validade e fiabilidade
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7/21/2019 Validade e Fiabilidade
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I.apítulo 5alidade e precisão de testes
sicológicosGisele Aparecida da Silva Alves
Mayra Silva de Souza
Makilim Nunes Baptista
Introdução
Todos os psicólogos já ouvir am f alar dos conceitos validade e
pr ecisão, mesmo que nunca tenham sentido a necessidade de se
apr of undar neles. Um estudo r ealizado por Vendr amini e Lopes
(2008), com tr inta psicólogos de diver sas ár eas de atuação e tr inta
estudantes concluintes do cur so de Psicologia, r evelou que mais
de 50% dos par ticipantes não conseguem ler as inf or mações sobr e
evidências de validade e pr ecisão, apesar de quase 30% dos pr of is
sionais consider ar em a leitur a desses aspectos impor tante par a se
manter em atualizados e apr oximadamente 40% dos estudantes
avaliar
em
que esse dado é
útil pa
r
a a utilização seg
ur
a dos testes.
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profiss ionais de psicologia
Ocorr e que esses dois conceitos em questão são impr escindí veis
na pr ática do psicólogo que f az uso de testes psicológicos; muita*
vezes, entr etanto, não são abor dados adequadamente no cur so do
gr aduação em Psicologia.
Vár ios autor es questionam a f or mação do psicólogo no Br asil e
apontam f alhas nesse per cur so (Bcttoi & Simão, 2000; Dias, 2001;
Fr ancisco &. Bastos, 1992; Per eir a &. Car ellos, 1995). Dentr e as
cr í ticas mais citadas, r essalta-se a distância entr e teor ia e pr ática,
com f alta de ar ticulação entr e elas, e a limitação dc uma f or mação
voltada par a a pr ática em clí nica par ticular , o que dif iculta o pr of is
sional de psicologia a lidar com demandas diver sif icadas (Mour a,
1999).Sobr e a f or mação especí f ica em avaliação psicológica, outr os
pesquisador es expõem dif iculdades como as abor dagens ger al e
r eduzida do conteúdo, incompatí veis com a demanda pr ática da
ár ea, teor ia e técnica pr ecár ias no ensinamento de testes e na
conf ecção de r elatór ios, assim como a não r eciclagem de pr of es
sor es e a pr ecar iedade de mater ial que estes utilizam (Hutz &
Bandeir a, 2003; Jacquemin , 1995; Nor onha & Alchier i, 2004;
Per eir a &. Car ellos, 1995; Sbar delini, 1991; Simões, 1999;
Wechsler & Guzzo, 1999).
Os conceitos de validade e pr ecisão popular izar am-se no meio
pr of issional com o movimento do Conselho Feder al de Psicologia
(CFP), em 2001, que se pr eocupou com a melhor a da qualidade
dos testes, que até então estavam sendo utilizados na pr ática
pr of issional do psicólogo, em avaliação psicológica. Essa ação f oi
r ef lexo da cr ise do uso de testes, na década de 1960, quando estes
deixar am de ser utilizados por que se acr editava que não cumpr iam
os ob jetivos a que se pr opunham (Hutz & Bandeir a, 2003; Ur bina,
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I.ule e precisão de testes psicológ icos
; í >07). Dentr e outr as exigências do CFI> como a apr esentação de
inndamentação teór ica do instr umento, um teste pr ecisa possuir
. ulências empí r icas de validade e pr ecisão r elatadas em seu
manual par a que se ja apr ovado par a o uso pr of issional e par a que
‘ •|,i também devidamente comer cializado.
Um exemplo de teste muito utilizado na pr ática do psicólogo, e
que ger ou muita polêmica pelo questionamento da sua validade, é
o (este de War tegg. Tr ata-se de uma técn ica gr áf ica par a avaliação
iIa per sonalidade segundo a teor ia dos ar quétipos de Jung. Assim,
são apr esentados estí mulos em oito campos, nos quais, basica
mente, o r espondente deve continuar o desenho.
Estudos r ealizados com o teste em questão (como o de Salazar ,
Tr óccoli & Vasconcellos, 2001, e o de Souza, Pr imi & Miguel,
2007) não conseguir am encontr ar evidências de validade suf i
cientes par a sustentar as inter pr etações suger idas no seu manual,
e, dessa f or ma, não é possí vel assegur ar o que o teste r ealmente
avalia, impossibilitando, desse modo, seu uso na pr ática pr of is
sional. No entanto, isso não impede que novos estudos se jam
r ealizados com este instr umento, com o ob jetivo de buscar evidên
cias de validade, bem como com outr os ob jetivos r elacionados às
qualidades psicométr icas do teste. O teste War tegg poder á ser
utilizado novamente, após ser consider ado apr ovado quando da
apr eciação f eita pelo Conselho Feder al de Psicologia, caso se jam
encontr adas evidências de validade, bem como í ndices de pr ecisão
adequados (dos quais se tr atar á nos pr óximos tópicos), e outr os
r equisitos se jam atendidos.
A r esolução CFP 006 / 2004 alter a o ar tigo 14 da Resolução
CFP n.- 002 / 2003, estipulando que estudos r ef er entes à validade
e à pr
ecisão dos ins
tr umen
t
os devem
ser
r
ealizados
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profiss ionais de psicoloqK
Ocorr e que esses dois conceitos em questão são impr escindí veii
na pr ática do psicólogo que f az uso de testes psicológicos; muita»
vezes, entr etanto, não são abor dados adequadamente no cur so di
gr aduação em Psicologia.
Vár ios autor es questionam a f or mação do psicólogo no Br asil c
apontam f alhas nesse per cur so (Bettoi & Simão, 2000; Dias, 2001;
Fr ancisco & Bastos, 1992; Per eir a & Car ellos, 1995). Dentr e a>s
cr í ticas mais citadas, r essalta-se a distância entr e teor ia e pr ática,
com f alta de ar ticulação entr e elas, e a limitação dc uma f or maçãc
voltada par a a pr ática em clí nica par ticular , o que dif iculta o pr of is
sional de psicologia a lidar com demandas diver sif icadas (Mour a,
1999).Sobr e a f or mação especí f ica em avaliação psicológica, outr os
pesquisador es expõem dif iculdades como as abor dagens ger al e
r eduzida do conteúdo, incompatí veis com a demanda pr ática da
ár ea, teor ia e técnica pr ecár ias no ensinamento de testes e na
conf ecção de r elatór ios, assim como a não r eciclagem de pr of es-
sor es e a pr ecar iedade de mater ial que estes utilizam (Hutz &
Bandeir a, 2003; Jacquemin , 1995; Nor onha & Alchier i, 2004;
Per eir a &. Car ellos, 1995; Sbar delini, 1991; Simões, 1999;
Wechsler & Guzzo, 1999).
Os conceitos de validade e pr ecisão popular izar am.'se no meio
pr of issional com o movimento do Conselho Feder al de Psicologia
(CFP), em 2001, que se pr eocupou com a melhor a da qualidade
dos testes, que até então estavam sendo utilizados na pr ática
pr of issional do psicólogo, em avaliação psicológica. Essa ação f oi
r ef lexo da cr ise do uso de testes, na década de 1960, quando estes
deixar am de ser utilizados por que se acr editava que não cumpr iam
os ob jetivos a que se pr opunham (Hutz & Bandeir a, 2003; Ur bina,
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I.ule e precisão de testes psicológicos
; í >07). Dentr e outr as exigências do CFI> como a apr esentação de
inndamentação teór ica do instr umento, um teste pr ecisa possuir
. ulências empí r icas de validade e pr ecisão r elatadas em seu
manual par a que se ja apr ovado par a o uso pr of issional e par a que
>-|a também devidamente comer cializado.
Um exemplo de teste muito utilizado na pr ática do psicólogo, e
que ger ou muita polêmica pelo questionamento da sua validade, é
o (este de War tegg. Tr ata-se de uma técn ica gr áf ica par a avaliação
da per sonalidade segundo a teor ia dos ar quétipos de Jung. Assim,
são apr esentados estí mulos em oito campos, nos quais, basica
mente, o r espondente deve continuar o desenho.
Estudos r ealizados com o teste em questão (como o de Salazar ,
Tr óccoli & Vasconcellos, 2001, e o de Souza, Pr imi & Miguel,
2007) não conseguir am encontr ar evidências de validade suf i
cientes par a sustentar as inter pr etações suger idas no seu manual,
e, dessa f or ma, não é possí vel assegur ar o que o teste r ealmente
avalia, impossibilitando, desse modo, seu uso na pr ática pr of is
sional. No entanto, isso não impede que novos estudos se jam
r ealizados com este instr umento, com o ob jetivo de buscar evidên
cias de validade, bem como com outr os ob jetivos r elacionados às
qualidades psicométr icas do teste. O teste War tegg poder á ser
utilizado novamente, após ser consider ado apr ovado quando da
apr eciação f eita pelo Conselho Feder al de Psicologia, caso se jam
encontr adas evidências de validade, bem como í ndices de pr ecisão
adequados (dos quais se tr atar á nos pr óximos tópicos), e outr os
r equisitos se jam atendidos.
A r esolução CFP 006 / 2004 alter a o ar tigo 14 da Resolução
CFP n.- 002 / 2003, estipulando que estudos r ef er entes à validade
e à pr
ecisão dos ins
tr umen
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia
motivação, per sonalidade, psicomotr icidade, atenção, memór ia,
per cepção, entr e outr as.
Destaca-se que, nas pr imeir as cinco décadas do século XX, os
testes psicológicos, independentemente do seu tipo, r apidamente
atender am às necessidades da sociedade na época e f or am inse
r idos nos contextos militar , industr ial e institucional. Assim, é
per tinente lembr ar que o pr ogr esso da ciência psicológica e o f or ta
lecimento dos pilar es básicos par a o desenvolvimento dos testes
co labor ar am com a expansão cie seu uso. Nas décadas de 1960
e 1970, houve lar go descr édito na ár ea de testagem psicológica,
sendo que os instr umentos f or am cr iticados e o seu uso dimi
nuí do e menospr ezado na atuação do pr of issional de psicologia.
Um dos motivos par a esse movimento no Br asil f oi a associação
dos modelos de avaliação com a cultur a técnica nor te-amer icana
(Pasquali & Alch ier i, 2001). No f inal dos anos oitenta, sur gir am
pr ocessos judiciais em decorr ência de decisões r ef er entes ao psico
técnico na ár ea da seleção, bem como a descr ença da pr ática
de alguns psicólogos despr epar ados par a a utilização de testes psicológicos.
Desde então, ocorr er am alguns movimentos par a que f ossem
cr iadas soluções par a a melhor ia da qualidade dos ser viços
r elativos à ár ea de avaliação psicológica, como a cr iação da
Comissão Nacional sobr e Testes, em 1980, bem como sua
segunda edição em 1986; o sur gimento da Câmar a Inter institu-
cional de Avaliação Psicológica em 1997; e a cr iação do Manual
par a Avaliação Psicológica de candidatos à Car teir a Nacional de
Habilitação e condutor es de veí culos automotor es em 2000; as
r esoluções que r egulamentar am a ação pr of issional no tocante
aos laudos e aos instr umentos de avaliação psicológica em 2001;
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http://slidepdf.com/reader/full/validade-e-fiabilidade 7/28
IMnorama atual dos testes psicológicos no Brasil de 2003 a 2011
c a Resolução_CFP 002 / 2003, que divulgou os r equisitos mí nimos e obr igatór ios que os instr umentos psicológicos pr ecisam ter par a
o uso pr of issional adequado (Nor onha, Pr imi & Alch ier i, 2004).
Foi a par tir da Resolução NQ002 / 2003 do Conselho Feder al
de Psicologia, que f or am def inidos com um pouco mais de clar eza
os r equisitos mí nimos e obr igatór ios que os instr umentos psico
lógicos pr ecisam ter par a o uso pr of issional adequado. Entr e os
pr incipais r equisitos, pode-se mencionar :
• Apr esentação da f undamentação teór ica do instr umento,
com especial ênf ase na def inição do constr uto;
• Apr esen tação de evidências empí r icas de validade e pr e
cisão das inter pr etações pr opostas par a os escor es do
teste, justif icando os pr ocedimentos especí f icos adotados
na investigação;
• Apr esen tação de dados empí r icos sobr e as pr opr iedades
psicométr icas dos itens do instr umento;
• Inf or mações sobr e os pr ocedimentos de corr eção e inter
pr etação dos r esultados, comun icando detalhadamente o
pr ocedimento e o sistema de inter pr etação no que se r e
f er e às nor mas br asileir as, r elatando as car acter í sticas da
amostr a de padr onização de maneir a clar a e exaustiva,
pr ef er encialmente compar ando com estimativas nacionais,o que possibilita o julgamento do ní vel de r epr esentative
dade do gr upo de r ef er ência usado par a a tr ansf or mação
dos escor es;
• Apr esen tação clar a dos pr ocedimentos de aplicação e cor
r eção, bem como das condições nas quais o teste deve ser
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia
motivação, per sonalidade, psicomotr icidade, atenção, memór ia,
per cepção, entr e outr as.
Destaca-se que, nas pr imeir as cinco décadas do século XX, os
testes psicológicos, independentemente do seu tipo, r apidamente
atender am às necessidades da sociedade na época e f or am inse
r idos nos contextos militar , industr ial e institucional. Assim, é
per tinente lembr ar que o pr ogr esso da ciência psicológica e o f or ta
lecimento dos pilar es básicos par a o desenvolvimento dos testes
co labor ar am com a expansão cie seu uso. Nas décadas de 1960
e 1970, houve lar go descr édito na ár ea de testagem psicológica,
sendo que os instr umentos f or am cr iticados e o seu uso dimi
nuí do e menospr ezado na atuação do pr of issional de psicologia.
Um dos motivos par a esse movimento no Br asil f oi a associação
dos modelos de avaliação com a cultur a técnica nor te-amer icana
(Pasquali & Alch ier i, 2001). No f inal dos anos oitenta, sur gir am
pr ocessos judiciais em decorr ência de decisões r ef er entes ao psico
técnico na ár ea da seleção, bem como a descr ença da pr ática
de alguns psicólogos despr epar ados par a a utilização de testes psicológicos.
Desde então, ocorr er am alguns movimentos par a que f ossem
cr iadas soluções par a a melhor ia da qualidade dos ser viços
r elativos à ár ea de avaliação psicológica, como a cr iação da
Comissão Nacional sobr e Testes, em 1980, bem como sua
segunda edição em 1986; o sur gimento da Câmar a Inter institu-
cional de Avaliação Psicológica em 1997; e a cr iação do Manual
par a Avaliação Psicológica de candidatos à Car teir a Nacional de
Habilitação e condutor es de veí culos automotor es em 2000; as
r esoluções que r egulamentar am a ação pr of issional no tocante
aos laudos e aos instr umentos de avaliação psicológica em 2001;
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IMnorama atual dos testes psicológicos no Brasil de 2003 a 2011
c a Resolução_CFP 002 / 2003, que divulgou os r equisitos mí nimos e obr igatór ios que os instr umentos psicológicos pr ecisam ter par a
o uso pr of issional adequado (Nor onha, Pr imi & Alch ier i, 2004).
Foi a par tir da Resolução NQ002 / 2003 do Conselho Feder al
de Psicologia, que f or am def inidos com um pouco mais de clar eza
os r equisitos mí nimos e obr igatór ios que os instr umentos psico
lógicos pr ecisam ter par a o uso pr of issional adequado. Entr e os
pr incipais r equisitos, pode-se mencionar :
• Apr esen tação da f undamentação teór ica do instr umento,
com especial ênf ase na def inição do constr uto;
• Apr esen tação de evidências empí r icas de validade e pr e
cisão das inter pr etações pr opostas par a os escor es do
teste, justif icando os pr ocedimentos especí f icos adotados
na investigação;
• Apr esen tação de dados empí r icos sobr e as pr opr iedades
psicométr icas dos itens do instr umento;
• Inf or mações sobr e os pr ocedimentos de corr eção e inter
pr etação dos r esultados, comunicando detalhadamente o
pr ocedimento e o sistema de inter pr etação no que se r e
f er e às nor mas br asileir as, r elatando as car acter í sticas da
amostr a de padr onização de maneir a clar a e exaustiva,
pr ef er encialmente compar ando com estimativas nacionais,o que possibilita o julgamento do ní vel de r epr esentative
dade do gr upo de r ef er ência usado par a a tr ansf or mação
dos escor es;
• Apr esentação clar a dos pr ocedimentos de aplicação e cor
r eção, bem como das condições nas quais o teste deve ser
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Avaliação ps ico lógica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psico logia
com que outr as ár eas tenham ganhado destaque, tais como a
or ganizacional, a comunitár ia e a hospitalar . Consider ando a f ina
lidade deste livr o, qual se ja, de apr esentar conceitos básicos sobr e
avaliação e testes psicológicos, é impor tante gr if ar que, no bo jo
dessa “expansão social” da psicologia, desde o iní cio da década de
2000 a ár ea também tem cr escido em cr edibilidade, ef iciência e
qualidade (CFR 2003).
Entr etanto, apesar do cr escente inter esse por outr as ár eas e por
novos métodos psicológicos, há uma f err amenta que par ece ainda
não ter “caí do nas gr aças” de estudantes e pr of issionais, embor a
sua utilização se ja tão antiga quanto a pr ópr ia psicologia enquanto
ciência. Sim, aqui se está f alando sobr e a temida (e mal compr een
dida) estatí stica!
É bastante comum ouvir nos corr edor es das f aculdades de
psicologia mur múr ios (e muitas vezes lamentações) a r espeito dos
conteúdos matemáticos que par ecem não f azer sentido em meio a
outr as disciplinas especí f icas da psicologia. Por conseguinte, não
r ar o, per cebe-se uma cer ta associação de “aver sões” entr e estatí s
tica, testes psicológicos e pesquisa em psicologia, como se tudo o
que f izesse uso da estatí stica f osse igualmente dif í cil e chato.
Se você está lendo este texto e identif icando-se com tais af ir
mações, concor dando com a maior ia delas, saiba que não é o
único. Pr eocupados com as dif iculdades dos alunos nesse assunto,
vár ios pesquisador es têm se empenhado em compr eendê-las.
Por exemplo, Yunis (2006) pesquisou as pr incipais dif iculdades
em estatí stica de estudantes de psicologia egí pcios e descobr iu
cinco pr incipais f ontes de dif iculdade: (1) o conteúdo do cur so, (2)
o pr
of essor
, (3) os exam
es, (4) o pr
ópr
io estud
ante e (5) a ciis
t
ância
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"I viveram felizes para sempre": a longa (e necessária) relação entre psico logia e estatística
tio mater ial ensinado da r ealidade. Esse mesmo autor encontr ou
ilados mostr ando que, quanto mais a estatí stica causava ansiedade
nos alunos, mais eles consider avam a matér ia dif í cil.
No Br asil, Silva e Vendr amini (2005) pesquisar am o autocon-
i oito estatí stico (uma var iável af etiva r elacionada ao julgamento
que a pessoa f az de si mesma em r elação à estatí stica) de estu
dantes de psicologia e pedagogia. Entr e os itens com os quais os
estudantes concor dar am mais estava este: “Eu me sinto incapaz
na aula de estatí stica”. Por outr o lado, entr e aqueles com mais
discor dância estavam: “Eu gosto de estudar estatí stica em casa” e
‘T,u acr edito que eu posso ser um estatí stico ou um cientista f utu-
t
.unen
t
e”. Em
outr
o estud
o, que avalio
u a a
t
itud
e de es
tud
ant
es de psicologia em r elação à estatí stica, Vendr amini, Silva e Dias
(<;.009) ver if icar am que o desempçnho na disciplina de estatí stica
•••.lava bastante r elacionado com a af ir mação: “A estatí stica me f az
uimu ir como se estivesse per dido em uma selva de númer os e sem
t lu ontr ar saí da” .
Também no Br asil, Nor onha, Nunes e Ambiel (2007) obser -
' am que os estudantes de psicologia atr ibuem pouca impor tância
p.iia o uso da estatí stica nas pr áticas de avaliação psicológica.
Além disso, os dados suger em que os estudantes de pr imeir o ano
tr ial ar am ter mais domí nio em estatí stica do que os do quinto ano.
‘ ii se ja, par ece ocorr er algum f enômeno que f az os alunos per ce-
Iticiu que “desapr endem” estatí stica ao longo do cur so.
( ,'om os estudos citados, pode per ceber -se que a estatí stica é
uir -,mo per cebida por f utur os psicó logos como um “bicho de sete
<í iU-ças” . Mas talvez você não tenha per cebido que, nos últimos
it* , par ágr af os, vár ias inf or mações e vár ios conceitos estatí sticos
Im.iin passa
dos. Possivel
m
ent
e, você t
enha lido os pa
r
ágr
af os e
51
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não ultr apassar um per í odo de vinte anos. Assim, nenhum tesu- (
apr ovado ou r epr ovado par a sempr e, sendo que apenas pode n:1í
haver naquele momento estudos que evidenciem e justif iquem sei|
uso de f or ma segur a.
Validade
A validade de um teste, basicamente, diz r espeito ao cumpr i
mento da tar ef a de medir o que este se destinou a medir , ou se ja,
é a compr ovação que o teste mede aquilo a que ele se pr opõe, li
comum também encontr ar a def inição de validade como o ní vel
em que o teste mede a car acter í stica que quer medir . Em muitos
testes, encontr am-se evidências de validacie, por ém a per gunta
que se f az é: Ser á que essas evidências são suf icientes par a essa
avaliação? Por isso validade se r ef er e aos questionamentos: “O
teste avalia o que ele anter ior mente se pr opôs a avaliar ?”, e “Quão
bem
ele f az isso?”
(Anast
asi & Ur bina, 2000; C
r
onb
ach , 1996; Hogan , 2006).
O ter mo “validade” r emete a um conceito unitár io, como da
possibilidade de um teste ser válido ou não, por ém as coisas não
f uncionam dessa f or ma, num ponto de vista do tudo ou nada
(Hogan , 2006; Ur bina, 2007). Dessa maneir a, passou-se a consi
der ar que um teste pode possuir “evidências de validade”, pois se
buscam saber as suas qualidades diante de um pr opósito ou uma
utilização par ticular . Por tanto, um mesmo teste pode ser vir a um
ob jetivo de avaliação e não ser vir a outr o dif er ente. Esses ob je
tivos dif er entes podem ser , por exemplo, populações dif er entes
(estud
ant
es,pacien
t
es psiq
uiá
tr
icos,pop
ulação
ge
r
al,
et
c.
) ou
Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de p sicold ff l
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J|imk *xtos diver sos (clí nica, hospital, tr ânsito etc.). Imagine-se um
if r -tie de per sonalidade usado par a pr opósitos dif er entes: a) numa
i llnica, onde o psicólogo vai explor ar as car acter í sticas de per so-
h. jIidade do paciente, com a f inalidade de tr abalhar esses aspectos
un psicoter apia, e b) no tr ânsito, no qual ser ão avaliados aspectos
d.i per sonalidade do candidato à car teir a de habilitação, sendo
apr ovados aqueles consider ados aptos, com vistas a diminuir os
*u identes no tr ânsito.
Na r ealidade, não é o teste que possui essas evidências de
s alidade; são as inter pr etações f eitas a par tir dos r esultados encon-
ir ados numa pesquisa com o teste em questão. Isso se deve ao
lat
o d
e que as
ca
r
act
er
í st
icas psicológicas
avalia
d
as não
são
dir
e-
lamente obser vadas; exemplif icando, tem-se a possibilidade de
avaliar a altur a de uma pessoa com uma f ita métr ica, mas, nos
estudos de validade de testes psicológicos, f az-se o uso de númer os,
de análises estatí sticas, por ém sempr e se tem de atr ibuir um signi-
licado par a os númer os encontr ados, uma inter pr etação (AERA ,
A PA&NCM E , 1999).Foi pensando assim que a def inição de validade passou a ser
concebida como “o gr au qual as inter pr etações obtidas dos
dados empí r icos do teste encontr am sustentação em base cien
tí f ica sólida” Ur bina (2007). Tal autor pr opôs ainda que se jam
consider adas as evidências encontr adas de f or ma acumuladas, cie
maneir a que o gr au dessas evidências concor de com os r esultados
do teste par a os ob jetivos pr opostos.
Uma vez que a conceituação de validade f oi concluí da, deve-se
pensar em como se buscam evidências de validade. Numa abor
dagem clássica, a validade f oi dividida em tr ês tipos (Anastasi &
Ur bina
, 2000),a sabe
r
:
(fan I ti|i> 0 precisão de testes psicológicos
113
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Avaliação psicológica: gu ia de consulta para estudantes e profissionais de psicoloyu
a) Validade de conteúdo: Responde à per gunta “os itens do te.s
te r epr esentam adequadamente a car acter í stica que se qun
avaliar ?” ;
b) Validade de cr itér io: Responde à per gunta “os itens do tes
te conseguem f azer uma pr evisão de uma var iável exter na
ao t
est
e no f utur
o ou
no pr
esent
e?”
. Por
exemplo,
um t
est
e vocacional é utilizado com o pr opósito de avaliar se o in
diví duo tem aptidões necessár ias par a exer cer deter minada
pr of issão, e, se evidências são encontr adas nesse sentido,
diz-se de uma evidência de validade de cr itér io;
c) Validade de constr uto: Responde à per gunta “quanto os itens
do teste r ealmente medem uma deter minada car acter í s
tica?” . Pensando na evo lução do conceito, esse tipo engloba
o conceito atual de validade, pois todos os estudos nesse
sentido buscam r esponder a essa questão.
Esta def inição de validade de Anastasi e Ur bina (2000),
chamada de def inição tr ipar tite, f oi questionada e apr imor ada
poster ior mente. Achou-se impor tante, mesmo assim, apr esentá-la
neste capí tulo par a dar ao leitor uma visão histór ica das def inições
de validade e também por que esta def inição ainda é utilizada nos
manuais anter ior es às novas nomenclatur as e em outr as discus
sões
sobr
e vali
d
ad
e
f eit
as pela
comu
nid
ad
e cien
t
í f ica.
Um
cios
autor es que contr ibuiu signif icativamente par a a r ef or mulação da
def inição tr ipar tite f oi Messick (1989), quem, em um dos ques
tionamentos f eitos a esta def inição, ar gumentou que tanto a
validade de conteúdo quanto a de cr itér io também apr esentam
inf or mações sobr e o constr uto, de modo que quase toda a inf or
mação sobr e o teste contr ibuir á par a sua validade de constr uto,
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‘ iíí.ule e precisão de testes psicológicos
f or mas diver sas. Dessa maneir a, validade de constr uto passou
i ser entendida como um conceito abr angente em que se incluem
nutr as f or mas de validade (Pr imi, Muniz & Nunes, 2009).
Assim, contempor aneamente são utilizadas outr as nomen-
t latur as, que f or am r ef or muladas pela AERA , APA & NCME
(1999), e distinguem-se, não em tipos, mas em f ontes pelas quais
-.e é possí vel encontr ar evidências de validade, a saber :
a) Evidências de validade baseadas no conteúdo: Nessa f onte,
busca-se uma r elação entr e o conteúdo do teste (o que seus
itens abor dam) e o domí nio que se quer avaliar . Par a se ter uma
evidência de validade baseada no conteúdo, é necessár io que os
itens do teste este jam r epr esentando de f or ma adequada a car acter í stica psicológica que se quer avaliar . Por exemplo, um teste
par a avaliação de depr essão pr ecisa conter itens que descr evam
a depr essão. Pensando no conceito de depr essão pelo DSM-
-IV-TR (APA, 2002), o tr anstor no depr essivo maior envolve
sintomas centr ais que são o humor depr imido e a anedonia, e
outr os sintomas somáticos, como alter ações de apetite, de sono,dif iculdade de concentr ação, pessimismo, sentimentos de culpa,
ideias de mor te, dentr e outr os. Dessa f or ma, um teste que avalia
depr essão pr ecisa conter tanto os sintomas centr ais, como os
outr os sintomas, pois é a junção deles (e mais outr os cr itér ios, no
caso) que vai poder conf igur ar ou não um tr anstor no depr essivo.
Par a avaliar se o conteúdo dos itens do teste é adequado ou não,
ger almente são chamados especialistas na ár ea (chamados juizes),
que vão avaliar se a descr ição do conteúdo f oi f eita de maneir a
cuidadosa, desmembr ando seus componentes pr incipais, e julgar a
r elação entr e o que o teste tr az em seu conteúdo e o que dever ia
tr azer , de acor do com a liter atur a. Essa f onte eqüivale ao tipo de
validade de conteúdo.
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psico logia
b) Evidências de validade baseadas nas r elações com outr as
var iáveis: Nessa f onte, são buscadas r elações entr e os escor es do
teste e outr as var iáveis medindo a mesma car acter í stica, car ac
ter í sticas r elacionadas ou car acter í sticas dif er entes. As outr as
var iáveis podem ser sexo, idade, desempenho acadêmico, cr itér io
diagnóstico e também outr os testes. Por exemplo, um teste que
visa a avaliar a inteligência de alunos do ter ceir o ano do ensino
f undamental pode ser compar ado ao desempenho acadêmico
desses alunos nas disciplinas da escola (notas ao f inal do ano),
e, se f or encontr ada uma boa r elação entr e os dois (pontuações
que indiquem inteligência alta e sucesso escolar , por exemplo),
pode-se inter pr etar que f oi encontr ada uma evidência de validade
baseada na r elação com outr as var iáveis, cr itér ios exter nos. A
r elação entr e essas duas car acter í sticas, que são as mesmas, está
ilustr ada na Figur a 1, a seguir . As Figur as 2 e 3 ilustr am as r elações
medindo car acter í sticas r elacionadas e car acter í sticas dif er entes.
A par tir dessas r elações, por tanto, é possí vel inf er ir evidências
de validade que conver gem (mesma car acter í stica ou car acter í sticas r elacionadas) ou diver gem (car acter í sticas dif er entes).
Quan to às evidências de validade que diver gem, ilustr adas pela
Figur a 3, pode-se citar um estudo que r elaciona dois instr u
mentos: um avaliando inteligência e outr o, per sonalidade. Assim,
esper am-se r elações muito baixas entr e esses testes, já que avaliam
car acter í sticas (constr utos) dif er entes. Se as r elações encontr adas f or em de f ato baixas, pode-se inter pr etar que f oi constatada
evidência de validade diver gente.
116
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1ilidade e precisão de testes psicológicos
Figura 3
Com essa f onte de validade, também é possí vel obter dados
sobr e a capacidade do teste de pr edição. Um exemplo é um teste
utilizado na seleção de pessoal par a uma vaga de empr ego numa
empr esa, capaz de pr edizer o sucesso do indiví duo avaliado no
car go pr etendido. Em uma avaliação par a car gos hier ár quicos
mais altos, por exemplo, uma das habilidades a ser em avaliadas é
a da lider ança, que pode pr edizer o desempenho desses candidatos
quando ocupar em o car go que r equer esse tipo de habilidade. Essa
f onte eqüivale à validade de cr itér io.
c) Evidências de validade baseadas n a estr utur a inter na:
Como o pr ópr io nome já suger e, essa f onte de evidência de
validade busca r elação entr e o teste e seus itens. Com o uso de
análises estatí sticas, é possí vel saber a contr ibuição de cada item
r esultado total do teste (corr elacionasse um item ao r esub
f ado total do teste, e, se essa r elação f or signif icativa, supõe-se
que o item contr ibui par a o teste no ger al, na r epr esentação da
car acter í stica que se pr etende medir ); assim os itens podem ou
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia
não ser consider ados adequados par a avaliação do domí nio que
se quer medir . Outr a f or ma de se avaliar esse tipo de evidência é
ver if icando o agr upamento de itens em f ator es já pr evistos teor ica
mente. A Bater ia Fator ial de Per sonalidade (BFP), por exemplo, é
um instr umento psicológico constr uí do par a a avaliação da per so
nalidade a par tir do modelo dos Cinco Gr andes Fator es (CGF),
que f or am conf ir mados pelo pr ocedimento estatí stico de análise
f ator ial, apr esentando os f ator es: Extr over são, Socialização, Reali
zação, Neur oticismo e Aber tur a par a novas exper iências (Nunes,
Hutz & Nunes, 2010).
d) Evidências de validade baseadas no pr ocesso de r esposta:
For necem dados sobr e pr ocessos mentais pr esentes na execução
das tar ef as pr opostas pelo teste, atr ibuindo-se signif icado psico ló
gico par a a r ealização corr eta do item a par tir das r elações entr e seus
componentes cognitivos. Baseando-se sempr e a teor ia r ef er ência
da car acter í stica avaliada pelo teste, são cr iados modelos expli
cativos do pr ocessamento mental que ocorr e dur ante a execução
das tar ef as pr opostas nos itens do teste e pr evisões dos compor
tamentos de acer to, tempo de r eação, etc. As obser vações dos
padr ões de r esposta são compar adas ao modelo teór ico, e, quanto
mais pr óximas, maior a conf iança modelo teór ico de base par a
a inter pr etação do que o teste avalia. Outr a maneir a de estudar
essa f onte de validade é analisar as r espostas do indiví duo, quando
questionado sobr e suas estr atégias par a r esponder aos itens do teste
(Pr imi, Muniz & Nunes, 2009). Cunha e San tos (2009) r ealizar am
um estudo que ob jetivava a busca por essa evidência de validade,
por meio da análise das r espostas de cr ianças ao teste Cloze, em
que ser iam explor adas dif er enças qualitativas nos err os apr esen
tados. A par tir dessa análise das r espostas, f oi possí vel ver if icar
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V.ilidade e precisão de testes psico lógicos
que as c
r
ianças com
m
édias m
ais alt
as com
et
er
am
m
ais err
os lexi- cais, e as com médias mais baixas, err os semânticos. Os r esultados
encontr ados demonstr ar am o que er a conceitualmente esper ado,
por tanto, f or am encontr adas evidências de validade baseadas no
pr ocesso de r esposta par a o Cloze.
e) Evidências de validade baseadas nas conseqüências da
testagem: Essa f onte avalia as conseqüências sociais do uso do
teste par a ver if icar se as implicações de sua utilização coincidem
com os r esultados dese jados de acor do com a f inalidade par a a qual
f oi cr iado. A expectativa é a de que o teste contr ibua de maneir a
benéf ica em contextos clí nicos e escolar es, em seleção de pessoal,
etc. Por ém, par a que se obtenha o r esultado dese jado do uso do
teste, não basta apenas que este se ja validado, pois existem outr as
var iáveis que podem inter f er ir , de maneir a a compr ometer as inter
pr etações r esultantes da sua utilização. Buscar por essa f onte de
evidência de validade implica ter uma visão ampliada da situação,
e não somente do teste, na medida em que estão envolvidos, além
do psicólogo r esponsável pela avaliação, os outr os agentes (pr of is
sionais de outr as ár eas, gover nos, dentr e outr os) que f azem uso
desses dados f inais par a tomada de decisões, e podem utilizar essa
inf or mação de maneir a equivocada, enviesada, de modo a pr e ju
dicar indiví duos e sociedade, de maneir a ger al.
Uma cr í tica a essa f onte de validade é que ela se esquiva das
pr opr iedades de contr ole na pesquisa e na constr ução de testes; por outr o lado, ampliar a situação da testagem e avaliar suas
conseqüências pode ser visto como uma atitude ética (Pr imi,
Muniz & Nunes, 2009). Como exemplo, um instr umento diag
nóstico é aplicado num indiví duo e, se conseguir detectar
pr ecocemente uma doença e indicar uma inter venção adequada
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psico logia
ao caso, é sinal de que o ef eito pr oduzido f oi benéf ico , como dese
jado, e este r esultado agr ega evidência de validade consequencial
ao teste utilizado; em contr aposição, se essa avaliação pr ovocar
um diagnóstico equivocado ou indicações desf avor áveis de inter
venção, inicia-se um questionamento sobr e a validade daquele
teste par a avaliação naquele contexto.
Precisão
A pr ecisão (também conhecida como conf iabilidade ou, ainda,
f idedignidade) r ef er e-se à estabilidade do teste, de maneir a que,
quanto mais pr óximas f or em as pontuações obtidas por métodos
ou em situações dif er entes, maior ser á a consistência do teste
(Anastasi & Ur bina 2000; Cr onbach , 1996). Imagine-se uma só
pessoa sendo submetida a um teste que avalia tr aços de per sonali
dade, r ealizado em dois lugar es dif er entes, por pessoas dif er entes.
Como se tr ata de uma só pessoa que está sendo avaliada, e como está sendo avaliada nos dois lugar es pelo mesmo teste (que avalia
a mesma coisa), esper a-se que os r esultados se jam muito pr óximos.
Se assim ocorr er , como esper ado, pode-se conf er ir pr ecisão aos
r esultados do teste, e, no caso de dois r esultados dif er entes,
desconf ia-se de um err o de medida.
O conceito de pr ecisão opõe-se ao de err o de medida, de
maneir a que, quanto mais pr eciso f or consider ado um teste, signi
f ica que mais livr e de err os ele se encontr a. Dessa f or ma, a pr ecisão
de um teste é deter minada pelo ní vel com que suas pontuações
são livr es de err os. E necessár io consider ar qual f enômeno está
sendo es
tud
ado, avalia
r
su
as par ticula
r
id
ades, pois f enô
m
enos
120
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Vdlidade e precisão de testes psicológ icos
psicológicos dif er entes possuem car acter í sticas distintas e sof r em
inf luência de dif er entes f ator es (Anastasi & Ur bina 2000; Cr on-
bach, 1996)
Nenhuma medida está livr e de err o, e os err os que inter f er em
no r esultado de um teste podem vir de vár ias f ontes, dentr e as quais
se destacam as r elacionadas ao contexto da testagem (incluindo o
aplicador , o avaliador , o ambiente de testagem e os motivos da
aplicação do teste), ao testando e ao teste em si. Essas f ontes de
err o incluem condições emocionais, como disposição, ansiedade,
f adiga, ou acer tos ao acaso em deter minadas situações, f amiliar i
dade com o conteúdo, sub jetividade, ambiente bar ulhento, dentr e
outr
as. S
e os
devi
dos
cuid
ados
f o
r
em t
om
ados
no
desenvolvi
mento, na seleção, na aplicação e na corr eção dos testes, par te dos
err os pr ovindos dessas tr ês f ontes pode ser anulada ou minimizada.
Em contr aposição, em situações nas quais o testando não r esponde
às questões ou tenta f alsear r espostas que pensa ser dese jáveis, não
é possí vel manipular o err o, por ém pode ser possí vel detectá-lo.
Por isso é impor tante saber das pr áticas adequadas e dos pr ocedimentos padr onizados no uso dos testes, por que são f or mas de
r eduzir os err os na testagem (Ur bina, 2007).
Existem dif er entes métodos utilizados par a se estimar em os
coef icientes de pr ecisão, e cada um deles tem suas f ontes de err o
pr incipais (Anastasi & Ur bina 2000, Ur bina, 2007). Não se tr ata
de eliminar os err os, mas, sim, de identif icar suas f ontes e estimar
a extensão da sua inf luência, de modo que, se o err o f or muito
gr ande, o teste per de sua utilidade. A seguir são apr esentados os
métodos e suas f ontes de err o centr ais:
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a) Método das f or mas alter nadas: O mesmo indiví duo pode
ser avaliado com duas ou mais f or mas do teste (f or mas pa
r alelas), no mesmo dia ou em dias dif er entes. No caso da
aplicação das f or mas alter nadas no mesmo dia (imediato), a
pr incipal f onte de err o está ligada ao conteúdo. Cabe pen
sar em duas f or mas de um teste matemático . Em uma f or ma
do teste, o item 1 é a r esolução da oper ação 2 + 2, e, em
outr a f or ma (par alela) do teste, o item 1 é a r esolução da
oper ação 3 + 3. Sabe-se de um dito popular que diz: “Mais
cer to do que dois mais dois são quatr o” . Pessoas que co
nhecem esse ditado podem r esponder cer tamente ao item 1
da pr imeir a f or ma do teste pela f amiliar idade do r esultado dessa oper ação, e não pela r esolução matemática da soma
dos dois númer os, e são, por tanto, f avor ecidas nesse item.
Um indiví duo pode, por exemplo, err ar o item 1 da segunda
f or ma por que tem dif iculdade em oper ação matemática de
soma. Concluindo, se uma das f or mas do teste está mais
suscetí vel à f amiliar idade dos r espondentes do que a outr a,
as pontuações nas duas f or mas podem ser dif er entes, ge
r ando err o e diminuindo o coef iciente de pr ecisão. Quando
se tr ata de f or mas alter nadas aplicadas em dias dif er entes,
além do err o ligado ao conteúdo, essa avaliação pode so
f r er inf luências do tempo. Ao se avaliar per sonalidade, por
exemplo, distinguem-se os tr aços, que são car acter í sticas
r elativamente dur adour as, e os estados, que são car acte
r í sticas tempor ár ias. Nesse caso, a aplicação das f or mas do
teste em dias dif er entes no mesmo indiví duo pode pr ovocar
r espostas dif er entes, pois seu estado pode estar dif er ente de
tempos e
m
tempos.
Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psico logl.i
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Mlidade e precisão de testes psicológ icos
b) Método de teste-r eteste: Consiste na aplicação e r eaplicação
do mesmo teste ao r espondente, mas em ocasiões dif er en
tes. Aqui, a pr incipal f onte de err o é r elacionada ao tempo,
já que são f eitas duas aplicações do teste em momentos
distintos. A pr ecisão é obtida por meio de um coef iciente
r esultante de uma análise de corr elação entr e pontuações
do teste obtidas em duas estimações dif er entes. Quanto
mais corr elacionadas essas pontuações estiver em (coef i
ciente mais pr óximo de 1), maior a pr ecisão encontr ada, e
quanto menos corr elacionadas (coef iciente mais pr óximo
de 0), menor pr ecisão da medida (Anastasi & Ur bina 2000;
Cr onbach , 1996; Ur bina, 2007).
c) Modelo das metades (Split'half ): Consiste na divisão do tes
te em duas par tes homogêneas ou equivalentes, por ém ele
é aplicado uma única vez ao testando. Essa divisão pode
ocorr er de modo que se jam separ ados com r elação aos itens
par es e í mpar es, ou, ainda, a pr imeir a e segunda metade do
teste, etc. Fator
es r
elacionados ao conteúdo dos itens cons
tituem as pr incipais f ontes de err o.
d) Método de coef icientes de Kuder 'R ichar dson e a lf a de
Cr onbach: Consiste na aplicação do teste uma única vez e
no estabelecimento de uma r elação entr e r espostas indivi
duais nos itens com o escor e total do teste. A f onte de err o
pr incipal está r elacionada ao conteúdo dos itens. Pode ha
ver var iação na homogeneidade do teste, e, quanto mais
homogêneo ele f or , com itens homogêneos, maior ser á o co
ef iciente de pr ecisão calculado por esse método.
e) Método de pr ecisão entr e avaliador es: Consiste em solicitar
a avaliação de dois ou mais avaliador es dif er entes ao mesmo
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Avaliação psicológica: gu ia de consulta para estudantes e profiss ionais de psicologia
método r espondido pelo mesmo indiví duo, estabelecendo- -se uma corr elação entr e os r esultados dos avaliador es. Esse
método está su jeito à f onte de err o r elacionada à sub jetivi
dade do avaliador . Quando os testes dependem em gr ande
par te do julgamento do avaliador , como é o caso das técn i
cas pr o jetivas, os r esultados par a o mesmo teste aplicado
na mesma pessoa podem ser dif er entes, pois nessa avaliação
está embutida a sub jetividade e a inter pr etação pessoal do
avaliador .
Considerações finais
Pode-se pensar numa r elação entr e os dois conceitos abor
dados nesse capí tulo. De modo ger al, uma boa pr ecisão é condição
impr escindí vel par a que um teste se ja válido, por ém somente esta
car acter í stica não é suf iciente. Mesmo que se obtenha um teste
consistente, estável, este pode estar medindo algo que não aquilo
par a o qual f oi destinado a medir , ou se ja, válido. Dessa f or ma,
um coef iciente baixo de pr ecisão r evela segur amente uma per da
na qualidade psicométr ica, validade de um teste, mas o contr ár io
não necessar iamente acontece, ou se ja, um teste sem evidências
de validade pode ter bom desempenho na pr ecisão, apesar de ser
pouco pr ovável (Hogan, 2006; Ur bina, 2007).
Como apontado nos tópicos anter ior es sobr e validade e pr eci
são, consider a-se que esses conceitos não são pur a e simplesmente
r estr itos ao pr ocesso de constr ução e estudos, validação e pr e
cisão dos instr umentos. A oper acionalização dos dois conceitos
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nbor dados depende também do uso adequado do teste, desde sua
nplicação até sua corr eção, e dos cuidados na inter pr etação dos
vu s r esultados. E necessár io o conhecimento da car acter í stica que
v está avaliando, além dos alcances e limites do teste utilizado,
par a que possa agr egar um valor signif icativo no pr ocesso de ava-
liação, além do que o pr ocesso cie avaliação é consider ado como
muito maior e amplo do que somente a testagem psicológica.
Questões
1) Um teste pode ser consider ado apr ovado ou r epr ovado pa
r a sempr e pelo Conselho Feder al de Psicologia? Explique.
2) Qual o per í odo máximo de tempo estipulado pelo Con se
lho Feder al de Psicologia que deve existir entr e os estudos
de validade e pr ecisão de um instr umento?
3) Qual a def inição contempor ânea de validade?
4) Cit
e e explique a
def inição
tr
ipar t
it
e (clássica) de vali
d
ade.
5) Cite e explique as f ontes de evidências de validade, segun
do AERA , APA e NCME (1999).
6) Qual a def inição de pr ecisão?
7) Cite e explique os métodos utilizados par a se estimar em os
coef icientes de pr ecisão.
8) Qual a r elação existente entr e validade e pr ecisão?
v l iid ide e precisão de testes psicológicos
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Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicolog ia
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