipe (REPPETTO e
SOUZA, 2005).
Ao falarmos em cuidado de enfermagem, seja voltado para a assistência direta ou
para as relações de trabalho, implica essencialmente falar de cuidado humanizado.
Contudo é importante ressaltar que muitas vezes devido à sobrecarga imposta pela
dinâmica de uma UTI, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e
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tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o cuidado. O que torna uma
dificuldade para implementar a SAE, pois o cotidiano numa UTI para os enfermeiros
na grande maioria se torna uma assistência estressante, cansativa e desgastante,
não só pela sobrecarga do trabalho, mas também pelo grau de cuidados que os
pacientes requerem (SALICIO e GAIVA, 2006).
O comum na prática profissional são os profissionais de enfermagem aproximarem-
se dos clientes quando vão realizar algum tipo de procedimento, mesmo que
estejam preocupados com outras necessidades, ligadas à manutenção da
hemodinâmica do indivíduo, pela observação rigorosa dos sinais vitais, do
funcionamento adequado dos equipamentos, aprisionam os profissionais ao aparato
tecnológico, o que geralmente é reforçado pelas instituições e pela própria legislação
profissional (SOUZA, et. al., 2006).
Embora cientes da importância da SAE na organização do serviço de enfermagem,
o processo de implantação, assim como a escolha de um referencial teórico e de
uma metodologia adequada na prática, ainda carecem de estratégias operacionais
eficazes, capazes de nortear um novo perfil assistencial, mais especificamente em
nossa realidade, na qual gerir mudanças com recursos humanos e materiais
insuficientes ainda se constitui um grande desafio (BACKES e SCHWARTZ, 2005).
Alves, et. al. (2008) em seu estudo afirma que na prática há dificuldades na
aplicação do Processo de Enfermagem e até mesmo a não aplicabilidade do
mesmo, uma vez que as ações ficam centradas apenas no senso comum, não
havendo planejamento, ficando difícil o raciocínio lógico em harmonia com a
fundamentação científica no desenvolvimento de ações que possam ser estudadas,
discutidas e comprovadas na ciência da enfermagem. Isso é um dos aspectos que
vem impossibilitando o crescimento da cientificidade da enfermagem.
27
Muitos enfermeiros após o período de graduação quando ingressam em uma
instituição de saúde, seja privada ou publica muitas vezes não tiveram a
oportunidade de aplicar a SAE em sua totalidade, isto provavelmente ocorre devido
a incompatibilidades organizacional, administrativa ou provavelmente a uma
aplicação pouco criativa (MATTÉ, et. al., 2001).
Waldow (1988) afirma que o processo de enfermagem é uma atividade desenvolvida
quase que exclusivamente por acadêmicos de enfermagem, que a fazem de forma
mecânica, despersonalizada e desatualizada, tornando-a desestimulante e sem
possibilidade de visualizar a importância.
Desse modo é possível estabelecer hipóteses sobre o porquê as enfermeiras têm
tido dificuldades em apreender a extensão e complexidade desse modelo
assistencial.
1.3.3 A SAE numa Unidade de Terapia Intensiva
As UTIs surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de
recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado
crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de observação
constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os
pacientes em um núcleo especializado (VILA e ROSSI, 2002).
A admissão de um paciente na UTI comumente requer uma rápida intervenção, já
que o paciente apresenta alto risco de instabilidade de um ou mais sistemas
fisiológicos, com possíveis riscos à saúde, cuja vida pode encontrar-se no limite com
a morte. Em decorrência da premência de um fazer tecnológico imediato, muitas
vezes, torna-se difícil um contato inicial com os familiares, o que contribui para o
entendimento da UTI como um local em que predomina a frieza e a atuação
desumana e distante. A interação com as famílias necessita se dar desde o
28
momento da internação do familiar doente, proporcionando- lhes atenção,
oportunidade de dialogar e de esclarecer dúvidas (SILVEIRA, et. al., 2005).
Para que se obtenha um cuidado de enfermagem adequado às exigências de um
cliente em estado crítico, é preciso uma estrutura organizacional específica, tanto
em relação aos cuidados humanos quanto aos recursos físicos e materiais (BITTAR,
et. al., 2006).
No contexto do cuidado a pacientes classificados como necessitados de cuidado semi-intensivo ou intensivo, os quais apresentam maior dependência do cuidado de enfermagem, por apresentarem instabilidade hemodinâmica, respiratória e/ou neurológica, é necessária uma estrutura organizacional adequada em relação aos recursos humanos, físicos e materiais, para proporcionar um cuidado de enfermagem adequado às exigências desses pacientes, que requerem, em média, de nove a dezessete horas de atendimento de enfermagem por dia. Por isso, quanto mais necessidades manifeste o paciente, maior é a urgência de se planejar a assistência, uma vez que a sistematização visa à organização, à eficiência e a uma assistência válida (GROSSI, et. al., 2011).
A realidade vivenciada pela equipe multiprofissional que atua em uma terapia
intensiva é permeada por variados sentimentos e emoções. A rotina exige uma
excelente capacitação técnico-científica e preparo profissional para lidar com a
perda, com a dor e com o sofrimento (LEITE e VILA, 2005).
O paciente internado na UTI necessita de cuidados de excelência, dirigidos não
apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões
psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à
doença física.
É preciso valorizar a presença da família no cuidado prestado, principalmente
quando ela vivencia a internação de um familiar na UTI. Mesmo a família
encontrando-se em um estado de fragilidade emocional ou de crise, continua
29
ocupando um papel de destaque para o paciente, contribuindo para que se sinta
protegido, mais seguro, amado e significativo para o seu grupo familiar; tais
sentimentos, na maioria das vezes, o estimulam a lutar pela vida. O enfermeiro deve
ter percepção da relevância da presença da família na UTI, seja para conversar com
o paciente, tocá-lo ou simplesmente observá-lo, mesmo quando este se encontra
inconsciente. (SILVEIRA, et. al., 2005).
Entretanto, tem-se notado que tais aspectos são desconsiderados ou pouco
valorizados, no momento em que os cuidados se dão num ambiente de UTI, onde a
tecnologia e o tecnicismo predominam. O cuidar na UTI é tecnicista e mecânico,
desprovido inúmeras vezes dos sentimentos do paciente e seus familiares (VILA e
ROSSI, 2002).
A possibilidade de construir outros paradigmas requer sensibilidade, disponibilidade
para aprender o novo, capacidade para reconhecer a si mesmo e depois tentar
conhecer o outro e, principalmente, a crença de que os significados e afetos
presentes na relação familiar são insubstituíveis para a melhora e recuperação do
paciente (SILVEIRA, et. al., 2005).
Na UTI, a equipe multiprofissional convive com fatores desencadeadores de
estresse, tais como: a dificuldade de aceitação da morte, a escassez de recursos
materiais (leitos e equipamentos), de recursos humanos e a tomada de decisões
conflitantes relacionadas com a seleção dos pacientes que serão atendidos. Esses
são alguns dos dilemas éticos e profissionais vivenciados cotidianamente pela
equipe que atua em terapia intensiva. Essas situações criam tensão entre os
profissionais e, em geral, influenciam, negativamente, a qualidade da assistência
prestada aos clientes (LEITE e VILA, 2005).
30
No ambiente hospitalar a enfermagem executa a Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE), que é composta de três fases: Histórico de Enfermagem,
Prescrição e Evolução. Destacamos a evolução, a qual é efetuada exclusivamente
por enfermeiros. Em abordagem relacionada aos registros de enfermagem nos
processos legais impetrados por clientes, quatro problemas facilmente evitáveis são
destacados: não anotar o tempo e a seqüência corretos em que o evento aconteceu;
deixar de registrar as ordens verbais ou não pôr a assinatura; registrar o cuidado
antes de executá-lo e registrar dados incorretos (MATSUDA, et. al., 2007).
Matte, et. al., 2001, afirma ser previsível, de certa forma, que os auxiliares de
enfermagem, por exemplo, não tenham interesse em implementar o processo de
enfermagem se não forem orientados quanto à sua importância, ou mesmo, não
estiverem envolvidos na sua elaboração. Percebe-se, então, que toda a equipe
precisa ser treinada e habilitada a desenvolver o processo de enfermagem, e o
enfermeiro necessita continuamente habilitar sua equipe, a efetivamente
desenvolverem as ações planejadas
O aspecto humano do cuidado de enfermagem é um dos mais difíceis de ser
implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da Unidade de
Terapia Intensiva faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria
das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua
frente (VILA e ROSSI, 2002).
Desenvolver um trabalho em grupo, que busca alcançar um objetivo comum - a
assistência prestada ao paciente livre de riscos - é fundamental para que o
enfermeiro possa exercer o seu papel de gerente perante a equipe de enfermagem.
A enfermeira, ao planejar a assistência de enfermagem, considera importante ouvir o
cliente e avaliar as suas necessidades, contando com a participação de todos da
sua equipe (FERNANDES, et. al., 2003).
O enfermeiro ao planejar a assistência, garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido, uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades
31
do cliente, garante a prescrição adequada dos cuidados, orienta a supervisão do
desempenho da equipe, a avaliação dos resultados e da qualidade da assistência
(ANDRADE e VIEIRA, 2005).
A família pode contribuir muito para a recuperação do paciente, mas para que isso
aconteça, ela precisa ser orientada sobre as rotinas da UTI e sobre o que está
acontecendo com o seu familiar, necessitando sentir-se acolhida, respeitada e,
também, cuidada. Por isso, é importante permitir sua presença, assegurar- lhe de
que a equipe de enfermagem está ali para ajudar a enfrentar esse momento difícil.
Assim, consideramos necessário e fundamental a priorização do tempo, através do
planejamento da assistência, de modo que se estabeleça uma relação terapêutica
com os pacientes e seus familiares (SILVEIRA, et. al., 2005).
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a literatura revisada, esta pesquisa proporciona um entendimento
maior e mais claro a respeito do processo de enfermagem (PE) na UTI, bem como
pode auxiliar a conduzir os profissionais da área através de uma revisão literária a
aplicação da SAE numa Unidade de Terapia Intensiva.
Os autores consultados aqui nos mostram o PE como a base do planejamento da
assistência de enfermagem, na qual o enfermeiro avalia o paciente aplicando o
histórico de enfermagem e realizando o exame físico para coletar os dados. A partir
dos dados coletados, são identificados os problemas de enfermagem, que, por sua
vez, concorrem para o estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem, auxiliando
para a elaboração de uma prescrição de enfermagem individualizada e direcionada
às reais necessidades de um determinado paciente.
A pesquisa conclui que a SAE é uma maneira sistemática e dinâmica de prestar o
cuidado de enfermagem, promovendo a humanização da assistência, integrando a
família junto à equipe e paciente, porém o enfermeiro sobrecarregado de tarefas e
afazeres cotidianos, relega para segundo plano o planejamento das atividades
relacionadas ao Processo de Enfermagem, o que pode favorecer ainda mais para a
desvalorização e dificuldade da implementação da SAE em uma UTI.
Refletindo sobre o processo de enfermagem, a literatura mostra que os registros de
enfermagem, por ser um meio que efetivamente comprova a qualidade do cuidado,
merecem especial atenção por parte das lideranças e de toda a equipe, visto que
constituem parte inerente ao processo do cuidar, sendo necessário continuar
investindo no aperfeiçoamento das anotações/registros dos enfermeiros, tendo em
vista um novo treinamento teórico e prático.
33
Com o estudo foi avaliado que para ser realizado um cuidado de enfermagem
adequado às exigências de um cliente em estado crítico é preciso uma estrutura
organizacional específica, tanto em relação aos recursos humanos quanto aos
recursos físicos e materiais. E que o enfermeiro deve ter percepção da relevância da
presença da família na UTI, seja para conversar com o paciente, tocá-lo ou
simplesmente observá-lo, mesmo quando este se encontra inconsciente.
Analisa-se, a respeito desse fato, que para uma efetiva implantação do processo de
enfermagem, é necessário primeiramente um comprometimento da chefia de
enfermagem com a proposta de promover reuniões para a equipe e elaborar um
plano de ação para que a SAE seja aplicada de forma satisfatória para o cliente em
estado critico.
Por fim, acreditamos no Processo de Enfermagem como um meio e um instrumento
que possibilita um fazer direcionado por ações científicas na prática e que um dos
caminhos para se chegar a uma implementação eficaz do processo de enfermagem
é a integração docente-assistencial, que viria a enriquecer o conhecimento em
ambas as partes, principalmente nos aspectos referentes à necessidade de
constante treinamento, estudo e atualização.
Espera-se que este estudo possa contribuir, também, para que cada vez mais,
profissionais e acadêmicos de enfermagem tenham contato com a existência e
utilização do processo de enfermagem, sendo estimulados espontaneamente a
aprimorarem sua metodologia de planejamento do cuidado, e vindo, assim, a fazê-lo
em sua atuação profissional.
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