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1
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – UNINOVE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM
ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Celso Machado Júnior
SÃO PAULO
2012
2
CELSO MACHADO JÚNIOR
A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM
ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Administração da Universidade Nove de
Julho – UNINOVE, como requisito parcial para
obtenção do grau de Doutor em Administração.
Orientadora:
Profa. Dr
a. Maria Tereza Saraiva de Souza
São Paulo
2012
3
A INFLUÊNCIA DE PESQUISADORES DO STRICTO SENSU EM
ADMINISTRAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Por
Celso Machado Júnior
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Administração da Universidade Nove de
Julho – UNINOVE, como requisito parcial para
obtenção do grau de Doutor em Administração,
sendo a banca examinadora formada por:
_________________________________________________________________
Presidente: Prof. Dra. Maria Tereza Saraiva de Souza, Doutora – Orientadora,
Universidade Nove de Julho - UNINOVE/PPGA
_________________________________________________________________
Membro externo: Profa. Dra. Silvana Anita Walter
Universidade Regional de Blumenau - FURB
_________________________________________________________________
Membro externo: Prof. Dr. Wilson Aparecido Costa de Amorim
Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS
_________________________________________________________________
Membro interno: Prof. Dr. Pedro Luiz Côrtes
Universidade Nove de Julho – UNINOVE/PPGA
_________________________________________________________________
Membro interno: Prof. Dr. Reed Elliot Nelson
Universidade Nove de Julho – UNINOVE/PPGA
São Paulo, 5 de dezembro de 2012.
4
Aos meus pais, que forjaram meu caráter;
a minha esposa, parceira de todas as aventuras;
aos meus filhos Yuri Tobias e Kim Emanuel, inspiração para as minhas superações;
aos meus amigos que me apoiaram em todos os momentos desta jornada.
5
AGRADECIMENTOS
A orientadora Professora Dra. Maria Tereza Saraiva de Souza, pela amizade, pelas
revisões minuciosas, pelas recomendações na delimitação do escopo de estudo e pela
confiança durante todo do processo de desenvolvimento desta tese.
A Universidade Nove de Julho UNINOVE, pela concessão da bolsa de estudo, durante
a realização do Curso de Doutorado. Esta condição gerou a oportunidade de desenvolver esta
tese. Como parte do agradecimento a esta instituição destaca-se a oferta de todas as condições
necessárias para o desenvolvimento do Doutorado, tanto no que diz respeito às instalações
quanto ao seu corpo docente.
A CAPES que por intermédio do projeto Pró-administração, possibilitou o
levantamento do banco de dados utilizado para o desenvolvimento das pesquisas.
Aos colegas do grupo de pesquisa em sustentabilidade ambiental William Nunes da
Silva, Iara Regina dos Santos Parisotto e Heloísa Helena Marques da Silva que
compartilharam o processo de construção do banco de dados do Pró-administração, sem os
quais não seria possível esta pesquisa.
Aos professores Dr. Dirceu da Silva, Dr. Edmilson de Oliveira Lima, Dr. Leonel Cezar
Rodrigues, Dr. Milton Campanário, Dra. Nildes Raimunda Pitombo Leite e Dr. André Luiz
Fischer, entre outros, que no transcorrer das disciplinas me transmitiram conhecimentos e a
confiança necessária para a conclusão da minha tese.
Aos membros da minha banca de qualificação e de avaliação os professores Dra.
Silvana Anita Walter, Dr. Wilson Aparecido Costa de Amorim, Dr. Reed Elliot Nelson e Dr.
Pedro Côrtes pela valiosa colaboração, que resultou em significativos benefícios para a minha
tese.
A Maria Aparecida Furlaneto, pela minuciosa revisão e colaboração para o
entendimento da obra de Berger e Luckmann.
Ao professor Leonel Mazzali meu orientador no mestrado, pelo incentivo para realizar
o Doutorado, e pela valiosa colaboração na execução desta tese.
A todos os colegas e amigos, pela troca de conhecimentos, pelas contribuições e pelo
incentivo, essenciais para a concretização desta árdua e prazerosa tarefa de produção
científica.
A minha esposa, Cristiane Jaciara Furlaneto, pelo apoio, estímulo e compreensão
demonstrados durante as intermináveis noites, finais de semana e feriados de trabalho, e pela
grande contribuição na finalização da tese.
6
RESUMO
A sustentabilidade ambiental na sociedade se caracteriza como um campo científico
emergente e dinâmico na geração de conhecimento. O conhecimento é interpretado como um
processo social que necessita ser legitimado pela sociedade para ser validado e aceito. Assim,
o presente estudo possui o objetivo principal de analisar a contribuição do Stricto Sensu em
administração na legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as
características principais dos agentes envolvidos. O quadro de referência teórico se apoia na
abordagem da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008) associada às teorias
dos estudos bibliométricos e das análises de redes sociais. O delineamento do estudo
enquadra-se na categoria de pesquisa descritiva que utiliza as seguintes técnicas: o data
mining que é quantitativo e a análise de redes sociais que é quantitativa e qualitativa,
caracterizando-se desta forma como pesquisa de métodos mistos. A pesquisa utilizou duas
fontes de dados. A primeira é a do projeto Pró-administração com os dados das teses e
dissertações defendidas nos programas de pós-graduação em administração no Brasil no
período de 1998 a 2009. A segunda se constitui no referencial teórico de 47 teses e
dissertações de sustentabilidade ambiental defendidas no Stricto Sensu de administração no
período de 2007 a 2009. No período de 1998 a 2009 um total de 295 professores do Stricto
Sensu em administração realizaram orientações na área de sustentabilidade ambiental. A
colaboração destes pesquisadores se aproxima da Lei de Lotka, na qual os cinco
pesquisadores mais prolíficos reponderam pela orientação de 15% de todas as pesquisas,
enquanto 208 pesquisadores realizaram apenas uma orientação em sustentabilidade ambiental.
As Instituições de Ensino Superior - IESs de formação dos pesquisadores se aproxima da Lei
de Bradford, estabelecendo três grupos de importância na formação de doutores egressos que
desenvolvem orientações no campo de pesquisa. O núcleo principal é constituído pela
Universidade de São Paulo USP e pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP
responsáveis pela formação de 35% dos pesquisadores. A análise da estrutura de colaboração
gerada a partir dos laços de participação mostrou que o arranjo social formado pelos
participantes das bancas de doutorado e mestrado se configura uma rede social do tipo two-
mode formada por 947 atores que com 1284 laços de relacionamento. Estes atores estão
distribuídos em três arranjos sociais principais e a ocorrência de algumas bancas isoladas. A
análise de nove teses e 38 dissertações de sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em
administração revelou um total de 4852 citações, sendo 1360 voltadas para este campo de
pesquisa. Com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008) identificou-se a legitimação
do conhecimento em sustentabilidade ambiental na obra dos seguintes autores atuantes no
Stricto Sensu em administração: José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento,
Hans Michael Van Bellen, Jacques Demajorovic e Ícaro Aronovich da Cunha. O modelo de
análise do processo de legitimação e institucionalização do conhecimento, proposto por este
estudo, e que incorpora a abordagem de Berger e Luckmann (2008) a bibliometria e a análise
de redes sociais se mostrou adequado à finalidade que se destinava.
Palavras-chave: Sustentabilidade Ambiental. Ensino e Pesquisa em Administração.
Institucionalização do Conhecimento. Análise de Redes Sociais. Data Mining.
7
ABSTRACT
Environmental sustainability in society is characterized as a dynamic and emerging scientific
field in knowledge generation. Knowledge is interpreted as a social process that needs to be
legitimized by society as a whole to be validated and accepted. Thus, the present study has the
main objective to analyze the contribution of Stricto Sensu in administration in the
legitimating of knowledge in environmental sustainability. The theoretical framework is based
on the approach of the sociology of knowledge of Berger and Luckmann (2008) associated
with the theories of bibliometric studies and analysis of social networks. The study design fits
the category of descriptive research that uses the following techniques: the data mining that is
a quantitative and analysis of social networks that is both quantitative and qualitative,
characterizing this study how mixed methods research. The research used two data sources.
The first is from the project Pro-administration with data from theses and dissertations in
graduate programs in business administration in Brazil from 1998 to 2009. The second
constitutes the referential utilized in 47 theses and dissertations defended in environmental
sustainability Stricto Sensu of period from 2007 to 2009. In the period 1998 to 2009 a total of
295 teachers in Stricto Sensu administration made leading in the area of environmental
sustainability. A collaboration of researchers approaches the Lotka's Law, in which the five
most prolific researchers are responsible by 15% of all searches leading, while 208
researchers conducted only one orientation on environmental sustainability. The Higher
Education Institutions training of researchers approaching Bradford's Law, establishing three
important groups of doctors in training graduates who develop leading in the search field. The
core consists of the University of São Paulo USP and the Foundation Getúlio Vargas in São
Paulo FGV / SP responsible for training 35% of the researchers. Analysis of the structure of
collaboration generated from the bonds of participation showed that the social arrangement
formed by participants of doctoral and masters stalls set up a social network type two-mode
consists of 947 actors with 1284 ties of relationship. These actors are divided into three main
social arrangements and the occurrence of some isolated stalls. The analysis of nine theses
and 38 dissertations in environmental sustainability in Stricto Sensu in administration
revealed a total of 4852 citations, 1360 being devoted to this field of research. Based on the
typology of Berger and Luckmann (2008) identified the legitimation of knowledge on
environmental sustainability in the work of the following authors working in Stricto Sensu in
administration: Jose Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado Nascimento, Hans Michael Van
Bellen, Jacques Demajorovic and Ícaro Aronovich da Cunha. The analysis model of the
process of legitimization and institutionalization of knowledge, proposed by this study, and
that incorporates the type of Berger and Luckmann (2008) bibliometrics and social network
analysis proved suitable for the purpose it was intended.
Keywords: Environmental Sustainability. Teaching and Research in Management.
Institutionalization of Knowledge. Social Network Analysis. Data Mining.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Evolução do volume total de teses e dissertações e da sustentabilidade
ambiental de 1998 a 2009......................................................................................................
17
Figura 2 - As influências filosóficas sobre as teorias sociais e individuais de
aprendizagem........................................................................................................................
31
Figura 3 - Ciclo simples e ciclo duplo de aprendizagem...................................................... 34
Figura 4 - Espiral do conhecimento...................................................................................... 37
Figura 5 - Espiral de criação do conhecimento organizacional............................................ 37
Figura 6 - Dinâmica do processo de aprendizagem.............................................................. 45
Figura 7 - Origem da ordem institucional............................................................................. 52
Figura 8 - As principais Leis da Bibliometria........................................................................ 72
Figura 9 - Diagrama da inter-relação entre as quatro técnicas.............................................. 80
Figura 10 - Origem da Análise de Redes Sociais.................................................................. 82
Figura 11 - Mapa de orientação conceitual: modo de gerenciamento e formação de elos.... 90
Figura 12 - Cronologia de redes de colaboração científica................................................... 93
Figura 13 – Interpretação e representação da abordagem de Berger e Luckmann (2008)
associada com o campo científico, com a bibliometria e com a análise de redes sociais......
109
Figura 14 - Relação dos objetivos e respectivas técnicas de pesquisa.................................. 115
Figura 15 - Estratégia de pesquisa explanatória sequencial.................................................. 116
Figura 16 - Encadeamento das etapas desenvolvidas nesta pesquisa.................................. 117
Figura 17 - Passos do processo de KDD............................................................................... 119
Figura 18 - Tela do corpo docente disponibilizado pela Capes............................................. 124
Figura 19 - Fluxo de trabalho dos pesquisadores no levantamento de dados........................ 125
Figura 20 - Relação das IESs em que os orientadores obtiveram o doutorado..................... 142
Figura 21 - Ano de obtenção do doutorado pelo orientador em Stricto Sensu de
administração.........................................................................................................................
146
Figura 22 - Dependência administrativa das IESs................................................................. 150
Figura 23 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por
região geográfica do Brasil de 1998 a 2009..........................................................................
151
Figura 24 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por
estado do Brasil de 1998 a 2009............................................................................................
152
Figura 25 - Distribuição dos trabalhos sobre sustentabilidade ambiental por categorias
do Stricto Sensu de 1998 a 2009...........................................................................................
153
Figura 26 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de
mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009......
155
Figura 27 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de
mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009
que apresentam mais de nove laços de relacionamento.........................................................
156
Figura 28 - Aplicação da Lei de Bradford considerando apenas uma IES na condição no
primeiro núcleo de análise (Zona 1). ....................................................................................
183
Figura 29 – Aplicação da Lei de Bradford considerando duas IESs na condição no
primeiro núcleo de análise (Zona 1)......................................................................................
183
Figura 30 – Aplicação do modelo de análise proposto pelo estudo....................................... 198
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Síntese do referencial teórico.............................................................................. 29
Quadro 2 - Pontos de destaque dos autores abordados no Referencial Teórico................... 42
Quadro 3 - Os quatro processos e três níveis de ocorrência da aprendizagem e sua
renovação nas organizações..................................................................................................
43
Quadro 4 - Leis da Bibliometria............................................................................................ 73
Quadro 5 - Tipologia para definição e classificação da bibliometria, cienciometria,
informetria e webometria......................................................................................................
79
Quadro 6 - Conceitos utilizados na Análise de Redes Sociais – ARS.................................. 86
Quadro 7 - Conceitos dos principais itens da abordagem de Berger e Luckmann e Berger
e Berger..................................................................................................................................
96
Quadro 8 - Relação dos anos em que o CAPES disponibiliza informações, divididos em
triênios...................................................................................................................................
120
Quadro 9 - Relação das Instituições de Ensino Superior pesquisadas.................................. 122
Quadro 10 - Categorias de palavras....................................................................................... 127
Quadro 11 – Relação das 47 teses e dissertações em sustentabilidade ambiental que
compõem a amostra de análise das citações utilizadas nas referências bibliográficas..........
164
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Relação dos pesquisadores mais prolíficos na orientação e a centralidade na
estrutura de colaboração a partir dos laços e participação em bancas examinadoras do
doutorado e do mestrado.......................................................................................................
132
Tabela 2 – Principais professores orientadores e o quantitativo daqueles que tiveram
menor participação nas pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu de
administração de 1998 a 2009...............................................................................................
138
Tabela 3 – Área de formação dos orientadores no Stricto Sensu em administração............. 145
Tabela 4 – Relação das teses e dissertações em sustentabilidade ambiental por
Instituição de Ensino Superior IES de 1998 a 2009..............................................................
148
Tabela 5 – Relação da centralidade dos 25 principais pesquisadores orientadores de
aluno de doutorado ou mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no
período de 1998 a 2009.........................................................................................................
157
Tabela 6 – Medidas de coesão da rede de pesquisadores orientadores em
sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009...........................
162
Tabela 7 – Distribuição das citações de teses e dissertações por categorias......................... 166
Tabela 8 – Autores mais citados em teses e dissertações de sustentabilidade ambiental
distribuídos por IESs em que a pesquisa foi.........................................................................
167
Tabela 9 – Relação dos pesquisadores que citaram Ignacy Sachs........................................ 169
Tabela 10 – Relação dos pesquisadores que citaram José Carlos Barbieri............................ 170
Tabela 11 – Relação dos pesquisadores que citaram João Eduardo Prudêncio Tinoco....... 171
Tabela 12 – Relação dos pesquisadores que citaram Luis Felipe M. do Nascimento.......... 172
Tabela 13 – Relação dos pesquisadores que citaram Hans Michael Van Bellen................... 173
Tabela 14 – Relação dos pesquisadores que citaram Fernando Alves de Almeida............... 174
Tabela 15 – Relação dos pesquisadores que citaram Denis Donaire.................................... 175
Tabela 16 – Relação dos pesquisadores que citaram Elio Takeshi Takeshy Tachizawa...... 176
Tabela 17 – Relação dos pesquisadores que citaram José Célio Silveira Andrade............... 177
Tabela 18 – Relação dos pesquisadores que citaram Tânia Nunes da Silva......................... 177
Tabela 19 – Relação dos pesquisadores que citaram Eugenio Ávila Pedrozo...................... 178
Tabela 20 – Aplicação das leis da bibliometria..................................................................... 180
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ARS - Análise de Redes Sociais ou Análise Sociométrica
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CIS - Centro de Estudos Informétricos
COP - Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática
DDT - Dicloro-Difenil-Tricloroetano
EBA - Economia Baseada na Aprendizagem EBC - Economia Baseada no Conhecimento
IES - Instituição de Ensino Superior
INSNA - International Network for Social Netwok Analisys (Rede Internacional de ARS)
ISI - Institut for Scientific Information (Instituto de Informação Científica)
KDD - Knowledge Discovery in Databases (Descoberta de Conhecimento em base de dados)
SA - Sustentabilidade Ambiental
URL - Uniform Resource Lacators (Localizadores de Recursos Uniformes)
WIF - Web Impact Factor (Fator de Impacto da Webometria)
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13
1.1 Objetivo da pesquisa....................................................................................................... 20
1.2 Objetivos específicos....................................................................................................... 21
1.3 Justificativa e relevância do estudo.................................................................................. 22
1.4 Estrutura do Trabalho....................................................................................................... 26
2 REVISÃO TEÓRICA........................................................................................................ 28
2.1 A caracterização da pesquisa do conhecimento frente às teorias adotadas na
Administração.......................................................................................................................
30
2.2 As dimensões epistemológica e ontológica do conhecimento........................................ 32
2.3 A sociologia do conhecimento......................................................................................... 47
2.4 A interpretação da socialização do conhecimento pela bibliometria e suas técnicas
derivadas................................................................................................................................
66
2.5 O conhecimento no contexto da rede social.................................................................... 81
2.6 A sociologia do conhecimento como base teórica para as pesquisas bibliometricas
e de Análises de Redes Sociais – ARS..................................................................................
94
2.7 Modelo conceitual de análise.......................................................................................... 108
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................... 113
3.1 Delineamento e pressupostos da pesquisa....................................................................... 113
3.2 Abordagem quantitativa dos pesquisadores e IESs......................................................... 118
3.3 Abordagem da Análise das Redes Sociais – ARS........................................................... 130
3.4 Abordagem quantitativa das citações.............................................................................. 133
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.............................................................. 136
4.1 Métricas dos orientadores e das instituições de ensino superior IESs que
desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental.....................................................
136
4.2 Análise de redes expressas sob a forma de estruturas de colaboração geradas a partir
de laços de participação em bancas de defesa de tese e dissertação no Stricto
Sensu......................................................................................................................................
154
4.3 Análise bibliométrica de citações das teses e dissertações na identificação da
legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental..............................................
163
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ANALISADOS........................................................ 179
5.1 Perfil dos professores orientadores e das IESs que desenvolveram pesquisas em
sustentabilidade ambiental....................................................................................................
179
5.2 A rede social de colaboração, e a centralidade dos principais atores.............................. 188
5.3 A legitimação e a institucionalização do conhecimento em sustentabilidade
ambiental...............................................................................................................................
192
6 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 201
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 208
APÊNDICES.......................................................................................................................... 223
Apêndice A – Relação dos 295 professores que realizaram orientação de tese ou
dissertação em sustentabilidade ambiental............................................................................
223
13
1 INTRODUÇÃO
O livro “Primavera Silenciosa” (Silent Spring) de Rachel Carson (1962) se constitui
em um importante marco do processo de consciência ambiental. Após identificar os efeitos
nocivos da utilização do pesticida DDT (sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano), tanto na
destruição de espécies de insetos quanto na sua acumulação nos tecidos gordurosos dos
animais, inclusive do homem, a pesquisadora tenta, sem êxito, publicar suas descobertas em
revistas científicas. Frente a esta dificuldade, resolve então publicar o livro Primavera
Silenciosa, no qual além de expor os perigos do DDT, questiona a adequação de se utilizar
essa tecnologia. A importância deste livro se deve à inserção da sustentabilidade ambiental
como uma temática de atenção da sociedade, que identifica a vulnerabilidade da natureza à
intervenção humana.
Na conferência de Estocolmo, realizada em 1972, inicia-se o processo de discussão da
questão ambiental em escala global e com desdobramentos para seus principais atores:
sociedade, governos e empresas. Deste evento, emerge o entendimento de que os países
necessitam tratar questões como o estabelecimento de legislação voltada à demanda
ambiental, à educação ambiental de seus cidadãos, à incorporação da gestão ambiental nas
estruturas empresariais, além de outras. Autores como Seiffert (2005) e Barbieri (2011)
destacam as três últimas décadas do século XX como um período de intenso debate dos
aspectos ambientais.
Estes eventos produziram importantes avanços para a sociedade como a Agenda 21,
com programas e políticas de preservação do meio ambiente, e o Protocolo de Kyoto, que se
constitui em um tratado internacional com compromissos para a redução da emissão dos gases
que agravam o efeito estufa. A emissão de gases é considerada, de acordo com a maioria das
investigações científicas, como causa do aquecimento global. Esse conjunto de fatores levou
as empresas a incluir a sustentabilidade ambiental nas ações e decisões organizacionais
(SEIFFERT, 2005). Estes eventos se inserem em um conjunto de encontros denominados
Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática – COP, que tem por objetivo reunir
os representantes dos países e da sociedade, de forma organizada, para debater princípios e
metas de um acordo internacional sobre mudanças climáticas.
A inclusão da sustentabilidade ambiental na sociedade demanda a geração de novos
conhecimentos que atendam aos desafios que surgem. Neste contexto, o conhecimento
originado pode ser resultante tanto de uma ação individual quanto de um processo
organizacional e social. O novo conhecimento possibilita ao indivíduo, à organização ou ao
14
grupo social avançar para além do que já é experimentado, de forma a estender ou transformar
o conhecimento socialmente compartilhado. O novo saber gerado seja por meio da
investigação científica, do trabalho artístico, do jornalismo investigativo, da experiência
pessoal, e até mesmo por acidente, possibilita o desenvolvimento do indivíduo, das
organizações e da sociedade em geral (ALLERT, 2004).
No mesmo período surgem as teorias econômicas que apresentam a perspectiva do
conhecimento como principal elemento da chamada sociedade da informação, que se insere
no contexto da Economia Baseada no Conhecimento – EBC, conforme apontado por Dahlman
(2002) e Castells (2007) ou no da Economia Baseada na Aprendizagem – EBA, conforme
apontado por Foray e Ludavall (1996). Sob esta perspectiva, o conhecimento se constituiu no
elemento nuclear da economia, substituindo a terra e a indústria como principal componente
do sistema capitalista.
A produção de conhecimento e a sua distribuição se consubstanciam no esforço de
redução das desigualdades sociais, e como pedra angular no processo de consolidação desta
nova concepção de sociedade, envolta na economia baseada no conhecimento. Neste cenário,
o conhecimento cumpre papel essencial tanto para a acumulação econômica quanto para o
funcionamento do próprio Estado e da sociedade. O processo de mudança social coexiste com
possibilidades e desafios de desenvolvimento que surgem das transformações imateriais que
influenciam tanto na produção material quanto na produção de intangíveis (MACIEL, 2001).
Esta nova realidade econômica se caracteriza pelo desenvolvimento de novas
tecnologias e mudanças contínuas, que alteram a realidade empresarial para uma maior
dependência da educação das sociedades. A capacidade de aprender e os processos de
aprendizagem são apontados como importantes fatores desta nova forma de economia
(LENHARI; QUADROS, 2002). Como apontado por Bengtsson (2002), o cerne da economia
do conhecimento se apoia no volume, na natureza e na direção da produção do conhecimento,
na sua disseminação e no seu uso. O âmago da estrutura desta nova economia se estabelece
nas relações da sociedade, posicionando a sociologia do conhecimento como um importante
referencial teórico para entendimento deste fenômeno.
Assim, dentro do contexto da economia baseada no conhecimento, origina-se a
sustentabilidade ambiental que, em um processo de contínua evolução, abarca as
organizações, o poder público e a sociedade em geral. Dentre os arranjos sociais existentes, as
Universidades ou Instituições de Ensino Superior (IES) se apresentam relevantes para
desenvolverem estudos que analisam a dimensão social (BIDWELL, 2006). A importância
das IESs no processo de desenvolvimento intelectual formal da sociedade se submete a ações
15
de controle de suas funções e atividades por parte dos governos nacionais, inclusive as de
pesquisa formalizada nos programas de pós-graduação Stricto Sensu (MELLO et al., 2010).
Por se tratar de uma pesquisa contextualizada no Stricto Sensu em administração, o
conceito de sustentabilidade ambiental, adotado neste trabalho, se aproxima da abordagem de
gestão ambiental empresarial apresentada por Barbieri (2011). Tal aproximação conceitual
decorre do posicionamento da gestão ambiental empresarial a um conjunto de iniciativas
voltadas ao atendimento de qualquer tipo de problema ambiental. Segundo Barbieri (2011),
no atual contexto, todos os setores da sociedade abarcam a questão ambiental. O autor
posiciona a gestão ambiental em três dimensões: o espaço físico, os temas/variáveis
ambientais e as instituições envolvidas. Para o autor, estas dimensões possuem associação à
dimensão filosófica “que trata da visão de mundo e da relação entre o ser humano e a
natureza” (BARBIERI, 2011, p. 27). Tal cenário estabelece um contexto de questionamentos
e disputas que para serem esclarecidos envolvem o entendimento das relações e interações
entre os seres vivos e destes com o ambiente em que vivem. Souza et al. (2011b) desenvolveu
uma pesquisa que identificou 26 categorias de palavras-chave em estudos do Stricto Sensu em
administração, que se caracterizam como componentes que edificam a sustentabilidade
ambiental. Vale destacar que estas palavras-chave são apresentadas no terceiro capítulo deste
estudo.
A abordagem de sustentabilidade ambiental se insere no conceito de campo de
Bourdieu (2006), que o aborda dentro do contexto de poder e como uma variável central
envolta na luta de interesses. Segundo Bourdieu (1992), o campo se configura a partir de
relações entre posições definidas e determinantes para os ocupantes, agentes ou instituições.
Estas posições envolvem tanto a relação de dominação e subordinação quanto à aquisição de
recursos expressos de diversas formas e normalmente denominado como capital. Nesse
sentido, é necessário considerar o valor que os outros atores atribuem a este capital específico
(capital simbólico). Surge, assim, o conceito de espaço social caracterizado por um intrincado
conjunto de campos disputando a própria representação no mundo social (BOURDIEU,
2006). Na proposição de Bourdieu (2006), o capital simbólico possibilita a alguns atores o
poder simbólico que possui potencial para configurar o habitus do campo. O habitus se
caracteriza como uma estrutura que provê as regras práticas que edificam o arcabouço social e
pauta as ações dos agentes. Nesse sentido, para Bourdieu (2006), cada campo é detentor de
um conjunto de práticas, normas, valores, estilos, gostos e restrições que estabelecem o
habitus que configura as condições sociais.
16
Para Bourdieu (1983), as relações de poder e conflitos decorrentes das ações que os
atores realizam no esforço de se fazer prevalecer a sua visão no campo, também são comuns
aos campos científicos. Para o autor, o raciocínio aplicável ao campo é passível de reprodução
para o campo científico, é “um campo social como outro qualquer, com suas relações de força
e monopólio, suas lutas e estratégias, seus interesses e lucros” (BOURDIEU, 1983, p. 128).
Tal abordagem configura o campo como um corpo de conhecimento em contínua construção,
que se apoia em pesquisas empreendidas para responder os problemas que se estabelecem.
Vale destacar que Walter et al. (2009) posicionam a pesquisa da produção científica como
instrumento do conhecimento que pode ser circunscrito à totalidade dos atores relevantes e à
respectiva rede de relacionamentos estruturada.
A área acadêmica desempenha importante papel no processo de produção e
disseminação de conhecimento nesta conjuntura social que se estabelece. Segundo Saraiva e
Carrieri (2009), uma maior contribuição da área acadêmica pode ser observada pelo
crescimento do número de programas de pós-graduação no Brasil, pelo aumento de
pesquisadores em decorrência do próprio aumento de programas, e pela pressão exercida por
órgãos reguladores e de fomento à pesquisa. O exposto evidencia que o aumento de oferta de
curso de pós-graduação não está desassociado da respectiva qualidade envolvida no processo,
fato este, materializado nos requisitos dos órgãos reguladores e de fomento à pesquisa. Para
Mello et al. (2010), as atividades de pesquisa e ensino, que os programas de pós-graduação
desenvolvem, são interpretadas como uma função legítima e socialmente reconhecida,
sancionadas assim a um forte condicionamento legal e burocrático. Segundo estes autores,
alguns países instituem um corpo especializado para desempenhar as atividades de avaliação
dos programas de pós-graduação. No Brasil esta atividade fica a cargo da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES órgão vinculado ao Ministério da
Educação.
Estudo desenvolvido por Souza et al. (2011b) aponta sensível crescimento no número
de teses e dissertações na área de administração no período de 1998 a 2009. O estudo indica
que as pesquisas em sustentabilidade ambiental apresentaram um discreto aumento de
participação, sendo que nos últimos quatro anos de levantamento apresentam valores
superiores ao da média geral. A Figura 1 apresenta a evolução do volume total de teses e
dissertações, e o desempenho quantitativo e percentual (em relação ao total) da pesquisa em
sustentabilidade ambiental.
17
Figura 1. Evolução do volume total de teses e dissertações e da sustentabilidade ambiental de 1998 a 2009
Fonte: Souza et al. (2011b)
Nota: o eixo das ordenadas esta formatado em escala logarítmica
O curso de pós-graduação Stricto Sensu apresenta-se assim como uma importante
fonte de geração de conhecimento para atender as emergentes demandas das organizações e
da sociedade. O curso de administração, por sua vez, destina-se a preparar os profissionais
que atuaram no desenvolvimento das atividades das organizações, de forma alinhada ao
modelo de gestão adotado. Assim, a organização social que incorpora o modelo de gestão
ambiental, demandará indivíduos capacitados a executarem suas atividades ponderando os
respectivos impactos sobre o ambiente e a sociedade.
Apesar da importância do Stricto Sensu para o ensino e a pesquisa, os processos de
avaliação de pesquisadores e os programas de pós-graduação promovidos pela CAPES
depositam maior ênfase na produção de artigos científicos. Nesse contexto, o professor do
Stricto Sensu necessita de publicações em periódicos para atender a pontuação necessária e
assegurar a sua permanência no programa. Assim, as demais atribuições como desenvolver
atividades de extensão, atuar junto a periódico como editor, atuar como membro de Comitês
Editoriais ou como avaliador, organizar eventos nacionais e internacionais, atuar nos
congressos como avaliador de artigos, colaborar com outras instituições de ensino superior,
assumir cargos administrativos, desenvolver produção técnica e tecnológica, participar de
bancas de dissertação ou tese, realizar a orientação dos alunos, entre outras, ficam relegadas a
1
10
100
1000
10000
Total geral (∑ 13.656)
Dimensão Ambiental e Socioambiental (∑ 529)
Percentagem (média 3,9%)
18
um foco secundário de atenção (NASCIMENTO, 2010). Tal cenário desperta atenção para
estudos que contemplem atividades relevantes aos programas de Stricto Sensu que,
diferentemente da produção de artigos científicos, não possuem impacto relevante na
avaliação do pesquisador. Dentre o rol de responsabilidades associadas à atividade de
professor do Stricto Sensu a orientação dos alunos se estabelece como elemento de interesse
desta pesquisa. Vale destacar, que a defesa da proposição desenvolvida junto a uma Banca
Avaliadora se estabelece como final do processo de orientação. Importante destacar que
Fleury (2003) aponta que grande parte da produção acadêmica se origina das pesquisas
desenvolvidas durante o processo de orientação, de trabalhos de disciplinas de pós-graduação,
ou ainda, de projetos entre professores da mesma instituição. Destarte, pesquisa desenvolvida
por Moretti e Campanário (2009) aponta que muitas relações iniciadas da atividade de
orientação se repetem na geração de produção acadêmica, reforçando, assim, a importância de
análises que se concentrem na relação de orientação dos alunos do Stricto Sensu.
A análise do trabalho de pesquisa desenvolvido entre o orientado e o orientador é
realizada pela Banca Avaliadora. Nesse contexto, a Banca Avaliadora se revela como um
importante componente no processo de qualificação da pesquisa desenvolvida, possuindo,
inclusive, a prerrogativa de desaprovar a pesquisa e não outorgar o título de doutor ou de
mestre.
A composição da Banca de Avaliação proporciona tanto o estabelecimento de novos
contatos quanto a manutenção de relacionamentos existentes. Esta composição em
comunidades científicas pode estabelecer redes de relacionamento passíveis de análise e
identificação de colégios invisíveis e das comunidades de práticas. O estudo desenvolvido por
Molina, Muñoz e Domenech (2002), apoiado na metodologia de Análise de Redes de
Relacionamento (ARS) permitiu identificar que as redes de coautoria se constituem em uma
abordagem que possibilita estudar as comunidades científicas e seus colégios invisíveis. Os
autores destacam ainda que estudos de comunidades científicas e colégios invisíveis devem
ser associados a outros agrupamentos, e citam como exemplos: número de teses orientadas,
participação em congressos, participação em grupos de pesquisa, entre outros.
A divulgação dos trabalhos científicos à comunidade se beneficia de vários tipos de
veículos e que podem ser divididos em dois grupos: literatura branca e literatura cinzenta.
Conforme aponta Población (1992), a origem de diferenciação da literatura em cores está
relacionada a aspectos voltados ao armazenamento e à recuperação. A literatura branca,
constituída de livros e artigos científicos, se apresenta com padrões formais de
armazenamento e recuperação o que viabiliza maior facilidade de localização e obtenção por
19
qualquer indivíduo interessado. A literatura cinzenta, por sua vez, constituída de teses,
dissertações, comunicações em eventos, relatórios técnicos e outros de divulgação restrita, por
não serem publicadas e distribuídas por meio de canais normais do parque editorial,
apresentam maior dificuldade de acesso face às particularidades de armazenamento e
recuperação de cada um destes documentos (CHILLAG, 1985). Población (1992) destaca que
a diferenciação em cores não estabelece nenhum tipo de conotação que vincule imprecisão ou
inconsistência da informação contida no documento. A autora apresenta pesquisas que
revelam que 90% das informações obtidas no desenvolvimento de estudos em ciências sociais
se baseiam na chamada literatura cinzenta. Para Población (1992) tal cenário manifesta a
importância de estudos referentes à produção e a avaliação do uso deste tipo de literatura.
Côrtes (2006) destaca que o emprego das novas tecnologias de informação e, principalmente,
da internet está facilitando o acesso aos mais variados tipos de documentos, caracterizando
assim esta distinção entre literatura branca e cinzenta como de importância menor.
As características de armazenamento e recuperação inerentes aos artigos científicos
(que os posicionam como literatura branca) se estabelecem como fatores que potencializam a
sua utilização para o desenvolvimento de estudos bibliométricos e de análise de redes sociais.
No entanto, este tipo de literatura apresenta limites para o autor se expressar. Pode-se citar,
como exemplos desta limitação, a revista Estudos Avançados (ISSN 0103-4014, USP,
impressa, extrato Qualis A2) que possui o limite de 15 laudas, a revista Gestão & Produção
(ISSN 0104530X, UFSCAR, impressa, estrato Qualis A2) que possui o limite de 22 laudas
com espaçamento de um e meio e a revista de Administração Pública (ISSN 0034-7612, FGV,
impressa, extrato Qualis A2) que possui o limite de 40 laudas com espaçamento duplo. As
referidas revistas apresentam parâmetros comuns para publicações na área de administração.
Assim, a delimitação na quantidade de laudas pode se estabelecer como um fator de limitação
para o pesquisador desenvolver o referencial teórico e, como consequência, restringir a
abrangência desta parte do artigo científico.
As teses e dissertações, ao contrário dos artigos científicos, não possuem limitação na
quantidade de laudas, condição esta que favorece o autor a realizar uma revisão teórica mais
abrangente. Tanto os artigos científicos quanto as teses e dissertações compartilham uma base
comum de levantamento teórico, pautado entre outros documentos pelos artigos científicos,
livros, teses e dissertações. Vale destacar que o rigor e os padrões da pesquisa, imputados
pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sejam para a produção
de artigos científicos, sejam para a elaboração de teses e dissertações, permanece o mesmo.
Sob esse aspecto, as teses e dissertações, apesar da classificação como literatura cinzenta, se
20
apresentam como componentes favoráveis à busca do conhecimento legitimado pelas
pesquisas desenvolvidas na academia, pois não apresentam restrições na quantidade de laudas.
Assim, na contextura de entendimento do conhecimento da sustentabilidade ambiental,
emerge a seguinte questão desta pesquisa: As redes de relacionamento dos pesquisadores
em sustentabilidade ambiental do Stricto Sensu em administração no Brasil colaboram
na edificação da legitimação do conhecimento deste campo científico?
Para atender a esta questão de pesquisa, o estudo estabelece um objetivo principal
apoiado por objetivos específicos, como mostrado nos itens a seguir.
1.1 OBJETIVO DA PESQUISA
O objetivo geral do estudo é analisar a contribuição do Stricto Sensu em
administração na legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as
características principais dos agentes envolvidos.
A busca pelo cumprimento desse objetivo se apoiou inicialmente na coleta de
elementos de um banco de dados que contém informações sobre as teses e dissertações em
Administração defendidas no período de 1998 a 2009, particularmente sobre os trabalhos
defendidos em sustentabilidade ambiental. O banco de dados faz parte do projeto Pró-
administração - Os desafios do ensino de inovação e sustentabilidade no Brasil: avaliação e
proposição de ações para a capacitação docente (CAMPANÁRIO, 2008). O referido projeto é
financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A
construção do banco de dados do Pró-administração resultante do trabalho desenvolvido pelo
grupo de pesquisa, pertencente à primeira fase quantitativa da pesquisa. Vale destacar que este
banco de dados se estabelece como uma importante colaboração para o desenvolvimento de
futuras pesquisas que retrataram, em grande parte, o desempenho do Stricto Sensu em
administração no Brasil.
O banco de dados do Pró-administração disponibiliza informações referentes às bancas
de avaliação de teses e dissertações na qual se assentam as pesquisas deste estudo. A banca de
avaliação de teses e dissertações é um instrumento destinado a verificar a adequação da
pesquisa desenvolvida pelos alunos do Stricto Sensu e, mediante esta adequação, outorgar o
título de doutor ou de mestre. Neste sentido, os membros da banca podem possuir
conhecimento sobre o tema em análise para que possam tanto executar uma correta avaliação
21
quanto possíveis colaborações. O evento da banca de avaliação torna-se, portanto, um local de
discussão de um campo de conhecimento por pesquisadores da área, potencializando assim
possíveis sinergias colaborativas.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) identificar o perfil dos professores orientadores e das IESs que desenvolveram
pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração, por meio
das teses e dissertações apresentadas.
b) identificar a existência de uma rede social de colaboração, e a centralidade dos
principais atores, em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu, originária da
composição dos orientadores e membros convidados das bancas de avaliação de teses e
dissertações.
c) analisar se os membros da rede social definida pelas bancas de avaliação
compartilham uma base comum de conhecimento em sustentabilidade ambiental por
meio de um recorte nas teses e dissertações apresentadas de 2007 a 2009.
Apesar de não se posicionar como objetivo específico, este estudo estabeleceu a
proposição de um modelo teórico para a análise da legitimação do conhecimento segundo a
abordagem de Berger e Luckmann (2008). O modelo proposto incorporou ainda o conceito da
bibliometria e da análise de redes sociais à abordagem da sociologia do conhecimento de
Berger e Luckmann (2008). Apesar da aplicação deste modelo, neste estudo, se destinar ao
entendimento da sustentabilidade ambiental, a sua configuração possibilita a aplicação em
outros campos científicos. O modelo desenvolvido neste estudo se apoiou na tese que as
atividades do Stricto Sensu em administração, por intermédio do processo de orientação, do
conteúdo das teses e dissertações e das redes sociais de colaboração que se formam a partir
das bancas examinadoras, se estabelecem como um componente que possibilita a
identificação do conhecimento legitimado em sustentabilidade ambiental.
Frente aos objetivos propostos por esta investigação se estabelece a hipótese, que a
rede social de pesquisadores do Stricto Sensu em administração contribui para um referencial
comum da sustentabilidade ambiental institucionalizado e legitimado segundo a abordagem
da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008). Este presuposto possibilita,
22
portanto, delinear o núcleo da tese proposta por este estudo e responder a questão de pesquisa
apresentada.
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A sociologia do conhecimento, abordada por Berger e Luckmann (2008), é utilizada
como referencial teórico na interpretação de fenômenos que se desenvolvem na sociedade. A
apresentação inicial desta abordagem ocorreu em 1967 e, desde então, é empregada em vários
estudos. Apesar da ampla utilização da obra destes autores ela apresenta-se modesta na área
de estudos da produção científica. Os estudos que utilizam estes autores se restringem a
apontar pontos da sua obra e não prospectam a abordagem que desenvolveram. Vale destacar
que se observa uma concentração de citações sobre estes autores nas áreas de sociologia e em
estudos religiosos. Esta retrospectiva, de baixa penetração na produção científica, está
associada ao fato dos autores se dedicarem aos processos de legitimação do primeiro nível –
relacionados ao dia a dia das pessoas – e empregar contextos relacionados à área religiosa.
Assim, este estudo emprega este referencial com o propósito de congregar os referidos autores
no campo de pesquisa da produção científica. Imbuído nesta determinação o estudo apresenta
uma seção no referencial teórico que destaca a perspectiva dos autores ambientada para a
ótica do campo da produção científica. Esta iniciativa suplanta o caráter religioso e enfatiza a
legitimação do segundo nível, aplicável ao interesse desta pesquisa.
A utilização da abordagem de Berger e Luckmann (2008) nos estudos da produção
científica se apresenta como uma alternativa ou como uma possibilidade de combinação, aos
autores que tratam tanto da temática de institucionalização quanto da temática da sociologia
do conhecimento. Dentre os autores da teoria institucional se destacam, Zucker (1977), Meyer
e Rowan, (1977); DiMaggio e Powell, (1983, 1991); Scott, (1995, 2001). Estes autores, em
maior ou menor intensidade, abordam a teoria institucional inserida no contexto das
organizações e o ambiente em que se inserem apesar de apresentar uma tendência de maior
atenção aos aspectos voltados à sociologia, conforme aponta DiMaggio e Powell (1991). Na
perspectiva da sociologia do conhecimento destacam-se as contribuições de Merton (1970) e
Bourdieu (1991). Assim, na abordagem de Berger e Luckmann (2008) pode se consubstanciar
a proposta destes autores nos estudos da produção científica ampliando o contexto teórico.
Essa linha de atuação da pesquisa contempla a possibilidade de identificar a existência
de um corpo de conhecimento de sustentabilidade ambiental legitimado. Vale destacar, que a
23
abordagem elaborada por esta pesquisa estabelece uma linha de análise aplicável a qualquer
área de pesquisa do conhecimento, não se restringindo a este estudo em particular.
Os estudos que se baseiam no levantamento de trabalhos científicos, em sua grande
maioria, partem do pressuposto que as redes de pesquisa exercem grande influência no
processo de disseminação da informação, mas não apontam o referencial teórico que justifica
tal afirmação. Vale destacar a afirmação apresentada por Carvalho, Goulart e Amantino-de-
Andrade (2005), que propõe a atividade científica, materializada na produção científica, como
meio de legitimação dos atores no campo científico. Afirmação esta, posteriormente
interpretada por Martins, Csillag e Pereira (2009, p. 3) que adicionaram que a “competência
científica confere a capacidade de se falar e agir de forma legítima por meio da produção
científica, pela qual os autores estão engajados em impor o valor do seu conhecimento e a sua
autoridade como produtores de tal conhecimento”. Os autores empregam esta afirmação no
encadeamento de uma reflexão do campo científico como um constructo social.
Apesar da correção das afirmações dos autores, a abordagem se caracteriza como
extremamente simplista e aberta a equívocos por expressar os efeitos e não as causas
abarcadas no processo de legitimação. Na proposta de Berger e Luckmann (2008) o
conhecimento inicialmente é institucionalizado em um grupo que interpreta as afirmações do
autor como factíveis e plausível, e com a transmissão deste para demais gerações ocorre o
processo de legitimação. Na perspectiva destes autores não é a forma de falar, de agir e da
autoridade do autor que legitima o valor do conhecimento, mas sim a interpretação como
factível e plausível às afirmações resultantes de suas pesquisas por um grupo social. Berger e
Luckmann (2008) expandem esta perspectiva para outros aspectos que envolvem o processo
de institucionalização e legitimação do conhecimento.
Frente às lacunas de argumentação e entendimento dos processos de
institucionalização e legitimação do conhecimento, este estudo apresenta a abordagem de
Berger e Luckmann (2008) como um referencial teórico a ser utilizado na análise de estudos
científicos. A adequação desta perspectiva se materializa ainda na figura do especialista
(pesquisador) como elemento central nos processos de análise da disseminação da informação
e do conhecimento.
Estudos que utilizam metodologias que empregam a bibliometria e a Análise de Redes
Sociais – ARS no estabelecimento do conceito de mapas sociobibliométricos, apontam a
complementaridade destas duas técnicas. Esta abordagem é explicitada e utilizada no estudo
desenvolvido por Mahlck e Persson (2000) que analisou a rede de coautoria em duas
universidades suecas. O presente estudo se diferencia desta abordagem comum aos estudos de
24
ARS ao utilizar a técnica do data mining ao invés da bibliometria. Apesar das técnicas se
basearem em princípios matemáticos comuns, o data mining segundo Grossman et al. (2002),
possibilita identificar padrões, associações, mudanças, anomalias e estruturas estatísticas e
eventos em um conjunto de dados. Apesar desta opção metodológica, os conceitos referentes
aos estudos bibliométricos são objetos de estudo nesta pesquisa, pois na análise de dados
busca-se identificar os pontos adjacentes destas técnicas e a possibilidade de utilizar as Leis
da bibliometria em estudos de data mining. Assim, a utilização do data mining, em
complementaridade com ARS, e a verificação da adequação desta técnica como alternativa
aos estudos bibliométricos se constitui em abordagem diferenciada do conceito de mapas
sociobibliométricos.
A banca de avaliação de teses e dissertações se enquadra no conceito de colégios
invisíveis conforme proposição de Crane (1972). Segundo a autora, os colégios invisíveis se
caracterizam por sua alta produtividade, pelo compartilhamento de prioridades de pesquisa,
por treinar estudantes e por produzir e monitorar o conhecimento em seu campo, condições
estas comuns às bancas de avaliação. Adicionalmente, conforme apontam às pesquisas de
Newman (2001b), a colaboração entre cientistas é potencialmente mais frequente na presença
de um intermediário comum. Segundo o autor, a apresentação de um cientista a outro pode ser
um importante mecanismo no desenvolvimento da comunidade científica. Nesse contexto, as
bancas de avaliação se constituem em importante fator de aproximação de pesquisadores.
Ao constituir como foco de atenção as redes de relacionamento, que se estabelecem no
contexto das bancas de avaliação, este estudo aborda um grupo social pouco discutido nas
pesquisas científicas. Ao estabelecer as bancas de avaliação, como unidade de análise desta
pesquisa, almeja-se despertar maior atenção para este colégio invisível, desencadeando assim
outros estudos sobre esta temática. Vale destacar que esta pesquisa não identificou na
literatura estudos baseados nas relações provenientes das bancas de avaliação, estabelecendo-
se assim uma abordagem diferenciada.
A perspectiva de estabelecer a pesquisa com base nas relações das bancas de avaliação
é singular, no entanto, insere-se no âmbito de estudos voltados para o entendimento de
campos científicos. Estudos estes que empregam a bibliometria e/ou a ARS, na análise de
citações, coautoria, co-citação ou co-ocorrência de palavras, a partir da publicação em
congressos e periódicos científicos. Sob esse aspecto vale destacar os trabalhos de Siqueira
(1988) e Machado-da-Silva, Cunha e Amboni (1990), voltados à análise da produção
científica brasileira na área de organizações, e as abrangentes pesquisas de Bertero, Caldas e
25
Wood Jr. (1998, 1999), Wood Jr. e Paula (2002) e Fleury (2003) na análise do campo de
administração.
Vale destacar ainda, os trabalhos desenvolvidos em áreas de afinidade desta pesquisa.
Na área de organizações os estudos desenvolvidos por Bertero e Keinert (1994), Vergara e
Carvalho (1995), Vergara e Pinto (2000, 2001), Rodrigues e Carrieri (2001), Mac-Allister
(2002), Mariz et al. (2004). Na área de sistemas de informação por Hoppen (1998), Hoppen e
Meireles (2005), Lunardi, Rios e Maçada (2005). Na área de Administração Pública e Gestão
Social por Keinert (2000), Pacheco (2003) e Hocayden-da-Silva, Rossoni, Ferreira Júnior
(2008). Na área de Administração da Ciência e Tecnologia por Rossoni, Ferreira Júnior e
Hocayden-da-Silva (2006). No tema responsabilidade social por Freire et al. (2008) e no tema
responsabilidade social empresarial por Moretti e Campanário (2009). Na área de dimensão
ambiental e sustentabilidade por Rosa e Ensslin (2007); Sgarbi et al. (2008); Gallon et al.
(2008); Jabbour, Santos e Barbieri (2008); Leal, Shibao e Moori (2009); Souza et al. (2011a)
e Souza et al. (2011b).
No campo de sustentabilidade ambiental, no qual este estudo se insere, destaca-se a
pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008) que indica que a produção acadêmica brasileira
em sustentabilidade ambiental empresarial se inicia a partir da década de 1990, em sintonia
com a produção científica internacional. No contexto nacional destacaram-se os pesquisadores
Donaire (1994) e Maimon (1996), enquanto no contexto internacional o destaque foi para
Hunt e Auster (1990) e Porter e Linde (1995). A proximidade de período dos trabalhos nas
esferas nacional e internacional indica a simultaneidade de interesse pela pesquisa na área de
sustentabilidade ambiental. No entanto, no período da pesquisa desenvolvida por Jabbour,
Santos e Barbieri (2008), que vai de 1996 a 2005, observou-se que a produção acadêmica
sobre esse campo de pesquisa foi difusa e modesta. O estudo identificou apenas 41 artigos -
em uma amostra de 1785 - sobre este campo de pesquisa, que resultou em uma participação
de 2,3% em relação ao total. Vale destacar que a pesquisa compreendeu seis revistas
nacionais de prestigio. A pesquisa aponta como principais autores de sustentabilidade
ambiental os pesquisadores: José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento,
Carmem Silva Sanches e José Célio Andrade que reponderam por aproximadamente 32% da
produção acadêmica examinada. Os resultados da pesquisa mostraram a concentração das
pesquisas em apenas cinco instituições de ensino, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo
FGV/SP, Universidade de São Paulo USP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRGS, Universidade Federal da Bahia EFBA e Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC, responsáveis por 60% da produção observada. A pesquisa concluiu que o baixo
26
volume de publicação associada à restrita diversidade de autores são preocupantes por limitar
a massa crítica em sustentabilidade ambiental.
A pesquisa desenvolvida por Souza et al. (2011a) aponta que grande parte dos artigos
em sustentabilidade ambiental se concentram em cinco revistas, a saber: Gestão & Produção
(G&P), Revista de Administração Pública (RAP), Revista Eletrônica de Administração
(REAd), Cadernos EBAPE e a Revista Produção. Outra descoberta importante da pesquisa é
que o estudo em sustentabilidade permeia vários temas de interesse, a saber: Gestão
Ambiental, Gestão de Resíduos, Sistema de Gestão Ambiental, Marketing Verde, Energias
Alternativas, Inovação Ambiental e Cadeia de Suprimentos Verde, Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, Produção Mais Limpa, Recursos Naturais, Ecoturismo,
Sustentabilidade Empresarial, Agricultura e Meio Ambiente, Contabilidade Ambiental e
Conflitos Ambientais, apresentados em ordem decrescente.
Alinha-se assim por meio deste estudo, um contexto em que o entendimento da
sustentabilidade ambiental está em um crescente interesse dos pesquisadores da área, que
buscam identificar a participação do Stricto Sensu em administração neste processo.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta tese se estrutura em seis capítulos, incluindo esta introdução que apresenta à
questão de pesquisa, o objetivo geral e específicos, a hipótese da pesquisa, a justificativa e a
estrutura de pesquisa. Esta introdução foi estruturada de forma a incorporar importantes
conceitos teóricos aplicáveis ao desenvolvimento da pesquisa. Alguns destes conceitos são
resgatados posteriormente na discussão dos dados.
O segundo capítulo contempla os principais conceitos e teorias pertinentes ao
constructo desta tese. Inicialmente ocorre a caracterização da pesquisa do conhecimento
frente às teorias adotadas na Administração, e na sequência apresenta-se a proposta de autores
que discutem as dimensões epistemológica e ontológica do conhecimento estabelecendo
assim um nexo do conhecimento do indivíduo e do conhecimento socializado que é abordado
na obra de Berger e Luckmann (2008).
Neste capítulo a sociologia do conhecimento, proposta por Berger e Luckmann (2008),
é analisada com a finalidade de utilizar os conceitos de institucionalização e legitimação do
conhecimento no campo da produção científica. Na sequência as técnicas de bibliometria e
27
suas derivações e a Análise de Redes Sociais são apresentadas e posteriormente
consubstanciadas a abordagem de Berger e Luckmann (2008).
Este trabalho se abstém de realizar uma contextualização inicial da obra de Berger e
Luckmann (2008) no campo da sociologia do conhecimento e da ciência, face à identificação
de tal esforço por Guarido-Filho (2008). A ampliação de outros autores que tratam do tema ou
o aprofundamento desta contextualização resultaria em modestos avanços. No entanto, na
seção 2.6 desta pesquisa, a abordagem de Berger e Luckmann (2008) é confrontada com
pontos concordantes e discordantes de outros autores da área, estabelecendo assim um quadro
teórico que contextualiza a obra dos autores. Adicionalmente, a seção 2.6 desenvolve
reflexões que inserem os estudos bibliométricos e a ARS como técnicas úteis para identificar
os processos de institucionalização e legitimação do conhecimento.
No final deste capítulo é apresentada uma proposta de modelo conceitual de análise,
composta da abordagem de Berger e Luckmann (2008) adicionada da utilização da
bibliometria e da análise de redes sociais como técnicas que possibilitam identificar o
processo de institucionalização e legitimação do conhecimento.
No capítulo três, os procedimentos metodológicos são explicitados, com detalhamento
das particularidades de cada etapa da pesquisa, incluindo a delimitação do universo, a coleta,
o tratamento e a análise dos dados.
O quarto capítulo se destina a apresentar os resultados da pesquisa. Este capítulo foi
estruturado de forma a apresentar os dados que auxiliam a responder os objetivos
estabelecidos e na mesma sequência de apresentação das técnicas propostas nos
procedimentos metodológicos.
A discussão dos dados, frente ao referencial teórico levantado, ocorre no quinto
capítulo desta tese. E, finalmente, no sexto capítulo são apresentadas as conclusões obtidas
nesta pesquisa.
28
2 REVISÃO TEÓRICA
Este capítulo teórico está subdividido em sete seções que elencam o quadro teórico no
qual a pesquisa se insere. Trata a abordagem de Berger e Luckmann (2008) em profundidade,
a fim de utilizá-la como um “fio condutor” que se inter-relaciona com as demais teorias. Esta
perspectiva possibilita a interpretação de aspectos intrínsecos das teorias segundo, a
abordagem de Berger e Luckmann (2008), estabelecendo uma narrativa de coesão das teorias
apresentadas. As técnicas bibliométrica, cienciométrica, informétrica e webométrica são
apresentadas de forma pragmática, possibilitando ao leitor o entendimento da sua natureza,
bem como o seu potencial de aplicação. A Análise das Redes Sociais – ARS trata tanto das
definições concernentes a esta técnica, quanto de questões como a compatibilidade individual
e a imposição do contexto coletivo sobre o indivíduo, a influência do grupo sobre o indivíduo
e deste para com o grupo. A existência de diversidades é interpretada como um fato normal
aos grupos e que deve ser objeto de interpretação dos estudos que abordam esta temática. O
Quadro 1 apresenta uma síntese das seções constantes no referencial teórico.
29
Seção Abordagem Objetivo envolvido Autores
Caracterização Introdutória Introdução do capítulo Stahl (2003), Allert (2004)
Aprendizagem
organizacional
Apresenta conceitos de
aprendizagem do indivíduo e
das organizações. O
conhecimento como uma
atividade nata do indivíduo é
apresentado.
Introdução da temática no
contexto das organizações
Argyris e Schön (1978,
1996), Argyris (2000),
Nonaka e Takeuchi (1997),
Kolb (1997), Kim (1997) e
Senge (2006) e Abbad e
Borges-Andrade (2004).
Abordagem de
Berger e
Luckmann
Análise da sociologia do
conhecimento na perspectiva
de estudo do campo da
Produção Científica.
Analisar se os membros da rede
social definida pelas bancas de
avaliação compartilham uma
base comum de conhecimento
em sustentabilidade ambiental
por meio de um recorte nas teses
e dissertações apresentadas de
2007 a 2009.
Berger e Luckmann (2008).
Técnicas de
socialização do
conhecimento
O emprego das técnicas de
bibliometria, informetria,
cienciometria e webometria
no auxílio de entendimento
do desenvolvimento de um
campo do saber.
O data mining como técnica
de identificação de padrões
em banco de dados.
Identificar o perfil dos
professores orientadores e das
IESs que desenvolveram
pesquisas em sustentabilidade
ambiental no Stricto Sensu em
administração, por meio das
teses e dissertações
apresentadas.
King (1987), Pao (1989),
McGrath (1989), Glanzel e
Schoepflin (1993), Macias-
Chapula (1998), Wormell
(1998), Vanti (2002), Tsay
e Yang (2005) e Guedes e
Borschiver (2005).
Fayyad et al. (1996), King
(2003).
Análise das
Redes Sociais –
ARS
Compatibilidade individual e
a imposição do contexto
coletivo sobre o indivíduo e
respectiva influência tanto
do grupo sobre o indivíduo
quanto deste para com o
grupo.
Identificar a existência de uma
rede social de colaboração, e a
centralidade dos principais
atores, em sustentabilidade
ambiental no Stricto Sensu,
originária da composição dos
orientadores e membros
convidados das bancas de
avaliação de teses e dissertações.
Wasserman e Faust (1994),
Freeman (1996), Watts
(1999), Scott (2000),
Marcon e Moinet (2000),
Newman (2001a, b, c),
Balestrin (2005),
Hannesman (2008),
Rossoni e Guarido-Filho
(2009) e Marteleto (2010).
Reflexão dos
inter-
relacionamentos
da sociologia do
conhecimento
A sociologia do
conhecimento como suporte
teórico para estudos das
técnicas de socialização do
conhecimento e Análise de
Rede Social.
Analisar se os membros da rede
social definida pelas bancas de
avaliação compartilham uma
base comum de conhecimento
em sustentabilidade ambiental
por meio de um recorte nas teses
e dissertações apresentadas de
2007 a 2009.
Merton (1970), Bourdieu
(1995), Durkheim (1999),
Camic (2001), Guarido-
Filho (2008), Moura (2009)
Modelo
Conceitual de
Análise
Sintetizar os principais
pontos da abordagem de
Berger e Luckmann (2008).
Apresentar o modelo
conceitual que será utilizado
na pesquisa
Berger e Luckmann (2008).
Quadro 1 - Síntese do referencial teórico
Fonte: elaborada pelo autor
Na sequência são apresentadas as seções com o conteúdo teórico desenvolvido para
esta pesquisa.
30
2.1 A CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA DO CONHECIMENTO FRENTE ÀS
TEORIAS ADOTADAS NA ADMINISTRAÇÃO.
O conhecimento como uma atividade nata do indivíduo é apresentado por autores das
diferentes áreas de pesquisa que abarcam este estudo. Nos estudos de administração, autores
como Argyris e Schön (1978, 1996), Argyris (2000), Nonaka e Takeuchi (1997), Kolb (1997),
Kim (1997) e Senge (2006) e Abbad e Borges-Andrade (2004) também partem desta
perspectiva para o desenvolvimento de estudos sobre a aprendizagem nos grupos sociais e
organizações.
O desafio de normalização das diversas teorias, princípios e paradigmas da
aprendizagem e de instrução deve ponderar a contribuição de quaisquer conceitos de
aprendizagem que se apresente. Tal cenário significa que nenhuma teoria de aprendizagem em
particular se constitui em padrão, no entanto, as teorias e modelos de referência devem
permitir a descrição de qualquer processo de aprendizagem ou modelo de instrução
(ALLERT, 2004).
As teorias de aprendizagem comumente se apresentam referenciadas como
cognitivista, construtivista ou behaviorista. Esta classificação por tipologia reflete padrões de
investigação na psicologia voltados ao entendimento e explicação da aprendizagem humana.
Esta taxonomia apresenta dificuldades de aplicação em estudos voltados para os projetos de
aprendizagem que possuem peculiaridades que inviabilizam uma classificação isenta de
equívocos. Allert (2004) argumenta que as teorias de aprendizagem behaviorista, cognitivista
e construtivista disponibilizam um quadro útil para a investigação da aprendizagem humana e
que auxilia no desenvolvimento de teorias e princípios da aprendizagem e instrução. No
entanto, o autor afirma que estas teorias não se prestam diretamente a uma pedagogia
concreta.
Lave e Wenger (1990) destacam que nos estudos voltados à organização, a
investigação se assenta, na maioria das vezes, em um construtivismo social e ou na teoria da
aprendizagem situacional. Na teoria construtivista social a construção do conhecimento
decorre da interação das pessoas com um contexto social, nessa abordagem o conhecimento é
dinâmico, relacional e baseado na ação humana. Para Von Krogh et al. (2000) o conhecimento
está distribuído tanto para os indivíduos quanto para o meio que os envolve, e a aprendizagem
decorre das relações e redes de atividades que se desenvolvem.
A aprendizagem se apresenta dependente de um ambiente propício ao contexto
tecnológico e social, no qual os indivíduos estabelecem relacionamentos, compartilham o
31
conhecimento com os grupos aos quais estão inseridos, desenvolvendo reflexões que
influenciaram tanto o indivíduo quanto o grupo (NONAKA; KONNO, 1998).
Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam o conhecimento nas formas de tácito e explícito
e passíveis de transferência e disponibilização, no nível individual e coletivo, por meio de
processos de externalização, socialização, combinação e internalização.
Esta pesquisa se insere no estudo da produção científica, não objetivando o
levantamento da abordagem do conhecimento em todas as áreas da ciência. No entanto, Stahl
(2003) apresenta de forma gráfica, na Figura 2, o desenvolvimento cronológico do
conhecimento tanto no nível individual quanto social. Apesar da Figura 2 desconsiderar a
contribuição dos filósofos gregos, se constitui em interessante esboço dos fundamentos
epistemológicos e teóricos de modelos de aprendizagem e abordagens pedagógicas. Vale
destacar ainda que os conceitos esboçados na Figura 2 possuem a finalidade de ilustrar a
grande diversidade envolvida no campo da aprendizagem e não a de estabelecer um quadro
totalitário das teorias desenvolvidas. Quando da elaboração da figura, o autor apresentava a
visão educacional como de interesse de análise de dados quantitativos.
Figura 2 - As influências filosóficas sobre as teorias sociais e individuais de aprendizagem
Fonte: Adaptado de Stahl (2003).
A pesquisa sobre a criação do conhecimento em administração se caracteriza por uma
recente mudança epistemológica na qual o interesse sobre a perspectiva do conhecimento
socialmente construído se sobrepõe sobre a perspectiva individual e cognitiva
32
(HEMETSBERGER; REINHARDT, 2006). A perspectiva do conhecimento construído de
forma socializada se insere no contexto das organizações. A necessidade de melhor
compreensão das organizações, e dos fenômenos que potencializam seu desempenho, envolve
o conhecimento produzido e utilizado em seu interior.
A seção seguinte trata das dimensões epistemológica - conhecimento individual, e
ontológica - conhecimento coletivo.
2.2 AS DIMENSÕES EPISTEMOLÓGICA E ONTOLÓGICA DO CONHECIMENTO
Apesar de esta pesquisa ter sua atenção voltada para o conhecimento, ela estabelece
uma introdução teórica que se origina na aprendizagem. Tal opção se justifica em função da
necessidade de se estabelecer a aprendizagem como etapa envolvida no processo de
desenvolvimento do conhecimento. No entanto, a pesquisa não possui a concepção de
identificar o processo de aprendizado envolvido na geração do conhecimento científico.
O quadro teórico da aprendizagem, estabelecido no contexto da administração,
apresenta conceitos que incorporam as esferas do indivíduo, do grupo e da organização. Nesse
quadro teórico, para efeito deste estudo, se destacam as tipologias de autores seminais, como:
Argyris e Schön (1978, 1996), Argyris (1999, 2000), Kolb (1984) Nonaka e Takeuchi (1997),
Kim (1997) e Senge (2006). No contexto nacional se destaca o trabalho de Abbad e Borges-
Andrade (2004). Estas tipologias se configuram como uma parcela do contexto da área, e que,
neste estudo, atuam como base de sustentação, mas que não esgotam as discussões do tema.
Os parágrafos subsequentes destinam-se a um sucinto relato teórico sobre os principais pontos
dos estudos destes autores em suas abordagens sobre aprendizagem.
A Teoria da Ação proposta por Argyris e Schön (1978, 1996) e Argyris (2000) se
constitui em um dos estudos seminais de aprendizagem organizacional. A perspectiva dos
autores é que o indivíduo apresenta de forma intrínseca uma espécie de “programa” que atua
como guia de ação em diferentes situações. Nesta perspectiva, o indivíduo não tem a
necessidade de constantemente reaprender suas atividades diárias. Os autores ponderam a
necessidade de o indivíduo enlaçar a aprendizagem do grupo social com o pensamento e a
ação de seus participantes. Esta tipologia pressupõe que o fenômeno da transposição da
aprendizagem do nível individual para o grupo social possui intima conexão, pois um não
acontece sem o outro.
33
A abordagem propõe também a existência de duas formas básicas de se aprender. A
primeira ocorre quando um erro é detectado e corrigido sem o questionamento ou alteração
dos valores subjacentes ao sistema, ou seja, as teorias em uso. Nessas condições, tem-se a
aprendizagem de ciclo simples que “ocorre quando acertos são criados, ou quando erros são
corrigidos mudando somente a ação” (ARGYRIS, 1999, p. 68). Portanto, existe um único laço
de feedback, que surge como consequência do questionamento ao não atendimento das
expectativas vigentes. Apesar da alteração das estratégias da ação, o conjunto de normas e
valores do indivíduo e do grupo social permanecem inalterados (ARGYRIS; SCHÖN, 1996).
Já a aprendizagem de ciclo duplo envolve a mudança dos valores da teoria em uso,
bem como das respectivas estratégias e pressupostos. Na aprendizagem de ciclo duplo há dois
laços de feedback que conectam os efeitos observados da ação com as estratégias e valores
subjacentes a essa ação. É passível de observação do laço duplo de aprendizagem tanto no
nível individual, quando o questionamento provoca mudança nos valores das teorias em uso
nos indivíduos, quanto no nível do grupo social, quando os questionamentos sobre os
interesses envolvidos levam à mudança nas teorias em uso do grupo social em sua totalidade
(ARGYRIS; SCHÖN, 1996). Segundo Argyris (2000), a aprendizagem de ciclo duplo
acontece quando os erros detectados, ou aprendizado originado, são corrigidos a luz do exame
e da alteração das variáveis governantes e, somente depois dessa análise, muda-se, então, a
ação.
A aprendizagem de ciclo simples se mostra apropriada para a rotina e para os aspectos
repetitivos, pois está fortemente pautada na execução das atividades diárias. Esse tipo de
aprendizagem é sustentada pelas rotinas individuais e dos grupos sociais. A aprendizagem de
ciclo duplo se apresenta relevante nos aspectos complexos e não programáveis, pois busca
mudanças mais profundas ao questionar os princípios vigentes. Para que essa aprendizagem
aconteça é necessário que o indivíduo se desprenda do raciocínio defensivo, pois ele pode
bloquear o aprendizado, isto mesmo em indivíduos comprometidos com o grupo social.
Argyris e Schön (1996) desenvolvem a noção de aprendizagem como um processo
fundamentalmente social quando abordam a aprendizagem organizacional e, ainda, ao
relacionarem a aprendizagem ao contexto da cultura da organização. As alterações estruturais
da organização, associadas à implantação de novas práticas, não resultam apenas das
habilidades e do conhecimento dos funcionários (indivíduo), mas também das melhorias e
inovações na organização (grupo social). Nesse contexto, o conceito de aprendizagem de
circuito duplo conceitua a relação entrelaçada de aprendizagem individual e organizacional
(grupo social).
34
Desenvolve-se uma adaptação mútua do indivíduo e do grupo social. As atividades
sucessivamente desenvolvidas pelo indivíduo abrem espaço para alterações na cultura social.
Nesse contexto, a aprendizagem individual ocorre de forma mais rápida que a mudança da
cultura geral que a incorpora. No entanto, estudos recentes mostram que mesmo mudanças
mais substanciais são absorvidas em menor espaço de tempo por culturas acostumadas ao
dinâmico processo de atualização do conhecimento. A agilidade no processo de aprendizagem
do grupo social requer processo permanente de aprendizagem e evolui mais lentamente do
que a individual (OERTER, 1994). Assim, o conceito de ciclo duplo de aprendizagem
possibilita de forma mediada a reflexão individual e coletiva, por meio da dinâmica das inter-
relações, a aprendizagem decorre da própria produção individual, ou de sua reprodução pelo
grupo.
A Figura 3 mostra a tipologia de ciclo único e ciclo duplo de aprendizagem proposto
por Argyris e Schön (1978).
Figura 3 - Ciclo simples e ciclo duplo de aprendizagem
Fonte: elaborado a partir de dados coletados de Argyris e Schön (1978)
Prosseguindo com as abordagens de autores, Kolb (1984) apresenta a teoria da
aprendizagem experimental, que define a aprendizagem como um processo pelo qual o
conhecimento é criado por intermédio da transformação da experiência. A tipologia
desenvolvida por Kolb (1997) se apoia em duas dimensões fundamentais e determinantes do
processo de aprendizagem: a que vai da experiência concreta para a conceituação abstrata e a
que tem a experimentação ativa de um lado e a observação de outro. Estas dimensões estão
sancionadas à existência de quatro tipos de habilidades no indivíduo: habilidades de
experiência concreta - atendendo a complexidade afetiva; habilidades de observação reflexiva
- relacionada à complexidade perceptual; habilidades de conceituação abstrata - na
complexidade simbólica; e habilidades de experimentação ativa - compreendida na
complexidade comportamental.
Valores
fundamentais
Ações Enganos ou
Erros
Ciclo Simples de Aprendizagem
Ciclo Duplo de Aprendizagem
35
Segundo o autor, o processo de aprendizagem se desenvolve em três fases: aquisição,
especialização e integração. A aquisição, que vai da infância à adolescência é a fase do
desenvolvimento das habilidades e estruturas cognitivas básicas. Na fase da especialização há
o alcance do senso de individualidade, da competência adaptativa e da autoestima baseada em
reconhecimento e recompensa. Na fase da integração tem-se o conflito entre a individualidade
da especialização e a coletividade atingindo-se, assim, a maior maturação no processo de
aprendizagem. Destarte, a influência do nível individual da aprendizagem sobre o nível
organizacional (grupo social) decorre da impossibilidade de se criar conhecimento sem os
indivíduos e a interação entre eles. A aprendizagem individual se contextualiza como mola
propulsora no processo que possibilita que a organização (grupo social) aprenda e se
modifique. Essa abordagem enfatiza o papel central da experiência na aprendizagem
individual. A aprendizagem pode ser compreendida como “o processo pelo qual o
conhecimento é criado através da transformação da experiência” (KOLB, 1984, p.38). O
pressuposto teórico é de que as ideias não são elementos imutáveis do pensamento, ao
contrário, elas são formadas e reformuladas pela experiência.
Para Kolb (1984) os resultados da aprendizagem procedem de registros históricos de
interpretações dos acontecimentos passados e, portanto, não representam o conhecimento do
futuro. A experiência vivenciada pelos aprendizes possibilita que o conhecimento apreendido
seja continuamente testado. Nesse contexto, o conhecimento é mediado pela interação entre a
expectativa do resultado e a própria experiência em si. Portanto, se a nova experiência do
indivíduo não transgredir a expectativa de resultado, ela não se torna valiosa para a
aprendizagem, pois não há nada de novo a ser aprendido, ou seja, mantém-se o status quo do
indivíduo. Sob este aspecto, a aprendizagem é entendida como um contínuo processo de
reaprendizagem, pois para considerarmos que ocorreu aprendizagem, os aprendizes estarão
sempre reconstruindo e trazendo novos significados às experiências que vivenciam.
A aprendizagem é tipificada como um processo ativo de interação que envolve tanto o
indivíduo quanto o ambiente e pode ocorrer a todo instante da sua vida, pois está presente em
todos os momentos da experiência humana. O conhecimento, por sua vez, é o resultado das
transações entre essas experiências subjetivas e objetivas, o que o leva a propor que a
“aprendizagem é o processo de criação do conhecimento” (KOLB, 1984, p.36).
Na trajetória de abordagem das tipologias de aprendizagem destaca-se a tipologia de
Nonaka e Takeuchi (1997) que fundamentaram o processo de criação do conhecimento
organizacional (grupo social) em duas dimensões – epistemológica e ontológica – que se
articulam pelo processo de conversão do conhecimento e pelas condições capacitadoras. Essas
36
dimensões envolvem o conhecimento tácito, apoiado na estrutura cognitiva do indivíduo que
se expande através da interação social. Tal abordagem traduz o aprender como uma
experiência única e individual, em que a aprendizagem ocorre na recriação do ser e do mundo
que o cerca, por meio do processo de conversão do conhecimento.
A tipologia apresentada pelos autores tem em seu cerne a distinção entre o
conhecimento tácito e o explícito. O processo de conversão do conhecimento envolve a
interação do conhecimento tácito e do conhecimento explícito, gerando quatro diferentes
processos. Socialização - tácito em tácito - é definida como a transferência do conhecimento
obtido de forma tácita nesta concepção, ou seja, sem a explicitação do mesmo. A
Externalização - tácito em explícito - é a transformação do conhecimento obtido de forma
tácita em conhecimento explícito, cuja conversão tem como base o diálogo ou a reflexão
contínua. Na dificuldade de se expressar o conhecimento obtido utiliza-se normalmente o
recurso da metáfora e/ou analogia. Combinação - explícito em explícito - envolve a junção de
conjuntos diferentes de conhecimento explícito utilizando-se de métodos analíticos, tais
como: documentos, reuniões, bancos de dados e redes de computadores. A combinação de
conhecimentos destaca-se quando da utilização de grandes bancos de dados do computador. A
disponibilidade de dados sobre o que se está analisando possibilita estabelecer relações que
revelam oportunidades de interação. A Internalização - explícito em tácito - constitui-se na
incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito. A internalização tem
importante papel no processo de socializar na organização (grupo social) o conhecimento
tácito adquirido. Neste sentido, o conhecimento tácito é convertido em conhecimento
explícito e será disseminado pela organização (grupo social) por meio de documentos,
manuais ou relatos orais, possibilitando que todos os indivíduos envolvidos internalizem o
conhecimento, que retorna à sua forma tácita.
A Figura 4 mostra a composição do processo de conversão do conhecimento pelas
diferentes interações do conhecimento tácito e explícito, em que ao mesmo tempo em que os
modos de conversão de conhecimento são vivenciados pelo indivíduo, se constituem em
mecanismos de articulação do conhecimento na organização (grupo social) segundo a
abordagem de Nonaka e Takeuchi, (1997). O conhecimento é caracterizado como um
processo dinâmico e eminentemente social.
37
Figura 4 - Espiral do conhecimento
Fonte: Nonaka e Takeuchi, (1997, p. 80).
As condições organizacionais capacitadoras – intenção, flutuação ou caos, autonomia,
redundância e variedade de requisitos – permitem que os quatro modos de conversão sejam
transformados em uma espiral do conhecimento. Esse processo ocorre em cinco fases –
compartilhamento do conhecimento tácito, criação de conceitos, justificação de conceitos,
construção de um arquétipo e difusão interativa do conhecimento, gerando uma segunda
espiral, que, combinada à primeira potencializa o processo de inovação nas organizações,
conforme mostra a Figura 5.
Figura 5 - Espiral de criação do conhecimento organizacional.
Fonte: Nonaka e Takeuchi, (1997, p. 82).
Nível do conhecimento
Diálogo
Aprender fazendo
Combinação Internalização
Socialização Externalização
Construção
do campo
Associação do
conhecimento
explicito
Combinação
Externalização
Internalização
Socialização
Conhecimento
tácito
Conhecimento
explícito
Dimensão
ontológica Individual Grupo Organização Interorganização
Dimensão
epistemológica
38
Os autores apontam que as organizações mobilizam o conhecimento tácito criado e
acumulado no nível individual de forma a constituir o conhecimento organizacional. Esta
proposição denota a necessidade de agentes que facilitem a mobilização do conhecimento
entre os indivíduos. A organização como agente possui recursos e ferramentas para
desenvolver este processo, condição esta que pode ser assumida por diferentes agentes da
sociedade, tais como: universidades, centro de pesquisas, instituições de classes, etc. Estes
agentes, com igual ou menor planejamento e disponibilidade de ferramentas, também exercem
o papel de facilitadores de mobilização do conhecimento.
A criação do conhecimento, conforme entendida pela tipologia de Nonaka e Takeuchi
(1997), supõe um processo de aprendizagem individual em que o aprendizado seja resultado
de reflexão, de criatividade e do questionamento. Para os autores, o conhecimento
organizacional (grupo social) deve ser entendido como uma iniciativa do indivíduo e da
interação deste com o grupo. O novo conhecimento originado será utilizado em outras partes
da organização, a partir do seu compartilhamento. Este processo se repetirá tantas vezes
quantas forem necessárias, estabelecendo assim um ciclo contínuo que sustenta o
desenvolvimento organizacional (grupo social).
Em consonância aos autores anteriormente citados, Kim (1997) também sugere que as
organizações aprendem por intermédio de seus indivíduos. Para o autor, compreender o
processo da aprendizagem individual é fundamental para entender a aprendizagem no nível
organizacional (grupo social). O autor desenvolve a perspectiva de conjugação entre a
aprendizagem individual e a organizacional por intermédio de um modelo integrado,
identificado como OADI-SMM (termo em inglês para: observa, acessa, desenha, implementa
– modelos mentais compartilhados). Nesta perspectiva, o enlace entre a aprendizagem
individual e a organizacional decorre dos modelos mentais individuais e compartilhados. Para
o autor, isso acontece porque o pensamento elaborado nesses mapas mentais repercute no
modo como as pessoas e as organizações definem suas ações e estratégias em relação ao
contexto em que estão inseridas.
Para entender o processo existente entre aprendizagem individual e organizacional, o
autor destaca o papel da aprendizagem individual e da memória, especificando os mecanismos
de transferência entre aprendizagem individual e organizacional. A transferência se estabelece
como elemento central da aprendizagem social, pois é a partir deste evento que a
aprendizagem individual inicia o processo de incorporação na memória e nas estruturas
sociais.
39
Segundo a proposta do modelo OADI - observa-acessa-desenha-implementa - as
pessoas acessam suas experiências, consciente ou inconscientemente, pela reflexão de suas
observações. A partir destas observações, as pessoas estão capacitadas a construírem
conceitos abstratos com potencial para responder às avaliações executadas na etapa anterior e
adicionalmente buscam validar esses conceitos por meio da implantação no mundo concreto.
Sob este aspecto a implantação possibilita vivenciar novas experiências concretas que, por sua
vez, potencializa o início de um novo ciclo, e assim sucessivamente de forma continuada.
O autor explicita como o ciclo do modelo OADI auxilia na compreensão da
aprendizagem, e posiciona a memória com a função de enlaçamento da aprendizagem
individual com a organizacional. Dessa forma, a aprendizagem se relaciona com a aquisição,
enquanto a memória se relaciona com a retenção do que é adquirido pelo indivíduo e pelas
organizações. No entanto, o autor destaca a dificuldade de separação dos conceitos, em face
da grande inter-relação entre os mesmos.
Como elemento colaborativo, para interpretar os processos inter-relacionados de
aprendizagem e memorização, torna-se interessante consubstanciar as abordagens de Kim
(1997) com o conceito de modelos mentais de Senge (2006). Segundo este autor, o conceito
de modelos mentais se baseia em imagens internas, profundamente armazenadas, que as
pessoas possuem sobre como o mundo funciona. As imagens internas influenciam as ações do
indivíduo, pois estão relacionadas à forma pelo qual ele interpreta o mundo. Sob este aspecto,
os modelos mentais proveem o contexto a ser utilizado na interpretação da informação
existente, determinando a relevância, ou não, da informação para o indivíduo. Ao mesmo
tempo em que auxilia na interpretação do mundo que os indivíduos percebem, atua como
elemento de restrição à compreensão para fatos novos, a fim de que estes façam sentido
dentro dos modelos mentais que eles possuem. Vale destacar que os modelos mentais
possuem uma grande amplitude, desde generalizações simples até teorias complexas, se
constituídos em ativos que moldam a forma do indivíduo agir.
Segundo Kim (1997), o indivíduo interpreta os fatos como verdadeiros até que sejam
indagados, confrontados, questionados ou até que eles não estejam mais adequados aos
resultados esperados, em conformidade com os modelos mentais existentes. Nessas
condições, o enlaçamento entre a aprendizagem individual e a organizacional, na teoria
OADI, acontece por compartilhamento dos modelos mentais. Portanto, são os modelos
mentais compartilhados que tornam o resto da memória organizacional útil, pois: “sem esses
modelos mentais, que incluem todas as interconexões sutis entre os vários membros, uma
organização será incapacitada tanto no aprendizado quanto na ação” (KIM, 1997, p. 45). A
40
explicitação e o compartilhamento dos modelos mentais pelo grupo aumentam a respectiva
base de significado compartilhado dentro da organização. Kim (1997) vê a aprendizagem
organizacional em dois passos simultâneos: a operacionalização efetiva da ação permitindo
que se aprenda o “como”, enquanto a reflexão sobre isso possibilite o “por que”, pela
observação e formação dos conceitos. Em sua proposta de modelo integrado de aprendizagem
organizacional, os modelos mentais dos indivíduos são como codificações das mudanças
vivenciadas ao longo do tempo, e a aprendizagem individual (AI) ocorrida afeta a
Aprendizagem Organizacional (AO), influenciando os modelos mentais compartilhados.
Analisando outra tipologia, temos a proposta de Abbad e Borges-Andrade (2004) na
qual o conceito de aprendizagem “é um processo psicológico essencial para a sobrevivência
dos seres humanos no decorrer de todo o seu desenvolvimento” (ABBAD; BORGES-
ANDRADE, 2004, p. 237). Na construção desta tipologia, os autores analisam as
contribuições anteriores e ratificam que apesar de identificarem que a aprendizagem ocorre no
comportamento do indivíduo, ela está condicionada à interação deste com um contexto.
Segundo os autores, o contexto exerce uma forte influência no aprendizado, pois mesmo as
atividades mais simples e repetitivas estão inseridas em ambientes complexos.
Os autores descrevem o processo de aprendizagem como caracterizado pela aquisição,
retenção, generalização e transferência de conhecimento. Os processos mentais desenvolvidos
pelo indivíduo, no contexto em que se insere, possibilitam a aquisição de conhecimentos,
habilidades e atitudes – CHA que, por sua vez, o auxiliam a superar suas deficiências de
desempenho no trabalho.
No modelo dos autores citados, o processo de transferência do conhecimento, que é a
possibilidade de aplicação dos CHAs adquiridos pelos indivíduos, possui variação de sentido:
lateral e vertical e de direção: positiva e negativa.
A transferência de conhecimento com variação de sentido apresenta inicialmente a
transferência lateral que acontece quando o conhecimento adquirido e retido é generalizado
para ações da mesma complexidade. Caracteriza-se, assim, como um processo de
aprendizagem mais simples e que possibilita aprendizagens mais complexas. Nesta condição,
o indivíduo pode executar atividades ainda não aprendidas, mas passíveis de execução por
associação a atividades que sabe executar. Por sua vez, a aprendizagem vertical se caracteriza
por possibilitar ao indivíduo, a partir de capacidades mais simples, adquirir capacidades mais
complexas. Dessa forma, o indivíduo pode, ao longo do tempo, desenvolver-se com a
aplicação do conhecimento existente.
41
Quanto à direção de transferência de conhecimento ela pode ser positiva, quando o
aprendizado facilita o desempenho do indivíduo na atividade de transferência e negativa,
quando dificulta seu desempenho. Exemplificando esta abordagem, a aprendizagem de uma
linguagem de programação pode facilitar a aprendizagem de outras linguagens (transferência
positiva), no entanto pode implicar em maior dificuldade de aprendizagem de outras
linguagens (transferência negativa).
A transferência de conhecimento é ampliada pelos autores com a inclusão dos
conceitos de generalização e de manutenção ou retenção dos conhecimentos aprendidos no
longo prazo. A generalização está relacionada ao grau de aplicação dos CHAs em situações
diferentes àquelas em que ocorreu a aquisição. Enquanto isso, a manutenção ou retenção se
caracteriza como intervalo de tempo em que os CHAs continuam a ser utilizadas no trabalho.
Segundo Abbad e Borges-Andrade (2004), para o êxito desse processo, ou seja, para o
desempenho competente do indivíduo, é necessária a interação de três elementos: o “poder
fazer” (condições do meio em que se esta inserido), “o saber fazer/saber ser” (CHAs) e o
“querer fazer” (motivações, aspirações, metas). O desenvolvimento do segundo está
diretamente relacionado ao primeiro e ao terceiro. O “poder fazer” está situado nos contextos
organizacionais que apoiam a aquisição, a retenção e a transferência no processo de
aprendizagem, propiciando um ambiente favorável a esse fenômeno. O “querer fazer”
relaciona-se diretamente com as características individuais que compõem seu grau de
motivação, de auto-eficácia, de comprometimento afetivo com a organização e de seu
reconhecimento sobre o locus de controle do processo: se é externo, fora do seu controle
pessoal, ou interno, sob seu próprio controle.
O resgate teórico realizado demonstrou a existência de vários autores pesquisando o
processo de aprendizagem do indivíduo dentro do contexto da organização (grupo social) e a
posterior disseminação deste. Frente à diversidade de autores estudados o Quadro 2 apresenta
uma síntese de suas respectivas abordagens.
42
Autor Teoria apresentada e principais tópicos
Argyris
e Schön
(1978;
1996;
1999;
2000)
Aprendizagem de ciclo simples: Não implica mudanças paradigmáticas de valores, crenças e
pressupostos dos agentes. Apropriada para a rotina e para os aspectos repetitivos, pois está pautada
na execução das atividades diárias.
Aprendizagem de ciclo duplo: Há mudança de forma paradigmática dos modelos mentais, valores,
crenças, pressupostos fundamentais e estratégias de ação. A aprendizagem de ciclo duplo se
apresenta relevante nos aspectos complexos e não programáveis.
Kolb
(1984;
1997)
Aprendizagem como processo ativo pelo qual o conhecimento é criado por intermédio da
transformação da experiência que envolve a interação do indivíduo com o ambiente. O
conhecimento é mediado pela interação entre a expectativa do resultado e a própria experiência em
si. Aborda duas dimensões do processo de aprendizagem: da experiência concreta à conceituação
abstrata e da experimentação ativa à observação.
O processo de aprendizagem ocorre em três estágios: aquisição, especialização e integração.
Nonaka
e
Takeuchi
(1997)
Interação entre conhecimento tácito e conhecimento explícito em quatro processos: socialização,
externalização, combinação e internalização.
O aprendizado individual como resultado de reflexão, de criatividade e de questionamento. O
indivíduo é a fonte de criação do conhecimento tácito, gerado a partir da sua interação com o
ambiente no processo de solução dos problemas.
Kim
(1997)
Destaca o papel da aprendizagem individual e da memória nos mecanismos de transferência entre o
indivíduo e o grupo social. O indivíduo aprende, consciente ou inconscientemente, pela reflexão de
suas observações. O modelo OADI de aprendizagem é descrito por quatro processos: observar-
acessar-desenhar-implementar. A aprendizagem acontece quando há indagação, confrontação dos
fatos com os modelos mentais existentes.
A memória desempenha o papel de enlaçamento da aprendizagem individual com a organizacional.
Senge
(2006)
Propõe o conceito de modelos mentais que se baseia em imagens internas, profundamente
armazenadas, que as pessoas possuem sobre como o mundo funciona. Os modelos mentais
auxiliam tanto a dar sentido ao mundo que os indivíduos percebem, quanto para restringir a
compreensão dos indivíduos para fatos novos.
Abbad e
Borges-
Andrade (2004)
O processo de aprendizagem é caracterizado pela aquisição, manutenção, transferência e
generalização de conhecimento, de forma associada às habilidades e as atitudes pelo indivíduo no
processo de superação de suas deficiências de desempenho no trabalho.
O modelo de processamento de informações apresenta o aprendiz em seu ambiente, que fornece
estímulos absorvidos pelo indivíduo que utiliza seus mecanismos sensoriais, suas memórias de
curto e longo prazo para gerar uma resposta ao ambiente. Apresentam as taxionomias de Bloom:
aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora, e de Gagné: habilidade motora, habilidade
intelectuais, habilidade de informação verbal, estratégia cognitiva e atitudes.
Quadro 2 - Pontos de destaque dos autores abordados no Referencial Teórico
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
De certo, o resgate teórico não contemplou todos os autores atuantes nesta temática,
mas constitui um conjunto teórico, que possibilita o desenvolvimento de um cenário que
suporta o interesse em desenvolver pesquisas na área da produção científica, voltadas para o
entendimento tanto do processo socialização quanto o de disseminação do conhecimento.
Nesta tese, o entendimento da socialização do conhecimento é destinado ao contexto
da produção científica e não ao organizacional. No entanto, como as organizações se
configuram como grupos sociais formais é possível a sua aplicação em estudos futuros desta
área do conhecimento. Adicionalmente, vale destacar que o universo de estudo envolve a
produção científica voltada à sustentabilidade ambiental, que por sua vez também é
contemplada em pesquisas que abarcam a temática organizacional.
43
Os autores abordados no processo de aprendizagem individual Argyris e Schön (1978,
1996), Argyris (1999; 2000), Kolb (1984; 1997) Nonaka e Takeuchi (1997), Kim (1997),
Senge (2006) e Abbad e Borges-Andrade (2004) apresentam a perspectiva do conhecimento
nas dimensões epistemológica e ontológica. Contexto este que abarca o compartilhamento do
conhecimento pelo grupo social. No entanto, neste estudo a sociologia do conhecimento se
estabelece como base do referencial teórico que sustenta a discussão dos resultados.
Apesar dos autores voltados ao estudo da construção da aprendizagem organizacional
não apresentarem consenso sobre como o processo se desenvolve, eles posicionam a
possibilidade da institucionalização do conhecimento somente dentro do nível organizacional.
Apesar de os autores abordados na aprendizagem individual, e destacados no parágrafo
anterior, se incluírem neste rol, o quadro teórico apresentado por Crossan et al. (1999) se
constitui em um dos referenciais desta proposta. Para Crossan et al. (1999) a aprendizagem
ocorre nos três níveis: individual, grupal e organizacional, por intermédio de (sub) processos
intitulados: Intuição, Interpretação, Integração e Institucionalização, que compõem o processo
de aprendizado denominado, os 4I´s do processo de aprendizagem organizacional. No nível
individual ocorre à intuição e a interpretação, no nível grupal ocorre à interpretação e a
integração e no nível organizacional ocorre à integração e a institucionalização. O Quadro 3
mostra os quatro processos e os três níveis de ocorrência da aprendizagem e sua renovação
nas organizações.
Nível Processo Inputs/Resultados
Experiências
Individual Intuição Imagens
Metáforas
Linguagem
Interpretação Mapa cognitivo
Grupos Conversa/diálogo
Entendimento compartilhado
Integração Ajuste mútuo
Sistemas interativos
Rotinas
Organização Institucionalização Sistemas de diagnostico
Regras e procedimentos
Quadro 3 - Os quatro processos e três níveis de ocorrência da aprendizagem e sua renovação nas organizações.
Fonte: elaborado a partir de dados coletados de Crossan et al., 1999.
Os autores apresentam as seguintes características para os processos. A Intuição ocorre
apenas no nível individual como resultado de experiências e imagens retidas na memória do
indivíduo. A expertise de uma pessoa pode ser considerada como a capacidade de
inconscientemente identificar padrões que, no passado, lhe permitiram entender e agir perante
44
uma determinada situação. Nas organizações, além da intuição do indivíduo em elaborar um
novo saber, é necessária a intuição de um empreendedor que desenvolverá a capacidade da
instituição em tirar proveito comercial da intuição inicial.
A Interpretação, por sua vez, consiste no esforço de explicar uma ideia, a outros ou a
si mesmo, por meio de palavras e/ou ações. Neste processo, os indivíduos desenvolvem
mapas cognitivos sobre os diversos domínios em que operam. A interpretação pode ocorrer no
nível individual (contar a história a si mesmo) ou no nível grupal no qual o resultado (diálogo)
fica potencializado ao envolver mais indivíduos.
A essência do processo de Integração é a expansão do saber para um contexto de
compartilhamento coerente pelos membros do grupo. O desenvolvimento de um saber
compartilhado inclui a tomada de ações conjuntas por meio de mútuas concessões resultando
na construção de uma ação coletiva e coerente. A linguagem desenvolvida por meio das
conversas e diálogos (contexto) das comunidades de prática, bem como as narrativas, consiste
em ferramentas auxiliares ao processo de integração.
A Institucionalização, segundo os autores, ocorre apenas no nível organizacional por
meio da formalização do saber. Como as organizações são mais do que simplesmente uma
coleção de indivíduos, a aprendizagem que ocorre na organização é maior que o simples
somatório da aprendizagem de seus membros. A organização possui a intenção de se capacitar
a ter continuidade satisfatória de suas atividades mesmo com a perda de um de seus
elementos. Dessa forma, as organizações necessitam serem capazes de incorporar a
aprendizagem efetuada nos seus sistemas, estruturas, estratégias, rotinas, etc. A aprendizagem
institucional não consegue acompanhar a velocidade da que ocorre no indivíduo e no grupo.
Os autores pontuam o aprendizado como um processo dinâmico ao longo do tempo.
Entre os diferentes níveis – individual, grupal e organizacional – originam ainda tensões entre
o novo conhecimento obtido (feed-forward) e o conhecimento já consagrado em outros
processos de aprendizagem (feed-back). Pelo processo de feed-forward as novas ideias e
ações seguem do indivíduo para o grupo ou organização, enquanto no processo de feed-back o
aprendizado da organização ou do grupo vai em direção ao indivíduo. A Figura 6 mostra a
dinâmica do processo de aprendizagem.
45
Figura 6 - Dinâmica do processo de aprendizagem.
Fonte: Adaptado de Crossan et al. 1999 (p. 532).
No processo de feed-forward as novas ideias e ações ascendem do indivíduo para o
grupo e para a organização. Ao mesmo tempo, o que já foi apreendido e institucionalizado na
organização realimenta os grupos e os indivíduos. Estes processos de interação evidenciam
dois aspectos importantes: a interpretação-integração (feed-forward) e institucionalizar-
intuição (feed-back).
O movimento de interpretação para a integração (feed-forward) requer uma mudança
da aprendizagem individual para a aprendizagem entre os grupos e a organização. Demanda
que o indivíduo construa e integre mapas cognitivos do novo saber que, por sua vez, são
compartilhados pelos membros do grupo. O indivíduo precisa ser capaz de se comunicar de
forma a transpor seu mapa cognitivo, que se caracteriza por ser tácito, para o grupo. Esta ação
exige do indivíduo o processo de articular ideias e conceitos (POLANYI, 1967). A articulação
dos mapas cognitivos individuais no compartilhamento com o grupo se constitui em um
desafio a ser superado. A ação de explicitar algo não é suficiente para garantir o seu
compartilhamento pelo grupo, pois os indivíduos apresentam mapas cognitivos que atuam
como filtro para o novo conhecimento. A compreensão compartilhada é observável quando se
Indivíduo Grupo Organização
Indivíduo
Grupo
Organização
Intuição
Interpretação
Integração
Institucionalização
I
G
O
46
identifica ações coerentes do grupo, que experimentam e validam o novo conhecimento, que
passa então a ser reconhecido (CROSSAN et al., 1999).
A interação que ocorre entre a institucionalização e a intuição (feed-back) envolve a
necessidade de o indivíduo destruir conhecimento prévio para assimilar o novo, o que agrega
alta dificuldade ao processo. A lógica e a linguagem compartilhada pelo grupo ou pela
organização se constituem em ativos que edificam barreiras físicas e cognitivas para a
mudança. O desafio consiste em não deixar que o feed-back coíba o desenvolvimento do feed-
forward (CROSSAN et al., 1999).
A tipologia apresentada por Crossan et al. (1999), do quadro de aprendizagem
organizacional dos 4I´s, se constitui em uma proposta de conectar a aprendizagem do
indivíduo com a organização. A aprendizagem se estabelece como um processo de mão dupla,
que se origina no indivíduo pela intuição e interpretação e se legitima no grupo por meio da
interpretação coletiva e sequencial integração (feed-forward). O aprendizado
institucionalizado pelo grupo retorna para os indivíduos que o absorvem por meio da intuição
e interpretação. No contexto organizacional temos a institucionalização da aprendizagem, que
consiste na legitimação do conhecimento no ambiente da organização. Nesse contexto, a
aprendizagem organizacional é entendida como um processo de mudança no pensamento e
nas ações, que impacta em possíveis inovações.
Esta abordagem dos processos de legitimação e institucionalização apresenta pontos
que divergem da proposta da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008),
apresentada na seção que se segue. A principal divergência destes autores se localiza na
possibilidade de institucionalização do conhecimento no nível grupal, e não somente no
organizacional. Neste sentido, a proposta de Berger e Luckmann (2008) se apresenta mais
adequada para a análise do conhecimento apresentado na produção científica que se compõe
em grupos sociais e não em organizações. Vale destacar, que a abordagem de Berger e
Luckmann (2008) também se apresenta adequada para os estudos organizacionais, mas que,
no entanto não se configuram como fenômeno de análise desta pesquisa.
47
2.3 A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
Dentro da sociologia, um dos pontos de destaque consiste na abordagem da sociologia
do conhecimento, com ênfase na proposta por Berger e Luckmann (2008), que aprofunda o
entendimento pelo qual a realidade social é socialmente construída. Para Dubar (2005), o
conceito de socialização de Berger e Luckmann se origina na psicologia social de George
Herbert Mead, que define e analisa a socialização como a construção da identidade do
indivíduo, por meio da interação (comunicação) com outros dentro do conjunto da sociedade.
Em estudo desenvolvido por Daniel-Júnior (2007), a sociologia do conhecimento proposta por
Berger e Luckmann não se fundamenta apenas na psicologia social de Mead, mas também nas
concepções ontológico-epistemológicas da Fenomenologia de Alfred Schutz e do pensamento
sociológico de Émile Durkheim e Max Weber.
A abordagem de Berger e Luckmann (2008) posiciona o indivíduo como elemento
principal no processo de desenvolvimento do conhecimento individual e social, tal como é
abordada pelos autores do conhecimento organizacional apresentados até o momento, Argyris
e Schön (1978, 1996), Argyris (1999, 2000), Kolb (1984, 1997) Nonaka e Takeuchi (1997),
Kim (1997), Senge (2006), Abbad e Borges-Andrade (2004) e Crossan et al. (1999). “A auto-
produção do homem é sempre e necessariamente um empreendimento social” (BERGER;
LUCKMANN, 2008, p. 75). No entanto, os autores estabelecem a distinção entre a
constituição biológica (indivíduo) e o homem (sujeito) conforme proposição de Althusser
(1985). O indivíduo se constitui apenas em uma “abstração” e um “recurso” que mediante a
um processo de interiorização (internalização) dos significados sociais se torna um homem.
De acordo com os autores, o processo de desenvolvimento do ser humano está relacionado ao
ambiente natural em particular que se correlaciona e sujeito a uma ordem cultural e social
específica. Nas palavras de Berger e Luckmann “a forma específica em que esta humanização
se molda é determinada por essas formações socioculturais e são relativas às suas numerosas
variações” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 72).
Emerge, assim, o conceito de ordem social como produto humano no curso do seu
processo de compartilhamento com a sociedade a que pertence. Logo, a ordem social não
pertence à natureza, mas é um produto da atividade humana. A exteriorização do ser humano
é apontada por Berger e Luckmann (2008) como uma necessidade antropológica na qual o ser
humano, de forma progressiva e continuada, transmite aos demais a sua produção. Berger e
Luckmann (2008) em sua obra utilizam a expressão indivíduo como sinônimo de sujeito,
logo, para efeito desta pesquisa, empregaremos também o termo indivíduo com tal concepção.
48
Como já referenciado na seção anterior, a abordagem de Berger e Luckmann (2008) se
distância dos autores do conhecimento organizacional apresentados neste estudo. Estes
autores interpretam a possibilidade da institucionalização do conhecimento apenas dentro do
contexto das organizações. Para Berger e Luckmann (2008), a institucionalização ocorre
dentro do conceito de “instituições sociais”, que contém as organizações, no entanto, não se
limitam a apenas este universo, nem se definem como único elemento. Para Berger e Berger
(1977), a instituição se configura como um padrão compartilhado de ações cotidianas em
esferas da vida social específicas. A transmissão do padrão ao longo do tempo, de geração
para geração, estabelece a constituição das instituições. Sob este aspecto, as instituições se
configuram como um conjunto articulado de ideias, normas, valores e sentimentos,
socialmente estabelecidos, que orientem a ação em campos específicos da conduta humana.
(Dentre os campos de conduta humana podemos citar: a comunicação, as relações sociais e a
relação com a natureza, entre outros). Berger e Berger (1977, p. 193) definem “a instituição
como um padrão de controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela
sociedade”.
Segundo Berger e Luckmann (2008), a repetição de uma mesma atividade tende a
estabelecer um padrão de ação que pode ser apreendido e reproduzido por outros. Esta
repetição possibilita a formação do hábito que fornece direção e especialização para o homem
realizar suas atividades, de forma a não necessitar definir as ações envolvidas nos eventos
rotineiros. A formação do hábito se torna um pré-requisito do processo de institucionalização
de um único indivíduo ou um grupo social. Para os autores “estes processos de formação de
hábitos precedem toda institucionalização. Assim, eles podem ser aplicados a um hipotético
indivíduo solitário, destacado de qualquer interação social” (BERGER; LUCKMANN, 2008,
p. 78), o que caracteriza a institucionalização fora do entendimento organizacional e, ainda,
como uma possibilidade individual, mesmo que teórica.
Portanto, a formação do hábito pelo ser humano possibilita o estabelecimento de sua
institucionalização. Nesse contexto, é necessário que os indivíduos envolvidos compartilhem
o caráter típico das ações. Assim, um conjunto de atores exercendo ações típicas e de rotina
caracterizam uma tipificação que, por sua vez, estabelece uma instituição.
A institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação recíproca de
ações habituais por tipos de atores. Dito de maneira diferente qualquer uma
dessas tipificações é uma instituição. O que deve ser acentuado é a
reciprocidade das tipificações institucionais e o caráter típico não somente
das ações, mas também dos atores nas instituições. As tipificações das ações
habituais que constituem as instituições são sempre partilhadas. São
49
acessíveis a todos os membros do grupo social particular em questão, e à
própria instituição tipifica os atores individuais assim como as ações
individuais. (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 79).
A compreensão de uma instituição envolve o entendimento do processo histórico que a
originou e o padrão de conduta determinante. Este padrão de conduta estabelece o perfil
controlador inerente à institucionalização que, juntamente com os mecanismos de sanção,
constituem o sistema de controle social. Esse sistema pode ser primário ou secundário. O
controle social primário se caracteriza como aquele que envolve as atividades diárias do
indivíduo. Segundo Berger e Luckmann (2008, p. 80), “o controle social primário é dado pela
existência de uma instituição como tal. Dizer que um segmento da atividade humana foi
institucionalizado já é dizer que este segmento da atividade humana foi submetido ao controle
social”. O controle social secundário decorre dos processos que se desenvolvem de forma
complementar as atividades diárias (controle social primário) do indivíduo.
Para Berger e Luckmann (2008), o estabelecimento de uma rotina possibilita a divisão
das atividades entre os membros de um grupo social abrindo-se, assim, espaço para o
surgimento de inovações. Desta forma, a divisão do trabalho e as inovações constituem-se em
componentes que fomentam novos hábitos e que, por sua vez, constroem um mundo social
baseado em uma ordem social em expansão.
Quando um indivíduo observa uma condição de repetição de ações desenvolvidas por
outro, que caminha para se tornar um hábito desenvolve inicialmente um protocolo de
tipificação da sua parte. Caso as ações em repetição sejam importantes para as duas partes e se
insiram em uma situação social duradoura surge à possibilidade de se estabelecer uma
tipificação recíproca. Dessa forma, os hábitos e as tipificações desses indivíduos que, até o
momento, eram circunscritos a uma atividade específica tornam-se instituições históricas.
Segundo Berger e Luckmann (2008), quando as formações estabelecem a historicidade
tem-se o surgimento ou o aperfeiçoamento de uma qualidade, até então incipiente, entre os
atores que desencadearam a tipificação compartilhada de uma conduta. “Esta qualidade é a
objetividade.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 84). Diante dessa objetividade temos uma
instituição que influência de forma coerciva os demais indivíduos. Nas palavras dos autores
“experimentam-se as instituições como se possuísse realidade própria, realidade com a qual os
indivíduos se defrontam na condição de fato exterior e coercivo.” (BERGER; LUCKMANN,
2008, p. 84).
Na medida em que a objetividade evolui do grupo inicial, que se apresenta de forma
mais tênue, para um agrupamento maior de indivíduos, a objetividade do mundo institucional
50
apresenta-se mais rígida a todos. Nessa condição, temos um mundo real mais consciente e,
consequentemente, mais difícil de ser alterado. Desta maneira, como mundo objetivo, as
formações sociais são passíveis de transmissão a um novo agrupamento ou geração. No
entanto, destaca-se também o poder coercivo estabelecido, no qual o indivíduo é inserido em
um contexto que deve ser apreendido como único e verdadeiro.
A exteriorização da produção, pelo homem, é uma atividade que adquire o caráter de
objetividade e entendida como um processo denominado de objetivação. Assim, a relação
entre o homem, o produtor e o mundo social estabelece uma ligação de reciprocidade das
partes, na qual a exteriorização e a objetivação são componentes de um contínuo processo
dialético. Processo este marcado pela discussão, contraposição e contradição de ideias que
caminham para o estabelecimento de um consenso socialmente aceito. O estabelecimento de
um consenso é caracterizado pela interiorização da objetivação pelos indivíduos pertencentes
a este mundo social.
Surge, assim, a Legitimação que é a transmissão do mundo institucional de uma
geração para outra. Nesse contexto, o padrão de controle estabelecido por uma geração é
incorporado pela geração seguinte, somado à possibilidade de explicação e justificação. A
realidade da sociedade torna-se cada vez mais compacta no curso de sua transmissão. A
disseminação desta realidade pode restringir a possibilidade de acesso ao significado original
das instituições, pelo não compartilhamento da memória original. Nesse contexto, Berger e
Luckmann (2008) destacam a importância das fórmulas legitimadoras. “Torna-se, por
conseguinte, necessário interpretar para eles este significado em várias fórmulas
legitimadoras. Estas terão de ser consistentes e amplas no que se refere à ordem institucional,
a fim de levarem à convicção a nova geração.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 88). O
resultado da atividade deve ser disponibilizado a todos os componentes do grupo social
expandindo-se, assim, a ordem institucional e estabelecendo um “correspondente manto de
legitimações, que estende sobre si uma cobertura protetora de interpretações cognoscitivas e
normativas.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 88). As novas gerações apreendem esta
legitimação concomitante ao processo em que se a socializa na ordem institucional.
Os indivíduos podem apresentar restrições para aceitar a ação de institucionalização da
sociedade a que pertencem, em grande parte, por não terem participado do seu processo de
estabelecimento. Diante desta possibilidade de desvio, as instituições exercem autoridade
(ação coerciva) sobre o indivíduo, a fim de garantir a aceitação de suas definições sem a
possibilidade de redefinição das mesmas, garantindo, assim, a sua legitimação. (BERGER;
LUCKMANN, 2008)
51
Para Berger e Berger (1977, p. 193), “a linguagem é uma instituição”. Os autores
apontam ainda a linguagem como a primeira instituição a qual o indivíduo se incorpora e,
ainda, se constitui na instituição fundamental da sociedade. Cumpre ressaltar, que os referidos
autores apresentam a família de forma compartilhada como a primeira instituição. Esta
interpretação distância o entendimento da instituição formulada pela sociologia do
conhecimento daquela formulada pelos autores do conhecimento organizacional, apresentados
anteriormente.
Segundo Berger e Luckmann (2008), as legitimações possuem na linguagem tanto o
elemento de elaboração quanto o de disseminação. A linguagem possibilita a integração
funcional ou lógica dos hábitos ou da institucionalização a ser difundida para os indivíduos ou
coletividades. Nas palavras dos autores, “a lógica atribuída à ordem social faz parte do acervo
socialmente disponível do conhecimento, tomado como natural e certo.” (BERGER;
LUCKMANN, 2008, p. 92).
O indivíduo estará bem socializado na medida em que possuir “conhecimento” do
mundo social em que se insere, de forma a entender como as instituições funcionam e se
integram. Os significados não são particularizados, mas socialmente articulados e
compartilhados. “A integração de uma ordem institucional só pode ser entendida em termos
de conhecimento que seus membros têm dela, segue-se que a análise de tal conhecimento será
essencial para a análise da ordem institucional em questão.” (BERGER; LUCKMANN, 2008,
p. 92).
O conhecimento se apresenta em dois níveis: primário e secundário. O primário
relaciona-se com o pré-teórico, que se constitui na instituição de um conjunto de
conhecimentos que estabelecem as regras básicas de conduta entendidas como adequadas pela
sociedade. Nesta situação, o conhecimento é objetivado pela sociedade, na qual desvios são
considerados afastamento da realidade. Sua principal característica se constitui na estrutura
básica na qual se assentam os futuros conhecimentos, denominados secundários. O
conhecimento primário “objetiva este mundo por meio da linguagem e do aparelho
cognoscitivo baseado na linguagem, isto é, ordena-o em objetos que serão apreendidos como
realidade e, em seguida, interiorizados como verdade objetivamente válida no curso da
socialização” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 94). Este trabalho estabelece, como foco de
atenção, o conhecimento do nível secundário, ou seja, o conhecimento que foi socialmente
produzido e objetivado com referência a uma atividade não rotineira.
As experiências que ficam retidas no indivíduo são consideradas sedimentadas e,
assim, consolidam a apreensão do conhecimento. No contexto da sociedade, a sedimentação é
52
social na medida em que se pode repetir a objetivação das experiências compartilhadas por
meio da linguagem assumindo o status de “base e instrumento de acervo coletivo do
conhecimento” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 96). Assim, a linguagem é que possibilita
a objetivação de novas experiências, que se consubstanciam ao estoque de conhecimento
existente. Sob esse aspecto, a linguagem permite as sedimentações coletivas de forma
coerente, sem a necessidade de reconstrução do processo original.
Tanto o conhecimento quanto a sua transmissão, decorrem dos significados
objetivados na atividade institucional. A transmissão do conhecimento está subjugada a um
aparelho social, que se traduz na relação de transmissor e de receptor.
O transmissor do conhecimento, dentro do contexto das instituições, está envolvido
em um conjunto de procedimentos de controle e de legitimação que estabelece uma coerência
lógica, típica de cada instituição. Esta coerência lógica pode encontrar dificuldades de
legitimação, em decorrência de conflitos ou de competições dos indivíduos envolvidos e/ou
de socialização provenientes da dificuldade de interiorização de sucessivos e concomitantes
significados sociais.
As ações de um indivíduo e de outros, que compõem uma rede de socialização de
forma tipificada, possibilitam originar uma ordem institucional. Nesse sentido, observa-se
entre os envolvidos: a) finalidade específica; b) fases de desempenho entrelaçadas; c) ações
especificas tipificadas e d) formas de ação tipificadas (BERGER; LUCKMANN, 2008). Tal
configuração faz com que qualquer ator desta rede social repita determinada ação tipificada,
desde que haja um sentido objetivo da mesma. A Figura 7 mostra esta sequência de atividades
que origina a ordem institucional.
Figura 7 - Origem da ordem institucional
Fonte: Elaborada com base na obra de Berger e Luckmann (2008).
- Finalidade específica,
- Fases entrelaçadas de desempenho,
- Tipificação de ações específica.
- Tipificação na forma de ação.
Tipificação dos desempenhos de um indivíduo e
ou de um conjunto de indivíduos.
Origem da
ORDEM INSTITUCIONAL
53
Dentro de uma ordem institucional, uma determinada ação, bem como o seu sentido,
pode ser apreendida por qualquer indivíduo pertencente à sua rede social. Assim, a execução
desta ação decorre de ações objetivas, conhecidas e passiveis de repetição por qualquer ator
desta rede social.
Para Berger e Luckmann (2008), após a realização de uma ação, o indivíduo deve
ainda desenvolver uma reflexão sobre a mesma, a fim de estabelecer a sua interiorização, o
“eu individual”, no entanto, de forma distinta do “eu social”. Destacando a narrativa dos
autores “o ator identifica-se com as tipificações da conduta in actu socialmente objetivadas,
mas restabelece a distância com relação a elas quando reflete posteriormente sobre sua
conduta” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 102). Emana assim o conceito de papéis, que é
a atuação de atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos, comum a uma rede social.
Os papéis protagonizados pelos indivíduos estabelecem uma tipologia. Condição esta,
necessária para a institucionalização da conduta, pois as instituições apropriam-se da
experiência do indivíduo, por meio dos papéis que desempenham.
O mundo social objetivado, e acessível a qualquer sociedade, se constitui das
experiências individuais desenvolvidas no contexto de papéis de uma instituição. Assim, por
meio da interiorização de um papel, o indivíduo estabelece a sua realidade e a sua
participação no mundo social. Os papéis desempenhados pelos atores representam a própria
ordem institucional, pois possibilitam a continuidade das instituições por meio do
desenvolvimento de suas experiências reais.
Segundo Berger e Luckmann (2008), os papéis exercem ainda a importante função
social de integrar as diversas instituições em um mundo dotado de sentido. Estabelece, assim,
a condição de aparelho legitimador da sociedade.
Cada papel impõe a possibilidade de adentrar em uma parcela específica do acervo
total de conhecimento possuído pela sociedade. Dentre os papéis de uma instituição, para
efeitos deste estudo, destaca-se o de mediador do acervo comum de conhecimento de setores
específicos. Ao assumir este papel, o indivíduo é inserido em um conhecimento específico
socialmente objetivado. Vale destacar que este acervo encontra-se estruturado para destacar a
sua relevância, que pode ser tanto do conhecimento geral quanto do conhecimento relevante
para papéis particulares. Nas palavras dos autores, “a distribuição social do conhecimento
acarreta uma dicotomização no que se refere à importância geral e à importância para papéis
específicos.” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 107). Destarte, a sociedade se organiza de
forma a possibilitar que certos atores possam se dedicar a atividades específicas, a fim de
acumular e produzir conhecimentos especializados. Portanto, estes atores especialistas
54
posicionam-se na condição de gerenciadores deste conhecimento. Os autores destacam que
“Em todos esses casos os especialistas tornam-se administradores dos setores do cabedal do
conhecimento que lhes foi socialmente atribuído” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 108). O
reconhecimento de que os especialistas são detentores de conhecimentos específicos
possibilita que qualquer membro da sociedade possa recorrer a estes quando da necessidade.
Os especialistas incorporam assim a função de auxiliar os leigos a entenderem o
conhecimento específico.
A relação dos papéis desempenhados e o conhecimento configuram-se como
fundamentais tanto na perspectiva de representação da ordem institucional - mediando
conjuntos de conhecimentos institucionalmente objetivados - quanto na qual cada papel é
veículo de um determinado conhecimento.
O desenvolvimento das atividades especializadas conduz tanto à especialização quanto
à segmentação do estoque comum de conhecimento. Em decorrência da segmentação emana o
contexto de prestígio social dos especialistas, que justifica o fato dos atores com melhor
reconhecimento possuírem maior probabilidade de institucionalizar seu conhecimento.
A institucionalização de um conhecimento pode apresentar uma extensão mais vasta
ou mais estreita das suas estruturas importantes. O compartilhamento de forma generalizada
pela sociedade de estruturas importantes indica uma ampla institucionalização do
conhecimento, ao passo que, um limitado compartilhamento aponta para uma restrita
institucionalização. Berger e Luckmann (2008) afirmam que a institucionalização total, na
qual todos os problemas e respectivas soluções são comuns e sociologicamente objetivados,
além de ter todas as ações sociais institucionalizadas, é passível conceitualmente. No entanto,
não há evidências de tal fenômeno na história da sociedade. Assim a institucionalização total
não é um fenômeno a ser esperado ou perseguido no contexto da sociedade. Ainda, segundo
os autores, o desenvolvimento da sociedade aumenta a sua complexidade, distanciando-a mais
da possibilidade da institucionalização total.
A sociedade disponibiliza o acervo de conhecimento, porém a extensão e a atualização
deste são particulares a cada indivíduo. O indivíduo tem à sua disposição o sentido objetivo
da ordem institucional, admitido como natural e certo, entretanto ele pode apresentar
dificuldades de interiorização dos significados. A dificuldade se origina na consciência
reflexiva de cada indivíduo, condicionada à sua lógica e experiência de institucionalização.
Nesse sentido, é possível entender e aceitar a coexistência de processos institucionais
distintos, sem a integração total pela sociedade (BERGER; LUCKMANN, 2008).
55
A segmentação da ordem institucional e a contínua geração e distribuição do
conhecimento determinam o desafio de estabelecer significados integradores que abarquem a
sociedade e ofertem um contexto de sentido objetivo para a experiência e o conhecimento
social do indivíduo. Este cenário apresenta ainda o desafio de legitimação institucional entre
os diferentes tipos de atores que, por vezes, podem estar em conflito de interesses (BERGER;
LUCKMANN, 2008). A segmentação social possibilita o estabelecimento de subuniversos de
significação socialmente separados, nos quais o desenvolvimento de um determinado
conhecimento específico desenvolvido pode-se tornar obscuro na comparação com o acervo
comum de conhecimento. Os subuniversos de significados podem se originar de diferentes
arranjos sociais, tais como: sexo, idade, escola de pensamento, formação na graduação, IES
de formação, etc.
A continuidade do subuniverso está associada a um grupo social que irá assegurar a
sua existência e a manutenção do significado em questão, principalmente nas ocasiões em que
se estabelecer conflito com a produção de outros especialistas. Berger e Luckmann (2008, p.
118) apontam que “estes conflitos sociais traduzem-se facilmente em conflitos entre escolas
rivais de pensamento, cada qual procurando estabelecer-se e desacreditar, quando não
liquidar, o corpo de conhecimento competidor”. No entanto, os autores destacam que um
corpo de conhecimento (universo científico de significação) pode atingir um determinado
grau de autonomia, que se desassocie do grupo social que o originou, possibilitando assim,
inclusive, uma ação de retorno sobre o grupo social que o estabeleceu. Nas palavras dos
autores, “a relação entre o conhecimento e sua base social é dialética, isto é, o conhecimento é
um produto social e o conhecimento é um fator na transformação social” (BERGER;
LUCKMANN, 2008, p. 118).
Na medida em que se aumenta a quantidade de subuniversos existentes, associados
ainda ao respectivo avanço da autonomia de cada um deles, emana respectivamente a
dificuldade nos processos de legitimação. Esta dificuldade de legitimação é constatada entre
leigos de um universo científico de significação, tanto por não conhecerem todas as opções
existentes, quanto por não compreenderem efetivamente qual deve adotar. Para os já iniciados
o desafio consiste na sua permanência dentro do universo científico de significação, pois a
troca deste por outro emergente pode comprometer a legitimação do primeiro.
Uma singularidade deste processo de legitimação se observa em determinados
subuniversos científicos de significação nos quais os leigos, impedidos de entrar, admitem a
sua legitimidade e concedem aos especialistas privilégios e reconhecimento sociais. Berger e
Luckmann (2008) exemplificam esta situação apontando a profissão do médico, que se
56
recobre de símbolos de poder e de mistérios, materializados nas vestimentas e na linguagem
utilizadas. Tal contexto, naturalmente legitima a atividade do médico e mantém fora deste
subuniverso científico de significado o leigo, que, por sua vez, reconhece e aceita a
exclusividade do conhecimento a este pequeno número de especialistas.
A variação de velocidade dos processos desenvolvidos pelas instituições e pelos
subuniversos científicos de significação irá influenciar na maior ou menor dificuldade de
implementação da legitimação global da ordem institucional, e das legitimações específicas
de determinadas instituições e subuniversos. Como exemplo desta situação é possível
identificar a coexistência de organizações poluidoras, sem preocupação com o meio ambiente,
convivendo em sociedades que incorporam empresas engajadas na causa ambiental. Destaca-
se que, em sociedades que apresentem grande variabilidade de comportamento, a atividade de
legitimação torna-se mais árdua para os seus especialistas.
Outra singularidade a ser considerada é a reificação, em que a sociedade não se
distingue mais como fonte de criação de determinado conhecimento. A sociedade não
reconhece que originou determinado conhecimento, atribui a sua origem a algo especial,
portanto, ele não está sujeito a alterações. O dogma - ponto fundamental e indiscutível de uma
crença religiosa – é um bom exemplo, pois os religiosos não aceitam discutir os fundamentos
de suas religiões, argumentando que estes são um pronunciamento divino, no entanto, a sua
origem está relacionada ao próprio homem. Assim, um fenômeno humano é entendido como
se fosse uma coisa não humana. Na perspectiva de Berger e Luckmann (2008, p. 123), “é
possível dizer que a reificação constitui o grau extremo do processo de objetivação, pelo qual
o mundo objetivado perde a inteligibilidade que possui como empreendimento humano e fixa-
se como uma facticidade não humana, não-humanizável, inerte.”
A legitimação de novos conhecimentos torna-se particularmente mais difícil em
subuniversos reificados. Segundo os autores, em subuniversos reificados, é necessário
desenvolver uma desreificação, atribuindo às instituições uma natureza ontológica, autônoma
em relação à atividade e à significação humana.
O conceito de legitimação é melhor contextualizado no processo de objetivação dos
novos significados de ´segunda ordem`, tornando objetivamente acessível e subjetivamente
plausível as objetivações de ´primeira ordem`. As objetivações de ´primeira ordem` envolvem
as atividades desenvolvidas no dia a dia do indivíduo, realizadas de forma automática, ao
passo que, as de ´segunda ordem` envolvem as atividades complementares e que não são
desenvolvidas de forma automática. Assim, a legitimação se processa no indivíduo por meio
da aceitação como razoável do novo significado a que está sendo apresentado. Berger e
57
Luckmann (2008) não inferem sobre os fatores envolvidos no processo de legitimação, no
entanto, posicionam que a ´integração` das ordens se constitui em componente de motivação à
legitimação. Nas palavras dos autores:
A integração e, correlativamente, a questão da plausibilidade subjetiva
referem-se a dois níveis. O primeiro a totalidade da ordem institucional
deveria ter sentido simultaneamente para os participantes de diferentes
processos institucionais. A questão da plausibilidade refere-se aqui ao
reconhecimento subjetivo de um sentido global ´por trás` dos motivos do
indivíduo e de seus semelhantes, motivos predominantes no que diz respeito
à situação, mas parcialmente institucionalizados [...]. Em segundo lugar, a
totalidade do indivíduo, a sucessiva passagem pelas várias ordens de uma
ordem institucional, deve ser tornada subjetivamente significativa. Em outras
palavras, a biografia individual em suas várias fases sucessivas,
institucionalmente pré-definidas, deve ser dotada de sentido que torne a
totalidade subjetivamente plausível (BERGER; LUCKMANN, 2008, p.
127).
Apesar da importância do indivíduo em admitir como razoável o corpo de
conhecimento para realizar a sua internalização, a legitimação não se constitui
obrigatoriamente na fase inicial da institucionalização. A institucionalização pode se
apresentar para o indivíduo de forma simples, como um fato desobrigado da necessidade de
desenvolver o exercício de verificar a sua razoabilidade. Nessa situação, o indivíduo tem a
percepção de ser um fato evidente, logo, a incorporação ocorre sem a necessidade da
legitimação. Vale destacar que tal fenômeno é possível nas objetivações de ´primeira ordem`.
Para Berger e Luckmann (2008), a necessidade de legitimação origina-se quando as
objetivações de ordem institucional necessitam ser transmitidas de uma geração para outra. A
transição do corpo de conhecimento de uma geração para outra, envolve a transmissão das
objetivações de ordem institucional a indivíduos que não possuem a memória e os hábitos
originais, e que só realizam a incorporação do novo conhecimento, se o identificarem como
plausível. Dessa forma, se a harmonia histórica e biográfica do indivíduo é rompida, para
restaurá-la, são necessárias explicações e justificativas dos elementos da tradição
institucional. Destacando a narrativa dos autores, “tornando assim inteligíveis ambos os
aspectos dessa unidade, é preciso haver explicações e justificativas dos elementos salientes da
tradição institucional. A legitimação é este processo de ´explicação` e ´justificação`”.
(BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 128).
Um aspecto importante da legitimação é que ela não se restringe à transmissão de
valores, pois ao justificar uma ordem institucional, ela envolve também a transmissão do
conhecimento. A legitimação não apenas aponta para o indivíduo que ação deve realizar, em
58
detrimento de outras, mas avança no sentido de justificar por que ´as coisas são o que são`.
Nesse sentido, o conhecimento antecede os valores na legitimação das instituições. Assim, “a
legitimação justifica a ordem institucional, dando dignidade normativa a seus imperativos
práticos”. (BERGER e LUCKMANN, 2008, p. 128).
Segundo Berger e Luckmann (2008), a legitimação pode ocorrer em diferentes níveis
de análise, a saber:
No primeiro nível, recebe a denominação de legitimação incipiente, por se manifestar
assim que o sistema de objetivações linguísticas da experiência humana começa a ser
transmitido. Este fenômeno é comum ao questionamento da criança ´- por que devo fazer
isso?` que é atendido com a resposta ´- é assim que se faz as coisas`,
No segundo nível, a legitimação se caracteriza por apresentar as proposições teóricas
de forma rudimentar, as significações objetivas são articuladas por esquemas explicativos
diretamente relacionados às ações concretas. Os provérbios, os ditos populares e as lendas
pertencem e exemplificam a este nível de legitimação.
No terceiro nível, a legitimação abarca as teorias explícitas de determinado setor
institucional. Estas teorias resultam da legitimação de um amplo corpo de conhecimento,
desenvolvido por especialistas, que, por sua vez, recorrem a procedimentos de iniciação
formalizados para realizar a transmissão. Nesse contexto, a legitimação expande da aplicação
prática para ´teoria pura`, adquirindo autonomia perante seu grupo de criação. Os autores
propõem que, “a esfera das legitimações começa a atingir um grau de autonomia em relação
às instituições legitimadas e, finalmente, pode gerar seus próprios procedimentos
institucionais” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 130).
Vale destacar, para efeitos deste estudo, que este é o nível no qual os especialistas
atuam para legitimar o corpo de conhecimento desenvolvido por suas pesquisas. Esta
legitimação pode encontrar maior ou menor resistência para se efetivar, mediante a existência
de um corpo de conhecimento já legitimado. Segundo Berger e Luckmann (2008, p. 131) “e o
corpo de ´cientistas` pode estabelecer seus próprios processos institucionais em oposição às
instituições que a ´ciência` tinha originariamente por função legitimar.”
Os universos simbólicos constituem o quarto e último nível da legitimação. Vale
destacar que o processo simbólico está relacionado à significação de diferentes realidades, não
pertencentes às do cotidiano. Os diferentes corpos de tradição teórica, que integram as áreas
de significação e abarcam a ordem institucional, estabelecem uma totalidade simbólica.
Assim, a legitimação se processa por meio de totalidades simbólicas, não passiveis de
experimentação na vida cotidiana, distinguindo-se do terceiro nível de legitimação, que se
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restringe a um setor institucional. Para os autores (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 131),
“Este nível de legitimação distingue-se ainda do precedente pela extensão da integração
dotada de sentido”. Sob esse aspecto, no quarto nível de legitimação há a integração de todos
os setores da ordem institucional, estabelecendo um universo de sentido, no qual “toda a
experiência humana pode agora ser concebida como se efetuando no interior dele” (BERGER;
LUCKMANN, 2008, p. 132).
Emana, assim, a concepção do universo simbólico, como matriz de todos os
significados, socialmente objetivados e subjetivamente reais. O indivíduo identifica a sua
existência como pertencente a este contexto, pois todas as situações da sua vida cotidiana são
abarcadas pelo universo simbólico. O conjunto de teorias legitimadoras existentes se
estabelece como integrantes deste todo, edificado por um conjunto de ordens institucionais.
Os autores destacam que “a cristalização dos universos simbólicos segue os processos [...] de
objetivação, sedimentação e acumulação do conhecimento. Isto é, os universos simbólicos são
produtos sociais que têm uma história” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 133).
Para Berger e Luckmann (2008), os universos simbólicos realizam a legitimação da
biografia individual e da ordem institucional de forma semelhante, se apoiado em um
processo organizado e ordenado. Sob esse aspecto, o universo simbólico disponibiliza a
hierarquia de realidades, que subsidiaram a apreensão subjetiva do novo conhecimento pelo
indivíduo, de forma inteligível e menos assustadora. Assim, o universo simbólico realiza a
legitimação final da ordem institucional, constituindo um conjunto integrado de significados,
mesmo para os setores discrepantes da vida cotidiana. Como exemplo, as discrepâncias entre
o significado de desempenhar o papel de cientista pesquisador e o de desempenhar o papel de
gestor de um negócio podem ser integradas de forma harmônica na execução das atividades
diárias do indivíduo. Os autores detalham que, “o universo simbólico ordena e, por isso
mesmo, legitima os papéis cotidianos, as prioridades e os procedimentos operatórios,
colocando-os sub specie universi, isto é, no contexto do quadro de referência mais geral
concebível” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 136).
A integração da morte, na realidade da existência social, tem grande importância para
qualquer ordem institucional. A legitimação da morte é um importante componente do
universo simbólico, pois é por meio dela que o indivíduo se capacita a continuar vivendo na
sociedade e encarar sua própria morte, sem paralisar o contínuo cumprimento das rotinas da
vida cotidiana. De forma similar, a legitimação da morte de outros significados possibilita a
continuidade do universo simbólico, o desempenho das atividades rotineiras, sem a
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paralisação do indivíduo frente à substituição (morte) de uma ordem institucional. Isto se
torna possível frente à aceitação, pelo indivíduo, da morte como um fato normal.
O sentido de pertencimento, dos membros de uma sociedade, a um universo simbólico
dotado de sentido, decorre de uma unidade cronológica coletiva coerente, que inclui passado,
presente e futuro. O compartilhamento de uma memória socializada pelos indivíduos
estabelece um passado comum, ao passo que, um conjunto comum de referências possibilita
que cada indivíduo projete suas ações no futuro. Sob esse aspecto, o universo simbólico se
constitui no âmago de associação entre os antecessores e os predecessores ultrapassando o
sentido da existência individual.
O universo simbólico se origina da objetivação social dos processos de reflexão
subjetiva, logo, dentro da perspectiva cognoscitiva, o universo simbólico é teórico. É no
universo simbólico que deve ocorrer à legitimação da ordem institucional, na medida em que
esta estabeleça um todo dotado de sentido. Podem surgir problemas que afetem a ordem
institucional e, neste caso, esta deve estabelecer teorias, a fim de atender a um novo contexto.
Caso não ocorram alterações teóricas não se observa a necessidade de uma nova legitimação
no universo simbólico. Por exemplo, a criação de um novo departamento em uma empresa
necessita ser legitimada dentro da organização, a fim de estabelecer um corpo de
conhecimento que direcione as interações com as demais partes desta estrutura.
A possibilidade de refletir de forma sistêmica a natureza do universo simbólico
decorre da objetivação inicial do pensamento teórico. A legitimação, em um estágio mais
simples ou mais complexo no contexto do universo simbólico, é entendida como um
mecanismo de manutenção deste. Sob este aspecto, Berger e Luckmann (2008) indicam que
há vários níveis de legitimação, que vão do pré-teórico de significados institucionais até o que
abarca a totalidade do universo, este denominado de segundo grau. Os autores, no entanto,
destacam que a legitimação do universo simbólico, ao contrário da legitimação da ordem
institucional, não vai até o nível pré-teórico. Nas palavras dos autores:
Há vários níveis da legitimação dos universos simbólicos, assim como há da
legitimação das instituições, exceto que dos primeiros não se pode dizer que
desçam ao nível pré-teórico, pela razão evidente de que o universo simbólico
é por si mesmo um fenômeno teórico e se conserva como tal mesmo quando
admitido ingenuamente (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 143).
Para Berger e Luckmann (2008), um universo simbólico isento de problemas tem a
capacidade de se auto-legitimar, diante da facticidade da sua existência objetiva na sociedade
em questão. No entanto, os autores reconhecem que não há sociedade harmônica em perfeito
61
funcionamento, e que todo universo simbólico é originalmente problemático, demandando
assim, para sua manutenção, a legitimação das ordens sociais.
Dentro do universo simbólico podem existir indivíduos que o concebam de maneira
distinta, originando-se, assim, variações de interpretação. Quando estas variações de
interpretação começam a serem partilhadas por um conjunto de indivíduos, emerge a
objetivação de uma nova realidade que irá desafiar a realidade do universo simbólico
constituído. Este conjunto de indivíduos torna-se uma ameaça tanto ao universo simbólico,
quanto à ordem institucional legitimada pelo universo simbólico em questão. Tal cenário
imputa ao universo simbólico a necessidade de reprimir esta ameaça. A legitimação desta
repressão desencadeia a atuação de mecanismos conceituais que atuam de forma a preservar o
status quo do universo frente ao desafio estabelecido. Segundo Berger e Luckmann (2008),
estes mecanismos conceituais de defesa atuam como componentes de modificação e
legitimação do universo simbólico vigente. O mecanismo conceitual de conservação do
universo é um produto da atividade social e deve apresentar as melhores razões possíveis, a
fim de afirmar a sua superioridade.
Sociedades distintas podem estabelecer um confronto de seus universos simbólicos
específicos. Neste confronto, cada sociedade possui o objetivo de estabelecer seu universo
simbólico sobre o da adversária. Berger e Luckmann (2008) destacam que em paridade, ou
proximidade de plausibilidade intrínseca, o êxito do universo simbólico está menos associado
ao contexto teórico, e mais dependente do poder de seus legitimadores. Os autores destacam
ainda, que as legitimações decorrentes de conservação do universo simbólico envolvem a
integração teórica das legitimações de várias instituições que se rivalizaram neste processo.
A mitologia, a teologia, a filosofia e a ciência são apresentadas como um ordenamento
de mecanismos conceituais de conservação de universos simbólicos, por Berger e Luckmann
(2008). Este trabalho não possui a proposta de realizar exame detalhado destes diferentes
mecanismos conceituais de conservação de universo simbólico. Vale destacar que os referidos
autores também se abstêm desta prerrogativa. No entanto, algumas observações sobre os
mecanismos conceituais de conservação, utilizados pela ciência, são de interesse para este
trabalho.
A ciência moderna apresenta-se como um mecanismo extremamente desenvolvido de
conservação do universo simbólico e, como tal, pertencente a uma minoria de especialistas.
Tal cenário implica em um corpo de conhecimento que se afasta do conhecimento comum da
sociedade, em parte caracterizado pelos aspectos sagrados pertencentes a outros mecanismos
conceituais de conservação. No entanto, a sociedade reconhece o conhecimento como
62
legitimado, bem como os especialistas responsáveis pela manutenção do universo simbólico.
“o membro ´leigo` da sociedade não sabe mais como tem de manter conceitualmente seu
universo, embora, evidentemente, ainda saiba quem são aqueles que presume ser os
especialistas da conservação do universo” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 152).
A terapêutica e a aniquilação, que se apresentam como duas aplicações do mecanismo
conceitual de conservação do universo, merecem destaque. A terapêutica utiliza o mecanismo
conceitual para evitar que os indivíduos pertencentes a um universo simbólico migrem para
outro. A terapêutica atua nos desvios das definições que se originam no interior do universo
simbólico, por meio de um corpo de conhecimento, cria um mecanismo conceitual para
explicar esses desvios e mantém a realidade que está ameaçada. Esse corpo de conhecimento,
composto de um aparelho de diagnóstico, uma teoria dissidente e um sistema conceitual,
estabelece o aparelho legitimador que evita a dissidência do indivíduo. A interiorização deste
corpo de conhecimento, desenvolvido pelo especialista, desempenhará um efeito terapêutico
no componente dissidente. “A terapêutica eficaz estabelece uma simetria entre o mecanismo
conceitual e sua apropriação subjetiva pela consciência do indivíduo” (BERGER;
LUCKMANN, 2008, p. 155).
A aniquilação utiliza o mecanismo conceitual para liquidar tudo que se situa fora do
universo simbólico de uma sociedade. A aniquilação também é considerada como legitimação
negativa. Em um indivíduo ou grupo estranhos a uma dada sociedade, não passiveis da
terapêutica, a aniquilação atua de forma a negar todo e qualquer fenômeno ou interpretação de
fenômeno destoante ao universo simbólico da sociedade em questão. A atribuição de um
contexto ontológico inferior é o recurso empregado para neutralizar os destoantes do universo
simbólico. Outro recurso utilizado pela aniquilação é a explicação das definições dissidentes,
empregando conceitos contidos no universo simbólico da sociedade que está sendo desafiada.
Portanto, as concepções dissidentes são transmutadas para a sutil posição de reforço do
universo simbólico e não mais como desafiadoras.
O entendimento do universo simbólico, construído e constantemente alterado por uma
sociedade, envolve a compreensão do arranjo social dos definidores que fazem a sua definição
e o da evolução dos conceitos que construíram esta realidade “do abstrato ´o que?` ao
sociologicamente concreto ´Quem diz?`” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 157). Assim, a
divisão do trabalho de forma organizada possibilita a especialização de corpos de
conhecimento.
Os especialistas dos novos corpos de conhecimento que se estabelecem, atuam com a
pretensão de se consolidarem de forma hegemônica no universo simbólico. A aspiração destes
63
especialistas é saber o significado último do que todo mundo sabe e faz, e não o todo. Para
Berger e Luckmann (2008), deste estágio de desenvolvimento do conhecimento emerge a
teoria pura e o fortalecimento das ações institucionalizadas que, por consequência, são
legitimadas. Neste contexto, as ações que se tornaram rotineiras e institucionalizadas possuem
uma restrita flexibilidade a alterações, com tendência a se perdurar ao longo do tempo, salvo
venham a se tornar problemáticas para a sociedade. Assim, muitas ações são rotineiramente
desempenhadas não pelo bom resultado obtido, mas sim por serem interpretadas como certas
pela sociedade.
Segundo Berger e Luckmann (2008), quanto mais abstrata é a institucionalização,
menor é a probabilidade de se alterar em decorrência de exigências da realidade do dia a dia.
No entanto, surge outro aspecto importante, quanto maior é a abstração de um símbolo, maior
é o seu distanciamento da vida cotidiana, logo, a sua sustentação é mais dependente do
suporte social do que do suporte empírico. Nas palavras dos autores, “as teorias são
convincentes porque dão resultado, isto é, dão resultado no sentido de se tornarem
conhecimento padrão e considerado certo na sociedade em questão” (BERGER;
LUCKMANN, 2008, p. 161).
Os especialistas que atuam em tempo integral na legitimação do universo estão
sujeitos a conflitos com os profissionais que atuam na área. Segundo Berger e Luckmann
(2008), os profissionais da área provavelmente se incomodam com a pretensão dos
especialistas em conhecer, de forma mais ampla e plena - que eles próprios - a totalidade das
atividades por eles desenvolvidas e que desempenham de forma corriqueira. Vale destacar que
o conflito pode se estabelecer entre os próprios profissionais da área, no entanto, nesta
situação a prova prática atua como componente para dirimir o conflito.
Os conflitos que se estabelecem, sejam entre os especialistas ou destes para com os
profissionais da área, dependem de uma base social e seu respectivo desenvolvimento. Assim,
as rivalidades se desenvolvem no campo das sociedades e suas respectivas bases teóricas. O
embate irá privilegiar a teoria que se apresentar com maior aplicabilidade aos interesses
sociais do grupo que a hospedou, e não em função de suas qualidades intrínsecas. Conforme
proposição de Berger e Luckmann (2008, p. 162), “Definições rivais da sociedade são
decididas, assim, na esfera dos interesses sociais rivais, e essa rivalidade por sua vez ´se
traduz` em termos teóricos”.
O campo de competição, que incorpora tanto o contexto teórico quanto o prático entre
os grupos de especialistas, apresenta grande variabilidade histórica. Contudo, Berger e
Luckmann (2008), apresentam algumas características peculiares sem, no entanto, estabelecer
64
uma tipologia específica. A primeira característica consiste no monopólio efetivo das
definições da realidade em uma sociedade. Nesta abordagem, uma única tradição simbólica
mantém o universo em questão, estabelecendo, assim, uma estrutura única de poder aos seus
especialistas. É possível a existência de outras tradições teóricas, no entanto, estas não
possuem força suficiente para se consolidarem, ou então, são incorporadas pela tradição
teórica dominante, que se diferencia e evolui da condição inicial. As situações monopolistas
partem do pressuposto de uma estrutura social estável, e inibidora de mudanças.
A associação de um monopólio particular de definição da realidade e de um interesse
concreto de poder é denominada ideologia (BERGER; LUCKMANN, 2008). A possibilidade
de obter vantagem de uma determinada definição da realidade estimula determinados grupos
sociais a aderirem a uma ideologia. Uma importante característica da ideologia é sua
capacidade de gerar solidariedade, que se constitui em um importante componente para
obtenção de êxito dos grupos sociais que se defrontam com um conflito. Para Berger e
Luckmann (2008), os elementos teóricos não são condicionantes exclusivos para a adoção de
uma ideologia, esta pode ser adotada por circunstâncias casuais. Como exemplo os autores
apontam, para a lacuna de entendimento, sobre a adoção do cristianismo na época de
Constantino, estar mais associada aos interesses políticos da classe dominante ou aos
elementos intrínsecos desta definição de realidade. Vale destacar, que pela natureza do tema,
os autores apresentam este exemplo não como uma assertiva, mas como uma ilustração para o
leitor sobre a possibilidade de adesão a uma ideologia por motivos distintos à sua definição de
realidade.
As ideologias apresentam um conjunto de elementos, dentre os quais pode haver
partes desvinculadas aos interesses legitimados, no entanto, são admitidos pelo grupo face à
condição de acolhimento estabelecida pela ideologia. Tal contexto pode levar os especialistas
a discussões periféricas e que se abstraem do núcleo central de legitimação.
As sociedades pluralistas, de forma antagônica ao monopólio, apresentam no núcleo,
um universo comum compartilhado por todos, e na periferia, a coexistência de diferentes
universos parciais em estado de acomodação pelos distintos grupos sociais. A tolerância e a
cooperação estabelecem um estado subliminar para o conflito entre duas definições de
realidade rivais. Vale destacar, que no esforço de legitimação, o pluralismo possibilita aos
membros da sociedade a comparação entre corpos de conhecimento tradicionais e legitimados
com novos corpos de conhecimento, estabelecendo-se, assim, um ambiente favorável à
inovação. Nas palavras dos autores, “O pluralismo encoraja tanto o cepticismo quanto a
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inovação, sendo assim eminentemente subversivo da realidade admitida como certa do status
quo tradicional” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 169).
A sociedade pluralista comporta um tipo peculiar de especialista: o intelectual, que se
estabelece como um perito de uma especialidade não desejada pela sociedade como um todo.
Assim, o intelectual se configura como um elemento marginal da sociedade, cujo
conhecimento se distância do conhecimento entendido como socialmente aceito “sua
marginalidade social exprime a falta de integração teórica no universo da sociedade a que
pertence” (BERGER; LUCKMANN, 2008, p. 169). O intelectual se acomoda em um vazio
institucional, ou ainda objetivado em uma subsociedade de pares, que possui viabilidade de
existência, mediante a tolerância dos aspectos organizacionais da sociedade mais ampla que
se insere. O intelectual se acomoda em subsociedades, mediante a sua não aceitação em
sociedades maiores, que o identificam como uma ameaça tanto à ordem institucional quanto
ao universo simbólico.
Berger e Luckmann (2008) apontam, em sua obra, a importância do indivíduo na
legitimação das instituições e dos universos simbólicos, que devem ocorrer no contexto das
sociedades e de seus respectivos interesses. As teorias emanam como fruto do processo de
legitimação e pertencentes ao contexto histórico de uma sociedade. Em um contexto de
retroalimentação, as teorias desenvolvidas tanto legitimam as instituições sociais existentes
como também possuem potencial para confirmar as instituições sociais que as originaram,
ratificando assim a sua legitimidade. Os especialistas que desenvolvem a legitimação podem
se originar tanto da condição de justificadores dos fenômenos que ocorrem nas instituições
sociais quanto de fenômenos que emergem em contraposição ao status quo. As
transformações sociais se desenvolvem num contínuo processo de entendimento da realidade
e de suas contradições compreendidas no curso do desenvolvimento histórico. Estas
contradições se refletem em uma disputa em que a vencedora irá moldar o universo simbólico.
Assim, o núcleo da proposta dos autores é que a sociedade se compõe de universos simbólicos
que foram legitimados como produto da ação de indivíduos e de suas interações com o mundo
real.
Nas seções seguintes são apresentados conceitos e técnicas que posteriormente serão
analisadas a luz da abordagem da sociologia do conhecimento proposta por Berger e
Luckmann (2008) e expressas no final deste capítulo.
66
2.4 A INTERPRETAÇÃO DA SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO PELA
BIBLIOMETRIA E SUAS TÉCNICAS DERIVADAS
A compreensão de um determinado ramo de conhecimento permite notabilizar para a
sociedade como este campo de saber está se desenvolvendo e a sua concepção estrutural para
auxiliar na solução dos problemas que se apresentam. A possibilidade de visualizar a
produção científica estratificada constitui-se assim em um grande benefício para a sociedade.
Vários autores apresentam a importância da perspectiva de se analisar a produção científica.
Oliveira et al. (1992) propõem que a produtividade científica se constitua em um dos
elementos da política nacional de ensino e pesquisa, face à aplicabilidade de se diagnosticar as
reais potencialidades de instituições e de grupos de pesquisa. Para Spinak (1998), indicadores
cienciométricos se constituem em um importante instrumento de verificação da contribuição
para a Ciência e a Tecnologia e, por conseguinte, da inovação de uma determinada região.
Da década de 1980 até a década de 2000, tanto no cenário internacional quanto no
cenário nacional, se destacam trabalhos imbuídos em apresentar e em delimitar os termos que
envolvem os métodos utilizados para dimensionar a produção científica. Este estudo salienta
no contexto internacional, King (1987), Pao (1989), McGrath (1989) e Glanzel e Schoepflin
(1993). No cenário nacional, Macias-Chapula (1998), Wormell (1998) e Vanti (2002). O
universo de autores que abordam esta temática supera em muito a estes citados, no entanto, os
mesmos constituem-se em uma amostra representativa. A convergência dos conceitos
expostos se apresenta tanto no sentido quanto na perspectiva. Vale destacar que as áreas de
Medicina, Marketing, Administração, Contabilidade, Ciência da Computação, entre outras, se
destacam como prolíficas pesquisadoras e usuárias destes conceitos.
Os termos bibliometria, cienciometria, informetria, e mais recentemente a webometria,
apresentam conceitos que afluem para pontos em comum, no entanto, revelam diferenças de
amplitude e de especificidade. Nesse sentido faz-se necessário apresentar sucintamente suas
principais características.
Pritchard (1969) é apontado como o proponente da expressão bibliometria em
substituição ao termo “bibliografia estatística” apresentado inicialmente em 1922 por Edward
Wyndham Hulme. Vale destacar que Hulme introduzia esta abordagem com base no estudo
de Cole e Eales de 1917, que desenvolvia análise estatística de uma bibliografia de Anatomia
Comparada (SENGUPTA, 1992). Pritchard (1969, p. 348) define a bibliometria como “a
aplicação da matemática e métodos estatísticos para livros e outros meios de comunicação”.
Para Macias-Chapula (1998, p. 134) “a bibliometria é o estudo dos aspectos quantitativos da
67
produção, disseminação e uso da informação registrada”. Para Wormell (1998, p. 210) “a
bibliometria se refere a uma variedade de regularidades tomadas de diferentes campos,
exibindo uma variedade de formas”. Estas definições posicionam a bibliometria como um
estudo quantitativo que objetiva identificar características comuns entre os artigos.
Características estas que podem ser o nome do autor, palavras comuns do título, palavras-
chave, entre outras. Assim, padrões de frequência de citação – fator de impacto das revistas –
é uma derivação da bibliometria originalmente concebida.
Para Pao (1989), o trabalho original de Pritchard se destaca por apontar a literatura
como ingrediente chave no processo de comunicação do conhecimento. Assim, estudos que
analisam estatisticamente características de publicações (autores, palavras-chave, etc.) buscam
quantificar, descrever e prognosticar o processo de comunicação escrita.
Os estudos de frequência da comunicação, escrita ao longo do tempo, identificaram
modelos de comportamento que se estabeleceram em padrões de análise de dados. Estes
padrões se instituíram em princípios de comportamento, a saber: Lei de Lotka, Lei de
Brandford, Lei de Zipf, entre outros. Vale destacar que a utilização destas Leis se sujeita ao
objetivo estabelecido no estudo, que por sua vez pode empregar um ou mais princípios.
A Lei de Lotka (1926) ou Lei do Quadrado Inverso propõe que um número restrito de
pesquisadores produz muito em determinada área de conhecimento, enquanto um grande
volume de pesquisadores produz pouco. Lotka estudou os autores presentes no Chemical
Abstracts, entre 1909 e 1916, e identificou que grande parte da produção científica é
produzida por poucos autores. A produção deste número reduzido de autores se iguala em
quantidade ao desempenho de muitos autores que possuem baixo volume de publicação.
A representação deste princípio pode ser expressa matematicamente como o número
de autores que publica n (n é igual à quantidade de artigos) artigos é igual a 1/n2 dos autores
que publicam somente um artigo. Exemplificando: em determinada área de conhecimento a
quantidade de autores que publicam dois artigos é igual a ¼ do número de autores que
publicam um artigo. Para os autores que publicam três artigos correspondem a 1/9 dos que
produziram somente um artigo. Nesta concepção, a Lei estabelece que um campo seja mais
produtivo, quanto mais artigos seus autores produzirem no decorrer da carreira. Como
consequência da Lei de Lotka, aproximadamente 60% dos autores de um campo produz
somente um artigo em toda a sua vida acadêmica (CHUNG; COX, 1990, ALVARADO,
2002). Vale destacar que Voos (1974) aponta que Price em sua obra “Little Science, Big
Science” pondera que para as ciências em geral, o número de autores decresce ao inverso do
cubo (1/n3), ou seja, possui um decréscimo mais acentuado que o proposto pela Lei de Lotka.
68
Para Rousseau e Rousseau (2000), a Lei de Lotka se configura como uma power law
que estabelece uma escala exponencial inversa entre o número de artigos por autor. No campo
de estudo em que foi realizada a pesquisa de Lotka, o padrão das publicações em Química e
Física internacionais aderiu a uma power law de expoente 2. O valor obtido neste estudo foi
adotado como referência para a avaliação da produtividade das áreas acadêmicas. Aquelas que
apresentam um coeficiente superior a dois são menos produtivas do que o padrão
internacional, ao passo que as áreas acadêmicas que apresentam valor menor que dois são
mais produtivas. O presente estudo não desenvolverá aprofundamento da abordagem da Lei
de Lotka, no entanto, a fórmula e as variáveis envolvidas neste processo podem ser
observadas no estudo de Rossoni e Hocayen-da-Silva (2009) que apresenta o modelo genérico
de Lotka.
Como exemplo de estudos que utilizaram a Lei de Lotka expõe-se os seguintes artigos:
Alvarado (2002) desenvolveu estudo para identificar a Lei de Lotka em artigos publicados em
revistas e trabalhos apresentados em congressos nacionais, em dez diferentes campos da
literatura. O estudo demonstrou que alguns campos de literatura não se ajustaram a Lei de
Lotka. Alvarado (2002) apresenta também uma relevante revisão da Lei de Lotka. Condição
esta, também observada no estudo de Bufrem e Prates (2005) voltado a investigar a literatura
da Ciência da Informação.
Moretti e Campanário (2009) desenvolveram estudo sobre o estado da arte das
publicações brasileiras na área de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), pesquisando a
produção desta área nos anais do EnANPAD entre 1997 e 2007. O resultado do estudo mostra
que dentro do escopo das obras citadas não se observa a aderência a Lei de Lotka. Rossoni e
Hocayen-da-Silva (2009) realizaram estudo que resultou em um quadro geral da produção
científica em administração da informação, com dados obtidos a partir dos artigos publicados
nos anais do EnANPAD entre 2001 e 2006. O estudo demonstrou que o aumento de
cooperação entre os pesquisadores na área não refletiu em maior produtividade, pois a área
apresentou escore menor que o da Lei de Lotka. Em outro estudo, Alvarado (2009) identificou
que o crescimento da literatura de 1922 a 2003 foi exponencial, com taxa média de
crescimento de 7,5% ao ano e taxa de duplicação a cada 9,6 anos. O desempenho dos autores
foi bastante similar, com taxa média de crescimento de 7,3% ao ano e taxa de duplicação a
cada 10 anos.
Como observado, nos estudos referenciados, há casos em que não se verificou a
validade da Lei de Lotka. Nesse sentido, alguns autores apresentam críticas a este princípio.
Rao (1986) crítica a Lei, argumentando que as bases de dados utilizadas na sua elaboração
69
foram pouco potentes e ainda que, na ocasião, não se aplicou estudos estatísticos para sua
validação. Nesse contexto, se desenvolveram estudos a fim de aprimorar a Lei de Lotka.
Dentre os estudos destaca-se o de Price (1976) que, por meio de pesquisas desenvolvidas
entre 1965 e 1971, concluiu que 1/3 da literatura é produzida por menos de 1/10 dos autores
mais produtivos. Price (1976) formulou ainda a Lei do elitismo - o número de membros da
elite corresponde à raiz quadrada do número total de autores, e que a metade do total da
produção é considerada o critério para se saber se a elite é produtiva ou não.
A Lei de Bradford ou Lei da Dispersão, que incide sobre conjunto de periódicos,
surgiu de pesquisas médicas conduzidas por Hill Bradford e outros médicos do conselho de
pesquisas médicas americano. A proposição do estudo era a de identificar a extensão de
publicação de artigos científicos de um assunto específico, em revistas especializadas daquele
tema. Os dados coletados mostraram a existência de um pequeno núcleo de periódicos que
aborda o assunto de maneira mais extensiva, e uma vasta região periférica dividida em zonas.
Nestas zonas observa-se o aumento do número de periódicos que reduzem a produtividade de
publicação de artigos do respectivo assunto.
Assim, a Lei de Bradford possibilita estimar o grau de relevância de periódicos que
atuam em áreas do conhecimento específicas. Periódicos com maior publicação de artigos
sobre determinado assunto tendem a estabelecer um núcleo supostamente de qualidade
superior e maior relevância nesta área do conhecimento. Segundo esse princípio, os artigos
iniciais de um determinado assunto são submetidos a um número restrito de periódicos. A
aceitação e publicação destes artigos incentivam outros autores deste assunto a encaminhar
seus artigos para estes periódicos. Concomitante outros periódicos observam o crescimento do
assunto e iniciam a publicação de artigos sobre a temática. Com o aumento de interesse sobre
o assunto e seu respectivo desenvolvimento, torna-se possível o estabelecimento de um núcleo
de periódicos mais produtivos nessa área.
Neste contexto, constitui-se um conjunto de três zonas, cada qual com um terço do
total dos artigos relevantes, estabelecendo-se assim três zonas. A primeira zona contém um
pequeno número de periódicos altamente produtivos, a segunda contém um número maior de
periódicos menos produtivos, enquanto a terceira inclui um volume ainda maior de periódicos
com reduzida produtividade sobre o assunto. Este padrão de comportamento justificava a
dificuldade de se processar a cobertura completa de um assunto. Devido ao grande número de
periódicos em zonas mais externas, Bradford constatou que mais da metade do total dos
artigos úteis de um assunto não constavam nos serviços de indexação e resumo.
70
A Lei de Bradford enuncia que a ordenação decrescente de produtividade de artigos de
determinado assunto nos periódicos científicos possibilitara o estabelecimento de
agrupamentos divididos de forma exponencial. O número de revistas em cada grupo será
proporcional a 1: n: n2. Assim, através da medição da produtividade das revistas, é possível
estabelecer o núcleo e as áreas de dispersão sobre determinado assunto em um mesmo
conjunto de revistas. Vickery (apud Araujo, 2006) propõe que para determinados assuntos
pode-se estabelecer um número de zonas maior que três, a fim de possibilitar melhor
visualização da dispersão dos artigos pelos periódicos. Vale destacar que Araujo (2006)
desenvolveu estudo apresentando a evolução da bibliometria, com detalhamento histórico de
importantes contribuições para seus princípios.
Tsay e Yang (2005) realizaram um estudo de revisão da teoria da Lei de Bradford e
apontaram a sua importância dentro do contexto da medicina. Estes autores evidenciam a
posição de Doll, Peto e Clarke (1999), que a bibliometria, por meio da Lei de Bradford,
estabelece o conceito da chamada “medicina baseada em evidências”. Segundo os autores,
este conceito tem se estabelecido como uma mudança de paradigma na abordagem da tomada
de decisão clínica. Além da aplicação na área médica, Guedes e Borschiver (2005) apontam a
utilidade da Lei de Bradford no processo de aquisição e descarte de periódicos, lastreado na
gestão da informação e do conhecimento científico e tecnológico. Os autores evidenciam que
o processo de investigação desenvolvido por pesquisadores também se beneficia deste
princípio, pois pesquisando em uma pequena base de revistas especializadas sobre um tema é
possível identificar uma quantidade significativa de artigos sobre o assunto de interesse. Fora
deste núcleo de revistas especializadas, o pesquisador deverá consultar um volume muito
maior de revistas para encontrar a mesma quantidade de artigos deste assunto.
Como exemplo de estudos que utilizaram a Lei de Bradford expõe-se os seguintes
artigos. Primeiro o estudo desenvolvido por Tsay e Yang (2005) apresenta um conjunto de
gráficos e tabelas que representam bem a Lei de Bradford. Este estudo mostra uma dispersão
da Lei de Bradford identificando 42 revistas como núcleo de publicação de estudos
bibliográficos de medicina. Em seguida Singh, Ahmad e Nazim (2008) que desenvolveram
estudo bibliométrico da produção científica da planta Embelia ribes e identificaram que a
publicação em revistas obedece à distribuição da Lei de Bradford. O estudo aponta ainda que
a maioria dos artigos envolveu a colaboração de dois ou três coautores, no entanto, o padrão
identificado não se enquadra na Lei de Lotka, já relatada.
71
A Lei de Zipf ou Lei do Mínimo Esforço consiste em medir a frequência do
aparecimento das palavras em vários textos, gerando uma lista ordenada de termos de uma
determinada disciplina ou assunto.
As pesquisas de Zipf identificaram que em um texto, suficientemente longo, a
frequência de ocorrência de uma palavra possui vinculação em relação a sua posição em uma
lista ordenada pela constância de ocorrência. Desta forma, a palavra mais frequente ocorrerá
cerca de duas vezes mais que a segunda palavra mais frequente e três vezes mais do que a
terceira palavra mais frequente. A elaboração da lista de ocorrência é fundamental para o
desenvolvimento da análise, a posição que dada palavra assume nesta lista é nomeada de
rank. Outra constatação decorrente dos estudos de Zipf é que o produto da ordem de série ou
rank (r) de uma palavra, pela frequência de sua ocorrência (f) se aproxima de uma constante
(c). A fórmula possui o seguinte enunciado: r x f = c, é identificada como a primeira Lei de
Zipf. Vale destacar que, apesar da elegância e simplicidade, esta fórmula se aplica apenas para
as palavras de alta ocorrência. (PAO, 1978).
Emana desta concepção o princípio do menor esforço, que identifica uma economia do
uso de palavras. O uso restrito de palavras limita a sua dispersão, assim uma mesma palavra
será utilizada várias vezes no texto. Para Araújo (2006), as palavras mais utilizadas apontam o
assunto tratado pelo documento, e que o emprego de uma alta diversidade de palavras pelo
autor do documento inviabilizaria a aplicação desta Lei.
As palavras com baixa frequência de ocorrência no texto são analisadas pela segunda
Lei de Zipf, também conhecida como Lei de Zipf-Booth. O princípio da segunda Lei de Zipf
observa que se distanciando das palavras com alta frequência de repetição surge uma zona de
palavras com a mesma frequência de repetição. Pao (1978), recorrendo a hipóteses propostas
por Goffman, infere que esta zona comporta palavras de maior conteúdo semântico (termos de
indexação, descritores ou palavras-chave) de um dado texto. A pesquisa de Guedes e
Borschiver (2005) apresenta as fórmulas que fundamentam as Leis de Zipf bem como
aprofunda reflexões sobre o ponto de transição de Goffman, que concentra as palavras de alto
conteúdo semântico.
Como exemplo de estudos que utilizaram a Lei de Zipf destaca-se novamente o artigo
desenvolvido por Tsay e Yang (2005) que além da Lei de Bradford desenvolve pesquisas
utilizando a Lei de Zipf.
Muitos dos estudos de bibliometria pautam-se assim na Lei de Lotka, na Lei de
Bradford e na Lei de Zipf que podem ser utilizadas individualmente ou ainda combinadas. A
Figura 8 representa a bibliometria e as suas principais Leis.
72
Figura 8 - As principais Leis da Bibliometria
Fonte: adaptado de Guedes e Borschiver (2005)
As Leis apresentadas, até o momento neste estudo, não são as únicas utilizadas nos
estudos bibliométricos. Como este estudo não se propõe ao aprofundamento das Leis
utilizadas na Bibliometria, o Quadro 4 apresenta as Leis da bibliometria (as discutidas até o
momento e as que estão apenas sendo referenciadas) destacando o foco de atuação e
principais aplicações. Adicionalmente, o Quadro 4 apresenta pesquisa desenvolvida no site
http://www.springerlink.com/ - que possui importantes revistas da área - mostrando a
quantidade de estudos referentes a cada um dos textos. Vale destacar que a pesquisa se
desenvolveu utilizando os termos em inglês. A quantidade de estudos apontados nas
respectivas Leis e princípios deve ser interpretada apenas como uma referência da utilização
destas. Utilizou-se como motor de busca a SpringerLink, por utilizar como base de pesquisa
importantes revistas da área com a Scientometrics, além de revistas de outras áreas que
também desenvolveram estudos em bibliometria. Destarte, alguns estudos podem utilizar mais
de uma Lei, sendo contabilizados assim em mais de uma vez.
Bibliometria
Lei de Bradford
Periódicos
Lei de Lotka
Autores
Lei de Zipf
Palavras
73
Leis e Princípios Foco de
estudo
Principais aplicações Quantidade
de estudos
localizados
Lei de Bradford Periódicos Estimar o grau de relevância de periódicos, em dada
área do conhecimento.
30.891
Lei de Lotka Autores Estimar o grau de relevância de autores, em dada área
do conhecimento.
2.744
Leis de Zipf Palavras Indexação automática de artigos científicos e
tecnológicos.
3.469
Ponto de Transição (T)
de Goffman
Transition Point
Goffman
Palavras Indexação automática de artigos científicos e
tecnológicos.
695
Colégios Invisíveis
Invisible Colleges
Citações Identificação da elite de pesquisadores, em dada área
do conhecimento.
95(*3)
Fator de Imediatismo
ou de Impacto
Factor Immediacy
or Factor Impact
Citações Estimar o grau de relevância de artigos, cientistas e
periódicos científicos, em determinada área do
conhecimento.
2.972 (*1)
1.554 (*2 *3)
Acoplamento
Bibliográfico
Bibliographic coupling
Citações Estimar o grau de ligação de dois ou mais artigos. 577
Co-citação
Co-citation
Citações Estimar o grau de ligação de dois ou mais artigos. 767
Obsolescência da
Literatura
Obsolescence of
Literature
Citações Estimar o declínio da literatura de determinada área do
conhecimento.
1.587
Vida-média
Half-life
Citações Estimar a vida-média de uma unidade da literatura de
dada área do conhecimento.
44 (*3)
Teoria Epidêmica de
Goffman
Epidemic Theory of
Goffman
Citações Estimar a razão de crescimento e declínio de
determinada área do conhecimento.
149
Lei do Elitismo
Law of Elitism
Citações Estimar a o tamanho da elite de determinada população
de autores.
1.228
Frente de Pesquisa
Front of Research
Citações Identificação de um padrão de relação múltipla entre
autores que se citam.
305 (*3)
Lei dos 80/20
Law 80/20
Demanda
de
informação
Composição, ampliação e redução de acervos. 24 (*3)
Quadro 4 - Leis da Bibliometria.
Fonte: Adaptado de Guedes e Borschiver (2005) e dados do site springerlink (2011)
Notas: *1- valor encontrado para Fator de Imediatismo
*2- valor encontrado para Fator de Impacto – este valor deve ser interpretado com resalvas, pois apesar
de apontar os valores referentes a fator de impacto para revistas contempla também outros termos que
envolvem a palavra Impacto.
*3- Ao termo em pesquisa foi acrescida a palavra bibliométricos com o objetivo de selecionar apenas os
estudos desta área.
O Quadro 4 mostra um predomínio de estudos utilizando a Lei de Bradford e, na
sequência, as Leis de Zipf, Fator de imediatismo/impacto e Lei de Lotka. Esta constatação
74
aponta um maior interesse para pesquisas de periódicos em relação a palavras e autores
respectivamente.
A Cienciometria se inicia com a utilização de métodos quantitativos em estudos que
abordavam a história da ciência e o progresso tecnológico (EGGHE apud SPINAK, 1996).
Sob esse aspecto, as primeiras definições contextualizam a cienciometria como a mensuração
do processo informativo. Vale destacar que o termo “informativo” para Spinak (1996) designa
uma disciplina do conhecimento imbuída em compreender a estrutura e as propriedades da
informação científica, bem como as Leis envolvidas no processo de comunicação. A
publicação da revista Scientometrics em 1977 foi a responsável pela consolidação do termo
cienciometria. A publicação da Scientometrics ocorre originalmente na Hungria, no entanto,
atualmente a publicação da revista ocorre na Holanda (TAGUE-SUTCKIFFE, 1992)
O interesse da área acadêmica na cienciometria está associado à venda da base de
dados do Institut for Scientific Information – ISI, para diferentes instituições na década de
1980. O banco de dados do ISI se constituiu em importante ferramenta de apoio a elaboração
de políticas científicas em face da possibilidade da quantificação do conhecimento. Como
destaque histórico lembra-se que Eugene Garfield fundou o ISI na Filadélfia (EUA) apoiado
no desenvolvimento de um sistema de indexação de literatura científica, que se baseava na
análise de citações utilizadas dentro de um determinado trabalho. Segundo Wormell (1998),
os objetivos iniciais de Garfield era melhorar o processo de recuperação da informação
científica e estabelecer uma alternativa à análise de artigos científicos, até então baseada na
linguística e na indexação. A insatisfação geral com os serviços de indexação e resumos
organizados a partir das disciplinas tradicionais foi o fator motivador de Garfield. Vale
destacar que, atualmente, o ISI se constitui em importante fonte de dados para pesquisas desta
área (VANTI, 2002). Dentre as definições de cienciometria, este estudo apresenta a de
Macias-Chapula (1998) que, por sua vez, está intimamente ligada à proposta de Tague-
Sutckiffe (1992).
Cienciometria é o estudo dos aspectos quantitativos da ciência enquanto uma
disciplina ou atividade econômica. A cienciometria é um segmento da
sociologia da ciência, sendo aplicada no desenvolvimento de políticas
científicas. Envolve estudos quantitativos das atividades científicas,
incluindo a publicação e, portanto, sobrepondo-se à bibliometria
(MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 134).
75
Sob esse aspecto, a cienciometria é um instrumento útil para projetar o crescimento de
determinado ramo do conhecimento, por meio de indicadores quantitativos aplicados na
análise de publicações.
Van Raan (1997) aponta a cienciometria como ferramenta que visa o avanço do
conhecimento, se utilizando de estudos quantitativos aplicáveis nas ciências e na tecnologia,
tanto de forma individualizada quanto integrada. A cienciometria prolonga-se ainda na busca
de inter-relação da ciência e tecnologia com as questões sociais e políticas. O autor afirma que
os métodos utilizados se caracterizam por possuírem um caráter multidisciplinar que
incorpora: a estatística, modelos sociológicos, pesquisas e métodos psicológicos de entrevista,
informática, filosofia da ciência, linguística entre outros. A abordagem do autor afere à
cienciometria a reputação de importante ferramenta de integração entre a ciência e a
tecnologia.
Com a finalidade de estabelecer pragmática diferenciação entre a bibliometria e a
cienciometria, Spinak (1998) apresenta a seguinte abordagem. Tradução própria:
A bibliometria estuda a organização dos setores científicos e tecnológicos a
partir de fontes bibliográficas e patentes para identificar os atores, suas
relações e suas tendências. A cienciometria por outro lado se encarrega de
avaliar a produção científica mediante indicadores numéricos de
publicações, patentes, etc. A bibliometria é o dimensionamento da literatura,
dos documentos e de outros meios de comunicação, enquanto a
cienciometria se relaciona com a produtividade e o valor científico
(SPINAK, 1998, p. 143).
Desta forma, enquanto a bibliometria se relaciona ao dimensionamento das fontes
bibliográficas, a cienciometria se expande para além desta concepção, analisando o
desenvolvimento e a política científica dentro de contexto econômico e social. No escopo de
aplicações da cienciometria encontramos utilidades, tais como: i) determinar estratégicas
tecnologias utilizadas por empresas concorrentes por meio das patentes registradas, ii)
identificar as especialidades científicas úteis às tecnologias da organização, iii) detectar
pesquisas acadêmicas com potencial de se transformarem em inovações para o mercado
(CALLON et al., 1995). No âmbito acadêmico encontra-se aplicação para: a) identificar o
desempenho científico de pesquisadores, b) fator de determinação da alocação de recursos
financeiros em pesquisas, e c) estudo do desempenho comparativo de nações. (VANTI, 2002).
O termo informetria é apresentado pela primeira vez em 1979 por Otto Nacke diretor
do Institut für Informetrie, sediado em Bielferd na Alemanha. No entanto, a sua consolidação
ocorreu em 1989 no Encontro Internacional de Bibliometria que passou a se chamar
76
Conferência Internacional de Bibliometria, Cienciometria e Informetria (BROOKES, 1990;
TAGUE-SUTCKIFFE, 1992; VANTI, 2002).
A informetria se apresenta com maior amplitude de alcance que a bibliometria e a
cienciometria, pois enquanto estas se limitam às pesquisas científicas, a informetria abarca
dados de outras fontes e grupos sociais além dos científicos. Abaixo temos a definição de
Tague-Sutckiffe (1992) glosada por Macias-Chapula (1998).
Informetria é o estudo dos aspectos quantitativos da informação em qualquer
formato, e não apenas registros catalográficos ou bibliografias, referente a
qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas. A informetria pode
incorporar, utilizar e ampliar os muitos estudos de avaliação da informação
que estão fora dos limites tanto da bibliometria como da cienciometria
(MACIAS-CHAPULA, 1998, p.135).
O universo de objetos de análise e atores alvos dos estudos de informetria é o que a
distância dos estudos bibliométricos e cienciométricos. A informetria não se serve apenas da
informação registrada, pois incorpora também os processos de comunicação informal,
incluindo a fala. Outra característica de distinção é incorporar as necessidades de informação
de grupos sociais distintos aos dos cientistas e pesquisadores (TAGUE-SUTCKIFFE, 1992).
Os indicadores informétricos, por sua vez, apresentam novas possibilidades para
aqueles que desejam explorar as bases de dados como um instrumento de análise. Esta
condição decorre da possibilidade de aplicar os indicadores informétricos na avaliação do
desempenho de pesquisas via recuperação da informação e levantamento dos resultados das
buscas e a sua combinação com outras informações. Destarte, tem-se a melhora da própria
recuperação dos dados, a eficiência no acesso à informação e ainda a economia de tempo no
processo de busca. O entendimento das propriedades quantitativas da informação contidas nos
sistemas da distribuição dos termos, usados nas buscas e da frequência de ocorrência dos
termos em uma base de dados, possibilita estabelecer correlações probabilísticas entre
frequência de uso e de ocorrência de termos que permitam melhorar, sensivelmente, o
desempenho do sistema de recuperação. Assim, o sistema tem a possibilidade de seguir o
modelo de recuperação de informação se melhor adaptado às necessidades do usuário.
Com o advento de criação da World Wide Web (ou simplesmente Web ou também
apresentada como www pode ser traduzida como Rede de Alcance Mundial) e as respectivas
vantagens originadas, tais como: utilização por uma grande quantidade de usuários, aplicável
a qualquer segmento da sociedade, conteúdo variado que incorpora textos, vídeos, sons e
figuras, se estabeleceu uma nova fonte de dados para o desenvolvimento de pesquisas.
77
Para Cronin e McKim (1996), a Web se apresenta como um importante meio de
comunicação e pesquisa para a academia, que por sua vez amplia os estudos quantitativos
neste ambiente. Segundo Almind e Ingwersen (1997) esta nova fonte de possibilidades de
pesquisas informétricas se insere em um contexto no qual emana uma nova área de pesquisa a
webometria ou webometrics. Assim, os autores posicionam a webometria como a aplicação de
métodos informétricos à Web.
O termo webometria também pode ser identificado na literatura como cybermetrics,
em uma referência direta a revista que se especializou na publicação deste campo de pesquisa.
A cybermetrics, que é acessível apenas no formato eletrônico
(http://www.cindoc.csic.es/cybermetrics), se propõe a ofertar informações científicas referente
a métricas de fluxo de informação na Web (SMITH, 1999).
Dentre as possibilidades de aplicação de estudos webométricos Almind e Ingrwersen
(1997) apontam, como exemplo, a frequência de distribuição das páginas no cyberespaço que
possibilita comparar a presença de vários países na rede. Esta métrica envolve o
dimensionamento de páginas pessoais, comerciais e institucionais. Os autores apontam uma
variada gama de possibilidades de pesquisas pela webometria, tais como: a) domínios como
´.edu` e ´.com`, entre outros, que se configuram como espaços que favorecem pesquisas para
medir o peso de determinado setor na Web, seja publico ou privado; b) classificações de home
pages pessoais, institucionais ou organizacionais; c) classificação home pages ad hoc ou sobre
uma matéria definida ; d) classificação de páginas de apontamento de documentos ou de
índices – que disponibilizam hyperlinks; e) página recurso que disponibiliza dados na forma
de texto, e/ou som, e/ou imagem. Os estudos podem ser tanto de perfil transversal quanto
longitudinal, neste caso com a finalidade de identificar a evolução do objeto de estudo.
A webometria por ter a sua base de dados obtidas a partir de informações da internet, e
não de suportes eletrônicos ou impressos comuns dos estudos da cienciometria se apresenta
como um processo mais amplo de pesquisa. Vale destacar como exemplo: os estudos em que
o pesquisador utiliza artigos de revistas eletrônicas obtidas pela internet são caracterizados
como cienciométricos, no entanto, os estudos quantificando determinado assunto nos portais
de pesquisa e/ou a posição de determinado assunto na Web são caracterizados como
webométricos. No entanto, Smith (1999) indica haver uma aproximação no emprego das
técnicas destes processos de pesquisa, pois o processo de investigação de links, desenvolvido
pela webometria se apresenta de forma análoga a uma pesquisa na base de dados de citação
do ISI, desenvolvido no contexto da cienciometria.
78
Os motores de busca se caracterizam como instrumento de pesquisa da webometria
fundamentalmente pela capacidade de trabalhar com grandes volumes de dados. Nesse
sentido vale destacar o Google, o Google Acadêmico, o Alta Vista, o Yahoo, o Hotbot, entre
outros. A qualidade em destaque dos motores de busca é a possibilidade de contabilizar o total
de páginas em um espaço – o termo espaço está ligado ao domínio de um país ou
assunto/instituição de interesse (SMITH, 1999). Vale destacar que a ausência de protocolos
específicos que disciplinem: a inclusão, a exclusão, a recuperação da informação e aspectos
sociais e culturais, que limitam ou favoreçam a disponibilização de um determinado tema na
web, se estabelecem como uma limitação deste tipo de pesquisa.
Os estudos de webometria apresentam limitações que devem ser consideradas tanto no
momento de planejamento da pesquisa quanto na etapa de divulgação dos dados obtidos.
Destaca-se como fatores que contribuem de forma restritiva às pesquisas baseadas na
webometria: a possibilidade de descontinuidade de operação de sites, e a alteração de
conteúdo dos mesmos, fatores estes que se configuram como uma fragilidade do Web Impact
Factor – WIF (Fator de Impacto da Webometria). Ingwersen (1998) aponta que estas
variáveis podem comprometer o valor do WIF ao longo do tempo, bem como inviabilizar o
desenvolvimento de estudos retrospectivos. Bar-Ilan (1999) salienta que a Web é suscetível a
muita variação, com o constante aparecimento e extinção de documentos, páginas e sites, que
não são incorporados de imediato pelos motores de busca. Este atraso dificulta o processo de
análise e de indexação destas páginas na Web.
Os fatores restritivos ao desenvolvimento da pesquisa webométrica apresentados, bem
como a não possibilidade de quantificar a sua extensão, lançam sobre este tipo de estudo
restrições de confiabilidade que devem ser apresentados e destacados pelos pesquisadores que
a desenvolvem.
Com a finalidade de estabelecer um sucinto comparativo o Quadro 5 apresenta as
características e respectivas distinções entre a bibliometria, cienciometria, informetria e
webometria.
79
Tipologia Bibliometria Cienciometria Informetria Webometria
Objeto de
Estudo
Livros,
documentos,
revistas, artigos,
autores, usuários.
Disciplinas, assunto,
áreas e campos
científicos e
tecnológicos.
Patentes, dissertações
e teses.
Palavras, documentos,
bases de dados.
Sítios na WWW (URL,
título, tipo, domínio,
tamanho e links),
motores de busca.
Variáveis Número de
empréstimos
(circulação) e de
citações,
frequência de
extensão de frases
etc.
Fatores que
diferenciam as
subdisciplinas.
Revistas, autores,
documentos. Como
os cientistas se
comunicam.
Difere da cienciometria
no propósito das
variáveis; por exemplo,
medir a recuperação, a
relevância, a renovação
etc.
Número de páginas por
sítio, n° de links por
sítio, n° de links que
remetem a um mesmo
sítio, n° de sítios
recuperados.
Métodos Ranking,
frequência e,
distribuição.
Análise de conjunto e
de correspondência,
concorrência de
termos, expressões,
palavras-chave, etc..
Modelo vetor-espaço
modelos booleanos de
recuperação, modelos
probabilísticos;
linguagem de
processamento,
abordagens baseadas no
conhecimento, tesauros.
Fator de Impacto da
Web (FIW), densidade
dos links, situações,
estratégias de busca.
Objetivos Alocar recursos:
tempo, dinheiro
etc.
Identificar domínios
de interesse. Os
assuntos estão
concentrados.
Compreender como e
quanto os cientistas
se comunicam.
Melhorar a eficiência da
recuperação da
informação, identificar
estruturas e relações
dentro dos diversos
sistemas de informação.
Avaliar o sucesso de
determinados sítios,
detectar a presença de
países, instituições e
pesquisadores na rede
dos motores de busca
na recuperação das
informações.
Quadro 5 – Tipologia para definição e classificação da bibliometria, cienciometria, informetria e webometria.
Fonte: adaptado de McGrath (apud Macias-Chapula, 1998 e Vanti (2002).
Complementando o empenho de diferenciar as respectivas técnicas de pesquisa
adicionada da intenção de mostrar as inter-relações, a Figura 9 mostra a visualização gráfica
sobre esta temática.
80
Figura 9 - Diagrama da inter-relação entre as quatro técnicas.
Fonte: Vanti (2002, p. 161).
O uso de técnicas bibliométricas, inicialmente concebido para atuar no ambiente
restrito da biblioteconomia, se expandiu para um novo contexto. Atualmente, a sua aplicação
pode ser encontrada em várias áreas do conhecimento, com propostas diferentes às originais.
As técnicas bibliométricas permitem realizar o mapeamento da informação de interesse do
pesquisador facilitando a atividade a ser empreendida por este. Como virtude possibilita ainda
avaliar a produtividade e a qualidade da pesquisa dos cientistas, mediante ao
dimensionamento do volume de publicações e citações. No setor de negócios se introduz a
possibilidade de mapear o avanço tecnológico dos concorrentes e da academia, influindo
diretamente no planejamento e nas ações a serem desenvolvidas.
As técnicas de bibliometria, cienciometria, informetria e webometria possuem
diferenças de escopo de atuação e de concepção de coleta de dados, no entanto, a base de
todas se fundamenta nos princípios apresentados na bibliometria. No outro extremo a
informetria se posiciona como um “guarda-chuva” para a bibliometria e a cienciometria.
Assim, o responsável pela condução da pesquisa deve discernir qual das técnicas a se utilizar,
mediante ao universo de possibilidades disponíveis, cada uma com sua aplicabilidade.
A – Bibliometria
B – Cienciometria
C – Informetria
D - Webometria
81
2.5 O CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA REDE SOCIAL
As redes sociais se apresentam como um tema atual na área de sociologia, e cujo
objetivo principal se manifesta no desafio de compreender a complexidade da vida social. As
redes sociais se propõem a responder a questionamentos da sociedade civil, possibilitando a
promoção de políticas de inserção e participação social. No entanto, a utilização de estudos
baseados em redes sociais também se ajusta às demandas dos negócios, da tecnologia, das
pesquisas, além de outras acepções intelectuais.
O emprego inicial de técnicas de rede social está associado ao psicólogo Jacob L.
Moreno que em 1934, publicou trabalhos que estudavam como se conectavam as pessoas que
pertenciam a um grupo, identificando a eventual posição de centralidade de um dos membros
em relação aos demais. Estes estudos já ofereciam formas gráficas destinadas à compreensão
da estrutura grupal, também conhecidas como sociogramas. Outros pesquisadores
empregaram, de forma embrionária, a perspectiva de redes - principalmente no contexto das
interações das crianças no ambiente escolar, no entanto os estudos de Moreno se destacam
pela abordagem e apresentação dos resultados posicionando-os assim como referência
(FREEMAN, 1996; HANNESMAN, 2008).
Segundo Scott (2000), o atual conhecimento de Análise de Redes Sociais (ARS)
possui três correntes contributivas: a teoria da Gestalt, a Escola de Harvard e a Escola de
Manchester, conforme mostra a Figura 10.
82
Figura 10 - Origem da Análise de Redes Sociais
Fonte: adaptado de Scott (2000, p. 8)
A primeira corrente de ARS, da qual Moreno é um representante, volta-se para as
análises sociométricas em pequenos grupos. Esta corrente originou muitas técnicas, como a
teoria dos grafos – parte da matemática que utiliza representações gráficas na solução de
problemas complexos. A ascendência desta corrente está associada à emigração de um grupo
de alemães para os Estados Unidos na década de 1930. Sob a influência da teoria da
“Gestalt”, este grupo desenvolveu pesquisas com psicologia cognitiva e social em fábricas e
comunidades, enfatizando a estrutura de grupos. A teoria de “Gestalt”, de forma bastante
simplista, pode ser apresentada pelo conceito que o todo é mais do que simplesmente o
somatório das partes.
Os estudos desenvolvidos por pesquisadores de Harward, também na década de 1930,
que investigavam os padrões das relações interpessoais e a formação de subgrupos (cliques),
compõem a segunda corrente contributiva da ARS. Scott (2000) aponta as pesquisas de
Warner e Mayo desenvolvidas em unidades fabris e comunidades, como proeminentes desta
escola. O estudo realizado por Mayo na fábrica “Hawthorne” é um exemplo de pesquisa em
que grupos de indivíduos estão integrados por meio de relações informais, mesmo em
ambientes de relações formais como as empresas. Ainda, segundo Scott (2000), os trabalhos
desenvolvidos por Homans, centrados no conceito que as atividades humanas induzem as
Teoria da Gestalt
Sociometria
(Moreno)
Dinâmica de
Grupo
Teoria dos
Grafos
Teoria Matricial
(Homans)
Escola de Harvard
(Warner, Mayo) Escola de Manchester
(Gluckman)
Escola Antropológica
Barnes, Bott, Nadel
Mitchell
Estruturalistas de
Harvard
Análise de Redes Sociais
83
pessoas à interação, que variam segundo a: frequência, duração e direção, estabelecem a base
de sustentação dos sentimentos desenvolvidos pelas pessoas. Também está associada à
Homans a utilização de matrizes, ao invés dos grafos, para representar as relações dos grupos
sociais. Este recurso foi muito útil no início dos estudos sociométricos na década de 1940,
período em que não se dispunha dos atuais recursos da informática, e ainda como alternativa
para os pesquisadores que apresentam dificuldades em trabalhar com grafos.
A terceira corrente está associada aos antropólogos de Manchester, que edificaram
uma abordagem apoiada nas duas correntes anteriores. Apesar da influência dos conceitos
anteriores esta abordagem enfatiza a análise dos conflitos e contradições, ao invés da
integração e coesão, característicos das outras proposições. Esta abordagem foi empregada
tanto no estudo de sociedades tribais africanas, como em momento posterior em pequenas
cidades rurais da Inglaterra.
O objeto rede social vem ao encontro de uma demanda pragmática da teoria social,
principalmente no que tange às metodologias de intervenção social. Neste sentido, Martins
(2004) desenvolve reflexões da obra de autores da área de sociologia contextualizadas às
redes sociais. Alguns pontos destacados por Martins (2004) são de importância para o escopo
deste estudo. Em particular, as considerações de Emile Durkheim que também influenciam
parte da abordagem de Berger e Luckmann (2008), referencial teórico desta pesquisa. Vale
destacar que o estudo desenvolvido por Martins (2004) inclui ainda considerações sobre
Marcel Mauss e Norbert Elias que complementam a proposição de Durkheim.
O cerne da teoria da rede social consiste no exame da compatibilidade entre a
liberdade individual e a imposição do contexto coletivo sobre o indivíduo. Para Martins
(2004) as relações sociais influenciam a conduta de um indivíduo, no entanto, apesar desta
força coerciva, este possui o arbítrio de realizar as escolhas que reflitam seu interesse pessoal.
Neste contexto, extremos tais como: obrigação ou liberdade, interesse ou desinteresse,
objetividade ou subjetividade, entre outros, não se apresentam como elementos contraditórios,
mas como expressões polares de uma realidade social complexa. As dualidades apresentadas
são interpretadas como uma realidade social, que se insere em um universo em constante
alteração e que apresenta momentos da vida social que oscilam de homogêneos a caóticos.
Tal dinamismo da vida social impacta na teoria das redes sociais e nas metodologias
utilizadas em suas pesquisas. Segundo Martins (2004), as pesquisas estáticas que mostram as
ações individuais e coletivas devem conviver com as incertezas estatísticas resultantes da
ambivalência e da descontinuidade peculiares a vida social e que escapam da aleatoriedade.
84
Nesse contexto, as análises desenvolvidas pelas redes sociais não devem se restringir ao
exame dos extremos, mas a toda realidade da vida social.
Os estudos sociais se defrontam com a necessidade de entendimento de contrastes
marcantes. Bauman (1995) aponta que a desordem social não se configura como uma
adversidade a ser sobrepujada em benefício da afirmação da “ordem social”. A coexistência
de diferentes ordens sociais e culturais deve ser acatada pelo todo, apesar das dificuldades
implícitas nesta convivência de desiguais. Nesse sentido, Melucci (1994) destaca que os
atuais movimentos sociais não se apoiam nos atores, mas sim nas redes constituídas de
pequenos grupos que compartilham experiências e inovações culturais. Para Martins (2004), a
abordagem de Durkheim que contempla o todo sem contestar o valor do individual se
estabelece como um importante contraponto à dualidade clássica do indivíduo versus a
sociedade. Na abordagem de Durkheim (1999), a totalidade se estabelece como elemento
nuclear da sociedade, no entanto o todo é interpretado como a composição de partes distintas.
Segundo Martins (2004), o fundador da sociologia francesa não renega o papel do indivíduo
na sociedade no estabelecimento de um saber sociológico. Assim, a abordagem de Durkheim
(1999) se caracteriza por ser persuasiva e conter a virtude de explicar os fundamentos teóricos
das redes sociais, retratando as preocupações com a questão do indivíduo e da existência de
um objeto próprio à sociologia. A proposição do ´fato social` como norma coletiva e coerciva
sobre o indivíduo não suprime a ´consciência individual` na qual cada um, a seu modo
próprio, interpreta e se comporta na sociedade. Este contexto se insere na distinção da
sociologia para com a psicologia.
A abordagem de Durkheim (1999) possui o mérito de distinguir a existência de uma
classe de fenômeno denominada sociais, dos fenômenos denominados psicológicos,
estabelecendo assim a necessidade de uma separação teórica e metodológica nos estudos
destes fenômenos. O desenvolvimento deste estudo posiciona a contribuição de Durkheim
como relevante para a compreensão complexa das redes sociais, haja vista que integra a ideia
de totalidade e de que o todo, por sua vez, é proeminente em relação às partes.
A composição de redes é caracterizada pela formação de grupos, evidenciando assim a
necessidade de delimitar esta abordagem. Para Wagner III e Hollenbeck (1999, p. 210) grupo
é “um conjunto de duas ou mais pessoas que interagem entre si de tal forma que cada um
influência e é influenciado pelas outras”. Bowditch e Buono (2004) avançam no entendimento
apontando que o grupo consiste de duas ou mais pessoas que interagem de forma
psicologicamente conscientes, umas das outras, na busca de uma meta comum, não se
restringindo a um simples ajuntamento de pessoas. Robbins (2005) delineia o grupo como a
85
junção de dois ou mais indivíduos interdependentes e interativos unidos por um objetivo
comum. Para este autor os grupos podem ser formais – definidos e regidos pela estrutura de
uma organização, ou informais – originados por alianças derivadas de contato social sem
vínculo com a estrutura formal das organizações. Ainda, segundo este autor, os grupos
informais podem se divididos em grupos de interesse – nos quais os componentes possuem
interesses comuns – e grupos de amizade – onde as pessoas compartilham algumas
características. Para efeito deste estudo as definições acima apresentadas se configuram como
adequadas a concepção da Análise de Redes Sociais. Vale destacar a importância da
existência de interação entre os atores das redes apontada nas três definições acima, assim, o
indivíduo pode ser considerado pertencente a uma rede se ele interagir com os demais
membros dessa rede.
Os estudos sociais com destaque para os grupos, que se estabelecem em redes de
relacionamento são possíveis por meio da técnica de Análise Sociométrica ou Análise de
Redes Sociais – ARS. Cross, Parker e Borgatti (2000) apontam que esta técnica destina-se a
compreender como se desenvolve o processo de troca de informação que ocorre no interior da
rede e possibilita identificar e visualizar a tipologia do arranjo em rede, e em certo grau
dimensionar as interações que nelas ocorrem. Estes autores consideram a ARS um importante
instrumento no estudo de relacionamentos que favorecem o compartilhamento da informação
e do conhecimento, além de reconhecer indicadores de padrões de relacionamentos que
aprimoram a cooperação.
Para Meneses e Sarriera (2005), em uma abordagem generalista, o foco de estudo das
redes sociais não é o comportamento nem o estado de uma pessoa, família, grupo,
organização comunidade ou sociedade. O objeto de estudo na ARS são as interações e as
inter-relações dos nós da rede, bem como os vínculos estabelecidos entre estes.
Molina e Aguilar (2004) apontam que as redes sociais expressam o mundo em
constante alteração e que, por consequência, de difícil entendimento. Os autores destacam
ainda que há infinitas possibilidades de composição de redes sociais, que no entanto possuem
em comum um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) em seu
núcleo. Este agrupamento está conectado por relacionamentos sociais, motivados pela
amizade e/ou por relações de trabalho e/ou compartilhamento de informações, passíveis de
observar por meio das ligações estabelecidas, que continuamente moldam a estrutura social.
Segundo Marteleto (2001), a ARS se constitui em um novo paradigma na pesquisa
sobre a estrutura social. Esta técnica destina-se a estudar como os comportamentos ou as
opiniões dos indivíduos dependem das estruturas nas quais eles se inserem, identificando as
86
relações dos indivíduos por meio das interações existentes. A estrutura da rede é abarcada por
relacionamentos, limitações, escolhas, orientações, comportamentos e opiniões que
influenciam o indivíduo. Nesse contexto de análise os atributos individuais, tais como: classe
social, idade, gênero, entre outros, não são considerados. Para Meneghelli (2009), a teoria da
ARS é um conjunto de métodos de estudo dos grupos sociais, que utiliza os recursos da
matemática de medir as relações, laços e interações sociais, como componentes da estrutura
social.
Há vários aspectos na ARS que possibilitam diferentes níveis de entendimento sobre
os atores em análise. Na sequência apresentam-se alguns conceitos basais para o
desenvolvimento de estudos em rede. Vale destacar que muitos dos termos foram empregados
no texto e, em alguns casos, como objeto de discussão sob a perspectiva de vários autores. No
entanto, para efeito metodológico, as definições a seguir se caracterizam como um
componente voltado a agilizar o entendimento do leitor na seção de análise dos dados. Vale
destacar que vários autores apresentam explanações com diferentes abordagens sobre a ARS.
No processo de elaboração deste estudo, observou-se a proposição dos seguintes autores:
Freeman (1980), Wasserman; Faust (1994), Pao (1989), Scott (2000), Moody (2004), Tomaél
e Marteleto (2006), Balancieri (2010). O Quadro 6 apresenta de forma sucinta conceitos
utilizados na ARS.
Item Conceito
Ator É entidade social que possui ligações em rede, se caracterizando como indivíduos, grupos,
organizações, países e outros (WASSERMAN; FAUST, 1994).
Nós Correspondem a cada autor que colabora em pelo menos um dos itens de uma rede. Os nós podem
ser pessoas, organizações, organismos, entre outros. (WASSERMAN; FAUST, 1994).
Relação Coleção de laços entre membros de um grupo. As relações podem ser de diferentes tipos, tais
como: a amizade entre duas crianças em uma escola, a atividade de profissionais dentro de
organizações, as exportações entre dois países, entre outras. Um mesmo conjunto de atores pode
ser objeto de análise de diferentes tipos de relações: como exemplo em uma empresa, podem-se
confrontar as relações funcionais como as relações de amizade entre os trabalhadores
(WASSERMAN; FAUST, 1994).
Laço
Relacional
É a ligação estabelecida entre um par de atores que estão ligados entre si. Há diversos tipos de
laços, tais como: transferência de recursos entre empresas, a escolha de um amigo, o envio de um
e-mail, uma relação formal, entre outros (WASSERMAN; FAUST, 1994). Um laço entre atores
possui duas características: o conteúdo que indica o tipo de relação, que pode incluir informação e
fluxo de recursos, conselho ou amizade; e a forma que indica a intensidade da relação.
Díade É uma ligação ou um relacionamento entre dois atores. É uma propriedade relacionada a um par
de atores, não pertencendo isoladamente a cada ator. Uma grande quantidade de ARS se preocupa
com o relacionamento em si, trata assim a díade como unidade de análise (WASSERMAN;
FAUST, 1994).
Tríade É um conjunto de três atores e os possíveis laços entre eles. A análise das tríades se destaca por
revelar o peso e o valor entre as relações dos integrantes (WASSERMAN; FAUST, 1994).
Grupo É a coleção de todos os atores da rede social que possuem laços mensuráveis. Configura-se assim
como o conjunto de todos os atores definidos por critérios conceituais, teóricos ou empíricos. Os
estudos de ARS podem analisar um ou mais grupos (WASSERMAN; FAUST, 1994).
(continua na página seguinte)
87
Centralida
de
Identifica os atores "mais importantes" em uma rede social. Quanto mais central é um ator em
uma rede maior é a sua importância. Assim, a centralidade pode ser vista como uma propriedade
dos atores de uma rede (WASSERMAN; FAUST, 1994, SCOTT, 2000). Existem diferentes
medidas de centralidade, variando entre o local e o global. Um ator é localmente central quando
apresenta um grande número de conexões com outros atores. No contexto global, um ator é
central se possuir uma posição significantemente estratégica na rede como um todo (SCOTT,
2000). A centralidade dos atores em uma rede é comumente apresentada de forma individual ou
combinando as seguintes dimensões: centralidade de grau – degree; centralidade de proximidade
closeness; centralidade de intermediação – betweennes; e centralidade de informação –
information. (WASSERMAN; FAUST, 1994, SCOTT, 2000, TOMAÉL; MARTELETO, 2006).
- Centralidade de grau (degree) é a resultante do número de laços que um ator possui com
outros atores em uma rede (WASSERMAN; FAUST, 1994). O grau de centralidade de um
ator é obtido pela divisão do número de laços existentes pelo número de laços possíveis na
rede. Exemplo: em uma rede com dez atores (tamanho da rede) cada ator pode ter, no
máximo, nove laços. A centralidade de grau considera os relacionamentos adjacentes, assim
esta medida revela somente a centralidade local dos atores (SCOTT, 2000).
- Centralidade de proximidade (closeness) é baseada na proximidade ou distância de um ator
em relação aos outros atores em uma rede. Ela é obtida por meio da soma das distâncias
geodésicas de um ator em relação a todos os outros atores (WASSERMAN; FAUST, 1994,
SCOTT, 2000). Esta centralidade é indicada para revelar a centralidade global dos atores
(SCOTT, 2000).
- Centralidade de intermediação (betweenness) é a interação entre atores não adjacentes, é
dependente de outros atores, que podem ter algum controle sobre essas interações. Um ator é
considerado intermediário se ele liga vários outros atores que não se conectam diretamente.
(WASSERMAN; FAUST, 1994, SCOTT, 2000). A centralidade de intermediação aborda o
controle que os atores intermediários possuem sobre aqueles atores que dependem localmente
desse intermediário (FREEMAN, 1980).
- Centralidade da informação (information) - é baseada no conceito de informação, e se
compõe de uma combinação que analisa todos os caminhos existentes entre os atores. Para
cada percurso analisado considera-se a informação contida no caminho correspondente
(GÓMES et al., 2003, TOMAÉL; MARTELETO, 2006).
Rede
Social
É o conjunto finito de atores e suas respectivas relações (WASSERMAN; FAUST, 1994). A rede
social é composta por um conjunto de relações entre atores.
Rede two-
mode
Matriz Bipartide ou rede two-mode – é utilizada nos casos em que há mais de um conjunto de
atores. Nesta configuração cada conjunto de ator se posiciona em um dos eixos da matriz de
relacionamento (WASSERMAN; FAUST, 1994). A natureza dos dois grupos de atores até pode
ser o mesmo, no entanto os papéis desempenhados são distintos.
Estrutura
da Rede
Social
Constitui-se no relacionamento entre entidades sociais, suas características e implicações para os
que participam desses relacionamentos (WASSERMAN; FAUST, 1994). A operacionalização
desta parte da pesquisa se desenvolveu a partir da análise dos elementos estruturais da rede
(tamanho, densidade e componentes) e das posições dos pesquisadores na rede (centralidade e
coesão).
Dinâmica
do
Relaciona
mento
entre os
Pesquisad
ores
Esta dinâmica está relacionada ao desenvolvimento de redes de relacionamento em um dado
espaço de tempo representadas sob a forma de mudanças na estrutura de relações
(WASSERMAN; FAUST, 1994, MOODY, 2004). Neste trabalho, será operacionalizada com base
na avaliação longitudinal - 4 triênios de análise do CAPES - dos indicadores estruturais (tamanho,
densidade e componentes) e posicionais dos pesquisadores na rede (centralidade e coesão).
Coesão
Estrutural
A coesão indica o grau de concentração de atores por meio de relações em uma rede social. A
coesão é obtida por meio de algum tipo de medida de agrupamento que define a natureza e o
diâmetro dos grupos (MOODY; WHITE, 2003).
Small
Worlds
(mundos
pequenos)
O small worlds se apresenta como uma configuração de rede, na qual o nível de agrupamento
local entre os atores é alto, mas a distância média entre os atores é pequena (WATTS;
STROGATZ, 1998). Assim, para avaliar a presença dessa configuração nos resultados desta
pesquisa, se avaliará se a densidade global da rede é baixa, se a distância média entre os atores
não é grande e, finalmente, se o coeficiente de agrupamento é alto. Quadro 6 - Conceitos utilizados na Análise de Redes Sociais (ARS).
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
88
Os conceitos apresentados representam uma fração do total de possibilidades de
variáveis passíveis de obtenção nos estudos de ARS, no entanto expressam o ponto nuclear
das pesquisas nesta área e com potencial de utilização nesta pesquisa.
A incorporação do conceito de small worlds se insere no contexto em que a ARS
possui limitações no dimensionamento do aumento da coesão e do grau de abertura de grupos
para novos laços. Segundo Watts (1999), as análises se restringiam aos arranjos locais. Esta
barreira foi superada mediante ao desenvolvimento de medidas de avaliação de small worlds
por Watts e Strogatz (1998). Estes autores se fundamentam na perspectiva que os autores
estão agrupados localmente (coeficiente de agrupamento) e, ao mesmo tempo, necessitam de
poucos contatos para ligar-se a qualquer um dos membros pertencentes a outras redes
(distância média). Assim, o conceito de small worlds propõe que um indivíduo pode acessar a
outro indivíduo qualquer a partir de seus relacionamentos. Milgram (1967) sugeriu que com
apenas seis “passos” seria possível alcançar qualquer cidadão americano dentro dos Estados
Unidos.
A abordagem desenvolvida propõe que apesar do número limitado de relacionamentos
que cada indivíduo possui - de origem: familiar, afetiva ou profissional - estes podem
possibilitar por meio de seus contatos o acesso a uma gama maior de outros indivíduos. Para
Granovetter (1973) os grupos sociais possuem abertura de relacionamentos, o que possibilita
um aumento exponencial de possibilidades de contatos, conformando o acesso à
informação, ao conhecimento e a influência. Dessa forma acessando indiretamente os
contatos cultivados pelo seu círculo de relacionamento, e assim sucessivamente, é possível
alcançar qualquer indivíduo. Emana desta possibilidade de alcançar a qualquer indivíduo, se
apoiado na rede de relacionamento de pouco intermediários, a expressão small worlds
(LAZZARINI, 2007).
Para Wasserman e Faust (1994) quando se desenvolve ARS busca-se identificar
grupos de atores coesos com laços de relacionamento que se caracterizam pela força,
intensidade e frequência. Segundo Scott (2000) esta busca se justifica, em função destes
grupos desenvolverem normas, valores, orientações e subculturas próprios. Rossoni e
Guarido-Filho (2009) acrescentam que a coesão do grupo estabelece a base para um vigoroso
desenvolvimento da solidariedade, da identidade e da conduta coletiva entre os atores dentro
do grupo no comparativo com os indivíduos externos a este arranjo. No entanto, os atores da
rede também podem pertencer a outros grupos e, por consequência, estabelecer a
comunicação entre estes. No conceito de small worlds esta situação expressa o caminho de
acesso de indivíduos de um grupo para com outros, que se denomina no estudo de redes como
89
laço fraco, caracterizando-se também como componente de conexão entre os grupos,
conforme proposição de Granovetter (1973) ou ainda como buraco estrutural conforme
proposição de Burt (1992). Nesse caso, Marteleto (2001) aponta que um indivíduo pode
estabelecer ligações fracas nas redes em que participa, no entanto sua posição pode se
destacar no papel de intermediador de informações. Segundo Uzzi e Spiro (2005), na
perspectiva do small worlds o processo de desenvolvimento científico se assenta em grupos
de pesquisa que atuam com interfaces de relacionamento, e não de forma entrópica. Para estes
autores em small worlds, coexistem ligações com outras áreas provendo informação não
redundante, com um nível de coesão necessário para que as atividades se tornem familiares
entre os membros. O conceito de small worlds estabelece assim um contíguo teórico para a
ARS.
Para Watts e Strogatz (1998), quando surge um forte agrupamento de atores em uma
rede bem disseminada, em concomitância de relações destes atores junto a atores externos,
por meio de um pequeno número de intermediários observamos a ocorrência do conceito de
small worlds. Segundo Rossoni e Hocayen-da-Silva (2008), enquanto nas redes aleatórias a
distância entre os nós aumenta na medida em que aumenta o tamanho da rede, no small
worlds a distância entre os nós apresenta pouca variação, apesar do aumento da rede. Esta
afirmação ratifica a proposição inicial de Watts e Strogatz (1998) na qual ponderam que no
small worlds o crescimento de nós não é acompanhado pelo aumento da distância média entre
eles. Giddens (1989) destaca que na dinâmica de small worlds os atores isolados tem a
possibilidade de reproduzir a estrutura comum minimizando a possibilidade de rupturas
abruptas no arranjo social, possibilitando que estruturas institucionais mais amplas atuem no
nível local.
O “mapa de orientação conceitual” constitui-se de uma proposta desenvolvida por
Marcon e Moinet (2000) com a finalidade de facilitar a compreensão da diversidade de
tipologias de redes. Apesar da perspectiva organizacional dos autores, o modelo se apresenta
com um contorno adequado para a compreensão da diversidade de composição das redes de
relacionamento. A Figura 11 desenvolvida por Balestrin propõe a divisão da estrutura das
redes em quatro quadrantes.
90
Figura 11 - Mapa de orientação conceitual: modo de gerenciamento e formação de elos.
Fonte: Balestrin (2005, p. 28).
O posicionamento dos atores e seus elos de relacionamento, em um dos quadrantes do
“mapa de orientação conceitual”, explicitam a natureza e a estrutura da rede social. Cada um
dos quadrantes do “mapa de orientação conceitual” caracteriza um tipo particular de rede
social que varia das informais de um grupo de amigos às interorganizacionais baseadas em
acordos jurídicos.
O “mapa de orientação conceitual” pode ser utilizado para análise de redes nos mais
variados modelos de agrupamentos sociais. No campo da pesquisa, a proposição do “mapa de
orientação conceitual” pode ser modelado com as seguintes características. Redes verticais: na
dimensão da hierarquia, as pesquisas são desenvolvidas em uma estrutura hierárquica, como
por exemplo, nas empresas com produtos de alta tecnologia, diferentes unidades desenvolvem
conhecimentos específicos que, posteriormente associados, resultam no produto final. Redes
Horizontais: na dimensão da cooperação, os centros de pesquisa ou pesquisadores mantém a
individualidade na condução das pesquisas, no entanto, compartilham conhecimento no
propósito de superar as limitações existentes. Redes formais: na dimensão da formalidade, a
relação entre os atores (centros de pesquisa ou pesquisadores) está pautada em contratos com
regras de conduta. Como exemplo, cita-se as pesquisas encomendadas por empresas junto aos
pesquisadores, em que elas fornecem os recursos necessários para o desenvolvimento da
pesquisa, mediante a regras que os pesquisadores devem satisfazer requisitos, tais como:
confidencialidade e prazo de execução. Redes informais: na dimensão da conivência, os
pesquisadores atuam de forma informal, e o apoio mútuo destina-se ao desenvolvimento do
conhecimento (MARCON; MOINET, 2000).
HIERARQUIA (rede vertical)
COOPERAÇÃO (rede horizontal)
CONTRATO (rede formal)
CONIVÊNCIA (rede informal)
91
Como os estudos de Marcon e Moinet (2000) são voltados para a estrutura
organizacional, a exemplificação de seu trabalho está voltada para este universo de estudos.
Nesse sentido, os autores apresentam as seguintes características para os quadrantes do “mapa
de orientação conceitual: Redes verticais: dimensão da hierarquia. Nesta concepção, as redes
se caracterizam por possuirem uma clara estrutura hierárquica. Como exemplo, os autores
citam as distribuidoras de alimentos e bancos que possuem estruturas divididas em Matriz,
regionais, filiais com o objetivo de se aproximar dos clientes. Redes Horizontais: dimensão da
cooperação. As redes de cooperação entre empresas se caracterizam pela manutenção da
indivudualidade de cada uma das organizações participantes em composição com um objetivo
comum na qual compartilham determinadas ações. Como exemplo, cita-se os consórcios de
compras e as associações de profissionais. Redes formais: dimensão contratual. Para
Knorringa e Meyer-Stamer (1999) nesta concepção as redes são formalizadas por contratos
que estabelecem regras de conduta entre os atores, tais como: consórcios de exportação e
franquias. Neste modelo as redes são fortemente formalizadas. Redes informais: dimensão da
conivência. Um objetivo comum aglutina um conjunto de atores que se unem de forma
informal, ou seja, sem a necessidade de contratos regimentais. Nesta concepção, os atores são
livres para entrar e sair das redes.
O “mapa de orientação conceitual” possibilita uma infinidade de estruturas para as
redes, nas quais as variáveis hierarquia-cooperação e formalidade-informalidade
estabeleceram as relações e o grau de solenidade entre os atores das redes. Vale destacar que a
base de relacionamento dos atores pode variar de um esteio informal entre os atores (como
exemplo: relações de amizade, afinidade, parentesco) a relações formalmente estabelecidas e
mediadas por contratos (como exemplo: contratos jurídicos entre empresas, instituições,
centros de pesquisa, ou ainda, contratos de trabalho de funcionários com seus respectivos
empregadores).
Rossoni e Guarido-Filho (2009) em estudo de redes de coautoria entre pesquisadores
nos programas de pós-graduação no Brasil ponderam que a perspectiva de que a prática da
ciência está imersa em um conjunto de relações que não se restringem ao contexto imediato
do pesquisador expandindo-se a interesses mais abrangentes. Esta perspectiva se apoia na
condicionante de que a atividade científica se desenvolve como ação coletiva e não como
resultante de esforço isolado de um indivíduo, na qual a coesão e a proximidade entre
pesquisadores se revelam como recursos para a construção do conhecimento. Apesar de os
autores se fundamentarem em Barabasi (2005) e Lee e Bozeman (2005), a premissa desta
proposição se apoia na perspectiva apresentada por Durkheim. Esta concepção se acentua
92
quando destacam a afirmação de Moody (2004) que cientistas pertencentes a uma rede de
cooperação exercem mútua influência por meio do compartilhamento de perspectivas e
métodos de pesquisa. O estudo de Rossoni e Guarido-Filho (2009) se baseia na possibilidade
de configurações do tipo small worlds (mundos pequenos) e respectivas ligações preferenciais
e associações entre produtividade e centralidade dos programas de pós-graduação.
Beaver e Rosen (1978) apontam que estudos colaborativos abarcando pesquisadores
de diferentes países é um fenômeno identificado no século XIX, mostrando assim a
longevidade de esforços colaborativos em pesquisas científicas. Destaca-se que a colaboração
científica possui a faculdade de ser uma ação cooperativa que apreende metas, planejamento e
coordenação para a obtenção de resultados ou produtos – em muitos casos expressos em
trabalhos científicos – em que o mérito é compartilhado entre os participantes. Neste cenário,
a colaboração científica se constitui em base contributiva para a maximização do potencial da
produção científica. (WEISZ; ROCO, 1996).
No comparativo dos estudos desenvolvidos em redes científicas em relação aos
empreendidos de forma isolada, Weisz e Roco (1996) observam uma ampliação de repertório
de abordagens e ferramentas utilizadas e o incremento criativo dos pesquisadores em
decorrência da troca de informações que se processa no interior da rede.
As pesquisas em redes passaram por estágios evolutivos. Balancieri (2004) realizou
um retrospectivo dos principais pontos observados a partir da década de 1960 e que estão
expressos na Figura 12.
93
Figura 12 - Cronologia de redes de colaboração científica.
Fonte: Adaptado de Balancieri (2004).
A Figura 12 possibilita a visualização de importantes componentes no estudo das redes
científicas, bem como o momento em que se iniciaram os estudos de determinadas
características destas configurações. Os eventos de importância para este estudo estão
apresentados junto às respectivas seções teóricas, não demandando neste instante a
necessidade de maior aprofundamento destes elementos. Vale destacar que Balancieri et al.
(2005) desenvolvem estudo teórico em que apontam os principais autores envolvidos nestes
eventos.
A ARS se caracteriza como um campo de pesquisa em expansão em diversas áreas do
saber. No tocante as pesquisas empreendidas, vale destacar Newman (2001b) que
desenvolveu um dos primeiros estudos abordando a estrutura de relações entre pesquisadores
no campo científico. Estes estudos iniciais estavam voltados ao campo das ciências físicas e
naturais, (BARABASI et al., 2002; NEWMAN, 2001b; 2004), e se observa a incorporação
desta metodologia em outras áreas das ciências, tais como: na sociologia (MOODY, 2004), na
pesquisa digital (LIU et al., 2005), e nos estudos organizacionais e de estratégia (ROSSONI;
MACHADO-DA-SILVA, 2007). Os resultados observados nestes estudos convergem para o
entendimento da tendência de conexão direta ou indireta dos atores de determinado campo
Década de 1960
- Inicio dos estudos;
- Início das formas colaborativas;
- Identificação dos "Colégios invisíveis”;
- Maioria das publicações em co-autorias;
- Co-autoria entre orientador e orientado;
- Teoria de "Mundos pequenos";
- "Seis graus de separação”.
Década de 1970
- Áreas do conhecimento estabelecidas, quais, e por que;
- Comparação entre as áreas de conhecimento;
- Identificação dos pesquisadores, instituições e países emergentes;
- Os “Colégios Invisíveis" possuem alta produtividade;
- Fortalecimento da co-autoria.
Década de 1980
- Questionamento quanto à definição de colaboração;
- Diferenças na forma de qualificar os colaboradores;
- Influência de artigos com maior número de co-autores;
- Contagem de co-autorias com média mais exata;
- Fatores determinantes para a colaboração científica.
Década de 1990
- Colaborações internacionais versus colaborações nacionais;
- Fase pré Web as colaborações decrescem com a distância geográfica;
- Comparação dos trabalhos teóricos com os experimentais;
- Visão dos diferentes níveis de colaboração;
- Junção de várias áreas para entendimento das relações das redes.
94
científico. Barabasi et al. (2002) atentam para a característica de escolhas preferenciais pelos
cientistas, no qual os autores com maior número de colaboradores tendem a atrair cada vez
mais colaboradores. Rossoni e Hocayen-da-Silva (2008) destacam que outro ponto de
convergência destes estudos foi identificar uma estrutura de relacionamento com uma
configuração de small worlds nas diferentes disciplinas abordadas.
A seção seguinte retoma a abordagem de Berguer e Luckmann (2008) que se
posiciona como um “fio condutor” das inter-relações com as demais teorias abordadas neste
capítulo.
2.6 A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO COMO BASE TEÓRICA PARA AS
PESQUISAS BIBLIOMÉTRICAS E DE ANÁLISES DE REDES SOCIAIS - ARS.
A sociologia do conhecimento é definida por Camic (2001) como o somatório de
proposições teóricas e estudos empíricos que tratam do relacionamento de processos e
produtos da cognição humana em associação com os fatores socioculturais. Adicionalmente, o
autor aponta que a sociologia do conhecimento possui a atribuição de tratar as origens e
transformações de uma ampla gama de produtos e processos intelectuais. Como exemplo
destas formas de manifestações, destacam-se as ideias, as ideologias, as ciências, as teorias, as
visões de mundo, as doutrinas políticas ou religiosas, as crenças morais, as filosóficas e éticas,
as normas sociais, as práticas do conhecimento cotidiano, os discursos, entre outras.
A abordagem de Berger e Luckmann (2008) para a sociologia do conhecimento se
insere em um quadro teórico estabelecido com importantes colaborações. A obra de Scheler e
Manheim está associada à sociologia tradicional do conhecimento, segundo Swidler e Arditi
(1994). Para estes autores, a abordagem de Scheler e Manheim apresenta a fragilidade de não
tratar como a posição social do indivíduo e dos grupos moldam o conhecimento. Segundo
estes autores, o enfoque desta abordagem residia nos sistemas formais de ideia, em particular
para as políticas de intelectuais e visões de mundo.
Merton (1970) é um autor que aparece com destaque nos estudos da área da sociologia
do conhecimento. O autor critica a obra de Berger e Luckmann (2008) por estes terem
negligenciado a análise focada na relação entre os tipos de conhecimento e as bases
socioculturais. Como o foco de atenção deste estudo é a utilização da abordagem de Berger e
Luckmann (2008) nas pesquisas de bibliometria e de análise de redes sociais, tal exame
decorrerá das ponderações desenvolvidas no estudo da obra dos autores e ainda adicionada da
colaboração dos demais autores da área. Merton (1970) desenvolve esta análise tratando os
95
tópicos como esferas de produções mentais e bases existenciais. Segundo Camic (2001), o
trabalho desenvolvido por Merton resultou em um corpo próprio de conhecimento originando
a sociologia da ciência. Nesses termos, pode-se interpretar a sociologia da ciência como um
importante subcampo da sociologia do conhecimento (KURZMAN,1994). Para Guarido-Filho
(2008), a abordagem de Merton apoia-se na institucionalização de dimensões normativas,
responsáveis por delinear a conduta do cientista. A obra de Merton (1970) é relevante nos
estudos da sociologia do conhecimento, assim quando apropriado e oportuno, este estudo
apresenta pontos desta abordagem. Nesse sentido vale destacar a proposição de ethos
científico, que define valores e normas consideradas obrigatórias para o homem de ciência.
Tal proposição justapõe as normas de ciência e o sistema de recompensas que norteiam o
comportamento dos cientistas.
No arcabouço de pesquisadores da sociologia do conhecimento identifica-se ainda
Knorr-Cetina (obra: The manufacture of Knnowledge de 1981) que, em artigos de 1977 a
1981, apresentou uma abordagem que se aproxima da teoria construtivista. O cerne destas
pesquisas foi, a partir de experiências realizadas em laboratórios científicos, conhecer a
gênese do conhecimento científico, apoiando-se para tanto no processo de produção
envolvido nesta dinâmica (HOCHMAN, 1994). Ainda, segundo Hochman (1994), a pesquisa
desenvolvida por Knorr-Cetina aponta para a viabilidade de a atividade científica ser
interpretada como uma progressiva aplicação daquilo que funciona mediante a utilização do
que foi adequado no passado e interpretado como plausível de funcionamento. Na concepção
da autora, a observação direta das práticas científicas laboratoriais possibilita aproximar da
condição real àquilo que se passa dentro de um laboratório, sem a perda de detalhes
cotidianos que normalmente ocorrem nas publicações formais.
Segundo Rodrigues (2005), uma proposição diferenciada da obra de Knorr-Cetina
(1981) consiste no aspecto que o papel fundamental da produção científica não reside na
teoria ou no método científico, mas sim no contexto em que se desenvolve o trabalho
científico. Tal posição decorre do entendimento de que os produtos gerados em laboratório
são elaborados de maneira instrumental admitindo contingência e circunstâncias intrínsecas, e
não resultantes de aspectos factuais do rigor científico.
Em seus estudos, Moura (2009) apresenta dois pontos que merecem destaque. O
primeiro está ligado ao dinamismo da área de sociologia do conhecimento, para tanto recorre
a Rodrigues-Júnior (2002) que apresenta uma denominação mais ampla e integradora do
estudo da sociologia do conhecimento e da sociologia da ciência – a Sociologia do
Conhecimento Científico. Segundo Rodrigues-Júnior (2002), esta área se destina a estudar
96
tanto os aspectos estruturais que abarcam as diversas influências dos fatores sociais e
cognitivos no domínio das organizações científicas, quanto às questões concernentes à origem
e à legitimação do conhecimento científico. O segundo aspecto relaciona-se à crítica de que os
estudos da sociologia da ciência não possibilitam identificar os efeitos sociais da ciência,
apesar da sua importância na identificação, descrição e medição da própria ciência. Moura
(2009) apoia tal afirmação nos estudos de Bem-David (1975) que ressalta o grande volume e a
alta difusão dos efeitos sociais da ciência tornam inviáveis as tentativas de analisá-los de
forma individualizada. A ação da ciência sobre as instituições sociais é tão profunda e
duradoura, que a distinção do que é resultante da sua atuação é praticamente impossível.
Segundo Bem-David (1975), tal cenário imputou aos sociólogos o esforço de solucionar o que
era exequível, se distanciando do que aparentava ser impossível de ser solucionado. As
reflexões de Moura (2009) estabelecem oportunidades e desafios a serem superados nos
estudos do conhecimento e da ciência.
No contexto do contínuo desenvolvimento da área, que inclui a alteração de sua
denominação, a atualização de interpretações e foco de atenção, se estabelece a oportunidade
de estudar os autores seminais permitindo o seu emprego quando aplicável. Como etapa
subsequente à contextualização de Berger e Luckmann (2008), que ocorreu na seção 2.3, e
que incorpora a sociologia do conhecimento, esta seção se propõe a delinear esta abordagem
como base teórica dos estudos que incorporam a bibliometria, a cienciometria e a análise de
redes sociais. O Quadro 7 apresenta os conceitos dos principais itens da abordagem dos
referidos autores estabelecendo-se assim como um elemento de apoio para a interpretação do
texto desta seção.
Item Conceito
Objetividade As ações repetidas que se tornam um hábito e estabelecem um protocolo de tipificação
possibilitando o compartilhamento por mais de um indivíduo, possibilitam a constituição de
uma tipificação recíproca. Em uma situação social duradoura estas ações tornam-se instituições
históricas possibilitando o surgimento ou o aperfeiçoamento de uma qualidade, até então
incipiente, entre os atores que desencadearam a tipificação recíproca de uma conduta. Esta
qualidade é a objetividade. Na condição de mundo objetivo, as formações sociais são passíveis
de transmissão a um novo agrupamento ou geração. Tanto o conhecimento quanto a sua
transmissão decorrem dos significados objetivados na atividade institucional.
Objetivação A exteriorização da produção, pelo homem, é uma atividade que adquiri o caráter de
objetividade é entendida como um processo denominado de objetivação. Assim, a relação entre
o homem, o produtor e o mundo social estabelece uma ligação de reciprocidade das partes, no
qual a exteriorização e a objetivação são componentes de um contínuo processo de discussão,
contraposição e contradição de ideias que caminham para o estabelecimento de um consenso
socialmente aceito.
(continua na página seguinte)
97
Linguagem No contexto da sociedade, a sedimentação é social na medida em que se pode repetir a
objetivação das experiências compartilhadas por meio da linguagem que assume o status de
base e instrumento do acervo coletivo do conhecimento. A linguagem é que possibilita a
objetivação de novas experiências, que se consubstanciam ao estoque de conhecimento
existente. Sob esse aspecto, a linguagem permite as sedimentações coletivas de forma coerente,
sem a necessidade de reconstrução do processo original. A linguagem é elemento de elaboração
e de disseminação nos processos de legitimação. Para Berger e Berger (1977, p. 193), “a
linguagem é uma instituição”.
Instituição A formação do hábito pelo ser humano possibilita o estabelecimento de sua institucionalização.
Para tanto é necessário que os indivíduos envolvidos compartilhem o caráter típico das ações.
Um conjunto de atores exercendo ações típicas e de rotina caracterizam uma tipificação que, por
sua vez, estabelece uma instituição. A compreensão de uma instituição envolve o entendimento
do processo histórico que a originou e o padrão de conduta determinante nas “instituições
sociais”. Este padrão de conduta estabelece o perfil controlador inerente à institucionalização
que, juntamente com os mecanismos de sanção, constituem o sistema de controle social. A
transmissão do padrão ao longo do tempo, de geração para geração, estabelece a constituição
das instituições. Assim as instituições se configuram como um conjunto articulado de ideias,
normas, valores e sentimentos, socialmente estabelecidos que orientam as ações em campos
específicos da conduta humana. Berger e Berger (1977, p. 193) definem “a instituição como um
padrão de controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela sociedade”.
Instituciona-
lização
A repetição de uma mesma atividade tende a estabelecer um padrão de ação que pode ser
apreendido e reproduzido por outros. Esta repetição possibilita a formação do hábito que fornece
direção e especialização para o homem realizar suas atividades, de forma a não necessitar
definir as ações envolvidas nos eventos rotineiros. A formação do hábito se torna um pré-
requisito do processo de institucionalização de um único indivíduo ou um grupo social.
Papéis A atuação de atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos, comum a uma rede social, se
desenvolve por meio dos papéis que exercem. Os papéis protagonizados pelos indivíduos
estabelecem uma tipologia. Condição esta, necessária para a institucionalização da conduta, pois
as instituições apropriam-se da experiência do indivíduo, por meio dos papéis que
desempenham. Para Berger e Luckmann (2008), os papéis exercem ainda a importante função
social de integrar as diversas instituições em um mundo dotado de sentido assumindo assim a
condição de aparelho legitimador da sociedade.
Legitimação A Legitimação é a transmissão do mundo institucional de uma geração para outra. Nesse
contexto, o padrão de controle estabelecido por uma geração é incorporado pela geração
seguinte, frente à possibilidade de explicação e justificação. Para Berger e Luckmann (2008,
p.28) a “legitimação é este processo de explicação e justificação”. A necessidade de legitimação
origina-se quando as objetivações de ordem institucional necessitam ser transmitidas de uma
geração para outra. Um aspecto importante da legitimação é que ela não se restringe à
transmissão de valores, pois ao justificar uma ordem institucional, ela envolve também a
transmissão do conhecimento. Em muitos casos a legitimação se processa por meio de
totalidades simbólicas, não passiveis de experimentação na vida cotidiana. As teorias emanam
como fruto do processo de legitimação e pertencentes ao contexto histórico de uma sociedade.
As novas gerações apreendem esta legitimação concomitante ao processo que a socializa na
ordem institucional. A importância do indivíduo (e seu respectivo papel) na legitimação das
instituições e dos universos simbólicos ocorre no contexto das sociedades e de seus respectivos
interesses.
(continua na página seguinte)
98
Ordem
institucional
As ações de um indivíduo e de outros que compõem um conjunto social de forma tipificada
possibilitam originar uma ordem institucional. Observa-se entre os envolvidos: finalidade
específica, fases de desempenho entrelaçadas, ações específicas tipificadas e formas de ação
tipificadas. Tal configuração faz com que qualquer ator desta rede social repita determinada
ação tipificada, desde que haja um sentido objetivo da mesma. Dentro de uma ordem
institucional, uma determinada ação, bem como o seu sentido, pode ser apreendida por qualquer
indivíduo pertencente à sua base social. A execução de uma ação decorre de ações objetivas,
conhecidas e passiveis de repetição por qualquer ator desta rede social. A sociedade
disponibiliza o acervo completo de conhecimento, porém a extensão e a atualização deste são
particulares a cada indivíduo. O indivíduo tem à sua disposição o sentido objetivo da ordem
institucional, admitido como natural e certo, entretanto ele pode apresentar dificuldades de
interiorização dos significados. A dificuldade se origina na consciência reflexiva de cada
indivíduo, condicionada a sua lógica e experiência de institucionalização. Assim é possível
entender e aceitar a coexistência de processos institucionais distintos sem a integração total pela
sociedade. O conjunto de teorias legitimadoras existentes se estabelece como integrantes deste
mundo, no qual o universo simbólico inclui a ordem institucional.
Universo
simbólico
A concepção do universo simbólico emana como a matriz de todos os significados, socialmente
objetivados e subjetivamente reais. O indivíduo identifica a sua existência como pertencente a
este universo, pois todas as situações da sua vida cotidiana são abarcadas pelo universo
simbólico. O conjunto de teorias legitimadoras existentes se estabelece como integrantes deste
mundo, no qual o universo inclui a ordem institucional. A consolidação dos universos
simbólicos demanda os processos de objetivação, de sedimentação e de acumulação do
conhecimento, caracterizando-se assim como um produto social que têm uma história. O
universo simbólico se origina da objetivação social dos processos de reflexão subjetiva, logo,
dentro da perspectiva cognoscitiva, o universo simbólico é teórico. É no universo simbólico que
deve ocorrer à legitimação da ordem institucional, na medida em que esta estabeleça um todo
dotado de sentido. Os universos simbólicos realizam a legitimação da biografia individual e da
ordem institucional de forma semelhante, se apoiado em um processo organizado e ordenado. O
universo simbólico disponibiliza a hierarquia de realidades, que subsidiaram a apreensão
subjetiva de um novo conhecimento pelo indivíduo. Dentro do universo simbólico podem existir
indivíduos que o concebam de maneira distinta, originando-se, assim, variações de
interpretação. Quando estas variações de interpretação começam a serem partilhadas por um
conjunto de indivíduos, emerge a objetivação de uma nova realidade que irá desafiar a realidade
do universo simbólico constituído.
Reificação A reificação ocorre quando a sociedade não se distingue mais como fonte de criação de
determinado conhecimento, atribui a sua origem a algo especial, portanto não passível de
alterações.
Quadro 7 - Conceitos dos principais itens da abordagem de Berger e Luckmann e Berger e Berger
Fonte: elaborado pelo autor com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008).
Berger e Luckmann (2008) propõem o universo simbólico como domínio de sentidos
que incorpora as experiências humanas de forma a possibilitar a entender o significado do
mundo real. O universo simbólico se estabelece como a totalidade de todos os significados
socialmente objetivados e subjetivamente reais. O universo simbólico possui a qualidade de
possibilitar ao indivíduo o entendimento de todos os fatos que ocorrem na sua vida cotidiana.
Apesar de o universo simbólico possibilitar a cada indivíduo o entendimento da sua
realidade, ele é construído socialmente e está atrelado à história que envolve a edificação
deste grupo social. Nesta acepção cada sociedade possui o seu universo simbólico.
O universo simbólico é um todo formado por partes denominadas ordem institucional,
cada qual com seu conjunto de sentidos e destinada a dar significado a um campo da vida
99
humana. Nesse contexto, a ordem institucional se estabelece como elemento de construção do
universo simbólico e, por conseguinte, demanda deste a necessidade de institucionalização e
de legitimação. Tal interpretação estabelece a ordem institucional como o elemento de análise
para entendimento do universo simbólico. Para o desenvolvimento deste estudo, vale ressalvar
que Berger e Luckmann (2008) estabelecem dois planos de ordem institucional: primeira
ordem e segunda ordem. No primeiro plano (primeira ordem) encontram-se as objetivações
decorrentes das ações desempenhadas de forma corriqueira e que não demandam do indivíduo
a necessidade de verificar a sua razoabilidade para ser incorporada, pois as interpreta como
evidentes. No entanto, nas do segundo plano (segunda ordem), as objetivações precisam se
apresentar factíveis e razoáveis para serem incorporadas pelo indivíduo. Este estudo tem
como objeto de atenção as objetivações de segunda ordem que necessitam de um corpo
teórico que embase a ordem institucional.
A abordagem de ordem institucional de Berger e Luckmann (2008) se aproxima da
proposição de campo apresentada por Bourdieu (1995). Para este autor, o campo é um
segmento relativamente autônomo do arranjo social maior, tal como o campo econômico e o
campo religioso, entre outros. No entanto, cada campo social - condição que incorpora o
campo científico - possui regras e padrões próprios de conduta, desencadeando assim relações
peculiares de força e de luta de interesses. Nesse sentido, Bourdieu (1991) considera o campo
um sistema objetivo de relações regido por nexos de poder pautados pela distribuição de
capital político e científico, em grande parte, decorrente de disputas precedentes. Nesses
termos, observa-se à aproximação destas proposições com a abordagem de Berger e
Luckmann (2008) que posiciona a ordem institucional como um processo histórico da
sociedade vinculado aos processos de institucionalização e legitimação, que por sua vez
podem estar associados a disputas de supremacia.
Bourdieu (1991) propõe que a disputa política, que se desenvolve sobre a propriedade
científica, incorpora ainda a questão epistemológica do significado e da natureza das
descobertas científicas. Tal acepção configura o campo científico como uma arena de
disputas, na qual os cientistas pleiteiam o monopólio da autoridade e da competência
científica. Para Santos Júnior (2000) os consumidores/clientes do campo são os próprios
pares/concorrentes do produtor do conhecimento. Nesse contexto, temos a configuração da
importância do arranjo social que estrutura e sustenta o campo científico e a dependência
deste para com os demais campos científicos. A proposta de Berger e Luckmann (2008) para
a ordem institucional apresenta similaridades a este significado. Para os autores, a legitimação
de uma ordem institucional se insere em uma conjuntura de conflitos e competições cujos
100
autores pleiteiam a prevalência de suas proposições. A abordagem de Berger e Luckmann
(2008) estabelece uma perspectiva indissociável entre o arranjo social e o indivíduo, pois
posiciona que sociedades distintas podem estabelecer confrontos de seus universos, de tal
forma que a sociedade vencedora impõe seu universo sobre a sociedade adversária, inserindo
assim as disputas na esfera das sociedades. No entanto, os autores também afirmam que os
papéis desempenhados pelos atores representam a própria ordem institucional. Assim, apesar
das disputas ocorrerem no âmbito dos arranjos sociais, ela se desenvolve por meio dos papéis
desempenhados pelos atores no arranjo social. Berger e Luckmann (2008) asseveram a
importância do papel do ator na disputa, ao afirmarem que o êxito do universo simbólico está
mais dependente do poder de seus legitimadores do que da plausibilidade intrínseca da teoria
apresentada, isto, obviamente, em uma situação de paridade entre as partes.
Outro ponto de convergência, entre a abordagem de Berger e Luckmann (2008) e a
ARS, pode ser observado na afirmação de Wasserman e Faust (1994) que indica a adequação
desta técnica na busca de grupos de autores coesos caracterizados pela força, intensidade e
frequência do relacionamento. Nesse sentido, Marteleto (2001) expande as relações ao
apontar esta técnica como adequada ao entendimento da influência da estrutura social no
comportamento e nas opiniões dos indivíduos. Para a autora, a ARS revela ainda as relações
dos indivíduos por meio dos sistemas de interações que se estabelece no interior do grupo
social. Adicionalmente, Meneghelli (2009) afirma que os recursos matemáticos empregados
na ARS se destinam a medir as relações, os laços e as interações sociais que estruturam a rede
social, retomando as afirmações de Wasserman e Faust (1994). Tal contexto, na abordagem
de Berger e Luckmann (2008), posiciona a ARS como um componente passível de utilização
para identificar os atores e seus respectivos papéis nos processos de institucionalização e
legitimação do conhecimento. Vale destacar que para os autores as ações de um indivíduo e
de outros que compõem uma rede de socialização de forma tipificada possibilitam originar
uma ordem institucional.
Outras vertentes a se considerarem como técnicas nos estudos de sociologia do
conhecimento são bibliometria e cienciometria. Estas técnicas partem de um denominador
comum que é a frequência de ocorrência de aspectos importantes da produção científica. Ao
longo dos anos, os pesquisadores da técnica da bibliometria foram observando padrões de
comportamento que possibilitavam o estabelecimento de Leis, que demonstravam aspectos de
determinadas áreas do conhecimento.
A cienciometria é apresentada por Spinak (1996), como uma disciplina do
conhecimento voltada ao entendimento da estrutura e das propriedades da informação
101
científica, de forma a projetar, por meio de indicadores quantitativos, o crescimento de
determinado ramo do conhecimento. Para efeito deste estudo, a cienciometria se distingue da
bibliometria por estabelecer como objeto de estudo: disciplinas, assunto, área e campos
científicos e tecnológicos, patentes, dissertações e teses, ao passo que, a bibliometria
estabelece como objeto de estudo: livros, documentos, revistas, artigos, autores e usuários.
A utilização da bibliometria e da cienciometria apresenta-se particularmente útil aos
estudos da sociologia do conhecimento, no tocante a identificar os papéis desempenhados
pelos atores de um arranjo social (rede social). Para Berger e Luckmann (2008), a atuação de
atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos está estruturada segundo o papel de
atuação na rede social. Os papéis protagonizados pelos indivíduos estabelecem a tipologia
necessária à institucionalização da conduta, pois as instituições apropriam-se da experiência
do indivíduo, por meio dos papéis que estes desempenham. Dentre os papéis desempenhados
em uma instituição, o de mediador do acervo comum de conhecimento de setores específicos
se destaca por tornar-se administrador do cabedal do conhecimento que lhe foi socialmente
atribuído. Tal posição, tem importância por ser o referencial ao qual a sociedade irá recorrer
quando da necessidade de entender um conhecimento específico da área. A relação dos papéis
desempenhados e o conhecimento configuram-se como fundamentais tanto na perspectiva de
representação da ordem institucional - mediando conjuntos de conhecimentos
institucionalmente objetivados - quanto na qual cada papel é veículo de um determinado
conhecimento.
A abordagem de Berger e Luckmann (2008) se beneficia dos estudos de bibliometria e
de cienciometria na medida em que estes, ao apontarem os principais autores de um campo
científico, também estão expressando de forma análoga, os autores que ocupam o papel de
mediador do acervo comum de conhecimento que, conforme já abordado, representam a
própria ordem institucional. Estas técnicas não revelam em si o conhecimento, mas sim os
autores que conformam a ordem institucional e que possibilitam a continuidade das
instituições por meio do desenvolvimento de suas experiências reais. Para os autores, os
papéis são responsáveis por integrar as diversas instituições, estabelecendo um universo
simbólico dotado de sentido. Estabelece, assim, a condição de aparelho legitimador da
sociedade.
A concepção da ciência como instituição social desperta o interesse em diagnosticar a
dinâmica social que estrutura a comunidade científica. Sob as análises desenvolvidas nesta
esfera de interesse, destacam-se os estudos desenvolvidos por Merton (1968; 1988) que,
dentre muitas contribuições apresentadas, propõe o Efeito Mateus. O Efeito Mateus se insere
102
na discussão de valores da ciência. Para o entendimento do Efeito Mateus torna-se necessário
a elaboração de um pequeno preâmbulo que destaca a importância atribuída por Merton
(1957) à originalidade e à sua respectiva posição como valor soberano da ciência, sobretudo
por configurar seu próprio avanço. Tal contexto revela um ponto de interesse dos cientistas, o
sistema de reconhecimento e recompensas, sejam estas materiais ou simbólicas. Para o autor o
sistema de recompensas e de reconhecimento da ciência se constitui em uma instituição
social, e se por um lado resguarda a primazia sobre a originalidade, por outro demanda a
necessidade de universalização do conhecimento, para possibilitar a sua validade e a sua
legitimidade. Assim, tanto a propriedade científica como o sistema de recompensas decorrem
das relações interativas dos cientistas que resultaram no reconhecimento social do
conhecimento. Sob esse aspecto o conhecimento é disponibilizado ao público que tem livre
utilização sobre o mesmo (MERTON, 1988). Quanto mais o conhecimento for utilizado por
outros cientistas, mais os pares reconhecem a contribuição proporcionada pelo trabalho
realizado, afirmando assim a propriedade intelectual. Para Berger e Luckmann (2008),
somente com o processo de universalização do conhecimento se constrói as bases que
potencializam os processos de institucionalização e legitimação do conhecimento. Envolve
nesse processo a legitimação da própria ordem institucional e, em última estância, do universo
simbólico. Apesar do enfoque de Merton (1957; 1988) se voltar para o sistema de
recompensas o de Berger e Luckmann (2008) para a institucionalização da ordem
institucional, observa-se similaridade entre as abordagens destes autores, na ênfase a
socialização do conhecimento.
Segundo Merton (1968; 1988), o Efeito Mateus decorre do sistema de reconhecimento
de valores e de recompensas que moldam as posições sociais dos cientistas no campo
científico, com reflexos no próprio sistema de comunicação. O Efeito Mateus consiste na
atribuição desproporcional de reconhecimento para os cientistas com algum grau de reputação
no campo científico em relação a aqueles que ainda não alcançaram tal patamar. Tal
perspectiva se enquadra na máxima do senso comum: “mais para quem tem mais, menos para
quem tem menos”. Para o autor, esse efeito envolve o padrão de atribuição de crédito do
trabalho científico comumente observável nos casos de coautoria (colaboração de trabalhos) e
de comunicação simultânea de estudos similares, desenvolvidos de forma independentemente
entre si. Nestas situações, de forma injustificada, o campo científico reconhece e valoriza os
cientistas que desfrutam de maior prestígio no campo científico, proporcionando a estes uma
vantagem acumulativa de oportunidades, recompensas simbólicas e materiais e, em alguns
casos, envolvendo até as instituições que os pesquisadores possuem vínculos.
103
Apesar da possibilidade da discussão dos aspectos éticos desta dinâmica do campo
científico, o Efeito Mateus atua de forma a dar maior visibilidade para os autores de destaque
de uma determinada ordem institucional, reforçando assim a proposição de Berger e
Luckmann (2008) da importância do papel dos especialistas. Tal dinâmica social em parte é
justificada por Berger e Luckmann (2008) ao afirmarem que os papéis desempenhados pelos
autores representam a própria ordem institucional. Nesta perspectiva, uma maior atribuição de
reconhecimento aos autores mais conhecidos - ação esta desenvolvida pelos seus pares - tem a
finalidade de reforçar a própria institucionalização da ordem institucional pelo grupo social
que a suporta. Reforçando o propósito desta seção, vale destacar que as técnicas de ARS, de
bibliometria, de cienciometria, de data mining, entre outras, se apresentam como adequadas
para o entendimento dos contornos de determinada ordem institucional ou campo científico.
Como limitação da análise cienciométrica, identificam-se aspectos operacionais
relacionados à confiabilidade, a completude da base de dados e as possíveis restrições
associadas aos procedimentos quantitativos. Em suas pesquisas, Merton (1988) apontou a
obliteração e as citações parciais, como fenômenos que podem interferir nos estudos
cienciométricos e por abrangência nos de ARS.
A obliteração se relaciona a incorporação de ideias, métodos ou achados ao contexto
de conhecimento aceito e difundido em um campo, relegando a fonte original à condição de
conhecimento tácito, ou seja, senso comum, e como tal desobrigado de ser citada a autoria
(MERTON, 1988). Este procedimento estabelece a tendência dos estudos citarem a literatura
mais recente em detrimento das fontes originais, estabelecendo lacunas de reconhecimento da
ciência. Segundo Merton (1988), tal prática possibilita que obras e autores de maior
relevância em um campo científico sejam menos citados ao longo do tempo, comprometendo
assim as análises de citação. Como alternativa metodológica à análise histórica da citação,
Garfield (2004) propõe utilizar algoritmos para rastrear a cronologia das relações de citação,
estabelecendo assim o seu histórico e a sua genealogia. Vale destacar que a aplicação de
algoritmos nas pesquisas em banco de dados é uma técnica comum do data mining.
Adicionalmente, Guarido-Filho (2008) aponta que pesquisas longitudinais de citação e o
mapeamento genealógico das ideias comuns da cienciometria possuem potencial emprego na
análise dos fenômenos ligados a obliteração.
Analisando os efeitos da obliteração, e a possibilidade de ocorrência deste fenômeno,
se estabelece o questionamento a respeito da efetividade dos estudos que envolvem medidas
de impacto de artigos e periódicos, ou seja, uma possível contradição entre obliteração e
medida de impacto. Sob esse aspecto Guarido-Filho (2008), recorrendo a Mane e Borner
104
(2004), reflete que os trabalhos mais citados são aqueles de maior impacto, e que o longo
prazo envolvido no processo de análise, aceite e publicação de um artigo científico tende a
minimizar ou até anular os efeitos da obliteração. Sob esta perspectiva torna-se interessante
resgatar as reflexões de Merton (1988) e Hopcroft et al., (2004), de que apenas um reduzido
número de artigos é efetivamente citado de forma significativa nas obras de uma área,
estabelecendo-se assim uma estrutura central. Estas reflexões estabelecem o questionamento
da real influência da obliteração no sistema de citação de uma área.
Com relação às citações parciais, retornamos ao conceito do Efeito Mateus, por se
observar, conforme aponta Merton (1995), a atribuição de maior mérito para o autor que não é
necessariamente o efetivo responsável pelo trabalho. Tal conduta, por desconsiderar as
características formais de autoria, pode impactar em desvios ou perda de informação,
comprometendo as análises cienciométricas. Para Bourdieu (2006), o campo científico possui
assimetrias que influenciam a distribuição desigual de recursos e de poder, favorecendo a
aqueles que detém o conhecimento legitimado. Neste contexto, as citações parciais estão mais
ligadas às relações de poder exercida pelos autores que se destacam em determinada área, do
que a outras possíveis causas. Vale destacar que, para Bourdieu (2006), o campo científico se
configura como um campo de embates dos cientistas na busca do monopólio da autoridade e
da competência científica. As análises contributivas de Merton (1988, 1995) demonstram a
importância e as limitações do sistema de autoria e de citação da produção científica, que
devem ser consideradas, quando do desenvolvimento de estudos cienciométricos. Para o
autor, tal cenário não limita a utilização desta técnica no contexto de pesquisas contributivas
para a sociologia do conhecimento.
Berger e Luckmann (2008) envolvem esta questão no contexto dos papéis. Para os
autores, todo conjunto social possui o papel do mediador do acervo comum de conhecimento
e, nesta condição, é habitual que haja um fluxo maior de importância para este papel.
Adicionalmente, posicionam que a sociedade reconhece tanto o conhecimento como
legitimado quanto os especialistas responsáveis pela manutenção deste universo simbólico,
por meio da ordem institucional (campo científico). Dentro do contexto, dos embates que
envolvem a manutenção do universo simbólico, os autores apontam os mecanismos
conceituais de terapêutica e de aniquilação como recursos habitualmente utilizados na
conservação do universo simbólico.
A terapêutica se aplica para evitar que os indivíduos pertencentes a um universo
simbólico se desloquem para outro. Quando se identifica no interior do universo simbólico
desvios de definições, que ameaçam a manutenção do conhecimento legitimado, acende um
105
mecanismo conceitual para explicar esses desvios e manter a realidade que está ameaçada. O
corpo de conhecimento desenvolvido neste processo, pelo especialista, exercerá efeito
terapêutico nos componentes dissidentes, assegurando o pertencimento destes no universo
simbólico (BERGER; LUCKMANN, 2008).
A aniquilação utiliza o mecanismo conceitual para liquidar tudo que se situa fora do
universo simbólico de uma sociedade, e por esta razão não sensível à terapêutica. A
aniquilação nega todo e qualquer fenômeno discordante ao universo simbólico, atribuindo a
este um contexto ontológico inferior, ou empregando definições próprias para explicar as
definições dissidentes. Nesta situação, as concepções dissidentes são transmutadas para a sutil
posição de reforço do universo simbólico, e não mais como desafiadoras.
A proposição da terapêutica e da aniquilação por Berger e Luckmann (2008)
contextualiza as disputas da ordem institucional (campo científico) como ações sociais, apesar
de serem travadas por indivíduos. Neste sentido, a maior atribuição de poder e
reconhecimento, via sistema de autoria e de citação da produção científica aos pesquisadores
mais proeminentes de uma ordem institucional, tem a função de garantir o conhecimento
legitimado da própria sociedade, justificando-se assim esta prática (BERGER; LUCKMANN,
2008).
Nesta perspectiva os estudos de bibliometria, cienciometria e ARS possuem validade
por possibilitarem identificar os autores responsáveis pelo cabedal de conhecimento de uma
ordem institucional. Adicionalmente, o emprego destas técnicas pode possibilitar identificar
os mecanismos conceituais de terapêutica e de aniquilação propostos pelos autores. Vale
destacar, que o núcleo da teoria da rede social consiste na análise da compatibilidade entre
liberdade individual e a imposição da conjuntura coletiva sobre o indivíduo. Segundo Martins
(2004), a conduta de um indivíduo está sob a influência das relações sociais que ele possui, no
entanto, apesar desta força coerciva, ele possui o arbítrio de realizar as escolhas que reflitam
seu interesse pessoal. Desta forma, os estudos de ARS auxiliam a identificar a atuação de
cientistas frente aos arranjos sociais a que pertence.
Segundo Van Raan (1997), a compreensão de processos e de estruturas cognitivas e
socio-organizacionais do campo científico (ordem institucional) e o seu respectivo
desenvolvimento aproximam os estudos bibliométricos e cienciométricos da sociologia do
conhecimento. Tal perspectiva fornece instrumental para estudar uma ordem institucional a
partir de técnicas de análise, tais como: citações; coautoria, co-citação ou co-ocorrência de
palavras – co-words. Recurso este utilizado para mapear o campo científico (ordem
institucional) e obter informações que possibilitem a compreensão de sua estrutura social e
106
intelectual. Para Merton (1988), no meio científico a atribuição da autenticidade de
determinada colaboração para a construção do conhecimento está associada ao
reconhecimento compartilhado pelos pares. Condição esta, que determina a necessidade de
tornar público o conhecimento. Assim, para que o cientista reivindique a autoria de sua
colaboração é necessário que divulgue sua produção nos meios de comunicação acadêmicos,
especialmente nas publicações.
O exercício de relatar as citações e as referências expressa publicamente à propriedade
intelectual da fonte, possibilitando ao longo do tempo que as considerações expressas por esta
fonte sejam reconhecidas (GUARIDO-FILHO, 2008). Segundo Small (2004), quando os
cientistas adotam uma literatura como base de seus estudos, eles estão estabelecendo as
estruturas de suas comunidades. Ainda, segundo este autor, os cientistas estão envoltos no
contínuo processo de interpretar e adaptar os conhecimentos do campo científico, a partir do
conhecimento já institucionalizado e legitimado. Nesse sentido, Small (2004) e Cronin (2004)
explanam que ao realizar as citações, os autores estão declarando o entendimento das bases às
quais se atribuíram o reconhecimento e as recompensas do campo científico e não somente
construindo e atribuindo significado ao texto. Esse contexto reputa as citações e as
referências, tanto à condição de elemento indicativo de prestígio ao pesquisador quanto de
estruturação do agrupamento social que delineiam o campo científico (ordem institucional).
Dessa forma, retomamos a proposição da importância dos papéis (desempenhado pelos
pesquisadores de um agrupamento social) estabelecidos por Berger e Luckmann (2008) na
institucionalização e legitimação da ordem social.
O estudo desenvolvido por Newman (2001a), que aborda as redes de coautorias
evidenciou a constituição de redes na configuração de mundo pequeno (small-world). Nesse
estudo é possível observar que dois cientistas escolhidos ao acaso se distanciam entre si, por
um pequeno número de passos (curta distância geodésica, cerca de cinco ou seis passos), a
existência de clusters (as bases possuem um componente ou subconjunto, que comporta entre
50% e 80% dos autores, no geral as conexões advém de autores intermediários), e observou o
aumento da probabilidade de colaboração entre dois autores se estes participarem de uma
tríade (existir outro pesquisador colaborando com os dois autores). Adicionalmente, o estudo
revela que as áreas pesquisadas apresentaram comportamentos diferenciados de tamanho de
rede, formação de tríades e de clusters. Uma importante contribuição do estudo, desenvolvido
por Newman (2001a), foi identificar que a ciência funciona bem quando a comunidade de
pesquisadores é densamente conectada.
107
Outro estudo a se destacar foi desenvolvido por Molina, Muñoz e Domenech (2002)
que pesquisaram a estrutura de coautorias a partir de três pesquisadores de diferentes áreas.
Este estudo possibilitou aos seus autores identificar que as redes de coautoria se configuram
como uma abordagem passível de se utilizar nos estudos de comunidades científicas e seus
colégios invisíveis. Os autores propõem inclusive ampliar esta abordagem para o estudo de
número de teses orientadas, participações em congressos, participação em grupos de pesquisa,
além de outras possibilidades.
Vale destacar o estudo de Mahlck e Persson (2000) que posiciona a
complementaridade das metodologias de ARS e bibliometria. A pesquisa destes autores
aponta, nos departamentos das instituições de pesquisa, a presença de poucos autores
respondendo por uma parcela significativa da produção no departamento, e que diferentes
grupos de pesquisa estavam se organizando em clusters. Observou-se ainda uma maior
cooperação entre os autores pertencentes aos clusters, e pouca colaboração entre os diferentes
grupos de pesquisa.
As metodologias de bibliometria, cienciometria e ARS se estabelecem como uma
técnica que possibilita levantar o mapa sociobibliométrico de determinado campo de
conhecimento (ordem institucional) no qual é possível desenvolver estudos que busquem
identificar o conhecimento legitimado. Esta abordagem incorpora ainda o data mining como
técnica estatística com significativa semelhança a bibliometria e a cienciometria. Desta forma,
torna-se possível identificar a rede social que atua em determinada ordem institucional, e que
suporta a institucionalização e a legitimação do conhecimento, conforme abordagem de
Berger e Luckmann (2008).
Um ponto a se destacar na abordagem de Berger e Luckmann (2008) é o de identificar
a linguagem como uma instituição fundamental da sociedade. Nos processos de legitimação, a
linguagem se constitui em elemento de elaboração e de disseminação do conhecimento. A
linguagem possibilita que o novo conhecimento estabelecido seja externalizado pelo
indivíduo produtor e, posteriormente, internalizado pelo mundo social, constituindo uma
ligação de reciprocidade entre as partes. Assim, é a linguagem que possibilita a objetivação de
novas experiências, que se integrarão ao estoque de conhecimento existente. A linguagem
permite as sedimentações coletivas de forma coerente, sem a necessidade de reconstrução do
processo original.
Na esfera da produção científica, o processo de transmissão do conhecimento
objetivado pela linguagem possui uma estrutura básica, com protocolo de tipificação, que
possibilita o compartilhamento do conhecimento. Nesse sentido, este estudo identificou 25
108
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que tratam de assuntos
relacionados à institucionalização da linguagem envolvida na publicação científica, como
exemplo: a NBR 6022 Informação e documentação – Artigo em publicação periódica
científica impressa – Apresentação, NBR 6023 Informação e documentação – Referências –
Elaboração, NBR 6024 Informação e documentação – Numeração progressiva das seções de
um documento escrito – Apresentação, NBR 6028 Informação e documentação – Resumo –
Apresentação, NBR 6032 Abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas, NBR
6034 Informação e documentação – Índice – Apresentação, NBR 10520 Informação e
documentação – Citação em documentos – Apresentação, NBR 10719 Apresentação de
relatórios técnico-científicos e NBR 14724 Informação e documentação – Trabalhos
acadêmicos – Apresentação. Destarte, Curty e Boccato (2005) apontam a adequação de
consultar as seguintes normas durante a elaboração de um artigo científico: NBR 6022, NBR
6023, NBR 6024, NBR 6028, NBR 6032 e NBR 10520.
Na seção seguinte é apresentado o modelo conceitual de análise.
2.7 MODELO CONCEITUAL DE ANÁLISE
Os artigos científicos e as teses e dissertações se configuram como linguagem que
expressa à objetivação de descobertas científicas e que compõe o processo de legitimação do
conhecimento científico. Os artigos científicos, as teses e as dissertações estão subjugados ao
aparelho social que rege as relações de transmissor e receptor na esfera científica, e que atua
de forma coerciva evitando desvios. Portanto, os estudos realizados em artigos, teses e
dissertações se configuram por utilizarem como base de pesquisa a linguagem, por
conseguinte, uma instituição que por ser amplamente aceita e possuir histórico de aceitação
por várias gerações se configura como legitimada, segundo a perspectiva de Berger e
Luckmann (2008). Assim, as pesquisas que utilizam a ARS, a bibliometria, a cienciometria e
o data mining se amparam em uma base institucional e legitimada, assegurando
confiabilidade aos resultados obtidos e viabiliza-se, desta forma, a condução desta pesquisa
que se baseia em teses e dissertações e não em artigos científicos, como usualmente ocorre
nos estudos da área.
A perspectiva de identificar o estágio de desenvolvimento do corpo teórico da
sustentabilidade ambiental demanda deste trabalho a adoção de uma abordagem teórica que
contenha os elementos necessários para a interpretação dos processos de institucionalização e
109
de legitimação do conhecimento. Nesse contexto, a perspectiva da institucionalização e
legitimação do conhecimento é identificada como resultante da interação social e se configura
como elemento nuclear deste trabalho.
A análise a se desenvolver neste estudo se apoia em um Modelo Conceitual que se
fundamenta na abordagem de Berger e Luckmann (2008) e que esta materializada na Figura
13. Este modelo expressa a abordagem dos autores e a interface com os seguintes conceitos. O
campo que envolve: Merton (1970), Bourdieu (1995). Os estudos bibliométricos que abarca
os seguintes autores King (1987), Pao (1989), McGrath (1989), Glanzel e Schoepflin (1993),
Macias-Chapula (1998), Wormell (1998), Vanti (2002), Tsay e Yang (2005) e Guedes e
Borschiver (2005). E a Análise de Redes Sociais – ARS segundo a abordagem de Wasserman
e Faust (1994), Freeman (1996), Watts (1999), Scott (2000), Marcon e Moinet (2000),
Newman (2001), Balestrin (2005), Hannesman (2008), Rossoni e Guarido-Filho (2009) e
Marteleto (2010).
A obra e a literatura que trata da abordagem de Berger e Luckmann (2008) não
apresenta uma representação esquemática do conceito da sociologia do conhecimento.
Aproveitando a lacuna, esta pesquisa propõe uma sinopse, por meio de um modelo conceitual
de análise, que incorpora ainda a interação com os conceitos referentes ao campo científico a
bibliometria e a ARS. As linhas pontilhadas em destaque apresentam o recorte da pesquisa
que esta fundamentada neste modelo, como mostra a representação gráfica na Figura 13.
Figura 13 – Interpretação e representação da abordagem de Berger e Luckmann (2008) associada com o
campo, com a bibliometria e com a análise de redes sociais.
Fonte: elaborado pelo autor a partir da obra de Berger e Luckmann (2008).
Objetivação
Objetividade Instituição
Institucionalização Legitimação Ordem
Institucional
Universo
Simbólico
Reificação
Campo
Científico
Bibliometria
e ARS
Linguagem
Papéis
110
A representação gráfica da Figura 13 apresenta a sequência das etapas da sociologia
do conhecimento conforme a abordagem de Berger e Luckmann (2008). Os processos de
objetivação, institucionalização e legitimação envolvem a consolidação do conhecimento, que
por sua vez resultam na ordem institucional que tipifica as ações de um grupo social. A
objetivação é resultante da exteriorização da produção do homem que adquiri o caráter de
objetividade (exemplo: artigo científico, tese e dissertação). A institucionalização consiste no
compartilhamento, por um grupo social, de um conjunto de ideias, normas, valores e
sentimentos, estabelecendo assim uma instituição (exemplo: citação de um autor). A
legitimação consiste na transmissão do mundo institucional de uma geração a outra e envolve
a explicação e justificação e valores e conhecimento.
A ordem institucional se origina das ações de um indivíduo e de outros que compõem
um conjunto social de forma tipificada (exemplos de ordem institucional: a gestão ambiental,
a sustentabilidade, a teoria organizacional). A concepção do universo simbólico emana como
a matriz de todos os significados, socialmente objetivados e subjetivamente reais. O indivíduo
identifica a sua existência como pertencente a este universo, pois todas as situações da sua
vida cotidiana são abarcadas pelo universo simbólico. É onde ocorre a legitimação da ordem
institucional. A reificação ocorre quando a sociedade não se distingue mais como fonte de
criação de determinado conhecimento, atribui a sua origem a algo especial não passível de
alterações.
A linguagem assume a condição de base e instrumento do acervo coletivo do
conhecimento. A linguagem é que possibilita a objetivação (exemplo: artigo científico, tese e
dissertação). A atuação de atores junto ao acervo objetivado de conhecimentos, comum a uma
rede social, se desenvolve por meio dos papéis que exercem. As instituições apropriam-se da
experiência do indivíduo, por meio dos papéis que desempenham e que adicionalmente atuam
na função social de integrar as diversas instituições em um mundo dotado de sentido
assumindo assim a condição de aparelho legitimador da sociedade (exemplo: pesquisador,
autor de artigo científico). A bibliometria (e a cienciometria) e a análise de redes sociais
atuam como ferramentas na estrutura da sociologia do conhecimento para identificar os
pesquisadores (que ocupam papéis) por meio de suas publicações (linguagem que possibilita a
objetivação) possibilitando assim o levantamento do campo científico. Campo científico que
resulta da institucionalização e legitimação do conhecimento estabelecendo a ordem
institucional.
111
Este estudo estabelece como foco de atenção a construção do conhecimento resultante
da atividade científica do meio acadêmico. Conhecimento este, normalmente objetivado por
meio de publicações acadêmicas que possuem os artigos como elementos de maior destaque.
Apesar de prevalecerem os estudos baseados em artigos, esta pesquisa estabelece como
unidade de análise a produção acadêmica expressa nas teses e dissertações da área de
administração. Vale destacar que muito do conhecimento resultante do processo de
elaboração das teses e dissertações é posteriormente divulgado na forma de artigo científico.
Apesar do entendimento de que o conhecimento se origina da ação do indivíduo, este
fenômeno epistemológico não é objeto de atenção deste estudo. Nesses termos, este estudo se
estrutura no entendimento, que a construção do conhecimento é um processo contínuo que
envolve a dinâmica epistêmica e a social. Tal posicionamento configura a ciência como um
fenômeno social e o conhecimento produzido, como fruto de arranjos sociais que se
estabelecem em torno de um interesse comum, e passível de ser explicado socialmente.
O estudo da socialização do conhecimento, nesta pesquisa, se caracteriza pela
investigação das interações sociais no processo de construção do conhecimento expressa pela
sua institucionalização e legitimação. A interpretação do conhecimento como um fenômeno
social e, por conseguinte o conhecimento científico se identifica como um pressuposto deste
trabalho. A proposição da sociologia do conhecimento de Berger e Luckmann (2008) vai ao
encontro desta perspectiva.
Dessa forma, o mapeamento das redes sociais de pesquisadores e os papéis que estes
ocupam tornam-se o núcleo e o objeto para o reconhecimento da ordem institucional (campo
científico) de pesquisa para identificar o conhecimento legitimado. Freeman (1996) e
Hannesman (2008) apontam que os estudos iniciais de ARS desenvolvidos por Moreno
demonstravam como as pessoas pertencentes a um grupo se conectavam, identificando ainda a
eventual posição de centralidade de um dos membros em relação aos demais. Estes estudos se
apoiavam nas formas gráficas para a compreensão da estrutura grupal, também conhecidos
como sociogramas. Conforme aponta Meneses e Sarriera (2005), a ARS possibilita identificar
as interações, as inter-relações dos nós da rede e os vínculos estabelecidos entre os atores. Tal
propriedade corrobora com os estudos da sociologia do conhecimento na medida em que
possibilita revelar os papéis desempenhados pelos atores. A proposição de Cross, Parker e
Borgatti (2000) também estabelece uma tangência entre a ARS e a sociologia do
conhecimento. Para estes autores, a ARS é um instrumento que além de favorecer o estudo de
relacionamentos contributivos ao compartilhamento da informação e do conhecimento,
estabelece indicadores que demonstram o fortalecimento da cooperação resultante dos
112
relacionamentos. Tal proposição se insere no contexto de identificação dos protagonistas dos
processos de institucionalização e legitimação do conhecimento abordado por Berger e
Luckmann (2008). Nesse sentido, o presente estudo, ao verificar a formação das redes
estabelecidas a partir da participação em bancas de defesa de teses e de dissertações, se ajusta
também a proposição dos autores (MOLINA; MUÑOZ; DOMENECH, 2002).
O desenvolvimento das duas últimas seções mostrou-se bastante desafiador e
motivador, caracterizando-se pelas constantes reflexões integradoras dos termos abordados.
Reflexões estas com potencial de continuar a influir no desenvolvimento de pesquisas futuras.
Vale destacar, que as possibilidades estabelecidas pelos temas são muito amplas o que
inviabiliza o entendimento de um estágio em que se esgotem todas as configurações
envolvidas. Tal cenário estabelece a condição de um tema ainda não esgotado, mas com
potencial de evolução em pesquisas futuras.
Este capítulo estabeleceu um corpo teórico e um modelo de interpretação do campo
científico desenvolvido a partir da abordagem de Berger e Luckmann (2008) que incorpora a
bibliometria, a cienciometria, o data mining e a análise de redes sociais. Este corpo teórico
apoiou a discussão dos dados da pesquisa e que são apresentados no capítulo seguinte.
113
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos no contexto das estratégias de
pesquisa, nos métodos e nas técnicas a serem empregados e no atendimento do objetivo geral
deste estudo que é analisar a contribuição do Stricto Sensu em administração na legitimação
do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as características principais dos agentes
envolvidos.
As seções que se seguem detalham os métodos e técnicas adotados, que viabilizaram o
presente trabalho. Inicialmente se discute o delineamento e os pressupostos da pesquisa.
Descreve-se depois a pesquisa a ser desenvolvida, indicando a abordagem quantitativa que se
configura como principal linha de investigação e a abordagem qualitativa estabelecida em
decorrência da utilização da análise de redes sociais.
3.1 DELINEAMENTO E PRESSUPOSTOS DA PESQUISA
A natureza do conhecimento é objeto de estudo de diferentes disciplinas. Dentre as
abordagens do tema se destacam as realizadas pela Filosofia, Sociologia, Psicologia,
Economia e Educação. A Administração passou a incorporar a temática do conhecimento em
seu campo de estudo, com teorias que abordam cultura organizacional, processo de mudança,
gestão estratégica, desenvolvimento de competências, entre outros tópicos. Nesse contexto a
vertente da sociologia do conhecimento será utilizada para o desenvolvimento deste estudo,
no entanto, estabelecendo adjacências com o campo de conhecimento da administração que
contém a área de concentração que suporta esta pesquisa.
A pesquisa se pauta nas atividades resultantes do processo de desenvolvimento das
teses e dissertações pelos pesquisadores junto a seus orientadores, assumindo assim a
condição de pesquisa compartilhada pelas partes. Sob este aspecto, tanto o orientado, quanto o
orientador atuam na definição da teoria básica que sustentara a pesquisa, estabelecendo o
arcabouço teórico e os autores de referência. A análise das teses e dissertações possibilita
desta forma, identificar o posicionamento do orientado e do orientador com relação ao
referencial teórico utilizado no estudo. Este enquadramento possibilita o desenvolvimento
desta pesquisa que investiga a sustentabilidade ambiental a partir da análise dos trabalhos que
expressam a pesquisa desenvolvida.
114
Esta pesquisa se desenvolve em um continuo processo de investigação, que apresenta
diferentes abordagens metodológicas intrinsecamente complementares, com predomínio de
técnicas quantitativas, mas que, no entanto possui a análise de redes sociais que se estabelece
como quantitativa e qualitativa. Esta diversidade metodológica se faz necessária tanto para o
atendimento do objetivo geral, que se caracteriza pela amplitude da abordagem, quanto aos
objetivos específicos, componentes necessários ao desenvolvimento do estudo. Os estudos
que combinam diferentes métodos são denominados como abordagem de métodos mistos por
Creswell (2007). O autor destaca que este procedimento se ajusta a necessidade do
pesquisador trabalhar com dados e análises complexas. A distinção entre as pesquisas
quantitativa e qualitativa nem sempre se apresenta de forma clara, como observam Easterby-
Smith et al. (1999).
Frente à abrangência da pesquisa emana a determinação de realizar a classificação dos
seus objetivos. Selltiz et al. (1987) classificam os objetivos das pesquisas em três grupos:
estudos exploratórios, estudos descritivos e estudos que verificam hipóteses causais, estes
também denominados como estudos explicativos por Gil (2008). Nesse contexto, a pesquisa
se classifica como descritiva. O objetivo principal se caracteriza como uma pesquisa baseada
na análise de documentos - teses e dissertações da sustentabilidade ambiental - voltada a
estabelecer uma aproximação inicial sobre a legitimação do conhecimento neste campo
científico. No âmbito dos objetivos específicos a pesquisa se caracteriza pela observação,
análise, classificação e interpretação dos dados, que possibilitam o desenvolvimento do
objetivo principal.
Os objetivos específicos desta pesquisa possuem técnicas de pesquisa que se ajustam
ao desafio estabelecido. A conclusão de uma fase da pesquisa fornece os subsídios
necessários, tanto para responder a pergunta proposta pelo objetivo quanto auxiliar o
desenvolvimento da etapa seguinte. Tal configuração estabelece uma coesão de
encadeamento, tanto dos objetivos específicos propostos, quanto das técnicas utilizadas na
pesquisa, resultando em uma estrutura harmônica e robusta. Assim, o delineamento da
pesquisa, apresenta os objetivos propostos com as técnicas empregadas. A Figura 14
apresenta a relação das técnicas utilizadas para o atendimento de cada um dos objetivos
específicos.
115
Figura 14 - Relação dos objetivos e respectivas técnicas de pesquisa
Fonte: Próprio autor
Para Creswell (2007), uma maneira de distinguir entre os diferentes enfoques -
quantitativo, qualitativo ou misto - é pela adequação das estratégias de investigação, que por
sua vez, possuem inúmeras técnicas que podem ser utilizadas separadamente, ou juntas,
assumindo assim uma perspectiva mista. O processo de consubstanciar a técnica quantitativa e
qualitativa em uma mesma pesquisa é apontado como tendência nas investigações sociais,
frente à possibilidade de somar as vantagens de cada uma das técnicas. Sampieri et al. (2006)
mostram que a combinação das técnicas quantitativa e qualitativa favorece o desenvolvimento
do conhecimento e a elaboração de teorias. Adicionalmente, Creswell (2007) aponta a
adequação do método misto para as pesquisas envolvidas na necessidade tanto de explorar
quanto de explicar os fenômenos em estudo. Para efeito de desenvolvimento desta pesquisa se
faz necessária à utilização do método misto, por demandar inicialmente o entendimento da
construção do campo para na sequência o conhecimento legitimado.
Dentre as estratégias passíveis de utilização, este estudo adota uma combinação de
estratégias a exploratória sequencial e a aninhada concomitante. Esta combinação de
estratégias se faz necessário, pois há três etapas sequências de investigação quantitativa, no
entanto a etapa central possui de forma aninhada uma investigação qualitativa. Segundo
Creswell (2007) a estratégia aninhada concomitante é adequada para os casos em que a coleta
dos dados quantitativos e qualitativos se processa de forma simultânea. Nesta pesquisa a
simultaneidade de coleta e análise de dados ocorre quando se aplica a análise de redes sociais.
Data Mining
Análise de Redes Sociais
Data Mining
a) Identificar o perfil dos professores orientadores e das IESs
que desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental
no Stricto Sensu em administração por meio das teses e
dissertações apresentadas.
b) Identificar a existência de uma rede social de colaboração, e a
centralidade dos principais atores, em sustentabilidade ambiental no
Stricto Sensu originária da composição dos orientadores e membros
convidados das bancas de avaliação de teses e dissertações.
c) Identificar se as teses e dissertações em sustentabilidade ambiental
compartilham uma base comum de citações que possibilite a identificação do
processo de legitimação do conhecimento deste campo científico.
O objetivo geral do estudo é analisar a contribuição do Stricto Sensu em administração na
legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as características principais dos
agentes envolvidos.
116
A Figura 15 apresenta a estratégia de pesquisa que combina as estratégias exploratória
sequencial e a aninhada de forma concomitante.
Figura 15 - Estratégia de pesquisa explanatória sequencial
Fonte: adaptado de Creswell, 2007, pg. 216
Este pesquisa utilizará duas técnicas: o Data Mining, a Análise de Redes Sociais –
ARS, e novamente o data Mining. Na abordagem quantitativa a técnica utilizada é o Data
Mining. Conforme abordado por Meneses e Sarriera (2005), a Análise de Redes Sociais –
ARS possui tanto um contorno qualitativo na observação da estrutura das redes quanto
quantitativo na descrição das funções implícitas da rede social e caracterização dos vínculos
que a moldam. Neste estudo, a ARS se posiciona entre os estudos quantitativos e se
estabelece como elemento de transição e integração.
Creswell (2007) indica a adequação de se apresentar o modelo gráfico da estratégia do
projeto de pesquisa a se desenvolver. Diante deste cenário, a Figura 16 apresenta de forma
gráfica o encadeamento das etapas a serem realizadas nesta pesquisa.
Coleta de
dados
Quantitativos
Análise de
dados
Quantitativos
Coleta de
dados
Qualitativos
e
Quantitativo
s s
Análise de
dados
Qualitativos
e
Quantitativo
s Interpretação de
toda a análise
QUANTITATIVO QUANTITATIVO
QUANTITATIVO
QUALITATIVO
Coleta de
dados
Quantitativos
Análise de
dados
Quantitativos
117
Figura 16 - Encadeamento das etapas desenvolvidas nesta pesquisa.
Fonte: Próprio autor (2012).
A primeira fase quantitativa desta pesquisa se insere dentro do projeto: os desafios do
ensino de inovação e sustentabilidade no Brasil: avaliação e proposição de ações para a
capacitação docente. Projeto este, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES, por intermédio do programa de apoio ao ensino e à
pesquisa científica em administração - edital Pró-administração 09/2008 (CAMPANÁRIO,
2008). Tal construção de pesquisa se enquadra dentro do objetivo estabelecido no projeto do
Pró-administração:
O objetivo geral da presente proposta é subsidiar o desenvolvimento das
capacitações docentes para o ensino de pós-graduação e graduação em
administração, com foco na área de gestão disciplinar em “inovação”, por
meio da formação de uma rede de instituições com competência relevante no
Desenvolver ARS
Funções e vínculos
Análise dos dados
qualitativos Levantamento
dos dados
Definição do
sujeito de
pesquisa
Início da pesquisa
qualitativa: análise
de conteúdo
Integração dos dados
quantitativos com os
qualitativos
Conclusões, limitações
e propostas de estudos
futuros Fim
Análise dos dados
quantitativos
Desenvolver ARS
Estruturas
Pesquisa Quantitativa
Pesquisa Quantitativa
Início da
pesquisa
quantitativa de
pesquisadores
e IESs
Grupo de pesquisadores extraído
do banco de dados de teses e
dissertações da CAPES
Banco de dados
do Pró-
administração
Universo de pesquisa:
teses e dissertações da
dimensão ambiental
da sustentabilidade
Levantamento dos dados de
interesse: características do
orientador e da IES.
Verificação dos dados de
interesse da pesquisa
Início da
pesquisa
quantitativa
Referências das
teses e
dissertações
Levantamento dos dados nas
referências das teses e
dissertações em
sustentabilidade ambiental
Integração dos
dados
Análise dos dados
quantitativos
Pesquisas
Quantitativa
e Qualitativa
118
tema e com capacidade de multiplicar no Brasil os conhecimentos
alcançados. [...]
Como consequência deste objetivo decorre as atividades de mapeamento das
demandas das empresas e da sociedade por esta capacitação de gestão em
contraste com as ofertas dos cursos de graduação e pós-graduação de IES
brasileiras, buscando identificar inconsistências e propor medidas que
contribuam para a capacitação docente e o incremento de qualidade do
ensino da inovação e sustentabilidade nos cursos de graduação e pós-
graduação em Administração. (CAMPANÁRIO, 2008).
Parte dos dados originados no banco de dados desenvolvido dentro do projeto Pró-
administração foi analisada estatisticamente, em um primeiro momento. Esta análise
possibilitou a estratificação dos dados de interesse desta pesquisa, atendendo parcialmente ao
objetivo geral por meio de objetivos específicos estabelecidos. Em um segundo momento se
desenvolverá o restante da pesquisa quantitativa em documentos delineados pela pesquisa.
O detalhamento dos procedimentos metodológicos das etapas desta pesquisa é
apresentado nas próximas seções.
3.2 ABORDAGEM QUANTITATIVA DOS PESQUISADORES E IESs
Para atingir o objetivo específico de identificar o perfil dos professores orientadores e
das IESs que desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em
administração por meio das teses e dissertações apresentadas se utiliza a técnica de data
mining.
A pesquisa quantitativa vem da tradição das ciências naturais, cujas variáveis
observadas são poucas, objetivas e medidas em escalas numéricas. Para Richardson (1999), a
pesquisa quantitativa caracteriza-se pela quantificação da coleta de informações, e pelo
emprego de técnicas estatísticas no tratamento dos dados, de forma independente à sua
complexidade.
Dentre os recursos estatísticos disponíveis optou-se pela adoção do data mining
(mineração ou garimpagem de dados) que é uma técnica utilizada para a realização do
Knowledge Discovery in Databases – KDD (Descoberta de Conhecimento em base de dados).
Fayyad et al. (1996) apontam o processo KDD como um eficiente recurso para a obtenção de
conhecimento em base de dados, no qual o data mining se caracteriza como a sua principal
etapa. O autor apresenta a definição de data mining mais empregada na literatura “o processo
não-trivial de identificar, em dados, padrões válidos, novos, potencialmente úteis e
119
ultimamente compreensíveis.” (FAYYAD, 1996, p. 4). Segundo o autor, o termo data mining
é comumente utilizado por estatísticos, analistas de dados e pela comunidade de MIS
(Management Information Systems), enquanto o KDD é utilizado pelos pesquisadores que
estudam Inteligência Artificial e Machine Learning.
Várias etapas compõem o data mining, que por sua vez se inicia na seleção das bases
de dados sobre as quais será realizado o processamento, até a comunicação do conhecimento
gerado pelo pesquisador. Tipificando o processo pode-se classificar o conjunto de etapas
envolvidas em três grandes grupos: pré-processamento, aplicação de um algoritmo de data
mining e pós-processamento (MICHALSKI; KAUFMAN, 1999).
A construção do banco de dados do Pró-administração seguiu o sequenciamento típico
das etapas para a construção de um banco de dados que será submetido ao data mining,
conforme a proposição de Fayyad et al. (1996) mostrado, na Figura 17.
Figura 17 - Passos do processo de KDD.
Fonte: Adaptado de Fayyad et al. (1996).
O primeiro passo do processo consiste em gerar os dados que serão utilizados na
pesquisa, que para efeito deste estudo se incidiu na construção de um banco de dados com as
teses e dissertações defendidas em administração no período de 1998 a 2009. Este banco de
dados possibilitou a análises do campo científico e a compreensão do desenvolvimento de
conhecimento na área.
120
O Pró-administração assenta suas pesquisas nos dados no portal da CAPES (2011b). A
opção de utilizar o portal da CAPES (2011b) como a principal base de obtenção dos dados se
justifica, tanto por ser uma fonte de fácil acesso aos interessados, quanto de qualidade crível,
haja vista que é disponibilizada pela agência oficial de informação de pessoal de nível
superior.
O portal da CAPES (2010d) apresenta todos os programas de Stricto Sensu aprovados e
recomendados. Sendo que destes, o objeto de levantamento segue a seguinte classificação: i) a
grande área de avaliação - é a de Ciências Sociais aplicadas; ii) a área de avaliação - é a de
Administração (Administração, Ciências Contábeis e Turismo); e III) das Instituições de
Ensino Superior – IESs disponíveis - coletou-se os dados dos cursos ofertados na área de
Administração e Gestão com suas respectivas variáveis. Nesse sentido, os dados de Ciências
Contábeis, Contabilidade e Turismo não foram coletados.
O levantamento de dados abarcou o desempenho das IESs no período de 1998 a 2009,
que por sua vez se constituem em quatro triênios de análise, conforme mostra a Quadro 8. O
levantamento se inicia a partir de 1998, data em que foram disponibilizados os dados pelo
portal e se encerra em 2009, que é justamente o ano que antecedeu o período de levantamento
dos dados.
Triênio Anos:
1º. 1998, 1999 e 2000
2º. 2001, 2002 e 2003
3º. 2004, 2005 e 2006
4º. 2007, 2008 e 2009
Quadro 8 - Relação dos anos em que o CAPES disponibiliza informações, divididos em triênios.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nas informações disponibilizadas pela CAPES.
A CAPES disponibiliza as informações pertinentes às IESs posteriores ao processo de
recomendação e reconhecimento, desta forma, os dados contidos no banco de dados também
refletem esta condição. Os trabalhos realizados nas IESs anteriores à recomendação e
reconhecimento, apesar de possuírem potencial de pertencerem à área de interesse das
pesquisas desenvolvidas pelo Pró-administração, não foram incluídos no universo de
pesquisa, porque não estão disponíveis no site da CAPES. Vale destacar que até o mês de
outubro de 2012 os dados disponibilizados pela CAPES em seu portal contemplavam somente
até o ano de 2009, ou seja, não foram disponibilizados os cadernos dos anos de 2010 e 2011.
A coleta de dados envolveu um período de sete meses, que se iniciou em agosto de
2010 e se encerrou em fevereiro de 2011. A coleta de dados foi realizada por alguns dos
121
pesquisadores do Grupo de Pesquisa do CNPQ, Gestão Social e Ambiental, da área de
sustentabilidade do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração – PMDA da
Universidade Nove de Julho – UNINOVE, composto pelo professor orientador do programa,
dois alunos de doutorado, um aluno de mestrado e dois alunos de iniciação científica.
O primeiro passo foi obter as informações das instituições de Ensino Superior (IES)
que possuíam cursos recomendados e reconhecidos durante o período de levantamento de
1998 a 2009, disponíveis no portal do CAPES no ano de 2010 e nas páginas introdutórias do
portal da CAPES (2010c). Os cadernos de indicadores das IESs que perderam a
recomendação e o reconhecimento, em anos anteriores foram, retirados da área de cursos
recomendados do portal da CAPES. No entanto, a obtenção dos dados foi possível, acessando
os cadernos de indicadores via opção “Avaliação – caderno de indicadores” do portal do
CAPES. As IESs e a respectiva data da perda de recomendação e reconhecimento foram: a)
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial da Fundação Getúlio Vargas FGV/RJ com
quatro dissertações entre 1999 e 2000; b) Mestrado em Administração da Universidade
Estadual do Ceará UECE com 24 dissertações entre 1999 e 2000; c) Mestrado em
Administração da Universidade Federal de Alagoas UFAL com 27 dissertações entre 1998 e
2000; d) Mestrado em Administração da Universidade Metodista de São Paulo UMESP com
37 dissertações entre 1998 e 2000; e) Mestrado Profissional em Administração da Faculdade
Cenecista de Varginha /MG FACECA (CNEC - Campanha Nacional de Escolas da
Comunidade - MG) com 60 dissertações entre 2002 e 2003; f) Mestrado Profissional em
Gestão de Políticas Públicas da Fundação Joaquim Nabuco/PE FJN com 16 dissertações entre
2002 e 2003; g) Mestrado em Administração da Universidade Cidade de São Paulo/SP
UNICID com 11 dissertações entre 2002 e 2003; h) Mestrado em Administração do Centro
Universitário de Franca (Faculdade de Ciências Econômicas Administrativas e Contábeis de
Franca) UniFACEF com 26 dissertações entre 2001 e 2003; i) Mestrado em Administração de
Empresas do Centro Universitário de Franca UniFACEF com 85 dissertações entre 2001 e
2003; e j) Mestrado em Administração do Centro Universitário Salesiano de São Paulo
UNISAL com 13 dissertações entre 2006 e 2008. Vale destacar que as IESs Centro
Universitário UNIEURO e a Universidade Católica de Santos UNISANTOS perderam a
recomendação e reconhecimento no ano de 2010. No entanto, seus dados foram obtidos em
condição normal, pois os cadernos de indicadores estavam disponíveis na fase de
levantamentos.
O Quadro 9 mostra a relação das instituições que compõem o banco de dados do Pró-
administração, bem como a nota obtida no triênio que se encerrou em 2009. Vale destacar que
122
adicionalmente o Quadro 9 apresenta a sigla de cada uma das IESs. Desta forma, este estudo
faz a opção de referenciar as IESs pela sua sigla, a utilização do nome completo será adotada
quando se desejar destacar a mesma.
Sigla
IES Nome da IES
UF PROGRAMA NOTA
Mes
trad
o
Do
uto
rado
Mes
t. P
rof.
UFF Universidade Federal Fluminense RJ Administração 3 - -
UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba SP Administração - 4 -
UFBA Universidade Federal da Bahia BA Administração 4 4 -
UFBA Universidade Federal da Bahia BA Administração - - 4
UNIFACS Universidade Salvador BA Administração 3 - -
UECE Universidade Estadual do Ceará CE Administração 3 - -
UNB Universidade de Brasília DF Administração 5 5 -
UNB Universidade de Brasília DF Administração - - 3
UFES Universidade Federal do Espírito Santo ES Administração 3 - -
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais MG Administração 6 6 -
UFV Universidade Federal de Viçosa MG Administração 3 - -
UFLA Universidade Federal de Lavras MG Administração 4 4 -
UFU Universidade Federal de Uberlândia MG Administração 3 - -
PUC/MG Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais MG Administração - - 5
PUC/MG Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais MG Administração 4 4 -
UNA Centro Universitário Una MG Administração - - 3
FUMEC Universidade FUMEC MG Administração 3 3 -
FEAD Fac. de Estudos Administrativos de Minas Gerais MG Administração - - 3
FCHPL Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo MG Administração - - 3
FNH Faculdade Novos Horizontes MG Administração 3 - -
UFMS Fundação Univ. Federal de Mato Grosso do Sul MS Administração 3 - -
UNAMA Universidade da Amazônia / PA PA Administração 3 - -
UFPB Universidade Federal da Paraíba / João Pessoa PB Administração 4 - -
UFPE Universidade Federal de Pernambuco PE Administração 5 5 -
UFPE Universidade Federal de Pernambuco PE Administração - - 3
UFPR Universidade Federal do Paraná PR Administração 4 4 -
UEL Universidade Estadual de Londrina PR Administração 3 - -
PUC/PR Pontifícia Universidade Católica do Paraná PR Administração 5 5 -
UEM Universidade Estadual de Maringá PR Administração 4 - -
UEM Universidade Estadual de Maringá PR Administração 3 - -
UP Universidade Positivo PR Administração 4 4 -
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ Administração 5 5 -
FGV/RJ Fundação Getúlio Vargas/RJ RJ Administração 5 5 -
FGV/RJ Fundação Getúlio Vargas/RJ RJ Administração - - 4
IBMEC Faculdade de Economia e Finanças do IBMEC RJ Administração - - 4
(continua na página seguinte)
123
UNIGRANRIO Univ. do Grande Rio – Prof. Jose de Souza Herdy RJ Administração 4 - -
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN Administração 4 4 -
UNP Universidade Potiguar RN Administração - - 3
UNIR Universidade Federal de Rondônia RO Administração 3 - -
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul RS Administração 7 7 -
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul RS Administração - - 4
UFSM Universidade Federal de Santa Maria RS Administração 4 - -
UFSM Universidade Federal de Santa Maria RS Administração - - 3
UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos RS Administração 5 5 -
UCS Universidade de Caxias do Sul RS Administração 3 - -
UNISC Universidade de Santa Cruz do Sul RS Administração - - 3
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina SC Administração 4 4 -
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina SC Administração - - 3
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina SC Administração 3 - -
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí SC Administração 4 4 -
FURB Universidade Regional de Blumenau SC Administração 4 - -
UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina SC Administração 3 - -
USP Universidade de São Paulo SP Administração 7 7 -
PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SP Administração 4 - -
UNIMEP Universidade Metodista de Piracicaba SP Administração - - 4
UMESP Universidade Metodista de São Paulo SP Administração 3 - -
FEI Centro Universitário da FEI SP Administração 4 4 -
UNIP Universidade Paulista SP Administração 3 - -
UNINOVE Universidade Nove de Julho SP Administração 5 5 -
USCS Universidade Municipal de São Caetano do Sul SP Administração 4 4 -
INSPER Insper Instituto de Ensino e Pesquisa SP Administração - - 3
ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing SP Administração 3 - -
FAC
CAMP Faculdade Campo Limpo Paulista SP
Adm. das Micro e Peq.
Empresas - - 3
UNIFOR Universidade de Fortaleza CE Adm. de Empresas 4 4 -
FUCAPE
Fundação Instituto Capixaba de Pesq. em
Cont.Econ. e Finanças ES Adm. de Empresas 3 - -
PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RJ Adm. de Empresas 5 5 -
PUC-RIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RJ Adm. de Empresas - - 5
FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Adm. de Empresas 6 6 -
FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Adm. de Empresas - - 5
UPM Universidade Presbiteriana Mackenzie SP Adm de Empresas 5 5 -
USP/RP Universidade de São Paulo/ Ribeirão Preto SP Adm. de Organizações 4 4 -
UFC Universidade Federal do Ceará CE Administração e
Controladoria 3 - -
UFC Universidade Federal do Ceará CE Administração e
Controladoria - - 3
UNESA Universidade Estácio de Sá RJ Administração e Desenv.
Empresarial - - 4
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco PE Administração e
Desenvolvimento Rural 3 - -
PUC/RS Pontifícia Univ. Católica do Rio Grande do Sul RS Adm e Negócios 5 - -
PUC/RS Pontifícia Univ. Católica do Rio Grande do Sul RS Adm e Negócios - 4 -
FJP Fundação João Pinheiro (Escola de Governo) MG Adm. Pública 4 - -
(continua na página seguinte)
124
FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Adm. Pública e Governo 5 5 -
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina SC Adm. Universitária - - 3
UNINOVE Universidade Nove de Julho SP Gestão de Projetos - - 3
FESP/UPE Fundação Universidade de Pernambuco PE Gestão do Des. Local
Sustentável - - 3
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro RJ Gestão e Est. em Negócios - - 3
UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos RS Gestão e Negócios - - 4
EAESP/FV Escola de Adm. de Empresas de São Paulo SP Gestão e Pol. Públicas - - 4
UFPB Universidade Federal da Paraíba/João Pessoa PB Gestão Org. Aprendentes - - 3
FBV Faculdade Boa Viagem PE Gestão Empresarial - - 3
URI
Univ. Reg. Integrada do Alto Uruguai e das
Missões. RS Gestão Estrat. de
Organizações - - 3
FGV/SP Fundação Getúlio Vargas/SP SP Gestão Internacional - - 3
UFES Universidade Federal do Espírito Santo ES Gestão Pública - - 3
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN Gestão Pública - - 3
Quadro 9 – Relação das Instituições de Ensino Superior pesquisadas.
Fonte: CAPES (2010d).
O segundo passo se destinou a obter os dados referentes aos docentes dos programas,
disponíveis no caderno de indicadores no arquivo Corpo Docente, Vínculo Formação – CD
(CAPES, 2010a).
O caderno de indicadores, CD - Corpo Docente, Vínculo Formação contém as
informações relativas ao corpo docente das IESs, os dados são apresentados na seguinte
sequência:
[Nome docente]; [Categoria de enquadramento]; ... [Vínculo]: [Tipo
(vínculo)]; [Ano início]; [Carga Horária]; ... [Titulação]: [Nível]; [Ano];
[Área]; [IES]; [Pais]; ... [Situação em outros programas]. Fonte: CAPES
(2010a)
A Figura 18 mostra como a tela da CAPES apresenta as informações
Figura 18 - Tela do corpo docente disponibilizado pela Capes.
Fonte: Capes (2010a)
Estes dados estão contidos no banco de dados do Pró-administração, com exceção do
nome da IES em que o docente do programa Stricto Sensu obteve a titulação no exterior, nesta
situação aparece o país, no qual a instituição se localiza.
125
O terceiro passo, que consiste na obtenção dos dados dos trabalhos realizados, utilizou
o arquivo teses e dissertações – TE (CAPES, 2010b). O caderno de indicadores, TE - Teses e
Dissertações contêm as informações relativas aos trabalhos desenvolvidos pelos discentes das
IES. Os dados são apresentados na seguinte sequência:
[autor]: [título do trabalho]; [volumes]; [número de páginas]; [idioma];
[orientador1]; ...; [orientador n]; [área de concentração]; [linha de pesquisa];
[projeto de pesquisa]; [banca examinadora]; [financiador 1];...; [financiador
n]. Fonte: CAPES (2010b)
No entanto, o nome do autor da tese ou dissertação é apresentado na forma de “Nome
em citações”, ou seja, o sobrenome e a inicial dos demais nomes. Assim, para a obtenção do
nome completo dos envolvidos, se fez necessário realizar consulta ao banco de teses da
CAPES (2011a). Com o título da tese ou dissertação é possível realizar pesquisa nos resumos,
que fornece o nome completo do aluno, além de outras informações.
Nas ocasiões em que se observou ausência de informações nos documentos da CAPES
empregou-se pesquisa no currículo Lattes dos envolvidos. A Figura 19 apresenta o fluxo de
coleta de dados utilizado pelos pesquisadores.
Figura 19 - Fluxo de trabalho dos pesquisadores no levantamento de dados.
Fonte: Próprio autor.
Sim
Não
Dados da instituição Portal da CAPES
Início
Dados do Docente Caderno de
Indicadores CD Corpo Docente
Dados do Trabalho Caderno de
Indicadores TE Teses e Dissertações
Nome completo do aluno no Portal
Banco de Teses da CAPES
Verificar o Currículo
Lattes Obteve todos
os dados
Fim
126
O banco de dados é composto de 35 campos, que por sua vez estruturam o conjunto de
dados de interesse de pesquisa e que possibilitam o desenvolvimento de análises por meio do
data mining.
A qualidade dos dados obtidos está sancionada ao nível de ruído encontrado nos
mesmos. Os ruídos podem prejudicar a modelagem que desenvolverá o padrão sob análise,
prejudicando assim o entendimento esperado (CARVALHO et al., 2003). Os ruídos
identificados podem ser sanados por meio da substituição manual do dado incorreto ou então
pela sua eliminação, este processo é denominado de limpeza dos dados.
A limpeza dos dados é desenvolvida por meio de um pré-processamento dos dados, a
fim de ajustar aos algoritmos. Este desenvolvimento visa integrar os dados homogêneos, tratar
as ausências de dados, eliminar registro redundante, corrigir problemas de tipagem, ajuste ou
eliminação dos dados estranhos ou inconsistentes (CARVALHO et al., 2003). O pré-
processamento desta pesquisa foi desenvolvido e os ruídos identificados estavam relacionados
à ausência de informações. Como estratégia de pesquisa, os ruídos foram resolvidos por meio
de novas pesquisas nos cadernos de indicadores da CAPES. Vale destacar que se observou
variações de grafia na apresentação do nome dos envolvidos e que, por sua vez, foram
corrigidas de maneira a estabelecer um padrão único. Esta conduta possibilitou, assim, a
manutenção de todas as teses e dissertações no banco de dados, sem a perda de informação
para as etapas seguintes. Após o desenvolvimento destas etapas, foi possível finalizar o banco
de dados com todas as informações necessárias para a realização desta pesquisa. Vale
destacar, que os dados coletados foram arquivados e encontram-se disponíveis para uso em
uma planilha eletrônica.
Para o desenvolvimento desta pesquisa em particular, foi necessário analisar as teses e
dissertações, identificando e classificando aquelas que tratam da sustentabilidade ambiental.
A análise e a classificação foram realizadas pelo pesquisador líder, do grupo de pesquisa do
projeto Pró-administração, em colaboração com dois alunos de doutorado. O procedimento de
análise dos dados iniciou com a leitura e classificação de 13959 títulos de teses e dissertações,
buscando palavras-chave que tivessem relação à sustentabilidade ambiental. Dos 13959 foram
encontrados 543 títulos nessa categoria (3,9%), sendo 365 na dimensão ambiental e 178 na
dimensão socioambiental. O agrupamento da dimensão ambiental e socioambiental teve a
finalidade de não deixar trabalhos da dimensão ambiental fora da análise, assim foram
consideradas as teses e dissertações que abordassem também a dimensão ambiental
concomitante a social.
127
Dessa forma, as palavras-chave foram classificadas em 26 categorias. Categorias estas
que expressam os termos identificados no material pesquisado. De acordo com Bardin (2009,
p.145), “as categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos sob um
título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes
elementos”. Essa categorização em palavras-chave foi resumida no Quadro 10. Vale destacar
que este material já foi publicado por Souza et al. (2011b) em artigo que mostra o perfil geral
das pesquisas em sustentabilidade ambiental.
Nome da Categoria Palavras-chave
Análise de Riscos
Ambientais Análise de riscos ambientais; Acidente ambiental; Dano ambiental.
Avaliação do Ciclo de Vida ACV; Análise do ciclo de vida; Avaliação do ciclo de vida.
Cadeia de Suprimentos
Verde
Cadeia de suprimento orgânico; Cadeia reversa; Compra verde; Logística
ambiental; Logística reversa.
Conflitos Socioambientais Conflito ambiental; Conflito socioambiental.
Contabilidade
Socioambiental Contabilidade ambiental; Passivo ambiental.
Desenvolvimento
Sustentável
Agenda 21; Cidade sustentável; Crescimento sustentável; Desenvolvimento
(local/municipal/regional/rural/econômico) sustentável; Ecodesenvolvimento;
Footprint; Indicadores de desenvolvimento sustentável; Pegada ecológica;
Sustentabilidade e Desenvolvimento.
Ecodesign Ecodesign.
Ecoeficiência Ecoeficiência; Eco-eficiência; Produtividade + Ambiental.
Economia ambiental
Compensação ambiental; Externalidade ecológica; Valoração ambiental;
Viabilidade ecológica.
Educação Ambiental Educação ambiental
Energias Alternativas Biocombustível; Biodiesel; Etanol; Energia Alternativa; Sucroalcooleiro;
Gestão Ambiental
Desempenho ambiental; Gestão ambiental municipal; Gestão do meio
ambiente; Governança ambiental; Impacto ambiental; Práticas ambientais;
Responsabilidade ambiental; Sustentabilidade ambiental.
Gestão de Resíduos
Catador; Coletador de material; Coleta seletiva; Descarte; Gerenciamento
/Gestão de resíduos (sólidos/ urbanos); Gestão de perdas; Lixo; Material
(reaproveitável/ reciclável); Reaproveitamento; Reciclagem; Redução de
desperdício.
Inovação ambiental Inovação ambiental; Tecnologias + Meio Ambiente.
Legislação Ambiental
ICMS Ecológico; Imposto verde; Jurídico-ambiental; Procedimento ambiental
legal; licenciamento/ Regulamentação/Política (ambiental).
Marketing Verde
Apelo/ Atributo (ecológico); Atitude + meio ambiente (Eco-atitude);
Comportamento (ambiental/socioambiental); Consumidor ambiental; Consumo
(consciente/ sustentável/ + Meio Ambiente); Decisão de compra ecológica;
Discurso/ Percepção (ambiental); Marketing ambiental; Processo de compra +
meio ambiente; Produto sustentável; Propaganda ecológica.
Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo
(Certificado de) redução de emissão; MDL; Mercado de carbono; Mudanças
climáticas; Protocolo de Kyoto.
ONG ambiental
ONG Ambiental, Organização ambientalista, movimento ambientalista,
ecologicamente correto.
Produção mais limpa P+L; Produção mais limpa.
Recursos Hídricos Gestão de recursos hídricos.
Recursos Florestais Desmatamento, Florestal, Preservação ambiental, Reserva extrativista.
(continua na página seguinte)
128
Responsabilidade
Socioambiental
Norma socioambiental; Gestão socioambiental; Incorporação de questões
ambientais e sociais; Responsabilidade (social/ ambiental/socioambiental)
Rotulagem Ambiental
Agricultura orgânica; Alimento orgânico; Produção de orgânicos; Produto
orgânico; Selo verde.
Sistema de Gestão
Ambiental
Auditoria ambiental; Certificação ambiental; (Certificação) IS0 14001; SGA;
Segurança e Meio Ambiente; Sistema de avaliação de segurança, saúde, meio
ambiente e qualidade (SASSMAQ); Sistemas de gestão integrados.
Sustentabilidade
Empresarial
Índice de sustentabilidade; Negócio sustentável; Organização sustentável;
Relatórios de sustentabilidade; Sustentabilidade corporativa.
Turismo sustentável Ecoturismo; Turismo ecológico; Turismo + ambiental.
Quadro 10 - Categorias de palavras.
Fonte: Souza et al. (2011b, p. 6)
Estas palavras-chave apresentam temas que podem estar de forma isolada ou
combinada. Em alguns casos foi possível identificar ainda, que a abrangência de um tema
possibilita incorporar outras temáticas.
A análise das palavras-chave foi realizada em quatro etapas, a saber: na primeira
análise originou as palavras-chave e as categorias; na segunda análise essas palavras-chave
foram utilizadas como fonte de busca na planilha para encontrar trabalhos não identificados;
na terceira análise realizou-se consultas em resumo e palavras-chave dos títulos que se
apresentavam dúbios ou com multiplicidade de possibilidade de agrupamentos; e na quarta
análise verificou-se a coerência dos agrupamentos das 26 categorias. As várias etapas de
análise se justificaram pela necessidade de aumentar a acurácia dos dados.
Conforme apontado no início desta seção, o processo de elaboração do banco de dados
ocorreu utilizando-se as técnicas do data mining. A aplicação do data mining se justifica na
tratativa de grandes volumes de dados, que apresentam restrições no uso das técnicas clássicas
de análise, quando o pesquisador não é necessariamente um estatístico; e a intensificação do
tráfego de dados (navegação na internet, catálogos online etc.) aumenta a possibilidade de
acesso aos dados. Esta proposição se ajusta ao desenvolvimento desta pesquisa que possui um
volume significativo de dados a serem manipulados.
No data mining, a tarefa de mineração consiste na especificação do “que” se deseja
buscar nos dados, quais as regularidades ou categorias de padrões a serem observadas e quais
representam respectivamente informações úteis, ao passo que, a técnica de mineração se
destina a especificar métodos que assegurem “como” identificar os padrões de interesse ao
pesquisador. Nesse sentido as técnicas estatísticas e as de inteligência artificial se destacam no
processo de mineração dos dados (AMO, 2003). Esta pesquisa utiliza o data mining na
intenção de identificar padrões nas variáveis: orientador – os mais prolíficos na orientação,
área e IES de formação e ano de titulação do doutorado. No tocante as IESs a pesquisa
129
investiga a produção em sustentabilidade de cada IES, a região e dependência administrativa.
No entanto, como característica própria do data mining, este estudo esteve atento a outras
variáveis envolvidas que pudessem ser de interesse para a melhor compreensão da área.
Nesta pesquisa a análise dos dados se desenvolveu por meio da elaboração de
algoritmos específicos ao atendimento do objetivo deste estudo. Como condição própria desta
técnica se faz necessário processar a análise dos dados a fim de determinar quais devem ser
objeto de maior investigação. Como os dados estão disponíveis em planilha eletrônica o
algoritmo de pesquisa foi aplicado por meio do recurso da tabela dinâmica deste software.
Para King (2003) a aplicação típica de data mining começa com um grande conjunto de dados
e poucas definições. A maioria dos algoritmos trata os dados iniciais como uma “caixa-preta”,
com nenhuma informação disponível sobre o que os dados descrevem, quais relações existem
entre os dados e se contêm erros. Ao examinar os dados, um algoritmo pode explorar milhares
de prováveis regras, utilizando diversas técnicas para escolher entre elas.
Um algoritmo se caracteriza como um sequenciamento lógico de instruções na
realização de uma tarefa e não representa, necessariamente, um programa de computador. O
desenvolvimento de algoritmo no data mining destina-se a gerar informações de natureza
estatística que permitam ao pesquisador reconhecer quão adequado e confiável é o
conhecimento descoberto. O conhecimento gerado demanda o desenvolvimento de análises do
pesquisador, a fim de verificar a sua coerência dentro do contexto que se insere o estudo. Os
resultados estatísticos não devem ser divulgados sem esta prévia análise de coerência.
Os algoritmos que foram desenvolvidos se destinavam a descoberta de padrões e
regularidades nos dados na medida em que foram manipulados. Este desenvolvimento se
distanciou da análise tradicional de dados, que estabelece suposições e formação de hipóteses
que devem ser validadas pelos dados. Vale destacar, que Grossman et al. (2002) apontam que
as técnicas do data mining não pressupõem o entendimento prévio de padrões ou relações
entre os dados sob análise, haja vista que esta é uma atribuição desta técnica. Adicionalmente,
Moxon (2009) aponta para a necessidade de uma exploração exaustiva dos dados, a fim de se
revelar todas as possíveis relações existentes. Este estudo apresentou no primeiro capítulo a
hipótese de explicação aos objetivos estabelecidos, no entanto, como próprio da técnica do
data mining, pretendeu-se investigar todas as possíveis relações existentes entre os dados.
Neste sentido, os resultados apontados e analisados no próximo capítulo se restringiram a
resposta dos objetivos apresentados. Tal ação se destina a evitar a perda do foco da pesquisa.
Para Decker e Focardi (1995), o data mining é uma metodologia que investiga a
existência de uma descrição matemática ou lógica, eventualmente de natureza complexa, de
130
padrões e regularidades em um conjunto de dados. De forma análoga Grossman et al. (2002)
definem o data mining como a manifestação de: padrões, associações, mudanças, anomalias e
estruturas estatísticas e eventos em um conjunto de dados. Explorando mais a abordagem
pragmática, King (2003) afirma que o data mining é uma maneira de buscar relações
interessantes e ocultas em um grande conjunto de dados, como clustering (agrupamentos) e
aproximações de funções. Assim, esta pesquisa estabeleceu a perspectiva de identificar
padrões de comportamento mediante a análise das variáveis utilizando-se o data mining.
Pesquisa desenvolvida por Quoniam et al. (2001) utilizou a técnica do data mining
para análise de teses francesas que tratavam do assunto Brasil no período de 1969 a 1999. O
estudo possibilitou a aplicação dos pressupostos da Lei de Zipf, classificando o tema segundo
três possibilidades: trivial, interessante e ruído. Nesse sentido o estudo identificou os temas
brasileiros que despertam maior interesse de pesquisas na França. Este estudo estabeleceu
uma referência inicial da viabilidade de se utilizar o data mining como técnica de pesquisa
neste estudo.
3.3 ABORDAGEM DA ANÁLISE DE REDES SOCIAIS - ARS
Para atingir o objetivo específico de identificar a existência de uma rede social de
colaboração, e a centralidade dos principais atores, em sustentabilidade ambiental no Stricto
Sensu originária da composição dos orientadores e membros convidados das bancas de
avaliação de teses e dissertações, se utilizou a técnica de Análise de Redes Sociais – ARS.
Conforme já apontado por Meneses e Sarriera (2005) metodologicamente a pesquisa
desenvolvida nas redes sociais apresenta dois focos de estudo. O primeiro envolve a
observação da estrutura das redes, utilizando-se de um referencial metodológico gráfico e de
caráter quantitativo na análise. O segundo destina-se a análise da funcionalidade das redes
sociais. Esta concepção geralmente se baseia em metodologias qualitativas, e destina-se a
descrever as funções implícitas da rede social, bem como caracterizar os vínculos que a
moldam. Para efeito deste estudo se utilizou tanto a estrutura das redes por meio de gráficos
quanto às funções implícitas nas redes sociais.
Um importante marco na ARS foi à proposição de redes sob a perspectiva social
elaborada por Newman (2000). Nesta abordagem, um conjunto de pessoas ou grupos que
possuem algum tipo de conexão é denominado de “atores” e as respectivas conexões de
“ligações”. Assim, o ator de uma rede possui a amplitude que varia de uma única pessoa a um
grupo ou ainda uma empresa. Sob estas condições, uma ligação pode também variar, da
131
amizade entre duas pessoas, a uma colaboração de um membro comum entre dois grupos, ou
ainda a um negócio entre duas empresas. Esta proposição expande as possibilidades de ARS
possibilitando o desenvolvimento desta pesquisa que se baseia nas relações estabelecidas a
partir da participação nas bancas teses e dissertações.
A classificação das teses e dissertações, desenvolvida, pelo data mining, possibilitou
identificar o material voltado à sustentabilidade ambiental, objeto de Análises de Redes
Sociais – ARS.
O desenvolvimento ARS foi realizado de forma a unificar as etapas quantitativas deste
estudo. Os gráficos das redes sociais, parcela quantitativa da ARS, possibilitaram a
observação da estrutura das redes. Como etapa posterior se processou a identificação das
redes sociais e a caracterização de vínculos, parcela qualitativa da ARS. Esta ação visou não
segmentar o entendimento originado da aplicação desta ferramenta, bem como harmonizar a
transição de cada etapa da pesquisa.
A ARS possibilita valioso entendimento sobre as redes em estudo. Segundo Wood et
al. (1998) a proposta da Sociometria é atuar como técnica contributiva. Sob este aspecto, as
técnicas empregadas na Sociometria podem contribuir no processo de identificação de grupos
de pesquisa, pesquisadores líderes, temas preferenciais, organizações com maior ou menor
potencial associativo, entre outras possibilidades. Dessa forma, a proposta de adotar a ARS
neste estudo esteve voltada a identificar tanto grupos de pesquisa quanto pesquisadores
líderes, aspectos estes importantes dentro da sociologia do conhecimento abordada por Berger
e Luckmann (2008).
O estudo buscou identificar a existência de redes sociais voltadas para a
sustentabilidade ambiental, com base nas relações desenvolvidas dentro do contexto do
Stricto Sensu. Este perfil de investigação contemplou os professores orientadores e os
membros da banca de avaliação dos alunos de doutorado e de mestrado. Esta abordagem
apresenta uma perspectiva diferenciada dos trabalhos de ARS, que possuem maior enfoque
nas redes de produção científica expressa na forma de coautoria e citação.
Com vistas a ampliar os resultados desta pesquisa inicialmente se realizou a ARS das
543 teses e dissertações da sustentabilidade ambiental e na sequência se processou a análise
dos atores principais da rede.
A partir dos resultados obtidos por meio da ARS da sustentabilidade ambiental, que
apontaram a centralidade da rede e os respectivos nós, foi realizado um recorte focalizado nos
atores principais. A Tabela 1 apresenta os atores mais prolíficos em orientação e a sua
respectiva quantidade de laços de relacionamento. Vale destacar que se observa a
132
justaposição, pois os mais prolíficos também se apresentam mais laços de relacionamento. A
ARS abordou os atores que se caracterizaram como centrais. A realização deste recorte se
insere dentro da perspectiva da abordagem de Berger e Luckmann (2008) que indica que o
especialista em um conhecimento representa a própria ordem institucional. Assim, a análise
de citação utilizada pelo ator central na orientação das pesquisas em sustentabilidade
ambiental possibilitou identificar o conhecimento legitimado neste campo científico.
Nome
Quantidade de teses e
dissertações em
sustentabilidade ambiental
realizadas
Quantidade de laços de
relacionamento decorrentes das
bancas de doutorado e de mestrado
em sustentabilidade ambiental.
Luis Felipe Machado do Nascimento 27 103
Pedro Carlos Schenini 18 51
Francisco Correia de Oliveira 12 29
José Antonio Puppim de Oliveira 12 33
Ícaro Aronovich da Cunha 12 26
Celso Funcia Lemme 9 24
José Carlos Barbieri 8 44
Robson Amâncio 8 18
Isak Kruglianskas 6 23
Wayne Thomas Enders 6 13
Tânia Nunes da Silva 6 22
Hans Michael Van Bellen 6 18
Maria Tereza Saraiva de Souza 6 18
Marco Antônio Silveira 6 12
Rolf Hermann Erdmann 5 12
José Célio Silveira Andrade 5 26
Sérgio Gozzi 4 12
Eugênio Ávila Pedrozo 4 30
Ely Laureano Paiva 4 14
Mozar José de Brito 4 10
João Eduardo Prudêncio Tinoco 4 11
Carlos Alberto Cioce Sampaio 4 10
Elaine Ferreira 4 13
George Gurgel de Oliveira 4 11
24 professores com 3 orientações 3
39 professores com 2 orientações 2
208 professores com 1 orientação 1
Tabela 1 – Relação dos pesquisadores mais prolíficos na orientação e a centralidade na estrutura de colaboração
a partir dos laços e participação em bancas examinadoras do doutorado e do mestrado.
Fonte: Dados da pesquisa
A Tabela 1 apresenta os potenciais pesquisadores em sustentabilidade ambiental em
função da quantidade de laços de relacionamento que possuem. No entanto, o critério de
133
definição de qual ator será investigado decorre da centralidade que possui, dado este obtido
pela ARS. Tal critério, de definição esta intimamente ligada à abordagem de Berger e
Luckmann (2008) que posiciona o conhecimento como um fenômeno social. As teses e
dissertações do período de 2007 a 2009 (último triênio em que os dados estão disponíveis)
dos pesquisadores com maior centralidade serão o objeto de pesquisa das citações realizadas.
A análise das redes sociais – ARS será suportada pela utilização de recurso específico
para esta atividade. O software a ser utilizado é o ‘UCINET 6’ (2002) que se constitui em
uma ferramenta empregada para a análise de redes sociais e que possibilita a visualização das
redes em estudo e fornece métricas que possibilitam o entendimento das redes sociais. O
emprego deste software possibilita a integração das técnicas para análise e visualização de
redes em uma mesma interface. Há vários aspectos na ARS que possibilitam diferentes níveis
de entendimento sobre os atores em análise. Neste sentido, o Quadro 6 pertencente ao capítulo
anterior apresenta conceitos basais para o desenvolvimento de estudo em rede desta pesquisa.
A seção seguinte descreve a abordagem quantitativa de análise das citações realizadas
em teses e dissertações em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração.
3.4 ABORDAGEM QUANTITATIVA DAS CITAÇÕES
Para atingir o objetivo específico de analisar se os membros da rede social definida
pelas bancas de avaliação compartilham uma base comum de conhecimento em
sustentabilidade ambiental por meio de um recorte nas teses e dissertações apresentadas de
2007 a 2009 se utilizará técnica do data mining, apresentada na segunda seção deste capítulo.
Razão pela qual não se detalhará novamente as características desta técnica, voltando-se assim
para a descrição de metodologia utilizada na coleta e análise dos dados.
Com base nos dados do banco do Pró-administração foi possível identificar que no
triênio de 2007 a 2009 ocorreram 229 estudos em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu
em administração. Com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008) que o especialista
em um conhecimento representa a própria ordem institucional, a pesquisa se ateve aos
pesquisadores mais prolíficos e centrais. Nesse sentido, a pesquisa se voltou para os
orientadores que desenvolveram quatro ou mais trabalhos neste campo de pesquisa, pois se
posicionam com uma produção que possibilita interpretá-los como maduros e que
desenvolveram maior volume de reflexões do conhecimento a ser utilizado na pesquisa de
seus orientados. Desta forma, temos um total de 49 estudos abarcados por esta pesquisa. Vale
134
destacar, que alguns pesquisadores identificados como prolíficos e apontados na Tabela 1 não
realizaram orientações no período de 2007 a 2009 neste campo de pesquisa, a saber: Wayne
Thomas Enders, Marco Antônio Silveira, Rolf Hermann Erdmann, Sérgio Gozzi, Ely
Laureano Paiva e Carlos Alberto Cioce Sampaio.
Mediante a identificação das teses e dissertações em sustentabilidade ambiental no
Stricto Sensu em administração no período de 2007 a 2009 dos orientadores mais prolíficos se
iniciou o processo de obtenção destes estudos. A coleta destes estudos foi possível por meio
da obtenção do material no acervo de bibliotecas das respectivas IESs que desenvolveram a
pesquisa. Dos 49 estudos identificados dois não foram passíveis de obtenção, a dissertação de
Carlos Alberto Rodrigues Torres, com o título: Gestão Ambiental e resolução de conflitos:
licenciamento de dutovias no litoral de São Paulo, e a dissertação de Claudia Rodrigues
Cardoso, com o título: AGENDA 21 de Santos: contribuições à gestão sustentável dos
recursos hídricos para uso urbano. Ambas as dissertações se desenvolveram na Universidade
Católica de Santos UNISANTOS, sob a orientação do pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha.
A relação destes estudos esta no Quadro 11.
Desta forma o universo de investigação nesta fase da pesquisa se configura em nove
teses e 38 dissertações que tratam da sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em
administração.
Com a posse dos 47 estudos foi gerado um novo banco de dados em planilha do Excel.
Este banco de dados possui cinco variáveis de pesquisa, o nome, o titulo da obra dos autores,
nome do orientador, a IES de titulação do orientador e a IES em que se desenvolveu o estudo
das teses e dissertações. Este levantamento originou um total de 4852 citações
proporcionando assim uma média de 103 citações por estudo.
O algoritmo utilizado para a pesquisa foi baseado nos autores e respectivas obras
citadas e na sequência o nome do orientador que incorpora a referência, sua IES de atuação e
sua IES de formação.
Desta forma, os dados apoiados em tabelas que organizam o quadro de citação de um
autor possibilitam identificar se o conhecimento apresentado por este pesquisador está
legitimado ou institucionalizado.
A abordagem de Berger e Luckmann (2008) destaca a importância do ator e do papel
que ocupa no processo de legitimação. Sob esse aspecto a análise dos dados não foca atenção
nas obras citadas, mas sim no autor citado. No entanto para evitar disfunções na interpretação
dos dados verificou-se a pertinência das obras ao tema em estudo, e ainda se apresentou o
título das obras envolvidas no processo de legitimação.
135
Estes conjuntos de fatores possibilitaram o desenvolvimento da presente pesquisa,
atendendo aos objetivos estabelecidos, bem como a tentativa de elaborar o constructo final
que represente uma proposição teórica ou uma teoria. A apresentação dos dados seguirá a
mesma sequência delineada na metodologia.
136
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
O estudo apresenta os resultados dispostos de forma a atender os objetivos específicos
de pesquisa. Para cada um deles, se estabeleceu o delineamento metodológico com
procedimentos específicos e ajustados aos desafios apresentados e que se encontram descritos
no capítulo anterior. Esse capítulo está subdivido em três seções, a saber: a análise realizada
pelo data mining, a análise de rede e novamente utiliza-se a técnica do data mining.
Na primeira delas, o objetivo de investigação é atendido pelo uso do data mining na
base de dados das teses e dissertações no Stricto Sensu em administração. A investigação
compreende os pesquisadores orientadores e as respectivas IES, de formação e atuação.
Na seção seguinte, o enfoque se desloca para a dimensão social, resultante da análise
de redes expressas, sob a forma de estruturas de colaboração geradas, a partir de laços de
participação em bancas de defesa de tese e dissertação de pós-graduação Stricto Sensu.
Na última seção recorre-se novamente à técnica do data mining que analisa as citações
bibliográficas das teses e dissertações de administração no campo da sustentabilidade
ambiental.
4.1 MÉTRICAS DOS ORIENTADORES E DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR IESs QUE DESENVOLVERAM PESQUISAS EM SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL
A análise da métrica nas pesquisas em sustentabilidade ambiental estabeleceu como
foco de atenção os pesquisadores que, ao longo do período investigado, contribuíram com o
campo desenvolvendo pesquisas e junto a seus orientados produzindo teses e dissertações.
Adicionalmente buscou-se identificar métricas das IESs envolvidas neste processo
institucional. Vale destacar que se consideraram apenas as IESs que estão com seus
programas de Stricto Sensu reconhecidos e recomendados pela CAPES, o Quadro 9 do
capítulo anterior apresenta estas instituições.
O levantamento de teses e dissertações em administração mostra que no período de
1998 a 2009 ocorreram 13959 estudos. Deste total, 543 estudos abordam a sustentabilidade
ambiental, volume este que representa 3,9% do total. Vale destacar que estes valores são
superiores ao encontrado por Souza et al. (2011b) e apresentados na Figura 1 por incorporar
137
303 dissertações em administração referentes à IESs que perderam o credenciamento e o
reconhecimento junto ao CAPES no período, e apresentadas no item 3.2 da seção anterior.
O desenvolvimento da pesquisa no contexto do Stricto Sensu apresenta a combinação
de aspectos que envolvem tanto o orientado quanto o orientador. Neste sentido, este estudo
apresenta inicialmente a relação dos professores orientadores que mais atuaram na pesquisa
em sustentabilidade ambiental. A Tabela 2 mostra uma combinação dos principais professores
orientadores com o quantitativo daqueles que tiveram menor participação nas pesquisas em
sustentabilidade ambiental.
138
Tabela 2 – Principais professores orientadores e o quantitativo daqueles que tiveram menor participação nas
pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu de administração de 1998 a 2009.
Fonte: Dados da pesquisa
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139
Notas: (1) Sustentabilidade Ambiental - SA, (2) Projeto de Pesquisa – PP, (3) Linha de Pesquisa – LP, (4)
Universität Gesamthochschule Kassel, (5) University of Warwick - Grã-Bretanha, (6) Massachusetts Institute of
Technology, (7) The University of Texas at Austin, (8) Universidade de Campinas – UNICAMP, (9) Institut
National Polytechnique de Lorraine, (10) Universidade Católica de Santos – UNISANTOS, (11) Campanha
Nacional de Escolas da Comunidade/MG – CNEC, (12) Título: Ökologisch orientierte
Regionalentwicklungsplanung - Das Beispiel Jacuigebiet / Brasilien, tradução livre: Planejamento do
desenvolvimento regional ecologicamente orientado - o caso Jacuigebiet / Brasil, (13) Título: Avaliação dos
padrões de competitividade à luz do desenvolvimento sustentável: o caso da indústria Trombini papel e
embalagens em Santa Catarina BR, (14) Título: Large sacele projects in Regional Development policies: the case
of the Northeast Petrochemical Pole, tradução livre: Grandes projetos Sacele nas políticas de desenvolvimento
regional: o caso do Polo Petroquímico do Nordeste, (15) Título: Implementing Environmental Policies in
Developing Countries: Responding to the Environmental Impacts of Tourism Development by Creating
Environmentally Protected Areas in Bahia, Brazil, tradução livre: Implementação de políticas ambientais nos
países em desenvolvimento: Respondendo aos impactos ambientais do desenvolvimento do turismo, criando
áreas de proteção ambiental na Bahia, Brasil, (16) Título: Sustentabilidade e Poder Local: a Experiência de
Política Ambiental em São Sebastião, Costa Norte de São Paulo (1989 - 1992), (17) Título: Avaliação
econômica de impactos ambientais no Brasil: da atividade acadêmica ao financiamento de longo prazo de
projetos e empresas, (18) Título: A Inovação Tecnológica Industrial no Brasil - fatores que condicionam a sua
intensidade, (19) Título: O uso de indicadores locais de desenvolvimento e a sustentabilidade da reforma agrária
no cerrado do norte e noroeste de Minas Gerais, (20) Título: Efeito da Interação Organizacional na Eficácia do
Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Cativo, (21) Título: The Spatial Behavior of Low Income Urban
Hospital Patients: A Case Study in Porto Alegre, Brazil, tradução livre: O Comportamento Espacial de Baixa
Renda em Pacientes do Hospital Urbanos: Um Estudo de Caso em Porto Alegre, Brasil, (22) Título:
Cooperativas: um instrumento de promoção da qualidade de vida, bem estar social e da preservação ambiental,
face ao processo de globalização da economia, (23) Título: Indicadores de Sustentabilidade: Uma Análise
Comparativa, (24) Título: Organização Sustentável: Indicadores setoriais dominantes para avaliação da
sustentabilidade - Análise de um segmento do setor de alimentação, (25) Título: Modelo para Sistemas da
Qualidade como Base da Estratégia Competitiva, (26) Título: Modelo organizativo para sistemas de
planejamento e controle da produção, (27) Título: Conflito, Cooperação e Convenções: a dimensão político-
institucional das estratégias socioambientais da Aracruz Celulose S.A. (28) Título: Organização da Segurança do
Trabalho: um confronto entre teoria e a realidade, (29) Título: Cadre Conceptuel en Gestion de Coopératives
Agricoles: Une Analyse selon l'Economie des Concentions, la Systémique et la Complexité, tradução livre:
Estrutura Conceitual para a Gestão de Cooperativas Agrícolas: Uma Análise dos Conceitos em Economia, em
Sistemas e Complexidade, (30) Título: Conhecimento Organizacional e o Processo de Formulação de Estratégias
de Produção, (31) Título: Mudança e cultura organizacional: A construção social de um novo modelo de gestão
de P&D na EMBRAPA, (32) Título: Contribuição ao Estudo da Contabilidade Estratégica de Recursos
Humanos, (33) Título: Uma proposta de um modelo de gestão organizacional estratégica para o desenvolvimento
sustentável (SIGOS), (34) Título: Um modelo de implementação de desenvolvimento sustentável em cidades
baseado nos atores sociais e verificação de sua aplicabilidade em São José, SC, (35) Título: A Trajetória da
Petrobras, desafios atuais e o futuro.
Os dados mostram os pesquisadores relacionados na Tabela 2, os mais prolíficos na
pesquisa em sustentabilidade ambiental pelo critério de orientação no Stricto Sensu. O
primeiro a apresentar tese com tema em sustentabilidade ambiental foi Luis Felipe Machado
do Nascimento. Este pesquisador apresentou a tese “Ökologisch orientierte
Regionalentwicklungsplanung - Das Beispiel Jacuigebiet/Brasilien” (tradução livre:
Planejamento do desenvolvimento regional ecologicamente orientado - o caso
Jacuigebiet/Brasil”, em 1995 na Universität Gesamthochschule Kassel – Alemanha, obtendo o
título de doutor em Economia e Meio Ambiente. Após 1995 identificam-se apenas três
pesquisadores, que obtiveram o título de doutor com teses não voltadas para a pesquisa
ambiental, mas que atuam na área, a saber: João Eduardo Prudêncio Tinoco em 1996, Ely
140
Laureano Paiva em 1999 e Mozar José de Brito em 2000. No contexto geral, há 13
pesquisadores que obtiveram o título de doutor com teses voltadas ao tema sustentabilidade
ambiental e 11 com temas outros. Tal cenário mostra um equilíbrio entre pesquisadores
formados no tema ambiental e pesquisadores formados em outras áreas atuantes em pesquisas
ambientais. Vale destacar que os pesquisadores formados em período anterior a 1995 e que
estabeleceram linhas de pesquisa voltadas ao tema ambiental, podem ser interpretados como
pioneiros deste campo de pesquisa no Brasil.
O pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento se estabelece como o de maior
volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, com 27 (77,1%) trabalhos de um total de
35 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em 1997, mesmo ano
em que teve a primeira orientação, concluída justamente no campo de sustentabilidade
ambiental. O pesquisador Pedro Carlos Schenini aparece na segunda posição de maior volume
de estudos no campo de pesquisa ambiental, foram 18 trabalhos (85,7%) de um total de 21
que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em 2000, e no ano de
2001 teve a primeira orientação concluída, justamente no campo de sustentabilidade
ambiental. O pesquisador Francisco Correia de Oliveira aparece na terceira posição de maior
volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, 12 trabalhos (41,4%) de um total de 29
que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em 1998, e no ano de
2000 teve a primeira orientação concluída, justamente no campo de sustentabilidade
ambiental. Também aparece na terceira posição de maior volume de estudos no campo de
pesquisa ambiental o pesquisador José Antonio Puppim de Oliveira, com 12 trabalhos (50%)
de um total de 24 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu em
2000, e no ano de 2001 teve a primeira orientação, concluída justamente no campo de
sustentabilidade ambiental. Outro pesquisador, Ícaro Aronovich da Cunha, também ocupa a
terceira posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, são 12
trabalhos (92,3%) de um total de 23 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do
Stricto Sensu em 2001, e no ano de 2003 ocorreu à primeira orientação, concluída justamente
no campo de sustentabilidade ambiental. O pesquisador Celso Funcia Lemme aparece na
quarta posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, com nove
trabalhos (47,4%) de um total de 19 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do
Stricto Sensu em 2000, no ano de 2001 teve a primeira orientação concluída e em 2003 a
primeira orientação concluída no campo de sustentabilidade ambiental. O pesquisador José
Carlos Barbieri aparece na quinta posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa
ambiental, com oito trabalhos (34,8%) de um total de 23 que realizou. Este pesquisador
141
iniciou as atividades na Fundação Getúlio Vargas FGV/SP em 1992, no ano de 1995 teve a
primeira orientação concluída e em 1996 a primeira orientação concluída no campo de
sustentabilidade ambiental. O pesquisador Robson Amâncio aparece também na quinta
posição de maior volume de estudos no campo de pesquisa ambiental, com oito trabalhos
(40%) de um total de 20 que realizou. Este pesquisador iniciou as atividades do Stricto Sensu
em 1998, mesmo ano em que ocorreu a conclusão da primeira orientação. Concluiu a primeira
orientação sustentabilidade ambiental em 2002. Vale destacar que este pesquisador obteve o
título de doutor somente em 2000. Os demais pesquisadores apresentam seis ou menos
orientações concluídas em sustentabilidade ambiental.
Os pesquisadores que aparecem com maior volume de estudos no campo de pesquisa
de sustentabilidade ambiental, apresentam respectivamente uma participação expressiva de
interesse nesta área. Dos 24 pesquisadores analisados, somente seis apresentam índices
inferiores a 30% de estudos em sustentabilidade ambiental, em relação ao total de pesquisas
desenvolvidas. Estes estão posicionados da 15ª até a 20ª posição.
A análise de Projeto de Pesquisa – PP e Linha de Pesquisa – LP dos pesquisadores,
mencionados na Tabela 2, aponta que dos 24 professores orientadores analisados, apenas três
não apresentam PP ou LP em sustentabilidade ambiental. Vale destacar que esta informação
foi obtida mediante investigação desenvolvida nos respectivos currículos Lattes.
Um aspecto a se levantar com relação aos 295 orientadores é a IES de obtenção do
título de doutor. Vale destacar que o levantamento aborda nominativamente apenas as IESs
brasileiras, as estrangeiras são categorizadas pelo país onde estão sediadas, como mostra a
Figura 20.
142
Figura 20: Relação das IESs em que os orientadores obtiveram o doutorado
Fonte: Dados da pesquisa.
A Figura 20 distingue inicialmente a formação dos pesquisadores em dois grupos, os
formados em IESs nacionais com 207 (70%) eventos e em IESs estrangeiras com 88 (30%)
eventos. Apesar da predominância das IESs nacionais a formação de pesquisadores em
instituições do exterior é expressiva, condição esta que possibilita uma significativa
diversidade na formação dos professores orientadores que atuam no campo de pesquisa da
sustentabilidade ambiental.
Adicionalmente, a Figura 20 revela a Universidade de São Paulo USP como a IES
com maior contribuição na formação de pesquisadores que atuam no Stricto Sensu em
administração realizando orientação na área de sustentabilidade ambiental com um total de 76
(25,8%) egressos. A USP caracteriza-se, assim, como um importante centro de formação de
pesquisadores em sustentabilidade ambiental, que obteve o reconhecimento e a recomendação
do doutorado em administração pela CAPES em 1975, e apresentando já em 1998 duas
dissertações no campo da sustentabilidade ambiental.
Na sequência, aparecem outras instituições que contribuem para a formação destes
pesquisadores, a saber: Fundação Getúlio Vargas/SP FGV/SP com 28 (9,5%) pesquisadores
egressos, e reconhecimento e recomendação do doutorado pela CAPES em 1976 e
76
28
21 20
9 9 7 5 5 5 3 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1
24 23 19
8 6 3 2 1 1 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
143
apresentado já em 1998 uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental.
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC com 21 (7,2%) pesquisadores,
reconhecimento e recomendação do doutorado pela CAPES em 2008 e apresentando já em
1998 uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental. Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ com 20 (6,8%) pesquisadores, recomendação do doutorado pela CAPES
em 1976 e apresentando somente em 2000 o primeiro trabalho em sustentabilidade ambiental,
a tese do aluno Celso Funcia Lemme. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG com
sete (2,4%) pesquisadores, recomendação do doutorado pela CAPES em 1995 e apresentando
já em 2000 uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul UFRGS com cinco (1,4%) pesquisadores, recomendação do doutorado
pela CAPES em 1994 e apresentando já em 1998 três dissertações no campo da
sustentabilidade ambiental. Universidade Federal da Bahia UFBA com cinco (1,4%)
pesquisadores, recomendação do doutorado pela CAPES em 1993 e apresentando já em 1999
uma dissertação no campo da sustentabilidade ambiental. Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE com cinco (1,4%) pesquisadores, recomendação do doutorado pela
CAPES em 1993 e apresentando somente em 2003 uma dissertação no campo da
sustentabilidade ambiental. As demais IES contribuem com a formação de três ou menos
pesquisadores.
Um importante detalhe revelado pela Figura 20 é que orientadores obtiveram o
doutorado em IES que não possuem o programa de doutorado em administração. Tal condição
é possível, pois muitos dos orientadores mesmo que atuando no Stricto Sensu de
administração obtiveram o grau de doutor em programas de outras áreas do conhecimento.
Incluem-se nesta situação as seguintes IESs: Universidade de Campinas – UNICAMP,
Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP, Universidade Federal Rural do Rio De Janeiro –
UFRRJ, Universidade Federal do Ceará – UFC, Instituto universitário de Pesquisa do Rio de
Janeiro – IUPERJ, Universidade Federal do Pará – UFPA e Universidade Federal de São
Carlos – UFSCAR. Como exemplo destaca-se os orientadores que obtiveram doutorado na
Universidade de Campinas – UNICAMP e que apresentam as seguintes áreas de formação:
Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro - doutorado em História, Amilcar Baiardi - doutorado em
Ciências Humanas Economia, George Gurgel de Oliveira - doutorado em Engenharia, Maria
Elisabete Pereira dos Santos - doutorado em Ciências Sociais, Renato Linhares de Assis -
doutorado em Economia Aplicada, Luis Paulo Bresciani - doutorado em Política Científica e
Tecnológica, Abraham Benzaquen Sicsú - doutorado em Economia, Marco Antônio Silveira -
doutorado em Engenharia Mecânica Processos de Fabricação e Teresa Cristina Siqueira
144
Cerqueira - doutorado em Educação. Destaca-se ainda que a Universidade Federal de Santa
Catarina UFSC obteve a recomendação do doutorado em administração somente em 2008, no
entanto possui grande colaboração, originada do Stricto Sensu em Engenharia de Produção.
Tal cenário mostra que os professores do Stricto Sensu em administração possuem
diferentes áreas de formação. Assim, esta pesquisa investiga a área de formação dos
orientadores que estão atuando no Stricto Sensu de administração. A Tabela 3 expõe este
perfil de formação dos orientadores. Para facilitar a interpretação, a distribuição está disposta
em categorias consonantes à proposição da CAPES, que aponta nove grandes áreas compostas
por áreas de avaliação. Para este estudo criou-se mais uma grande área, a de administração.
Esta ação destina-se a possibilitar a visualização distinta desta área em particular no contexto
deste estudo. Para a análise, segundo os padrões da CAPES, basta apenas incluir esta área de
avaliação dentro da grande área de ciências sociais aplicadas. Vale destacar, que as expressões
“grande área” e “área de avaliação” são nomenclaturas da própria CAPES. A Tabela 3 reflete
esta situação.
145
Grande Área de
formação dos
orientadores
Quantidade de
orientadores que
obtiveram
doutorado nesta
grande área.
Áreas de avaliação contidas nesta grande área
Ciências
Agrárias
0
Agronomia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Engenharia Agrícola,
Medicina Veterinária, Recursos Florestais e Engenharia Florestal,
Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca e Zootecnia.
Ciências
Biológicas
1 (0,3%)
Biofísica, Biologia Geral, Bioquímica, Botânica, Ecologia (Ecologia e
Meio Ambiente), Farmacologia, Fisiologia, Genética, Imunologia,
Microbiologia, Morfologia, Oceanografia, Parasitologia e Zoologia.
Ciências da
Saúde
2 (0,7%)
Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (Educação Física), Fonoaudiologia (Educação Física),
Medicina, Nutrição, Odontologia e Saúde Coletiva.
Ciências Exatas
e da Terra
5 (1,7%) Astronomia, Ciência da Computação, Física, Geociências, Matemática,
Oceanografia, Probabilidade e Estatística e Química.
Ciências
Humanas
57 (19,3%)
Antropologia, Arqueologia, Ciência Política (Ciência Política e Relações
Internacionais), Educação, Filosofia (Filosofia / Teologia: subcomissão
Filosofia), Geografia, História, Psicologia, Sociologia e Teologia
(Filosofia / Teologia: subcomissão Teologia).
Ciências Sociais
Aplicadas (sem a
administração)
49 (16,6%)
Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Informação, Comunicação,
Demografia, Desenho Industrial (Arquitetura e Urbanismo), Direito,
Economia, Museológica, Planejamento Urbano e Regional, Serviço
Social, Turismo (Administração, Ciências Contábeis e Turismo).
Nota: A área de avaliação Administração (Administração, Ciências
Contábeis e Turismo) esta indicada de forma separada na linha abaixo.
Ciências Sociais
Aplicadas
(somente a
Administração)
140 (47,5%)
Administração, Administração Pública, Administração de Setores
Específicos, Mercadologia, Administração de Produção, Estratégia e
Gestão da Produção, Sistemas Governamentais Comparados,
Administração de Recursos Humanos, Gerência de Produção,
Organização Industrial e Estudos Industriais, Logística e Análise
Institucional.
Engenharias
40 (13,6%)
Engenharia Aeroespacial, Engenharia Biomédica, Engenharia Civil ,
Engenharia de Materiais e Metalúrgica, Engenharia de Minas, Engenharia
de Produção, Engenharia de Transportes, Engenharia Elétrica, Engenharia
Mecânica, Engenharia Naval e Oceânica, Engenharia Nuclear, Engenharia
Química e Engenharia Sanitária.
Linguística,
Letras e Artes
1(0,3%) Artes (Artes / Música), Letras e Linguística.
Multidisciplinar 0 Biotecnologia, Ensino (Ensino de Ciências e Matemática), Interdisciplinar
e Materiais.
Tabela 3 – Área de formação dos orientadores no Stricto Sensu em administração.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: a classificação em grandes áreas e áreas de avaliação pode ser obtida no sitio da CAPES: www.
http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisarGrandeArea
Os pesquisadores atuantes no Stricto Sensu de administração são oriundos de diversas
grandes áreas de formação, a saber: ciências biológicas, ciências da saúde, ciências exatas e
da terra, ciências humanas, ciências sociais aplicadas, engenharias e linguística, letras e artes.
As grandes áreas que não apresentam pesquisadores, atuando em pesquisa de sustentabilidade
ambiental no Stricto Sensu de administração, são a ciências agrárias e a multidisciplinar. Vale
destacar que os pesquisadores com titulação de doutorado específica em administração
representam praticamente a metade, com 140 (47,5%) dos eventos. Se incorporarmos estes
doutores em administração a grande área a que pertencem, teremos 189 (63,9%) eventos em
146
ciências sociais aplicadas. Assim, apesar da diversidade observada, há uma significativa
representação de doutores em administração e de ciências sociais aplicadas no Stricto Sensu
de administração. A significativa colaboração de administradores pode ajudar na estruturação
do campo de pesquisa de sustentabilidade ambiental do Stricto Sensu em administração.
As grandes áreas de ciências humanas com 57 (19,3%) e de Engenharias com 40
(13,6%) também se destacam como colaborativas na formação de pesquisadores que atuam
com pesquisas em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu de administração. A
colaboração de pesquisadores originados de outras grandes áreas pode ser o esboço da
interdisciplinaridade que o campo de pesquisa em sustentabilidade ambiental estabelece. Na
grande área de ciências humanas podemos destacar a presença de titulados da área de
sociologia e na grande área de engenharia, um importante conjunto de áreas de avaliação
voltadas para o desenvolvimento tecnológico, que por sua vez devem incorporar o tema
ambiental.
A Figura 21 apresenta o ano de obtenção do título de doutor dos pesquisadores
atuantes no Stricto Sensu de administração no campo de pesquisa de sustentabilidade
ambiental. Como apresentado na Tabela 2, dentre os principais pesquisadores deste campo de
pesquisa, o primeiro a obter o título de doutor com uma tese tratando da sustentabilidade
ambiental foi Luis Felipe Machado do Nascimento em 1995. Dessa forma, grande parte dos
pesquisadores atuantes em sustentabilidade ambiental, que obtiveram título de doutor em
período antecedente a 1995, realizaram suas pesquisas de doutorado em campos diferentes da
sustentabilidade ambiental.
Figura 21 - Ano de obtenção do doutorado pelo orientador em Stricto Sensu de administração.
Fonte: Dados da pesquisa.
7 11
23 21
53
80 86
14
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
147
A Figura 21 revela que sete pesquisadores titulados em doutor, a partir de 1970,
desenvolveram orientações no campo de pesquisa da sustentabilidade ambiental. Nos períodos
compreendidos entre os anos de 1975 e 1989 observa-se crescimento na quantidade de
pesquisadores formados atuando neste campo de pesquisa, mas ainda com valores totais
baixos.
O período de 1990 a 1994 registra um significativo acréscimo apresentando um total
de 53 (18%) pesquisadores. O período de 1995 a 1999 também apresenta um acréscimo com
um total de 80 (27%) pesquisadores. Vale destacar que só a partir de 1995 se observam os
primeiros orientadores que obtiveram a titulação de doutor com temas voltados para a
sustentabilidade ambiental. no período de 2000-2004 observa-se 86 (29%) ocorrências o
maior contingente observado.
O período de 2005 a 2009 apresenta valores discretos, no entanto, trata-se de
pesquisadores que obtiveram a titulação e iniciaram as atividades de orientação justamente
neste intervalo de tempo, condicionados assim a processo de admissão no Stricto Sensu e
inicialização das atividades junto aos orientados. Fatores estes característicos do processo de
iniciação do pesquisador na atividade.
A apresentação e a análise dos dados determina o estabelecimento de métricas
destinadas a identificar o perfil das Instituições de Ensino Superior – IES. A primeira métrica
em análise é destinada a identificar as IESs, que apresentaram teses e ou dissertações em
sustentabilidade ambiental associada à quantidade de estudos desenvolvidos nestas
instituições. Os dados apontam que no período de 1998 a 2009 desenvolveu-se um total de
13959 teses e dissertações no Stricto Sensu de administração. A Tabela 4 apresenta a relação
das 58 IESs nas quais se realizaram 543 estudos voltados à sustentabilidade ambiental.
148
Instituição de Ensino Superior IES
Teses e dissertações % em relação
ao total
Regime da
IES Total Em SA
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1009 57 10,5 Pública
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina 597 38 7,0 Pública
FGV/SP - Fundação Getúlio Vargas / São Paulo 1170 30 5,5 Particular
FGV/RJ - Fundação Getúlio Vargas / Rio de Janeiro 631 28 5,2 Particular
USP - Universidade de São Paulo 872 24 4,4 Pública
UFBA - Universidade Federal da Bahia 529 23 4,2 Pública
UNISANTOS - Universidade Católica de Santos 99 22 4,1 Particular
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro 578 20 3,7 Pública
UFLA - Universidade Federal de Lavras 251 18 3,3 Pública
PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 540 17 3,1 Particular
UNIFOR - Universidade de Fortaleza 200 17 3,1 Particular
UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco 54 14 2,6 Pública
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 190 13 2,4 Pública
PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 501 12 2,2 Particular
FURB - Universidade Regional de Blumenau 239 11 2,0 Pública
FESP/UPE - Fundação Universidade de Pernambuco 14 10 1,8 Pública
UNINOVE - Universidade Nove de Julho 123 10 1,8 Particular
USP/RP - Universidade de São Paulo/ Ribeirão Preto 89 10 1,8 Pública
IBMEC - Faculdade de Economia e Finanças do IBMEC 519 9 1,7 Particular
CNEC - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade 60 8 1,473 Particular
UNESA - Universidade Estácio de Sá 211 8 1,473 Particular
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí 84 8 1,473 Particular
UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie 285 8 1,473 Particular
USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul 128 8 1,473 Pública
FEAD - Faculdade de Est. Administrativos de Minas Gerais 339 7 1,289 Particular
UFPR - Universidade Federal do Paraná 319 7 1,289 Pública
UNIR - Universidade Federal de Rondônia 41 7 1,289 Pública
FCHPL - Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo 322 6 1,105 Particular
PUC/PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná 182 6 1,105 Particular
UFPB - Universidade Federal da Paraíba / João Pessoa 266 6 1,105 Pública
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 282 6 1,105 Pública
UFU - Universidade Federal de Uberlândia 68 6 1,105 Pública
UNIFACS - Universidade Salvador 161 6 1,105 Particular
FJP - Fundação João Pinheiro (Escola de Governo) 276 5 0,921 Pública
UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina 49 5 0,921 Pública
UEM - Universidade Estadual de Maringá 159 5 0,921 Pública
FJN - Fundação Joaquim Nabuco/PE 16 4 0,737 Pública
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco 293 4 0,737 Pública
UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos 170 4 0,737 Particular
FUMEC - Universidade FUMEC 103 3 0,552 Particular
UCS - Universidade de Caxias do Sul 44 3 0,552 Particular
UECE - Universidade Estadual do Ceará 62 3 0,552 Pública
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais 355 3 0,552 Pública
UNB - Universidade de Brasília 207 3 0,552 Pública
UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba 144 3 0,552 Particular
FEI - Centro Universitário da FEI 21 2 0,368 Particular
FNH - Faculdade Novos Horizontes 133 2 0,368 Particular
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo 81 2 0,368 Pública
UMESP - Universidade Metodista de São Paulo 108 2 0,368 Particular
UNIP - Universidade Paulista 40 2 0,368 Particular
FBV - Faculdade Boa Viagem 64 1 0,184 Particular
FUCAPE – Fund. Inst. Capixaba de Pesq. Cont. Econ. e Fin. 16 1 0,184 Particular
PUC/MG - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 189 1 0,184 Particular
UFAL - Universidade Federal de Alagoas 27 1 0,184 Pública
UFV - Universidade Federal de Viçosa 34 1 0,184 Pública
UNIGRANRIO – Univ. do Grande Rio/Prof. Jose de S. Herdy 14 1 0,184 Particular
UNP - Universidade Potiguar 29 1 0,184 Particular
UP - Universidade Positivo 69 1 0,184 Particular
Tabela 4: Relação das teses e dissertações em sustentabilidade ambiental por Instituição de Ensino Superior IES
de 1998 a 2009.
Fonte: Dados da pesquisa. Nota: SA = Sustentabilidade Ambiental.
149
Analisando o desempenho de pesquisas das IESs em sustentabilidade ambiental no
período de 1998 e 2009 observa-se que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS
apresenta o maior volume de teses e dissertações voltadas a este campo de pesquisa com 57
estudos que representa 10,8% do total produzido. A Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC, por sua vez, se posiciona em segundo lugar participando com 38 estudos que
representam 7,0% do total produzido. Na sequência, as seguintes instituições também
aparecem em destaque: Fundação Getúlio Vargas/SP com 30 estudos que representam 5,7%
do total, Fundação Getúlio Vargas/RJ com 28 estudos que representam 5,5% do total,
Universidade de São Paulo com 24 estudos que representam 4,5% do total, Universidade
Federal da Bahia com 23 estudos que representam 4,3% do total, Universidade Católica de
Santos com 22 estudos que representam 4,2% do total, Universidade Federal do Rio de
Janeiro com 20 estudos que representam 3,8% do total e a Universidade Federal de Lavras
com 18 estudos que representam 3,4% do total. Estas nove instituições respondem por 48%
do total de estudos em sustentabilidade ambiental realizados no Stricto Sensu de
administração, enquanto as outras 49 IESs participam com 52%. Desta forma, 15% das IES
abarcam aproximadamente metade de toda a pesquisa em sustentabilidade ambiental
desenvolvida no Stricto Sensu em administração.
Analisando comparativamente o desempenho das pesquisas em sustentabilidade
ambiental em relação ao total desenvolvido pelo Stricto Sensu em administração, dentro do
contexto de cada IES, é possível identificar instituições com acentuada atenção a este campo
de pesquisa. A Universidade Católica de Santos UNISANTOS é a que possui maior
contribuição interna de teses e dissertações em sustentabilidade ambiental com uma
participação de 22,2% em relação ao total produzido pela IES. Na sequência, aparecem a
Universidade Federal de Lavras UFLA com 7,2%, a Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC com 6,2%, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS com 5,6%. As
demais IESs aparecem com uma contribuição interna de teses e dissertações em
sustentabilidade ambiental com índices inferiores a 5% de participação.
Tal cenário revela que tanto a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS
quanto a Universidade Federal de Santa Catarina UFSC possuem relevância na produção
geral de teses e dissertações em sustentabilidade ambiental. Esta relevância se manifesta
dentre outros fatores pelo fato de possuírem pesquisadores dedicados a este campo de
pesquisa. Associando as informações da Tabela 4 que informa as IESs mais prolíferas com as
disponibilizadas na Tabela 2 que informa os pesquisadores mais prolíficos é possível
identificar o núcleo de pesquisa em sustentabilidade ambiental destas instituições. A
150
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS possui três pesquisadores em seu núcleo
de sustentabilidade ambiental, os professores: Luis Felipe Machado do Nascimento, Tânia
Nunes da Silva e Eugenio Ávila Pedrozo. A Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
também possui três pesquisadores em seu núcleo de sustentabilidade ambiental, os
professores: Pedro Carlos Schenini, Hans Michael Van Bellen e Rolf Hermann Erdmann.
Outras IESs que também apresentaram núcleo de pesquisa são: Universidade Católica de
Santos UNISANTOS com os professores: Ícaro Aronovich da Cunha e João Eduardo
Prudêncio Tinoco, a Universidade Federal de Lavras UFLA com os professores: Robson
Amâncio e Mozar José de Brito e a Universidade Federal da Bahia UFBA com os professores:
José Célio Silveira Andrade e George Gurgel de Oliveira.
Dentre as IESs mais prolíferas observa-se a existência de instituições que apresentam
apenas um pesquisador na relação dos mais prolíficos na pesquisa em sustentabilidade
ambiental. Na Fundação Getúlio Vargas / São Paulo FGV/SP o professor José Carlos
Barbieri, na Fundação Getúlio Vargas / Rio de Janeiro FGV/RJ o professor José Antonio
Puppim de Oliveira, na Universidade de São Paulo USP o professor Isak Kruglianskas, na
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ o professor Celso Funcia Lemme, na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo PUC/SP o professor Sérgio Gozzi, na Universidade de
Fortaleza UNIFOR o professor Francisco Correia de Oliveira, na Universidade Nove de Julho
UNINOVE a professora Maria Tereza Saraiva de Souza. Tal constatação não monstra a
inexistência de um núcleo de pesquisas em sustentabilidade ambiental nestas instituições, no
entanto é possível identificar a concentração de pesquisa em um único professor orientador.
A Tabela 4 possibilita ainda identificar a dependência administrativa das IESs. A
Figura 22, expressa esta repartição de dependência administrativa.
Figura 22 - Dependência administrativa das IESs
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: Dependência Administrativa Pública incorpora IES: Federal, Estadual e Municipal.
314 - 58% 229 - 42%
Pública Particular
151
A Figura 22 expõe um contexto de prevalência das IESs públicas (58%) em relação às
particulares (42%). Apesar da existência de superioridade das IESs públicas em relação às
particulares é possível observar que a diferença entre elas é de 16 apenas pontos percentuais.
Tal condição demonstra que as IESs de ambas as dependências administrativas possuem
interesse na pesquisa em sustentabilidade ambiental.
A Figura 23 apresenta a distribuição das teses e dissertações por região geográfica do
Brasil.
Figura 23 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por região geográfica do Brasil
de 1998 a 2009.
Fonte: Dados da Pesquisa
Nota: o eixo das ordenadas esta formatado em escala logarítmica
A região Sudeste aparece com predomínio, tanto na produção total de teses e
dissertações com 8721 estudos quanto na produção voltada para a sustentabilidade ambiental
285 (3,3%) estudos caracterizando-se como um grande polo de pesquisa em sustentabilidade
ambiental com desempenho superior ao somatório das demais regiões (258). Na sequência,
aparece respectivamente a região Sul com um total de 3039 estudos dos quais 145 (4,8%)
estão voltados à sustentabilidade ambiental. A região Nordeste apresenta um total de 1947
estudos sendo que destes 103 (5,3%) estão voltados à sustentabilidade ambiental, a região
Centro-Oeste com um total de 212 estudos sendo que destes três (1,4%) estão voltados à
sustentabilidade ambiental e finalmente a região Norte com um total de 40 estudos sendo que
destes sete (17,5%) estão voltados à sustentabilidade ambiental.
8721
3039 1947
212
40
285
145 103
3
7
3,3% 4,8% 5,3%
1,4%
17,5%
1
10
100
1000
10000
Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte
Total teses e
dissertações
Teses e
dissertações em
sustentabilidade
ambiental
Percentagem
sustentabilidade
ambiental
152
As regiões Nordeste (5,3%), Sul (4,8%) e Sudeste (3,3%) apresentam pouca
discrepância, com um percentual muito próximo de teses e dissertações em sustentabilidade
em relação ao total. A região Norte, com apenas sete dissertações defendidas neste campo de
pesquisa apresenta um índice de 17,5%, valor este significativo. Esta prevalência mostra
interesse de pesquisadores da região Norte em estudos em sustentabilidade ambiental. Em
contrapartida, a região Centro-Oeste apresenta apenas três que resulta no índice de 1,4% dos
trabalhos neste campo de pesquisa. Vale destacar que ambas as regiões possuem os biomas,
Floresta Amazônica e Pantanal respectivamente os mais importantes de preservação
ambiental do país, mas que, no entanto apresentam prioridades opostas no desenvolvimento
de pesquisas que abarcam a sustentabilidade ambiental.
A Figura 24 detalha o desempenho dos estados que compõem as regiões brasileiras,
possibilitando assim a visualização de forma individualizada da contribuição de cada membro
da união na pesquisa em sustentabilidade ambiental.
Figura 24 - Distribuição das teses e dissertações de sustentabilidade ambiental por estado do Brasil de 1998 a
2009.
Fonte: Dados da Pesquisa
O Estado de São Paulo se apresenta com a maior produção de pesquisas no Stricto
Sensu em sustentabilidade ambiental, com 138 (25,4%) estudos, ou seja, um quarto de toda a
produção brasileira. O estado do Rio de Janeiro surge na segunda posição com 84 (15,5%) dos
estudos. A terceira e quarta posições são ocupadas pelo estado do Rio Grande do Sul com 64
(11,8%) estudos e Santa Catarina com 62 (11,4%) estudos respectivamente. A quinta posição
138
84
60
3
64 62
19
33 29 20
14 6
1 7 3
0
20
40
60
80
100
120
140
160 Sudeste
Nordeste
Sul
Nort
e
Cen
tro
-Oes
te
153
é do estado de Minas Gerais com 60 (11%) estudos. Os estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Minas Gerais manifestam produção muito semelhante de sustentabilidade
ambiental no Stricto Sensu, com participações entre 11% e 12%. Na região Nordeste três
estados ocupam sequencialmente da sexta a oitava posições: Pernambuco contribui com 33
(6,1%), Bahia contribui com 29 (5,3%) e Ceará contribui com 20 (3,7%) dos estudos de
sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. Na sequência, aparecem os
seguintes estados Paraná 19 (3,5%), Rio Grande do Norte 14 (2,6%), Rondônia sete (1,3%),
Paraíba seis (1,1%), Distrito Federal e Espírito Santo três (0,6%) e Alagoas um (0,2%). Os
dados mostram que na região Norte tem apenas a colaboração do estado de Rondônia e na
região Centro-Oeste tem apenas a colaboração do Distrito Federal.
A pós-graduação Stricto Sensu está dividida em três categorias: mestrado profissional,
mestrado e doutorado. A Figura 25 mostra a distribuição das teses e dissertações nessas três
categorias comparadas com o total de trabalhos defendidos no período analisado.
Figura 25 - Distribuição dos trabalhos sobre sustentabilidade ambiental por categorias do Stricto Sensu de 1998
a 2009.
Fonte: Dados da Pesquisa
Nota: o eixo das ordenadas esta formatado em escala logarítmica
Os dados revelam uma maior participação, em termos percentuais e absolutos, de
dissertações provenientes de mestrado, 398 estudos, que representa uma participação de 4,2%
do total de dissertações. As dissertações de mestrado profissional aparecem na sequência com
109 estudos, 3,1% do total e as teses de doutorado 36 estudos, 3,5% do total. Vale destacar
que as pesquisas de mestrado em sustentabilidade ambiental (398) representam
9421 3517
1021
398
109
36
4,2% 3,1% 3,5%
1
10
100
1000
10000
Mestrado Mestrado Profissional Doutorado
Total teses e
dissertações
Teses e dissertações
em sustentabilidade
ambiental
Percentagem em
sustentabilidade
ambiental
154
aproximadamente o triplo do somatório do doutorado e do mestrado profissional (145).
Também se observa esta proporção quando se compara o total de dissertações em mestrado
profissional (109) em relação ao total de teses (36).
Esta seção apresentou as características dos orientadores do Stricto Sensu em
administração mais prolíficos detalhando a quantidade de orientações concluídas, a IES de
formação, o ano e a área de obtenção do título de doutor. As análises abarcam ainda a
interpretação do conjunto de 295 pesquisadores que realizaram orientações neste campo de
pesquisa. Tal composição possibilita tanto a interpretação das características dos mais
prolíficos quanto do conjunto de pesquisadores que compõem este campo de pesquisa. As
análises apresentam o desempenho das IESs no desenvolvimento de estudos em
sustentabilidade ambiental e as características segundo o regime de dependência
administrativa, distribuição por região e estados, bem como a classificação por programas de
doutorado, mestrado e mestrado profissional. A seção seguinte aborda as redes de colaboração
expressas a partir de laços de participação em bancas de doutorado e de mestrado em
administração, mostrando a rede social que incorpora os pesquisadores mais prolíficos
analisados.
4.2 ANÁLISE DE REDES EXPRESSAS SOB A FORMA DE ESTRUTURAS DE
COLABORAÇÃO GERADAS A PARTIR DE LAÇOS DE PARTICIPAÇÃO EM
BANCAS DE DEFESA DE TESE E DISSERTAÇÃO NO STRICTO SENSU
A análise da rede social expressa na forma de estruturas de colaboração geradas a
partir de laços de participação de pesquisadores em bancas de defesa de teses e de
dissertações no Stricto Sensu se apoia em rede two-mode, que apresenta como característica
dois conjuntos de atores. O primeiro conjunto de atores é formado de 295 professores
orientadores que desenvolveram as pesquisas junto a seus orientados. O segundo conjunto de
atores é formado por 787 pesquisadores que foram convidados a participar das bancas de
defesa de doutorado ou de mestrado. Como característica desta rede social, o ator que é
professor orientador em uma banca pode aparecer como convidado em outra banca, ou seja,
aparece nos dois eixos da matriz de análise. Os dados mostram que 135 atores se posicionam
na situação de orientadores e também de membros convidados de banca, assim tem-se o total
de 947 atores envolvidos nesta análise de rede social.
155
Considerando a totalidade de membros de bancas de doutorado e de mestrado que
integralizam a população desta pesquisa, ilustra-se, na Figura 26 a rede de cooperação entre
os atores ao longo do período de 1998 a 2009.
Figura 26 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de mestrado de sustentabilidade
ambiental em administração no período de 1998 a 2009.
Fonte: Dados da Pesquisa
Notas: A Tabela 5 apresenta o nome completo dos principais pesquisadores desta rede.
Simbologia utilizada:
Circulo Vermelho = pesquisador participou da banca na condição de orientador
Circulo Amarelo = pesquisador participou da banca na condição de orientador e apresenta-se central
Quadrado azul = pesquisador participou da banca na condição de membro convidado
A rede apresenta um extenso conjunto de atores fragmentados em três redes de
destaque. Redes menores com até 15 atores foram omitidas da Figura 26. As três redes
possuem relevante diferença na quantidade de atores. A rede que se configura no anel externo
apresenta 162 pesquisadores orientadores e comporta 58% do total dos atores que colaboram
participando das bancas de doutorado e de mestrado e, contém todos os atores principais.
Enquanto as duas redes apresentadas ao centro possuem menor quantidade de atores.
Uma das redes com 93 pesquisadores orientadores comporta 28% do total dos atores que
colaboram participando das bancas de doutorado e mestrado a outra rede apresenta 20
pesquisadores orientadores localizados na região Nordeste e comporta 8% do total dos atores
que colaboram participando das bancas de doutorado e mestrado, restando ainda 20
AMÂNCIO, R.
ANDRADE, J. C. S.
BARBIERI, J. C.
BELLEN, H. M. V.
CAMARA, M. R. G.
CUNHA, I. A.
ENDERS, W. T.
ERDMANN, R. H.
FERREIRA, E.
FRACASSO, E. M.
GOZZI, S.
KRUGLIANSKAS, I.
LEMME, C. F.
MARCOVITCH, J.
MAZON, R.
NASCIMENTO, L. F. M.
OLIVEIRA, F. C.
OLIVEIRA, G. G.
OLIVEIRA, J. A. P.
PAIVA, E. L.
PEDROZO, E. A.
SCHENINI, P. C.
SILVA, T. N.
SOUZA, M. T. S.
TINOCO, J. E. P.
Orientador Membro Convidado Orientador Centralizado
156
pesquisadores orientadores dispersos com 6% do total dos atores que colaboram participando
das bancas de doutorado e de mestrado.
Para possibilitar a visualização das redes se omitiu na Figura 26 o nome dos atores de
forma geral só permanecendo o nome dos atores centrais destacados com uma cor diferente.
Conforme informado trata-se de uma rede two-mode, com dois conjuntos de atores, neste
sentido para facilitar à interpretação dos dados a posição de orientado foi alocada na parte
externa das redes em vermelho, com exceção para os atores centrais, na cor amarela, enquanto
a posição de membro convidado ficou na parte interna na cor azul. Em face da limitação de
espaço para apresentação destacou-se os atores centrais apenas na posição de membro
orientador do aluno nas bancas.
Com a finalidade de possibilitar a interpretação e a análise dos membros centrais e
suas interações, optou-se por exibir na Figura 27 apenas as redes que envolvem atores com
mais de nove laços de relacionamento, tanto como membro de banca como orientador. Vale
destacar que a conduta de estabelecer um ponto de corte na apresentação dos dados da rede
social se assemelha a proposta adotada por Walter et al. (2009), que utilizou como critério as
redes que envolviam mais de cinco atores.
Figura 27 – Rede de cooperação entre os membros das bancas de doutorado e de mestrado de sustentabilidade
ambiental em administração no período de 1998 a 2009 que apresentam mais de nove laços de relacionamento. Fonte: Dados da Pesquisa. Notas: A Tabela 5 apresenta o nome completo dos principais pesquisadores desta rede
Orientador Membro Convidado
157
Para beneficio de interpretação dos resultados expressos na Figura 27, a Tabela 5
contém os 20 pesquisadores que possuem maior centralidade na rede de cooperação entre os
membros das bancas de doutorado e de mestrado de sustentabilidade ambiental em
administração, no período de 1998 a 2009. Todos os pesquisadores centrais referenciados na
Tabela 5, também aparecem identificados na Figura 26.
A Tabela 5 expressa na última coluna a quantidade de laços que cada pesquisador
possui, integrando desta forma, tanto na participação como orientador de aluno que defende a
tese ou dissertação (out degree - quantidade de laços que saem do ator) quanto na condição de
membro convidado (in degree - quantidade de laços de que chegam ao ator). A Tabela 5 exibe
as centralidades de grau, de proximidade e de intermediação do pesquisador na condição de
orientador e na condição de membro convidado para a banca.
Nome do pesquisador orientador de
tese e dissertação
Orientador (Membro Titular) Membro Convidado
Deg
ree
cen
tral
i-
dad
e d
e g
rau
Clo
sen
ess
cen
tral
i-
dad
e d
e p
rox
imid
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ali-
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Ou
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egre
e
Deg
ree
cen
tral
i-
dad
e d
e g
rau
Clo
sen
ess
cen
tral
i-
dad
e d
e p
rox
imid
ade
Bet
wee
nn
e C
entr
ali-
d
ade
de
inte
rmed
iaçã
o
In d
egre
e
Qu
anti
dad
e d
e la
ços
Luis Felipe Machado do Nascimento 0.047 0.381 0.126 82 0.037 0.458 0.044 21 103
Pedro Carlos Schenini 0.025 0.249 0.035 42 0.024 0.372 0.045 9 51
José Antonio Puppim de Oliveira 0.029 0.288 0.056 24 0.017 0.518 0.045 9 33
José Carlos Barbieri 0.024 0.334 0.027 22 0.058 0.526 0.129 22 44
Francisco Correia de Oliveira 0.021 0.382 0.055 27 0.007 187,4 0.000 2 29
Isak Kruglianskas 0.016 0.367 0.052 15 0.027 0.491 0.090 8 23
Robson Amâncio 0.015 0.242 0.025 15 0.007 0.244 0.002 3 18
Eugênio Ávila Pedrozo 0.014 0.334 0.011 15 0.020 0.493 0.025 15 30
Ícaro Aronovich da Cunha. 0.014 0.342 0.045 23 0.007 0.419 0.001 3 26
Tânia Nunes da Silva 0.014 0.319 0.011 18 0.007 0.447 0.001 4 22
Hans Michael Van Bellen 0.014 0.245 0.020 13 0.014 0.305 0.007 5 18
Rolf Hermann Erdmann. 0.013 0.246 0.018 11 0.003 0.362 0.000 1 12
Celso Funcia Lemme 0.011 0.349 0.037 18 0.020 0.358 0.017 6 24
Maria Tereza Saraiva de Souza. 0.011 0.354 0.042 12 0.020 0.316 0.006 6 18
Rubens Mazon 0.011 0.317 0.018 10 0.007 0.420 0.003 3 13
Wayne Thomas Enders 0.011 0.221 0.019 12 0.003 0,263 0.000 1 13
José Célio Silveira Andrade 0.010 0.343 0.015 13 0,014 0,413 0,032 13 26
Ely Laureano Paiva 0.010 0.325 0.014 12 0.007 0.447 0.001 2 14
Elaine Ferreira 0.010 0.203 0.007 9 0.014 0.303 0.008 4 13
Jacques Marcovitch 0.010 0.314 0.043 8 0,007 0,240 0,003 2 10
George Gurgel de Oliveira 0,010 0,028 0,008 10 0,003 0,062 0 1 11
Sérgio Gozzi 0,009 0,278 0,017 8 0,010 0,339 0,003 4 12
Marcia Regina Gabardo Camara 0,009 0,282 0,025 9 0 0 0 0 9
Edi Madalena Fracasso 0,008 0,318 0,004 9 0,014 0,491 0,016 21 30
João Eduardo Prudêncio Tinoco 0,008 0,183 0,006 8 0,007 0,400 0 3 11
Tabela 5 - Relação da centralidade dos 25 principais pesquisadores orientadores de aluno de doutorado ou
mestrado de sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009.
Fonte: Dados da pesquisa.
158
A análise associada das redes de colaboração, ilustradas nas Figuras 26 e 27, e das
informações contidas na Tabela 5 sinaliza a existência de uma rede principal que contém
todos os atores centrais. A Figura 27 mostra que a rede principal é coesa, no entanto na
apresentação dos atores principais na Figura 26 esta mesma rede se apresentou fragmentada
em duas partes principais. Esta fragmentação ocorre em função da omissão dos atores com
menos de nove laços de relacionamento. Para efeito de análise deste estudo estas duas redes
serão analisadas de forma distinta, apesar de se consubstanciarem em apenas uma rede.
A primeira rede é formada pelos seguintes pesquisadores centrais: Luis Felipe
Machado do Nascimento, José Carlos Barbieri, José Antonio Puppim de Oliveira, Eugênio
Ávila Pedrozo, Francisco Correia de Oliveira, Ícaro Aronovich da Cunha, José Célio Silveira
Andrade, Celso Funcia Lemme, Isak Kruglianskas, Tânia Nunes da Silva, Maria Tereza
Saraiva de Souza, Ely Laureano Paiva Rubens Mazon, Edi Madalena Fracasso, João Eduardo
Prudêncio Tinoco e Sérgio Gozzi. A segunda rede é formada pelos pesquisadores centrais:
Pedro Carlos Schenini, Hans Michael Van Bellen, Elaine Ferreira e Rolf Hermann Erdmann.
Dentre os 25 pesquisadores centrais apenas Robson Amâncio, Wayne Thomas Enders e
Jacques Marcovitch não aparecem diretamente associados a estas redes principais. A Figura
27, expressa uma série de pesquisadores não associados a pontos da rede, tal condição resulta
do fato destes pesquisadores possuírem mais de nove laços de relacionamento, no entanto não
apresentam nesta condição laços diretos com os atores pertencentes às duas redes principais.
A centralidade desses atores é apresentada a seguir utilizando-se os seguintes
indicadores: Grau de centralidade (degree centrality) que é o número de linhas incidentes em
um nó. Grau de proximidade do ator (closeness centrality) que dimensiona o quanto o nó que
representa o ator está próximo de todos os demais nós da rede, é decorrente da soma das
distâncias geodésicas do nó em relação a todos demais nós do grafo e depois invertido, pois
quanto maior a distância menor a proximidade. Grau de intermediação (betweeness centrality)
que analisa quanto um nó está no caminho geodésico entre outros nós. Adicionalmente
apresentam-se as linhas de entrada (in-degree centrality) característica do ator na condição de
convidado a participar de Banca e as linhas de saídas (out-degree centrality) característica do
ator na condição de membro titular (orientador), que esta realizando o convite. Vale destacar
que os cálculos do grau de proximidade e do grau de intermediação estão sujeitos a mesma
condicionante do grau de centralidade, ou seja, pertencentes a uma rede two-mode com linhas
de entrada e de saída, decorrentes da condição de orientador ou de convidado da banca pelo
ator.
159
A Figura 27 e a Tabela 5 apresentam pesquisadores que se qualificam como atores
centrais na rede, em face da centralidade que possuem na rede de relacionamentos. Dentre
esses atores este estudo destaca os seguintes pesquisadores.
O pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento (NASCIMENTO, L. F. M.) se
posiciona como um ator central na rede, face ao número de laços que possui. Observa-se a
existência de reciprocidade entre os pesquisadores que possuem laços de relacionamento com
Luis Felipe Machado do Nascimento, pois dos seis atores mais convidados a participar de
suas bancas, cinco retribuíram a ação convidando-o a participar de bancas de seus orientados.
Tal conduta mostra reciprocidade das relações estabelecidas por este pesquisador. A
centralidade de grau deste pesquisador como orientador é de 0,047, a maior da rede, e como
participante de banca é de 0,037, a segunda maior da rede. Estes valores mostram que o
pesquisador é localmente centralizado. A centralidade de proximidade como orientador é de
0,381, a segunda maior da rede, e como participante de banca é de 0,458, a terceira maior da
rede. Estes valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado. A centralidade de
intermediação como orientador é 0,126, a maior da rede, e como participante é de 0,044. Estes
valores mostram que este pesquisador é importante na intermediação de atores locais. Tal
cenário posiciona este pesquisador como central na rede, situação esta resultante dos 103
laços de relacionamento que possui.
O pesquisador Pedro Carlos Schenini (SCHENINI, P. C.) se destaca como elemento
central na segunda rede identificada na Figura 27. Apesar da maior quantidade de laços (42)
serem na condição de orientador, na Figura 27 o destaque é na condição de convidado de
banca, com quatro laços de relacionamento. Na condição de orientador apresenta dois laços,
ambos em comum com a condição de convidado, mais precisamente com os pesquisadores
Hans Michael Van Bellen e Gerson Rizzatti. A centralidade de grau deste pesquisador como
orientador é de 0,025, a terceira maior da rede, e como participante de banca é de 0,024. Estes
valores mostram que o pesquisador é localmente centralizado. A centralidade de proximidade
como orientador é de 0,249, e como participante de banca é de 0,372. Estes valores mostram
que o pesquisador possui centralidade global. A centralidade de intermediação como
orientador é 0,035, e como participante é de 0,045, a terceira maior da rede. Estes valores
mostram que o ator possui centralidade de intermediação para os atores locais. Tal cenário
posiciona este pesquisador com centralidade de rede.
O pesquisador José Antonio Puppim de Oliveira (OLIVEIRA, J. A. P.) apresenta mais
laços na posição de orientador (24), no entanto a Figura 27 destaca a sua condição de
convidado de banca, com quatro laços de relacionamento. A Figura 27 mostra que na
160
condição de orientador apresenta dois laços, sendo um em comum com a condição de
convidado, mais precisamente com o pesquisador Celso Funcia Lemme. A centralidade de
grau deste pesquisador como orientador é de 0,029, a segunda maior da rede, e como
participante de banca é de 0,017. Estes valores mostram que o pesquisador é localmente
centralizado. A centralidade de proximidade como orientador é de 0,288, e como participante
de banca é de 0,518, a quarta maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador é
globalmente centralizado. A centralidade de intermediação como orientador é 0,056, a
segunda maior da rede, e como participante é de 0.045 a terceira maior da rede. Estes valores
mostram que este pesquisador é importante na intermediação de atores locais. Tal cenário
posiciona este pesquisador com centralidade na rede.
O pesquisador José Carlos Barbieri (BARBIERI, J. C.) apresenta igualdade de laços
como orientador (22) e como convidado, no entanto a Figura 27 destaca a condição de
convidado de banca, com seis laços de relacionamento no total. Na condição de orientador
apresenta três laços sendo que destes apenas um em comum com a condição de convidado,
mais precisamente com a pesquisadora Gisela Black Taschner. A centralidade de grau deste
pesquisador como orientador é de 0,024, e como participante de banca é de 0,058, a maior da
rede. Estes valores mostram que o pesquisador é localmente centralizado. A centralidade de
proximidade como orientador é de 0,334, e como participante de banca é de 0,526, a terceira
maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado. A
centralidade de intermediação como orientador é 0,027, e como participante é de 0,129, a
maior da rede. Estes valores mostram que os atores intermediários locais são dependentes
deste pesquisador. Tal cenário posiciona este pesquisador com centralidade na rede,
principalmente quando atua como convidado de banca.
O pesquisador Francisco Correia de Oliveira (OLIVEIRA, F. C.) apresenta 27 laços de
relacionamento como orientador e dois laços de relacionamento como convidado. A Figura 27
apresenta dois laços de relacionamento na condição de orientador. A centralidade de grau
deste pesquisador como orientador é de 0,021, e como participante de banca é de 0,007. Estes
valores mostram que o pesquisador possui centralidade local. A centralidade de proximidade
como orientador é de 0,382, a maior da rede, e como participante de banca é de 187,4 tambem
a maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado, com
destaque na condição de orientador, conforme expõe a Figura 27 que ilustra a importante
ligação entre os pesquisadores José Antonio Puppim de Oliveira e José Carlos Barbieri. Nesta
situação o ator se configura como uma lacuna estrutural, pois conecta grupos distintos de
pesquisadores. A centralidade de intermediação como orientador é 0,055, a segunda maior da
161
rede, e como participante é de 0. Estes valores mostram que este pesquisador possui
intermediação para os atores dele dependentes quando atua como orientador. Tal cenário
posiciona este pesquisador como central na rede, com destaque para a condição de
globalmente localizado.
O pesquisador Isak Kruglianskas (KRUGLIANSKAS, I.) apresenta 15 laços como
orientador e oito como convidado de banca. A Figura 27 destaca quatro laços de
relacionamento como convidado e apenas um como orientador. A centralidade de grau deste
pesquisador como orientador é de 0,016, e como participante de banca é de 0,027, a terceira
maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador possui centralidade local. A
centralidade de proximidade como orientador é de 0,367, a terceira maior da rede, e como
participante de banca é de 0,491. Estes valores mostram o pesquisador globalmente
centralizado. A centralidade de intermediação como orientador é 0,052, e como participante é
de 0,090, a segunda maior da rede. Estes valores mostram que o pesquisador possui
intermediação para os atores localmente dependentes. Tal cenário posiciona este pesquisador
como central na rede, e que apesar de apresentar mais laços como orientador se destaca pela
centralidade local e global atuando como convidado de banca.
O pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo (PEDROZO, E. A.) apresenta igualdade de
laços como orientador (15) e como convidado, no entanto a Figura 27 destaca a condição de
orientador, com quatro laços de relacionamento. A centralidade de grau deste pesquisador
como orientador é de 0,014, e como participante de banca é de 0,020. Estes valores mostram
que o pesquisador possui relativa centralidade local. A centralidade de proximidade como
orientador é de 0,334, e como participante de banca é de 0,493, a terceira maior da rede. Estes
valores mostram que o pesquisador é globalmente centralizado. A centralidade de
intermediação como orientador é 0,011, e como participante é de 0,025. Estes valores
mostram a intermediação para os atores localmente dependentes deste pesquisador. Tal
cenário posiciona este pesquisador com centralidade na rede, principalmente quando atua
como convidado de banca.
O pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha (CUNHA, I. A.) apresenta 23 laços como
orientador e três como convidado de banca, situação esta destacada na Figura 27 que aponta
laços de relacionamento como orientador com outros seis pesquisadores, e na posição de
convidado somente dois laços de relacionamento. A centralidade de grau deste pesquisador
como orientador é de 0,014, e como participante de banca é de 0,007. Estes valores mostram
que o pesquisador possui centralidade local. A centralidade de proximidade como orientador é
de 0,342, e como participante de banca é de 0,419. Estes valores mostram que o pesquisador
162
possui centralidade global. A centralidade de intermediação como orientador é 0,045, e como
participante é de 0,001. Estes valores mostram que participando como orientador das bancas
exerce intermediação com os atores localmente dependentes. Tal cenário posiciona este
pesquisador com centralidade na rede, principalmente quando atua como orientador, apesar de
apresentar apenas 26 laços de relacionamento.
A Tabela 6 exibe medidas de coesão estabelecidas pela rede de colaboração formada
pelos pesquisadores orientadores e membros convidados de banca no Stricto Sensu em
administração no período de 1998 – 2009.
Density
Densidade
Average Distance
Distância Média
Diameter
Diâmetro
Medidas de coesão 0.005 8.385 22.000
Tabela 6 – Medidas de coesão da rede de pesquisadores orientadores em
sustentabilidade ambiental em administração no período de 1998 a 2009.
Fonte: Dados da pesquisa
A densidade de 0,005 (porcentagem das relações reais dentre as possibilidades de
relações totais) da rede formada pelos pesquisadores se caracteriza como baixa densidade,
frente aos limites de 1 que significa que todo integrante da rede tem acesso a qualquer outro e
0 ninguém tem contato (NELSON; VASCONCELLOS, 2007). Esta baixa densidade também
pode ser observada na comparação dos 1284 laços existentes entre os 947 pesquisadores. A
distância média que reflete o comprimento do percurso médio da rede é de 8,385 enquanto o
valor do diâmetro que é a maior distância geodésica entre quaisquer pares de atores da rede é
de 22.
Esta seção apresentou a análise da rede social expressa na forma de estruturas de
colaboração geradas a partir de laços de participação de pesquisadores em bancas de defesa de
tese e dissertação no Stricto Sensu em administração. Os dados destacam os atores centrais na
condição de orientadores de alunos que buscam a titulação de doutor ou mestre e dos
membros convidados a participar das bancas. Os valores de centralidade de grau, de
proximidade e de intermediação, dos 20 pesquisadores mais centrais foram apresentados,
possibilitando a interpretação da respectiva relevância dentro deste campo de pesquisa. Esta
seção apresenta ainda a densidade, distancia média e o diâmetro da rede que se formou. Na
sequência são apresentados e analisados os dados voltados à identificação da legitimação do
conhecimento. A análise a se desenvolver incorpora os pesquisadores prolíficos e que se
apresentam centrais na rede de colaboração das bancas de doutorado e de mestrado em
sustentabilidade ambiental na administração.
163
4.3 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DE CITAÇÕES DAS TESES E DISSERTAÇÕES
NA IDENTIFICAÇÃO DA LEGITIMAÇÃO DO CONHECIMENTO EM
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Nesta seção são analisadas as obras e autores mais citados nas teses e dissertações
sobre sustentabilidade ambiental. O critério utilizado para a escolha dessas teses e
dissertações foram os trabalhos dos pesquisadores mais prolíficos em orientação na área, que
realizaram quatro ou mais orientações no período de 1998 a 2009. As teses e dissertações
escolhidas para analisar essas citações foram as do último triênio de dados disponibilizados
pela CAPES, que compreende o período de 2007 a 2009. Essa escolha deve-se ao fato desses
trabalhos serem os mais recentes e, consequentemente, espera-se encontrar obras mais
atualizadas nas referências dessas teses e dissertações.
Neste sentido, a Tabela 2 retrata os 24 pesquisadores que mais orientaram no período
de 1998 a 2009. A delimitação destes pesquisadores como objeto de pesquisa tanto estabelece
uma linha de coerência desta pesquisa, quanto também vai ao encontro da abordagem de
Berger e Luckmann (2008) na qual se pressupõem que os pesquisadores assumam papeis que
são apropriados pelas próprias instituições, destacando a importância social destes atores.
Como resultante destes critérios de seleção identificou-se um conjunto de 49 teses e
dissertações em sustentabilidade ambiental. O estudo utilizou 47 teses e dissertações, pois
duas dissertações da Universidade Católica de Santos UNISANTOS não estão disponíveis
para pesquisa. A relação destes trabalhos é apresentada no Quadro 11, e se compõem de nove
teses, 35 dissertações e três dissertações de mestrado profissional.
164
Ano e
Título
IES e Nome do
Orientador
Nome do
aluno Ano e Título do Trabalho
2007
Mestre
UNINOVE - Maria
Tereza S. de Souza
André Kenro
Goto
A Contribuição da Logística Reversa na Gestão de Resíduos Sólidos:
Uma Análise dos Canais Reversos de Pneumáticos
2007
Mestre
UFSC - Pedro C.
Schenini
André Luiz M.
da Rosa
A contribuição do MDL à promoção do desenvolvimento sustentável:
um estudo empírico com os projetos aprovados no Brasil
2007
Mestre
FGV/SP - José
Carlos Barbieri
André Pereira
de Carvalho
Rótulos ambientais orgânicos como ferramenta de acesso a mercados
de países desenvolvidos
2007
Mestre
UNIVALI - Elaine
Ferreira
Aparecido
Parente
Indicadores de sustentabilidade ambiental: Um estudo do Ecological
Footprint Method do Município de Joinville - SC
2007
Mestre
UNIFOR – Fran-
cisco C. de Oliveira
Bleine
Queiroz Caula
O presente trabalho estuda a construção da Agenda 21 Local nos
municípios do Ceará, com ênfase na educação ambiental.
2007
Doutor
UFBA - George
Gurgel de Oliveira
Cleide M. da
Santana
Os Conflitos Ambientais na Teoria Social Contemporânea: a persp.
tríade para análise do controle social dos transgênicos no Brasil
2007
Mestre
UFLA - Robson
Amâncio
Douglas de O.
Botelho
ICMS-Ecológico como instrumento de política ambiental em Minas
Gerais
2007
Mestre
UFSC - Pedro
Carlos Schenini
Fernando A.
da Silva
Medidas de adequação à legislação ambiental em organizações
hoteleiras
2007
Mestre
UFRGS - Eugênio
Ávila Pedrozo
Lessandra S.
Severo
Evolução da Sustentabilidade no Processo Produtivo de Suínos da
Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda. - COSUEL
2007
Doutor
UFRGS - Eugênio
Ávila Pedrozo
Luciano Barin
Cruz
Processo de Formação de Estratégias de Desenvolvimento
Sustentável de Grupos Multinacionais
2007
Mestre
UNIVALI - Elaine
Ferreira
Marlene
Fernandes
Coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos: um estudo da gestão dos
programas de Florianópolis/SC, Belo Horizonte/MG e Londrina/PR.
2007
Mestre
UFRGS - Tânia
Nunes da Silva
Natália A.
Delgado
A Inovação sob a Perspectiva do Desenvolvimento Sustentável: os
casos de uma cooperativa de laticínios Brasileira e de outra Francesa
2007
Mestre
UFRJ - Celso
Funcia Lemme
Paulo Roberto
Arcoverde
Barbosa
Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São
Paulo (ISE-BOVESPA): exame da adequação como referência p/
aperfeiçoamento da gestão sustentável das emp. e p/ a formação de
carteiras de inv. orientadas por princ. de sustentabilidade corporativa
2007
Mestre
UNINOVE - Maria
Tereza S. de Souza
Roberto
Salgado Beato
Índice de Sustentabilidade Empresarial em Bolsas de Valores e a inf.
sobre a gestão ambiental das empresas: um estudo do ISE Bovespa
2007
Mestre
Prof.
FGV/RJ - José A.
Puppim de Oliveira
Samuel
Ramirez
Corradi
Inovações Tecnológicas que Contribuem para a Gestão Ambiental: O
Estudo do Craqueamento Catalítico na Petrobrás
2008
Mestre
UNISANTOS -
João E. P. Tinoco
Aguinaldo S.
Mulha
O Produto Pneu e sua Reciclabilidade:Resíduo Solido não
Convencional
2008
Mestre
UNISANTOS -
Ícaro A. da Cunha
Alípio Carlos
Tavares Labão
A cultural Organizacional do Banco real como exemplo de práticas
globais em sustentabilidade
2008
Mestre
UFBA - José Célio
S. Andrade
Andréa C.
Ventur
Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) : uma análise da
regulação de conflitos socioambientais do Projeto Plantar
2008
Mestre
UNISANTOS -
Icaro A. da Cunha
Carlos M.
Chinen
Indústria do Petróleo e Sustentabilidade: A Gestão Ambiental da
Refinaria de Cubatão
2008
Mestre
Prof.
FGV/RJ - José A.
Puppim de Oliveira
Christine
Jennifer Wight
Mitigating Climate Change: An investigative look at Land Use,
Land-use Change and Forestry under the Kyoto Protocol
2008
Doutor
UFRGS - Luis F.
M. do Nascimento
Cleber José
Cunha Dutra
Bases Teóricas para a Concepção e a Gestão de Programas de
Produção Mais Limpa Adequados a Grupos de Empresas
2008
Mestre
UFRJ - Celso
Funcia Lemme
Daniel
Wajnberg
Sustentabilidade nos bancos brasileiros: exame da div. do relac. entre
iniciativas socioambientais e o desemp. financeiro corporativo
2008
Mestre
UFRJ - Celso
Funcia Lemme
Felipe Lima P.
de Oliveira
Critério de Adicionalidade e Estimação de Custo de Capital Próprio
em Projetos de MDL no Setor de Energia Renovável no Brasil
2008
Mestre
UNISANTOS -
Icaro A. da Cunha
Jonatas de
Pinho Vieira
Análise do Trabalho Portuário Avulso Sob a Ótica da
Sustentabilidade
2008
Mestre
UNIVALI - Elaine
Ferreira Jorge Cunha
Adaptação estratégica e gestão ambiental: um estudo das mudanças
organizacionais em uma indústria de fundição
2008
Doutor
FGV/SP - José
Carlos Barbieri
Jorge Emanuel
Reis Cajazeira
Normalização e barreiras não tarifárias: uma análise da influência das
normas sócio ambientais de gerenciamento no comércio internacional
2008
Mestre
UFRGS - Luis F.
M. do Nascimento
Lauro André
Ribeiro
Gestão dos resíduos sólidos urbanos com geração de energia: o
projeto Ecoparque de Porto Alegre
(continua na página seguinte)
165
2008
Doutor
FGV/RJ - José A. P.
de Oliveira
Maria Scarlet
do Carmo
Problematização do lixo e dos catadores: estudos de caso múltiplo
sobre políticas públicas sob uma perspectiva foucaultiana
2008
Mestre
UFRGS - Tânia
Nunes da Silva Marta Krafta
Gestão Ambiental em uma pequena empresa do setor químico: o caso
da Causticlor
2008
Mestre
UFSC - Hans
Michael Van Bellen
Patrícia C. P.
Guatimosim Consumo e meio ambiente: uma análise exploratória
2008
Mestre
UFRGS - Tânia
Nunes da Silva Patrícia Fauth
Práticas em Gestão Ambiental: diagnósticos de sistemas integrados
de terminação de suínos na Eleva Alimentos S.A
2008
Mestre
UNISANTOS -
João E. P. Tinoco
Ramon E. L.
de Torres
Análise econômica, financeira, social e ambiental de emp. brasileiras
do setor siderúrgico de aços planos: período de 2002 a 2006
2008
Mestre
UFLA - Robson
Amâncio
Raquel F.
Vieira.
Gestão de resíduos sólidos no contexto da gestão ambiental
municipal em Varginha: desafios e potencialidades
2008
Mestre
Prof.
FGV/RJ - José
Antonio P. de
Oliveira
Ricardo A.
Borges Silva
Governança de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo-
mdl no Brasil com apresentação do estudo de caso do projeto
Novagerar
2008
Mestre
UNIFOR – Fran-
cisco C. de Oliveira
Rosany Correa
dos Santos
Níveis taxonômicos de gestão ambiental - um estudo de caso nos
equipamentos hoteleiros estabelecidos na APA delta do Parnaíba
2009
Mestre
UNINOVE - Maria
Tereza S. de Souza
Edson
Kiqumoto
Indicadores de sustentabilidade: um estudo da evidenciação de ações
ambientais em relatórios de sustentabilidade do setor bancário
2009
Mestre
UNIFOR – Fran-
cisco C. de Oliveira
Francisco
Alves
Análise da sustentabilidade do Biodiesel da Mamona no Semiárido
Nordestino
2009
Mestre
UFSC - Hans
Michael Van Bellen
Henrique
Budal Arins
Movimento slow: uma análise sob a ótica dos enclaves do
ecodesenvolvimento
2009
Doutor
USP - Isak
Kruglianskas
Hermann Atila
Hrdlicka
As boas práticas de gestão ambiental e a inf. no desemp. exportador:
um estudo sobre as grandes empresas exportadoras brasileiras
2009
Doutor
UFRGS - Luis F.
M. do Nascimento Iuri Gavronski
Estratégia de Operações Sustentáveis – produção, suprimentos,
logística e engenharia alinhados com a sustentabilidade corporativa.
2009
Mestre
UNISANTOS -
João Eduardo P.
Tinoco
José
Romanucci
Neto
Análise das informações de riscos empresariais e socioambientais de
empresas do setor de telecomunicações, listadas na Bovespa e na
NYSE, no contexto da governança corporativa: estudo de caso
2009
Mestre
UNIFOR – Fran-
cisco C. de Oliveira
Lauro Oliveira
Viana
A logística reserva e o tratamento de pneus inservíveis no estado do
Piauí
2009
Doutor
UFRGS - Tânia
Nunes da Silva
Lílian C.
Giesta
Educação Ambiental no sistema de gestão ambiental da empresa:
impacto no conhecimento denotado pelos trab. em suas ações
2009
Mestre
UFRGS - Eugênio
Ávila Pedrozo
Luis Carlos
Zucatto
Análise de uma cadeia de suprimentos orgânica orientada para o
desenvolvimento sustentável : uma visão complexa
2009
Mestre
UFRGS - Antonio
D. Padula
Manoela S.
dos Santos
O Quadro Institucional do Biodiesel e suas implicações nas cadeias
de suprimentos: um estudo múltiplo de casos no estado do RS.l
2009
Doutor
UFRGS - Luis F.
M. do Nascimento
Marcelo C.
Nehme
Interações entre os elos de cadeias de valor - uma oportunidade de
avaliação da sustentabilidade empresarial
2009
Mestre
UFLA - Mozar José
de Brito
Samantha B.
Oliveira. Gestão ambiental integrada: uma abordagem interpretativa
Abaixo as Dissertações que não estavam disponíveis para pesquisa.
2007
Mestre
UNISANTOS -
Icaro A. da Cunha
Carlos Alberto
R. Torres
Gestão Ambiental e resolução de conflitos: licenciamento de dutovias
no litoral de São Paulo
2009
Mestre
UNISANTOS -
Icaro A. da Cunha
Claudia R.
Cardoso
AGENDA 21 de Santos:contribuições à gestão sustentável dos
recursos hídricos para uso urbano
Quadro 11 – Relação das 47 teses e dissertações em sustentabilidade ambiental que compõem a amostra de
análise das citações utilizadas nas referências bibliográficas.
Fonte: dados da pesquisa
A análise das 47 teses e dissertações revelou um total de 4852 citações estabelecendo
uma média de 103 citações por estudo. As IESs que apresentaram estudos de sustentabilidade
ambiental no período de 2007 a 2009 foram: Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro,
Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal
de Lavras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade de Fortaleza, Universidade
166
Nove de Julho, Universidade Católica de Santos, Universidade do Vale do Itajaí e
Universidade de São Paulo.
Estas citações se compõem conforme mostra a Tabela 7.
Quantidade de
citações realizadas
Tema
58 (1,2%) Abordam diferentes normas técnicas
87 (1,8%) Referem-se a documentos ou informações de empresas privadas
145 (3,0%) Originárias de reportagens de revistas ou jornais não acadêmicos
307 (6,3%) Relacionadas à metodogia
864 (17,8%) Relacionadas a instituições tais como: confederação, federação, órgãos públicos,
legislação, etc.
1360 (28,0%) Relacionadas a temas de sustentabilidade ambiental
- 1029 citações de diferentes títulos
- 331 ocorrências de repetição de citação
2031 (41,9%) Relacionadas a temas de diversas áreas do conhecimento
4852 citações Total
Tabela 7 – Distribuição das citações de teses e dissertações por categorias.
Fonte: dados da pesquisa
Os dados revelam que apenas 1360 (28%) citações realizadas são referentes ao tema
da sustentabilidade ambiental que resulta em uma média de 29 citações por tese e dissertação.
A maior concentração 2031 (41,9%) citações está relacionada a outros temas. Vale destacar
que nesta categoria de outros temas se observam assuntos relacionados ao objeto de estudo de
cada pesquisa. Por exemplo, estudos de marketing verde incorporam citações sobre o
marketing em geral, a logística reversa sobre a logística, etc. Nesta categoria observam-se
ainda temas gerais voltados a empresas, como teoria organizacional, gestão do conhecimento
etc. Dessa forma a análise das teses e dissertações revela a existência de uma variada
bibliografia de diferentes campos de pesquisa. Para efeito deste estudo analisou-se apenas a
literatura voltada para o campo de pesquisa da sustentabilidade ambiental.
A Tabela 8 apresenta um extrato com a relação das citações com maior incidência,
neste sentido devem apresentar oito ou mais citações. A Tabela 8 integra além dos autores
mais citados, os pesquisadores de destaque na orientação de doutorado e de mestrado
expressos na Tabela 2, e os mais centrados expressos na Tabela 5. Os autores mais citados e
que não aparecem como orientadores de destaque na pesquisa em sustentabilidade ambiental
foram identificados pelo sombreamento da linha.
167
Autores citados nas teses e dissertações FG
V/R
J
FG
V/S
P
UF
BA
UF
LA
UF
RG
S
UF
RJ
UF
SC
UN
IFO
R
UN
INO
VE
UN
ISA
NT
OS
UN
IVA
LI
US
P
To
tal
ger
al
Ignacy Sachs
2 1 1 11
9 1
8 2
35
José Carlos Barbieri
4 1 1 4
2 4 1 4 1 2 24
João Eduardo Prudêncio Tinoco
1
17
1 19
Luis Felipe M. do Nascimento
2
13
1
1 17
Hans Michael Van Bellen
4 1 5 3 2
1 1 17
Fernando Alves de Almeida
1
1
1 1 1 7
12
Denis Donaire
1
2
1 2 2 2 1 1 12
Elio T. Takeshy Tachizawa
1
3
1 3
3 1
12
José Célio Silveira Andrade
9
1
1
11
Tânia Nunes da Silva
11
11
Eugenio Ávila Pedrozo
10
10
Craig R. Carter
10
10
Paulo Roberto Leite 1
3
2 3 1
10
Boaventura de Sousa Santos
4
2
1 2
1
10
José Eli da Veiga
2 2
4
2
10
Oliver E. Williamson
10
10
Jacques Demajorovic
1
1
6 1
9
Eduardo Viola
3 1
3 1 1
9
Douglas M. Lambert
7
2
9
Ícaro Aronovich da Cunha
2 2
4
8
Ely Laureano Paiva
5
5
Pedro Carlos Schenini
1
4
5
José Antonio Puppim de Oliveira 2
1
1
4
Maria Tereza Saraiva de Souza
1 2
3
Elaine Ferreira
1
2
3
Mozar José de Brito
3
3
Celso Funcia Lemme 1
1
2
Robson Amâncio
1
1
George Gurgel de Oliveira
1
1
Isak Kruglianskas
1 1
Rolf Hermann Erdmann
1
1
Total geral 4 8 31 10 101 3 30 24 18 48 9 7 293
Tabela 8 – Autores mais citados em teses e dissertações de sustentabilidade ambiental distribuídos por IESs
em que a pesquisa foi desenvolvida.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: As IESs são apresentadas por siglas, o nome completo pode ser encontrado no Quadro 9.
Conforme informado a Tabela 8 apresenta os autores com oito ou mais citações. Como
mencionado à exceção se estabelece para os pesquisadores orientadores prolíficos e centrais
nas redes de colaboração de participação em bancas. No entanto, vale destacar alguns autores
com menor número de citações presente no referencial das teses e dissertações:
168
- Paul Hawken, Amory Lovins e Hunter Lovins com sete citações o livro “Capitalismo
natural: criando a próxima revolução industrial. São Paulo: Cultrix, 1999”.
- Dália Maimon com seis citações o livro “Passaporte verde: gestão ambiental e
competitividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996”.
- Dennis Meadows com seis citações o livro “Limites do crescimento: um relatório
para o projeto do Clube de Roma sobre o dilema da humanidade. São Paulo: Perspectiva,
1973”.
- Dale Rogers e Ronald Tibben-Lembke com cinco citações o livro “Going backwards:
reverse logistics trends and practices. University of Nevada: Reno Center for Logistics
Management, 1998”.
- Carolyn P. Egri e Laerence T. Pinfield com cinco citações o capítulo de livro “As
Organizações e a Biosfera: Ecologia e Meio Ambiente. In. HARDY, C.; CLEGG, S.
R.; NORD, W. R. Handbook de Estudos Organizações. São Paulo: Editora Atlas, 1999”.
- Thomas N. Gladwin, James J. Kennelly e Tara Shelomith Krause com cinco citações
publicadas na The Academy of Management Review “ Shifting paradigms for sustainable
development: implications for management theory and research, v. 20, n. 4, p. 874-907,1995”.
- Paul Shrivastava três citações publicadas na Academy of Management Review: “The
role of corporations in achieving ecological sustainability, v. 20, n. 4, 1995”.
Os dados da tabela 8 mostram autores citados em várias pesquisas de diferentes IESs,
e autores que estão com a citação concentrada em poucas IESs, revelando diferentes padrões
de difusão. Dos 20 autores mais citados (mais de oito citações), nove estão dentre aqueles que
esta pesquisa identificou como mais prolíficos na orientação e ou centrais nas redes de
colaboração nas bancas de teses e dissertações. Desta forma tem-se um contingente de 11
autores que não se destacam na pesquisa em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em
administração. Nessa relação apareceram autores internacionais Ignacy Sachs e Oliver E.
Williamson da área de economia e Craig R. Carter e Douglas M. Lambert da área de logística.
Na sequência, os principais autores abordados na Tabela 8 são analisados
individualmente.
A primeira análise é referente às citações do autor Ignacy Sachs expressa na Tabela 9.
169
Pesquisadores orientadores e respectiva
IES/área de formação de obtenção do
doutorado que citaram Ignacy Sachs
FG
V/S
P
UF
BA
UF
LA
UF
RG
S
UF
SC
UN
IFO
R
UN
ISA
NT
OS
UN
IVA
LI
To
tal
ger
al
Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção
2 2
Eugênio Ávila Pedrozo -
França/Administração
8
8
Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha
/Administração
1
1
George Gurgel de Oliveira –
UNICAP/Engenharia
1
1
Hans Michael Van Bellen – UFSC/Eng.
Produção
4
4
Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde
Pública
6
6
João Eduardo Prudêncio Tinoco –
USP/Contralodoria e Contabilidade
2
2
José Carlos Barbieri – FGV-SP/Administração 2
2
Mozar José de Brito – USP/Administração
1
1
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção
5
5
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia
3
3
Total geral 2 1 1 11 9 1 8 2 35
Tabela 9 – Relação dos pesquisadores que citaram Ignacy Sachs.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor Ignacy Sachs apresenta um total de 35 citações, diluídas em oito diferentes
IESs por 11 diferentes pesquisadores. A maior incidência de citação ocorre na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS com 11 ocorrências, sendo oito pelo pesquisador
Eugênio Ávila Pedrozo e três pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva. Na sequência, tem-se a
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC com nove ocorrências, sendo cinco pelo
pesquisador Pedro Carlos Schenini e quatro pelo pesquisador Hans Michael Van Bellen. A
Universidade Católica de Santos UNISANTOS apresenta oito ocorrências, sendo seis pelo
pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha e duas pelo pesquisador João Eduardo Prudêncio
Tinoco. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois. As
principais obras citadas de Ignacy Sachs foram: sete citações – “Ecodesenvolvimento: crescer
sem destruir. Ed. Vértice. São Paulo, 1986”; sete citações – “Estratégias de transição para o
século XXI - desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel/Fundap, 1993”; seis
citações – “Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000”
e seis citações – “Desenvolvimento includente, sustentável e sustentado. Rio de Janeiro:
Garamond, 2004”. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois.
170
O autor José Carlos Barbieri, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP,
aparece como o segundo mais citado. As citações estão expressas na Tabela 10.
Pesquisadores orientadores e
respectiva IES/área de formação de
obtenção do doutorado que citaram
José Carlos Barbieri
FG
V/S
P
UF
BA
UF
LA
UF
RG
S
UF
SC
UN
IFO
R
UN
INO
VE
UN
ISA
NT
OS
UN
IVA
LI
US
P
To
tal
ger
al
Elaine Ferreira - UFSC/Eng.
Produção
1
1
Francisco Correia de Oliveira - Grã-
Bretanha /Administração
4
4
George Gurgel de Oliveira –
UNICAP/Engenharia
1
1
Ícaro Aronovich da Cunha –
USP/Saúde Pública
2
2
Isak Kruglianskas –
USP/Administração
2 2
João Eduardo Prudêncio Tinoco –
USP/Contralodoria e Contabilidade
2
2
José Carlos Barbieri – FGV-
SP/Administração 4
4
Luis Felipe Machado do Nascimento
– Alemanha/Economia e Meio
Ambiente
1
1
Maria Tereza Saraiva de Souza –
FGV-SP/Administração
1
1
Mozar José de Brito –
USP/Administração
1
1
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng.
Produção
2
2
Tânia Nunes da Silva –
USP/Sociologia
3
3
Total geral 4 1 1 4 2 4 1 4 1 2 24
Tabela 10 – Relação dos pesquisadores que citaram José Carlos Barbieri.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor José Carlos Barbieri apresenta um total de 24 citações, diluídas em dez
diferentes IESs por 12 diferentes pesquisadores. Quatro IESs apresentam a incidência de
quatro citações deste pesquisador, a saber: Fundação Getúlio Vargas de São Paulo com quatro
ocorrências do próprio pesquisador José Carlos Barbieri; Universidade Federal do Rio Grande
do Sul UFRGS com quatro ocorrências, sendo três pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva e
uma pelo pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento; Universidade de Fortaleza
UNIFOR, pelo pesquisador Francisco Correia de Oliveira e Universidade Católica de Santos
UNISANTOS, sendo duas pelo pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha e duas pelo
pesquisador João Eduardo Prudêncio Tinoco. As demais citações ocorrem com uma
frequência igual ou inferior a dois. As principais obras citadas de José Carlos Barbieri foram:
171
15 citações – “Gestão Ambiental Empresarial. São Paulo: Editora Saraiva, 2004” e cinco
citações “Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21.
Petrópolis: Vozes, 1997”. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a
dois
O autor João Eduardo Prudêncio Tinoco da Universidade Católica de Santos
UNISANTOS aparece como o terceiro mais citado, por três IESs e quatro pesquisadores,
mostrando forte concentração, conforme aponta a Tabela 11.
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de
obtenção do doutorado que citaram João Eduardo Prudêncio Tinoco UFSC UNISANTOS USP
Total
geral
Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública
1
1
Isak Kruglianskas – USP/Administração
1 1
João Eduardo Prudêncio Tinoco – USP/Contralodoria e
Contabilidade
16
16
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção 1
1
Total geral 1 17 1 19
Tabela 11 – Relação dos pesquisadores que citaram João Eduardo Prudêncio Tinoco.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nas 19 citações do autor João Eduardo Prudêncio Tinoco observa-se que 16 são
originárias de pesquisas desenvolvidas sob sua orientação na Universidade Católica de Santos
UNISANTOS, na qual ainda se constata uma citação realizada pelo pesquisador Ícaro
Aronovich da Cunha, na sequência, tem-se uma citação realizada pelo pesquisador Isak
Kruglianskas da Universidade de São Paulo USP e uma citação realizada pelo pesquisador
Pedro Carlos Schenini da Universidade federal de Santa Catarina UFSC. As principais obras
citadas de João Eduardo Prudêncio Tinoco foram: quatro citações – “Contabilidade e gestão
ambiental. São Paulo: Atlas, 2004” (neste caso em coautoria); três citações – “Balanço social:
uma abordagem da transparência da responsabilidade pública das organizações. São Paulo:
Atlas, 2001”. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois. Vale
destacar que entre as citações observa-se a dissertação e a tese deste pesquisador
O autor Luis Felipe Machado do Nascimento aparece como o quarto mais citado, por
quatro IESs e seis pesquisadores, no entanto com uma forte concentração na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS onde atua profissionalmente, conforme mostra a
Tabela 12.
172
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de
obtenção do doutorado que citaram Luis Felipe M. do Nascimento UFBA UFRGS UFSC USP
Total
geral
Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração
2
2
Isak Kruglianskas – USP/Administração
1 1
José Célio Silveira Andrade - UFBA/Administração 2
2
Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia e
Meio Ambiente
8
8
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção
1
1
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia
3
3
Total geral 2 13 1 1 17
Tabela 12 – Relação dos pesquisadores que citaram Luis Felipe Machado do Nascimento.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nas 17 citações do autor Luis Felipe Machado do Nascimento observa-se que oito são
originárias de pesquisas desenvolvidas sob sua orientação na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS que conta ainda com três citações da pesquisadora Tânia Nunes da
Silva e duas citações do pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo. Na sequência, identificam-se
duas citações realizadas pelo pesquisador José Célio Silveira Andrade da Universidade
Federal da Bahia UFBA, e uma citação pelos pesquisadores Isak Kruglianskas da
Universidade de São Paulo USP e Pedro Carlos Schenini da Universidade Federal de Santa
Catarina UFSC. As principais obras citadas de Luis Felipe Machado do Nascimento foram:
cinco citações – “Gestão socioambiental estratégica. São Paulo: Artmed, 2008”. (neste caso
em coautoria); três citações – “Dimensões da inovação sob o paradigma do desenvolvimento
sustentável. In: Anais EnANPAD: Curitiba, 2004”. As demais citações ocorrem com uma
frequência igual ou inferior a dois. Vale destacar que entre as citações observa-se a
dissertação e a tese deste pesquisador
O autor Hans Michael Van Bellen, que atua na Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC, aparece também como o quarto mais citado com 17 ocorrências, conforme mostra a
Tabela 13.
173
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área
de formação de obtenção do doutorado que citaram
Hans Michael Van Bellen
UF
RG
S
UF
RJ
UF
SC
UN
IFO
R
UN
INO
VE
UN
IVA
LI
US
P
To
tal
ger
al
Celso Funcia Lemme - UFRJ/Administração
1
1
Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção
1
1
Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração 1
1
Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha
/Administração
3
3
Hans Michael Van Bellen – UFSC/Eng. Produção
2
2
Isak Kruglianskas – USP/Administração
1 1
Luis Felipe Machado do Nascimento –
Alemanha/Economia e Meio Ambiente 3
3
Maria Tereza Saraiva de Souza – FGV-
SP/Administração
2
2
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção
3
3
Total geral 4 1 5 3 2 1 1 17
Tabela 13 – Relação dos pesquisadores que citaram Hans Michael Van Bellen.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor Hans Michael Van Bellen apresenta um total de 17 citações diluídas em sete
diferentes IESs por nove pesquisadores. A maior incidência de citação ocorre na Universidade
Federal de Santa Catarina UFSC com cinco ocorrências, sendo três pelo pesquisador Pedro
Carlos Schenini e duas pelo próprio pesquisador. Na sequência, tem-se a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS com quatro ocorrências, sendo três pelo pesquisador
Luis Felipe Machado do Nascimento e uma pelo pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo. A
Universidade de Fortaleza UNIFOR apresenta três ocorrências, ligadas ao pesquisador
Francisco Correia de Oliveira. As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou
inferior a dois. As principais obras citadas de Hans Michael Van Bellen foram: 12 citações –
“Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2005”, (título da própria tese de doutorado). As demais citações ocorrem com uma frequência
igual ou inferior a dois. Vale destacar que entre as citações observa-se a tese deste
pesquisador.
O autor Fernando Alves de Almeida aparece como o quinto mais citado com 12
ocorrências, conforme mostra a Tabela 14.
174
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de
formação de obtenção do doutorado que citaram Fernando
Alves de Almeida
UF
BA
UF
RG
S
UF
SC
UN
IFO
R
UN
INO
VE
UN
ISA
NT
OS
To
tal
ger
al
Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha
/Administração
1
1
Hans Michael Van Bellen – UFSC/Eng. Produção
1
1
Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública
5 5
João Eduardo Prudêncio Tinoco – USP/Contralodoria e
Contabilidade
2 2
José Célio Silveira Andrade - UFBA/Administração 1
1
Maria Tereza Saraiva de Souza – FGV-SP/Administração
1
1
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia
1
1
Total geral 1 1 1 1 1 7 12
Tabela 14 – Relação dos pesquisadores que citaram Fernando Alves de Almeida.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor Fernando Alves de Almeida apresenta um total de 12 citações, diluídas em
seis diferentes IESs por sete diferentes pesquisadores. A maior incidência de citações ocorre
na Universidade Católica de Santos UNISANTOS com sete ocorrências, sendo cinco pelo
pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha e duas pelo pesquisador João Eduardo Prudêncio
Tinoco. Na sequência, com uma citação, aparecem: a Universidade de Fortaleza UNIFOR –
pesquisador Francisco Correia de Oliveira; Universidade Federal de Santa Catarina UFSC –
pesquisador Hans Michael Van Bellen, Universidade Federal da Bahia UFBA – pesquisador
José Célio Silveira Andrade, Universidade Nove de Julho UNINOVE pesquisadora Maria
Tereza Saraiva de Souza e Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS a
pesquisadora Tânia Nunes da Silva. A principal obra, com oito citações, de Fernando Alves
de Almeida foi: “O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002”.
As demais citações ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois.
O autor Denis Donaire aparece também como o quinto mais citado com 12
ocorrências, conforme mostra a Tabela 15.
175
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação
de obtenção do doutorado que citaram Denis Donaire
UF
BA
UF
RG
S
UF
SC
UN
IFO
R
UN
INO
VE
UN
ISA
NT
OS
UN
IVA
LI
US
P
To
tal
ger
al
Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção
1
1
Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha /Administração
2
2
George Gurgel de Oliveira – UNICAP/Engenharia 1
1
Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública
1
1
Isak Kruglianskas – USP/Administração
1 1
João Eduardo Prudêncio Tinoco – USP/Contralodoria e
Contabilidade
1
1
Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia
e Meio Ambiente 1
1
Maria Tereza Saraiva de Souza – FGV-SP/Administração
2
2
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção
1
1
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia
1
1
Total geral 1 2 1 2 2 2 1 1 12
Tabela 15 – Relação dos pesquisadores que citaram Denis Donaire.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor Denis Donaire apresenta um total de 12 citações, diluídas em oito diferentes
IESs por dez pesquisadores. As obras deste autor não se apresentam localizadas, mas sim
dispersas por vários pesquisadores e IESs. Com duas citações observam-se os seguintes
pesquisadores: na Universidade de Fortaleza UNIFOR, o pesquisador Francisco Correia de
Oliveira e na Universidade Nove de Julho UNINOVE, a pesquisadora Maria Tereza Saraiva
de Souza. Com uma citação observam-se os seguintes pesquisadores: na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul UFRGS, os pesquisadores Luis Felipe Machado do Nascimento e Tânia
Nunes da Silva, na Universidade Federal da Bahia UFBA, o pesquisador George Gurgel de
Oliveira, na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, o pesquisador Pedro Carlos
Schenini, na Universidade Católica de Santos UNISANTOS, os pesquisadores Ícaro
Aronovich da Cunha e João Eduardo Prudêncio Tinoco, na Universidade do Vale do Itajaí
UNIVALI, a pesquisadora Elaine Ferreira e na Universidade de São Paulo USP o pesquisador
Isak Kruglianskas. A principal obra, com 11 citações, de Denis Donaire foi: “Gestão
ambiental na empresa. São Paulo: Ed. Atlas, 1995”. E uma citação do artigo “Considerações
sobre a influência da variável ambiental na empresa. Revista de Administração de Empresas -
RAE – SP, v. 34, n. 2, p. 68-77, 1994”.
O autor Elio Takeshi Takeshy Tachizawa aparece também como o quinto mais citado
com 12 ocorrências, conforme mostra a Tabela 16.
176
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de
formação de obtenção do doutorado que citaram Elio
Takeshi Takeshy Tachizawa
UF
BA
UF
RG
S
UF
SC
UN
IFO
R
UN
ISA
NT
OS
UN
IVA
LI
To
tal
ger
al
Elaine Ferreira - UFSC/Eng. Produção
1 1
Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha
/Administração
3
3
George Gurgel de Oliveira – UNICAP/Engenharia 1
1
Ícaro Aronovich da Cunha – USP/Saúde Pública
1
1
João Eduardo Prudêncio Tinoco –
USP/Contralodoria e Contabilidade
2
2
Luis Felipe Machado do Nascimento –
Alemanha/Economia e Meio Ambiente
1
1
Pedro Carlos Schenini – UFSC/Eng. Produção
1
1
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia
2
2
Total geral 1 3 1 3 3 1 12
Tabela 16 – Relação dos pesquisadores que citaram Elio Takeshi Takeshy Tachizawa.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor Elio Takeshi Takeshy Tachizawa apresenta um total de 12 citações, diluídas
em seis diferentes IESs por oito pesquisadores. As obras deste autor apresentam a seguinte
dispersão. Com três citações observa-se o pesquisador Francisco Correia de Oliveira da
Universidade de Fortaleza UNIFOR. Com duas citações os pesquisadores João Eduardo
Prudêncio Tinoco da Universidade Católica de Santos UNISANTOS e a pesquisadora Tânia
Nunes da Silva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Com uma citação
aparecem os pesquisadores: George Gurgel de Oliveira da Universidade Federal da Bahia
UFBA; Luis Felipe Machado do Nascimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRGS; Pedro Carlos Schenini da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC; Ícaro
Aronovich da Cunha da Universidade Católica de Santos UNISANTOS e Elaine Ferreira da
Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. A principal obra, com 11 citações, de Elio Takeshi
Takeshy Tachizawa foi: “Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias
de negócios focadas na realidade brasileira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2004”. As demais citações
ocorrem com uma frequência igual ou inferior a dois.
O autor José Célio Silveira Andrade, da Universidade Federal da Bahia UFBA aparece
na sexta posição dos mais citados com 11 ocorrências, conforme mostra a Tabela 17.
177
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de
obtenção do doutorado que citaram José Célio Silveira Andrade UFBA UFRGS UNIFOR
Total
geral
Francisco Correia de Oliveira - Grã-Bretanha /Administração
1 1
George Gurgel de Oliveira – UNICAP/Engenharia 2
2
José Célio Silveira Andrade - UFBA/Administração 7
7
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia
1
1
Total geral 9 1 1 11
Tabela 17 – Relação dos pesquisadores que citaram José Célio Silveira Andrade.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor José Célio Silveira Andrade apresenta um total de 11 citações, diluídas em três
diferentes IESs por quatro pesquisadores. As obras deste autor apresentam a seguinte
dispersão. Há uma concentração de citações na Universidade Federal da Bahia UFBA com
nove referências do próprio autor e duas pelo pesquisador George Gurgel de Oliveira, na
sequência, uma citação pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul UFRGS e uma pelo pesquisador Francisco Correia de Oliveira da
Universidade de Fortaleza UNIFOR. A principal obra, com duas citações, de José Célio
Silveira Andrade foi: “Conflito e cooperação: análise das estratégias socioambientais da
Aracruz Celulose SA. Ilhéus: Editus, 2003” (neste caso em coautoria). As demais citações
ocorrem apenas uma vez.
A autora Tânia Nunes da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande de Sul
UFRGS, aparece também na sexta posição dos mais citados com 11 ocorrências, conforme
mostra a Tabela 18.
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de obtenção do doutorado que
citaram Tânia Nunes da Silva UFRGS
Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração 4
Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia e Meio Ambiente 2
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia 5
Total geral 11
Tabela 18 – Relação dos pesquisadores que citaram Tânia Nunes da Silva.
Fonte: Dados da pesquisa.
A autora Tânia Nunes da Silva apresenta um total de 11 citações concentradas na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, instituição a qual ela está vinculada, das
quais cinco foram realizadas pela própria pesquisadora, quatro pelo pesquisador Eugênio
Ávila Pedrozo e duas por Luis Felipe Machado do Nascimento. As principais obras, com duas
citações, de Tânia Nunes da Silva foram publicadas na Revista eletrônica de administração.
178
Porto Alegre: “Cooperativas, proteção ambiental e sustentabilidade perspectiva econômica, v.
35, n. 47, 2000” e “O desenvolvimento sustentável, a abordagem sistêmica e as organizações,
v. 6, n.18, dez. 2000”. (ambas em coautoria com o pesquisador Eugênio Ávila Pedrozo). As
demais citações ocorrem apenas uma vez.
O autor Eugênio Ávila Pedrozo, da Universidade Federal do Rio Grande de Sul
UFRGS, aparece na sétima posição dos mais citados com 11 ocorrências, conforme mostra a
Tabela 19.
Pesquisadores orientadores e respectiva IES/área de formação de obtenção do doutorado que
citaram Eugenio Ávila Pedrozo UFRGS
Eugênio Ávila Pedrozo - França/Administração 5
Luis Felipe Machado do Nascimento – Alemanha/Economia e Meio Ambiente 2
Tânia Nunes da Silva – USP/Sociologia 3
Total geral 10
Tabela 19 – Relação dos pesquisadores que citaram Eugenio Ávila Pedrozo.
Fonte: Dados da pesquisa.
O autor Eugênio Ávila Pedrozo apresenta um total de 10 citações concentradas na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, das quais cinco foram realizadas pelo
próprio pesquisador, três pela pesquisadora Tânia Nunes da Silva e duas por Luis Felipe
Machado do Nascimento. A principal obra, com duas citações, de Eugênio Ávila Pedrozo foi
publicada na Revista eletrônica de administração. Porto Alegre “O desenvolvimento
sustentável, a abordagem sistêmica e as organizações, v. 6, n. 18, dez. 2000”. (em coautoria
com a pesquisadora Tânia Nunes da Silva). As demais citações ocorrem apenas uma vez.
Na sequência, os dados apresentados e analisados neste capítulo são incorporados aos
apontamentos teóricos, realizados nos capítulos anteriores gerando as discussões desta
pesquisa.
Esta seção apresentou a análise das citações que ocorrem com maior frequência nas 47
teses e dissertações em sustentabilidade ambiental que foram apresentadas no período de 2007
a 2009. O levantamento indicou à existência de um total de 1360 citações voltadas a
sustentabilidade ambiental em um universo de 4852 citações em 12 diferentes IESs.
Verificou-se a distribuição das citações dos 20 autores mais citados, por IES e por
pesquisador responsável pela orientação que esta realizando a citação. A distribuição obtida
possibilita realizar os processos de institucionalização e legitimação segundo a abordagem de
Berger e Luckmann (2008). O capítulo seguinte destina-se a realizar a análise e discussão dos
dados apresentados neste capítulo.
179
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ANALISADOS
Neste capítulo é realizada a análise dos resultados apresentados no capítulo anterior e
a discussão destes frente ao referencial teórico construído para suportar a necessária
contextualização reflexiva. A análise e discussão ocorrem seguindo o sequenciamento
estabelecido pela apresentação e análise dos dados que, por sua vez, foi definido para atender
aos objetivos específicos estabelecidos na pesquisa. Neste sentido, este capítulo se divide em
três seções. Na primeira, analisa-se o perfil dos orientadores e o das IESs em sustentabilidade
ambiental no Stricto Sensu em administração. Na segunda seção se discute a configuração de
uma rede social de colaboração e a centralidade dos principais atores deste campo de
pesquisa. Desenvolve-se, na terceira seção, a análise e discussão das citações mais frequentes
nas teses e dissertações contextualizadas pelos professores mais prolíficos na orientação e sua
centralidade na rede que se estabelece a partir das estruturas de colaboração geradas pelos
laços de participação em bancas de doutorado e mestrado e, adicionalmente, a adequação do
modelo baseado na abordagem de Berger e Luckmann (2008), proposto para identificar os
processos de institucionalização e de legitimação do conhecimento.
5.1 PERFIL DOS PROFESSORES ORIENTADORES E DAS IESs QUE
DESENVOLVERAM PESQUISAS EM SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Frente aos dados dos pesquisadores orientadores de teses e dissertações e das IESs em
que se desenvolveram os estudos, apresentados e analisados no capítulo anterior, esta seção
discute o perfil observado no campo de pesquisa em sustentabilidade ambiental. O
desenvolvimento das reflexões desenvolvidas recorre, para tanto, a uma aproximação do
referencial teórico observado nas Leis da Bibliometria. Vale destacar que as Leis da
Bibliometria foram estabelecidas originalmente para análise da literatura de artigos e livros,
de campos científicos e nesse sentido, a utilização destas Leis para entendimento do perfil dos
professores orientadores e das IESs se configura como uma abordagem diferenciada, e
submetida a ressalvas de interpretação.
A pesquisa mostra que, no período de 1998 a 2009, um total de 295 professores
realizaram orientações de doutorado e de mestrado no Stricto Sensu em administração na área
de sustentabilidade ambiental, e participaram de 543 pesquisas que resultou em uma média de
1,8 orientações por pesquisador. A análise dos dados revela que esta distribuição não é
180
uniforme. Observa-se um número restrito de pesquisadores com alta produção, contrastando
com um grande número de pesquisadores produzindo pouco. Os cinco pesquisadores mais
prolíficos são responsáveis por 81 pesquisas, que representa 15% do total. Expandindo a
análise para os 24 pesquisadores mais prolíficos, expressos na Tabela 2, observa-se um total
de 184 pesquisas, que representa 33,9%. Esta distribuição possibilita uma aproximação a
abordagem da Lei de Lotka (LOTKA, 1926) que sugere que em muitas áreas do
conhecimento é possível identificar o padrão de poucos pesquisadores com muita produção
coexistindo com muitos pesquisadores com baixa produção. Os resultados, observados quanto
aos pesquisadores orientadores, se aproximam da Lei de Lotka, provavelmente em
decorrência do fato de muitas das pesquisas desenvolvidas serem, posteriormente, publicadas
em periódicos. Desta forma, é possível interpretar, e estabelecer como factível, a similaridade
de comportamento das orientações desenvolvidas e das publicações realizadas.
As Leis da bibliometria apresentam um conjunto de coeficientes que possibilitam
realizar uma interpretação do desempenho dos pesquisadores em determinado campo de
pesquisa. A Tabela 20 apresenta alguns destes coeficientes.
Lei da
Bibliometria
Critério Dados da pesquisa (aproximação para desempenho
dos orientadores).
Lei de Lotka,
Lotka (1926)
Quantidade de autores que publicam
dois artigos é igual a ¼ dos autores
que publicam um artigo.
- 39 pesquisadores realizaram duas orientações.
- 208 pesquisadores realizaram uma orientação.
Razão = 39 = 1 .
208 5
Lei de Lotka,
Lotka (1926)
Quantidade de autores que publicam
três artigos é igual a 1/9 dos autores
que publicam um artigo.
- 24 pesquisadores realizaram três orientações.
- 208 pesquisadores realizaram uma orientação.
Razão = 24 = 1 .
208 9
Rousseau e
Rousseau
(2000)
Lei de Lotka como uma Power Law.
O expoente 2 é considerado como
padrão de referência internacional de
produtividade.
- 24 pesquisadores realizaram três orientações.
- 39 pesquisadores realizaram duas orientações.
- 208 pesquisadores realizaram uma orientação
Razão = 2 orientações = 39 = 1 = 1 .
1 orientação 208 5,3 2 2,4
Razão = 3 orientações = 24 = 1 = 1 .
1 orientação 208 8,7 3 2
Encontramos dois expoentes 2 e 2,4.
Price (1976) Propõe que 1/3 da literatura seja
resultante de 1/10 dos autores.
24 (8,2%) autores que realizaram quatro ou mais
orientações respondem por 184 (33,9%) das teses e
dissertações.
Assim 1/12 dos orientadores respondem por 1/3 das
teses e dissertações.
Lei do Elitismo
Price (1976)
O número de membros da elite
corresponde à raiz quadrada do
número total de autores e deve ser
responsável por metade dos estudos.
Total de 295 pesquisadores.
Elite = √ 295 Elite = 17 pesquisadores.
Os 17 pesquisadores principais respondem por 156
(28,7%) orientações.
Tabela 20 – Aplicação das leis da bibliometria.
Fonte: dados da pesquisa associado com as leis da bibliometria
181
Ainda, realizando uma aproximação de desempenho dos pesquisadores orientadores
com a Lei de Lotka (LOTKA, 1926), expressa nos resultados da tabela 20, pode-se
estabelecer as seguintes observações. Segundo a Lei de Lotka, a quantidade de autores que
publicam dois artigos é igual a ¼ do número de autores que publicam um artigo. Para os
valores encontrados nesta pesquisa, esta razão está mais próxima a 1/5. Ainda, seguindo a Lei
de Lotka, a quantidade de autores que publicam três artigos corresponde a 1/9 do número de
autores que publicam um artigo. Para os valores encontrados nesta pesquisa, esta razão está
próxima de 1/9. Assim, apesar da não aderência completa ao principio da Lei de Lotka
(LOTKA, 1926), é possível identificar a existência de proximidade.
Rousseau e Rousseau (2000) quando analisam os artigos interpretam a Lei de Lotka
como uma power law e propõe que o expoente 2 seja padrão de referência internacional da
produtividade de uma área acadêmica. Nesse sentido, os dados obtidos nesta pesquisa indicam
os valores de 2 e 2,4. Tal desempenho aponta que a pesquisa desenvolvida por teses e
dissertações em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração no Brasil se
aproxima entre o padrão internacional e um pouco abaixo no comparativo com os artigos,
segundo a proposta de Rousseau e Rousseau (2000).
Com base na Lei de Lotka, os princípios utilizados para a análise da produtividade do
campo de pesquisa em sustentabilidade ambiental das teses e dissertações se apresentaram em
consonância com os estudos desenvolvidos nas pesquisas de Alvarado (2002), Bufrem e
Prates (2005) e Moretti e Campanário (2009), apoiadas em artigos científicos.
Dentre os estudos desenvolvidos, com a finalidade de aprimorar a Lei de Lotka, se
destaca a abordagem de Price (1976) que propõe a relação de 1/3 da literatura ser resultante
de 1/10 dos autores. É possível identificar nesta pesquisa, que os 24 pesquisadores que
orientaram quatro ou mais teses e dissertações, são os responsáveis por 184 estudos, do total.
Os dados apontam que 1/12 dos pesquisadores orientadores são responsáveis por 1/3 dos
estudos de sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. Desta forma, pode-
se observar uma significativa proximidade do desempenho dos pesquisadores orientadores
com a abordagem proposta por Price (1976).
Segundo a Lei do Elitismo de Price (1976), o número de membros da elite, que
corresponde à raiz quadrada do número total de autores, deve ser responsável por metade dos
estudos. Os valores encontrados nesta pesquisa apontam que a elite dos orientadores mais
prolíficos responde pela orientação de 28,7% estudos em sustentabilidade ambiental no
Stricto Sensu em administração. Tal desempenho classifica a elite como não produtiva, pois a
182
produção dos pesquisadores da elite é inferior a 50% da produção da área, parâmetro este
identificado como ponto de referência na definição da elite de Price (1976).
Vale destacar que a proposição da Lei do Elitismo foi desenvolvida com base na
análise de artigos acadêmicos, que não possuem limitações de produção, ao passo que o
trabalho de orientação está sujeito à limitação de quantidade máxima de alunos pela CAPES.
Desta forma, a classificação da produtividade da Lei do Elitismo deve ser utilizada com
ressalvas quando aplicada na análise das atividades de orientação no Stricto Sensu.
Adicionalmente, os dados mostram que 208 dos professores, que representam 70,5%
do total, orientaram apenas uma tese ou dissertação, valor este que se aproxima das pesquisas
de Chung e Cox (1990) e Alvarado (2002) que apontam a participação de 60% para os
pesquisadores com apenas uma orientação.
A Lei de Bradford é empregada nos estudos bibliométricos com a finalidade de
estimar o grau de relevância de periódicos que atuam em áreas do conhecimento específicas.
Neste estudo, a Lei de Bradford foi utilizada com a finalidade de aproximar a aplicação dos
seus conceitos em relação às IESs. Tal aproximação objetivou analisar se IESs, com maior
número egressos atuando no Stricto Sensu de administração, tendem a estabelecer um núcleo
de relevância neste campo de pesquisa. Vale destacar que o interesse da pesquisa no egresso
de doutorado que atua no Stricto Sensu se justifica por prospectar os pesquisadores ativos.
A rede de IESs envolvidas na formação do pesquisador em sustentabilidade ambiental
é estruturada por 21 IESs nacionais, que respondem pela formação de 70% dos pesquisadores,
e por IESs sediadas em dez diferentes países, que respondem pela formação de 30% dos
pesquisadores. Vale destacar que o estudo não quantificou nominativamente as IESs
estrangeiras, apenas as qualificou em relação ao país em que está sediada. Logo, para efeito
desta pesquisa, cada país foi identificado como entidade única de estudo.
A proposta da Lei de Bradford propõe a divisão de periódicos - para efeito deste
estudo são as IESs - em três zonas, cada qual com um terço do total da produção. Pela
proposta da Lei de Bradford o núcleo de interesse de investigação pode ser obtido por meio da
proporção 1: n: n2. A distribuição do número de IESs que formou os pesquisadores possibilita
a elaboração de dois cenários muito próximos, mas que, no entanto demanda a necessidade de
serem investigados a fim de possibilitar melhor compreensão dos resultados da pesquisa.
Assim, a Figura 28 apresenta uma distribuição de Bradford considerando apenas uma IES na
primeira zona, enquanto a Figura 29 apresenta uma distribuição de Bradford considerando
duas IESs na primeira zona.
183
Zona 1 Zona 2 Zona 3
1 - IESs 4 – IESs 26 – IESs
USP – 76
FGV/SP - 28
Grã-Bretanha – 24
EUA – 23
UFSC – 21
UFRJ – 20
França - 19
UNICAMP – 9
PUC/SP – 9
Espanha – 8
UFMG – 7
Alemanha – 6
UFRGS - 5
UFBA – 5
UFPE – 5
UFRRJ – 3
PUC/RJ – 3
UFC – 3
Canadá - 3
FGV/RJ – 2
IUPERJ – 2
UFPA – 2
UNB – 2
UFLA – 2
Portugal - 2
PUC/RGS – 1
UFPR – 1
UFSCAR – 1
Cuba – 1
Italia – 1
Polônia 1
Total de 76 (26%)
dos pesquisadores
formados
Total de 96 (33%)
dos pesquisadores
formados
Total de 123 (41%) pesquisadores formados
Figura 28 – Aplicação da Lei de Bradford considerando apenas uma IES na condição no primeiro núcleo de
análise (Zona 1).
Zona 1 Zona 2 Zona 3
2 - IESs 5 – IESs 24 – IESs
USP – 76
FGV/SP - 28
Grã-Bretanha – 24
EUA – 23
UFSC – 21
UFRJ – 20
França – 19
UNICAMP – 9
PUC/SP – 9
Espanha – 8
UFMG – 7
Alemanha – 6
UFRGS - 5
UFBA – 5
UFPE – 5
UFRRJ – 3
PUC/RJ – 3
UFC – 3
Canadá - 3
FGV/RJ – 2
IUPERJ – 2
UFPA – 2
UNB – 2
UFLA – 2
Portugal - 2
PUC/RGS – 1
UFPR – 1
UFSCAR – 1
Cuba – 1
Italia – 1
Polônia 1
Total de 104
(35%) dos
pesquisadores
formados
Total de 107
(36%) dos
pesquisadores
formados
Total de 84 (29%) pesquisadores formados
Figura 29 – Aplicação da Lei de Bradford considerando duas IESs na condição no primeiro núcleo de análise
(Zona 1).
Nas propostas apresentadas nas Figuras 28 e 29 é possível identificar uma
aproximação a Lei de Bradford. Considerando apenas a Universidade de São Paulo USP na
Zona 1, tem-se quatro IESs na Zona 2 e 26 IESs na Zona 3. Tal distribuição não se enquadra
na proporção 1: n: n2, no entanto, quando se considera a Universidade de São Paulo USP e a
Fundação Getúlio Vargas na Zona 1, tem-se cinco IESs na Zona 2 e 24 IESs na Zona 3. Esta
distribuição se enquadra na proporção 1: n: n2, pois temos uma relação próxima de 1: 5: 5
2.
Aplicando os princípios da Lei de Bradford na análise do processo de formação dos
pesquisadores orientadores que atuam no Stricto Sensu em administração, foi possível
identificar um núcleo supostamente de qualidade superior e maior relevância nesta área de
conhecimento constituído pela Universidade de São Paulo USP e Fundação Getúlio Vargas de
São Paulo FGV/SP. As IESs posicionadas na Zona 2 que também se configuram como
relevantes no processo de formação de pesquisadores orientadores que atuam no Stricto
Sensu, se constituem de três países; Grã-Bretanha, Estados Unidos e França e duas IESs,
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRJ. Esta configuração possibilita, por meio da Lei de Bradford, distinguir o desempenho
184
das IESs formadoras de pesquisadores no Stricto Sensu em administração em zonas de
relevância, aproximando-se das investigações desenvolvidas em estudos bibliométricos em
revistas, como os de Tsay e Yang (2005) e Singh, Ahmad e Nazim (2008).
A análise das IESs que desenvolveram pesquisas de doutorado e de mestrado em
sustentabilidade ambiental no período de 1998 a 2009, apresentadas na Tabela 4, possibilitou
identificar que a Universidade de São Paulo USP, apesar de se configurar com a maior
geradora de pesquisadores que atuam no Stricto Sensu de administração, não é a que produziu
o maior volume de trabalhos, pois com 24 (4,4%) estudos ocupa apenas a quinta posição,
sendo que destes estudos, nove foram de doutorado. Da mesma forma, a Fundação Getúlio
Vargas FGV/SP ocupa a terceira posição das mais produtivas, com 30 (5,5%) estudos, sendo
que destes estudos, dez foram de doutorado. Estes valores mostram que as maiores
formadoras de pesquisadores em sustentabilidade ambiental, que atuam como orientadores no
Stricto Sensu, não são as com maior volume de estudos na área. Em contrapartida, a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS que se apresenta como a maior produtora
em pesquisas de sustentabilidade ambiental com 57 (10,5%) estudos, nove dos quais em
doutorado, aponta que apenas cinco pesquisadores se colocaram no Stricto Sensu e atuaram
como orientadores na área de sustentabilidade ambiental.
Em posição bastante singular encontra-se a Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC, que se posiciona como a segunda maior IES na pesquisa de sustentabilidade ambiental
com 38 (7,0%) estudos e bem centralizada (Zona 2) na formação de 21 pesquisadores que
atuam como orientadores no Stricto Sensu em administração. Valores estes que possibilitam
notoriedade a instituição. No entanto, quando estes valores são associados ao fato desta IES
ter obtido o reconhecimento e recomendação pela CAPES do doutorado em administração
somente no ano de 2008, revelam certo descompasso estrutural.
O reconhecimento da Universidade de São Paulo USP e da Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo FGV/SP como importantes formadores de doutores, que posteriormente
executaram orientação em sustentabilidade ambiental, identifica na pesquisa de Jabbour,
Santos e Barbieri (2008) fatores que podem justificar esta posição. Segundo a pesquisa destes
autores, as instituições com maior número de publicações em sustentabilidade ambiental
foram na sequência: Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP, Universidade de São
Paulo USP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, Universidade Federal da
Bahia UFBA e Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, Assim as duas IESs que mais
forneceram pesquisadores para o Stricto Sensu em administração também são as que possuem
maior volume de publicações em periódicos. A Universidade de Santa Catarina UFSC que
185
aparece na Zona 2, ainda de destaque, também se posiciona com bom volume de publicações
de artigos científicos.
Estabelecendo como foco de análise as 543 teses e dissertações, os dados mostram que
as IESs, nas quais se desenvolveram os estudos, apresentaram distribuições relevantes de
discussão. As seis IESs que mais desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental
foram: Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, Universidade Federal de Santa
Catarina UFSC, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP, Fundação Getúlio Vargas
do Rio de Janeiro FGV/RJ, Universidade de São Paulo USP e Universidade Federal da Bahia
UFBA. O resultado das IESs mais prolíficas na formação de doutores e de mestres com temas
de sustentabilidade ambiental se aproxima muito do encontrado por Jabbour, Santos e
Barbieri (2008) - indicado no parágrafo anterior - que aponta as mais prolíficas na produção
de artigos. A diferença entre as relações reside apenas no ordenamento em que se posicionam
as IESs em cada um dos levantamentos e na não identificação da Fundação Getúlio Vargas do
Rio de Janeiro FGV/RJ, como prolífica. Desta forma, é possível inferir que o
desenvolvimento de orientações no Stricto Sensu em administração da IES é componente que
potencializa a publicação de artigos em sustentabilidade ambiental.
Retornando à discussão da atuação dos egressos na pós-graduação foi possível
observar uma dissonância na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. No
comparativo das IESs com maior colocação de profissionais, atuando em orientação de
sustentabilidade ambiental e as IESs mais prolíficas na formação de doutores e de mestres
com estudos na área, a UFRGS, apesar de possuir o maior número de estudos neste campo de
pesquisa, no período de 1998 a 2009 (ver Tabela 4), de possuir docentes prolíficos como Luis
Felipe Machado Nascimento, Tânia Nunes da Silva e Eugênio Ávila Pedrozo e ainda ter o
reconhecimento e a recomendação do doutorado desde 1994, com nota máxima de avaliação
da CAPES no último triênio, possui uma baixa penetração de seus egressos no Stricto Sensu
em administração, atuando neste campo de pesquisa. Tal desempenho pode ter na sua origem
a alteração do interesse de área de pesquisa do egresso, e seu posicionamento profissional na
graduação ou especialização. Independente da causa raiz desta dissonância, observada na
UFRGS, o egresso desta instituição, mesmo não atuando no Stricto Sensu ou na pesquisa em
sustentabilidade ambiental, se constitui em um importante recurso para o desenvolvimento da
pesquisa na área.
Adicionalmente há de se considerar o período em que as IESs possuem o
reconhecimento e a recomendação do doutorado pela CAPES. A Universidade de São Paulo
USP obteve a recomendação do doutorado em 1975 e a Fundação Getúlio Vargas de São
186
Paulo FGV/SP no ano de 1976. Estas IESs estabelecem uma anterioridade de quase 20 anos
em relação à Universidade Federal do Rio Grande do Sul que obteve a recomendação do
doutorado apenas em 1994. Sob esse aspecto é de se esperar que as IESs com maior tempo na
formação de doutores apresentem um maior volume de pesquisadores atuando no Stricto
Sensu no Brasil. Esta diferença de período de recomendação entre as Instituições, em parte,
também pode justificar a baixa penetração do egresso do doutorado da UFRGS.
A Universidade Federal de Santa Catarina UFSC estabelece um interessante
contraponto a UFRGS, apesar de ter seu doutorado em administração reconhecido e
recomendado pela CAPES somente em 2008, possui 21 egressos atuando no Stricto Sensu
com pesquisas em sustentabilidade ambiental. Ocupa, assim, a terceira posição das IESs que
formaram pesquisadores atuantes na orientação deste campo de pesquisa. A análise destes
pesquisadores revelou que o programa de doutorado em Engenharia de Produção da UFSC se
estabeleceu como um importante provedor de pesquisadores para a administração. Os
pesquisadores Pedro Carlos Schenini, Hans Michael Van Bellen e Rolf Hermann Erdmann,
identificados como os mais prolíficos na pesquisa em sustentabilidade ambiental na
administração desta IES, obtiveram o título de doutor em Engenharia de Produção na UFSC.
Tal desempenho pode ser empregado como um parâmetro para análise da
produtividade científica, conforme propõe Oliveira et al. (1992), pois desenvolve um
diagnóstico das reais potencialidades de instituições e grupos de pesquisa.
O exame da dependência administrativa revela maior interesse das IESs públicas nas
pesquisas em sustentabilidade ambiental, com uma contribuição de 58% dos estudos,
enquanto as IESs particulares colaboraram com 42% dos estudos. Os dados apresentam uma
diferença de 16% a mais para as IESs públicas mostrando, portando um maior interesse dessas
instituições com esta dependência administrativa.
A pesquisa em sustentabilidade ambiental se fez com maior presença nos programas
de mestrado com 398 estudos que representa 4,2% do total, na sequência, o de mestrado
profissional com 109 estudos que representa 3,1% do total e o de doutorado com 36 estudos
que representa 3,5% do total. O destaque destes valores está na discreta quantidade de
doutores formados em sustentabilidade ambiental na administração no período de 1998 a
2009, somente 36, que resulta em uma taxa de três pesquisadores ao ano. Estes valores
apresentam-se modestos frente ao total de 86 pesquisadores atuantes no Stricto Sensu, que se
titularam, no período de 2000 a 2004 (média de 17,2 formandos por ano), apresentados na
Figura 21. Com esta taxa de doutorandos em sustentabilidade ambiental, a reposição dos
pesquisadores orientadores levaria quase seis anos (86 pesquisadores atuantes entre 2000 e
187
2004, estabelece uma média de 17,2 formandos por ano, dividido por três que é a média de
titulação doutores por ano é igual a 5,73 anos).
Este baixo número de doutores se titulando em sustentabilidade ambiental na
administração pode, em parte, justificar a penetração de doutores de outras áreas na orientação
de pesquisas neste campo na administração. Este cenário pode apresentar alteração de perfil,
caso uma parcela significativa dos 398 alunos de mestrado e os 109 alunos de mestrado
profissional se propuserem a realizar o doutorado nesta área. Caso se observe este fenômeno,
é possível estabelecer a expectativa de avanço no número de pesquisadores titulados em
administração atuando na pesquisa em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu. Vale
destacar que o primeiro pesquisador a obter a titulação com uma pesquisa em sustentabilidade
ambiental, e que atua como orientador em administração foi Luis Felipe Machado do
Nascimento, em 1995 na Alemanha, e já, no ano de 1996, observa-se a primeira ocorrência no
Brasil, quando o pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha obteve a titulação na Universidade de
São Paulo USP.
Esta seção discutiu o perfil dos pesquisadores orientadores de teses e dissertações em
sustentabilidade na administração. As comparações teóricas foram subsidiadas pelas leis da
bibliometria, com destaque para a Lei de Lotka. Sob este aspecto, foi possível identificar que
a produção dos pesquisadores na orientação de teses e dissertações possui distribuição que se
assemelha a de autores de artigos científicos. A discussão se expandiu na análise do perfil das
IESs formadoras de pesquisadores orientadores no Stricto Sensu de administração. Para o
desenvolvimento desta discussão também se apoiou nas leis da bibliometria, mais
precisamente na Lei de Bradford que se mostrou adequada para mostrar uma aproximação do
desempenho das IESs que se configuram em núcleos de formação, com as revistas de
publicação científica que também se estabelecem como núcleos de pesquisa de determinadas
áreas. A configuração dos dados coletados possibilitou o emprego da análise de redes sociais
de colaboradores nas bancas de doutorado e de mestrado que, por sua vez, viabilizou a
realização de constatações relevantes descritas na próxima seção.
188
5.2 A REDE SOCIAL DE COLABORAÇÃO E A CENTRALIDADE DOS
PRINCIPAIS ATORES
As informações disponibilizadas pelo banco de dados do Pró-administração
possibilitaram a análise da rede social de cooperação, decorrente dos laços de participação nas
bancas de doutorado e de mestrado do Stricto Sensu em administração. A análise da rede de
colaboração estabeleceu foco de atenção na centralidade dos principais atores na condição de
orientadores e de membros convidados.
Conforme aponta a Figura 26, é possível afirmar a existência de três redes
significativas de cooperação com laços de participação entre os membros das bancas de
doutorado e de mestrado de sustentabilidade ambiental em administração com vários
contrastes. Frente a este contexto, é possível identificar que apesar da ruptura da rede de
colaboradores das bancas de doutorado e de mestrado, os atores se estabelecem como um
colégio invisível, conforme proposição de Crane (1972). Na condição de colégio invisível, as
bancas de doutorado e de mestrado configuram-se como um componente de intermediação e
potencializam a colaboração entre os pesquisadores participantes, conforme proposição de
Newman (2001b). Os resultados obtidos estabelecem aproximação aos encontrados por
Molina, Muñoz e Domenech (2002), que identificaram nas redes de coautoria comunidades
científicas que se configuravam em colégios invisíveis.
Conforme apontado por Nelson e Vasconcelos (2007), a densidade relata o nível
global de contatos estabelecidos em uma rede em um período determinado do tempo. Caso
todos os membros da rede estabeleçam contatos mútuos a densidade é igual a 1, e na ausência
de contatos a densidade é igual à zero. Segundo os autores, por definição, redes que têm
densidade igual a 1 não contém partes diferenciadas, ao passo que redes de menor densidade
podem expressar estruturas diferenciadas. Desta forma, apesar da rede em análise apresentar a
densidade de 0,005, é possível identificar estruturas de interesse para esta pesquisa. Vale
destacar que a configuração da rede possibilita o desenvolvimento de entendimentos que
viabilizam a identificação de arranjos, conforme propõe Bauman (1995).
A rede formada por um total de 947 atores, entre orientadores e convidados de banca,
apresentou um total de 1284 laços, resultando na média de 1,35 laços por autor. O valor
baixo, da media de laços por autor, em grande parte, pode ser explicado pela própria natureza
das bancas que limita a um mínimo de dois convidados no mestrado e quatro convidados no
doutorado. Os dados levantados monstraram que na maioria das vezes as bancas se
compuseram desta quantidade mínima de participantes. Desta forma, é possível ponderar que
189
este índice tende a apresentar pouca variabilidade ao longo do tempo. Observa-se duas
variáveis que podem influenciar a alteração deste valor, a primeira está relacionada à
quantidade de ocorrências de bancas de doutorado e de mestrado, pois a quantidade de
participantes em cada uma dessas bancas é diferente.
A segunda variável é uma mudança no perfil do critério de escolha do membro
convidado com o maior compartilhamento dos membros, pois, conforme o estudo identificou,
561 membros convidados participaram de apenas uma banca. Desta forma, caso se priorize o
convite a atores que já participaram de bancas anteriores será possível observar uma elevação
na média de participação por ator. O alto volume de membros convidados a participar em
banca examinadora pode também ser indício da presença de pesquisadores não atuantes em
sustentabilidade ambiental nas bancas desta área. Caso tal reflexão seja fato, evidencia-se a
necessidade do estabelecimento do critério de identificar a atuação na área de sustentabilidade
ambiental como um das variáveis no momento de se definir os membros a participar das
bancas de doutorado e de mestrado em sustentabilidade ambiental.
A Figura 27, que contém apenas os atores com mais de nove laços, apresentou duas
redes principais. Vale destacar que estas redes possuem conexão conforme mostra a Figura
26, no entanto por atores com menos de nove laços, critério este utilizado para levantar o
grafo da rede dos atores principais. Este resultado estabelece uma rede principal identificada
como componente principal que contém 58% da rede, que se apresenta inferior ao de
pesquisas bibliométricas, em artigos científicos, em áreas como a biologia, física e
matemática no âmbito internacional em que o componente principal está entre 82% e 92%
(NEWMAN, 2004).
Conforme aponta Moody (2004), a centralidade de grau possibilita a interpretação de
prestígio no campo científico, haja vista que alguns autores trabalham na obscuridade,
enquanto outros, em menor volume, recebem um reconhecimento muito maior, resultando em
uma grande concentração de reconhecimento pela colaboração em poucos autores. Para
Moody (2004), a centralidade de alguns autores auxilia na interpretação do fato de alguns
cientistas conseguirem rapidamente difundir suas ideias na comunidade acadêmica. Tal
rapidez de difusão estaria associada ao fato de autores com muitos colaboradores serem os
mais influentes. Sob esse aspecto a análise da centralidade dos orientadores e dos membros
convidados a participarem das bancas se estabeleceu como uma oportunidade de interpretar o
prestigio no campo científico segundo a realização de bancas de doutorado e de mestrado.
Como a análise se processou por meio de uma rede two-mode, conforme já afirmado,
temos duas posições de análise: a do pesquisador na condição de orientador, e na de membro
190
convidado a participar da banca examinadora. Nesse sentido a análise de centralidade se
voltou para as duas posições. Para ambas as situações se processaram a verificação de
centralidade segundo três variáveis: centralidade de grau, de proximidade e de intermediação.
A Tabela 5 expõe estes valores de centralidade. Os seis pesquisadores mais centrais foram,
Luis Felipe Machado do Nascimento, Pedro Carlos Schenini, José Carlos Barbieri, José
Antonio Puppim de Oliveira, Francisco Correia de Oliveira, Isak Kruglianskas. Desta forma, é
possível afirmar que as regiões Sudeste e Sul concentram os pesquisadores mais centrais em
sustentabilidade ambiental, considerando a estrutura de colaboração gerada pelos laços de
participação em bancas de doutorado e de mestrado.
A rede de colaboração, com laços de participação dos pesquisadores em bancas
examinadoras, possibilitou identificar a existência de atores centrais. Nesse contexto é
possível presumir que estes pesquisadores possuam prestigio no campo científico. Tal posição
vai ao encontro da proposta de Moody (2004), na qual a centralidade de grau possibilita a
interpretação de prestígio no campo científico.
O pesquisador Francisco Correia de Oliveira possui significativa centralidade,
principalmente de proximidade na condição de convidado de banca com um valor de 187,4,
que é significativamente superior aos demais da rede. A análise do valor de centralidade de
proximidade e da estrutura da Figura 27 possibilitou identificar este ator como um buraco
estrutural que, por intermédio de laços com os pesquisadores José Carlos Barbieri e José
Antonio Puppim de Oliveira, conecta dois núcleos importantes de pesquisadores centrais.
Segundo a abordagem de Burt (1992), o ator que se posiciona na condição buraco estrutural
além de facilitar a proximidade entre os atores, possibilita que estes acessem outros grupos em
que a informação não é redundante, potencializando a ampliação da criatividade por parte das
pesquisas realizadas. Na perspectiva de Marteleto (2001), o ator nesta posição possui
potencial para estabelecer o papel de intermediador de informações. Nesse contexto, apesar da
significativa participação como orientador com 12 estudos desenvolvidos no Stricto Sensu, a
sua relevância decorre dos convites recebidos para a participação em banca examinadora.
A análise da rede social de colaboração dos membros das bancas de doutorado e de
mestrado apresenta como atores principais os pesquisadores que também foram mais
prolíficos na orientação de estudos na área. Desta forma, é possível afirmar que uma das
variáveis que moldam este campo de pesquisa é a atividade de orientação de doutorado e de
mestrado. A participação como convidado de banca examinadora se mostrou bastante
dispersa, pois dos pesquisadores convidados observa-se que 561 atores participaram apenas
uma vez e 132 atores participaram apenas duas vezes de bancas. Tal cenário mostra a
191
importância dos pesquisadores orientadores na estruturação desta rede social de colaboração.
Esta posição é reforçada quando analisamos a rede de colaboração expressa na Figura 27 e
identificamos, na lateral esquerda 28, pesquisadores orientadores que possuem mais de nove
laços de relacionamento, no entanto não aparecem os membros de suas bancas, pois estes
possuem poucos laços de relacionamento.
Vale destacar que em decorrência da grande dispersão de membros convidados a
participar das bancas examinadoras, os pesquisadores que mais participaram desta atividade
se destacaram pela posição de centralidade, sendo estes atores também são centrais como
orientadores. Em outras palavras, somente os pesquisadores com destaque na orientação
possuem potencial para se destacar na condição de convidado de banca examinadora. Tal
cenário pode ser um indicio de prestígio do pesquisador neste campo científico.
Os atores que aparecem em bancas isoladas e mesmo na menor das redes identificadas
se apresentam segregadas por região geográfica, variável esta que se estabelece como
restrição para a integração dos colaboradores em uma única estrutura. As duas redes maiores
apresentam um processo maior de integração de pesquisadores de diversas regiões do Brasil.
A configuração de rede two-mode estabelece maior dificuldade para a análise do
conceito de small worlds, pois distingue a atuação de um pesquisador para a posição de
orientador e de membro convidado de banca. Esta distinção, apesar de auxiliar a identificar a
importância do ator em cada função, restringe a possibilidade de análise como ator único. Esta
abordagem influência os valores de densidade, coesão e diâmetro da rede, impactando
diretamente na identificação da existência de small worlds.
Desta forma Watts e Strogatz (1998), Uzzi e Spiro (2005) Lazzarini (2007)
posicionam o conceito de small worlds como o agrupamento de atores em uma rede bem
disseminada, em concomitância de relações destes atores junto a atores externos, por meio de
um pequeno número de intermediários. Desta forma, pode-se afirmar a não existência de um
small worlds na estrutura de colaboração gerada a partir dos laços de participação em bancas
de doutorado e de mestrado. A estrutura de colaboração mostra a existência de três redes
distintas e ainda a ocorrência de bancas isoladas na composição da colaboração em bancas de
doutorado e de mestrado configurando a não existência do small worlds. Tal cenário se
contrapõe com o conceito de Giddens (1989) no qual a dinâmica dos atores que reproduz a
estrutura de small worlds não pode apresentar rupturas na estrutura de colaboração.
No entanto, a rede de colaboração de pesquisadores em bancas de doutorado e de
mestrado se insere na proposição de Rossoni e Guarido-Filho (2009) que, em estudo de redes
de coautoria entre pesquisadores nos programas de pós-graduação no Brasil, identificou que a
192
relação entre os atores não é restrita ao contexto imediato, mas sim a interesses mais
abrangentes. Sob esse aspecto, a rede de colaboração de pesquisadores em bancas
examinadoras favorece tanto a ampliação de repertório de abordagens e ferramentas utilizadas
nas pesquisas quanto à criatividade dos pesquisadores que trocam informações no interior da
rede, conforme aponta estudo de Weisz e Roco (1996). Desta forma, a participação nas redes
de colaboração com laços de relacionamento das bancas de doutorado e de mestrado se
estabelece como um importante espaço para o fomento de futuras colaborações troca de
experiências e importante recurso para a construção do conhecimento.
Esta seção discutiu a rede de cooperação com laços de participação entre os membros
das bancas de doutorado e de mestrado em sustentabilidade ambiental em administração que
se estabelece como um colégio invisível composto de 947 atores que possuem 1284 laços de
relacionamento. Observou-se a existência de três redes distintas e algumas bancas dispersas.
A rede principal comporta 58% dos atores inclusive os 25 atores principais. Dessa forma este
colégio invisível não se enquadra dentro do conceito de small worlds. A seção seguinte trata
do processo de legitimação do conhecimento gerado nestas redes de colaboração, formadas
pela configuração das bancas de defesa de dissertação de mestrado e de tese de doutorado.
5.3 A LEGITIMAÇÃO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO EM
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Nesta seção se discute os dados obtidos no referencial bibliográfico das teses e
dissertações em sustentabilidade ambiental da administração frente à abordagem da sociologia
do conhecimento, proposta por Berger e Luckmann (2008). Com o propósito de estabelecer
reflexões sobre a existência do processo de legitimação, ou não, do conhecimento em
sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. Nesse sentido, é retomado o
modelo teórico proposto, a fim de determinar a sua adequação dentro do contexto que se
estabeleceu neste estudo.
A configuração dos dados coletados nas referências das teses e dissertações do período
de 2007 a 2009 possibilitou realizar a análise da literatura utilizada, e a identificação do
processo de institucionalização e legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental.
Conforme aponta Small (2008) o estudo da literatura possibilita o entendimento das estruturas
das comunidades. A interpretação e a adaptação dos conhecimentos do campo científico
193
ocorre, a partir do conhecimento já institucionalizado e legitimado. Na sequência se
desenvolve a discussão dos principais pontos desta investigação.
A abordagem de Berger e Luckmann (2008) aponta como conhecimento legitimado
aquele que é transmitido de uma geração para outra. No estudo de campo da ciência a
interpretação de geração se aproxima do entendimento da utilização de valores e do
conhecimento por um grupo diferente ao que o originou, e não associado unicamente ao fator
tempo cronológico. Tal proposição se estabelece como plausível frente à argumentação dos
autores que a legitimação ocorre diante da incorporação do conhecimento pela geração
seguinte, mediante a possibilidade de explicação e justificação do novo. Este estudo apoiou-se
na análise dos orientadores, e das respectivas IESs em que atuam, para estabelecer o conceito
de geração. Nesta proposição a citação de um autor por diferentes pesquisadores orientadores,
em diferentes IESs, se estabelece como evidência de que o conhecimento foi transmitido à
outra geração. Nesse contexto, o estudo identificou os autores que possuem suas obras citadas
em diferentes IESs por diferentes pesquisadores orientadores, a saber: Ignacy Sachs, José
Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento, Hans Michael Van Bellen, Fernando
Alves de Almeida, Denis Donaire, Elio Takeshi T. Tachizawa, Paulo Roberto Leite,
Boaventura de Souza Santos, José Eli da Veiga, Jacques Demajorovic, Eduardo Viola e Ícaro
Aronovich da Cunha. Assim, o conhecimento objetivado por estes pesquisadores e
disponibilizado para a sociedade pode ser interpretado como legitimado.
Apesar de apresentarem um volume menor de citações os pesquisadores Jacques
Demajorovic e Ícaro Aronovich da Cunha tiveram suas obras interpretadas como legitimadas
por apresentarem relativa dispersão de suas citações. As nove citações de Jacques
Demajorovic foram realizadas em IESs distintas a que atua e Ícaro Aronovich da Cunha
apresentou 50% das citações em IESs distintas a de sua atuação.
A relação originada a partir das teses e dissertações no período de 1998 a 2009 que
aponta os autores que possuem conhecimento legitimado possibilita identificar dois
pesquisadores que também se sobressaíram na publicação de artigos no período de 1996 a
2005, segundo o estudo de Jabbour, Santos e Barbieri (2008). Os pesquisadores José Carlos
Barbieri e Luis Felipe Machado do Nascimento são apontados como destaque na publicação
de artigo, condição esta que identifica a proximidade das citações realizadas nas teses e
dissertações com a produção científica. No entanto, os autores internacionais Hunt e Auster
(1990) e Porter e Linde (1995) destacados na pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008)
são citados apenas duas vezes cada um. Condição esta que estabelece um distanciamento das
citações de teses e dissertações em relação às citações de artigo.
194
Adotando a abordagem de Berger e Luckmann (2008) foi possível identificar os
autores que foram utilizados por várias gerações e como tal podem ser considerados
legitimados. Este conjunto de conhecimento legitimado estrutura o que Berger e Luckmann
(2008) apontam como ordem institucional.
O estabelecimento desta ordem institucional possibilita que o conhecimento gerado
por estes autores seja utilizado por qualquer ator que compõe a rede social, neste caso os
pesquisadores em sustentabilidade ambiental. Ainda, segundo Berger e Luckmann (2008), a
existência da ordem institucional está associada à concepção do universo simbólico que
envolve os processos de objetivação, de sedimentação e de acumulação do conhecimento.
Nesse sentido, é possível considerar que o conhecimento de sustentabilidade ambiental se
caracteriza como um produto social, possuidor de uma história e incorporado ao universo
simbólico, aceito assim de forma geral pela sociedade.
A abordagem teórica desenvolvida identificou a proximidade de contextualização da
ordem institucional de Berger e Luckmann (2008) com o campo científico apresentado por
Bourdieu (1995). Analisando a sustentabilidade ambiental, inserida no conceito de campo
científico de Bourdieu (1995), é possível identificar um grupo de pesquisadores, relativamente
autônomos, que executam pesquisas e orientações no Stricto Sensu e que possuem o seu
conhecimento sendo difundido. Desta forma, a sustentabilidade ambiental pode ser
interpretada como um campo científico. Bourdieu (1995) aponta, ainda, a existência de
disputas que envolvem a questão epistemológica do significado e da natureza das descobertas
científicas. Frente ao conjunto de 1360 citações ocorridas nas teses e dissertações voltadas à
sustentabilidade ambiental e a ocorrência de apenas 331 repetições foi possível inferir a
existência de uma pequena elite de pesquisadores e um grande contingente de autores que
buscam afirmar o resultado de suas pesquisas, configurando um campo aberto a disputas. O
campo se caracteriza em consonância à abordagem de Santos Júnior (2000) no qual os
consumidores/clientes do campo científico são os próprios pares/concorrentes do produto do
conhecimento.
Os resultados obtidos não apontam para o Efeito Mateus, proposto por Merto (1968,
1988), que atribui desproporcional reconhecimento para os cientistas com algum grau de
reputação no campo científico em relação a aqueles que ainda não alcançaram este patamar.
Mesmo os autores mais citados não estabelecem um predomínio desproporcional sobre os
demais autores. Adicionalmente, os resultados não possibilitam identificar os fenômenos de
terapêutica e de aniquilação, propostos por Berger e Luckmann (2008). Nesse sentido, vale
destacar que a obra de Denis Donaire “Gestão ambiental na empresa” de 1995 foi citada no
195
trabalho de dez diferentes orientadores. Conforme estudo de Jabbour, Santos e Barbieri
(2008) a obra de Denis Donaire se posiciona como uma das pioneiras no estudo da
incorporação da sustentabilidade ambiental pelas empresas. Apesar da antiguidade da obra
deste autor, e sua restrita atuação em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em
administração, ela continua a ser citada, denotando que obras mais recente não
proporcionaram a obsolescência deste autor ou, ainda, a legitimação proporcionada não foi
superada nas disputas que ocorrem no campo científico.
Na perspectiva de Berger e Luckmann (2008) a institucionalização é um processo
anterior à legitimação, no qual o ator ou um conjunto de atores exercem ações típicas
estabelecendo uma instituição. No estudo de campo da ciência a interpretação de
institucionalização ocorre quando se observa um ator, ou um grupo de atores próximos,
realizar a citação de um mesmo autor pertencente a este arranjo social. Neste estudo, que se
apoia na análise dos orientadores, e das respectivas IESs em que atuam, a institucionalização
do conhecimento ocorre quando um autor é citado pelo próprio autor, ou por autores da
mesma IES ou, ainda, por mais de uma IES, mas de forma discreta. Nesse sentido, o estudo
identificou autores que possuem sua obra citada na própria IES ou ainda em outras IESs, mas
de forma pontual com baixa penetração. Os autores identificados nesta situação foram: Celso
Funcia Lemme, Elaine Ferreira, Ely Laureano Paiva, Eugenio Ávila Pedrozo, George Gurgel
de Oliveira, Graig R. Carter, Isak Kruglianskas, João Eduardo Prudêncio Tinoco, José
Antonio Puppim de Oliveira, José Célio Silveira Andrade, Maria Tereza Saraiva de Souza,
Mozar José de Brito, Oliver E. Williamson, Pedro Carlos Schenini, Robson Amâncio, Rolf
Hermann Erdmann e Tânia Nunes da Silva.
A relação originada a partir das teses e dissertações no período de 1998 a 2009 aponta
um autor que possui conhecimento institucionalizado por meio da publicação de artigo e que
adicionalmente aparece na pesquisa das principais publicações de artigos no período de 1996
a 2005, segundo o estudo de Jabbour, Santos e Barbieri (2008). Assim, o pesquisador José
Célio Silveira Andrade é apontado como destaque na publicação de artigo, segundo a
pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008), e também aparece no levantamento realizado
por este estudo, condição esta que identifica a proximidade das citações realizadas nas teses e
dissertações com a produção científica. Este autor pode vir a ter o conhecimento legitimado
em função de um possível aumento de citações de suas obras em pesquisas desenvolvidas por
alunos de outras IESs.
A análise do processo de disseminação do conhecimento mostrou que a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS se estabeleceu como um importante elemento no
196
processo de legitimação e institucionalização do conhecimento em sustentabilidade ambiental,
pois foi a responsável por 101 citações observadas neste levantamento como legitimadas ou
institucionalizadas. No segundo lugar aparece a Universidade Católica de Santos
UNISANTOS com 48 citações e, no terceiro lugar, a Universidade Federal da Bahia UFBA
com 31 citações. Estas IESs mostraram-se como importantes componentes do processo de
institucionalização do conhecimento, destacando os estudos desenvolvidos por seus
pesquisadores, e ainda, referenciando pesquisadores de outras IESs, colaborando assim para a
legitimação do conhecimento.
Para Berger e Luckmann (2008) a linguagem é uma instituição e tem a finalidade de
repetir as objetivações das experiências compartilhadas. A linguagem é o elemento de
elaboração e disseminação nos processos de legitimação. A análise das citações realizadas nas
teses e dissertações revelou que o Livro foi a linguagem mais empregada nos casos em que se
observou a legitimação. Tal cenário indica que o livro se sobrepõe aos artigos científicos nos
processos de legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental nas teses e
dissertações. Nesse contexto, autores que objetivaram o conhecimento, mas não utilizaram o
livro para sua difusão encontram dificuldades para legitimá-lo em outros grupos sociais de
orientadores de doutorado e mestrado. A preferência por citação de livros e a baixa presença
de artigos na legitimação do conhecimento em sustentabilidade em parte pode ser atribuída
pelos resultados encontrados na pesquisa de Jabbour, Santos e Barbieri (2008). Para estes
autores, tanto o reduzido número de artigos publicados quanto à falta de diversidade de
autoria revelam uma concentração de massa crítica em sustentabilidade ambiental. Tal
afirmação é suportada pelos autores mediante a identificação de apenas 41 artigos (2,3%) em
sustentabilidade ambiental do total de 1785 artigos publicados nas revistas que analisaram.
Estudos, como o desenvolvido por Souza et al. (2011a), mostram que cinco revistas
concentram uma parcela significativa da publicação em sustentabilidade ambiental. Em face
desta concentração o processo de pesquisa de material a ser utilizado nos estudos de
doutorado e de mestrado em sustentabilidade ambiental deveria potencializar estas
publicações e assim, impulsionar o processo de legitimação do conhecimento. A não
ocorrência deste fenômeno de legitimação do conhecimento difundido por estas revistas pode
ter na sua origem tanto o fator desconhecimento como o fator acomodação dos alunos do
Stricto Sensu. Vale destacar assim que estudos como o de Jabbour, Santos e Barbieri (2008) e
de Souza et al. (2011a) podem representar um componente de difusão da informação em
sustentabilidade ambiental e assim potencializar a legitimação de pesquisas desenvolvidas e
publicadas em periódicos.
197
Nascimento (2010) estabelece crítica à promoção de maior ênfase da CAPES a
publicação de artigo dos pesquisadores e menor atenção às demais atividades executadas.
Nesse contexto os pesquisadores do Stricto Sensu aparentam ainda não compartilharem este
posicionamento de importância do artigo científico no momento de nortear seus orientados de
qual literatura utilizar na elaboração de suas teses e dissertações. Os artigos científicos se
estabelecem como uma literatura em constante atualização, de fácil acesso e bastante
diversificada, o que deveria ser um atrativo a utilização em teses e dissertações.
É fato que este estudo observou a citação de vários artigos nas teses e dissertações, no
entanto, essas publicações têm baixo índice de repetição, condição esta que possibilita a sua
institucionalização, mas não evidencia a legitimação do conhecimento nele objetivado.
As Leis de Lotka (1926), de Price (1976) e de Bradford entre outras da bibliometria se
mostraram adequadas, e um importante ferramental que viabiliza a utilização da abordagem
de Berger e Luckmann (2008) no entendimento de uma área do conhecimento, também
conhecida como ordem institucional ou ainda campo científico segundo Bourdieu (1991).
A análise de redes sociais, conforme propõe Bauman (1995), não possui o propósito
único de afirmar a “ordem social”, mas sim interpretar a coexistência de diferentes ordens
institucionais. Ordem institucional que segundo Robbins (2005) se constitui de um grupo
social que compartilham objetivos comuns e que apoiado na afirmação de Cross, Parker e
Borgatti (2000) podem ter o relacionamento estudado a fim de identificar o compartilhamento
da informação e do conhecimento. Compartilhamento este observável pelas interações e inter-
relações entre os atores, segundo Menesses e Sarriera (2005). Neste contexto a análise de
redes sociais se estabelece como uma importante ferramenta para a interpretação dos
processos de institucionalização e legitimação do conhecimento, conforme propõem Berger e
Luckmann (2008).
Desta forma, a abordagem de Berger e Luckmann (2008) pode se servir da
bibliometria e da análise de redes sociais como ferramentas para identificar os processos de
institucionalização e legitimação do conhecimento que propõe e, ao mesmo tempo, se
apresentar como referencial teórico para o emprego destas ferramentas.
As diferentes análises realizadas, utilizando-se diferentes técnicas, possibilitaram a
identificação de uma convergência de informações. Os pesquisadores orientadores, mais
prolíficos em sustentabilidade ambiental, se estabelecem também como atores centrais na rede
de colaboração em bancas de doutorado e de mestrado e, adicionalmente, muitos aparecem
como autores cujo conhecimento é legitimado ou institucionalizado por intermédio da citação
nas teses e dissertações. Esse contexto se estabelece como uma possibilidade de
198
materialização da proposta conceitual de Berger e Luckmann (2008), expressa na Figura 12,
do processo de legitimação do conhecimento e estabelecimento da ordem institucional. No
arranjo social que constitui esta ordem institucional qualquer ator tem a possibilidade de
referenciar o conhecimento legitimado de forma plausível e possibilitar sentido objetivo.
Retornando ao modelo proposto por este estudo, expresso na Figura 12, é possível
constatar que as técnicas de bibliometria e data mining se ajustam ao papel de identificar na
linguagem (livros, artigos, teses, dissertações, entre outros) os autores que estão com obras
institucionalizadas e legitimadas. De forma análoga, a análise de redes sociais possibilita
identificar os atores que estabelecem arranjos sociais por meio das bancas examinadoras que
suportam os processos de institucionalização e legitimação do conhecimento. Nesse sentido, a
Figura 30 apresenta de forma esquemática o núcleo do modelo proposto com os respectivos
resultados que apontam os atores centrais deste estudo. Vale destacar, que os demais
elementos do modelo, apesar da relevância, não são apresentados nesta representação, por não
se tratarem de objeto da presente investigação.
Figura 30 – Aplicação do modelo de análise proposto pelo estudo
Fonte: elaborado pelo autor, a partir da adaptação da obra de Berger e Luckmann (2008)
199
O modelo apresentado desenvolve uma análise da legitimação do conhecimento, a
partir de uma parcela das atividades desenvolvidas pelos pesquisadores do Stricto Sensu, mais
precisamente o resultado da orientação dos alunos, que se materializa nas teses e dissertações,
e a rede social que se estabelece a partir das participações que analisam as pesquisas. No
entanto, o modelo proposto pode suportar outras abordagens, como exemplo a publicação de
artigos e relações de coautoria, sem a necessidade de ajustes ou alterações. Nesse sentido, a
aplicação do modelo em um recorte das atividades analisa a legitimação decorrente desta
atuação do pesquisador, assim outras formas de colaboração, como a de artigos, podem
apontar outros processos de legitimação do conhecimento.
De acordo com a proposição de Berger e Luckmann (2008), determinados atores
desempenham papeis, cuja atuação possibilita que as instituições se apropriem de sua
experiência individual, configurando-se assim como referências da área e cabedais do
conhecimento. Dessa forma, segundo Berger e Luckmann (2008), a utilização de ferramentas
estatísticas como a bibliometria ou o data mining e a análise de redes sociais possibilita a
identificação dos conhecimentos institucionalizado e legitimado no campo científico. Nesse
sentido, restringindo a análise aos pesquisadores atuantes no Stricto Sensu, é possível
identificar José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento, Hans Michael Van
Bellen, Jacques Demajorovich e Icaro Aronovich da Cunha, como referências da área e
cabedais do conhecimento em sustentabilidade ambiental. Afirmação apoiada na perspectiva
de possuírem obras citadas nas teses e dissertações e um arranjo social que suporta suas
pesquisas e que se manifesta pelas bancas examinadoras.
Ainda, recorrendo à proposição de Berger e Luckmann (2008), e restringindo a análise
aos pesquisadores atuantes no Stricto Sensu, é possível identificar a institucionalização da
produção de Celso Funcia Lemme, Elaine Ferreira, Ely Laureano Paiva, Eugênio Ávila
Pedrozo, Isak Kruglianskas, João Eduardo Prudêncio Tinoco, José Antonio Puppim de
Oliveira, José Célio Silveira Andrade, Maria Tereza Saraiva de Souza, Pedro Carlos Schenini,
Robson Amâncio, Rolf Hermann Erdmann e Tânia Nunes da Silva. Vale destacar que esta
perspectiva foi estabelecida com base nas citações e análises nas teses e dissertações, e caso a
análise se expanda para o referencial dos artigos é passível de identificar que a obra de muito
destes pesquisadores também já esteja legitimada.
Esta seção discutiu o referencial teórico utilizado nas teses e dissertações em
sustentabilidade ambiental na administração no período de 2007 a 2009 frente à abordagem da
sociologia do conhecimento, proposta por Berger e Luckmann (2008). A adoção desta
200
abordagem permitiu identificar os autores que possuem a produção do conhecimento na
condição de institucionalizado ou legitimado. Assim, o modelo de análise proposto foi
confrontado com os dados empíricos e verificou-se que a abordagem de Berger e Luckmann
(2008) é adequada para identificar a institucionalização e a legitimação do conhecimento.
201
6 CONCLUSÃO
Este estudo objetivou analisar a contribuição do Stricto Sensu em administração na
legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental e as características principais dos
agentes envolvidos. O desenvolvimento da pesquisa partiu da tese que as atividades do Stricto
Sensu em administração, por intermédio do processo de orientação, do conteúdo das teses e
dissertações e das redes sociais de colaboração que se forma a partir das bancas
examinadoras, se estabelecem como um componente que possibilita a identificação do
conhecimento legitimado em sustentabilidade ambiental.
A elaboração deste estudo incorpora a aspiração de contribuir para o entendimento e o
desenvolvimento da área de sustentabilidade ambiental, identificando os principais
pesquisadores e Instituições de Ensino Superior IESs deste campo de pesquisa no Stricto
Sensu em administração, as redes sociais de colaboração que se estabelecem a partir das
bancas examinadoras, e o conhecimento legitimado pelas teses e dissertações na área.
Objetivos específicos foram estabelecidos com a finalidade de constituir um contínuo
de informações que possibilite, ao final deste estudo, responder a questão de pesquisa.
O primeiro objetivo específico estabelecido foi identificar o perfil dos professores
orientadores e das IESs que desenvolveram pesquisas em sustentabilidade ambiental no
Stricto Sensu em administração, por meio das teses e dissertações apresentadas.
No período de 1998 a 2009, que incorpora quatro triênios de avaliação do CAPES, um
total de 295 professores do Stricto Sensu em administração realizaram orientações na área de
sustentabilidade ambiental. A colaboração destes pesquisadores se aproxima da Lei de Lotka,
na qual os cinco pesquisadores mais prolíficos reponderam pela orientação de 15% de todas
as pesquisas, enquanto 208 pesquisadores que representam aproximadamente 70% do total
realizaram apenas uma orientação em sustentabilidade ambiental.
Os pesquisadores que realizaram orientações em sustentabilidade mostram aderência a
este campo científico, pois dos 24 orientadores mais prolíficos, com quatro ou mais
orientações na área, apenas três não apresentam Projeto ou Linha de Pesquisa em
sustentabilidade ambiental. Considerando ainda os 24 orientadores mais prolíficos, é possível
identificar que 50% deles obtiveram o título de doutorado, com teses que tratavam de
sustentabilidade ambiental. Dentre os pesquisadores mais prolíficos, o primeiro a obter o
título com uma tese na área foi o pesquisador Luis Felipe Machado do Nascimento em 1995,
na Alemanha, e em IES brasileira foi o pesquisador Ícaro Aronovich da Cunha em 1996, na
Universidade de São Paulo USP.
202
Pesquisadores que realizaram orientações em sustentabilidade ambiental apresentam
grande diversidade na área de obtenção do título de doutor. Identificou-se que, 50% destes
pesquisadores obtiveram a titulação na área de administração.
Um conjunto de 21 Instituições de Ensino Superior, IESs brasileiras somadas às
Instituições estrangeiras, agrupadas em dez países pelo critério de local em que estão
sediadas, compõem o universo de instituições responsáveis pela formação dos doutores que
desenvolveram orientações em sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu. Este conjunto de
IESs, que formaram pesquisadores com orientações em sustentabilidade ambiental, é passível
de ser distribuído, mediante aproximação, a Lei de Bradford, em três zonas. A primeira zona,
responsável pela formação de 35% dos pesquisadores, é composta pela Universidade de São
Paulo USP e pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP. Estas IESs se posicionam
como núcleo supostamente de qualidade superior e maior relevância nesta área de
conhecimento.
A segunda zona, responsável pela formação de 36% dos pesquisadores, é constituída
de três países Grã-Bretanha, Estados Unidos e França e de duas IESs brasileiras a
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e a Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRJ. Estas instituições (cada país é analisado como uma instituição) também se configuram
como relevantes no processo de formação de pesquisadores orientadores que atuam no Stricto
Sensu. A terceira zona, responsável pela formação de 29% dos pesquisadores, é constituída
por 17 IESs e sete países.
Os pesquisadores que executaram orientações em 58 diferentes IESs contribuíram na
elaboração de 543 estudos, distribuídos em 398 dissertações, 109 dissertações do mestrado
profissional e 36 teses. As pesquisas em sustentabilidade ambiental ocorreram em maior
volume nas instituições públicas com índice de desempenho de 58%, enquanto nas
particulares este índice atingiu 42%. A região sudeste foi responsável por 52% de toda a
produção em sustentabilidade ambiental, a região Sul por 27%, a região nordeste por 19% e as
regiões Centro-Oeste e Norte juntas por 2%. Discriminando a produção de teses e de
dissertações em sustentabilidade ambiental por estados pode-se identificar as seguintes
participações: São Paulo 25%, Rio de Janeiro 15%, Rio Grande do Sul 12%, Santa Catarina
11%, Minas Gerais 11%, Pernambuco 6%, Bahia 5%, Ceará 4%, Paraná 4%, Rio grande do
Norte 3%, Rondônia 1%, Paraíba 1% e Espírito Santo, Distrito Federal e Alagoas juntos 2%.
O segundo objetivo específico estabelecido foi identificar a existência de uma rede
social de colaboração, e a centralidade dos principais atores, em sustentabilidade ambiental no
Stricto Sensu em administração, originária da composição dos orientadores e dos membros
203
convidados das bancas de avaliação de teses e de dissertações. No tocante a este objetivo
podemos concluir os seguintes entendimentos.
A análise de redes sociais mostrou que o arranjo social formado pelos participantes
das bancas de doutorado e de mestrado se configura numa rede social de colaboração. A rede
é formada por 295 professores orientadores e 787 pesquisadores convidados a participar das
bancas. A configuração dos dados demandou a utilização de uma rede two-mode na qual cada
um dos grupos referenciados se posiciona em um dos eixos da matriz. Sob este aspecto
identificou-se 135 pesquisadores que aparecem em ambos os eixos. Desta forma, a rede social
de colaboração em bancas examinadoras é composta de um total de 947 atores que
estabelecem 1284 laços de relacionamento. A estrutura de colaboração, gerada a partir dos
laços de participação nas bancas de doutorado e de mestrado, se mostrou fragmentada em três
arranjos sociais principais e a ocorrência de algumas bancas isoladas. Foi possível identificar
um arranjo social principal com 58% dos atores que incorporou todos os atores centrais.
A análise da rede social indicou que os seis pesquisadores mais centrais foram: Luis
Felipe Machado do Nascimento, Pedro Carlos Schenini, José Carlos Barbieri, José Antonio
Puppim de Oliveira, Francisco Correia de Oliveira e Isak Kruglianskas. Estes atores
apresentaram centralidade como orientador e ou como convidado a participar de banca. Na
análise da rede formada pelos principais atores o pesquisador Francisco Correia de Oliveira se
caracterizou como um buraco estrutural, estabelecendo laços de relacionamento com os
pesquisadores José Carlos Barbieri e José Antonio Puppim de Oliveira.
A posição de pesquisador que desenvolve a orientação dos estudos em
sustentabilidade ambiental é o principal componente na estruturação da rede, no entanto os
pesquisadores convidados a participar das bancas, quando estabelecem centralidade, realizam
relevante função estrutural na rede.
A configuração de rede two-mode estabeleceu restrições para identificar a existência
do conceito de small worlds, em face da influência nos valores de densidade, coesão e
diâmetro da rede. No entanto, a existência de três arranjos sociais principais caracterizou a
não identificação deste colégio invisível como uma small world. Desta forma, com base nos
laços de participação em bancas de teses e dissertações, não é possível acessar qualquer ator
da rede.
O terceiro objetivo específico estabelecido foi analisar se os membros da rede social
definida pelas bancas de avaliação compartilham uma base comum de conhecimento em
sustentabilidade ambiental por meio de um recorte nas teses e dissertações apresentadas de
2007 a 2009.
204
A análise de nove teses e 38 dissertações de sustentabilidade ambiental no Stricto
Sensu em administração revelou um total de 4852 citações, sendo 1360 caracterizadas como
originárias de 1029 publicações científicas em sustentabilidade ambiental.
Com base na abordagem de Berger e Luckmann (2008) que aponta como
conhecimento legitimado aquele que é transmitido de uma geração para outra, é possível
interpretar que, no estudo de campo científico, o conceito de geração pode ser definido como
a utilização de valores e de conhecimento por um grupo diferente ao que o originou. Sob esse
aspecto, e estabelecendo como base secundária de análise as Instituições de Ensino Superior
IES em que atuam, identificou-se o seguinte rol de autores, atuantes no Stricto Sensu, que
possuem suas obras legitimadas: José Carlos Barbieri, Luis Felipe Machado do Nascimento,
Hans Michael Van Bellen, Jacques Demajorovic e Ícaro Aronovich da Cunha. Segundo
Berger e Luckmann (2008), este conjunto de autores e suas respectivas obras estabelecem a
ordem institucional. Ordem institucional que possibilita, a qualquer ator que a compõe,
utilizar este conhecimento com o entendimento de que ele pertence ao contexto histórico da
sociedade que o originou e legitimou e compõe o universo simbólico, no qual as coisas fazem
sentido. Neste contexto, a sustentabilidade ambiental está integrada a outras ordens
institucionais que possibilitam o entendimento de mundo por qualquer pessoa.
Considerando ainda a abordagem de Berger e Luckmann (2008), a institucionalização
é um processo anterior à legitimação, e se observa quando um ator ou um grupo de atores
próximos realizam a citação de um mesmo autor. Os autores, atuantes no Stricto Sensu,
identificados nesta situação foram: Celso Funcia Lemme, Elaine Ferreira, Ely Laureano
Paiva, Eugênio Ávila Pedrozo, Isak Kruglianskas, João Eduardo Prudêncio Tinoco, José
Antonio Puppim de Oliveira, José Célio Silveira Andrade, Maria Tereza Saraiva de Souza,
Pedro Carlos Schenini, Robson Amâncio, Rolf Hermann Erdmann e Tânia Nunes da Silva.
Estes autores podem vir a ter o conhecimento legitimado em função de um possível aumento
de citações de suas obras por grupos diferentes ao da IES a que estão vinculados.
As IESs, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo FGV/SP, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul UFRGS, Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e Universidade
Católica de Santos UNISANTOS se estabeleceram como importantes agentes no processo de
legitimação e institucionalização do conhecimento.
O modelo de análise do processo de institucionalização e legitimação do
conhecimento, proposto por este estudo, e que incorpora a abordagem de Berger e Luckmann
(2008), a bibliometria e a análise de redes sociais se mostrou adequado à finalidade que se
destinava. Desta forma, este modelo pode ser empregado na análise de outros campos
205
científicos com a finalidade de se identificar o conhecimento legitimado e o conhecimento
institucionalizado.
O entendimento obtido nos objetivos específicos permite estabelecer a conclusão do
objetivo geral de que o Stricto Sensu em administração contribui na legitimação do
conhecimento em sustentabilidade ambiental. A colaboração do Stricto Sensu é observada na
realização de pesquisas orientadas por pesquisadores que utilizam um referencial teórico,
adequado aos propósitos que se estabelecem. A reprodução deste referencial em outras
pesquisas, de diferentes orientadores em diferentes IESs, possibilita a institucionalização e a
legitimação do conhecimento. Assim, o Stricto Sensu, por meio da orientação de pesquisas de
doutorandos e de mestrandos, se associa a outros processos acadêmicos na legitimação do
conhecimento em sustentabilidade ambiental. Tal perspectiva se estrutura na existência de um
arranjo social que suporta o conhecimento desenvolvido nas pesquisas e que se manifesta
pelas bancas examinadoras.
O estudo desenvolvido se estabelece ainda dentro da proposta do projeto Pró-
administração, identificando parte do perfil do pesquisador e das Instituições de Ensino
Superior IES atuantes no Stricto Sensu de administração e que desenvolvem pesquisas em
sustentabilidade ambiental. Entendimento este que pode subsidiar o desenvolvimento de
capacitações aos docentes do ensino de pós-graduação e graduação em sustentabilidade
ambiental, além de ampliar o conhecimento da área. Desta forma, a pesquisa realizada pode
contribuir com os objetivos do projeto Pró-administração.
No tocante a linguagem identificada nas citações das teses e dissertações é possível
apontar que o estabelecimento de uma prevalência de citações originadas de artigos
científicos em relação às citações originadas de livros, fortaleceria as pesquisas desenvolvidas
no Stricto Sensu. A utilização, nas teses e dissertações, de um maior volume de artigos
científicos, mais recentes e de periódicos nacionais e internacionais de impacto, colaborariam
de forma significativa na legitimação do conhecimento da área. Tal conduta traria maior
dinamismo para este campo científico possibilitando agilidade no processo de substituição do
conhecimento antigo, por um novo resultante das pesquisas originadas no Stricto Sensu
fortalecendo, assim, o papel desempenhado pelos pesquisadores. Vale destacar que esta
conduta se apresenta em sintonia com a ênfase que a CAPES estabelece a produção de
artigos, no momento de analisar o desempenho do pesquisador.
206
A réplica desta pesquisa utilizando o modelo proposto e as técnicas de data mining e
análise de redes sociais em outras áreas do conhecimento possibilitará a identificação de
centros de excelência na formação de pesquisadores em áreas especificas. E desta forma a
possibilidade de realizar o mapeamento de áreas de pesquisa e de conhecimento, segundo as
IESs formadoras de pesquisadores que atuam no Stricto Sensu. Sob esse aspecto este estudo
desenvolve a perspectiva de novos desafios para pesquisas futuras.
Este estudo focou o processo de legitimação do conhecimento, desta forma
recomenda-se que futuros estudos estabeleçam um recorte de investigação na etapa de
objetivação. O aprofundamento desta etapa do processo de difusão do conhecimento
possibilitaria identificar os procedimentos metodológicos, as abordagens teóricas, os temas
predominantes, entre outras características, das pesquisas em sustentabilidade ambiental.
Adicionalmente recomenda-se que estudos futuros utilizem uma abordagem qualitativa
desenvolvendo uma investigação do conteúdo das teses e dissertações.
Recomenda-se para futuros estudos a análise da evolução da estrutura de colaboração
gerada pelos laços de participação, ao longo dos quatro triênios de análise. A compreensão do
processo evolutório pode estabelecer um importante componente de entendimento do campo
de pesquisa em sustentabilidade ambiental, caracterizando-se assim como uma investigação
de interesse para esta área de pesquisa.
O levantamento de dados realizado incorpora o período de 1998 a 2009, justamente o
disponibilizado no site da CAPES, e se apresenta como um elemento limitante desta pesquisa.
Dados anteriores a 1998 possibilitariam a identificação dos primeiros trabalhos desenvolvidos
na área de sustentabilidade ambiental, bem como suas características, viabilizando assim
identificar o gênesis da sustentabilidade ambiental no Stricto Sensu em administração. A
limitação de obtenção dos dados após o ano de 2009 é resultante da não disponibilização dos
dados na forma de cadernos de indicadores pela CAPES após este período. A ausência dos
dados após 2009 não possibilita a esta pesquisa apresentar dados atualizados, bem como não
reflete as movimentações de carreira empreendidas pelos pesquisadores no período. Vale
destacar que investigações em outras bases de dados que possibilitassem o levantamento de
dados no período anterior a 1998, associada a possível divulgação dos dados após 2009 pela
CAPES, se estabelecem como uma oportunidade de novas pesquisas para atualizar e ampliar
as informações deste estudo.
Apesar dos dados possibilitarem uma maior investigação das dinâmicas que ocorrem
nas relações sociais identificadas na rede de colaboração nas bancas de doutorado e de
mestrado, a pesquisa investigou apenas os itens relevantes ao estabelecido pelo objetivo do
207
estudo. Informações como evolução das redes, existência de clicks, poderiam ser abordadas
frente à disponibilidade dos dados. Assim, o não aprofundamento da análise das redes sociais
dos pesquisadores participantes das bancas se estabelece como uma limitação deste estudo.
Tal limitação, no entanto se configura como uma oportuna possibilidade de estudos futuros,
pautados metodologicamente apenas da Análise de Redes Sociais.
A pesquisa revela a importância da orientação das teses e dissertações para a
estruturação da rede social de colaboração em sustentabilidade ambiental, no entanto não
mostra que se esta atividade resulta em trabalhos posteriores de colaboração expressos na
forma de artigos científicos. Deste contexto surge a possibilidade de novas pesquisas que
identifiquem a existência, ou não, desta colaboração em decorrência da participação nas
bancas examinadoras. Vale destacar que as análises desenvolvidas no presente estudo se
constituem como elemento fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa de
colaboração.
A conclusão desta tese é que as redes de colaboração formadas pelos programas de
Stricto Sensu em administração contribuem para a institucionalização e legitimação do
conhecimento em sustentabilidade ambiental. As técnicas de bibliometria e data mining se
ajustam a função de identificar os autores que estão com obras institucionalizadas e
legitimadas. A análise de redes sociais possibilita identificar os atores do Stricto Sensu que
possuem obras citadas nas teses e dissertações e o arranjo social que suporta o processo de
legitimação do conhecimento
208
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APÊNDICES
Apêndice A
Apêndice A – Relação dos 295 professores que realizaram orientação de tese ou dissertação
em sustentabilidade ambiental.
Abraham Benzaquen Sicsú
Acyr Seleme
Agrícola de Souza Bethlem
Alba Regina Neves Ramos
Alberto Borges Matias
Alceu Salles Camargo Júnior
Alceu Souza
Alexandre Luzzi Las Casas
Alfredo Rodrigues Leite da Silva
Allan Claudius Queiroz Barbosa
Almir Ferreira de Sousa
Amilcar Baiardi
Ana Cristina Fachinelli
Ana Cristina Loureiro Alves Jurema
Ana Lucia Malheiros Guedes
André Gustavo Carvalho Machado
André Lacombe Penna da Rocha
André Luiz Silva Samartini
Andrea Karla Pereira da Silva
Andrea Paula Segatto Mendes
Anete Alberton
Ângela Maria Cavalcanti da Rocha
Antônio Carlos Nogueira
Antonio Domingos Padula
Antonio Martinez Fandiño
Antonio Vico Mañas
Arilda Schmidt Godoy
Arnaldo Freitas de Oliveira Junior
Arnoldo José de Hoyos Guevara
Augusto de Oliveira Monteiro
Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro
Beate Frank
Belmiro Valverde Jobim Castor
Benny Kramer Costa
Bianor Scelza Cavalcanti
224
Carla Regina Pasa Gómez
Carlos Alberto Cioce Sampaio
Carlos Alberto Gonçalves
Carlos Olavo Quandt
Carlos Osmar Bertero
Carlos Ricardo Rossetto
Carlos Roberto Sanchez Milani
Carlos Wolowski Mussi
Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi
Celso Funcia Lemme
Christiane Girard Ferreira Nunes
Christiane Itabaiana Romeo
Christiane Kleinubing Godoi
Cláudia Souza Passador
Cláudio Antonio Pinheiro Machado Filho
Claudio Roberto Contador
Claudio Vilar Furtado
Clerilei Aparecida Bier
Clodoveu Augusto Davis Júnior
Daniel Augusto Moreira
Daniel Jardim Pardini
Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro
Dante Pinheiro Martinelli
Deborah Moraes Zouain
Decio Zylbersztajn
Denis Borenstein
Denise Del Prá Netto Machado
Denise Lima Fleck
Dimária Silva e Meirelles
Dinah dos Santos Tinoco
Dirceu da Silva
Eda Castro Lucas de Souza
Edgard Monforte Merlo
Edi Madalena Fracasso
Edson Mário de Alcântara
Eduardo Augusto Tomanik
Eduardo De Camargo Oliva
Eduardo Saliby
Elaine Di Diego Antunes
Elaine Ferreira
Ely Laureano Paiva
Emanuel Ferreira Leite
Esperdito Pedro da Silva
Eugênio Ávila Pedrozo
Fábio José de Araújo Pedrosa
Fauze Najib Mattar
225
Fernando de Souza Meirelles
Fernando Guilherme Tenório
Francisco Antônio Serralvo
Francisco César Pinto da Fonseca
Francisco Correia de Oliveira
Gelson Silva Junquilho
Genauto Carvalho de França Filho
Geni Dorneles Valenti
George Gurgel de Oliveira
Georges Antônio Sebastião Pellerin da Silva
Georgina Alves Vieira da Silva
Geraldo Luciano Toledo
Germano Mendes de Paula
Gerson Rizzatti
Gesinaldo Ataíde Cândido
Gilberto Tadeu Shinyashiki
Gino Giacomini Filho
Gisela Black Taschner
Guilherme Guimarães Santana
Hans Michael Van Bellen
Haroldo Clemente Giacometti
Haroldo Cristovam Teixeira Leite
Haroldo Guimarães Brasil
Harvey José Santos Ribeiro Cosenza
Heitor José Pereira
Helena Ribeiro Sobral
Hélène Bertrand
Helio Janny Teixeira
Henrique Luiz Corrêa
Henrique Osvaldo Monteiro de Barros
Horst Dieter Möller
Ícaro Aronovich da Cunha
Ilse Maria Beuren
Isabella Francisca Freitas Gouveia de Vasconcelos
Isaías de Carvalho Santos Neto
Isak Kruglianskas
Istvan Karoly Kasznar
Izidoro Blikstein
Jacques Marcovitch
Jaime Evaldo Fensterseifer
James Terence Coulter Wright
Janaina Macke
Janette Brunstein
Jeroen Johannes Klink
João Carlos da Cunha
João Carlos Douat
226
João Eduardo Prudêncio Tinoco
João Marcelo Crubellate
João Mário Csillag
Joel Souto Maior Filho
Jomária Mata de Lima Alloufa
Jose Antonio Gomes de Pinho
José Antonio Puppim de Oliveira
José Antônio Sousa Neto
Jose Augusto Giesbrecht da Silveira
José Carlos Barbieri
José Célio Silveira Andrade
José de Lima Albuquerque
José Edmilson de Oliveira Cabral
José Edson Lara
José Erni Seibel
José Ferreira Irmão
José Francisco Salm
José Geraldo Pereira Barbosa
José Luiz Trinta
José Nilson Reinert
José Roberto Gomes da Silva
José Roberto Ribas
Jouliana Jordan Nohara
Kárem Cristina de Sousa Ribeiro
Kleber Fossati Figueiredo
Ladislau Dowbor
Léo Tadeu Robles
Letícia Moreira Casotti
Lilian Soares Outtes Wanderley
Lucas Ayres Barreira de Campos Barros
Luciano Antonio Prates Junqueira
Luciel Henrique de Oliveira
Lucila Maria de Souza Campos
Luis Carlos Ferreira de Sousa Oliveira
Luis Felipe Machado do Nascimento
Luis Paulo Bresciani
Luis Roque Klering
Luiz Alberto Nascimento Campos Filho
Luiz Antonio Slongo
Luiz Carlos de Oliveira Lima
Luiz Carlos Duclós
Luiz Eduardo Teixeira Brandão
Luiz Felipe Jacques da Motta
Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes
Luiz Henrique de Barros Vilas Boas
Luiz Márcio de Oliveira Assunção
227
Luiz Ricardo Mattos Teixeira Cavalcante
Lydia Maria Pinto Brito
Manoel Veras de Sousa Neto
Marcelo Álvaro da Silva Macedo
Marcelo Milano Falcão Vieira
Márcia Regina Gabardo Câmara
Marco Antônio Silveira
Marco Aurélio Ruediger
Marcos Affonso Ortiz Gomes
Marcos Cortez Campomar
Marcos Fava Neves
Marcus Alban Suarez
Maria Arlete Duarte de Araújo
Maria Augusta Soares Machado
Maria Cecília Coutinho de Arruda
Maria Christina Siqueira de Souza Campos
Maria Cristina Sanches Amorim
Maria de Fátima Gomes da Silva
Maria Elisabete Pereira dos Santos
Maria Ester de Freitas
Maria Ester Menegasso
Maria Gracinda Carvalho Teixeira
Maria Isolda Castelo Branco Bezerra de Meneses
Maria Suzana de Souza Moura
Maria Sylvia Macchione Saes
Maria Tereza Saraiva de Souza
Marialva Tomio Dreher
Marie Anne Macadar Moron
Marilene de Oliveira Ramos Múrias dos Santos
Marília Novais da Mata Machado
Mariluce Paes de Souza
Mario Sacomano Neto
Marisa Ignez dos Santos Rhoden
Marta Ferreira Santos Farah
Mauro Calixta Tavares
Mauro Neves Garcia
Mauro Suano Ribeiro
Moisés Ari Zilber
Mônica de Aguiar Mac-Allister da Silva
Mozar José de Brito
Múcio Tosta Gonçalves
Nadia Kassouf Pizzinatto
Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos
Niédja Maria Galvão Araújo e Oliveira
Onésimo de Oliveira Cardoso
Osmar Siena
228
Otávio Próspero Sanchez
Paulo Antonio Zawislak
Paulo César de Sousa Batista
Paulo Cesar Negreiros de Figueiredo
Paulo Emílio Matos Martins
Paulo Fernando Pinto Barcellos
Paulo Henrique de Almeida
Paulo Tromboni de Souza Nascimento
Paulo Víctor Fleming
Pedro Carlos Schenini
Peter Kevin Spink
Raimundo Eduardo Silveira Fontenele
Raimundo Nonato Souza Silva
Ralph Santos da Silva
Raquel Cristina Radamés de Sá
Rebecca Arkader
Regina Silvia Viotto Monteiro Pacheco
Renato de Oliveira Moraes
Renato Linhares de Assis
Renato Zancan Marchetti
Reynaldo Maia Muniz
Ricardo Carneiro
Ricardo de Souza Sette
Ricardo Pereira Câmara Leal
Ricardo Pereira Reis
Rivanda Meira Teixeira
Roberto Carlos Bernardes
Roberto Giro Moori
Roberto Marcos da Silva Montezano
Roberto Minadeo
Roberto Moreno Moreira
Robinson Moreira Tenório
Robson Amâncio
Rodolfo Araújo de Moraes Filho
Rogério Hermida Quintella
Rolf Hermann Erdmann
Ronaldo Ronan Oleto
Rosa Maria Fischer
Rosinha da Silva Machado Carrion
Rubens Mazon
Samuel Façanha Câmara
Sergio Feliciano Crispim
Sérgio Fernando Loureiro Rezende
Sérgio Gozzi
Sérgio Henrique Arruda Cavalcante Forte
Sergio Luiz do Amaral Moretti
229
Sérgio Neves Dantas
Sergio Proença Leitão
Sérgio Robert de Sant´Anna
Sérgio Takahashi
Sérvio Túlio Prado Júnior
Silvana Prata Camargos
Silvestre Prado de Souza Neto
Silvia Novaes Zilber
Silvio Popadiuk
Solange Maria Pimenta
Sônia Trigueiro de Almeida
Sonia Valle Walter Borges de Oliveira
Suzana Bierrenbach de Souza Santos
Sylvia Constant Vergara
Tales Wanderley Vital
Tânia Maria Diederichs Fischer
Tânia Nunes da Silva
Telma Regina da Costa Guimarães Barbosa
Teresa Cristina Siqueira Cerqueira
Teresia Diana Lewe Van Aduard de Macedo-Soares
Theophilo Alves de Souza Filho
Valdir Machado Valadão Júnior
Valeska Nahas Guimarães
Valmíria Carolina Piccinini
Waldyr Viegas de Oliveira
Walter Fernando Araújo de Moraes
Washington José de Souza
Wayne Thomas Enders
Zaki Akel Sobrinho
Zila Pedroso Mesquita
230
Machado Júnior, Celso.
A influência de pesquisadores do stricto sensu em administração na
legitimação do conhecimento em sustentabilidade ambiental./ Celso
Machado Júnior. 2012.
229 f.
Tese (doutorado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São
Paulo, 2012.
Orientador (a): Profa. Dra. Maria Tereza Saraiva de Souza.
1. Sustentabilidade ambiental. 2. Gestão ambiental. 3. Ensino e
Pesquisa em Administração.
I. Souza, Maria Tereza Saraiva de. II. Título
CDU 658
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