o risco da insegurança alimentar: os vinhos do vale do juruá
Post on 16-Feb-2017
8 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Prof. José Augusto Rocha Reserva Juruá & Profa. Maria Francisca Rodrigues do Nascimento – Reserva Juruá
O risco da insegurança alimentar: os vinhos do Vale do Juruá
INTRODUÇÃOSegundo o Zoneamento Ecológico Econômico do Acre, ZEE, (2000) o consumo de frutos de
palmeiras como o açaí, buriti, abacaba e patauá fazem parte da alimentação acreana.
Tradicionalmente os ribeirinhos utilizam destas espécies para o uso em construção civil, talas
para telhados, folhas para cobertura dentre outras utilidades. Segundo RODRIGUES, (2006) os
moradores da região do entorno do Parque Nacional da Serra do Divisor vem perdendo sua fonte
de alimento para o pasto e o grado. Isso quando não acontece um evento natural como a enchente
de2012, onde boa parte da vegetação nativa e culturas anuais e perenes foram levadas pelas
águas do rio Juruá. Causando a falta de alimentos para muitas famílias ribeirinhas, indígenas e
extrativistas. Essa mudança na paisagem e seus impactos nas fontes de alimentos desta
população tomamos como objeto de estudo.
Instituições Parceiras no Projeto
OBJETIVODemonstrar através de registros científicos, o estágio de desflorestamento das
diferentes classes de cobertura vegetal encontradas na região de entorno e dentro do
perímetro do Parque Nacional da Serra do Divisor.
Identificar quais as formações vetais que vem sofrendo maior impacto, pela
mudança da paisagem na região.
Traçar uma correlação entre as formações impactadas e a segurança alimentar da
população ribeirinha.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Apresentar dados estatísticos, sobre os geótopos afetados;
• Traçar uma correlação entre as classes vegetativas e as fontes de alimentos para a
população regional
JUSTIFICATIVAA implantação do Parque Nacional, se deu da década de 80, após a constatação da
necessidade de manter a ocupação do território acreano e da faixa de fronteira nesta
porção amazônica. PLANO DE MANEJO DO PNSD,(2000). Porém na região
haviam habitantes como os remanescentes das famílias dos antigos seringais, bem
como uma considerável população indígena de diversas etnias. Todos ainda
habitando na região. Os ex-seringueiros e indígenas, conhecedores das benesses da
floresta, exploraram-na para o seu sustento, mesmo sob a negação de seus patrões.
Esse conhecimento levou a um gosto tradicional pelas ofertas de frutos, sementes,
caça e outros alimentos encontrados na florestas do Vale do Juruá. Atualmente
muitas destas comunidades vem promovendo a troca desta floresta por pastagens de
gado ou culturas de subsistência. “A floreta é a nossa dispença” Segundo D. Maria
José Rodrigues (76), ex-moradora do Lago Jaburu que lembra como as famílias se
fartavam com as safras de açaí, buriti, abacaba e patauá.
METODOLOGIASegundo dados do Diagnóstico do Plano de Manejo do PNSD, (1999) e ALMEIDA,
(2008)- Enciclopédia da Floresta, as famílias da região do alto Juruá mantém o habito de
degustar os “vinhos” de açaí, buriti, abacaba, pataoá em suas refeições, ou oferece estes
aos visitantes como aperitivo, quando em sua safra.
Diante destas informações tabulamos dados sobre a cobertura vegetal dentro e no entorno
do Parque, afim de estabelecer um cenário sobre a situação da paisagem regional e seus
níveis de alterações.
Na sequencia procuramos obter informações que comprovassem a média de produção e
comercialização de cada vinho, nos mercados do vale do Juruá. Tais informações não
encontram-se disponíveis nos índices do censo agropecuário do IBGE para o ano de 2010.
Em uma pesquisa de campo com técnicos da Secretaria de Estado da Produção –
SEAPROF(2010), montamos as seguintes estimativas (litros/ano):
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAACRE, Zoneamento Ecológico Econômico do Estado do Acre, Rio Branco – AC, 2000 Volume II
e III.
ALMEIDA, Mauro – Enciclopédia da Floresta, Cia da Letras, São Paulo, 2009. 456p.
APOSTILA DO CURSO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UNILIVRE: Rede Nacional
Pró UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 1993 2v..
SPVS - SOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL. -
Plano integrado de conservação para a região de Guaraqueçaba, Paraná, Brasil. Curitiba, 1992, AB Print
e Editora. 129 p.
RODRIGUES, Marco Aurélio – Ocupação Humana e Conservação no Parque Nacional da Serra
do Divisor (PNSD) Alto Juruá – Acre, UNICAMP, Campinas 2006 143p.
MMA/IBAMA – Relatório do Levantamento do Potencial Ecoturístico do Parque Nacional do
Superagui e região de Entorno. SPVS. 1994.
IBAMA/SOS AMAZONIS, PLANO DE MANEJO DO PNSD 2000, 328p.
TRICART, Jean. ECODINÂMICA. Rio de Janeiro, IBGE, Diretoria Técnica, SUPREN, 1977. 91
p. il. (Recursos Naturais e Meio Ambiente. 1)
MAAK, Reinhard – GEOGRAFIA FÍSICA DO ESTADO DO PARANÁ. Banco de
Desenvolvimento do Paraná, UFPR, Instituto de Biologia e Pesquisa Tecnológica, Curitiba, 1977.
CONCLUSÃOFoi constatado que a formação de Floresta Ombrófila Aberta, é a que está sofrendo o
maior impacto dentre todas as analisadas. Outro fato claro registrado foi o de que esta
mudança de paisagem esta avançando para dentro dos limites do Parque em áreas
pontuais, onde ocorrem predominantemente, o plantio de pastagem. Entendemos mediante
tais registro científicos que as metas indicadas no Sub-programa de monitoramento e de
Educação no Plano de Manejo do Parque pode ser uma boa estratégia para articulação de
comunidades onde o processo já está bem acelerado PM PNSD, (2000).
ESTIMATIVA ANUAL DE CONSUMO POLPA AÇAÍ BURITI ABACABA PATAOA
CRUZEIRO DO SUL ± 48.000 ±26.000 ±11.500 ±13.000
MÂNCIO LIMA ±13.500 ±13.000 ±5.000 ±4.000
RODRIGUES ALVES ±12.600 ±16.600 ±1.200 ±1.400
PORTO WALTER ±1.900 ±1.900 ±1.300 ±4.000
MARECHAL THAUMATURGO ±20.000 ±20.000 ±1.600 ±1.500
Com os dados publicados por RODRIGUES, (2006) realizamos a tabulação por tipologia
vegetal e logo após realizamos a sua classificação considerando a possibilidade de avanço
no desflorestamento para os próximos anos na região, com foco na faixa de entorno e
dentro do perímetro do Parque.
Estágio da Cobertura Percentual Cor
Com menos de ± 5 % Amarelo
Com até ± 10 % Verde
Com até ± 20 % Azul
Com mais de ± 30 % Vermelho
RESULTADOSApós espacialização dos dados constatamos que as formações vegetativas onde ocorrem a
presença das principais palmeiras de consumo tradicional, vem perdendo espaço para
outras espécies considerando os registros para o ano de 2006. Como a região e formada
basicamente por planícies e a disponibilidade de água e recursos hídricos são
predominantes para a produção familiar regional, as comunidades estão estabelecidas ao
longo dos leitos de rios, lagos e igarapés, onde desafortunadamente ocorrem as palmeiras
que são a fonte nutricional de seus alimentos. Em alguns casos a perda da área analisada
chegou a 78% do tipo de vegetação.
CLASSE DE COBERTURA ÁREAS PERCENTURAL
(J) FOD SUBMONTANA 77.388,54 9,18
(A) FOD NOS INTERFLUVIOS COLINOSOS 102.763,22 12,19
(I) FOD NOS INTERFLUVIOS TABULARES 9.441,74 1,12
(A) FOD DE PALMEIRAS NAS PLANICIES ALUVIAIS 50.749,35 6,02
(G) FOD DE PALMEIRA NOS TERRAÇOS ALTOS 36.586,74 4,34
(F) FOA DE PALMEIRA NOS DEPOSITO COLINOSOS 7.840,02 0,93
(D) FOA NOS INTERFLUVIOS COLINOSOS COM BAMBO DOMINADO 72.246,17 8,57
(B) FOA NOS INTERFLUVIOS COLINOSOS COM BAMBO DOMINANTE 193.639,96 22,97
(E) FOA DE PALMEIRA NOS INTERFLUVIOS COLINODOS 289.996,29 34,40
(C) FOA DE CIPÓ 2.352,00 0,27
FODSB – 9,18%
FODIC – 12,19%
FODIT – 1,12%
FODPPA – 6,02%
FODPTA – 4,34%
FOADC – 0,93%
FODSB – 8,57%
FODSB – 22,97%
FODSB – 0,27%
FODSB – 34,40%
top related