problemas na escolarização de crianças e adolescentes

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PROBLEMAS NA ESCOLARIZAÇÃO

Abordagem do problema

• Por que esta criança ou este adolescente não aprende?

E/Ou

• Que situações e relações vividas no dia a dia escolar são produtoras do não aprendizado desta criança ou deste adolescente?

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO/

PROBLEMAS ESCOLARES

• DEFINIÇÃO: Todos os problemas apresentados por crianças na escola e/ou em casa que levam a mau rendimento escolar.

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO

• ROTEIRO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR A DIFICULDADES ESCOLARES:

1) CAUSAS RELACIONADAS À CRIANÇA/ADOLESCENTE: o âmbito do aluno: como se vê/representa nessa sala de aula; o que conta de sua história escolar; que episódios de fracasso e de sucesso foram vividos nesse grupo, do que gosta e não gosta na escola, quem são seus amigos, como analisa a queixa do professor etc.

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO

• 1) CAUSAS RELACIONADAS À CRIANÇA/ADOLESCENTE:

1.1) falta de amadurecimento (desrespeito aos diferentes ritmos de amadurecimento das crianças, cobrança cada vez mais precoce de rendimento escolar, alfabetização, etc.)

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO• ROTEIRO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS

PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR A DIFICULDADES ESCOLARES:

1) CAUSAS RELACIONADAS À CRIANÇA/ADOL1.2) PROBLEMAS FÍSICOS

- problemas de acuidade visual- problemas acuidade auditiva- anemia- doenças crônicas (asma brônquica,etc)- problemas do sono- problemas neurológicos (Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade-TDA-H, Deficiência Mental, Autismo, etc)

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃOROTEIRO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS

PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR A DIFICULDADES ESCOLARES:

1) CAUSAS RELACIONADAS À CRIANÇA/ADOLESCENTE

1.3) problemas psíquicos/psiquiátricos- falta de motivação- timidez- vítimas de bullying- doenças psiquiátricas (depressão,etc)

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO2) CAUSAS RELACIONADAS À

FAMÍLIA/COMUNIDADEa história escolar da criança, como a família a vê na escola, que episódios escolares a criança apresenta; a visão dos pais quanto à educação formal; a relação dos pais com a escola, etc.

- condições sócio-econômicas desfavoráveis- conflitos entre familiares- violência doméstica- familiares doentes- pais/responsáveis ausentes- criança trabalhando

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO

• ROTEIRO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR A DIFICULDADES ESCOLARES:

3) CAUSAS RELACIONADAS À ESCOLAnecessidade de conhecermos a história

escolar dessa criança e como essa história vem sendo construída nas relações escolares com o corpo diretivo, professores e colegas

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO

3) CAUSAS RELACIONADAS À ESCOLA3.1) como funciona essa escola em relação à

proposta pedagógica, quanto a regras e normas; à estruturação das classes; à escolha de professores etc.

• mudanças de professora frequentes?• mudanças de classe intempestivas?• proposta pedagógica adequada?

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO• ROTEIRO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS

PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR A DIFICULDADES ESCOLARES:

3) CAUSAS RELACIONADAS À ESCOLA3.2) Condições estruturais da escola

desfavoráveis- número de alunos- condições da sala de aula: espaço

físico,acústica, ventilação,mobiliário- instalação sanitária- supervisão em horário de recreio e

entrada/saída da escola

PROBLEMAS DE ESCOLARIZAÇÃO• ROTEIRO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS

PROBLEMAS QUE PODEM LEVAR A DIFICULDADES ESCOLARES:

4) CAUSAS RELACIONADAS À PROFESSORAseu preparo técnico, experiência, ajuste emocional, história profissional nesta escola; aspectos que envolvem a escolha desta sala; apoio pedagógico; estruturação do trabalho pedagógico; organização de normas e regras; a queixa sobre a criança encaminhada, sua história com essa criança; as tentativas de lidar com a situação, etc.;

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

• O profissional da atenção básica de saúde, ao restringir-se apenas ao trabalho atrás de uma mesa de consultório, sente-se impotente frente a casos como este, notando a necessidade de mudanças sócio-econômicas, culturais e pedagógicas, mas pode ter relevante papel mesmo dentro de consultório.

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

1) O pediatra pode e deve ser a porta de entrada no Centro de Saúde para as queixas escolares, cada vez mais freqüentes. Apesar de serem comuns os “encaminhamentos” escolares (verbais ou por escrito) “ao psicólogo”, “ao neurologista”, a avaliação inicial da criança/adolescente por sua amplitude deve ser do pediatra. E diga-se de passagem a grande maioria dos casos não demandará sequer encaminhamentos posteriores a qualquer especialista.

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

2) Por falar em encaminhamento, é comum nestes casos os pais procurarem o CS sem qualquer encaminhamento por escrito/relatório por parte do professor. Neste situação, já na primeira consulta o pediatra deverá solicitar este relatório do professor. Facilita muito este processo a existência, como já falado, de um impresso de encaminhamento escolar para a Saúde padronizado (de comum acordo com a Escola).

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

3) Evitar a psicologização de problemas de comportamento, tão comum na sociedade atual (ex: criança com comportamento desatento ou agitado, ser rotulada com tendo TDA-H).

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

4) Considerando a necessidade de otimizarmos nosso precioso tempo de consulta, uma dica é termos sobre a mesa jogos (jogo da velha, etc.) e brinquedos educativos coloridos, com várias formas e tamanhos (grandes o suficiente para não serem engolidos !!), papel e lápis de cor. Isso permite que enquanto entrevistamos a mãe/responsável observemos as habilidades da criança/adolescente para lidar com este material. Também suas características de personalidade (tímida? atirada? amedrontada?) e até a relação mãe-filho (brinca com o filho? É autoritária? permissiva? )

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

• 5) Não utilizar testes para descobrir o que a criança não sabe e sim buscar conhecer e valorizar o que a criança sabe. Em termos concretos, perguntar à criança sobre suas atividades, brincadeiras, jogos, responsabilidades, conhecer seu contexto de vida, gostos e preferências.

• Uma criança que conta bem uma estória ou um passeio, TEM BOA MEMÓRIA.

• Se anda de bicicleta, sobe em árvores, TEM BOA COORDENAÇÃO MOTORA, EQUILIBRIO E ESQUEMA CORPOREO DESENVOLVIDO.

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

6) Pedir, de forma lúdica, que ela leia e escreva algumas palavras, números, buscando evitar que pareça para a criança que ela está passando por uma prova. Para isso é de muita valia termos à mão revistas de estórias, letras de forma em material plástico, de papelão, etc..Isso nos permitirá identificar o estágio do processo de alfabetização em que a criança se encontra e, mais importante que isso, perceber, no seguimento da criança, a existência ou não de evolução neste processo.

FASES DA ALFABETIZACAO (Emilia Ferreiro)

• 1) NIVEL PRE-SILABICO

• 2) NIVEL SILABICO:

• 3) NIVEL SILABICO-ALFABETICO

• 4) NIVEL ALFABETICO

FASES DA ALFABETIZACAO (Emilia Ferreiro)

1) NIVEL PRE-SILABICO• - fase pictórica: desenhos• - fase gráfica primitiva: símbolos ou letras

misturadas com números• - Fase pré-silábica; • sabe que a escrita e' forma de representação• relaciona tamanho da palavra com tamanho do

objeto (realismo nominal)• diferencia letras de desenhos e símbolos : - “traq” = casa- “aivnoaxe” = abacaxi

FASES DA ALFABETIZACAO

2) NIVEL SILABICO: • A criança conta os pedaços sonoros (sílabas) e

coloca um símbolo (letra) para cada pedaço. • Esta noção de cada sílaba corresponder a uma

letra pode acontecer :a) s/ valor sonoro; “tf” = gatob) c/ valor sonoro: “ao” = gato

• No 2o caso já percebe relação som/grafia

FASES DA ALFABETIZACAO

3) NIVEL SILABICO-ALFABETICO• Começa a acrescentar letras,

principalmente na 1a sílaba. As vezes sílabas completas, as vezes incompletas:“toat” = tomate

FASES DA ALFABETIZACAO

4) NIVEL ALFABETICO• Faz correspondência entre fonemas

(sons) e grafemas (letras).• Escreve como fala• Sons L + A -> Graf = LALA + TA = “lata”“tomati” = tomate

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

7) Lembrar que na atenção básica temos o privilégio do acompanhamento dos pacientes. Assim é importante não termos a ansiedade de estabelecer uma opinião sobre a situação da criança numa primeira consulta. Neste sentido, é interessante pedir à criança para trazer nas próximas consultas:

• o caderno escolar • um desenho (livre ou HTP)

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

8) Ao “final” do processo de avaliação da criança, procurar, se possível, um contato com a professora da mesma, ainda que telefônico, para devolutiva do caso, com conseqüente discussão do mesmo.

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

9) Orientações simples aos pais, durante a consulta médica ou de enfermagem, podem ter grande eficácia e diminuir os encaminhamentos para profissionais de saúde mental:

• Deixar claro para a mãe e a própria criança de que ela não está doente

• Alertar sobre o “poder da palavra”, do dano à auto-estima da criança quando os pais tem falas depreciativas sobre ela (profecia auto-realizadora) e a necessidade de valorização do que faz de positivo

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

• Estabelecer uma rotina mínima para o dia da criança, incluindo hora e local para fazer lições, estudar;

• Contar estórias para a criança antes de dormir,

• Olhar o caderno da criança ao menos 2-3x por semana, procurando elogiar aquilo que de bom perceber;

DICAS PARA ABORDAR O PROBLEMA

10) Sugerir que a família estimule a criança no fortalecimento, ou descoberta, de atividades não escolares, em que se realize e eventualmente se destaque (atividade artística, esportiva, etc.). A articulação intersetorial do centro de saúde neste sentido é essencial, para que o pediatra possa ter pleno conhecimento dos recursos sociais oferecidos na região (ongs, igrejas, praças de esportes, etc.), para encaminhar a criança para aquele que melhor se adequar ao perfil e necessidades da criança/adolescente em questão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Porém isso tudo não basta. Há a necessidade de trabalhar o problema de forma multi-profissional na saúde (reuniões de equipe para elaboração de PTS por exemplo) e intersetorial com o setor Educação e a comunidade (na linha da proposta da Escola Promotora de Saúde)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

• “Os novos desafios epidemiológicos da modernidade só poderão ser resolvidos por uma atenção básica com equipes de profissionais, especializados num modelo com enfoque biopsicossocial do indivíduo, da família e da comunidade, com o pediatra trabalhando em equipe e em parcerias com a sociedadesob pena de “passar a ser gradativamente irrelevante para a saúde infantil” .

O papel do Pediatra no PSF-Paidéia de Campinas-SP. Paulo Vicente Bonilha Almeida Tese de Mestrado (2008).Unicamp

Referências• Problemas de aprendizagem ou problemas na

escolarização?Marilene Proença Rebello de Souza. USP. www.abrapee.psc.br/artigo5.htm

• Manual SBP - Escola Promotora de Saúde• www.sbp.com.br/img/cadernosbpfinal.pdf• O papel do Pediatra no PSF-Paidéia de

Campinas-SP (Brasil). Paulo Vicente Bonilha Almeida – Tese de Mestrado (2008).Unicamp

Referências

• Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Cléo Fante. 2005

• A Produção do Fracasso Escolar: Histórias de Submissão e Rebeldia. Maria Helena Souza Patto. São Paulo, 1990.

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