anÁlise de baterias caixas gretsch full range series … · xas de madeira porque gosto do som...
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ANÁLISE DE BATERIAS
CAIXAS GRETSCHCAIXAS GRETSCH
caixa é o elemento central dentro de um setup de ba-
teria. Todos os rudimentos, toque simples, toque du-
plo, “paradidles” foram criados e desenvolvidos para a cai-
xa, e mais tarde, transportados para tambores e pratos. Até
a invenção do suporte (estante) de caixa no início do sécu-
lo 20, os músicos usavam as caixas apoiadas em cadeiras ou
penduradas ao ombro presas por tiras de couro, como são
Cesar [email protected]
A
A emblemática marca de baterias, fundada em 1883 nos EUA peloimigrante alemão Fredrich Gretsch, completa 125 anos e lança a série FullRange de caixas
Full Range Series
usadas em bandas marciais. Com suportes de caixa e pedais
de bumbo mais práticos e eficientes, desde o início do sécu-
lo passado, um só músico pode executar o trabalho feito
anteriormente por três, já que um tocava o bumbo, outro a
caixa e um terceiro os pratos e blocks de madeira. Surgiam
assim a bateria e o baterista. De lá para cá a indústria evo-
luiu e, com a chegada de novas tecnologias e muita pesqui-
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sa, o universo das caixas cresceu rapi-
damente, abrindo um leque de novos
materiais, medidas e sonoridades.
Tudo isso acabou definindo padrões
por meio de novos timbres que passa-
ram a ser marca registrada de alguns
bateristas que até hoje são reconheci-
dos pelo som pessoal e exclusivo de
suas caixas.
A série Full Range de Gretsch é fabricada
na China e composta exclusivamente
por caixas. A Sonotec Music&Sound, re-
presentante da marca no Brasil, coloca à
disposição do mercado os modelos
Hammered Polished Brass com cas-
co feito em latão martelado à mão,
Hammer Black Steel com casco em
aço também martelado à mão e Gloss
Maple em madeira (maple) com acaba-
mento natural laqueado. Todas nas medi-
das 14"de diâmetro por 5"de profundida-
de e 14"x 6 1/2". As caixas Full Range
têm aros die cast (fundido) com en-
trada para dez parafusos de afinação,
canoas (castanhas) com dupla afina-
ção para as peles batedeira e resposta,
automático Gretsch do tipo Trow Off
e cavalete do lado oposto, ambos com
regulagem de pressão da esteira, anel
de suspiro dentro do escudo com a
logomarca e vêm com peles Evans para
batedeira e resposta. A Hammered
Polish Brass tem casco de latão de
1,2mm de espessura e acabamento
martelado dourado com hardware
(ferragem) cromado e arremate de 45
graus nas bordas.
O modelo Hammer Black Steel tem
casco em aço com 1,2mm de espessu-
ra, acabamento martelado preto ni-
quelado, 45 graus no arremate das
bordas e hardware cromado. A Gloss
Maple tem o casco fabricado com dez
folhas de maple, 30 graus de inclina-
ção no chanfro das bordas, acabamen-
to externo na cor da madeira laquea-
do, e, na parte interna, o famoso selan-
te prateado “silver seler” também usa-
do desde os anos 60 nos tambores da
Gretsch fabricados nos EUA.
A Backstage convidou os bateristas
Luiz Varanda, Jorge Gomes, Cesar
Machado, Kikinho Neto e Bicudo
para tocarem e opinarem sobre o de-
sempenho das caixas Gretsch Full
Range Series.
LUIZ VARANDA
(Estúdio - Atlanta - EUA)
“Eu sempre tive preferência pelas cai-
xas de madeira porque gosto do som
mais grave, principalmente em estú-
dio. Claro que tudo vai depender do
que está sendo gravado. O que me
chamou a atenção na caixa de maple
foi o timbre, a resposta da esteira, a
afinação chega fácil, tem projeção e
ótimo volume. A de brass tem muito
volume, o som de sidestick e rimshot
é exelente, acho que se encaixaria
bem em um show ao vivo, talvez em
lugar aberto, além do acabamento ser
muito bonito. A de aço me lembra
aquela onda “funk”, meio piccollo,
apesar de ter 5" de profundidade, tem
o rimshot bem estalado além desse
acabamento black nikel ser fantásti-
co. São três sons distintos. Acho que
a Gretsch conseguiu alcançar uma
boa gama de possibilidades sonoras
com essas três caixas.”
BICUDO
(O Salto)
“Todas são lindas, não é à toa que a
Grestch está aí esse tempo todo. As
caixas são fantásticas, não tenho
nada a dizer de negativo de um ins-
trumento desses. A questão é só você
decidir em que situação usar cada uma
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delas. Eu sempre
procuro muita
projeção no som
do meu instru-
mento, por mais
que eu já toque
forte, e nesse ca-
so o som já vem
pronto e com vo-
lume. A caixa de
brass é muito ver-
sátil, tem agudo
na ponta e grave
no meio da pele,
com esse aro die
cast é uma combinação muito boa. A de
madeira tem aquele som clássico que
essas caixas devem ter. A de aço com a
ponta de agudo e bastante volume.
Também gostei desse sistema de regula-
gem de esteira dos dois lados, que facili-
ta muito na hora de achar o seu som.”
JORGE GOMES
(Beth Carvalho/ Zeca Pagodinho)
“Essa caixa de madeira me agrada
pelo peso do som da pele ser equili-
brado com o de aro e rimshot. Não
sobra aquele agudo muito alto, pelo
fato de ser maple e ter aro die cast. É
uma caixa que eu usaria para fazer
shows ao vivo com bandas com mui-
tos integrantes porque eu sei que ela
não iria ‘gritar’ no meio da banda. A
qualidade do instrumento, indepen-
dente de ser uma Gretsch, é indiscu-
tível, fora a beleza do acabamento. A
de aço eu gosto muito, tanto para o
pop, quanto para o samba também.
Fazendo samba de escola junto com a
percussão, com essa sobra de agudo
que ela tem, casa muito bem na hora
de fazer as acentuações. O som vem
pronto e fala al-
to na sua cara; se
não tiver micro-
fone, ela vai se-
gurar do mesmo
jeito. A caixa de
brass é excelente
com essa combi-
nação de aro com
regulagem de es-
teira dos dois la-
dos. Só não gosto
da sobra de agudo,
achei excedente,
talvez usasse um
abafador para segurar esses harmônicos.
No meu caso, eu só mudaria a cor das
plaquetas com a logomarca, acho que
dourada iria ficar mais bonita...”
KIKINHO NETO
(DNA)
“O som das caixas é top. Gostei das três.
Posso ficar com elas para mim?...(risos).
Eu particularmente prefiro o som das
caixas de metal. Tanto a de brass
quanto a de aço me agradaram muito.
Gostei do timbre, do sistema de regu-
lagem da esteira e principalmente da
ponta de agudo que a caixa de aço dá.
O acabamento é muito bonito, esse
martelamento dá um efeito muito le-
gal nas duas e o aro die cast facilita
“Eu sempre procuro muita projeção no som do meuinstrumento, por mais que eu já toque forte, e nesse
caso o som já vem pronto e com volume. A caixa de brassé muito versátil, tem agudo na ponta e grave no meio da
pele, com esse aro die cast é uma combinação muito boa”
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Para saber mais
e-mail: [email protected]
para quem gosta de tocar rimshot,
que é meu caso. Já a caixa de maple,
se usada com um abafador, fica
com o som mais característico da
madeira mesmo, aí também me
agrada. Eu gosto de tirar o som que
a caixa permite que seja tirado
dela, senão fica um som mentiro-
so. Cada um tem seu gosto pessoal,
mas independente disso, a série
Full Range está oferecendo três
opções excelentes de caixas de
primeira linha.”
CESAR MACHADO
(Solo/estúdio)
“A estrutura das três caixas é mui-
to boa, mas eu não gosto do meca-
nismo desse automático da estei-
ra. Diferente do automático tipo
‘gaveta’, esse sistema é mais difícil
de mexer enquanto você está to-
cando. Eu uso muito esse recurso
de mudar a sonoridade da caixa ti-
rando e colocando a esteira du-
rante a performance, e o automático
não favorece essa prática. O acio-
namento é paralelo ao corpo da cai-
xa, já o de gaveta é perpendicular,
o que facilita muito o manuseio e
pode ser fechado até com o joelho
durante a tocada. Agora os aros
com dez afinações são muito bons,
acho que toda caixa deveria ter
aro com dez furos. O sistema de
regulagem da pressão da esteira
dos dois lados também agiliza o
resultado. Quanto à sonoridade,
esse casco de madeira é muito
bom, tem som encorpado e grave do
jeito que eu gosto para tocar bossa
nova e jazz. A caixa de brass eu usaria
para um trabalho que pedisse uma
pegada mais pesada. A de aço eu co-
locaria como segunda caixa do meu
lado esquerdo, acho que com esses
aros, se você chamar a afinação para
o agudo, pode até tirar um som de
caixa piccollo desse instrumento. A
série Full Range da Gretsch está
muito boa, só trocaria esse sistema
de automático da esteira...”
“A caixa de brass eu usaria para um trabalho que pedisseuma pegada mais pesada. A de aço eu colocaria comosegunda caixa do meu lado esquerdo, acho que com
esses aros, se você chamar a afinação para o agudo, podeaté tirar um som de caixa piccollo desse instrumento”