poemas de abril

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AEMC - 2011Comemorações do 25 de Abril

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Maria Teresa Horta

Mulheres de Abril

Mulheres de Abril somos

mãos unidas

certeza já acesa

em todas

nós. Juntas formamos

fileiras

decididas

ninguém calará

a nossa

voz. Mulheres de Abril

somos

mãos unidas

na construção

operária

do país. Nos ventres férteis

a vontade

erguida

de um Portugal que o povo

quis.

Bocage – Sonetos à Liberdade

Liberdade, onde estás? Quem te demora

Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não Caia? Porque (triste de mim!) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora?

Da santa redenção é vinda a hora A esta parte do mundo que desmaia. Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia Despotismo feroz, que nos devora!

Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo, Oculta o pátrio amor, torce a vontade, E em fingir, por temor, empenha estudo.

Movam nossos grilhões tua piedade; Nosso númen tu és, e glória, e tudo, Mãe do génio e prazer, oh Liberdade!

Liberdade querida e suspirada

Liberdade querida e suspirada, Que o Despotismo acérrimo condena; Liberdade, a meus olhos mais serena, Que o sereno clarão da madrugada!

Atende à minha voz, que geme e brada Por ver-te, por gozar-te a face amena; Liberdade gentil, desterra a pena Em que esta alma infeliz jaz sepultada;

Vem, oh deusa imortal, vem, maravilha, Vem, oh consolação da humanidade, Cujo semblante mais que os astros brilha;

Vem, solta-me o grilhão da adversidade; Dos céus descende, pois dos Céus és filha, Mãe dos prazeres, doce Liberdade!

Sidónio Muralha

SONETO IMPERFEITO DA CAMINHADA PERFEITA

Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,

em que os poetas são os próprios versos dos poemas

e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar.

Ninguém teme as mordaças ou algemas.

- O braço que bater há-de cansar

e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos...Ninguém mos peça agora.

Eu já não me pertenço: Sou da hora.

E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,

onde cada poema é uma bandeira desfraldada

e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Sidónio Muralha (1920 - 1982)

João Apolinário

"É preciso avisar..."

É preciso avisar toda a gente

dar notícias informar prevenir

que por cada flor estrangulada

há milhões de sementes a florir

É preciso avisar toda a gente

segredar a palavra e a senha

engrossando a verdade corrente

duma força que nada detenha.

É preciso avisar toda a gente

que há fogo no meio da floresta

e que os mortos apontam em frente

o caminho da esperança que resta

É preciso avisar toda a gente

transmitindo este morse de dores

É preciso imperioso e urgente

mais flores mais flores mais flores

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