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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE
NO TRATAMENTO DA HIPERATIVIDADE E DÉFICIT
DE ATENÇÃO EM ALUNOS DE UMA ESCOLA
MUNICIPAL EM SÃO GONÇALO
POR
ANA MARIA MACHADO DE OLIVEIRA GOMES
ORIENTADOR
PROF. HENRIQUE PEREIRA
Niterói
2004
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE
NO TRATAMENTO DA HIPERATIVIDADE E DÉFICIT
DE ATENÇÃO EM ALUNOS DE UMA
ESCOLA MUNICIPAL EM SÃO GONÇALO
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato-Sensu” em Psicomotricidade.
POR
ANA MARIA MACHADO DE OLIVEIRA GOMES
Niterói 2004
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por mais esta conquista e por
sempre ter me amparado nos momentos mais
difíceis dando-me forças para prosseguir.
Agradeço ao meu marido José, grande
companheiro e cúmplice em minha jornada pela
vida, incentivador do meu crescimento pessoal e
profissional.
Agradeço a minha mãe Leonor que através do seu
amor e cuidados me ensinou a tornar-me a pessoa
íntegra e batalhadora.
Agradeço aos meus amigos, colegas de trabalho
e, sobretudo aos meus pacientes pela constante
troca que fazemos em nossa busca pelo
autoconhecimento.
Agradeço em especial ao meu orientador
Henrique Pereira que muito contribui para o
enriquecimento da minha monografia.
Agradeço a todos os professores do curso pela
dedicação e pelos ensinamentos que me
transmitiram.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu pai Alberto, apesar da vida ter nos separado guardo boas recordações dos momentos de felicidade que tivemos. Obrigada pelo seu amor.
Saudades!
5
RESUMO A hiperatividade durante a sua evolução recebeu várias denominações: Lesão
Cerebral Mínima a (DCM), Hiperatividade de Evolução e Desordem Déficit de
Atenção, sem que houvesse concordância entre os autores.
No entanto, estudos e o avanço tecnológico nesta área, não conseguiram
identificar nenhuma alteração orgânica que indicasse como causa da hiperatividade.
O conceito de lesão passou a ser considerado disfunção, ou seja, alterações mínimas
na função cerebral que repercutem de forma específica no comportamento da
criança.
Na década de 80, há uma proposta da Academia Americana de Psiquiatria
para transformar os vários conceitos em um único: Distúrbio por Déficit de Atenção
com ou sem hiperatividade. Neste período começa-se a questionar o tratamento com
medicamento e outros profissionais, como os psicólogos e sociólogos imputam-lhe
um novo enfoque diante da evolução de conceito, podem-se constatar que a
hiperatividade é, ainda hoje, uma questão obscura e polêmica para os estudiosos do
assunto, porque não existe uma uniformidade de opinião na comunidade científica
que justifique a adoção de uma terminologia única.
A hiperatividade resulta de quatro tipos de deficiência (atenção,
impulsividade, excitação, e frustração ou motivação) que podem causar problemas
em casa, na escola e com amigos. Os problemas ocorrem com base na pouca
habilidade da criança e nas exigências impostas à criança pelo ambiente. Os pais não
provocam a hiperatividade, mas seu comportamento pode determinar o número de
problemas em casa, na escola ou com amigos.
Nenhuma informação isolada confirma ou descarta a possibilidade de uma
criança ser hiperativa. Existem, entretanto, muitos aspectos comportamentais e de
6
desenvolvimento que sugerem hiperatividade. Uma avaliação minuciosa de
hiperatividade incluiu informações sobre o histórico do desenvolvimento, da
personalidade, do desempenho escolar, do relacionamento com os amigos, do
comportamento em casa e na escola, e da condição clínica da criança.
Para detectar a hiperatividade é realizado um diagnóstico ou identificação do
problema . Diante da constatação torna-se necessário o posicionamento da escola, da
família e do professor.
Este estudo busca analisar a hiperatividade e mais especificamente
compreender como a Educação Psicomotora contribui para o desenvolvimento de
habilidades que recuperam a auto-estima da criança e permitem que elas tenham um
bom rendimento escolar e consigam socializar-se.
As referências bibliográficas utilizadas para a realização deste trabalho
fornecem informações que ampliam o conhecimento sobre a hiperatividade e a
importância da Psicomotricidade para o desenvolvimento intelectual e social da
criança hiperativa.
7
METODOLOGIA
A fim de investigar e analisar a importância da Psicomotricidade no
tratamento da hiperatividade procurou-se desenvolver uma pesquisa qualitativa
baseada em observações e coletas de dados mais adequados ao estudo. O estudo foi
exploratório e literário, as observações foram feitas em uma Escola da Rede Pública
do Município de São Gonçalo que trabalha com crianças hiperativas. As análises
surgiram a partir da fundamentação teórica realizada através de um levantamento
bibliográfico sobre o tema abordado.
O trabalho de pesquisa foi realizado em quatro momentos: primeiro buscou-
se analisar os conceitos históricos da hiperatividade, a importância do diagnóstico e
do tratamento da criança hiperativa. Em seguida realizou-se uma reflexão sobre a
situação da criança na escola. No terceiro momento, buscou-se analisar a importância
da formação dos profissionais de educação que trabalham com crianças hiperativas.
Finalmente, aborda-se as contribuições da Educação Psicomotora para o
desenvolvimento de habilidades que favorecem a aprendizagem da criança
hiperativa.
8
“Neste instante, esteja você onde estiver, há
uma casa com seu nome. Você é o único
proprietário, mas faz tempo que perdeu as
chaves. Por isso. Fica de fora, contemplando a
fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto
que abriga suas mais recônditas e reprimidas
lembranças, é o seu corpo”.
THÈRESE BERTHERAT
9
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I- ALGUMAS CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA HIPERATIVIDADE 13 CAPÍTULO II- A CRIANÇA HIPERATIVA NA ESCOLA 24
CAPÍTULO III- A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA DA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SÃO GONÇALO QUE TRABALHAM
COM CRIANÇAS HIPERATIVAS 30
CAPÍTULO IV- DESENVOLVENDO A CAPACIDADE DE ATENÇÃO DA
CRIANÇA HIPERATIVA ATRAVÉS DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS 39
CONCLUSÃO 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 ANEXOS 53 ÍNDICE 59
10
INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico propõe o estudo da hiperatividade, suas
implicações no processo de aprendizagem e as contribuições da Educação
Psicomotora para o desenvolvimento das crianças hiperativas nas escolas.
A proposta desta pesquisa está relacionada aos problemas que vivenciam-se
no contexto escolar, reconhecendo a importância do acolhimento das diferenças e de
uma educação que garanta a todos um desenvolvimento pleno e uma formação
enquanto cidadão e trabalhador.
Os profissionais da educação defrontam com uma série de dificuldades e
contradições que permeiam o trabalho docente como um todo e que nos desafiam a
buscar alternativas para contribuir com o processo de desenvolvimento dos alunos
em sua globalidade.
No caso específico das crianças hiperativas são vários os sintomas
apresentados: hiperexcitação motora, mau humor, dificuldades de aprendizagem
relacionadas à falta de atenção e concentração. Tais sintomas podem acarretar um
rendimento escolar insatisfatório perante as demais.
Observa-se que a dificuldade de relacionamento com crianças hiperativas
contribuem para que grande parte dos professores e pais assumam atitudes
inadequadas em relação a elas, como: exigência excessiva, superproteção, rejeição e
etc. Tais atitudes poderão agravar seu problema de conduta, contribuindo para sérias
conseqüências: reprovações sucessivas, evasão escolar, marginalização social e até
mesmo a delinqüência infanto-juvenil.
11
A manutenção da criança hiperativa no ensino regular exige o repensar em
propostas concretas que permitam a integração do aluno ao meio educacional,
vinculado à vida real e cotidiana.
Este trabalho realiza uma analise sistemática da importância da Educação
Psicomotora para o desenvolvimento intelectual do aluno hiperativo.
Sabe-se que durante algum tempo as brincadeiras e os jogos foram
negligenciados, principalmente pelas escolas que os consideravam desprovidos de
qualquer significado funcional. Porém, a pedagogia moderna, com base na
participação ativa e alegre do aluno no processo ensino aprendizagem, fez ressurgir a
necessidade e a importância do lúdico e do movimento nas atividades educacionais.
Esta pesquisa constata os benefícios que a Psicomotricidade proporciona às
crianças, benefícios esses: físicos (coordenação motora), intelectuais
(desenvolvimento da memória, atenção, observação, raciocínio), sociais
(fortalecimento das relações humanas para amizade e companheirismo) e didáticos
(através do jogo e das brincadeiras aprende-se de forma mais prazerosa alguns
conceitos de matemática e outras disciplinas).
Esta análise desenvolveu-se em quatro momentos:
No primeiro capítulo conceitua-se hiperatividade, faz-se um breve histórico
deste fenômeno e analisam-se os procedimentos de diagnósticos e tratamentos.
No segundo momento analisa-se o comportamento da criança hiperativa na
escola.
No terceiro capítulo aborda-se a formação e a prática pedagógica dos
professores da escola Municipal de São Gonçalo que serviu como espaço de pesquisa
para este trabalho.
12
No quarto e último capítulo analisa-se como a Psicomotricidade desenvolve a
capacidade de atenção da criança hiperativa.
13
CAPÍTULO I – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
HISTÓRICAS DA HIPERATIVIDADE
O estudo do Distúrbio de Déficit de Atenção (D.D.A OU D.H.D.A) tem
despertado o interesse de pesquisadores e educadores, pois já atinge cerca de 3% das
crianças das classes populares.
Na metade do século XIX, surgem as primeiras referências a hiperatividade.
No entanto, é no início do século XX que o seu diagnóstico passa a ser realizado de
forma mais sistemática.
Historicamente a hiperatividade recebeu diferentes definições; conseqüência
da discordância existente entre alguns autores sobre sua nomenclatura e suas
características.
Em 1940 é caracterizada como uma doença provocada por uma lesão cerebral
sendo compreendida como um distúrbio de comportamento, uma vez que as crianças
hiperativas, não apresentavam problemas neurológicos.
Nos anos 50, quando era solicitado aos professores o levantamento das
crianças hiperativas, alguns chegavam apontar a metade dos seus alunos. Isso
porque, muitas crianças nas idades de três a seis anos, no período pré-escolar,
demonstram algumas características hiperativas, o que não significa que elas são
hiperativas. Nesse período o conceito de hiperatividade passou a ser relacionado com
problemas de falta de atenção, impulsividade e demais sintomas, sendo estudada pela
medicina.
“Apesar dos inúmeros estudos sobre a hiperatividade e de todo avanço tecnológico da medicina, não se conseguiu detectar nenhuma alteração orgânica, seja no
14 eletroencefalograma, raio x de crânio, na ultra-sonografia ou mesmo da tomografia computadorizada, que possa ser considerada causa da hiperatividade” (SUCUPIRA,1985, p.31).
Esse estudo contribuiu para desvincular a hiperatividade da lesão cerebral,
ficando conhecida a partir de 1962 pelo termo de Disfunção Cerebral Mínima,
observando-se que as alterações características da patologia relacionam-se mais a
disfunções em vias nervosas do que propriamente lesões nas mesmas. Na década de
80, passou-se a chamar Distúrbio de Déficit de Atenção, denominação dada pela
Academia Americana de Psiquiatria. Nesse período, são formuladas novas
abordagens pela medicina, caracterizando a criança hiperativa como:
“(...) aquele que apresenta um conjunto variável de comportamentos inadequados como: movimentação física excessiva e despropositada, dificuldade para se concentrar em tarefas propostas, agressividade difusa e não justificada associada à queixa de mau rendimento escolar” (SUCUPIRA, 1995, p.32).
No ano de 1987 foi modificado o nome da patologia para Distúrbio de
Hiperatividade com Déficit de Atenção. E em 1994 ficou conhecida como Distúrbio
de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Segundo o Dr. Keith, um pesquisador muito conhecido na área de
hiperatividade infantil, em relação aos distúrbios de aprendizagem, o diagnóstico da
hiperatividade é considerado o mais difícil e complexo para psicólogos, pedagogos e
neuropediatras. Pois não existe um teste diagnostico absoluto.
“É preciso uma cuidadosa coleção de informações das mais variadas fontes, através dos mais variados instrumentos e por vários meios. Além disso, não há sinais significativos na história do desenvolvimento da criança que com certeza absoluta possam contribuir para diagnosticar a hiperatividade” (GOLDSTEIN, 1994, p.21).
Mas o que é hiperatividade?
15
De acordo com Oliveira (1995, p.34), a hiperatividade é um fenômeno
comportamental visível, “... uma atividade motora diária significadamente maior do
que a normal, para a idade”.
A criança hiperativa não consegue ficar sentada por muito tempo e tem pouca
capacidade de concentração. Apresenta desatenção, excesso de atividade,
emotividade, impulsividade e baixo limiar de frustração (dificuldade para adiar
recompensa), podendo afetar sua integração na escola, na comunidade e em todo o
seu mundo.
A hiperatividade não pode ser vinculada com distúrbio de aprendizagem,
como esclarece SIQUEIRA (1994, p. 9):
“(...)hiperatividade é uma designação essencialmente relativa, descrita, que reflete as reações de terceiros, ao comportamento da criança ou seja, consiste nas expectativas em que o ambiente social faz com relação ao que esta estabelece com nível adequado da atividade motora de uma criança.”
Em seguida a autora explica que:
“(...) os distúrbios de aprendizagem são, na verdade, um problema para a criança e que a hiperatividade é principalmente um problema para os adultos que a cercam (...) o tratamento é geralmente dirigido ao aspecto que mais incomoda na criança – a sua agitação – e não a dificuldade de aprendizagem (...) ( id.ibid.,p.20).
Pode-se entender que Hiperatividade é um desvio comportamental
caracterizado por mudanças de atitudes e de atividades. O indivíduo não consegue
manter-se quieto por um período de tempo necessário para realizar algumas tarefas
que exijam concentração, podendo apresentar dificuldades emocionais, de
relacionamento, tanto familiar quanto social, e baixo rendimento escolar.
16
De acordo com os autores Sam Goldstein e Michael Goldstein (1994, p.19).
“A hiperatividade pode ser o problema mais persistente e comum na infância. É persistente ou crônico porque não há cura e muitos problemas apresentados pela criança hiperativa devem ser administrados, dia-a-dia, durante a infância e a adolescência”.
A presença de hiperatividade na infância, segundo uma pesquisa realizada na
revista Veja, é de aproximadamente 3% a 5% e ocorre com mais freqüência, em
populações de famílias de baixa renda. Além disso, observou-se que atinge mais os
meninos do que as meninas.
Para o senso comum, a hiperatividade apresenta quatro características, que
comprometem significativamente a capacidade da criança de ser bem-sucedida ao
lidar com a realidade e com o desenvolvimento do pensamento, são elas
(GOLDSTEIN, 1994):
ü Desatenção e distração; as crianças hiperativas têm dificuldade de concentrar-se,
quanto menos atrativa for a tarefa a ser realizada, menor será sua atenção.
ü Superexcitação e atividade excessiva: são crianças excessivamente agitadas,
ativas e facilmente levadas a uma emoção exagerada; encontrando dificuldade
em controlar o corpo nas situações que exijam calma e silêncio. Têm reações
emocionais mais intensas e freqüentes que as outras crianças.
ü Impulsividade: a criança hiperativa tem dificuldade de pensar antes de agir e de
respeitar regras. Possui necessidade de agir rapidamente e atropela o
autocontrole, tendo um comportamento inadequado e irrefletido.
ü Dificuldade com frustrações: seu comportamento é visto como um déficit
motivacional que conta como um componente cultural, apresentado como reforço
negativo pelos psicólogos. Isto significa fazer algo que cause aversão à criança
para mudar o comportamento dela, ao passo que reforço positivo significa
17
ü recompensá- la pelo comportamento desejado, buscando seu fortalecimento.
Geralmente, o comportamento de crianças hiperativas resulta em um grande
número de reforços negativos, fruto das tentativas dos pais e professores em
controlar a criança.
Concepções errôneas sobre o assunto podem prejudicar a vida social e
emocional da criança hiperativa e podem intensificar os problemas e não solucioná-
los.
De acordo com GOLDESTEIN (1994), os pais quando reconhecem que seu
filho não é igual às outras crianças costumam formular idéias. Ou passam a
considerar a si mesmos normais e o filho como mau ou problemático, ou consideram
o filho normal e a si mesmos como inadequados. Idéias como estas podem ser
extremamente prejudiciais: “O primeiro leva à raiva e indignação. O segundo leva a
culpa e, possivelmente, a uma permissividade excessiva”. (GOLDSTEIN, 1994,
p.124).
É necessário ter cuidado ao realizar o diagnóstico de hiperatividade da
criança, pois embora algumas pesquisas realizadas tenham constatado que as crianças
hiperativas têm maior probalidade de desenvolver depressão ou ansiedade, além de
exibir comportamento perturbador, dificuldade de aprendizagem e auto-estima mais
fraca do que as crianças consideradas normais. Não se pode confundir déficit de
atenção com outras doenças como: depressão e ansiedade.
O dia-a-dia para as crianças hiperativas representam um grande desafio, pois
geralmente não conseguem satisfazer as exigências impostas pelo mundo interior,
pois se tornam uns problemas para os pais e para a escola quando não são
compreendidas, ou fazem exigências impróprias ou excessivas.
É necessário que os profissionais especializados, professores e a própria
família sejam capazes de ajudá- las de uma forma construtiva, considerando
18 “(...) que os hiperativos que vivem anos de experiências negativas, de reforço negativo e de incapacidade de satisfazer as exigências razoáveis da família, dos amigos e da escola, poderão certamente ficar marcados para o resto da vida. Pais e professores devem ficar atentos não só com as deficiências e seus problemas imediatos, mas também com problemas significativos de longo prazo”. (GOLDSTEIN, 1994, p.13).
1.1 Diagnóstico e tratamento
Embora já tenha sido diagnosticado há quase 20 anos, o distúrbio de déficit
de atenção (D.H.D.A.) ainda gera controvérsia entre os especialistas. As principais
dúvidas se concentram nos motivos que produzem a hiperatividade e como ela
ocorre.
A maioria das crianças com D.H.D.A. não demonstram evidência de dano
estrutural maciço ou doença no Sistema Nervoso Central (S.N.C.) quando examinada
por métodos neurológicos convencionais.
A maioria das crianças com perturbações ou danos cerebrais não apresentam
quaisquer características de hiperatividade. Não obstante, algumas crianças com a
perturbação podem ter dano cerebral mínimo por insultos circulatórios, tóxicos,
metabólicos, mecânicos ao S.N.C durante os períodos fetais e perinatal.
Uma base genética para o D.H.D.A. tem sido sugerida por dados que
mostram uma concordância em alguns gêmeos. Irmãos de crianças hiperativas têm
também um maior risco de hiperatividade do que meio- irmão.
Para alguns especialistas algumas crianças com D.H.D.A. podem ter sofrido
dano cerebral mínimo ou sutil ao S.N.C. durante os períodos fetais ou perinatal. Esse
dano pode ter sido causado por insultos circulatórios, tóxicos, metabólicos e outros,
bem como por estresse e insultos físicos ao cérebro durante a primeira infância,
causada por infecção, inflamação ou traumatismos.
19
Outros especialistas relacionam a hiperatividade a alguns fatores tais como:
epilepsia, certos medicamentos (Fenofarsitol) intoxicação por chumbo e
hereditariedade.
É na fase escolar onde, geralmente, identifica-se a hiperatividade nas
crianças. Pois começam a ser notados os problemas de comportamento, dificuldades
de socialização e fracassos escolares.
Um diagnóstico minucioso da hiperatividade na infância deve incluir a coleta
e a observação de oito tipos de informação.
1-Histórico da família
Desenvolvimento da criança. Informações referentes a outros problemas que
a família teve.
Os acontecimentos da vida da criança são fundamentais para o diagnóstico.
2-Inteligência
Crianças com inteligência abaixo da média ficam provavelmente muito mais
frustradas pelas exigências cada vez mais complexas impostas pela escola e pela
vida. Assim elas têm mais probalidade de apresentarem problemas de hiperatividade.
3- Personalidades e desempenho emocional
Algumas crianças hiperativas são bastante conscientes de seus problemas e
em conseqüência tornam-se cada vez mais infelizes, desamparadas e frustradas na
medida em que continuam a fracassar.
4- Desempenho escolar
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Uma determinação precisa das habilidades escolares da criança é uma parte
essencial da avaliação. Normalmente a criança hiperativa encontra dificuldades na
escola, principalmente dificuldades de aprendizagem.
5- Amigos
Por meio de entrevistas avaliar a integração da criança na escola, com o
objetivo de analisar sua capacidade de fazer amigos.
6- Disciplina e comportamento em casa
A maneira como os pais interagem com a criança pode não ser a causa da
hiperatividade, mas é sem sombra de dúvida um fator que determina o nível de
gravidade dos problemas que a criança hiperativa possa ter em casa.
7- O comportamento na sala de aula
Obter informações sobre o processo do hiperativo na escola. Sua capacidade
de seguir regras e limites deve ser observada pelo professor.
8- Consulta médica
Um diagnóstico clínico é a parte essencial do processo de avaliação.
Os questionários não fazem diagnósticos, nem explicam as causas, eles só
descrevem o comportamento. Se a criança está tendo problemas e a maioria das
respostas para os questionários é sim, os pais devem procurar a assistência de um
profissional para determinar se a criança é hiperativa. Segundo Goldstein (1994,
p.33).
“O diagnóstico precisa ser feito por um ou mais profissionais familiarizados com comportamentos infantis. Esses profissionais precisam estar dispostos a despender o tempo necessário para a avaliação da criança”.
21
Quanto mais cedo for diagnosticada a dificuldade de concentração, melhor
o resultado do tratamento e evita-se o baixo rendimento na escola; diminui ainda
as dificuldades do convívio social.
Os problemas das crianças hiperativas devem ser abordados a partir da idéia
de que são necessários tratamentos quando se deseja que a criança seja bem-
sucedida. Os pais devem compreender e aceitar que a hiperatividade não pode ser
curada. Os problemas dessa criança precisam ser administrados com eficácia, através
de diversas abordagens médicas e não-médicas.
Os medicamentos continuam a ser tratamento comum e eficaz para a
hiperatividade. Os agentes farmacológicos para esta condição são os estimulantes do
sistema nervoso central, principalmente sulfato dextroanfetamina (Dexedrina)
metilfenidoto (Ritalina) e pemolina (Cylert).
Uma criança pode responder favoravelmente a uma dessas drogas e
desfavoravelmente a outra, a dosagem adequada também varia.
O uso contínuo e popularizado de medicamentos, basicamente estimulantes,
tais como a Ritalina, no tratamento da hiperatividade, resulta de uma demonstração
realizada por pesquisas científicas bem controladas sobre uma faixa de efeitos
positivos de curto prazo, sem desprezar, no entanto, o risco dos efeitos colaterais.
O médico Larri Greenhill, presidente do Instituto de Psiquiatria de Nova York
e pesquisador dos efeitos da Ritalina, aponta seus efeitos colaterais, que, embora
conhecidos, são bastante graves: perda de apetites, queda de peso, insônia, irritação,
dores de estômago e dores de cabeça e alguns sintomas de alucinação.
Segundo Greenhill não há dúvidas sobre a eficácia desse medicamento. Ele
identificou índices de melhora em 75% dos casos. No entanto cabe ao médico
juntamente com a família a decisão de adotar o uso do remédio.
22
A Ritalina começa a fazer efeito após uma hora da ingestão e é eliminada do
organismo em um dia.
A decisão de adotar a intervenção por medicamentos deve ser tomada apenas
após cuidadosa consideração dos riscos causados pelos efeitos colaterais e dos
benefícios da medicação.
A medicação, segundo especialistas, apenas prepara a criança. É necessário
que haja um trabalho de orientação psicológica, sem o qual, de pouco servirão os
remédios. Esse tratamento psicológico deve ser mais freqüente que o neurológico.
No momento, o medicamento é o tratamento mais eficaz para a
hiperatividade; segundo especialistas.
As pesquisas de longo prazo sugerem que crianças com a hiperatividade são
mais propensas que as normais ao abuso de drogas e álcool, bem como a
manifestarem comportamento criminoso. A medicação na infância, contudo, pode
diminuir tais riscos. Para pesquisadores, tratar de crianças hiperativas com
medicamento estimulante não aumenta a probabilidade de dependência posterior de
drogas, abuso do álcool ou atividade criminosa. O receio de tal problema não deve
ser um empecilho a medicação da hiperatividade na infância.
As crianças hiperativas, que reagem bem com a Ritalina, demonstram
notáveis melhoras em seu grau de atenção e uma sensível redução no comportamento
impulsivo hiperativo. Em situações em que precisam controlar seus movimentos
corporais e ficarem sentadas por longo tempo, seu comportamento também não se
distingue das outras crianças normais.
Os efeitos da medicação sobre o aprendizado não são considerados tão
eficazes quanto ao comportamento.
23
Com o auxílio de educadores, controle comportamental, orientação e
medicamentos, o tratamento da criança pode se tornar mais eficaz.
24
CAPÍTULO II - A CRIANÇA HIPERATIVA NA
ESCOLA
No primeiro capítulo desta pesquisa foram apresentados alguns conceitos
históricos da hiperatividade e questões sobre seu diagnóstico e tratamento.
O presente capítulo busca refletir a situação da criança hiperativa na escola e
o seu desempenho no processo de aprendizagem.
Desde o século XIX, a escola tornou-se uma atividade obrigatória, tendo um
papel fundamental para a ascensão social.
A partir deste período, as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar
passaram a ser consideradas como um problema e até mesmo uma doença. Dentre as
causas do fracasso escolar, a hiperatividade atinge uma boa parte da população, que
apresenta dificuldades para adaptação escolar, social e familiar.
Nas últimas décadas, o estudo do Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA ou
DHDA) tem atraído o interesse de pesquisadores de diferentes áreas.
Sabe-se que a hiperatividade é um desvio comportamental caracterizado por
desatenção, agitação, excesso de atividade, emotividade, impulsividade e frustração.
Ao ingressar no universo escolar a criança hiperativa enfrenta diversas
dificuldades por apresentar comportamentos diferentes dos ditos normais.
Na primeira etapa do ensino básico, a educação infantil, as crianças
apresentam-se ativas, inquietas, agitadas, cheias de energia. Durante o pré-escolar há
uma grande dificuldade em reconhecer os alunos hiperativos.
25 “Durante o período pré-escolar, a criança recebe uma enorme quantidade de informações sobre si mesma e seu mundo. Pesquisadores clínicos sugeriam que o cérebro da criança pré-escolar é sobrecarregado e contém um maior número de conexões celulares que em qualquer outro período da vida. É muito difícil definir o nível normal de atividade e atenção em bebês e crianças em idade pré-escolar” (GOLDSTEIN, 1994, p.75).
Na idade pré-escolar, as brincadeiras são atividades que ajudam as crianças a
desenvolverem os fundamentos básicos para o desenvolvimento social. As crianças
hiperativas, por causa do seu comportamento acabam sendo privadas dessas
interações e assim deixam de dar os primeiros passos para sua integração na
sociedade.
Na escola as crianças começam a aprender sobre o mundo e a interagir com
os outros. É nesse espaço, que muitas vezes se evidencia a hiperatividade; crianças
que não conseguem seguir instruções, prestar atenção, são inquietas, não completam
as tarefas solicitadas e raramente acompanham o ritmo de seus colegas de turma.
Estas mesmas crianças necessitam aprender a lidar com as regras, a estrutura
e os limites propostos pela instituição, mas seu comportamento não se ajusta as
expectativas da escola, dos professores e dos próprios pais.
Alguns pesquisadores afirmam que as crianças hiperativas geralmente
apresentam quocientes de inteligência (QI), normais, elas apenas não conseguem se
submeter a regras. E as dificuldades que encontram no processo de construção do
conhecimento, estão relacionadas com a falta de concentração e a ansiedade
provocada pelo aumento de fracassos.
Outros pesquisadores sugerem que as crianças hiperativas não aprendem tão
bem quanto às outras crianças. Muitas têm um comprometimento tão grave em sua
capacidade de aprender que poderia dizer que são incapazes de aprender. Alguns
estudos feitos na década de 1970 demonstram que 40% a 80% das crianças
hiperativas vivenciam uma dificuldade específica no processo de aprendizagem.
26
Observa-se que as crianças hiperativas, no período escolar, apresentam
dificuldades para o aprendizado principalmente para a leitura, gerando desinteresse e
desprezo para outras atividades escolares. Com isso a criança hiperativa pode
desenvolver uma visão negativa de si mesmo, criando conflito de insatisfação,
incapacidade, com baixa auto-estima, tornando-se depressivo e agravando mais ainda
seu comportamento.
Pesquisas recentes constataram que aproximadamente, 10% a 30% das
crianças hiperativas exibem atraso nas aptidões escolares, suficientes para se
determinar um diagnóstico de inaptidão de aprendizagem.
Uma das observações mais comum feita por professores sobre as crianças
hiperativas é a de que parecem estar sempre distraídas, sonhando acordadas. Muitas
das vezes elas estão interessadas em alguma coisa diferente daquilo que professor
possa está focalizando no momento. O comportamento da criança é imprevisível e
não reage às intervenções do professor; um dia ela pode concluir uma atividade e no
dia seguinte ser incapaz de completar uma tarefa similar.
Alguns professores interpretam esse comportamento como desobediência, e
pressionam a criança a realizar a atividade. A tentativa de forçá- la a executar uma
tarefa não é bem sucedida e o resultado é a crescente frustração para o professor e
para a criança.
Observa-se que a criança hiperativa com dificuldades de aprendizagem, às
vezes deixa o professor impaciente. O fracasso escolar pode tornar a criança ansiosa
e até depressiva.
As características hiperativas que uma criança pode apresentar na sala de aula
são as seguintes: dificuldade para se concentrar e manter a atenção, que contribui
para as dificuldades de aprendizagem; atrapalha a aula devido o mau comportamento
prejudicando o relacionamento entre o professor e os colegas; não consegue trabalhar
27
em grupo e atrapalha o rendimento dos outros alunos; tumultua a classe com
brincadeiras, dificultando para a professora a organização da sala.
Com todos esses problemas que a criança hiperativa apresenta, ela acaba
excluída e rejeitada pelos colegas em todo o ambiente escolar.
Outra dificuldade que a criança hiperativa enfrenta na escola, que também
repercute em sua aprendizagem, é a incapacidade de fazer amigos. Quando a
hiperatividade não é diagnosticada, algumas crianças isolam-se em sala de aula e
começam a ficar mais desatentas, outras tornam-se um problema de indisciplina para
a escola, sendo excluídas do processo de aprendizagem.
O sistema educacional valoriza muito as crianças que permanecem
calmamente sentadas, prestam atenção e conseguem alcançar os objetivos propostos.
A criança hiperativa é incapaz de atender a essas exigências, tendo uma infinidade de
problemas na escola.
As discussões sobre as crianças hiperativas no que se refere ao seu
rendimento escolar, possuem a tendência de atribuir à criança como se fosse a
responsável solitária do seu insucesso, automaticamente aplica-se a ela o rótulo de
causadora de problemas. Observa-se que esta triste realidade é conseqüência de uma
política escolar, voltada para busca da homogeneidade que incorpora características
excludentes e separatistas.
A despeito de todos os esforços em reverter tal situação, mediante a bandeira
da integração, os alunos com deficiências, condutas típicas de síndromes
neurológicas, quadros psicológicos graves, ou ainda, os de altas habilidades
(superdotados) continuam excluídos da apropriação do saber na intensidade e ritmo
necessário para a sua aprendizagem.
28
Com o objetivo de reverter este quadro tem-se gerado inúmeras discussões
quanto a necessidade dos alunos, com ou sem necessidades educacionais especiais,
visando uma proposta integradora. Como nos diz MADER (1997, p.47):
“Um novo paradigma está nascendo, um paradigma que considera a diferença como algo inerente na relação entre os seres humanos. Cada vez mais a diversidade está sendo vista como algo natural”.
Frente esse novo paradigma, a escola tem por obrigação atender a todas as
crianças, sem exceção, oferecendo-lhes oportunidades de desenvolver suas
potencialidades: WERNECK (1997, p.42) coloca que “... a inclusão vem quebrar
barreiras cristalizadas em torno dos grandes estigmatizados”.
A escola, ao receber a criança hiperativa deve estar preparada para vencer os
limites da estigmatização e criar um ambiente de trocas interativas, que é
fundamental para valorização da auto-estima. O educador precisa reconhecer que o
aluno hiperativo tem determinado tipo de limitação, mas que possui pontos positivos.
Sabe-se que cada vez mais, evidencia-se a necessidade de remover as
barreiras da aprendizagem dos alunos, sem que precise excluí- los ou isolá- los
pedagogicamente. Muitos são os fatores que geram dificuldades como: as condições
em que se dá o processo ensino-aprendizagem; o tamanho das turmas, o estado de
valorização do magistério, a qualidade política da formação dos professores.
Nesse sentido, acredita-se que remover as dificuldades da aprendizagem é
pensar em todos os alunos como seres em processo de desenvolvimento, que
necessitam vivenciar o ensino, seja por suas diferenças individuais, seja por seus
interesses e motivações. Para isso, faz-se necessário o abandono dos rótulos, das
classificações, levando em conta as possibilidades e necessidades que a
hiperatividade traz à criança.
29
O sucesso escolar das crianças hiperativas, segundo os especialistas, exige
uma combinação de intervenção médica, cognitiva de acompanhamento dos pais e
professores.
30
CAPÍTULO III - A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE
UMA ESCOLA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE
SÃO GONÇALO QUE TRABALHAM COM CRIANÇAS
HIPERATIVAS
No passado, a formação do professor dava-se a partir da idéia de que ele era
um mero transmissor de conhecimentos.
“Na sociedade ocidental, em primeiro lugar, as famílias procuravam desenvolver nas crianças os paradigmas da obediência, da educação como forma de autoridade e a pressuposição de que educar evita o fantasma da ociosidade. Era preciso transformar os filhos de seres instintivos, ignorantes, rudes e indisciplinados, em pessoas instruídas, polidas, ajuizadas e disciplinadas, confiando ao educador a matéria-prima que era o filho” (COUSINET,1955, p.2).
A escola era vista como um modelo de ajustamento para o grupo social e para
a futura escolha da profissão e esperava-se do educador as três qualidades de sua
profissão: a virtude, o saber e a habilidade. O que transformava o professor numa
entidade modelar, um tanto inacessível, semelhante a um sacerdote.
O mestre tinha que ser um modelo, um exemplo vivo e sua atuação deveria
ser espetacular. O mestre, quanto mais estimado, mais mestre. Ele exercia sobre si
mesmo vigilância e domínio constantes, pois tinham a responsabilidade de transmitir
um saber que os pais não possuíam.
Essa antiga mentalidade mostrou-se efetiva, num primeiro momento, para
construir e institucionalizar a escola como lugar do conhecimento, para o qual as
pessoas deveriam levar os filhos de tal sorte que tornassem cidadãos integrados ao
mundo real, sendo capazes de contribuir para o seu melhoramento e o da espécie
humana.
31
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, junto com as demais crises do século XX,
novos problemas surgiram ligados à formação dos educadores.
Na Europa, tornou-se necessário, pela primeira vez, escolher os que tivessem
reais aptidões pedagógicas para o trabalho intensivo em educação. Isto tinha como
objetivo acelerá- la, em função da necessidade de oferecer escolarização aos diversos
segmentos da população européia prejudicados pela guerra. Sendo assim a
capacidade do candidato a professor passou a ser questionada e a educação de
crianças passou a ser confiada a pessoas que fossem realmente capazes de promovê-
la.
Começou-se a exigir mais capacidade pedagógica do que moral para o
professor, que deveria obter as seguintes características: vitalidade, interesse real
pela classe, convicção da importância social das escolas, capacidade de considerar os
problemas do ensino do ponto de vista das crianças, disposição em refletir sobre a
própria experiência e capacidade de agir conforme os conselhos recebidos durante o
ano da escola normal ou durante o estágio prático.
Uma distinção fundamental que diferencia o mestre antigo dos modernos é
que muitos que adquiriam grande conhecimento teórico, não continuavam o seu
aperfeiçoamento.
Este comportamento caracterizava o ensino tradicional que colocava o
professor como alguém que nada mais tinha a aprender. Essa imutabilidade do ensino
afastava o professor do verdadeiro ensino para a vida, a verdadeira aprendizagem que
se deve alcançar.
Atualmente, as instituições de ensino estão num mercado cada vez mais
exigente, onde as perspectivas de emprego e até mesmo para se manter empregado
necessitam de maiores esforços de natureza educacional e aperfeiçoamento constante
dos alunos.
32
Nessa perspectiva, os princípios pedagógicos tiveram que ser adaptados
devido à velocidade com que os conceitos educacionais têm mudado.
Novos paradigmas estão se impondo, confrontando os aspectos racionais e
tradicionais do processo educativo com as necessidades da sociedade e do mercado.
Os profissionais devem estar sempre atualizados e em constante aperfeiçoamento.
Antes, a educação tradicional dava ênfase ao conteúdo, às informações
corretas e ao aprendizado visto como um produto.
O aprendizado era visto como uma estrutura hierárquica e autoritária, que
estimulava o conformismo e desencorajava a divergência. Possuía uma estrutura
rígida e o currículo era predeterminado.
A educação, mesmo encarada como necessidade social, proporcionaria ao
educando um mínimo de treinamento, capaz de garantir o desempenho e determinado
papel. O professor seria apenas um agente acabado de transmissão do conhecimento.
No entanto, contra essa realidade tradicional, que predominou quase até o
final do século XX, as sociedades estão procurando produzir uma educação que
responda aos desafios, tanto os sociais quanto os referentes ao progresso científico e
da tecnologia.
São necessárias constantes reciclagem e atualização, porque o conhecimento
é mutável e não estático.
Além disso, os temas da atualidade como: os problemas de aprendizagem, a
inclusão dos alunos com necessidades especiais, a hiperatividade e o comportamento
social como um todo, devem ser objetos de pesquisa e compreensão.
O professor necessita de constante atualização diante das exigências impostas
de um mundo em constante transformação.
33
De um modo geral, a situação dos professores que trabalham com crianças
hiperativas não difere dos que trabalham com crianças ditas “normais”. Baixos
salários, poucas orientações para o desempenho de sua função e sem recursos
necessários pra desenvolver sua atividade.
Paulo Freire (2000, p.98) diz que:
“Se é possível obter água cavando o chão, se é possível enfeitar a casa, se é possível nos defender do frio ou do calor, se é possível mudar o mundo que não fizemos, o da natureza, por que não mudar o mundo que fazemos, o da cultura, o da história, o da política?”
O professor ao diagnosticar o aluno hiperativo deve estar preparado para
vencer os limites da estigmatização e criar um ambiente de trocas interativas, que é
fundamental para a valorização da auto-estima. O educador precisa reconhecer que o
aluno hiperativo tem limitações, mas também é capaz de aprender.
A necessidade de remover as barreiras da aprendizagem dos alunos
hiperativos, sem necessitar excluí- los ou isolá- los, fez com que alguns professores
que trabalham com esta realidade adotassem algumas práticas pedagógicas com o
objetivo de propiciar o aprendizado desses alunos.
Professores das séries iniciais do ensino fundamental de uma escola da rede
Municipal de Ensino de São Gonçalo, com formação superior em Pedagogia;
resolveram questionar os fatores que estavam contribuindo para o fracasso escolar de
alguns alunos.
Conscientes do grau de maturidade e capacidade do aluno, os professores
diagnosticaram a dificuldade na área de comportamento e buscaram combater esse
problema.
Assim, a escola, buscou promover um estudo sobre a hiperatividade
juntamente com profissionais de outras áreas, psicólogo, psiquiatra e neurologista.
34
Os professores analisaram os impactos significativos que a hiperatividade
exercia sobre as crianças da classe, e começaram a transformar sua prática
pedagógica.
O professor deixou de empregar como primeira opção o reforço negativo ou a
punição, como meios para lidar com problemas e para motivar as crianças na sala de
aula. Procurou elaborar com os próprios alunos um conjunto de regras na classe,
colocando-as expostas em um cartaz na sala de aula.
As atividades propostas passaram a respeitar o nível de capacidade das
crianças, tornando a aula mais participativa, despertando a atenção do aluno
hiperativo. O professor passou a fornecer instruções curtas e repetidas de várias
maneiras, diretamente a criança hiperativa em um nível que ela conseguisse entender.
Os professores buscaram valorizar o lúdico e o movimento das crianças em
suas atividades, procurando auxiliar a criança hiperativa a aprender, praticar e manter
aptidões organizacionais.
Compreendendo que a maioria dos problemas de relacionamento social
vivido por uma criança hiperativa é resultado da falta de habilidades e não
necessariamente de incompreensão; os professores da escola resolveram, juntamente
com a orientação educacional, promover oficinas que buscassem trabalhar essas
habilidades, com o objetivo de promover a integração da criança hiperativa.
Quatro habilidades sociais foram trabalhadas pelos educadores:
Habilidade I Ouvir o outro.
Para desenvolver a capacidade da criança ouvir o outro e compreender o que
outro diz, o professor trabalhou com atividades que propiciaram a criança encarar a
pessoa com quem estava falando, estabelecendo contato visual e estabelecendo
regras como:
ü Não falar enquanto os outros estiverem falando
35
ü Pensar sobre o que está sendo dito
ü Revezar a fala.
Habilidade II Seguir instruções.
A criança hiperativa tem dificuldades para seguir instruções, geralmente
porque não presta atenção o tempo suficiente para recebê- las. Em situações sociais,
isto pode conduzir a um desastre e levar à rejeição por parte de seus colegas. Por essa
razão o professor buscou desenvolver essa habilidade propondo atividades que
permitiam a criança:
ü Ouvir com atenção o que estava sendo dito
ü Fazer perguntas sobre o assunto até que ficasse claro o que estava sendo
solicitado
ü Repetir as instruções para si mesma
ü Realizar a tarefa, cumprindo um estágio por vez, na ordem em que as
instruções foram apresentadas.
Habilidade III Compartilhar.
A criança hiperativa, por causa de sua necessidade impulsiva de recompensa
imediata, freqüentemente tem dificuldade de compartilhar. Não é por ser maldosa ou
egocêntrica, trata-se simplesmente do fato de sua necessidade de auto-satisfação ser
muito maior do que sua capacidade de parar e perceber que os outros também têm o
direito a recompensas.
Para desenvolver essas habilidades o professor propôs atividades que
permitiram a criança:
ü Reconhecer que compartilhar é importante para conquistar amigos
ü Decidir se ela tinha algo para compartilhar
ü Decidir com ela iria compartilhar
36
ü Encontrar o melhor momento para compartilhar
ü Compartilhar de modo honesto sem trapacear ou esperar algo em troca.
Habilidade IV Compreender a linguagem do corpo.
As mensagens não-verbais, normalmente de comunicação muito eficiente
entre amigos, requerem sempre maior grau de atenção. Para desenvolver a leitura da
linguagem corporal o professor realizou atividades em que a criança foi capaz de:
ü Encarar a outra pessoa e olhar para ela
ü Ficar atento para identificar como a pessoa se sentia em relação a sua
expressão facial
ü Identificar como o indivíduo se sentia observando sua postura corporal.
Observa-se que a hiperatividade é um desafio enfrentado por esses
profissionais da educação, que compreendem que a criança hiperativa apesar de
apresentar comportamentos diferentes dos demais , possuem potencialidades que
convenientemente orientadas podem permitir a sua alta realização e a sua integração
no meio social de forma positiva.
A formação continuada do educador de alunos permite que este reconheça o
seu papel real e repense a sua própria prática. É nessa busca constante do
conhecimento e de novas possibilidades que o educador vai poder melhor exercer a
função social e política do seu trabalho na educação de crianças hiperativas.
“É bem verdade que a descoberta da possibilidade de mudar não é mudar. Indiscutivelmente, porém, saber que, mesmo difícil, mudar é possível é algo superior ao imobilismo fatalista em que mudar é impensável ou em que mudar é pecado contra Deus. É sabendo que, mesmo difícil, mudar é possível, que o oprimido nutre sua esperança”. (FREIRE, 2000, p.99).
A prática pedagógica é uma função social, uma vez que o seu trabalho
competente na alfabetização e sua continuidade, contribui para que essa população
37
marginalizada de direitos sociais, passe a ter acesso, pelo menos a esse direito social.
No trabalho cotidiano do professor nas situações que enfrenta no dia a dia, nos
conteúdos que trabalha em sala de aula, na forma de se relacionar com seus alunos é
que se encontra a maior fonte para as suas reflexões, para compreensão de seu papel
e para o repensar de sua própria ação.
O professor exerce a função política, porque sua ação se dá através de uma
prática pedagógica e social, competente e lúcida, onde conhece os meios necessários
para a realização de seu trabalho e a sua própria condição, refletindo, enquanto
professor, junto a seus alunos, sobre a situação educacional e social do país.
É preciso conhecer e levar em conta as características específicas e as
percepções de cada grupo a que se está dirigindo o trabalho.
É importante o educador viabilizar a formação do educando como ser criador
do seu próprio universo, da sua própria história.
Como diz Paulo Freire:
“(...) sentimos, de um lado, a necessidade de uma educação que não descuidasse da vocação ontológica do homem, a de ser sujeito, e, por outro, de não descuidar das condições peculiares de nossa sociedade em transição, intensamente mutável e contraditória. Educação que tratasse de ajudar o homem brasileiro em sua emersão e o interesse criticamente no seu processo histórico. Educação que por isso mesmo libertasse pela conscientização. Não aquela educação que doméstica e acomodada. Educação, afinal, que promovesse a “ingenuidade”, característica da emersão, em criticidade, com a qual o homem opta e decide” (FREIRE, 1979, p.66).
Deve-se entender que a educação, isto é, a relação pedagógica, só ocorre se
estiver impregnada de sentido, se ela se referir ao sentido do mundo, da vida, do
homem.
38
Percebe-se que os professores dessa escola atuam como mediadores, dando
pistas, fazendo propostas, mostrando novos caminhos para que os alunos se
desenvolvam no processo educativo. Caracterizam-se como educadores sociais,
orientadores da aprendizagem e provocadores de novos conhecimentos.
Com o auxílio desses profissionais, as crianças hiperativas demonstram que
podem obter sucesso em classes normais.
39
CAPÍTULO IV - DESENVOLVENDO A
CAPACIDADE DE ATENÇÃO DA CRIANÇA
HIPERATIVA ATRAVÉS DE ATIVIDADES
PSICOMOTORAS
A educação tem como finalidade única o crescimento intelectual e emocional
de cada indivíduo.
“A finalidade da educação escolar é a de promover certos aspectos do crescimento pessoal considerados importantes no marco da cultura do grupo, que não ocorrem, ou ao menos não satisfatoriamente, a não ser por meio de ajuda específica mediante a participação em atividades especialmente pensadas com esse fim” (COLL, 1996, p.154).
É compreensível que se veja a educação sob diversos enfoques.
Dos estudiosos da educação há alguns que defendem pressupostos de que a
educação se fundamenta nas desigualdades sociais, ou seja, na estrutura social atual.
Outros destacam os fatores psicológicos e a relação professor e alunos, no
desempenho e continuidade escolar. Já outros consideram fatores internos em uma
escola como determinantes dos problemas escolares.
A educação no Brasil difere pela origem econômica dos alunos e pelas verbas
destinadas à educação.
Desde muito tempo, que diagnósticos, denúncias e propostas de educação
popular têm estado sempre presentes nos discursos sobre a educação brasileira. O
objetivo é sempre a igualdade social, a democratização do ensino, apesar de não
passarem de palavras que vêm se perdendo ao longo do tempo.
40
Dentre os estudos relacionados à educação, no que se refere à melhoria do
ensino, constata-se obviamente, que existe, também, o descaso de muitos
profissionais. Principalmente quando se trata de crianças hiperativas, já que elas
exigem atenção especial, conforme artigo de A Gazeta (30/06/1990, p.34):
“A psicomotricidade nasceu da necessidade sentida pelos neurologistas de tratar crianças que apesar de não apresentarem lesões cerebrais, tinham distúrbios como falta de equilíbrio, ou de ritmo”.
A arte de ensinar ou educar exige um compromisso total do aluno com o
educador. Os de seis a dez anos, conseguem maiores progressos quando encontram
um ambiente favorável e um contato bem próximo com o seu educador.
De acordo com a experiência vivida em sala de aula a criança hiperativa é
aquela desastrada, incontrolável ou solitária, apática, dispersa. Quando se tem uma
criança nessas condições é importante levá- la a conhecer um psicomotricista, uma
pessoa preparada para acompanhá- la. É evidente que tanto a criança quanto à família
precisam de ajuda, de conhecimento, a respeito do assunto.
A Psicomotricidade surgiu da necessidade de alguns especialistas, em
neurologia, no tratamento de crianças que tinham distúrbios cerebrais, como falta de
equilíbrio, ou ritmo, mas não tinham lesões. Portanto, surgiu a prática psicomotora
que trata a criança pela via motora. Conforme estudos realizados a prática
psicomotora conseguiu verificar que atrás do comportamento da criança, dos sinais
que seu corpo envia, estão mensagens de seu interior, o que beneficiou a descoberta
dos principais distúrbios como: a hiperatividade, a inabilidade corporal, dificuldades
de relacionamento e de aprendizagem.
Ás vezes, alguns psicólogos atribuem o problema aos pais que são pessoas
hiperativas e que não se trataram quando criança. Entretanto, há de se compreender
que essa modalidade de tratamento é recente e que tem se tornado cada vez mais
necessária na vida e certas crianças, segundo afirma Torres (1996, p. 34):
41 “A terapia psicomotora age libertando a criança de seus bloqueios, ajudando-a a descobrir prazer nos movimentos. A criança brinca, joga, destrói, constrói, cria. Sempre com o acompanhamento de um psicomotricista”.
Esses profissionais que atuam nessa área, ainda lutam pela regulamentação da
profissão, já que hoje esta modalidade é uma especialização para profissionais da
área de saúde e educação.
O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos
nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central,
crescimento dos ossos e músculos. São, portanto, comportamentos não aprendidos
que surgem espontaneamente, desde que a criança tenha condições adequadas para
exercitar-se.
A Psicomotricidade se preocupa com o desenvolvimento neuro-muscular,
tendo como objetivo desenvolver o aspecto comunicativo do corpo, isto é, oferecer
ao indivíduo a condição de dominar seu corpo buscando seu aperfeiçoamento e seu
equilíbrio.
A Psicomotricidade é subdividida em áreas que agem sempre vinculadas
umas às outras. São elas:
Comunicação e expressão
A linguagem tem função de expressão e comunicação do pensamento e
função de socialização, pois permite ao indivíduo trocar experiências e atuar
verbalmente e gestualmente no mundo.
Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da
respiração, inclui nesta área os exercícios fono-articulatórios e respiratórios.
Percepção
42
Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos.
A percepção está ligada à atenção, à consciência e à memória.
Os estímulos provocam uma sensação que possibilita a percepção e a
discriminação. Primeiramente, sente-se através dos sentidos, em seguida, percebe-se
a realização de uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminam-se as
diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções.
Coordenação
A coordenação motora é ligada ao desenvolvimento físico. Entendida como a
união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação do
sistema nervoso.
Orientação
A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de
adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado,
ocupa necessariamente um espaço em um momento.
A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do
meio e está ligada a consciência, a memória e as experiências vivenciadas pelo
indivíduo.
Conhecimento corporal e lateralidade
O conceito corporal é o conhecimento intelectual sobre as partes e funções do
corpo; é o esquema corporal, que na mente humana regula a posição dos músculos e
das partes do corpo, é inconsciente e modifica-se com o tempo.
43
Quando se trata de conhecimento corporal, insere-se a lateralidade. A
lateralidade diz respeito á percepção dos lados direito e esquerdo e a atividade
desigual de cada um desses lados, visto que sua distinção será manifestada com o
desenvolvimento de experiências.
As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço
e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos
sinais gráficos.
Habilidades conceituais
A matemática é considerada uma linguagem cuja função é expressar relações
de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.
A criança desenvolve o conhecimento lógico-matemático, pela relação que
estabeleceu entre objetivos.
Para que se construa o conhecimento físico a criança necessita ter um sistema
de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas observações
com o conhecimento já existente.
Para desenvolver as áreas psicomotoras, a atenção e a motivação das crianças
hiperativas é necessário que o professor trabalhe com um projeto interdisciplinar.
“No projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se. A responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar, mas essa responsabilidade está imbuída do envolvimento _ envolvimento esse que diz respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes” (FAZENDA, 1991, p.17).
No projeto interdisciplinar encontram-se sempre barreiras, mas elas poderão
ser superadas pelo desejo de criar, inovar e de ir além. Reforça-se a idéia de que a
44
interdisciplinaridade é a possibilidade de se chegar a síntese da totalidade do
conhecimento fundamental a todo ser humano em sociedade.
É importante salientar que o processo interdisciplinar possibilita a
comunicação entre as diversas disciplinas, procurando cada uma delas facilitar o
entendimento uma das outras, por parte do aluno.
Objetiva-se situar a Psicomotricidade neste contexto.
O professor de história, por exemplo, poderia combinar uma caminhada a
uma localidade ou patrimônio histórico próximo à escola e durante a mesma, o
professor explicaria aos alunos e demais acompanhantes sobre os diversos benefícios
desta atividade física, isto é, da caminhada.
Um outro trabalho em conjunto pode ser feito com o professor de
Matemática, onde se aproveitando das dimensões de uma quadra, campo de futebol,
ou qualquer outra área, formularia questões, problemas de geometria e aritmética, em
sala de aula, familiarizando os alunos ainda mais com estes locais utilizados na
escola para realização de atividades psicomotoras.
Os alunos na aula de Educação Física ao se deslocarem, andando, correndo,
saltitando em um determinado espaço, terão a visão de figuras geométricas
reforçando a compreensão dos problemas de geometria resolvidos em sala de aula.
O professor de inglês poderia propor um campeonato de futebol, onde os
alunos, por meio desta língua, elaborariam um trabalho explicando a origem e as
atuais características do futebol na Inglaterra.
A responsável pela merenda escolar explicaria aos alunos a importância dos
alimentos para a vida diária, e estes com relação à atividade físico-mental. Em troca
o professor de Ciências trabalharia a questão do zelo e a manutenção do refeitório,
como parte integrante da vida escolar.
45
Através desta relação irá se construir um sistema realmente integrado,
facilitando ao aluno no entendimento do contexto escolar.
O processo da interdisciplinariedade contribui para que a Psicomotricidade
seja desenvolvida dentro da escola permitindo que o aluno hiperativo desenvolva o
seu potencial, aprenda em movimento, construa seu próprio conhecimento sendo
inserido no processo ensino-aprendizagem.
A criança hiperativa, assim como a criança dita “normal” tem o direito à
educação que ofereça seu pleno desenvolvimento e a prepare para o exercício da
cidadania.
46
CONCLUSÃO
Este estudo aborda os tratamentos utilizados por profissionais que amenizam
os problemas de aprendizagem e de sociabilidade da criança hiperativa e a
importância da Psicomotricidade no desenvolvimento da atenção desta criança no
processo ensino-aprendizagem.
A realização desta pesquisa permite concluir-se que:
Há uma grande variação de tipos de problemas comportamentais apresentados
por crianças hiperativas; de acordo com a idade, que interfere no relacionamento
social, emocional e na capacidade de aprendizagem dessa criança.
A busca da orientação por equipes multidisciplinar compostas por neuro-
pediatras, psicólogos e pedagogos seria o indicado para o estabelecimento do
diagnóstico da hiperatividade e da conduta a ser seguida para o tratamento da criança
hiperativa.
A utilização de atividades Psicomotoras propicia o desenvolvimento de
habilidades como: concentração, pensamento lógico, etc.
A maioria das dificuldades no relacionamento social, vividas por uma criança
hiperativa é resultado da falta de habilidades e não necessariamente da
incompreensão. Quando pais, educadores e orientadores se empenham a ensinar estas
práticas sociais, elas são mais bem-sucedidas.
Alguns tipos de intervenções são necessárias no tratamento da hiperatividade
como: Medicamentos, Orientação e Controle do Distúrbio e Desenvolvimento de
Habilidades.
47
Os medicamentos continuam a ser um tratamento comum e eficaz para o
controle da hiperatividade. Entre eles o mais usado é a Ritalina. Embora possam
surgir efeitos colaterais, pesquisas demonstram significativas melhoras em diversas
áreas da atividade escolar, principalmente na atenção.
A orientação das técnicas utilizadas para gerenciar o comportamento do
hiperativo pelos pais e professores, que devem administrar eficazmente os ambientes
doméstico e escolar da criança pode ser dada por psicólogos e pedagogos.
As atividades Psicomotoras desenvolvem habilidades que ajudam a criança
hiperativa a prestar atenção de modo mais efetivo, planejar, seguir regras e fazer
amizades.
O sucesso do tratamento para minimização dos problemas de aprendizagem e
socialização da criança hiperativa depende em grande parte do empenho, dedicação e
carinho dos seus pais e professores.
48
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NONA ATIVIDADE CULTURAL: TEATRO DA UFF
DÉCIMA ATIVIDADE CULTURAL: CANECÃO
DÉCIMA PRIMEIRA ATIVIDADE CULTURAL: CLARO HALL
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO..........................................................................................................10 CAPÍTULO I- ALGUMAS CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DA HIPERATIVIDADE...................................................................................................13 1.1 – Diagnóstico e tratamento...................................................................................18 Histórico da família....................................................................................................19 Inteligência.................................................................................................................19 Personalidades e desempenho emocional...................................................................19 Desempenho escolar...................................................................................................19 Amigos........................................................................................................................20 Disciplina e comportamento em casa.........................................................................20 O Comportamento na sala de aula..............................................................................20 Consulta médica..........................................................................................................20 CAPÍTULO II- A CRIANÇA HIPERATIVA NA ESCOLA.....................................24 CAPÍTULO III- A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA DA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SÃO GONÇALO QUE TRABALHAM
COM CRIANÇAS HIPERATIVAS ..........................................................................30
CAPÍTULO IV- DESENVOLVENDO A CAPACIDADE DE ATENÇÃO DA
CRIANÇA HIPERATIVA ATRAVÉS DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS......39
Comunicação e expressão...........................................................................................41
60 Percepção....................................................................................................................41 Coordenação...............................................................................................................42 Orientação...................................................................................................................42 Conhecimento corporal e lateralidade........................................................................42 Habilidades conceituais..............................................................................................43 CONCLUSÃO............................................................................................................46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................48 ANEXOS....................................................................................................................53 Primeira atividade cultural..........................................................................................54 Segunda atividade cultural..........................................................................................54 Terceira atividade cultural..........................................................................................55 Quarta atividade cultural.............................................................................................55 Quinta atividade cultural.............................................................................................56 Sexta atividade cultural...............................................................................................56 Sétima atividade cultural.............................................................................................57 Oitava atividade cultural.............................................................................................57 Nona atividade cultural...............................................................................................58 Décima atividade cultural...........................................................................................58 Décima primeira atividade cultural.............................................................................58 ÍNDICE.......................................................................................................................59
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