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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Alessandra Olinda de Carvalho Análise da dinâmica do processo de roscamento por conformação na liga de Magnésio AM60 São João Del Rei, 2011

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

Alessandra Olinda de Carvalho

Análise da dinâmica do processo de

roscamento por conformação na liga de

Magnésio AM60

São João Del Rei, 2011

Alessandra Olinda de Carvalho

Análise da dinâmica do processo de

roscamento por conformação na liga de

Magnésio AM60

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da

Universidade Federal de São João del-Rei, como

requisito para a obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Materiais e processos de

Fabricação

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão

São João Del Rei, 2011

v

vi

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA

A621.7a

Carvalho, Alessandra Olinda

Análise da dinâmica do processo de roscamento por

conformação na liga de Magnésio AM60 / Alessandra

Olinda de Carvalho: São João del Rei – UFSJ /

Departamento de Engenharia Mecânica, 2011.

Orientador: Prof. Dr. Lincoln Cardoso Brandão,

Dissertação - Universidade Federal de São João del

Rei / DEMEC / PPMEC, 2011.

1. Roscamento por Conformação 2. Processos de

Fabricação – Dissertação. I. Brandão, Lincoln Cardoso.

II. Universidade Federal de São João del Rei, DEMEC,

Programa de Pós graduação em Engenharia Mecânica.

III. Título.

Titulo em Inglês: Dynamic analyze of form tapping process in the AM60

alloy

Palavras-chave em Inglês: Tapping, AM60 Alloy, Thread, Fluteless Taps.

Área de concentração: Processos de Fabricação

Titulação: Mestrado

Banca examinadora: Alessandro Roger Rodrigues, Túlio Hallak Panzera,

Lincoln Cardoso Brandão

Data da defesa: 01 de abril de 2011

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

Co-orientador: Prof. Dr. Túlio Hallak Panzera

vii

Dedico este trabalho aos meus pais, D. Tita e Sonego, e à minha família.

viii

ix

Agradecimentos

Agradeço a Deus, primeiramente, por estar sempre presente em minha vida e pela

capacidade de sempre buscar novos conhecimentos. Ao professor Dr. Lincoln Cardoso

Brandão pela oportunidade de realizar esse trabalho, pela paciência, por todo conhecimento

que me ajudou a adquirir e, especialmente, por caminhar juntamente comigo durante esses

dois anos de trabalho, sempre me apoiando e não deixando que eu desanimasse. Serei sempre

grata a você.

Aos professores do PPMEC por todo ensinamento que me deram durante esse tempo,

de forma especial ao professor Dr. Frederico Ozanan Neves e prof. Dr. Túlio Hallak Panzera e

também à amiga Mônica do PPMEC. Agradeço, também, ao prof. Marcos Sávio de Souza.

Aos professores Dra. Andréia Cristiane dos Santos Delfino, Dra. Daniela Carine

Ramires de Oliveira e Dr. Marcos Santos de Oliveira do DEMAT pela ajuda e condução do

procedimento estatístico.

Às empresas TRW e Emuge-Franken pela doação da liga de Magnésio AM60 e das

ferramentas, respectivamente, utilizadas nesse trabalho.

Agradeço de forma especial ao Camilo, Luiz, Francisco e Emílio, funcionários dos

laboratórios da UFSJ, que muito ajudaram na condução desse experimento. Agradeço pela

presteza que tiveram em me ajudar.

Agradeço muito e sempre aos meus pais pela confiança, carinho e por acreditarem em

mim.

Aos meus irmãos por tudo, pela união em tudo que fazemos. A minha irmã Margaret

por me dar força sempre.

Ao meu amado noivo Osvair por toda paciência, incentivo, carinho, por todo amor e

por ter caminhado comigo durante todo esse trabalho.

Agradeço muito aos meus colegas de mestrado e digo a eles que foi muito

engrandecedor para mim esse tempo juntos, de forma especial agradeço ao Caique, Róbson,

Leandro, Jader, Sávio, Diogo e Vinícius.

x

Agradeço ao Denison Baldo pela ajuda com os desenhos.

Agradeço com carinho às meninas do 85, Dani, Flávia, Tati e Aerca, por dividirem

tantos momentos comigo.

Enfim, agradeço a todos que não citei nome, mas que de alguma forma contribuíram

na realização desse trabalho.

xi

“Para todos os seres humanos, constitui quase um dever pensar que o que já se tiver realizado é

sempre pouco em comparação com o que resta por fazer”

(João XXIII)

xii

xiii

Resumo

CARVALHO, A.O. (2011). Análise da dinâmica do Processo de roscamento por

conformação na Liga de Magnésio AM60. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de

São João del Rei, São João del Rei, 2011.

Roscas estão presentes em todas as montagens de componentes mecânicos industriais.

Geralmente, estes componentes precisam ter peças com rosca que permitam montagens com

precisão e rapidez. O roscamento interno é uma das operações de usinagem mais exigentes,

normalmente esta operação é realizada por usinagem e empregando-se machos máquina.

Entretanto, roscas obtidas através do processo de conformação são uma boa alternativa por

não existir formação de cavaco evitando procedimentos posteriores como limpeza. Este

trabalho mostra a influência do diâmetro e da velocidade de deformação durante o processo

de roscamento por conformação empregando machos laminadores. Testes foram realizados

com três diâmetros e três velocidades de deformação. O material utilizado foi a liga de

Magnésio AM60, devido à sua elevada ductilidade e grande aplicação em cabeçotes de

motores de combustão interna. Foi empregada análise de variância para definir a influência

dos parâmetros de entrada nas variáveis de resposta. Torque, força axial e taxa de

preenchimento foram usados como parâmetros de resposta. Os resultados mostraram que os

valores de velocidade de deformação e diâmetro inicial do furo têm influência na força axial.

Considerando o torque a e taxa de preenchimento, os fatores que influenciaram foram o

diâmetro inicial do furo e a interação entre o diâmetro e o tipo de ferramenta. Finalmente,

analisando os resultados com microscopia eletrônica de varredura, os melhores perfis de

rosca foram obtidos com velocidades maiores, menores diâmetros de furo inicial e com

machos laminadores sem cobertura.

Palavras-Chave: Roscamento por Conformação, Torque, Força Axial, Liga de Magnésio

AM60

xiv

xv

Abstract

CARVALHO, A.O. (2011). Dynamic Analysis of the form tapping process in the AM60

Magnesium alloy. Thesis (Master of Science) – Federal University of São João del Rei, São

João del Rei, 2011

Threads are used in all assemblies of mechanical industrial components. The mechanical

components usually have threaded parts in order to allow assemblies with accuracy and

quickness. Internal tapping is one of the most demanding machining operations which it is

carried out by machining and applying cutting taps. In addition, threads obtained by forming

can be a good alternative since there is no chip formation avoiding cleaning procedures.

This work investigates the effect of the diameter and the forming speed on the forming

tapping process using fluteless taps. Experimental tests were carried out with three diameters

and three forming speeds. The material used was the AM60 Magnesium alloy due to its high

ductibility and great applications in head of internal combustion engines. A full factorial

design and an analysis of variance were used to identify the significance of experimental

factors on the responses, such as torque, axial force, and fill rate. The results showed that the

forming speed and initial diameter significantly affected the axial force. The initial diameter

and the interaction of diameter and type of tool affected the torque and fill rate. Responses

based on the scanning electron microscopic analysis it was observed that the best thread

profiles were obtained using high forming speed, small initial diameter and uncoated

fluteless taps.

Keywords: Form Tapping, Torque, Axial Force, AM60 Magnesium Alloy.

xvi

xvii

Lista de Figuras

Figura 1. Detalhe dos parâmetros do processo de torneamento, (SANDVIK, 2004)................. 6

Figura 2. Detalhe do processo de faceamento, (SANDVIK, 2004). .......................................... 6

Figura 3. Detalhe do processo de sangramento radial, (SANDVIK, 2004). .............................. 7

Figura 4. Detalhe dos processos de fresamento frontal (1) e tangencial (2), (SANDVIK,

2004). .......................................................................................................................................... 8

Figura 5. Detalhe do processo de fresamento de roscas, a – Fresamento com aresta

monocortante, b – Fresamento com arestas multicortante e c – Fresamento com ferramenta

circular helicoidal (ARAÚJO et al., 2004). ................................................................................ 9

Figura 6. Detalhe da cinemática do processo de furação em cheio. ......................................... 11

Figura 7. Detalhe do processo de furação com pré-furação. .................................................... 11

Figura 8. Detalhe do processo de furação escalonada. ............................................................. 12

Figura 9. Detalhe do processo de trepanação. .......................................................................... 12

Figura 10. Perfil básico de rosca (Padrão métrico) ................................................................. 13

Figura 11. Processo de roscamento externo (FERRARESI, 1990). ........................................ 15

Figura 12. Roscamento interno (FERRARESI, 1990). ............................................................ 16

Figura 13. Detalhe do roscamento interno com macho de corte (Komura et al., 1990). .......... 17

Figura 14. Perfil com as dimensões normalizadas para rosca métrica ISO (ABNT, 1986). ... 18

Figura 15. Exemplo dos tipos de desgastes que ocorrem em machos de corte (Reis et al,

2005). ........................................................................................................................................ 20

Figura 16. Evolução do sinal representativo do torque no roscamento (Fantin, 1992). ........... 23

Figura 17. Detalhe da cinemática do processo de fresamento de roscas (Araujo et al., 2004). 25

Figura 18. Laminação de roscas com encosto plano (adaptado de Batalha, 2003). ................. 28

Figura 19. Laminação de roscas em gravação única (adaptado de Batalha, 2003). ................. 28

Figura 20. Laminação de roscas com um cilindro de roscamento e um segmento de apoio

(adaptado de Batalha, 2003). .................................................................................................... 29

Figura 21. Diferenças entre os perfis de roscas usinadas e conformadas (Emuge, 2010) ........ 31

Figura 22. Detalhe da geometria do perfil de rosca laminada (Lauro et al., 2010). ................. 32

Figura 23. Secção transversal de uma linha dos dentes do macho mostrando a formação da

trinca da crista (Adaptado de Chowdhary, 2003). .................................................................... 33

Figura 24. Evolução do torque durante o roscamento por laminação (Adaptado de Fromentin

et. al, 2010). .............................................................................................................................. 35

Figura 25. Detalhe da geometria do corpo de prova................................................................. 40

Figura 26. Detalhe construtivo dos machos laminadores sem cobertura (Emuge, 2010) ........ 41

xviii

Figura 27. Geometria da secção das ferramentas, a esquerda a ferramenta sem cobertura e a

direita, com cobertura de TiN (Emuge, 2010) ......................................................................... 42

Figura 28. Geometria da entrada dos machos laminadores (Emuge, 2010) ............................ 42

Figura 29. Centro de Usinagem Discovery 560 (ROMI, 2010) ............................................... 43

Figura 30. Dinamômetro Kistler 9272 (Kistler, 2010)............................................................. 43

Figura 31. Montagem do corpo de prova no dinamômetro ...................................................... 44

Figura 32. Microscópio Mitutoyo TM -500 Series (Mitutoyo, 2010) ..................................... 45

Figura 33. MEV Hitachi TM - 3000 Series (Hitachi, 2011) .................................................... 45

Figura 34. Microscópio Olympus BX51 (Olympus, 2011) ..................................................... 46

Figura 35. Gráfico de Torque versus Tempo ........................................................................... 51

Figura 36. Gráfico de Força axial versus Tempo (velocidade de 60m/min, diâmetro de 9,3mm

e ferramenta com cobertura) .................................................................................................... 53

Figura 37. Gráfico de detalhe da Força Axial versus Tempo durante o roscamento ............... 54

Figura 38. Gráficos de resíduos para a força axial – normal de probabilidade (a) e histograma

(b). ............................................................................................................................................ 56

Figura 39. Gráfico de efeito principal da velocidade sobre a força axial. ............................... 57

Figura 40. Gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre a força axial. ........... 58

Figura 41. Gráfico de efeito da interação entre diâmetro inicial do furo e tipo da ferramenta

sobre a força axial. ................................................................................................................... 59

Figura 42. Gráficos de resíduos para torque – normal de probabilidade (a) e histograma (b). 63

Figura 43. Gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre o torque. ................. 64

Figura 44. Gráfico de efeito da interação entre diâmetro inicial do furo e tipo da ferramenta

sobre o torque. .......................................................................................................................... 65

Figura 45. Micrografias mostrando o perfil de rosca formado utilizando a ferramenta com

cobertura e diâmetro de 9,1 mm sendo; (a) aumento de 50 vezes na crista e (b) detalhe com

aumento de 100 X .................................................................................................................... 68

Figura 46. Micrografias mostrando o perfil de rosca formado utilizando a ferramenta com

cobertura e diâmetro de 9,5 mm sendo; (a) aumento de 50 vezes na crista e (b) detalhe com

aumento de 100 X. ................................................................................................................... 69

Figura 47. Micrografias mostrando o perfil de rosca formado utilizando a ferramenta sem

cobertura e diâmetro de 9,1 mm sendo; (a) aumento de 50 vezes na base do filete de rosca (b)

detalhe com aumento de 100 X. ............................................................................................... 70

Figura 48. Gráficos de resíduos para taxa de preenchimento – normal de probabilidade (a) e

histograma (b). ......................................................................................................................... 72

xix

Figura 49. Gráfico de efeito principal do tipo de ferramenta sobre a taxa de preenchimento . 72

Figura 50. Gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre a taxa de

preenchimento. ......................................................................................................................... 73

Figura 51. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca

(velocidade de 60 m/min, diâmetro de 9,5 mm e ferramenta com cobertura) .......................... 75

Figura 52. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca

(velocidade de 60 m/min, diâmetro de 9,5 mm e ferramenta sem cobertura) .......................... 75

Figura 53. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca; (a)

velocidade de 100 m/min, diâmetro de 9,1 mm e ferramenta com cobertura e (b) velocidade

de 100 m/min, diâmetro de 9,1 mm e ferramenta sem cobertura ............................................. 76

Figura 54. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca; (a)

velocidade de 80 m/min, diâmetro de 9,3 mm e ferramenta com cobertura e (b) velocidade de

80 m/min, diâmetro de 9,3 mm e ferramenta sem cobertura .................................................... 77

xx

xxi

Lista de Tabelas

Tabela 1. Composição química da Liga AM60 utilizada nos experimentos. ........................... 39

Tabela 2. Geometria dos machos laminadores no catálogo (Emuge, 2010)............................. 41

Tabela 3. Parâmetros do processo de roscamento e respectivos níveis usados nos

experimentos. ............................................................................................................................ 47

Tabela 4. Condições experimentais, planejamento fatorial completo (3221). ......................... 49

Tabela 5. Análise de variância (ANOVA) para a variável força .............................................. 55

Tabela 6. Teste de Tukey para o desdobramento dos três níveis de diâmetro inicial do furo

dentro dos dois tipos de ferramenta na força axial ................................................................... 60

Tabela 7. Teste de Tukey para o desdobramento dos dois tipos de ferramenta dentro dos três

níveis de diâmetro inicial do furo na força axial ...................................................................... 60

Tabela 8. Análise de variância (ANOVA) para a variável Torque. ......................................... 62

Tabela 9. Teste de Tukey para o desdobramento dos três níveis de diâmetro inicial do furo

dentro dos dois tipos de ferramenta no torque .......................................................................... 66

Tabela 10. Teste de Tukey para o desdobramento dos dois tipos de ferramenta dentro dos três

níveis de diâmetro inicial do furo no torque ............................................................................. 67

Tabela 11. Análise de variância (ANOVA) para a variável taxa de preenchimento ................ 70

xxii

xxiii

Lista de abreviaturas e siglas

Letras Latinas

Adm = adimensional

ap = profundidade de usinagem da ferramenta [mm]

d1 = diâmetro interno da rosca [mm]

d2 = diâmetro da haste de fixação [mm]

DF = diâmetro inicial do furo [mm]

f = avanço da ferramenta [mm/rot]

Fcalc = proporção F calculada

Fz = força axial na direção do eixo Z [kgf]

i = Níveis do tipo de ferramenta

j = Níveis da velocidade

k = Níveis do diâmetro inicial do furo

K = coeficiente de resistência do material

H = altura do filete de rosca [mm]

l = Número de réplicas

l1 = Comprimento total do macho [mm]

l2 = comprimento da região roscada [mm]

l3 = Comprimento da região total da região de trabalho [mm]

n = expoente de encruamento

P = passo da rosca [mm]

xxiv

P-valor = probabilidade que a amostra pode ser retirada de uma população

R = resíduo

TF = tipo de ferramenta

txt = Extensão de arquivo de texto

vc = velocidade de corte da ferramenta [m/min]

VD = velocidade de deformação da ferramenta [m/min]

ijkl= variável resposta

Letras gregas

βj = efeito do fator Velocidade

γk = efeito do fator Diâmetro inicial do furo

σ = Tensão [N/mm2]

ε = deformação durante o processo

εijkl = componente do erro aleatório

µ = média global das respostas de todos os tratamentos

i = efeito do fator Tipo de ferramenta

( β)ij = efeito da interação entre i e βj

( γ)ik= efeito da interação entre i e γk

(βγ)jk = efeito da interação entre βj e γk

xxv

( βγ)ijk = efeito da interação entre i, βj e γk

Siglas

ABNT= Associação Brasileira de Normas Técnicas

AISI = American Iron and Steel Institute (Instituto Americano de Ferro e Aço)

AM60 = liga de magnésio-alumínio

ANOVA = Análise de Variância

DIC = Delineamento Inteiramente Casualizado

DIN = Deutches Institut für normung (Instituto Alemão de Normalização)

DOE = Design of Experiment (Delineamento de Experimeto)

EO = Emissão Ótica

FEM = Finite Element Methodology (Método de Elementos Finitos)

HB = Dureza Rockell na escala B

ICP = Inductively Coupled Plasma (Plasma Acoplado Indutivamente)

ISO = International Organization for Standardization (Organização Internacional para

Padronização)

MEV = Microscópio Eletrônico de Varredura

MQL = Mínima Quantidade de Lubrificante

ODS = Operating Deflection Shapes (Operação de Deflexão de Formas)

TiAlN= Nitreto de Titânio Alumínio

TiN = Nitreto de Titânio

xxvi

Lista de símbolos

™ = marca registrada (Trade Mark)

Ø = diâmetro

xxvii

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................ 1

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................ 5

2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 5

2.1. Torneamento .................................................................................................................... 5

2.2. Fresamento ...................................................................................................................... 7

2.3. Furação ............................................................................................................................ 9

2.4. Roscamento ................................................................................................................... 13

2.4.1. Roscamento pelo processo de usinagem. ................................................................... 16

2.4.2. Roscamento pelo processo de conformação .............................................................. 26

2.4.2.1. Roscamento externo ............................................................................................... 27

2.4.2.2. Roscamento interno ................................................................................................ 29

CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................... 39

3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 39

CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................... 51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 51

4.1. Gráficos de comportamento e análise estatística das variáveis Força e Torque ................ 51

4.1.1. Força ............................................................................................................................... 54

4.1.2. Torque ............................................................................................................................. 61

4.2. Análise estatística da taxa de preenchimento nas roscas produzidas ................................ 67

4.3. Análise da Topografia dos filetes produzidos ................................................................... 73

CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................... 79

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 79

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81

xxviii

1

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

Os processos de manufatura estão entre os grandes processos responsáveis pela

transformação da sociedade atual. Todos os produtos disponíveis no mercado mundial

apresentam no mínimo uma operação específica de fabricação. Pode-se dizer que todas as

nações que detêm tecnologias de última geração também apresentam enormes evoluções nas

áreas de manufatura.

Os principais processos de manufatura como usinagem, soldagem e conformação estão

presentes em todos os processos produtivos, sendo, constantemente, estudados e

modernizados, visando o aumento de produção, buscando a minimização de custos e a

fabricação de produtos com mais qualidade.

Devido à complexidade dos setores produtivos, considerando o número de estações de

trabalho no chão de fábrica ou de processos específicos dentro de cada estação, a inserção de

pequenas modificações em linhas de fabricação pode significar um aumento substancial de

produção que influenciará de forma satisfatória na redução de custos.

Portanto, considerando a indústria metal mecânica, podemos distinguir duas grandes

classes de trabalho com os metais, que são: os processos de usinagem e os processos de

conformação. Sendo estes os processos mais importantes nas indústrias automobilísticas e de

autopeças e os conglomerados empresarias que mais trazem divisas para os países modernos.

Nos processos que envolvem a usinagem, o mecanismo ocorre com a remoção de

cavacos, ou seja, parte do material trabalhado é retirada e descartada na forma de cavacos para

dar ao material a forma desejada. Nos processos de conformação há a constância do material

que sofre alterações em sua forma através do deslocamento de material, adquirindo o formato

desejado por deformação plástica.

Em ambos os tipos de processos temos muitas variáveis envolvidas, tais como: força de

corte ou deformação, variação da temperatura na interface da ferramenta e da peça,

geometrias complexas da ferramenta de trabalho, dentre muitas outras que citaremos no

decorrer desse trabalho. Cada processo é indicado de acordo com o que se deseja produzir,

apresentando vantagens e desvantagens.

2

Sendo um processo pouco usado nas empresas que fabricam componentes roscados, a

laminação de roscas tem grande vantagem sobre processos similares devido ao fato de não

produzir cavacos e dessa forma, não necessitar de processos de reciclagem específicos.

Entretanto, manuais específicos e conceitos técnicos com informações precisas sobre este

processo, ainda são grandes lacunas para sua efetiva aplicação em todos os materiais

utilizados em produtos manufaturados.

Este trabalho foca no estudo dos processos de fabricação onde são produzidos

componentes roscados, através da conformação de roscas, também conhecido como

laminação de roscas. Dessa forma, pretende-se estudar e definir parâmetros ideais para a

compreensão dos fenômenos envolvidos neste processo.

Este trabalho propõe o estudo do processo de roscamento interno utilizando o processo

de conformação, também conhecido como laminação de roscas, analisando as influências dos

parâmetros(velocidade, diâmetro inicial do furo e tipo de ferramenta) em relação aos esforços

de deformação como a força no sentido axial, momentos durante a deformação e a qualidade

dos perfis de rosca produzidos. A proposta deste trabalho é produzir roscas conformadas na

liga de Magnésio-Alumínio com o nome comercial de AM60.

A laminação de roscas, ou roscamento por conformação, atualmente é pouco utilizada,

mesmo apresentando a não geração de cavacos e consequentemente a redução de resíduos

industriais. Assim, os processos de roscamento ainda têm um grande gap a ser estudado.

Dessa forma, promover um estudo, focando as vantagens e as desvantagens do processo de

laminação de roscas, torna-se interessante, pois definirá o valor de algumas variáveis, como:

tempo de produção em função de diâmetro pitch, profundidade da rosca, lubrificação e

potência consumida da máquina durante a fabricação. Assim, será possível ter o domínio de

um processo de produção com um grande histórico dentro dos processos de fabricação e que

apresenta inovações tecnológicas recentes e constantes a cada dia, conhecendo-se suas

vantagens e limitações, além da divulgação do conhecimento obtido gerando sua ampla

divulgação nos setores de interesse.

Portanto, este trabalho está dividido em 5 capítulos principais abordando os seguintes

tópicos:

3

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO: traz uma introdução ao assunto abordado, além de

especificar os objetivos e justificativas para realização do trabalho. Além, de mostrar a

estrutura de divisão do mesmo.

CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA: tem o foco na revisão sobre processos

de fabricação com remoção de cavaco, com uma conotação para os processos de roscamento

tradicionais, suas vantagens e desvantagens comparadas com o processo de laminação de

roscas.

CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS: apresenta todas as estratégias utilizadas

durante o experimento inclusive seu planejamento com réplicas e tratamento estatístico dos

dados e descreve também os recursos utilizados para a realização do trabalho.

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES: mostra os principais resultados

obtidos com as respectivas influências de cada parâmetro de entrada sobre as variáveis de

resposta.

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES: pontua as principais conclusões obtidas no trabalho e

suas repercussões sobre as características do processo.

4

5

CAPÍTULO 2

2. REVISÃO DA LITERATURA

Desde a revolução industrial o homem busca a adaptação de processos de fabricação ao

seu cotidiano de trabalho. Devido à simplicidade que apresenta, o torneamento foi um dos

primeiros processos modernos desenvolvidos pelo homem. Anteriores ao torneamento,

processos como o forjamento e a fundição apresentavam grande aplicação na fabricação de

componentes industriais e de uso doméstico. Portanto, havia um elevado domínio e

conhecimento por parte dos artífices, porém a qualidade dos produtos era inferior àqueles

produzidos pelo torneamento.

Dessa forma, seguindo uma linha evolutiva com pequena variação cronológica,

processos como a furação, o fresamento e o roscamento surgiram praticamente simultâneos ao

torneamento. Todos esses processos apresentam dinâmicas de trabalho variadas com

parâmetros de processo específicos e que influenciam diretamente na qualidade dos produtos.

Entretanto, esses processos têm em comum a classificação como processos com remoção de

cavaco.

O forjamento é um exemplo clássico onde não é variado o volume de material, ou seja,

o volume antes da fabricação é o mesmo ao seu final. Portanto, o processo gera apenas uma

variação do formato final do produto. Em grande parte, o torneamento é o principal processo

empregado. O processo de roscamento tem uma utilização pouco menor, porém com uma

importância significativa similar ao torneamento.

Dificilmente existe produto industrial atualmente que não tenha uma parte roscada.

Roscas na sua maioria são fabricadas para unirem componentes mecânicos facilitando

montagens e desmontagens. Em alguns casos apresentam-se como responsáveis pela

transmissão de movimentos com precisão e potência. Os tópicos a seguir mostram os

principais processos empregados nas empresas com suas características, detalhes e principais

aplicações.

2.1. Torneamento

De acordo com Ferraresi (1990) o torneamento é um processo mecânico de usinagem

que produz superfícies de revolução através de ferramentas monocortantes. O material

usinado gira em torno do eixo de simetria da peça e a ferramenta realiza movimentos

coplanares a esse eixo. O torneamento pode ser retilíneo ou curvilíneo, segundo a trajetória

6

da ferramenta. Para que o processo de torneamento ocorra tem que haver, simultaneamente, a

rotação da peça em torno do seu centro (n), o deslocamento no sentido axial da ferramenta

denominado avanço (f) e o deslocamento radial denominado profundidade de usinagem (ap)

conforme pode ser observado na Figura 1.

Figura 1. Detalhe dos parâmetros do processo de torneamento, (SANDVIK, 2004).

Se a trajetória for paralela ao eixo de simetria da peça, teremos o torneamento cilíndrico

(externo ou interno), se a peça tiver um entalhe no sentido axial, será denominado

sangramento axial, se o objetivo for produzir uma superfície plana perpendicular ao eixo de

simetria da peça teremos um torneamento de faceamento, conforme a Figura 2. Finalmente, se

for gerado um entalhe circular na exata largura da ferramenta, será denominado sangramento

radial, conforme a Figura 3.

Figura 2. Detalhe do processo de faceamento, (SANDVIK, 2004).

7

Figura 3. Detalhe do processo de sangramento radial, (SANDVIK, 2004).

O processo de torneamento é um dos mais antigos e versáteis e ocupa lugar de destaque

na produção industrial devido à sua grande faixa de aplicação. É um dos processos mais

estudados no mundo e grande parte das pesquisas conduzidas com técnicas de simulação,

monitoramento de temperatura e monitoramento de desgaste para novas coberturas, são

realizadas inicialmente no torneamento devido ao número reduzido de parâmetros e à

facilidade de controle e análise dos resultados obtidos.

2.2. Fresamento

O fresamento é um processo mecânico realizado com a utilização de arestas

multicortantes. O processo ocorre com o giro da ferramenta e a peça ou a ferramenta se

deslocam segundo uma trajetória. O fresamento pode ser classificado como cilíndrico

tangencial ou frontal, ou ainda composto que resulta da combinação dos dois anteriores.

(Ferraresi, 1990).

A Figura 4 mostra os detalhes do processo de fresamento frontal (1) e tangencial (2).

Nota-se que dependendo do movimento relativo entre a ferramenta e a peça é possível

executar operações distintas. Normalmente, o processo de fresamento frontal está direcionado

à produção de peças de formas prismáticas e gera superfícies planas. Já o processo de

fresamento tangencial é mais versátil podendo gerar formas específicas como canais, entalhes

no formato “V” e dentes de engrenagens.

8

Figura 4. Detalhe dos processos de fresamento frontal (1) e tangencial (2), (SANDVIK,

2004).

Através do fresamento pode-se produzir roscas. Para que isto ocorra a ferramenta ou

fresa precisa ter o perfil da rosca a ser produzida e realizar simultaneamente movimentos de

rotação e translação. Segundo Araújo et al. (2004), o processo de fresamento para produzir

roscas internas executa o movimento em uma só passagem pelo furo. A Figura 5 mostra três

ferramentas utilizadas no fresamento de roscas. A Figura 5a mostra uma ferramenta de perfil

único que faz cada passo da rosca em um movimento de rotação com deslocamento no sentido

axial igual ao passo da rosca. A Figura 5b mostra a fabricação de um perfil roscado com uma

ferramenta múltipla com somente um lado de corte, da mesma forma que a ferramenta

anterior existe a necessidade do deslocamento no sentido axial no mesmo valor do passo da

rosca. Finalmente, a Figura 5c mostra uma ferramenta helicoidal com múltiplas arestas de

corte onde o perfil da rosca é gerado em um movimento combinado de rotação da ferramenta,

translação em torno do eixo do furo a ser roscado e o deslocamento axial no mesmo valor do

passo da rosca.

9

Figura 5. Detalhe do processo de fresamento de roscas, a – Fresamento com aresta

monocortante, b – Fresamento com arestas multicortante e c – Fresamento com

ferramenta circular helicoidal (ARAÚJO et al., 2004).

Analisando o fresamento de roscas com uma ferramenta helicoidal de 4 arestas de corte

como a mostrada na Figura 5c, Araújo et al. (2004) verificaram que houve uma alteração no

cavaco gerado e, consequentemente, nas forças de corte quando comparadas com o

fresamento da ferramenta de perfil reto. Este trabalho teve como objetivo modelar a força de

contato entre o perfil de rosca e a ferramenta que, segundo os autores, ocorre de forma similar

ao processo tradicional de fresamento tangencial. Analisando este processo de forma mais

criteriosa, Araújo et al. (2004) concluíram que o processo de fresamento de roscas tem uma

frequência de oscilação na secção transversal nas forças de corte quando são empregadas

arestas múltiplas e é feita uma comparação com o mesmo processo com ferramenta de aresta

única.

Baseado nos resultados apresentados por Araújo et al. (2004), observou-se que ocorre

um aumento da vibração do processo, demonstrando ser necessário considerar a tensão de

contato entre as superfícies de folga e de saída da ferramenta e o perfil de rosca gerado. E

existe uma preocupação constante com o conhecimento e o domínio do processo à medida

que as ferramentas de roscamento e processos evoluem. Porém, esta afirmativa tem sempre

ocorrido no processo de roscamento com usinagem de roscas onde há a geração de cavacos e

atualmente, poucos estudos têm sido conduzidos no processo de laminação de roscas.

2.3. Furação

Segundo Sales et al (2008) os processos de furação e roscamento são os mais utilizados

dentre os processos de usinagem. O processo de furação é responsável por 40% do uso de

metais na indústria aeroespacial, isso é suficiente para ressaltar a importância desse processo

nos processos modernos de produção. A furação foi responsável por 50% dos produtos

10

usinados nos USA no final dos anos 90. Se por um lado o trabalho com furação e roscamento

é importante, por outro, eles também apresentam dificuldades no que diz respeito à peça

usinada, à profundidade de furação e tolerâncias finais da peça, além de outros detalhes que

tornam a usinagem difícil e de execução complexa.

Segundo Ferraresi (1990), a furação é um processo que se destina a obter furos que são

geralmente cilíndricos e obtidos a partir de ferramentas multicortantes. A ferramenta ou a

peça gira e, simultaneamente, a peça ou a ferramenta se desloca em uma trajetória retilínea. A

furação se subdivide em:

Furação em cheio: destina-se à abertura de um furo cilíndrico no material usinado.

Todo o material referente ao volume final do furo é removido na forma de cavaco

pelos canais axiais da ferramenta. A Figura 6, mostra os detalhes da cinemática do

processo de furação em cheio. O processo de furação em cheio é um dos mais

aplicados nas indústrias de manufatura e tem o objetivo simples de proporcionar a

passagem de um parafuso a condições mais complexas, como preparar a superfície

para o roscamento ou operações de mandrilamento do material com objetivo de

melhorar a qualidade superficial.

Furação com pré-furação: abertura de um furo em uma peça pré-furada. Este

processo tem como objetivo eliminar os esforços de corte que surgem na aresta

transversal da broca quando são empregadas brocas de diâmetro acima de 16

milímetros. A aresta transversal produz um efeito de esmagamento que aumenta

esforços de corte e diminui o tempo de vida das ferramentas. A Figura 7 mostra um

processo de furação com pré-furação.

11

Figura 6. Detalhe da cinemática do processo de furação em cheio.

Figura 7. Detalhe do processo de furação com pré-furação.

Furação escalonada: abertura de um furo com dois ou mais diâmetros

simultaneamente. O objetivo da furação escalonada é aumentar produtividade

realizando simultaneamente furos de diâmetros menores e maiores, eliminando o

tempo de parada para a troca de ferramentas. Pode-se empregar o processo de furação

escalonada também quando existe a necessidade de rebaixos em peças para ocultar

cabeças de parafusos ou porcas. A Figura 8 mostra o detalhe da furação escalonada.

12

Figura 8. Detalhe do processo de furação escalonada.

Furação de furos de centros: obtenção de furos centrais para posterior uso, como

por exemplo, apoio de peças de grande comprimento em contra pontos de cabeçotes

móveis de tornos universais. Este processo é similar ao processo de furação

escalonada conforme pode ser observado na Figura 8. Entretanto, produz um furo

cego geralmente com pequenas dimensões e o diâmetro maior da broca produz

apenas uma quebra de quina gerando o apoio.

Trepanação: apenas uma parte de material do volume final é removida na forma de

cavaco, permanecendo um núcleo maciço. Este processo é usado quando se deseja

aproveitar o material da parte central para ser usado posteriormente. Dessa forma, o

processo permite o aproveitamento de material sem grandes gerações de cavaco na

forma de sucata, Figura 9.

Figura 9. Detalhe do processo de trepanação.

13

O conhecimento da cinemática do processo de furação é importante, pois o processo de

roscamento está intimamente ligado ao processo de furação e à qualidade do furo. Pode-se

afirmar que para a realização do processo de roscamento é necessário existir o processo

anterior de furação. Dessa forma, sendo o foco de estudo deste trabalho o processo de

roscamento por laminação, foi feita de forma sintética, até este ponto do trabalho, uma

abordagem dos processos de torneamento, fresamento e furação e suas variantes. A seguir a

revisão estará mais direcionada aos processos de roscamento interno e externo com e sem

geração de cavacos.

2.4. Roscamento

O roscamento é um processo mecânico, de usinagem ou conformação, que se destina à

obtenção de filetes com perfis roscados, por meio da abertura de um ou mais sulcos

helicoidais de passo uniforme, em superfícies cilíndricas ou cônicas de revolução. Podem ser

produzidas roscas internas e roscas externas. É um processo que envolve movimentos de

avanço e de rotação entre a ferramenta e a peça, onde uma delas gira enquanto a outra se

desloca simultaneamente, segundo uma trajetória retilínea paralela ou inclinada em relação ao

eixo de rotação, ou ainda, apenas uma delas executa os dois movimentos, ou seja, gira e

avança enquanto a outra fica parada.

Podem ser produzidas roscas padronizadas, como: Rosca métrica – normal (DIN 13-1),

fina (DIN 13-2...10), Rosca métrica cônica (DIN 158-1), Rosca Whitworth, Rosca GAS (DIN

ISO 228-1), Rosca ISO trapezoidal (DIN 103-1), Rosca de dente de serra (DIN 513), Roscas

UNF (EUA+Inglaterra), Roscas Edson e Roscas especiais. A Figura 10 apresenta um perfil

padrão de um modelo de rosca métrica muito empregada na indústria brasileira.

Figura 10. Perfil básico de rosca (Padrão métrico)

Passo (P)

h t

t/8

t/8

60°

d

d1

d2

14

O processo de roscamento está presente em quase todas as peças produzidas nas

indústrias do setor metal mecânico. Pode-se considerar que não existe um componente

mecânico que não apresente uma ou várias regiões com perfil roscado externo e/ou interno.

Os bens de consumo como automóveis, motocicletas, máquinas agrícolas e os diversos

equipamentos apresentam em seus detalhes construtivos regiões roscadas. Outras ferramentas

industriais como moldes de injeção e as matrizes para conformação apresentam regiões

específicas para a montagem de postiços necessários a modificações de detalhes do seu

design, normalmente estes postiços são fixados por pinos roscados.

Segundo Lauro et al. (2010), componentes mecânicos podem ser unidos por meio de

fixação permanente, soldagem ou fixação removível, com a utilização de parafusos, rebites,

pinos, dentre outros. Por causa da facilidade na substituição e reparo, o uso de parafusos se

torna mais comum, havendo poucos equipamentos que não usam parafusos para fixação.

Considerando o período do início da revolução industrial até a década de 1980, pode-se dizer

que a evolução do processo de roscamento dentro da indústria foi modesta. Basicamente, o

processo mais usado de roscamento interno sempre foi realizado na indústria com ferramentas

denominadas machos. Este processo promove, assim como nos processos de torneamento,

fresamento e furação, a geração de cavacos que são na sua maioria expulsos pelos fluidos de

corte durante a usinagem.

Portanto, a evolução das ferramentas de roscamento foi baseada, assim como as demais

ferramentas de usinagem, nos materiais que constituem a microestrutura e nas coberturas

desenvolvidas após a década de 1970. Entretanto, nas duas últimas décadas dispondo de

máquinas mais modernas, velozes e com comandos numéricos mais eficientes, todos os

processos de usinagem sofreram uma elevada modernização, incluindo, o processo de

roscamento. Deve-se salientar que a evolução do processo de roscamento foi mais voltada

para a dinâmica do processo do que para as ferramentas propriamente.

O processo de roscamento pode ser realizado com ferramentas de corte denominadas

machos e empregando-se velocidades de corte mais altas tornando o processo mais eficiente.

Outras ferramentas e processos, como o fresamento de roscas, possibilitou a flexibilidade do

processo de produção de roscas com a diversificação de produtos empregando-se um número

mínimo de ferramentas.

15

Roscamento externo é executado em superfícies externas cilíndricas ou cônicas de

revolução. Enquanto o interno é executado em superfícies internas cilíndricas de revolução

(ABNT, 1971; Ferraresi, 1990). As principais formas de se realizar o roscamento externo na

usinagem é utilizar, por exemplo, ferramenta de perfil único, ferramenta de perfil múltiplo,

fresa de perfil múltiplo ou fresa de perfil único conforme Figura 11.

O processo é realizado da mesma forma que ocorre o torneamento externo, ou seja,

existe um movimento de rotação da peça a ser roscada em torno do seu eixo de simetria e um

movimento de avanço no sentido axial com dimensão exata do passo da rosca que se deseja

produzir. A combinação dos dois movimentos produz o perfil de rosca desejado. Além disso,

as roscas podem ser classificadas como roscas esquerdas e direitas, sendo esta classificação

importante apenas para o sistema que se deseja fixar.

Figura 11. Processo de roscamento externo (FERRARESI, 1990).

No roscamento interno, utiliza-se geralmente ferramenta de perfil único, ferramenta de

perfil múltiplo, macho de corte ou fresa conforme Figura 12. Na indústria, segundo Koelsch

(2002), utiliza-se com mais freqüência para a confecção de filetes de rosca interna o macho

de corte. O processo de roscamento interno com macho de corte envolve usinagem e remoção

de material. O macho de corte é classificado como uma ferramenta multicortante que, através

do movimento rotativo combinado com o axial, executa a deformação na superfície interna de

16

um furo, cujo diâmetro é um pouco menor que o diâmetro externo do macho de corte, para

formar filetes de rosca após a remoção de cavacos.

Figura 12. Roscamento interno (FERRARESI, 1990).

Considerando o processo de roscamento, foco deste trabalho, a seguir será feita uma

abordagem ao processo de roscamento com geração de cavaco, mais tradicional, e que utiliza

machos de corte, e, em seguida, exploraremos mais enfaticamente o processo de roscamento

por conformação que emprega machos denominados laminadores e que apresenta lacunas no

seu entendimento.

2.4.1. Roscamento pelo processo de usinagem.

Dentre os processos que envolvem a remoção de cavacos, ou seja, de usinagem, esse é

um dos mais utilizados, visto que no sistema de montagem de peças o roscamento é mais

indicado devido à sua versatilidade. Assim, o roscamento por usinagem se sobrepõe ao

processo realizado por conformação, uma vez que o primeiro é muito mais difundido. Pode-se

dizer que, dentre os processos de usinagem, o roscamento é, segundo Reis et al. (2005), um

dos mais difíceis de ser executado devido à complicada remoção de cavacos e lubrificação na

zona de corte, além da necessidade de uma relação inalterável entre a velocidade de corte e o

avanço, definida pelo passo da ferramenta.

17

Segundo Lorenz (1980) e Du et al., (1995) o processo de roscamento interno é

complexo pelo fato de existirem muitas variáveis que devem ser analisadas durante o

processo, sendo as mais comuns: quebra do macho de corte, erro síncrono entre os

movimentos rotacional e de avanço, desgaste do macho de corte e desalinhamento entre a

ferramenta e o pré-furo, dentre outras. Portanto, a escolha errada de ferramentas, condições de

corte ou lubrificação são fatores que podem levar a um roscamento fora da tolerância ou até

mesmo à quebra da ferramenta e ao sucateamento da peça (Sha et al., 1990; Fantin, 1992).

O processo de geração de roscas internas com machos ocorre de acordo com a Figura

13, onde se pode notar que o perfil é construído com o deslocamento da ferramenta no sentido

axial e com um movimento rotativo simultâneo. O macho apresenta um formato cônico na sua

parte inicial o que permite que as arestas de corte executem a operação removendo secções de

corte pequenas no começo e estas aumentem de forma progressiva. Além disso, na construção

da ferramenta existem arestas de corte radiais que dividem as secções de corte no sentido

radial e axial, permitindo a geração do perfil da rosca de forma gradual (Komura et al., 1990).

Para Armarego e Chen (2002) o roscamento é um dos processos mais utilizados e sua

otimização é bastante importante. Dados como força, potência, vida da ferramenta e superfície

roscada merecem uma atenção maior. Além disso, tem que haver um sincronismo geométrico

entre a peça e o macho, que ao mesmo tempo em que produz a rosca deve providenciar a

remoção do material que vai se acumulando entre suas arestas.

Figura 13. Detalhe do roscamento interno com macho de corte (Komura et al., 1990).

Apesar de utilizar uma ferramenta simples que inicialmente já pré-define o formato de

rosca a ser produzida, no processo de roscamento pelo menos 5 variáveis devem ser ajustadas:

diâmetro maior, diâmetro menor, diâmetro efetivo, passo e ângulo de rosca. Se uma destas

18

medidas estiver fora de especificação, o ajuste ou a transmissão de forças ou movimentos

entre a rosca interna (peça fêmea) e a rosca externa (peça macho) será deficiente. Outros

fatores complicadores são: o grande número de tipos e formas usadas na indústria, tanto

padronizadas como especiais, as diversas classes de ajuste e precisão exigidas, a seleção do

melhor processo de roscamento com a escolha das ferramentas correspondentes e a seleção do

método de inspeção (DeGarmo et al., 1997).

A Figura 14 mostra a geometria ideal normalizada de um perfil de rosca padronizada.

Observa-se que tanto o fundo do filete como a crista da rosca apresentam partes retas durante

sua fabricação. O fundo do filete de rosca normalmente tem o formato do raio de ponta da

aresta de corte do macho. Além disso, deve-se notar que, segundo padronização, os valores de

diâmetro médio, passo da rosca, dimensões do fundo do filete e da crista são proporcionais à

altura “H” ou ao passo “P’ da rosca. Assim, percebe-se que o passo e a altura de crista da

rosca são as variáveis mais importantes no projeto de uma rosca.

Figura 14. Perfil com as dimensões normalizadas para rosca métrica ISO (ABNT,

1986).

Geralmente o processo de roscamento é um dos últimos produzidos em uma peça, logo

o processo deve ser bem controlado, pois um erro leva à perda de um longo trabalho onde a

peça já tem valores agregados de processos anteriores e pelos quais passou antes de chegar ao

roscamento (Sales et al., 2008). Para realizar o roscamento, é necessário que a peça seja pré-

furada, sendo que esse furo pode ser passante ou pode ser cego, depende da necessidade da

produção. No roscamento de furos passantes a geometria do macho é de grande importância

considerando o formato e o número de canais da ferramenta. Os canais do macho são os

responsáveis em conduzir o fluido refrigerante e lubrificante na região de corte. Os canais do

19

macho de corte apresentam um ângulo de hélice que é responsável pela remoção dos cavacos

da região de corte. Assim, machos com ângulos de hélice maiores são aplicados a materiais

mais dúcteis e com ângulos de hélice próximos de zero grau são aplicados no roscamento de

materiais menos dúcteis.

Para o roscamento de furos cegos torna-se necessário ainda, que o macho de corte

possua geometria adequada para a retirada do cavaco da região de usinagem pela ação dos

canais, pois o acesso do fluido de corte é muito difícil. O fluido de corte fica confinado dentro

de uma região específica diminuindo sua eficiência de ação lubrificante e refrigerante. Em

muitos casos, ferramentas com lubrificação interna são necessárias para melhorar o

desempenho do processo. No roscamento, o avanço é determinado pelo passo da rosca que

está sendo usinada. Portanto, apenas a velocidade de corte pode ser ajustada. A velocidade

ótima do roscamento é normalmente baseada no custo mínimo por furo e é frequentemente

uma variável para vida do macho de corte e produtividade máximas. A velocidade de corte

sofre efeito direto da rigidez do metal que está sendo trabalhado (JOHNSON, 1989).

Segundo Dogra et.al. (2002) a usinagem de roscas por ser um processo largamente

utilizado deve ser muito bem preparada e deve-se ter atenção aos parâmetros da ferramenta

que será utilizada. As falhas como quebra da ferramenta, desgaste antecipado da ferramenta

ou mesmo danos à peça trabalhada pode levar, além de prejuízos pela troca da ferramenta, à

perda de tempo com a troca e isso deve ser evitado ou pelo menos minimizado por pesquisas

na área. Uma das causas mais comuns de falhas se refere ao desalinhamento central do eixo

com o furo e também ao retorno da ferramenta quando atinge o limite de profundidade de

roscamento. O torque utilizado no processo será, também, dependente da geometria do furo

adquirida depois do processo de furação.

O desgaste da ferramenta é um parâmetro que deve ser levado em consideração, pois a

maioria dos erros advém dele. Na Figura 15 temos os tipos de desgastes mais comuns nas

ferramentas de corte, que são: o lascamento que ocorre devido a baixas velocidades de corte

e/ou ferramenta com baixa tenacidade; o desgaste de flanco propriamente, que apesar de

normal pode ser controlado encontrando-se a velocidade de corte ideal ou trabalhando-se com

ferramentas mais resistentes; o rasgamento que corresponde ao arrancamento da crista do

filete de rosca normalmente ocorrendo para furos iniciais fora de especificação e a adesão de

material da peça na ferramenta devido a baixas velocidades de corte.

20

Figura 15. Exemplo dos tipos de desgastes que ocorrem em machos de corte (Reis et al,

2005).

Segundo Reis et al. (2005) esses desgastes necessitam ser controlados, pois podem

influenciar em variáveis do processo, como temperatura, potência e força de corte. O desgaste

da ferramenta se concentra nas arestas da região cônica e na primeira aresta da região

cilíndrica da ferramenta, que é a região que tem o primeiro contato da ferramenta e que

começa a abertura dos filetes de rosca, nas demais arestas o desgaste é menor. Em alguns

casos o desgaste da ferramenta é tão grande que ela perde as arestas de corte e a ferramenta ao

invés de cortar o material passa a conformá-lo, gerando a deformação plástica e ocasionando

o aumento da temperatura, culminando no rasgamento dessas arestas.

Apesar de ser um processo muito utilizado na indústria, o processo de roscamento é

pouco pesquisado se comparado a processos como torneamento, furação ou fresamento.

Armarego e Chen (2002) desenvolveram um trabalho analisando o torque, a pressão e a força

lateral na usinagem de roscas e concluíram que esse é ainda um campo que merece mais

estudos para melhor entendimento. Foi verificada, através de testes experimentais e de

simulação computacional, que é necessário uma boa sincronia entre o material de trabalho,

velocidade e a ferramenta a serem utilizados. De acordo com Cao e Sutherland (2002) o

grande problema na usinagem de roscas é a ruptura do macho de corte durante o processo,

devido ao aumento do torque que ocorre na maioria dos casos, ao travamento da ferramenta,

gerando sua imediata quebra.

Basicamente não se consegue produzir roscas sem o uso de fluidos refrigerantes e/ou

lubrificantes. O uso de fluidos de corte é necessário na usinagem de roscas, a fim de diminuir

as forças necessárias para o processo. O uso do fluido de corte é mais importante no

roscamento interno que na maioria das outras operações de usinagem, uma vez que as arestas

do macho de corte estão mais sujeitas a danos provocados pelo calor e os cavacos têm maior

chance de ficarem retidos na região de corte entre a ferramenta e a peça (JOHNSON, 1989;

DEGARMO et al., 1997). Browmick (2010) usinou roscas internas na liga AM60 a seco e

21

utilizando MQL (Mínima Quantidade de Lubrificante), verificando que com o uso do

lubrificante houve redução da adesão de magnésio na ferramenta e da formação de

arestapostiça de corte. Dessa forma, ocorreu um aumento na vida da ferramenta, mostrando

que o uso do fluido é extremamente significante.

Outra preocupação é que o fluido de corte deve ser mantido o mais limpo possível, pois

partículas de fluido recirculado são altamente abrasivas, e o lubrificante deve ser fornecido

em quantidades suficientes visando reduzir o calor e o atrito, e também ajudar na remoção de

cavacos. Recomenda-se a utilização de fluido de corte ou jato de ar para o roscamento de

furos profundos com comprimento superior a duas vezes o diâmetro, ou furos cegos, em

materiais como o ferro fundido (JOHNSON, 1989; DEGARMO et al., 1997). O método de

aplicação é importante e é também muito difícil nesse processo. Para garantir a máxima

eficiência, o fluido de corte deve ser dirigido aos canais do macho de corte com pressão

suficiente para forçá-lo a descer pelos canais (JOHNSON, 1989; DEGARMO et al., 1997).

Como ocorre em todos os processos de usinagem, a vida da ferramenta pode ser

aumentada com o uso de fluidos lubrificantes e refrigerantes, e destacam-se os óleos que tem

maior poder lubrificante. Com isso, reduz o atrito entre peça/cavaco e peça/ferramenta, o que

leva à diminuição da temperatura. Isso tudo garante um melhor acabamento à peça usinada.

Com a diminuição do atrito, diminuem também as forças e potência de corte. Analisando a

influência de sistemas convencionais de lubrificação em roscamento interno, que são:

lubrificação em abundância, MQL e a seco, os resultados alcançados mostram que com

lubrificação em abundância há uma tendência maior de diminuir a temperatura e uma

tendência menor com MQL. Quanto à diminuição dos esforços de corte, houve com isso, uma

influência maior na força de avanço que no momento torçor (Brandão et al., 2006). Segundo

Bezerra (2003) a utilização de MQL propicia melhores condições de usinagem de roscas

quando comparada com a condição a seco.

Muitos pesquisadores têm abordado a modelagem em diversos processos de usinagem

para fazerem uma predição das forças necessárias em cada processo e esses estudos ajudam

também no desenvolvimento de novas ferramentas. Cao e Sutherland (2002) estudaram um

processo de usinagem de roscas através do uso de um modelo mecânico para predizer o torque

e a força axial. O modelo é resultante da formação do cavaco e do atrito entre a peça e a

ferramenta, incluindo a interferência dos fluidos lubrificantes. Experimentos foram feitos e

confirmaram as seguintes características e conclusões:

22

A carga total do roscamento consiste em uma carga natural do roscamento e uma carga

nos sulcos que armazenam o cavaco. A carga resulta da formação de cavacos e do atrito

entre peça e ferramenta e a carga resultante dos sulcos é proveniente do acúmulo de

cavacos. A carga dispensada para eliminar os cavacos pode ser de até cinco vezes maior

que a carga dispensada ao processo em si, e isso depende da geometria da ferramenta e

dos parâmetros do processo;

A carga natural adquirida na modelagem do processo está de acordo com a

experimental. Entretanto, se a carga nos sulcos de cavaco domina, o modelo tende a

aumentar a carga de roscamento, pois os sulcos responsáveis em armazenar os cavacos

não são esclarecidos no processo mecânico;

O acúmulo de cavacos leva à ruptura do macho e, com isso, foi observado torque

excessivo. A solução indicada é o desenvolvimento de ferramentas que acomodem

melhor o cavaco;

O atrito entre peça e ferramenta sofre alterações com o uso de lubrificante. O

coeficiente de atrito feito a seco é quatro vezes maior que o realizado com lubrificante.

O atrito diminui com o aumento da velocidade com que o processo é realizado. O uso

de lubrificante reduz a carga do processo em si, mas tem pouca influência na carga

máxima e não é causa determinante para a quebra da ferramenta.

O torque que é necessário para produzir uma rosca interna é fundamental nesse processo

porque o mesmo é dependente de fatores, como o material da peça, o tipo do macho de corte

utilizado no processo, a altura da rosca, o fluido de corte, dentre outros. Qualquer alteração,

seja na geometria da ferramenta ou na velocidade, é manifestada em alterações sofridas no

torque (AGAPIOU, 1994). Sha et al. (1990) afirmam que o torque no roscamento interno

com macho de corte também está diretamente relacionado com o desgaste sofrido pela

ferramenta. Bezerra (2003) afirma que à medida que mais arestas de corte entram em contato

com o material, o torque vai aumentando e que no retorno ele diminui pela liberação das

arestas.

Fantin (1992) observou que o torque na operação de roscamento se compõe de

diferentes fases conforme pode ser observado na Figura 16. Apenas duas fases são exploradas

na análise de resultados das variáveis: a fase 1 para os valores médio e máximo adquiridos

pelo sinal e a fase 2 para o valor máximo do pico de reversão. O estudo da fase 1 torna

possível melhorar as condições de corte e controlar o desgaste da ferramenta e pode ajudar no

desenvolvimento de geometrias de ferramentas. Na fase 2, o valor máximo do pico de

23

reversão, diz respeito à qualidade do furo realizado. Este pico representa o torque de atrito

quando o macho de corte retorna.

Figura 16. Evolução do sinal representativo do torque no roscamento (Fantin, 1992).

Segundo Mezentsev et al. (2002) um dos parâmetros mais exigidos é a boa qualidade

das roscas produzidas e isso pode estar prejudicado por vários aspectos, como: condições do

furo inicial, sistema de fixação, sincronia entre a ferramenta e eixo central da ferramenta

coincidindo com o do furo, além de imperfeições na superfície da peça ou da ferramenta e a

formação e eliminação de cavacos que podem danificar a rosca. O estudo de Mezentsev

verifica como as falhas provenientes de desalinhamento da ferramenta e furo e o retorno da

ferramenta ao chegar ao final do furo interferem na qualidade da rosca.

Todos os componentes metálicos e não metálicos podem ser roscados variando apenas o

grau de dificuldade na realização das roscas. Segundo Zhang et al. (2002) as ligas de titânio

são largamente utilizadas, porém, é um dos materiais metálicos que mais apresentam

dificuldades para a realização do processo, pois esse material tem um módulo de elasticidade

baixo criando um torque de atrito sete vezes maior que o existente quando se utiliza o aço

carbono puro. Para tentar solucionar esse problema, a vibração-assistida tem sido largamente

utilizado e alcançado bons resultados como redução do torque de atrito, aumento da vida da

ferramenta e grande melhora na precisão da rosca.

Foram utilizadas no experimento de Mezentsev et al. (2002), para verificação da

influência da vibração no roscamento, três ferramentas de tamanhos diferentes e dois tipos de

vibração, incluindo tipo de onda, freqüência e amplitude. A vibração é transmitida à

24

ferramenta que a repassa à peça trabalhada. Comparando o experimento de roscamento com

vibração e o roscamento convencional, verificou-se que o torque diminui em todos os

tamanhos de ferramentas e tipos de vibrações utilizados. Os autores conseguiram verificar

também que para uma determinada frequência de vibração existe uma amplitude mais

indicada para melhor reduzir o torque, foi conseguido menor torque com a menor ferramenta

e o mais importante, que a redução do torque é sempre obtida com o uso de vibração no

roscamento.

Duas maneiras de produção são possíveis no processo de roscamento em máquinas de

comando numérico: a utilização de cabeçotes auto-reversíveis e o roscamento direto com o

cabeçote fixo da máquina. Mota et al. (2006) fizeram uma comparação no desempenho quanto

à utilização de cabeçote fixo e auto-reversível e ferramentas de aço-rápido AISI-M7 sem

revestimento, revestidas com nitreto de titânio (TiN) e revestidas com multicamadas

(TiN/TiAlN – nitreto de titânio/nitreto de titânio alumínio), que tem baixa condutividade

térmica. Da análise feita, as ferramentas revestidas com TiN/TiAlN tiveram um melhor

desempenho que as outras. O uso de cabeçote fixo apresentou, também, o melhor resultado

em todas as ferramentas, e isso, se deve ao melhor sincronismo de velocidade e avanço de

corte possível nesse tipo de cabeçote e ao fato de que no cabeçote auto-reversível as

velocidades são consideradas constantes, exigindo mais das ferramentas.

Em virtude do grande uso de ferro fundido vermicular na indústria automobilística e aos

poucos trabalhos de usinagem de roscas desse material, Mota et al. (2009), desenvolveram um

estudo de roscamento de ferro fundido vermicular utilizando machos de corte revestidos de

TiAlN e foi verificado que houve desgaste na superfície de folga e saída de todas as

ferramentas de corte, independente da quantidade de roscas fabricadas. Outro ponto

observado foi o revestimento retirado da superfície de folga por mecanismos de desgaste que

ocorreu devido ao fato do ferro fundido ser um material altamente abrasivo.

No processo de roscamento convencional são usadas duas ferramentas, a primeira irá

fazer o furo na peça e a segunda atua em seguida e realiza o roscamento no furo. Para as

indústrias que produzem em série, isso apresenta alguns problemas relacionados com a

produção, pois a troca de ferramentas provoca um tempo ocioso e prejudica o ciclo de

produção. Além da perda de tempo com a troca da ferramenta de trabalho, perde-se tempo,

também, ajustando os parâmetros das ferramentas que em cada uma é diferente. Uma solução

para resolver esse problema é a utilização de uma ferramenta chamada fresa de roscar.

25

Podemos considerar que este processo utiliza uma única ferramenta que funciona ao

mesmo tempo como broca e fresa que atuam em seqüência. A Figura 17 apresenta a

cinemática do processo, onde na letra (a) observa-se a descida da ferramenta realizando o furo

e atuando com uma broca, em seguida, letras (b) e (c) ocorre um deslocamento lateral com

movimento de rotação e de translação gerando um processo de fresamento de rosca. Na etapa

final, letra (d) ocorre o retorno da ferramenta para o centro do furo e seu posicionamento na

condição inicial.

Esse processo é uma variação do processo de fresamento convencional direcionado para

a produção de roscas. O fresamento de roscas tem a versatilidade de produzir roscas com

diâmetros variados empregando-se a mesma ferramenta, desde que seja padronizado o mesmo

passo da rosca para os diferentes diâmetros. Portanto, o processo de fresamento de roscas se

aplica quando for necessário produzir roscas que tenham um diâmetro maior que o da

ferramenta utilizada ou para a produção de roscas externas (Araújo et al., 2004).

Figura 17. Detalhe da cinemática do processo de fresamento de roscas (Araujo et al.,

2004).

A qualidade superficial do produto se deve essencialmente às condições da ferramenta

e, por isso, o monitoramento da vida da ferramenta é extremamente importante. Sales et al.

(2008) investigaram o processo de avaliação de evolução da usinagem de roscas, estudando os

parâmetros de alinhamento e a estabilidade. Avaliaram o perfil de roscas usinadas segundo a

26

qualidade, a tolerância dimensional e a otimização da usinagem, baseando-se na quantidade

de roscas usinadas.

Sales et al. (2008), empregaram uma ferramenta híbrida que produz em uma mesma

operação o furo inicial e em seguida o processo de fresamento de roscas. Neste trabalho foi

verificado que em ligas de alumínio e empregando a técnica ODS (Operating Deflection

Shapes) e FEM (Finite Element Methodology) o processo mostrou bons resultados com a

ferramenta híbrida. Foram conseguidos o roscamento e a furação de 30.000 peças sem chegar

ao limite da vida da ferramenta e sem falhas catastróficas.

Deste trabalho pôde-se concluir que, sendo os processos de usinagem, furação e

roscamento tão importantes para a indústria, o aprimoramento desses processos se faz

necessário. O uso desse método alcança sucesso através da combinação máquina, material de

trabalho e ferramenta. Mudanças na geometria da ferramenta, material de trabalho ou

máquina ferramenta podem afetar muito o sistema.

2.4.2. Roscamento pelo processo de conformação

A substituição, em alguns casos, do tradicional processo de usinagem de roscas com

machos máquina pela laminação de roscas pode ser justificada por apresentar uma grande

vantagem que é a não geração de cavacos, evitando assim perda de tempo com a limpeza da

região roscada, que tem como objetivo evitar a interferência de cavacos na montagem de

componentes. Além disso, a não geração de cavacos no processo de roscamento por

laminação coloca este processo em vantagem ao tradicional quando são considerados aspectos

ambientais, pois não existe o descarte de refugos na forma de cavacos no meio ambiente.

Entretanto, o processo de laminação de roscas tem uma desvantagem que é o aumento

significativo na potência da máquina quando comparado com a usinagem de roscas. O

processo de laminação pode ser feito a frio e a quente. A escolha do tipo depende de como se

quer produzir e a escolha de qual temperatura utilizar deve ser criteriosa, pois cada material

tem um ponto de fusão, então se deve ter cuidado ao utilizar a conformação a quente. No

trabalho a frio tem-se o efeito de encruamento do metal que é ocasionado pela interação das

discordâncias entre si e com outras barreiras, como contornos de grãos, impedindo o

movimento através da rede cristalina. No trabalho a quente a energia requerida para deformar

27

o metal é menor, pois o escoamento plástico é maior. O trabalho a quente é a etapa inicial na

conformação mecânica da maioria dos metais e ligas.

Segundo Batalha (2003) as vantagens obtidas com a laminação de roscas são: alta

precisão e produtividade, superfície lisa e uniforme, aumento da resistência do flanco da

rosca, aumento da resistência à fadiga, redução da sensibilidade ao entalhe e economia de

material, uma vez que as dimensões iniciais são menores que as dimensões desejadas para o

diâmetro externo da rosca.

Na laminação de roscas temos tanto a produção de roscas internas quanto a de roscas

externas, sendo que a de roscas externas apresenta uma utilização bem maior que a de roscas

internas. Nos itens subsequentes maiores detalhes serão explanados a respeito dos dois

processos, sendo que foi dada uma atenção maior à laminação de roscas internas, que é o

objeto desse estudo.

2.4.2.1. Roscamento externo

Nesse processo de conformação ocorre uma laminação entre rolos ou entre placas

planas formando o perfil da rosca externa. Esta é a maior aplicação para a produção de

parafusos comercialmente encontrados em lojas de ferragens. A seguir se destacam três tipos

de produção de roscas externas, onde podemos observar que a produção nos três tipos é

bastante dinâmica, possibilitando uma alta produtividade.

Laminação com ferramenta de encosto - A Figura 18 mostra que nesse caso são

empregados dois encostos (cossinetes ou tarrachas), um dos quais fixo, enquanto o

outro tem um movimento linear paralelo.

28

Figura 18. Laminação de roscas com encosto plano (adaptado de Batalha, 2003).

Laminação em gravação única - A peça neste caso é posicionada entre dois cilindros

com a gravação dos filetes de rosca, os quais giram em mesma velocidade e direção de

rotação. Um dos cilindros de laminação está fixo em um mancal, enquanto o outro

pode se mover radialmente contra o primeiro. A peça apóia-se em uma régua ou está

posicionada entre duas pontas. A Figura 19 ilustra esse processo de produção de roscas

externas laminadas.

Figura 19. Laminação de roscas em gravação única (adaptado de Batalha, 2003).

Laminação de roscas com cilindro e segmento de roscamento - Neste processo se

comprime o material entre até três elementos de roscamento fixos e reguláveis com

uma zona de saída com raio de curvatura determinando um segmento de roscamento o

qual gira e guia a peça contra o cilindro de laminação de rosca. Devido à alta

produtividade desse processo, ele é indicado para a fabricação de grandes lotes de

peças. A Figura 20 ilustra esse processo de produção.

29

Figura 20. Laminação de roscas com um cilindro de roscamento e um segmento de apoio

(adaptado de Batalha, 2003).

2.4.2.2. Roscamento interno

Nas últimas duas décadas, machos foram desenvolvidos para também produzirem

roscas internas por laminação. A laminação de roscas tem sido estudada nas empresas e

universidades estrangeiras com o objetivo de aumentar o domínio e conhecimento deste

processo. No Brasil, pesquisas nesta área ainda são mínimas, com trabalhos escassos e de

investigações modestas. Nas empresas brasileiras este processo é praticamente desconhecido

até o momento.

Embora o uso da conformação de roscas internas tenha um crescimento moderado nas

indústrias, comparado com o tradicional roscamento com geração de cavacos e com o

roscamento externo por conformação, estudos e trabalhos sobre o assunto são ainda

necessários e de grande importância. Estudar este processo sob a ótica do seu

desenvolvimento é de extrema importância no intuito de encontrar as melhores condições para

o seu desempenho. Podemos considerar que estas condições dizem respeito à ferramenta,

considerando sua geometria e cobertura e aos possíveis materiais onde possa ser aplicado o

processo. Além disso, as condições para a realização de um processo otimizado é importante

para que o roscamento por conformação possa ter mais aplicação nos processos industriais.

No processo de roscamento interno, cada dente do macho funciona como uma

ferramenta trabalhando individualmente assim que entra no furo a ser roscado. Entretanto, no

roscamento por conformação o macho laminador gera a deformação do material e ocorre à

frente dos dentes da ferramenta. Assim, o material deformado vai sendo acumulado entre as

faces dos dentes, do lado das estrias do macho laminador. É esse material que vai formando a

30

rosca à medida que os outros dentes vão deformando mais o material e acumulando-o entre as

faces dos dentes, até que o último dente da parte cônica do macho trabalhe o material e este

assume a forma da crista final do filete.

Durante o processo de roscamento ocorrem dois fenômenos simultâneos; uma parte do

material, interna ao filete de rosca, tenta retornar à sua condição inicial devido ao regime

elástico durante a deformação e outra parcela do material, mais externa, encrua, gerando um

aumento da força de deformação durante o trabalho. Segundo Chowdhary et al. (2009), outros

fatores que interferem na força do processo são a velocidade de deformação e a profundidade

que a mesma atinge. Os autores observaram também que alterações no ângulo de entrada da

ferramenta afetam pouco a força axial final e tem grande influência na vida da ferramenta.

Fromentin et al. (2007) têm estudado o processo de roscamento por conformação com o

objetivo de conhecer as variáveis influentes neste processo, como a precisão e integridade

superficial de roscas produzidas por conformação. Os autores analisaram a deformação

plástica do material e as altas tensões de deformação geradas durante o processo. As

conclusões demonstram que o processo de roscamento por conformação é uma boa alternativa

em comparação ao processo de roscamento com geração de cavaco. Porém, pode-se confirmar

que apenas os materiais mais dúcteis apresentam boa vocação para a fabricação de roscas

laminadas.

A conformação de roscas produz perfis com textura superficial melhor que o processo

de roscamento com geração de cavacos, tanto para roscamento interno como para roscamento

externo (Ivanov & Kirov, 1996). Aumentando-se a velocidade de deformação, a qualidade do

perfil de rosca melhora proporcionalmente em ambos os processos com melhoria muito mais

significativa no processo por conformação (Agapiou, 1994). Além disso, a estrutura

metalográfica do material deve ser considerada após a conformação do perfil finalizado. A

Figura 21 mostra a diferença básica entre um perfil de rosca utilizando o processo de

usinagem (Figura 21 a) e o processo de conformação (Figura 21 b). Pode-se notar a diferença

básica dos dois perfis onde na rosca usinada temos um perfil completo e na rosca conformada

temos um perfil incompleto na parte superior denominada crista da rosca.

31

(a) (b)

Figura 21. Diferenças entre os perfis de roscas usinadas e conformadas (Emuge, 2010)

De acordo com Agapiou (1994), uma importante diferença entre os processos de

usinagem e conformação de roscas internas é que na usinagem o menor diâmetro da rosca

coincide geralmente com o pré-furo e na conformação o diâmetro inicial do furo não

corresponde ao menor diâmetro da rosca. O processo de roscamento interno em furos

passantes se dá em três etapas distintas: deformação, repouso no fim do furo e retorno.

Segundo Zhang et al. (2002) deve-se preocupar com a qualidade e cuidado com a fabricação

de componentes e ferramentas de roscamento que cresce em complexidade conforme se

diminui o diâmetro da rosca e se aumenta a profundidade do furo. Segundo o autor a grande

dificuldade atual é produzir roscas internas abaixo da métrica M6 em furos profundos.

Segundo TAPMATIC (2010), na conformação de roscas, o macho não tem nenhuma

aresta de corte e o perfil desejado se alcança pelo deslocamento do material. Como não há

formação de cavaco, também não há o problema da remoção de cavaco e a superfície que se

produz é polida. Para alguns materiais pode-se usar velocidade de rotação maior que no

processo de usinagem. Dependendo do material conformado o torque pode aumentar em até

50%. O roscamento por conformação a frio é indicado para materiais mais dúcteis.

A conformação de roscas internas em materiais dúcteis resulta em melhor controle do

tamanho e roscas mais resistentes, enquanto aumenta a vida da ferramenta e a produtividade.

Pode ser bem utilizado em metais leves, ligas metálicas leves, bem como em aços ou

32

materiais que tenham resistência à tração de 1200N/mm2. Geralmente são materiais que

produzem cavacos contínuos quando são realizadas operações de roscamento com geração de

cavaco os mais indicados para a conformação. A conformação de roscas internas pode ser

utilizada tanto para furos passantes quanto para furos cegos, mas é especialmente indicada

para furos cegos por não produzir cavaco (Destefani, 2004).

Segundo Fromentin et al. (2005) há um crescente interesse industrial na conformação de

metais, em particular pela indústria automotiva, devido às vantagens inerentes ao processo,

como grande número de furos roscados durante a vida da ferramenta com a mínima

quantidade de lubrificante, melhor confiabilidade e melhor limpeza. Sendo que esse processo

de conformação está disponível para ligas dúcteis e metais não ferrosos, bem como para aços

endurecidos. O perfil da rosca conformada apresenta um perfil incompleto na crista no filete,

na verdade um rasgo que terá influências do tamanho do furo inicial. Quanto menor o furo,

menor será esse rasgo. A Figura 22 apresenta a geometria deste rasgo.

Figura 22. Detalhe da geometria do perfil de rosca laminada (Lauro et al., 2010).

Este perfil incompleto de crista ocorre devido à alta pressão necessária para realizar a

conformação. O aumento do rasgo de crista diminui a resistência da rosca quando submetida a

esforços na montagem e pode reduzir a área de contato com a ferramenta durante a fabricação

do filete de rosca. Além disso, o rasgo de crista pode atrapalhar uma boa junção na montagem

das peças levando a falhas. Reduzindo esse rasgo, pode aumentar muito a qualidade da rosca

conformada. O trabalho de Warrington (2006) consistiu de uma simulação através do Método

de Elementos Finitos, constatando-se que os principais fatores que influenciam o rasgo são:

tipo de ferramenta (monocortante ou com múltiplos dentes), diâmetro do furo e o ângulo de

entrada da ferramenta. Paralelamente, o tipo de material não influencia consideravelmente no

33

rasgo, enquanto o lubrificante aparece novamente como fator importante, e sua escolha deve

ser bem caracterizada em função do material a ser roscado (Warrington et al., 2006).

A formação desse rasgo proporciona esse perfil incompleto, sendo uma grande

desvantagem da rosca interna conformada, visto que, em outros aspectos a conformação é

bem mais vantajosa. Ainda segundo Warrington et al. (2005) na conformação, cada dente age

individualmente, mas como mostra a Figura 23 abaixo, o perfil de rosca é formado pela

sucessão de trabalho dos dentes da ferramenta à medida que a ferramenta aprofunda-se mais

pelo furo. A figura mostra também a formação do rasgo de crista no filete.

Figura 23. Secção transversal de uma linha dos dentes do macho mostrando a formação

da trinca da crista (Adaptado de Chowdhary, 2003).

Fromentin et al. (2005) realizaram um estudo com o roscamento interno obtido por

conformação, em função de dois parâmetros do processo: o fluido lubrificante e o sistema de

fixação. Diferentes propriedades foram analisadas, como: precisão geométrica, aspectos

metalúrgicos e propriedades mecânicas. Além disso, foi realizada também uma comparação

com o roscamento por usinagem. Os experimentos realizados foram roscas internas em aços e

os resultados foram observados e comparados com roscas usinadas. A maior propriedade de

roscas conformadas, no caso de aços, é devido ao alto encruamento resultante do fluxo

plástico na severa condição de atrito na interface com a ferramenta.

Além disso, os autores observaram que o efeito do lubrificante no roscamento é um

preponderante parâmetro operacional. Verificou-se que o lubrificante influencia

consideravelmente para aumentar a dureza e a espessura da camada deformada e evita danos à

ferramenta ao diminuir o desgaste. Contudo, o encruamento é responsável por aumento da

resistência sob força estática em roscas conformadas, comparada com aquela obtida por

34

usinagem. Tensões residuais são compressivas na camada deformada devido à predominância

de suas origens mecânicas, que poderiam aumentar a resistência à fadiga.

A segunda característica dominante de roscas conformadas é a qualidade da superfície

dos filetes de rosca, que é melhor se comparada com aquela obtida por usinagem. Diante

disso, o roscamento por conformação poderia ser uma alternativa interessante à usinagem de

roscas Fromentin et al. (2005).

Na conformação de roscas internas o material sofre compressão e os grãos são

direcionados no sentido do fluxo de deformação, ao invés de serem cortados, então a força no

flanco e na raiz do filete é aumentada. Para verificar se um material é adequado para ser usado

em roscamento por conformação, é possível submetê-lo ao processo de furação verificando a

formação do tipo de cavaco; sendo um cavaco contínuo, o material exibe propriedades

elásticas ideais para ser usado nesse processo de conformação, pois se pode caracterizá-lo

como um material dúctil. Hoje existem machos para conformar com ou sem cobertura e a

indicação para um bom resultado é o uso de óleo lubrificante ou emulsão refrigerante. Em

algumas aplicações, pode-se usar, também, o sistema de mínima quantidade de lubrificação.

Segundo Agapiou (1994) o roscamento por conformação e a altas velocidades resulta

em um torque maior que o gerado pelo processo de roscamento com usinagem e geração de

cavacos. Observou também que a geometria das ferramentas pode influenciar na resistência

da rosca tanto em processos de usinagem quanto de conformação. A resistência ao

cisalhamento é inferior em roscas conformadas do que em roscas usinadas, mas a velocidade

não afeta significativamente nessa resistência ao cisalhamento. A não produção de cavacos

pode ser uma vantagem do roscamento por conformação quando se trabalha com altas

velocidades, pois não será necessária a preocupação com remoção de cavacos, mas é preciso

atenção ao lubrificante devido ao elevado atrito e altas temperaturas.

O processo de conformação de roscas vem crescendo na indústria e, por isso, ainda

existem poucos estudos sobre o assunto. Segundo Fromentim et al. (2010) o crescente uso se

deve a aspectos econômicos, quando se compara com a usinagem de roscas. Isso se deve à

maior vida da ferramenta, maior confiabilidade e maior facilidade de limpeza, pois não há

cavacos. O processo vem crescendo especialmente na indústria automotiva e por sua vez,

mais estudos na área se tornam imprescindíveis, visto que o torque requerido na conformação

é maior.

35

Outro fator que dificulta o crescimento dessa técnica é a complicada geometria do

macho laminador que tem lobos e não arestas cortantes para conferir a forma desejada ao

material. O trabalho deve ser feito em materiais dúcteis ou também, ligas não ferrosas. A

conformação de roscas em aços endurecidos também é possível, mas não é indicado sob o

ponto de vista econômico de vida da ferramenta. Ainda segundo Fromentim et al. (2010) o

atrito entre a peça e a ferramenta deve ser cuidadosamente analisado para se ter um fluido

mais indicado para lubrificante. O atrito entre peça e ferramenta é o que faz aumentar o

torque.

A Figura 24 mostra a variação do torque em função do tempo baseado no trabalho

realizado por Fromentin et al. (2010), onde podemos notar que o torque cresce muito durante

a entrada da ferramenta na peça (pontos de T1 a T2) referente à parte cônica da ferramenta.

Em seguida, entre os pontos de T2 a T3 observa-se um aumento ao terminar a fase de T3

gerando o primeiro filete de rosca está completamente formado. De T3 a T4 a ferramenta já

fez toda a rosca no furo e o torque se mantém constante. A partir de T4 a ferramenta irá fazer

o movimento de saída da peça e o torque irá diminuir. Neste ponto ocorrerá a parada da

ferramenta com sua eventual reversão e neste caso o valor do torque será o inverso do

necessário para a produção da rosca. Além disso, no movimento de retorno da ferramenta

ocorre apenas o atrito da ferramenta nos filetes de rosca ocorrendo em grande maioria apenas

torque por atrito, pois todo o perfil de rosca já foi produzido.

Figura 24. Evolução do torque durante o roscamento por laminação (Adaptado de

Fromentin et. al, 2010).

36

O uso do lubrificante adequado é importante também para o controle da temperatura.

Aumento de atrito provoca aumento de temperatura. Altas temperaturas podem ocasionar

perdas de propriedades mecânicas tanto da peça quanto da ferramenta, além de diminuir a

vida útil da ferramenta. Pode também queimar o óleo do lubrificante, caso este não seja

adequado ao processo.

Outro problema da conformação de roscas, no caso a frio, é o encruamento que pode

prejudicar muito a peça. O uso de um lubrificante inadequado pode elevar esse encruamento.

Então, o uso de um lubrificante adequado é imprescindível para a qualidade da rosca

conformada. Ele tem o poder de diminuir o atrito e, consequentemente, diminui o torque

durante todo o processo (FROMENTIM et al., 2010). O encruamento ainda influencia no

rasgo de crista característico de rosca conformada. A eficiência do óleo lubrificante depende

mais dos aditivos contidos nele do que da viscosidade.

As forças envolvidas durante a conformação de roscas internas sofrem influências da

deformação do material pela ferramenta e da recuperação elástica do material

(CHOWDHARY et al., 2009). Segundo Ivanov e Kirov(1996) quando se pretende produzir

roscas internas de pequeno diâmetro o processo mais indicado é o de conformação, onde a

vida da ferramenta se mostra muito maior, especialmente com a conformação de roscas

internas em materiais não ferrosos e outras ligas do que em aços carbono.

Com a deformação do material durante o processo de laminação da rosca, devem ser

analisadas as características metalográficas do material, com objetivo de avaliar os aspectos

metalúrgicos e as falhas que podem surgir com o aquecimento da peça ou da região encruada.

Frometin et al. (2002) & Henderer et al. (1974) fizeram a análise destas variáveis e

concluíram que o endurecimento provocado pela conformação durante o processo de

roscamento foi benéfico aumentando a dureza da região do perfil da rosca. Entretanto, nesses

trabalhos os autores não analisaram a resistência da rosca considerando sua tração e

deformação do perfil roscado no sentido axial, condição na qual peças roscadas estão

submetidas com mais frequência na montagem de componentes industriais.

Além disso, o torque máximo definido para o processo de roscamento por conformação

é maior que o torque na geração de cavacos. Estudos mostram que máquinas que realizam

roscamentos por conformação necessitam de 15 a 25% a mais de energia disponível para a

confecção da rosca (HAYAMA, 1972; CHOWDHARY et al. 2003). Neste trabalho os autores

37

desenvolveram um modelo, usando o método de energia mínima e deformação plástica parcial

na parede de furos cilíndricos para preverem o torque máximo durante os experimentos. Este

trabalho demonstrou que o fator limitante para a aplicação industrial está diretamente ligado a

potência que a máquina necessita para produzir o perfil roscado.

Frometin et al. (2002) também empregaram um método de medição do torque máximo

na medição de torque no roscamento de ligas de aço. Estes trabalhos não demonstraram o

valor do torque máximo em função de um furo inicial básico, sendo que não se fez a variação

do diâmetro inicial do furo relacionada com o torque e com a resistência da rosca. Dessa

forma, parte-se de um furo inicial padrão baseado nas informações do fabricante da

ferramenta, ou seja, o mesmo furo inicial é empregado para materiais ferrosos e não ferrosos

desconsiderando as variáveis como torque e preenchimento do perfil da rosca.

Assim, mais pesquisas experimentais com o objetivo de conhecer a influência das

variáveis durante a laminação de roscas necessitam ser realizadas. Utilizando-se a

flexibilidade das máquinas ferramentas pode-se gerar mais uma variante no processo de

roscamento por laminação onde o processo tornar-se-á mais flexível com um consumo menor

de potência da máquina ferramenta. Dessa forma, o processo de laminação de roscas poderá

se tornar mais atraente, principalmente, se os tempos de produção forem idênticos ou menores

que os tempos do tradicional processo de usinagem de roscas, pois a não geração de cavacos

já torna o processo de laminação bastante atraente para o setor produtivo.

38

39

CAPÍTULO 3

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Os fatores experimentais escolhidos foram: a velocidade de deformação, o diâmetro

inicial do furo e o tipo de ferramenta utilizado. As variáveis de resposta escolhidas foram a

força axial, o torque e a taxa de preenchimento. O material de trabalho foi a liga fundida sob

pressão e denominada AM60.

Segundo Wang e Fan (2004) as ligas de magnésio combinam as propriedades físico-

mecânicas de baixa densidade e alta ductilidade, permitindo uma fácil conformabilidade, o

que a torna atrativa para a engenharia no sentido de reduzir o peso dos produtos produzidos. A

liga AM60 é uma liga de Magnésio-Alumínio, com 6% de Alumínio em média e mais alguns

elementos de liga, como Manganês, Silício e Zinco. O Silício é um elemento usado para

conferir fluidez à liga e, por isso, essa liga se torna interessante para a conformação de roscas,

pois isso confere à liga uma maior ductilidade.

A Tabela 1 apresenta a composição química da liga AM60 empregada nos

experimentos. As análises químicas foram feitas através de espectroscopia Equipamentos de

Emissão Ótica (EO) e de Plasma (ICP). Observa-se na Tabela 1 que a liga fornecida pela

empresa TRW Sistemas de Direção apresentavam composição química fora da normalização

padrão. Entretanto, por se tratar de uma liga usada para a fabricação de volantes de direção,

independente das amostras estarem fora de especificação, o processo foi estudado com a liga

considerando a sua aplicação no setor automotivo. Os elementos fora da especificação na liga

são Alumínio, Cobre e Berílio.

Tabela 1. Composição química da Liga AM60 utilizada nos experimentos.

Composição

Al

[%]

Zn

[%]

Mn

[%]

Cu

[%]

Si

[%]

Fe

[%]

Ni

[%]

Be

[%]

Equipamento Padrão 5,6

-

6,4

0,20

Máx

0,26

-

0,50

0,008

Máx

0,08

Máx

0,004

Máx.

0,001

Máx.

0,0005

-

0,0030

E.O Amostra 3,4 0,11 0,37 0,010 0,04 0,003 0,001 0,0002

ICP Amostra 3,2 0,12 0,32 0,011 0,04 0,003 0,001 0,0002

40

Para a realização dos experimentos foram produzidos 12 corpos de prova com 69

milímetros de diâmetro e 30 milímetros de altura, de acordo com o desenho apresentado na

Figura 25. Foram realizados furos passantes nos corpos de prova com diâmetros variados

conforme a Tabela 3, sendo que foram roscados 15 mm de comprimento, que corresponde a

1,5 o passo do macho e a métrica M10, segundo orientações do fabricante (EMUGE, 2010).

Figura 25. Detalhe da geometria do corpo de prova

Em todos os corpos de prova foram realizados testes de dureza, com a finalidade de

verificar a homogeneidade do material utilizado. Foram medidas dureza em três pontos de

cada corpo de prova, sendo que a carga utilizada foi de 62,5 (kg) e a esfera de diâmetro de 2,5

milímetros utilizando-se um durômetro marca WPM modelo HP 250. A variação da dureza

média dos corpos de prova variou entre 65 HB e 73,6 HB; indicando que o material é

homogêneo, permitindo a comparação dos resultados.

As ferramentas utilizadas foram machos laminadores, especialmente desenvolvidos para

laminação de roscas em materiais não ferrosos, para roscas M10 com passo 1,5 mm com

cobertura de TiN e sem cobertura da marca Emuge e tipo M10 6HX Druck-S, conforme a

Figura 26.

41

Figura 26. Detalhe construtivo dos machos laminadores sem cobertura (Emuge, 2010)

Segundo catálogo da empresa Emuge-Franken (2010) as ferramentas utilizadas

seguem as seguintes normas de fabricação: DIN 2174 para machos máquina de laminação e

DIN 13 para rosca ISO métrica regular. A Tabela 2 mostra as especificações geométricas dos

machos laminadores utilizados.

Tabela 2. Geometria dos machos laminadores no catálogo (Emuge, 2010)

d1

[mm]

Passo

[mm]

l1

[mm]

l2

[mm]

l3

[mm]

d2

[mm]

Quadrado

da haste

[mm]

9,35 1,5 100 16 39 10 8

A Figura 27 traz em destaque o corte transversal onde se pode observar a forma

poligonal dos machos, sendo que o macho com cobertura de TiN tem ranhuras para

lubrificação e o sem cobertura não apresenta essas ranhuras. Outro detalhe construtivo do

macho laminador se refere à redução de guia para os machos de laminação e, segundo

catálogo Emuge-Franken (2010), essa geometria tem um comprimento de redução de guia de

2 a 5,5 fios e menor que 2 fios, conforme pode ser observado na Figura 28. Nesse trabalho

foram utilizados machos laminadores da Forma C com redução de guia de 3,5 fios.

42

Figura 27. Geometria da secção das ferramentas, a esquerda a ferramenta sem

cobertura e a direita, com cobertura de TiN (Emuge, 2010)

O objetivo do comprimento de redução de guia é facilitar o alinhamento do macho

laminador no pré-furo sem que ocorra influência dos erros de batimento da ferramenta. Dessa

forma, quanto mais perfeito o alinhamento do macho, mais centrado será o perfil de rosca

produzido em relação ao pré-furo.

Figura 28. Geometria da entrada dos machos laminadores (Emuge, 2010)

O padrão de rosca regular M10 x 1,5 6HX se refere às seguintes especificações

EMUGE-FRANKEN (2010):

M 10 x1,5 6H X

Especificação do tipo de rosca para uma rosca (M = métrica ISO)

Tamanho de rosca (diâmetro x passo)

Zona de tolerância do diâmetro de passo

Zona de tolerância do diâmetro inferior

43

Os experimentos foram realizados em um centro de usinagem Discovery 560 da

empresa ROMI, mostrado na Figura 29, alocado no Laboratório de Fabricação da UFSJ.

Durante os experimentos foram monitorados os valores de Força axial Fz (em N) e Torque

Mz (em N.m) utilizando-se um dinamômetro marca Kistler modelo 9272, mostrado na Figura

30, com uma taxa de aquisição de 50 Hz acoplado a um computador Intel Pentium Dual Core

E2200 – 2.2GHz.

Figura 29. Centro de Usinagem Discovery 560

Figura 30. Dinamômetro Kistler 9272 (Kistler, 2010)

Com o objetivo de otimizar os experimentos e miminizar o tempo da realização dos

testes, foram roscados 9 furos em cada corpo de prova. A fixação utilizada dos corpos de

prova no dinamômetro foi feita de modo a evitar interferências de fixação entre dispositivos

intermediários. Dessa forma, os corpos de prova foram fixados diretamente sobre o

44

dinamômetro conforme pode ser observado na Figura 31. De acordo com a Kistler (2010),

fabricante do dinamômetro, a distância máxima para a realização de experimentos de furação

para avaliação de torque em processos de roscamento e furação é 20 mm de raio considerando

a linha de centro do dinamômetro. Portanto, a distribuição de 9 furos no corpo de prova

permitiu alcançar uma distância inferior ao valor recomendado pelo fabricante.

Figura 31. Montagem do corpo de prova no dinamômetro

Para medir a taxa de preenchimento de rosca, foi utilizado um microscópio da marca

Mitutoyo modelo TM-510 acoplado a um computador contendo o software Moticam Solution

MLC-150C. A Figura 32 traz uma imagem do microscópio utilizado. Para isto, foi necessário

usar uma ferramenta disponível no software Moticam que permite contornar o perfil da rosca

com uma linha contínua e fechá-la calculando-se diretamente a área do perfil de rosca

preenchida de acordo com ampliação da lente. Esta área calculada foi usada para definir a

taxa de preenchimento do perfil de rosca quando comparada com o perfil padronizado.

45

Figura 32. Microscópio Mitutoyo TM -500 Series

Para análise micrográfica foi utilizado o Microscópio Eletrônico de Varredura da

marca HITACHI e modelo TM3000 e o microscópio da marca Olympus e modelo BX51,

conforme Figura 33 e Figura 34, respectivamente.

Figura 33. MEV Hitachi TM - 3000 Series

46

Figura 34. Microscópio Olympus BX51

Os catálogos do fornecedor do ferramental não apresentavam informações específicas

em relação à velocidade de deformação ideal para esta liga. Testes preliminares foram

realizados seguindo recomendações do trabalho realizado por Lauro et al. (2010), os quais

investigaram o processo de roscamento por conformação em uma liga de alumínio

aeronáutico 7055.

Inicialmente foram realizados pré-testes para definir os níveis de trabalho verificando

os limites da velocidade de deformação. Nestes testes, observou-se que a velocidade de

deformação de 120 m/min tornou-se o ponto extremo superior do processo e não foi possível

produzir roscas com esta velocidade, pois em todos os trabalhos houve travamento do macho

laminador no final da rosca antes do seu retorno.

A velocidade de deformação de 80m/min foi escolhida como padrão, com variação de

± 20m/min, obtendo os níveis de 60m/min e 100m/min.

47

Considerando a variável de entrada tipo de ferramenta as especificações dos 2 machos

utilizados foram as empregadas conforme descrição anterior.

Em relação ao diâmetro inicial do furo os três níveis foram escolhidos da seguinte

forma: o fornecedor da ferramenta indicou para a rosca M10 o diâmetro de pré-furo mínimo

de 9,28 mm e máximo de 9,37, então foi adotado como referencial o diâmetro de 9,3 mm. A

partir deste valor foi feita uma variação de ± 0,2 mm, chegando aos diâmetros iniciais de

9,1milímetros e 9,5milímetros.

Dessa forma, após a realização dos pré-testes de roscamento os parâmetros dos

experimentos com seus respectivos níveis foram definidos de acordo com a Tabela 3.

Tabela 3. Parâmetros do processo de roscamento e respectivos níveis usados nos

experimentos.

Parâmetros de entrada Nível das variáveis de entrada

- 1 0 + 1

Diâmetro [mm] 9,1 9,3 9,5

Velocidade de deformação

[m/min] 60 80 100

Ferramenta Com cobertura Sem cobertura

Os furos iniciais, conforme a Tabela 3, foram realizados com brocas de aço rápido com

10% de Cobalto, sendo que a tolerância empregada nos furos foi de ± 0,01 mm. O estudo foi

feito tendo por base o Planejamento de Experimentos, que, segundo Montgomery (1997), visa

estudar a influência de um conjunto de variáveis em um processo. Esse estudo se baseia em

critérios estatísticos e científicos. O experimento é utilizado em, praticamente, todos os

campos de conhecimento e define um experimento como um teste ou uma série de testes em

que propositalmente podemos modificar as variáveis de entrada para, depois, observarmos o

quê essas alterações causaram de mudanças nas variáveis de saída.

As opções de estudo que o planejamento experimental nos oferece são bastante amplas,

como por exemplo, ao estudar a influência dos fatores experimentais pode-se sempre

subdividir esse estudo em diversos ramos, como: determinar que variáveis influenciam mais

nos resultados, atribuir valores às variações influentes para otimizar o processo ou para

48

minimizar a variabilidade dos resultados, além de poder minimizar a influência de variáveis

não-controláveis (Button, 2001).

Portanto, foi utilizado o Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC). Nesse

delineamento, é necessária a completa homogeneidade das condições ambientais e do material

experimental, sendo os tratamentos distribuídos nas parcelas de forma inteiramente casual

(aleatória). O DIC possui apenas os princípios da casualização e da repetição, não possuindo

controle local e, portanto, as repetições não são organizadas em blocos. Tem a vantagem de

possuir grande flexibilidade quanto ao número de tratamentos e repetições, sendo dependente,

entretanto, da quantidade de material e da área experimental disponíveis. Dessa forma, o tipo

de planejamento indicado quando vários fatores devem ser estudados em dois ou mais níveis e

as interações entre os fatores podem ser importantes é o Fatorial, logo, esse foi o utilizado.

Neste trabalho, de acordo com os objetivos, foi utilizado o modelo de planejamento de

experimentos com 3 fatores, as variáveis de entrada, que foram:

Tipo de ferramenta (com 2 níveis): com cobertura de TiN e sem cobertura,

Velocidade (com 3 níveis): 60m/min, 80m/min e 100m/min;

Diâmetro inicial do furo (com 3 níveis): 9,1mm, 9,3mm e 9,5mm.

As variáveis de resposta escolhidas para análise foram as seguintes:

Taxa de preenchimento do perfil da rosca;

Torque máximo;

Força axial máxima.

O modelo estatístico linear é dado por:

ijkl = µ + i + j + k + ( )ij + ( )ik + ( )jk + ( )ijk + ijkl (1)

Sendo: i = 1,2(níveis do tipo de ferramenta), j = 1, 2, 3(níveis da velocidade), k = 1, 2, 3

(níveis do diâmetro inicial do furo), l = 1, 2(número de réplicas). ijkl é a variável resposta

(nesse caso serão 3, pois temos as respostas força axial, torque e taxa de preenchimento), µ é

a média global das respostas de todos os tratamentos, i representa o efeito do fator Tipo de

ferramenta, j representa o efeito do fator Velocidade, k representa o efeito do fator Diâmetro

inicial do furo, ( )ij representa o efeito da interação entre i e j, ( )ik é o efeito da

interação entre i e k, ( )jk é o efeito da interação entre j e k, ( )ijk é o efeito da

interação entre i, j e k, e ijkl é o componente do erro aleatório.

49

Os fatores mantidos constantes nesse experimento foram: temperatura ambiente, tipo de

material, velocidade de retorno da ferramenta.

A Tabela 4 exibe os fatores e níveis experimentais investigados neste trabalho,

estabelecendo um planejamento fatorial do tipo 322

1, que fornece 18 combinações

experimentais distintas.

Tabela 4. Condições experimentais, planejamento fatorial completo (322

1).

Condições

Experimentais

Velocidade de

deformação

[m/min]

Diâmetro

[mm]

Tipo de

ferramenta

C1 60 9,1 Com

C2 60 9,1 Sem

C3 60 9,3 Com

C4 60 9,3 Sem

C5 60 9,5 Com

C6 60 9,5 Sem

C7 80 9,1 Com

C8 80 9,1 Sem

C9 80 9,3 Com

C10 80 9,3 Sem

C11 80 9,5 Com

C12 80 9,5 Sem

C13 100 9,1 Com

C14 100 9,1 Sem

C15 100 9,3 Com

C16 100 9,3 Sem

C17 100 9,5 Com

C18 100 9,5 Sem

Foram fabricados doze corpos de prova com nove furos para que pudessem ser

realizados nove experimentos de roscamento. Assim, teve-se 3 furos para cada condição

experimental. Considerando a adoção de 2 réplicas e 18 condições experimentais, o

experimento consistiu de 108 ensaios. A réplica consiste na repetição da condição

experimental, proporcionando a estimativa do erro experimental de uma resposta individual.

A extensão desse erro é importante na decisão se existem ou não efeitos significativos que

possam atribuir à ação dos fatores (WERKEMA e AGUIAR, 1996). O software estatístico

50

MinitabTM

versão 14 foi utilizado para o tratamento dos dados utilizando a ferramenta de

planejamento de experimentos (DOE - Design of Experiment) e Análise de variância

(ANOVA) e o software livre Sisvar foi utilizado para análise de desdobramentos das

interações.

Os resultados obtidos foram analisados utilizando-se softwares para tratamentos de

dados, sendo estes: MatlabTM

para plotagem dos gráficos de força e torque, MinitabTM

14 para

análise estatística e Sisvar 5 para desdobramento de interações de efeitos percebidos na

análise estatística.

51

CAPÍTULO 4

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Comportamento e análise estatística das variáveis Força e Torque

Os gráficos foram plotados com base nos arquivos (*.txt) gerados na saída do software

Dynoware da empresa Kistler; o software Dynoware é um programa que já converte os

valores de volts para Newton no caso da força axial e N.m no caso do torque. Foi empregado

o software MatlabTM

para a leitura destes arquivos com extensão *.txt e geração das análises

gráficas conforme pode ser observado nas figuras abaixo. Após a plotagem dos gráficos foi

observado que os mesmos apresentaram um padrão definido tanto para força axial quanto para

o torque.

Figura 35. Gráfico de Torque versus Tempo

A Figura 35 mostra o gráfico de torque versus tempo para a condição de velocidade de

100m/min, diâmetro inicial do furo de 9,5mm e ferramenta sem cobertura. Observa-se que o

tempo para a fabricação da rosca laminada foi da ordem de 0,6 segundo, sendo este

considerado muito curto, porém está diretamente ligado à velocidade de deformação

empregada durante o experimento. A evolução do torque ocorre proporcionalmente à

conicidade da entrada do macho laminador gerando um comportamento quase linear. Em

seguida o torque fica constante por um determinado período de aproximadamente 0,15

52

segundo que corresponde ao comprimento da ferramenta com formato cilíndrico. Nota-se que

para esta condição, o torque máximo de fabricação da rosca foi de 9,18 N.m.

Na segunda etapa da fabricação da rosca ocorre a reversão do processo com o retorno da

ferramenta, portanto, os valores de torque caem assintoticamente. Para o retorno da

ferramenta foi empregada uma única velocidade da ferramenta de 600 rpm para todos os

experimentos, uma vez que o foco do estudo é a análise do processo apenas durante a geração

da rosca.

Nota-se também pequenas oscilações na produção da rosca, principalmente na parte

inicial do gráfico, possivelmente devido à variação do atrito e dos esforços, além das

características anisotrópicas do material fundido.

Na Figura 36 observa-se o comportamento da força de avanço em função do tempo de

fabricação em um experimento com os seguintes parâmetros na fabricação: velocidade de

60m/min, diâmetro inicial do furo de 9,3mm e a ferramenta com cobertura e nesse caso a

Força Axial máxima foi de 1073,24N.. Similarmente ao gráfico de Torque, a força de avanço

foi proporcional à velocidade de deformação empregada no experimento. O comportamento

da curva na região cônica do macho não foi linear, similar ao gráfico de Torque. A região que

corresponde à parte cilíndrica manteve os valores de Força Axial constante da mesma forma

que ocorreu com o Gráfico de Torque.

53

Figura 36. Gráfico de Força axial versus Tempo (velocidade de 60m/min, diâmetro de

9,3mm e ferramenta com cobertura)

Uma particularidade observada nos gráficos de Força axial, quando comparados com os

gráficos de Torque, foi a magnitude da força de avanço no retorno da ferramenta ser muito

superior à força de fabricação. Este fenômeno foi observado para todos os experimentos

realizados independentemente da velocidade de deformação empregada, com uma variação

mínima. O tempo de retorno foi muito superior ao tempo de produção da rosca devido à

velocidade de retorno ser menor que a velocidade de produção da rosca. Este fenômeno

ocorreu devido à recuperação elástica do material após a fabricação da rosca. O material

deforma e encrua durante a deformação, mas, devido à sua ductibilidade apresenta uma

recuperação elástica quando são retirados os esforços de deformação. Esta recuperação

elástica faz com que o material apresente uma pequena adesão na ferramenta elevando a força

axial no início do retorno da ferramenta, que pode ser observada nos 0,25 segundo,

aproximadamente, após a parada da ferramenta. Em seguida, com o movimento de rotação da

ferramenta, a força axial diminui no tempo de 0,7 segundo com uma pequena inclinação que

corresponde a parte cilíndrica do macho e onde pode ser observada uma pequena oscilação

relacionada com o movimento de retorno da ferramenta. Na parte final do retorno ocorre uma

diminuição de forma mais assintótica correspondendo à saída da parte cônica de dentro da

peça. A Figura 37 exibe o detalhe do processo sendo considerado somente o tempo gasto pela

ferramenta dentro da peça para a confecção da rosca, tendo sido desconsiderado o retorno.

54

Figura 37. Gráfico de detalhe da Força Axial versus Tempo durante o roscamento

Observa-se no gráfico da Figura 37 que a força axial apresenta o mesmo

comportamento para torque, ou seja, a força cresce durante toda a entrada da parte cônica da

ferramenta e durante o trabalho da região cilíndrica se mantém constante. Podemos definir

que o tempo de produção da rosca varia de acordo com a velocidade empregada e acontece

somente na parte cônica do macho. Na parte cilíndrica acontece um ligeiro acabamento do

perfil uma vez que a rosca já está completamente formada.

Para cada experimento foi gerado um gráfico específico para a força axial e torque, que

apresentaram um comportamento similar aos gráficos das Figura 35 e Figura 36 apresentando

apenas variação nos valores máximos e no comportamento nas oscilações observadas no

retorno e na produção da rosca.

4.1.1. Força

Considerando os valores da variável resposta força axial, foi montada a Tabela 5 que

apresenta os resultados da Análise de Variância (ANOVA) para os valores médios, sendo

utilizadas as seguintes abreviações para as variáveis de entrada: VD = velocidade de

deformação, DF = diâmetro inicial do furo e TF = tipo de ferramenta.

55

Tabela 5. Análise de variância (ANOVA) para a variável força

Fonte de

variação

Soma dos

quadrados

Graus de

liberdade

Quadrados

médios

Fcalc P-valor

VD 411301 2 205650 106,02 0,000

DF 2265130 2 1132565 583,86 0,000

TF 4353 1 4353 2,24 0,151

VD * DF 7486 4 1871 0,96 0,451

VD * TF 8597 2 4299 2,22 0,138

DF * TF 21136 2 10568 5,45 0,014

VD * DF * TF 19318 4 4830 2,49 0,080

Residual 34916 18 1940

Total 2772238 35

R2 (ajustado) 98,74%

A Figura 38 exibe os gráficos de probabilidade normal e histograma, respectivamente,

para a variável resposta força. Os pontos distribuídos ao longo da reta atendem as condições

de normalidade exigidas para validação do modelo da ANOVA (WERKEMA e AGUIAR,

1996).

(a)

56

(b)

Figura 38. Gráficos de resíduos para a força axial – normal de probabilidade (a) e

histograma (b).

Os valores de força axial máxima dos roscamentos variaram de 580,57 N a 1541,96 N.

A velocidade, diâmetro inicial do furo e a interação entre diâmetro inicial do furo e tipo de

ferramenta apresentaram efeitos significativos, exibindo P-valores de 0,000, 0,000 e 0,014,

respectivamente, conforme apresentado na Tabela 5.

A Figura 39 exibe o gráfico de efeito principal da velocidade sobre a força axial.

Observou-se uma diminuição da força axial para os roscamentos realizados com 100m/min. A

redução percentual média da força em 20,34% foi observada entre os níveis de velocidade de

deformação 80m/min e 100m/min. Este comportamento pode ser atribuído à teoria da

deformação dos materiais metálicos, ou seja, velocidades mais altas provocam mais

aquecimento nos materiais aumentando a ductibilidade destes e facilitando a sua deformação

plástica.

57

Figura 39. Gráfico de efeito principal da velocidade sobre a força axial.

Baseado no comportamento mecânico dos materiais metálicos sob ensaio de tração,

podemos definir que a taxa ou velocidade de deformação exerce três efeitos principais na

conformação dos materiais; a tensão de escoamento do metal aumenta com a taxa de

deformação, a temperatura do material aumenta devido ao aquecimento adiabático e existe

melhor lubrificação na interface metal/ferramenta, desde que o filme do lubrificante possa ser

mantido (Altan e Gegel, 1983).

Com os testes de roscamento realizados não se pode afirmar com exatidão se o filme

lubrificante influenciou no processo, visto que, baseando-se na relação do diâmetro inicial do

furo com o diâmetro do macho, em alguns casos ocorreram espaçamentos mínimos, os quais

não permitiram penetração do filme lubrificante, principalmente para a ferramenta sem

cobertura empregada nos testes devido ao fato desta não apresentar canais de lubrificação.

Segundo Helman e Cetlin (1983) e Padilha e Siciliano Jr. (2005), na região plástica o

comportamento do material segue a curva de fluxo na equação abaixo:

= .n

(2)

Onde:

= Tensão [MPa];

= coeficiente de resistência do material [MPa];

58

= deformação durante o processo [adm];

n = expoente de encruamento [adm].

Baseado nas tensões e deformações reais, pode-se definir que a maioria dos materiais

metálicos, na temperatura ambiente, a força aumenta devido ao endurecimento. Assim, para

qualquer material, os índices “k” e “n”, na curva de fluxo são influenciados diretamente pela

temperatura e, tanto o coeficiente de resistência dos materiais “k” como o expoente de

encruamento “n” são reduzidos a altas temperaturas. Além disso, a ductibilidade dos materiais

metálicos aumenta com o aumento da temperatura. Assim, para velocidades de deformação

mais altas e considerando que o fluido de corte não consegue efetivamente atuar na região de

deformação do material, como podemos afirmar no caso do processo de roscamento por

conformação, teremos uma condição térmica favorável para a deformação do material quando

altas velocidades de deformação são empregadas.

A Figura 40 exibe o gráfico de efeito principal do fator diâmetro inicial do furo sobre a

força axial. Pode ser observado que o aumento do diâmetro inicial do furo inicial diminui a

força axial necessária entre os 3 níveis. Houve diminuição da força axial de 9,1 mm para 9,3

mm em 21,66% e de 9,3 mm para 9,5 mm em 27,18%. Analisando os efeitos do diâmetro,

pode-se afirmar que furos maiores têm um menor volume de material a ser deformado, não

gerando dessa forma grandes forças durante o processo de conformação.

Figura 40. Gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre a força axial.

A Figura 41 traz o gráfico de interação do fator diâmetro com o tipo de ferramenta para

a força axial, onde se observa que para o diâmetro inicial do furo de 9,3 mm ocorreu um

59

decréscimo de 5,11% para a força axial, considerando a variação da ferramenta com cobertura

para a ferramenta sem cobertura. Para o diâmetro de 9,5 mm esta diminuição foi de 8,03%

considerando a mesma variação entre as ferramentas. Para o diâmetro de 9,1 mm ocorreu um

crescimento de 3,5% na força axial da ferramenta com cobertura comparando com a

ferramenta sem cobertura.

Figura 41. Gráfico de efeito da interação entre diâmetro inicial do furo e tipo da

ferramenta sobre a força axial.

Pode-se analisar que estas variações para os diâmetros de 9,3 e 9,5 mm estão ligadas

diretamente à geometria das ferramentas e a aplicação do fluido de corte. A ferramenta com

cobertura apresenta 5 sulcos com o objetivo de refrigeração durante o processo. Entretanto,

para estas condições onde o volume de material utilizado nos experimentos foi o valor

recomendado ou abaixo do recomendado pelo fabricante, o projeto da ferramenta não foi

satisfatório, e os sulcos para a refrigeração não permitiram que o fluido de corte tivesse um

papel efetivo durante a deformação do filete de rosca.

Entretanto, para o diâmetro de 9,1 mm observa-se um acréscimo de 3,5 % na força de

deformação para a ferramenta sem cobertura. Nesse caso com o diâmetro de 9,1mm, o volume

de material está acima do recomendado pelo fabricante para a fabricação da rosca. Além

disso, a ferramenta sem cobertura não apresenta sulcos para lubrificação, não permitindo,

dessa forma, que o fluido de corte atuasse como elemento minimizador do atrito na região de

deformação entre a ferramenta e o material.

60

Como a variável diâmetro inicial do furo apresentou efeito principal e interação com o

tipo de ferramenta, foi feito o desdobramento através do teste de Tukey dos três níveis do

diâmetro inicial do furo dentro dos dois tipos de ferramenta, com cobertura e sem cobertura, e

os resultados do teste estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Teste de Tukey para o desdobramento dos três níveis de diâmetro inicial do

furo dentro dos dois tipos de ferramenta na força axial

Ferramenta com cobertura

Tratamentos Médias Resultados do teste

9,5 mm 761,1 a1

9,3 mm 1078,97 a2

9,1 mm 1321,53 a3

Ferramenta sem cobertura

Tratamentos Médias Resultados do teste

9,5 mm 699,95 a1

9,3 mm 1027,75 a2

9,1 mm 1367,83 a3

Através deste teste de desdobramento foi revelado que as diferenças entre os níveis do

diâmetro inicial do furo nos dois tipos de ferramentas têm significância, sendo que tanto com

a ferramenta com cobertura e a ferramenta sem cobertura o diâmetro que apresentou menor

força axial foi de 9,5 mm, isso se deve ao fato de que, conforme comentado anteriormente,

com um diâmetro maior os esforços de deformação foram menores, pois há menos material a

ser deformado.

Em seguida, foi feito o teste de Tukey para o desdobramento dos dois tipos de

ferramentas dentro dos três níveis de diâmetro, e os resultados do teste estão apresentados na

Tabela 7.

Tabela 7. Teste de Tukey para o desdobramento dos dois tipos de ferramenta dentro dos

três níveis de diâmetro inicial do furo na força axial

Diâmetro 9,1mm

Tratamentos Médias Resultados do teste

Com cobertura 1321,53 a1

Sem cobertura 1367,83 a1

61

Diâmetro 9,3mm

Tratamentos Médias Resultados do teste

Com cobertura 1078,97 a1

Sem cobertura 1027,75 a1

Diâmetro 9,5mm

Tratamentos Médias Resultado do Teste

Com cobertura 761,1 a1

Sem cobertura 699,95 a2

Através deste teste de desdobramento foi revelado que as diferenças entre os dois tipos

de ferramenta nos três níveis de diâmetro só teve significância para o diâmetro de 9,5mm,

sendo que nesse caso a média de força foi menor na ferramenta sem cobertura.

Observando a Tabela 6 e a Tabela 7 podemos observar que os pares que estão gerando a

significância da interação diâmetro com o tipo de ferramenta na força axial é o diâmetro de

9,5 mm com as ferramentas com e sem cobertura, pois esses pares apresentaram significância

nos dois desdobramentos mostrados acima e foram os pares que geraram os menores valores

de força axial e ainda podemos observar que a força é menor na ferramenta sem cobertura.

De acordo com Nedic e Globocki (2005) as ferramentas com cobertura de TiN

apresentam o maior coeficiente de atrito quando são empregadas na usinagem de materiais

não ferrosos como por exemplo o Magnésio e Alumínio. Portanto, podemos observar que de

acordo com os dados obtidos teremos exatamente o maior coeficiente de atrito para os machos

laminadores utilizados neste experimento com cobertura de TiN, confirmando desta forma as

informações preliminares destes autores.

4.1.2. Torque

A Tabela 8 apresenta os resultados da Análise de Variância (ANOVA) para as médias

analisando a variável torque, onde foram utilizadas as seguintes abreviações para as variáveis

de entrada: VD = velocidade de deformação, DF = diâmetro inicial do furo e TF = tipo de

ferramenta.

Os valores de torque máximo dos roscamentos variaram de 6,9 N.m a 15,39 N.m. O

diâmetro inicial do furo e a interação entre diâmetro inicial do furo e tipo de ferramenta

apresentaram efeitos significativos, exibindo P-valores de 0,000 e 0,005, respectivamente,

62

conforme a Tabela 8. Os demais valores não apresentaram efeitos significativos no torque

máximo obtido.

Tabela 8. Análise de variância (ANOVA) para a variável Torque.

Fonte de

variação

Soma dos

quadrados

Graus de

liberdade

Quadrados

médios Fcalc P-valor

VD 6,91 2 3,46 2,9 0,081

DF 48,25 2 24,13 20,27 0,000

TF 0,55 1 0,55 0,46 0,505

VD * DF 5,57 4 1,39 1,17 0,357

VD * TF 3,09 2 1,55 1,3 0,297

DF * TF 16,94 2 8,47 7,12 0,005

VD * DF * TF 3,14 4 0,78 0,66 0,628

Residual 21,43 18 1,19

Total 105,88 35

R2 (ajustado) 79,76%

A Figura 42 exibe os gráficos de probabilidade normal e histograma, respectivamente,

para a variável resposta torque. Os pontos distribuídos ao longo da reta atendem as condições

de normalidade exigidas para validação do modelo da ANOVA (Werkema e Aguiar, 1996).

Esta normalidade pode ser concluída pelo histograma obtido na Figura 42 (b) onde a

distribuição dos valores se encontra dentro da curva normal.

63

(a)

(b)

Figura 42. Gráficos de resíduos para torque – normal de probabilidade (a) e histograma

(b).

A Figura 43 exibe o gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre o

torque. O gráfico mostra que o aumento do diâmetro do furo diminui o torque necessário entre

os 3 níveis. A diminuição do torque de 9,1 para 9,3 mm foi de 16,67% e de 9,3 para 9,5 mm

foi de 7,91%. Da mesma forma que aconteceu com a força axial, o volume de material a ser

deformado teve efeito significativo no torque durante o processo. Este efeito foi maior para o

diâmetro de 9,1 mm pelo fato deste valor estar abaixo do recomendado pelo fabricante para a

realização do processo ocasionando valores de torque mais altos. No caso da variação do

64

diâmetro de 9,5 mm esta variação não foi tão significativa, pois os valores de torque estão

abaixo da média e dentro de uma mesma faixa de trabalho.

Considerando o torque como uma variável importante para definir a potência de

máquinas ferramenta, podemos notar que a diminuição do diâmetro para 9,1 milímetros, ou

seja, 0,2 mm abaixo do recomendado pelo fabricante produzem um aumento do esforço de

torque em 16,67%. Se observarmos o oposto, considerando a abertura do furo inicial nos

mesmos 0,2 mm, os valores não mantêm a mesma proporção e a diminuição do torque é de

apenas 7,91%. Portanto, uma avaliação criteriosa da diminuição do diâmetro para garantir um

melhor preenchimento da rosca deve ser analisada, pois os resultados mostram um aumento

de potência de máquina significativo. Na sequência de análise dos resultados obtidos veremos

a influência dos diâmetros na taxa de preenchimento das roscas.

Figura 43. Gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre o torque.

A Figura 44 exibe o gráfico de interação do fator diâmetro inicial do furo com o tipo de

ferramenta sobre o torque. Observa-se que para o furo 9,1 mm houve um crescimento do

torque de 17,03% da ferramenta com cobertura para a ferramenta sem cobertura. Pode-se

notar que o efeito da diminuição do diâmetro do furo inicial e aplicação de ferramentas sem

cobertura que não apresentam canais de lubrificação, da mesma forma que ocorreu com a

65

força axial, não permitiram a atuação do fluido lubrificante com eficiência para a

minimização do torque durante o processo.

Considerando o furo de 9,3 mm houve um crescimento do torque de 1,65% da

ferramenta com cobertura para a ferramenta sem cobertura demonstrando que da mesma

forma explicada anteriormente para a força axial, as ferramentas com cobertura de TiN

apresentam maior coeficiente de atrito e, desta forma, influenciaram diretamente na variável-

resposta Torque. Sendo o diâmetro de 9,3 mm considerado ideal para o furo inicial com

machos laminadores, de acordo com o fabricante, observa-se que mesmo apresentando canais

de lubrificação, as ferramentas com cobertura não tiveram sua atuação influenciada de forma

efetiva para minimizar o atrito durante o processo.

Para o furo de 9,5 mm houve um decréscimo do torque de 13,67% da ferramenta com

cobertura para a ferramenta sem cobertura. Este valor já era esperado uma vez que o aumento

do furo gerou menos volume de material. Observa-se que da mesma forma que ocorreu na

força axial as tendências se mantiveram com apenas uma pequena variação para o diâmetro de

9,3 milímetros, pois este apresentou um acréscimo pequeno no torque ao contrário da força

axial que teve um pequeno decréscimo. Os demais valores de diâmetro mantiveram a mesma

tendência para força axial e para o torque.

Figura 44. Gráfico de efeito da interação entre diâmetro inicial do furo e tipo da

ferramenta sobre o torque.

66

Como a variável diâmetro inicial do furo apresentou efeito principal e interação com o

tipo de ferramenta, foi feito o desdobramento através do teste de Tukey dos três níveis do

diâmetro inicial do furo dentro dos dois tipos de ferramenta (com cobertura e sem cobertura).

Os resultados do teste podem ser vistos na Tabela 9 abaixo.

Tabela 9. Teste de Tukey para o desdobramento dos três níveis de diâmetro inicial do

furo dentro dos dois tipos de ferramenta no torque

Ferramenta com cobertura

Tratamentos Médias Resultados do teste

9,5mm 10,23 a1

9,3 mm 10,27 a1

9,1 mm 11,31 a1

Ferramenta sem cobertura

Tratamentos Médias Resultados do teste

9,5mm 8,84 a1

9,3 mm 10,44 a1

9,1 mm 13,28 a2

Através deste teste de desdobramento foi revelado que para a ferramenta com cobertura

não há diferenças significativas entre os níveis do diâmetro inicial do furo. Porém, com a

utilização da ferramenta sem cobertura, não há diferença significativa entre os diâmetros de

9,5 e 9,3 mm, sendo estes os que apresentarem menores valores de torque. Entretanto, com o

diâmetro de 9,1 mm a diferença teve significância, e, isso se deve ao fato de que com um

diâmetro menor há mais material a ser deformado e, consequentemente, os esforços de

deformação são maiores.

Em seguida, foi feito o teste de Tukey para o desdobramento dos dois tipos de

ferramentas dentro dos três níveis de diâmetro, e os resultados do teste estão apresentados na

Tabela 10.

67

Tabela 10. Teste de Tukey para o desdobramento dos dois tipos de ferramenta dentro

dos três níveis de diâmetro inicial do furo no torque

Diâmetro 9,1mm

Tratamentos Médias Resultados do teste

Com cobertura 11,32 a1

Sem cobertura 13,28 a2

Diâmetro 9,3mm

Tratamentos Médias Resultados do teste

Com cobertura 10,27 a1

Sem cobertura 10,44 a1

Diâmetro 9,5mm

Tratamentos Médias Resultado do Teste

Com cobertura 10,24 a2

Sem cobertura 8,84 a1

Através deste teste de desdobramento foi revelado que as diferenças entre os dois tipos

de ferramenta nos três níveis de diâmetro só teve significância, para os diâmetros de 9,1mm e

9,5mm, sendo que no de 9,5mm o torque foi maior na ferramenta com cobertura e no de

9,1mm o torque foi maior na ferramenta sem cobertura.

Observando Tabela 9 e a Tabela 10 verifica-se que o par que está gerando a

significância da interação diâmetro com o tipo de ferramenta é o diâmetro de 9,1mm com a

ferramenta sem cobertura, pois esse par apresenta significância nos dois desdobramentos

mostrados acima e é o par que exibiu um torque mais alto.

4.2. Análise estatística da taxa de preenchimento nas roscas produzidas

Foram selecionados alguns desses gráficos para inserção nesse trabalho, onde é possível

observar o comportamento similar de todos eles. A escolha dos gráficos foi feita de forma a

mostrar os extremos das variáveis de entrada.

A Figura 45(a) exibe a micrografia do perfil da crista das roscas com um aumento de 50

vezes, referente à condição de menor diâmetro de 9,1 mm e maior velocidade 100m/min

utilizando-se a ferramenta com cobertura.

68

(a)

(b)

Figura 45. Micrografias mostrando o perfil de rosca formado utilizando a ferramenta

com cobertura e diâmetro de 9,1 mm sendo; (a) aumento de 50 vezes na crista e (b)

detalhe com aumento de 100 X

Verifica-se um fechamento por completo do entalhe na crista do filete formando uma

pequena falha na micrografia no ponto central. Na Figura 45(b) notamos um detalhe com

aumento de 100 vezes onde se pode também perceber, possivelmente, o encruamento do

material na borda do filete de rosca e notar com maior nitidez que o material deformou-se do

lado direito para o centro fechando por completo o perfil da crista do filete e encruando-se

mais neste lado. Nota-se que para diâmetros menores e, consequentemente, maiores volumes

de material ocorrem um maior preenchimento do perfil da rosca, quase que completando o

perfil e deixando-o com o formato próximo ao padronizado para ferramentas com cobertura.

Entretanto, foram observados em alguns casos uma incompleta formação do perfil de rosca

mesmo quando existia maior volume de material a ser deformado. Este fato ocorreu de forma

aleatória sendo previsto somente após o corte transversal dos corpos de prova.

As Figura 46 (a e b) mostram o perfil de rosca formado utilizando o extremo maior

diâmetro de 9,5 mm e velocidade de 80 m/min juntamente com a ferramenta sem cobertura.

Para este caso nota-se que não ocorreu um preenchimento total do perfil de rosca, Figura 46

(a), devido ao fato de existir pouco volume de material a ser deformado. Entretanto, observa-

se na parte central da base do filete de rosca grãos com tamanhos maiores que nas

extremidades, além disso observa-se uma mudança de orientação nos grãos caracterizando um

encruamento do material. Observa-se também que existe uma tendência ao fechamento

direcionado para o centro do filete, sendo que o mesmo não ocorreu devido ao pouco volume

de material disponível.

69

Mas, pode-se notar que, possivelmente, o encruamento do material ocorreu ao longo de

toda extremidade do filete. Na Figura 46(b) notamos que o encruamento do material também

é significativo na parte superior do filete mesmo quando não ocorre o preenchimento total.

(a)

(b)

Figura 46. Micrografias mostrando o perfil de rosca formado utilizando a ferramenta

com cobertura e diâmetro de 9,5 mm sendo; (a) aumento de 50 vezes na crista e (b)

detalhe com aumento de 100 X.

A Figura 47(a e b) mostra a análise das micrografias na base do filete de rosca com um

aumento de 50 vezes e 100 vezes, respectivamente. Nota-se que na base do filete de rosca

ocorre um encruamento muito mais homogêneo do que na crista do filete de rosca. A

movimentação do material na base do filete de rosca ocorre apenas no sentido radial e tem

uma tendência a encruar o material deformado no sentido radial do furo.

A Figura 47(b) mostra que o encruamento do material é muito mais significativo nas

bordas do perfil roscado do que no centro do material. Pode ser observado o achatamento dos

grãos e a mudança do sentido de orientação dos mesmos no sentido radial, ou seja, para a

extremidade mais externa do perfil roscado.

70

(a)

(b)

Figura 47. Micrografias mostrando o perfil de rosca formado utilizando a ferramenta

sem cobertura e diâmetro de 9,1 mm sendo; (a) aumento de 50 vezes na base do filete de

rosca (b) detalhe com aumento de 100 X.

É possível observar que no que se refere à crista no filete, para o diâmetro inicial do

furo de 9,5 mm ocorreu a pior formação de rosca, isso se deve ao fato de que nesse caso o

volume a ser deformado era insuficiente, consequentemente, o perfil não alcançou a

geometria desejada.

Já com o diâmetro inicial de 9,1 mm há um excesso de material e a crista teve uma

tendência a se fechar incluindo o dobramento do material de um lado a outro em alguns casos

e o fechamento total de defeitos no topo do filete. Com o diâmetro ideal indicado pelo

fabricante houve um perfil um pouco melhor e com uma tendência maior a adquirir o perfil de

rosca conformada, mas, ainda assim, o perfil não ficou completo e apresentou um rasgo na

crista do filete.

A Tabela 11 apresenta os resultados da Análise de Variância (ANOVA) para as

médias da variável-resposta taxa de preenchimento, onde utilizou-se as seguintes abreviações

para as variáveis de entrada: VD = velocidade de deformação, DF = diâmetro inicial do furo e

TF = tipo de ferramenta.

Tabela 11. Análise de variância (ANOVA) para a variável taxa de preenchimento

Fonte de

variação

Soma dos

quadrados

Graus de

liberdade

Quadrados

médios

Fcalc P-valor

71

VD 0,005039 2 0,002519 1,29 0,299

DF 0,421406 2 0,210703 107,9 0,000

TF 0,022003 1 0,022003 11,27 0,004

VD * DF 0,007894 4 0,001974 1,01 0,428

VD * TF 0,006672 2 0,003336 1,71 0,209

DF * TF 0,009606 2 0,004803 2,46 0,114

VD * DF * TF 0,005594 4 0,001399 0,72 0,592

Residual 0,03515 18 0,001953

Total 0,513364 35

R2 (adjunto) 93,15%

A Figura 48(a e b) exibem os gráficos de probabilidade normal e histograma,

respectivamente, para a variável resposta taxa de preenchimento. Os pontos distribuídos ao

longo da reta atendem as condições de normalidade exigidas para validação do modelo da

ANOVA (Werkema e Aguiar, 1996).

(a)

72

(b)

Figura 48. Gráficos de resíduos para taxa de preenchimento – normal de probabilidade

(a) e histograma (b).

Os valores de taxa de preenchimento dos roscamentos variaram de 0,32 mm2 a

0,79mm2. O diâmetro inicial do furo e o tipo de ferramenta apresentaram efeitos

significativos, exibindo P-valores de 0,000 e 0,004; respectivamente, conforme a Tabela 11.

A Figura 49 exibe o gráfico de efeito principal do tipo de ferramenta sobre a taxa de

preenchimento. Observou-se uma diminuição de 8,77% na taxa de preenchimento da

ferramenta com cobertura para a ferramenta sem cobertura.

Figura 49. Gráfico de efeito principal do tipo de ferramenta sobre a taxa de

preenchimento

73

A Figura 50 exibe o gráfico de efeito principal do fator diâmetro inicial do furo sobre a

taxa de preenchimento, onde pode ser observado que houve uma diminuição da taxa de

preenchimento à medida que o diâmetro aumentou. A diminuição da taxa de preenchimento

de 9,1 para 9,3 mm foi de 14,92% e de 9,3 para 9,5 mm foi de 28%.

Analisando os efeitos do diâmetro, pode-se afirmar que furos menores têm um volume

maior de material a ser deformado, portanto, a rosca produzida teve um preenchimento maior

e apresenta um perfil mais completo e mais próximo do perfil de rosca padronizado e

produzido por machos de corte.

Figura 50. Gráfico de efeito principal do diâmetro inicial do furo sobre a taxa de

preenchimento.

4.3. Análise da Topografia dos filetes produzidos

Com o objetivo de analisar a topografia dos filetes de rosca produzidos foi empregado

um microscópio eletrônico de varredura da marca Hitachi e modelo TM3000 para a

identificação também das características dos perfis de rosca considerando a geometria

tridimensional destes. Foram selecionados as condições experimentais extremas a fim de

comparar visualmente os resultados.

A Figura 51 mostra a microscopia eletrônica com aumento de 30 vezes do perfil de

rosca produzida com a ferramenta com cobertura, velocidade de 60 m/min e diâmetro de 9,5

74

milímetros. Observa-se na Figura 51, considerando o detalhe (a), que conforme visto

anteriormente o perfil de rosca não se completou, gerando um perfil deficiente em qualidade.

Paralelo a isto, pode-se observar no detalhe (b) que a crista além de incompleta produz

pequenas escamações no topo que correspondem, simultaneamente, ao material que se

deslocou para o topo de filete e que pode ter ocorrido seu arrancamento durante o processo,

devido à adesão na ferramenta pela pouca eficiência da lubrificação e aquecimento excessivo

e, principalmente, porque ferramentas com cobertura de TiN apresentam coeficiente de atrito

superior.

Nota-se também que as escamações formadas estão todas na mesma direção, portanto,

pode-se concluir que o fenômeno de formação destas cristas ocorre no sentido de giro da

ferramenta. Em alguns casos a sequência de escamações geradas no topo da crista do filete

gera um perfil com um formato serrilhado e distribuído de forma bem uniforme e constante.

Além disso, podemos notar que o fundo do filete tem uma qualidade superior em relação à

crista onde não são formadas cristas perfeitas. A superfície do fundo do filete mostra um

acabamento superficial, analisado de forma visual, muito melhor que da crista, confirmando

as análises feitas anteriormente onde o encruamento do material tem muito mais influência no

pé do filete de rosca que na crista.

Assim, considerando a base do filete de rosca, verifica-se que existe uma tendência para

um acabamento superficial muito superior ao da crista do filete. Dessa forma, considerando

que a base do filete de rosca está ligada diretamente ao deslizamento durante montagens e

desmontagens, pois trabalha em contato direto com a crista de peças macho, o processo de

roscamento por laminação produz um perfil de rosca com qualidade aceitável quando se

considera apenas a base do filete.

75

Figura 51. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca

(velocidade de 60 m/min, diâmetro de 9,5 mm e ferramenta com cobertura)

Na Figura 52 podemos observar o mesmo comportamento da Figura 51, sendo que essa

figura é oriunda de um experimento com a ferramenta sem cobertura, velocidade de 60 m/min

e diâmetro de 9,5 mm. Nota-se um preenchimento um pouco superior com uma formação

menor de cristas no formato serrilhado e da mesma forma anterior um acabamento superior na

base do filete de rosca.

Figura 52. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca

(velocidade de 60 m/min, diâmetro de 9,5 mm e ferramenta sem cobertura)

Na Figura 53 podemos observar que tanto na (a) quanto na (b) a crista do filete é mais

completa e com menos escamação, conforme se destaca na Figura 53(b), isso se deve ao fato

de que essas figuras são de experimentos com diâmetro inicial do furo de 9,1 mm, logo havia

na região de trabalho mais material a ser deformado, e, portanto a crista se fechou mais que no

caso anterior.

76

Na Figura 53 (a) pode ser notado que pequenas falhas de preenchimento ocorrem, pois

conforme citado anteriormente, o material tem uma tendência a se dobrar de um lado para o

outro fechando o filete de rosca, entretanto, em alguns casos este fenômeno não ocorre de

forma completa e produz falhas na crista do filete com um fechamento incompleto.

Da mesma forma, na Figura 53 (b) notamos excesso de material ao longo de todo o

comprimento do filete de rosca. Isso demonstra que para furos menores, o excesso de material

que não contribui para o fechamento do filete é arrastado sobre o filete na forma de micro

partículas que podem ficar aderidas sobre o perfil da rosca, prejudicando o acabamento

superficial do filete. O arrancamento de micro partículas pode estar ligado ao canal de

lubrificação da ferramenta com cobertura que pode atuar como aresta de corte e arrancar

pequenos volumes de material durante o processo.

(a)

(b)

Figura 53. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca;

(a) velocidade de 100 m/min, diâmetro de 9,1 mm e ferramenta com cobertura e (b)

velocidade de 100 m/min, diâmetro de 9,1 mm e ferramenta sem cobertura

Na Figura 54(a, b) temos as imagens dos experimentos realizados seguindo as

orientações do fabricante, ou seja, diâmetro do furo de 9,3 mm com velocidade de deformação

de 80 m/min. Podemos observar que nesse caso, a crista apresenta mais visivelmente o rasgo

característico de uma rosca conformada, conforme previsto pelo fabricante da ferramenta. Na

Figura 54(a) notamos também um acabamento inferior da crista do filete para a base do filete

de rosca. Isto ocorre devido ao fato do coeficiente de atrito ser maior para a ferramenta com

cobertura prejudicando o acabamento superficial do filete.

Na Figura 54(b) o tamanho da crista se mantém proporcional ao encontrado na Figura

54 (a), mas o acabamento do perfil de rosca em uma análise visual de forma geral é muito

superior com a ferramenta sem cobertura.

77

(a)

(b)

Figura 54. Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura do perfil de rosca;

(a) velocidade de 80 m/min, diâmetro de 9,3 mm e ferramenta com cobertura e (b)

velocidade de 80 m/min, diâmetro de 9,3 mm e ferramenta sem cobertura

Baseado nas análises anteriores via microscopia ótica e microscopia eletrônica de

varredura, pode-se verificar que os melhores acabamentos foram produzidos com a

velocidade de deformação de 100 m/min. Apesar do furo inicial recomendado pelo fabricante

da ferramenta ser de 9,3 mm, o melhor preenchimento do perfil de rosca ocorreu com o

diâmetro de 9,1 mm. Finalizando, considerando a taxa de preenchimento e o acabamento

superficial do filete de rosca, a melhor estratégia para um produto de boa qualidade é a

produção de roscas com machos sem cobertura, minimizando atrito e consequentemente

esforços de corte, diâmetro inicial de 9,1 mm e velocidade de deformação de 100 m/min.

78

79

CAPÍTULO 5

5. CONCLUSÕES

As seguintes conclusões puderam ser obtidas desse presente trabalho:

Os gráficos tanto de força axial quanto de torque, gerados a partir da aquisição de sinais,

apresentaram um comportamento semelhante em todos os experimentos, com

crescimento na parte cônica do macho e constância na parte cilíndrica;

Considerando a força axial, os fatores que se mostraram influentes foram a velocidade de

deformação, o diâmetro inicial do furo e a interação entre diâmetro inicial do furo e o tipo

de cobertura da ferramenta;

Ainda avaliando-se a força axial, a interação entre diâmetro inicial do furo e tipo de

ferramenta teve significância nos seguintes pares: diâmetro de 9,5mm com a ferramenta

com cobertura e com a ferramenta sem cobertura em análise feita utilizando-se o teste de

Tukey;

Avaliando o torque no processo, os fatores de influência foram o diâmetro inicial do furo

e a interação entre diâmetro inicial do furo e tipo de ferramenta;

Além disso, avaliando o torque, a interação entre diâmetro inicial do furo e tipo de

ferramenta teve significância devido ao par diâmetro de 9,1mm com a ferramenta sem

cobertura, pois esse par apresentou significância nos dois desdobramentos realizados pelo

teste de Tukey;

Analisando a taxa de preenchimento, os fatores de influência foram o diâmetro inicial do

furo e o tipo de ferramenta utilizado;

As roscas produzidas alcançaram o perfil desejado com uma excelente taxa de

preenchimento para roscas conformadas com diâmetros iniciais de 9,1 mm e em alguns

casos com diâmetro de 9,3 mm;

Considerando conjuntamente a taxa de preenchimento e o acabamento superficial do

filete de rosca a melhor estratégia para um bom produto é a produção de roscas com

machos sem cobertura, diâmetro inicial de 9,1 mm e velocidade de deformação de 100

m/min.

Devido ao fato de ser uma liga fundida, aconselha-se prudência na escolha dos

parâmetros de laminação para a realização do processo de roscamento, utilizando-se

como referência os parâmetros definidos neste trabalho.

80

81

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