uma proposta para o ensino de Óptica usando a astronomia ... · uma proposta para o ensino de...
Post on 07-Nov-2018
216 Views
Preview:
TRANSCRIPT
UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE ÓTICA USANDO A
ASTRONOMIA COMO FATOR MOTIVADOR NA APRENDIZAGEM
Maria Francisca Millan1
Prof. Dr. Ricardo Francisco Pereira2
Resumo
Como parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) em sua
formação continuada, o docente participante do programa precisa elaborar um
projeto de Intervenção Pedagógica a ser aplicada na escola em que trabalha. Para
este projeto, nosso objetivo principal foi buscar um maior interesse dos alunos da 2ª
série do Ensino Médio do Colégio Estadual Olavo Bilac – Ensino Fundamental e
Médio, da cidade de Ubiratã (PR), no estudo da Física, principalmente de Óptica, a
partir de atividades desenvolvidas em módulos envolvendo a Astronomia, montagem
de instrumentos astronômicos antigos, estudo de lentes, construção de lunetas,
observações do céu com materiais produzidos e jogo de tabuleiro. Durante a
aplicação do projeto, verificou-se um maior interesse pela disciplina de Física, pois
permitiu aos alunos vivenciarem os estudos a partir de metodologias diferenciadas
de ensino.
Palavras chaves: Ótica; Astronomia; Física.
Abstract
As part of the Educational Development Program (EDP) in their continuing education,
the teaching program participant must prepare a draft Educational Intervention to be
applied at the school where he works. For this project, our main objective was to
seek greater interest of students in 2nd grade of High School Colégio Estadual Olavo
Bilac, city Ubiratã (PR), in physics, especially optics, from activities in modules
involving astronomy, assembling ancient astronomical instruments, study lenses,
construction of telescopes, sky observations with materials produced and board
1 Pós-graduada em Ensino de Física pelo Centro Federal de Educação de Pato Branco (CEFET), Professora de Física do Colégio Estadual Olavo Bilac – Ensino Fundamental e Médio, de Matemática no Colégio Estadual Carlos Gomes – Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante e participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).2 Professor orientador do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá.
game. During the implementation of the project, there was a greater student interest
in the subject of Physics, because it allowed the students to experience studies from
different methodologies of teaching.
Key-words: Optics, astronomy, physics.
Introdução
Como requisito de conclusão de participação no Programa de
Desenvolvimento (PDE), divulgação e socialização do nosso trabalho produzimos
este artigo.
PDE realizado no período 2012/2013, em que foi abordado o tema de estudo:
O ensino de Óptica e a Astronomia e com o título de: Uma proposta para o ensino
de óptica usando a Astronomia como fator motivador na aprendizagem. Tendo como
colégio de aplicação da produção didático-pedagógica, o Colégio Estadual Olavo
Bilac – Ensino Fundamental e Médio de Ubiratã (PR), na 2ª série do Ensino Médio,
período matutino.
Refletindo sobre as dificuldades encontradas no ensino da Física nos
deparamos com a falta de interesse e a desconexão da disciplina ensinada com a
realidade de nossos alunos. Escolhemos este tema, pois pensamos que podemos
colaborar com nossos professores no seu dia a dia de sala de aula.
Na atualidade, os professores, têm muita dificuldade de atrair a atenção ou
despertar o interesse de seus alunos pelas aulas de Física. Um dos principais
motivos identificados é a desconexão da realidade escolar e a realidade fora da
escola. São dois mundos muito diferentes. O problema não é somente a
temporalidade. O método de ensino usado pelos professores continua sendo o
método expositivo, que não dá oportunidade de participação aos alunos e trata os
conteúdos de Física de forma muito “matematizada”. Essa “fórmula” pedagógica não
é atraente para os jovens, que buscam por uma participação ativa na sala de aula.
Além disso, geralmente os alunos não conseguem enxergar a Física que estudam
na sala de aula, em sua vida cotidiana.
Talvez, a grande preocupação de hoje seja como “conquistar” o interesse dos
alunos tanto dentro como fora da sala de aula. É nesse aspecto que propomos um
ensino de Óptica usando a Astronomia como fator motivador para tentar resgatar o
interesse dos alunos pela Física ao abordarmos esse tema como instrumento
essencial ao desenvolvimento dos instrumentos de observações astronômicas como
lunetas e telescópios. Especificamente na Óptica trabalharemos o conteúdo de
lentes, preparando para a construção e entendimento do funcionamento de
equipamentos astronômicos.
O Ensino de Astronomia
O ensino de Astronomia nas escolas de Ensino Fundamental e Médio tem
sido objeto de diversas pesquisas na área de educação em Ciências. Dentre alguns,
destacamos: Perelman (1961), Caniato (1987), Leite (2002), Mees (2004), Neves &
Pedrochi (2005), Langhi & Nardi (2005), Oliveira (2007). De um modo geral, as
pesquisas demonstram que, o ensino dessa ciência sofre cronicamente de diversos
problemas a serem estudados com o objetivo de propiciar condições para os
docentes ministrarem esse tema.
Um dos principais problemas está relacionado ao material bibliográfico
acessível que, além de ser em número reduzido, muitas vezes contém sérios erros
conceituais, como é o caso de muitos livros didáticos e muitos sites de internet,
exigindo das pessoas, sólidos conhecimentos na área e muita habilidade na escolha
do material bibliográfico. O problema mais sério é na internet, que está cada vez
mais fazendo parte do nosso dia-a-dia, onde existem incontáveis sites com conteúdo
astronômico, mas poucos são confiáveis. Na direção contrária, podemos citar os
seguintes sites com conteúdo confiável: Observatório nacional (www.on.br/), o Feira
de Ciências (www.feiradeciencias.com.br), Revista Café Orbital
(www.on.br/revista/index.html), que pertence ao Observatório Nacional, o
Departamento de Astronomia da UFRGS (www.if.ufrgs.br/ast/), o Centro de
Divulgação Científica e Cultural (CDCC -www.cdcc.sc.usp.br/cda/index.html). Um
site de grande importância para o ensino de Astronomia é o site da Revista Latino
Americana de Educação em Astronomia (RELEA – http://www.relea.ufscar.br/). Essa
revista foi criada para suprir a falta de material acessível e de qualidade sobre
Astronomia.
Atualmente, pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, a Astronomia está
presente essencialmente na disciplina de Ciências, conforme indicam os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) de 1997, deixando assim, de ser uma disciplina
específica nos cursos de formação de professores. A consequência direta desse fato
é que a cada novo ciclo de docentes que lecionam tanto em escolas públicas quanto
em escolas particulares, não estão aptos a ministrar conceitos e propor uma prática
observacional didática de astronomia para seus alunos (BRASIL, 1997).
Os PCNs do Ensino Médio levam a crer que a Astronomia merece um
tratamento mais aprofundado do que normalmente ocorre nas instituições de ensino,
inserindo mais conteúdos desse tema nas mais variadas disciplinas. Ainda, a
Astronomia é de fato, uma disciplina inteiramente transdisciplinar no contexto que
preside o ensino de cada disciplina e do seu conjunto. Seu ensino deve ser tratado
de tal maneira que contemple temas transversais, privilegiando assim, a
interdisciplinaridade inerente à mesma, pois, por se tratar de um assunto que
desperta a curiosidade dos estudantes, esta ciência poderá ser utilizada como um
fator que também despertará o interesse do estudante para a construção de
conhecimentos em outras disciplinas. Salienta-se a necessidade de atividades
práticas e visitas preparadas a observatórios, planetários, associações de
astrônomos amadores e museus de Astronomia e de Astronáutica. (BRASIL, 1997)
Esses espaços não devem ser encarados só como oportunidades de atividades
educativas complementares ou de lazer, mas devem fazer parte do processo de
ensino-aprendizagem de forma planejada, sistemática e articulada.
Os temas de Astronomia que deveriam estar presentes nas escolas englobam
os fenômenos relacionados ao cotidiano observável e alguns outros que dão conta
do tipo de Universo que habitamos e das leis que o regem: Céu e planeta, luz e
estrela, nascer e pôr do Sol, órbitas, planeta e satélites, dia e noite, fases da Lua,
eclipses, estações do ano e manchas solares, dentre outras.
A Astronomia é uma Ciência especialmente apropriada para motivar alunos e
professores, aprofundando o conhecimento em diversas áreas do saber: Física,
Química, Matemática, Biologia, Computação, Geografia, História e Antropologia. Por
isso, ela é considerada uma ciência que pertence à comunicação social (Albanese,
et al., 1997; Danhoni Neves e Argüello, 2001; Danhoni Neves, 1998).
Aproveitando esse potencial da Astronomia, usamos o telescópio como
ferramenta integradora com a Física no ensino de Óptica. Ele é um dos instrumentos
criados pelo homem que gerou uma das maiores revoluções no modo como
pensamos, vivemos e como fazemos Ciência. Além da abordagem da Física
trabalhando com o telescópio, também trabalhamos a parte histórica
contextualizando a importância desse instrumento e, a partir do que pode ser
observado com um telescópio, exploramos noções de Astronomia Básica na forma
de módulos, montando instrumentos astronômicos antigos e uma luneta com
material de baixo custo.
O Ensino de Ótica
Ao falarmos de ensino de Física temos que ressaltar a preocupação na
formação dos docentes onde Carvalho e Gil Peres (2001) destacam três áreas dos
saberes necessários para formação teórica adequada: os saberes conceituais e
metodológicos da área, os saberes integradores que são relativos ao ensino da área
e os saberes pedagógicos.
Pereira (1997) coloca que o mundo contemporâneo é altamente tecnológicoe que para compreendê-lo é função da escola, principalmente dosprogramas de Ciências Naturais e Sociais e de Física, Química e Biologia,incluir no seu currículo os assuntos relevantes para a formação de umcidadão esclarecido sobre o que o cerca. Uma pessoa que é capaz detomar suas decisões, assim como desempenhar sua função social eeconômica de forma condizente com a época em que vive (OSTERMANN eMOREIRA, 2000, p.26).
Vários são os estudos e pesquisas sobre o ensino de Ótica, entre os quais
podemos destacar Valadares e Fonseca (1997) em seu trabalho de pesquisa
realizado com base no Vê de Gowin ou Vê do conhecimento, que consiste na
estruturação de conhecimento numa perspectiva construtivista, dando significado ao
conhecimento do que se vai construindo.
Se pensarmos a Ótica como um dos ramos mais antigos, observa-se que
dentro do currículo escolar ela tem tido sua importância negligenciada. Alunos do
Ensino Médio têm aprendizagem deficiente em Física, principalmente quando se
trata deste assunto; porque ressaltamos os tópicos como a Mecânica, Calor e
Eletricidade.
A enorme quantidade de conteúdos de Ciências Naturais e as oposiçõesque tensionam a atividade docente a partir da bipolaridade “extensão-profundidade” requer, cada vez mais, que estruturemos os conhecimentosde forma a priorizar as unificações e sínteses, sem negligenciar o papeltambém fundamental das análises (AUTH; ANGOTTI. In: PIETROCOLA,2005, p.198).
Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná, dentro
do conteúdo estruturante eletromagnetismo, aborda-se a natureza da luz e suas
propriedades.
De acordo com Gircoreano, Almeida, Pacca (2001), ao se estudar Ótica no
Ensino Médio o enfoque, na maioria das vezes, é a Ótica geométrica, onde os
elementos são representados por retas e pontos, ignorando-se, por exemplo, que a
luz se propaga num espaço tridimensional e que há fontes de luz e que existem
obstáculos para a sua propagação. Desconsiderando, também, aspectos de sua
natureza, interação com a matéria e sua ligação com o processo de visão.
No nosso trabalho a Ótica foi abordada tendo a Astronomia como fator de
início de estudo. Também trabalhamos os instrumentos antigos de Astronomia,
passando posteriormente ao telescópio e introdução de conceitos básicos de Ótica,
como: aspectos históricos, divisão da ótica, dualidade e propagação da luz, refração
e reflexão, espelhos e lentes e o processo de visão.
Procuramos dar um aspecto construtivista ao nosso trabalho, respeitando as
idéias prévias dos alunos e iniciando o processo pedagógico através do seu
conhecimento prévio e de suas concepções espontâneas, que é o que ele conhece
no seu dia a dia. Os alunos tiveram a oportunidade de construir seus próprios
instrumentos e, consequentemente, seu próprio conhecimento, conduzindo seu
próprio processo de aprendizagem.
O trabalho desenvolvido propiciou aos alunos uma maior vivência da Física,
apesar de enfrentarmos muita resistência quando se trata de ensino/aprendizagem,
pois apesar de prepararmos aulas diversificadas o interesse de aprendizagem ainda
não pode ser considerado ideal.
O projeto
A implementação do projeto ocorreu no Colégio Estadual Olavo Bilac, na
cidade de Ubiratã, Estado do Paraná, com alunos da 2ª série do Ensino Médio,
período matutino. A metodologia utilizada na implementação da produção didático-
pedagógica foi variada, envolvendo apresentação de vídeos, projeção de slides,
montagem de instrumentos, pesquisas, observações do céu com os instrumentos
produzidos e jogo de tabuleiro de Astronomia. Por meio das atividades planejadas
em módulos, abordamos os conteúdos de Ótica e noções de Astronomia básica.
No Módulo 1: Noções básicas de Astronomia: foram apresentados aspectos
históricos e evolutivos sobre o Sistema Solar por meio de vídeos, slides e do
software Stellarium.
No Módulo 2: Montagem de instrumentos antigos: foram montados com os
alunos um Relógio Lunar, um Relógio Solar e um Relógio Estelar. Estes
instrumentos estão disponíveis no livro Reflexões sobre o Ensino de Física no
Ensino Médio: O Universo sem Fronteiras, de Marcos Cesar Danhoni Neves et. al.
(2009).
No Módulo 3: Telescópio: iniciamos os trabalhos com a apresentação do
vídeo “De olho no Céu – Parte 01” e analisamos a construção de um telescópio, que
também demandou desenhos e pesquisa por parte dos alunos.
No Módulo 4: Conceitos básicos de Ótica: foi trabalhado o conteúdo
estruturante de eletromagnetismo, como suporte ao conteúdo de óptica, a partir da
coleção “Física em Contexto”, da editora FTD.
No Módulo 5: Construção de uma luneta: em grupos os alunos construíram
uma luneta utilizando lentes de óculos para construção da lente objetiva. Também
foi utilizado um monóculo de fotografias, para construção da lente ocular, e dois
pedaços de tubo de PVC para o tubo da luneta.
No Módulo 6: Observação do céu e uso dos materiais produzidos: foram
realizadas algumas aulas no período noturno para observação do céu com as
lunetas e os instrumentos produzidos com o objetivo de aprender a manuseá-los.
No Módulo 7: Jogo de tabuleiro de Astronomia: foi apresentado para os
alunos o jogo de tabuleiro “Desbravando o Sistema Solar”, cujo objetivo é o jogador
coletar maior número possível de informações e características básicas dos oito
planetas, mais o Sol e inclusive ainda com Plutão no jogo.
Paralelamente à implementação da produção didático-pedagógica, realizou-
se o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) que tem como objetivo a socialização do
trabalho realizado pelo professor participante do PDE para um grupo de professores
da rede pública de ensino. O tema do projeto foi: O ensino de Óptica e a Astronomia
e com o título: “Uma proposta para o ensino de óptica usando a Astronomia como
fator motivador na aprendizagem”. Essa socialização ocorreu de maneira dinâmica e
cordial. Os participantes tiveram como primeira atividade o conhecimento do projeto
elaborado e discussão em rede e, posteriormente, também conheceram a produção
didático-pedagógica quando implementaram algumas atividades propostas e
puderam vivenciar, analisar e avaliar, percebendo a viabilidade de sua aplicação, ou
não, no todo ou em parte. Depois discutiram em rede, momento em que todos
puderam opinar respeitando as opiniões dos outros e procurando ampliá-las. De
maneira geral todos consideraram o projeto de grande validade e possível de ser
aplicado, mesmo que em parte. Demonstraram ansiedade por conhecer as
atividades do Projeto e concordaram que o uso da Astronomia como fator motivador
é muito interessante.
Resultados e discussão
Por meio da implementação da Produção Didático-Pedagógica, tivemos
possibilidade de verificar que a utilização da Astronomia como fator motivador de
aprendizagem foi de grande valia, pois, além de trabalhar a transdisciplinaridade
com a Física, esta Ciência deixada muitas vezes à margem do Ensino Médio, gera
grande interesse dos alunos.
Os conceitos básicos de Ótica foram vistos de maneira lúdica e sendo
assimilados gradualmente na realização das atividades, desde o assistir ao vídeo
até a construção da luneta e sua utilização nas observações astronômicas.
Ao desenvolver o módulo nº. 01 os alunos conseguiram acompanhar a
evolução do estudo da Astronomia, puderam também ter contato com o software
stellarim vivenciando a localização dos corpos celestes. Já no módulo nº. 02 com a
construção dos instrumentos antigos de Astronomia puderam manusear
instrumentos construídos por eles próprios e conseguiram perceber que com
instrumento simples de Astronomia já se pode ter melhor visão do nosso céu.
Com a implementação do módulo nº. 03 iniciou-se o contato de nossos alunos
com instrumentos óticos. Os alunos puderam observar as partes de constituição do
telescópio e sua utilidade preparando-se para o estudo do módulo nº. 04, quando
tiveram a oportunidade de conhecer, além de sua história, os conceitos de Ótica,
como de luz, reflexão, refração, espelhos, espelhos planos, espelhos esféricos,
lentes, lentes convergentes e lentes divergentes. As atividades foram desenvolvidas
por meio de leitura, observação, pesquisa e experiência (manipulação de lentes e
espelhos) e os alunos demonstraram grande interesse durante as atividades.
Nos módulos nº. 05 e 06 – Construção da luneta e observação do céu com
uso de materiais produzidos – Foram construídas três lunetas com lentes de
diferentes graus. Os alunos manusearam os materiais componentes da luneta, além
providenciar a preparação, montagem e ajustes necessários ao funcionamento dos
instrumentos. Ficaram surpresos com os resultados alcançados no final da
montagem, quando observaram as estrelas no período noturno. Vislumbraram o
quanto poderiam ver além do que seus olhos percebiam, sem contar que com pouco
dinheiro e com utilização de coisas simples aliadas à partes moldadas (lentes)
poderiam construir instrumentos de observação astronômica, utilizando os
conhecimentos de Ótica adquiridos nestes módulos. Observaram também a
diferença de visão obtida quando da mudança de lunetas, percebendo os efeitos das
diferentes características das lentes na imagem formada na luneta.
Com o Jogo de tabuleiro de Astronomia do módulo nº. 07, os alunos fizeram
uma revisão do Sistema Solar e travaram conhecimento sobre as características
básicas dos oito planetas e o Sol e inclusive ainda com Plutão no jogo. Houve muita
diversão e disputa entre eles, o que fez a atividade ficar prazerosa.
Ao realizarmos estes módulos pudemos perceber uma maior participação e
interesse dos alunos nas aulas de Física, o que, com certeza, propiciou clima de
maior grau de assimilação e de aprendizagem.
No GTR, de maneira geral, todos gostaram do projeto e disseram ser possível
de ser aplicado em sala de aula, mesmo que em parte e também concordando que o
uso da Astronomia como fator motivador para as aulas de Física foi muito
interessante e a troca de idéias e conhecimentos durante esse período do GTR foi
gratificante, pois são raros os momentos que nós, professores de Física, temos para
trocar experiências.
Considerações Finais
A Física, ao ser apresentada utilizando-se de metodologias variadas, partindo
de atividades práticas, permite um maior interesse por parte dos alunos, pois ela se
torna mais próxima deste. Ao utilizarmos a Astronomia como fator, nossos alunos
ficaram motivados. Verificamos isso através da ansiedade demonstrada pela
construção dos instrumentos e sua utilização.
Diante de tudo que pudemos observar durante esse tempo em que estivemos
no PDE, constatamos a grande valia desse programa, pois além de nosso retorno ao
meio estudantil para maior aprofundamento de conhecimento e tecnologias, fez-nos
mais uma vez perceber o quanto precisamos ser estudiosos e pesquisadores em
Educação. Podemos, ainda, ressaltar a importância da troca de experiência entre
educadores que esse programa propicia.
Ao aplicarmos nosso projeto verificamos pontos positivos e negativos.
Pontos negativos: ao elaborarmos um projeto muitas vezes tornamo-o muito
abrangentes e fica difícil de aplicá-lo no todo. Foi o que ocorreu, pois o tempo
disponível era pequeno; indisposição de alguns alunos para aprendizagem;
dificuldade para frequência noturna dos alunos, quando houve atividades de
observação do céu.
Pontos positivos: maior interesse nas aulas de Física; preocupação na
construção dos instrumentos; maior participação durante a realização das
atividades; melhoria de aprendizagem.
Considerando que o número de aulas semanais de Física no Ensino Médio é
de duas, infelizmente chegamos à conclusão de que o nosso projeto deve sofrer
alguns cortes para ser viável de ser realizado em aulas normais. O que não o torna
descartável, pois pode ser realizado em parte.
Analisando que os resultados foram parcialmente alcançados, pois ainda não
conseguimos com que todos os alunos participassem ativamente de todas as
atividades, concluímos que já houve uma melhora sensível de interesse pelo estudo
e realização das atividades por parte dos alunos que participaram efetivamente.
Reconhecemos que a participação no Programa de Desenvolvimento
Educacional foi importante, saímos enriquecidos e renovados com relação à nossa
didática em sala de aula e, por consequência será transmitida diretamente aos
nossos alunos por meio de melhoria na qualidade das aulas.
Referências
ALBANESE, A.; NEVES, M.C.D.; VICENTINI, M. Models in Science in Education: ACritical Review of Research on Students’ Ideas About the Earth and its Place in theUniverse. Science & Education, Springer, v. 6, 1997.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC/SEF,1996.
BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. ParâmetrosCurriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação, 1997.
CANIATO, R.; O Céu - "Vol. 1 do Projeto Brasileiro para o Ensino de Física",Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia. Disponível em:<http://cdcc.sc.usp.br/cdz/producao/sbpc93/index.html>. Acesso em 15 set. 2007.
CARVALHO, A. M. P: GIL PÉREZ, D. Formação de professores de ciências:tendências e inovações. 2.ed. São Paulo: Cortez,1995.
GIRCOREANO, J. P. E PACCA, J. L. A. Caderno Catarinense Ensino de Física. OEnsino da Óptica na Perspectiva de Compreender a Luz e a Visão, v.18, n.1: p.26-40, ed. UFSC, 2001.
LANGHI, R.; NARDI, R. Dificuldades interpretadas nos discursos de professores dosanos iniciais do Ensino Fundamental em relação ao ensino da Astronomia. RevistaLatino-Americana de Educação em Astronomia - RELEA, Limeira, n. 2, 2005.Disponível em: < http://www.iscafaculdades.com.br/relea/>. Acesso em 15 set. 2007.
LEITE. C. Os Professores de Ciências e suas Formas de Pensar Astronomia.2002. Dissertação Mestrado. Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
MEES, A. A. Astronomia: Motivação para o Ensino de Física na 8ª Série. 2004.Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),Porto Alegre.
NEVES, M. C. D.; PEDROCHI, F. Concepções Astronômicas de estudantes noensino superior. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciências, v. 4, n. 2,2005. Disponível em:< http://saum.uvigo.es/reec/volumenes/volumen4/ART1_Vol4_N2.pdf.>
NEVES, M.C. D. The Universe of Ptolemy Revisited. Acta Scientiarum, Maringá, n.20, v. 4, 1998.
NEVES, M. C. D. e ARGÜELO, C. A. Astronomia de Régua e compasso: deKepler a Ptolomeu, 2ª edição. Campinas: Papirus, 2001.
OLIVEIRA, H. J. Q. de. Ciências para professores do Ensino Fundamental:Astronomia. 2007. Disponível em: <http://www.cdcc.sc.usp.br/cda/ensino-fundamental-astronomia/index.html>. Acessoem 20 set. 2007.
OSTERMANN, F e MOREIRA, M. A. Investigações em Ensino de Ciências. Umarevisão bibliográfica sobre a área de pesquisa “Física Moderna eContemporânea no Ensino Médio”, v. 5(1), p.23-48, 2000. Disponível em:<http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID57/v5_n1_a2000.pdf>. Acesso em 08 denov. de 2013.
PERELMAN, J. I.; Brincando Com Astronomia, Coleção Divulgação do Saber, Vol.1; Ed. Fulgor Ltda. 1961.
PIETROCOLA, M. Ensino de Física: Conteúdo, metodologia e epistemologia emuma concepção integrada. Florianópolis: Editora da UFSC, 2005.
VALADARES, J. e FONSECA, F. Revista Brasileira de Pesquisa em educação emCiências. Uma Estratégia Construtivista e Investigativa para o Ensino deÓptica, v 4, n 3, p.74-85, 2011. Disponível em:<http://revistas.if.usp.br/rbpec/article/view/105/97>. Acesso 08 de nov. de 2013.
top related