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Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq), Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ). N° do Processo: 35.0210/2007-1.
Artigo original/Original Article
Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da ParaíbaEpidemiological profi le of the nutritional status in children assisted in daycare centers in the state of Paraíba
CAROLINA PEREIRA DA CUNHA SOUSA¹; MAYANA
PEREIRA DA CUNHA SOUSA²; ANA CAROLINA DANTAS ROCHA¹; DIXIS
FIGUEROA PEDRAZA³1Estudante de Iniciação
Científi ca PIBIC/CNPQ/UEPB, Curso de Enfermagem
da Universidade Estadualda Paraíba.
2Estudante Colaboradora de Iniciação Científi ca, Curso
de Fisioterapiada Universidade Estadual
da Paraíba.3Doutor em Nutrição.
Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Núcleo
de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas
da Universidade Estadualda Paraíba.
Endereço para correspondência:
Carolina Pereirada Cunha Sousa
Rua Dorinha de Vasconcelos, 155, Santa Rosa. Campina
Grande-PB. CEP 58416-340.E-mail: carolina_pcs@
hotmail.comAgradecimentos:aos dirigentes da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento
Humano por viabilizarem o desenvolvimento da
pesquisa. Às estudantes, dos cursos da área de saúde da
Universidade Estadual da Paraíba, pela colaboração no
estudo. Aos pais, crianças e funcionários das creches,
que participaram do estudo.
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA
PEDRAZA, D. Epidemiological profi le of the nutritional status in children assisted in daycare centers in the state of Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1,p. 111-126, abr. 2011.
This was a cross-sectional study to evaluate the nutritional status of children younger than 6 years old from daycare centers in the state of Paraíba and its association with food intake and health condition. The nutritional status was evaluated by height-for-age and weight-for-height anthropometric indices. Children presenting such ratios with values of 2 z scores below the standard population according to the World Health Organization were diagnosed with malnutrition. In the case of overweight/obesity, children presenting values of 2 z scores above the standard population were considered overweight/obese. The food consumption was monitored through a 24-hour dietary recall. The health condition of children was analyzed, considering the presence of signals and symptoms of infection. Statistical analyses were carried out using software SPSS-8.0, considering a signifi cance level of 5%. The prevalence of stunting, wasting and overweight/obesity, from a total of 353 children, were 7.36%, 1.13% and 6.23%, respectively. The variables vaccination schedule, birth weight, blood in the feces, number of rooms at home, per-capita income and maternal stature were statistically associated with stunting. The weight-for-height index was associated with the variables child’s age vaccination schedule, supplementation with vitamin A, the participation of macronutrients in the total-energy value and the mother’s age. Expressive prevalence of stunting and overweight/obesity was verifi ed, thus justifying the need for a nutritional intervention in order to prevent and control these problems.
Keywords: Nutritional Status. Child Malnutrition. Daycare Centers.
ABSTRACT
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RESUMORESUMEN
Estudio transversal con el objetivo de evaluar el estado nutricional de niños menores de6 años que frecuentan jardines infantiles del Gobierno de Paraíba, Brasil, y su asociación con el consumo de alimentos y las condiciones de salud. Para la evaluación del estado nutricional fueron analizados los índices estatura/edad y peso/estatura, considerándose con déficit nutricional los niños que presentaron índices con puntaje z abajo del valor mediano del patrón de crecimiento infantil de la Organización Mundial de la Salud. Para el caso de sobrepeso/obesidad fue considerado el índice peso/estatura con puntaje z sobre la referencia. La evaluación de la ingestión de alimentos fue realizada por recordatorio de 24 horas. La condición de salud de los niños fue analizada considerando la presencia de señales y síntomas de infección. Fueron realizadas análisis estadísticas para proporciones con el programa SPSS-8.0, ponderando un nivel de signifi cancia de 5%. La prevalencia de défi cit de estatura, défi cit de peso y sobrepeso/obesidad en un total de 353 niños estudiados, fue de 7,36%, 1,13% y 6,23% respectivamente. Las variables esquema de vacunación, peso al nacer, sangre en las heces, número de cuartos en el domicilio, renta familiar per cápita y estatura materna se relacionaron estadísticamente con el défi cit de estatura. El peso/estatura mostró relación con las variables edad del niño, esquema de vacunación, suplementación con vitamina A, adecuación de macro nutrientes en el valor energético total de la dieta y edad materna. Fueron detectadas prevalencia expresiva de défi cit de estatura y sobrepeso/obesidad, justifi cando la necesidad de intervenciones nutricionales para la prevención y control de estos problemas.
Palabras clave: Estado nutricional. Desnutrición infantil. Jardines infantiles.
Realizou-se estudo transversal com o objetivo de avaliar o estado nutricional de crianças menores de seis anos assistidas nas creches do Estado da Paraíba e sua associação com o consumo de alimentos e as condições de saúde. Para a avaliação do estado nutricional, foram analisados os índices estatura/idade e peso/estatura, considerando-se com défi cit nutricional, as crianças que apresentaram índices dois escores z abaixo do valor mediano do standard de crescimento infantil da Organização Mundial da Saúde. Para o caso do sobrepeso/obesidade, foi considerado o índice peso/estatura dois escores z acima da referência. A avaliação do consumo de alimentos foi realizada por recordatório de 24 horas. A condição de saúde da criança foi analisada considerando a presença de sinais e sintomas de infecção. Foram realizadas análises estatísticas para proporções com o programa SPSS-8.0, ponderando um nível de signifi cância de 5%. As prevalências de baixa estatura, défi cit de peso e sobrepeso/obesidade, de um total de 353 crianças estudadas, foram de 7,36%, 1,13% e 6,23%, respectivamente. As variáveis esquema de vacinação, peso ao nascer, sangue nas fezes, número de cômodos no domicílio, renda per capita e estatura da mãe se associaram estatisticamente com o défi cit de estatura. O peso/estatura mostrou-se associado com as variáveis: idade da criança, esquema de vacinação, suplementação com vitamina A, adequação da participação de macronutrientes no valor energético total da alimentação e idade da mãe. Verifi caram-se prevalências expressivas de défi cit de estatura e sobrepeso/obesidade, justificando a necessidade de intervenções nutricionais para a prevenção e controle destes agravos.
Palavras-chave: Estado nutricional. Desnutrição infantil. Creches.
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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INTRODUÇÃO
O estado de nutrição, particularmente no caso das crianças, refl ete mais do que
qualquer outra condição do espectro saúde/doença o processo de ajustamento de indivíduos
e populações ao seu ambiente físico, biótico e social. Sob essa perspectiva, as defi ciências
nutricionais expressam um desequilíbrio na relação hospedeiro/habitat mediado por
restrições no consumo de alimentos, nas disfunções relacionadas com o aproveitamento
biológico de energia e nutrientes ou, o que é mais comum, pela interação sinérgica dessas
duas vertentes (RISSIN et al., 2006). Ao contrário, se o consumo energético excede as
exigências biológicas acima dos níveis toleráveis, a tendência é a instalação da chamada
patologia dos excessos nutricionais (FIDELIS; OSORIO, 2007).
A desnutrição na infância, expressa pelo comprometimento do crescimento linear
e/ou ponderal, é ainda um dos principais problemas de saúde enfrentados pelos países
em desenvolvimento, quer pela elevada prevalência, quer pela carga de morbidade que
se associa a esse evento (OLIVEIRA et al., 2007). Segundo Romani e Lira (2004), o retardo
estatural constitui, atualmente, a característica antropométrica mais representativa do quadro
epidemiológico do crescimento de crianças no Brasil e no mundo. Diversos estudos têm
demonstrado que o Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, convive com a
transição nutricional, determinada frequentemente pela má-alimentação. Ao mesmo tempo
em que se assiste à redução contínua dos casos de desnutrição, são observadas prevalências
crescentes de excesso de peso, contribuindo com o aumento das doenças crônicas não
transmissíveis (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).
De forma simplifi cada, a desnutrição e o excesso de peso são representações de
dois modelos bem distintos e até antagônicos, justifi cando a conduta de enfoques clínicos
e epidemiológicos diferenciados (BATISTA FILHO et al., 2008). A natureza multicausal do
crescimento infantil, além de estar centrada na interação sinérgica entre o consumo inadequado
de alimentos e o desenvolvimento de enfermidades infecciosas, compreende outras variáveis
que devem ser destacadas pela sua relevância: i) biológicas: sexo, peso e comprimento ao
nascer; ii) maternas: idade, peso e estatura da mãe; iii) condições de saneamento ambiental:
abastecimento e tratamento da água, destino do lixo e esgotamento público; iv) acesso aos
serviços de saúde: imunizações, internações hospitalares, pré-natal; vi) socioeconômicas:
renda per capita familiar, ocupação/trabalho feminino fora do lar, escolaridade materna,
tipo de moradia, número de irmãos pequenos, coabitação com o pai da criança, número de
equipamentos domésticos no lar; vii) nutricionais: estado nutricional de micronutrientes (zinco,
ferro, vitamina A) (ROMANI; LIRA, 2004). O sobrepeso/obesidade apresenta principalmente
fatores biológicos e comportamentais de risco. Entre esses fatores, destacam-se as variáveis
nutricionais, representadas pela alimentação hipercalórica e seus desvios específi cos: consumo
excessivo de açúcares simples, de gorduras animais, de ácidos graxos saturados, de gorduras
trans, ao lado do sedentarismo crescente, tabagismo, uso imoderado de bebidas alcoólicas
e outras práticas de vida não saudáveis (BATISTA FILHO et al., 2008).
Nos últimos anos, poucos estudos de base populacional sobre o estado nutricional e
fatores associados têm sido realizados, no Brasil (VITOLO et al., 2008). Dados resultantes
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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da avaliação do Programa Bolsa Alimentação, ao estudar crianças menores de sete anos
de idade de municípios do Nordeste do Brasil, indicam a tendência de manutenção das
altas prevalências de défi cit no crescimento linear (15,1%) e ponderal (10,7%) e sustentam
também o diferencial da distribuição dos défi cits do crescimento na infância entre as regiões,
especialmente nas populações de baixa renda (BRASIL, 2004). Nesse contexto, a utilização das
creches por crianças em condições socioeconômicas menos favorecidas é considerada uma
das estratégias dos países subdesenvolvidos para garantir o crescimento e desenvolvimento
das mesmas, demonstrado associação positiva entre a permanência de crianças em creches
e seu estado nutricional. Entretanto, o aumento de episódios de doenças infectocontagiosas
e de outras doenças de maior gravidade associado à institucionalização, pode repercutir
negativamente no estado nutricional das crianças (ZÖLLNER; FISBERG, 2006).
Com base no supracitado, e considerando a infl uência decisiva do estado nutricional
nos riscos de morbi-mortalidade, é de fundamental interesse investigar a etiologia da
desnutrição infantil em crianças assistidas em creches. É nesta perspectiva que o presente
estudo se propõe a avaliar o estado nutricional de crianças assistidas nas creches do Governo
da Paraíba e sua associação com o consumo de alimentos e as condições de saúde, a fi m
de subsidiar a formulação e/ou reformulação das ações nutricionais correspondentes.
MÉTODOS
Realizou-se estudo transversal, integrado a um projeto mais amplo intitulado “Desnutrição
crônica e defi ciência de zinco em crianças pré-escolares de similar vulnerabilidade social do
Estado da Paraíba, Brasil”. O estudo foi desenvolvido em creches da Secretaria de Estado
do Desenvolvimento Humano do Governo da Paraíba. Ao todo funcionam 45 creches em
bairros distintos das cidades benefi ciadas, situadas, geralmente, em áreas carentes que
abrigam crianças de famílias de baixa renda (percebem uma renda familiar entre um e dois
salários mínimos). O benefício está presente em oito municípios paraibanos: João Pessoa
(30 creches), Campina Grande (9 creches), além das cidades de Areia, Bayeux, Mamanguape,
Itaporanga, Soledade e Umbuzeiro (cada uma delas com uma creche). O universo é de
4.000 crianças benefi ciadas, distribuídas, aproximadamente, em 2.800 no município de João Pessoa,
750 no município de Campina Grande e 450 nos outros municípios.
Foi selecionada uma amostra probabilística de creches da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Humano do Governo da Paraíba, utilizando-se um procedimento de
amostragem por conglomerados em duas etapas. Para garantir a representatividade dos
municípios, o sistema de referência para a primeira etapa de amostragem foi ordenado
segundo estratos (João Pessoa, Campina Grande, outros municípios), possibilitando a
obtenção de um tamanho amostral apropriado para cada estrato. Considerou-se também
o porte da creche (número de crianças por creche). Na segunda etapa de amostragem,
foram sorteadas, nas 14 creches selecionadas de forma aleatória na primeira etapa, as
crianças a serem avaliadas. A opção para determinar o tamanho da amostra do estudo
foi através do procedimento de amostragem para proporções:
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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n =
N * Z2α * p * q
=
4000 * 3,8416 * 0,105 * 0,895
= 364,65d2 * (N – 1) + Z2α * p
* q0,0009 * 3999 + 3,8416 * 0,105 * 0,895
onde N é o total da população, Zα2 = 1.962 (se a confi ança é do 95%), p é a proporção
esperada, q = 1 – p, d é a precisão arbitraria (erro de estimação). Considera-se p = 10,5
(média do défi cit de altura para o Brasil, PNDS 1996) (SOCIEDADE CIVIL BEM-ESTAR
FAMILIAR NO BRASIL, 1997) e d = 3%, totalizando 365 crianças entre 6 e 72 meses que
foram sorteadas de forma aleatória no momento do trabalho de campo.
A coleta de dados foi realizada nas creches, de forma transversal, por entrevistadores
treinados (estudantes da área de saúde e três professores pesquisadores da Universidade
Estadual da Paraíba). Eles foram treinados pelo coordenador do projeto para aplicar um
questionário, contendo informações sobre as crianças (características biológicas, condições
de saúde e consumo de alimentos) e sobre outras variáveis de interesse (características
ambientais e antecedentes maternos). O treinamento também incluiu a obtenção do peso
e estatura das crianças e das mães, seguindo as recomendações de padronização da
Organização Mundial da Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995).
As informações obtidas, mediante entrevista realizada com as mães ou responsáveis
pelas crianças, através do questionário, previamente testado incluíram: sexo; ocorrência
de diarreia, sangue nas fezes, febre ou problemas respiratórios nos 15 dias anteriores à
entrevista; e cuidados durante a gravidez (suplementação com sulfato ferroso, imunização
antitetânica e realização de três ou mais consultas de pré-natal). Para obter os dados sobre
a data de nascimento, peso ao nascer e situação vacinal durante o primeiro ano de vida
foi utilizado o cartão de saúde da criança. Para os dados socioeconômicos, foi utilizada a
informação fornecida na fi cha da criança, exceto a dos dados sobre a renda. O cartão de
saúde da criança e a fi cha da criança são de uso obrigatório em todas as creches. A renda
familiar foi estimada considerando a soma dos salários dos membros da família com outros
benefícios (doação ou pensão alimentícia, remessas e programas assistenciais). O salário
da família sempre foi conferido com aquele fornecido na fi cha da criança.
Para obtenção do peso corporal das crianças, foi permitida apenas uma peça íntima leve.
No caso de crianças que usavam fraldas, estas foram retiradas. Utilizou-se balança eletrônica
do tipo plataforma com capacidade para 150kg e graduação em 100g (Tanita UM-080®). O
processo de pesagem das crianças menores foi por verifi cação de diferenças: o adulto era
pesado, a balança eletrônica era zerada e, em seguida, pesava-se a criança no colo daquele
adulto. A mensuração do comprimento das crianças menores de 24 meses foi realizada na
posição deitada com antropômetro infantil de madeira (construção própria) com amplitude
de 130cm e subdivisões de 0,1cm. A estatura das crianças entre 25 e 72 meses e das mães foi
realizada utilizando estadiômetro (WCS®) com escala em milímetros (mm), devendo a pessoa
estar em pé e descalça. Para a obtenção do comprimento e da estatura, foram removidos
enfeites e prendedores de cabelo e os indivíduos foram colocados na posição certa (pernas e
pés paralelos, braços relaxados ao lado do corpo, corpo encostado na superfície vertical do
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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estadiômetro e cabeça no plano de Frankfurt). As medidas de peso e estatura foram tomadas
nas creches no momento em que as mães deixavam ou pegavam as crianças.
Para a avaliação do estado nutricional, foram considerados os índices estatura/idade
e peso/estatura, comparados com o standard de crescimento infantil da OMS (ONIS et
al., 2004), utilizando o programa WHO Anthro 2005 versão beta. Foram consideradas com
défi cit nutricional todas as crianças que apresentaram índices dois escores z abaixo do valor
mediano da população de referência (<-2 escores z como ponto de corte para classifi car
défi cit nutricional). Para o caso do sobrepeso/obesidade, foi considerado o índice peso/
estatura dois escores z acima da referência.
A baixa estatura materna foi defi nida pelo ponto de corte 155,0cm. Esse valor
corresponde ao percentil 5 da relação estatura para idade, onde idade é igual a 20 anos
do National Center for Health Statistics (2000), assumindo que a essa idade perde-se a
capacidade de crescer (segundo a OMS, a adolescência corresponde às idades de 10
a 19 anos) (NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTICS, 2000; WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2007). O índice de massa corporal (IMC), calculado pela razão entre a
massa corporal (em kg) e a estatura (em metros) ao quadrado, também foi utilizado para
a classifi cação do estado nutricional materno empregando os pontos de corte indicados
pela World Health Organization (1995).
A avaliação do consumo de alimentos foi realizada por recordatório de 24 horas,
considerando a alimentação no dia anterior em casa e o consumo de alimentos na
creche. Durante a aplicação do recordatório de 24 horas foi utilizado o álbum de registros
fotográfi cos com o fi m de diminuir erros (viés de memória, tamanho de medidas caseiras
e estimação das porções) e obter resultados mais confi áveis (CAVALCANTE; PRIORE;
FRANCESCHINI, 2004). A avaliação do consumo de alimentos na creche baseou-se no
cálculo do valor nutricional dos cardápios do dia da avaliação oferecidos nas creches
(sugeridos pelo núcleo de creches: um cardápio para cada dia da semana, mudando de
um mês para outro), considerando a quantidade de alimento pronto servido, segundo a
faixa etária da criança em cada creche. Os cálculos para quantifi car o valor energético total
da dieta e de macronutrientes foram realizados com o auxílio do software Virtual Nutri.
Foi estimada a adequação das recomendações de energia, considerando os parâmetros
da Organización de las Naciones Unidas para la agricultura y la Alimentación (2001), e a
adequação da distribuição percentual dos macronutrientes em relação ao valor energético
total, considerando o preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL 2002, 2006). No caso
dos cardápios oferecidos nas creches, estes também foram avaliados para estimar sua
adequação às recomendações, ponderando que a alimentação nas creches deve suprir,
no mínimo, 50% das necessidades nutricionais diárias, visto que nas mesmas as crianças
recebem duas refeições (desjejum e almoço) e um lanche diariamente.
A digitação dos dados foi realizada com dupla entrada e após o término da
digitação, os dois bancos de dados foram cruzados com a utilização do aplicativo Validate
do programa Epi Info v. 6.04b (NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTICS, 2000),
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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possibilitando assim verifi car a consistência dos dados e gerando o banco fi nal que foi
usado para análise estatística. Para analisar a infl uência das variáveis no estado nutricional
(défi cit de estatura, sobrepeso/obesidade) foi considerado (y) = estatura/idade ou peso/
estatura (≥ -2z = 0; <-2z = 1), como variável dependente. A identifi cação de diferenças
entre proporções foi realizada através do teste de qui-quadrado de Pearson. As análises
estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa SPSS. O nível de signifi cância
estatística considerado foi de 5% (p< 0,05, α = 0,05).
Todas as diretrizes éticas da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
foram contempladas e o projeto maior foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual da Paraíba, protocolado sob o número 4232.0.000.133-07.
Após o resultado do estado nutricional, os pais foram contactados para esclarecimentos
acerca do estado de saúde das crianças e correspondentes orientações nutricionais.
RESULTADOS
Da amostra de 365 crianças, registrou-se um total de 12 perdas, sendo devido ao
não comparecimento das mães ou pessoas responsáveis pelas crianças, no momento da
coleta de dados ou por recusas para participar.
A tabela 1 apresenta a distribuição das crianças segundo o estado nutricional (défi cit
de estatura, baixo peso e sobrepeso/obesidade) e a associação com as características
biológicas das crianças, condições de saúde e consumo de alimentos. A distribuição por
sexo foi de 197 (55,8%) meninos e 156 (44,2%) meninas. A avaliação do estado nutricional
segundo os índices antropométricos apontou prevalências de 7,36% de défi cit de estatura,
1,13% de baixo peso e 6,23% de sobrepeso/obesidade. O percentual de meninas e meninos
que apresentaram défi cit de crescimento linear foi de 7,6% e 7,1%, respectivamente. Para
o caso do índice peso/estatura, a prevalência de sobrepeso/obesidade foi maior entre os
meninos (7,1%) quando comparado com as meninas (5,1%), o baixo peso só foi encontrado
em crianças do sexo feminino.
Os dados que abordam aspectos relacionados com a situação de saúde da criança
revelaram que os problemas respiratórios apresentaram destaque no contexto dos processos
infecciosos, sendo 68,6% da população afetada. A perda de peso e os estados febris foram
os outros sintomas de maior importância em relação aos processos infecciosos. Por sua
vez, referindo o consumo de alimentos, os resultados evidenciaram, para a maioria das
crianças, adequação energética (71,7%) e adequação da participação dos macronutrientes
no valor energético total.
Quanto aos antecedentes maternos (Tabela 2), nota-se que 5,1% das mães tinham
menos de 20 anos, 43,9% com défi cit de estatura e 35,9% com sobrepeso/obesidade. A maior
parte das mães entrevistadas obteve expressos percentuais no que se refere a cuidados
durante a gravidez: suplementação com sulfato ferroso (84,4%), imunização com vacina
antitetânica (88,9%) e três o mais consultas de pré-natal (91,2%).
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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Tabela 1 – Distribuição das crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba, segundo o estado nutricional e características das crianças (biologia humana, condições de saúde e consumo de alimentos). Paraíba, 2008
VARIÁVEISTotal
ESTATURA/IDADE
p
PESO/ESTATURA
pDéfi cit de estatura(n = 26)
Estatura adequada(n = 327)
Baixo peso
(n = 4)
Peso adequado (n = 327)
Sobrepeso/ obesidade (n = 22)
(N=353) % % % % % %SexoMasculinoFeminino
197156
55,844,2
7,67,1
92,492,9
0,8410,0v2,6
92,992,3
7,15,1
0,061
Idade da criança (meses) 6 – 12 13 – 3637 – 72
985259
2,524,173,4
0,010,66,6
100,089,493,4
0,32422,21,20,4
55,689,495,0
22,29,44,6
<0,001
Esquema de vacinaçãoCompleto IncompletoSem informação
321257
90,97,12,0
6,224,00,0
93,876,0100,0
0,0040,64,014,3
93,584,085,7
5,912,00,0
0,004
Suplementação com vitamina ASim Não Sem informação
248987
70,227,82,0
6,510,20,0
93,589,8100,0
0,3650,81,014,3
94,887,885,7
4,411,20,0
0,002
Peso ao Nascer Baixo (<2500 g) Normal Sem informação
3230417
9,186,18,0
18,86,60,0
81,393,4100,0
0,0213,10,75,9
87,593,194,1
9,46,30,0
0,148
Diarreia*Sim Não
50303
14,285,8
8,07,3
92,092,7
0,8530,01,3
90,093,1
10,05,6
0,362
Sangue nas fezes*Sim Não
2351
0,699,4
50,07,1
50,092,9
0,0211,10,0
92,6100,6
6,30,0
0,923
Febre*Sim Não
128225
36,363,7
8,45,5
91,694,5
0,3031,60,9
90,693,8
7,85,3
0,544
Problemas respiratórios*Sim Não
242111
68,631,4
9,96,2
90,193,8
0,2151,20,9
91,395,5
7,43,6
0,365
Adequação de energia InadequadoAdequado
100253
28,371,7
7,57,0
93,092,5
0,8691,01,2
89,094,1
10,04,7
0,183
Participação dos Carboidratos no VETInadequado abaixo AdequadoInadequado acima
6424742
18,170,011,9
10,96,57,1
89,193,592,9
0,476
0,70,47,1
92,295,178,6
7,14,514,3
<0,001
Participação das Proteínas no VETInadequado abaixoAdequadoInadequado acima
39166148
11,147,041,9
10,36,08,1
89,794,091,9
0,596
5,11,20,0
79,595,293,2
15,43,66,8
0,004
Participação dos Lipídios no VETInadequado abaixoAdequadoInadequado acima
5125349
14,471,713,9
6,73,914,3
93,396,185,7
0,106
5,90,40,0
82,494,991,8
11,84,78,2
0,003
* Condição referida nos 15 dias anteriores à entrevista.VET: Valor Energético Total.
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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Tabela 2 – Distribuição das crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba, segundo o estado nutricional e outras variáveis de estudo (características ambientais e antecedentes maternos). Paraíba, 2008
VARIÁVEISTotal
ESTATURA/IDADE
p
PESO/ESTATURA
pDéfi cit de estatura(n = 26)
Estatura adequada(n = 327)
Baixo peso
(n = 4)
Peso adequado(n = 327)
Sobrepeso/ obesidade(n = 22)
(N=353) % % % % % %
Renda familiar per capita1 >= 1 SM 1/2 SM ≤ Renda/pessoa < 1 SM< 1/2 SM Sem informação
4502963
1,114,283,90,8
0,04,08,066,7
100,096,092,033,3
0,0010,00,01,40,0
100,086,693,5100,0
0,014,05,10,0
0,321
Número de cômodos no domicílio < 3 >= 4
69284
19,580,5
13,06,0
87,094,0
0,0441,41,1
92,892,6
5,86,3
0,950
Nº de indivíduos por domicílio>= 6< 6
97256
27,572,5
8,27,0
91,893,0
0,6961,21,0
91,495,9
7,43,1
0,320
Bolsa famíliaNão recebeBenefi ciário
189164
53,546,5
5,89,1
94,290,9
0,2330,61,6
94,591,0
4,97,4
0,415
Sulfato ferroso*Sim NãoSem informação
298478
84,413,32,3
7,48,50,0
92,691,5100,0
0,6950,74,30,0
93,387,2100,0
6,085,00,0
0,214
Vacina antitetânica*Sim NãoSem informação
314318
88,98,82,3
6,57,60,0
93,592,4100,0
0,7010,01,30,0
93,592,3100,0
6,56,40,0
0,901
Três o mais consultas de pré-natal*Sim NãoSem informação
322247
91,26,82,0
4,27,80,0
95,892,2100,0
0,6090,01,20,0
95,892,2100,0
4,26,50,0
0,894
Idade da mãe (anos) >= 30 25 ≤ Idade < 30 20 ≤ Idade < 25 < 20 Sem informação
12112089185
34,334,025,25,11,4
5,88,37,911,10,0
94,291,792,188,9100,0
0,8431,70,00,011,10,0
92,695,092,183,380,0
5,85,07,95,620,0
0,007
Estatura para idade da mãeBaixa (< 155,0 cm)NormalSem informação
1551908
43,953,82,3
10,35,325,0
89,794,775,0
0,0461,90,50,0
94,890,5100,0
3,39,00,0
0,147
IMC da mãe (Kg/m2)Obesidade (≥ 30)Sobrepeso (25 |– 30)Normal (20 |– 25)Baixo peso (< 20)Sem informação
3394199198
9,326,656,45,42,3
12,17,46,015,825,0
87,992,694,084,275,0
0,0720,01,10,01,50,0
84,891,594,794,0100,0
15,27,45,34,50,0
0,521
* Condição referida durante a gravidez. 1 Considerando o valor do salário mínimo da época (R$416,00).SM: Salário Mínimo.
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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Em relação às variáveis para medir as condições socioeconômicas, os dados
destacaram que a maior parte das crianças residia em ambientes favoráveis indicado por
frequências maiores de moradia com quatro cômodos ou mais (80,5%) e com menos de
seis pessoas por domicílio (72,5%). A média da renda familiar foi de 2,76 salários mínimos,
sendo que 83,9% das crianças pertenciam a famílias com renda familiar per capita abaixo
de 0,5 salário mínimo.
Na análise estatística (Tabelas 1 e 2), os fatores que se associaram de forma estatística
ao défi cit de estatura foram: esquema de vacinação (p = 0,004), peso ao nascer (p = 0,021),
sangue nas fezes (p = 0,021), estatura materna (p = 0,046), número de cômodos no domicílio
(p = 0,044) e renda familiar per capita (p = 0,001). Para o caso do baixo peso e o sobrepeso/
obesidade diferenças estatisticamente signifi cativas, foram encontradas nas variáveis: idade
da criança (p<0,001), esquema de vacinação (p = 0,004), suplementação com vitamina A
(p = 0,002), idade da mãe (p = 0,007), adequação dietética de carboidratos (p<0,001),
adequação dietética de proteínas (p= 0,004) e adequação dietética de lipídios (p = 0,003).
DISCUSSÃO
Avaliar o estado nutricional de crianças implica na análise da situação alimentar, de
saúde e dos cuidados. Sugere-se que o esquema “alimento-saúde-cuidados” seja utilizado
como instrumento analítico da interação dos vários determinantes da desnutrição. Nesse
esquema, a desnutrição infantil é mostrada como resultado de dieta inadequada e doenças
que resultam de falta de segurança alimentar, de cuidados inadequados da mãe para com a
criança, e de serviços de saúde defi cientes (MONTE, 2000). No presente estudo, descrevem-se
variáveis relacionadas com as condições de saúde e adequação energética que infl uenciam
o estado nutricional de crianças, assim como variáveis indiretas da capacidade das mães
ou responsáveis pelas crianças para prestar cuidados.
A população estudada apresentou uma alta prevalência de má nutrição, sendo o
défi cit linear e o sobrepeso/obesidade os mais prevalentes. Estes resultados manifestam a
tendência de outros estudos em contextos similares, assim como em outros estudos locais
e nacionais. Os resultados encontrados no estudo de Zöllner e Fisberg (2006) evidenciaram
que o défi cit nutricional mais prevalente foi o estatural (5,2%) seguido pelo sobrepeso
(5,0%), sendo baixa a prevalência de crianças com emagrecimento (0,9%). Alencar et
al. (2008) obtiveram em seu estudo sobre a desnutrição infantil no Estado do Amazonas
percentuais superiores de inadequação no índice estatura/idade (17%). Em seu estudo, Lira
et al. (2003) constataram que a avaliação do estado nutricional das crianças aos 12 meses
de idade revelou percentual de défi cit de 6,8%, 11,0% e 0,6% para os índices peso/idade,
comprimento/idade e peso/comprimento, respectivamente. Os dados referentes à Pesquisa
Nacional sobre Demografi a e Saúde da Criança e da Mulher (CENTRO BRASILEIRO DE
ANÁLISE E PLANEJAMENTO, 2008) indicam que 7,0% das crianças brasileiras apresentam
défi cit de estatura, sendo a mais importante manifestação da desnutrição energético-proteica
na população brasileira infantil.
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
121
A distribuição das crianças por sexo evidenciou uma maior proporção de défi cit de
peso entre as meninas quando comparado com os meninos. O contrário aconteceu para o
sobrepeso/obesidade e para o défi cit de estatura que resultou em maiores prevalências no
sexo masculino. Diversos autores apontam resultados similares. Guimarães e Barros (2001)
referem que, com respeito ao retardo do crescimento linear, os meninos são, em geral,
mais susceptíveis que as meninas às condições desfavoráveis de vida. A Pesquisa Nacional
sobre Demografi a e Saúde da Criança e da Mulher (CENTRO BRASILEIRO DE ANÁLISE E
PLANEJAMENTO, 2008) indicou prevalência de défi cits de estatura/idade de 8,1% e 5,8%
para meninos e meninas, respectivamente.
Com relação à faixa etária, observou-se que o défi cit de estatura e o sobrepeso/obesidade
ocorreram com maior frequência em crianças cujas idades variaram entre 13-36 meses para
o caso da estatura e entre 6-12 meses para o sobrepeso/obesidade. Além disso, a faixa etária
da criança esteve associada estatisticamente com o índice peso/estatura. Outros estudos
corroboram com os resultados encontrados. O estudo de Fisberg, Marchioni e Cardoso (2004)
encontrou associação entre a idade da criança e o défi cit de crescimento linear, atingindo
especialmente as crianças menores de 24 meses. Similar resultado ocorreu no estudo de Vitolo
et al. (2008), pois neste observou-se associação estatística entre a idade da criança e o défi cit
linear, sendo a chance de baixa estatura maior para a faixa etária de até 36 meses (10,7%). Na
Pesquisa Nacional sobre Demografi a e Saúde da Criança e da Mulher (CENTRO BRASILEIRO
DE ANÁLISE E PLANEJAMENTO, 2008), a frequência do retardo de crescimento mais do
que duplicou do primeiro para o segundo ano de vida, quando alcançou seu pico (12,3%),
reduzindo-se progressivamente nas idades posteriores. Assim, as maiores prevalências de
défi cit de estatura foram encontradas nas faixas etárias de 12-35 meses com valores de 19,5%.
Para o caso do sobrepeso/obesidade a pesquisa apontou a faixa etária de 36-59 meses com
valores mais prevalentes (14,5%), diferente do encontrado no presente estudo.
O peso ao nascer se mostrou estatisticamente signifi cante para o índice estatura/idade.
A condição de nascer com peso inferior a 2500 gramas se constitui um expressivo fator de
risco relacionado ao crescimento e desenvolvimento, difi cultando a amamentação dessas
crianças e tornando-as mais vulneráveis à ocorrência de doenças infecciosas frequentes
(principalmente diarreia e infecções respiratórias), repetidas e prolongadas com sequelas de
fundamental importância, muitas vezes, conduzindo à morte (ROCHA et al., 2007; ROMANI;
LIRA, 2004). O baixo peso ao nascer mostrou-se altamente associado com o défi cit no
crescimento linear, quando comparado com o peso adequado ao nascimento em crianças
menores de dois anos do Estado da Bahia (OLIVEIRA et al., 2006), em crianças de 4 meses
a 6 anos de idade residentes em favelas da cidade de Maceió (SILVEIRA et al., 2010), e em
crianças pré-escolares da Bahia e de São Paulo (OLIVEIRA et al., 2007).
Da mesma maneira que o peso ao nascer pode repercutir no crescimento infantil, por
ser um fator associado com o desenvolvimento de doenças infecciosas, ações preventivas
como as imunizações também repercutem no crescimento e desenvolvimento infantil por
sua importância no sistema imune e na resistência às infecções (ROMANI; LIRA, 2004).
Constatou-se que a maioria das crianças (90,9%) tinha completado o esquema de vacinação
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
122
aos doze meses de idade e que a variável em questão, se mostrou estatisticamente signifi cante
tanto com o índice estatura/idade, da mesma forma que o estudo de Oliveira et al. (2007),
quanto com o índice peso/estatura.
Para Santos et al. (2008), as intercorrências infecciosas (especialmente diarreia e
as infecções respiratórias) pertencem ao grupo de fatores conhecidamente associados à
desnutrição e quanto maior a frequência e a gravidade dos episódios, maior o efeito deletério
sobre o estado nutricional da criança. Maiores prevalências de desnutrição foram encontradas
nas crianças do presente estudo com problemas respiratórios e que apresentaram episódios
de diarréia, entretanto sem associação estatística. Oliveira et al. (2006) e Oliveira et al.
(2007), encontraram resultados similares ao avaliar a associação entre o défi cit de estatura
e a presença de morbidade nos 15 dias anteriores à entrevista.
Apesar de que a adequação energética e o aporte de macronutrientes no valor
energético total da alimentação não mostraram associação estatística com o índice estatura/
idade, a inadequação dos carboidratos, proteínas e lipídios no valor energético total da
alimentação se mostraram associados estatisticamente com o índice peso/estatura. Esses
resultados reforçam a importância do padrão alimentar de energia e de macronutrientes
no desencadeamento dos défi cits ponderal e estatural, constituindo, mesmo que seja
indicadores indiretos do estado nutricional, o primeiro indicador de risco nutricional
(MENEZES; OSÓRIO, 2007).
O crescimento infantil é um evento altamente sensível às condições do ambiente social
e econômico em que vive a criança e sua família, indicando a importância epidemiológica
destes determinantes básicos na conformação do estado de saúde e nutrição na infância. A
condição de pobreza, avaliada pela renda per capita das crianças envolvidas neste estudo,
associou-se ao défi cit do índice estatura/idade. Assim, o patamar de renda per capita situado
em <1/2 do salário mínimo, seguramente restringe o poder de compra e a satisfação das
necessidades materiais de vida, colocando as crianças que vivem nesse nível de pobreza
em condição de alta vulnerabilidade para o défi cit estatural. Esse patamar de renda limita
também o acesso a bens e a situação de moradia, o que explica a produção do défi cit no
crescimento linear das crianças no presente e em outros estudos (OLIVEIRA et al., 2006;
OLIVEIRA et al., 2007). O número de cômodos no domicílio foi a variável que expressou
de forma signifi cativa esta associação no estudo em questão.
Referente aos programas sociais de complementação de renda, especifi camente o
benefício da bolsa família, os resultados apontam maior frequência do benefício entre as
crianças que apresentaram défi cit de crescimento linear. Isto pode ser analisado de duas
maneiras diferentes: o direcionamento não adequado dos recursos envolvidos ou reduzida
efetividade das ações. Para um melhor entendimento, faz-se necessário o desenvolvimento
de pesquisas que possibilitem o fornecimento de dados sufi cientes para a avaliação de
impacto do programa (VIANNA; SEGALL-CORRÊA, 2008).
A alta prevalência de défi cit de estatura encontrada nas mães do presente estudo
e a forte associação encontrada entre a baixa estatura da mãe com a da criança, também
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
123
foram resultados de outros estudos com populações em risco de fome crônica (MARINHO
et al., 2007; SILVEIRA et al., 2010). É importante ressaltar que estes estudos também
coincidem na ausência de associação entre a obesidade da mãe e o défi cit estatural das
crianças. Esses resultados enfatizam a estatura dos pais, mais especifi camente da mãe,
como importante indicador de maior severidade de défi cit estatural entre as crianças.
A correlação positiva quanto ao estado nutricional de pais e fi lhos, condicionada
por compartilharem tanto informações genéticas quanto condições socioeconômicas
e ambientais, permitem presumir que os agravos nutricionais na gestação, levando à
desnutrição fetal, sejam um dos principais determinantes desta observação. Portanto, é
evidente que tanto a informação genética e as condições socioeconômicas e ambientais
oferecidos por parte dos pais são transmitidas e têm impacto sobre o estado nutricional de
seus fi lhos. Esse representa um dos principais dilemas da saúde pública contemporânea,
centrado no ciclo da desnutrição infantil, baixa estatura, obesidade e comorbidades na
vida adulta, processo iniciado ainda no período intrauterino (COUTINHO; GENTIL;
TORAL, 2008; MARINHO et al., 2007; SILVEIRA et al., 2010).
Considerando os resultados acerca dos agravos nutricionais mais prevalentes nas
creches do Estado, destacando a magnitude do problema, a distribuição e principais
fatores de suscetibilidade, espera-se contribuir com as discussões e o conhecimento sobre
o processo de crescimento infantil. Porém, cabe ressaltar que os resultados de estudos
descritivos conformam uma linha de base para a análise do crescimento infantil. Assim,
torna-se importante a complementação dos dados com estudos longitudinais, pois o
crescimento e desenvolvimento infantil é um processo dinâmico e de rápidas mudanças.
Estudos prospectivos representam uma melhor possibilidade de proporcionar elementos
para um entendimento mais adequado e concepção mais consistente das possíveis ações
a serem implementadas.
A necessidade de maior quantidade de estudos e de forma continuada sobre o défi cit
de estatura e o sobrepeso/obesidade centra-se no fato desses agravos constituírem as
características antropométricas mais representativas das afecções do crescimento infantil,
no Brasil. Porém, deve ser considerado que as creches oferecem a possibilidade das
crianças desnutridas ou em risco nutricional serem facilmente identifi cadas e monitoradas.
Destarte, estas instituições podem estabelecer um sistema simples de vigilância alimentar
e nutricional que forneça subsídios para promover intervenções nutricionais adequadas.
Do ponto de vista metodológico, a principal limitação do presente estudo,
importante a ser considerada no desenvolvimento de outros similares, esteve coligada
com as atividades correspondentes à avaliação do consumo de alimentos. A proposta
inicial era de aplicar o questionário de recordatório de 24 horas por três vezes, fato que
foi totalmente impossível por questões fi nanceiras e pela não disponibilidade das mães
para um segundo encontro. Sendo assim, a alternativa encontrada foi avaliar também os
cardápios da alimentação que a criança recebe na creche, no intuito de ter resultados
que pudessem expressar melhor a alimentação da criança (o rejeite insignifi cante da
SOUSA, C. P. C.; SOUSA, M. P. C.; ROCHA, A. C. D.; FIGUEROA PEDRAZA, D. Perfi l epidemiológico do estado nutricional de crianças assistidas em creches no Estado da Paraíba. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 1, p. 111-126, abr. 2011.
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alimentação oferecida nas creches foi referido pelas diretoras e merendeiras das creches
e, posteriormente conferido pelos entrevistadores por observação durante o trabalho
de campo, atribuindo-se isso à importância da alimentação nas creches de crianças cuja
família apresenta problemas de acessibilidade aos alimentos). Considerando que, segundo
Menezes e Osório (2007), a avaliação da ingestão de alimentos por um único recordatório
de 24 horas tende a subestimar em até 30% o consumo de energia, em comparação
com outros métodos, houve preocupação em preservar a qualidade dos dados através
da padronização do trabalho, conduzido e supervisionado por uma nutricionista.
Acredita-se que este fator somado à avaliação da alimentação oferecida nas creches
(cardápios) possa ter contribuído de maneira positiva na diminuição de possíveis vieses.
Considerando que existem poucos estudos que indicam o questionário de frequência
de consumo alimentar para estudos em crianças, o recordatório de 24 horas continua
representando o mais apropriado para estudos populacionais, principalmente de cunho
transversal e em população infantil. Assim, fi ca evidente a necessidade de contar com
questionário de frequência de consumo alimentar validado para crianças menores de cinco
anos (CAVALCANTE; PRIORE; FRANCESCHINI, 2004; COLUCCI; SLATER; PHILIPPI, 2004).
A pesagem direta dos alimentos, método que garante melhores resultados do consumo
alimentar de crianças assistidas em creches (CAVALCANTE; PRIORE, FRANCESCHINI, 2004),
não foi utilizado no presente estudo devido à grande quantidade de dados a serem coletados,
implicando em longos tempos de trabalho de campo e em altos custos fi nanceiros, sendo
utilizado como alternativa a avaliação dos cardápios.
CONCLUSÕES
Baixa estatura e sobrepeso/obesidade foram os principais desvios antropométricos
observados neste trabalho, constituindo condições que devem ser consideradas na
formulação e/ou reformulação das ações de saúde e nutrição correspondentes e no
monitoramento dos principais fatores de risco.
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Recebido para publicação em 04/05/10.Aprovado em 15/12/10.
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