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1 MINI CURSO: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS I. PERÍCIA CONTÁBIL II. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

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MINI CURSO: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

I. PERÍCIA CONTÁBIL II. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

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I. PERÍCIA CONTÁBIL

CONCEITOS DE ANÁLISE

Seja como Análise Contábil, Análise Financeira, Análise Econômico-Financeira, Análise de Balanços etc. A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS têm por objetivo observar e confrontar os elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando o conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e, também, servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da empresa.

CONCEITO: “Analisar uma demonstração é decompô-la nas partes que a formam, para melhor interpretação de seus componentes”.

Uma análise pode ser entendida como um processo de decomposição de um todo em suas partes constituintes, visando ao exame das partes para entendimento do todo ou para identificação de suas características ou de suas anormalidades. A análise de Balanço, objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para tomadas de decisões.

Para Matarazzo (1998:17): “As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações produzir.”

Assim pode-se concluir que a Análise consiste num exame minucioso da composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, através de processos utilizados pelos analistas para obtenção de conclusões acerca da situação econômica e financeira da entidade ou de outros aspectos relacionados com o patrimônio, de acordo com os interesses dos usuários. A análise auxilia a contabilidade gerencial, pois utiliza indicadores que permitem uma análise comparativa, sendo que a comparação pode ser feita em vários aspectos, como:

_ Comparação com períodos passados; _ Comparação com períodos orçados; _ Comparação com padrões setoriais; _ Comparação com padrões internacionais; _ Comparação com padrões internos da empresa;

FINALIDADES DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O principal objetivo da análise das demonstrações financeiras é fornecer informações aos interessados, sobre a real situação econômica e financeira da empresa, para fortalecer e assegurar as “tomadas de Decisões”. Há um grande número de razões que levam a análise dos demonstrativos, objeto do setor contábil das empresas, interna ou externamente, dentre as quais destacam-se as seguintes:

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a) Verificação da capacidade de manutenção e absorção de créditos junto às entidades financeiras; b) Mensuração dos níveis de endividamento perante os fornecedores e avaliação do prazo médio de vencimento das dívidas; c) Medir a garantia dos capitais de terceiros e o equilíbrio da estrutura operacional com base nos recursos próprios; d) Acompanhar o volume de vendas a prazo e o tempo médio de recebimento de seus respectivos clientes; e) Verificar tendências; f) Fornecer informações à administração quanto aos custos e despesas das atividades sociais, bem como verificar o comportamento dos negócios perante os concorrentes e expectativas do mercado consumidor, etc. Portanto, aplica-se a análise econômico-financeira nos seguintes campos:

_ CAMPO MICROECONÔMICO:

1. Empresa isolada, com a finalidade de verificar periodicamente se sua estrutura econômico-financeira é adequada ou não às suas operações, acompanhar sua rentabilidade e as tendências de expansão e crescimento. 2. Mercado de capitais, preliminarmente para atender às exigências da Comissão de Valores Mobiliários e das Bolsas de Valores nos pedidos de inscrições de empresas, para se constituírem sociedades abertas e para terem suas ações negociadas, respectivamente. 3. Financiamento e concessões de créditos, onde através da análise determinam-se limites de crédito e suas possibilidades de resgate e as garantias a serem oferecidas. 4. Projetos de instalação ou implantação de empresas, quando se exige o estudo da viabilidade econômico-financeira tanto dos projetos como das empresas que irão executá-los. 5. Fiscalização tributária, onde repartições fiscais procuram verificar através da análise dos demonstrativos, se as empresas contribuintes erram ou sonegam impostos e tributos a que estão obrigadas. 6. Grupos de empresas, cujo controle acionário ou associado é exercido por grupos econômicos ou grupos de pessoas, os quais necessitam analisar o comportamento patrimonial do grupo, ou estudar as influências recíprocas que cada sociedade isolada recebe ou contribui para o grupo. 7. Seleção de empresas em concorrências públicas, onde as demonstrações de cada concorrente são analisadas no tocante ao vulto dos equipamentos e instalações ou ao volume do capital de giro próprio, que, se suficiente, poderá tornar desnecessária a existência de equipamentos próprios, substituindo-os pela facilidade em alugá-los; faz-se também uma análise quanto à sua solidez econômico-financeira demonstrada, que constituirá garantia acessória para a continuidade das obras ou serviços a contratar.

_ CAMPO MACROECONÔMICO:

1. Mercados setoriais, com levantamento de demonstrações de empresas que exercem a mesma atividade para análise regional de tais atividades, de suas correlações com outros mercados setoriais, das tendências de comportamento e expansão desses setores e verificação/acompanhamento das tendências de comportamento e expansão de outros setores.

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2. Contabilidade Nacional, quando os Balanços consolidados de mercados setoriais e das grandes empresas fornecem dados para a apuração das contas nacionais e de seus parâmetros, tais como o Produto Interno Bruto, a renda nacional, a renda per capita.

USUÁRIOS DA ANÁLISE A análise auxilia a suprir os usuários da contabilidade com um conjunto de informações que os auxiliem no processo de tomadas de decisões. Os principais usuários da análise e os tipos de informações almejados são:

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ETAPAS DE UMA ANÁLISE FINANCEIRA

Subdivide as atividades da análise nas seguintes etapas:

_ COLETA: obtenção das demonstrações financeiras e outras informações, como dados sobre mercado de atuação da empresa, seus produtos, seu nível tecnológico, seus administradores e seus proprietários, bem como sobre o grupo a que a empresa pertence, entre outras. _ CONFERÊNCIA: consiste em uma pré- análise no sentido de verificar se as informações estão completas, são compreensíveis, se foram corretamente classificadas, se são confiáveis e se os critérios básicos de publicação foram atendidos. _ PREPARAÇÃO: fase de padronização e reclassificação das demonstrações financeiras para adequá-las aos padrões internos da instituição que vai efetuar a análise. Organização do material de leitura e demais dados disponíveis para análise. _ PROCESSAMENTO: Processamento das informações e emissão de relatório no formato interno da instituição ou do analista. Normalmente, este processo é feito através de processamento eletrônico de dados. _ ANÁLISE: fase de análise dos dados disponíveis, compreendendo a consistência das informações, a observação das tendências apresentadas pelos números e todas as demais conclusões que possam ser extraídas do processo como um todo. Essa fase exige do analista capacidade de observação, conhecimento e experiência. _ CONCLUSÃO: consiste em identificar, ordenar, destacar e escrever sobre os principais pontos e recomendações sobre a entidade analisada. Não basta ser um bom analista, é preciso saber expor seu parecer em linguagem simples, clara e consistente, de modo que qualquer usuário da análise, pela leitura do relatório, conheça a empresa e possa tomar decisão sobre a mesma.

PROCESSOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES

São técnicas utilizadas por Analistas de Balanços para obtenção de conclusões acerca de situação econômica e financeira da entidade ou de outros aspectos relacionados com o patrimônio, de acordo com os interesses dos usuários.

ANÁLISE PRELIMINAR =>>É um exame minucioso abrangendo cada uma das contas que compõem a demonstração financeira. É o momento em que o analista passa a familiarizar-se com os pormenores que envolvem a composição de cada conta, bem como seus respectivos grupos.

ANÁLISE VERTICAL =>> Consiste na determinação do percentual de participação de cada item, em relação ao total da demonstração analisada. Mostra a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e, através de comparações com padrões estabelecidos com base em atividades do ramo ou da própria empresa (índices padrões), permite inferir se há itens fora das proporções normais. Esse tipo de análise vem suprir principalmente a necessidade periódica de se conhecer a distribuição dos valores no sistema Patrimonial e de Resultados em termos Percentuais.

ANÁLISE HORIZONTAL =>>"É a comparação feita entre componentes do conjunto em vários exercício, por meio de números-índices, objetivando a avaliação ou o desempenho de cada conta ou grupo de contas, ao longo dos períodos analisados". Esta análise é utilizada para medir a evolução dos itens que compõem a massa patrimonial da

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empresa, e caracterizar tendências.

ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO =>> Através do cálculo dos índices de rotação ou prazos médios é possível construir um modelo de análise dos investimentos e financiamento do capital de giro.

ANÁLISE ATRAVÉS DE INDICADORES =>> Os principais conjuntos de indicadores são os que evidenciam a capacidade de pagamento a curto e longo prazo, o nível de endividamento, o aumento ou redução na rentabilidade e os prazos médios praticados (todos utilizando dados do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício). Além destes há outros indicadores aplicáveis a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, Demonstração do Fluxo de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado.

PRINCIPAIS TIPOS DE ANÁLISE:

- Análise Horizontal e Vertical - Análise Financeira - Análise de Rentabilidade - Análise de Lucratividade - Análise de Prazos Médios

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A SEREM ANALISADAS:

A análise abrange os aspectos estáticos e dinâmicos do patrimônio, tendo por objeto as demonstrações financeiras da estática patrimonial e da dinâmica patrimonial. Cada usuário das demonstrações contábeis (acionista, credor, fornecedor, cliente, administrador e governo) poderá ter interesse por diferentes aspectos da análise, tais como liquidez ou rentabilidade. As demonstrações contábeis que melhores e mais completos elementos oferecem para análise são: 1) O Balanço Patrimonial (BP), síntese de todos os componentes do patrimônio em determinado momento. 2) A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), síntese dos componentes da dinâmica patrimonial (receita, custo e resultado). 3) A Demonstração Das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), que já é uma análise das origens e aplicações de recursos efetuados pela empresa em dado período, além de evidenciar o Capital Circulante Líquido (CCL)e suas variações aumentativas ou diminutivas. (DEIXOU DE SER OBRIGATÓRIA COM A LEI Nº 11.638/2007)

Na fase de preparação citada anteriormente falamos em padronização e reclassificação das contas. A padronização consiste em converter as demonstrações contábeis para um padrão que atenda às diretrizes da Entidade analisada ou do profissional que esteja desenvolvendo a análise. Além de que cada análise pode ser desenvolvida com um propósito específico, devendo a padronização orientar a análise em função dos diversos fatores que a caracterizam que podem, segundo Silva (2004:192) serem:

a) objetivo da análise: crédito, investimento, fusões, incorporações, análise de concorrência, entre outros;

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b) análise para crédito: concessão de prazos; c) análise para investimentos.

A padronização objetiva:

_ Simplificação: um Balanço apresentado segundo a Lei das S.A, por exemplo, compreende cerca de 60 contas. Isto dificulta a visualização do Balanço como um todo. _ Comparatibilidade: com exceção das companhias que operam em ramo onde exista um plano de contas legal obrigatório (exemplo: Bancos, seguradoras, etc.) toda empresa tem seu próprio plano de contas, com maior ou menor grau de detalhes e títulos. Como a análise se baseia em comparação, devemos enquadrar o balanço dentro de um modelo que permita comparação com outros balanços. _ Precisão na classificação das contas: pode ocorrer de encontrarmos balanços que apresentam falhas na classificação das contas e isto deve ser corrigido antes de se efetuar a análise; _ Adequação aos objetivos da análise: há pelo menos uma conta que deve ser sempre reclassificada, pois para a análise deve ser apresentada em outro “lugar” do Balanço.

A reclassificação se faz necessário porque alguns itens das Demonstrações Contábeis são interpretados de forma diferenciada para efeito de análise:

_ Devemos efetuar o devido reagrupamento das contas de acordo com a ordem decrescente do grau de liquidez do Ativo e prazo de maturação do passivo, de maneira que possam atender aos diversos tipos de análises a serem efetuadas; _ Para possibilitar uma melhor e maior visualização os demonstrativos podem apresentar somente os grupos e subgrupos. No Ativo as contas sujeitas à provisões, depreciações, amortizações e exaustões devem ser apresentadas pelo valor líquido.

AANNÁÁLLIISSEE PPOORR QQUUOOCCIIEENNTTEESS OOUU ÍÍNNDDIICCEESS

A análise por intermédio de quocientes consiste em estabelecer uma “razão” entre duas ou mais quantidades monetárias ou físicas. Necessita-se, portanto, de pelo menos duas dessas quantidades aparecendo uma no numerador e outra no denominador. O método segundo (Braga 1999:134) é denominado QUOCIENTES porque é o número que indica quantas vezes o “divisor” está contido no “dividendo”, obedecendo, portanto, aos princípios da operação matemática divisão.

Os quocientes classificam-se em:

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QQUUOOCCIIEENNTTEESS DDEE LLIIQQUUIIDDEEZZ

Evidenciam a capacidade de pagamento da empresa em decorrência da existência ou não de solidez financeira que garanta o pagamento de compromissos assumidos a longo ou curto prazo ou prazo imediato. São calculados com base em valores extraídos do Balanço Patrimonial. Como avaliam a capacidade de pagamento, alguns autores utilizam o seguinte jargão quanto à interpretação destes quocientes: Quanto maior, melhor.

LIQUIDEZ IMEDIATA ou INSTÂNTANEA

Revela a capacidade pagamento da empresa para saldar seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa possui de dinheiro em caixa, bancos e aplicações de liquidez imediata para cada um real de Passivo Circulante.

Limitações da Liquidez Imediata • Faz relação entre valores imediatamente disponíveis com obrigações vencíveis até o final dos próximos doze meses; • Apesar das empresas terem certos limites de valores a integrarem o disponível um alto índice na liquidez imediata demonstra falta de planejamento financeiro.

LIQUIDEZ CORRENTE ou COMUM

Revela a capacidade financeira da empresa para cumprir os seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto à empresa tem de Ativo Circulante para cada um real de Passivo Circulante.

Limitações da Liquidez Corrente • Não revela a composição dos itens do Ativo Circulante e nem a qualidade dos mesmos; • Não evidencia a sincronização entre recebimentos e pagamentos;

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LIQUIDEZ SECA

LIQUIDEZ GERAL

Evidencia se os recursos financeiros aplicados no Ativo Circulante e no Ativo Realizável a Longo Prazo são suficientes para cobrir as obrigações totais (Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo).

Limitações da Liquidez Geral • Assim como a Liquidez Corrente não revela a composição dos itens do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo e nem a qualidade dos mesmos; • As divergências na sincronização entre recebimentos e pagamentos tendem a aumentar em função de que neste índice consideramos também o longo prazo;

QUOCIENTES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS

Os quocientes de estrutura de capitais servem para evidenciar o grau de endividamento da empresa em decorrência das origens dos capitais investidos no patrimônio. Eles mostram a proporção existente entre os Capitais próprios e os Capitais de Terceiros, quais obrigações tem suas datas de vencimentos em maior parte (curto ou longo prazo) sendo calculados com base em valores extraídos do Balanço Patrimonial.

As obrigações com terceiros decorrem basicamente de:

• Dívidas de funcionamento: fornecedores, salários a pagar, impostos a pagar, outras contas a pagar (aluguéis, luz, água, seguros, etc.); • Dívidas para aplicações no Ativo: decorrentes da necessidade de ampliação, expansão, modernização. Apesar de serem elevadas geram aplicações que deverão gerar recursos futuros ajudando a saldar os compromissos assumidos; • Refinanciamento de dívidas: empréstimos e financiamentos sucessivos por dificuldade de geração de recursos para liquidação das obrigações.

Como avaliam a relação entre os capitais investidos na empresa alguns autores utilizam o seguinte jargão quanto à interpretação destes quocientes: Quanto menor, melhor.

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PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS

Revela qual a proporção existente entre Capital de Terceiros e o Capital próprio, isto é, quanto à empresa utiliza de Capital de Terceiros para cada um real de Capital Próprio, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos.

• Exigível Total= Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo

Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior a relação Capital de Terceiros/ Patrimônio Líquido, menor a liberdade de decisão financeira da empresa, ou maior a dependência a esses Terceiros. Do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros, desde que a remuneração para esses capitais de terceiros seja inferior ao lucro obtido com sua aplicação nos negócios. Portanto, sempre que se aborda o índice de participação de Capitais de Terceiros, está se fazendo análise exclusivamente do ponto de vista financeiro, ou seja, do risco de insolvência e não em relação ao lucro ou Prejuízo.

GARANTIA DO CAPITAL PRÓPRIO AO CAPITAL DE TERCEIROS

Revela qual a proporção do Capital próprio em relação ao Capital de Terceiros.

COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO

Este índice tem por objetivo evidenciar a composição da dívida em curto e longo prazo em relação às obrigações totais possibilitando uma análise da composição da dívida, pois:

• Endividamento a curto prazo normalmente é utilizado para financiar o curto prazo; • Endividamento a longo prazo geralmente é utilizado para financiar o Ativo Permanente.

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C.E. = Passivo Circulante

Exigível Total

A proporção favorável geralmente é a de maior montante das obrigações de longo prazo, propiciando a empresa um tempo maior para geração de recursos. Se a composição do endividamento for maior a curto prazo dependendo da situação do mercado se houver reversão ou retração a empresa poderá não conseguir gerar recursos em tempo hábil para liquidação da obrigações gerando acréscimos financeiros e negociações com credores. Geralmente empréstimos de curto prazo são mais onerosos do que os de longo prazo.

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Este quociente demonstra quanto do Patrimônio Líquido a empresa aplicou no Ativo Permanente.

I.P.L. = Ativo Permanente

Patrimônio Líquido

Os principais pontos a serem observados em relação ao índice de imobilização:

• De que formas ocorreram variações no Patrimônio Líquido no período; • Ocorrência de reavaliação de ativos; • A participação de cada um dos componentes no Ativo Permanente; • É importante conhecer a idade dos bens, o grau de modernização, a localização das unidades fabris e o critério de depreciação.

IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO-CORRENTES

Revela a proporção existente entre o Ativo Permanente e os Recursos Não Correntes, isto é, quanto a empresa investiu no Ativo Permanente para cada um real de Patrimônio Líquido mais Exigível a Longo Prazo.

Fórmula: Ativo Permanente

Patrimônio Líquido + Passivo Exigível a Longo Prazo

ÍÍNNDDIICCEESS DDEE RREENNTTAABBIILLIIDDAADDEE

Servem para medir a capacidade econômica da empresa, isto é, evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na empresa. São calculados com base em valores extraídos da Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial.

GIRO DO ATIVO

Este quociente evidencia a proporção existente entre o volume das vendas e os investimentos totais efetuados na empresa, isto é, quanto a empresa vendeu para cada um real de investimento total.

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Fórmula: Vendas líquidas

Ativo Total

MARGEM LÍQUIDA

Revela a margem de lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada um real de vendas líquidas.

Fórmula: Lucro Líquido

Vendas líquidas

RENTABILIDADE DO ATIVO OU RETORNO DO INVESTIMENTO

Esse quociente evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real de investimentos totais.

Fórmula: Lucro Líquido

Ativo Total

Através da regra de três, é possível identificarmos a quantidade de anos necessários para que haja o retorno do capital investido.

RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Esse quociente revela qual foi a taxa de rentabilidade obtida pelo Capital próprio investido na empresa, isto é, quanto a empresa auferiu de lucro líquido para cada real de capital próprio investido.

Fórmula: Lucro Líquido

PL

TAXA DE RETORNO E MARGEM Versus GIRO

A Taxa de Retorno pode decompor-se em dois elementos que contribuem para a análise:

MARGEM LÍQUIDA E GIRO DO ATIVO A margem líquida evidencia quantos centavos restaram de lucro líquido de cada um real de vendas. O Giro do Ativo evidencia a eficiência com que a empresa utiliza seus Ativos na geração de receita. A taxa de retorno do investimento pode ser obtida por meio da multiplicação da Margem de Lucro pelo Giro do Ativo. As empresas que ganham mais na margem, normalmente ganham no preço e as que ganham mais no giro, visam quantidade. A rentabilidade de uma empresa é obtida por meio de uma boa conjugação entre Preço e Quantidade, ou seja, entre lucratividade e giro. Margem Líquida X Giro do Ativo = TRI (Taxa de Retorno do Investimento)

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ANÁLISE DA MARGEM X GIRO ou MÉTODO DU PONT Através da análise dos itens que contribuem para a formação da Taxa de Retorno do Investimento é possível identificarmos quando cada item está contribuindo para o aumento ou queda da taxa de retorno.

ÍNDICES DE ROTAÇÃO OU ROTATIVIDADES

Os Quocientes de Rotação, também conhecidos de Quocientes de Atividades, obtidos pelo confronto dos elementos da Demonstração do Resultado do Exercício com elementos do Balanço Patrimonial, evidenciam o tempo necessário para os elementos do Ativo se renovarem.

DETERMINAÇÃO DO FLUXO DE VENDAS MENSAIS OU DIÁRIA

Tem por finalidade, através das publicações anuais das demonstrações, visualizarmos seu fluxo de vendas.

Média das Vendas mensais = Vendas

12 Média das Vendas diárias = Vendas

360

PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DAS VENDAS

Indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. As vendas a prazo seguem uma política de crédito adotada pela empresa, que seja adequada ao seu tipo de atividade, e que seja alinhada com os objetivos estratégicos do negócio. Do ponto de vista de análise de risco, o prazo médio de recebimento das vendas é um indicador do tipo “quanto maior, pior”. Tão importante quanto o volume de duplicatas a receber é a qualidade das duplicatas, considerando o risco do crédito concedido.

P.M.R.V (anual)= Duplicatas a Receber

x 360

Vendas Líquidas + Impostos (utilizando esta fórmula a resposta encontra é em dias)

PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DAS COMPRAS

Indica o tempo que a empresa dispõe, em média, para pagar as suas obrigações provenientes de compras de mercadorias a prazo.

P.M.P.C (anual) = Fornecedores ou Duplicatas a pagar

x 360

Compras

Um problema que surge no cálculo deste índice é o valor das compras, já que o seu valor não consta nas demonstrações contábeis tradicionais. Em empresas comerciais podemos encontrar o seu valor através da fórmula do Custo das Mercadorias Vendidas, todavia quando se tratar de uma empresa industrial, a dificuldade será maior, pois no Custo dos Produtos Vendidos há a inclusão dos gastos gerais de fabricação.

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PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DE ESTOQUES

Indica quantos dias, em média, os produtos ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos. O volume dos estoques mantido por uma empresa decorre fundamentalmente do volume de vendas e da política de estocagem. Quanto maiores os montantes investidos nos estoques, mais recursos estão comprometidos com os mesmos.

P.M.R.E (anual) = Estoque x 360

CMV

ANÁLISE CONJUNTA DOS ÍNDICES DE ATIVIDADES

Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e renovação dos estoques, melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das compras, melhor. O ideal é a empresa atinja uma posição em que a soma do Prazo Médio de Renovação de estoques com o Prazo Médio de Recebimento das Vendas seja igual ou inferior ao prazo médio de pagamento das compras.

Exemplo:

PMRE + PMRV < 1 PMPC

Dessa forma, a empresa poderia vender e receber a mercadoria adquirida para, depois, liquidá-la junto ao seu fornecedor. Assim, se o PMRE for de 30 dias, o PMRV for de 54 dias e o PMPC for de 90 dias, a empresa terá ainda, em média, uma folga de seis dias. O seu posicionamento será de:

30 + 54

= 0,93 (favorável) 90

Trazer este índice em situação favorável não é tarefa fácil, contudo, deve ser sempre perseguida pela empresa.

ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

É através desses tipos de análise que é possível conhecer detalhes (pormenores) das Demonstrações Contábeis.

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ANÁLISE VERTICAL Também denominada como Análise por coeficientes, é através dela que é possível comparar cada um dos elementos do conjunto em relação ao total do conjunto, evidenciando a porcentagem de participação de cada elemento no conjunto. Calcula-se o percentual de cada conta em relação a um valor-base (no caso do Balanço Patrimonial em relação ao total do Ativo/Passivo ou em relação aos grupos a que pertencem e no caso da Demonstração do Resultado do Exercício conduz a evidenciação da estrutura de custos e despesas da empresa, em relação à Receita Operacional Líquida, propiciando evidenciar aspectos da avaliação da lucratividade da empresa analisada). A análise vertical mostra a participação de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence evidenciando a estrutura/composição dos elementos patrimoniais e de resultado. Através de comparações com padrões estabelecidos com base em atividades do ramo ou da própria empresa é possível inferir se há itens fora das proporções normais. Esse tipo de análise vem suprir a necessidade periódica de se conhecer a distribuição dos valores no sistema Patrimonial e de Resultados em termos Percentuais.

Fórmula:

Ou no caso de Calculadora HP: Total (enter) Item (tecla %T)

ANÁLISE HORIZONTAL Também denominada como Análise por meio de número índices ou Análise de tendência, tem por finalidade evidenciar a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao longo dos anos. Possibilita o acompanhamento do desempenho de cada uma das contas que compõem a demonstração em questão, ressaltando as tendências evidenciadas em cada uma delas, sejam de evolução positiva ou negativa.

PPHHiitteemm == VVaalloorr iitteemm ppeerrííooddoo ssuubbsseeqquueennttee

--11 xx110000

VVaalloorr ddoo iitteemm ppeerrííooddoo bbaassee

PPHHiitteemm == PPaarrttiicciippaaççããoo HHoorriizzoonnttaall

Ou no caso de Calculadora HP: Valor do item do exercício anterior ou valor do item do período base (enter) Valor do item período subsequente ( tecla %)

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OBJETIVOS DA ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL

Conforme Matarazzo, na Análise Vertical/Horizontal conjuntamente, destacam-se os seguintes objetivos:

a ) A estrutura do Ativo e Passivo, bem como suas modificações O balanço evidencia os recursos tomados, financiamentos e as aplicações desses recursos – investimentos. A análise Vertical mostra, de um lado qual a composição detalhada dos recursos tomados pela empresas, qual a participação dos capitais próprios e de terceiros, qual o percentual de capitais de terceiros a curto e longo prazo, qual a participação de cada um dos itens de capitais de terceiros (fornecedores, bancos, etc.). De outro lado a Análise Vertical mostra quanto por cento dos recursos totais foi destinado ao Ativo Circulante e quanto ao Ativo Permanente. Dentro do Ativo Circulante, a Análise Vertical mostra que percentagem de investimentos que foram destinadas a cada um dos itens principais, como estoques e Duplicatas a Receber. A comparação dos percentuais da Análise Vertical da empresa com os de concorrentes permite saber se a alocação dos recursos no Ativo é típica ou não para aquele ramo de atividade. A análise do percentual de cada item do Ativo permite detectar a política de investimento da empresa em relação a estoques, duplicatas, imobilizado, enquanto no Passivo permite visualizar a política financeira de obtenção de recursos. A Análise Horizontal do Balanço mostra quais itens do Ativo a empresa vem dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de quais recursos adicionais se vem valendo. Por exemplo, a Análise Horizontal pode mostrar que a empresa investe prioritariamente em bens do Ativo Permanente, enquanto o principal incremento de recursos se verifica no Passivo Circulante; daí se conclui que a empresa tomou financiamento de curto prazo para investir no Ativo Permanente.

b ) Analisar em detalhes o desempenho da empresa A Análise Vertical atinge seu ponto máximo de utilidade quando aplicada à Demonstração do Resultado. Toda a atividade de uma empresa gira em torno das vendas. São elas que devem determinar o que a empresa pode consumir em cada item de despesa. Por isso, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado, as Vendas Líquidas são igualadas a de Aplicação de Capitais, adotados pela empresa no período analisado, e assim termos condições de relatar a evolução patrimonial da empresa. Para os comentários deveremos procurar responder perguntas, tais como:

ANÁLISE HORIZONTAL 1. Qual o crescimento verificado no período? 2. Esse crescimento foi sustentado por capital próprio, de terceiro ou ambos? 3. Se com capitais de terceiros, quais? Fornecedores, Contas a Pagar, Financiamentos, Debêntures, Desconto de duplicatas (Curto ou Longo Prazo?). 4. Se com capital próprio, qual? Lucros, integralização em moeda ou reservas (Ágio Emissão de Ações, Ágio Debêntures, etc.) 5. Houve alteração de Capital? De que forma? Integralização em moeda ou incorporação de reservas? 6. Houve alteração no Patrimônio Líquido? Qual a causa da alteração?

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ANÁLISE VERTICAL 7. Onde estão aplicados os recursos no Ativo? Quais grupos? Quais subgrupos? 8. Como é a estrutura de aplicação de capitais na empresa? 9. Qual o crescimento das Vendas? 10. O Resultado do Exercício cresceu tanto quanto às Vendas? 11. Quais os itens da DRE que causaram redução da receita ou que contribuíram para a melhoria do resultado? 12. Qual o comportamento dos custos e das despesas?

AALLAAVVAANNCCAAGGEEMM FFIINNAANNCCEEIIRRAA

A alavancagem financeira diz respeito ao uso de recursos de terceiros para financiar as atividades da empresa. Diz-se que a alavancagem é positiva (ou favorável), quando a taxa de retorno do investimento é maior que o custo do capital; ao contrário, é negativa (ou desfavorável) quando se está pagando um custo de capital superior ao retorno gerado pelo próprio negócio. É um índice composto de outros dois (rentabilidade do PL e o segundo índice é apurado ajustando-se como se a empresa substituísse o capital de terceiros por capital próprio.

Fórmula:

Lucro Líquido do Exercício

Patrimônio Líquido Médio

(Lucro antes do IR + Despesas Financeiras) – IR

Patrimônio Líquido + Passivo total (ou Ativo Total)

No numerador temos a rentabilidade do Patrimônio Líquido e no Denominador a rentabilidade da utilização do capital de terceiros.

_ Se o grau de alavancagem for igual a 1,00 significa que a rentabilidade seria a mesma com o uso de capitais alheios ou só de capitais próprios, portanto, não haveria vantagem e nem desvantagem no uso de capitais de terceiros. _ Se o grau de alavancagem for superior a 1,00 o quociente é positivo e, por isso, vantajoso. O endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro que é levado para o acionista. Puxa para cima a taxa de retorno dos acionistas. _ Quando inferior a 1,00 o quociente é negativo e, portanto, oneroso.

A vantagem de a empresa operar com capitais alheios só se efetivará se os encargos financeiros forem inferiores a taxa de rentabilidade apresentada pela empresa em relação ao capital próprio, também conhecida como Retorno do Capital próprio. Alguns capitais de terceiros não são onerosos ou são de baixo custo. Então, para efeito de cálculo da alavancagem financeira, podem ser considerados somente os financiamentos de custo mais elevado, chegando-se assim a uma posição mais próxima da realidade.

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MODELOS DE PREVISÃO DE FALÊNCIA

Para que o analista não se sinta perdido diante de um grande volume de índices, quocientes, indicadores, muitas vezes repetidos ou até contraditórios, essas análises são dispostas em grupos ou modelos específicos que procuram verificar a situação de uma empresa sob os mais variados enfoques. As análises tradicionais são dispostas em grupos de indicadores que procuram avaliar as situações de liquidez, endividamento, rentabilidade, alavancagem, estrutura dos ativos, composição dos passivos, etc. Outras análises compõem-se de modelos com capacidade preditiva, estruturados a partir de uma cesta de informações e ponderadas de acordo com critérios estatísticos.

MODELO DE PREVISÃO DE FALÊNCIA DE KANITZ

Stephen Charles Kanitz, professor do Departamento de Contabilidade da FEA/USP, foi responsável, durante mais de 20 anos, pela elaboração da análise econômico-financeira das 500 Melhores e Maiores empresas brasileiras editadas pela Revista Exame (atualmente esse trabalho é efetuado pela FIPECAFI sob a coordenação de dois professores da FEA/USP). Fruto de seu trabalho junto às empresas e de suas pesquisas elaborou um modelo de previsão de falências, também conhecido como fator de insolvência. Ao divulgar seu modelo, Kanitz não explicou como chegou a fórmula de cálculo, dizendo tratar-se de um ferramental estatístico.

A fórmula desenvolvida por Kanitz é a seguinte:

X1 = Rentabilidade do Patrimônio Líquido X2 = Liquidez Geral X3 = Liquidez Seca X4 = Liquidez Corrente X5 = Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo

Patrimônio Líquido

Após o cálculo, obtém-se um número denominado de Fator de Insolvência que determina a tendência de uma empresa falir ou não. Para facilitar, o autor criou uma escala chamada de Termômetro de Insolvência, indicando três situações distintas: Solvente, Penumbra e Insolvente, a saber:

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Os valores positivos indicam que a empresa está em uma situação boa ou “solvente”, se for menor que -3 a empresa encontra-se em uma situação ruim ou “insolvente” e que poderá levá-la à falência. O intervalo intermediário, de 0 a -3, chamada de “penumbra” representa uma área em que o fator de insolvência não é suficiente para analisar o estado da empresa, mas inspira cuidados. Uma empresa que apresenta um fator de insolvência positivo tem menor possibilidade de vir a falir e essa possibilidade diminuirá à medida que o fator positivo for maior. Ao contrário, quanto menor o fator negativo, maiores serão as chances da empresa encerrar suas atividades. No Brasil, o modelo de Kanitz foi um dos precursores (1972). Atualmente, outros pesquisadores brasileiros já desenvolveram modelos semelhantes e mais atualizados, como Pereira, Altman, Matias e Elizabetsky.

RREELLAATTÓÓRRIIOO DDEE AANNÁÁLLIISSEE

A análise dos relatórios contábeis de uma empresa poderá atender a vários objetivos diferentes; dependendo do fim a que se destinam, as informações deverão apresentar um conteúdo e volumes específicos. Assim, a ótica da análise de um agente financeiro, de um fornecedor, da concorrência, do acionista e do governo (através do fisco), não possuem necessariamente a mesma identidade. Cada um desses usuários procurará detalhes e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. Desta forma, torna-se um pouco arriscada a elaboração de um único modelo de apresentação das informações contábeis/financeiras e dos dados gerais de uma empresa para efeitos de análise, em função da pulverização dos interesses. Entretanto, procurar-se-á apresentar um modelo que poderia ser utilizado, com algumas adaptações, para os vários enfoques externos à empresa.

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REGRAS ESSENCIAIS PARA O ANALISTA:

- Dar sempre ênfase às tendências; - Demonstrar a situação corrente; - Ressaltar os pontos fracos; - Ser claro e objetivo; - Datar e assinar.

Os relatórios, sempre que possível, devem ser ilustrados com gráficos, permitindo assim uma melhor visualização do comportamento da empresa. A estrutura do Relatório e o grau de profundidade em análise e apresentação de cada item componente do relatório dependem do objetivo do relatório e do volume de negócios e dos riscos relativos às decisões a serem tomadas.

Segundo Hale in Silva (2004:332) há seis regras básicas para elaboração de um relatório: 1. Seja um analista e não um escritor, no sentido de que o analista pensa sobre os efeitos relevantes para análise do risco e retrata esses pontos relevantes em seu relatório. Portanto, devemos prender-nos às informações relevantes na concepção do leitor do relatório que terá de tomar decisões, ao invés de concentrarmo-nos em descrições que não contribuam com a tomada de decisão. 2. Faça quadros que falem por si, escolhendo gráficos e tabelas que facilitem a interpretação do leitor. Tabelas e gráficos bem estruturados e não poluídos falam melhor que longas frases. 3. Use palavras simples, dando preferência às palavras curtas em relação às longas, ao concreto em relação ao abstrato, ao simples em relação ao complicado. 4. Omita palavras desnecessárias, evitando a idéia de que um relatório vale pelo peso, ou seja, quanto maior melhor. 5. Apresente primeiro o sumário e a conclusão, no sentido de satisfazer à expectativa dos leitores do relatório que querem saber qual a recomendação técnica do analista. O sumário introduz o leitor no contexto da empresa e facilita a compreensão da recomendação do analista contida no relatório. Se o leitor tiver interesse por qualquer detalhe do próprio relatório, pode ir diretamente ao item específico que trata desse assunto. 6. Siga uma estrutura planejada, no sentido de desenvolver a análise e enquadrar seu conteúdo dentro de uma estrutura lógica de apresentação, por exemplo: 6.1. Introdução: Objetivos, explicar o quê, porquê e para quem foi feito 6.2. Sumário : Resumo genérico dos pontos observados na análise de forma suscinta 6.3. Conclusão e recomendações: Opiniões sobre a situação geral e particular dos itens observados, destacando os mais relevantes. Se for o caso, apontar soluções que na opinião do analista, seriam desejáveis para corrigir distorções porventura encontradas na situação atual. 6.4. Corpo: Descrição analítica do sumário 6.5. Anexos

SUMÁRIO: Conterá a descrição das análises efetuadas: - Análise Horizontal e Vertical - Análise do cálculo dos Índices Econômico-Patrimonial e Financeiros - Análise Complementar – outros indicadores que o analista julgar conveniente.

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INTRODUÇÃO:

Deverá ou poderá conter: • Aspectos Internos da Empresa: Composição da diretoria e breve informação sobre seus membros, estatuto social e alterações ocorridas, estrutura do capital social e sua evolução, inclusive de outras empresas nas quais a companhia tem participação. • Aspectos Contábeis: Apresentação dos demonstrativos contábeis dos 3 (três) últimos exercícios, Notas Explicativas e Relatório da Administração sobre os Demonstrativos Contábeis.

CONCLUSÃO/RECOMENDAÇÕES:

Fazer um breve posicionamento sobre a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa, comparação interempresas e destacar as perspectivas futuras da companhia, além de citar também recomendações do próprio analista para melhorar/reverter a situação corrente.

CORPO:

Este conterá a descrição analítica do sumário a) ANÁLISE HORIZONTAL: Explicitar a evolução da empresa e das principais contas, evidenciando o crescimento das receitas, do lucro líquido, dos custos e das despesas operacionais e suas implicações no resultado. b) ANÁLISE VERTICAL: Comentar sobre a estrutura das contas no balanço, evidenciando aquelas que tem maior percentual de participação e a sua situação/reflexo nas operações da empresa. c) ANÁLISE FINANCEIRA: Nesta análise, comentaremos sobre: Liquidez ==_ Fazer breve comentário sobre a liquidez da empresa, indicando se os índices encontrados são positivos ou negativos à companhia. Participação de Capitais Próprios ==_ Comentar como está sendo efetuada a manutenção das atividades da empresa, se com capitais próprios ou se com a participação de terceiros. Participação de Capitais de Terceiros ==_ Relatar como está se comportando o endividamento da empresa, se dentro ou acima dos níveis ideais. Imobilização de Capitais ==_ Comentar sobre a política de imobilização da companhia, qual o percentual dos recursos totais que estão sendo direcionados para o permanente, destacando desse percentual, quanto são investimentos e quanto são imobilizado e, se essas imobilizações estão sendo feitas com recursos próprios ou de terceiros e, se o mesmo garante os recursos de terceiros. d) ANÁLISE ECONÔMICA: Comentar sobre o comportamento da rentabilidade da empresa, evidenciando a TRPL (Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido), destacando também a margem de lucro Líquida. e) QUOCIENTES DE ROTAÇÃO: Evidenciar sobre o giro da empresa, comentando os prazos médios de recebimento e de pagamento, destacando a defasagem favorável ou desfavorável. f) LEVERAGE FINANCEIRA: Relatar sobre a rentabilidade da empresa com a utilização de recursos próprios e de terceiros, evidenciando se essa utilização está sendo Vantajosa ou Onerosa para a companhia e, como se encontra a situação de solvabilidade (através do termômetro de Kanitz).

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g) ANÁLISE COMPLEMENTAR: Apuração das necessidades de capital de giro, análise das ações ou de bolsa etc.

ANEXOS:

• Planilhas e quadros com as demonstrações contábeis, indicadores e instrumentos de análise devem ser apresentados em anexo, visando facilitar a leitura e consultas, caso haja interesse em maiores detalhes. • Outros documentos que apresentem certo volume que justifiquem ser anexados.

CONSIDERAÇÕES GERAIS E ESTRUTURA DO RELATÓRIO

O relatório de análise de uma empresa é desenvolvido para uma finalidade específica. É importante que tenha uma boa aparência visual, com a devida caracterização em sua capa. Deve ser usado um tamanho padrão de papel (A4). A redação deve ser simples e cuidadosa, evitando palavras que possibilitem dupla interpretação e usando o português correto. Os quadros e tabelas devem conter informações efetivamente facilitadoras da interpretação do relatório. O perfil da empresa e do grupo deve ser transmitido com objetividade, assim como as características do setor de atuação e correlação do comportamento da empresa com o setor. A análise econômico-financeira deve destacar os pontos efetivamente relevantes e decisivos para o emprego/grupo.

APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO

Normalmente o relatório é desenvolvido pelo analista e submetido à apreciação de um Comitê. Esse procedimento aperfeiçoa o conhecimento do analista e permite que ele preste as informações de que necessite o Comitê.

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II. EXERCÍCIOS

(ENADE – 2006) A diretoria financeira da Cia. Itamaracá estabelece como política: manter o Capital Circulante Líquido da empresa sempre positivo e acompanhar continuamente o desempenho dos seus Índices de Liquidez. Para colocar em prática essa determinação, a empresa efetua a quitação de 50% do saldo da conta de fornecedores, que venceria em até 120 dias. Quais as alterações que o registro desse evento produz no CCL - Capital Circulante Líquido e no Índice de Liquidez Corrente?

C.C.L.

Índice de Liquidez Corrente

(A) Não altera Não altera (B) Não Altera Aumenta (C) Aumenta Diminui (D) Diminui Diminui (E) Aumenta Aumenta

(ENADE – 2006) Empresa Percapita Ltda. apresenta um Patrimônio Líquido de R$ 50.000,00. Considerando que o Capital Circulante Líquido foi de R$ 120.000,00, o Ativo Circulante foi de R$ 200.000,00 e o Ativo Total foi de R$ 300.000,00, qual o Índice de Participação do Capital de Terceiros, em relação ao Capital Próprio?

(A)500% (B)160% (C) 75% (D) 60% (E) 47%