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Ivan Ramalho Tonial
Susceptibilidade de diferentes ensaios não destrutivos para indicação de trincas de fadiga
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia de Materiais e Processos Químicos e Metalúrgicos da PUC-Rio.
Orientador: Prof. Marcos Venicius Soares Pereira
Rio de Janeiro Maio de 2017
Ivan Ramalho Tonial
Susceptibilidade de diferentes ensaios não destrutivos para indicação de trincas de fadiga
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais e Processos Químicos e Metalúrgicos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Área de concentração: Desempenho e Integridade Estrutural.
Prof. Marcos Venicius Soares Pereira Orientador
Departamento de Engenharia Química e de Materiais – PUC Rio
Profa. Ana Rosa Fonseca de Aguiar Martins Departamento de Engenharia Química e de Materiais – PUC Rio
Prof. Fathi Ibrahim Darwish
Universidade Federal Fluminense – UFF
Prof. Ricardo Pondé Weber Instituto Militar de Engenharia – IME
Prof. Márcio da Silveira Carvalho Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico – PUC-Rio
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2017.
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou
parcial do trabalho sem a autorização da universidade, do autor e do
orientador.
Ivan Ramalho Tonial
Graduou-se em Engenharia Mecânica na PUC-Rio (Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro) em 2013.
Ficha Catalográfica
CDD: 620.11
Tonial, Ivan Ramalho
Susceptibilidade de diferentes ensaios não destrutivos para
indicação de trincas de fadiga / Ivan Ramalho Tonial ; orientador:
Marcos Venicius Soares Pereira. – 2017.
121 f. : il. color. ; 30 cm
Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Química e de
Materiais, 2017.
Inclui bibliografia
1. Engenharia de Materiais – Teses. 2. Engenharia
Química – Teses. 3. Ultrassom convencional. 4.
Ultrassom Phased Array. 5. Radiografia digital. 6.
Indicação de trincas. 7. Medição de trincas. I. Pereira,
Marcos Venicius Soares. II. Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Departamento de
Engenharia Química e de Materiais. III. Título.
A minha família, por me apoiar nestes anos, ao meu pai, por me ajudar a passar pelos momentos difíceis no caminho e pelos conselhos e aos meus amigos, pelas mensagens de apoio.
Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof. Marcos Venicius Soares Pereira por toda a ajuda
e demonstração de força de vontade, pela excelente orientação,
apontando os melhores caminhos, dando estímulos para o
desenvolvimento deste trabalho e pela amizade demonstrada nesses
anos.
Aos professores, pelos ensinamentos, dentro e fora da sala de aula,
durante a época da graduação e agora do mestrado
Aos meus colegas de mestrado, pelo companheirismo e pelo inegável
apoio quando necessário.
A PUC-Rio, porque sem ela não poderia ter realizado este sonho de
conquista.
A todos aqueles, que embora não citados nominalmente, contribuíram
direta e indiretamente para a execução deste trabalho.
A ARCtest pelo auxilio com os experimentos de ultrassom e radiografia.
À CAPES pelo apoio financeiro.
Resumo
Tonial, Ivan Ramalho; Pereira, Marcos Venicius Soares. Susceptibilidade de
diferentes ensaios não destrutivos para indicação de trincas de fadiga. Rio
de Janeiro, 2017. 120p. Dissertação de Mestrado – Departamento de
Engenharia Química e de Materiais, Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro.
Ensaios não-destrutivos são técnicas utilizadas na inspeção de materiais e
equipamentos sem danificá-los, sendo executados nas etapas de fabricação,
construção, montagem e manutenção. Constituem uma das principais ferramentas
do controle e garantia da qualidade de materiais e produtos, sendo largamente
utilizados nos setores petróleo/petroquímico, químico, aeronáutico, aeroespacial,
siderúrgico, naval, eletromecânico, papel e celulose, entre outros. Representam
métodos capazes de proporcionar informações sobre defeitos, características
tecnológicas do material, ou ainda, monitoração da degradação em serviço de
componentes, equipamentos e estruturas, o que permite o uso de ações de extensão
de suas vidas úteis. O objetivo desta pesquisa foi comparar a adequação de
diferentes técnicas não destrutivas na detecção e estimativa da dimensão de trincas
de fadiga, nucleadas e propagadas intencionalmente, em material estrutural. Para
tal, corpos de provas cilíndricos do aço 42CrMo4 com um entalhe em V sofreram
carregamentos cíclicos até diferentes números de ciclos, o que proporcionou
diferentes tamanhos de trinca. O comprimento das trincas passantes foi monitorado
por meio de lupa posicionada na lateral do corpo de prova. Após a etapa de
nucleação e propagação das trincas de fadiga, todos os corpos de prova foram
inspecionados com emprego das técnicas de Ultrassom Convencional, Ultrassom
Phased Array e Radiografia Digital, para permitir a indicação das trincas de fadiga
e o estabelecimento de suas dimensões. Terminada as inspeções, os corpos de prova
foram resfriados em nitrogênio líquido e fraturados com aplicação de uma carga de
flexão, o que permitiu a visualização das superfícies das trincas. Em seguida, as
trincas foram medidas visualmente com o auxílio de uma lupa, o que permitiu
comparar as indicações (virtual) de defeitos nos corpos de prova com a existência
(real) dos mesmos e, ainda correlacionar as dimensões indicadas nas inspeções com
aquelas medidas nas superfícies das trincas. Neste contexto, todas as técnicas se
mostraram adequadas para a indicação de defeitos. Além disso, para trincas curtas,
o Ultrassom Phased Array foi a técnica que apresentou a melhor suscetibilidade
para o dimensionamento de descontinuidades, enquanto que a Radiografia Digital
se mostrou mais eficiente para trincas mais longas.
Palavras-chave
Ultrassom Convencional; Ultrassom Phased Array; Radiografia Digital;
indicação de trincas; medição de trincas.
Abstract
Tonial, Ivan Ramalho; Pereira, Marcos Venicius Soares (Advisor).
Susceptibility of different non-destructive tests for indication of fatigue
cracks. Rio de Janeiro, 2017. 120p. Dissertação de Mestrado – Departamento
de Engenharia Química e de Materiais, Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro.
Non-destructive tests are techniques used in material and equipment
inspection without permanent damage, applied in the stages of manufacture,
construction, assembly and maintenance. They are one of the main tools to control
and insure the quality of materials and products, with widely applications in oil /
petrochemical, chemical, aeronautical, aerospace, steel industry, naval,
electromechanical industries. They represent with capacity of providing
information about defects, technological characteristics of the material, or
monitoring the degradation in service of components, equipment and structures,
which allows the use of useful live extensions in service. The objective of this
research was to compare the application of different non-destructive techniques in
the detection and size estimation of fatigue cracks, nucleated and propagated
intentionally, in structural material. For this purpose, cylindrical specimens of
42CrMo4 steel with a V-notch were subjected to cyclic loading with different cycle
numbers, which provided different crack sizes. The length of the cracks was
monitored by a magnifying glass positioned on the specimen surface. After the
crack nucleation and propagation, all specimens were subjected to non-destructive
tests making use of Conventional Ultrasound, Phased Array Ultrasound and Digital
Radiography, in order to provide crack indications and crack dimensions. After the
inspections, the specimens were cooled down in nitrogen and fractured in three
point bending to promote opened crack surfaces. In the sequence, the cracks were
measured using a magnifying glass, which allowed a comparison between the
indicated and measured defects. In this context, all techniques were adequate for
crack indications. On the other hands, for short cracks, the Phased Array Ultrasound
was the technique that presented the best susceptibility for estimate the
discontinuity dimensions, while Digital Radiography proved to be more efficient
for longer cracks.
Keywords
Conventional Ultrasound; Phased Array Ultrasound; Digital Radiography;
crack indication; crack measurement.
Sumário
1 . Introdução 19
1.1. Motivação 20
1.2. Objetivos do Trabalho 20
2 . Revisão Bibliográfica 21
2.1. Ensaios Não Destrutivos 21
2.2. Ensaio por Ultrassom 22
Princípio Físico 23
Ondas Sonoras 24
Modo de Propagação das Ondas 25
Ondas Longitudinais 25
Ondas Transversais 26
Ondas Superficiais 27
Ondas de Lamb 27
Atenuação Sonora 28
Impedância Acústica 28
Geração de Ondas de Ultrassom (Feixe Sonoro) 30
Comportamento do Feixe Sonoro 30
Transdutores 34
2.3. Ultrassom Phased Array 35
Princípios Básicos 36
Composição do Sistema de Inspeção 38
Leis de Atrasos e Leis Focais 38
Tipos de Representação Gráficas 42
2.4. Técnicas de Inspeção por Ultrassom 46
Técnica de Pulso-eco 46
Técnica de Transparência 47
Técnica de Imersão 47
2.5. Técnicas de Inspeção com Phased Array 48
Pulso-Eco 49
TANDEM 50
Time of Flight Difraction 50
2.6. Técnicas de Dimensionamento de Descontinuidades 52
Técnica da Queda dos 6dB 53
Técnica da Queda de 20dB 54
Aplicações 56
Vantagens e Limitações do Método 56
2.7. Radiologia Industrial 57
Princípios Físicos 58
Radiação Eletromagnética 61
Fontes de Radiação 62
Raio Gama 62
Raio-X 63
Classificação dos Filmes Industriais 64
Análise por Radiografia 65
2.8. Radiografia Digital 66
Formação da Imagem Digital 69
Processos de Digitalização da Imagem Radiográfica 69
Técnicas de Exposição Radiográfica 74
Interpretação de Resultados 78
3 . Procedimento Experimental 87
3.1. Material 87
3.2. Corpos de Prova 88
3.3. Nucleação e Propagação de Trincas 90
Flexão Rotativa 90
Tração-Tração 91
3.4. Técnicas de Testes Não Destrutivos 94
Ultrassom Convencional 94
Ultrassom Phased Array 95
Radiografia Digital 97
Análise Visual das Superfícies Fraturadas 98
4 . Resultados e Discussão 100
4.1. Medição Visual 100
4.2. Ultrassom Convencional 102
4.3. Ultrassom Phased-Array 103
4.4. Radiografia Digital 106
5 . Conclusões 109
6 . Sugestão para Trabalhos Futuros 111
7 . Referências bibliográficas 112
Lista de figuras
Figura 1 - Ensaio de ultrassom A-scan. ................................................................. 24
Figura 2 - Espectro sonoro. ................................................................................... 25
Figura 3 - Diferentes tipos de estrutura atômica.................................................... 25
Figura 4 - Ilustração das ondas longitudinais. ....................................................... 26
Figura 5 - Ilustração das ondas transversais. ......................................................... 26
Figura 6 - Propagação da onda superficial de Creeping. ....................................... 27
Figura 7 - Possibilidade de geração de ondas a partir de uma incidência oblíqua
de uma onda longitudinal na interface entre dois meios. ...................................... 29
Figura 8 - Comportamento do feixe sonoro........................................................... 31
Figura 9 - Amplitude do feixe sonoro nas regiões do campo próximo ao campo
distante. .................................................................................................................. 32
Figura 10 - Ampliação de vários picos para diferentes locais das
descontinuidades no feixe sonoro. ......................................................................... 33
Figura 11 - Tipos de transdutores: a) Transdutor reto ou normal, b) Transdutor
angular, c) Transdutor de duplo cristal (TR). ........................................................ 35
Figura 12 - Típicos transdutores Phased Array. .................................................... 37
Figura 13 - Aparelhos Phased Array. .................................................................... 38
Figura 14 - Componentes de um sistema de inspeção por ultrassom Phased
Array. ..................................................................................................................... 38
Figura 15 - Valores de atraso para um cabeçote linear com 32 elementos com
profundidade focal em 15, 30 e 60 mm para ondas longitudinais . ....................... 39
Figura 16 - Relação de atraso de tempo com o passo de um transdutor linear
com 16 elementos para uma mesma profundidade focal. ...................................... 40
Figura 17 - Dependência do ângulo de refração e posição do elemento para um
cabeçote Phased Array posicionado em uma cunha de Plexiglas® com 37° ........ 41
Figura 18 - Apresentação em A-scan dos dados de uma inspeção de uma junda
soldada com um pico de reflexão com amplitude de 56% através de software
Tomoviewer. .......................................................................................................... 43
Figura 19 - Representação gráfica de um sistema de inspeção por imersão com
visualização dos dados de inspeção em B-scan. .................................................... 44
Figura 20 - Resultado da inspeção com Phased Array de uma junta soldada
com a visualização dos dados em C-scan através do Software Tomoviewer. ....... 45
Figura 21 - Resultados da inspeção com Phased Array com varredura setorial e
visualização dos resultados em S-scan através do Software Tomoviewer. ........... 46
Figura 22 - a) Técnica de impulso - eco, b) Ténica de transmissão total e c)
Técnica de imersão. ............................................................................................... 48
Figura 23 - Visualização em S-scan de uma configuração pulso-eco,
empregando um transdutor Phased Array por meio de uma varredura setorial
no bloco padrão. .................................................................................................... 49
Figura 24 - Visualização em D-scan de uma inspeção de junta soldada com
TOFD: (A) onda lateral, (B) sinais da descontinuidade e (C) Eco de fundo da
onda longitudinal. .................................................................................................. 51
Figura 25 - Representação esquemática do dimensionamento de
descontinuidades utilizando a técnica da queda dos 6dB numa junta soldada. ..... 53
Figura 26 - Representação esquemática da verificação do comprimento do
feixe sônico com a utilização de um cabeçote angular convencional num bloco
IOW. ...................................................................................................................... 54
Figura 27 - Representação esquemática do dimensionamento da altura de
defeitos utilizando a representação em A-scan pela técnica da queda de 20dB. ... 55
Figura 28 - Técnica geral de ensaio radiográfico na indústria. ............................. 58
Figura 29 - Princípios do ensaio radiográfico. a) Radiação produzida por um
gerador e b) formação da imagem radiográfica. .................................................... 60
Figura 30 - Espectro eletromagnético. ................................................................... 61
Figura 31 - a) Fonte de radiação; b) direcionamento da radiação emitida. ........... 63
Figura 32 - Tubo de Raios-X com alvo rotativo, de forma a melhorar o
arrefecimento do alvo. ........................................................................................... 64
Figura 33 - À esquerda encontra-se o fator de ampliação. À direita a medição
automática das espessuras reais do duto através da análise das tonalidades do
cinza. ...................................................................................................................... 66
Figura 34 - Imagens “pixeladas”. .......................................................................... 67
Figura 35 - Imagem com resolução de 6 p.p.m. .................................................... 67
Figura 36 - Exemplo de graus de resolução diferentes para uma mesma
imagem. ................................................................................................................. 68
Figura 37 - Processos de digitalização de imagens da radiografia digital. ............ 70
Figura 38 - Estrutura da placa de imagem CR e Scanner portátil. ........................ 71
Figura 39 - Imagem de radiografia digital (CR) de uma solda de um tubo. .......... 71
Figura 40 - a) Radiografia original digitalizada e b) Radiografia processada
digitalmente. .......................................................................................................... 72
Figura 41 - Esquema do detector para captura da imagem digital no sistema
direto. ..................................................................................................................... 72
Figura 42 - Diferença entre a imagem original (foto superior) não processada
digitalmente e a processada pelo sistema digital (foto inferior). ........................... 73
Figura 43 - Técnica de exposição de parede simples - vista simples. ................... 74
Figura 44 - Técnica Radiográfica Panorâmica em uma solda. ............................. 75
Figura 45 - Técnica de exposição parede dupla e vista simples (A) e parede
dupla e vista dupla (B). .......................................................................................... 76
Figura 46 - Técnica de parede dupla vista dupla. .................................................. 77
Figura 47 - Quantidades de filmes por junta circunferencial totalmente
radiografada (100%) em vista simples. ................................................................. 78
Figura 48 - Solda com porosidade. ........................................................................ 80
Figura 49 - Aparencia radiográfica de soldas contendo inclusões de escória. ...... 81
Figura 50 - Solda com falta de penetração na raiz. ............................................... 82
Figura 51 - Seção de uma solda contendo poro e uma trinca longitudinal no
cordão. ................................................................................................................... 82
Figura 52 - Seção de uma solda contendo uma falta de fusão junto ao chanfro. .. 83
Figura 53 - Inclusão de Areia. ............................................................................... 84
Figura 54 - Porosidade. .......................................................................................... 84
Figura 55 - Trincas. ............................................................................................... 85
Figura 56 - Inclusão. .............................................................................................. 86
Figura 57 - Eixo virabrequim de termoelétrica. .................................................... 87
Figura 58 - Trinca aparente em uma das seções do eixo. ...................................... 88
Figura 59 - Geometria inicial dos corpos de prova. .............................................. 89
Figura 60 - Geometria modificada dos corpos de prova. ...................................... 89
Figura 61 - Equipamento para ensaio de flexão rotativa. ...................................... 90
Figura 62 - Equipamento utilizado para os testes de tração-tração. ...................... 91
Figura 63 - Ilustração das áreas usadas para os cálculos. ...................................... 92
Figura 64 - Calibração do US convencional utilizando padrões tipo FFP. ........... 94
Figura 65 – Esquema do posicionamento da sonda para inspeção por
Ultrassom convencional. ....................................................................................... 95
Figura 66 - Inspeção por US convencional. .......................................................... 95
Figura 67 – Ilustração da inspeção pelo Phased Array. ......................................... 96
Figura 68 - Inspeção por ultrassom phased array. ................................................. 96
Figura 69 - Radiografia do corpo de prova 1 trincado. ......................................... 97
Figura 70 - Corpos de prova após a fratura. .......................................................... 98
Figura 71 - Superfície de fratura do CP 1. ............................................................. 98
Figura 72 – Posições de medição da profundidade da trinca. ............................... 99
Figura 73 – Comprimento total da descontinuidade em função do CP. .............. 102
Figura 74 - Gráfico comparativo entre os diferentes comprimentos de trinca. ... 105
Figura 75 - Ilustração do encaixe da sapata com o corpo de prova. .................... 106
Figura 76 - Gráfico comparativo dos valores da média lateral e do valor real.... 108
Figura 77 - Gráfico comparativo entre a média lateral e o valor indicado por
Radiografia Digital. ............................................................................................. 108
Figura 78 - Geometria de um Corpo de prova retangular.................................... 111
Lista de tabelas
Tabela 1 - Valores de atenuação de sinal para diferentes processos de
fabricação............................................................................................................... 28
Tabela 2 - Princípios básicos do ensaio radiográfico. ........................................... 59
Tabela 3 - Cargas utilizadas nos ensaios tração-tração nos corpos cilíndricos e
tamanho lateral da trinca (TLT)............................................................................. 93
Tabela 4 – Valores de trinca nas superfícies de fratura. ...................................... 100
Tabela 5 - Valores calculados de comprimento de trinca. ................................... 100
Tabela 6 - Tamanho de trinca em função dos parâmetros de carregamento de
fadiga. .................................................................................................................. 101
Tabela 7 - Tabela comparativa entre os valores de entalhe. ................................ 101
Tabela 8 - Resultados do US convencional. ........................................................ 102
Tabela 9 - Resultados do ensaio de Phased Array. .............................................. 104
Tabela 10 -Comprimentos de trinca medidos pelo Phased Array e calculados... 104
Tabela 11 - Resultados do RX Digital. ................................................................ 106
Tabela 12 - Características de diferentes materiais piezoelétricos. ..................... 113
Lista de abreviaturas e siglas
NDT – Non-destructive testing
END – Ensaio não destrutivo
US – Ultrassom
PA – Phased Array
RD – Radiografia digital
CP – Corpo de Prova
PSVS – Parede simples vista simples
PDVS – Parede dupla vista simples
PDVD – Parede dupla vista dupla
19
1. Introdução
Equipamentos industriais estão sujeitos a carregamentos cíclicos durante suas
vidas em serviço, sendo que os carregamentos podem atuar com amplitude
constante ou variável. Em função disto, componentes industriais estão sujeitos a
falhas por fadiga após nucleação e propagação de trincas sobe ação de tais
carregamentos.
No Brasil, no setor de energia, falhas por fadiga são recorrentes, provocando
custos associados com perdas materiais, lucros cessantes, paradas de equipamentos,
manutenção extemporâneas, além principalmente de perdas de vidas humanas e
danos ao ecossistema. Na indústria termoelétrica especificamente, falhas por fadiga
em eixos virabrequim estão associadas com a nucleação e propagação de trincas
por fadiga, não correspondendo aos critérios de projeto à que deveriam se basear
em vida infinita para tais elementos estruturais.
Essas trincas são nucleadas e crescem devido a fadiga, que ocorre pela
repetição de esforços. Porém, existem métodos para detecção dessas
descontinuidades, mesmo que aparentemente não visíveis, sem a necessidade de
causar um dano irreparável ao equipamento. Esses métodos são conhecidos como
Ensaios não destrutivos (END).
Ensaios não destrutivos (END) é formado por um amplo grupo de técnicas
de análise utilizadas na indústria com base na ciência e tecnologia para avaliar as
propriedades de um material, componente ou sistema sem causar danos. Os
termos teste não destrutivo, avaliação não destrutiva e inspeção não destrutiva
também são comumente usados para descrever esta tecnologia. Como o END não
altera permanentemente o equipamento que está sendo inspecionado, é uma
técnica altamente valiosa que pode minimizar custos e tempo na avaliação do
produto, na solução de problemas e na pesquisa. Os métodos comuns de END
incluem ultrassom, radiografia, partículas magnéticas, líquido penetrante,
inspeção visual remota (RVI), entre outros. O END é comumente usado em
engenharia mecânica, engenharia de petróleo, engenharia elétrica, engenharia
civil, engenharia de materiais, engenharia aeronáutica, medicina entre outras.
20
O emprego de ensaios não destrutivos ou destrutivos é normal na indústria
moderna. Buscando sempre a preservação da qualidade dos produtos e a
confiabilidade no uso. Com o desenvolvimento dos métodos de END, existe a
tendência da complementação ou até a substituição dos ensaios destrutivos por não
destrutivos. Isto é motivado por duas ordens de razões:
✓ Econômica – Devido ao alto custo da matéria-prima e fabricação dos
equipamentos, é mais vantajosa a utilização de END.
✓ Confiabilidade – Com o desenvolvimento dos END e aumento da
sensibilidade de detecção de descontinuidades.
1.1. Motivação
Os END têm sido amplamente utilizado na indústria de forma a se detectar
descontinuidades em equipamentos que ainda dispõem de vida útil de operação.
Dessa forma, quando é encontrada alguma descontinuidade, com a utilização destes
equipamentos, geralmente é possível se realizar algum reparo ou acompanhamento
da evolução desse defeito até um determinado patamar considerado seguro. Desse
modo, pode-se estender ou determinar a vida residual do equipamento em questão.
Muitos trabalhos de pesquisa são realizados para desenvolvimento desses métodos,
sendo que a motivação destes trabalhos tem caráter cientifico ou tecnológico, com
o objetivo de buscar aperfeiçoamento na precisão e sensibilidade de detecção de
pequenos defeitos.
1.2. Objetivos do Trabalho
Este trabalho buscou fazer uma avaliação experimental de trincas passantes
induzidas em corpos de prova cilíndricos, com um entalhe passante, através das
técnicas de Ultrassom (US), Phased Array (PA) e Radiografia Digital (RD) e
posteriormente comparar os resultados obtidos pelos métodos mencionados acima
com o valor real do defeito.
21
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Ensaios Não Destrutivos
A troca da avaliação de produtos e equipamentos por técnicas não destrutivas
ao invés de técnicas destrutivas é um fato incontestável, como mencionado
anteriormente, nos dias atuais, atendendo aos custos cada vez mais elevados de
matérias-primas. Alguns dos avanços tecnológicos mais importantes na engenharia
podem ser atribuídos aos ensaios não destrutivos.
Os END são a aplicação de metodologias e técnicas de ensaio que têm como
objetivo analisar a integridade de vários tipos de materiais, componentes mecânicos
ou estruturais como equipamentos forjados, laminados, soldados, fundidos, entre
outros. Assim é possível identificar defeitos e falta de homogeneidade pelos
princípios físicos definidos, sendo que END não provocam qualquer alteração nos
mesmos.
Estes ensaios são uns dos principais meios de controle de qualidade de
produtos. De certo modo pode-se dizer que a aplicação de maneira correta dos END
na produção, comprova a integridade e confiabilidade de um produto. Os END
também possibilitam um melhor controle do processo de fabricação, reduzindo
custos no processo de produção e conservando o nível de qualidade uniforme. Deste
modo os END influenciam e apoiam análises de confiabilidade e, portanto, todas as
questões referentes à vida de um produto.
Entretanto os END são dependentes das competências adicionais por parte
dos operadores, ou seja, depende de uma boa formação, conhecimento e
experiência, uma vez que a função de empregar as metodologias e interpretar os
resultados são responsabilidades do operador, embora possam e devam ser
supervisionados.
A certificação da competência de pessoal que realiza, concebe ou
supervisiona END está normalizada em várias normas sendo o referencial
normativo descrito na norma EN ISO 9712 “Non-destructive testing - Qualification
22
and certification of NDT personnel – General principles” uma das mais usadas
atualmente [VIEIRA, 2013].
O número de métodos de END que podem ser usados para inspecionar
diversos tipos de equipamentos, materiais ou até mesmo para efetuar medições é
grande e não para de crescer, pois pesquisadores continuam a descobrir novas
formas de aplicação das teorias físicas e outras disciplinas científicas para
desenvolver sofisticados métodos de END [ANDREUCCI, 2014].
2.2. Ensaio por Ultrassom
Na metade do século passado só era capaz determinar irregularidades internas
através de ensaios radiográficos (Raios-X ou Gama). A Firestone, em 1942, utilizou
o princípio da eco-sonda ou eco-batímentro para análise de materiais. Em pouco
tempo o processo passou para a escala industrial, uma vez que, já em 1945 o US
passou a ser utilizado pela indústria. A evolução dos métodos que utilizam as ondas
sonoras como meio de interação com o material é continua, e a cada dia aparecem
novas tecnologias, exemplo disso são as novas técnicas de Phased Array e Time of
Flight Difraction (TOFD) [HELIER, 2003].
A análise por ultrassom é caracterizada por um método não destrutivo e de
grande uso na indústria para controle de qualidade e verificação de integridade de
equipamentos e materiais, tanto de forma interna como superficial. Com esse
princípio é possível dimensionar espessuras de diversas peças diferentes, como por
exemplo tubos metálicos. Este método é de grande importância na avaliação da
degradação uma vez que permite avaliar a evolução de processos como os de
desgaste e corrosão.
A técnica consiste na indução de um feixe sonoro de alta frequência através
de um aparato eletrônico, no equipamento em analise, com o propósito de detectar
descontinuidades e determinar o seu tamanho, orientação e localização. O feixe
sonoro sofre reflexões em interfaces da peça, uma vez que diferentes tipos de
material, trincas, poros, inclusões diversas e falta de fusão agem como interfaces ao
feixe sonoro. Assim, pode-se realizar a detecção de um defeito e determinar
espessuras de material pela simples comparação de tempo entre as reflexões sonoras
23
que ocorrem. Método esse que também pode ser utilizado para determinar
diferenças de propriedades físicas e na estrutura do material.
Princípio Físico
O princípio básico dos ultrassons é baseado no fato de materiais sólidos serem
bons condutores de ondas sonoras. A propagação das ondas sonoras na matéria
segue princípios físicos simples, a velocidade de propagação de cada tipo de onda
é constante para cada material, embora haja uma variação para cada material
distinto. A indução de frequências variáveis permite que seja selecionado o
comprimento de onda adequado para a sensibilidade de detecção desejada. Quando
temos um comprimento de onda menor a sensibilidade na detecção de pequenas
descontinuidades é maior.
𝜆 =𝑐
𝑓 [2.1]
onde: f = frequência (MHz); c = velocidade do som no material (km/s);
𝜆 = comprimento de onda (mm)
A escolha da frequência também permite adaptar o ensaio aos diferentes tipos
de materiais e sua estrutura. Para se inspecionar materiais não metálicos são usadas
frequências entre 50 kHz a 100 kHz, ao passo que, para materiais metálicos é
utilizada, na inspeção, frequências entre 0,5 MHz a 10 MHz.
No ensaio, o feixe sonoro é transmitido ao equipamento em análise através da
produção de ondas sonoras por um cristal (piezoelétrico) excitado em um campo
elétrico que provoca uma oscilação de volume no cristal, isto é, ondas mecânicas
(sonoras) são produzidas com a frequência que se deseja. Ao ocorrer o retorno das
ondas sonoras ao cristal, é gerado o efeito inverso, ou seja, a onda sonora gera uma
distribuição de cargas elétricas no cristal, criando um campo elétrico que é
transmitido para o osciloscópio (equipamento que permite a leitura do caminho
percorrido pelas ondas sonoras). O processo de inspeção é realizado de forma que
o som produzido pelo transdutor é transmitido para o interior da peça a ser
inspecionado através de um acoplante que é colocado entre a sonda e a superfície
do material. O feixe sonoro percorre o material com uma velocidade constante, que
é característica de cada material e do tipo de onda que é gerada.
24
Os feixes sonoros utilizados durante as inspeções são normalmente
refletidos pela superfície oposta da peça analisada, essas reflexões são conhecidas
como ecos de fundo. Também ocorrem reflexões em defeitos ou descontinuidades
(interfaces) presentes no material inspecionado. A reflexão do eixe sonoro é
captado pelo transdutor e devido a diferença de sinais visualizados no osciloscópio
é possível determinar que a peça se encontra com defeito. Esses feixes sonoros após
transformados em impulsos elétricos são apresentados em um aparelho especifico
(osciloscópio). A Figura 1 ilustra a técnica de contato pulso-eco, onde no visor
existe o pulso inicial (face de contato do transdutor com a peça), o defeito e o eco
de fundo [BERKE; MIX, 2005].
Ondas Sonoras
Os sons que são criados mecanicamente, ou seja, através de uma energia
mecânica, conseguem se propagar independente do meio que se encontram, isto é,
se propagam em sólidos, líquidos ou gases. Características do material, como seu
módulo de elasticidade, a sua densidade assim como a frequência da onda sonora,
podem influenciar positivamente ou negativamente nessa propagação. O sistema
auditivo humano consegue detectar ondas sonoras nas frequências entre 20 Hz e
20.000 Hz. As ondas sonoras com frequências acima de 20.000 Hz são
Figura 1 - Ensaio de ultrassom A-scan [MIX, 2005].
25
denominadas por ultrassom, como pode ser visto pela Figura 2. As ondas sonoras
seguem diversas das regras físicas como reflexão, difração e refração.
Nos sólidos, é possível se ter diversos modos de propagação (tipos de onda)
devido à possibilidade de se utilizar vários tipos de vibrações. Fundamentalmente
o som pode se propagar através de três diferentes tipos de ondas: Ondas
longitudinais, transversais e ondas Rayleith (superficiais) [LIMA, 2010 e BERKE].
Modo de Propagação das Ondas
A densidade dos materiais sólidos é muito maior se compararmos com a
densidade de líquidos ou gases, isso é, a distância interatômica é muito pequena.
Além disso, os átomos se encontram organizados em uma rede cristalina e as forças
de ligação entre elas são muito fortes, como se pode observar na Figura 3. Em razão
destes dois fatores, o som consegue se propagar de formas variadas nos materiais
sólidos, cada um com suas características especificas e principalmente com uma
velocidade própria e impedâncias acústicas diferentes, como pode ser observado no
Anexo 1 [VIEIRA, 2013].
Ondas Longitudinais
As ondas longitudinais, também conhecidas como ondas tensionais, são
semelhantes as ondas audíveis. A oscilação das partículas ocorre na mesma direção
Figura 2 - Espectro sonoro [VIEIRA, 2013].
Figura 3 - Diferentes tipos de estrutura atômica [VIEIRA, 2013].
26
de propagação das ondas, ou seja, os átomos se deslocam no mesmo sentido da onda
longitudinal. Assim são criadas zonas de diferentes tamanhos entre as partículas,
zonas de grande distância e de pequena distância (Figura 4), e por esse motivo são
conhecidas como ondas de compressão longitudinais. Esta espécie de onda
possibilita uma maior penetração nos materiais como gases, líquidos e sólidos. A
velocidade de propagação, para cada material, é fixa e conhecida (Anexo1)
[VIEIRA, 2013; LIMA, 2010].
Figura 4 - Ilustração das ondas longitudinais [OLYMPUS, 2011].
Ondas Transversais
As ondas transversais são aquelas que a direção de vibração das partículas é
perpendicular à direção de propagação da onda (Figura 5), também são conhecidas
como ondas de corte ou de cisalhamento. Estas ondas não se propagam em gases
ou líquidos e sua velocidade de propagação é de aproximadamente metade das
ondas longitudinais. Geralmente é o tipo de onda indicada para a inspeção de soldas
[VIEIRA, 2013, LIMA, 2010].
Figura 5 - Ilustração das ondas transversais [OLYMPUS, 2011].
27
Ondas Superficiais
Esse tipo de onda tem como característica a propagação entre diferentes
impedâncias de choque da interface de um corpo solido e um gás (ar). Pequenas
trincas e descontinuidades conseguem ser detectadas na superfície da peça
inspecionada. Esse tipo de onda tem a profundidade equivalente ao seu
comprimento de onda. Consegue ser utilizada na inspeção de equipamentos com
geometria complexa, contanto que seja avaliada as condições de reflexão nas
extremidades, pois podem ser gerados sinais que atrapalhem na análise de
resultados. Há dois tipos de ondas superficiais: As ondas de Rayleigh são formadas
por ondas transversais que se propagam na superfície e as ondas de Creeping são
formadas por ondas longitudinais próximas à superfície [METALS HANDBOOK
VOL 17]. É possível observar, na ilustração (Figura 6), a propagação de uma onda
superficial Creeping.
Segundo MASSAREY (2007) as ondas de Rayleigh podem ser usadas para
avaliar a profundidade das trincas superficiais pelo controle de tempo e frequência
para uma dada relação entre a profundidade da trinca e o comprimento de onda.
Ondas de Lamb
Estas ondas consistem na vibração complexa das partículas ao longo da
espessura do material avaliado. Os seguintes parâmetros definem as características
de propagação da onda, no material inspecionado: densidade, espessura, estrutura e
propriedades elásticas [METALS HANDBOOK VOL 17].
Figura 6 - Propagação da onda superficial de Creeping [SANTIN, 2003].
28
Utilizadas no controle de qualidade na fabricação de chapas, estas ondas são
classificadas como simétricas e assimétricas.
Atenuação Sonora
Baseia-se na diminuição da amplitude de oscilação em função do tempo. À
proporção que o feixe sonoro se propaga através do material, sua intensidade
diminui, de modo que a intensidade do feixe sonoro que volta ao transdutor é de
menor intensidade do que o feixe original. Esta redução é ocasionada pelos efeitos
de dispersão (devido as interfaces internas no material conhecidas como contornos
de grãos) e absorção (dissipação por calor) do feixe que propaga no material.
A atenuação sonora ocorre, normalmente, devido a dispersão, ou seja, ao
tamanho de grão que alguns metais apresentam (Tabela 1), como em soldas de aço
inoxidável austenítico e peças fundidas em aços inoxidáveis austeníticos. Em
alguns casos pode tornar o ensaio inviável, quando a atenuação sonora é muito
elevada.
Tabela 1 - Valores de atenuação de sinal para diferentes processos de
fabricação [RD TECH, 2004].
Material - Aço Cr-Ni Atenuação sonora (dB/mm)
Forjados
Laminados
0.009 a 0.010
0.018
Fundidos 0.040 a 0.080
Impedância Acústica
A impedância acústica (Z, kg/m2s) de um material pode ser definida como o
produto da velocidade de propagação (v, m/s) do som pela massa específica (ρ,
kg/m3), o que determina características importantes sobre a quantidade de energia
refletida e transmitida na inspeção entre dois meios.
𝑍 = 𝜌 ∙ 𝑣 [2.2]
Quando uma onda sonora se propaga em uma peça em que existe uma
descontinuidade de material, isto é, existe uma interface entre dois materiais
naquele equipamento, parte da energia sonora é refletida nesse ponto, enquanto a
outra parte continua sua trajetória. A quantidade de energia sonora que será
29
transmitida e refletida nas interfaces é dependente da impedância acústica dos dois
materiais. No caso de similaridades nas impedâncias acústicas não ocorre reflexão
(a impedância de alguns materiais pode ser encontrada no Anexo 1). Quanto maior
for a diferença de impedância entre os dois materiais, maior será a reflexão na
interface [VIEIRA, 2013].
Os índices de reflexão (R) e transmissão (T) para uma incidência normal
podem ser calculados pelas Equações 2.3 e 2.4, respectivamente.
𝑅 =𝐼𝑟
𝐼𝑖= [
𝑍2−𝑍1
𝑍2+𝑍1]
2
[2.3]
𝑇 =𝐼𝑡
𝐼𝑖=
4𝑍2𝑍1
(𝑍2+𝑍1)2 [2.4]
onde:
Z1 é a impedância acústica do meio 1, Z2 a impedância acústica do meio 2.
Na incidência oblíqua de uma onda ultrassônica, devem ser considerados os
fenômenos de conversão e de refração da onda incidente [SANTIN 2003]. Pode-se
observar na Figura 7 as possibilidades de geração de ondas em uma interface a partir
de uma onda longitudinal numa incidência oblíqua.
Figura 7 - Possibilidade de geração de ondas a partir de uma incidência
oblíqua de uma onda longitudinal na interface entre dois meios [SANTIN,
2003].
30
Analisando a lei de Snell (Equação 2.5), que descreve o comportamento físico
das ondas nesse tipo de incidência entre dois meios e depende da velocidade do som
nos materiais, dos meios 1 e 2, onde as ondas se propagam e dos ângulos de
incidência, reflexão ou refração. Esta avaliação é comumente utilizada no projeto
de transdutores ultrassônicos.
𝑠𝑒𝑛𝛼
𝑠𝑒𝑛𝛽=
𝑉1
𝑉2 [2.5]
onde:
V1 é a velocidade do som no meio 1, V2 é a velocidade do som no meio 2,
α é o ângulo de incidência e β o ângulo de refração ou reflexão.
Geração de Ondas de Ultrassom (Feixe Sonoro)
Geralmente as ondas de ultrassom são geradas por cristais piezoelétricos que
produzem uma tensão mecânica como resposta a uma tensão elétrica que é
característica de alguns cristais, como quartzo, sulfato de lítio, titânio de bário, vide
Anexo 2. Quando submetidos a uma diferença de potencial (tensão de alta
frequência), estes cristais se deformam mecanicamente. Quando ocorre esse retorno
da onda de tensão (deformação mecânica) produz no cristal cargas elétricas que são
transmitidas para o leitor do aparelho [LIMA, 2010].
Um mesmo transdutor pode ser apropriado para a recepção e transmissão de
ondas sonoras, porém, alguns cristais têm melhores propriedades para receber o
feixe enquanto outros para transmitir (Tabela 8 no Anexo 2). No mercado é
encontrado diversas opções de transdutor com as seguintes características:
❖ Emissão/recepção em cristais distintos (em sondas distintas ou não);
❖ Emissão/recepção num só cristal.
Comportamento do Feixe Sonoro
Na utilização de um material sólido isotrópico, as principais características de
propagação do feixe sonoro estão relacionadas com a frequência e o comprimento
de onda. Quanto maior for a frequência empregada, maior será a capacidade de
detecção de pequenas descontinuidades (aumento da resolução e da sensibilidade
do ensaio) e menor será o comprimento de onda, entretanto, a atenuação sonora será
maior.
31
O feixe sonoro gerado não vem de um único ponto do cristal piezoelétrico
mas da totalidade de sua superfície, gerando um campo sonoro. O campo sonoro
pode ser dividido em três regiões conhecidas como campo afastado, campo de
transição ou zona de Fraunhofer e campo próximo ou zona de Fresnel (Figura 8)
[LIMA, 2010]. A região vermelha, nesta figura, representa zonas de elevada
energia, em compensação as áreas verde e azul representam as de mais baixa
energia [OLYMPUS, 2011].
Figura 8 - Comportamento do feixe sonoro [VIEIRA, 2013;
OLYMPUS, 2011].
Após o campo próximo, na denominada zona de transição, o feixe sonoro
ganha uma aparência mais uniforme, manifestando máxima pressão sonora, ou seja,
nessa região é mais fácil a detecção de descontinuidades ao decorrer da inspeção,
independentemente de seu tamanho. Seu comportamento pode ser observado na
Figura 8.
Por causa das variações no campo próximo, pode se tornar difícil uma
avaliação com precisão as descontinuidades se utilizadas as técnicas baseadas em
amplitude (Figura 8). A distância do campo próximo é função da frequência (f) da
sonda, do diâmetro do elemento (D) e da velocidade do som (c) do material
inspecionado, como é apresentado pela Equação 2.6 [LIMA, 2010]:
𝑁 =𝐷2𝑓
4 𝑐 [2.6]
Na Figura 10 é possível se observar como a localização das descontinuidades
na peça afeta a amplitude dos sinais refletidos, tanto da reflexão do defeito, como
do eco de fundo. Pode-se chegar à conclusão de que quando a descontinuidade se
32
encontra no campo próximo, sua amplitude é pequena, já quando o defeito se
encontra no campo distante (região vermelha da Figura 8), se observa um grande
aumento na amplitude do sinal. Entretanto, quando a descontinuidade se encontra
muito distante da zona de transição, à cerca de 3 vezes a distância do campo
próximo, a leitura de alguma descontinuidade é de difícil detecção, uma vez que
devido à perda de pressão do feixe após a zona de transição, a amplitude do pico é
muito reduzida.
Na Figura 9, pode ser observado este processo, onde na região verde há uma
amplitude de sinal bem diversificada (região N) e na região azul há uma maior
estabilidade. A amplitude decresce com o aumento da distância, assim, a detecção
das descontinuidades é mais complicada.
Figura 9 - Amplitude do feixe sonoro nas regiões do campo próximo ao
campo distante [OLYMPUS, 2011].
33
Figura 10 - Ampliação de vários picos para diferentes locais das
descontinuidades no feixe sonoro [BERKE].
34
Transdutores
2.2.12.1. Normal ou Reto
Transdutores normais são formados por um cristal piezoelétrico, emissor e
receptor posicionados em um bloco amortecedor, e geram apenas ondas
longitudinais. Viabilizam a introdução perpendicular do feixe sonoro com a
superfície da peça.
É utilizada quando se busca verificar a integridade de peças com superfícies
paralelas ou quando se pretende encontrar descontinuidades perpendiculares à
superfície da peça, como é o caso de fundidos, forjados ou chapas.
2.2.12.2. Angulares
Estes transdutores viabilizam a introdução de feixes sonoros com um ângulo
determinado. O feixe sonoro é formado por um cristal piezoelétrico. É muito
comum na inspeção de descontinuidades na camada superficial do material ou em
regiões de solda. As ondas utilizadas para essas aplicações geralmente são
transversais.
2.2.12.3. Duplo Cristal (TR)
Neste caso o transdutor é equipado com dois cristais com uma leve inclinação
(entre 0° e 12°) com a superfície de contato. Nesse transdutor um cristal funciona
como receptor, enquanto o outro funciona como transmissor do feixe sonoro, essa
é a grande vantagem desse modelo, pois permite a escolha do cristal mais adequado
para cada função. É ideal para a detecção de descontinuidades próximas da
superfície da peça inspecionada.
35
Figura 11 - Tipos de transdutores: a) Transdutor reto ou normal, b)
Transdutor angular, c) Transdutor de duplo cristal (TR) [BERKE].
2.3. Ultrassom Phased Array
O ensaio por ultrassom utilizando a tecnologia Phased Array já é utilizado há
algum tempo na área médica. Com o desenvolvimento da indústria e com a
necessidade frequente de se obter uma maior precisão no dimensionamento de
descontinuidades desenvolvidos em equipamentos com trabalhos cíclicos, esta
técnica vem adquirindo mais espaço e importância na indústria.
Por diversas décadas a inspeção por radiografia industrial foi utilizada para a
análise de dutos e tubulações industriais, porém a mesma apresenta limitações,
principalmente quando é realizada avaliação de descontinuidades planares na raiz
da solda e quando se deseja fazer uma análise através da mecânica da fratura, pois
para esta aplicação a radiografia industrial não apresenta dados para o
dimensionamento das descontinuidades internas, recomendando-se a utilização da
técnica de ultrassom Phased Array para realizar esse tipo de inspeção, com menores
custos, maior velocidade e menor risco a saúde do trabalhador, sem contar uma
maior precisão de resultados.
36
Os arrays ultrassônicos oferecem duas vantagens principais sobre os
transdutores monolíticos padrão. Em primeiro lugar, um arranjo particular é capaz
de realizar uma gama de inspeções diferentes a partir de um único local e por isso
é mais flexível do que um único elemento transdutor. Na verdade, um array pode
gerar campos ultrassônicos de variedade quase infinita. Contudo, são mais
comummente utilizados para produzir campos semelhantes aos dos transdutores de
elemento único tradicionais, isto é, feixes planos, focados e direcionados. Em
segundo lugar, a maioria dos tipos de matriz (com exceção de arrays anulares) pode
ser usado para produzir imagens em cada local de teste. Isto permite a visualização
rápida da estrutura interna de um componente. [WILCOX, 2006].
Princípios Básicos
Os transdutores convencionais explicitados acima, possuem um cristal ou no
máximo dois, em que o tempo de excitação do cristal é definido pelo aparelho de
US, sempre executado de uma mesma maneira. Com o avanço tecnológico dos
computadores, com circuitos e processadores mais rápidos, e o desenvolvimento de
materiais piezocompostos para a fabricação de cristais mais eficientes, foi possível
desenvolver uma tecnologia diferenciada em que funcionam em um mesmo
transdutor dezenas (de 10 a 256 elementos) de pequenos cristais, cada um deles
ligado a circuitos independentes dos demais cristais. Assim, temos uma
modificação no comportamento do feixe sônico emitido pelo transdutor (Figura 12).
Devido aos vários cristais dos transdutores Phased Array, é possível em uma
única varredura se inspecionar com diversos ângulos de refração distintos, uma vez
que a mudança de ângulo é feita eletronicamente. Isso quer dizer que a inspeção é
realizada de forma mais rápida, principalmente em soldas, onde é recomendado um
mínimo de dois ângulos diferentes.
As principais vantagens dos transdutores Phased Array são [ANDREUCCI, 2014]:
❖ Variedade de pontos focais para um mesmo transdutor;
❖ Variedade de ângulos de incidência para um mesmo transdutor;
❖ Varredura do material de forma eletrônica do feixe sônico;
❖ Variedade dos modos de inspeção;
❖ Maior flexibilidade para inspeção de juntas complexas.
37
Figura 12 - Típicos transdutores Phased Array [ANDREUCCI, 2014].
38
Composição do Sistema de Inspeção
O formato da composição de uma inspeção por PA é demonstrado pela Figura
14. O sistema apresentado é completo e aplicável tanto para inspeções automáticas,
mecanizadas ou manuais.
Leis de Atrasos e Leis Focais
As matrizes de transdutores que compõem os cabeçotes utilizados na inspeção
por Phased Array são normalmente instalados numa cunha de Roxelite que vão
gerar leis de atrasos com várias formas, baseado no princípio de Fermat do mínimo
tempo de chegada ao longo de um caminho específico [RD TECH, 2004].
Figura 13 - Aparelhos Phased Array[ANDREUCCI, 2014].
Figura 14 - Componentes de um sistema de inspeção por ultrassom
Phased Array [CERQUEIRA, 2009].
39
A forma apresentada pelo gráfico de atraso da lei focal é parabólica em função
da profundidade do foco. A Figura 15 exibe três curvas de atraso para um cabeçote
com 32 elementos, de forma que os valores de atraso aumentam no sentido dos
elementos centrais do cabeçote.
Figura 15 - Valores de atraso para um cabeçote linear com 32
elementos com profundidade focal em 15, 30 e 60 mm para ondas
longitudinais [RD TECH, 2004].
40
A Figura 16 mostra que a relação da distância entre centros dos elementos
adjacentes numa matriz de transdutor (passo) e atraso de tempo é linear.
Figura 16 - Relação de atraso de tempo com o passo de um transdutor
linear com 16 elementos para uma mesma profundidade focal [RD
TECH,2004].
Em sondas que estão fixados sobre uma cunha, o valor de tempo de atraso é
dependente da posição do elemento e do ângulo de refração que é desejado incidir
sobre a área que deve ser inspecionada.
A Figura 17 exibe a relação do ângulo de refração estabelecido pela lei de
Snell com o tempo de atraso, através de uma função com formato de uma parábola
quando o ângulo é igual à 45°. Quando os ângulos são menores do que aqueles
determinados pela lei de Snell, o tempo de atraso vai aumentar da seção traseira do
cabeçote para a seção frontal e quando os ângulos são maiores, o oposto ocorre,
tendo maior atraso de tempo na região traseira do cabeçote, pois os elementos que
se encontram na região frontal terão que percorrer uma distância maior dentro da
cunha, logo, devem ser excitados primeiramente.
41
É feito o controle do tempo de atraso eletronicamente de forma precisa. O
mínimo incremento no tempo de atraso determina a máxima frequência, esse
vínculo pode ser obtido através da Equação 2.7:
∆𝑡𝑎𝑡𝑟𝑎𝑠𝑜 =𝑛
𝑓𝑐 [2.7]
onde: n é o número de elementos e fc é a frequência.
Durante o planejamento da inspeção, que é elaborada de acordo com o projeto
do componente a ser inspecionado, as varreduras são eletronicamente controladas
através de ajustes dos parâmetros, o que vai determinar. A determinação do tipo de
transdutor que é utilizado, a especificação da cunha, ângulos para realizar a
varredura, posição do transdutor em relação à possível descontinuidade, a
profundidade focal, o número de elementos que deve ser utilizado e a escala de
inspeção são definidas de acordo com o projeto da peça à ser inspecionada.
Varreduras controladas eletronicamente podem ser definidas das seguintes formas:
✓ Varredura Linear – a lei focal e atraso de tempo é multiplexada através
de um grupo de elementos ativos, de forma que a varredura é realizada
com um ângulo de incidência constante e ao longo do comprimento
da sonda Phased Array. Na aplicação da cunha, a lei focal vai corrigir
Figura 17 - Dependência do ângulo de refração e posição do elemento
para um cabeçote Phased Array posicionado em uma cunha de Plexiglas®
com 37° [RD TECH, 2004].
42
os diferentes atrasos de tempo que vai ocorrer quando o feixe sônico
se propaga pelo interior da cunha para os elementos individuais do
transdutor.
✓ Varredura Setorial – Empregam um mesmo número de elementos,
mas modifica o tempo de atraso para possibilitar a angulação do feixe
sônico por uma determinada banda de ângulos e profundidade focal.
Uma aplicação deste modelo de varredura foi desenvolvida para
inspeção de componentes de difícil acesso em turbinas, como o caso
de palhetas de rotores, sendo possível utilizar faixas de ângulos entre
20° e 80°.
✓ Profundidade Focal Dinâmica – A varredura é realizada com
diferentes profundidades focais ao longo do eixo do feixe sônico,
possibilitando deste modo a maximização dos sinais refletores
naquela região. Na prática, um pulso focalizado único é transmitido,
e a focalização é realizada na recepção de todas as profundidades de
focalização dinâmica, possibilitando a inserção somente da
profundidade focal, nas leis focais, que é determinada como a região
de maior interesse da inspeção.
Tipos de Representação Gráficas
Existem diferentes vistas para a interpretação dos dados que são adquiridos
durante a realização de uma varredura, as mesmas são: A-Scan, B-Scan, C-Scan e
S-Scan. Durante a aquisição, os dados de inspeção são posicionados através de um
codificador (encoder).
Na inspeção pela técnica Phased Array os resultados que são apresentados
em tempo real, contêm o número total de sinais representados no modo A-scan,
obtidos para uma determinada posição do cabeçote, mostrados em uma
apresentação setorial ou S-scan, ou em uma apresentação B-scan, varredura
eletrônica [RD TECH, 2004].
43
2.3.4.1. A-scan
Essa vista é muito utilizada durante as inspeções, mostra um ecograma onde
na escala horizontal a posição dos picos determina a profundidade da superfície
refletora que deve ser medida empregando como parâmetro a posição da sonda
durante a varredura e a escala vertical a altura dos picos indica a quantidade de
energia que foi recebida pela sonda, quantificando a atenuação sônica do material
e servindo como parâmetro para avaliação do defeito. A Figura 18, demonstra o
resultado de uma inspeção com visualização em A-scan com um pico de reflexão
de 56% de amplitude.
2.3.4.2. B-Scan
A visualização em B-scan mostra a seção transversal da superfície
inspecionada, que condiz com o tempo versus a distância, de forma que um dos
Figura 18 - Apresentação em A-scan dos dados de uma inspeção de uma
junda soldada com um pico de reflexão com amplitude de 56% através de
software Tomoviewer [RD TECH, 2004].
44
eixos equivale ao tempo decorrido e o outro retrata a posição do cabeçote ao longo
da superfície de contato da peça inspecionada, tomando como parâmetro o início
da coleta dos dados. As medidas das intensidades dos ecos de reflexão não podem
ser realizadas diretamente como é realizado na vista A-scan. A Figura 19 ilustra um
sistema de inspeção por imersão com a técnica de visualização dos dados de
inspeção em B-scan, com esse tipo de sistema pode-se localizar a descontinuidade
e dimensiona-la no comprimento.
2.3.4.3. C-scan
Neste modo de visualização os dados de inspeção são plotados graficamente
exibindo uma vista em planta da superfície inspecionada, com a chance de indicar
a posição, o comprimento e a largura da descontinuidade. Geralmente a
profundidade não é dimensionada, mesmo que hoje existam sistemas que são
capacitados para determinar de forma semi-quantitativa a profundidade das
descontinuidades, por meio das imagens adquiridas [METALS HANDBOOK VOL
17]. A Figura 20 exibe o resultado da inspeção de uma junta soldada com Phased
Figura 19 - Representação gráfica de um sistema de
inspeção por imersão com visualização dos dados de inspeção em
B-scan [SANTIN, 2003].
45
Array com focalização na raiz da solda com a exposição dos dados em C-scan, é
identificada a existência de descontinuidades caracterizadas como falta de fusão.
2.3.4.4. S-scan
A exposição dos dados de inspeção em S-scan gera uma imagem global da
superfície inspecionada e uma ligeira informação do componente em questão, assim
como as possíveis descontinuidades presentes e detectadas pelas leis focais que
foram produzidas para a inspeção. Os S-scans empregados na área industrial foram
adaptados dos utilizados na área médica. As vistas em S-scan combinadas com os
outros tipos de apresentação possibilitam determinar a morfologia do defeito
encontrado [RD TECH, 2004]. A Figura 21, mostra o resultado de uma inspeção
com Phased Array em S-scan com varredura setorial com os ângulos variando entre
42° e 68°.
Figura 20 - Resultado da inspeção com Phased Array de uma junta
soldada com a visualização dos dados em C-scan através do Software
Tomoviewer [RD TECH, 2004].
46
2.4.Técnicas de Inspeção por Ultrassom
Diversas técnicas podem ser empregadas nos testes por US dependendo de
alguns fatores, como por exemplo, a natureza, dimensão e orientação das
descontinuidades, condição da superfície, geometria do material à ser inspecionado
e sua estrutura interna, isto é, com grãos grosseiros ou finos. Pode ser realizado de
duas maneiras, a primeira é pelo contato direto entre a peça e o transdutor, com a
utilização do acoplante e a segunda é pela imersão, onde uma coluna de água está
entre o transdutor e a peça analisada (Figura 22) [HELIER, 2003].
Técnica de Pulso-eco
Esta técnica consiste pela emissão de feixes sonoros regulares pelo transdutor,
de forma que se propaguem pelo material até se refletirem em um obstáculo, seja a
superfície ou um defeito. Após a reflexão do feixe, o mesmo retorna ao transdutor,
Figura 21 - Resultados da inspeção com Phased Array com varredura
setorial e visualização dos resultados em S-scan através do Software
Tomoviewer [RD TECH, 2004].
47
transformando a energia mecânica em pulsos elétricos e apresentando os resultados
no osciloscópio para análise do operador. Apenas um transdutor emite e recebe o
feixe sonoro que percorre o material, podendo ser realizada a análise de
profundidade do defeito ou da espessura do material (Figura 22).
Técnica de Transparência
Nesta técnica é utilizado dois transdutores, um funcionando como emissor
enquanto o outro funciona como receptor das ondas ultrassônicas. Não permite
localizar a descontinuidades ou defeitos, apenas é possível observar uma queda no
eco recebido. É utilizado para a procura de defeitos na região próxima à superfície
ou na inspeção de grandes espessuras (Figura 22), assim como na detecção de
diferentes estruturas do material estudado.
A técnica de transparência pode ser utilizada para chapas, juntas soldadas,
barras e o principal objetivo é estipular um critério comparativo para avaliação do
sinal recebido, isto é, da altura do pico na tela.
O tamanho do sinal recebido pela técnica de transparência varia de acordo
com a quantidade e tamanho das descontinuidades presentes no caminho do feixe
ultrassônico. Deste modo o operador não consegue analisar as características e só
realiza uma comparação com os valores obtidos pelo ensaio em uma peça sem
presença de descontinuidades.
Técnica de Imersão
Neste caso o transdutor é à prova de água. A peça estudada é colocada
submersa em água, o que permite um acoplamento homogêneo entre a peça e o
transdutor. O transdutor pode estar em contato com a peça ou separado por
diferentes distâncias (Figura 22).
48
Figura 22 - a) Técnica de impulso - eco, b) Ténica de transmissão total e
c) Técnica de imersão [HELIER, 2003].
2.5. Técnicas de Inspeção com Phased Array
As técnicas mais utilizadas nas inspeções feitas com Phased Array, para
avaliação e dimensionamento de descontinuidades, são a pulso eco, TANDEM e o
TOFD. A escolha da técnica é realizada dependendo de alguns fatores, os quais se
destacam os seguintes:
✓ O tipo de material que será inspecionado e seus requisitos de
fabricação;
✓ O tipo de descontinuidade que se pretende detectar e os critérios de
avaliação;
✓ Em caso de inspeção de juntas soldadas depende da geometria do
chanfro à ser inspecionado;
49
✓ A classificação da inspeção (inspeção de fabricação ou inspeção em
serviço), uma vez que a técnica TOFD é a mais indicada para
dimensionar a altura das descontinuidades em inspeções em serviço.
Pulso-Eco
Nessa técnica um mesmo transdutor é responsável tanto pela transmissão
como pela recepção das ondas ultrassônicas que se propagam pelo material
inspecionado. Estes pulsos que se propagam pelo material são refletidos pelas
descontinuidades, refletor ou pela superfície oposta ao local de contato entre a
sonda e o material monitorado, que origina os sinais de reflexão recebidos pelo
mesmo transdutor. [KRAUTKRAMER, 2005].
Para os transdutores Phased Array são adotadas defasagens no tempo dos
sinais enviados (pulsos) e dos sinais recebidos (ecos) pelos seus elementos
individuais. O tipo de onda, o ângulo de refração e a profundidade focal são
parâmetros utilizados para determinar o tempo de atraso.
A Figura 23 apresenta uma configuração de pulso-eco com o uso de um
transdutor Phased Array em um bloco de referência numa varredura setorial com a
visualização em S-scan, através do software Tomoview. É notada nessa varredura
a existência de quatro furos do bloco padrão com dimensões conhecidas.
Figura 23 - Visualização em S-scan de uma configuração pulso-eco,
empregando um transdutor Phased Array por meio de uma varredura
setorial no bloco padrão [RD TECH, 2004].
50
TANDEM
Quando são realizadas inspeções em peças de grandes espessuras onde há a
dificuldade de a onda ultrassônica refletir na descontinuidade e retornar ao
transdutor e assim proporcionando deste modo uma análise das descontinuidades,
é utilizada a configuração TANDEM. O método necessita da utilização de dois
transdutores, um atuando como emissor e outro como receptor, e estando separados
por uma distância fixa e fixados em dispositivos de forma que ambos possam ser
deslocados sobre a superfície inspecionada e a distância se mantenha inalterada.
Com essa técnica é possível realizar a detecção de descontinuidades que se
encontram também na vertical, no entanto, não é adequada para realizar o
dimensionamento de descontinuidades, já que apresentam limitações que vão
requere a utilização de outra técnica.
Time of Flight Difraction
O TOFD (Time of Flight Difraction) opera um par de sondas ultrassônicas
posicionadas em lados opostos de uma solda. Uma das sondas, o transmissor, emite
um pulso ultrassônico que é captado pela sonda oposta, o receptor. Quando no
material não contem descontinuidades, o sinal capturado pela sonda receptora é de
duas ondas: uma que percorre a superfície e uma que se reflete na parede distante.
Quando a descontinuidade está presente, há uma difração de baixa energia da onda
ultrassônica pelas extremidades da descontinuidade. Usando o tempo de voo
medido do pulso, a profundidade do defeito pode ser calculada facilmente.
Para criar a imagem, o sinal analógico é digitalizado e quantificado (dividido
em porções) em uma gama grande de tonalidades de cinza, ajustáveis entre o branco
e o preto, apresentando uma vista em B-scan empilhada. O preto é a representação
de um grande sinal positivo, enquanto o branco é a representação de um grande
sinal negativo em TOFD, sendo possível realizar uma visualização em D-scan, pois
cada sinal de A-scan é substituído pela tonalidade de cinza associada com a
amplitude do sinal, tornando possível que cada tela em A-scan que foi registrada na
varredura, represente uma imagem bidimensional do interior do cordão de solda, o
que possibilita a detecção das descontinuidades. A polaridade é um parâmetro
fundamental para a interpretação da imagem [RTD ROTOSCAN, 2007]. A Figura
24 mostra a imagem criada com os dados de inspeção com TOFD em D-scan. É
51
possível notar a presença da onda lateral, dos sinais de difração da descontinuidade
existente na região da solda e do eco de fundo representada pela onda longitudinal.
Inspeções que precisam do dimensionamento das descontinuidades internas
nas paredes de vasos de pressão, dutos e cordões de solda, a técnica de TOFD é
muito utilizada e detecta o percurso das ondas difratadas das extremidades destas
descontinuidades.
A técnica também é utilizada com sondas Phased Array na forma
transmissor-receptor (pitch-and-catch). A principal diferença entra as indústrias é
que a técnica TOFD é empregada com varredura com movimento em duas direções
na área de geração de energia e com varredura com movimento linear na área
petroquímica. Quando a varredura é realizada com movimentação bidirecional, a
Figura 24 - Visualização em D-scan de uma inspeção de junta
soldada com TOFD: (A) onda lateral, (B) sinais da descontinuidade e
(C) Eco de fundo da onda longitudinal [MOREIRA, 2003].
52
coleta de dados é maior, e consequentemente há maior precisão nos resultados,
enquanto que a varredura linear é realizada com maior velocidade. [RD TECH,
2004].
As limitações desse tipo de técnica podem ser resumidas nos seguintes
pontos: pequena relação sinal ruído, sensibilidade elevada para materiais com
granulação grosseira, problemas de acoplamento em componentes de geometria
complexa e o fato de a amplitude do sinal não estar diretamente relacionada com a
dimensão da descontinuidade.
Apesar das limitações citadas, a técnica é muito precisa para
dimensionamento de trincas (tanto comprimento como altura). Segundo o ASME
Code Case 2235 a técnica TOFD é aceita como alternativa para o controle de
qualidade das soldas de vasos de pressão.
2.6. Técnicas de Dimensionamento de Descontinuidades
Para avaliação, de uma descontinuidade, através de critérios de inspeção é
necessário saber suas dimensões, logo o ensaio por ultrassom possui meios que
permitem que os inspetores e engenheiro visualizem o tamanho da descontinuidade
presente no material para a sua avaliação de forma correta. Entretanto, para este
dimensionamento ser confiável e aceitável é necessário se ter os seguintes cuidados:
✓ Experiencia consolidada no tipo de componente que será realizado o
dimensionamento de descontinuidades;
✓ Conhecimento do comportamento do feixe sônico sobre a área que
está sendo realizada a inspeção;
✓ Conhecer as diferentes técnicas de dimensionamento e suas
limitações;
✓ Selecionar a aplicar de forma correta a técnica de dimensionamento
para dimensionamento das descontinuidades;
✓ Em caso de aparelhos com softwares específicos para realização de
análise e dimensionamento das descontinuidades, o inspetor deve ter
conhecimento da ferramenta computacional utilizada.
53
Técnica da Queda dos 6dB
A técnica de dimensionamento utilizando a queda de 6dB tem como
parâmetro inicial a localização da sonda ultrassônica em relação a descontinuidade
que deverá apresentar nesta posição um eco de reflexão com a maior amplitude
possível. Após conhecimento deste ponto o cabeçote é deslocado lateralmente até
que metade do feixe sônico inicial esteja incidindo sobre a descontinuidade, que vai
proporcionar uma queda de amplitude de 50% que equivale a 6dB, de forma que a
linha de centro do cabeçote esteja coincidente com uma das extremidades do defeito
[SANTIN 2003]. É repetido o mesmo procedimento até que seja atingido a outra
extremidade, e desta forma é determinado o comprimento da descontinuidade. Esta
técnica pode ser utilizada para medir refletores pequenos (falta de fusão, inclusão
de escoria e trincas) assim como serve também para grandes refletores (dupla
laminação) muito comuns em chapas laminadas.
O dimensionamento do comprimento de descontinuidades pode ser separado
em etapas, como mostrado na Figura 25. A sonda no ponto (A) busca a
maximização do sinal da descontinuidade a 100% da altura da tela do aparelho no
modo de representação em A-scan. Os pontos (B) e (C) são locais onde a sonda já
sofreu deslocamento lateral com o intuito de se determinar as bordas da
descontinuidade, que vai apresentar uma queda de 50% da altura inicial do sinal
que corresponde a uma queda de 6dB.
Figura 25 - Representação esquemática do dimensionamento de
descontinuidades utilizando a técnica da queda dos 6dB numa junta soldada
[SANTIN, 2003].
54
Técnica da Queda de 20dB
Está técnica é comumente utilizada para o dimensionamento de
descontinuidades internas em cordões de soldas ou componentes estruturais, e é
recomendada para refletores grandes. A sua utilização mais comum é para o
dimensionamento da altura (dimensão em relação à espessura do componente
inspecionado) da descontinuidade empregando transdutores angulares [SANTIN,
2003].
Antes da aplicação da técnica o inspetor deve conhecer as características do
feixe sônico que será empregado para a inspeção e as bordas dos 20dB, com a
utilização de um bloco IOW. Na Figura 26 está ilustrado o procedimento para
verificação do feixe sônico empregando um cabeçote angular convencional. Na
distância (d1) a sonda está na posição onde a reflexão é a máxima obtida por este
refletor, ajustando o ganho na tela de modo que o sinal esteja a 100% de altura. Ao
movimentar o cabeçote para a frente, é observado a queda da amplitude até que o
eco de reflexão do refletor caia para 10% da altura da tela, o que será equivalente à
uma diminuição de 20dB, registrado no ponto (d2). No ponto (d3) é seguido o
mesmo procedimento do ponto anterior, modificando apenas o sentido em que o
cabeçote é movimentado. Para os outros refletores se repete os mesmos
procedimentos e com estes respectivos pontos, que vai corresponder a distância
projetada com a profundidade de cada refletor padrão, é traçado e verificado as
características do feixe sônico que está sendo utilizado no transdutor convencional.
Figura 26 - Representação esquemática da verificação do comprimento
do feixe sônico com a utilização de um cabeçote angular convencional num
bloco IOW [SANTIN 2003].
55
É necessário, para o dimensionamento da altura do defeito, conhecer a
geometria do chanfro que está sendo inspecionado e a característica do feixe sônico
empregado. Na Figura 27 é ilustrada as etapas para o dimensionamento. Em (B) a
sonda é posicionada de forma a se obter o maior eco de reflexão da descontinuidade
com ajuste no ganho de modo a colocar a sua altura em 100%, o percurso sônico
(p1) é conhecido. Em (A) e (C), a sonda é movimentada para frente e para trás, a
partir de (B), de modo a se obter uma reflexão com 10% da altura de reflexão
original, e assim se determina os percursos sônicos (p2) e (p3), respectivamente.
Com todos os percursos sônicos conhecidos (p1, p2 e p3) e as respectivas distâncias
projetadas (d1, d2 e d3), é estabelecida a altura da descontinuidade.
Para o uso da técnica pelo equipamento com tecnologia Phased Array e com
o emprego de software de análise dos resultados, este dimensionamento é feito
através de ferramentas computacionais disponibilizadas pelo próprio software. A
imagem da descontinuidade é codificada em cores que representam um nível de
ganho, desta forma este dimensionamento é realizado pela representação gráfica da
descontinuidade, observando a escala de ganho indicada.
Figura 27 - Representação esquemática do dimensionamento da altura
de defeitos utilizando a representação em A-scan pela técnica da queda de
20dB [SANTIN 2003].
56
Aplicações
Nos dias atuais o US é abundantemente utilizado na manutenção industrial,
como por exemplo, na busca por prevenir possíveis falhas de equipamentos,
vazamentos de gás, óleos e líquidos em geral.
É muito utilizado na detecção de defeitos em regiões críticas que são
relacionadas com a segurança e qualidade, como soldas estruturais, forjados, vigas
de aço, oleodutos, vasos de pressão, aeronaves, cascos de navios e diversas outras
aplicações [ANDREUCCI, 2014].
Vantagens e Limitações do Método
Método de teste ultrassônico desempenha um papel importante no controle de
qualidade de produção. Contudo, devido à complexidade do perfil de superfície, os
transdutores de contato ultrassônicos convencionais apresentam incompatibilidade
de contato e desorientação do feixe de ultrassom, o que leva a um mau desempenho
de detecção, caracterização incorreta e área de varredura descoberta. Assim, são
urgentemente necessários novos métodos de ensaios não destrutivos com elevada
eficiência e precisão. [CAO, HUAN-QING, 2015].
Sempre existem vantagens e limitações para cada END utilizado e o US não
é diferente, tendo os seguintes prós e contras [VIEIRA, 2013]:
Vantagens:
✓ A inspeção pode ser realizada a partir de uma superfície e detectar
descontinuidades no interior do material, assim como dimensiona-las.
✓ Permite detectar tanto descontinuidades internas ao material como
descontinuidades superficiais.
✓ Possibilita a medição de espessura de diversos materiais, assim como
observar o desgaste natural ou por corrosão do material.
✓ É possível realizar a detecção de descontinuidades de dimensões reduzidas.
✓ Existem diversas técnicas de inspeção, permitindo avaliar com maior
abrangência de dimensões e materiais.
✓ Permite a realização de ensaios em equipamentos de difícil acesso.
✓ Pode ser realizado em temperaturas elevadas desde que seja utilizado o
equipamento adequado.
✓ O equipamento é portátil, leve e de fácil utilização.
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Desvantagens:
✓ Defeitos orientados paralelamente as ondas ultrassônicas, normalmente não
são detectadas, necessitando vários ângulos ou direções de varrimento.
✓ Materiais fundidos, se apresentarem grão muito grosseiros, ou seja, a
estrutura dos materiais pode inviabilizar o ensaio.
✓ Superfícies irregulares podem diminuir a eficácia do ensaio.
✓ Necessita de uma grande experiência e de qualificação do operador nos
ensaios e na avaliação das descontinuidades.
✓ Os sinais apresentados durante o ensaio são dependentes de interpretação,
ou seja, pode-se ter indicação de uma descontinuidade inexistente ou
alguma descontinuidade pode não ser indicada.
2.7. Radiologia Industrial
O Raio-X foi descoberto em 1895 por Wilhem Roentgen, quando durante
estudos sobre radiação percebeu certa radiação “invisível” que podia atravessar
alguns materiais que a luz visível não conseguia. Logo essa descoberta foi utilizada
na medicina, uma vez que a radiação atravessava o corpo humano e conseguia
diferenciar o esqueleto das demais partes do corpo, já que sua densidade é diferente
do resto dos tecidos do corpo.
A radiografia é um método usado como END, fundamentado na absorção
variada da radiação penetrante pela peça que é inspecionada. Em consequência de
diferenças na densidade e variações de espessura do material, ou diferenças nas
características de absorção causadas por variações na composição do material,
diferentes partes de uma peça absorverão diferentes quantidades de radiação
penetrante. Essa distinção na quantidade de radiação absorvida, irá indicar a
existência de uma falha interna ou defeito no material.
A radiografia industrial é utilizada para a detectar regiões de um determinado
material que manifestam espessuras ou densidades diferentes quando comparadas
com uma região vizinha, isto é, é um método capacitado para detectar com boa
sensibilidade defeitos volumétricos. Em outras palavras, a capacidade do processo
em detectar defeitos pequenos como trincas em planos perpendiculares ao feixe,
depende da técnica realizada no ensaio. Defeitos volumétricos como inclusões e
58
vazios, que apresentam uma espessura variável em todas as direções, serão
facilmente detectados, contanto que não sejam muito pequenos em relação à
espessura total da peça.
Princípios Físicos
O ensaio radiográfico emprega radiação de alta energia (baixo comprimento
de onda), exemplos são o Raios-X e Gama. Este tipo de radiação pode atravessar
diversos tipos de materiais, como corpos opacos, metais, dentre outros, sendo
posteriormente registrado em forma de filme radiográfico ou digital.
É possível observar alguns dos princípios do ensaio radiográfico industrial na
Tabela 2, desde a formação do feixe radioativo até a formação do filme
radiográfico.
Figura 28 - Técnica geral de ensaio radiográfico na indústria
[ANDREUCCI, 2014].
59
Tabela 2 - Princípios básicos do ensaio radiográfico [VIEIRA, 2013].
Princípios básicos do ensaio radiográfico
Fontes de radiação
(Raios-X e
Gama)
Absorção da radiação
pela matéria
Muitos elementos exibem uma propriedade chamada
radioatividade, esta característica é causada pela
instabilidade da complexa estrutura destes elementos,
sobre a ação de forças elétricas, magnéticas e
gravitacionais.
Criando assim um feixe de radiação capaz de penetrar
em vários tipos de materiais.
Quando um feixe de radiação incide num material, parte
é absorvida ou dispersada e uma parte é transmitida.
A radiação transmitida é a parte do feixe utilizada para
detectar as descontinuidades.
Exposição do filme
Como num filme fotográfico que é sensibilizado pela
luz, o filme radiográfico será sensibilizado não somente
pela luz, mas também pela radiação.
As áreas escuras observadas num filme radiográfico
indicam que uma maior quantidade de radiação passou por
aquela região correspondente na peça ensaiada.
O método é baseado na diferença de absorção da radiação (Raios-X ou
Gama), frutos das descontinuidades presentes no interior da peça. O feixe de
radiação é reduzido de acordo com sua espessura e densidade da peça, quanto maior
e mais denso, maior é a redução (Figura 28). Desta forma existe uma diferenciação
entre quantidade absorvida de radiação entre parte integra da peça e do local onde
existe a descontinuidade, essa diferença de absorção produz, por consequência, uma
diferenciação na imagem radiográfica resultante, onde a imagem apresentando
tonalidade mais escura é devido à menor absorção de radiação pela peça, ou seja,
uma maior quantidade de radiação atinge o filme, já a região mais clara da imagem
ocorre o contrário, maior é a absorção de radiação pela peça e menor quantidade
que atinge o filme neste local.
60
Na Figura 29b há uma ilustração de um filme radiológico após a peça
estudada ser radiografada, onde pode ser verificada a diferença de espessura, assim
como o defeito apresentado pela peça (a diferença de tonalidade indica diferentes
níveis de exposições à radiação por parte do filme).
Apesar da simplicidade do princípio em que é baseada o ensaio radiográfico,
muitas variáveis podem induzir erros ou dificuldades na interpretação dos
operadores. Na realização do ensaio deve ser levado em consideração sempre a
intensidade da radiação aplicada, o tipo de radiação que será utilizada (X ou Gama),
distância entre a peça e a fonte de radiação, assim como a distância que a peça deve
ter do filme radiográfico. Esses parâmetros são sempre dependentes da sua
composição química, do tamanho da peça e de que tipo de defeitos podem estar
presentes.
Para que seja obtido um resultado com boa nitidez e qualidade nos filmes
radiográficos, o ensaio deve seguir as seguintes condições:
Figura 29 - Princípios do ensaio radiográfico. a) Radiação produzida por um
gerador e b) formação da imagem radiográfica.
61
➢ Para se obter a penetração adequada do feixe, a fonte deve estar o mais
distante possível da peça estudada.
➢ A fonte de radiação deve ser posicionada perpendicular à superfície do filme.
➢ O filme deve ficar posicionado o mais próximo possível da peça.
➢ A amostra deve se posicionada paralela ao filme.
Esta técnica pode ser realizada com diversos materiais distintos. Entretanto,
existe a limitação proveniente da grande absorção que alguns materiais apresentam,
tais como chumbo e urânio, que são materiais normalmente utilizados para
blindagem da radiação, esse tipo de material pode inviabilizar este método.
O ensaio deve ser realizado em diferentes posições e ângulos para a mesma
peça, pois não é possível realizar detecção de descontinuidades planas
perpendiculares à incidência do feixe. O método radiográfico tem maior
sensibilidade para descontinuidades volumétricas [VIEIRA, 2013, ANDREUCCI,
2014].
Radiação Eletromagnética
Os Raios-X e Gama são radiações eletromagnéticas, bem como a luz visível,
as ondas de rádio e micro-ondas, porém, com frequências e comprimento de onda
distintos (Figura 30). Essa radiação não possui massa ou carga, não é influenciada
nem por campos magnéticos ou elétricos e se propaga em linha reta.
Figura 30 - Espectro eletromagnético [BRITO].
62
Logo, a radiação Gama e X tem uma faixa de frequência (f) característica,
bem como comprimento de onda (λ) e velocidade (c).
𝑓 =𝑐
𝜆 [1.4]
Em consequência de seu pequeno comprimento de onda, fora do espectro
visível, essa radiação possui energia suficientemente grande para atravessar a
matéria, onde esse nível de penetração é dependente da energia da radiação X ou
Gama e das características da matéria, como sua densidade.
Fontes de Radiação
É normalmente utilizado dois distintos tipos de radiação eletromagnética na
radiografia industrial, que têm capacidade de penetração diferentes, além de serem
produzidas por dois tipos de fontes diferentes:
➢ A radiação Gama decorre de isótopos radioativos, onde normalmente tem
uma maior capacidade de penetração em relação ao Raio-X devido ao seu
tamanho de comprimento de onda inferior.
➢ Os Raios-X decorre de fontes eletricamente alimentadas, e normalmente
tem menor capacidade de penetração em comparação com a radiação gama
(maior comprimento de onda).
Obviamente a capacidade de penetração tem uma importância fundamental
na radiografia digital, uma vez que para analisar o interior de alguma peça é
necessário que a radiação penetre no objeto. A capacidade de penetração está ligada
à quantidade de energia das radiações emitidas (maior energia corresponde a uma
maior capacidade de penetração).
Raio Gama
Como mencionado anteriormente a radiação Gama é proveniente de isótopos
radioativos produzidos em reatores nucleares, e graças a evolução desta tecnologia,
foi possível o desenvolvimento para criação de isótopos radioativos provenientes
de reações nucleares de ativação.
Os isótopos radioativos são criados por elementos naturais, colocados no
núcleo do reator, que são submetidos a um bombardeamento de nêutrons. Quando
63
o núcleo dos átomos destes elementos é atingido pelos nêutrons, estes elementos
ficam instáveis e mudam a sua massa atômica, e desta forma é criado os isótopos
reativos. E no processo de recuperar sua estabilidade energética são liberadas
partículas e energia em forma de radiação Gama. Assim são formadas fontes
reativas, de forma que o isótopo radioativo é colocado em um recipiente de aço
como mostrado na Figura 31. Pode-se observar, na figura da esquerda, a capsula de
aço que contém o isótopo radioativo que emite a radiação gama. Já na Figura 31b
mostra o direcionamento da radiação, uma vez que ela se espalha em todas as
direções, então é necessária uma proteção de chumbo e colimadores que realizam
esse direcionamento da radiação gama para a direção desejada. [VIEIRA, 2013;
ANDREUCCI, 2014].
Raio-X
Os equipamentos Raios-X que são empregados na indústria são concebidos
com tubos de Coolidge (também conhecido como ampola de Raios-X), sendo
constituído de uma ampola sob vácu, onde no seu interior existe dois elementos
diferentes, um anodo e um catodo, como ilustrado na Figura 32.
O catodo é composto de um filamento de tungstênio, em que é aplicada uma
corrente na casa dos miliamperes, que aquece pelo efeito joule e assim emite
elétrons de maneira controlada. Estes elétrons são acelerados através do campo
elétrico que existe entre o catodo e o anodo na casa dos kilovolts, desta forma é
Figura 31 - a) Fonte de radiação; b) direcionamento da radiação
emitida. [VIEIRA, 2013]
64
fornecida uma energia cinética aos elétrons. Estes elétrons com energia cinética
colidem com o anodo, geralmente constituído de tungstênio ou cobre, quando esta
energia cinética é transferida para os átomos do tungstênio ou cobre, há uma
interação de nível atômico, o que provoca a emissão de Raios-X em forma de
espectro contínuo graças as diferentes interações que os elétrons experimentam no
anodo, desta maneira são criados Raios-X com diferentes comprimentos de onda,
já que interações atômicas são diferentes umas das outras, e depende da corrente
aplicada [VIEIRA, 2013; ANDREUCCI, 2014].
Classificação dos Filmes Industriais
A existência de diferentes condições e a heterogeneidade de materiais
encontrados na radiografia industrial, fizeram os fabricantes produzirem distintas
espécies de filmes radiográficos. Uma classificação dos filmes foi estabelecida pelo
ASTM E-1815-96, que identifica os diferentes tipos de filmes pela velocidade de
exposição e sua sensibilidade. A velocidade de exposição é função logarítmica da
dose de radiação necessária para que o filme atinja densidade óptica de 2,0. A seguir
está descrita de forma simplificada os tipos de filmes.
Figura 32 - Tubo de Raios-X com alvo rotativo, de forma a melhorar
o arrefecimento do alvo [VIEIRA, 2013].
65
Tipos dos filmes:
• Tipo 1 – Características: granulação ultrafina alto contraste e
qualidade. Deve ser usado em ensaios de metais leves ou pesados, ou
seções espessas, com radiação de alta energia. São marcas comerciais
Tipo 1: Kodak M, Fuji 50, Agfa D4 ou D5.
• Tipo 2 – Características: filme com granulação muito fina e com alta
velocidade e alto contraste quando utilizado em conjunto com telas
intensificadoras de chumbo. São marcas comerciais Tipo 2: Kodak
AA400, Fuji 100, Agfa D7.
• Tipo 3 – Características: Filme de granulação fina, com alto contraste
e velocidade. É o filme mais utilizado na indústria em razão do
atendimento em qualidade e maior produtividade.
• Tipo 4 – Características: Filme de granulação média, pouco utilizado
na indústria.
Análise por Radiografia
As radiações ionizantes utilizadas na indústria consistem em um fator de
grande importância no aprimoramento do controle de qualidade em inúmeros
processos e equipamentos industriais. Os END são comumente utilizados na
inspeção de dutos em serviço, ou seja, geralmente estão sobre altas pressões e com
fluxo constante de fluidos ou gases, o que pode causar uma erosão ou corrosão no
interior do duto, assim como corrosão externa pode ocorrer devido a questões
naturais. Esta mudança na espessura dos tubos devido a esse desgaste pode ser
crítica ao funcionamento da linha, acarretando no aparecimento de trincas ou até o
colapso.
Um obstáculo comum na inspeção de dutos é a remoção dos isolamentos, uma
vez que para medição de perda de espessuras ou detecção de corrosão são utilizados
normalmente métodos que dependem do contato direto com o duto, como no caso
de medição de espessura por US.
66
No processo de radiografia convencional, é determinada espessura dos dutos
através da avaliação visual das imagens radiográficas realizadas por um inspetor.
Já que os valores resultantes são dependentes do fator humano, as estimativas têm
uma incerteza considerável, o que não é aceitável. Foi criada uma técnica que se
baseia em algoritmos que utilizam a radiografia digital para diminuir estas
incertezas, com uma calibração adequada e um software que permite tratar as
imagens adquiridas (Figura 33).
O exemplo demonstrado na Figura 33 expõe claramente como é realizada
uma avaliação pelo método de RD, onde a análise se dá pelas diferentes tonalidades
da radiografia, isto é, a tonalidade indica se há maior ou menor quantidade de
material naquela região.
2.8. Radiografia Digital
Os métodos para obtenção de imagens através da radiação sem uso do filme
fotográfico estão disponíveis a muitos anos, um exemplo disso é a radioscopia com
câmera de vídeo analógica em tempo real, que sofreu uma evolução para o CCD,
tubos de raios-X microfocus, e por fim, a digitalização da imagem analógica.
Quando se fala da qualidade da imagem digital, se refere à resolução da
imagem. A resolução é definida como sendo a menor separação (distância) entre
dois pontos da imagem que podem ser diferenciadas ou visualizadas. O olho
Figura 33 - À esquerda encontra-se o fator de ampliação. À direita a
medição automática das espessuras reais do duto através da análise das
tonalidades do cinza [Picl e coautores].
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humano é o observador final de uma imagem, desta forma, a resolução seria “o que
o olho consegue ver”. Para se ter uma ideia, o olho humano consegue diferenciar
30 tons diferentes de cinza. Porém quando se trata de cores, o olho humano pode
distinguir milhões de cores. A imagem digitalizada é formada por “pixels”, ou seja,
uma partícula quadrada, que quando agrupadas formam a imagem digita. Cada
“pixel” possui uma única tonalidade de cor e possui a mesma medida horizontal e
vertical.
Figura 34 - Imagens “pixeladas” [ANDREUCCI, 2014].
O número de “pixels” lineares existentes em uma medida padrão, tal como
milímetro (p.p.m.) defini a resolução, e é a única para toda a imagem. Na Figura
35, pode ser visto um exemplo de resolução 6 p.p.m., que significa que existem 6
pixels em cada medida linear de 1 mm.
Figura 35 - Imagem com resolução de 6 p.p.m. [ANDREUCCI, 2014]
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Quando há ampliação da imagem, sempre existe a perda da qualidade e da
resolução de uma imagem digitalizada, a menos que se aumente a quantidade de
pixels na mesma proporção de ampliação.
Figura 36 - Exemplo de graus de resolução diferentes para uma mesma
imagem [ANDREUCCI, 2014].
Assim, para fazer uma avaliação da capacidade de resolução de diferentes
sistemas de imagem a quantidade de pixels é um dos fatores determinantes. Na
radiografia digital industrial valores como 2500 x 3000 pixels são comuns para uma
boa qualidade de imagem. O contraste é outro fator que mede a qualidade entre dois
pontos adjacentes como uma função da sua distância de separação. Isto é chamado
de “Função Modulação de Transferência – MTS” que assume valores entre 0 e 1
dependendo do sistema digital usado. Quanto maior é o valor associado ao MTS,
mais facilmente uma descontinuidade é visualizada.
Os parâmetros de maior importância para comparação entre o filme
convencional e a radiografia digital são a resolução espacial, sensibilidade do
69
contraste. Os grandes méritos da radiografia digital quando comparada com a
técnica convencional são:
• Exposições radiográficas mais rápidas;
• Processamento rápido, eliminando a câmara escura;
• Inexistência de químicos, eliminando problemas ambientais;
• Não há consumíveis, portanto, redução de custos;
• Oferece uma ampla faixa dinâmica de exposição/latitude, reduzindo
repetições.
Formação da Imagem Digital
Na radiografia convencional, o olho humano é usado para analisar a imagem
radiográfica no filme, onde é registrada a intensidade de radiação incidente se pode
observar pelos diferentes tons de cinza no filme. Na imagem digital, a intensidade
de radiação é primeiramente medida ponto a ponto pelo sistema de captura, e depois
digitalizada e convertida em milhares de tons de cinza. Este processo de registro é
conhecido como mapeamento. Finalmente esses milhares pixels em tons de cinza e
suas coordenadas são mostradas na forma de uma imagem coerente na tela do
monitor, ou impressa para exame pela visão humana.
Após o mapeamento pronto e salvo, podem ser aplicados diferentes filtros
com o objetivo de detalhar ou mostrar faixas diferentes de espessuras sem alterar a
imagem original. As extensões dos arquivos salvos são excluídas do programa de
digitalização, não sendo possível a alteração por qualquer meio digital, com o
objetivo de fraudar ou modificar a imagem original.
Processos de Digitalização da Imagem Radiográfica
Os processos de digitalização da imagem radiográfica estão demonstrados na
Figura 37.
70
Figura 37 - Processos de digitalização de imagens da radiografia digital
[ANDREUCCI, 2014].
2.8.2.1. Radiografia Computadorizada – CR
O método de Radiografia Computadorizada (CR), utiliza uma tela flexível
contendo cristais de fósforo fotoestimulado. Os grãos de fósforo são cobertos por
um substrato flexível e armazenam a energia da radiação incidente. Após a
exposição radiográfica da placa, esta deve passar por um scanner CR. Os elétrons
do fósforo que compõe a placa, são excitados por um feixe de laser, provenientes
do scanner, que emitem uma luz proveniente dos pequenos elementos "pixels" da
71
placa. A luz emitida produzida é detectada eletronicamente pelo scanner por uma
fotomultiplicadora, digitalizada e armazenada na memória do computador na forma
de um sinal digital, ou mostrada no monitor do computador [ANDREUCCI, 2014].
Figura 38 - Estrutura da placa de imagem CR e Scanner portátil
[ANDREUCCI,2014].
Figura 39 - Imagem de radiografia digital (CR) de uma solda de um
tubo [ANDREUCCI, 2014].
72
As placas CR, compreendendo a estrutura mostrada na Figura 38, podem ser
usadas em temperaturas de -5°C a 30°C.
Figura 40 - a) Radiografia original digitalizada e b) Radiografia
processada digitalmente [ANDREUCCI, 2014].
2.8.2.2. Processo Direto – DR
No processo direto, a energia da radiação é transformada diretamente em sinal
elétrico pelo detector o que previne perdas e melhora a eficiência do sistema.
Figura 41 - Esquema do detector para captura da imagem digital no
sistema direto [ANDREUCCI, 2014].
73
Figura 42 - Diferença entre a imagem original (foto superior) não
processada digitalmente e a processada pelo sistema digital (foto inferior)
[ANDREUCCI, 2014].
Principais vantagens da Radiografia Digital:
• As placas de captura da imagem digital possibilitam a utilização em
variadas condições de exposição, permitindo reutilização imediata
caso aconteçam erros na exposição, evitando deste modo perdas de
material e tempo de ensaio;
• A grande latitude de exposição das placas de captura digital possibilita
a visualização da imagem radiográfica com somente uma pequena
exposição à radiação o que permite a melhora da proteção radiológica,
otimizando a segurança;
• As placas de captura uma durabilidade elevada e boa proteção
mecânica, podendo atuar em temperaturas de 10°C a 35°C, pesando
8kg.
• Os programas de computador para análise da imagem digital são
versáteis, viabilizando ampliações localizadas da imagem,
proporcionando maior segurança do laudo radiográfico.
74
Técnicas de Exposição Radiográfica
Os posicionamentos e arranjos geométricos entre a fonte de radiação, a peça
e o filme devem seguir algumas técnicas especiais de forma que possibilitem uma
imagem radiográfica de fácil interpretação e localização das descontinuidades. As
técnicas apresentadas a seguir são largamente utilizadas e recomendadas por
normas e especificações nacionais e internacionais.
2.8.3.1. Técnicas de Parede Simples
A técnica de parede simples (PSVS) é conhecida desta forma pois no arranjo
entre a fonte de radiação, peça e filme, somente a seção da peça que está próxima
ao filme será inspecionada e a projeção será em apenas uma espessura do material.
É a técnica mais utilizada na inspeção radiográfica, e a de maior facilidade de
interpretação.
Figura 43 - Técnica de exposição de parede simples - vista simples
[ANDREUCCI, 2014].
75
2.8.3.2. Exposição Panorâmica
Esta técnica provém de um caso particular da técnica PSVS, descrita acima,
mas que proporciona alta produtividade em rapidez em uma inspeção de juntas
soldadas circulares com acesso interno.
Na técnica panorâmica a fonte de radiação deve estar centralizada no ponto
geométrico equidistante das peças e dos filmes. No caso das juntas soldadas
circulares a fonte deve ser posicionada no centro da circunferência. Desta forma
com uma única exposição de radiação todos os filmes serão igualmente irradiados,
permitindo desta forma a inspeção completa das peças ou das juntas.
Figura 44 - Técnica Radiográfica Panorâmica em uma solda
[ANDREUCCI, 2014].
2.8.3.3. Técnica de Parede Dupla
• Técnica de parede dupla vista simples (PDVS):
Nesta técnica o feixe de radiação vindo da fonte atravessa duas espessuras da
peça, porém, projeta no filme somente a seção da peça que está mais próxima à
fonte.
Esta técnica é frequentemente utilizada em inspeção de juntas soldadas em
que não há acesso interno, por exemplo, tubulações com diâmetro maiores que 3,5
polegadas e vasos fechados.
É de fundamental importância lembrar que para a utilização desta técnica é
necessário que o feixe atravesse duas espessuras da peça e sendo assim, o tempo de
76
exposição será maior que a inspeção pela técnica PSVS. Desta forma, esta opção
deve ser adotada quando a outra técnica não for possível ou permitida.
• Técnica de parede dupla vista dupla (PDVD):
Assim como na técnica PDVS, o feixe de radiação deve atravessar duas
espessuras, porém, será projetado no filme a imagem de duas seções da peça. Neste
caso para o cálculo do tempo de exposição deve ser levado em consideração as duas
espessuras das paredes que serão atravessadas pela radiação.
É uma técnica de frequente utilização para inspeção de juntas soldadas em
tubulações com diâmetros menores que 3,5 polegadas.
Figura 45 - Técnica de exposição parede dupla e vista simples (A) e
parede dupla e vista dupla (B) [ANDREUCCI, 2014].
Formula para cálculo da técnica PDVD (Figura 46):
𝑑2 = 105 √𝐷2 + 2,25 𝑐𝑚 [2.8]⁄
𝑑1 = (𝐷 ∙ 𝑑2) 1,5⁄ 𝑐𝑚 [2.9]
77
Figura 46 - Técnica de parede dupla vista dupla [ANDREUCCI, 2014].
78
Figura 47 - Quantidades de filmes por junta circunferencial totalmente
radiografada (100%) em vista simples [NORMA PETROBRAS N-1595d,
2004].
Interpretação de Resultados
2.8.4.1. Aparência das Descontinuidades
As descontinuidades são qualquer inconstância na homogeneidade de uma
peça ou material. Pela análise de influência que a descontinuidade fará sobre a
utilização do equipamento, é possível definir critérios de aceitabilidade. Os defeitos
podem ser atribuídos a diferentes causas, podendo ocorrer durante o processo de
79
fabricação do material ou durante o uso do equipamento. As descontinuidades mais
comuns são:
• Rupturas
São descontinuidades típicas de processamento, ocorrendo tanto em
materiais ferrosos como em materiais não ferrosos. Consistem em
cavidades pequenas e irregulares, superficiais e geralmente paralelas
aos grãos. Ocorre durante processos de forjamento, extrusão ou
laminação, causados pelas temperaturas muito baixas, material
excessivamente trabalhado ou por movimentação do material durante
o procedimento.
O ensaio radiográfico não é muito utilizado para detecção esse tipo de
descontinuidade.
• Trincas de Filete
Ocorrem pela utilização do equipamento, são trincas superficiais que
são encontradas na junção dos filetes, e que se propagam para o
interior da peça.
As trincas de filete ocorrem quando há uma abrupta mudança de
diâmetros, como na região entre a cabeça de um parafuso e sua haste,
onde há grande acumulo de tensões. Normalmente não são detectadas
pelo ensaio radiográfico.
• Trincas de Esmerilhamento
Acontecem durante o processamento das peças, em materiais ferrosos
e não ferrosos. Descontinuidades de pouca profundidade e muito
finas, semelhante às causadas por tratamento térmico. Geralmente
ocorrem em grupos e com ângulos retos com a direção da usinagem.
Encontradas em materiais que sofreram tratamento térmico,
endurecimento superficial e de materiais cerâmicos que sofrem
usinagem.
80
• Trincas de Tratamento Térmico
São falhas de processamento que ocorrem em materiais ferrosos e não
ferrosos, fundidos e forjados. Defeitos superficiais, geralmente de
grande profundidade e em forma de forquilha. Aparecem em regiões
com abrupta mudança de espessura ou áreas onde outras
descontinuidades estejam expostas à superfície do material.
Os ensaios mais indicados para esse tipo de descontinuidade são o
liquido penetrante e partículas magnéticas. A radiografia geralmente
não é utilizada para detecção de falhas superficiais.
2.8.4.2. Descontinuidades internas em juntas soldadas
• Inclusões gasosas (Poros)
Ocorrem durante a fusão da solda, devido a várias razoes, como o tipo
de eletrodo utilizado, má regulagem do arco de solda, deficiência na
técnica do operador, umidade e etc. Podem ter a forma esférica ou
cilíndrica.
Sua aparência na radiografia é de pontos escuros com o contorno
nítido. Algumas inclusões gasosas adotam uma forma alongada,
cilíndrica e sua aparência vai depender da sua orientação em relação
ao feixe incidente.
Figura 48 - Solda com porosidade [ANDREUCCI, 2014].
81
• Inclusão de Escória
Acontecem pelo aprisionamento de escória ou materiais estranhos
durante o procedimento de soldagem. Estão presentes com maior
regularidade em soldas de passes múltiplos, principalmente quando
não é realizada a limpeza adequada entre um passe e outro.
Figura 49 - Aparencia radiográfica de soldas contendo inclusões de
escória [ANDREUCCI, 2014].
• Falta de Penetração
É considerada falta de penetração quando existe a falta de material
depositado na raiz da solda, devido ao fato do material não ter chegado
até a raiz. No caso de não ser aplicado o passe de raiz (selagem) a falta
de penetração pode ficar aparente. Na imagem radiográfica é
apresentada como uma linha escura, intermitente ou continua no
centro do cordão.
82
Figura 50 - Solda com falta de penetração na raiz [ANDREUCCI,
2014].
• Trinca
São descontinuidades produzidas pela ruptura no metal. É mais visível
na radiografia quando o feixe de radiação incide sobre a peça numa
direção paralela ao plano que contem a trinca.
A trinca é apresentada na imagem radiográfica como uma linha escura
com direção irregular. Se a direção do plano que contem a trinca
corresponde ao do feixe radioativo, sua imagem será bem escura, caso
contrário, ela perde densidade e pode não aparecer.
Figura 51 - Seção de uma solda contendo poro e uma trinca
longitudinal no cordão [ANDREUCCI, 2014].
83
• Falta de Fusão
Descontinuidades em duas dimensões devido a uma falta de fusão
entre o metal base e o metal depositado. Só é bem caracterizada pela
radiografia quando a direção do feixe coincide com o plano da falha.
Na radiografia é apresentada por uma linha escura e estreita paralela
ao eixo da solda.
Figura 52 - Seção de uma solda contendo uma falta de fusão junto ao
chanfro [ANDREUCCI, 2014].
2.8.4.3. Descontinuidades Internas em Fundidos
• Inclusão de Areia
São óxidos não metálicos e são visualizados na radiografia na forma
irregular, mais escuras. São provenientes de partes desintegradas do
molde.
84
Figura 53 - Inclusão de Areia [ANDREUCCI, 2014].
• Porosidade
Causada pelo acumulo de gases ou ar que foram aprisionados dentro
do material. Geralmente são cavidades arredondadas ou esféricas,
alongadas ou com a forma planar.
Figura 54 - Porosidade [ANDREUCCI, 2014].
85
• Trincas
Aparecem na radiografia como linhas finas, retas ou sinuosas, que
ocorrem após o metal ter sido solidificado. Geralmente aparecem de
forma isolada e são originalizadas na superfície do fundido.
Figura 55 - Trincas [ANDREUCCI, 2014].
• Inclusões
São materiais não metálicos contidos no interior do metal. Elas podem
ser mais ou menos densos que o próprio metal e assim, podem
aparecer na imagem radiográfica em uma coloração mais escura ou
clara em relação ao metal fundido.
86
Figura 56 - Inclusão [ANDREUCCI, 2014].
87
3. Procedimento Experimental
3.1. Material
O material selecionado para esta pesquisa foi o aço estrutural 42CrMo4, de
acordo com a norma DIN, adotado na fabricação de eixos virabrequim de motores
Diesel e/ou gás para plantas termoelétricas (Figura 57) e oriundo de um eixo que
falhou em serviço por fadiga. Na Figura 58, observa-se uma trinca de fadiga
nucleada e propagada durante a vida em serviço do eixo que falhou.
Figura 57 - Eixo virabrequim de termoelétrica.
88
Figura 58 - Trinca aparente em uma das seções do eixo.
3.2. Corpos de Prova
Corpos de prova circulares de diâmetro 12,5 mm (Figura 59) foram retirados
com seus eixos longitudinais coincidentes com aquele do eixo virabrequim.
Inicialmente, um entalhe superficial reto, com profundidade de 0,5 mm, foi usinado,
com o auxílio de uma fresa, em uma das faces do comprimento útil do corpo de
prova, com o objetivo de torná-lo o local de nucleação e propagação de trincas de
fadiga (vide item 3.3). Entretanto, nos ensaios preliminares para se saber um
número médio de ciclos para fratura, corpos de prova foram ensaiados até 107 ciclos
sem apresentarem qualquer indicio de falha.
89
Posteriormente, em função desta dificuldade experimental, a geometria do
entalhe foi alterada (Figura 60), aumentando-se a profundidade e fazendo-se um
segundo entalhe por eletroerosão na raiz do entalhe usinado, para proporcionar um
maior concentrador de tensões na ponta do entalhe, uma vez que o raio de
arredondamento causado pela eletroerosão é menor que o conseguido pela fresa.
Figura 60 - Geometria modificada dos corpos de prova.
Figura 59 - Geometria inicial dos corpos de prova.
90
3.3. Nucleação e Propagação de Trincas
Flexão Rotativa
No instituto Mauá de tecnologia, em São Paulo, foram ensaiados corpos de
prova com o objetivo de se conhecer o número de ciclos para falha do material,
corpos de prova foram carregados em flexão rotativa até a fratura. Em função da
capacidade do equipamento e geometria do corpo de provas foi calculada uma
tensão máxima constante de 180 MPa, adotada para todos os corpos de prova. Como
mencionado anteriormente, a primeira geometria de entalhe projetada (Figura 59)
não se mostrou eficiente para tal metodologia, uma vez que devido a limitações do
equipamento só foi possível aplicar uma tensão de 40MPa, enquanto que com a
mudança de geometria do entalhe (Figura 60) foi possível estabelecer uma vida em
fadiga do material de 1,4 x 106 ciclos, sendo aplicada a tensão de 180MPa. A Figura
61 apresenta, de forma esquemática, a montagem de um corpo de provas para ensaio
de flexão rotativa.
Com o objetivo de se produzir diferentes extensões (comprimentos) de
trincas, tendo como limite superior a vida-fadiga do material (1,4 x 106 ciclos), foi
estabelecida uma metodologia de carregar os corpos de prova entre 0,2 e 1,2 x 106
ciclos. Nessa etapa do procedimento experimental foram carregados 6 corpos de
prova. Entretanto, o número de 1,4 x 106 ciclos não se mostrou como uma referência
adequada para estes 6 corpos de prova, uma vez que alguns falharam antes deste
número, enquanto que outros não apresentavam propagação de trinca ao chegar
Figura 61 - Equipamento para ensaio de flexão rotativa.
91
perto deste número, conforme verificado após a fratura em nitrogênio líquido dos
corpos de prova.
Tração-Tração
Após o insucesso do trincamento de corpos de prova por flexão rotativa,
optou-se pela nucleação e propagação de trincas com carregamentos do tipo tração-
tração (Figura 62).
Para os carregamentos do tipo tração-tração foi necessário o cálculo das
cargas máximas admissíveis, considerando o limite de escoamento do material
como 716 MPa [Pereira, 2016] e o concentrador elástico de tensão kt equivalente a
4 [Shigley, 1986]. A Figura 49 apresenta as áreas consideradas na sessão transversal
dos corpos de prova.
Figura 62 - Equipamento utilizado para os testes de tração-tração
[PUC-Rio, Laboratório de Fadiga e Mecânica da Fratura, 2016].
92
Com base na Figura 63, tem-se:
𝐴1 = 𝜋 ∙ 𝑟2
2=
𝜋 ∙ 12,52
2 [3.1]
𝐴1 = 61,36 𝑚𝑚2
𝐴2 ≈(11,1 + 12,5)
2∙ 2,85
𝐴2 ≈ 33,63 𝑚𝑚2
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 61,36 + 33,63
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ≈ 95 𝑚𝑚2
Como:
𝜎 =𝑃
𝐴 [3.2]
e σy = 716 MPa e considerando kt = 4, temos:
𝑃 =716 ∙ 95
4
𝑃 = 17 𝑘𝑁
Figura 63 - Ilustração das áreas usadas para os cálculos.
93
Então, com base no valor calculado de 17 kN e levando em consideração à
incerteza sobre o kt, do entalhe, o primeiro corpo de prova foi inicialmente ensaiado
com uma carga máxima de 10 kN, na qual eram acrescidos 5 kN a cada 25 mil
ciclos. Após atingir o carregamento de 25 kN, o corpo de prova fraturou com 88
mil ciclos.
Levando em consideração o carregamento de 25 kN responsável pela fratura
do corpo de prova, foi aplicada uma carga de 15 kN nos primeiros dois corpos de
prova (CP1 e CP2), enquanto que a trinca durante a sua etapa de propagação foi
monitorada pela lateral do corpo de prova. Para facilitar o monitoramento da trinca,
foi realizado um polimento superficial do corpo de prova na região do entalhe, de
forma a minimizar a quantidade de defeitos superficiais nessa região e, assim,
facilitar a observação da nucleação e crescimento das trincas.
Em virtude do elevado número de ciclos necessários para a propagação
estimada da trinca (vide Tabela 3), se optou pelo aumento do carregamento em
20%, resultando em uma diminuição significativa do número de ciclos para a
nucleação e propagação da trinca. A Tabela 3 apresenta os parâmetros de
carregamento e propagação de trinca. Nesta tabela, CP, Pmáx, Pmin e NC
representam, respectivamente, corpo de prova, carga máxima, carga mínima e
número de ciclos.
Tabela 3 - Cargas utilizadas nos ensaios tração-tração nos corpos cilíndricos e
tamanho lateral da trinca (TLT).
Corpo de Prova (CP)
Carga máxima (kN)
Carga Mínima (kN)
Número de ciclos TLT (mm)
1 15 2 146183 6,5
2 15 2 101101 5,5
3 18 2 72250 4,5
4 18 2 75484 3,4
5 18 2 65076 2,8
6 18 2 48907 3,3
7 18 2 35830 3,0
8 18 2 69423 2,5
9 18 2 61931 1,8
10 18 2 55200 1,1
94
3.4. Técnicas de Testes Não Destrutivos
Após a geração das trincas nos corpos de prova, se deu o início a etapa de
detecção e dimensionamento destes defeitos através de END, no qual foram
utilizados o US convencional, o US Phased Array e a Radiografia Digital. Os
ensaios de END foram realizados nas instalações da ARCTEST em Paulínia, SP.
Ultrassom Convencional
Foi utilizada, no ensaio, a técnica Pulso-Eco por contato direto, usando onda
longitudinal com feixe reto (0°) e monocristal. O equipamento utilizado foi o
modelo USM-35 do fabricante GE e a sonda utilizada foi a MB45-GE, do mesma
fabricante.
A preparação para a utilização deste método, passou pela calibração, por
comparação, utilizando blocos padrão conhecidos, com furos de tamanhos e
distâncias conhecidas. Desta forma é ajustada a curva DAC, que relaciona a
distância entre o defeito e o cabeçote do equipamento com a amplitude do sinal
obtido. Para tal calibração foi adotado um refletor do tipo FFP (furo de fundo plano)
e um ganho de 50 dB. Na Figura 64 apresenta, esquematicamente, os padrões
utilizados na calibração.
Figura 64 - Calibração do US convencional utilizando padrões tipo FFP.
95
Figura 65 – Esquema do posicionamento da sonda para inspeção por
Ultrassom convencional.
As Figura 64 e 65 ilustram a técnica de ensaio, com a sonda posicionada na
extremidade lateral do corpo de prova, perpendicular à trinca. Foram feitas leituras
da amplitude do sinal tanto na posição do entalhe como na posição do eco de fundo
(extremidade oposta àquela da sonda), na tentativa de se determinar a existência e
a profundidade da trinca, através da comparação dessas amplitudes.
Ultrassom Phased Array
Foi utilizada, no ensaio, a técnica Pulso-Eco por contato direto, usando
cabeçote angular e feixe setorial com ângulos entre 50° e 70°. O equipamento
utilizado foi o OMNISCAN MX-2 do fabricante Olympus, enquanto a sonda
utilizada foi a Olympus 7.5CCEV35, com a sapata SA15-N60S-IH-A00084 de
0,84”, do mesmo fabricante.
Figura 66 - Inspeção por US convencional.
96
A calibração foi realizada com a utilização de um bloco padrão modelo V1
angular, no qual existem furos passantes perpendiculares ao feixe, e em diferentes
distâncias.
As Figura 67 e 68 ilustram a técnica de ensaio, sendo a sonda movimentada
para frente e para trás e o corpo de prova rotacionado, ambos com o objetivo de
aumentar a eficiência da detecção.
Figura 68 - Inspeção por ultrassom phased array.
Figura 67 – Ilustração da inspeção pelo Phased Array.
97
Radiografia Digital
O desenvolvimento do ensaio por Radiografia Digital se deu pela técnica de PS-VS
com uma posição [FERNANDES, 2017], empregando equipamento de Raios-X. As
inspeções foram realizadas pelas laterais dos corpos de prova, de forma que o
entalhe e a trinca ficassem perpendiculares ao feixe radioativo, resultando em
imagens como na Figura 69, possibilitando realizar medição das trincas. O número
na imagem é a referência do corpo de prova.
Figura 69 - Radiografia do corpo de prova 1
trincado.
98
Análise Visual das Superfícies Fraturadas
Após as inspeções realizadas por US convencional, PA e RD, foi realizada a
fratura dos corpos de prova após imersão em nitrogênio líquido (Figura 70), para
que os corpos de prova sofressem uma fratura frágil, não prejudicando a análise
posterior. Isto possibilitou a análise visual da sessão transversal do corpo de prova
na região do entalhe, permitindo a identificação e medição tanto do entalhe quanto
da região fadigada (Figura 71).
Figura 70 - Corpos de prova após a fratura.
Figura 71 - Superfície de fratura do CP 1.
99
Na Figura 71 é possível observar as diferentes regiões da superfície de fratura,
onde se tem, de baixo para cima na figura, os entalhes mecânicos (fresa e
eletroerosão), seguido pela região de fadiga e, por fim, a área de fratura final
(nitrogênio líquido).
A determinação do tamanho da trinca de fadiga ocorreu com a medição em 7
posições, duas nas laterais da trinca e outras cinco distribuídas na face da trinca
(Figura 72), com o auxílio de uma lupa e adotando-se a Equação 3.3:
𝑡𝑟𝑖𝑛𝑐𝑎 =
𝑀𝐿𝑒 + 𝑀𝐿𝑑
2 + 𝑀1 + 𝑀2 + 𝑀3 + 𝑀4 + 𝑀5
6 [3.3]
onde: MLe = Medida da lateral esquerda; MLd = Medida da lateral direita
Figura 72 – Posições de medição da profundidade da trinca.
100
4. Resultados e Discussão
4.1.Medição Visual
A Tabela 4 mostra os valores dos comprimentos de trinca em cada posição de
medição, em função do corpo de prova. Nesta tabela, MLe e MLd representam as
posições de medição externas da superfície de fratura, enquanto que as demais
medidas representam posições internas da mesma superfície. Já a Tabela 5
apresenta os valores de comprimento de trinca (a) calculados pela Equação 3.3.
Tabela 4 – Valores de trinca nas superfícies de fratura.
CP Comprimentos de trinca (mm)
MLe MLd M1 M2 M3 M4 M5
1 6.38 6.71 6.42 6.43 6.53 6.54 6.65
2 5.38 5.45 5.44 5.60 5.63 5.64 5.52
3 4.66 4.87 5.05 5.26 5.37 5.41 5.19
4 3.57 3.60 4.27 4.45 4.49 4.37 4.20
5 2.41 3.86 4.12 4.38 4.37 4.43 4.30
6 3.19 3.51 3.71 3.90 4.06 4.04 3.81
7 2.72 3.26 3.66 3.57 3.86 3.62 3.59
8 2.70 2.86 3.38 3.69 3.56 3.57 3.45
9 1.93 2.03 2.58 2.97 3.09 3.00 2.82
10 0.99 0.73 1.46 1.68 1.74 1.55 1.20
Tabela 5 - Valores calculados de comprimento de trinca.
CP a (mm)
1 6,52
2 5,54
3 5,17
4 4,23
5 4,12
6 3,81
7 3,55
8 3,41
9 2,74
10 1,42
101
A Tabela 6 reporta os valores calculados de comprimento de trinca em função
dos parâmetros de carregamento de fadiga, responsáveis pela nucleação e
propagação das trincas.
Na Tabela 6 é visto que os corpos de prova 4, 8, 9 e 10 apresentam uma
dispersão quando é comparado o tamanho do comprimento da trinca com o valor
de número de ciclos, nestes casos houve aumento do número de ciclos para
comprimentos de trincas menores do que nos resultados anteriores. Isto pode ter
ocorrido devido às diferenças microestruturais no material, porém este resultado
pode também ser inerente aos ensaios de fadiga.
Tabela 6 - Tamanho de trinca em função dos parâmetros de carregamento de
fadiga.
CP a (mm) Pmax (kN) NC
1 6,52 15 146183
2 5,54 15 101101
3 5,17 18 72250
4 4,23 18 75484
5 4,12 18 65076
6 3,81 18 48907
7 3,55 18 35830
8 3,41 18 69423
9 2,74 18 61931
10 1,42 18 55200
Na Tabela 7 e a Figura 73 apresentam o comprimento do entalhe, o
comprimento de trinca e o comprimento total do comprimento da descontinuidade
(aT).
Tabela 7 - Tabela comparativa entre os valores de entalhe.
CP entalhe (mm) a (mm) aT (mm)
1 3,24 6,52 9,76
2 3,59 5,54 9,13
3 3,22 5,17 8,39
4 3,19 4,23 7,42
5 3,35 4,12 7,47
6 3,55 3,81 7,36
7 3,79 3,55 7,34
8 3,27 3,41 6,68
9 3,36 2,74 6,10
10 3,34 1,42 4,76
102
Figura 73 – Comprimento total da descontinuidade em função do CP.
4.2. Ultrassom Convencional
Com este método foi analisado o comportamento dos sinais simultâneos da
reflexão da região da descontinuidade (amplitude ED) e da extremidade da peça
(amplitude EF), conforme apresentado na Tabela 8.
Tabela 8 - Resultados do US convencional.
CP
US Convencional
Amplitude
ED (dB)
Amplitude
EF (dB)
1 -1,0 -1,4
2 -4,4 -7,0
3 -2,6 -3,6
4 -2,0 -6,0
5 -5,0 -5,0
6 -6,6 -9,0
7 -4,4 -5,4
8 -4,0 -7,0
9 -8,0 -12,0
10 -15,0 -6,0
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
a t(m
m)
Corpo de prova
103
O ultrassom convencional permite a realização de ensaios qualitativos
(indicação do defeito) e quantitativos (indicação da dimensão do defeito) [COSTA
e MARRIEL 2014]. A indicação da descontinuidade acontece quando o parâmetro
ED for menor em modulo do que o parâmetro EF [ANDREUCCI, 2014].
Porém, no caso do ensaio aqui reportado, não foi possível haver o
dimensionamento das descontinuidades, e sim obter um resultado qualitativo,
indicando a presença de defeitos. A impossibilidade de se realizar o
dimensionamento das descontinuidades foi influenciada tanto pela geometria do
entalhe, que ocasionou um ruído elevado na tela do equipamento, como pelo fato
do cabeçote disponível para a realização da inspeção ser de tamanho similar ao
diâmetro do corpo de prova, o que impediu a realização de uma varredura adequada,
na qual fosse possível comparar áreas trincadas com outras não trincadas (ilustrado
nas Figuras 64 e 65).
Como já mencionado, foi possível, neste trabalho, a detecção de
descontinuidades com base na diferença de amplitudes entre a descontinuidade
(ED) e o eco de fundo (EF). Essa afirmativa se encontra baseada na análise da
Tabela 8, na qual para todos os corpos de prova os valores de ED são menores em
módulo do que aqueles de EF, com exceção dos corpos de prova 5 e 10.
4.3. Ultrassom Phased-Array
Com esta técnica, além da indicação do defeito, foi obtido o comprimento da
trinca para cada corpo de prova, cujos valores se encontram apresentados na Tabela
9, onde a1 significa o comprimento de trinca medido pela técnica de Phased Array.
Já a Tabela 10 compara os comprimentos de trincas detectados pela técnica de
104
Phased Array com aqueles calculados e apresentados anteriormente na Tabela 5,
sendo que o erro relativo entre ambas as medidas foi calculado pela Equação 4.1.
𝐸𝑟𝑟𝑜 =𝑎 − 𝑎1
𝑎 [4.1]
Tabela 9 - Resultados do ensaio de Phased Array.
CP US Phased Array
a1 (mm) Amplitude (%)
1 2,0 > 100
2 1,1 91,0
3 1,7 > 100
4 2,2 > 100
5 2,1 > 100
6 1,5 > 100
7 2,2 > 100
8 1,5 > 100
9 1,5 > 100
10 0,9 91,0
Tabela 10 -Comprimentos de trinca medidos pelo Phased Array e calculados.
CP
US Phased Array
a1 (mm) a (mm) erro (%)
1 2.0 6.52 69.3
2 1.1 5.54 80.1
3 1.7 5.17 67.1
4 2.2 4.23 48.0
5 2.1 4.12 49.1
6 1.5 3.81 60.6
7 2.2 3.55 60.5
8 1.5 3.41 55.9
9 1.5 2.74 45.3
10 0.9 1.42 36.4
105
O gráfico apresentado na Figura 74 compara os tamanhos de trinca indicados
pela técnica de Phased Array com aqueles calculados após medições nas superfícies
de fratura (valor real).
Figura 74 - Gráfico comparativo entre os diferentes comprimentos de
trinca.
Na realização das leituras pela tecnologia Phased Array se obteve a indicação
dos defeitos em todos os corpos de prova. Porém, os valores dos dimensionamentos
realizados pela técnica foram muito discrepantes em relação aos comprimentos
medidos das trincas. A explicação para essa discrepância pode ser devido a
geometria do entalhe inspecionado, que proporcionava um sinal muito ruidoso,
causado pelas reflexões no mesmo, como na sapata utilizada, adequada a corpos
cilíndricos com diâmetro de 0,84”, ou seja, aproximadamente 21,3 mm, enquanto
que a barra inspecionada tinha um diâmetro de 12,5 mm, proporcionando assim um
encaixe com folga (vide Figura 75) e, consequentemente, prejudicando uma correta
indicação dimensional das descontinuidades.
Com a realização dos experimentos em Ultrassom e Radiografia Digital, foi
adquirida alguma experiência na utilização dos equipamentos. Apesar de uma breve
6,52
5,545,17
4,234,12
3,813,55
3,41
2,74
1,42
2,00
1,10
1,70
2,20 2,10
1,50 1,40 1,50 1,50
0,90
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 CP7 CP8 CP9 CP10
Tam
anh
o d
e tr
inca
(m
m)
Corpo de prova
Valor Real Phased Array
106
experiência com os END, foi possível observar alguns aspectos interessantes, o
método de US requer alguma experiência na detecção de descontinuidades e no seu
dimensionamento, porém é um ensaio de grande eficácia na detecção de
descontinuidades internas.
Figura 75 - Ilustração do encaixe da sapata com o corpo de prova.
4.4. Radiografia Digital
Com a técnica radiográfica também foi possível obter uma estimativa do
comprimento da trinca contida no corpo de prova, resultados apresentados na
Tabela 11, onde o erro foi calculado pela Equação 4.1, substituindo a1 por a2.
Tabela 11 - Resultados do RX Digital.
CP a2(mm) a (mm) erro (%)
1 6.45 6.52 1.07
2 3.73 5.54 32.7
3 4.89 5.17 5.4
4 1.15 4.23 72.8
5 0.76 4.12 81.6
6 0.75 3.81 80.3
7 0.82 3.55 76.9
8 0.39 3.41 88.6
9 0.24 2.74 91.2
10 0.82 1.42 42.2
Embora fosse possível observar as descontinuidades pelas imagens de
radiografia com bastante facilidade, os resultados apresentados nas Tabela 10 e 11
107
divergem bastante. Uma comparação entre tais resultados permite se constatar que
em sua maioria, os resultados obtidos pela técnica de Radiografia Digital são piores
que os apresentados pela técnica Phased Array, exceção para os corpos de prova 1,
2 e 3.
Isto não seria esperado, pois no caso da Radiografia Digital a imagem foi
obtida na superfície lateral do corpo de prova, isto é, considerando apenas as
dimensões externas das trincas. Por outro lado, as trincas calculadas levaram em
consideração dimensões internas e externas das mesmas. Essa suposição é reforçada
pela observação das imagens das superfícies de fratura apresentadas no Anexo 3,
onde se observa que a geometria da trinca varia de acordo com o seu comprimento;
quanto menor for o comprimento da trinca, maior é a sensação de que o crescimento
da trinca se dá com um formato radial, ou seja, o centro da trinca tem um
comprimento maior que nas suas laterais. Porém, também é percebido que quando
a trinca atinge aproximadamente o centro do corpo de prova, a trinca passa a se
propagar com uma frente reta, isto é, o comprimento central se assemelha ao valor
da profundidade na lateral. Além disto, deve ser levado em consideração que trincas
maiores apresentaram também uma maior abertura (maior afastamento entre seus
flancos), o que facilitou a irradiação do feixe tornando mais visível a própria trinca.
Na Figura 76 é observada a comparação entre a média dos comprimentos de
trinca das laterais do corpo de prova com o valor calculado de trinca adotando todas
as medições (parâmetro a na Tabela 5 ou valor real na Figura 76). Nesta figura, é
possível se observar que para trincas com maior comprimento os dois valores
tendem a se aproximar, com exceção do corpo de prova 5 que apresentou uma
diferença maior entre resultados. Já na Figura 77 é apresentada a comparação entre
a média dos comprimentos de trinca das laterais do corpo de prova com os valores
indicados pela Radiografia Digital, no qual pode ser observada uma maior
aproximação das curvas nos pontos de maior comprimento de trinca, onde houve
também uma maior abertura de trinca.
108
Figura 76 - Gráfico comparativo dos valores da média lateral e do valor
real.
Figura 77 - Gráfico comparativo entre a média lateral e o valor
indicado por Radiografia Digital.
6,38
5,384,87
3,57
2,41
3,192,72 2,86
2,03
0,73
6,52
5,545,17
4,23 4,123,81
3,55 3,41
2,74
1,42
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Tam
anh
o d
e tr
inca
(m
m)
Corpo de prova
Média Lateral Valor Real
6,38
5,384,87
3,57
2,41
3,192,72 2,86
2,03
0,73
6,45
3,73
4,89
1,150,76 0,75 0,82
0,39 0,24
0,820,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Tam
anh
o d
e tr
inca
a (m
m)
Corpo de prova
Média Lateral Radiografia Digital
109
5. Conclusões
O objetivo deste trabalho foi avaliar a susceptibilidade das técnicas não
destrutivas de Ultrassom Convenciona, Ultrassom Phased Array e Radiografia
Digital na indicação e dimensionamento de trincas passantes de fadiga em corpos
de prova cilíndricos. Com base nos resultados apresentados, tem-se como
conclusões:
1. A técnica de Ultrassom Convencional mostrou-se adequada para a
indicação de descontinuidades internas no material, uma vez que indicou
a existência de defeitos na maioria (80%) dos corpos de prova ensaiados.
2. Entretanto, tal técnica mostrou-se ineficaz para o dimensionamento das
descontinuidades introduzidas nos corpos de provas.
3. Os resultados obtidos pela técnica de Ultrassom Phased Array mostraram
que esta técnica foi mais eficiente do que o Ultrassom Convencional para
a indicação de defeitos.
4. Para trincas curtas, o Ultrassom Phased Array apresentou a maior
susceptibilidade para o dimensionamento de descontinuidades. Todavia,
40% dos resultados obtidos apresentaram uma diferença entre 60-70%
dos comprimentos verdadeiros das trincas introduzidas nos corpos de
prova.
5. Por sua vez, a técnica de Radiografia Digital também se mostrou
apropriada para a indicação de descontinuidades em materiais.
6. Esta técnica se mostrou eficiente para a detecção de trincas longas. Porém,
no número de indicações totais, a mesma apresentou de 50% dos
resultados com erro superior a 70% em relação aos comprimentos
verdadeiros das trincas.
7. Com base nesta diferença de resultados observados, pode-se concluir que
a técnica de Ultrassom Phased Array, nesta pesquisa, se mostrou mais
eficaz do que a técnica de Radiografia Digital na detecção de
descontinuidades.
110
111
6. Sugestão para Trabalhos Futuros
Devido as dificuldades experimentais observadas e reportadas nesta
dissertação, se propõe adoção de uma outra geometria de corpo de prova para se
repetir os ensaios de Ultrassom Convencional e Ultrassom Phased Array. Uma
proposta para uma nova geometria de corpo de prova encontra-se na Figura 78.
Figura 78 - Geometria de um Corpo de prova retangular.
A geometria deste corpo de prova iria proporcionar uma menor influência na
detecção de descontinuidades, uma vez que o entalhe causaria menos ruído devido
ao fato do mesmo ser paralelo à superfície de contato entre ele (entalhe) e o cabeçote
do ultrassom, além de possibilitar uma varredura mais ampla, permitindo uma
maior movimentação do cabeçote. Essa geometria também permitiria eliminar a
sapata angular utilizada no ensaio de Phased Array para acoplar corpos de prova
cilindricos. Com isso, o encaixe seria facilitado com uma sapata reta,
proporcionando uma maior susceptibilidade na detecção de trincas, tanto no caso
do Ultrassom Convencional como no Phased Array.
112
7. Referências bibliográficas
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Destrutivos: Líquidos penetrantes, Ultra sons, Radiografia digital
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Brasileira de ensaios não destrutivos, 2014.
17 Pick, L. Pincu, R. Lieberman, R. Wall Thickness Measurement.
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18 NORMA PETROBRAS, ENSAIO NÃO-DESTRUTIVO –
RADIOGRAFIA REV.E, N-1595 d, JAN/2004.
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114
de Juntas Soldadas com Trincas de Fadiga. IV Conferencia
Panamericana de END - Buenos Aires: NDT.net, Out/2007.
115
Anexos Anexo 1:
116
Anexo 2:
Tabela 12 - Características de diferentes materiais piezoelétricos [VIEIRA,
2013].
Tabela 13 - Características de diferentes materiais piezoelétricos [1].
117
Anexo 3:
CP1 CP2
CP 3 CP4
CP5 CP6
118
CP7 CP8
CP9 CP10
119
Anexo 4:
CP1 CP2 CP3
CP4 CP5 CP6
120
CP7 CP8 CP9
CP10
121
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