anais do ix encontro de pesquisa na graduaç Ão em filosofia da unesp
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CÂMPUS DE MARÍLIA
ANAIS
IX ENCONTRO DE PESQUISA NA GRADUAÇÃO EM
FILOSOFIA DA UNESP
Marília, 12 a 16 de maio de 2014
Marília
2014
2
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Faculdade de Filosofia e Ciências Câmpus de Marília
Diretor:
Prof. Dr. José Carlos Miguel
Vice-Diretor:
Prof. Dr. Marcelo Tavella Navega
Comissão Organizadora:
Kleber Cecon (Coordenador)
Tiago Brentam Perencini (Mestrando em Educação)
Amanda Veloso Garcia (Mestranda em Filosofia)
Pedro Bravo de Souza (Graduando em Filosofia)
Renato de Oliveira Pereira (Graduando em Filosofia)
Augusto Rodrigues (Graduando em Filosofia)
Jéssica Lopes Carvalho (Graduanda em Filosofia)
Leonardo Queiroz Assis Poletto (Graduando em Filosofia)
Felipe Gomide (Graduando em Filosofia)
Verônica Barros Sifuentes (Graduanda em Filosofia)
Promoção:
Departamento de Filosofia – UNESP
Conselho de Curso de Filosofia – UNESP
Programa de Pós-graduação em Filosofia – UNESP
Apoio:
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Departamento de Filosofia – UNESP
Conselho de Curso de Filosofia – UNESP
Programa de Pós-graduação em Filosofia – UNESP
Editoração:
Amanda Veloso Garcia
Renato de Oliveira Pereira
http://www.encfilunesp.com/
Anais IX Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia
da UNESP / Kleber Cecon (Org.). – Marília, 2014.
110 f. ISSN 2317-5877
1. Filosofia. 2. Pesquisa. 3. Graduação. I.Título.
3
SUMÁRIO
Programação Geral do Evento ................................................................................................ 7
Resumos das Conferências e Minicursos .............................................................................. 10
Programação das Sessões de Comunicação e de Pôster ...................................................... 14
Resumos das Comunicações e dos Pôsteres .......................................................................... 27
AGUIAR, Mariana Rossy Araújo. ........................................................................................ 28
ALMEIDA, Camila Berehulka de. ....................................................................................... 28
AQUINO, Edi Arcas. ............................................................................................................ 29
ARAMOR, Marlon Henrique. .............................................................................................. 30
ARAUJO, Marina Diel de..................................................................................................... 30
BARBOSA, Guilherme de Lucas Aparecido. ...................................................................... 31
BARROS, Leander Alfredo da Silva. ................................................................................... 32
BARROS, Wagner Barbosa de. ............................................................................................ 33
BELFANTE, Maria Caroline. ............................................................................................... 33
BEZERRA, Edilene Alves. ................................................................................................... 34
BONATTI, Claudio. ............................................................................................................. 35
BORTOLETTO, Gabriela Perini. ......................................................................................... 36
BRITO, Luciana Ribeiro de. ................................................................................................. 37
CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. ............................................................................... 37
CAMPOS, João Pedro Andrade de. ...................................................................................... 38
CARVALHO, André Alves de. ............................................................................................ 39
CARVALHO, Jéssica Lopes. ............................................................................................... 40
CARVALHO, Joebson Gonçalves de. .................................................................................. 41
CASSIANO, Jefferson Martins. ........................................................................................... 41
COELHO, Bruno. ................................................................................................................. 42
COSTA, Héden Salomão Silva. ............................................................................................ 43
COSTA, Matheus Pereira. .................................................................................................... 44
COSTA, Paulo Henrique Pinheiro da. .................................................................................. 45
CRUZ, Francisco Edson Carreiro. ........................................................................................ 45
CRUZ, Nayara Sandrin da. ................................................................................................... 45
DIEGO, Pedro José de Oliveira y. ........................................................................................ 46
DINIZ, Eveline de Lourdes Ferreira. .................................................................................... 47
4
FACIOLI, Pedro Henrique.................................................................................................... 47
FARIA, Aline Apipe de. ....................................................................................................... 48
FARIA, Sílvia Helena Guttier. ............................................................................................. 49
FERNANDES, Mayã Gonçalves; MEDEIROS, Kelvlin. .................................................... 49
FERRAZ, Bruna Oliveira. .................................................................................................... 50
FERREIRA, Kailani A. P. .................................................................................................... 51
FERREIRA, Lennon Pedro Noleto. ...................................................................................... 51
FILHO, José Pereira do Vale. ............................................................................................... 52
FILHO, Mário Hélio Nunes dos Santos. ............................................................................... 52
GARCIA, Amanda Veloso. .................................................................................................. 52
GIRALDELLI, Taís Renata Maziero. .................................................................................. 53
GOMES, Ester da Silva. ....................................................................................................... 54
GUILHERMINO, Daniel Peluso. ......................................................................................... 55
GUIOMARINO, Hailton Felipe. .......................................................................................... 55
HOLANDA, Isabella Oliveira. ............................................................................................. 56
JATOBÁ, Jessyca Eiras. ....................................................................................................... 57
JESUS, Igor Gonçalves de. ................................................................................................... 58
JUNIOR, Jacson Albernaz. ................................................................................................... 58
LEMOS, Caio Victor. ........................................................................................................... 59
LIMA, Manoela Ferreira. ...................................................................................................... 60
LIMA, Renata Morais. .......................................................................................................... 61
LOBATO, Lílian Gabriela Rodrigues. ................................................................................. 62
LUZ, Matheus Phelipe Mamede Lopes da. .......................................................................... 63
MACHADO, Luís Guilherme Stender. ................................................................................ 63
MAGALHÃES, Marcelo Marconato. ................................................................................... 64
MAGDALENO, Danieli Gervazio. ...................................................................................... 64
MAIA, Brunno Almeida. ..................................................................................................... 65
MAIA, Gabriela Domingues Caetano Soares. ...................................................................... 66
MAIA, Leila Maria Neves. ................................................................................................... 67
MARCOS, Claudio Henrique. .............................................................................................. 67
MARINHO, Mirtes Ingred Tavares. ..................................................................................... 68
MARQUES, Luana Camila. ................................................................................................. 69
MARQUIORI, Cleide Rosana. ............................................................................................. 70
5
MARTINS, Daniel Torres. ................................................................................................... 70
MASCENA, Clara Rocha. .................................................................................................... 71
MATOS, Diogo Luiz Souza de; SANTOS, Marlon Vaz dos. .............................................. 71
MATOS, Luã Gonçalves de. ................................................................................................. 72
MENEZES, Manoela Paiva. ................................................................................................. 73
MONTEIRO, Tássia Lima Fernandes. ................................................................................. 74
MOREIRA, Debora Teixeira; MARTINS, Fernanda. .......................................................... 75
MORGADO, João Pedro. ..................................................................................................... 75
NASCIMENTO, Carla Soraia Costa. ................................................................................... 76
NETO, Fernando Alves Silva. .............................................................................................. 76
NOVAIS, Priscila Pereira. .................................................................................................... 77
OLIVEIRA, Angelo Antonio Pires de. ................................................................................. 78
OLIVEIRA, Elói Maia de. .................................................................................................... 78
OLIVEIRA, Fabrício Henrique de. ....................................................................................... 79
OZORIO, Joelmir Rafael Vasconcelos. ............................................................................... 80
PAGLIARI, Felipe dos Santos. ............................................................................................. 80
PELOGIA, Thiago. ............................................................................................................... 81
PEREIRA, Renato de Oliveira. ............................................................................................. 82
PINTO, Silmara Cristiane. .................................................................................................... 82
PIOVAN, Renata. ................................................................................................................. 83
PIRES, Joyce Aparecida. ...................................................................................................... 83
REIS, Fernanda Pulido dos. .................................................................................................. 84
RIBEIRO, Bruno José Bezerra. ............................................................................................ 85
ROCHA, Ida Carmen de Lima. ............................................................................................ 86
RODRIGUES, Augusto. ....................................................................................................... 86
ROSA, Luiz Augusto. ........................................................................................................... 87
SALVIO, Thiago de Souza. .................................................................................................. 88
SAMPAIO, Pedro Ivan Moreira de.. .................................................................................... 89
SAMPAIO, Thiago Henrique. .............................................................................................. 89
SANTOS, Danilo Pereira dos. .............................................................................................. 90
SANTOS, Héder Junior dos. ................................................................................................. 90
SANTOS, Victor Lopes. ....................................................................................................... 91
SENA, Gabriela. ................................................................................................................... 91
6
SENICATO, Renato Bellotti. ............................................................................................... 92
SENNA, Sabrina Paradizzo. U ............................................................................................. 93
SHIRAKAVA, Rafael da Silva. ........................................................................................... 93
SILVA, Alex Rodrigues da. .................................................................................................. 94
SILVA, Bruna de Jesus. ........................................................................................................ 95
SILVA, Camila da Cruz. ....................................................................................................... 95
SILVA, Carlos Henrique Lemes da. ..................................................................................... 96
SILVA, Guilherme Diniz da. ................................................................................................ 97
SILVA, Jeferson Souza da. ................................................................................................... 97
SILVA, Marcos Silva e. ........................................................................................................ 98
SILVA, Maria Clara Pereira e. ............................................................................................. 99
SILVA, Mário Augusto da. ................................................................................................. 100
SILVA, Sérgio William Damasceno da. ............................................................................. 100
SOUSA, Jeandersonn Pereira de. ....................................................................................... 101
SOUSA, Renan da Silva. .................................................................................................... 101
SOUSA, Selmy Menezes de. .............................................................................................. 102
SOUZA, Danigui Renigui Martins de. ............................................................................... 103
SOUZA, Lucas Matos de. ................................................................................................... 104
TEIXEIRA, Manuella Mucury. .......................................................................................... 104
TOLOSA, Leo Souza. ......................................................................................................... 105
TONDATO, Marcus Paulo Vianna. ................................................................................... 105
VALENTE, Alan Rafael. .................................................................................................... 106
VEDOVATO, Hugo José de Carvalho ............................................................................... 107
VEIGA, Dean Fábio Gomes. .............................................................................................. 107
XAVIER, Tiago. ................................................................................................................. 108
ZOCARATO, Clayton Alexandre. ..................................................................................... 109
7
Programação Geral do Evento
8
12 de maio
9h30 – Sessão de Comunicação I (Anfiteatro I, Salas 7 e 10)
14h – Sessão de Comunicação II (Anfiteatro I, Salas 1 e 7 – Prédio Novo)
19h: ABERTURA - Anfiteatro I
Prof. Dr. Kleber Cecon (Coordenador do Evento e Vice Coordenador do Conselho de Curso –
UNESP/Marília)
Prof. Dr. José Carlos Miguel (Direção FFC/UNESP)
19h30 - CONFERÊNCIA – Anfiteatro I
Filosofia e Literatura: “As relações entre filosofia e literatura no final do século XVIII”
Expositora: Prof.ª Dra. Arlenice Almeida (UNIFESP)
Debatedora: Prof.ª Dra. Ana Portich (UNESP/Marília)
13 de maio
8h: Sessão de Comunicações III (Salas 64, 58 e 61 e 9)
14h - MINICURSO – Sala 64
“Um possível curso da ética e talvez da ética”
Expositor: Prof. Dr. Pedro Novelli (UNESP/Marília)
19h30 - CONFERÊNCIA – Sala 64
“Seria o sujeito uma criação medieval?”
Expositor: Prof. Dr. Juvenal Savian (UNIFESP)
Debatedor: Tiago Brentam Perencini (UNESP/Marília)
14 de maio
8h - Sessão de Comunicações IV (Salas 9, 58, 61)
14h – FILME – Anfiteatro I
Cine Panorama em exibição: Um estranho no ninho – Milos Forman
16h – Sessão de Pôsteres - Saguão
17h – Oficina de Tai Chi Chuan – Prof. Dra. Maria Eunice Quilici Gonzalez - Saguão
9
19h30 – CONFERÊNCIA – Sala 64
“Das ruas às redes e não o contrário: uma reflexão sobre o tecnodeterminismo”
Expositor: Prof. Dr. Pablo Ortellado (USP)
Debatedor: Prof. Dr. Sinésio Ferraz Bueno (UNESP/Marília)
15 de maio
9h30 - Sessão de Comunicações V (Salas 10, 12, 44 e 58)
14h – MINICURSO – Anfiteatro I
“O que se aprende e o que se ensina quando se aprende e se ensina filosofia”
Expositor: Prof. Dr. Walter Kohan (UERJ)
19h – Atividade Cultural: Duo Clave de Élle. (Anfiteatro I)
19h30 – CONFERÊNCIA - Anfiteatro I
“O mestre inventor - Relatos de um viajante educador”
Expositor: Prof. Dr. Walter Kohan (UERJ)
Debatedor: Prof. Dr. Pedro Pagni (UNESP/Marília)
23h – Confraternização
Banda Clave de Élle no Cão Pererê.
16 de maio
10h - Sessão de Comunicações VI (Anfiteatro I e Sala 64)
14h00 – 16h: Sessão de Comunicações VII (Anfiteatro I e Sala 64)
19h30 – O filme Um estranho no ninho entre dois olhares.
Expositor: Prof. Dr. Paulo César Rodrigues (UNESP/Marília)
Expositor: Prof.ª Dra. Maria da Graça Chamma Ferraz e Ferraz (UNESP/Marília)
10
Resumos das Conferências e Minicursos
11
Conferência: “As relações entre filosofia e literatura no final do século XVIII”
Expositora: Arlenice Almeida da Silva (UNIFESP)
Se a literatura, em meados do século XVIII, não é mais definida apenas por modelos tomados
aos antigos, a filosofia por sua vez passa a refletir, como Estética, sobre os meios de
transmissão e apresentação das ideias, ou seja, ela debruça-se sobre o ato de escrever e sobre
as condições gerais do ato literário. Nesse contexto de contaminação das fronteiras, no qual é
possível descobrir na prática inventiva literária de Diderot a elaboração de uma filosofia,
nota-se uma preocupação com o funcionamento específico dos dispositivos literários e uma
modificação no estatuto do romance. Da estética inglesa, com Edmund Burke, até o
romantismo alemão, com Solger, passando por Rousseau sobressai a novidade de que a
função primordial da linguagem literária não é nem a da representação, nem a da
comunicação de ideias. Burke sustenta que a poesia não atua por imitação, mas por
“simpatia”, não provoca imagens sensíveis, mas mostra o efeito das coisas na mente; ou seja,
na poesia o essencial não seria a clareza das ideias, mas a força da expressão. Rousseau
aprofunda a questão, afastando-se também da função da representação ao defender que no
romance os sentimentos suplantam as situações, já que a verdade que ele apresenta toca o
coração e afeta a imaginação. Solger, 1809, fecha o círculo ao propor que o romance já é uma
forma moderna que, com base na “intuição das individualidades” pode reunir em uma forma
“o singular que respira” ao gênero humano. De fato, tais modificações no estatuto do romance
apontam para liberdade formal e ausência de regras, mas isso não significa que ele será a
expressão de uma filosofia da subjetividade, ao contrário, buscaremos demonstrar, que ao
instituir-se como forma autônoma, por meio de uma reflexão crítica que passa a ser inerente
ao gênero, o romance reflete sobre si mesmo e sobre as relações entre o real e o imaginário,
revitalizando a própria filosofia.
Minicurso: “Um possível curso da ética e talvez da ética”
Expositor: Prof. Dr. Pedro Geraldo Aparecido Novelli (UNESP/Marília)
A ética é sempre evocada como característica necessária para que alguém e o que este alguém
venha a fazer como condição para o reconhecimento do bem. Mas, a ética é por definição
comportamento e, nesse sentido, quem não a possui. Além do mais seu significado primário
não se identifica imediatamente ao que se denomina bem e nem a sua ausência poderia ser
compreendida como a realização do mal. Portanto, faz-se necessário considerar o que a ética
originariamente indicava e porque se tornou algo tão determinante para a prática humana e até
em relação com outros seres vivos e o ambiente em geral. Para tanto, o que se propõe aqui é
considerar uma possível história da ética através da sua compreensão ao longo dos tempos
partindo dos gregos antigos até a modernidade.
12
Conferência: “Seria o sujeito uma criação medieval?”
Expositor: Prof. Dr. Juvenal Savian Filho (UNIFESP)
A conferência visa apresentar e problematizar as linhas gerais das pesquisas de Alain de
Libera em torno de uma “arqueologia do sujeito”. Não se trata de resumir o trabalho do
pensador francês, mas de concentrar-se em duas teses fundamentais: (a) Descartes teria
chegado ao sujeito menos por reflexão e mais por refração, em seu debate com Hobbes e
Regius, ao tentar escapar da redução do indivíduo à vida corporal, e, portanto, à passividade;
(b) Tomás de Aquino e Pedro de João Olivi teriam sido os responsáveis por dar certo
acabamento a uma temática elaborada desde a patrística grega, elaborando um esquema
compreensivo do eu como suporte e como agente. Eventualmente, se houver tempo e fôlego
filosófico, poder-se-á cotejar essas duas teses de De Libera com elementos dos estudos de
Giorgio Agamben em torno da relação entre regra e forma de vida, a fim de problematizar a
afirmação corrente segundo a qual, na Idade Média, a liberdade individual era diluída numa
prática marcada pela obediência a modelos de comportamento nitidamente determinados.
Conferência: “Das ruas às redes e não o contrário: uma reflexão sobre o tecnodeterminismo”
Expositor: Prof. Dr. Pablo Ortellado (USP)
Nos últimos anos, temos visto a proliferação de um discurso tecnodeterminista que atribui a
organização em rede dos novos movimentos sociais à estrutura dos novos meios de
comunicação como a Internet. Essa relação é muitas vezes apresentada de maneira abstrata e
apenas superficialmente relacionada com a realidade social - como se fosse autoevidente. Na
apresentação, busco discutir essa relação a partir da história da interação entre a organização
social dos cientistas e depois dos novos movimentos sociais e o sistema de comunicação
eletrônica. Argumento que a forma como a Internet é organizada é fruto da estrutura
normativa da comunidade acadêmica que foi respaldada e desenvolvida pelos ativistas dos
novos movimentos sociais. Assim, a homologia que se nota entre a forma de organização dos
manifestantes e a forma de organização das redes sociais tem origem no processo social e não
na estrutura de comunicação.
Minicurso: O que se aprende e o que se ensina quando se aprende e se ensina filosofia?
Expositor: Prof. Dr. Walter Omar Kohan (UERJ)
A aprendizagem e ensino de filosofia são a própria filosofia, atividades filosóficas,
filosofantes. A pergunta pela sua natureza e sentido exige, portanto, a problematização da
própria filosofia, do seu fazer, e de seu sentido educacional. O sabemos desde Sócrates: não
há filosofia sem uma vida filosofante, sem uma vida na filosofia, sem a filosofia que se faz
uma vida. Nessa vida, mesmo negando a posição de mestre, o filósofo gera encontros e
13
aprendizagens em outros. Não há como pensar uma filosofia sem educação.
Contemporaneamente, muitos discutem a presença da filosofia no ensino médio e nas escolas
em geral a partir de opções que, habitualmente, concentram-se em visões centrados nos temas,
problemas ou doutrinas filosóficas. Nessa perspectiva, pensa-se que o que a filosofia ensina é
uma série ou conjunto de temas, ou um elenco de problemas ou doutrinas, geralmente,
extraídos da história da filosofia. Neste mini-curso, inspirados no próprio Sócrates o em O
mestre ignorante de Jacques Rancière, problematizaremos o que se aprende e se ensina em
filosofia em relação ao próprio pensamento. Enquanto a filosofia é uma relação ao saber
(philo-sophia) mais do que um saber propriamente dito, ela ensina uma relação, um desejo,
uma paixão de pensar. Mas é possível ensinar um desejo ou uma paixão? Eis a pergunta
principal que exploraremos neste minicurso junto com os seus participantes.
14
Programação das Sessões de Comunicação e de Pôster
15
12 de maio
9h30 a 12h - Sessão de Comunicação I
“Arte, Filosofia e Literatura”
Moderador: Fernando Luiz Alencar Filho
Local: Anfiteatro I
‘O RINOCERONTE’, DE EUGÈNE IONESCO E O RESGATE DA COLETIVIDADE
MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A QUESTÃO DO OPERARIADO NA PEÇA ‘A MAIS-VALIA VAI ACABAR, SEU
EDGAR’
MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
REFLEXÃO ACERCA DA TRAGÉDIA MODERNA EM HAMLET SOBRE O
OLHAR KIERKEGAARDIANO
NASCIMENTO, Carla Soraia Costa. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
A LITERATURA DISTÓPICA E A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA
NOVAIS, Priscila Pereira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
A QUESTÃO DO ESPAÇO HOBBESIANO-LITERÁRIO EM O CORTIÇO DE
ALUÍSIO DE AZEVEDO
ZOCARATO, Clayton Alexandre. Centro Universitário Claretiano.
“Filosofia Moderna: Descartes, Leibniz, Hume”
Moderador: Thomas Matiolli Machado
Local: Sala 7
A MONADOLOGIA (1714): UMA ANÁLISE SOBRE A NOÇÃO COMPLETA EM
LEIBNIZ
OZORIO, Joelmir Rafael Vasconcelos. Universidade Federal do Pará (UFPA).
A IDENTIDADE PESSOAL EM HUME
REIS, Fernanda Pulido dos. Universidade de São Paulo (USP).
A JUSTIFICAÇÃO LEIBNIZIANA DO CONCEITO DE LIBERDADE
CARVALHO, Joebson Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA).
O CONCEITO DE ESPAÇO E TEMPO EM LEIBNIZ E NEWTON
TOLOSA, Leo Souza. Universidade Federal do Pará (UFPA).
A REALIDADE OBJETIVA DAS IDEIAS EM DESCARTES
SILVA, Guilherme Diniz da. Faculdade de São Bento (FSB).
“Ciência e Filosofia”
Moderador: Mariana Vitti
Local: Sala 10
16
A CONCEPÇÃO DO MÉTODO EM KANT NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA COMO
CRITÉRIO PARA A DISTINÇÃO ENTRE CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA
FILHO, José Pereira do Vale. Universidade Federal do Pará (UFPA).
TRÊS VISÕES ACERCA DO VAZIO E DO VÁCUO
CARVALHO, Jéssica Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O VÍRUS COMO ANOMALIA DA TEORIA CELULAR
FERREIRA, Kailani A. P. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
POPPER E NEURATH: SOBRE O DEBATE ACERCA DO MÉTODO CIENTÍFICO
MARTINS, Daniel Torres. Universidade de São Paulo (USP).
CIÊNCIA E VALORES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS TESES DA
OBJETIVIDADE, NEUTRALIDADE E AUTONOMIA CIENTÍFICAS
VALENTE, Alan Rafael. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
14h - Sessão de Comunicação II
“Filosofia da Arte: Discursividades e Imagens”
Moderador: Renata Alonge da Silva
Local: Anfiteatro I
ARTHUR SCHOPENHAUER E AUGUSTO DOS ANJOS: A NEGAÇÃO DA
VONTADE E SUAS IMPLICAÇÕES ENCONTRADAS NO POEMA O MEU
NIRVANA
ALMEIDA, Camila Berehulka de. Universidade Estadual de Londrina (UEL).
GOETHE E DIDEROT: UM DIÁLOGO SOBRE ARTE E NATUREZA
ARAUJO, Marina Diel de. Universidade de São Paulo (USP).
IMORALIDADE E LIBERTINAGEM
FACIOLI, Pedro Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília)
UM OLHAR SOBRE AS IMAGENS: A AÇÃO DISCURSIVA DO ESPECTADOR
COMUM
LIMA, Manoela Ferreira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
“Filosofia, História e Contemporaneidade”
Moderador: Paulo Tadao Nagata
Local: Sala 1 (Prédio Novo)
ESTRUTURALISMO E ERNST CASSIRER
BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT).
INSURREIÇÃO E REBELIÃO DO HOMEM-MASSA: APONTAMENTOS DE
CRISES HISTÓRICAS
CASSIANO, Jefferson Martins. Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas).
17
REFLEXÕES ACERCA DO MÉTODO DA EPISTEME HISTÓRICA HEGELIANA
EM A RAZÃO NA HISTÓRIA E SUA CONOTAÇÃO PARA COM O PESQUISADOR
LUZ, Matheus Phelipe Mamede Lopes da. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
O AMOR É A REPARAÇÃO PARA O PESO DA ANGÚSTIA
MARQUIORI, Cleide Rosana. Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A JUSTIÇA COMO EVOLUÇÃO DO INSTINTO DE VINGANÇA: A CONVICÇÃO
MORAL DO DIREITO VERSUS A CONVICÇÃO DO RESSENTIMENTO
MONTEIRO, Tássia Lima Fernandes. PUC-Campinas.
“Filosofia Moderna: Kant”
Moderador: Éliton Dias da Silva
Local: Sala 7 (Prédio novo)
COSMOPOLITISMO E AUFKLÄRUNG NA FILOSOFIA DE IMMANUEL KANT
BARROS, Wagner Barbosa de. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
ANÁLISE DA REVOLUÇÃO COPERNICANA EM KANT
BORTOLETTO, Gabriela Perini. Universidade de São Paulo (USP).
CRÍTICA DA RAZÃO PURA: UM ESTUDO DA DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL
(B)
SALVIO, Thiago de Souza. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
AS BEOBACHTUNGEN (1764) DE KANT: UM PRELÚDIO À RAZÃO PRÁTICA OU
À RAZÃO ESTÉTICA?
SOUSA, Jeandersonn Pereira de. Universidade Federal do Pará (UFPA).
KANT: ENTRE A PAIXÃO E A DESILUSÃO COM A METAFÍSICA
VEIGA, Dean Fábio Gomes. Pontifícia Universidade Católica do Paraná(PUC-PR).
16h - Sessão de Comunicação II
“Filosofia e artes: Cinema, Literatura, Teatro”
Moderador: Felipe Thiago dos Santos
Local: Anfiteatro I
ALGUNS MOTIVOS NO CINEMA BRASILEIRO RECENTE
SANTOS, Héder Junior dos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIA: ANÁLISE BENJAMINIANA SOBRE O PAPEL
DO NARRADOR
SILVA, Alex Rodrigues da. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A FILOSOFIA NA EXPRESSÃO LITERÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE
VOLTAIRE E MACHADO DE ASSIS
SILVA, Mário Augusto da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O TEATRO DO IMPOSSÍVEL: GEORGES BATAILLE E A TRANSGRESSÃO EM
EROS
MAIA, Brunno Almeida. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
18
“Filosofia e Religião”
Moderador: Danilo Andreatta
Local: Sala 1 (Prédio Novo)
O RESSURGIMENTO DO CRISTIANISMO NA MORTE DE DEUS EM GIANNI
VATTIMO
BONATTI, Claudio. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
UM RESGATE AO HOMEM E A NATUREZA EM LUDWIG FEUERBACH
MACHADO, Luís Guilherme Stender. Universidade Federal do Ceará (UFC)
SER PARA O OUTRO: UMA ANÁLISE ANTROPOLÓGICA NO CONVENTO
PIRES, Joyce Aparecida. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
RELIGIOSIDADE PÓS-MODERNA, NOVOS PROCESSOS DE RITUALIZAÇÃO
UMA ANALISE ANTROPOLÓGICO-FILOSÓFICA A PARTIR DE CAMBPELL
RIBEIRO, Bruno José Bezerra. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).
A CRÍTICA DA RELIGIÃO EM MAQUIAVEL
SENNA, Sabrina Paradizzo. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
13 de maio
8h - 10h – Sessões de Comunicação III
“Ética e Política”
Moderador: Camila Barbosa Sabino
Local: Sala 64
AUTONOMIA DA VONTADE EM HOBBES
HOLANDA, Isabella Oliveira. Universidade de Brasília (UnB).
ANTES DO CONTRATO: O SUJEITO E SUA MORAL
MARCOS, Claudio Henrique. Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ).
ESTADO E SOBERANIA EM ESPINOSA E HEGEL
CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA E TEOLOGIA NO
PENSAMENTO POLÍTICO DE ESPINOSA
PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
9h30 – Sessões de Comunicação III
“Filosofia Antiga e Medieval: De Aristóteles a Tomás de Aquino”
Moderador: Sergio Nunes
Local: Sala 58
19
O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO NA GRÉCIA ANTIGA: DO
MÍTICO AO FILOSÓFICO
DIEGO, Pedro José de Oliveira y. Universidade de São Paulo (USP).
O SENTIDO DE CAUSALIDADE ATRIBUÍDO ÀS INTELIGÊNCIAS EM TOMÁS
DE AQUINO
DINIZ, Eveline de Lourdes Ferreira. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
A PRUDÊNCIA DA QUESTÃO 47 DA IIa IIae DA SUMA DE TEOLOGIA DE
TOMÁS DE AQUINO
OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
UMA INTERPRETAÇÃO DE ETHICA NICOMACHEA 1097B22-1098A18
OLIVEIRA, Angelo Antonio Pires de. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
A NOÇÃO DE PRINCÍPIO NO CONTEXTO DO CONHECIMENTO E DA
ONTOLOGIA PARA TOMÁS DE AQUINO
SILVA, Maria Clara Pereira e. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
“Estéticas: Filosofia e Literatura”
Moderador: Silmara Cristiane Pinto
Local: Sala 61
ANÁLISE DA OBRA A MAÇÃ NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR, SOB O
PONTO DE VISTA DE GILDA DE MELLO E SOUZA
BELFANTE, Maria Caroline. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
NÃO HÁ TEMPO A PERDER: BERGSON LIDO PELO FUTURISMO
FERREIRA, Lennon Pedro Noleto. Universidade de Brasília (UnB).
FILOSOFIA E LITERATURA: ANÁLISE DO LIVRO CÂNDIDO OU O OTIMISMO,
DE VOLTAIRE
SOUSA, Selmy Menezes de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O JUÍZO ESTÉTICO EM KANT: AS CONCEPÇÕES DE BELO E SUBLIME
SENICATO, Renato Bellotti. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/Piracicaba).
10h – Sessões de Comunicação III
“Filosofia Moderna: Memória, Ética e Política”
Moderador: Danilo Nobre dos Santos
Local: Sala 64
MEMÓRIA E IMAGINAÇÃO
SANTOS, Victor Lopes. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
CONDORCET E A IDEIA DE VOTO: SUFRÁGIO E MATEMÁTICA
SILVA, Carlos Henrique Lemes da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara).
20
A ESTRATÉGIA NIETZSCHEANA CONTRA O PRECONCEITO DA MORAL
INGLESA
CRUZ, Francisco Edson Carreiro. Universidade de Brasília (UnB).
DAS UTOPIAS – DE MORUS À BACON, ASPECTOS E APRIMORAMENTOS DO
PENSAMENTO UTÓPICO
BARBOSA, Guilherme de Lucas Aparecido. Universidade Federal do ABC (UFABC).
14 de maio
8h-10h: Sessões de Comunicação IV
“Políticas”
Moderador: Héder Júnior dos Santos
Local: Sala 61
DA SOCIEDADE A DESIGUALDADE: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DE
ROUSSEAU
MATOS, Diogo Luiz Souza de; SANTOS, Marlon Vaz dos. Universidade do Estado do
Amapá (UEAP).
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTADO DE NATUREZA EM IMMANUEL KANT
ROCHA, Ida Carmen de Lima. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
VISÕES DO IMPERIALISMO SEGUNDO LENIN E ROSA LUXEMBURGO
SAMPAIO, Thiago Henrique. Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Assis).
“Filosofia da Mente”
Moderador: Nathalia Pantaleão
Local: Sala 9 (Prédio Novo)
LOCKE E O ARGUMENTO DO ESPECTRO INVERTIDO
MARINHO, Mirtes Ingred Tavares. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
A RELAÇÃO ENTRE AS PAIXÕES DA ALMA E AS ATIVIDADES DO CORPO: UM
ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA CARTESIANA
MARQUES, Luana Camila. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
O PROBLEMA DOS ASPECTOS SUBJETIVOS DO MENTAL: SOBRE OS
ARGUMENTOS DE THOMAS NAGEL
MASCENA, Clara Rocha. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
O PROJETO NEUROFILOSÓFICO DE ELIMINAÇÃO DA MENTE:
IMPLICAÇÕES PARA A PSICOLOGIA
ROSA, Luiz Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru)
9h30: Sessões de Comunicação IV
21
“Existencialismo e Fenomenologia”
Moderador: Eloisa Benvenutti
Local: Sala 58
SARTRE: OS ELEMENTOS EXISTENCIALISTA NO DRAMA AS MOSCAS
GOMES, Ester da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis).
A PERCEPÇÃO CORPÓREA NA FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL DE
MERLEU-PONTY
LOBATO, Lílian Gabriela Rodrigues. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).
A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA ENQUANTO PROBLEMA FILOSÓFICO
FUNDAMENTAL
GUILHERMINO, Daniel Peluso. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O QUE É O EXISTENCIALISMO?
MORGADO, João Pedro. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O CONCEITO DE MÁ-FÉ EM SARTRE
NETO, Fernando Alves Silva. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O SOFRIMENTO: PAIXÃO PELO PARADOXO DO ABSOLUTO
SILVA, Marcos Silva e. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
10h a 12h – Sessões de Comunicação IV
“Filosofia e Política”
Moderador: Jonas Rangel
Local: Sala 61
A REFERÊNCIA ARENDTIANA A MARX NAS ANÁLISES ACERCA DA
IDEOLOGIA E TERROR
CAMPOS, João Pedro Andrade de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFJS).
DARCY RIBEIRO E FLORESTAN FERNANDES COMO INTELECTUAIS
ORGÂNICOS A PARTIR DA CONCEPÇÃO DE ANTONIO GRAMSCI
GIRALDELLI, Taís Renata Maziero. Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-
PR/Maringá).
JUSTIÇA E PODER
SOUZA, Lucas Matos de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
“Filosofia da Mente”
Moderador: Fernando Cesar Pilan
Local: Sala 9 (Prédio Novo)
UMA ANÁLISE CRÍTICA DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA RELAÇÃO
MENTE-CORPO SUGERIDA POR DESCARTES
AQUINO, Edi Arcas. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
22
A MODULARIDADE DA MENTE: UMA PERSPECTIVA SISTÊMICA
COELHO, Bruno. Universidade Federal do Pará (UFPA).
AS CONSEQUÊNCIAS DO ARGUMENTO DO CONHECIMENTO DE NAGEL
PARA O PROBLEMA DAS OUTRAS MENTES
FERRAZ, Bruna Oliveira. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
UMA NOVA CONCEPÇÃO DOS QUALIA
COSTA, Héden Salomão Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA).
16h-17h: Sessão de Pôsteres
Moderadora: Amanda Veloso Garcia
Local: Saguão
A RELAÇÃO PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE FILOSOFIA ENTRE OS NÍVEIS
MÉDIO E SUPERIOR
MATOS, Luã Gonçalves de. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).
O PAPEL DA ATENÇÃO NO PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL
SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
15 de maio
9h 30min – Sessões de Comunicação V
“Filosofia e Diferença: Agamben, Deleuze, Foucault”
Moderador: Sara Moraes Rosa
Local: Sala 10
O ESTATUTO ONTOLÓGICO DA DIFERENÇA
CARVALHO, André Alves de. Universidade de São Paulo (USP).
A CONDUÇÃO DOS REBANHOS DE DEUS: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE O
“PODER PASTORAL”
SAMPAIO, Pedro Ivan Moreira de. Universidade de São Paulo (USP).
FILOSOFIA DE PLANOS E CONCEITOS: A LIBERDADE DO PENSAMENTO NA
AFIRMAÇÃO DA DIFERENÇA DELEUZIANA
SILVA, Jeferson Souza da. Universidade Federal do Pará (UFPA).
AUSCHWITZ E A VIDA NUA: A BIOPOLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN
SOUZA, Danigui Renigui Martins de. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN).
MICHEL FOUCAULT: PARRESÍA E AÇÃO POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA
COSTA, Paulo Henrique Pinheiro da. Universidade Federal do Pará (UFPA).
23
“Filosofias Ecológica, Informacional e Pragmatismo”
Moderador: Laura Kugler de Azevedo
Local: Sala 44
O PAPEL DO ACASO NA TEORIA DA AUTO-ORGANIZAÇÃO
ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A HEGEMONIA DO PENSAMENTO EUROPEU NA FILOSOFIA BRASILEIRA
GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
IMPOSSIBILIDADE DA VERDADE, POSSIBILIDADE DO HOMEM. FILOSOFIA
COMO GÊNERO LITERÁRIO
JUNIOR, Jacson Albernaz. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O DILEMA ENTRE OS PARÂMETROS DE ORDEM E DE CONTROLE NA
CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL NO CONTEXTO DA TEORIA DA
AUTO-ORGANIZAÇÃO
FARIA, Sílvia Helena Guttier. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
“Filosofia e Linguagem”
Moderador: Sergio Nunes
Local: Sala 58
A METAFORIZAÇÃO DO MUNDO EM GIAMBATTISTA VICO
FILHO, Mário Hélio Nunes dos Santos. Universidade Federal do Pará (UFPA).
A FILOSOFIA DA LINGUAGEM DE MERLEAU-PONTY
JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/ Marília).
LINGUAGEM E SIGNIFICADO, SIMILARIDADE NO TRACTATUS E NAS
INVESTIGAÇÕES
JESUS, Igor Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA).
FREGE, WITTGENSTEIN E O SENTIDO LÓGICO NO CONTEXTO DA
PROPOSIÇÃO
PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
“Ética e Filosofia”
Moderador: Renato de Oliveira Pereira
Local: Sala 12
REPRODUÇÃO ASSISTIDA E ABORTO: A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO NA
TOMADA DE DECISÃO
LEMOS, Caio Victor. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
FILOSOFIA DA VIDA E FILOSOFIA DA MORTE: DIRECIONAMENTO DA VIDA
BEATA
MAIA, Leila Maria Neves. Universidade Federal do Pará (UFPA).
BUSCA POR PRAZER, SÍNDROME CONSUMISTA E CORROSÃO DO CARÁTER:
UMA ANÁLISE A PARTIR DO PENSAMENTO DE BAUMAN E SENNETT
PELOGIA, Thiago. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
24
A VOZ DAS MULHERES NA FILOSOFIA
SENA, Gabriela. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
DO ETERNO RETORNO...A VONTADE DE PODER?
VEDOVATO, Hugo José de Carvalho. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
16 de maio
10h – Sessões de Comunicação VI
“Filosofia Analítica e Conhecimento”
Moderador: Amanda Veloso Garcia
Local: Anfiteatro I
NOTA SOBRE O PRINCÍPIO DE RUSSELL
COSTA, Matheus Pereira. Universidade de São Paulo (USP).
A CRÍTICA DE RUSSELL AO IDEALISMO EM “OS PROBLEMAS DA
FILOSOFIA”
GUIOMARINO, Hailton Felipe. Universidade Federal do Pará (UFPA).
CONHECIMENTO E REPRESENTAÇÃO NO PRIMEIRO PONTO DE VISTA DE
SCHOPENHAUER
SILVA, Sérgio William Damasceno da. Universidade do Estado do Pará (UEPA).
SEMÂNTICA FORMAL PARA LINGUAGENS NATURAIS: O NÓ GÓRDIO DA
APLICAÇÃO NO CAMPO JURÍDICO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DA
SINTAXE, SEMÂNTICA E METATEORIA DAS LÓGICAS MODAIS?
CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. Universidade Estadual de Londrina (UEL)
O POSITIVISMO LÓGICO NA FILOSOFIA ANALÍTICA: A CRISE DA REJEIÇÃO
METAFÍSICA
MAGALHÃES, Marcelo Marconato. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
“Filosofia Antiga: Platão”
Moderador: Elaine Carvalho Fernandes
Local: Sala 64
A RECEPÇÃO DO EROTISMO DE EURÍPEDES NA OBRA FEDRO DE PLATÃO
AGUIAR, Mariana Rossy Araújo. Universidade Federal do Paraná (UFPA).
O TRANSCURSO DA ESCRITA À ORALIDADE EM PLATÃO: UMA DISCUSSÃO
ACERCA DA ARGUMENTAÇÃO DIALÉTICO- PLATÔNICA
BARROS, Leander Alfredo da Silva. Universidade Federal de São João Del-Rei. (UFSJ).
DA DOXA À EPISTEME: A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NO MÊNON DE
PLATÃO
FARIA, Aline Apipe de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).
O RELATIVISMO EM PROTÁGORAS
25
SANTOS, Danilo Pereira dos. Universidade Estadual de Maringá (UEM).
EROS E SEUS DELÍRIOS EMBRIAGANTES: O PAPEL DA POESIA DE
ANACREONTE NO ELOGIO DE ALCIBÍADES
SOUSA, Renan da Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA).
14h – Sessões de Comunicação VII
“Filosofia e Ensino”
Moderador: Tiago Brentam Perencini
Local: Anfiteatro I
A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: A VISÃO DO
ESTUDANTE SECUNDARISTA
FERNANDES, Mayã Gonçalves; MEDEIROS, Kelvlin. Universidade de Brasília (UnB).
UMA PROPOSTA LIBERTÁRIA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
OLIVEIRA, Fabrício Henrique de. (UNIMEP)
UMA IMAGEM DO APRENDER FILOSÓFICO DESDE INTERSECÇÕES ENTRE
GILLES DELEUZE E CLARICE LISPECTOR
PINTO, Silmara Cristiane. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O QUE CONTRIBUIRIA SÓCRATES PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
INSTITUCIONALIZADO?
RODRIGUES, Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A FORMAÇÃO CULTURAL FILOSÓFICA DA MODERNA UNIVERSIDADE
SILVA, Bruna de Jesus. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
“Psicanálise e Teoria Crítica”
Moderador: Iraceles Ishii
Local: Sala 64
O QUE SIGNIFICA ELABORAR O PASSADO: ADORNO E A EDUCAÇÃO COMO
FORMA DE EMANCIPAÇÃO
SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
O CLAMOR DO INAUDITO: FILOSOFIA E EXPRESSÃO NA OBRA DE WALTER
BENJAMIN E THEODOR ADORNO
TONDATO, Marcus Paulo Vianna. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A NOÇÃO DE WITZ EM FREUD- INVESTIGAÇÕES ACERCA DO MECANISMO
PULSIONAL DO RISO
TEIXEIRA, Manuella Mucury. Universidade de Brasília (UnB).
TEORIA DAS PULSÕES EM FREUD
MAIA, Gabriela Domingues Caetano Soares. Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).
26
16h – Sessões de Comunicação VII
“Filosofia e Educação”
Moderador: Renata Andrade
Local: Anfiteatro I
DA RECONCILIAÇÃO COM A REALIDADE Á INSTRUÇÃO INTEGRAL –
CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS DE MIKHAIL BAKUNIN ÀS QUESTÕES
EDUCACIONAIS
BRITO, Luciana Ribeiro de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
INTUIÇÃO: UMA PROPOSTA BERGSONIANA DE ESTAR NA EDUCAÇÃO
LIMA, Renata Morais. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A TENTATIVA DE UMA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E A SUA
CONTINUIDADE
MOREIRA, Debora Teixeira; MARTINS, Fernanda. Universidade Estadual de Londrina
(UEL).
CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO NO MARXISMO
PAGLIARI, Felipe dos Santos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
A CRÍTICA NIETZSCHIANA AOS FILISTEUS DA CULTURA E A SUA
PEDAGOGIA DEGENERADA NO GYMNASIUM ALEMÃO
XAVIER, Tiago. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
27
Resumos das Comunicações e dos Pôsteres
28
A RECEPÇÃO DO EROTISMO DE EURÍPEDES NA OBRA FEDRO DE PLATÃO
AGUIAR, Mariana Rossy Araújo. Universidade Federal do Paraná (UFPA). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Jovelina Ramos. E-mail: [email protected]
O erotismo e os prazeres esta intrínseca na produção poética grega e nas religiões de
mistérios, Platão não ignorou esta produção, trazendo para o âmbito filosófico a reflexão
sobre Eros e Afrodite, dialogando com o pensamento de sua época. Esta comunicação tem
como objetivo trabalhar a recepção da tragédia HIPÓLITO de Eurípedes, mostrando que a
loucura de Fedra, que fora condenada por Afrodite, a se apaixonar por seu enteado Hipólito (o
que fulminou na morte de ambos) e a intemperança de Teseu, faço um paralelo desta obra
com o diálogo FEDRO de Platão, onde se encarna na tese de Ílidias, em que defende que o
amante (erastas) e o amado(eromenos) apenas tem uma relação amorosa para apenas
satisfazer seus apetites, e que não é possível uma amizade (philia). Podemos pensar Eros
como uma doença, o arrebatamento do amante pelo delírio (manía), este paralelo pode ser
feito a partir da reflexão sobre eros representado como um apetite (apethymia), desejo
irracional, intemperante que deixa governar a alma dos afligidos pela paixão. Para Platão há
um aspecto perigoso nesse tipo de relação, do eros tirânico, que afastam apaixonado do belo e
do bem. Para então mostrar que a tese de Platão – onde encontramos a apropriação filosófica
do delírio erótico - carrega uma feroz crítica e ressignificação da concepção de Eros, uma
revalorização da relação com o divino, onde finda a sua concepção de dialética. Nesta
tentativa de uma dialética de Eros, na busca de sua natureza (essência), este método não é
apenas técnico, mas une a inspiração divina, já que apenas recordamos do que antes era claro
para nós, as ideias (mito da reminiscência). Neste ponto podemos pensar que Platão propõe a
desvinculação deste mito do discurso sofistico, fundando o eros filosófico. Neste ponto
podemos pensar em três fases: a crítica mítica, sofistica e a formulação de um novo sentido ao
Eros.
Palavras-chave: Erotismo; Tragédia; Apetite; Manía.
ARTHUR SCHOPENHAUER E AUGUSTO DOS ANJOS: A NEGAÇÃO DA
VONTADE E SUAS IMPLICAÇÕES ENCONTRADAS NO POEMA O MEU
NIRVANA
ALMEIDA, Camila Berehulka de. Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail:
Obra de Augusto dos Anjos, Eu e Outras Poesias possui um estilo que mescla o preciosismo
da forma com a originalidade da temática: a decomposição como a realidade de todo ser
orgânico, e a mágoa advinda dessa consciência da decomposição – o fim das coisas, dos
sentimentos, de todo o significado da existência. Dentre todos esses temas tratados em
diversos poemas é o assunto sobre o Belo, a criação estética e o sentimento do gênio diante
dessa criação que nos interessa nesse momento, temática encontrado no poema O Meu
Nirvana, onde o poeta cita o filósofo Arthur Schopenhauer como aquele que propõe com sua
metafísica do Belo a libertação do sujeito das amarras da vontade, ou seja a manumissão
29
schopenhaueriana. Desta maneira, é possível encontrar no poeta, que anuncia o fim a
esperança na Arte, na criação da obra de arte como a única maneira de encontrar significado
no mundo, de se libertar do sofrimento e da dor de existir. É nesse contexto que será
introduzido o pensamento do filósofo Schopenhauer, onde será realizada uma exposição dos
conceitos por ele trabalhados em sua obra Metafísica do Belo, como o conhecimento
independente do princípio de razão suficiente – única via para conhecer a essência do mundo,
a Ideia que representa da maneira mais adequada a Vontade nunca conhecida, conhecimento
este que se dá no desprendimento do sujeito de sua individualidade, condição para que ocorra
tanto a contemplação do Belo quanto a criação de uma obra de arte, neste caso o conceito de
gênio criativo também será tratado. A questão a ser tratada será a negação da Vontade pelo
Belo, onde o poema supracitado nos servirá de referencial para entender como esse processo
ocorre tendo como porta-voz o poeta-gênio, que encontra no processo criativo o seu Nirvana.
Palavras-chave: Belo; Gênio; Negação da Vontade.
UMA ANÁLISE CRÍTICA DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA RELAÇÃO
MENTE-CORPO SUGERIDA POR DESCARTES
AQUINO, Edi Arcas. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Orientador: Prof.
Dr. Marcos Antonio Alves. E-mail: [email protected]
A busca pela compreensão da sua própria natureza é uma das atividades mais antigas do ser
humano. Seja no senso comum, na ciência ou na filosofia, o ser humano procura explicitar as
suas características próprias, semelhanças e diferenças com os demais seres do universo, sua
relação com o meio ambiente. Em grande parte destas investigações, encontra-se a concepção
de que somos compostos por uma mente e um corpo. Por um lado, somos seres que pensam,
agem inteligentemente, possuem sentimentos, emoções, sensações e paixões. Por outro lado,
somos seres que se alimentam, se locomovem fisicamente e ocupam lugar no espaço. Ocorre
que a atividade mental e a física estão em constante interação. A angústia, por exemplo, pode
causar úlcera no estômago; uma má digestão pode originar dor ou angústia. Como explicar
essa interferência entre a mente e o corpo? Mente e corpo são entidades distintas ou a mesma
coisa? Funcionam em harmonia ou são independentes? Tais questões compõem o conhecido
problema da relação mente-corpo. O que são a mente e o corpo? Quais as suas características
centrais? Qual o seu estatuto ontológico? Neste trabalho pretendemos apresentar criticamente
a proposta sugerida pelo filósofo francês Renê Descartes que, no século XVII, constituiu uma
perspectiva explicativa da natureza da mente, inaugurando uma vertente denominada
dualismo substancial. Para Descartes, o ser humano é constituído de um corpo e de uma
mente, ambos de natureza substancialmente distintas. O corpo é físico, divisível, segue leis
físicas, mortal, perecível, um mero mecanismo. A mente, por sua vez, é não física, indivisível,
não regida por leis físicas, imortal, imperecível. Enquanto ao corpo são atribuídas
características e propriedades como a locomoção, digestão e divisão celular, à mente são
atribuídos estados, paixões e faculdades como a dor, angústia, alegria, pensamento, dúvida,
crença, inteligência. Para Descartes, fenômenos mentais podem causar fenômenos físicos e
vice versa. O problema consiste em explicar essa interferência causal entre duas substâncias
30
de naturezas tão distintas. Descartes tentou explicar que a relação entre a mente e o corpo
ocorre através da glândula pineal, por meio dos espíritos animais. No entanto, o problema se
mantém, dado que tal glândula e tais espíritos também são de natureza física. Descartes não
esclarece como algo físico pode estabelecer relações causais com algo não físico, sem que isto
afete o funcionamento do universo como um todo.
Palavras-chave: Dualismo; Mente; Corpo; Relação mente-corpo.
O PAPEL DO ACASO NA TEORIA DA AUTO-ORGANIZAÇÃO
ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Maria Eunici Quilici Gonzalez. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:
O objetivo central de nossa comunicação é analisar criticamente os pressupostos mecanicistas
sob a perspectiva semiótica em C. S. Peirce, corroborada pelos estudos da Teoria da auto-
organização. Nessa perspectiva, perguntamos: pode a criatividade e a novidade em geral
serem reduzidas ao âmbito estritamente mecanicista? Entendemos que, em sistemas
genuinamente regidos por leis ou padrões artificiais e mecânicos, o processo de criação parece
não ser inteiramente possível. Como corrobora Peirce (CP. 6.553), a multiplicidade e
variedade do mundo, em partes, se dá também com a ocorrência do acaso e da
espontaneidade, elementos esses que diferem do plano normativo e mecanicista da lei. Nesse
contexto, investigamos se o paradigma neo-mecanicista dos processos auto-organizados,
caracterizado pela natureza dinâmica e emergente da novidade, pode suprir os limitações do
mecanicismo clássico ao considerar a ocorrência de processos auto-organizados. Segundo
Debrun (1996a), a auto-organização se constitui como processo que viabiliza novos sistemas
organizados, a partir da interação entre elementos realmente distintos ou semi-distintos
intrínsecos ao processo. Entendemos que o acaso pode intermediar relações entre os
elementos dos sistemas auto-organizados, propiciando a emergência da novidade e de novos
padrões no plano da ação e dos hábitos. Por fim, propomos a discussão e problematização da
distinção entre o mecanicismo clássico e o neo-mecanicismo contemporâneo, investigando,
em que sentido, sistemas auto-organizados propiciam a instanciação de processos criativos.
Palavras-chave: Semiótica; Acaso; Auto-organização; Mecanicismo.
GOETHE E DIDEROT: UM DIÁLOGO SOBRE ARTE E NATUREZA
ARAUJO, Marina Diel de. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr. Marco
Aurelio Werle. Bolsista do PET/USP. E-mail: [email protected]
A pesquisa visa abordar como Goethe refletiu sobre o Ensaio sobre a Pintura de Diderot.
Apesar das distâncias entre esses pensadores, ambos teorizaram sobre como arte e natureza se
relacionam: Diderot enquanto crítico de arte, e Goethe enquanto poeta e artista. A partir das
elaborações de Goethe sobre como é possível avaliar esteticamente e até moralmente uma
31
obra de arte, é possível perceber parte do pensamento filosófico desse autor. Isso porque a
crítica de Goethe ao ensaio de Diderot constituiria um prefácio à obra que viria a se tornar a
sua Doutrina das Cores, onde Goethe elabora mais profundamente a relação entre arte e
natureza e, talvez um dos elementos mais inovadores de sua filosofia, entende que a cor
desperta efeitos fisiológicos e psicológicos no homem, de forma que seria possível avaliar
moralmente uma obra de arte. É nesse sentido, como uma preconização de sua Doutrina das
Cores que a pesquisa busca abordar a crítica de Goethe à Diderot.
Palavras-chave: Goethe; Arte; Pintura; Diderot.
DAS UTOPIAS – DE MORUS À BACON, ASPECTOS E APRIMORAMENTOS DO
PENSAMENTO UTÓPICO
BARBOSA, Guilherme de Lucas Aparecido. Universidade Federal do ABC (UFABC).
Orientadora: Profª Dra. Luciana Zaterka. Bolsista do CNPq. E-mail:
A palavra utopia é usada diariamente em inúmeras situações, todavia são poucos os que tem a
dimensão de seu verdadeiro significado e quão profundo este termo pode nos levar. O
presente trabalho tem como objetivo discutir aspectos da utopia, bem como seus diversos
significados e também suas características apresentadas em algumas das principais obras de
literatura da modernidade. O texto faz parte da pesquisa sobre a investigação dos conceitos
distópicos do século XX e apresenta-se como um primeiro resultado deste estudo. A distopia
(ou antiutopia), objeto primordial do estudo se apresenta, de forma grosseira digamos, como o
inverso do ideal utópico conforme a etimologia da palavra apresentada. A palavra ‘utopia’ é
livremente utilizada em discursos políticos, conversas cotidianas e na literatura. Para tal
substantivo são atribuídos diversos significados. Ao tratar a utopia como um sonho ou um
exercício de imaginação, é aplicado apenas parte de seu significado, sendo que com o nome
utopia nasce também a narrativa da sociedade ideal. O fato é que a utopia apresenta uma
literatura mais descritiva e assume a criação de um gênero político correspondente ao desejo
do estabelecimento de uma outra realidade, que não aquela vivida pelo interlocutor. A
distopia, em vez de permanecer estática, apresenta mudanças na sociedade a fim de
estabelecer uma crítica mais contundente a sociedade e ao seu futuro. No trabalho abordamos
o desejo do homem em busca da sociedade perfeita a partir dos “reis filósofos” de Platão em
A República, passando por Morus e sua A Utopia até a tecnocracia baconiana em A Nova
Atlântida. Traçamos também no estudo pontos de intersecção entre as obras, enumerando
aspectos e elementos que aprimoraram o sentido da utopia. A utopia é um sonho, um
exercício refinado de imaginação que prevê a construção de um cenário político,
extremamente realista e “improvável”. Sua concepção causa fascínio no leitor e ajuda a
ilustrar o mundo que queremos ou o mundo como ele deve ser. Enfim, como disse Eduardo
Galeano: "A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais
alcançarei. Mas se nunca alcançarei, para que serve a Utopia? Serve para isso: para que eu
não deixe de caminhar".
32
Palavras-chave: Filosofia; Utopia; Literatura; Bacon; Morus.
O TRANSCURSO DA ESCRITA À ORALIDADE EM PLATÃO: UMA DISCUSSÃO
ACERCA DA ARGUMENTAÇÃO DIALÉTICO- PLATÔNICA
BARROS, Leander Alfredo da Silva. Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
Orientador: Prof. Dr. Luiz Paulo Rouanet. Bolsista da FAPEMIG. E-mail:
Pretende-se expor uma discussão acerca do tema da oralidade e da crítica à escrita presentes
na filosofia de Platão. Ao analisar as obras do citado filósofo, principalmente no seu diálogo
Fedro (275d-ss), deparamo-nos com uma censura à escrita filosófica. Partindo das
considerações acerca de tal tema e fazendo uso dos estudos que propõem um novo paradigma
hermenêutico platônico, iniciados por Schleirmacher e posteriormente pela Escola de
Tübingen e seus adeptos como: Reale e Szlezák, nosso intento é a inquirição acerca do debate
que apresenta-nos Platão por uma vertente ora esotérica, ora exotérica, e a possível defesa de
uma filosofia oral em Platão, suscitada e realçada por inúmeros estudiosos quando recaem no
exame criterioso do filósofo ateniense e na maiêutica utilizada por seu mestre Sócrates, que se
encontra frequentemente presente em seus diálogos. Ao analisarmos tais questões resta-nos
abandonar o possível dogmatismo que a leitura neoplatônica procura evidenciar, alegando-o
presente nas obras do nosso autor. Torna-se plausível também a possibilidade de adesão à
interpretação platônica fundada no exercício da dialética, na filosofia oral, que na verdade,
manifesta-se na visão realmente desejada pelo filósofo ateniense, ou seja, na defesa de uma
filosofia, que se reflete nos seus ideais políticos, éticos e educacionais, que, por sinal, são
todos confluentes na metafísica clássica. Tais ideais, como se pretende demonstrar, também
são evidentes nas obras relevantes do citado filósofo, às quais faremos referência como: A
República, Teeteto, O Banquete, Fédon, dentre outras. A partir de tais considerações, caberá a
nós destacar alguns traços peculiares da filosofia platônica que podem se diferenciar da
filosofia almejada por Sócrates, o qual adota o processo maiêutico que se instaura no âmbito
público da pólis e que opta por não escrever nada acerca de sua filosofia. Ao contrário, pois,
da filosofia de Platão, que reforça o caráter dialético dos diálogos escritos e que expõe, ainda
que na boca do personagem Sócrates, uma doutrina filosófica, a qual poderá ter sido destinada
somente aos iniciados da Academia, assim como outras doutrinas das quais os diálogos não
fazem referência. Tal constatação poderá por vezes inserir a filosofia platônica, quando
conforme Sócrates, no exoterismo, mas, quando segundo a dialética platônica exposta nos
diálogos escritos, no esoterismo.
Palavras-chave: Platão; Oralidade; Escrita; Sócrates; Dialética.
33
COSMOPOLITISMO E AUFKLÄRUNG NA FILOSOFIA DE IMMANUEL KANT
BARROS, Wagner Barbosa de. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Orientador:
Prof. Dr. José Eduardo Marques Baioni. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:
A partir do texto kantiano, Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita,
escrito em 1784, texto inaugural da filosofia da história alemã, Kant discorre sobre o fim que
a natureza nos colocou e as leis que ela impõe para que o cumpramos. Se o homem não dispõe
de um plano tão claro e objetivo de suas disposições, lhe cabe então a procura por este fim.
Segundo Kant, não devemos buscar a finalidade do homem no indivíduo, mas somente na
espécie. Assim, poderemos realizar tal observação através da liberdade da vontade, ou seja, as
ações humanas, que são determinadas pelas leis naturais. Vemos na história que os homens
estão livres para decidirem pelas suas vidas, que a liberdade da vontade é autônoma e realiza-
se por si mesma, no entanto, sob a perspectiva da história, vemos que existe certa regularidade
no caminhar da humanidade, ou seja, o que se mostra totalmente desregrado no indivíduo
acaba por aparecer como regrado na espécie; exemplos disso são as estatísticas que dispomos
de casamentos, de nascimento e morte das pessoas. Kant compara tal situação com as
disposições climáticas. Ainda que o clima perpasse por variações que não podem ser
determinadas assertivamente na maioria das vezes, podemos observar certamente o
crescimento das plantas, o fluxo dos rios e outros acontecimentos naturais dependentes da
variação do clima, num curso uniforme e ininterrupto. Kant compara, dessa maneira, o fio
condutor do homem na história com a regularidade das variações climáticas. Ambos não
dispõem particularmente de uma regularidade visível, mas quando dispostos de maneira
ampla, vêem-se suas manifestações. Tem-se como objetivo de pesquisa para este estudo
retornar ao pensamento moderno, mais especificamente, o de Immanuel Kant, refletindo sobre
a caracterização do sujeito racional autônomo e a condição em que se encontrava em fins do
século XVIII, além da problematização da racionalidade como instrumento de progresso da
humanidade, de conquista da liberdade ética e política no percurso histórico. Este estudo visa
ainda, de maneira complementar, fornecer subsídios para o estudo da compreensão da noção
de racionalidade na contemporaneidade e as relações que se estabelecem entre liberdade e
autonomia de pensamento.
Palavras-chave: Kant; Filosofia da História; Cosmopolitismo; Iluminismo Alemão.
ANÁLISE DA OBRA A MAÇÃ NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR, SOB O
PONTO DE VISTA DE GILDA DE MELLO E SOUZA
BELFANTE, Maria Caroline. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
Este trabalho tem por objetivo expor características marcantes da escrita de Clarice Lispector
presentes na obra A maçã no escuro, a partir da análise feita por Gilda de Mello e Souza. O
romance se baseia na história de Martim, um homem que após cometer um crime foge e
através deste ato experiencia uma quebra dos valores que até então sustentavam sua vida. O
34
tema da liberdade é abordado aqui, pois em alguns momentos Martim busca fugir de certas
sujeições sociais e psicológicas, do seu passado e da vida que levava. Entretanto, tal ato só o
leva a se deparar com novas sujeições, que são aquelas que em seu pensar guiam um homem
livre. O instante ganha uma importância bem maior que a de costume na obra, na medida em
que é através dele que se desenvolve o fluxo temporal do romance. São descrições detalhadas
e minuciosas com o auxílio de certas expressões temporais que dão ao leitor a sensação de
estar vivenciando aquilo que é narrado. Há uma busca incessante por apreender as pequenas
parcelas de tempo, tarefa que é frustrada, uma vez que sua principal característica é ser
efêmera. A expectativa que se desenvolve pelo instante é devido a crença de que através dele
pode ocorrer um esclarecimento de ideias e fatos. Num sentido mais amplo, a descrição
detalhada do espaço ao redor das personagens, tão presente nas obras de Clarice Lispector,
ocorreria devido ao que Gilda de Mello e Souza denomina “visão míope”, gerada pela
condição social da mulher. Isto porque, segundo Simone de Beauvoir, durante a maior parte
da história a mulher foi relegada ao espaço doméstico e sua vida se resumiu a tarefas de
pequena importância do ponto de vista social. O fato de ter um espaço de atuação mais
limitado permite que a mulher veja o nítido contorno das formas que se apresentam.
Palavras-chave: Clarice Lispector; Literatura; A maçã.
ESTRUTURALISMO E ERNST CASSIRER
BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT). Orientador: Prof. Mestre
Silvio Moreira Barbosa Junior. E-mail: edilene_ab@yahoo,com.br
Esta pesquisa procura verificar as possíveis relações entre a filosofia das formas simbólicas de
Ernst Cassirer e o movimento estruturalista iniciado no final da década de 40 com os trabalhos
de Claude Lévi-Strauss. Tal relação foi explorada por Steve G. Lofts em sua obra Enrst
Cassirer: A “Repetição” da Modernidade. A sua proposta consiste na releitura da Filosofia das
Formas simbólicas á luz dos autores contemporâneos que o levaram em conta. O primeiro
capítulo se dedica a questão da “crise” do projeto da racionalidade que ocupou posição
importante nos estudos de Cassirer. Essa crise deriva da diversidade e autonomia que o
conhecimento humano alcançou, especialmente, entre a separação das ciências da natureza e
as ciências da cultura e pelo fato de a filosofia não ter sido capaz de unir os diversos ramos do
conhecimento humano sem abandonar as particularidades que cada um possui. Já o segundo
capítulo, tem como objetivo mostrar “a estrutura da função simbólica como função da
estrutura”. Num primeiro momento se procura um retorno da noção de simbólico a partir do
trabalho de Cassirer Substância e Função, que preparou o conceito de função simbólica que
ele utiliza na Filosofia das formas simbólicas tornando este conceito mais geral e abstrato.
Num segundo momento deste capítulo, Lofts relaciona o programa da filosofia das formas
simbólicas com um tipo de estruturalismo definido por Gilles Deleuze. A definição de
estruturalismo nunca foi consensual, mesmo entre os principais representantes do movimento.
Deleuze aborda esse problema quando convidado para desenvolver o verbete do
estruturalismo na edição de François Châtelet, Histoire de la philosophie. Ele enfrenta essa
dificuldade determinando sete características que podem ser encontradas em todo programa
35
estruturalista. Lofts mostra com relativo sucesso que o sistema da filosofia das formas
simbólicas pode ser interpretado por estas sete características. Todavia, um dos problemas que
esse estudo procura abordar é se o fato de um programa abarcar essas características seria
suficiente para considerá-lo organizado por elas. Inicialmente, este trabalho procura verificar
o acerto da proposta de Lofts analisando se o programa de Cassirer não é reduzido por ela a
uma filosofia da linguagem, a uma filosofia analítica ou a uma semiótica. Apesar das
contribuições que linhas diversas podem oferecer a filosofia das formas simbólicas, é
importante declarar que esse estudo partirá da interpretação neokantiana de Cassirer, opondo-
se as interpretações analíticas, semióticas e linguísticas. Através da abordagem estruturalista
de Lofts e da delimitação de seus problemas se pretende oferecer uma contribuição
sistemática a filosofia das formas simbólicas de Ernst Cassirer. Como conceito chave, a ideia
de descontinuidade, decisiva para o estruturalismo, foi escolhida para iniciar o plano
comparativo. O conceito de descontinuidade considerado a partir de Cassirer poderia se
verificar na relação entre as formas simbólicas, em que uma não se deriva da outra e, no
entanto, mantém entre si uma relação modal que poderia se aproximar da descontinuidade
estrutural.
Palavras-chave: Ernst Cassirer; Estruturalismo; Steve G. Lofts; Forma Simbólica;
Neokantismo.
O RESSURGIMENTO DO CRISTIANISMO NA MORTE DE DEUS EM GIANNI
VATTIMO
BONATTI, Claudio. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail: claudio-
Pretendo trabalhar a leitura que o filósofo italiano contemporâneo Gianni Vattimo (1936-) faz
da ideia da Morte de Deus proposta pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844- 1900),
tomado por Vattimo como uma espécie de precursor do filosofar contemporâneo, e sua
relação com um possível pensamento religioso. Descrever o modo e o porquê da concepção
antifundacionalista a que remete a morte de Deus ser possibilitadora de um pensamento
cristão declaradamente niilista. Não havendo mais fundamento em haver fundamento,
conforme declarará o autor italiano, dissolvendo-se com o fim da modernidade e início do
pensar contemporâneo as pretensões metafísicas de compreensão das estruturas últimas do
real, dissolução da concepção de verdade metafísica de adequação, ciente dos perigos que tais
posturas trazem, e pautando-se em uma hermenêutica baseada na compreensão nietzschiana
de que “não há fatos, mas apenas interpretações” o filósofo italiano propõe um pensamento
cristão não mais religioso, mas que a consumação da mensagem cristã se dá, paradoxalmente,
na secularização. Com a morte da noção de verdade objetiva expressa no anúncio
nietzschiano dissolve-se também a “necessidade” de um filosofar apologeticamente ateu, o
que cairia em uma concepção metafísica por pressupor a compreensão do fundamento último,
da verdade objetiva, e a mensagem cristã passa a ter valor como pragma, como ação, como
prática da Cáritas. O mundo multifacetado em que nos encontramos não mais se deixa
interpretar de modo a ser enquadrado a qualquer custo em uma verdade definitiva
36
enclausurante, estrutura fundante última e inquestionável, o que bate de frente com os ideais
democráticos e pluralísticos. Conforme afirmará o autor, sob a experiência pós-moderna,
justamente pelo Deus-fundamento não ser mais sustentável é que se torna possível a crença
em Deus. Eis o grande paradoxo, a grande ameaça que era o niilismo para o pensamento
moderno tornou-se a tábua de salvação e pedra-angular do pensar contemporâneo.
Palavras-chave: Vattimo; Nietzsche; Morte de Deus; Cristianismo; Secularização.
ANÁLISE DA REVOLUÇÃO COPERNICANA EM KANT
BORTOLETTO, Gabriela Perini. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr.
Maurício Cardoso Keinert. E-mail: [email protected]
Kant observa na Metafísica um amplo espaço de disputas pouco frutíferas ao saber, travadas
entre os dogmáticos e céticos. No dogmatismo, a Metafísica se estabelecia, com pouco rigor,
a partir da experiência para depois ascender às questões naturais da razão, cujas respostas
estão além da mera sensibilidade. Dessa forma, cria-se um pseudo conhecimento vulnerável
aos ataques céticos. Suportados pelo senso comum, no entanto, os dogmáticos teimam em
reestabelecer a suposta ordem dos saberes metafísicos. Assim, Kant procura estabelecer uma
nova Metafísica, segura como a Física e a Matemática. No entanto, para o filósofo, é
impossível fundamentar uma ciência pelas experiências comuns: somente a razão pura pode
afirmar, sinteticamente e a priori, a necessidade e universalidade de um fenômeno, isto é,
somente a razão pura fundamenta uma ciência em torno de um fenômeno. Então, os
conhecimentos metafísicos estão sem a menor possibilidade de avanço, pois não gozam de um
método de racionalização e nem da experiência para comprovar qualquer teoria. Para resolver
o problema, Kant analisa os princípios matemáticos e físicos para tentar os aplicar na
Metafísica, pois ambos saberes produzem conhecimentos seguros. Mas, para alcançarem esse
status de ciência, tanto a Matemática quanto a Física precisaram abandonar o campo da mera
constatação da experiência para se construírem a partir da razão pura. É justamente esse o
processo da revolução copernicana. Na Matemática, a revolução opera quando a ciência
constroi seus próprios conceitos. Já na Física, quando a razão modifica a natureza para obter
suas comprovações - ou seja, a natureza é apenas uma pedra-de-toque do conhecimento. A
exposição pretende demonstrar mais detalhadamente algumas marcas da revolução
copernicana na epistemologia que Kant desenvolve para tentar fundamentar sua nova
Metafísica.
Palavras-chave: Kant; Física; Matemática; Metafísica.
37
DA RECONCILIAÇÃO COM A REALIDADE À INSTRUÇÃO INTEGRAL –
CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS DE MIKHAIL BAKUNIN ÀS QUESTÕES
EDUCACIONAIS
BRITO, Luciana Ribeiro de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
Esta comunicação se propõe a inserir a trajetória do pensador anarquista Mikhail Bakunin nos
domínio da discussão filosófica acerca do papel social da educação, bem como das práticas,
conteúdos e métodos educacionais. A educação foi tema recorrente, ainda que por vezes
secundário, nos escritos de Bakunin desde seu período de juventude, identificado com o
hegelianismo de esquerda e a defesa do princípio hegeliano de reconciliação com a realidade,
até seu amadurecimento enquanto militante revolucionário no período de atuação na
Associação Internacional de Trabalhadores e o desenvolvimento da proposta de instrução
integral. Longe de pensarmos uma ruptura, pretendemos a defesa da existência de uma relação
de profunda continuidade no pensamento do autor, na qual o hegelianismo de esquerda é
apenas o germe de seus questionamentos e problematizações da realidade social e cultural de
sua época, que posteriormente é aprofundado e radicalizado até o ponto em que, sob a
influência das ideias socialistas, Bakunin assume a necessidade da ruptura revolucionária
como única via para efetivação do que pretendia desde a defesa da proposta de reconciliação
com a realidade. Questionando a historiografia hegemônica que descreve Bakunin como um
homem de ação e carente de perspectivas teóricas, buscaremos apresentar, ainda que
sinteticamente, os questionamentos e influências assumidos pelo filósofo durante o período de
juventude e de contato com o hegelianismo. Durante seu processo de elaboração teórica, que
permeia toda a vida do pensador e militante russo, a educação aparece sempre como elemento
de fundamental importância, tanto para a compreensão da realidade social quanto para a
efetivação dos intentos de transformação revolucionária da mesma. Nesse sentido,
apresentaremos as ideias de Bakunin sobre a educação ainda sob a influência do
hegelianismo, entendendo que ali se encontram em germe as preocupações que abrem
caminho para a perspectiva revolucionária defendida posteriormente, a partir de uma
perspectiva filosófica e comprometida com o contexto social em que se inserem as
problematizações pedagógicas.
Palavras-chave: Bakunin; Educação; Hegelianismo; Reconciliação com a realidade;
Instrução integral.
SEMÂNTICA FORMAL PARA LINGUAGENS NATURAIS: O NÓ GÓRDIO DA
APLICAÇÃO NO CAMPO JURÍDICO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DA
SINTAXE, SEMÂNTICA E METATEORIA DAS LÓGICAS MODAIS?
CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail:
Ao investigar as possibilidades de aplicação dos resultados do estudo da sintaxe, semântica e
metateoria das lógicas modais, notadamente temporal e deôntica, no campo jurídico (Projeto
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de Pesquisa 08211/UEL), descortinou-se um sem-número de dificuldades, dentre as quais o
polêmico problema da (im)possibilidade de uma semântica formal para linguagens naturais,
por intermédio das quais se expressam sistemas morais, políticos e jurídicos. A presente
comunicação dedica-se exclusivamente a essa gama de desafiadoras questões. A construção
de uma semântica formal aplicada a linguagens naturais repercutiria com vantagens em
muitas áreas. O cientista da língua ganha em precisão com a possibilidade de fazer linguística
com o rigor da matemática. Com a mesma nitidez o cientista das ciências naturais formulará
teorias. O filósofo analítico discriminará não sem menor clareza os discursos com sentido e
aqueles sem sentido, fundamentando com extraordinário vigor os primeiros. O jurista com
mesma exatidão dissecará sistemática e conceitualmente o direito vigente. Ocorre que Tarski
opôs duas relevantes objeções à aplicação da semântica formal às linguagens naturais: estas
são semanticamente abertas e não possuem sintaxe exatamente especificável. A primeira
objeção foi superada por Manholi, que, com base em intuições russellianas relativas ao
conceito de verdade, apresentou uma semântica formal para linguagens-objeto
semanticamente fechadas. A segunda objeção foi bem respondida por programas como o de
R. Montague e de D. Davidson, que granjearam construir não uma semântica formal para
linguagens naturais, mas uma semântica formal para uma linguagem formal que traduz (ou
mapeia) a linguagem natural. A objeção de que a ausência de estrutura sintática exatamente
especificada inviabilizaria o mecanismo recursivo necessário para a concepção da semântica
formal, foi rechaçada a partir do procedimento de tradução ou mapeamento da linguagem
natural sobre a formal, estabelecendo entre elas uma função bijetora, donde se seguiria uma
semântica formal por via indireta, já que a semântica formal já foi estabelecida pelo próprio
Tarski. Nessa toada, o grande desafio de programas como o de Davidson e de Montague é
formalizar parcelas da linguagem natural até então recalcitrantes à formalização, normalmente
aqueles fragmentos da língua natural de pouca relação com a teoria dos conjuntos. A
impossibilidade atual de formalização de toda a linguagem natural não é motivo para
abandono dos programas, até porque muitos progressos já foram alcançados mercê de estudos
recentes. Enfim, a questão sobre a viabilidade de criação e implementação de sistemas
formais com operadores modais capazes de representar a linguagem natural por meio da qual
se expressam sistemas jurídicos permanece em aberto.
Palavras-chave: Lógica; Semântica formal; Direito; Linguagem.
A REFERÊNCIA ARENDTIANA A MARX NAS ANÁLISES ACERCA DA
IDEOLOGIA E TERROR
CAMPOS, João Pedro Andrade de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFJS).
Orientador: Prof. Dr. José Luiz de Oliveira. E-mail: [email protected]
Na apresentação à edição brasileira de A condição Humana, Adriano Correia nos descreve
uma Hannah Arendt com análises convergentes ao pensamento marxiano. Tal estreitamento é
impulsionado pela teoria arendtiana acerca das relações do homem com o mundo do trabalho.
Não é difícil percebermos as correspondências a Karl Marx e Friedrich Engels nos escritos
arendtianos, principalmente na já citada relação homem e trabalho, que compõe a sustentação
39
da Vita Activa. Além da atividade do trabalho, a Vita Activa é composta por duas outras
atividades, a saber, obra e ação, que se fazem necessárias, tanto para a aproximação de Arendt
aos escritos marxistas, como também para o seu necessário distanciamento. Essas três
atividades basilares nos fornecem um material extremamente significativo para uma
investigação das possíveis causas facilitadoras do surgimento de um sistema totalitário e de
seus métodos nunca antes experienciados. A perspectiva pela qual desenvolveremos este
trabalho possui como principal fundamento teórico, a obra Origens do Totalitarismo,
particularmente no que consistem as observações feitas sobre a Ideologia e Terror. Debruçar-
nos-emos a respeito das referências arendtianas no âmbito das Leis Naturais e Históricas.
Buscar-se-á investigar em que medida possa ter ocorrido uma leitura tendenciosa das obras de
Marx e Engels em proveito de utilizar a estrutura conceitual de ideologia como suplementação
do Nazismo e do Bolchevismo. Explicitaremos também, o que nossa autora discute em torno
do fenômeno da natalidade, ou de que maneira tal fenômeno pode ser encarado como a
expressão de um milagre, desencadeador do próprio fim do Estado Totalitário. Insere-se na
discussão acerca do que Arendt entende por natalidade, a atividade da ação, correspondente
ao relacionamento plural que a humanidade desenvolve entre si e que por tratar-se de uma
relação promovida por atos e palavras, é subitamente vedada pelo contexto Total do governo
já mencionado. Nosso trabalho, portanto, tem por desígnio elencar as referências políticas de
Arendt à Marx sob o eixo central dos elementos totalitários supracitados.
Palavras-chave: Marxismo; Ideologia; Terror; Totalitarismo; Natalidade.
O ESTATUTO ONTOLÓGICO DA DIFERENÇA
CARVALHO, André Alves de. Universidade de São Paulo (USP). E-mail:
Nesta comunicação, procurarei explicitar a leitura que Gilles Deleuze faz da obra
Heideggeriana, visando assim, recuperar o sentido de uma filosofia da diferença, recorrente na
obra de ambos os autores, caracterizada pela defesa da ideia de "Univocidade do Ser". Desde
o prólogo de sua tese principal de doutoramento, “Diferença e Repetição”, Gilles Deleuze nos
alerta que o assunto ali examinado esta “evidentemente no ar” e destaca entre várias outras
referências, a obra do assim chamado “segundo Heidegger”, cujo pensamento, cada vez mais
estaria direcionado para uma filosofia da Diferença ontológica”. De acordo com o próprio
Deleuze, o conceito de Diferença (Différance) – este tema filosófico de época- pode ser
atribuído a um certo “Anti-hegelianismo generalizado”, onde no lugar de pensarmos o Ser,
por aquilo que lhe é idêntico e por sua negação, deveríamos concebe-lo conforme a
diferenciação (Différenciation) e a repetição de um dado. Tomamos como evidente, o
pressuposto de que a identidade de algo define a maneira pela qual este algo pode ser
representado. Todavia, o mundo moderno, como indica Foucault em “Les mots et les choses”,
nasce da crise da ideia de representação (ou ao menos de um certo modo de representar): “O
desaparecimento necessário daquilo que funda a representação- daquele a quem ela
assemelha-se e daquele aos olhos de quem ela é apenas semelhança. O próprio sujeito - que é
o mesmo- foi elidido. E finalmente livre desta relação que a aprisionava, a representação pode
40
se oferecer como pura representação”. Neste sentido, Deleuze procura em “Diferença e
repetição”, tecer críticas contundentes a este modo da representação, cujo primado é conferido
pelo próprio princípio de identidade. A crise da representação na modernidade, implica
também, na reconfiguração do sujeito, que se constitui no interior da própria representação e
do espaço, assim como o ser-no-mundo (In der Welt Sein) heideggeriano. Deste modo,
teríamos um ser múltiplo, em constante devir, sempre constituído pela diferença na
representação no mundo, “(...) mundo cintilante das metamorfoses, das intensidades
comunicantes, das diferenças de diferenças, (…) mundo de simulacros ou de mistérios”;
Sendo assim, a princípio, há uma única inconsistência dentro do sistema filosófico de
Deleuze, pois a ontologia deleuziana, assim como a de Parmênides, Duns Escoto, Espinosa e
Heidegger, afirma que há apenas uma única substância para o existente. A tese da
univocidade do ser defendida por Deleuze, é portanto o fio condutor para compreendermos
sua ontologia da diferença, e como acrescenta Badiou em “Deleuze: La clameur de l'Être”: “A
questão colocada por Deleuze é a questão do Ser. De uma ponta à outra de sua obra trata-se
sob a pressão de casos inumeráveis e arriscados, de pensar o pensamento (seu ato, seu
movimento) sobre o fundo de uma pré-compreensão ontológica do Ser como Uno”.
Palavras-chave: Heidegger; Filosofia da Diferença; Deleuze; Ontologia.
TRÊS VISÕES ACERCA DO VAZIO E DO VÁCUO
CARVALHO, Jéssica Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
O objetivo desse trabalho é fazer uma análise sobre o vácuo e o vazio, a partir de três
diretrizes, iniciando com um olhar da arte marcial tai chi chuan, prosseguindo por um viés
poético em Rubem Alves, e encerrando com o Princípio da Incerteza de Heisenberg na
mecânica quântica. O primeiro princípio visa abordar o vazio através dos movimentos
corporais, baseando-se numa busca de equilíbrio do corpo onde um lado concentra todo o
peso corpóreo, e o outro lado encontra-se livre de sobrecarga, ficando “vazio”. O segundo
princípio trata o vazio como a ausência de sentimento colaborativo e compreensivo para com
o outro, retratando também a ausência de sensibilidade para os pequenos detalhes do
cotidiano. Já o terceiro princípio traz os conceitos de vazio, vácuo e nada na física, e
embasado em tais conceitos, utiliza-se do Princípio da Incerteza de Heisenberg para
argumentar a impossibilidade da existência do vazio através da Mecânica Quântica.
Palavras-chave: Vazio-vácuo; Tai chi chuan; Rubem Alves; Princípio da Incerteza de
Heisenberg.
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A JUSTIFICAÇÃO LEIBNIZIANA DO CONCEITO DE LIBERDADE
CARVALHO, Joebson Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:
Prof. Dr. Agostinho de Freitas Meirelles. E-mail: [email protected]
Em nossa comunicação realizaremos algumas considerações concernentes à concepção de
liberdade de Leibniz. O desafio enfrentado pelo filósofo ao defender tal concepção consiste
em negar a possibilidade de haver “liberdade de indiferença”. Segundo ele, todas as escolhas
da vontade são motivadas, não haveria, portanto, escolhas sem que houvesse razões
determinantes. A aplicação do princípio de razão suficiente sempre é exigida no domínio da
contingência. Não há como este princípio ser aplicado caso existam alternativas para uma
escolha que sejam totalmente simétricas, isto é, idênticas. Se houvesse absoluta identidade
entre os motivos de uma escolha, essa identidade impossibilitaria tal escolha. Deste modo, o
filósofo pretende defender-se da acusação de fatalismo mostrando que o conceito de liberdade
de indiferença conduz ao irracionalismo. Em nossa exposição objetivamos apresentar os
principais pontos da argumentação do filósofo por meio qual é mostrado que o conceito de
liberdade só encontra seu verdadeiro sentido se for compreendido a partir dos princípios
lógico-metafísicos que o sustentam.
Palavras-chave: Vontade. Contingência. Liberdade. Necessidade. Reflexão.
INSURREIÇÃO E REBELIÃO DO HOMEM-MASSA: APONTAMENTOS DE
CRISES HISTÓRICAS
CASSIANO, Jefferson Martins. Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas). E-mail:
Neste presente estudo, avalia-se a questão da massificação social a partir do pensamento do
filósofo espanhol Jose Ortega y Gasset. Em sua principal obra, A rebelião das massas (1930),
o autor examina um novo período de crise, no qual a cultura Ocidental encontra-se ameaçada.
Nesse estudo considerado sua principal obra, Ortega detecta a dissolução da estrutura social
promovida pelo homem-massa sobre a minoria seleta. Trata-se de uma nivelação: crescimento
vital das possibilidades socioeconômicas e políticas; decadência dos valores pessoais de
capacidade reflexiva; o resultado é o homem-médio. Acresce ainda, a constatação do
fenômeno de massificação de que padecem todas as nações europeias. Nesse momento, o
homem-massa passa a ser a identidade decisiva na história do Ocidente. Para tanto, o
fenômeno de massa acontece em duas perspectivas desse processo: aspecto quantitativo e
aspecto qualitativo. Ortega inicia por descrever as multidões urbanas, crescimento
populacional vertiginoso no final do século XIX. A multidão, tradicionalmente marginal,
periférica, superficial, começa a ser visível. Começa haver ofertas de facilidades, serviços e
comodidades nunca antes experimentadas e direcionadas às multidões urbanas, ocasionadas
pelo enriquecimento e desenvolvimento capitalista, e aumento da pressão material dos bens de
consumo. A essa perspectiva do processo de massificação cultural de cariz quantitativo
propõe-se denominar insurreição das massas. A rebelião das massas assinala a deficiência
ética da desmoralização dos valores superiores, ocorrendo sua inversão como direito da
42
maioria outorgada à minoria, que inicia-se pelo poderio público, verificado em movimentos
sociais como a democracia liberal e o populismo nacionalista . A constituição histórica e a
conformação social do homem-massa torna-o o modo mais contraditório da vida humana.
Enquanto tipo genérico de identidade histórica e social, manifesta-se pela hostilidade, a recusa
às responsabilidades exigidas para manter a estrutura social resultantes do esforço e da
autenticidade humana. A rebelião das massas é um estágio no qual vigora o primitivismo, a
decadência e a barbárie. Primitivismo porque falta o sentido histórico; decadência em razão
do passado obliterado e do hermetismo ao outro; barbárie pois recorre à ação direta como
imposição imediata da vontade. A falta no caráter pedagógico manifesta as deficiências
radicais da cultura moderna. A consequência, desse modo, conduz ao aspecto qualitativo de
uma crise catastrófica da Razão; pode-se conhecê-la por rebelião das massas.
Por fim, observa-se alguns apontamentos encontrados nas obras de Ortega que coincidem com
a atualidade da crise histórica da cultura Ocidental fundamentada na catástrofe da Razão em
desenvolver a massa como sujeito.
Palavras-chave: Homem-massa; Crise; Ortega y Gasset.
A MODULARIDADE DA MENTE: UMA PERSPECTIVA SISTÊMICA
COELHO, Bruno. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo
Ramos. E-mail: [email protected]
O debate acerca da modularidade da mente encontra-se num impasse. Jerry Fodor e
psicólogos evolutivos como Steven Pinker e John Tooby afirmam que a arquitetura cognitiva
é composta por módulos informacionalmente encapsulados, de domínio específico. Enquanto
autores como David Buller sustentam que há desafios metodológicos a serem superados, ou
seja, as evidências não são conclusivas. Considerando os dois lados, pretendo neste trabalho
expor duas versões da teoria modular da mente, uma forte, inaugurada por Fodor na obra The
Modularity of Mind, onde o sistema central e periférico são modulares, guiados por inputs e
funcionalmente específicos, e uma fraca, onde apenas o sistema periférico apresenta esta
estrutura modular, mantendo o sistema central passível de modificações. Em seguida,
exponho objeções feitas as duas versões. Uma das objeções é feita contra os argumentos
adaptacionistas. Pinker afirma que diversas habilidades adquiridas, como reconhecimento
facial de aliados e capacidades linguísticas, são adaptações resultantes de problemas
enfrentados por nossos ancestrais. Devido boa parte das evidências estarem perdidas,
questiona-se a força destes argumentos. Outra objeção é direcionada a teoria computacional
da mente. Na obra The Language of Thought, Fodor defende uma teoria representacional do
conteúdo mental, onde diversos conceitos são inatos, os quais através de manipulação
sintática resultam em uma 'linguagem de pensamento'. Contudo, há indícios para pensar que a
cognição possui aspectos anti-representacionais importantes, onde nossa relação com o
ambiente é igualmente relevante para percepção e formação de conceitos, isto é, o ambiente
próximo e as experiências formadas acerca de noções apreendidas são contextuais. Por fim,
defendo uma perspectiva sistêmica acerca da arquitetura cognitiva, que admite os módulos se
interligando através de redes de informação. Esta modelagem resultante de estudos em
43
sistemas complexos, oferece diversas vantagens explicativas: estar coerente com dados
empíricos mais recentes, não estar baseada somente em argumentos históricos e ainda explicar
funcionalidades específicas da cognição humana.
Palavras-chave: Modularidade; Mente; Fodor.
UMA NOVA CONCEPÇÃO DOS QUALIA
COSTA, Héden Salomão Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.
Luís Eduardo Ramos. E-mail: [email protected]
A minha pesquisa entende que qualia objetivo se refere a uma particularidade não intrínseca
da experiência no mundo. Na verdade, estes qualia, se sustentam epistemologicamente
perante reações estímulo-resposta a partir das percepções e sensações conjuntas entre os
indivíduos. Então, esta investigação quer mostrar que em pleno século XXI não é mais
possível compreender a objetividade deles levando em consideração a terminologia de
essência universalista. Se na filosofia tradicional, terminologicamente qualia “se faz plural de
quale, palavra latina referente à qualidade abstraída como essência universal independente da
cor e da forma” (JORGE, 2007, p. 55), o construto teórico desta definição paira no avanço e
evolução das técnicas de neuroimagem, a nova lingüística, a tecnologia do DNA
recombinante, a nova antropologia, a ciência cognitiva, etc. Assim, pode-se afirmar com toda
“propriedade” que as qualidades desde grupo não pode ser universalizada, pois cada grupo
humano se diferenciam em seus aspectos cotidianos, isto é, cada grupo possui tais qualidades
e afinidades pelo modo particular de conceber seus próprios conhecimentos e aprendizagens.
Em outras palavras, antropologicamente, não se pode universalizar as qualidades de um grupo
a partir de suas experiências cotidianas. Tais, qualidades são fragmentárias e plurifuncional e
consequentemente dependem da “cor” (ou seja, do meio em que vivem esses seres) e também
da “forma”, ou seja, como se expressa um determinado grupo étnico segundo sua cultura, de
outra maneira, uma espécie de funcionalismo cultural que pode ser compreendido
coletivamente. Sabe-se que Ana Jorge parece desconsiderar a “cor” e a “forma”, pois a autora
está “presa” na etimologia e conseqüentemente na terminologia dos qualia. Neste sentido, os
qualia objetivo se justificam pelos pressupostos de transmissão. Quer dizer, a mente ao criar
uma realidade social objetiva leva em consideração as relações, os fatos, o processo de
transmissão de indivíduo para indivíduo, o meio ambiente em que vivem esses indivíduos
também são fatores fundamentais para uma relação em grupo tendo, portanto, uma afinidade
entre eles, de compreensão, de gestos, escutas, visibilidades, costumes, etc. Em outras
palavras, são tipos de “linguagem-imagem-escuta”, que entrelaçam um modo coletivo de
expressão. Isto é, uma espécie de “funcionalismo cultural quase inconsciente”. Este
funcionalismo cultural nos parece que está conectado por genes e dependem da genética dos
indivíduos que corporificam o “estado” do grupo. Assim, a minha pesquisa finalizará esta
comunicação exemplificando a partir da cultura dos esquimós. Este grupo étnico conhecido
pela sua cultura típica de viver em uma região quase não habitada por seres humanos vivendo
na região da Antártica. Eles conseguem sobreviver em um clima que chega aproximadamente
44
-88°C. Afinal, a pretensão da minha pesquisa é articular a ideia que esse grupo tem a
possibilidade de perceber várias tonalidades de branco; ou seja, enquanto que outros povos do
mundo dizem que a cor branca é apenas uma, os esquimós estabelecem que a cor branca têm
várias tonalidades, a saber, para Mikosz, os esquimós possui aproximadamente vinte e quatro
nomes para a cor branca (2007, p. 3). Ora, isto não refutaria a ideia de cultura universal?
Palavras-chave: Qualia; Objetividade; Cultura; Esquimós.
NOTA SOBRE O PRINCÍPIO DE RUSSELL
COSTA, Matheus Pereira. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr. Caetano
Ernesto Plastino. Bolsista do PET-USP. E-mail: [email protected]
É comum o paralelo feito entre o princípio de Russell: "o sujeito não pode fazer um juízo
sobre alguma coisa a não ser que ele saiba qual é o objeto do seu juízo” (Evans, 1982, p. 89);
e a frase de Sócrates no Teeteto (188a, 208e): “Então, se um homem com um juízo correto
sobre qualquer uma da coisas, apreende suas diferenças do resto, ele se torna conhecedor da
coisa que ele apenas tinha um juízo” (208e). A comparação entre esses casos e o princípio tal
qual apresentado por Russell nos Problemas da Filosofia (“não é concebível que possamos
fazer um juízo ou considerar uma suposição sem saber sobre o que estamos julgando ou
supondo” (p. 58)), foram discutidos por McDowell e Burnyeat à luz de questões
epistemológicas. Entretanto, ainda é interessante analisar os pontos de contato e as diferenças
entre os três casos (Russell, Platão e Evans), em especial às diferentes noções de
conhecimento pressupostas nas diferentes aplicações. Num primeiro momento, pretendo
investigar se haveria uma maneira de formular o princípio de modo que ela dê conta dos
interesses dos três principais autores. Esta investigação, por si só, se desdobra em duas
questões: (a) a análise, para evitar o anacronismo, precisa expor, antes de qualquer coisa, a
discussão filosófica por trás dos enunciados e então, será possível considerar quais são os
pontos teóricos de contato; e (b) há uma diferença evidente entre as exposições, pois, para
Russell o conhecimento necessário para o pensamento é o conhecimento por contato (by
acquaintance). Deste modo, na segunda parte do trabalho, investigo esse pressuposto crucial
do princípio que é a noção de “conhecer”, tais quais empregadas por Russell e Platão. Por fim,
pretendo discutir se de fato, e em quais casos, o princípio de Russell (ou princípio de
discriminação) seria uma condição necessária para o pensamento.
Palavras-chave: Bertrand Russell; Teoria do conhecimento; Princípio de Russell; Teeteto;
Platão.
45
MICHEL FOUCAULT: PARRESÍA E AÇÃO POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA
COSTA, Paulo Henrique Pinheiro da. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:
Prof. Dr. Ernani Chaves. E-mail: [email protected]
Pretende-se analisar a leitura do pensamento político de Platão, feita por Michel Foucault no
seu curso Le Gouvernement de Soi et des Autres, proferido no Collège de france, em 1982-
1983. Neste, o filósofo faz um deslocamento significativo ao interpretar o pensamento
político como conselho da ação política, como racionalização da ação política, e não mais
como elaboração de teorias sobre regimes políticos ou contratos fundamentais. Foucault
percorre por vários textos da antiguidade, como as tragédias de Eurípides, dentre outros, para
desenvolver a noção importantíssima de parresía ao longo do curso. Porém, será apreciado
aqui, particularmente, as Cartas de Platão, em especial a Carta VII, na qual, segundo o
filósofo, é revelado o outro lado do pensamento político. Para desenvolver essa perspectiva,
Foucault trabalha as noções de logos e érgon, ou seja, de palavra e realidade, de discurso e
ação, tendo como motor fundamental a parresía, isto é, a coragem da verdade, direcionada
como conselho ao soberano político. Se por um lado Foucault mostra as dificuldades da
parresia na política (Eurípides e Tucídides), por outro, através de sua incursão pelas Cartas de
Platão, mostra a possibilidade da parresía através do dizer verdadeiro filosófico como
conselho no exercício político, no qual a Filosofia consegue tocar a realidade.
Palavras-chave: Ação política; Coragem da verdade; Filosofia; Parresía.
A ESTRATÉGIA NIETZSCHEANA CONTRA O PRECONCEITO DA MORAL
INGLESA
CRUZ, Francisco Edson Carreiro. Universidade de Brasília (UnB). Orientador: André Luíz
Muníz Garcia. E-mail: [email protected]
Trata-se de apresentar a estratégia argumentativa desenvolvida por Nietzsche no início da
primeira dissertação da Genealogia da Moral. Mais precisamente, visa-se a elucidar o
confronto entre a genealogia utilitarista inglesa e a própria genealogia nietzscheana para então
trazer à tona o que Nietzsche considera um erro, i.e.: “o preconceito que [hoje] vê
equivalência entre 'moral', 'não-egoísta' e 'désinteréssé'” (GM I 2).
Palavras-chave: Não-egoísmo; Genealogias; Preconceito; Moral.
ESTADO E SOBERANIA EM ESPINOSA E HEGEL
CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:
Prof. Dr. Pedro Novelli. E-mail: [email protected]
Examinaremos como os autores Espinosa e Hegel constroem teoricamente a constituição do
Estado, bem como a relação entre o emergir do Estado e o poder soberano deste.
Destacaremos então as proximidades e distanciamentos acerca do conceito entre os dois
46
filósofos. Segundo Espinosa, o Estado se constituí pela união dos indivíduos em prol de um
bem comum, este estágio marca a saída dos indivíduos do Estado de natureza. Fase em que
estes vivem em guerra pela sobrevivência e por isso não tem plena liberdade de ação, vivendo
sob o reino da necessidade. A função última do Estado, é para Espinosa, conduzir os homens
à uma vida livre pois quando os homens não se ajudam vivem miseravelmente, porém o
Estado só merece existir desde que represente os interesses da maioria da população, a
multitude. Espinosa defenderá, portanto, o regime democrático “a soberania não é transferida
a ninguém, está distribuída no interior do corpo social e político, sendo participada por todos
sem ser repartida ou fragmentada entre seus membros”. (Chauí, Marilena, p.132). Esse
Regime seria, para o autor, o único que não se estruturaria de forma a usurpar o poder de
governar pertencente originalmente a Multitude. Hegel conduzirá a mesma discussão acerca
do Estado destacando também a forma de regime que condiz com a real finalidade do Estado
que para o autor também é a liberdade dos indivíduos. Hegel tomará a discussão por outras
vias, à defesa da monarquia constitucional. Hegel assim como Espinosa concebe o hipotético
estado de natureza, como a estágio em que os homens não podem viver e agir livremente, o
Estado representa também o poder que garante que os indivíduos não “retornem” a esse
estágio. Assim como Espinosa Hegel criticará os regimes monárquicos feudais, aristocráticos,
porém criticará também o regime democrático e defenderá como regime que oferece ampla
liberdade aos indivíduos, assim como a proteção dos interesses particulares contidos na
universalidade, a monarquia constitucional. A soberania do Estado Hegeliano reside no
monarca, somente a monarquia constitucional manifesta-se como universal concreto, união
das particularidades. Somente neste regime o Estado permanece seguro, sem riscos de
dissolução e isto é feito sem usar de tirania, sem limitar as liberdades individuais, pois o
monarca para o autor representa a união destes particulares “No Estado constitucional legal, a
soberania representa o que há de ideal nos domínios e atividades particulares; isso significa
que tal domínio não é algo autônomo e independente nos seus fins e modalidades, de fechado
em si mesmo, pois nos seus fins e modalidades é definido pelos fins do conjunto (que em
geral são designados, numa expressão vaga, por bem do Estado.(Hegel, 2003, p.254).
Palavras-chave: Estado; Soberania; Espinosa; Hegel.
O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO NA GRÉCIA ANTIGA: DO
MÍTICO AO FILOSÓFICO
DIEGO, Pedro José de Oliveira y. Universidade de São Paulo (USP). E-mail:
O trabalho tem como objetivo refletir sobre os principais pontos do discurso mítico e do
filosófico, e ambientar o cenário que culminou na transformação de discursos. Pontos em
comum são múltiplos porém a essência que permeia e define os enunciados são
completamente opostas. Durante o decorrer do texto pretendemos ressaltar como a partir da
concepção mitológica de mundo criamos o mundo mitológico e, na sequência, como esse
mundo se transforma perante a nova concepção filosófica. Acompanhando a leitura de J. P.
Vernant nos propomos estabelecer laços entre o período final do discurso mítico e o início do
47
discurso filosófico, procurando alguma sobreposição de conceitos e valores. Dentro dessa
proposta buscamos destacar que a visão de mundo é determinante no mundo objetivo,
resultando em uma nova fonte de onde beber a verdade.
Palavras-chave: Filosofia Antiga; Discurso mítico; Discurso filosófico, J. P. Vernant.
O SENTIDO DE CAUSALIDADE ATRIBUÍDO ÀS INTELIGÊNCIAS EM TOMÁS
DE AQUINO
DINIZ, Eveline de Lourdes Ferreira. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Orientador: Prof. Dr. Márcio Augusto Damin Custódio. E-mail: [email protected]
Este estudo tem como finalidade a análise dos capítulos 23-24 e 78, bem como o argumento
2556 do capítulo 80, da Suma contra os gentios, de Tomás de Aquino. Nosso objetivo surge
diante dos argumentos de Tomás sobre as Inteligências como causadoras do movimento
celeste, o qual, por sua vez, é causa de movimento no mundo terrestre. Há, pois, conforme
Tomás, argumentos segundo os quais as Inteligências governam, mediante os corpos
superiores, os corpos inferiores à finalidade divina. Argumentos precedentes de um critério
segundo o qual seres mais perfeitos governam seres menos perfeitos. Isto é, seres mais
próximos do Primeiro Motor, cuja causalidade contínua no mundo se inicia pelos seres
intelectuais, governam seres que lhe são menos próximos. De modo que os seres causadores,
por sua vez, têm uma finalidade transferível para o objeto no qual causam movimento, o que
permite a todos os movimentos realizarem-se conforme um princípio intelectivo. Mesmo os
corpos irracionais, deste modo, fazem parte deste sistema advindo de intenções inteligentes. O
que nos leva às diferenças de causalidade entre seres ontologicamente distintos, a saber,
racionais e irracionais. Donde os seres racionais são mais perfeitos que os irracionais, e
portanto lhes são princípio de causalidade. Causalidade esta, entre seres corpóreos, ocorrente
na instância do movimento. Ao passo que a causalidade entre seres incorpóreos ocorre na
instância do conhecimento. Pensamos, pois, que a defesa do movimento celeste, não como
advindo de um princípio natural ativo, mas como meio através do qual as Inteligências agem
nos corpos, faz surgir uma investigação na qual a relação de causalidade ocupa lugar central.
É nosso objetivo analisar em que medida e em que âmbito as Inteligências podem ser causa de
movimento em seres inferiores, através dos movimentos celestes, de modo que Tomás seja,
ou não, defensor de certo tipo de determinismo cosmológico, o qual explicaria uma cadeia de
movimentos ordenados e pré-estabelecidos.
Palavras-chave: Inteligências; Causalidade; Cosmologia; Tomás de Aquino.
IMORALIDADE E LIBERTINAGEM
FACIOLI, Pedro Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Ana Maria Portich. E-mail: [email protected]
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A França vivia sob o comando de Robespierre quando é publicada A Filosofia na Alcova, do
Marquês de Sade. O livro, que descreve pela perversão sexual uma educação libertina, utiliza
como princípios dessa educação os mesmos que a filosofia materialista do século XVII. O
ateísmo das teses materialistas contrasta com o regime da época, que mandava à guilhotina
qualquer indivíduo que partilhasse de ideias ateístas. A corrupção de costumes apresentada
durante o livro será a base de análise desta comunicação, que pretende demonstrar como a
imoralidade, nas obras sadianas, além de refratar o materialismo ateísta, defende o primado do
individual sobre o social.
Palavras-chave: Marquês de Sade; Imoralidade; Libertinagem; Materialismo; A Filosofia na
Alcova.
DA DOXA À EPISTEME: A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NO MÊNON DE
PLATÃO
FARIA, Aline Apipe de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Orientador: Prof.
Dr. Luiz Paulo Rouanet. E-mail: [email protected]
O Mênon é uma obra que pode ser caracterizada como uma síntese platônica sobre o saber, a
política e a moral. Abrangendo, assim, uma identificação da função pedagógica e política da
questão do saber. Platão faz a utilização de metodologias distintas: a “elênctica” (típica dos
diálogos socráticos), de acordo com esse método, nossas definições valem ou não “de todo”,
como saber, o que faz com que a investigação oscile entre o total saber e o total não saber,
sem que haja nenhuma possibilidade de passagem do não saber ao saber; e a “hipotética”
(característica da obra sobre as “formas”), que é um “método por hipótese” em que a teoria
específica é que a virtude seja ciência e, consequentemente, ensinável, tal hipótese pareceria
verificada com o reconhecimento da virtude como uma ciência, uma vez que a virtude é um
bem e que o único bem é a ciência. A partir de ambos os métodos leva-se a tematização da
virtude, introduzindo-a na questão da relação entre doxa e episteme, assunto central e um
tanto problemático dos diálogos críticos. Na mesma obra há também a apresentação das bases
da teoria da reminiscência – segundo estudiosos, o autêntico modelo cognitivo platônico –,
transmitindo-nos a reflexão conhecida como “paradoxo de Mênon” que, em poucas palavras:
“Não é ao homem possível procurar nem o que conhece, nem o que não conhece [...]” (80d)
pela primeira vez a reflexão se confronta com o problema da aquisição de novos
conhecimentos. Este texto, portanto, tem por objetivo elucidar a relação entre saber e
conhecimento levando em conta o diálogo Mênon e a aporia que Sócrates propõe ao escravo
de Mênon, através da “Teoria da Anamnese”, que visa refutar a tese de que a aporia seja um
mal, além de também contestar que o “paradoxo de Mênon” estabeleça a impossibilidade de
se investigar o que se desconhece.
Palavras-chave: Doxa; Episteme; Reminiscência; Aporia.
49
O DILEMA ENTRE OS PARÂMETROS DE ORDEM E DE CONTROLE NA
CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL NO CONTEXTO DA TEORIA DA
AUTO-ORGANIZAÇÃO
FARIA, Sílvia Helena Guttier. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio Alves. E-mail: [email protected]
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a formação de uma possível
identidade social a partir do problema dos parâmetros de ordem e de controle desenvolvidos
no contexto da teoria da “auto-organização”. Consideramos um sistema dinâmico como um
sistema auto-organizado constituído por vários componentes individuais que interagem de
inúmeros modos, de tal maneira que todos componentes que interagem simultaneamente
contribuem para o comportamento do sistema; essa interação produz padrões de
comportamentos, denominados “parâmetros de ordem”. Tais parâmetros influenciam e
“escravizam” os componentes do sistema, forçando-os a se unificarem dentro do sistema,
criando uma “causalidade circular”. Ou seja, componentes de ordem superior, no plano
macroscópico, que restringem e/ou influenciam componentes de ordem inferior, no plano
microscópico, o efeito de uma causa no sistema afeta sua própria causa, havendo uma
alteração recíproca e interação coletiva entre ambos os planos. Diferenciando-se dos
parâmetros de ordem, surgem os chamados “parâmetros de controle”, que são a produção de
comportamentos destoantes da ordem estabelecida e que forçam os sistemas a entrarem em
situações instáveis, assim ocorrendo mudanças em sua ordem. Porém, esta é uma força não
específica e por vezes escondida; a instabilidade causada pelos parâmetros de controle causa
uma inquietude no sistema. Pode assim demorar certo tempo para que este retorne à
estabilidade; há, então, uma divergência entre os parâmetros, sendo o primeiro acima citado, o
que governa o comportamento dos componentes do sistema dinâmico. Entendemos uma
sociedade como um sistema dinâmico cujos componentes são as pessoas que interagem. A
interação entre essas pessoas também pode produzir padrões de comportamento globais, estas
produzem também padrões de ordem e de controle que interferem, influenciam e constituem
uma identidade social. Neste trabalho buscamos investigar a formação da identidade de uma
sociedade considerando-a um sistema dinâmico, a partir do dilema entre os parâmetros de
ordem e de controle.
Palavras-chave: Auto-organização; Identidade pessoal; Causalidade circular; Parâmetros de
ordem; Parâmetros de controle.
A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: A VISÃO DO
ESTUDANTE SECUNDARISTA
FERNANDES, Mayã Gonçalves; MEDEIROS, Kelvlin. Universidade de Brasília (UnB).
Orientador: Pedro Ergnaldo Gontijo. Bolsista PIBID/CAPES. Email:
Qual a importância da Filosofia para sua formação? Quais filósofos você acha que mais
contribuíram para a sua vida? Será que a filosofia no ensino médio tem alguma finalidade? O
50
presente trabalho visa analisar dados obtidos através de questionários repassados a estudantes
secundaristas das turmas de primeiro e segundo ano da instituição pública situada na cidade
de Sobradinho – DF, tendo como fio condutor questões acerca da filosofia e do andamento
desta no nível médio, enfatizando o espaço que esta disciplina ocupa na formação destes
jovens, seguido de um retorno às aulas ministradas, possibilitando a melhora contínua da
atuação dos participantes do PIBID nesta instituição. Ademais, a concepção do Programa de
avaliação seriada – PAS, como ferramenta de expansão do ensino de filosofia no ensino
médio, e a formação do senso crítico nos estudantes de 14 a 16 anos.
Palavras-chave: Educação; Filosofia; Estudantes; Secundaristas; Pesquisa
Quantitativa/Qualitativa.
AS CONSEQUÊNCIAS DO ARGUMENTO DO CONHECIMENTO DE NAGEL
PARA O PROBLEMA DAS OUTRAS MENTES
FERRAZ, Bruna Oliveira. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Orientadora:
Juliana de Orione Arraes Fagundes. E-mail: [email protected]
É possível saber o que se passa na mente de alguém ou estamos limitados a nossas próprias
experiências mentais? O filósofo da mente Thomas Nagel, em seu artigo “Como é ser um
morcego” coloca em evidência o problema do conhecimento de outras mentes. Se temos a
crença de que outrem possui uma vida interna, isso se baseia na observação que se tem de
seus comportamentos, ou seja, nas suas respostas ao ambiente. Não podemos saber se ao
experimentar uma mesma comida todos experimentamos o mesmo sabor e assim acontece
com as diversas percepções sensoriais. A correlação estímulo e experiência podem sofrer
ligeiras variações de pessoa para pessoa, já que estas são fisicamente diferentes. Assim, o
estímulo interno que o sujeito A tem diante de comer algo azedo pode ser parecido com o que
B tem ao comer algo granulado. Dizer que as experiências internas podem ser compreendidas
pelos comportamentos externos coloca essa defesa em um argumento circular, pois se não
posso conhecer nada além de minhas próprias experiências isso impossibilita saber se há
consciência no outro ser. Nagel argumenta que, embora possa ser instintiva a crença de que
todos os humanos são conscientes, a maioria acredita que muitos dos mamíferos e aves são
conscientes, mas duvidamos que animais unicelulares, mesmo respondendo a estímulos
externos, tenham mente. Por essa razão, ele compara a experiência consciente do morcego à
dos seres humanos, mostrando que não temos como conhecer as experiências subjetivas dos
morcegos, radicalmente diferentes das nossas. Porém, esse argumento poderia ser estendido
ao caso das outras mentes, de modo que, no fundo, talvez não tenhamos como conhecer as
experiências conscientes de ninguém. O objetivo deste trabalho consiste em expor o ceticismo
acerca das outras mentes, defendendo o argumento de Nagel da impossibilidade de conhecer o
caráter subjetivo da experiência de outro ser e a incerteza quanto a existência de outras
consciências.
Palavras-chave: Outras Mentes; Thomas Nagel; Experiências Conscientes.
51
O VÍRUS COMO ANOMALIA DA TEORIA CELULAR
FERREIRA, Kailani A. P. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
O objetivo do presente trabalho é entender a noção de vida, e expor o vírus como uma
anomalia na ciência, uma vez que é inconsistente com o paradigma da teoria celular e suas
consequências na biologia. O vírus é, então, uma lacuna do que é vida, um problema
metafísico a ser investigado. Para cumprir com tais objetivos, a apresentação será dividida em
duas partes: (1) analisaremos o conceito de vida, tanto no sentido filosófico quanto
filosoficamente aplicado à biologia; e (2) investigar a noção de célula como unidade básica da
vida. Com suporte para este trabalho nos apoiaremos na teoria celular de Matthias Schleiden e
Theodor Schwann apresentada nas seguintes obras: "Contribuições da Fitogênese" e
"Investigações Microscópicas da Conformidade na Estrutura e Crescimento de Plantas e
Animais", em quais os autores firmam a célula como uma unidade fundamental da vida, e a
ciência, em contrapartida, exclui os vírus mesmo que estes empenham todas suas funções.
Palavras-chave: Ciência; Anomalia; Paradigma; Teoria-celular; Vida.
NÃO HÁ TEMPO A PERDER: BERGSON LIDO PELO FUTURISMO
FERREIRA, Lennon Pedro Noleto. Universidade de Brasília (UnB). E-mail:
Trata-se de analisar determinados aspectos no seio do futurismo italiano que sinalizam
leituras do pensandor francês Henri Bergson por parte daqueles artistas. Não é caso desta
comunicação uma rígida relação texto-imagem (pois a leitura artística, por seu turno, é
descompromissada de rigor exégetico), mas pretende-se tão somente avaliar em que medida
certas apropriações do conceito de “duração” foram fundamentais ao desenvolvimento da
poética que cultuava a própria continuidade do tempo e que, na velocidade da máquina,
pretendia recriar o universo por meio de uma única força incessante. Recorremos neste
sentido, de modo bastante pontual, ao segundo capítulo do "Ensaio sobre os dados imediatos
da consciência" – em que o filosófo apresenta a noção de "duração" de modo crítico ante as
compreensões espacializadas e estáticas do tempo – e, em um segundo momento, mapeamos
possíveis ecos através de registros teóricos sobre o futurismo.
Palavras-chave: Bergson; Futurismo; Duração; Tempo.
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A CONCEPÇÃO DO MÉTODO EM KANT NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA COMO
CRITÉRIO PARA A DISTINÇÃO ENTRE CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA
FILHO, José Pereira do Vale. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.
Luís Eduardo Ramos de Souza. E-mail: [email protected]
O presente trabalho tem por objetivo elucidar a concepção do método elaborado por Kant, na
Crítica da Razão Pura, como caminho para estabelecer a diferença entre a ciência e a não
ciência. No primeiro momento, concernente ao método do conhecimento científico,
mostraremos que o seu princípio geral consiste na relação dos conceitos às intuições, tal como
a exemplo, dos juízos da Matemática e da Ciência da Natureza. Já, no segundo momento,
pertencente ao conhecimento não científico, explicitaremos que este se baseia em dois
conceitos: de um lado, em um procedimento analítico, que realiza a mera análise de conceitos,
sem fazer nenhuma referência à experiência, tal como a exemplo, dos juízos da Metafísica
Tradicional; de outro lado, em um procedimento empírico, que realiza a associação de
conceitos por meio da percepção subjetiva.
Palavras-chave: Método; Ciência; Não Ciência; Kant.
A METAFORIZAÇÃO DO MUNDO EM GIAMBATTISTA VICO
FILHO, Mário Hélio Nunes dos Santos. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:
Prof. Dr. Antonio Sergio Nunes. E-mail: [email protected]
A presente comunicação tem como intuito discutir o desenvolvimento da Metáfora em Vico,
mas principalmente no tocante ao que denominamos “Metaforização do Mundo”; no qual o
homem primigênio em sua debilidade de raciocínio e arrebatado por paixões fortíssimas, faz
de si regra do Universo e metaforicamente atribui ao mundo caracteres corpóreos. Vico
defende a metáfora como a primeira forma de linguagem do homem, pois o homem
primigênio, não havia desenvolvido uma racionalidade no sentido em que entendemos
atualmente; por tanto Vico concebe o homem primigênio dotado de uma mente incipiente, na
qual têm os sentidos como primazia para perceber o mundo. Isso não significa que esta
linguagem é desprovida de lógica, mas sim que a mesma para o Filosofo italiano é dotada de
uma lógica poética.
Palavras-chave: Metáfora; Linguagem; Mundo; Mente Primigênia; Lógica Poética.
A HEGEMONIA DO PENSAMENTO EUROPEU NA FILOSOFIA BRASILEIRA
GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Maria Eunice Quilici Gonzalez. E-mail: [email protected]
Esta comunicação tem por objetivo analisar a situação da Filosofia no Brasil e sua vinculação
com o colonialismo. Inicialmente discutiremos o impacto das hierarquias coloniais e, por
meio do conceito de “colonialidade” (SANTOS, 2010), suas consequências para o âmbito
53
filosófico. O colonialismo e a colonialidade deram origem a hegemonia do pensamento
europeu na Filosofia, o que caracterizaremos como um problema por restringir em demasia o
que se entende por reflexão filosófica. A partir deste problema, refletiremos acerca da
possibilidade de pensamento autônomo e sua vinculação com o filosofar. Num segundo
momento, analisaremos a situação da Filosofia no Brasil no cenário da soberania europeia
discutindo argumentos acerca da inexistência do filosofar em nosso país e da constituição do
ensino formal dessa área do saber. Argumentaremos que as limitações filosóficas no Brasil
decorrem da adoção muitas vezes acrítica de paradigmas europeus e não de incapacidade de
reflexão filosófica. Para fundamentar nossa argumentação, esboçaremos a proposta de uma
ecologia de saberes que possibilita repensar o próprio conceito de Filosofia.
Palavras-chave: Filosofia Brasileira; Colonialidade; Problema da Hegemonia do Pensamento
Europeu na Filosofia; Pensamento Autônomo; Ecologia de Saberes.
DARCY RIBEIRO E FLORESTAN FERNANDES COMO INTELECTUAIS
ORGÂNICOS A PARTIR DA CONCEPÇÃO DE ANTONIO GRAMSCI
GIRALDELLI, Taís Renata Maziero. Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-
PR/Maringá). E-mail: [email protected]
O filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937), estabeleceu duas categorias de intelectuais,
sendo denominado por ele de tradicionais e orgânicos, sendo que podemos encontrá-los em
nosso meio social, exercendo funções e participações diversas. O presente trabalho tem como
objetivo, analisar uma dessas categorias, a concepção de intelectual orgânico, fazendo um
paralelo de comparação com dois exemplos de intelectuais brasileiros que são considerados
orgânicos segundo a teoria gramsciana, no caso, Darcy Ribeiro (1922-1997) e Florestan
Fernandes (1920-1995). Com a intenção de demonstrar como essa concepção de intelectual
pode ser aplicada, a partir de fatores que nos possibilita ver a hipótese de um teor
revolucionário no seio da teoria orgânica. Eles foram assim considerados, devido ao grande
papel de suas figuras tidas como revolucionários no Brasil, pelo fato de que eles foram
militantes ativos na sociedade. O contato entre o indivíduo e o meio social se expande nas
questões políticas, econômicas e sociais. São assim para Gramsci os orgânicos, sendo
perseverantes e ativos na luta, de acordo com a posição sustentada por eles pertencentes a um
grupo social (burguesia, trabalhadores) na relação teórica e prática. Quando Gramsci
estabeleceu essa categoria de intelectual, observou que ela teria uma função vital na
sociedade, assim, veremos que cada grupo existente possui seus intelectuais orgânicos, de
certa forma militantes de uma ideologia. Obviamente, existe um distanciamento de Gramsci
em relação à Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes, mas existe essa aproximação, a da
aplicação orgânica, porém, os três também possuem uma referência a respeito da educação
como um dos princípios transformadores da sociedade. Todavia, não eram pedagogos, mas
havia esse viés entre eles: educação e cultura. Ao analisar as características dos escritos e o
perfil desses militantes brasileiros já mencionados, grandes renomes para a nossa história,
assegura-se a eles o caráter de intelectuais orgânicos a partir da concepção do filósofo
italiano.
54
Palavras-chave: Intelectuais; Orgânicos; Gramsci; Darcy; Florestan.
SARTRE: OS ELEMENTOS DA FILOSOFIA EXISTENCIALISTA NO DRAMA AS
MOSCAS
GOMES, Ester da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). Orientadora: Prof.ª
Dr.ª Carla Cavalcanti e Silva. E-mail: [email protected]
Esta comunicação consiste em falar do escritor – filósofo J. P- Sartre (1905-1980), que
entrelaça seu pensamento filosófico existencialista com sua literatura. Ao iniciar sua fase
engajada, que está ligada ao período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Sartre se
concentrou em escrever peças de teatro, dentre elas, está, As Moscas, (1943), da qual
abordaremos nesta comunicação. Essa peça foi elaborada no episódio em que as tropas alemãs
invadem a França e a mantêm sob seu domínio, momento conhecido como o “governo de
Vichy”. A peça é uma releitura do mito de Orestes, da Grécia Antiga, contudo Sartre retoma o
mito, transformando-o a sua maneira, inserindo em sua peça elementos como: o mito grego, o
contexto histórico e seu pensamento filosófico; e ao escolher o mito de Orestes como fonte,
Sartre conseguiu um quadro perfeito que corresponde ao momento pelo qual a França
passava, uma alusão ao governo de Vichy, com diversos elementos. O escritor projeta no
personagem principal, Orestes, sua filosofia existencialista e por meio deste personagem,
mostra ao público que estava assistindo a sua peça que eles eram livres para construir seu
caminho, além de revelar à sociedade francesa um modo de não se submeter a um governo
estrangeiro. O escritor percebeu que o teatro era uma maneira de falar diretamente ao povo e
com as falas dos personagens passava sua filosofia de que o homem é livre, que através de
suas escolhas ele se define como essência e que ao escolher deve aceitar as consequências.
Sartre poderia somente discutir a filosofia, mas preferiu partir para a literatura, e essas duas
áreas possuem uma relação muito próxima, ambas tratam da realidade humana, ou seja, da
existência humana, contudo, cada uma a apresenta de uma maneira distinta, elas abordam o
assunto de acordo com o plano em que cada uma está. A literatura sai do plano conceitual ao
qual a filosofia pertence e cria uma representação do mundo (narrações), baseado em uma
realidade concreta. A comunicação tem como finalidade observar os aspectos da filosofia
existencialista sartriana no drama As Moscas, mas para isso será necessário o apoio de um
texto filosófico, uma conferência de 1945, O existencialismo é um Humanismo. Essa
conferência é posterior ao seu drama, As Moscas, o que demonstra um maior amadurecimento
das suas ideias, ou seja, de sua filosofia, após o período conturbado da Segunda Guerra
Mundial. Portanto, a conferência será uma ferramenta para enxergar a filosofia existencialista
no drama, As Moscas.
Palavras-chave: As Moscas; Sartre; Literatura; Existencialismo.
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A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA ENQUANTO PROBLEMA FILOSÓFICO
FUNDAMENTAL
GUILHERMINO, Daniel Peluso. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Orientador:
Prof. Dr. Luciano Donizetti da Silva. Bolsista do BIC/CNPq Ações Afirmativas. E-mail:
A fenomenologia de Edmund Husserl, ao menos a partir de "Ideias I", busca uma refundação
radical da filosofia com vistas à sua edificação como ciência estrita e rigorosa. Para tanto, há
que se tomar uma nova atitude (einstellung) diante do problema filosófico fundamental: trata-
se, ao mesmo tempo, de estabelecer um novo método investigativo e de propor uma peculiar
disposição interior à qual deve se inclinar o filósofo. Husserl pretende que a redução
fenomenológica seja o caminho apropriado para se alcançar tal atitude, delimitando, assim, as
bases sobre as quais erigir a filosofia como ciência de rigor. Ora, mas do que exatamente trata
tal redução fenomenológica? Qual seu objeto próprio e qual sua finalidade última? Ademais,
o que significa compreender a redução fenomenológica como redução eidética e
transcendental? A sondagem de tais questionamentos é a proposta deste trabalho.
Palavras-chave: Husserl; Fenomenologia; Redução Fenomenológica.
A CRÍTICA DE RUSSELL AO IDEALISMO EM “OS PROBLEMAS DA
FILOSOFIA”
GUIOMARINO, Hailton Felipe. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.
Roberto de Almeida Pereira de Barros. E-mail: [email protected]
O presente trabalho constitui uma tentativa de elucidar a crítica que o filósofo britânico
Bertrand Russell dirige à filosofia idealista em sua obra Os Problemas da Filosofia. Para tal,
far-se-á, primeiramente, a contextualização histórico-filosófica da reflexão de Russell, que
remonta aos avanços científicos do século XIX e à crise do modelo epistemológico Kantiano,
o qual limita o conhecimento do mundo exterior ao âmbito dos dados perceptíveis pela
consciência. Isto ajudará a entender propriamente, no momento seguinte, a crítica de Russell
ao idealismo, feita por meio de uma teoria do conhecimento que conjuga lógica dos
enunciados, sua referencialidade e a causalidade das percepções, mostrando a possibilidade de
dizer algo acerca de objetos que não são dados à percepção consciente. No terceiro momento,
far-se-á uma apreciação crítica dos argumentos de Russell, tentando estabelecer com ele um
breve diálogo por meio de uma possível objeção levantada ao seu posicionamento anti-
idealista, a saber, Russell sairia mesmo das condições da consciência e ampliaria o
conhecimento humano? Diante desta questão, será articulada uma possível resposta do
filósofo com base nas principais ideias contidas no interior da obra supracitada. Por fim, no
último momento concluir-se-á com a síntese das ideias trabalhadas durante a exposição. Com
isto, objetiva-se mostrar que a compreensão da crítica de Russell ao idealismo pode servir
como um grande facilitador para entender as mudanças de perspectiva pelas quais passou a
filosofia no século XX, em especial, ao que se refere a vertente chamada “filosofia analítica”.
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Palavras-chave: Teoria do conhecimento; Bertrand Russell; Idealismo; Filosofia analítica.
AUTONOMIA DA VONTADE EM HOBBES
HOLANDA, Isabella Oliveira. Universidade de Brasília (UnB). Orientador: Prof. Dr. Erick
Calheiros Lima. E-mail: [email protected]
Esse trabalho mostra a interpretação autônoma acerca da estruturação conferida pela
linguagem no desdobramento político-filosófico do estatuto da vontade como expoente do
estado civil no pensamento de Hobbes. A vontade necessita da linguagem compartilhada entre
agentes e do estatuto da racionalidade estratégico-instrumental para se fazer valer em um
âmbito intersubjetivo, em outras palavras, a vontade demanda uma compreensão dos termos a
serem pactuados entre sujeitos, logo, essa ação é oriunda de uma razão que deseja o bem
individual. É uma ação racional por buscar o bem do agente quando o mesmo se encontra em
uma situação limite: que é a do estado de natureza. Para Hobbes, a razão possibilita a
linguagem; ter razão significa possuir linguagem. Linguagem é, assim, a expressão da
verbalização exterior de pensamentos, ela exprime estados oriundos de ideias da mente. A
cognição é possível sem a linguagem, a experiência mostra algumas formas de conhecimento
aos homens. Porém, sem a linguagem não há acúmulo ou repasse de conhecimento e vivência.
A relação entre falante e ouvinte só pode ser completa quando há entendimento mútuo entre
os dois. O entendimento leva ao consenso. Consenso é a concórdia entre os homens a fim de
perseguirem os mesmos fins; advém da racionalidade e, como tal, é necessário para a paz. A
razão é uma capacidade subjetiva que leva à autoconservação. O objetivo da fala como
exteriorização de pensamentos é o de levar ao entendimento. O consenso pode ser a chave
para a mútua confiança. Vontade é uma paixão consciente, mas necessita da racionalidade. Na
deliberação, estão ajuntados o medo e o apetite, ambos se ligam a alguma expectativa futura
e, nessa mútua alternância, advém a vontade. Sem linguagem, não há expressão da vontade; e
sem racionalidade, a vontade não seria possível, pois esta é fundada na razão, e como tal é
deliberada. Através das palavras de outrem pode-se motivar a vontade de um indivíduo. A
vontade visa sempre a um benefício resgatável no futuro, sempre está ligada a um bem
racional. Uma associação entre homens é voluntária para Hobbes; ela se estabelece de acordo
com a autonomia dos indivíduos, em que cada um desses procura algo o qual lhes proporcione
algum benefício resgatável. Esse bem buscado caracteriza-se por tudo aquilo que cause prazer
à mente e ou aos sentidos. Por meio da razão, a vontade, enquanto autonomia que coordena os
atos para o abandono do estado de natureza, torna-se possível, e a linguagem faz o elo
intermediário da vontade entre sujeitos, em que ambos exprimem aquilo que desejam fazer e
podem chegar a um consenso de que possam viver sob os ditames da razão. Não se sai
sozinho da condição de estado de natureza, mesmo que o indivíduo possua vontade para tal,
ele deve ser abandonado de forma conjunta, ou seja, só pode ocorrer quando muitos o
abandonam, muitos devem possuir vontade para fazê-lo. Linguagem e razão são os alicerces
para que a vontade possa ser exteriorizada. A gênese do Estado se dá pela vontade de vários
indivíduos para pactuarem; o pacto só é possível graças à vontade de se sair do estado de
natureza. A razão organiza a multiplicidade caótica dos desejos ilimitados em uma unidade,
57
que é o desejo de se sair do estado de natureza. O bem almejado aqui é a preservação e, como
tal, sendo um bem, é desejado pelos homens, os quais fazem o que podem para alcançá-la.
Palavras-chave: Jusnaturalismo; Vontade; Filosofia da linguagem; Teoria política.
A FILOSOFIA DA LINGUAGEM DE MERLEAU-PONTY
JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/ Marília). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Mariana Cláudia Broens. E-mail: [email protected]
O objetivo desta pesquisa é compreender a concepção de linguagem de Maurice Merleau-
Ponty, ou seja, investigar a natureza e função desta segundo sua filosofia. Tal concepção
torna-se mais clara à luz tanto da crítica merleau-pontyana à linguagem tal como ela é comum
e tradicionalmente concebida – que desemboca em uma teoria algorítmica de linguagem –,
quanto à luz de sua teoria do significado linguístico, que também se dá em contraposição com
a teoria do significado mais tradicional em filosofia, ou seja, a teoria referencial. Assim, em
um primeiro momento encontramos no pensamento de Merleau-Ponty uma reflexão e
demarcação da concepção de linguagem vigente, em um segundo momento a exposição e
reflexão das origens dessa concepção e daquilo que experienciamos como linguagem e num
terceiro momento a explanação de uma concepção alternativa a esta, mais consciente das
limitações da anterior, e, portanto, menos pretenciosa, embora ao mesmo tempo mais ampla,
pois atenta aos próprios limites e ao mundo da experiência. Tal concepção se realiza a partir
das reflexões de Merleau-Ponty acerca da arte, definindo a linguagem como expressão. Para
que esta investigação, portanto, se torne exequível, realizaremos 1) a análise das reflexões de
Merleau-Ponty da concepção tradicional de linguagem, análise essa que passa por sua
reflexão acerca da concepção de linguagem algorítmica, e da teoria referencial do significado;
2) a análise das investigações fenomenológicas de Merleau-Ponty, em que este, voltando ao
plano da experiência, busca encontrar as origens dos conceitos linguísticos e nossa percepção
mais primordial do fenômeno da linguagem; 3) a análise do conceito de estrutura decorrente
da investigação anterior e essencial, segundo o filósofo, para a superação da concepção
referencial de linguagem e a compreensão das unidade das múltiplas manifestações da
linguagem através da história; 4) a análise da relação entre linguagem e arte presente na
filosofia de Merleau-Ponty, visando compreender de que forma sua concepção de arte
fundamenta seus estudos acerca da linguagem, e de que forma também sua concepção de
filosofia fundamenta estes estudos, a fim de chegar a uma análise senão completa, ao menos
satisfatória, da concepção de Linguagem na filosofia de Merleau-Ponty.
Palavras-chave: Linguagem; Signo; Significado; Percepção; Expressão.
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LINGUAGEM E SIGNIFICADO, SIMILARIDADE NO TRACTATUS E NAS
INVESTIGAÇÕES
JESUS, Igor Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.
Roberto de Almeida Pereira de Barros. E-mail: [email protected]
Este trabalho tem por objetivo esclarecer o que nos aparenta um equívoco, a saber, a tese de
que a Filosofia produzida por Wittgenstein no Tractatus Logico-Philosóphicus é radicalmente
diferente da Filosofia das Investigações Filosóficas. Defenderemos aqui a posição de que a
única diferença radical que há na Filosofia do Tractatus para as Investigações é o fato de que,
em sua única obra publicada em vida, Wittgenstein reflete apenas sobre uma forma de jogo de
linguagem. Enquanto que em sua obra póstuma, o filósofo investiga sobre os jogos de
linguagem. Analisaremos aqui, na própria obra do filósofo, como também em alguns
estudiosos de seu pensamento, a tese da continuidade da Filosofia de Wittgenstein. Partindo
da reflexão de três noções que são fundamentais nas duas grandes obras do filósofo austríaco,
tais noções são Linguagem, Significado e Uso. No Tractatus, está condensada uma Filosofia
que busca delimitar o que pode e o que não pode ser dito. Essa delimitação não ocorre de
forma normativa para toda e qualquer linguagem, o horizonte que Wittgenstein tem em mente,
em sua obra publicada em vida, é uma linguagem epistemológica, ou seja, uma linguagem
própria da ciência. Aqui iremos abordar alguns aspectos tangentes ao nosso tema principal
para clarificar a Filosofia do jovem Wittgenstein. Nas Investigações, há uma ampliação a
análise do filósofo austríaco para a linguagem, agora tem-se em vista os jogos de linguagem.
Nas Investigações, há uma ampliação a análise do filósofo austríaco para a linguagem, agora
tem-se em vista os jogos de linguagem. Sobre tudo, Wittgenstein esboça uma reflexão acerca
das regras que regem os jogos de linguagem, embora o filósofo não nos mostre uma definição
ostensiva do que seriam essas regras, iremos expor aqui como podemos compreender as
regras, e pra que servem, dentro de um jogo de linguagem. Assim, esperamos poder alcançar
o nosso objetivo final, a saber, demonstrar por meio de argumentos claros a perspectiva
teórica de que Wittgenstein não muda a forma de fazer Filosofia do Tractatus para as
Investigações, mas sim houve uma ampliação das reflexões sobre as formas de linguagem.
Palavras-chave: Wittgenstein; Linguagem; Significado; Uso; Jogos de Linguagem.
IMPOSSIBILIDADE DA VERDADE, POSSIBILIDADE DO HOMEM. FILOSOFIA
COMO GÊNERO LITERÁRIO
JUNIOR, Jacson Albernaz. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail:
Este mundo dito pós-moderno, em que questões como “a verdade existe?” parecem insensatas
e inúteis; em que a construção de grandes metanarrativas na tentativa de acessar estruturas
estáveis do ser para fundar-se em certezas sólidas, não precárias, se parece mais com uma
fábula, o que fazer da vida? Onde encontrar respostas para o agir moral? Qual caminho a
trilhar neste mundo movediço? Alguns são os eventos que contribuíram pra esta querela: a
revolta dos povos ditos primitivos, colonizados, contra seus colonizadores, revelando que os
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ideais destes era só um ideal entre todos; com o avanço das ciências humanas, nascidas no
bojo da positividade do mundo, revelando culturas, relativizando modos de vida; o ápice da
sistematização, cientificização do todo operando a favor do nazi-fascismo, demonstrando a
falibilidade do progresso cientifico para descrever o mundo das ações humanas. Deste
amálgama de situações em que no norte não se apresenta a luz dum caminho a seguir, procuro
um pensador estadunidense, Richardy Rorty, cuja tentativa é trilhar uma possibilidade que
não é mais o dever-ser dum deus ou da razão, mas o vir-a-ser manifestado pelas múltiplas
possibilidades da imaginação. Do texto “Declínio da verdade redentora e ascensão da cultura
literária”, de maneira breve, procuro trabalhar dois conceito, “ verdade redentora” e “cultura
literária”. Verdade redentora: um conjunto de crenças em que se encerraria de uma vez por
todas o processo de reflexão do que fazer com nós mesmos. Cultura literária: o momento atual
em que as possibilidade de redenção em Deus ( religião) ou na Filosofia ( verdade) cairam por
terra, restando elas apenas como tentativas da imaginação. Amarrando estes dois conceitos,
ele procura apontar a possibilidade da Filosofia não como verdade, no sentido estrito do
termo, mas como uma manifestação literária entre todas as outras, cuja tentativa é conceber
respostas para problemas presentes num determinado momento histórico e o problema do
mundo contemporâneo é a realização cada vez maior do espírito de tolerância presente no
ideal do estado democrático.
Palavras-chave: Agir moral; Cultura literária; Verdade redentora.
REPRODUÇÃO ASSISTIDA E ABORTO: A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO NA
TOMADA DE DECISÃO
LEMOS, Caio Victor. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Orientador: Prof. Dr.
Prof. Dr. Leonardo Ribeiro. E-mail: [email protected]
Esta presente comunicação tem como objetivo analisar dois casos que apontam para a
importância do contexto na tomada de decisão. Construindo um quadro teórico a partir da
Ética das Virtudes, podemos dizer que, na medida em que desejamos ser bem sucedidos nos
mais diversos âmbitos de nossas vidas, é fundamental a construção do caráter, que resulta no
constante cultivo e exercícios de determinados traços (coragem, honestidade, justiça, etc.),
uma vez que somente um agente virtuoso – ou seja, que cultiva e exercita ao menos
determinadas virtudes – é capaz de, habitualmente, tomar a decisão correta nas mais
diferentes circunstâncias. Assim, primeiramente, temos um casal homossexual americano,
Sharon Duchesneau e Candy McCullough, ambas surdas desde o nascimento, que optaram
por um doador de sêmen também surdo congênito para a concepção de sua filha, Johanne, e
de seu filho, Gauvin, que nasceram surdos. Em 2002, quando do nascimento de Gauvin,
ambas as decisões se tornaram notórias por via de uma reportagem veiculada no jornal
americano The Washington Post. E em 2009, no interior do estado de Pernambuco, uma
menina, então com nove anos de idade, engravidou de gêmeos após sofrer abusos do padrasto,
preso confesso. Mediante o risco de vida da menina e dos gêmeos e o modo pelo qual se deu a
concepção, a mãe, junto a uma equipe de médicos, decidiu, amparada pela lei, pelo aborto dos
fetos. Em cada uma das histórias elencadas acima, o contexto aparece como o argumento mais
60
forte para a tomada de decisão. No primeiro caso, o importante a ser percebido é que, no
interior das comunidades surdas, cujos integrantes são, de modo geral, orgulhosos de sua
condição física, o isolamento comunicativo que existirá em relação ao mundo ‘lá fora’,
independentemente do seu grau, perde importância na medida em que esse grupo de pessoas
possui seu próprio modo de se comunicar – a saber, as línguas de sinais. Dado a percepção
que Sharon e Candy possuem da própria condição física, é natural que desejem que seus
filhos também compartilhem dela, e compartilhem, consequentemente, da mesma experiência
de mundo – à nível perceptual, cognitivo, psicológico, etc. – das pessoas que as cercam.
Quanto ao segundo caso, é bastante plausível considerar que as circunstâncias são graves e
que, mesmo sendo realizado o aborto, como foi o caso, já seriam suficientemente danosas,
psicológica e fisicamente; e que, caso a gravidez fosse levada adiante, seriam
consideravelmente agravadas, incluindo aí o risco de morte. Como agiria então um agente
virtuoso em cada um dessas circunstâncias? Seriam essas decisões condizentes com os
contextos nos quais se deram? Seriam, de fato, as escolhas corretas?
Palavras-chave: Surdez; Aborto; Virtude; Contexto.
UM OLHAR SOBRE AS IMAGENS: A AÇÃO DISCURSIVA DO ESPECTADOR
COMUM
LIMA, Manoela Ferreira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Orientador:
Eduardo Pellejero. E-mail: [email protected]
O presente trabalho caminha pelo mundo de imagens e de transformações. Mostrando a
importância do espectador comum diante de uma obra pictórica. Um olhar do espectador
sobre as pinturas. Sua reação quando se depara com uma obra, as perguntas que surgem
quando refletem se são capazes de fazer uma leitura. Algumas pessoas entendem a arte como
objeto de contemplação, outros ouvem sua voz, e há aqueles que silenciam. E acabam por
pensar que, quem faz essas leituras são os críticos de arte, filósofos e até mesmo os próprios
artistas. Ou seja, assumem uma posição de mero receptor das imagens. A questão é: o que
será que arte pode dizer aos espectadores comuns que se arriscam a questioná-la? Esse é um
caminho que nos leva também a outras questões, como: Será que qualquer pessoa pode fazer
leitura de uma pintura? Como nos relacionamos com as imagens? Qual o poder que as
imagens têm sobre nossas vidas? Por que a pintura é capaz de nos fazer contar uma história?
E quando ficamos inquietos diante de algumas obras, nos perguntando o que leva o Homem a
pintar, a fazer arte? O que a arte faz conosco? Por que temos a necessidade de produzir?
Questões como essas nos levam a uma viagem no tempo, indo desde os Homens das cavernas
até nossos dias, mostrando tanto semelhanças, quanto diferenças, nos deixando ao mesmo
tempo próximos e distantes. Nesse estudo, veremos a importância de pensar essas questões
estéticas que são também fontes de conhecimento. Por isso, refletiremos ainda sobre o
silêncio que muitas vezes está presente quando contemplamos uma obra, porque, embora não
pareça, esse silêncio é passageiro, sendo apenas uma questão de tempo. Para o
desenvolvimento do trabalho, dialogaremos com as ideias de alguns filósofos, críticos de arte
61
e pintores, tais como, Van Gogh, Shitão, Alberto Manguel, John Berger, Merleau-Ponty,
Heidegger, Rancière, entre outro.
Palavras-chave: Imagens; Pintor; Narrativa; Espectador.
INTUIÇÃO: UMA PROPOSTA BERGSONIANA DE ESTAR NA EDUCAÇÃO
LIMA, Renata Morais. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Orientador: Prof.
Dr.Tarcísio Jorge Santos Pinto. E-mail: [email protected]
O objetivo deste texto é colocar em discussão algumas questões que surgiram no Grupo de
Pesquisa Bergson e Educação. A educação proposta pelos moldes da Modernidade privilegia
uma atividade voltada apenas para o desenvolvimento intelectual? Conhecemos apenas pela
inteligência? Intuição é uma maneira de conhecer? Inteligência e intuição como formas
distintas de aprendizagem? É possível fazer nascer em nossas escolas uma maneira intuitiva
de conhecer? O contato com as bibliografias do filósofo francês Henri Bergson, nos trouxe
conceitos como duração, inteligência e intuição para pensarmos a vida, a escola e o modelo
moderno de educação que ainda persiste em nossos sistemas educacionais. Este filósofo faz
uma crítica radical à proposta da Modernidade de se pensar a vida de maneira linear. Nossa
intenção com este trabalho é de divulgarmos as questões que este pensador contemporâneo
tem feito nascer em nosso grupo de estudo. Como por exemplo, sua proposta acerca da
intuição como um método rigoroso para o conhecimento. Seria possível pensarmos numa
proposta de estar com os alunos, de uma forma outra, a partir deste método? Quem sabe, em
companhia deles, enxergando-os, por assim dizer, por meio de um olhar mais intuitivo
teríamos um encontro diferente com aqueles alunos chamados indisciplinados? Será que esse
olhar mais intuitivo provocariam os alunos e os professores para uma outra maneira de
perceber o que lhes cerca, de estar com seus colegas e conteúdos escolares? Desde que se
dedicou ao estudo do entendimento humano, Bergson, percebeu que a linguagem é um
artifício de nossa inteligência. Esta tende a uma interpretação homogênea da realidade,
entende os objetos diferentes, como de mesma natureza e acabamos por congelá-los. Ela, a
inteligência, não percebe a realidade como um constante movimento, se fazendo como
verdadeiro fluxo, como devir, e utiliza o símbolo como ferramenta para comunicar o que
percebe. A proposta bergsoniana de valorizarmos a intuição tem como objetivo de nos religar
à vida, sermos capazes de percebê-la como multiplicidade, heterogeneidade.
Palavras-chave: Inteligência; Intuição; Duração; Bergson.
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A PERCEPÇÃO CORPÓREA NA FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL DE
MERLEU-PONTY
LOBATO, Lílian Gabriela Rodrigues. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). E-mail:
Tradicionalmente, prevaleceu ao longo da história da filosofia o distanciamento entre as
noções de essência/existência, sujeito/objeto, corpo/alma, mundo/consciência,
sensível/inteligível, que provocam a oposição entre o pensado e o vivido e reduzem o ser ao
saber. Esse pensamento intelectualista levou a uma concepção de filosofia que não reflete
sobre os problemas que mais afligem e inquietam o ser humano, gerando uma visão
equivocada e academicista que conduz a impossibilidade do pensamento filosófico de
dialogar com o mundo cotidiano. Diante disso, torna-se urgente e necessário a compreensão
da proposta fenomenológica do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty que permite que a
investigação filosófica se mantenha em constante movimento, não se limitando a sistemas
pretensamente definitivos que almejam a superação da contingência do que é apreendido pelo
corpo. Segundo ele, o método fenomenológico cria condições para que a filosofia possa ser
compreendida como um incessante recomeçar, valorizando a existência humana como forma
de acesso a essência dos fenômenos. Assim, a percepção corpórea retoma a sua importância
na construção do conhecimento filosófico e cientifico, pois é somente a partir do corpo, da
experiência sensível que é possível estar e ter um mundo, o que impulsiona o homem a
pensar, indagar e buscar respostas para os paradoxos da sua condição. A fenomenologia
existencial de Merleau-Ponty revela infinitas possibilidades às vivencias humanas, além de
contribuir para a discussão em torno de um pensamento filosófico que valorize a condição
corpórea e sensível do ser humano, estreitando diálogo com a arte, ciência e outros saberes da
cultura. Desse modo, o presente trabalho pretende evidenciar a importância do corpo na
compreensão da filosofia como um fluxo no qual os aspectos intelectuais e sensíveis afetam-
se mutuamente, e demonstrando que a partir da afirmação corpórea é possível não apenas uma
nova concepção de filosofia, mas a instauração de novos modos de ser no mundo. Para atingir
tal objetivo, será discutido a problemática das prisões conceituais, a crítica à tradição
intelectualista e ao falso objetivismo das ciências, bem como pretende-se articular conceitos
entre o método de investigação fenomenológico e a corrente existencialista, através da
reaproximação dos conceitos de essência e existência e da análise da relação entre corpo e
liberdade; contemplando a argumentação sobre a impossibilidade de se pensar a relação do ser
no mundo sem considerar a historicidade, facticidade e a liberdade, e revelando a necessidade
do ser humano de projetar sentido a própria existência, partindo do corpo como expressão,
exemplificando a percepção corpórea como sensibilidade estética nas pinturas de Cézanne e
apresentando a atividade do artista como necessidade de expressão e resposta a existência,
demonstrando portanto, como a filosofia e a arte repousam sobre o mesmo fundamento:
surpreender-se e espantar-se continuamente com os fenômenos que atapetem os sentidos e
(re)descobrir novas formas de olhar e se relacionar com o mundo.
Palavras-chave: Fenomenologia; Corpo; Arte; Percepção.
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REFLEXÕES ACERCA DO MÉTODO DA EPISTEME HISTÓRICA HEGELIANA
EM A RAZÃO NA HISTÓRIA E SUA CONOTAÇÃO PARA COM O PESQUISADOR
LUZ, Matheus Phelipe Mamede Lopes da. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-
mail: [email protected]
Este artigo propõe uma indagação acerca dos conteúdos que se expandem através do
pensamento de episteme referente ao estudo de História do filósofo alemão, Georg Wilhelm
Friedrich Hegel, pensamento este retratado no excerto Os Três Métodos de Escrever a
História em seu livro A Razão na História, após a proposição e consequente indagação deste
pensamento, mediante as induções postas em questão por conhecimentos anteriores como
Aristóteles de Estagira e ulteriores ao tempo de Hegel, como Reinhart Koselleck, é de
fundamental importância o corroborar ao estimulo de reflexões assentadas no lócus hegeliano,
pois, Hegel foi um dos primeiros pensadores de sua época a se preocupar claramente com o
pensamento da “modernidade”, e a partir desse interesse fundamentar análises de cunho
filosófico e a posteriori delimitar métodos que tinham por função além de auxiliar o
entendimento da teoria, “facilitar” o estudo dos cientistas que trabalhariam com o tema, mas,
Hegel ficou conhecido por sua linguagem extremamente reflexiva que causa diretamente
análises dos mais diversos cunhos e resultados, o que é permitido pelo alto nível de abstração
de suas obras, e sua dialética que fundamenta pensamentos até os dias atuais. A
fundamentação dessa indagação se baseará em uma breve análise de distintas Teorias da
História que permearam os estudos históricos e com isso acabou por basear o pensamento do
historiador ao longo dos séculos em contra ponto a doxa que se estabelecia em grande parte
das sociedades, e com isso, tem se por destaque a instabilidade da práxis do historiador, pois,
as variáveis que acabam por fundamenta-lo são diversas, e com isso, Hegel corrobora com a
diversidade de escritos e divide em três seus métodos sobre a escrita da história. O objeto de
análise será focalizado principalmente através do pensamento contido no excerto Os Três
Métodos de Escrever a História na obra A Razão na História de Georg Wilhelm Friedrich
Hegel.
Palavras-chave: Hegel; Episteme; Historiografia.
UM RESGATE AO HOMEM E A NATUREZA EM LUDWIG FEUERBACH
MACHADO, Luís Guilherme Stender. Universidade Federal do Ceará (UFC). Orientador:
Prof. Dr. Eduardo Ferreira Chagas. E-mail: [email protected]
Nas principais e mais conhecidas religiões, desde os tempos mais longínquos, nota-se um
apreço pelo desconhecido; há uma valorização pelo metafisico em detrimento do físico. Seja
pela criação de um deus persona (como no caso do judaísmo e do cristianismo), seja pela
criação de deuses naturais (que viriam a explicar o próprio mundo a partir da concepção
cosmológica como nas religiões primitivas), há sempre um valor exacerbado pela explicação
antinatural, como se o mundo não se explicasse naturalmente. O homem não se sente capaz de
dar explicações satisfatórias aos problemas do mundo e esse é um dos motivos para criação de
tantas religiões e como alguns problemas estão territorialmente delimitados, temos uma
64
diversidade delas.Dentro do caso judaico-cristão pode-se notar uma valorização de Deus em
relação ao homem, a tradição teológica toma o homem como o oposto de Deus, a partir do
momento em que trata o homem como limitado, imperfeito, concupiscente, etc. e seu deus
como onipresente, onisciente e onipotente, perfeito, eterno e criador de tudo.A partir deste
trabalho, tenho como proposta tratar, à visão de Ludwig Feuerbach, essa desvalorização do
homem em relação ao deus cristão, tendo em vista a máxima feuerbachiana que diz que
“teologia é antropologia” e que o homem cria seu deus a sua própria imagem e semelhança e
não o contrario. Há ainda uma ideia de um resgate do homem, uma valorização do natural
diante do antinatural, do material diante do especulativo, do real diante do imaginário.
Portanto, mostrando (a partir do pensamento de Ludwig Feuerbach) como o homem cria um
Deus universal e externo com a própria essência humana e a teologia faz uma inversão dessa
relação tornando o homem totalmente inferior à sua criação, proponho um resgate do homem
natural e da natureza física em geral, mostrando o gênero humano como ilimitado e
explicitando suas virtudes e potencialidades essenciais.
Palavras-chave: Antropologia; Natureza; Teologia; Cristianismo.
O POSITIVISMO LÓGICO NA FILOSOFIA ANALÍTICA: A CRISE DA REJEIÇÃO
METAFÍSICA
MAGALHÃES, Marcelo Marconato. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-
mail: [email protected]
O positivismo lógico propugnou, em suas teses mais emblemáticas, a desconsideração e
eliminação de toda e qualquer metafísica do pensamento filosófico formal. Neste contexto de
extirpação das teses metafísicas, há destaque para o Círculo de Viena, fundado por Moritz
Schlick e constituído por filósofos e lógicos austríacos e alemães, como Carnap,
Reichenbahch e Wittgenstein. O Círculo de Viena proclamou suas teses no manifesto
"Concepção científica do mundo". Após a II Guerra Mundial, as doutrinas do positivismo
lógico eram cada vez mais atacadas por pensadores como Willard Van Orman Quine, Karl
Popper, Thomas Kuhn, Peter Strawson e Hilary Putnam, chegando a sua total decadência por
volta dos anos sessenta. O presente trabalho propugna-se a analisar a derrocada e o criticismo
que se abateram sobre o Positivismo Lógico.
Palavras-chave: Positivismo Lógico; Círculo de Viena.
‘O RINOCERONTE’, DE EUGÈNE IONESCO E O RESGATE DA COLETIVIDADE
MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Portich. Bolsista da FAPESP. E-mail:
O objetivo da pesquisa é, mediante a análise da peça O rinoceronte, de Eugène Ionesco,
compreender o chamado Teatro do Absurdo, recurso estilístico adotado por alguns
dramaturgos após a crise formal do drama, que desde fins do século XIX acarretou o
65
rompimento com as unidades de ação, tempo e totalidade que pretensamente definiam a peça
bem-feita. As peças que compunham esse estilo buscavam mostrar características da
existência humana ainda não exploradas pelo gênero dramático e visavam causar determinado
impacto no espectador, para que assim tomasse consciência sobre si mesmo. O Teatro do
Absurdo busca superar a integração entre a forma e o conteúdo das peças, ou seja, faz com
que os personagens não reflitam pensamentos racionalmente formulados, desta forma, a
dinâmica passa a deixar o público frente a frente com uma nova percepção da realidade, que,
nesse momento, tende a uma aproximação com a filosofia existencialista. Em peças do final
do século XIX, constata-se um isolamento dos personagens em sua própria interioridade,
segundo alguns críticos de teoria estética isso constitui uma crise no drama por romper com
um modelo estabelecido: o gênero dramático constituído desde a antiguidade, sobretudo
porque após o isolamento em sua própria interioridade o homem se tornou passivo, sendo
assim o meio coletivo se tornou um problema já que não havia mais a ação. A peça O
rinoceronte ganha importância por buscar intensidade no que diz respeito ao aumento
gradativo das crises psicológicas que, acabam por gerar conflitos entre os personagens; em
três atos, somos levados do corriqueiro e cotidiano ao extraordinário, ao mostrar uma cidade
com cidadãos normais, com suas rotinas normais até que as pessoas começam a sofrer
transformações. Assim, o dramaturgo insere-os em uma nova coletividade, que graças a
situação a qual estavam inseridos, possibilitou aos personagens estarem em conjunto
novamente e serem representados em chave dramática.
Palavras-chave: Teatro do Absurdo; Ionesco; Existencialismo.
O TEATRO DO IMPOSSÍVEL: GEORGES BATAILLE E A TRANSGRESSÃO EM
EROS
MAIA, Brunno Almeida. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Bolsista FAP (FAP
Fundação Apoio Unifesp). E-mail: [email protected]
Teatro do Impossível - título provisório desta pesquisa - sugere ao longo do tempo histórico o
desfilar de uma personagem (Eros) que, por conta da necessidade e força de resistência à
história do pensamento apolíneo, tomou para si uma mutabilidade de sua performance em
cena. Suas diversas posturas, máscaras, maquiagens, entonações, redobramentos e retrações,
transformaram-se ao longo da cena da arte ocidental, na tentativa de promover uma cultura do
inteiramente Outro. A palavra teatro não supõe uma História feita para ser assistida - o que
soaria estranho tanto para o teatro contemporâneo, como para as atuais teorias da análise
histórica -, mas metaforiza a capacidade desta cena em promover um silêncio asfixiante e as
paixões desordenadas, ao lado dos acontecimentos agonizantes, como em uma espécie de
combate, de imanência do trágico. O corpo que “assiste”, é também, o corpo que conduz.
Impossível, aparece como uma infinitude discursiva e imagética em que se apoiam as
características desta persona, ou ainda, a impossibilidade de dizê-las com os meios de nossa
cultura. Partindo dos livros História do Olho e O Erotismo de Georges Bataille, este estudo é
uma tentativa de incursão ao entendimento contemporâneo do erotismo como possibilidade de
transgressão e profanação. Para o autor francês, o conceito de erótico, associado ao da
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“pequena morte” (potência de morte) pode, também, ser lido como uma genealogia da relação
entre moral e o erotismo no Ocidente. Propondo um estudo polissêmico, literário e
iconográfico destas potencialidades e partindo de dois artistas contemporâneos, René Magritte
e Maria Martins, o estudo aborda, ainda, a crítica à ontologia tradicional da filosofia, feita por
Nietzsche, Foucault e Heidegger e os seus desdobramentos na impossibilidade de se evocar
um lugar no espaço da representação do homem. Passado 52 anos do estudo de Bataille, a
problemática que se coloca: em qual lugar da diferença ressoam estas transgressões abjetas
como potencialidade de ir além de si? Seria a possibilidade de escritura da história do
Ocidente concomitante com um “desaparecimento” do erótico como ação obscena?
Palavras-chave: Representação; Similitude; Corpo; Erotismo; Transgressão.
TEORIA DAS PULSÕES EM FREUD
MAIA, Gabriela Domingues Caetano Soares. Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Orientador: Prof. Dr. Marcos Nobre. E-mail: [email protected]
O trabalho se propôs a analisar as consequências da Pulsão Sexual após o tournant de 1920 na
teoria psicanalítica. Freud apresenta sua teoria sexual e desenvolve o conceito de sexualidade
em seu texto Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905). Tal estudo surgiu a partir da
observação clínica em que se pode notar uma relação causal entre os fatores sexuais e a
formação das psiconeuroses. Esse estudo é fundamental para entendermos a evolução da
libido. Aprofundando a temática central da sexualidade na psicanálise, temos em 1915 a
publicação do texto As Pulsões e seus Destinos que conferirá à pulsão sexual um papel de
destaque na vida psíquica do ser humano. Aqui, Freud entende que a atividade psíquica sob o
domínio do Princípio do Prazer atua ao lado do Princípio de Realidade, sendo este uma
espécie de regulador da vida psíquica. Porém, é em Além do Princípio do Prazer, de 1920,
que Freud irá revolucionar sua teoria ao introduzir a Pulsão de Morte na constelação de sua
teoria. Ao observar em pacientes que sofriam de neurose traumática a reincidência de sonhos
cujo conteúdo remetiam à origem do trauma, a hipótese de que todo sonho era a realização de
um desejo abria brechas para exceção. O que estava em jogo era justamente a repetição do
trauma, não o possível e prazeroso momento de cura. Desta maneira, a compulsão por
repetição se mostra ainda mais forte – e até mesmo anterior – ao Princípio de Prazer. E é pela
repetição que Freud é conduzido à especular sobre a Pulsão de Morte, que busca regredir a um
estado inorgânico anterior à vida, isto é, busca repetir o estado anterior ao próprio nascimento.
Nesse contexto, as pulsões de autoconservação serão vistas como uma tentativa de
manutenção da vida e serão, então, unidas às pulsões sexuais sob a rubrica de Pulsões de Vida
(Eros), que vão se opor às Pulsões de Morte (Thanatos), manifestadas nas formas da
agressividade e destruição. Há, assim, uma tendência a ligação (Pulsão de Vida) e uma
tendência a separação (Pulsão de Morte). Dessa maneira, o trabalho se dedica a análise
filosófica da construção conceitual de Freud do conceito de pulsão, mais especificamente, a
situação conceitual da antiga Pulsão Sexual após a introdução da Pulsão de Morte.
Palavras-chave: Psicanálise; Teoria das pulsões; Libido.
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FILOSOFIA DA VIDA E FILOSOFIA DA MORTE: DIRECIONAMENTO DA VIDA
BEATA
MAIA, Leila Maria Neves. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.
Agostinho de Freitas Meirelles. E-mail: [email protected]
No presente trabalho pretendemos estabelecer um paralelo entre as concepções de Vida Beata
dos filósofos Lúcio Aneu Sêneca e Baruch de Espinosa, apresentando uma interpretação sob a
lógica da filosofia de Espinosa para o posicionamento de Sêneca. Apresentamos por meio de
aproximações das duas filosofias pontos que demonstram a diferença no direcionamento da
vida e nas formas de equilíbrio de espírito do homem devido à variação das paixões. O
trabalho está disposto em três etapas, sendo estas: uma breve análise da concepção de Vida
Beata em Sêneca, e a influência do pensamento sobre morte na relação do homem com suas
paixões; em segundo lugar abordaremos os mesmos pontos citados anteriormente, entretanto
referentes à filosofia de Espinosa e, por fim, apresentamos uma análise da concepção de Vida
Beata concebida por Sêneca de acordo com o posicionamento espinosano acerca da temática.
Objetivamos com esse trabalho apresentar a recepção de Espinosa para o estoicismo de
Sêneca no que diz respeito à conduta ética, principalmente o direcionamento que o homem
descrito no ideal de Vida Beata escolhe perpassando a reflexão sobre a finitude da vida. O
trabalho pretende contribuir para a discussão da presença do pensamento sobre a morte na
reflexão acerca do direcionamento das paixões. As obras utilizadas para pesquisa foram a
Ética de Espinosa; Consolação a minha mãe Hélvia, Da tranquilidade da alma e Sobre a
brevidade da vida de Sêneca e comentadores de ambos os filósofos.
Palavras-chave: Vida Beata; Sêneca; Espinosa; Morte.
ANTES DO CONTRATO: O SUJEITO E SUA MORAL
MARCOS, Claudio Henrique. Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ). Orientador:
Prof. Dr. Luiz Paulo Rouanet. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]
O célebre pensador norte-americano John Rawls (1927-2002) destaca-se como um dos
maiores teóricos da democracia liberal contemporânea, sua inegável importância para a
política e o direito se faz notar na intensidade e recorrência com que seu trabalho é revisitado.
Rawls retoma o problema contratualista influenciado, principalmente, pelos escritos de Kant,
e constrói uma teoria fundamentada em uma dupla concepção do principio de liberdade e da
igualdade. O que cabe a esta pesquisa, entretanto, é investigar a possibilidade de um contrato
moral, pressuposto pelo contrato político descrito. Tendo em vista a prioridade do justo sobre
o bem que caracteriza a teoria, não esperamos aqui uma dissociação entre os contratos; não
obstante, será de grande proveito mostrar se e de que forma o contrato político atua também
como um contrato moral. A justiça como equidade é recorrentemente apresentada pelo autor
como uma teoria dos nossos sentimentos morais: ela tem como propósito, apresentar os
princípios de justiça que mais se articulam com nosso senso de justiça, expresso por juízos
ponderados, em busca de um equilíbrio reflexivo. Isso significa que a teoria, de um modo
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geral, considera as convicções anteriores das partes envolvidas, pressupondo uma capacidade
racional para engendrar um senso de justiça. Certamente, será de crucial importância a análise
da concepção de senso de justiça, com o intuito de sabermos se os indivíduos, possuindo esta
capacidade, estariam suficientemente preparados para ponderar sobre os princípios de justiça
apresentados na situação original sem que antes estivessem sob a vigência de um contrato
moral. Concentro-me também, no aprofundamento das questões relativas aos sentimentos
morais e suas correspondentes disposições naturais, buscando pela situação moral do sujeito
antecedente ao contrato político. Ainda que o justo se sobreponha, a teoria não desconsidera
as concepções de bem de cada sujeito, o esclarecimento dessa questão pode ter importante
papel na busca da concepção de sujeito que antecede a situação original. Apesar de Rawls
afirmar que o momento hipotético da situação original equivale ao estado de natureza nas
teorias contratualistas tradicionais, é imprescindível termos em mente que todas as partes
contratantes são tomadas como sujeitos morais. Utilizamos como principal referencia a obra
Uma Teoria da Justiça, porém recorremos a outras obras do autor e a comentadores, segundo
a necessidade de argumentação.
Palavras-chave: Contratualismo; Sentimentos Morais; Senso de Justiça.
LOCKE E O ARGUMENTO DO ESPECTRO INVERTIDO
MARINHO, Mirtes Ingred Tavares. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Orientadora: Juliana Orione. E-mail: [email protected]
Estar subjetivamente submetido a uma experiência é uma característica fenomênica.
Concentrar sua atenção nessa característica de sua experiência te conscientizará de certas
qualidades que por sua vez são denominados qualia. Frequentemente os filósofos da mente
usam o termo “qualia” para se referir a características fenomenológicas de estados mentais, e
essa questão encontra-se no centro do problema mente-corpo. Segundo John Heil, a
experiência de cada sujeito é privada e o nosso mundo mental compreende experiências
conscientes como os sabores que sentimos e os sons que ouvimos, de modo que, de um ponto
de vista objetivo, não podemos observar nenhuma qualidade da experiência consciente de um
sujeito. O presente trabalho tem como objetivo pensar na inversão dos qualia como um
experimento de pensamento a partir da proposta de Locke no seu célebre argumento do
Espectro Invertido. Para John Locke está além de nossa compreensão saber, por exemplo, se o
conceito ou ideia produzida na mente de um homem quando ele enxerga determinada cor é o
mesmo conceito ou ideia produzida na mente de outro homem quando ele enxerga esta
mesma cor, pois os órgãos sensoriais de uma pessoa poderiam diferir de outra pessoa e o
vocabulário das cores de ambas as pessoas também poderia ser inverso. O homem é
dependente das ideias de sua mente às quais pode nomear da maneira que achar mais
adequada. Locke analisa as ideias como sendo percepções de nossa mente e que podem em si
ser verdadeiras ou falsas, sendo assim, não podemos conhecer a mente de terceiros, não se
pode entender as imagens produzidas na mente de outra pessoa.
Palavras-chave: Qualia; Estados Mentais; Espectro Invertido.
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A RELAÇÃO ENTRE AS PAIXÕES DA ALMA E AS ATIVIDADES DO CORPO: UM
ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA CARTESIANA
MARQUES, Luana Camila. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Orientador:
Prof. Dr. Marcos Antonio Alves. Bolsista da Fundação Araucária. E-mail:
Apresentamos a proposta cartesiana exposta em sua obra As Paixões da Alma, a respeito da
natureza das paixões da alma e sua relação com o corpo. Nesta obra, Descartes pretende,
dentre outras coisas, delimitar a diferença entre o corpo e a mente, vontade e paixão. Realiza
uma descrição fisiológica do funcionamento do corpo humano, no intuito de mostrar como as
paixões são produzidas pelos “espíritos animais” e como a alma pode influir no controle do
corpo sem confundir-se com este. Para conhecer as paixões da alma, é necessário separar
aquilo que pertence à alma daquilo que pertence ao corpo; esse é o melhor meio para chegar
ao conhecimento de nossas paixões, para saber a qual dos dois deve imputar cada uma das
funções existentes em nós. Aquilo que vem pelos sentidos, pode-se atribuir ao corpo; aquilo
que não imaginamos pertencer ao corpo deve atribuir à alma. O pensamento, por exemplo, é
algo próprio da alma, enquanto o calor é tido como algo que dá movimento aos corpos. A
alma, portanto, não dá movimento aos corpos; temos apenas a impressão que todos os
movimentos do corpo estão sujeitos à alma, uma vez que a alma não pode mover um corpo
frio; já um corpo vivo pode mover os músculos por meios dos nervos que partem do cérebro e
são estimulados por “espíritos animais” neles contido. Os espíritos animais são elementos do
nosso sangue, são filetes que estão presentes na corrente sanguínea de nosso corpo, que
chegam ao cérebro; contribuem para os movimentos e os sentidos, através dos nervos
movimentam os músculos de diversas maneiras. Os órgãos dos sentidos estimulam os nervos
que, por sua vez, transmitem esse estímulo ao cérebro que atingem diretamente, tanto a alma
quanto os músculos. Todos os membros são movidos pelos objetos dos sentidos e pelos
espíritos sem o auxílio da alma. À alma cabe apenas os pensamentos, que são de duas
espécies: uns são ações da alma e outros são paixões da alma. Por ações da alma, Descartes
entende todas as nossas vontades que podem ser realizadas apenas pela alma, quando esta
deseja refletir sobre uma ideia abstrata, ou pelo corpo, como, por exemplo, quando se quer
passear e se põe as pernas a caminhar. Por paixões da alma, são todas as espécies de
percepções ou conhecimento existentes em nós; as percepções que são causadas pela alma
estão ligadas às vontades, à imaginação e aos pensamentos. As percepções que relacionamos
com o corpo são aquelas que sentimos como sendo dos nossos membros, tais como a fome,
sede, dor, calor. As percepções exclusivas da alma são aqueles sentimentos que não se
conhece nenhuma causa remota, como alegria, ira, cólera, que são estimulados em nós pelos
objetos que movem nossos nervos, e outras vezes também por outras causas.
Palavras-chave: Paixões da alma; Ações; Relação mente e corpo.
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O AMOR É A REPARAÇÃO PARA O PESO DA ANGÚSTIA
MARQUIORI, Cleide Rosana. Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail:
O amor é obediente e não se entrega a curiosidades ou tentações, mas se fortalece e, portanto,
tem o poder de cobrir a multidão dos pecados; mesmo vendo e ouvindo o que não deseja ver e
ouvir, ele cobre tudo ao se calar e propagar de forma concisa, oferecendo o perdão. Segundo o
filósofo Kierkegaard, que menciona em “As Obras do Amor”, tal sentimento está presente no
homem antes da angústia. O amor é um dever consciente que foi determinado por Deus, o
amor edifica, purifica, frutifica, tudo crê sem se iludir. Podemos averiguar que é quase em
estado de resiliência, que o homem consegue ampliar a habilidade de persistir nos momentos
difíceis, fazendo-se forte e cheio de esperança; ele passa do estágio de lamento e dor para o de
reparação. Deus criou o homem para viver ao seu bel–prazer no paraíso, um local sagrado
contendo tudo que fosse necessário para uma vida harmônica e feliz. Eva foi tentada pela
serpente a comer a maçã, o único fruto que Deus impôs como regra e limite, Adão, ao
experimentar a maçã, prova o gosto que, apesar de bom no primeiro momento, torna-se
amargo quando se conscientiza que descumpriu a ordem divina, e assim surge a angústia.
Desta forma, a angústia é o resultado do primeiro pecado no mundo, uma inocente e curiosa
mordida que leva o homem a desobedecer a Deus. O peso do sofrimento se mostra quando
Adão se arrepende, mas isso não abate o pecado cometido, apenas arrasta para sua existência
uma enorme culpa que o enlouquece e aterroriza, repassando a todos os demais homens.
Porém, o amor é de fato a outra parte do homem, já que para o filósofo Kierkegaard, a
angústia depõe contra o homem, e o amor, a favor do homem, dentro do conceito de angústia
em Kierkegaard, vive um homem com sentimentos de culpa e tristeza; estes sentimentos estão
impregnados dentro de seu espírito e são as sobras da inquietude por quebrar a confiança o ser
divino. Mas se o paraíso foi ultrapassado com o rompimento de Adão ao comer a maçã, isso
também lhe trouxe a sua consciência de razão, de seus sentimentos, de suas vontades e
escolhas, agora o homem expressa e vive as questões do seu intimo, incluindo o amor que
explica tais situações em que os homens conseguem superar e cobrir a multidão dos pecados,
pois assim consegue ter condições para enfrentar a dor e a tristeza. E por maior que sejam as
dificuldades e o gosto amargo das perturbações, o amor supera e produz frutos doces. “Ai do
homem por quem o escândalo chega; feliz daquele que ama, e que, recusando-se a fornecer
ocasião, cobre a multidão dos pecados!” (Kierkegaard, 2005, p.337).
Palavras-chave: Amor; Reparação; Pecado; Angústia; Culpa.
POPPER E NEURATH: SOBRE O DEBATE ACERCA DO MÉTODO CIENTÍFICO
MARTINS, Daniel Torres. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr. Caetano
Ernesto Plastino. Bolsista do PET/USP. E-mail: [email protected]
Visa-se neste trabalho apresentar o confronto de duas imagens de ciência a respeito do
método científico. Usando-se paralelamente o Logik der Forschung de Popper e sua resenha
crítica escrita por Neurath, o Pseudorationalismus der Falsifikation, buscar-se-á articular os
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conceitos em questão buscando uma avaliação racional da natureza de tal debate. Se, por um
lado, como veremos, Popper elege o falsificacionismo como peça fundamental de sua imagem
dedutiva de ciência, por outro lado, veremos que em Neurath, sua busca consiste em
caracterizar a natureza da ciência não como um sistema dedutivo, mas como uma versão mais
enfraquecida, baseada em enciclopédias-modelo cuja massa de enunciados teóricos só em
parte se conecta sistematicamente em uma relação necessária e dedutiva.
Palavras-chave: Neurath; Popper; Imagem de Ciência.
O PROBLEMA DOS ASPECTOS SUBJETIVOS DO MENTAL: SOBRE OS
ARGUMENTOS DE THOMAS NAGEL
MASCENA, Clara Rocha. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Orientadora: Juliana de Orione Arraes Fagundes. E-mail: [email protected]
A tentativa de explicar a relação mente e corpo se constitui como um objetivo de fundamental
importância para os filósofos da mente. Ligado a esse problema está a questão dos 'qualia',
denominação para as qualidades subjetivas compreendidas a partir das experiências mentais
conscientes, sendo o elo entre as percepções subjetivas e o aparato físico-corporéo do sujeito.
Thomas Nagel no artigo “Como é ser um morcego” se empenha na tentativa de tornar mais
compreensível o problema dos 'qualia', ao ponto que estabelece uma crítica ao caráter
reducionista adotado pelos filósofos fisicalistas. Na concepção fisicalista de mente, os
processos mentais são reduzidos a instâncias físico-corpóreas. Desse modo, Nagel
compreende que os fisicalistas estariam deixando de lado a tentativa de explicar os fenômenos
propriamente mentais. Com o presente trabalho, pretendemos expor o pensamento de Nagel a
respeito da possibilidade da compreensão do caráter subjetivo e objetivo da experiência,
articulando-o com a tese que afirma a impossibilidade de conhecer a experiência do outro,
ainda que por procedimentos de ordem científica. O autor é categórico em afirmar que somos
incapazes de experimentar, por exemplo, a sensação de percepção dos morcegos. Para Nagel
existe uma clara diferença entre o sujeito imaginar ser/se comportar como um morcego e de
fato saber como é ser um morcego. O exemplo do morcego ilustra a impossibilidade de
conhecer os estados mentais de qualquer outro organismo.
Palavras-chave: Mente; Qualia; Thomas Nagel.
DA SOCIEDADE A DESIGUALDADE: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DE
ROUSSEAU
MATOS, Diogo Luiz Souza de; SANTOS, Marlon Vaz dos. Universidade do Estado do
Amapá (UEAP). Orientador: Ione Vilhena Cabral. E-mail: [email protected]
A desigualdade entre os homens é visível durante toda a história da humanidade, apesar dela
ficar mais evidente na modernidade humana. Porém vale ressaltar que essa fase da
desigualdade é o que chamamos desigualdade física ou política, assim ja citado por Rousseau,
72
que surge justamente quando os homens iniciam o seu período de organização social. A
desigualdade antecessora desta, é definida como fator natural ou físico, que é gerada pelo
próprio homem em si, mas é uma forma de divisão entre os mais favorecidos fisicamente e
intelectualmente e os que não tiveram tanta “sorte”. O que se pode observar é que a
desigualdade surge no nascimento do homem e o acompanha por toda a sua vida, podendo ser
maior e mais visível em determinadas sociedades. Assim, Rousseau em m sua obra “Discurso
sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, faz uma análise
justamente do que origina essa desigualdade e como ela vem crescendo com o passar do
tempo. Portanto, o objetivo desse artigo é analisar o discurso de Rousseau, bem como, a
influência de Thomas Hobbes e Aristóteles, além de outras fontes no sentido de dialogar sobre
como e porquê a formação da sociedade e o crescimento da mesma contribuem tão
radicalmente para a evolução da desigualdade entre os homens. Uma vez que, segundo,
Rousseau a evolução é a causadora desse estigma do homem. Vale salientar que, em
determinado momento na história das sociedades o homem sentiu a necessidade de aprimorar
o seu estado de vivência, deixando assim, a sua titulação de homem selvagem, e
concomitantemente não mais viver para subsistência. Para fazer todo esse estudo o presente
artigo foi construído a partir de análises bibliográficas de autores supracitados que nos
remetem a essa questão da formação de sociedade e a discussão sobre o homem em si. A
sociedade vive em constante evolução e a filosofia vem para ajudar a compreender os
impactos dessas mudanças e o que elas representam na história da humanidade
Palavras-chave: Desigualdade; Sociedade; Evolução; Homem.
A RELAÇÃO PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE FILOSOFIA ENTRE OS NÍVEIS
MÉDIO E SUPERIOR
MATOS, Luã Gonçalves de. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). Orientador: Paulo
Roberto Mendonça de Moraes. E-mail: [email protected]
O projeto de pesquisa ora apresentado objetiva viabilizar a discussão dos problemas de
ensino-aprendizagem em Filosofia nos níveis médio e superior. Tal discussão evidencia
alguns problemas-chave, dentre esses, a questão dos métodos de ensino utilizados em sala de
aula, referentes à essa área do conhecimento humano, no nível médio. Observa-se assim que,
em decorrência desses problemas, há possibilidades de influenciar negativamente o
aprendizado de Filosofia e o aprofundamento de seus aspectos relevantes, como também
outras questões graves, no nível superior. Destaca-se aqui, em nossa observação, o descaso e
o abandono da referida área em muitas instituições de nível superior que tem o curso de
Filosofia; de modo particular, na UEAP. Nesse sentido, como área de desenvolvimento da
nossa pesquisa, elencamos quatro instituições de ensino, assim distribuídas: duas de nível
superior, sendo uma pública (UEAP – Universidade do Estado do Amapá) e outra
privada(IESAP - Instituto de Ensino Superior do Amapá); no nível médio, uma instituição
pública (Escola Estadual Izanete Victor dos Santos) e outra privada(GPC - Grupo Perspectiva
Construtiva).Entende-se que esse trabalho é de grande relevância, pois traz à baila uma
discussão fundamental relativa à formação intelectual mais integrada dos acadêmicos de
73
Filosofia, como também propor nova orientação no desenvolvimento do sistema educacional
do nível médio, no sentido de possibilitar novos caminhos de investigação e resolução dos
muitos problemas inerentes a esse tipo de ensino.
Palavras-chave: Ensino Médio; Ensino Superior; Filosofia; Métodos; Dificuldades.
A QUESTÃO DO OPERARIADO NA PEÇA ‘A MAIS-VALIA VAI ACABAR, SEU
EDGAR’
MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Ana Portich. E-mail: [email protected]
Neste trabalho, pretende-se expor o enredo e analisar alguns aspectos da peça teatral 'A mais-
valia vai acabar, seu Edgar', de Oduvaldo Vianna Filho, montada com o grupo de Teatro
Jovem no teatro da Faculdade Nacional de Arquitetura e encenada no Rio de Janeiro em mil
novecentos e sessenta visando uma intervenção política e cultural na realidade. Há na peça
uma sociedade composta de duas classes: proprietários e trabalhadores sem propriedade.
Atentaremos aos trabalhadores sem propriedade, ao operariado denominado de Desgraçado,
vítima de alienação ou estranhamento diante do trabalho. Nos interessam dois aspectos desse
estranhamento nessa atividade prática humana: a relação do trabalhador com o produto do
trabalho e sua relação com o ato de produção no interior do trabalho. Amparando-nos em Iná
Camargo Costa, Karl Marx e Anatol Rosenfeld intencionamos relacionar três fatores
entrelaçados no conceito de “mais-valia”: 1) o desenlace da peça com enfoque nas reações do
operariado, 2) o trabalho estranhado dentro desta perspectiva e 3) em que gênero literário
representar o assunto da peça. Nosso ensejo é uma reflexão filosófica que, partindo da
concepção de Marx exposta nos ‘Manuscritos econômico-filosóficos’ acerca do trabalho
estranhado, possa exemplificar o conceito de mais-valia em passagens fundamentais da obra
de Oduvaldo Vianna Filho. Buscaremos ainda destacar nestas passagens os aspectos formais
concernentes aos gêneros literários com intuito justificado pelo apontamento de Anatol
Rosenfeld quanto ao mundo imaginário, representado, comunicar uma atitude em face do
mundo. Nesta análise, não nos limitaremos ao conceito de mais-valia tematizado teatralmente,
mas daremos ênfase ao estranhamento que também está dentro da luta de classes
representada. Tal luta se desenvolve em um enredo movido por capitalistas que promovem o
concurso ‘quem quer ser o homem mais feliz do país?’ e apresentam as características que o
homem deve ter e que coincidem de modo premeditado ao trabalhador alienado ou
estranhado. Nesse desenrolar que se instala nossa problematização das condições
representadas.
Palavras-chave: Estranhamento; Operariado; Gêneros literários.
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A JUSTIÇA COMO EVOLUÇÃO DO INSTINTO DE VINGANÇA: A CONVICÇÃO
MORAL DO DIREITO VERSUS A CONVICÇÃO DO RESSENTIMENTO
MONTEIRO, Tássia Lima Fernandes. PUC-Campinas. Orientadora: Vânia Dutra de Azeredo.
Bolsista FAPIC/Reitoria. E-mail: [email protected]
O presente trabalho propõe situar o filósofo e filólogo alemão, Friedrich Nietzsche, como um
jurista de singular importância para a contemporaneidade. Para tanto, os olhos se voltaram aos
dois primeiros textos de Genealogia da Moral, nos quais Nietzsche aborda dentre diversos
assuntos, a proveniência do conceito moral de culpa e a temática do ressentimento. Este, por
conseguinte, consiste no foco do presente ensaio, o qual busca aproximar o conceito
nietzschiano de ressentimento dos parâmetros que regem nosso ordenamento jurídico atual.
Primeiramente, no entanto, buscando-se tal empreendimento, lançou-se o olhar à origem dos
direitos, que, de acordo com o filósofo, remetem a uma tradição e à medida que a indolência
abate sobre seus agentes, chega-se a crer que esta tradição sempre existira, torna-se sagrada,
reservando-se, pois, a obrigação de continuar a cumpri-la. Com o entendimento da origem e
desenvoltura dos costumes, o presente trabalho questiona então, onde se encontra o Direito
em tal esfera. E a resposta encontrada na obra nietzschiana apresenta o germinar do Direito
como ordenamento da vontade de uma comunidade e assim, o homem violento, o poderoso,
será o fundador do Estado e, por conseguinte, o fundador do Direito de punir e subjugar os
mais fracos. No entanto, com o decisivo confronto entre Roma e Judéia, no qual os poderosos
romanos sucumbem aos judeus, ao povo sacerdotal do ressentimento, dá-se a inversão dos
valores: os miseráveis, os pobres, os doentes e necessitados passam a configurar os bons, e o
forte, o nobre, é considerado então cruel, ímpio e desventurado. E com este evento, o
ressentimento se alastrou por todos os campos da sociedade. O ressentimento, por sua vez, é
um sentimento reativo, tal qual amarras que mantêm o ressentido aferrado ao seu sofrimento,
que busca um culpado para seus males longe de si próprio, algo vivo, segundo Nietzsche, no
qual possa sob algum ensejo descarregar seus afetos, pois esta descarga é para o sofredor a
maior tentativa de alívio, de entorpecimento. Dessa forma, com a inversão de valores
originária da rebelião da moral escrava, o “mau”, a saber, o culpado pelos males que lhes
aflige não é outro, senão, aquele que outrora fora considerado “bom”, o nobre, o poderoso,
que agora se vê sob a ótica venenosa do ressentimento. Por esse motivo, nesta sociedade em
que impera a moral dos escravos, o criminoso será aquele cuja ação destoou dos hábitos
estabelecidos na sociedade em que se encontra inserido, da moral vigente, e buscou satisfazer
a si próprio, a seus instintos egoístas atentando contra o próximo. A pena, portanto, terá a
finalidade de fazer o indivíduo responder pelos seus atos. Contudo, a pena consiste de fato,
num meio pelo qual se busca impor o ressentimento, moldando a consciência do criminoso ao
encarcerá-lo e assim, fazê-lo refletir unicamente e por anos a fio sobre seus crimes, com o
intuito de criar a memória do castigo.
Palavras-chave: Direito; Culpa. Moral; Nietzsche; Ressentimento.
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A TENTATIVA DE UMA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E A SUA
CONTINUIDADE
MOREIRA, Debora Teixeira; MARTINS, Fernanda. Universidade Estadual de Londrina
(UEL). E-mail: [email protected]
Quando pensamos na disciplina de filosofia, em aulas para alunos do ensino Médio, vêm-nos
em mente, por primeiro, o rigor e as dificuldades de ensinar tais conteúdos. Pensando desta
maneira nas dificuldades encontradas com tais alunos, viu-se a necessidade de um novo olhar
para a apresentação de tal conteúdo aos alunos e, por este motivo – e na tentativa de preparar
melhor os alunos a pensar criticamente, sem que tenham tantas dificuldades por não ter tido
contato com os conceitos anteriormente – passamos a pensar na filosofia para criança, de
maneira que essa disciplina pudesse instigar desde muito cedo o contato com a filosofia e
restabelecer um diálogo mais preciso e eficaz dos conteúdos ministrados em sala de aula,
criando assim um senso mais crítico. Caminhando neste viés, seria necessário, em um
primeiro momento, o olhar para o desenvolvimento de uma filosofia para criança, e se é
possível, trabalhar tal disciplina para crianças; e como se daria assim o desenvolvimento
metodológico, com isso pensamos que seria necessária uma investigação na proposta de
filosofia para criança, à qual Matthew Lipman dedicou seus escritos. O programa de Filosofia
para Crianças de Matthew Lipman teve seu ponto de maior força na década de 60 nos Estados
Unidos; para o Brasil, o “Programa Filosofia para Crianças” foi trazido pela Professora
Catherine Young Silva; ela fundou o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC),
com a Sede na cidade de São Paulo em 1985. Esse sistema de educação infantil foi difundido
nos estados brasileiros, e vem desde então crescendo cada vez mais. Este Programa de
Filosofia para Criança tem por objetivo desenvolver as habilidades de pensamento cognitivo
infantil, utilizando método de investigação e discussão de temas filosóficos, fazendo assim
com que os alunos possam, ao final, pensar por si mesmas. Desse modo refletiremos sobre a
proposta que Lipman desenvolveu e que relevância tal pensamento tem nesse território
chamado de Filosofia para Criança.
Palavras-chave: Filosofia; Educação; Criança.
O QUE É O EXISTENCIALISMO?
MORGADO, João Pedro. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof.
Dr. Paulo César Rodrigues. E-mail: [email protected]
O presente trabalho tem como objetivo analisar e estruturar o pensamento da obra "O
Existencialismo é um Humanismo" de Jean-Paul Sartre, traçando um caminho pelos
principais conceitos e argumentos da obra e assim compreender o que é o Existencialismo e a
visão que o autor traz do conceito de Humanismo e como ambos se relacionam. Para isso
temos de responder, dentro da filosofia de Sartre, quais os limites do pensamento de que a
existência precede a essência?
Palavras-chave: Existencialismo; Humanismo; Sartre.
76
REFLEXÃO ACERCA DA TRAGÉDIA MODERNA EM HAMLET SOBRE O
OLHAR KIERKEGAARDINO
NASCIMENTO, Carla Soraia Costa. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
E-mail: [email protected]
O fito deste trabalho consiste em apresentar uma reflexão sobre o trágico na obra Hamlet do
dramaturgo inglês William Shakespeare a partir da concepção sobre o trágico moderno do
filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. O trágico para Kierkegaard contém o princípio de
contradição em que duas potências, de mesmo tipo, travam uma luta e a falta de saída para
esta contradição está na perspectiva do homem. Ao passar do tempo as mudanças da própria
história social em que o homem está inserido refletem na literatura trágica. Para Kierkegaard
o conceito de tragédia sofreu um certo enriquecimento ao longo do tempo, ou seja, o conteúdo
do conceito não alterou o conceito, mas o enriqueceu, que se tornou perceptível no trágico
moderno, indicativo disto é a herança aristotélica que ainda mostra-se muito presente na
tragédia moderna. A tragédia antiga se insere dentro do trágico moderno como uma espécie de
molde a qual servirá de apoio para o verdadeiro trágico possa transparecer. O indivíduo
moderno é responsável por suas ações, na tragédia moderna o herói deixou de ser passivo e
refém do destino como na tragédia antiga e passou a ser agente, responsável por suas ações e
o culpado por sua queda. Hamlet, é um herói trágico que possui a subjetividade refletida em
si, que lhe permite ter uma intensa inclinação reflexiva, que o faz ter consciência do seu
percurso trágico, durante seu caminho em busca da verdade ele assume a sua individualidade
e se reconhece como um ser finito diante da tragédia da sua existência. Outros aspectos
trágicos também compõem a obra Hamlet, como a possibilidade de redenção, a verdade como
um caminho para a morte, a angústia da dúvida, e o conhecimento dos limites do homem,
aspectos que vem a caber dentro de uma leitura a partir da concepção sobre trágico expostas
por Kierkegaard no ensaio O Reflexo do Trágico Antigo no Trágico Moderno presente no
livro Ou-Ou. Um Fragmento de Vida.
Palavras-chave: Tragédia; Culpa; Kierkegaard; Hamlet; Subjetividade.
O CONCEITO DE MÁ-FÉ EM SARTRE
NETO, Fernando Alves Silva. Universidade Estadual de Maringá (UEM). Orientador: Prof.
Dr. Wagner Felix. E-mail: [email protected]
Com o presente trabalho pretende-se realizar uma analise do conceito de má-fé na filosofia
existencial de Jean-Paul Sartre, conforme aparece na obra O Ser e o Nada (1943). O intuito de
propor esse projeto encontra-se nos problemas que podem ser levantados a partir da hipótese
sartriana que o homem é um ser livre que possui como única lei para si, o exercício da sua
liberdade com o intuito de alcançar sua essência; o que define o homem como um ser em
processo de construção. Dentro desta construção o homem encontra-se como o criador de seu
carácter moral, sendo, o responsável pelos suas ações morais bons e ruins, a má-fé aparece a
esse sujeito como uma válvula de escape, na qual o sujeito a utiliza para fugir da sua
responsabilidade moral. Neste contexto, pretendendo alcançar um objetivo especifico: qual o
77
problema que o conceito traz para o sujeito livre em relação a sua responsabilidade moral
cotidiana.
Palavras-chave: Má-fé; Existencialismo; Responsabilidade moral.
A LITERATURA DISTÓPICA E A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA
NOVAIS, Priscila Pereira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail:
Apesar da obrigatoriedade do ensino de filosofia na educação básica, muitas indagações
rondam a disciplina, como: Que tipo de conteúdo se pretende trabalhar? Quais estratégicas
didáticas melhor se adaptam? Partindo da necessidade de ferramentas para a prática em sala
de aula, investigamos o uso da literatura distópica aliada a teorias e conceitos filosóficos,
como provocação a um modo autônomo de pensar. Após uma breve pesquisa percebemos que
as leituras de ficção crescem, a cada dia, em número de jovens que a procuram e de
publicações por autores contemporâneos. Baseado nisso, buscamos pistas para mostrar que
através do exercício reflexivo e da relação entre o real e imaginário, existe a possibilidade de
se encontrar brechas para ilustrar problemas filosóficos. Através de uma breve abordagem da
obra Utopia (Thomas More), daremos início à explanação da temática. Inicialmente, achamos
necessário caracterizar, uma sociedade utópica, no intuito de diferencia-la da perspectiva no
qual o cenário distópico situa-se. Partindo da relação de insatisfação com o mundo, a utopia
nasce como uma alternativa de se pensar uma sociedade ideal, perfeita, na qual não existiriam
problemas de nenhuma ordem. Geralmente, esse tipo de sociedade apela para a emoção ou
reflexão baseadas no bem comum, na felicidade geral. Distanciando-se dos finais felizes e
seguindo um caminho oposto, a distopia apresenta-se como o fracasso do pensamento
utópico, por isso é também conhecida como anti-utopia. Esse tipo de ficção caracteriza-se,
basicamente, por ser uma obra de cunho futurista no qual uma forma de governo
predominante exerce seu poder coercitivo, produzindo mecanismos de grande controle das
populações. Na maioria dessas obras, algum indivíduo ou indivíduos se dão conta do controle
que esta sendo exercido sobre a liberdade individual e coletiva, e passam a questionar essa
perfeição social aparente. Esses personagens resolvem de alguma forma, ir de encontro a
ordem pré-estabelecida e são condenados a pagar por suas escolhas individuais. Para melhor
ilustrar a potência do pensamento crítico presente nas distopias e sua relação com os
problemas filosóficos, discutiremos brevemente os textos; 1984 ( George Orwell); Fahrenheit
451 (Ray Bradbury) e a trilogia Jogos Vorazes (Suzane Collins). A partir desses textos,
tentaremos mostrar que é possível aproximar um dos tipos de literatura que os jovens
interessam-se atualmente, com alguns textos “clássicos” da filosofia. Nesse sentido as
distopias aparecem como um instrumento de reflexão crítica sobre si, a sociedade e a história,
além de uma considerável ferramenta para o ensino de filosofia na educação básica.
Palavras-chave: Ensino; Filosofia; Literatura; Distopia.
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UMA INTERPRETAÇÃO DE ETHICA NICOMACHEA 1097B22-1098A18
OLIVEIRA, Angelo Antonio Pires de. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Orientador: Prof. Dr. Lucas Angioni. Bolsista da FAPESP. E-mail:
O argumento apresentado por Aristóteles no capítulo 7 do livro I da Ethica Nicomachea
(1097b22-1098a20), conhecido como argumento da função humana, é de vital importância
para a compreensão do conceito de eudaimonia, sendo este central na ética aristotélica, pois,
como o próprio Aristóteles afirma em vários momentos da obra, é tendo em vista a
eudaimonia que todas as ações são realizadas. Deste modo, o nosso objetivo será o de visitar o
argumento da função humana buscando compreender o seu papel no andamento
argumentativo do livro I da Ethica Nicomachea e sua importância para a delimitação do
conceito de eudaimonia, uma vez que o objetivo desse argumento é, segundo o próprio
Aristóteles, oferecer uma definição para o conceito de eudaimonia. Ao longo dessa
empreitada, buscaremos estabelecer diálogo com algumas teses das duas tradições
interpretativas do conceito de eudaimonia, a saber, os intelectualistas e os inclusivistas.
Grosso modo, pode-se dizer que os primeiros defendem a tese de que o argumento da função
humana já apontaria, ou até mesmo já defenderia, a concepção de que a eudaimonia deve ser
entendida como a vida contemplativa, conforme exposta no livro X da Ethica Nicomachea por
Aristóteles. Enquanto que os segundos buscam, a todo custo, impedir tal leitura
intelectualista. Mais precisamente, trabalharemos com a interpretação intelectualista oferecida
por Richard Kraut em seu livro Aristotle on the Human Good e a tese proposta por J. Ackrill
em seu artigo Aristotle on Eudaimonia. O nosso objetivo precípuo será o de compreender se o
argumento da função humana oferece suporte argumentativo para a tese posteriormente
defendida por Aristóteles, no livro X da Ethica Nicomachea, de que a eudaimonia deve ser
identificada com a vida contemplativa, conforme pretendem os intelectualistas, ou se o
argumento da função humana é incompatível com esta leitura e deve ser compreendido de
modo diverso.
Palavras-chave: Eudaimonia; Ergon; Ética.
A PRUDÊNCIA DA QUESTÃO 47 DA IIa IIae DA SUMA DE TEOLOGIA DE
TOMÁS DE AQUINO
OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:
Prof. Dr. Andrey Ivanov. E-mail: [email protected]
O presente trabalho tem como objetivo expor o pensamento de Tomás de Aquino acerca da
questão 47 da IIa IIae da obra Suma de Teologia que expõe sobre a virtude da prudência,
dialogando com outras questões dentro da mesma obra que acrescentam e nos ajudam a
compreender melhor o proposto sobre a prudência. Entendido primeiramente o conceito de
hábito, no qual se realiza enquanto disposição da alma, a virtude tem-se em hábito, pois se
desenvolve dentre a ação do ser humano. Têm-se então as virtudes intelectuais, morais, e
teologais, na qual a prudência encontra-se entre as morais, pois visa a necessidade de sua
79
prática. Ora, a prudência, segundo Tomás, é a reta razão do agir, na qual se faz em função da
escolha dos melhores meios, ou seja, o discernimento correto sobre atos e matérias. A virtude
da prudência tem-se destaque dentre as outras virtudes morais, visto que, a prudência atinge
coisas contingentes, sendo seu objeto aquilo do qual deve ser feito, já as outras virtudes tende
as coisas necessárias. Advertidos sobre a essência da prudência, em um segundo momento,
observamos as suas partes, na qual Tomás entende sendo suas partes, a política, a doméstica e
a individual, tendo a primeira como ocupação do bem da sociedade, a posterior ordenada ao
bem comum da casa e/ou família e a terceira visando o bem do indivíduo. Concluímos então a
distinção de funções entre o intelecto e a vontade, na qual a prudência reside na escolha dos
meios deliberado pelo intelecto, morando na vontade o modo operativo implicando na
essência da prudência, pois diferente da ciência moral, na qual apenas visa a teoria do agir,
partindo de máximas para particulares, a prudência tem em si tanto o teórico, mas a
necessidade da prática, pois trata de objetos particulares na qual busca o melhor dos meios
possíveis para ser executado.
Palavras-chave: Prudência; Virtude; Decisão; Razão prática.
UMA PROPOSTA LIBERTÁRIA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
OLIVEIRA, Fabrício Henrique de. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).
Orientadora: Prof.ª Marlene Torrezan. E-mail: [email protected]
O presente artigo procura descrever a experiência educacional vivida durante os meses de
maio a novembro de dois mil e treze na escola estadual “professor Hélio Nehring”, na cidade
de Piracicaba, interior de São Paulo; realizada com alunos dos três anos do ensino médio,
porém não em sala de aula durante o período regular das aulas, mas no contra turno a que
estes alunos estavam matriculados, visando dessa maneira uma participação voluntária destes,
sem qualquer obrigatoriedade no que se refere à presença (não havendo chamadas ou listas de
presença), assim como em atividades avaliativas (notas, exames, ou qualquer avaliação
normativa passível de reprovação), se fixando, portanto, numa proposta libertária de
educação, por procurar fazer do aprendizado de filosofia um exercício do pensamento e do
diálogo livres, sem as amarras burocráticas ou hierárquicas oferecidas pela rede estadual de
educação. Possuindo apenas como meta a confecção de fanzines, com os textos produzidos
pelos alunos, fruto do diálogo de suas visões de mundo com a filosofia, com o nome de
“Philozine Sub-Versões”, estas produções independentes, integrantes da cultura ou
contracultura do “faça você mesmo”, se resumem a impressões, ou como o próprio titulo
propõe, sub-versões (no sentido de outras/novas versões) dos alunos sobre os temas
filosóficos explanados e discutidos nos encontros. Assim podemos definir esta experiência
educacional como uma prática do ensino de filosofia, ou um ensino prático de filosofia, que
por consequência se caracteriza a partir de uma proposta de produção filosófica através da
ótica da educação libertária, pautada pela ferramenta do fanzine.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Educação Libertaria; Cotidiano escolar; Fanzine;
Prática filosófica.
80
A MONADOLOGIA (1714): UMA ANÁLISE SOBRE A NOÇÃO COMPLETA EM
LEIBNIZ
OZORIO, Joelmir Rafael Vasconcelos. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:
Prof. Dr. Agostinho Meirelles. E-mail: [email protected]
O trabalho em questão tem como objetivos gerais expor uma análise acerca das ideias centrais
que constituem a obra Monadologia (1714), do filósofo alemão Gottfried Willhelm Leibniz.
Especificamente, tende a apresentar que função o conceito de substância simples cumpre
dentro de seu sistema filosófico, e como essa definições irão se aplicar na resolução do
problema do conceito Noção Completa. Para isso a ideia de uma unidade ontológica e
autônoma é fundamental para a compreensão. Trata-se, sobretudo, de expor a ideia de que o
mundo é produzido segundo o princípio do Melhor, da Razão Suficiente e também de
caracterizar a harmonia pré-estabelecida do mundo que é defendida pelo filósofo.
Palavras-chave: Monadologia; Substância; Leibniz.
CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO NO MARXISMO
PAGLIARI, Felipe dos Santos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
Orientador: Prof. Dr. Vandeí Pinto da Silva. E-mail: [email protected]
O objetivo dos estudos do presente artigo versa sobre as concepções de educação, sobretudo
as marxistas. A educação marxista foi trabalhada junto ao projeto do Núcleo de Ensino da
Unesp/Marília, de título ‘’Relações entre senso comum e filosofia no ensino médio’’. O
intuito da pesquisa fora de estudar as concepções de Escola Popular de Karl Marx e Engels, e
a filosofia da práxis de Antonio Gramsci. As obras utilizadas centradas na educação marxista,
tendo-se como alicerces o livro ‘’Textos sobre educação e ensino’’ que é uma coletânea de
recortes das obras da parceria Marx e Engels, no qual a temática trabalhada é justamente o
ensino e educação, e a outra bibliografia utilizada é o primeiro capítulo da ‘’Concepção
dialética da História’’ de Gramsci. O estudo teórico relacionando-se intimamente com a
educação na atualidade, que necessita de uma concepção de educação digna e subversiva na
transformação do cotidiano educacional e que eleve as classes desfavorecidas de escola
gratuita de qualidade. A Escola popular conforme as três acepções de educação juntamente a
filosofia da práxis são de importância máxima para a formação humana. O estudante
graduado em uma Escola Popular será um homem formado nos múltiplos saberes garantindo
assim uma maior diversidade para seu futuro, trabalho e vida, situando o homem na sua
realidade e dando lhe a base para a crítica em suas relações com os meios da sociedade. A
filosofia da práxis é uma ferramenta legítima para a formação humana e para a reforma da
educação nacional, cabendo aos educadores revolucionários a possibilidade da mudança da
realidade das classes desfavorecidas de ensino público qualitativo. As concepções marxistas
de educação são de extrema relevância para um estudo apurado de uma nova concepção de
educação na atualidade, que contemple às particularidades da escola pública brasileira
81
Palavras-chave: Educação; Marxismo; Escola Popular; Filosofia da práxis; Gramsci.
BUSCA POR PRAZER, SÍNDROME CONSUMISTA E CORROSÃO DO CARÁTER:
UMA ANÁLISE A PARTIR DO PENSAMENTO DE BAUMAN E SENNETT
PELOGIA, Thiago. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). E-mail:
As vozes do mundo contemporâneo proclamam quase que em uníssono que as condições em
que se constroem as relações humanas nas sociedades já não são mais aquelas que se
construíam nos parâmetros do que outrora chamávamos de Modernidade. E mesmo quando
nos colocamos a pensar no período fordista de desenvolvimento da indústria capitalista ainda
tão presente em nossas memórias e nas organizações sociais que ele circunscrevia no seu
processo progressista totalizante, percebemos de forma clara e distinta que tal aspecto da
dinâmica social não se dá mais da mesma maneira como era. Acerca dessa problemática
filósofos, sociólogos, historiadores, economistas e diversos pensadores se debruçaram e
escreveram – e continuam constantemente escrevendo – milhares de ensaios, tratados,
conferências e diversos outros estudos buscando explicar tanto a natureza desses processos,
quanto seus modos de desenvolvimentos, aspectos e consequências sociais e possíveis
intervenções práticas, cada qual com suas posições ideológicas de pensamento e ação. Mas,
em suma, o que se apresenta a nós é uma condição totalmente nova de sociedade que se
organiza de forma mais líquida e flexível, efetivamente distinta de sua antecessora a
Modernidade, sólida e pesada. Por sua vez a questão do prazer enquanto problemática
filosófica nos remete, quase imediatamente, ao seu defensor mais famoso e polêmico na
Grécia Antiga: Epicuro de Samos (342/341 a.C.). O hedonismo epicureu teorizado pelo
Mestre do Jardim como centro inenarrável de sua Ética fora por tempos suprimido pela Ética
Cristã que protela o prazer para um mundo transcendental, para além deste. Mas com a
Renascença e o Iluminismo a questão do prazer enquanto problemática filosófica volta a ser
discutida a partir do pensamento epicureu – como na obra Elogio da Loucura de Erasmo de
Roterdã e através dos tradutores e comentadores das obras de Epicuro e de Diórgenes Laércio,
como Gassendi – e como centro de sistemas éticos, sociais e jurídicos – como no Utilitarismo
de Bentham e Mill. Desse modo o prazer volta a ser motivo de reflexões fora do cenário
transcendental e metafísico em que o cristianismo o tinha circunscrito. Com base nisso o
presente trabalho buscará realizar, em primeira instância, uma análise de como a busca por
prazer é realizada nos parâmetros das sociedades contemporâneas – uma vez que tais
sociedades se caracterizam de modo distinto das de outrora. Para isso buscar-se-á analisar de
antemão o período contemporâneo a partir do pensamento de Zygmunt Bauman acerca do
funcionamento das sociedades de nosso tempo, calcando-se principalmente nos conceitos
síndrome consumista, liquidez e descartável. Por conseguinte será desenvolvida uma análise
de como essa busca por prazer realizada nos parâmetros das sociedades contemporâneas afeta
a formação do caráter do indivíduo que a realiza. Para isso deve-se realizar uma relação entre
os conceitos e a compreensão de Bauman acerca da condição contemporânea em paralelo com
as noções de construção e corrosão do caráter de Richard Sennett. Desse modo percebe-se que
a busca por prazer efetuada dentro dos padrões do consumo age como fator de corrosão do
82
caráter e se caracteriza como uma aporia: uma busca por autoafirmação e identidade que
corrói o próprio princípio de caráter que é a autoconstrução a longo prazo.
Palavras-chave: Prazer; Síndrome Consumista; Corrosão do Caráter.
A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA E TEOLOGIA NO
PENSAMENTO POLÍTICO DE ESPINOSA
PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
(UNESP/Marília). Orientador: Prof. Dr. Ricardo Monteagudo. Bolsista da VUNESP. E-mail:
O objetivo deste trabalho é apresentar como o pensador holandês Baruch Espinosa (1632-
1677) distingue filosofia e teologia e como tal distinção é fundamental para o pensamento
político do filósofo. Com este intuito, analisaremos o Tratado Teológico-Político, com
atenção especial aos capítulos I, II, XIV e XV, bem como algumas passagens da Ética e do
Tratado Político, para compreendermos os motivos pelos quais Espinosa separa filosofia e
teologia, de modo a mostrar que esta última está fora domínio do conhecimento. Para
Espinosa, a teologia, que alimenta e conserva a superstição, tem a finalidade de submeter os
homens à sua autoridade, e não de oferecer-lhes um conhecimento ou os meios que os
conduza à salvação. Diferentemente da filosofia, que é o exercício livre do pensar, a teologia
é um instrumento para o poder, daí a importância de sua consideração em uma época marcada
pela ascensão de monarquias absolutistas na Europa, as quais possuíam um fundamento
teológico para o seu poder. Além disso, a adesão dos Estados a uma forma particular de
superstição que os sustenta é, segundo Espinosa, a principal causa dos conflitos religiosos,
pois os Estados passam a privilegiar uma superstição específica, de modo a impedir a
liberdade religiosa e de pensamento de seus súditos. Tal liberdade, como concluirá Espinosa,
é crucial para garantia a paz social e não pode ser suprimida sem que se suprima, ao mesmo
tempo, a própria paz social. Nesse sentido, tentaremos mostrar que a distinção entre filosofia e
teologia é importante para que Espinosa desconstrua a fundamentação teológica do poder e
proponha, ele mesmo, um fundamento para a política que não seja baseado em quaisquer
formas de transcendência, mas sim na própria natureza humana, de maneira a levar o homem
a exercer, de fato, seu direito natural e assegurar sua liberdade.
Palavras-chave: Filosofia; Teologia; Obediência; Liberdade; Espinosa.
UMA IMAGEM DO APRENDER FILOSÓFICO DESDE INTERSECÇÕES ENTRE
GILLES DELEUZE E CLARICE LISPECTOR
PINTO, Silmara Cristiane. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:
Prof. Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. Bolsista da CAPES. E-mail: [email protected]
A presente comunicação tem como objetivo expor parte de uma pesquisa que estabelece
intersecções entre o pensamento de Gilles Deleuze, no tocante à sua teoria dos Signos, e a
83
escritora Clarice Lispector, mediante a análise do romance Uma aprendizagem ou o livro dos
prazeres (1998). A ficção nos instiga refletir uma relação de ensino e aprendizagem filosófica
por meio de uma experiência com os signos deleuzianos, diferente de um processo
recognitivo. Nesse sentido, apresentaremos um recorte que intenta problematizar o ensino de
filosofia inserido em uma tradição de pensamento que compreende o ensino do ponto de vista
da transmissão de saberes. Nossa proposta visa, basicamente, (1) interpelar o esquema da
transmissibilidade e (2) avaliar as possibilidades de uma aprendizagem filosófica não restrita
à comunicação representacional mediada pela explicação, que constitui, de modo geral, a
regra metodológica das práticas que respaldam o escopo da formação tradicional em filosofia
no Brasil.
Palavras-chave: Ensino de filosofia; Transmissão; Aprendizagem filosófica; Signos.
FREGE, WITTGENSTEIN E O SENTIDO LÓGICO NO CONTEXTO DA
PROPOSIÇÃO
PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof. Dr.
Lúcio Lourenço Prado. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail: [email protected]
Primeiramente será apresentada uma breve síntese do caminho percorrido por Frege para
estabelecer a diferença conceitual entre pensamento (Gedanke) e representação (Vorstellug),
tal como apresentada nos “Fundamentos da Aritmética” e depois no artigo O Pensamento.
Esta distinção fregeana, bem como a sintaxe proposicional, por ele proposta, baseada nas
categorias conceito e objeto Será a base sobre a qual a teoria sistêmica contida no Tractatus
Logico-Philosophicus de Wittgenstein estará assentada. Após essa primeira exposição de
conceitos, serão relacionadas algumas considerações de Wittgenstein e Frege no que tange ao
sentido proposicional e sua relação com o mundo: para o primeiro “o mundo é a totalidade
dos fatos, não das coisas” , e já que a proposição é uma figuração lógica do mundo, a palavra
não significa por si só, isoladamente, mas sim no contexto da proposição (na totalidade dos
fatos); para Frege “os significados das palavras não são nossas representações, mas sim a
contribuição da palavra para o estabelecimento do sentido proposicional” . Por fim, será
estabelecida a concordância entre ambos ao assumir em que o sentido de uma proposição é
captado logicamente pelo pensamento (Gedanke), não subjetivamente por representações
(Vortellung); e que, com isso, não podemos buscar o significado da palavra isolando-a, mas
sim analisando o contexto da proposição em geral.
Palavras-chave: Frege; Wittgenstein; Gedanke; Vorstellung.
SER PARA O OUTRO: UMA ANÁLISE ANTROPOLÓGICA NO CONVENTO
PIRES, Joyce Aparecida. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:
Antônio Mendes da Costa Braga. Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected]
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A presente pesquisa apresenta alguns apontamentos sobre as mudanças em uma modalidade
de vocação religiosa feminina católica. O objetivo central é propor uma abordagem da
religião como um fenômeno social essencial para compreendermos as transformações nos
comportamentos e nos pensamentos na contemporaneidade, viabilizando uma discussão sobre
as continuidades e descontinuidades no contexto da vida consagrada e as reproduções
simbólicas nas instituições conventuais. A pesquisa de campo é realizada no convento
“P.F.S.C”, localizado na cidade de Cândido Mota-SP. A etnografia evidenciou mudanças nas
relações entre a constituição social da vocação religiosa e as novas questões relacionadas à
identidade de gênero, como também, os diferentes sentidos que as Irmãs atribuem à adesão da
vida consagrada, levando em consideração as variáveis de seus contextos e as implicações que
as levam à escolha. Para esta apresentação, a comunicação será envolta das relações de
gênero, vocação religiosa e a reprodução simbólica por parte das instituições conventuais, a
partir dos dados etnográficos. Atualmente, segundo dados do CERIS (Centro de Estatísticas
Religiosas e Investigações Sociais, 2010), a partir da década de 1970 verifica-se um evidente
decréscimo de religiosas incluindo professas, noviças e professas egressas nas análises entre
os anos 1961/2010. Entre as “P.F.S.C”, desde sua fundação em 1963 até 2013, onde
completaram 50 anos na cidade, houve 13 desistências após os primeiros votos. Ou seja, os
dados do CERIS e os do convento correspondem ao mesmo período. Com isto, a cidade e a
instituição conventual perde mão de obra para trabalhos prestados à comunidade. Além disso,
outros dados obtidos mostram os reflexos transparentes da dominação masculina que ainda
estão presentes em nossa sociedade. Para tanto, utilizo Teologias Feministas, para a análise de
discurso; uma metodologia chave, para entender antropologicamente a vida das mulheres
consagradas. A teóloga feminista Fiorenza (1995) vê a dominação masculina por parte da
Igreja no mesmo patamar de outros erros historicamente cometidos pela mesma, referindo-se
à necessidade de um ato público das estruturas eclesiais que reconheça o seu pecado em
relação às mulheres, da mesma maneira que o fez em relação a outras situações históricas. E
seguindo os caminhos apontados por Bourdieu (2010) seus aportes teóricos possibilitaram-me
maior compreensão do campo religioso, da dominação masculina e sua reprodução cultural
através da instituição religiosa. Os princípios de perpetuação das relações de força materiais e
simbólicos, inclusive as de dominação de gênero, se exercem essencialmente a partir de
instituições como a Igreja, a escola, ou como a própria ação do Estado (BOURDIEU, 2010).
Concomitantemente, devido a eventualidades como esta (por exemplo, a crise do catolicismo,
a emancipação feminina das últimas décadas, a dificuldade imposta pela vida monástica, etc.),
os significados sociais sobre a vocação religiosa passam a ser alterados (SAHLINS 1999).
Palavras-chave: Instituições totais; Gênero; Catolicismo; Convento.
A IDENTIDADE PESSOAL EM D. HUME
REIS, Fernanda Pulido dos. Universidade de São Paulo (USP). E-mail:
Nesse trabalho pretendeu-se analisar as passagens de David Hume em seu Livro I, na seção
VI da Parte IV de O Tratado da Natureza Humana, concernentes ao tema da Identidade
85
Pessoal, cuja postulação é considerada pelo autor o produto de uma ilusão, destituída de
fundamento. A negação que Hume articula acerca da noção corrente de identidade pessoal,
seja ela pautada em conceitos metafísicos ou abstratos, baseia-se em dois princípios
fundamentais, postulados em seu sistema: o princípio da cópia e o princípio da separação,
cuja conciliação apresentará uma dificuldade para a constituição de uma identidade pessoal. O
princípio da cópia estabelece que toda ideia provém de uma percepção, não havendo nada em
nossa mente que não tenha essa origem; já o princípio da separação estabelece que toda ideia
simples pode ser distinguível e separável de qualquer outra, não necessitando de qualquer
conexão para existir. Posto isso, de acordo com o primeiro princípio, a ideia de um Eu
constante e ininterrupto requereria uma percepção de mesma natureza, da qual se originaria, o
que, todavia, seguramente não existe, dada a frequência com que se testemunha mudanças, de
toda sorte, em nossas percepções. A constante sucessão de percepções (diversidade) operada
em nossa mente é o que compõe nossa existência, de modo que uma identidade, o “Eu” ou a
“substância”, não podem representar mais que uma ilusão. E, considerando o princípio da
separação, se todas as percepções particulares são separáveis e distinguíveis, restando delas
apenas sua existência isolada, a pergunta que se coloca é: qual seria então a função de um Eu
que conecta as diversas percepções? Para Hume essa noção, de uma unidade imutável e
inquestionável do nosso Eu, apenas identifica o algo ao qual nossas diversas impressões e
ideias se remetem, o que não lhe concede, todavia, a garantia de uma existência. É nesta
questão, identidade versus diversidade, que se encerra a reflexão de Hume nesta seção IV, que
é regida pelo intuito de demonstrar as fragilidades na construção do conceito de identidade.
“A nossa tarefa principal deve ser", diz o filósofo, "provar que todos os objetos aos quais
atribuímos identidade, sem observar a sua invariabilidade e continuidade, são aqueles que
consistem em [apenas] uma sucessão de objetos relacionados". Analisar esta dificuldade,
constatada por D. Hume, será o foco de nossas reflexões.
Palavras-chave: Identidade Pessoal; Percepção; Mente Humana; Ilusão.
RELIGIOSIDADE PÓS-MODERNA, NOVOS PROCESSOS DE RITUALIZAÇÃO
UMA ANALISE ANTROPOLÓGICO-FILOSÓFICA A PARTIR DE CAMBPELL
RIBEIRO, Bruno José Bezerra. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). E-mail:
A experiência religiosa no indivíduo contemporâneo sofre mudanças não só de ordem
sincrética, mas, sobretudo, mitológicas que se condensam em oposição aos rituais
tradicionais. A experiência de passagem e transcendência (do individual ao coletivo, do
coletivo ao individual, do visível ao invisível) base da experiência religiosa, ganham novas
formas e narrativas com movimentos “inculturantes” e “estéticas do encontro”, sem se poder
estabelecer de modo claro as novas metáforas e rituais que fecundam no terreno arrido da pós-
modernidade. Joseph Campbell assinala que a humanidade vivencia uma crise de mitos e
sistemas rituais, como também aparições de novas ordens: signos e ritos, dessa forma, as
novas gerações constroem laços de significados com a sociedade e, claro, com sua própria
existência.
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Palavras-chave: Experiência religiosa; Joseph Campbell; Mitologia; Religiosidade
contemporânea.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTADO DE NATUREZA EM IMMANUEL KANT
ROCHA, Ida Carmen de Lima. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Orientador: Prof. Dr. Joel Thiago Klein. E-mail: [email protected]
O presente trabalho tem por objetivo compreender o antagonismo social, tendo em vista o
conceito kantiano de estado de natureza entre os homens e os Estados. O estado de natureza,
em Kant, representa uma conjetura acerca do início da história da humanidade, caracterizado
por tensões e guerra constante. Não se diz propriamente de um estudo antropológico ou
histórico, antes é uma ideia de razão sobre um estado não jurídico, cujo objetivo é
compreender o desenvolvimento da razão e o surgimento do Estado a partir de uma
concepção originária da Natureza. Para Kant, o primeiro estágio pelo qual a humanidade
passou esteve marcado por selvageria e uma animalidade própria da espécie, tendo sido
superado a partir da sociabilidade insociável. Kant seguiu a tendência dos contratualistas do
século XVIII e justificou a saída de um estado de natureza por meio de uma espécie de pacto
social, que prevê a regulação das liberdades individuais sem interferir naquilo que é próprio
do homem: a sociabilidade insociável. O antagonismo arrastaria o homem de sua inércia
natural; é o motor da qual a natureza se apropria para efetivar uma teleologia a respeito do
desenvolvimento moral do homem. A saída do estado natural é possibilitada pela
característica intrínseca aos humanos de entrar em sociedade e prezar por interesses privados.
É pela própria natureza da incompatibilidade que os homens abandonam a vida pastoril e
chegam a uma sociedade civil, constituindo uma nova ordem social. O antagonismo que agia
no estado de natureza como mera ordem destrutiva, se torna uma força interna a sociedade,
que age de forma dinâmica, atuando em seu benefício, é disciplinado por uma instancia
superior. A lógica adotada por Kant para a superação do estado de natureza entre os Estados é
a mesma dos indivíduos particulares. Segundo o filósofo, os Estados ainda se encontram num
estágio primitivo, de guerras, tensões e armistícios. A superação do estado natural entre os
Estados deveria proporcionar a paz perpétua e concretizará o último objetivo da Natureza,
qual seja um estado cosmopolita.
Palavras-chave: Estado de natureza; Antagonismo social; Sociabilidade insociável; Kant.
O QUE CONTRIBUIRIA SÓCRATES PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
INSTITUCIONALIZADO?
RODRIGUES, Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof.
Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:
O objetivo deste trabalho é pensar a partir da imagem Socrática, especificamente dos diálogos
aporéticos, a relação entre o professor de filosofia quando este está inserido nos moldes do
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ensino de filosofia contemporâneo, isto é, institucionalizado. Para isso, nos ancoraremos no
livro intitulado Filosofia: O paradoxo de aprender e ensinar de Walter Omar Kohan e no
documento oficial responsável pela orientação das instituições de ensino na rede pública do
estado de São Paulo: Proposta Curricular do Estado de São Paulo. A partir da
institucionalização da filosofia em 2008, por meio da Lei nº 11.684, de 2 de Junho de 2008,
altera o art. 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes bases
da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos
currículos do Ensino Médio, o ensino de filosofia se insere nos parâmetros curriculares e
acaba, por consequência, se inserindo, de certo modo, nos moldes e objetivos “maiores” que
regem o ensino como um todo. Nossa pretensão de análise consiste em destacar as
(im)possibilidades que estariam presentes na relação Socrática como mestre em uma
instituição contemporânea de ensino, repensando as consequências que isso poderia gerar no
ensino de filosofia. Dividiremos o trabalho em três partes: (1) Descreveremos a imagem
Socrática, na qual fundamentaremos nossa análise como um todo, ressaltando algumas
passagens do livro do Kohan(2008). (2) Destacaremos os objetivos centrais da Proposta
Curricular do Estado de São Paulo. (3) Por fim, tentaremos pensar a atividade de ensinar
filosofia, por meio da imagem Socrática, sobre os moldes postulados pelo documento oficial.
Destacamos com fundamental para realizar os objetivos aqui preteridos, nossa experiência
com o Ensino de Filosofia como bolsistas de iniciação a docência (PIBID/CAPES) e nossa
atual pesquisa como bolsistas PIBIC/CNPq.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Sócrates; Ensino Médio.
O PROJETO NEUROFILOSÓFICO DE ELIMINAÇÃO DA MENTE:
IMPLICAÇÕES PARA A PSICOLOGIA
ROSA, Luiz Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru). Orientador: Prof. Dr.
Jonas Gonçalves Coelho. Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected]
Como é sabido, o surgimento da Psicologia como uma ciência é inseparável da ideia
cartesiana segundo a qual os aspectos psicológicos e materiais dos seres humanos, embora
inseparáveis, são essencialmente distintos. Essa distinção teria propiciado a constituição de
uma nova ciência dedicada à compreensão da mente em seus aspectos normais e patológicos.
Essa posição originária da Psicologia em relação à constituição dualista do homem foi objeto
de muitas críticas, inclusive no âmbito dessa mesma ciência, onde encontramos um conjunto
de abordagens em confronto em relação à natureza de seu objeto de estudo, à metodologia
apropriada para estudá-lo, à etiologia de algumas patologias e o modo de tratá-las. Não
bastasse essa divergência, a Psicologia ainda compete com outras áreas do conhecimento, em
especial a Neurociência, que defende a investigações de processos mentais a partir de
processos cerebrais. A linha dentro da filosofia da mente que defende tanto a eliminação de
uma possível distinção entre mente e cérebro, além de defender a redução da Psicologia às
Neurociências é o Materialismo Eliminativista. Desse modo, no presente trabalho, levantamos
a discussão sobre as principais teses de tal teoria a partir das obras de Paul e Patricia
Churchland, como a eliminação da psicologia popular, a problemática da “semântica dos
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estados mentais”, a neurofilosofia churchlandiana, a redução da psicologia às neurociências, a
plausibilidade neurocomputacional e redes neurais artificiais. A psicologia popular, para tais
autores, seria nada mais que uma teoria com princípios e ontologia falsos, pois suas
“explicações” partem de “dados” introspectivos, utilizando-se de atitudes proposicionais
como crença, desejo, intenção, vontade, etc., as quais não explica o comportamento do
sujeito, uma vez que não passam de explicações circulares e tautológicas, desse modo, para
tais autores, a psicologia popular deve ser eliminada pelas neurociências, pois, por ser uma
teoria falsa, não seria passível de redução. Portanto, seria impossível uma “semântica dos
estados mentais”, pois tal tese seria de cunho linguaformal, ou seja, de que é a linguagem
seria o guia do pensamento e do comportamento, porém, tal teoria não explicaria o
comportamento dos animais que não possuem linguagem, ou seja, todos os outros animais, e
mesmo no caso dos seres humanos as atitudes proposicionais não guiaram a maioria dos
comportamentos, como dirigir, praticar algum esporte, andar, comportamento reflexo, etc.
Partindo disso, caminhamos para uma neurofilosofia, onde os problemas da psicologia,
filosofia e epistemologia seriam problemas neurocientíficos, assim, a psicologia seria
reduzida às neurociências, pois esta daria as bases fundamentais para as investigações
psicológicas, pois não haveria uma distinção entre mente e cérebro, sendo só cérebro. Tais
autores também defendem a plausibilidade neurocomputacional e o uso de redes neurais
artificiais para simulação de processos cognitivos como forma de defender a inexistência de
atitudes proposicionais, assim como a redução dos processos cognitivos aos processos
cerebrais. Ao final, discutimos sobre possíveis implicações (suposições) para a psicologia,
como a sua redução às neurociências, acarretando a perda de sua independência científica; uso
exclusivo do método naturalista na pesquisa psicológica; revisão da patologia psicológica, etc.
Palavras-chave: Eliminativismo; Neurofilosofia; Psicologia; Redução; Churchland.
CRÍTICA DA RAZÃO PURA: UM ESTUDO DA DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL
(B)
SALVIO, Thiago de Souza. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:
Prof. Drª Clélia Aparecida Martins. E-mail: [email protected]
A "Dedução Transcendental dos conceitos puros do entendimento (B)", é constituída de treze
parágrafos (§15-27) e, conforme as palavras do próprio Kant, é a parte da CRP que mais
exigiu seu esforço (A XVI). Nela ele procura refutar a noção do inatismo, defendendo o
conceito "Eu penso", de maneira muito diferente do "cogito ergo sum" de Descartes; expõe a
unidade lógica da consciência bem como tematiza a forma dos juízos e a objetividade das
categorias. O estudo tem por desdobramento a reconstrução ddo argumento que Kant
apresenta entre B 130-169, na Dedução Transcendental (2ª ed. 1787), por meio de uma análise
exegética.
Palavras-chave: Crítica da Razão Pura; Idealismo transcendental; Categorias do
entendimento.
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A CONDUÇÃO DOS REBANHOS DE DEUS: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE O
“PODER PASTORAL”
SAMPAIO, Pedro Ivan Moreira de. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr.
Caetano Ernesto Plastino. E-mail: [email protected].
Nesse estudo, pretende-se desenvolver uma reflexão a respeito das práticas pastorais do
cristianismo, em especial a partir do século III da era cristã. Para tal, adotar-se-á aqui duas
referências teóricas principais. Primeiramente, o curso de Michel Foucault no Collège de
France ministrado no ano de 1978, intitulado « Sécurité, Territoire, Population » . Em
segundo lugar, as reflexões de Gilles Deleuze sobre a figura do “padre” e da “dívida infinita”
em dois momentos precisos: seu conjunto de entrevistas intitulado Abecedário , e na pequena
coletânea Pourparlers. O que se pretende examinar com esse estudo sobre a pastoral cristã é
precisamente o conjunto de relações entre o “padre” e a “comunidade”, o “pastor” e seu
“rebanho”. Trata-se de buscar apontar como operam as relações de poder entre essas figuras,
numa tentativa de evidenciar a tensão entre a servidão e a liberdade do “rebanho” e do
“pastor” no bojo dessa relação de condução de almas e corpos.
Palavras-chave: Poder Pastoral; Servidão; Liberdade; Foucault; Deleuze.
VISÕES DO IMPERIALISMO SEGUNDO LENIN E ROSA LUXEMBURGO
SAMPAIO, Thiago Henrique. Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Assis). E-mail:
No último quartel do século XIX, surge uma nova política de dominação territorial e política
desenvolvida pela Europa, o direito histórico passa a ter um papel secundário e a ocupação
efetiva de uma região começa a prevalecer. Diversas nações buscaram construir impérios
coloniais ao longo do globo e antigas potências coloniais, como Espanha e Portugal, tentavam
manter seu status de país colonizador diante da ascensão de novos Estados colonizadores, no
caso, Inglaterra, Alemanha e França. A Conferência de Berlim (1884 – 1885) marcou a
divisão do continente africano entre as potências europeias e tinha como maior objetivo a
elaboração de um conjunto de regras que legitimava a conquista da África de forma mais
organizada possível, quando a conferência terminou uma de suas principais conseqüências foi
à substituição do direito histórico pela ocupação efetiva de um território. A busca de mercado,
matéria-prima e mão de obra barata foram o forte desta nova mentalidade, uma das
conseqüências diretas da competição que existiu entre as potências coloniais desembocou na
Primeira Guerra Mundial. Esta nova política colonial irá divergir daquela adotada ao longo
dos séculos XV ao XVIII e prevalecerá até após a Segunda Guerra Mundial com o surgimento
de movimento de descolonização nos continentes africanos e asiáticos. Diversos escritores no
período teorizam sobre este acontecimento histórico. Rosa Luxemburgo não encara o
Imperialismo com uma etapa específica e diferenciada do capitalismo concorrencial, mas
como a conseqüência lógica da acumulação de capital. Enquanto Lenin, o encarava como
resultado de características próprias de seu tempo e considerava que o Imperialismo era
parasitário, rentista e putrefático. O presente trabalho tem como objetivo analisar e comparar
90
as visões construídas sobre o Imperialismo a partir das obras Imperialismo fase superior do
capitalismo do Lenin e A acumulação de capital da Rosa Luxemburgo escritas no início do
século XX por autores que assistiam a ascensão desta nova política colonial europeia.
Palavras-chave: Imperialismo; Colonialismo; Lenin; Rosa Luxemburgo; Política Colonial.
O RELATIVISMO EM PROTÁGORAS
SANTOS, Danilo Pereira dos. Universidade Estadual de Maringá (UEM). Orientador: Prof.
Dr. Vladimir Chaves dos Santos. E-mail: [email protected]
O objetivo desta pesquisa é identificar e analisar o sentido filosófico da célebre proposição do
sofista do século V a.C. Protágoras de Abdera: “O homem é a medida de todas as coisas, das
que são, enquanto são, das que não são, enquanto não são.”, fórmula muito criticada pelos
filósofos da época, principalmente por Platão. Servindo-nos de fontes diversas, pretendemos
reconstituir seu pensamento e sua força filosófica. Desse modo, pretendemos defender, na
medida em que formos encontrando argumentos consistentes, Protágoras das críticas feitas a
ele por Platão. Assim, levando em conta que a presente pesquisa está em fase inicial,
pretendemos expor os principais objetivos dessa pesquisa e apresentar alguns problemas que
repercutem da tentativa de reconstituir um pensamento, (relativismo protagoriano), à parti de
uma fonte hostil à ele, (os diálogos de Platão).
Palavras-chave: Homem-medida; Relativismo; Protágoras.
ALGUNS MOTIVOS NO CINEMA BRASILEIRO RECENTE
SANTOS, Héder Junior dos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Célia Tolentino. E-mail: [email protected]
“Renascimento do cinema brasileiro”, “Retomada do cinema brasileiro” e “Novo Cinema
Brasileiro” são as expressões mais frequentes, acionadas por muitos críticos e cineastas, para
denominar o processo de revigoramento da filmografia brasileira durante os anos de 1990 e
2000, em especial, dos longas-metragens de ficção. Termos carregados de sentidos, a primeira
vista, lançam luzes sobre um singular processo de reconstrução do cinema nacional em
tempos de governos democráticos, políticas neoliberais e de condicionamentos às orientações
do mercado. O objetivo central deste trabalho é pensar alguns motivos constantes e pungentes
no cinema brasileiro recente. A nossa hipótese é que no interior da referida produção
cinematográfica não se tem expressado a consolidação de um novo projeto estético para a
filmografia nacional (relacionado às mudanças operadas na linguagem) ou de um novo
projeto político (relacionado à visão de mundo de sua época), mas tratam tão somente da
reconquista da capacidade de produção cinematográfica. E caso nossa suposição proceda, é
mister descrever como isso ocorre. Vale lembrar ainda que partimos, para tanto, de alguns
pressupostos: a ficcionalidade como valor estético; a consciência construtiva cultivada
rigorosamente pelos cineastas; a ficção como mediadora de verdades ou realidades mentais e
91
sociais construídas historicamente ou socialmente; e se essa verdade ou realidade ficcional
ocorre é por meio da sua forma.
Palavras-chave: Cinema brasileiro recente; Conteúdo e forma; Globalização; Capitalismo
tardio.
MEMÓRIA E IMAGINAÇÃO
SANTOS, Victor Lopes. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Orientador:
Prof. Dr. Roberto Roque Lauxen. Bolsista da FAPESB. E-mail: [email protected]
Segundo Paul Ricoeur, uma longa tradição filosófica, faz da memória uma província da
imaginação, por isso a associação da imagem e da lembrança é usual e inevitável, mas ao
mesmo tempo pode induzir ao erro. A tese de Ricoeur consiste em que, depois de haver
reconhecido que ambas as operações cumprem uma função comum, a saber, fazer presente
algo ausente, deve-se separa-las destacando a especificidade da dimensão temporal da
memória. Essa dissociação deve ser feita, na esteira de uma crítica da imaginação e na contra
mão dessa tradicional desvalorização da memória. A anamnese aristotélica tem a pretensão
veritativa que confirma a separação da memória e da imaginação. Ao que pensa o autor,
enquanto que está tende a situar-se espontaneamente no âmbito da ficção e do irreal, a
memória deseja assumir o trabalho de ser fiel e exata. Com efeito, podemos ir adiante com a
denúncia ao caráter sedutor e enganoso da imaginação desde o ataque de Platão contra a
sofística, que, segundo ele, forma parte da eikón, até Montaigne, Pascal e de maneira
altamente significativa em Spinoza. Mas a imaginação não resulta enganosa do mesmo modo
que a memória. A confusão entre o irreal e o real, ou por assim dizer, sua propensão a alucinar
motivam que a imaginação se encontre suspeita enquanto núcleo falaz da dóxa, enquanto
armadilha de toda mimesis, de toda imaginação ou cópia. A falsidade da memória é distinta.
Equivoca-se sobre o que aconteceu, sobre algo que ocorreu num momento anterior.
Palavras-chave: Memória; Imaginação, Dóxa.
A VOZ DAS MULHERES NA FILOSOFIA
SENA, Gabriela. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
O objetivo deste trabalho é tentar comprovar como o pensamento de mulheres/para mulheres
na filosofia é nulo.Se estamos a pensar de maneira criativa e reflexiva dentro da
universidade,o pensamento feminino é indispensável,quais são as chances de criar uma
filosofia que esteja realmente interessada no quê pensamos e na forma como pensamos? Qual
é o papel de uma filósofa dentro da universidade? É possível descrever sobre o nosso
cotidiano e nossas vivências? Em toda a história temos uma variante de pensamentos
masculinos tal como filosofia,nas artes,literatura etc.É possível uma nova linha de
conhecimento pautada somente na história das mulheres? Se sim,quais serão as
92
consequências.Que relação estamos tendo com o pensamento filosófico hoje em dia? Somos
meras reprodutoras das vozes dos homens ? Por quê apagamos nossa identidade enquanto
mulher e reafirmamos o pensamento do homem? A supremacia masculina na universidade é
inquestionável, certamente devemos analisar também como isso tem consequências internas
em nós. Ademais, nesse conflito interno, há uma relação entre a heterossexualidade
compulsória e a reprodução de pensamentos macho-identificados. Heterossexualidade
compulsória é um termo usado para explicar como direcionamos todas as nossas energias para
o consumo masculino como somos totalmente direcionadas para os pensamentos e situações
deles e como nunca temos uma relação de identificação com nós mesmas que não nos permite
pensar além da ótica do homem. Vivemos em função do macho e mesmo se fomos apelar para
o meio mais “democrático” possível, a política somos retribuídas com violência. O que parece
sobrar para as mulheres é um espaço de auto-organização e conhecimento entre nós mesmas.
É necessário o fortalecimento entre as mulheres para combater a ideologia patriarcal
dominante, é necessário não ter mais medo ou insegurança de nos identificarmos com outra
mulher temos que ir até as raízes do feminismo para problematizar essa hegemonia de
pensamentos masculinos dentro das ciências humanas e o quanto esses pensamentos podem
ser danosos para a nossa saúde mental.
Palavras-chave: Feminismo radical; Filosofia; Mulheres.
O JUÍZO ESTÉTICO EM KANT: AS CONCEPÇÕES DE BELO E SUBLIME
SENICATO, Renato Bellotti. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/Piracicaba).
E-mail: renatobellottisenicatto
O filósofo alemão Immanuel Kant estabelece o Juízo Estético como pretenso a fundamentar
regras do juízo-do-conhecimento superior. O Juízo Estético compreende um processo
subjetivo de analise do objeto pelo sujeito. Dividido entre juízos-de-reflexão e juízos-de-
sentidos, ambos estéticos, a relação ocorre entre sujeito e objeto pautada pela subjetividade,
pois não utilizam-se como no caso dos Juízos superiores, os conhecimentos e conceitos
cognoscitivos estabelecidos previamente. Embora tenham potencia para fundamentarem-se,
pela universidade, enquanto superiores, não o são porque a relação entre sujeito e objeto
pauta-se no sentimento de prazer e desprazer que atinge os sujeitos de maneira particular,
sendo, portanto, o Juízo Estético, de ordem subjetiva. O belo e o sublime compreendem
derivados do processo do Juízo Estético, o primeiro faz referencia ao objeto e a forma, e é,
dessa forma limitado; o segundo refere-se principalmente ao sujeito e sua grande razão, que
detentora das Idéias inscreve-se pela ordem do ilimitado, sendo maior que as coisas e
fenômenos físicos, pois diz respeito àquilo que somente pode ser pensado, dessa forma,
superior.
Palavras-chave: Juízo estético; Belo; Sublime; Immanuel Kant.
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A CRÍTICA DA RELIGIÃO EM MAQUIAVEL
SENNA, Sabrina Paradizzo. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail:
Neste trabalho pretendo desenvolver um pouco do pensamento do filósofo italiano
renascentista Nicolau Maquiavel (1469-1527) sobre a religião, que para ele está diretamente
relacionada com a política, e é através dessa religião que o governante deve buscar trazer a
estabilidade para seu governo. O filósofo fará uma crítica ao cristianismo por ser uma religião
na qual as pessoas se esquecem da vida mundana e pensam somente numa vida extraterrena,
sacrificam as coisas do mundo como a interação política vivendo para uma possível vida que
transcenda os limites da existência terrena, que segundo o pensador não possui nenhuma
confirmação efetiva. Maquiavel fará uma defesa a religião pagã no sentido de que esta amava
mais a liberdade. Fará uma separação da política com a moral e a religião, tendo a visão de
que a religião não deve ter domínio sobre a vida em sociedade, mas deve servir como
instrumento de manutenção do poder do governante, ela deve servir em favor da política. A
religião é usada para justificar interesses e confortar a população, que está disposta a conceder
sua vida em troca de seus ideais. O que importa então para Maquiavel não é se o conteúdo da
religião é verdadeiro ou não, e sim, canalizar toda essa energia que ela apresenta no espírito
dos homens para uma direção política útil e construtiva. Ou seja, a religião precisa que o
príncipe tenha capacidade de se servir da fé do povo para levá-lo a obediência civil. O
príncipe então que souber se utilizar da religião, independentemente da legitimidade da
crença, fará com que os cidadãos selem com mais respeito o cumprimento das leis e dos bons
costumes. A religião apresenta-se como função educadora. O uso político da religião está em
disfarçar no mandamento religioso a norma política, Maquiavel apresenta assim uma visão
secularizada da religião. Terei como principal base a obra Discursos sobre a primeira década
de Tito Lívio de Nicolau Maquiavel.
Palavras-chave: Maquiavel; Religião; Cristianismo; Política; Tito Lívio.
O QUE SIGNIFICA ELABORAR O PASSADO: ADORNO E A EDUCAÇÃO COMO
FORMA DE EMANCIPAÇÃO
SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).
Orientador: Prof. Dr. Sinésio Ferraz Bueno. Bolsista da FAPESP. E-mail:
Este trabalho visa expor brevemente as considerações do filósofo alemão Theodor Adorno
sobre a educação como forma de emancipação. O texto explorado "O que significa elaborar o
passado" é o ponto de partida para iniciarmos as referidas considerações. Para Adorno, que
muito esteve preocupado com os acontecimentos da Alemanha nazista, a necessidade de
elaborar o passado é de suma importância para que "Auschwitz não se repita". Buscando
fundamentos na teoria psicanalítica freudiana (como os conceitos de trauma, elaboração,
repetição, identificação e narcisismo), Adorno expõe que os indivíduos precisam elaborar e
discutir sobre aquilo que levou a população alemã "cair de joelhos" diante da figura
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autoritária, já que tudo aquilo que fez com que os homens produzissem Auschwitz ainda eram
sintomas latentes entre a população alemã (mesmo depois de vinte e cinco depois do ocorrido
nos campos de concentração). Desses sintomas latentes, podemos citar: a infelicidade dentro
da civilização que Adorno compartilha do pensamento freudiano sobre o homem civilizado (e
neurótico), a repressão dos desejos, a sensação de desamparo e a incapacidade dos indivíduos
de conseguirem produzir auto-reflexão. Para discutir tal fato, Adorno busca em Kant o
conceito de emancipação e esclarecimento, e frisa afirmando que somente uma filosofia
emancipatória, que consiga criar um clima cultural e filosófico (ou seja, de reflexão), é capaz
de livrar os homens da heteronomia e da violência fascista, que para ele, está inserida no
cotidiano dos homens civilizados e é intrínseca ao conceito de civilização. Nesse sentido, o
pensador frankfturteano busca fundamentar a necessidade do pensamento filosófico como
forma de livrar os homens da irracionalidade, da ideologia fascista e da regressão a barbárie.
Palavras-chave: Adorno; Elaboração; Psicanálise; Emancipação; Fascismo.
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIA: ANÁLISE BENJAMINIANA SOBRE O PAPEL
DO NARRADOR
SILVA, Alex Rodrigues da. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Aníbal Pellejero. E-mail: [email protected]
O presente trabalho tece uma análise crítica sobre o ensaio O narrador: considerações sobre a
obra de Nikolai Leskov (1936) do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940). Além de
introduzir uma teoria sobre o fim da narração, que aparece como ponto central no ensaio - o
que já exige um exame minucioso sobre as diferentes formas da narração utilizadas ao longo
da história -, o filósofo ainda apresenta indícios que nos levam a pensar a respeito de outras
questões que merecem igual atenção; é o caso do papel do narrador e de sua contribuição para
a preservação da história, por meio dos relatos orais e escritos, algo que pode ser
problematizado não apenas nas discussões filosóficas, mas da mesma maneira em outras áreas
do conhecimento, como a teoria da literatura, a teoria da comunicação e a historiografia.
Nesse mesmo sentido, uma explanação sobre a “tradição” também é algo indispensável, pois
exerce uma função marcante sobre a figura do narrador. No entanto, em decorrência da
limitação do tempo, torna-se quase abstrusa a ideia de abordar, na comunicação em questão,
todos os pontos elucidados por Benjamin, além de tudo, este trabalho traz apenas uma
pequena amostra de uma pesquisa maior que vem sendo desenvolvida como parte do trabalho
de conclusão de curso. Destarte, a intenção é de fomentar um debate que não ecloda apenas
no surgimento de questões - com isso, não estamos de maneira alguma ignorando a
importância das questões -, mas que também possa trazer contribuições para o
aperfeiçoamento da pesquisa. Nesse primeiro momento, o intuito é de expor os principais
conceitos da teoria benjaminiana apresentadas no ensaio em questão - O narrador:
considerações sobre a obra de Nikolai Leskov -, preocupando-se sempre com uma exposição
rigorosa dos argumentos fundamentais para evitar a criação de um trabalho tendencioso e,
consequentemente, com distorções.
Palavras-chave: Narrador. Narração. Benjamin.
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A FORMAÇÃO CULTURAL FILOSÓFICA DA MODERNA UNIVERSIDADE
SILVA, Bruna de Jesus. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof.
Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. E-mail: [email protected]
No presente trabalho pretendo expor parte do desenvolvimento obtido de uma pesquisa que
visa analisar historicamente o período de formação e consolidação do departamento de
filosofia da Universidade de São Paulo, para compreender o modo em que a cultura filosófica
desenvolveu-se por meio das universidades laicas brasileiras. Neste presente ano de 2014,
comemora-se 80 anos da fundação da USP, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e dos
departamentos de curso, o de Filosofia por exemplo. Portanto, os anos de 1934 a 1968 é o
período histórico de ricos discursos que poderão constar importantes afirmações para cumprir
o objetivo do projeto. Assim, a presente pesquisa se relaciona à outra desenvolvida há
aproximadamente quatro anos em grupo, a pesquisa arqueológica de artigos de revistas
acadêmicas de filosofia e de educação publicadas no Brasil que versam sobre o ensino de
filosofia. A partir do referencial teórico dos discursos que problematizam o ensino de
filosofia, poderá ser possível também compreender a formação cultural filosófica promovida
nas universidades, uma vez que o objetivo da mesma constitui-se por meio do ensino, da
pesquisa e da extensão. Anterior à fundação da USP, existiam universidades iniciadas por
pressupostos jesuítas, que geraram mosteiros e universidades católicas em todo o país, mas
esta influência cristã não será analisada. O contexto em discussão é o moderno, da proposta
racional de busca pelo conhecimento verdadeiro, inserido idealmente no projeto universitário
de uma instituição de ensino que tornou-se referencia nacional para o desenvolvimento de
outras. O mesmo ideal também está presente na formação do departamento de Filosofia,
podendo ser constatado no relato de antigos alunos, nos artigos publicados na época, no modo
em que os professores do departamento administravam suas tarefas, em meio ás diversas
dimensões que expressam a cultural da filosofia universitária no país. Assim, teremos
elementos para entender a formação desta cultura filosófica, a proposta de filosofia e como a
desenvolveram.
Palavras-chave: Ensino de filosofia; Cultura filosófica; Arqueologia.
O PAPEL DA ATENÇÃO NO PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL
SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
Partindo do ponto que a aprendizagem se dá a partir da tentativa, repetição e associação, meu
objetivo neste trabalho é apontar a trajetória que esse processo deve percorrer para alcançar a
emancipação intelectual sem que se caia no embrutecimento, e porque a atenção é
fundamental nesse processo; fundamentando toda essa trajetória no livro O mestre ignorante
de Jacques Rancière. A emancipação intelectual consiste na revelação de uma inteligência a
ela mesma e para que isso ocorra é necessária a presença de um mestre que não tenha a
intenção de transmitir qualquer conteúdo do qual ele já tem conhecimento. Não há se quer
uma única pessoa que não saiba de nada; analfabetos e crianças sabem os nomes dos meses,
96
dos dias da semana, dos números, nomes das roupas, nome dos alimentos etc., e a partir disso
é possível que se aprenda qualquer outra coisa desde que seja feita a associação dos termos
dos quais já se tem conhecimento com algo que se apresenta como novo a ser conhecido. Esse
processo, porém não é tão simples quanto parece, a tentativa não deve ser necessariamente
dificultosa, com o tempo a associação passa a ser um processo automático, já a repetição que
é parte necessária desse processo pode ser enfadonha e lenta, e sendo assim a presença de um
mestre se torna crucial, sendo que este é que vai fazer a verificação daquilo que o aprendiz
está a conhecer, a verificação será positiva quando o aprendiz, a partir das repetições e
associações passar a conhecer o que antes lhe era estranho, e isso acontece necessariamente
quando há atenção envolvida no processo. Parece que há no ser humano uma preguiça e um
comodismo natural, e por esse motivo a princípio caberá ao mestre exigir toda a atenção que
for necessária para que o aprendiz, por si só, passe a conhecer o que anseia, ou conhecer
qualquer coisa que seja; o objetivo é que aprenda por si mesmo. Quando o aprendiz se dá
conta, que ao usar da sua atenção é possível que conheça qualquer coisa não importando o
tempo que leve para isso, ele é um indivíduo emancipado, pois neste momento percebeu que
pode conhecer sem que seja necessária uma explicação, que neste processo tem papel
unicamente embrutecedor, e ao se tornar emancipado poderá emancipar outros, fazendo o
papel do mestre que exige apenas a devida atenção naquilo que está sendo feito.
Palavras-chave: Aprendizagem; Atenção; Emancipação intelectual.
CONDORCET E A IDEIA DE VOTO: SUFRÁGIO E MATEMÁTICA
SILVA, Carlos Henrique Lemes da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara).
Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Valderez de Colletes Negreiros. Bolsista BAAE-UNESP. E-
mail: [email protected]
Condorcet foi deputado da Assembleia Constituinte na época da Revolução Francesa. Durante
sua atuação como deputado apresentou diversas propostas que foram significativas para a
reforma constitucional, dentre elas, a reforma do “sistema eletivo”. O projeto de reforma do
“sistema eletivo” contribuiu com ideias inovadoras e que influenciaram outros sistemas, e se
destaca também pela sua originalidade no qual ele propôs uma nova maneira de aplicação do
“sistema eletivo” para a escolha dos eleitos através do método da pluralidade na escolha do
vencedor em uma eleição. Condorcet desenvolve dois conceitos para explicar seu “sistema
eletivo”. No primeiro, trata do critério do ganhador: “Se houver uma opção, a qual comparada
par a par é sempre preferida pelos eleitores, então essa opção deverá ser considerada
vencedora da eleição”; no segundo, trata do critério do perdedor: “Se houver uma opção que
perde no confronto par a par com qualquer outra, então essa opção não deve ser a vencedora
da eleição”. O critério de escolha passa a ser fundamentado no “método da pluralidade” que
pressupõe a matemática como instrumento de aplicação e de contagem para o resultado do
sufrágio. Condorcet filósofo e deputado analisou seu tempo como crítico que desejava
mudanças nesse cenário político que viveu, denunciando nos seus escritos e panfletos os
desvios feitos pelas decisões da Assembleia Constituinte aos cidadãos. A crítica feita por
Condorcet, ao modo como se procedia pelo voto e ao sufrágio, originou debates, disputas e
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perseguições. Passou a ser considerado inimigo do Estado e fugitivo do governo. Durante dois
anos escondeu-se, após receber a ordem de prisão, e neste período escreveu a obra Esboço de
um quadro histórico dos progressos do espírito humano. Quando deixou o esconderijo, foi
preso e morreu em circunstâncias não esclarecidas. O estudo e a pesquisa que realizamos do
pensamento de Condorcet pretendeu ressaltar o significado da relação da matemática com a
análise do voto e do sufrágio no século XVIII. O caráter crítico e político de suas
argumentações nos mostram as lacunas do “sistema eletivo” de sua época e sua intenção de
revelar como eram realizadas as decisões na Assembleia Constituinte. Os efeitos e os
desdobramentos destas lacunas nos sugerem pensar o “sistema eletivo” na contemporaneidade
Palavras-chave: Voto; Sufrágio; Matemática.
A REALIDADE OBJETIVA DAS IDEIAS EM DESCARTES
SILVA, Guilherme Diniz da. Faculdade de São Bento (FSB). Orientador: Prof. Dr. Franklin
Leopoldo e Silva. Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected]
Nas Meditações Metafísicas, Descartes estabeleceu uma teoria das ideias segundo a qual as
representações do eu pensante possuem um determinado grau de realidade objetiva, de forma
que as ideias que representam seres mais perfeitos correspondem a um grau maior de
realidade ou perfeição. Contudo, o teólogo holandês, Johannes Caterus, de formação tomista,
irá refutar essa concepção, alegando que as representações são puras denominações, isto é,
sinais formais das coisas, e, por essa razão, não possuem nenhuma realidade. Assim, o modo
com Descartes reage às objeções nos permite compreender melhor a natureza das ideias no
interior do sistema cartesiano.
Palavras-chave: Conhecimento; Realidade; Representação; Causa; Objetividade.
FILOSOFIA DE PLANOS E CONCEITOS: A LIBERDADE DO PENSAMENTO NA
AFIRMAÇÃO DA DIFERENÇA DELEUZIANA
SILVA, Jeferson Souza da. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Ernani
Chaves. E-mail: [email protected]
No livro, Diferença e repetição, Deleuze lança mão do conceito de imagem do pensamento,
que agiria perante a filosofia como o saber a priori que tudo revela ao filosofo, como um
padrão pré-definido de como se orientar-se do pensamento, a partir do qual, toda a produção
do filósofo conduzido por uma imagem do pensamento estará fadada a sua influência,
impedindo-a de rumar por caminhos desconhecidos, por outros planos, isto é, exatamente o
contrario da filosofia da diferença, do movimento, da repetição, do ir e vir dos conceitos.
Continuando, todo o filósofo é um produtor de conceitos, então como julgar a existência de
um filósofo nômade e um sedentário? Como se são ambos produtores? Ora, para Deleuze não
se pode entender estas questões sem antes perceber a ação e a influencia do que ele chama de
imagem do pensamento, pois a filosofia sedentária, estática, é aquela que está assentada sobre
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as pilastras de uma imagem do pensamento, ou seja, suas bases fundamentais, suas
implicações estão condicionadas por esta imagem, e delas não se distanciam, a filosofia se
torna aqui uma mera ferramenta que tem como principal utensílio servir ao dogmatismo, um
eterno movimento rígido circular dos conceitos, bem diferente do movimento horizontal e
flexível Deleuziano. Invariavelmente, toda imagem do pensamento sempre pressupõe
características como postulados, saberes a priori, planos consolidados e restritos, “um
pressuposto subjetivo ou implícito tem a forma de todo mundo sabe[...]todo mundo sabe antes
do conceito e de um modo pré-filosófico [...] eu penso, logo sou”, e eles são do ponto de vista
de uma filosofia aberta e fundada na diferença e aceitação de conceitos distintos, desastrosos,
pois fundamentam aquela ideia de um circulo fechado onde apenas adentram comungadores
de uma mesma ideia, o que soa claramente como uma tentativa de resignar para a filosofia
uma semelhança com a ciência, no sentido de que se consolidam linhas de pensamento
impenetráveis, e dispostas a emitiram hipóteses sobre tudo e todos (qualquer que seja o
problema, chama o filosofo, ele sabe a causa e o efeito, porque é e porque não é!), tal qual
uma comunidade cientifica com seu paradigma solucionando problemas, e os cientistas ali,
fazendo de tudo para que o seu adorado pensamento não seja refutado, até mesmo passar por
cima da “ética”. Em contrapartida, o “filósofo nômade”, o pensador dos múltiplos planos de
imanência, é aquele cujo pensamento, veja só, está completamente desprovido de uma
imagem do pensamento, um filósofo que cria seus conceitos, que age sem pressupostos e
enfrenta a multiplicidade de conceitos e planos, sem defesas predispostas em sua filosofia.
Diferença e Repetição, enquanto os conceitos são fragmentários e parciais, o plano de
imanência é um Uno-todo. Ora, um plano de imanência não pode se confundir com um
conceito, por isso que o filósofo nômade (o oposto ao que Deleuze intitula filosofo sedentário;
questões que serão abordadas no trabalho completo em questão) não se guia por uma imagem
de pensamento, pois o seu plano de imanência é uma completa diferença. Certamente, um
pensamento que se pretenda consolidar sem necessariamente a utilização de uma imagem, um
pensamento filosófico construtivo, horizontal por excelência, desconhece valores aprioris,
desconhece pré-conceitos, e elabora todo o seu pensamento pautado sobre a vanguarda da
diferença, da assimilação e da mutabilidade.
Palavras-chave: Deleuze; Imagem do pensamento; Filósofo nômade; Filósofo sedentário;
Filosofia contemporânea; Planos de imanência.
O SOFRIMENTO: PAIXÃO PELO PARADOXO DO ABSOLUTO
SILVA, Marcos Silva e. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). E-mail:
Por meio deste texto, queremos suscitar o debate kierkegaardiano a respeito da existência, na
perspectiva de sua obra sobre O Conceito de Angústia, justificaremos que o sofrimento
humano suscita paixão e esta se relaciona ao patético e ao dialético na vida humana. O
patético está em primeiro lugar, pois, por meio dele, culmina a paixão pela felicidade eterna
do homem em busca do Absoluto. Assim, tal como a falta é intensificada, o paradoxo da fé é,
necessariamente, acompanhado de angústia e sofrimento; trata-se de uma característica da
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interioridade existencial. Assim se refere Kierkegaard: “Um problema existencial tem um
duplo aspecto: o patético e o dialético. Assim, o problema aqui tratado exige a interioridade
existencial para agarrar o patético, a paixão para agarrar o dialético, e a paixão intensa pelo
qual devemos existir nesta questão”. Pode-se dizer que o homem torna-se o caminho da
afirmação de si, o sofrimento conduz à subjetividade por meio da paixão pelo telos Absoluto
sem temer o paradoxo da fé. O que nos caberá uma questão: A fé é a paixão perseverante da
existência no tempo? A verdade como paradoxo é a paixão necessária para a subjetividade;
isso acontece em diversos momentos da vida, de diversas maneiras, em dimensões diferentes,
mas de uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e é mesmo, inseparável da existência
do homem pois a paixão o intermedia. Este intermédio – o sofrimento – indica em quais
momentos o indivíduo passa a existir mediante a paixão. É um meio de comunicação com o
paradoxo do Absoluto, que intensifica a existência do homem em um sofrimento apaixonado.
Neste sentido existir é encontrar-se vinculado ao Absoluto, é uma condição necessária da qual
não se pode escapar, pois a impulsão que leva o homem a existir o leva a saltar, a aceitar o
sofrimento de forma absurda. Assim, o homem sofre por não compreender o paradoxo, já que
oscila por estar frente ao abismo existencial.
Palavras-chave: Sofrimento; Paixão; Paradoxo.
A NOÇÃO DE PRINCÍPIO NO CONTEXTO DO CONHECIMENTO E DA
ONTOLOGIA PARA TOMÁS DE AQUINO
SILVA, Maria Clara Pereira e. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Orientador:
Prof. Dr. Márcio Augusto Damin Custódio. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:
O objetivo deste texto é analisar a noção de princípio em Tomás de Aquino, notadamente no
Comentário à Física, Livro I, lição 1. Para tanto, inicialmente, deve-se estabelecer o sentido
mais geral de princípio, a saber, aquilo a partir do que algo procede. Decorre desta
compreensão que, princípio pode ser dito em dois contextos, quais sejam, no contexto do
conhecimento e, também, no contexto da ontologia. No primeiro caso, no contexto do
conhecimento, se diz princípio no interior da constituição da ciência. No segundo caso, no
contexto da ontologia, por sua vez, princípio é dito como constituinte do ente ou como causa
eficiente da constituição do ente. Ocorre que Tomás de Aquino emprega indistintamente a
noção de princípio. Nessa medida, é necessário que o leitor se empenhe em distinguir o
emprego nesta noção, bem como o alcance de seu sentido. Uma noção que pode ser entendida
de mais de um modo, e que é empregada em diferentes contextos indistintamente, pelo autor,
poderia tornar confuso ou vago seu sistema. À primeira vista, a noção de princípio, uma das
noções gerais da ciência, parece vaga, ou confusa por ser correspondente a mais de um
contexto ao se relacionar à constituição da ciência e à constituição do ente simultaneamente.
Com efeito, pode-se questionar: no Comentário à Física, Livro I, lição 1, Tomás de Aquino se
propõe a estabelecer as noções gerais da investigação científica, porém por que ele inicia
investigando os princípios dos entes naturais? No intuito de esclarecer a relação entre os dois
contexto, do conhecimento e da ontologia, e mostrar que a noção não é confusa ou vaga, este
100
texto propõe que a distinção, das aplicações da noção, seja entendida no âmbito da ênfase,
uma vez que, para Tomás de Aquino, o princípio apreendido diz respeito ao princípio do ente
natural.
Palavras-chave: Tomás de Aquino; Princípios; Ciência.
A FILOSOFIA NA EXPRESSÃO LITERÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE
VOLTAIRE E MACHADO DE ASSIS
SILVA, Mário Augusto da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:
Prof. Dr. Márcio Benchimol Barros. E-mail: [email protected]
Com base nos romances de Voltaire: Zadig (o destino) e Cândido (o otimismo) e no romance
Ressurreição de Machado de Assis ,procuro neste trabalho ressaltar como os dois autores
levantam o meio social da época em seus romances e colocam a crítica em função de um
desenvolvimento filosófico sobre questões humanas existenciais tais como medo , a dúvida ,e
o otimismo humano. A construção da crítica filosófica acontece de acordo com a construção
da obra. Na obra Ressurreição de Machado de Assis , a questão trabalhada é a duvida e o
medo humano trabalhada na frase de Shakespeare (nossas dúvidas são traidoras e nos fazem
perder com frequência o bem que poderíamos ganhar pelo simples medo de tentar) a obra faz
a reflexão em torno desses temas. Na obra Zadig de Voltaire as questões trabalhadas são as
falhas humanas nas suas convicções e a busca por clareza , e na obra Cândido a questão é a
crítica ao "melhor dos mundos".
Palavras-chave: Voltaire; Machado de Assis; Literatura; Filosofia; Romances Filosóficos.
CONHECIMENTO E REPRESENTAÇÃO NO PRIMEIRO PONTO DE VISTA DE
SCHOPENHAUER
SILVA, Sérgio William Damasceno da. Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail:
Este artigo trabalha com o livro primeiro do Mundo como Vontade e Representação, e como a
atividade de conhecimento, bem como a relação entre sujeito e objeto se desdobra dentro da
filosofia de Schopenhauer. Dar-se-á preferência para os conceitos de causa, efeito, tempo,
espaço, matéria e atividade. Dentro destas considerações- de uma teoria do conhecimento
aprimorada em relação ao apriorismo-, trabalhar-se-á também com o diálogo entre
Schopenhauer e a doutrina apriorística do entendimento. No primeiro momento o filósofo
alemão trabalhará com os elementos fundamentais que irão nortear a construção de sua obra
acerca do conhecimento. Vê-se então um trabalho com as representações dos sujeitos que por
sua vez são complexas, restritas a indivíduos particulares, com implicações gerais na medida
em que se considera o objeto existindo para um sujeito através da representação deste, e que a
representação é fundamental para o “ser” de um objeto em relação a um sujeito. Ao mesmo
tempo, considera-se que Schopenhauer não tem uma descrição certa no que concerne a uma
101
denominação teórica do conhecimento, não se fazendo então à luz das diversas concepções de
origem e possibilidade, como: idealismo, realismo, racionalismo, empirismo- e muito menos-
um materialismo. E diante desta perspectiva schopenhaueriana, pode-se afirmar que causa e
efeito estão longe de uma determinação sistemática suscitada pela “velha” consciência
metafísica de fundamentação entre “ser” e “vir-a-ser”. E resultante da filosofia não rotulada
em um campo, Schopenhauer busca entender paulatinamente o porquê da explicação
transcendental, e em seguida apontar as limitações que esta doutrina se impõe, suscitando
então a nova compreensão de conceitos que levam em conta a ação de um objeto como sua
própria causa na atividade e não mais apenas como resultado de um pólo anterior,
fundamental e necessário para que esta ação seja possível. Então as últimas considerações do
presente artigo irão se debruçar acerca da problematização e (ou) possibilidade de
Schopenhauer possuir posição dentro do campo da teoria do conhecimento.
Palavras-chave: Schopenhauer; Teoria do Conhecimento; Representação.
AS BEOBACHTUNGEN (1764) DE KANT: UM PRELÚDIO À RAZÃO PRÁTICA OU
À RAZÃO ESTÉTICA?
SOUSA, Jeandersonn Pereira de. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Profº Dr.
Luís Eduardo Ramos. E-mail: [email protected]
O objetivo deste estudo é investigar as considerações de Kant no texto pré-crítico de 1764,
Observações sobre o sentimento do belo e do sublime (Beobachtungen über das Gefühl des
Schönen und Erhabenen) por meio dos comentadores que analisaram esta obra, de modo a
elucidar o elo entre a análise efetuada por ele nesta obra com temáticas presentes em suas
obras posteriores. As questões que se pretende discutir são: há alguma ligação entre essa obra
do período pré-crítico com as do período crítico? Pode-se falar num suposto prelúdio da
Beobachtungen à razão prática ou à razão estética? De um lado, GALLEFI (1986) e
MORENO (1990) consideram que o texto pré-crítico tem um problema estético que será
resolvido na Crítica da Faculdade de Julgar (Kritik der Urteilskraft), enquanto que, BARNI
(1846) e DAVID-MÉNARD (1990) discordam desta visão. Diante deste quadro, a tarefa
principal deste trabalho consiste inicialmente em confrontar tais concepções.
Palavras-chave: Kant. Texto pré-crítico de 1764. Razão prática. Razão estética.
EROS E SEUS DELÍRIOS EMBRIAGANTES: O PAPEL DA POESIA DE
ANACREONTE NO ELOGIO DE ALCIBÍADES
SOUSA, Renan da Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientadora: Profª. Drª.
Jovelina Maria Ramos de Souza. E-mail: [email protected]
A presente comunicação pretende apresentar a constituição da figura do filosofo apresentada
no elogio de Alcibíades no Banquete, bem como mostrar a urdidura de éros na relação
amante/amado que delimita a distinção entre a expressão dos apetites e o verdadeiro sentido
das relações amorosas na busca pela sabedoria. No tocante a isso, propomos buscar na
102
tradição da poesia mélica arcaica, em especial nos fragmentos de Anacreonte, sobretudo na
Anacreonteia (conjunto de poemas escritos a maneira de Anareonte) a dimensão amorosa
relacionada ao delírio e a embriaguez. Assim, propomos fazer a recepção da poesia de
Anacreonte no discurso de Alcibíades, no diálogo Banquete de Platão.
Palavras-chave: Filósofo; Éros; Delírio.
FILOSOFIA E LITERATURA: ANÁLISE DO LIVRO CÂNDIDO OU O OTIMISMO,
DE VOLTAIRE
SOUSA, Selmy Menezes de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:
Prof. Dr. Márcio Benchimol. E-mail: [email protected]
Definir os padrões do que seja um texto filosófico, um discurso filosófico ou até mesmo um
filósofo seria também ousar definir o que é Filosofia. Atividade livre que é, a Filosofia, ao
longo da história humana se manifestou e se manifesta das mais diversas formas. Na poesia às
vezes encontramos seus vestígios, como também nos romances, na música, na pintura, na
dança... Parece haver um laço dos mais sutis unindo a Arte e a Filosofia. E, por amor ou
teimosia, não sei, desejo investigá-lo. A parceria entre a Filosofia e a Arte torna possível
tratarmos com prazer alguns dos temas mais profundos e complexos da nossa cultura e da
nossa existência, como por exemplo: a noção de realidade, a relação entre arte e verdade, a
transitoriedade do amor, a inevitabilidade da morte, a utilidade da beleza, etc. Quando
entrelaçadas, cria-se uma nova área de conhecimento filosófico, um novo campo de
descobertas, o campo da Estética ou Filosofia da Arte. A Filosofia, como sabemos, mantém
relações mais ou menos próximas com as muitas linguagens da Arte; a Literatura, em
especial, mantém com a Filosofia um dos mais estreitos nós. Aqui encontramos o foco deste
trabalho, a relação problemática e encantadora que existe entre a Filosofia e a Literatura.
Problemática por quê? Encantadora por quê? Qual a condição para que um texto deixe de ser
apenas literário para se tornar também filosófico? Será a ousadia de propor alguma verdade?
Será a forma de explanar um problema qualquer? O que faz um texto ser filosófico? Estas são
as questões que formam a problemática do tema. Agora, e o encanto, de onde surge?É sabido
que a Arte é a melhor linguagem para que expressemos emoções; a Arte quando em forma
literária tem o poder de nos atingir profundamente, é uma forma de manifestação artística que,
por usar de conceitos, alcança para além de nossas emoções, nosso intelecto. Encanta porque
não só nos faz admirar como também nos intriga, nos espanta, comove. A literatura usa a mais
cara das capacidades humanas, a linguagem, para expor a imensidão da criatividade e da
sensibilidade humana. A relação entre a Filosofia e a Literatura proporciona mais do que uma
leitura intrigante, nos proporciona liberdade e prazer neste tortuoso caminho que é a busca
pela verdade. O livro Cândido ou O Otimismo, do filósofo iluminista francês Voltaire, é uma
ótima referência como obra que exibe, de certa forma, a ligação entre a Literatura e a
Filosofia. Cândido ou o Otimismo é a mais conhecida obra de Voltaire. No livro, Voltaire
critica a teoria positivista de Leibniz a partir das aventuras de Cândido, personagem que, a
cada passo que dá, vê-se diante de uma tragédia; assim, aprende a se questionar e a filosofar
ao caminhar pela vida.
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Palavras-chave: Filosofia; Literatura; Voltaire.
AUSCHWITZ E A VIDA NUA: A BIOPOLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN
SOUZA, Danigui Renigui Martins de. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). E-mail: [email protected]
No presente trabalho analisaremos, de forma breve, o que caracteriza a vida do Homo Sacer e
o que essa figura do Direito Romano representa para o entendimento do termo biopolítica.
Teremos como bases os livros o Homo Sacer e O que resta de Auschwitz, com o objetivo de
refletir o pensamento político do autor acerca da influência da biopolítica na construção da
“vida nua”. Visamos compreender como se dá e de que forma se manifesta esse conceito
chave de “vida nua” para o entendimento do autor. Observaremos ainda o caminho trilhado
pela biopolítica de Agamben até a sua máxima expressão moderna nos campos de
concentração. Diante da formulação biopolítica de Michael Foucault, Agamben volta ao
direito arcaico da Roma Antiga para analisar a figura jurídica do Homo Sacer e percebe que
sua vida possui um caráter de indeterminação. Em seu livro, Homo sacer, ele percebe que a
vida nua nada mais é que o ingresso da zoé na esfera da polís, a politização da vida, e observa
isso ao analisar o local onde ocorre pela primeira vez, a ligação do caráter de sacralidade com
a vida humana, no Homo Sacer. Essa figura do direito romano, em nosso tempo, perdeu seu
caráter de sacralidade. Logo, o único resquício de valor existente o abandona e o que resta
agora é a expressão máxima da vida nua. É no campo de concentração que encontramos a
vida despida de todo valor, e a radicalização da vida nua como nunca antes foi vista. Os
“muslins” (como eram chamados os judeus) foram essa radicalização, e a figura do Homo
Sacer, portador da vida nua na Roma Antiga, hoje é substituído pela figura do “muslim”, a
nova marca dos campos de concentração e da modernidade. O que o filósofo italiano percebe
na modernidade, é que a figura do arcaico direito romano aparece cada vez mais em destaque.
Percebermos isso ao observar que muitas disputas de identidades étnicas e alguns discursos
geneticistas, visando aprimoramento da raça humana, culminaram nos chamados “Campos de
concentração”. O surgimento desses, só foi possível porque a política tornou-se biopolítica. A
atenção voltou-se para corpo biológico da sociedade e com esse cenário instaurado, a vida
privada (zoé) e a existência política (bíos) encontram-se numa zona de indistinção. Após
análise teórico-bibliográfica, finalizamos o trabalho concebendo a figura do direto romano,
como portador da vida nua na Roma Antiga, e o “muslim” como portador da vida nua dos
campos de concentração da modernidade, e mostrando onde existem aproximações e
distinções entre essas duas figuras.
Palavras-chave: Agamben; Biopolítica; Homo Sacer; Vida Nua; Auschwitz.
JUSTIÇA E PODER
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SOUZA, Lucas Matos de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:
A ideia proposta é sobre um diálogo entre Trasímaco e Sócrates, no qual a discussão é sobre o
que vem a ser justiça. Trasímaco estabelece uma premissa dizendo: A justiça é a conveniência
do mais forte, sendo que a justiça seja a mesma em todos os estados. Sócrates discorda,
dizendo no final do dialogo que desobedecer é justo, mesmo que prejudique. Porém, este
argumento não é válido, pois a justiça se faz pelo ato de obedecer e não pelo resultado, pelo
menos na lógica.
Palavras-chave: Lógica; Obedecer; Realidade.
A NOÇÃO DE WITZ EM FREUD- INVESTIGAÇÕES ACERCA DO MECANISMO
PULSIONAL DO RISO
TEIXEIRA, Manuella Mucury. Universidade de Brasília (UnB). Orientador: Herivelto Pereira
de Souza. Bolsista PIBIC/CNPq. Email: [email protected]
Para além de sua importância histórica, em que a comédia, o riso e o risível, desempenharam
seu papel tão rico de sentidos, há a pergunta pelo sentido do riso ele mesmo, aquilo que
podemos depreender dessa capacidade estranha, que os gregos atribuíam apenas aos homens e
aos deuses, de uma sonora gargalhada? Uma importante contribuição nesse sentido é o
trabalho de Sigmund Freud, que buscou através da psicanálise, entender a importância do riso
na vida psíquica dos seres humanos. Para isso interrogamos o texto freudiano “os chistes e
suas relações com o inconsciente” a fim de saber como se esclarece essa questão do ponto de
vista teórico e clínico. Sabe-se que para Freud a importância de se escrever algo como uma
psicologia dos chistes se dá na medida em que esta descoberta, mesmo que a primeira vista
pareça um caso isolado em relação a seus demais estudos, ou mesmo sem importância dentro
da esfera dos acontecimentos mentais, na realidade, o que se verifica, é exatamente o
contrário, a importância do riso não é de forma alguma desprezível. Para o pai da psicanálise
qualquer nova descoberta no campo mental, significaria estabelecer uma repercussão nas
demais concepções até então elaboradas sobre a vida anímica. Nesse sentido, a declaração da
dinâmica chistosa não poderia ser um evento a parte do sistema psíquico, mas ao contrário,
ser capaz de revelar nuances de seu funcionamento, assim como novas elaborações acerca de
suas estruturas. Ou seja, essas motivações visariam então a contribuir de forma efetiva para o
conhecimento psicanalítico e de fato é o que se deflagra ao longo da leitura do texto em
questão. A nossa investigação sobre os chistes começa por uma investigação do próprio
conceito, juntamente com a denúncia de Freud acerca de sua insatisfação diante da falta de
atenção filosófica que é dada a explicação de tal fenômeno. Passamos então a nos dedicar a
tarefa de explicar os chistes, e a desvelar a gênese de seu efeito humorístico e suas
consequências metapsicológicas. Essas explicações perpassam primeiramente o âmbito da
linguagem, a partir da análise de famosos chistes da literatura, assim como dos conhecidos
ditos populares, acentuando o privilégio do seu caráter simbólico. Percorre o entendimento
das fontes de prazer que este proporciona ao sujeito produtor do chiste, assim como busca
105
apreender a finalidade dos chistes, tanto do ponto de vista de obtenção de prazer individual
quanto de seu processo social.
Palavras-chave: Riso; Filosofia; Chistes; Psicanálise; Prazer.
O CONCEITO DE ESPAÇO E TEMPO EM LEIBNIZ E NEWTON
TOLOSA, Leo Souza. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Agostinho de
Freitas Meirelles. E-mail: [email protected]
Em nosso trabalho objetivamos apresentar alguns pontos da célebre disputa Leibniz X Clarke
(Newton). Como é de conhecimento dos estudiosos do pensamento científico e filosófico
moderno, essa disputa travada no século XVII em torno dos conceitos de espaço e de tempo
foi iniciada por Leibniz, que na primeira carta enviada à princesa de Gales, herdeira do trono
inglês, denuncia os supostos erros cometidos por Newton na elaboração de sua Metafísica.
Newton, que será representado na disputa por seu discípulo Samuel Clarke, defender-se-á
dessa denúncia nas várias cartas que foram enviadas a Leibniz em resposta às outras tantas
correspondências que o filósofo alemão lhe enviara. Essa troca de correspondências
repercutiu de modo notável tanto na tradição filosófica quanto científica que a sucedeu.
Ressaltamos, porém que o nosso propósito estará limitado à apreciação dos principais pontos
da disputa.
Palavras-chave: Espaço; Tempo; Correspondências entre Leibniz e Clarke.
O CLAMOR DO INAUDITO: FILOSOFIA E EXPRESSÃO NA OBRA DE WALTER
BENJAMIN E THEODOR ADORNO
TONDATO, Marcus Paulo Vianna. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Soares Neves Silva. Bolsista da FAPEMIG. E-mail:
Essa comunicação constitui-se como parte de uma investigação maior em andamento, o
empreendimento aqui proposto é a tentativa de demonstrar de forma crítica a influência
benjaminiana na obra de Adorno em suas continuidades e rupturas. Partindo da noção da arte
como um momento resistência e primazia do particular frente ao universal presente em ambos
autores problematizar-se-á acerca da diferença entre a forma do Tratado presente em
Benjamin em contraposição ao ensaio proposto por Adorno como forma por excelência do
pensar filosófico; outro momento será a centralidade da categoria de constelação para o
pensamento dialético; por fim, o papel da linguagem em filosofia de ambos autores.
Palavras-chave: Adorno; Benjamin; Constelação; Filosofia e arte.
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CIÊNCIA E VALORES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS TESES DA
OBJETIVIDADE, NEUTRALIDADE E AUTONOMIA CIENTÍFICAS
VALENTE, Alan Rafael. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Orientador:
Prof. Dr. Marcos Antônio Alves. Bolsista da Fundação Araucária. E-mail:
A objetividade, neutralidade e autonomia científicas costumam ser consideradas três virtudes
da ciência. Elas estão relacionadas à ideia de que o conhecimento científico é livre de valores.
A objetividade pressupõe um estudo imparcial da realidade. A criação ou a escolha de teorias
científicas não pode ser influenciada por valores extra-cognitivos, tais como políticos,
econômicos, religiosos. Já a tese da neutralidade está relacionada à aplicação prática de
teorias e descobertas científicas. Nenhuma consequência lógica ou prática de uma teoria deve
privilegiar quaisquer valores, sejam eles individuais ou coletivos. Por sua vez, a autonomia
sugere que a ciência é guiada para o objetivo de obter teorias que satisfaçam aos pré-
requisitos das teses da neutralidade e objetividade, de tal modo que, correspondendo a estes
requisitos, a ciência será capaz de proceder de maneira melhor ao não estar sujeita a
influências externas. De acordo com essas teses, o conhecimento científico é autônomo em
relação aos fenômenos do mundo e a aplicação do conhecimento independe de qualquer tipo
de valores extra-cognitivos. Nenhum conjunto especial de valores é particularmente
privilegiado por uma determinada teoria. Uma teoria não possui consequências lógicas ou
práticas concernentes aos valores sustentados por uma comunidade ou pessoa. As leis
naturais, por exemplo, aplicam-se a qualquer objeto físico; a cura de uma doença é aplicada a
qualquer indivíduo, salvo exceções determinadas, objetivamente, na própria teoria. Os
resultados da teoria evolucionista, embora possam contrariar certas concepções divergentes,
uma vez confirmados devem ser aplicados independentemente de valores aceitos. Os críticos
da tese da neutralidade, tais como Lacey (1998), afirmam que toda aplicação teórica está
impregnada de valores. De modo que os valores podem possuir aspectos negativos e
positivos. Há situações em que a influência leva a consequências nocivas, à medida que
podem ser escolhidas teorias que favoreçam determinadas concepções ou que sejam
direcionadas a nichos ideológicos. A ciência farmacêutica, por exemplo, quando influenciada
demasiadamente por valores econômicos, tende a priorizar pesquisas geradoras de retorno
financeiro, levando-a, muitas vezes, privilegiar a busca pela cura de doenças direcionadas a
classes de indivíduos capazes de pagar pelos novos medicamentos. Por outro lado, a
influência de valores pode evitar a construção de novas tecnologias destrutivas, como armas
nucleares. Visamos, neste trabalho, analisar como os valores interferem na composição da
ação científica e em que situações os valores podem ser frutíferos ou maléficos para o
progresso da humanidade.
Palavras-chave: Ciência; Valores; Objetividade; Neutralidade; Autonomia.
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DO ETERNO RETORNO...A VONTADE DE PODER?
VEDOVATO, Hugo José de Carvalho. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Orientador: Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Junior. Bolsista FAPESP. E-mail:
Em Assim Falou Zaratustra, o Além-do-homem é conjurado pela primeira vez. Quem, o quê
haverá de ser esse mui louvável ser, este eminente advento? O que Nietzsche deseja ao
invocá-lo de pronto naquela que consideraria sua obra magna? O filósofo aponta que o
conceito cardinal de Zaratustra é o eterno retorno – uma proposição ontológica cuja mais
decisiva implicação é a aceitação integral da existência. Por outro lado, há outra presença que
espreita o ministério do personagem epônimo, exigindo também régio tratamento: a vontade
de poder. Motriz de todos os seres, de tudo que há, incitando o indivíduo a uma busca
permanente por superação. Como se relacionam estes conceitos? Pode uma natureza que
descobriu a si mesma ardente por potência, por superação – e vivendo tal ardor de forma
plena –, aceitar de bom grado aquilo lhe oferta a vida, e somente nas medidas prescritas por
esta? Como é possível conciliar o anseio de superação com a satisfação por uma sina onde tal
gosto talvez lhe seja cerceado? Ou, ao menos, como isso se dá no pensamento nietzschiano?
Na trilha para a obtenção dessas respostas, encontram-se os passos que levaram ao
desenvolvimento dos dois conceitos como independentes um do outro, ainda que se revelem
finalmente paralelos, inclusivos e interligados, quando de suas formas finais. Os dois
conceitos fundem-se; por serem o que são, interconectam-se. Mas será possível interpretá-los
como dependentes em origem? Haverá espaço para imaginá-los dedutíveis, em sua gênese,
um do outro? Há como identificar este encadeamento no pensamento nietzscheano? Ou ele
não é apenas não observável, mas vetado de algum modo? Seria tal proposição um
contragosto demasiado para Nietzsche, tendo em vista sua aversão à sistematização
filosófica? Caso contrário, se tal enlace seja sustentável, como fazê-lo? O que significa a
plausibilidade desta conexão subterrânea, e o que ela poderia revelar sobre a filosofia de
Nietzsche? Tal abordagem talvez seja decisiva para estabelecer satisfatoriamente a relação
entre eterno retorno e vontade de poder, para então relacioná-los ao Além-do-homem, e, com
base nisso, oferecer uma interpretação conclusiva sobre seu papel em Zaratustra.
Palavras-chave: Eterno retorno; Vontade de poder.
KANT: ENTRE A PAIXÃO E A DESILUSÃO COM A METAFÍSICA
VEIGA, Dean Fábio Gomes. Pontifícia Universidade Católica do Paraná(PUC-PR). E-mail:
O presente trabalho tem como objetivo, analisar o desenvolvimento intelectual do pensamento
de Immanuel Kant, versando principalmente sobre a passagem de sua filosofia dogmática
através da leitura de Hume, para a fase da construção de sua filosofia crítica. Pretendemos
demonstrar a importância da fase pré-crítica kantiana compreendida sobretudo com as
discussões realizadas na década de 1770, com a publicação de sua tese: De mundi sensibilis
atque intelligibilis forma et principiis, tese essa que marca conceitualmente o período
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nominado pelos comentadores da filosofia kantiana como: período pré-crítico. As
correspondências entre Kant e seu aluno Marcus Herz, nos fazem compreender que a
formulação ainda que preliminar de um projeto de uma filosofia crítica em relação a
metafísica, foi amadurecendo progressivamente, e que seria um erro conceitual grave para a
compreensão do período crítico um abandono ou desprezo pelas publicações do filósofo nesse
período. Desta forma, podemos asseverar que a construção da Crítica da Razão Pura,
encontrasse em meio a um dilema conceitual que o autor vive: uma paixão obstinada a
metafisica e sua desilusão posterior por não encontrar uma explicação plausível para o
problema, acerca da possibilidade de juízos sintéticos a priori, questão essa que está presente
em discussões anteriores a formulação da primeira crítica. Assim, analisar o desenvolvimento
do pensamento kantiano acerca da metafisica, é antes de tudo poder compreender a motivação
e intenção do autor com a inauguração de sua filosofia crítica, e deste modo entender a
mudança que ocorre dentro do núcleo kantiano que não representa apenas uma ruptura, mas
sim uma novo paradigma conceitual que segue um objetivo comum presente em todas as fases
do pensamento kantiano: encontrar a possibilidade de uma metafisica. Por meio de uma
leitura sistematizada das obras principais do período crítico, e das correspondências de Kant
com seu aluno Marcus Herz, pretendemos elaborar uma hipótese que comprove a importância
da compreensão dos textos pré-críticos do autor, para um estudo mais elaborado da filosofia
crítica no seu desenvolvimento após as publicações datadas no período de 1781 em diante,
com a publicação da primeira versão da Crítica da Razão Pura.
Palavras-chave: Kant; Crítica; Metafísica; Herz.
A CRÍTICA NIETZSCHIANA AOS FILISTEUS DA CULTURA E A SUA
PEDAGOGIA DEGENERADA NO GYMNASIUM ALEMÃO
XAVIER, Tiago. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail:
O presente trabalho tem como objetivo mostrar as críticas feitas por Nietzsche aos filisteus da
cultura e à sua pedagogia degenerada no ginásio e na sociedade acadêmica alemã que,
ofuscando o brilho cultural desta nação, impedia-a de criar ferramentas que possibilitassem ao
homem a sua emancipação da decadência cultural existente em época. Ao criticar a pedagogia
filisteia, mostrarei os apontamentos feitos por Nietzsche acerca dos perigos e dos problemas
que a Alemanha passará por causa da péssima qualidade de ensino que estava se inserindo na
educação desta nação através da metodologia antipedagógica dos filisteus da cultura, que não
capacitava os alunos a terem uma visão formidável que os ajudasse a perceber que uma boa
educação só pode subsistir se os mesmos preservarem o brilho de sua cultura, lutando e
defendendo-a de toda e qualquer espécie de ninharia. Mostrarei também que a posição
contrária de Nietzsche aos filisteus tinha como objetivo subjugar a filosofia de brinquedo e a
pseudofilosofia, que não estimulava nos homens uma reflexão crítica acerca do que estava
sendo transmitido aos mesmos para que estes pudessem perceber até que ponto aquilo que
lhes era fornecido estava contribuindo para a sua verdadeira emancipação intelectual,
garantindo-lhes o pensar e o fazer-se por si mesmos e não naufragando em pensamentos
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alheios que não os ajudavam a alçar voo, não contribuindo assim para o surgimento do gênio:
senhor de seus instintos e de si mesmo, que não pensa e não age como animal de rebanho,
mas como homem que sabe conservar e adubar a vida em prol do florescimento e frutificação
da existência, não superestimando todo e qualquer tipo de conhecimento que o desvincule
dela. É um homem não alienado para questões filosóficas e estéticas – que sabe se posicionar
contra todo tipo de saber vicioso e paralisador das virtudes humanas, não se deixando seduzir
pelo projeto iluminista racionalista socrático-platônico.
Palavras-chave: Nietzsche; Filisteu; Cultura; Educação; Gênio.
A QUESTÃO DO ESPAÇO HOBBESIANO-LITERÁRIO EM O CORTIÇO DE
ALUÍSIO DE AZEVEDO
ZOCARATO, Clayton Alexandre. Centro Universitário Claretiano. E-mail:
A obra “O Cortiço” do escritor naturalista Aluísio de Azevedo similaridades de questões
sociológicas e históricas que estão intrinsecamente ligadas ao nosso atual contexto social e
geográfico, como a luta travada pelo espaço social dentro dos bairros de classe média baixa,
tendo como cenário a sociedade carioca no século XIX, estando está á mercê de uma
República jovem e moldada em princípios paternalistas contendo como um de seus pilares
para sua conjectura, uma elite agrário-fundiária, estando balbuciada em uma envergadura
fictícia, porém não podemos ignorarmos, que ela detenha eixos que a elevam seu conteúdo
para nosso tempo, como os embates feitos pelos moradores das grandes metrópoles em torno
da construção de um lar no alto de encostas e morros, não contendo nenhum tipo de infra-
estrutura adequada tanto física quanto econômica para erguerem suas moradias de forma
profícua, sofrendo com a carência de auxilio social ou humanístico que por ventura
proporcione algum tipo de alento para suas angústias, estes moradores “ditos” favelados,
(conceito chave para uma análise da urbanização das grandes cidades brasileiras)
gradativamente herdam dentro da sociedade capitalista, o rotulo de marginalizados, não
possuindo um parâmetro adequado, que venha possibilitar um abrandamento das disparidades
sociais. Pretendemos elucidar, como espaço foi se constituindo diante das mazelas
existenciais dos protagonistas de O Cortiço, adornado principalmente no pacto-social de
Thomas Hobbes, e de como as suas diretrizes do Estado Natureza se encontram em sintonia
de análises, com os preceitos de sobrevivência com a sincope literária de conflitos
psicológicos do Naturalismo concatenando mixórdias de antagônicos desejos e subjetivismos
das classes degeneradas do período da Primeira República no Brasil.
Palavras-chave: Espaço; Sociedade; Literatura; Hobbes; Naturalismo.
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IX ENCONTRO DE PESQUISA NA GRADUAÇÃO
EM FILOSOFIA DA UNESP
Marília, 12 a 16 de maio de 2014.
www.encfilunesp.com