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HENRIQUE BAYER GONÇALVES
O EFEITO DO USO DE UM JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO
DE SEIS JOGADAS ENSAIADAS A ATLETAS MIRINS DE FUTSA L
Londrina
2012
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O EFEITO DO USO DE UM JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO
DE SEIS JOGADAS ENSAIADAS A ATLETAS MIRINS DE FUTSA L
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, como cumprimento dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Análise do Comportamento. Orientadora: Profa. Dra. Silvia Regina de Souza Arrabal Gil Co-orientadora: Verônica Bender Haydu
Londrina
2012
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Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
L131d Gonçalves, Henrique Bayer.
O efeito do uso de um tabuleiro sobre o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins de futsal/ Henrique Bayer Gonçalves. – Londrina, 2012. xvi, 64 f. : il.
Orientadora: Silvia Regina de Souza Arrabal Gil.
Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento) − Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento, 2012.
Inclui bibliografia.
1. Comportamento humano – Teses. 2. Jogadas ensaiadas (Psicologia) – Teses. 3. Mudança (Psicologia) – Resistência – Teses. I. Souza, Silvia Regina. II. Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento. III. Título.
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HENRIQUE BAYER GONÇALVES
O EFEITO DO USO DE UM JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO DE SEIS JOGADAS ENSAIADAS A ATLETAS
MIRINS DE FUTSAL
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, como cumprimento dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Análise do Comportamento.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Profa. Dra. Silvia Regina de Souza Arrabal Gil Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Prof. Dr. Carlos Eduardo Costa Universidade de São Paulo
____________________________________
Prof. Dr. Wilton Santana Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 12 de Dezembro de 2012.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais e ao meu grande
amor. Nada disso seria possível sem o apoio de vocês.
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AGRADECIMENTOS
Em todo caminho trilhado são formadas relações para que possamos chegar ao
destino almejado. Não diferente, chegar ao título de mestre foi compartilhado por uma série de
pessoas que participaram de forma única em cada curva percorrida e cada reta ultrapassada.
Começando pela partida dessa trilha, devo agradecer aos meus pais, Altino e Doroti, por
se manterem sempre em alerta com relação ao meu bem estar e empolgarem meus sonhos.
Devo agradecer muito a minha esposa/companheira/amiga/amante Simone Souza, por suportar
a distância, a enorme saudade, meus lamentos, e também por compartilhar os sentidos, os
objetivos e o amor, que me fez forte e diligente por toda a empreitada da conclusão deste curso.
Agradecer também aos companheiros de longa data que há muitos anos incentivam a
minha carreira acadêmica, e que acreditam no desenvolvimento da psicologia: Dimas, Josué,
Carlos Augusto e todos que conheci. Outro companheiro especial que tem acompanhado
minhas andanças na psicologia desde o início e que não podia ficar sem meus agradecimentos é
o Claudio Dantas, que tem me dado suporte desde o vestibular na UEL, quando eu era um
garoto cheio de sonhos. Agradeço-o por ajudar fazer com que os sonhos se tornem reais.
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EPÍGRAFE
"Podemos escolher recuar em direção a segurança ou avançar em direção ao crescimento.
A opção pelo crescimento deve ser feita repetidas vezes e o medo superado a todo momento"
A. Maslow
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GONÇALVES, Henrique Bayer. O efeito do uso de um jogo de tabuleiro sobre o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins de futsal. 2012. XXp. Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012.
Resumo
O objetivo do presente estudo é investigar o efeito do uso de um jogo de tabuleiro sobre o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins de futsal. Participaram três treinadores de futsal e três grupos de cinco crianças entre 09 e 10 anos de idade que praticam futsal em uma escola ou clube de Londrina. A coleta de dados foi feita no local de treinamento das crianças. Elas serão designadas aleatoriamente para três grupos (Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3). O procedimento ocorrerá em três etapas. Na etapa 1, Seleção e categorização das jogadas ensaiadas o treinador será instruido a selecionar duas jogadas ensaiadas. Na Etapa 2, haverá o ensino das jogadas pelo treinador. Esta etapa será constituida de duas fases. Na Fase 1 o treinador será ensinado a usar o jogo de tabuleiro adaptado ao futsal e na Fase 2 o treinador deverá ensinar uma das jogadas ensaiadas as crianças empregando para isso o jogo de tabuleiro. O tabuleiro será usado para ensinar a Jogada 2 para as crianças do Grupo 1 e para ensinar a Jogada 1 para as crianças do Grupo 2. Finalmente, na Etapa 3 o treinador pedirá que as crianças, na quadra, executem a jogada ensinada. O desempenho do treinador durante o ensino da jogada foi registrado e analisado considerando-se o ensino da jogada por meio do jogo de tabuleiro, seus comportamentos durante o ensino na quadra e outros comportamentos relacionados ao ensino como, por exemplo, reforçar ou punir os comportamentos das crianças, instruir ou corrigi-las durante o processo de ensino da jogada. Os comportamentos das crianças durante o processo de ensino da jogada e execução da mesma também foram registrados e analisados.Os resultados apontaram que na média geral o tabuleiro proporcionou: menos instruções aos treinadores, maior quantidade de elogios e menor quantidade de criticas. Quanto ao desempenho das crianças o tabuleiro proporcionou menos tentativas para atingir o critério de profici~encia sendo assim eficaz para esse tipo de estudo. Palavras-chave: Análise do Comportamento, Crianças, futsal, jogada ensaiada, Psicologia do Esporte, treinamento esportivo.
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GONÇALVES, Henrique Bayer. the effect of the use of a play about the board of education the six set pieces junior athletes of futsal. 2012. XXp. Dissertation (Behavioral Analisys Masters Degree) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012.
Abstract
The aim of this study is to investigate the effect of using a board game on the teaching of six junior athletes set pieces to futsal. Participated three coaches and futsal three groups of five children between 09 and 10 years of age who practice in a school or futsal club Londrina. Data collection was done on site training of children. They will be randomly assigned to three groups (Group 1, Group 2 and Group 3). The procedure will take place in three stages. In step 1, selection and categorization of the set pieces coach will be instructed to select two set pieces. In Step 2, will be teaching the moves by the coach. This step consists of two stages. In Phase 1 the coach will be taught to use the board game adapted to futsal and in Phase 2 the coach should teach one of the set pieces employing children for this board game. The tray will be used to teach children Play 2 for Group 1 and to teach children to Play 1 Group 2. Finally, in Step 3 the coach will ask the children, the court, running the play taught. The performance coach for teaching the play was recorded and analyzed considering teaching through play board game, their behavior during the teaching on the court and other behaviors related to teaching, for example, reinforce or punish behavior children, instruct or correct them during the teaching process of the move. The behavior of children during the process of teaching and running the same play were also recorded and analisados. Os results showed that the overall mean of the board provided: fewer instructions to coaches, much of compliments and fewer criticisms. The performance of the children gave the board less attempts to reach the criterion profici ~ ence so effective for this type of study.
Key-Words: Behaviorismo, Skinner, Soccer, Coach
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Lista de Ilustração
Figura 1 - ....................................................................................................................................32
Figura 2 - ....................................................................................................................................33
Figura 3 - ....................................................................................................................................34
Figura 4 - ....................................................................................................................................45
Figura 5 - ....................................................................................................................................47
Figura 6 - ....................................................................................................................................50
Figura 7 - ....................................................................................................................................51
12
Lista de Tabelas
Tabela 1 - ....................................................................................................................................36
Tabela 2 - ....................................................................................................................................38
Tabela 3 - ....................................................................................................................................40
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Lista de Abreviaturas e Siglas
ITP: Instruções Técnicas Parciais
IDC: Instruções com descrição das consequencias
CPA: Corrreções Parciais
CDC: Correções com descrição das consequencias
ELOP: Elogios Parciais
ELOC: Ejlogios com descrição das consequencias
CRI: Criticas
ENC: Encorajamentos
JFQ: Jogada Fácil na Quadra
JFT: Jogada Fácil no Tabuleiro
JMQ: Jogada Média na Quadra
JMT Jogada Média no Tabuleiro
JDQ: Jogada Difícil na Quadra
JDT: Jogada Difícil no Tabuleiro
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Sumário Resumo........................................................................................................................................3 Lista de figuras............................................................................................................................5 Fundamentação Teórica..............................................................................................................6
Jogadas ensaiadas............................................................................................................9 Treinamento esportivo..................................................................................................13 Capacitação de treinador...............................................................................................16 O uso de jogos na Análise do Comportamento.............................................................19
Delimitação do problema..........................................................................................................20 Método......................................................................................................................................21
Participantes..................................................................................................................21 Local..............................................................................................................................21 Materiais .......................................................................................................................21 Descrição dos componentes do jogo.............................................................................21
Procedimento............................................................................................................................22 Etapa I – Seleção e categorização das jogadas ensaiadas.............................................22 Etapa II - Ensino e aplicação do uso do jogo de tabuleiro adaptado ao futsal................23 Ensino do uso do tabuleiro............................................................................................23 Etapa III – Pós intervenção...........................................................................................25
Resultados e Discussão................................................................................................................25 Cronograma...............................................................................................................................27 Referências bibliográficas.........................................................................................................28
Anexo A........................................................................................................................36 Anexo B.........................................................................................................................38 Anexo C.........................................................................................................................40 Anexo D...........................................................................................................................41
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As produções acadêmicas na área do esporte trazem inúmeras definições do que venha a
ser o fenômeno esporte como um todo. Barbanti (2005) organizou essas definições em três
categorias: as que incluem a noção de ser o esporte uma atividade física, o que implica no uso
de comportamentos motores ou esforços físicos (e.g., Mesquita, 1998; Oleias, 1999; Rodrigues,
1995); as que classificam o esporte em atividade de lazer (e.g., Betti, 1987; Brohm, 2004;
Oliveira, 2004) e; as que classificam o esporte como desempenho. O esporte desempenho
corresponde a um conjunto particular de circunstancias que envolve regras padronizadas,
aspectos técnicos, táticos e organizacionais da atividade bem como, a participação de entidades
oficiais, responsáveis por competições e regulamentos (e.g., Bourdieu, 1983; Graça, 1997;
Lovisolo, 1997).
Com base nessas categorias, Barbanti (2005) propõe uma definição de esporte que foi
reformulada por Dobranszky (2007) e Frascareli (2008), segundo a qual o esporte é entendido
como uma atividade competitiva, institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o
uso de habilidades motoras relativamente complexas realizadas por indivíduos cuja
participação é determinada por uma combinação de fatores dentro e fora do ambiente esportivo.
O esporte é, então, dividido em duas áreas, a saber: esporte lazer e esporte rendimento.
O esporte lazer é definido por Dobranszky (2007) como sendo uma atividade na qual a
pessoa se engaja voluntariamente com o objetivo de promover qualidade de vida para os
praticantes. O esporte lazer está relacionado com brincadeira, mas, ao contrário dela, sua
prática é geralmente uma resposta às preocupações da vida, quase sempre objetivando a
separação momentânea das pressões e responsabilidades associadas com as posições ocupadas
no cotidiano (Brohm, 2004; Dobranszky, 2007; Oliveira, 2004).
O esporte desempenho visa o máximo de envolvimento do atleta na modalidade
praticada (Kraemer, 2004). Outros pesquisadores, como Sisto (1995), Filin (1996), Fry,
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Hakinnen e Kraemer (2004) e Santos (2009) apontam, ainda, algumas características que
diferenciam o esporte desempenho do esporte lazer, tais como, a presença de instituições
oficiais de controle sobre regras e torneios, a pretensão de quebra de recordes, as exigências de
melhorias de desempenhos, as buscas de patrocínio, o envolvimento do marketing esportivo, o
aumento das capacidades técnicas-táticas por parte de atletas e treinadores, entre outras. O
esporte desempenho requer também, um conjunto estrutural personalizado composto por uma
equipe técnica responsável pela modelagem de determinados comportamentos específicos dos
atletas. Essa modelagem começa logo nos primeiros dias de contato com o esporte. No caso do
futebol, por exemplo, Santos (2009) chama a atenção para algumas instituições que
desenvolvem projetos conhecidos como escolinhas de base. Nas escolinhas de base, jovens
atletas com média de idade entre 4 e 17 anos são sistematicamente treinados para se tornarem
profissionais do futebol.
Embora muitas das escolinhas de base pertençam a times que atuam no futebol de
campo, as iniciações dos jovens atletas começam, na maioria das vezes, no futebol de salão.
Segundo Santana, França e Reis (2007) os motivos que levam os treinadores a optarem por
ensinar o futebol de salão tanto em instituições de escolinhas de base quanto na maioria das
escolas de ensino em educação básica são: (a) o futebol de salão requer quantidade menor de
atletas, o que facilita o trabalho do treinador com os mesmos; (b) devido as suas proporções
métricas, há mais quadras de futebol de salão do que campos de futebol em grandes centros
urbanos; (c) muitas das quadras de futsal são cobertas e possuem iluminação noturna,
possibilitando desenvolver trabalhos em qualquer hora do dia e (d) os materiais necessários
para desenvolver as sessões de treino podem ser improvisados ou adquiridos com maior
facilidade por parte dos professores ou treinadores.
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O futebol e suas variações (futsal, futevôlei, futebol society, etc.) são consideradas as
modalidades esportivas mais populares à escala mundial (Costa, 2006). Segundo Garganta
(1997), os jogos de futebol tanto de campo quanto de salão encaixam-se num contexto maior
classificado como jogos esportivos coletivos, pois, entre outros fatores, a irregularidade técnica,
apelos cumulativos fisiológicos, motores e uma intensa participação do comportamento de
atentar são características inerentes do futebol e de outros esportes coletivos.
Na medida em que as ações do jogo ocorrem dentro de um contexto permanentemente
variável de oposição e cooperação, o fator técnico-tático nos jogos de futebol assume uma
importância capital para o desenvolvimento do esporte tanto em treino quanto em competição
(Garganta, 1997). Entende-se como técnica o conjunto de habilidades específicas executadas
racionalmente com base na biomecânica. A técnica corresponde a uma sequência de
movimentos de um determinado exercício, tais como: um chute de três dedos no futebol, um
arremesso de lateral, um passe de calcanhar etc (Barbanti, 2003). Quando os movimentos são
executados com coordenação, diz-se que a técnica do atleta é boa.
Sobre a tática, Barbanti (2003) afirma ser o planejamento de procedimentos para
alcançar um objetivo sob determinadas circunstancias. A tática refere-se a um sistema de ações
planejadas e de alternativas de decisões que permitem ao atleta arranjar um conjunto de
atividades em curto prazo com objetivos limitados de tal forma que o sucesso no esporte contra
um ou mais oponentes se torne possível. Greco (1997) e Cillo (2002) complementam essa
definição ao afirmarem que a tática ou comportamento tático é um conjunto de
comportamentos que devem ser executados sequencialmente. Esses conjuntos de
comportamentos recebem nomes como sistemas, esquemas, jogadas ensaiadas, táticas coletivas
etc. Aos jogadores é requerido que os comportamentos técnicos e táticos estejam em sincronia,
visando sempre os objetivos centrais do jogo (Garganta, 1997).
18
O estudo da tática no jogo, de acordo com Santos (2009), vem adquirindo uma
importância crescente. Segundo ele, as especificidades da aprendizagem tática (como as
jogadas ensaiadas) diferem de acordo com a modalidade esportiva que o atleta e o treinador se
encontram. Nos jogos esportivos coletivos como o futebol e futsal, a competição se desenrola
em condições de grande variabilidade e aleatoriedade e por essa razão o uso de formações
táticas especificas são imprescindíveis para o êxito esportivo.
De acordo com Costa e Nascimento (2004) o ensino de novos comportamentos táticos
deve englobar um aspecto mais geral e próximo de uma situação real de jogo. Esses autores
defendem tanto o tradicional uso da prancheta técnica1 quanto o uso de sofisticadas tecnologias
como softwares, de computador para o desenvolvimento, por exemplo, de uma nova jogada
ensaiada. Contudo, não basta que as instituições ou escolas de formação de atletas invistam
tempo e dinheiro em equipamentos que auxiliam o treinador no procedimento de treinamento
de sua equipe. É importante também que se envide esforços na capacitação dos profissionais
visto que o sucesso de um programa de treinamento está relacionado à capacitação dos
profissionais da equipe técnica por detrás dos atletas (Marques, 1998; Mesquita Junior, 2008).
No que diz respeito a capacitação de profissionais, em especial, na capacitação de
treinadores, desde o final dos anos 1970, uma equipe de pesquisadores norte-americanos,
liderada por Ronald Smith e Frank Smoll tem estudado os efeitos que os comportamentos dos
treinadores têm sobre o comportamento dos atletas. Eles concluíram que os treinadores
apresentam uma baixa percepção dos seus comportamentos na interação com os atletas. Em
vista desse fato eles deram inicio ao Programa de Formação para Eficácia de Treinadores
1 Prancheta técnica: É uma prancheta com uma ou mais folhas de papel sulfite A4 impressas com desenho da quadra. Nessa folha, o treinador desenha a jogada ensaiada ou outras instruções para os atletas a fim de facilitar a visualização e o ensino de jogadas.
19
(PFET) conhecido também como Coach Effectiveness Training (CET) (Smith, Smoll & Curts,
1979; Smith, Smoll & Hunt 1977; Smoll, Smith, & Coppel, 1983).
O PFET consiste em um workshop, com aproximadamente 3 horas, que visa ensinar aos
treinadores um conjunto de comportamentos. Todos esses comportamentos são avaliados por
meio de observações e registros. Com o objetivo de observar o comportamento do treinador
durante sua interação com os atletas, eles desenvolveram o CBAS (Coaching Behavior
Assessment System – Sistema de avaliação do comportamento do treinador). O CBAS avalia 12
dimensões de comportamentos do treinador divididos em duas categorias (reativas e
espontâneas). O primeiro grupo inclui comportamentos como reforçar e não reforçar
comportamentos desejados de atletas quando eles ocorrem, dar instruções e punir após erros,
ignorar erros e manter-se no controle quando o atleta se comporta de maneira inadequada. O
segundo grupo inclui comportamentos como, encorajar, organizar e fazer comentários gerais,
comportamentos esses que são independentes da ocorrência do comportamento do atleta (Smith
& Smoll, 1991; Smith, Smoll & Curts, 1979; Smith, Smoll & Hunt 1977; Smoll, Smith, &
Coppel, 1983; Smoll & Smith, 1989; Smith & Ward, 2006).
Os pesquisadores que utilizaram o PFET, citados acima, mostraram que os treinadores,
que fazem uso de reforço positivo e de encorajamentos e instruções técnicas frente aos erros
cometidos pelos atletas, além de priorizarem a diversão e o desenvolvimento pessoal mais do
que o desempenho atlético, foram percebidos como melhores treinadores por seus atletas. Além
disso, os atletas tiveram resultados mais positivos no que diz respeito ao envolvimento com o
treinador, colegas e em relação aos escores em testes que avaliavam auto-estima.
Interessada no PFET, Sudo (2008) desenvolveu um trabalho cujo objetivo foi o de
avaliar os efeitos de um programa de capacitação de treinadores sobre comportamentos de um
treinador de tênis no estabelecimento de metas para os atletas durante o treino. Participaram
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dessa pesquisa um treinador e dois atletas. O estudo foi dividido em três fases. Na primeira
fase, por meio de filmagens e registros, calculou-se a porcentagem de ocorrência de instruções,
encorajamentos, correções, elogios, os tipos de exercícios aplicados pelo treinador durante os
treinos, o número de vezes que o treinador registrou o desempenho dos atletas e que participou
dos exercícios aplicados por ele. A segunda fase consistiu no treino de habilidades específicas
do treinador. Feedback acerca do comportamento do treinador era fornecido a ele durante e ao
final dos treinos. A Fase 3 foi semelhante em estrutura à Fase 1. Os resultados mostraram que
houve aumento na porcentagem de instruções, correções e elogios descritivos e redução da
porcentagem de crítica, durante e após a intervenção. Houve aumento na porcentagem de
registros da participação do treinador nos exercícios e os comportamentos aprendidos pelo
treinador ocorreram nas interações com outros alunos de outras turmas demonstrando que
houve generalização dos conteúdos aprendidos para outros alunos e em outros ambientes de
treino.
Assim como Sudo (2008), Lima e Souza (2009) também desenvolveram um estudo que
teve por objetivo avaliar o efeito de um treinamento baseado em instruções sobre a frequência
de comentários de natureza reforçadora, motivadora, irônico-repressiva e corretiva,
apresentados por um treinador da categoria mirim. A pesquisa foi dividida em três fases. Na
primeira fase, foram feitos os registros dos comentários do treinador durante cinco jogos. Na
segunda fase, correspondente a seção de orientação, realizou-se uma sessão de capacitação do
treinador. Para a realização da sessão, foi usada uma apostila contendo situações-problema
desenhadas em forma de “tirinhas” de quadrinhos e o treinador teve aproximadamente 20
minutos para responder qual era a solução mais adequada para cada problema proposto. Em
seguida, transparências com a situação problema e as opções de solução foram apontadas,
também com a mesma finalidade. A terceira fase foi semelhante em estrutura a Fase 1, porém o
21
número de jogos em que o os comentários foram avaliados foi quatro e não cinco como na
primeira fase. Os resultados mostraram que houve, por parte do treinador, um aumento na
porcentagem de comentários instrutivos e reforçadores e diminuição da porcentagem de
comentários irônico-repressivos e corretivos.
Os dados obtidos nas pesquisas citadas acima corroboram os dados obtidos por outros
autores (Cruz, 1997; Smoll, Smith & Curts 1979). Esses autores sugerem a necessidade de
pesquisas que visem a capacitação de treinadores uma vez que a maneira como o treinador se
comporta pode afetar a participação dos atletas em esportes, principalmente quando se trata de
iniciação esportiva (Black & Waiss, 1992).
Em razão do exposto acima, este trabalho questionou se o uso de um jogo de tabuleiro
afetaria o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins de futsal. Como resultado, houve a
elaboração de um artigo que se pretende encaminhar para revista científica da área. O artigo
será apresentado a seguir. Ressalta-se que esta dissertação foi elaborada seguindo as novas
normas de dissertação do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento da
Universidade Estadual de Londrina que pressupõe a apresentação de trabalho em formato de
artigo
22
ARTIGO
O EFEITO DO USO DE UM JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO
DE SEIS JOGADAS ENSAIADAS A ATLETAS MIRINS DE FUTSA L
Henrique Bayer2 Verônica Bender Haydu3 Silvia Regina de Souza4
Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento/ Universidade Estadual de Londrina Rodovia Celso Garcia Cid, PR 445, KM 380 Caixa Postal 6001 Cep 86051-990 Londrina/PR Fone/Fax: (43) 33714227 E-mail: ssouza.arrabal@gmail.com ou ssouza@uel.br
2 Acadêmico do curso de Mestrado em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina. 3 Professora Adjunta do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina e do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento. Doutora em Psicologia Experimental pela USP 4 Professora Associada do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina e do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento. Doutora em Psicologia Clínica pela USP.
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GONÇALVES, Henrique Bayer. O efeito do uso de um jogo de tabuleiro sobre o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins de futsal. 2012. 70p. Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012.
O objetivo do presente estudo é investigar o efeito do uso de um jogo de tabuleiro sobre o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins de futsal. Participaram três treinadores de futsal e três grupos de cinco crianças entre 10 e 11 anos de idade que praticam futsal em uma escola ou clube de sua cidade. A coleta de dados será feita no local de treinamento das crianças. Elas serão designadas aleatoriamente para três grupos (Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3). O procedimento ocorrerá em três etapas. Na etapa 1, Seleção e categorização das jogadas ensaiadas o treinador será instruido a selecionar duas jogadas ensaiadas. Na Etapa 2, haverá o ensino das jogadas pelo treinador. Esta etapa será constituida de duas fases. Na Fase 1 o treinador será ensinado a usar o jogo de tabuleiro adaptado ao futsal e na Fase 2 o treinador deverá ensinar uma das jogadas ensaiadas as crianças empregando para isso o jogo de tabuleiro. O tabuleiro será usado para ensinar a Jogada 2 para as crianças do Grupo 1 e para ensinar a Jogada 1 para as crianças do Grupo 2. Finalmente, na Etapa 3 o treinador pediu para que as crianças, na quadra, executem a jogada ensinada. Os resultados apontados mostraram que o tabuleiro foi mais eficaz em duas categorias vrbais dos treinadores e no desemepnho das crianças o tabuleiro foi mais eficaz que a quadra na quantidade de tentativas proporcionais para atingir o critério de proficiencia. Palavras-chave: Análise do Comportamento, Crianças, futsal, jogada ensaiada, Psicologia do Esporte, treinamento esportivo.
24
GONÇALVES, Henrique Bayer. the effect of the use of a play about the board of education the six set pieces junior athletes of futsal. 2012. XXp. Dissertation (Behavioral Analisys Masters Degree) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012.
Abstract
The aim of this study is to investigate the effect of using a board game on the teaching of six junior athletes set pieces to futsal. Participated three coaches and futsal three groups of five children between 10 and 11 years of age who practice in a school or futsal club in your city. Data collection will be done on-site training of children. They will be randomly assigned to three groups (Group 1, Group 2 and Group 3). The procedure will take place in three stages. In step 1, selection and categorization of the set pieces coach will be instructed to select two set pieces. In Step 2, will be teaching the moves by the coach. This step consists of two stages. In Phase 1 the coach will be taught to use the board game adapted to futsal and in Phase 2 the coach should teach one of the set pieces employing children for this board game. The tray will be used to teach children Play 2 for Group 1 and to teach children to Play 1 Group 2. Finally, in Step 3 the coach asked for the children, the court, running the play taught. The results presented show that the board has improved categories vrbais two of the coaches and level of performance of children in the tray was more effective than attempts to block the quantity proportional to attain proficiency criterion.
Key-Words: Behaviorism, Skinner, Sports, Childrem
25
Entende-se por jogada ensaiada o treino de comportamentos sucessivos ou simultâneos
de um ou mais jogadores, a partir de determinadas características dos comportamentos dos
adversários, regras da modalidade e o espaço físico disponível (Cillo, 2000). Na jogada
ensaiada, a emissão do comportamento de um atleta dependerá tanto de aspectos como posição
do time adversário e dos atletas da mesma equipe quanto da bola estar ou não com ele, ou seja,
seu comportamento dependerá tanto de aspectos do ambiente não social quanto social.
O processo de treinamento do futebol de salão com ênfase no comportamento tático –
jogadas ensaiadas – durante treinamento e jogo são estudados por autores como Furtado e
Marques Junior (2008), Moreira e Greco (2005), Santana e Garcia (2007). Entre os estudos que
investigaram o ensino de jogadas ensaiadas, propriamente dito, destacam-se os de Cillo (2002)
e Ferreira (2011).
Cillo (2002) conduziu um estudo cujo objetivo foi o de realizar uma análise de jogo,
com o foco em comportamentos envolvidos nas jogadas de ataque no basquetebol, de forma a
sistematizar dados relevantes para a avaliação tanto do desempenho de atletas quanto para o
trabalho de preparação desses atletas por parte de técnicos. Para alcançar tal objetivo, foram
realizados dois estudos. O Estudo 1 avaliou o desempenho tático dos jogadores de um time de
basquetebol, destacando jogadas ensaiadas de ataque e sua relação com a produção de
resultados na modalidade, e o Estudo 2 explorou a análise de jogo por meio da avaliação de
situações específicas de ataque, número de passes realizados e suas relações com a produção de
resultados. Em vista dos objetivos do presente artigo, será descrito e discutido apenas os dados
do Estudo 1. Participaram desse estudo 11 jogadores de um time de basquetebol. Inicialmente
foram cedidas, pelo técnico, planilhas com 18 modelos de jogadas ensaiadas. O pesquisador
selecionou 10 dos 18 modelos para serem registradas durante a coleta de dados. Foram
filmados e registrados 47 jogos durante uma temporada registrando simultaneamente as jogadas
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em vídeos e em folhas de registro manualmente. Em seguida, realizou a análise dos jogos,
considerando o número de ocorrências de cada jogada, os resultados produzidos e o
posicionamento inicial dos jogadores logo após a instrução da jogada. Os resultados mostraram
que foram identificadas 64 jogadas passiveis de análise durante os jogos. Dessas, 24
produziram pontos diretamente, 17 possibilitaram continuidade de posse de bola e em 23 houve
perda de bola sem pontuação. Constatou-se ainda que, os jogadores que finalizavam mais vezes
as jogadas, eram os que atenderam as instruções no referente à posição inicial. Com relação à
escolha das jogadas a serem realizadas, em razão do tipo de marcação, os armadores acertaram
em 58 das 64 oportunidades; a maioria dos erros deveu-se a uma inadequação dos
comportamentos de marcar ocorridos durante a jogada.
No caso de se poder analisar o grau com que os jogadores atendem as instruções, é
possível, também, avaliar o quanto o desempenho apresentado nos treinos foi transferido para
os jogos (Cillo, 2002). Essas informações são válidas para que o treinador possa elaborar
treinamentos que permitam que os comportamentos treinados sejam apresentados em situação
de jogo. Outro dado que chama atenção diz respeito à realização da jogada ensaiada. No estudo
de Cillo, 64% das jogadas ensaiadas produziram pontos ou a possibilidade de pontuar,
mostrando a importância de se treinar jogadas ensaiadas.
O estudo de Ferreira (2011) teve por objetivo avaliar os efeitos de um programa de
capacitação de treinadores sobre comportamentos verbais emitidos por um treinador de
basquete no ensino de uma jogada ensaiada para atletas cadeirantes. Participaram dessa
pesquisa um treinador e 10 jogadores com idades entre 16 e 41 anos. A pesquisa foi dividida
em cinco etapas. Na primeira etapa foi selecionada a jogada a ser ensaiada durante os treinos;
na segunda etapa foram elaboradas as categorias para a análise do comportamento verbal do
treinador; na terceira etapa, correspondente a linha de base, foram filmadas cinco sessões de
27
treino, calculando-se a taxa de emissão de instruções, encorajamento, correções, elogios e
punições fornecidos aos atletas pelo treinador, além de serem registrados alguns aspectos da
jogada (se ela foi realizada, o número de vezes etc) e o comportamento dos jogadores que
compunham a jogada; na quarta etapa (intervenção), o treinador passou por três sessões de
capacitação e os treinos continuaram a ser filmados e categorizados como na linha de base; a
quinta etapa (pós-intervenção) foi semelhante em estrutura à Etapa 3. Os resultados mostraram
que houve diminuição nas taxas de verbalizações fornecidas pelo treinador para as categorias
instrução com e sem descrição de consequência, punição e correção. Para as categorias elogio e
encorajamento houve um pequeno aumento na taxa de respostas. Quanto à jogada ensaiada,
verificou-se que os jogadores apresentaram melhora na sua execução com e sem o uso de
defesa, embora a melhora no desempenho com o uso da defesa tenha sido pouco expressiva. Os
resultados de Ferreira sugerem que a capacitação de treinadores pode melhorar o desempenho
dos atletas no que diz respeito à jogada ensaiada. Cabe assinalar que a capacitação oferecida
por Ferreira (2011) visava apenas melhorar a comunicação entre atleta e treinador e não
alterações de desempenho em jogadas ensaiadas.
As pesquisas de Cillo (2002) e Ferreira (2011) demonstram pontos importantes que
merecem ser destacados. O resultados obtidos por Cillo (2011), indicam que as chances de
fazer pontos foram maiores quando os jogadores movimentaram-se e posicionaram-se nos
jogos de acordo com o que havia sido treinado. Porém, neste estudo, não houve uma
preocupação direta com o treino da jogada nem com a capacitação do treinador. Os dados
obtidos por Ferreira sugerem a necessidade de trabalhos que visem a capacitação do treinador,
especialmente no que diz respeito ao ensino da jogada ensaiada, uma vez que os atletas
apresentaram melhora da jogada. Ressalta-se, contudo que a ênfase da capacitação oferecida
por Ferreira (2011) foi na comunicação entre treinador e atleta.
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Outras pesquisas também afirmam a importância de se capacitar treinadores uma vez
que a maneira como ele se comporta pode afetar a participação dos atletas em esportes,
principalmente quando se trata de iniciação esportiva (Black & Waiss, 1992; Cruz, 1997; ,
Lima & Souza, 2009; Smith, Smoll & Curts, 1979; Smith, Smoll & Hunt 1977; Smoll, Smith,
& Coppel, 1983; Smoll, Smith & Curtis 1979; Sudo, 2008). Além da comunicação entre
treinadores e atletas, a capacitação de treinadores deveria enfatizar, ainda, as estratégias de
treinamento empregadas por eles.São muitas as estratégias de treinamento que podem ser
usadas pelos treinadores, em especial pelos treinadores de futebol de campo e de salão (Moreira
& Greco, 2005). Segundo Graça (1997), os últimos 20 anos foram os melhores para atletas e
treinadores tanto no que diz respeito à evolução do comportamento de treinar no futebol quanto
à produção literária sobre o assunto. As sessões de treino modernizaram-se, deixaram de ser
“repetição, repetição e mais repetição” e passou-se a investigar as mais diversas variáveis que
poderiam ter chances de facilitar o aprendizado de atletas, melhorando assim seu desempenho.
Dentre as produções literárias sobre o tema destaca-se, entre outros, o estudo de Rodrigues
(2003).
Rodrigues (2003) analisou e discutiu as metodologias de treino de um time da primeira
divisão do campeonato gaúcho de futebol de campo. Para isso filmaramse as sessões de treino
do time durante o campeonato brasileiro de 2002. Os resultados apontam que, além dos
métodos tradicionais de treinamento utilizados, novos procedimentos, usados por um time da
primeira divisão do campeonato paulista foram empregados, tais como: uso filmagens durante e
após as sessões de treino para apontar para os jogadores o momento exato em que eles
cometiam os erros nas jogadas outrora ensaiadas; a utilização do uso de viseiras que impediam
os atletas de olharem para baixo, garantindo maior controle de bola e visão de jogo; o treino de
chute ao cesto, para aprimorar a pontaria em cruzamentos e passes longos entre outros. Embora
29
como conclusão de seu trabalho o autor tenha sugerido que o uso de novas metodologias para
ensino tenha contribuído para o desempenho dos atletas e importante ressaltar que durante o
campeonato outras variáveis poderiam explicar a mudança de desempenho, entre elas, a troca
da antiga comissão técnica pela nova, ocorrida logo no inicio do campeonato, sugerindo a
necessidade de novas investigações com melhor controle experimental.
Ainda sobre a importância da modernização da metodologia de treinamento, Costa e
Nascimento (2004) afirmam que os tipos de treino para o ensino de novos comportamentos
táticos devem englobar um aspecto mais geral e próximo de uma situação real de jogo. Esses
autores defendem tanto o tradicional uso da prancheta técnica5 quanto o uso de sofisticadas
tecnologias como softwares de computador para o desenvolvimento, por exemplo, de uma nova
jogada ensaiada. Pensar na modernização da metodologia de treinamento é especialmente
importante quando se trabalha com jovens atletas, pois, embora as sessões de treino tenham se
modernizado, ainda hoje, em muitos locais com poucos recursos financeiros, as sessões de
treino são realizadas de maneira semelhante às realizadas nos anos entre 1950 e 1970,
tornando-as pouco estimulantes e exaustivas (Graça, 1997). Embora a repetição possa ser um
fator importante, quando se trata de crianças ou jovens atletas outras estratégias devem ser
empregadas já que muitas poderão ficar entediadas com esse tipo de sessão de treino. Em vista
do seu caráter motivacional, jogos poderiam ser empregados como recursos para o ensino de
aspectos técnico e táticos pelos treinadores.
O uso de jogos no contexto educacional não é novo. De acordo com Kishimoto (1998),
os jogos surgiram com função educativa no século XVI e visavam facilitar as tarefas do ensino
para buscar a aquisição de conhecimento, embora existam indícios mais antigos de que diversos
5 Prancheta técnica: É uma prancheta com uma ou mais folhas de papel sulfite A4 impressas com desenho da quadra. Nessa folha, o treinador desenha a jogada ensaiada ou outras instruções para os atletas a fim de facilitar a visualização e o ensino de jogadas.
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povos como egípcios, romanos e maias, utilizassem jogos para ensinar normas, valores e
padrões de vida para as novas gerações (Canto & Zacarias, 2009). Atualmente, os jogos são
considerados ferramentas importantes e que podem ser usadas no ensino de diversas disciplinas
(Alves, 2004; Bomtempo, 1997; Bortoloto, Campos & Felício, 2002; Canto & Zacarias, 2009;
Cezar, 2009, dentre outros).
Em português, não existe diferenciação clara entre os termos “jogo” e “brincadeira”, mas
alguns autores indicam características exclusivas de cada um deles. Enquanto o jogo requer no
mínimo dois participantes, a brincadeira pode ser realizada por apenas um indivíduo. Os jogos
apresentam regras fixas e bem estruturadas, enquanto as brincadeiras nem sempre envolvem
regras e quando elas existem são momentâneas ou variáveis (Bomtempo, 1997).
Pesquisas têm sido conduzidas cujo objetivo é avaliar o efeito do uso de jogos sobre o
ensino de repertórios de leitura e escrita (Andrade, 2008; Cezar, 2009, Souza & Hübner, 2010
entre outras), ensino de operações matemáticas (Mendes, 2000), ensino de operações
financeiras (Macedo, Petty & Passos 2000), ensino de língua estrangeira (Marzura, da Silva,
Peres & Spagnol 2009) entre outros. Apesar das questões anteriormente discutidas sobre o uso
de jogos para o ensino, constata-se que quando se trata do contexto esportivo esse recurso não
tem sido empregado para o ensino de aspectos relacionados à tática.
Em vista do caráter motivacional dos jogos, da possibilidade de sua aplicação como
ferramenta auxiliar no processo de ensino e aprendizagem e da dificuldade de se encontrar na
literatura do esporte estudos desse gênero é que a presente pesquisa tem por objetivo investigar
o efeito do uso de um jogo de tabuleiro sobre o ensino de seis jogadas ensaiadas a atletas mirins
de futsal.
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Método
Participantes
Participaram do presente estudo três treinadores com pelo menos cinco anos de
experiência no ensino do futebol de salão (futsal) e 15 crianças do sexo masculino que tinham
entre 08 e 09 anos de idade, que frequentavam aulas de futsal há mais de seis meses. As
crianças e os treinadores pertenciam a clubes diferentes.
Local
A coleta de dados foi realizada no local de treino dos participantes, no colégio e/ou
clube aos quais as crianças treinam, em horários previamente combinados com o treinador
responsável.
Materiais
Uma câmera filmadora para gravar as sessões de treino e o tabuleiro do jogo de futebol
de botões, que adaptado para o futsal.
Tabuleiro do jogo de futebol de botões.
O tabuleiro do jogo de futebol de botões adaptado para o futsal tinha as seguintes
dimensões: 55 centímetros de altura por 85 centímetros de largura. Essas dimensões são
maiores do que as utilizadas num jogo convencional de futebol de botões e são proporcionais
ao tamanho real da quadra em que os participantes treinavam, porém em menor escala. O jogo
possuía, ainda, 15 botões personalizados. O letra inicial do nome da camisa foi colada nos
botões. A Figura 1 apresenta o tabuleiro e as peças usadas.
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Figura 1. Jogo de tabuleiro adaptado e de um botão personalizado usado durante a pesquisa.
Procedimento
Após contato com os responsáveis pelos clubes/escola e com os treinadores realizou-se
uma reunião com a finalidade de explicitar os objetivos da mesma. Após autorização dos
responsáveis pelas instituições e dos treinadores, feita por meio da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A), os pais das crianças foram contatados e, em
uma reunião, explicitou-se os objetivos desta pesquisa. Os pais que consentiram a participarão
de seu filho na pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo B).
O trabalho foi composto por três etapas descritas detalhadamente a seguir.
Etapa 1 – Seleção, categorização e distribuição dos treinadores e das Jogadas
ensaiadas. Inicialmente pediu-se a um especialista na área que selecionasse seis jogadas
ensaiadas que foram ensinadas às crianças. As jogadas deveriam ter três graus de dificuldade
diferentes6, duas consideradas fáceis, duas com grau médio de dificuldade e duas difíceis. Seis
6 Para classificar o grau de dificuldade de cada jogada considerou-se a quantidade de comportamentos envolvidos na jogada, bem como a topografia dos comportamentos requeridos para executá-las.
33
folhas com o desenho de uma quadra de futsal foram entregues ao especialista da área (Anexo
C) e ele desenhou nelas cada uma das seis jogadas. Com base no desenho de cada jogada
ensaiada, a movimentação de cada atleta na jogada foi descrita em uma figura. Essa descrição
foi usada para avaliar se a jogada foi executada corretamente e, se não foi, identificar qual foi o
erro cometido. A Figura 2 apresenta os comportamentos das jogadas selecionadas.
C1- O goleiro toca a bola para o atleta A na lateral
esquerda
C2 – O atleta A toca a bola para o atleta B que abre as pernas para a bola chegar
ao atleta C
C3 – Ao abrir as pernas e deixar a bola passar o atleta
B corre para o meio de campo
C4 – O atleta C recebe a bola e toca para o atleta C que deve estar próximo a região de meio de campo
C5 – B recebe a bola do atleta C
C6 – B chuta ao gol..
Figura 2. Exemplo de uma jogada ensaiada (Jogada 2M) usada no estudo. (Adaptado de Ferreira, 2011).
Após a descrição de cada jogada ensaiada o pesquisador distribuiu os treinadores com
suas equipes completas em três Grupos. O pesquisador apresentava para o treinador do Grupo 1
a primeira jogada ensaiada classificada como fácil, que deveria ser treinada da maneira como
ele usualmente faz sem a utilização do tabuleiro. Após o treino da primeira jogada fácil o
pesquisador ensinava o treinador a usar o tabuleiro (Etapa 2). Em seguida era apresentada a
Jogada 2 fácil, que deveria ser treinada com o auxilio do tabuleiro. Após os treinos com as
jogadas fáceis o pesquisador apresentava as jogadas classificadas como médias seguindo a
mesma seqüência das jogadas fáceis, isto é, a primeira jogada era treinada da maneira usual e a
segunda com o auxilio do tabuleiro. O mesmo foi feito para as duas jogadas classificadas como
difíceis.
34
Para o treinador do Grupo 2 a sequencia de apresentação e os treinos das jogadas foram
alteradas. Primeiramente eram treinadas as jogadas com grau médio de dificuldade, Jogada 1
sem tabuleiro e Jogada 2 com tabuleiro. Posteriormente apresentou-se as jogadas difíceis e, por
ultimo, as jogadas fáceis. Para o treinador do Grupo 3 a seqeuncia de apresentação e os treinos
das jogadas também foi diferente da conduzida com os Treinadores 1 e 2. Primeiro apresentou-
se as jogadas difíceis, sendo o tabuleiro usado a partir da segunda jogada difícil, seguidas das
jogadas fáceis e, por último, as jogadas com grau médio de dificuldade.
A Figura 3 apresenta como as jogadas foram categorizadas e distribuídas para cada
treinador.
Treinadores
Categorização das Jogadas ensaiadas e sequência ordinal de treino para cada treinador.
Jogadas Fáceis Jogadas Médias Jogadas Difíceis
Jogada 1 sem o uso
do Tabuleiro
Jogada 2 com o uso
do Tabuleiro
Jogada 1 sem o uso
do Tabuleiro
Jogada 2 com o uso
do Tabuleiro
Jogada 1 sem o uso
do Tabuleiro
Jogada 2 com o uso do
Tabuleiro Treinador do
Grupo 1 1º
2º
3º
4º 5º
6º
Treinador do Grupo 2
5º
6º 3º
4º
1º
2º Treinador do
Grupo 3 3º
4º 1º
2º 5º
6º
Figura 3. Sequencia de cada jogada ensaiada treinada por cada treinador de cada grupo. A primeira jogada realizada pelo treinador está marcada com o símbolo 1º, a segunda com o símbolo 2º e assim por diante até a 6ª e última Jogada.
Etapa 2 – Ensino e aplicação do uso do jogo de tabuleiro adaptado ao futsal. As
crianças e os treinadores foram distribuídas em três grupos (Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3)
sendo, cada grupo, composto por um treinador e cinco crianças. Inicialmente pediu-se aos
treinadores que ensinassem, a Jogada 1 sem o tabuleiro. Após o treino dessas jogadas para as
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crianças, os treinadores eram instruídos a treinar as próximas jogadas usando o tabuleiro do
jogo de futebol de botões. Esta etapa constava de duas fases descritas abaixo.
Fase 1 - Ensino dos treinadores quanto ao uso do tabuleiro do jogo de futebol de botões. Esta
etapa foi realizada em uma sessão. Nesta sessão, inicialmente, era apresentada ao treinador a
Jogada 2 por meio do desenho da jogada feita em papel. Em seguida, o tabuleiro era
apresentado ao treinador e seu funcionamento explicitado a partir da seguinte instrução: “Esse
tabuleiro foi desenvolvido com a finalidade de ensinar às crianças jogadas ensaiadas de uma
maneira que seja mais divertida para elas. Todas as vezes que você for usá-lo você deverá
colocá-lo em cima de uma mesa, na mesma direção da quadra. Isso facilitará a observação da
quadra e dos componentes do jogo pelas crianças. Em seguida, você deverá colocar as traves,
a bolinha e os botões referentes aos jogadores no tabuleiro [o pesquisador coloca as peças
indicando as posições], que poderão ser personalizados para cada participante com a inicial
da letra de seu nome colada em cima de cada botão”. Posteriormente, o pesquisador retirava
todas as peças que ele colocou e pedia ao treinador que as posicionasse e movimentasse de
acordo com o desenho da próxima jogada a ser treinada. A seguinte instrução era dada: “Com
as peças nas suas devidas posições eu gostaria que você realizasse a próxima jogada ensaiada
que foi selecionada”. A jogada era realizada até que o treinador conseguisse executá-la
corretamente por duas vezes consecutivas. Feito isso, o pesquisador dava a seguinte instrução:
“Bem, você sabe como usar o tabuleiro. Agora irei, detalhadamente, instruí-lo como você
deverá treinar as crianças. Após explicar os objetivos da aula com suas palavras, você reunirá
as crianças em volta do tabuleiro que deverá estar corretamente posicionado e, explicará que
cada criança corresponde apenas a um único botão. Cada uma só poderá tocar no botão
correspondente a ela usando os dedos das mãos. Quanto a bolinha, essa só poderá ser tocada
pela criança que estiver executando a jogada no momento em que a bolinha estiver perto dela.
36
Feito isso, você deverá treinar a jogada com cada uma das crianças por três vezes. Ela deverá
mexer a peça dela e você as demais. Cada criança deverá executar corretamente a
movimentação da sua peça por três vezes consecutivas ou cinco vezes de seis (70% de acerto).
Em seguida, você pedirá que todas as crianças realizem a movimentação das peças em
conjunto. Elas deverão executar a jogada até que atinjam o seguinte critério: realizem a
jogada por três vezes consecutivas sem erros ou cinco vezes de seis (70% de acertos)”. Essa
instrução era dada com o pesquisador demonstrando ao treinador como ensinar a jogada no
tabuleiro. Dúvidas do treinador durante essa fase foram esclarecidas durante o processo de
ensino. A Tabela 1 apresenta os comportamentos do treinador no ensino das jogadas ensaiadas
às crianças.
Tabela 1. Guia de observação do treinador quanto aos seus comportamentos em relação ao
ensino das jogadas as crianças na quadra e no tabuleiro (Adaptado de Sudo, 2008).
GUIA DE OBSERVAÇÃO
COMPORTAMENTOS DO TREINADOR EM RELAÇÃO AO ENSINO DA JOGADA ÀS CRIANÇAS NA QUADRA
ITEM DESCRIÇÃO Funcionamento Geral -Explicar o objetivo da aula (ensino da
jogada ensaiada). - Explicar as crianças o que é uma jogada ensaiada.
Procedimentos empregados para o ensino da jogada
- Emprego de modelagem, modelação, instruções para o ensino da jogada.
Critérios de proficiência - Estabelecimento de critérios para avaliar quando a jogada foi aprendida.
COMPORTAMENTOS DO TREINADOR EM RELAÇÃO AO ENSINO DA S JOGADAS ÀS CRIANÇAS POR MEIO DO TABULEIRO.
ITEM DESCRIÇÃO Funcionamento Geral -Explicar o objetivo da aula (ensino da
jogada ensaiada). - Explicar as crianças o que é uma jogada ensaiada.
- Explicar o porquê de se usar um tabuleiro semelhante ao usado no futebol de botão para executar uma jogada ensaiada.
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Uso do Tabuleiro - O treinador deverá posicionar o tabuleiro na mesma direção da quadra. - O tabuleiro deverá estar em cima de uma mesa em uma altura compatível com a altura das crianças. - Explicar corretamente para cada criança as peças do jogo. - Indicar cada criança para uma peça no jogo. - Posicionar as peças corretamente de forma que a jogada possa ser iniciada.
Funcionamento do jogo - Realizar a jogada ensaiada corretamente. - Explicar para cada criança,
separadamente, qual deve ser sua atuação durante as jogadas. - Explicar a movimentação de cada peça
quando a jogada ensaiada for realizada por todos os atletas conjuntamente. - Estabelecer e cumprir critérios de
proficiência. Procedimentos empregados para o ensino da jogada
- Emprego de modelagem, modelação, instruções para o ensino da jogada.
Fase 2 - Ensino das crianças quanto ao uso do tabuleiro. Nessa fase, para ensinar as
crianças o treinador deveria reuni-las e explicar os objetivos da aula. Feito isso, ele posicionava
o tabuleiro em cima de uma mesa na mesma direção da quadra. Em seguida, ele colocava as
traves, a bolinha e os botões referentes aos jogadores no tabuleiro, e perguntava se elas
desejavam ter seus botões personalizados com alguma foto, nome ou apelido que poderia ser
colado em cima de cada botão. Em seguida, ele ensinava por três vezes a cada participante, um
de cada vez, sua posição inicial na jogada e a sequência de movimentos que ela deveria
realizar. Explicava também, que cada criança movimentaria com os dedos das mãos, apenas, a
peça (o botão) correspondente a ela. A bolinha só poderia ser tocada pela criança que estava
participando da jogada naquele momento. Feito isso, ele pedia a criança para executar os
movimentos corretos de sua peça por três vezes consecutivas sem erros ou cinco de seis (70%
de acerto), caso ela não conseguisse alcançar esse critério o treinador repetia a instrução até que
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a criança conseguisse realizar a movimentação de sua peça em conjunto com as outras peças
que movidas pelo treinador. Após ensinar todas as crianças, separadamente, o treinador pedia
para que elas realizem a jogada em conjunto até que as crianças a executassem por três vezes
consecutivas sem erros ou cinco vezes em seis tentativas (70% de acerto). Durante todo o
processo de ensino das jogadas ensaiadas às crianças as verbalizações do treinador e das
crianças foram registradas e analisadas de acordo com as categorias apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Guia de observação dos comportamentos do treinador durante a execução das
jogadas pelas crianças no tabuleiro e na quadra (adaptado de Sudo, 2008).
COMPORTAMENTOS DO TREINADOR DURANTE O ENSINO E A EX ECUÇÃO DAS JOGADAS PELAS CRIANÇAS NA QUADRA E NO TABULEIRO
ITEM DESCRIÇÃO EXEMPLOS Instruções técnicas parciais O treinador verbaliza o que
as crianças deverão realizar durante a jogada ensaiada, sem descrever as conseqüências do comportamento instruído.
“Passe a bola para o atacante quando o meio de campo estiver voltando” ou “cobre o lateral com mais força e pontaria”.
Instruções com descrição de consequências
O treinador verbaliza o que as crianças deverão realizar durante o exercício e especifica as conseqüências naturais ou arbitrárias do seguimento da instrução fornecida.
“Passe a bola para o atacante quando o meio de campo estiver voltando e ganhe mais espaço para se movimentar” ou “ com o lateral cobrado com mais força e pontaria a jogada poderá ser realizada com maior eficiência”.
Encorajamento O treinador encoraja as crianças a terminar a execução da jogada e a executá-la de acordo com os critérios ou prazos.
“Vamos, vamos, vamos, “/ “só mais um minutinho, vamos lá!”/ “Vai que você consegue!”.
Críticas O treinador faz críticas as crianças, responde de modo rápido a suas perguntas e/ou utiliza expressões sarcásticas com crianças.
“Beleza, pode deixar a bola passar de baixo das pernas mesmo. No jogo também” ou “Com certeza melhorou, melhorou muito mesmo”.
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Correções parciais
O treinador diz as crianças que existe uma habilidade executada incorretamente e enfatiza apenas o que a criança NÃO deve fazer.
“Chutar de três dedos aqui não, chute com o peito do pé” ou “corra na direção do gol olhando para a quadra e não para a bola”.
Correções com descrição de consequências
O treinador sinaliza a habilidade executada incorretamente, descreve o que a criança não deverá fazer e as conseqüências naturais ou arbitrárias desse comportamento.
“Quanto mais você chutar de três dedos no treino, mais você errará o chute na hora do jogo” ou “movimente-se olhando para a quadra se não você irá trombar em alguma outra criança”.
Elogio parcial O treinador verbaliza elogios sem descrever o que a criança acertou.
“Isso, João!” ou “Boa, boa!”.
Elogio descritivo
O treinador elogia e verbaliza o que a crianças fez corretamente, descrevendo as conseqüências que ocorreram após o comportamento adequado.
“Jogou o peso do corpo legal de novo” ou “você viu como essa você pegou bem lá na frente?”
COMPORTAMENTOS DAS CRIANÇAS DURANTE O PROCEDIMENTO DE ENSINO E APRENDIZADO DAS JOGADAS ENSAIADAS NA QUADRA E NO
TABULEIRO ITEM DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Perguntas gerais sobre posicionamento
Quando alguma criança remete a outra ou a o treinador questões referentes ao posicionamento dela ou de algum de seus amigos durante o processo de ensino das jogadas.
“Aonde é que eu fico?” / “Mas o Dudu não vai fazer nada?” / “Quem que vai ficar aqui atrás?” ou “Eu posso pegar a bola e sair correndo para o gol?”
Respostas corretas e incorretas as perguntas relacionadas as jogadas feitas pelo treinador
Comportamentos verbais emitidos pelas crianças durante o processo de ensino.
“Sim entendi” / “não, me explique de novo” ou “uhum,ok”
Comportamentos alternativos
Comportamentos das crianças que não condizem com o padrão que se espera durante o processo de ensino.
Risos, piadas, comentários discrepantes, brincar com as peças do tabuleiro antes, durante ou depois do processo de ensino ou “bagunçar”.
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Etapa 3 - Ir para a quadra e executar a jogada. Nessa etapa, o treinador pedia que as
crianças deixassem o jogo de tabuleiro e executassem a jogada ensinada na quadra. Nenhuma
instrução era fornecida pelo treinador.Nesse momento foram registrados e analisados os
desempenhos das crianças de acordo com as categorias apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3. Comportamentos das crianças em relação ao desempenho durante as jogadas.
COMPORTAMENTOS DAS CRIANÇAS DURANTE AS JOGADAS COM E SEM O USO DO TABULEIRO
ITEM DESCRIÇÃO Tentativas para atingir o critério de proficiência das jogadas
Refere-se a quantidade de repetições de partes ou toda a jogada necessárias para que o treinador possa estabelecer que houve aprendizado.
Acertos das jogadas Quando todas as crianças executam todas as movimentações e demais particularidades que cada jogada exige.
Erros das jogadas Quando existe incoerência relacionada à movimentação ou aos fundamentos do futsal em algum momento durante a jogada.
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Resultados e Discussão
Os resultados obtidos referentes as observações dos comportamentos dos treinadores na
quadra sem o uso do tabuleiro apontam no item “Funcionamento Geral”, com exceção do
treinador 3 na execução de sua quarta jogada (Jogada Fácil 1 na quadra), não houve
explicações acerca dos objetivos das aulas. No ponto condizente com a explicação do que seria
uma jogada ensaiada não houve registros dos três treinadores explicando o que seria uma
jogada ensaiada as crianças. No item “Procedimentos empregados para o ensino da jogada”
observou-se que nenhum dos três treinadores empregou modelagem ou modelação. Apenas
instruções foram usadas durante todos os processos de ensino durante a pesquisa. Em relação
ao critério de proficiência verificou-se que cada treinador estabeleceu seu próprio critério de
maneira arbitraria e subjetiva, de acordo com as circunstancias de cada jogada na quadra. Não
havendo, por tanto, um padrão pré-determinado relacionado a este item.
Com relação aos comportamentos do treinador ao ensino das jogadas às crianças por
meio do tabuleiro no item “Funcionamento Geral” não houve registros de explicação dos
objetivos da aula, do que seja uma jogada ensaiada e nem do porque de se usar um tabuleiro
semelhante ao usado no futebol de botão para executar uma jogada ensaiada por nenhum dos
três treinadores. No item “Uso do Tabuleiro” todos os treinadores em todas as sessões
posicionaram o tabuleiro corretamente, foram devidamente explicadas para cada criança todas
as peças do jogo e qual eram as suas funções em especifico e todas as peças foram devidamente
posicionadas para que a jogada pudesse ser iniciada.
Já sobre os resultados obtidos referentes as observações dos comportamentos dos
treinadores no tabuleiro, no item, “funcionamento do jogo”, todos os treinadores realizaram as
jogadas ensaiadas corretamente e explicaram para cada criança qual deveria ser sua atuação e
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como movimentar as peças. Porém em relação aos critérios de proficiência, assim como o
ocorrido na quadra, os três treinadores desconsideraram as instruções fornecidas pelo
pesquisador nas Fases 1 (Ensino aos treinadores quanto ao uso do tabuleiro do jogo de futebol
de botões) e 2 (Ensino das crianças quanto ao uso do tabuleiro) da Etapa 2 (Ensino e aplicação
do tabuleiro adaptado ao futsal) adotando novamente critérios arbitrários e subjetivos de acordo
com as circunstâncias de cada jogada. E, por fim, no item “Procedimentos empregados para o
ensino da jogada” todos os três treinadores usaram modelação e uma quantidade muito
elevadas de instrução parcial para o ensino das jogadas no tabuleiro.
O uso de instruções parciais durante os procedimentos de treino entre treinador e atleta é
usado com muita freqüência funcionando como um “elo de ligação” entre eles. Para a Análise
do comportamento, a instrução que descreve os antecedentes e consequêntes de uma resposta,
de forma clara e objetiva é mais efetiva para a mudança de comportamento do que as instruções
que descrevem apenas a resposta, ou seja, as parciais (Martin, 2001)
Isso pode ser verificado a partir da análise da Figura 4 em que observa-se uma taxa de
respostas muito alta nesse item. A quantidade de instruções técnicas parciais é significamente
maior que as instruções com descrição de conseqüências (ITP = 0,39 / IDC = 0,015) o que
corrobora com os estudos conduzidos por Lima e Souza (2009). Esse resultado não se
modificou nem mesmo alternando a ordem das jogadas entre os treinadores (T1: Fácil, Média,
Difícil / T2: difícil, média, fácil e T3: Média, fácil, difícil) havendo sim uma diminuição da
emissão de instruções técnicas parciais apenas após o andamento da pesquisa para os três
treinadores. O que chama a atenção na Figura 4 é que o gráfico mostra que a taxa de respostas
relacionadas as instruções técnicas parciais na quadra foram maiores que as utilizadas no
tabuleiro (ITPQ = 0,23 / IDCT = 0,16) Isso pode ter ocorrido devido ao tabuleiro proporcionar
um ambiente mais divertido para o aprendizado como já mostrado em pesquisas anteriores
43
envolvendo o uso de tabuleiros e jogos (Andrade, 2008; Cezar, 2009, Souza & Hübner, 2010
entre outras) proporcionando menor quantidade de instruções para o aprendizado. Sobre as
instruções com descrição das conseqüências nota-se que foram menos utilizadas que as
instruções técnicas parciais. Outro ponto que chama a atenção é a de que as instruções com
descrição de conseqüências foram usadas em média mais vezes no tabuleiro do que em quadra
(IDCT = 0,009 / IDCQ = 0,006). Sendo elas mais efetivas para o aprendizado verifica-se ai
uma vantagem do uso do jogo de tabuleiro. Em contra partida com a quantidade de instruções
observa-se que as correções parciais e correções com descrição de consequências foram
significamente menores que a categoria das instruções (CTP = 0,042 / CDC = 0,003). Os dados
apontaram que não houve diferença significativa entre as correções nas situações quadra e
tabuleiro.
Na categoria “encorajamentos e criticas” nota-se que a quantidade de encorajamentos é
maior que a de criticas (ENC = 0,192 / CRI = 0,026). A coluna da esquerda da Figura 4 mostra
que a quantidade de encorajamentos foi aumentando de acordo com o nível de complexidade
das jogadas (JF = 0,012 / JM = 0,016 e JD = 0,30). Na coluna da direita verifica-se que a média
geral de encorajamentos é maior na situação tabuleiro do que na quadra (ENCQ = 0,105 / CRIT
= 0,092). Com relação as críticas, verificou-se que elas ocorrem. A literatura da Análise do
Comportamento aponta que as criticas não são efetivas para a mudança de comportamentos dos
atletas, pois enfocam comportamentos inadequados destes e, além de não descreverem o
comportamento esperado, também podem produzir efeitos colaterais como resultado de um
processo de punição (Martin, 2001). Já na relação tabuleiro/quadra mostrou-se que houve mais
criticas na situação quadra (0,025) do que na situação tabuleiro (0,001). Isso pode apontar que o
uso do tabuleiro diminui a frequência de criticas negativas as crianças proporcionando um
melhor aprendizado.
44
Uma opção para substituir as críticas seria um maior uso de elogios parciais e
descritivos. Os elogios são verbalizações consideradas adequadas no contexto esportivo (Smith
et al. (1983). No presente estudo observou-se que a taxa de respostas de elogios parciais é
maior que a taxa de respostas de elogios descritivos (ELOP = 0,07 / ELOD = 0,003). Já a
relação quadra/tabuleiro apontou maior incidência de elogios parciais para as jogadas ocorridas
na situação de tabuleiro do que se comparadas a situação quadra (ELOPT = 0,05 / ELOPQ =
0,02). O elogio descritivo sendo mais adequado para situações de ensino teve apenas duas
aparições (JMT4 do treinador 1 e JFT6 do treinador 2) mostrando uma freqüência muito baixa,
porém, em ambas as situações, elas foram usadas na situação tabuleiro.
Os dados obtidos por meio do guia de observação dos comportamentos dos treinadores
permitem afirmar:
1 – Houve maior quantidade de instruções técnicas parciais do que instruções com
descrição de conseqüências. As jogadas que utilizaram o tabuleiro proporcionaram, em média,
menor quantidade de instruções técnicas parciais. Esses dados podem beneficiar tanto o
treinador que se desgasta menos nesse tipo de aula quanto as crianças que criam oportunidades
de se divertirem mais durante o processo de aprendizado.
2 – A quantidade de correções parciais é praticamente a mesma para as jogadas executas
na quadra e no tabuleiro. As correções com descrição de conseqüências aparecem apenas duas
vezes, ambas na situação quadra.
3 – Quanto aos encorajamentos e críticas verifica-se que houve mais encorajamentos
que críticas. As críticas ocorreram apenas na situação de quadra.
4 – Houve mais elogios parciais do que elogios descritivos, sendo que, nas duas
situações em que houve registros de elogio descritivo, ambas, ocorreram na situação tabuleiro.
45
Figura 4. Taxa de respostas das categorias dos comportamentos verbais do treinador durante a execução das jogadas pelas crianças na quadra e no tabuleiro. Coluna da esquerda: Média geral para a taxa de respostas das categorias analisadas de acordo com os níveis de dificuldades de
46
cada jogada na quadra e no tabuleiro. Coluna da direita: Média geral da taxa de respostas na situação quadra e na situação tabuleiro.
A seguir será feita analise e discussão dos comportamentos verbais das crianças durante
a execução das jogadas na quadra e no tabuleiro de acordo com as categorias analisadas.
Observa-se na coluna direita da Figura 5 que mesmo havendo muitas instruções dadas
pelos treinadores as taxas de respostas referentes as perguntas sobre posicionamentos durante
as jogadas é praticamente a mesma no tabuleiro (0,022) e na quadra (0,018). Nota-se também
que mesmo havendo aleatorização das jogadas fáceis, médias e difíceis entre os 3 grupos não
houve padronização das respostas para as jogadas. O mesmo acontece com a categoria
“Respostas corretas e incorretas as perguntas do treinador”. Nessa categoria os resultados
mostraram que a taxa de respostas desses comportamentos foi praticamente os mesmo nas
situações quadra/tabuleiro e em relações as dificuldades das jogadas, não havendo
generalizações de destaque.
Um item que chama a atenção é a categoria “Comportamentos alternativos”. Na análise
do comportamento o termo “comportamento alternativo” refere-se a um classe de
comportamento não especificado pelo seu reforçador em potencial, diz-se que um organismo
emitiu um comportamento alternativo quando sua resposta evoca outro tipo de reforço presente
no ambiente. Em situações em que há ensino e aprendizagem as emissões destes tipos de
comportamentos podem ter mais de uma consequência. Pode ser reforçadora para aquele que
esta aprendendo ou punitiva para aquele que esta ensinando dependendo assim das
contingências em vigor. No caso do futsal em conjunto com o um jogo de tabuleiro espera-se
que ela seja mais reforçadora do que punitiva devido as condições do ambiente e a história pré-
experimental que cada criança tem com relação a jogos de tabuleiro. A taxa média de respostas
para todas as jogadas envolvendo a situação tabuleiro foram maiores do que as envolvendo a
47
situação quadra (0,047 no tabuleiro / 0,009 na quadra). Isso permite afirmar que houve muito
mais freqüência desse tipo de comportamento. Em outras palavras as crianças aproveitaram a
oportunidade de estarem presentes a um estímulo já emparelhado com diversão (jogo de
tabuleiro) e aumentaram sua freqüência de comportamentos alternativos em comparação ao
aprendizado em quadra. Esse resultado corrobora com as pesquisas que colocam o tabuleiro
como um instrumento prazeroso para o aprendizado (Kishimoto, 1998).
48
Figura 5. Taxas de respostas das categorias dos comportamentos verbais das crianças durante os processos de ensino e aprendizagem das jogadas ensaiadas na quadra e no tabuleiro. Coluna da esquerda média geral para a taxa de respostas das categorias analisadas de acordo com os níveis de dificuldades de cada jogada na quadra e no tabuleiro. Coluna da direita: Média geral da taxa de respostas na situação quadra e na situação tabuleiro.
Os dados obtidos por meio do guia de observação dos comportamentos das crianças
permitem afirmar:
1 – Houve pouca diferença entre as perguntas sobre posicionamento e respostas corretas
as perguntas do treinador tanto na situação quadra quanto na situação tabuleiro. Também não
houve diferenças significativas das taxas de respostas quanto aos níveis de dificuldades das
jogadas.
2 – A emissão de comportamentos alternativos foi verificada mais vezes nas situações
tabuleiro do que nas situações quadra para todos os grupos em todas as situações.
Por fim, os resultados e discussões referentes aos desempenhos das crianças. As Figuras
6 e 7 indicam, respectivamente, as categorias de análise e a média comparativa entre o critério
de proficiência e os acertos da jogada completa.
Sobre a categoria “tentativas para atingir o critério de proficiência” a Figura 6 mostra
que a frequência de tentativas para atingir esse critério variou de 2 (Treinador 1 e Treinador 2
para Jogada difícil no Tabuleiro) para 4 vezes (Treinador 2 Jogada fácil e média na quadra) de
acordo com a jogada e com o treinador. Esse dado aponta que os níveis de dificuldades
escolhidos para cada jogada não afetaram os critérios de proficiência dos treinadores, pois
houve uma aleatorização de respostas incapaz de definir um padrão especifico que
relacionassem os níveis de jogadas com tentativas para atingirem os critérios de proficiência.
Constata-se apenas, como curiosidade, que na média geral, as jogadas fáceis e médias
realizadas na situação de quadra tiveram freqüências maiores que as jogadas difíceis (JFQ e
JMQ = 4,15 / JDQ = 2,5). Já na questão quadra/tabuleiro na média geral foram necessárias
49
menores quantidades de freqüências para atingir os critérios de proficiência no tabuleiro do que
na quadra (Tabuleiro = 2,7 e Quadra = 3,6). Isso nos leva a concluir que além do tabuleiro
proporcionar maiores taxas de comportamentos alternativos as crianças ele proporciona
também uma menor frequência de tentativas para atingir o critério de proficiência. A Figura 8
mostra uma média comparativa entre o critério de proficiência e a quantidade de acertos da
jogada completa.
Na categoria “Acertos da jogada” os acertos foram calculados em porcentagem em
relação ao critério de proficiência (como mostra a Figura 7). Não houve registros de
padronização dos acertos em relação aos níveis de dificuldades das jogadas para os 3
treinadores. Na média geral as crianças acertaram 71,3% das jogadas na quadra contra 67,3%
no tabuleiro. O que chama a atenção é que se comparado o critério de proficiência e a
quantidade de acertos na quadra e no tabuleiro verifica-se que há menor freqüência de
tentativas para as jogadas que usaram a situação tabuleiro (2 vezes) do que para as jogadas que
usaram a situação quadra (2,8 vezes). Isso pode ser visto melhor na Figura 8. Sendo assim,
pode-se afirmar que o tabuleiro proporcionou menos quantidades de tentativas para atingir os
critérios de proficiência exigidos em média pelos treinadores.
Na categoria de “erros da jogada” os resultados obtidos mostram que as maiores
porcentagens de erros ocorreram durante as jogadas médias (47,5%) seguidas pelas fáceis
(22,5%) e depois as difíceis (16%). Esse dado da mais um respaldo de que a aleatorização das
jogadas em fáceis, médias e difíceis e a criação de três categorias de jogadas (fáceis, médias e
difíceis) não alteraram os resultados do presente estudo no que diz respeito ao desempenho das
crianças e ao uso do tabuleiro como uma ferramenta auxiliar para o treinador.
51
Figura 7. Comparação entre o critério de proficiência e a média de acertos das jogadas.
Por fim. considerações acerca desse trabalho devem ser feitas:
1. O uso do tabuleiro é uma ferramenta que auxilia tanto os treinadores quanto as
crianças no processo de ensino de jogadas ensaiadas independentemente da complexidade
delas.
2. O uso do tabuleiro mostrou-se eficaz para os treinadores, pois exige menor
quantidade de instruções técnicas parciais e maior quantidade de instruções com descrição das
consequências.
3. Em relação as crianças, o tabuleiro proporcionou maior quantidade de elogios e
encorajamentos por parte dos treinadores.
4. Houve um aumento significativo de comportamentos alternativos pelas crianças em
todas as situações que o tabuleiro foi usado, proporcionando assim, mais diversão na hora das
aulas.
5. Sobre o desempenho, o tabuleiro proporcionou menos tentativas para atingir os
critérios de proficiência das jogadas (proporcionalmente em comparação ao critério de
52
proficiência). Houve também maior quantidade de acertos na condição tabuleiro
(proporcionalmente em comparação ao critério de proficiência).
Apesar de haver pontos favoráveis a utilização do tabuleiro há também registros de
pontos negativos ditos pelos treinadores, dentre eles citam-se: “não gostei o tabuleiro é muito
grande”, “difícil de transportar”, “tem sempre que ser colocado em cima de uma mesa”, “conter
muitas peças pequenas que podem ser perdidas facilmente”, “tumultua muito a aula” e etc.
Sendo assim, pesquisas futuras poderiam ser desenvolvidas a fim de evitar esses tipos de
problemas apontados pelos treinadores como a confecção de tabuleiros que menores e mais
leves, por exemplo. Outro ponto importante seria realizar esse tipo de estudo com crianças que
não tenham familiaridade com o futsal, crianças iniciantes, pois as crianças que participaram
desse estudo já tinham noções de posicionamento e movimentação o que facilita no
aprendizado de novas jogadas ensaiadas. Desse modo tanto as crianças quanto os treinadores
sentiriam mais satisfação ao utilizar outro tipo de ferramenta para auxiliar o ensino de jogadas
ensaiadas.
53
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62
Anexo A
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezado Professor de Educação Física e prezada coordenadora pedagógica da União
NORTE PARANAENSE DE ENSINO S/C LTDA senhor Guilherme Sanches Valverde e senhora Luzinete dos Santos lima.
Gostaríamos de convidá-los a participar da pesquisa O EFEITO DO USO DE UM
JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO DE DUAS JOGADAS ENSAIADAS A ATLETAS MIRINS DE FUTSAL, realizada na Universidade Estadual de Londrina. O objetivo da pesquisa é avaliar o efeito do uso do jogo de tabuleiro no desenvolvimento do ensino de duas jogadas ensaiadas. A sua participação é muito importante e ela se daria da seguinte forma, todas as etapas da pesquisa serão realizadas no ambiente de treino dos alunos; primeiramente o treinador selecionará duas jogadas ensaiadas de mesmo nível de dificuldade e ensinará os atletas da maneira que ele usualmente ensina. Na etapa seguinte será introduzido o uso do tabuleiro para o ensino da próxima jogada. Por meio de observações avaliações serão realizadas para verificar se houve alteração no desempenho das crianças. Todas as etapas serão gravadas em vídeo para possibilitar a análise do treinador com o participante. Gostaríamos de esclarecer que a participação é totalmente voluntária, podendo você recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa ou a de seus atletas. Informamos ainda que as informações serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade. Ressalta-se que após a utilização para a pesquisa as gravações e demais materiais serão destruídos. Informamos que os senhores não pagarão nem serão remunerados por sua participação.
Caso você tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode nos contatar: Henrique Bayer Gonçalves, Rua Delaine Negro, 55, Alto da Colina, Londrina, PR, (43) 9146-9536, ou procurar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina, na Avenida Robert Kock, nº 60, ou no telefone (43) 3371–2490. Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida, assinada e entregue a você.
Londrina, 5 de Setembro de 2011. Coordenadora Pedagógica Professor de Educação Física _____________________ _______________________________ Luzinete dos Santos LIma Prof. Ms. Guilherme Sanches Valverde Pesquisador responsável
_____________________ Henrique Bayer Gonçalves
63
Anexo B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido O EFEITO DO USO DE UM JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO DE DUAS JOGADAS ENSAIADAS
A ATLETAS MIRINS DE FUTSAL,
Prezado(a) Senhor(a):__________________________________________________. Gostaríamos de convidar seu filho: (nome do filho) a participar da pesquisa O
EFEITO DO USO DE UM JOGO DE TABULEIRO SOBRE O ENSINO DE DUAS JOGADAS ENSAIADAS A ATLETAS MIRINS DE FUTSAL, realizada na Universidade Estadual de Londrina. O objetivo da pesquisa é avaliar o efeito do uso do jogo de tabuleiro no ensino de duas jogadas ensaiadas. A participação de seu filho é muito importante e ela se daria da seguinte forma: todas as etapas da pesquisa serão realizadas no ambiente de treino; primeiramente o treinador selecionará duas jogadas ensaiadas de mesmo nível de dificuldade e ensinará seu filho da maneira que ele usualmente ensina. Na etapa seguinte será introduzido o uso do jogo de tabuleiro para o ensino da próxima jogada. Por meio de observações avaliações serão realizadas para verificar se houve alteração no desempenho da criança. Todas as etapas serão gravadas em vídeo para possibilitar a análise do treinador com o participante. Gostaríamos de esclarecer que a participação é totalmente voluntária, podendo você e/ou seu filho(a): recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa ou a de seu filho(a). Informamos ainda que as informações serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade. Ressalta-se que após a utilização para a pesquisa as gravações e demais materiais serão destruídos.
Informamos que o senhor (a) não pagará nem será remunerado por sua participação. Caso você tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode nos contatar:
Henrique Bayer Gonçalves, Rua Delaine Negro, 55, Alto da Colina, Londrina, PR, (43) 9146-9536, ou procurar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina, na Avenida Robert Kock, nº 60, ou no telefone (43) 3371–2490. Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida e assinada entregue a você. Pesquisador Responsável Londrina, 02 de Março de 2012. _____________________________ Henrique Bayer Gonçalves RG: 44.079.937-5 _____________________________________ (nome por extenso do participante de pesquisa), tendo sido devidamente esclarecido sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em participar voluntariamente da pesquisa descrita acima.
Assinatura do menor (ou impressão dactiloscópica):____________________________
Assinatura do responsável (ou impressão dactiloscópica):____________________________
Data:___________________
65
Anexo D
JOGADA 1F
Movimentações:
1 – O atleta A bate o lateral para o atleta B.
2 – B passa para o pivô C.
3 – Quando C recebe a bola ele pisa para o atleta A que vem e chuta a gol.
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JOGADA 2F
Movimentações:
1 – O atleta A bate o lateral para o atleta B
2 – B passa para o pivô C.
3 – Quando C recebe a bola o atleta A corre por trás de B.
4 – Depois que o atleta A correr por trás de B o atleta C pisa para A chutar ao gol.
67
JOGADA 1M
Movimentações:
1 – O atleta A bate o lateral para o atleta B.
2 – B passa para o pivô C que veio da marca do pênalti para a lateral esquerda.
3 – Quando C recebe a bola o atleta A corre por trás de B.
4 – Depois que o atleta A correr por trás de B até a marca do pênalti o atleta C toca para A chutar ao gol.
68
JOGADA 2M
Movimentações:
1 – O goleiro joga a bola para o atleta A na lateral.
2 – O atleta A toca para B que abre as pernas para a bola passar para o atleta C.
3 – Após abrir as pernas e deixar a bola passar o atleta B corre para o meio de campo.
4 – O atleta C recebe a bola e toca para B que já esta no meio de campo para chutar.
5 – B chuta ao gol.
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JOGADA 1D
Movimentações:
1 – O goleiro joga a bola para o atleta A na lateral.
2 – A toca para o atleta B.
3 – Quando A tocar para B o atleta C se desloca para o meio de campo.
4 – B toca para o atleta C.
5 – O atleta C toca para o atleta D chutar ao gol.
70
JOGADA 2D
Movimentações:
1 – O goleiro toca para o atleta A.
2 – Quando A receber a bola do goleiro B se desloca da lateral para a marca do pênalti.
3 – O atleta A toca para B e sobe para o meio campo.
4 – B devolve para o atleta A..
5 – A toca para C que está no fundo.
6 – C toca para o pivô D.
7 – D chuta ao gol.
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