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Caio Fraga da Luz ANÁLISE DE RESPOSTA À FREQUÊNCIA EM SUSPENSÕES DE CARROS POPULARES DO MERCADO AUTOMOTIVO BRASILEIRO. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em engenharia mecânica do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo de Souza Vieira Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Vandresen Florianópolis 2017

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Caio Fraga da Luz

A NÁ LI SE DE R ESPO STA À FR EQU ÊN CIA EM

SUSPENSÕES DE CARROS POPULARES DO MERCADO

A U T O M O T I V O B R A S I L E I R O .

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação e m e n g e n h a r i a m e c â n i c a d o C e n t r o Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo de Souza Vieira Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Vandresen

Florianópolis

2017

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Caio Fraga da Luz

Análise de Resposta à Frequência em Suspensões de Carros Populares do Mercado

Automotivo Brasileiro

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Engenheiro Mecânico” e aprovado em sua forma final pelo curso de engenharia mecânica.

Florianópolis, 4 de julho de 2017.

________________________

Prof. Carlos Enrique Niño Bohórquez, Dr.

Coordenador do Curso

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Rodrigo de Souza Vieira, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

Banca Examinadora:

________________________

Prof. Lauro Cesar Nicollazi, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Henrique Simas, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Dedico este trabalho à minha mãe que tanto me apoiou durante

minha passagem pela universidade e ao meu pai, “In

Memorian” que através do trabalho duro e da honestidade

promoveu condições materiais para que eu chegasse até aqui e

também me deixou estes atributos como valores.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria primeiramente de agradecer ao Prof. Orientador Dr. Rodrigo de Souza Vieira

que sugeriu um tema sobre o qual eu tinha afinidade e que também contribuiu com sua

experiência acadêmica e com uma revisão criteriosa deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Marcelo Vandresen, coorientador, que disponibilizou seu laboratório, seu

tempo e sua equipe de alunos para a realização dos experimentos do trabalho.

A turma de alunos de 2017 do laboratório de mecânica veicular do IFSC que auxiliou

na desmontagem dos carros e na medição das geometrias.

A Michel Fabre Almeida que a partir do seu conhecimento e pesquisa realizou os ensaios

dos amortecedores, muitas vezes se privando de seu tempo de descanso durante a noite.

A minha namorada Letícia Porto que me deu apoio e colaborou com a revisão gramatical.

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“Nada é particularmente difícil se for dividido em pequenas partes. ” (Henry Ford)

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RESUMO

O interesse deste trabalho é analisar o comportamento dinâmico vertical de suspensões veiculares e suas implicações no conforto. Modelos para sistemas vibracionais excitados pela base foram descritos e adaptados às suspensões do tipo MacPherson e eixo de torsão. Uma breve análise qualitativa sobre o conforto de passageiros quando submetidos a vibração foi feita. O laboratório parceiro disponibilizou quatro carros populares para a pesquisa: um Gol, um Uno Mille, um Fiesta e um Santana. Suas suspensões foram medidas quanto às características definidas para os modelos vibracionais: massas suspensas, massas não suspensas, constantes de amortecimento, constantes elástica de mola e constantes elásticas dos pneus. A aplicação dos modelos permitiu a obtenção de curvas de resposta à frequência das suspensões dianteiras e traseiras. Comprovou-se ao final deste trabalho a utilização de valores de frequências naturais na faixa entre 1 e 1,5��, tal qual recomendados pela literatura especializada.

Palavras-chave: Suspensões. Veículos. Resposta à frequência. Mecanismos.

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ABSTRACT

The concern of this work is to analyze the vertical dynamic behavior of vehicle suspension and its implication in the ride comfort. Base excited vibrational system models were described and adapted to the MacPherson and Twist Beam suspension constructions. A brief qualitative research about passenger ride comfort has been made. The partner laboratory made available four different entry level cars to the experiment: a Brazilian Volkswagen Gol, a Fiat Uno Mille, a Ford Fiesta and a Volkswagen Santana. The defined characteristics of vibrational models were measured including: sprung masses, unsprung masses, damping constants, spring elastic constants, and tire elastic constants. The model application enabled the getting of frequency response functions (FRF) curves for both front and rear suspensions. It was obtained, in this work, natural frequency values between 1 and 1,5�, such as recommended for designing passenger vehicles by the specialized literature.

Keywords: Suspension. Car. Frequency Response. Mechanism.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Esquemática da deflexão de um elemento de mola. F é a força, ∆x é uma deflexão.

Fonte: Autor ........................................................................................................................ 23

Figura 2.2 - Mola Helicoidal com 5 espiras ativas. Fonte: Autor .......................................... 24

Figura 2.3 - Feixe de Molas: Dimensões e forças. Fonte: Autor ............................................ 25

Figura 2.4 - Representação esquemática do sistema de 1GL excitado por força. Neste caso �(�)

é o grau de liberdade. Fonte: Autor. ..................................................................................... 27

Figura 2.5 – Representação esquemática do Sistema 1GL excitado por deslocamento da base.

Fonte: Autor......................................................................................................................... 28

Figura 2.6 - Resposta genérica do sistema a oscilação do solo. Fonte: Autor. ....................... 29

Figura 2.7 – Representação esquemática do Modelo 1/4 de Carro. Fonte: Autor ................... 30

Figura 2.8 - Diagrama de corpo livre para as massas. Fonte: Autor ...................................... 31

Figura 2.9 – Partes constituintes principais do mecanismo típico de uma suspensão MacPherson.

Adaptado de: Jazar (2014 p. 509). ....................................................................................... 34

Figura 2.10 - Representação cinemática do Mecanismo. Fonte: Autor .................................. 35

Figura 2.11 - Suspensão de eixo de torsão um Ford Fiesta. Fonte: Autor .............................. 35

Figura 2.12 - Representação plana de uma suspensão de eixo de torsão. Posição de amortecedor

e mola dependem do projeto e podem variar ao longo do braço. Fonte: Autor ...................... 36

Figura 2.13 – Mola em alavanca. Fonte: Autor ..................................................................... 36

Figura 2.14 - Mola fixada na alavanca. Fonte: Autor ............................................................ 38

Figura 2.15 - Mola inclinada em peça deslizante. Fonte: Autor ............................................ 39

Figura 2.16 - Suspensão MacPherson. Relações geométricas. Extraído de: Jazar (2014 p. 944)

............................................................................................................................................ 39

Figura 2.17 - Modelo Geogebra para suspensão MacPherson. Fonte: Autor. ........................ 40

Figura 2.18 - Modelo Geogebra para suspensão de eixo de torsão. Fonte: Autor................... 41

Figura 2.19 - Lotus Suspension Analyser. Interface de usuário e modelo. Fonte: Autor. ....... 41

Figura 2.20 - Sistema de coordenadas Lotus. Adaptado de: Pixabay (Creative Commons CC0).

............................................................................................................................................ 42

Figura 2.21 - Visão de uma suspensão MacPherson no Lotus. Os círculos rosas representam os

pontos a definir. Fonte: Autor. ............................................................................................. 42

Figura 2.22 - Tolerância humana à vibração vertical. Adaptado de: Gillespie (1992 p. 183) . 44

Figura 2.23 - Linhas de desconforto constante. Adaptado de: Leatherwood et al. (1980). ..... 45

Figura 3.1 - Torre da suspensão frontal do gol, parcialmente desmontada. Fonte: Autor. ...... 46

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Figura 3.2 - Suspensão traseira do Gol. Eixo de torsão. Compartimento do estepe à mostra.

Fonte: Autor......................................................................................................................... 46

Figura 3.3 – Visão geral do Gol. Fonte: Autor. ..................................................................... 46

Figura 3.4 - Suspensão dianteira do Uno. Fonte: Autor. ........................................................ 47

Figura 3.5 - Suspensão Traseira do Uno. Fonte: Autor. ........................................................ 47

Figura 3.6 - Visão do Fiat Mille Fire. Fonte: Autor. ............................................................. 47

Figura 3.7 – Detalhe da instalação de mola e amortecedor na suspensão traseira do Ford Fiesta.

Fonte: Autor......................................................................................................................... 48

Figura 3.8 - Visão geral do Ford Fiesta. Fonte: Autor. .......................................................... 48

Figura 3.9 - Suspensão Frontal do Santana. Fonte: Autor. .................................................... 49

Figura 3.10 - Suspensão traseira do Santana. Fonte: Autor. .................................................. 49

Figura 3.11 -Visualização geral do Santana. Fonte: Autor. ................................................... 49

Figura 3.12 - Uso de balança automotiva, pesagem do Fiat Uno. Fonte: Autor ..................... 50

Figura 3.13 - Comparação das massas. Fonte: Autor ............................................................ 52

Figura 3.14 - Mola Helicoidal veicular. Fonte: Autor ........................................................... 53

Figura 3.15 - Ensaio de molas dianteiras. Resultados e linearização. Fonte: Autor ............... 54

Figura 3.16 - Ensaio de molas traseiras. Resultados e linearização. Fonte: Autor .................. 54

Figura 3.17 - Ensaio da constante elástica da suspensão diretamente na roda traseira do Uno.

Fonte: Autor ........................................................................................................................ 55

Figura 3.18 - Maquina de ensaio de amortecedores. Fonte: Autor ......................................... 56

Figura 3.19 - Sistema de aquisição feito sob medida. Fonte: Autor ....................................... 56

Figura 3.20 - Amortecedor do Fiesta traseiro, relação entre força e posição, frequência 1Hz.

Fonte: Autor ........................................................................................................................ 57

Figura 3.21 -Amortecedor do Fiesta dianteiro, relação entre força e posição, frequência 1Hz.

Nota-se uma quebra na continuidade da força no primeiro quadrante. .................................. 58

Figura 3.22 - Amortecedor do Fiesta traseiro, relação entre força e velocidade, frequência 1Hz.

Fonte: Autor ........................................................................................................................ 58

Figura 3.23 - Amortecedor do Fiesta traseiro, relação entre amortecimento e velocidade,

frequência 1Hz. Fonte: Autor. .............................................................................................. 59

Figura 3.24 - Amortecedor do Fiesta traseiro, Relação entre amortecimento e posição frequência

1Hz. Fonte: Autor ................................................................................................................ 59

Figura 3.25 - Instalação da roda no equipamento para medição dos pneus. Fonte: Autor ...... 61

Figura 3.26 – Curvas de medição dos pneus na prensa hidráulica. Carga diametral por

comprimento referencial. Fonte: Autor ................................................................................. 62

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Figura 3.27 – Representação Gráfica do modelo no GeoGebra para suspensões Macpherson

planas. Fonte: Autor ............................................................................................................. 64

Figura 3.28 - Goniômetro digital preciso. Fonte: Autor. ....................................................... 65

Figura 4.1 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Dianteiras para a Tração. Fonte:

Autor ................................................................................................................................... 69

Figura 4.2 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Dianteiras para compressão. Fonte:

Autor ................................................................................................................................... 70

Figura 4.3 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Traseiras para a Tração. Fonte:

Autor ................................................................................................................................... 70

Figura 4.4 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Traseiras para a Compressão. Fonte:

Autor ................................................................................................................................... 71

Figura 0.1 – Sistema de 1GL ................................................................................................ 82

Figura 0.2 - Diagrama de corpo Livre .................................................................................. 82

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Frequências de sensibilidade crítica de estruturas do corpo humano. ............... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Carga na Roda para cada suspensão. Precisão de 0,5 ��� ................................. 51

Tabela 3.2 - Compilação das massas suspensas. “N/A” representa componente inexistente. “–”

representa que o componente foi pesado em conjuntos/subsistemas diferentes. .................... 51

Tabela 3.3 - Resumo de massas por roda .............................................................................. 52

Tabela 3.4 - Constantes elásticas das molas. ......................................................................... 55

Tabela 3.5 - Constantes dos coeficientes de amortecimento. ................................................. 60

Tabela 3.6 – Constantes elásticas radiais dos pneus. ............................................................. 62

Tabela 3.7 - Coleta de medidas planas da suspensão. Onde existem dois valores a medida foi

realizada nos dois lados do carro esquerdo e direito e por uma questão de avaliação a média

será utilizada. ....................................................................................................................... 65

Tabela 4.1 - Razões de movimento conforme Lotus e GeoGebra. ......................................... 67

Tabela 4.2 - Listagem de dados numéricos para cálculo. ...................................................... 68

Tabela 4.3 - Frequências de ressonância e respectivos valores de transmissibilidade para

diferentes situações através do uso do modelo de ¼ de veículo. ........................................... 71

Tabela 4.4 - Aproximações para 1GL para Fatores de amortecimento e frequências de

ressonância. ......................................................................................................................... 72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

a.c - Antes de Cristo

FRF – Função de Resposta a Frequência, Frequency Response Function

IFSC – Instituto Federal de Santa Catarina

S.I. – Sistema Internacional de Unidades

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

1GL – Um grau de liberdade

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LISTA DE SÍMBOLOS

¼ - Um quarto.

� − Valor arbitrário de amplitude.

� − Constante de amortecimento de um amortecedor idealizado.

�� − Amortecimento Crítico

��� − Constante de amortecimento equivalente para um amortecedor virtual.

���� − Constante de amortecimento equivalente para um amortecedor virtual em

situação de tração.

���� − Constante de amortecimento equivalente para um amortecedor virtual em

situação de compressão.

�� − Constante de amortecimento de um amortecedor real.

[�] − Matriz de amortecimentos

�� − Energia Potencial

{�} − Vetor de excitações genérico

� − Força com módulo indicado pela letra “F”.

�� − Força externa.

{�} − Vetor de excitações periódicas

[�] − Matriz de rigidez dinâmica do sistema

� − Valor de gravidade ou unidade representada por uma aceleração igual ao do valor

da gravidade.

� − Unidade do número imaginário.

� − Constante Elástica de uma mola idealizada.

��� − Constante elástica equivalente para uma mola virtual.

�� − Constante elástica de uma mola real.

�� − Constante elástica radial do pneu linearizada na região de operação

[�] − Matriz de rigidez

�� – Unidade de medida de massa S.I., Kilograma.

� - Comprimento

� – Massa

�� – Massa suspensa, Sprung mass

�� − Massa não suspensa, Unsprung mass

[�] − Matriz de massas

�� − Razão de movimento, motion ratio

� − Unidade de medida de força do S.I., Newton.

��{−} − Parte real do termo

rad/s – Unidade de Frequência, radianos por segundo.

�(�) − Posição da base em função do tempo.

�̇(�) − Velocidade da base em função do tempo.

�̈(�) − Aceleração da base em função do tempo.

� − Módulo de um termo da transmissibilidade

[�(�)] − Matriz de funções resposta a frequência: Transmissibilidade.

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� − Trabalho

� − Eixo coordenado ou posição.

�� − Posição inicial

�̇ − Variação instantânea posição em determinado tempo, velocidade.

�̈ − Variação instantânea da velocidade em determinado tempo, aceleração

��(�) − Posição do grau de liberdade das massas suspensas como função do tempo.

�̇�(�) − Velocidade do grau de liberdade das massas suspensas como função do tempo.

�̈�(�) − Aceleração do grau de liberdade das massas suspensas como função do tempo.

��(�) − Posição do grau de liberdade das massas não suspensas como função do tempo.

�̇�(�) − Velocidade do grau de liberdade das massas não suspensas como função do

tempo.

�̈�(�) − Aceleração do grau de liberdade das massas não suspensas como função do

tempo.

�� − Amplitude real da função ��(�)

�� − Amplitude real da função ��(�)

��� − Amplitude complexa da função ��(�)

��� − Amplitude complexa da função ��(�)

{�} − Matriz de amplitudes dos Graus de Liberdade

� − Ângulo de inclinação

� – Ângulo de inclinação

� − Fator de amortecimento.

∆� − Variação na força

∆� – Variação da posição em um sistema de coordenadas indicado por x.

∆� − Variação da posição em um sistema de coordenadas indicado por y.

� − Frequência angular

�� − Frequencia natural de sistemas livres amortecidos.

�� – Frequência de ressonância, Frequência de máxima amplitude da resposta

��,� − Frequência natural não amortecida para um sistema massa mola entre pneu e

massas não suspensas.

�� − Frequência natural não amortecida

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SUMÁRIO

1 Introdução .......................................................................................................... 19

1.1 A suspensão ................................................................................................ 19

1.2 Justificativa ................................................................................................. 21

1.3 Objetivos ..................................................................................................... 21

1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 21

1.3.2 Objetivos específicos .............................................................................. 22

1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................... 22

2 Revisão Bibliográfica ......................................................................................... 23

2.1 Elementos de Inércia, mola e amortecedor. .................................................. 23

2.1.1 Mola....................................................................................................... 23

2.1.2 Amortecedor .......................................................................................... 25

2.1.1 Elemento de inércia ................................................................................ 26

2.2 Resposta do oscilador de um grau de liberdade ............................................ 26

2.3 Modelo Vibracional de ¼ de veículo. .......................................................... 29

2.4 Classificação de suspensões ........................................................................ 33

2.4.1 MacPherson ........................................................................................... 33

2.4.2 Eixo de torção ........................................................................................ 35

2.5 Elementos equivalentes para sistemas vibracionais (Razão de movimento) .. 36

2.5.1 Aproximações Analíticas Algébricas ...................................................... 37

2.5.2 Método por simulação Geométrica ......................................................... 40

2.5.3 Método C.A.E. (Lotus) ........................................................................... 41

2.6 Conforto humano a frequência de oscilação ................................................. 42

3 Modelo Experimental ......................................................................................... 45

3.1 Descrição dos veículos ................................................................................ 45

3.1.1 Gol ......................................................................................................... 46

3.1.2 Uno ........................................................................................................ 47

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3.1.3 Fiesta ..................................................................................................... 48

3.1.4 Santana .................................................................................................. 49

3.2 Medição de elementos ................................................................................. 50

3.2.1 Massas e cargas ...................................................................................... 50

3.2.2 Molas ..................................................................................................... 52

3.2.3 Amortecedores ....................................................................................... 56

3.2.4 Pneus ..................................................................................................... 60

3.3 Medição Geométrica ................................................................................... 63

4 Modelo Analítico e Resultados ........................................................................... 67

5 Conclusões ......................................................................................................... 73

5.1 Trabalhos futuros ........................................................................................ 75

6 Referências ........................................................................................................ 77

Apêndice A – Código de Programação ................................................................................. 79

Apêndice B – Análise de resposta para sistemas vibratórios para 1 grau de liberdade. .......... 82

Apêndice C – Registros de medição ..................................................................................... 85

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19

1 INTRODUÇÃO

1.1 A SUSPENSÃO

A invenção do par de rodas afixadas a um eixo se deu no final do período neolítico, por

volta de 3500a.C., já após a sedentarizarão das primeiras civilizações humanas (WOLCHOVER,

2012). Esse avanço permitiu a construção de veículos primitivos a tração humana ou animal

que com o uso nas atividades de transporte de carga causou uma rápida popularização mundial

da novidade. Alguns melhoramentos foram feitos durante a idade do bronze e do ferro como as

rodas raiadas e o uso de mancais madeira metal, porém, durante diversos séculos o modelo de

construção básico se manteve inalterado.

O período do renascimento trouxe a expansão das atividades de comércio, deslocamento

humano e a colonização. A intensificação da necessidade de transporte causou uma busca por

melhoria do equipamento quanto ao quesito de conforto. Nessa época começou a se adotar o

que conhecemos por carruagem, sendo empregados bancos acolchoados e posteriormente em

alguns casos feixes de mola primitivos feitos em couro. (CHEVROLET, 1936) A revolução

industrial popularizou o uso de aço. A primeira patente de feixe de molas, nesse material, data

de 1804 sendo conhecidas por molas elípticas dada a sua curvatura. (CHEVROLET, 1936)

Também na revolução, a exploração da borracha natural permitiu a sua adoção como

revestimento nas rodas.

Os primeiros automóveis começaram a aparecer no final do século XIX sendo

significativo o desenvolvido por Daimler em 1886. Nessa época os projetos não passavam de

adaptações de carruagens originalmente a cavalo modificadas para receber motorização.

(BASTOW, et al., 2004)

O desenvolvimento da indústria automotiva propriamente dita, trouxe velocidade ao

conjunto dando luz a problemas menosprezados até então. As irregularidades da pista passaram

a causar um efeito ainda maior no conforto, trocando os eventuais solavancos lentos das

carroças por vibrações mais continuas, rápidas ou amplificadas. No início do século XIX os

pneus balão passaram a ser empregados a fim de atenuar as vibrações rápidas de menor

intensidade e manter a tração. Ainda nesse período foi introduzido o amortecedor hidráulico

para diminuir a amplitude das vibrações mais longas. (CHEVROLET, 1936)

Com esta perspectiva histórica compreendemos o desenvolvimento da suspensão em

relação a sua função e às necessidades humanas. Para fins deste trabalho é necessário, no

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20

entanto, estabelecer um entendimento moderno do que é suspensão, que abarque os objetivos

pretendidos. Também é importante definir as funções intrínsecas desse sistema de modo a

possibilitar a sua análise.

Segundo Jazar (2014) suspensão é “O que liga as rodas ao chassi do veículo e permite

o movimento relativo”. Já no “Dicionário de engenharia automotiva” (GOODSELL, 1989) é

definida como “Meios por qual o corpo do veículo é suportado por sua base compreendendo

molas, amortecedores e barras de ligação. ” Neste trabalho será adotada uma definição própria,

baseada na de Jazar (2014), porém mais ampla, sendo: “Todo o sistema que transmite forças

do solo para o chassi e permite o movimento relativo”. Dessa forma é considerado o efeito

dos pneus como sendo parte integrante de nossa suspensão. Com uma delimitação clara da

constituição desse sistema devemos agora definir sua funcionalidade no veículo e nosso

interesse nesta.

A observação de que a pista no qual o veículo trafega sempre possui alguma

irregularidade (GILLESPIE, 1992) nos leva a terceira lei de Newton, princípio da ação e reação,

onde o carro sofre uma força de ação advinda do plano da pista que resulta numa reação no

motorista e nos componentes mecânicos. A contínua passagem por múltiplas irregularidades na

pista leva a um conjunto contínuo de reações chamado de vibração. (CHEVROLET, 1936). A

suspensão, incluindo os pneus, tem papel importante em isolar e dissipar vibrações sendo esta

função o escopo deste trabalho. (GILLESPIE, 1992) (ADAMS, 1993) (DA ROSA, et al., 2012)

(JAZAR, 2014) (RILEY) (CHEVROLET, 1936).

É senso comum que a existência de suspensões mais rígidas (duras) ou menos rígidas

(macias) sendo que o passageiro pode perceber subjetivamente essa variação através dos

sentidos durante o passeio. A opinião, todavia, não é suficiente para a realização de um estudo

mais aprofundado levando a necessidade da definição de variáveis de engenharia mensuráveis.

Desta forma é possível prever a priori, na fase de projeto, o comportamento de uma suspensão

e fazer a posteriori a análise de um sistema pré-existente. Também é permitida a criação de

uma ponte, através da estatística, entre a percepção humana de conforto a vibração e essas

variáveis de técnicas.

Serão utilizados dois parâmetros numéricos mensuráveis que descrevem o

comportamento de uma suspensão a vibração vertical.

Frequência de ressonância �� , é um valor medido em Hertz (Hz) ou radianos por

segundo (rad/s) representando a frequência onde a transmissão de vibração é máxima.

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21

Fator de amortecimento �, nesse caso é um parâmetro relativo adimensional relacionado

à dissipação de energia e cuja intensidade é particularmente interessante para redução da

vibração na região próxima à ressonância.

1.2 JUSTIFICATIVA

Nos diversos cursos relacionados à área automotiva, quando se discute a engenharia de

suspensões são repassados ao aluno valores recomendados de frequência natural e fator de

amortecimento. Os números podem ser encontrados em várias fontes, sendo citados por

múltiplos autores, entretanto é comum que eles sejam colocados apenas como recomendação.

Gillespie (1992), por exemplo, sugere em seu livro valores de �� = 0,90~1,5�� para carros

de passeio e de �� = 2,0~2,5�� para os de competição, Bastow (2004 p. 27) afirma que os

fabricantes utilizam �� = 1~1,5�� para carros de passeio e acima disso para os esportivos.

As indicações são justificadas com base no conforto humano. Não é comum, entretanto,

o aprofundamento nesse assunto de modo a corroborar a indicação do ponto de vista teórico.

Também, na questão de aplicação prática, esse tipo de dado não é informado pelos fabricantes

de veículos sendo que os parâmetros de projeto são tratados muitas vezes como segredo

industrial.

Desta forma fica a dúvida se tais valores são realmente passados pela indústria

automotiva aos seus produtos no que se refere a frequências naturais de suspensões e fatores de

amortecimento. Fica aqui então levantada a dúvida que ensejou tal pesquisa.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso é caracterizar suspensões de

automóveis considerados populares, brasileiros, através de parâmetros vibracionais de

frequência de ressonância e fator de amortecimento a fim de possibilitar análise e comparação

entre teoria e prática.

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22

1.3.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos:

Escolha e adaptação de modelo vibratório para representação de suspensões.

Medição de características físicas de veículos comerciais.

Produção de curvas de resposta à frequência através da aplicação do modelo.

Análise dos resultados obtidos do ponto de vista da teoria disponível para projeto

de veículos.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O texto é dividido em 5 capítulos: Introdução, Revisão Bibliográfica, Modelo

Experimental, Modelo Analítico e Resultados e Conclusão.

Na Introdução é apresentado o assunto que levou ao tema, contextualizando o problema,

bem como os objetivos e a justificativa.

A parte de Revisão Bibliográfica elenca métodos e informações disponíveis na literatura

que possibilitem a criação de um modelo permitindo a análise. Também é mostrada a relação

entre conforto humano e frequência natural da suspensão de um veículo.

No capítulo do Modelo Experimental é mostrado o processo de medição dos veículos

abordando aspectos de teoria e prática.

O capítulo do Modelo Analítico e Resultados consiste na aplicação dos conhecimentos

da revisão bibliográfica de modo a adquirir dados resultantes que serão analisados pela

perspectiva da bibliografia estudada.

Ao final a conclusão leva a um entendimento sobre a validade das recomendações de

projeto de suspensões dos autores da área automotiva e também discutir sobre novos fatores

que forem detectados pela execução deste trabalho.

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23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ELEMENTOS DE INÉRCIA, MOLA E AMORTECEDOR.

Na teoria de vibrações se utilizam 3 tipos de elementos idealizados: massa, mola e

amortecedor. Um arranjo desses componentes pode compor um sistema oscilatório (RAO,

2010) (MEIROVITCH, 1970), que serão definidas dentro do universo deste trabalho.

2.1.1 Mola

Definiremos mola conforme uma adaptação do que é postulado por Budynas (2015).

Desta forma elemento de mola é aquele que responde estaticamente a aplicação de uma força

longitudinal com uma deflexão determinada na mesma direção, como ilustrado pela Figura 2.1.

A força interna presente no componente é sempre no sentido de retornar à posição livre, sem

carga, por isso também é chamada de força restitutiva.

Figura 2.1 – Esquemática da deflexão de um elemento de mola. F é a força, ∆x é uma deflexão. Fonte: Autor

Neste estudo as molas podem ser consideradas lineares para uma dada região de

operação de modo que seja conveniente estabelecer um coeficiente constante de rigidez �

Budynas (2015)

Para dada posição de operação �� é aplicada uma pequena variação ∆� na força de

modo que a deflexão se altere por ∆�, então:

� =∆�

∆� (1)

A aplicação gradativa de uma força durante um dado deslocamento realiza trabalho, e

esta energia fica armazenada na estrutura do material e pode ser devolvida à fonte à medida que

a força é retirada. Por isso dizemos que a mola é um agente que armazena energia potencial.

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24

A energia absorvida por uma mola linear durante a aplicação de uma força pode ser descrita

pela equação (3).

�� =1

2�(∆�)� (2)

De todas as possíveis concepções utilizadas atualmente na fabricação de molas

veículares 1 neste trabalho serão apresentados apenas dois tipos, as helicoidais e as semi-

elípticas. Como convenção deste trabalho, a constante elástica de um destes dispositivos será

denotada por �� (spring).

Molas helicoidais automotivas tem o formato de um fio de aço enrolado em hélice,

geralmente com algumas espiras das extremidades modificadas para permitir o acoplamento

mecânico. Segundo Budynas (2015) o �� da mola pode ser calculada de forma aproximada pela

equação (4).

�� =���

8 ��� (3)

Figura 2.2 - Mola Helicoidal com 5 espiras ativas. Fonte: Autor

Onde � é o numero de espiras ativas, isto é, as que fazem parte de uma hélice idealizada

e se deformam sob uma força, � é o diâmetro do fio, � é o diâmetro médio da mola e � é

modulo de cisalhamento do material. A Figura 2.2 mostra as dimensões características para o

cálculo da rigidez de uma mola. Quanto às propriedades do material, segundo Budynas (2015)

1 Sugere-se a leitura de Jazar (2014) e Reimpel (2001) para visualizar as possíveis concepções de molas

voltadas a suspensões veiculares.

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25

o valor de � para aços carbono, material comumente utilizado para molas incluindo todas as

deste trabalho é constante em torno de 79,4 ���.

Um segundo tipo construtivo é o chamado feixe de molas também conhecido como

semielíptico. Nesta forma várias lâminas longas de materiais são empilhadas e presas

verticalmente de modo que o conjunto seja similar a uma viga, permitindo, porém, o

escorregamento entre as camadas, diminuindo assim a rigidez. A Figura 2.3 representa as forças

em uma um feixe de molas durante o funcionamento, bem como as dimensões principais.

Figura 2.3 - Feixe de Molas: Dimensões e forças. Fonte: Autor

Para uma mola construída conforme a norma NBR 8567 (ABNT, 1984) a rigidez pode

ser calculada para uma força � colocada em seu centro (conforme mostrado na figura 2.3) por

aproximadamente:

�� =8 � � � ℎ�

3 �� (4)

Onde � é o número total de laminas; � é a largura; ℎ é a espessura de cada lamina, � é

o comprimento de lado a lado e � é o módulo de elasticidade, geralmente � = 207 ��� para

o aço carbono (BUDYNAS, 2015).

Apesar da disponibilidade das aproximações algébricas para obtenção de �� será

preferido calcular este valor através de ensaios de compressão onde se pode obter a curva da

função (1) e aplicar aproximação linear de (2). O método algébrico traz certos problemas dada

a imprecisão da medição geométrica e a deformidade do formato em hélice nas extremidades.

2.1.2 Amortecedor

Um elemento de amortecimento é aquele cuja resposta a uma força longitudinal aplicada está

associada a uma velocidade. A força interna neste componente é sempre contrária em sentido à

velocidade desde que dentro dos seus limites de funcionamento. O trabalho realizado por uma

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26

força em um amortecedor é sempre perdido, seja na forma de calor ou de outros tipos de energia

não aproveitáveis. Logo, o amortecedor é considerado um elemento dissipativo no sistema. A

força atuante no amortecedor � será sempre função da velocidade de movimento linear dada

por �̇ . No caso de um amortecedor linear, esta função é inear, proporcional a uma constante de

amortecimento � tal que:

� = � �̇ (5)

Amortecedores comerciais utilizados em veículos são em geral hidráulicos, cujo

princípio de funcionamento se dá por efeito viscoso. Durante o movimento do êmbolo interno,

um fluido passa de uma câmara para outra por pequenos canais cuidadosamente fabricados.

Contam, também, com válvulas direcionais de modo que sua ação varia dependendo do sentido

da velocidade. O coeficiente de amortecimento, dessa forma, é diferente dependendo do sentido

de funcionamento, sendo cerca de 3 vezes maior para a tração (rebound) do que para a situação

de compressão (bump). Menor amortecimento é desejável, ao encontrar uma perturbação na

pista na forma de uma elevação súbita, dessa forma a pequena força resistente permite uma

menor transmissão das vibrações para os passageiros. Maior amortecimento é benéfico quando

o veículo ultrapassa o obstáculo e deve retornar à posição neutra, durante este movimento a

energia contida na mola deve ser absorvida suavemente, culminando na diminuição de grandes

oscilações após o retorno (GILLESPIE, 1992) (DIXON, 2007) (BASTOW, et al., 2004). Neste

trabalho a constante de amortecimento dos dispositivos descritos será referida por ��.

Por último, a potência dissipativa instantânea de um amortecedor linear é dada por:

��� = � �̇� (6)

2.1.1 Elemento de inércia

Um elemento de inércia é aquele que cuja aplicação de uma força implica em uma

aceleração. Um objeto que possa ser considerado um corpo rígido de determinada massa se

comporta como um elemento de inércia, respeitando os três enunciados conhecidos como Leis

de Newton. A segunda lei define a relação entre força e massa:

� = � �̈ (7)

2.2 RESPOSTA DO OSCILADOR DE UM GRAU DE LIBERDADE

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O estudo de um oscilador com um grau de liberdade (1GL) é pertinente na área de

vibrações, pois ele permite a previsão do comportamento de diversos sistemas mecânicos. No

caso deste trabalho, ele é uma base para compreensão dos conceitos que envolvem modelos

com mais graus e, também permite que seja feita uma comparação dos efeitos de acoplamento.

Figura 2.4 - Representação esquemática do sistema de 1GL excitado por força. Neste caso �(�) é o grau de liberdade. Fonte: Autor.

A Figura 2.4 representa o oscilador de um grau de liberdade, consistindo numa massa

excitada por uma força variante no tempo, ligada a uma mola e um amortecer. Rao (2010) traz

uma dedução matemática detalhada do comportamento do sistema, e para fins de consulta uma

adaptação está disponível junto ao APÊNDICE B. São importantes os seguintes parâmetros

encontrados nesta análise:

Frequência natural �� , é a frequência da oscilação em que um sistema oscilatório não

amortecido vibra naturalmente, ou seja, quando não está sujeito a nenhuma variação de força

externa. Para o caso de excitação periódica, este valor coincide com a máxima resposta à

frequência do sistema, onde a amplitude da resposta é máxima em relação a amplitude da

excitação. Para o caso de uma mola com constante � e uma massa �:

�� = �

(8)

Introduzindo amortecimento no sistema, um outro parâmetro passa a ser relevante, o

fator de amortecimento �. Esta constante é uma razão entre o coeficiente de amortecimento do

sistema e o seu valor crítico. O amortecimento crítico, ��, é aquele que levaria o sistema o mais

rápido possível ao repouso. A unidade adimensional de � , permite a comparação entre

diferentes sistemas pois considera o amortecimento ponderado pelos efeitos da massa e da

rigidez. Neste caso para o oscilador 1GL, � é definido como:

� =�

��=

2���=

2√�� (9)

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28

Para sistemas amortecidos e excitados por uma força periódica diretamente na massa, a

frequência natural não mais representa o ponto de maior resposta, alterando-se com ξ.

�� = �� �1 − 2ξ� (10)

No entanto existe uma outra situação, um sistema vibratório diferente, formado por

massa, mola e amortecedor, mas dessa vez excitado pelo movimento �(�) da base, conforme

representado na Figura 2.5.

Figura 2.5 – Representação esquemática do Sistema 1GL excitado por deslocamento da base. Fonte: Autor.

A resposta neste caso se dá pela FRF (Frequency Response Function) ��(�) conhecida

como Transmissibilidade que representa a relação entre a amplitude do movimento da base e a

do movimento da massa (RAO, 2010). Em módulo tem-se o valor dado pela equação (14) e

representado graficamente na Figura 2.6. Observa-se que a função se inicia na unidade, ou seja,

para baixas frequências a posição da massa copia a posição da base. Para frequências muito

altas comparado a �� a vibração tende a zero, e é atenuada totalmente.

���(�)� = �

�� + (��)�

(� − ���)� + (��)�= �

1 + �2ξ�

���

�1 − ����

��

��

+ �2ξ�

���

(11)

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29

Figura 2.6 - Resposta genérica do sistema a oscilação do solo. Fonte: Autor.

Diferentemente de um sistema excitado por uma força, a excitação pela base provoca

uma frequência amortecida de máxima amplitude dada por �� onde:

��

��=

1

2���1 + 8�� − 1�

�/�

(12)

São utilizadas notações diferentes para �� e �� para evitar confusão entre o caso de

um sistema excitado por uma força e por uma base.

2.3 MODELO VIBRACIONAL DE ¼ DE VEÍCULO.

Sendo o automóvel no todo um sistema mecânico complexo, é preciso um certo nível

de abstração para realização de qualquer análise. A teoria de vibrações será aplicada a partir de

um modelo linear já conhecido para essa situação. É importante ressaltar que nem todo sistema

permite a análise linear, mas nesse caso em específico ela serve como uma boa ferramenta para

o estudo da suspensão. Os requisitos para esta aproximação foram vistos no início do capítulo

e as peças reais, presentes nos veículos, serão conferidas com o desenvolvimento do presente

trabalho a fim de assegurar que sigam esse comportamento.

Jazar (2014) recomenda em seu livro diversos modelos para análise de suspensões. Ao

longo deste trabalho será adotada uma forma relativamente simples chamada Modelo de ¼ de

veículo. Neste, é considerado cada roda como sendo um sistema independente que responde às

variações na superfície da pista. Na realidade, sabe-se que existem efeitos adicionais que

acoplam a resposta de uma roda a outra que poderiam ser levados em conta, mas fogem do

escopo do presente trabalho.

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O esquema do modelo utilizado, é mostrado na Figura 2.1, onde se percebe a existência

de dois graus de liberdade, um dado pela chamada massa suspensa, �� (sprung mass), com o

grau ��(�) e o outro correspondente à massa não suspensa, �� (unsprung mass), com o grau

��(�). Em um veículo tem-se a massa que representa as cargas estáticas sobre as molas ��, e

diferenças entre as cargas totais suportadas pelo piso e ��, dada por ��. A massa não suspensa

representa a inércia dos componentes da suspensão em seu movimento oscilatório e conta com

aros, pneus, sistema de frenagem e parte do mecanismo, molas e amortecedores. Os critérios

exatos para medição serão vistos no Capítulo 3.

Figura 2.7 – Representação esquemática do Modelo 1/4 de Carro. Fonte: Autor

Os efeitos das constantes dos dispositivos de mola e amortecedor, �� e ��, são alterados

pelo mecanismo da suspensão, que liga as massas, de modo que neste modelo usamos uma

notação diferenciada ��� e ��� (equivalentes), a relação entre essas constantes será vista na

seção 2.5.

A excitação nesse caso se dá por variações de altura na pista de rolagem, representadas

pelo movimento �(�) de uma base. O movimento é transmitido pelo contato entre o chão e a

suspensão, que se dá por meio dos pneus cuja parte inferior se deforma verticalmente em função

de uma força aplicada e que, portanto, pode ser descrito como uma mola por uma constante de

elasticidade ��.

Com o sistema tendo suas variáveis e constantes já definidas é preciso avaliar o arranjo

de forças pelo diagrama de corpo livre. A Figura 2.8 mostra o diagrama de corpo livre para

ambas as massas considerando linearidade nos elementos de mola e amortecimento.

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31

Figura 2.8 - Diagrama de corpo livre para as massas. Fonte: Autor

Aplicando a segunda Lei de Newton para ambos os corpos:

� � = ���̈� = −���(�� − ��) − ���(�̇� − �̇�)

� � = ���̈� = ���(�� − ��) + ���(�̇� − �̇�) − ��(�� − �)

Reorganizando os termos:

���̈� + ���(�� − ��) + ���(�̇� − �̇�) + ���� = ���

���̈� + ���(�� − ��) + ���(�̇� − �̇�) = 0

Escrevendo na forma matricial:

��� 00 ��

� ��̈�

�̈�� + �

��� −���

−��� ���� �

�̇�

�̇�� + �

��� −���

−��� ��� + ��� �

��

��� = �

0���

� (13)

As matrizes podem ser representadas da seguinte forma:

[�]{�̈} + [�]{�̇} + [�]{�} = {�} (14)

A resolução do sistema requer a determinação das condições de excitação, ou seja, da

função �(�). A introdução de uma exponencial complexa é conveniente pois em um sistema

linear qualquer função periódica pode ser representada por uma soma de funções desse tipo

levando a uma resolução completa. Considerando a função �(�) como:

�(�) = ���� ����� (15)

Onde � é uma amplitude real arbitrária e a operação �� representa a parte real de uma

função.

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As respostas também podem ser escritas como exponenciais complexas e por

propriedade dos sistemas lineares conservando a mesma frequência � da excitação (RAO,

2010). Amplitude e a fase, porém, se modificam, de forma que podem ser escritas como:

��(�) = �����������∅��

��(�) = �����������∅� �

(16)

Onde �� e �� são amplitudes reais e ∅� e ∅� representam alterações da fase. Para

facilitar a escrita pode-se omitir a operação de avaliação da parte real e reunir o termo de

amplitude e fase em um só termo de modo que tenhamos amplitudes complexas ��� e ���. Assim:

��(�) = �������

��(�) = ������� (17)

Definindo as derivadas que aparecem na equação (16) para as funções definidas em

(20):

�̇�(�) = �� ������� = �� ��(�)

�̇�(�) = �� ������� = �� ��(�)

�̈�(�) = −�� ������� = −�� ��(�)

�̈�(�) = −�� ������� = −�� ��(�)

(18)

Introduzindo a função (18) como excitação em {�} e definindo um vetor de amplitudes

da excitação:

{�} = �0

�������� = ����{�}

Definindo um vetor das amplitudes complexas da resposta:

{�} = ����

���

A equação (17) pode ser escrita como:

−������[�]{�} + ������[�]{�} + ����[�]{�} = ����{�}

E remover o termo exponencial oscilatório:

(−��[�] + ��[�] + [�]){�} = {�}

[�]{�} = {�}

(19)

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Assim o sistema pode ser resolvido por inversão matricial, encontrando a FRF �(�),

transmissibilidade para este caso.

{�(�)} = [�(�)]��{�}

[�(�)]�� = ��(�)

{�(�)} = [�(�)] {�}����

(20)

[�(�)] Será um vetor com dois termos na forma:

����/�

���/��

E relaciona a amplitude do movimento dos dois graus de liberdade com a amplitude do

movimento da base. Caso a análise seja feita para a aceleração da base em relação a aceleração

da amplitude [�(�)] permanece igual pois os termos adicionados pela derivada das funções

harmônicas se cancelam. Todavia, o foco de interesse do trabalho se restringe ao primeiro termo,

que diz respeito ao grau de liberdade da massa suspensa.

2.4 CLASSIFICAÇÃO DE SUSPENSÕES

2.4.1 MacPherson

Esse tipo de suspensão tem seu nome atribuído em referência ao seu criador Earle S.

MacPherson. Esse sistema é amplamente utilizado em carros populares, sendo muito comum

na parte dianteira onde inclui a função de direção. É considerada uma suspensão independente,

ou seja, não existe nenhuma conexão mecânica direta entre as suspensões dos dois lados do

carro, sendo ambos conectados apenas ao monobloco do veículo. Uma de suas principais

vantagens é a simplicidade em termos de quantidade de peças e montagem, sendo reduzido o

espaço utilizado por ela, permanecendo toda a parte superior bem próxima às rodas, permitindo

com folga a acomodação transversal do motor do carro entre elas. O mecanismo tem 3 partes

principais: Bandeja, cubo e torre. (BASTOW, et al., 2004) (GILLESPIE, 1992)

Sua construção consiste em um cubo que suporta o eixo da roda. Esta peça é ligada pela

parte inferior à balança através de um pino com liberdade de giro e flexão. A balança é presa

ao chassi em dois pontos de modo que ela tenha liberdade apenas de giro em torno da direção

longitudinal do carro. A torre é presa ao cubo geralmente por dois parafusos de forma que

funcione como um engaste. Seu topo é preso ao chassi por uma junta contendo um coxim,

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permitindo liberdade de rotação em qualquer direção. A Figura 2.9 exibe os principais

componentes citados da suspensão e a maneira como estão mecanicamente interligados.

Figura 2.9 – Partes constituintes principais do mecanismo típico de uma suspensão MacPherson. Adaptado de: Jazar (2014 p. 509).

O amortecedor integra a estrutura da torre e é parte do sistema cinemático que determina

a trajetória do mecanismo, estando sujeito a mais tensões e por isso deve ser mais robusto do

que o de outros tipos de suspensão. A mola é colocada em volta do amortecedor, mas sem ser

exatamente concêntrica. Seu topo é apoiado diretamente no chassi e sua base é suportada por

um flange preso a torre. Ainda, é permitida a variação de direção da roda por uma haste presa

ao cubo e ligada à barra de direção.

Uma visão plana também é particularmente interessante.

O movimento vertical da roda é permitido e limitado pela retração da haste telescópica

do amortecedor em conjunto com a mola. Assim a balança gira em torno do seu eixo de fixação

enquanto o cubo permanece no mesmo ângulo relativo à torre. Dessa forma a geometria do

mecanismo determina a trajetoria do eixo da roda e causa uma pequena variação tanto no

camber como na bitola do automóvel.

Em termos de teoria de mecanismos, a cinemática dessa suspensão é classificada como

um biela manivela invertido modificado. E seu esquema cinemático plano pode ser feito

conforme a Figura 2.10 (JAZAR, 2014).

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35

Figura 2.10 - Representação cinemática do Mecanismo. Fonte: Autor

2.4.2 Eixo de torção

Segundo Bastow (2004) a suspensão traseira por eixo de torsão é um tipo muito comum

em pequenos veículos de tração dianteira. Ela consiste em uma peça em formato de H, contendo

dois braços ligando cada uma das rodas ao chassi. Entre os dois lados é colocada uma viga, que

é o eixo em si, ao passo em que as molas e amortecedores podem ser instalados em diferentes

pontos dos braços, dependendo do projeto. Estes componentes podem ser visualizados na

Figura 2.11.

Figura 2.11 - Suspensão de eixo de torsão um Ford Fiesta. Fonte: Autor

A ligação entre os dois lados faz com que o comportamento desse sistema não seja

independente. No caso da passagem de uma só roda por um obstáculo (bump) a diferença de

alturas transfere momento e torsão para o eixo gerando uma força de mesmo sentido no outro

lado. A intensidade desse efeito depende da seção transversal e posição do eixo. Essa

característica também torna menos suscetíveis problemas gerados durante o rolamento da

carroceria. Neste caso o ângulo de camber não costuma ter nenhuma variação considerável em

qualquer situação (BASTOW, et al., 2004).

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Quando a pista não apresenta variação transversal na topologia as duas rodas estarão

sempre verticalmente alinhadas e, portanto, não sofrerão transferência de forças. Dessa forma

a suspensão pode ser representada de maneira plana conforme o esquema mostrado na Figura

2.12.

Figura 2.12 - Representação plana de uma suspensão de eixo de torsão. Posição de amortecedor e mola dependem do projeto e podem variar ao longo do braço. Fonte: Autor

2.5 ELEMENTOS EQUIVALENTES PARA SISTEMAS VIBRACIONAIS

(RAZÃO DE MOVIMENTO)

Os efeitos causados por molas e amortecedores são modificados quando sua ação é

atrelada a um mecanismo. Um exemplo clássico deste comportamento é facilmente visualizável

por um sistema formado por uma mola e uma alavanca conforme a Figura 2.13. O efeito

mostrado, no exemplo, torna a rigidez à força � menor do que o valor original da mola.

Figura 2.13 – Mola em alavanca. Fonte: Autor

Supondo um mecanismo qualquer contendo uma mola de constante ��. Seja uma força

externa � aplicada em uma extremidade do mecanismo de modo que sua posição sofra uma

deflexão ∆� e que isso leve a mola a se comprimir em ∆� . Para pequenas amplitudes de

movimento podemos atribuir uma força restitutiva linear ao ponto de aplicação de força,

semelhante a uma mola, resistente a deflexão com uma constante ���. Seja o trabalho realizado

pela força denotado por �� e o da mola por ��, teremos então:

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37

�� =�� ∆��

2

�� =��� ∆��

2

(21)

A conservação de energia requer que o trabalho interno seja igual ao trabalho externo.

Igualando as duas equações conseguimos uma relação para a constante elástica equivalente ���

na extremidade do mecanismo (MEIROVITCH, 1970) :

���

��= �

∆�

∆��

(22)

Para ∆� e ∆� tendendo a zero:

���

��= �

��

���

≡ ��� (23)

MR é conhecido na área de suspensões como razão de movimento, ou razão de

instalação. Do inglês Motion Ratio ou Instalation Ratio (ADAMS, 1993) (DIXON, 2009)

(MILLIKEN, 1995).

Esse procedimento usado na definição também é conhecido como método dos trabalhos

virtuais (MEIROVITCH, 1970). E pode ser feito analogamente para a potência de dissipação

em amortecedores chegando na mesma relação conforme a equação (25).

���

��= ��� (24)

Existem diferentes meios para obtenção desse valor sendo que, todos eles dependem das

características do mecanismo incluindo suas medidas geométricas. Foram aplicados testes com

diferentes métodos a fim de que se consiga identificar o mais vantajoso.

2.5.1 Aproximações Analíticas Algébricas

Algumas situações mais simples podem ser facilmente resolvidas de forma analítica.

Uma delas ocorre quando se considera uma mola ou amortecedor preso perpendicularmente a

uma alavanca conforme a Figura 2.14. O seguinte modelo representa uma suspensão do tipo

eixo de torsão com uma perturbação simétrica em ambas as rodas (NORTON, 2011 p. 552).

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Figura 2.14 - Mola fixada na alavanca. Fonte: Autor

Conforme a Figura 2.14 uma alavanca de comprimento �� com mola de constante

elástica � é fixada em um ponto a uma distância �� . Durante aplicação de uma força �� na

extremidade da alavanca, esta se desloca por um arco de comprimento �� o que por sua vez

leva o ponto de fixação da mola a se mover por um arco ��.

As trajetórias dos pontos na barra serão em arcos circulares com o pino como centro

representando o coxim da suspensão. Para um pequeno ângulo � as seguintes aproximações

permitem a análise por semelhança de triângulo para qualquer �� e ��:

sin � = 0|�≈�

�� = �� tan � = ���|�≈� (25)

Aplicando as condições de equilibrio em relação aos momentos no pino tem-se:

� �� = ���� − � ��

����

� = 0

�� = � ���

���

��

���

�= �

��

���

= ���

(26)

O principal problema dessa análise é a necessidade de que os componentes estejam

aproximadamente perpendiculares à barra, do contrário o erro será grande pois a força nos

componentes será superestimada. Para situações onde a existe interesse nos efeitos da

inclinação da mola pode-se melhorar a assertividade considerando separadamente esse fator

(ADAMS, 1993). A Figura 2.12 mostra um exemplo de funcionamento de uma mola inclinada

com ângulo � em relação à aplicação de força.

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Figura 2.15 - Mola inclinada em peça deslizante. Fonte: Autor

Segundo Jazar (2014), para deflexões onde o ângulo � tenha pouca variação pode-se

corrigir o � conforme a aproximação:

���

�≈ ����� (27)

Apesar de não ser tão evidente é possível o uso dos dois procedimentos anteriores para

avaliar uma suspensão MacPherson (JAZAR, 2014).

Figura 2.16 - Suspensão MacPherson. Relações geométricas. Extraído de: Jazar (2014 p. 944)

Utilizando a notação contida na Figura 2.16 para o efeito da mola durante o movimento

da base da roda em �. Podemos obter a razão de movimento multiplicando as duas relações

(30) e (29):

��� = ���

�≈ �

�������

��� =���

�≈ �

�������

(28)

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2.5.2 Método por simulação Geométrica

Alguns programas de computador permitem simular detalhadamente o comportamento

de mecanismos utilizando a geometria e o Geogebra é um exemplo disto. A interface é amigável

e permite ao usuário a construção geométrica através de ferramentas análogas às usadas para o

desenho com papel. Apesar da disponibilidade de um modo 3D, neste trabalho, utilizar-se-á o

GeoGebra para representações simplificadas planas das suspensões.

Foram criados dois principais modelos para uso neste trabalho:

O primeiro modelo, para suspensão MacPherson, é mostrado na Figura 2.17. Em verde

estão os componentes do mecanismo, em cinza a projeção do pneu feita de modo a levar em

conta a variação de câmber. A linha ���2 representa o trajeto do ponto central do contato

pneu/solo que é comparado com a medida do segmento � de modo a encontrar a relação de

movimento.

Figura 2.17 - Modelo Geogebra para suspensão MacPherson. Fonte: Autor.

O segundo é relativo a suspensões de eixo de torsão e pode ser visualizado na Figura

2.18. O polígono em laranja representa a parte considerada rígida do mecanismo contando com

os braços da suspensão. Os pontos ��, �� e �� representam respectivamente a base da mola,

base do amortecedor e centro da roda. Suas trajetórias são em arco circular em torno de � onde

está localizada a bucha que liga esta suspensão ao chassi.

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Figura 2.18 - Modelo Geogebra para suspensão de eixo de torsão. Fonte: Autor.

2.5.3 Método C.A.E. (Lotus)

A companhia britânica Lotus Motorsport produz diversos softwares CAE (Computer

Aided Engineering), entre eles o SHARK Suspension Analyser. O programa permite a simulação

geométrica da suspensão em 3 dimensões, considerando toda a complexidade do movimento

do mecanismo. É possível obter diretamente as razões de movimento, variações de ângulo de

câmber, pino mestre e cáster durante diversas situações de movimento. A interface do programa

e uma representação gráfica do sistema de suspensões de um veículo é mostrada na Figura 2.19.

Figura 2.19 - Lotus Suspension Analyser. Interface de usuário e modelo. Fonte: Autor.

O maior problema no uso desta solução é que ela requer a definição de todos os pontos

constituintes da suspensão de acordo com um sistema único de coordenadas em 3 dimensões (a

Figura 2.20 mostra a convenção de eixos em relação ao veículo). Um exemplo de conjunto de

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pontos é mostrado na suspensão MacPherson exibida na Figura 2.21. Isso vem do fato do

programa ser voltado ao processo de projeto onde a obtenção desses dados é mais fácil e, não

à engenharia reversa, onde a complexidade das geometrias torna esse trabalho extremamente

complicado. Desta forma, são esperados pequenos erros e necessidade de aproximações durante

o uso prático.

Figura 2.20 - Sistema de coordenadas Lotus. Adaptado de: Pixabay (Creative Commons CC0).

Figura 2.21 - Visão de uma suspensão MacPherson no Lotus. Os círculos rosas representam os pontos a definir. Fonte: Autor.

2.6 CONFORTO HUMANO A FREQUÊNCIA DE OSCILAÇÃO

Em geral a vibração é indesejada em termos de ergonomia. Em casos extremos, esse

fenômeno pode causar até mesmo danos ao corpo humano (TILLEY, et al., 2002). Dentro do

escopo deste trabalho a preocupação restringe-se apenas às questões de conforto.

Na literatura, o conforto humano é tratado e avaliado de forma subjetiva. Uma situação

que é desconfortante para um indivíduo pode ser tolerável para outro e vice-versa. Isso pode

acontecer tanto por um fator biomecânico de diferença na estrutura corporal como por fatores

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psicológicos de percepção (GILLESPIE, 1992). Desta forma as pesquisas sobre o tema são

baseadas em estatística e suas ferramentas.

O conforto não é determinado apenas pela frequência e intensidade da vibração, mas

também pela sua direção. Nesse caso podem ser longitudinais, transversais ou verticais ao corpo

(GILLESPIE, 1992) (TILLEY, et al., 2002). O modelo de um quarto de veículo permite analisar

apenas as vibrações verticais transmitidas pela pista, por isso tratar-se-ão apenas desta

modalidade.

Segundo Bastow (2004), considerações iniciais podem ser feitas com base na

observação do comportamento mecânico do corpo humano.

Levando em conta que o processo evolutivo de seleção natural otimizou a espécie

humana também para as próprias funções desempenhadas por ele, estima-se que exista uma boa

tolerância à frequência de caminhada. Bastow (2004) cita pesquisas da década de 1920 que

situa esse valor entre 1,5~2,3��. Um artigo mais recente publicado por Pachi (2005) corrobora

com o intervalo citado anteriormente.

Algumas estruturas biológicas se comportam como um sistema vibratório e estão

associadas a uma frequência de ressonância própria na qual a amplitude do movimento é

maximizada causando desconforto. Outras estão ligadas aos sentidos humanos de tal forma que

levam a complicações quando excitadas em certas condições. O Quadro 2.1 traz um compilado

de algumas destas possíveis situações:

Quadro 2.1 – Frequências de sensibilidade crítica de estruturas do corpo humano.

Estrutura Frequência Vertical

Sensível [��] Efeito

Aparelho vestibular (ouvido interno) 0,5-1 Tontura, náusea e enjoo

Região abdominal 4-8 Desconforto geral, dor

Olhos 60-70 Perda da resolução e capacidade

visual.

Olhos 25-40 Perda da noção de profundidade

Mãos 30-40 Perda do tato e dificuldade

motora.

Corpo quando em assento acolchoado 2-3 Desconforto geral

Cérebro 13-20 Dor de cabeça

Adaptado de: Tilley (2002), Bastow (2004) e Gillespie (GILLESPIE, 1992).

Pesquisas mais próximas da aplicação, provindas de diferentes fontes, foram reunidas

convenientemente por Gillespie (1992) em seu livro. O resultado desse estudo é mostrado na

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Figura 2.22. As curvas obtidas descrevem a tolerância humana à frequência segundo as

diferentes fontes listadas. As linhas indicam um limite onde um experimento de vibração

vertical aplicado a um sujeito durante determinado tempo passa a ser desconfortável. Como

estes critérios variam de acordo com o autor e metodologia, as curvas também não são

coincidentes sendo que a principal diferença recai sobre a amplitude, enquanto que seu formato

se mantém semelhante quando grafado em escala logarítmica. Em geral a tolerância apresenta

uma tendência de mínimo entre 5 e 20�� . Desta forma, todas elas indicam modos semelhantes

de como otimizar a construção de suspensões.

Figura 2.22 - Tolerância humana à vibração vertical. Adaptado de: Gillespie (1992 p. 183)

Outro estudo interessante sobre o tema vem de pesquisadores da NASA

(LEATHERWOOD, et al., 1980), preocupando-se em demonstrar a influência da mudança de

amplitude na tolerância à frequência. A Figura 2.23 mostra curvas de uma percepção de

desconforto constante. Nota-se que na região de vale, onde o desconforto é menor, este varia

pouco com a amplitude da aceleração.

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Figura 2.23 - Linhas de desconforto constante. Adaptado de: Leatherwood et al. (1980).

3 MODELO EXPERIMENTAL

Neste capítulo serão descritos os objetos do experimento, ou seja, os veículos e suas

suspensões. Seu comportamento depende, como já visto no capítulo 0, das massas, da geometria

dos mecanismos, da rigidez das molas e dos coeficientes de amortecimento dos amortecedores.

Métodos práticos para medição de cada uma das variáveis serão explicados e executados,

e seus resultados serão listados e organizados para uso no quarto capítulo para o cálculo de

resposta à frequência. Problemas e fontes de erro encontrados durante os procedimentos serão

listados a fim de reavaliar o método e indicar um possível desvio nos resultados finais.

3.1 DESCRIÇÃO DOS VEÍCULOS

O Laboratório de Mecânica veicular do IFSC, Instituto Federal de Santa Catarina, possui

4 veículos utilizados em suas atividades de ensino. São carros populares, todos já com certa

rodagem em estrada e bastante utilização na oficina. Por isso as condições de conservação não

são ideais. Mesmo assim, eles são adequados para este estudo, pois se espera que as

características principais das suspensões, de geometria e funcionamento estejam mantidas tal

qual como quando os automóveis saíram da linha de produção.

Nesta seção os carros são descritos nas suas características principais. São informados

o fabricante, modelo, tipos de suspensões, modificações e outras questões relevantes.

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3.1.1 Gol

Modelo: Volkswagen Gol 1.0 2007

Placa: MDL-4623

Suspensão frontal: MacPherson convencional com direção. A torre e cubo estão

mostrados na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Torre da suspensão frontal do gol, parcialmente desmontada. Fonte: Autor.

Suspensão Traseira: Eixo de Torsão. Amortecedor e mola instalados no mesmo conjunto.

Visão da suspensão na Figura 3.2.

Figura 3.2 - Suspensão traseira do Gol. Eixo de torsão. Compartimento do estepe à mostra. Fonte: Autor.

Observações: Tanque de gasolina esvaziado, bateria retirada, pneus seminovos. Uma

visão geral do carro está mostrada na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Visão geral do Gol. Fonte: Autor.

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3.1.2 Uno

Modelo: Fiat Uno Mille Fire Flex 2006

Placa: MDP-8337

Suspensão Dianteira: MacPherson não convencional. Bandeja formada por duas barras

conectadas através de uma junta de rotação intermediária na barra traseira, conforme Figura

3.4. Nota-se a presença de uma barra estabilizadora em U, que não terá influência na análise

pois é desconsiderado o movimento relativo entre as duas rodas.

Figura 3.4 - Suspensão dianteira do Uno. Fonte: Autor.

Suspensão Traseira: Suspensões de torre (semelhante a MacPherson), porém com um

feixe de molas transversal e com a direção da roda sendo fixada pela estrutura das bandejas.

Figura 3.5 - Suspensão Traseira do Uno. Fonte: Autor.

Observações: Tanque de gasolina esvaziado, pneus seminovos, banco traseiro removido.

Uma visão geral do carro é mostrada na Figura 3.6

Figura 3.6 - Visão do Fiat Mille Fire. Fonte: Autor.

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3.1.3 Fiesta

Modelo: Ford Fiesta 2004

Placa: MDA-4057

Suspensão frontal: MacPherson convencional com direção.

Suspensão Traseira: Eixo de Torsão. Visualizado na Figura 2.11. Mola e amortecedor

apoiados em pontos separados como na Figura 3.7.

Figura 3.7 – Detalhe da instalação de mola e amortecedor na suspensão traseira do Ford Fiesta. Fonte: Autor.

Observações: Tanque de gasolina esvaziado, pneus seminovos. A aparência do carro

pode ser verificada na Figura 3.8.

Figura 3.8 - Visão geral do Ford Fiesta. Fonte: Autor.

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3.1.4 Santana

Modelo: Volkswagen Santana 2004 2.0 Alcool

Placa: N/A

Suspensão frontal: MacPherson convencional com direção (mostrada na Figura 3.9).

Figura 3.9 - Suspensão Frontal do Santana. Fonte: Autor.

Suspensão Traseira: Eixo de Torsão (visualizada na Figura 3.10).

Figura 3.10 - Suspensão traseira do Santana. Fonte: Autor.

Observações: Tanque de gasolina esvaziado, pneus seminovos. Uma fotografia geral do

veículo pode ser vista na Figura 3.11.

Figura 3.11 -Visualização geral do Santana. Fonte: Autor.

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3.2 MEDIÇÃO DE ELEMENTOS

Faz parte da análise as suspensões dianteiras e traseiras de cada carro, sendo assim, os

resultados das medidas serão divididos entre 8 diferentes casos. A nomenclatura será dada

segundo a identificação dos carros Gol, Uno, Fiesta e Santana e a indicação dianteira ou

traseira.

3.2.1 Massas e cargas

O modelo presente na seção 2.3 prevê a adoção de massas suspensas, e massas não

suspensas. Para conseguir esses valores será primeiramente obtida a carga total, força exercida

sobre o chão em cada roda e após isso desmontadas as suspensões, serão pesadas as peças

separadamente obtendo as massas suspensas. Isto permite encontrar as massas não suspensas

através da diferença com os totais. O procedimento evita a necessidade de se pesar um

automóvel sem suspensão, o que seria dificultoso.

As cargas totais nas rodas serão obtidas a partir do uso de uma balança automotiva

Longacre Computerscales. Ela possui quatro canais para que seja feita a pesagem simultânea

em todas as rodas do veículo. É importante frisar que os registros podem estar desconsiderando

peças previamente removidas dos carros, conforme seção 3.1, subestimando, assim, a carga

total. Também, os veículos estão sendo pesados descarregados, sem passageiros, combustível

ou bagagem, o que resultará em massas suspensas menores do que numa situação típica de

rodagem. O efeito disto será discutido na apresentação dos resultados e na conclusão do

trabalho.

O processo em si foi realizado pela equipe do laboratório sob a supervisão do Professor

e está ilustrado na Figura 3.12. Os valores estão registrados na Tabela 3.1.

Figura 3.12 - Uso de balança automotiva, pesagem do Fiat Uno. Fonte: Autor

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Tabela 3.1 - Carga na Roda para cada suspensão. Precisão de 0,5 ���

Carro Esquerda [��] Direita [��] Média [��]

Gol Dianteira 250,0 269,0 259,5

Gol Traseira 186,0 194,0 190,0

Uno Dianteira 235,0 249,0 242,0

Uno Traseira 146,0 119,0 132,5

Fiesta Dianteira 326,0 305,0 315,5

Fiesta Traseira 187,0 202,0 194,5

Santana Dianteira 318,0 336,0 327,0

Santana Traseira 224,0 219,5 221,8 Fonte: Autor

Para estimar as massas não suspensas, foi feita a pesagem dos componentes

desmontados em uma balança doméstica digital. Esta tarefa foi feita por equipes de alunos do

laboratório. Os pesos obtidos foram registrados na tabela 3.2. Observa-se bastante variação dos

componentes medidos para cada suspensão. Isso ocorreu pela disponibilidade de desmontagem

dos subsistemas de cada uma. A supervisão do trabalho garantiu que para todos os carros, os

subconjuntos pesados fossem suficientes para obter corretamente as massas não suspensas.

Tabela 3.2 - Compilação das massas suspensas. “N/A” representa componente inexistente. “–” representa que o componente foi pesado em conjuntos/subsistemas diferentes.

Dianteira [��] Traseira [��]

Gol Uno Fiesta Santana Gol Uno Fiesta Santa

Roda + Pneu 16,7 11,7 14,0 16,0 16,7 11,7 14,0 16,0

Bandejas (balanças) 1,8 4,1 5,5 3,0 N/A 2,3 N/A N/A

Eixo torsão N/A N/A N/A N/A 18,7 N/A 25,3 21,0

Mola 2,2 1,9 1,5 2,6 2,2 11,1 1,5 2,0

Amortecedor 2,1 3,9 4,0 2,2 2,4 3,8 1,9 2,0

Freio disco conjunto - 7,2 8,3 7,9 7,9 8,1 9,9 8,1

Barra estabilizadora N/A 2,2 N/A 3,5 N/A N/A N/A N/A

Torre + Disco de freios 11,0 - - - - - - -

Pinças do freio 3,4 - - - - - - -

Base da torre - 5,9 - - - - - -

Massa suspensa por roda 34,15 30,3 27,8 28,68 36,25 25,6 38,25 36,6 Fonte: Autor.

A massa suspensa por roda não é uma simples somatória dos componentes. Para peças

que apresentam força de reação, ou estão apoiadas no chassi ou em ambas as rodas é necessário

dividir as cargas adequadamente (ADAMS, 1993). As molas, amortecedores e bandejas presas

ao chassi tiveram seus valores divididos por 2. Os eixos de torsão, barras estabilizadoras e o

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feixe de molas transversal do Uno servem aos dois lados e estão conectados ao chassi e, portanto,

os valores foram divididos por 4.

Subtraindo as massas suspensas das massas médias totais obtidas na pesagem veicular

têm-se os resultados apresentados na Tabela 3.3. Uma comparação gráfica foi feita na Figura

3.13.

Tabela 3.3 - Resumo de massas por roda

Carro Massas Totais

[��]

Massa não suspensas, ��

[��]

Massas suspensas, �� [��]

Gol Dianteira 259,5 34,2 225,4

Gol Traseira 190,0 36,3 153,8

Uno Dianteira 242,0 30,3 211,7

Uno Traseira 132,5 25,6 106,9

Fiesta Dianteira 315,5 27,8 287,7

Fiesta Traseira 194,5 38,3 156,3

Santana Dianteira 327,0 28,7 298,3

Santana Traseira 221,8 36,6 185,2 Fonte: Autor.

Figura 3.13 - Comparação das massas. Fonte: Autor

3.2.2 Molas

Os veículos testados utilizam molas helicoidais (como a da Figura 3.14) tanto na traseira

como na dianteira, sendo a única exceção a parte posterior do uno, que apresenta um feixe de

molas transversal. O interesse é em encontrar todas as constantes elásticas ��.

224,5

153,8209,8

105,7

285,0

156,3

296,8

185,2

35,1

36,3

32,3

26,8

30,6

38,3

30,2

36,6

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

GolDianteira

GolTraseira

UnoDianteira

UnoTraseira

FiestaDianteira

FiestaTraseira

SantanaDianteira

SantanaTraseira

Mas

sas

[kg]

Massa não suspensas

Massas suspensas

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Figura 3.14 - Mola Helicoidal veicular. Fonte: Autor

As molas helicoidais foram avaliadas através do uso de uma prensa hidráulica simples

e uma célula de carga da marca Flexar. O procedimento foi realizado da seguinte forma: Uma

pré-carga foi colocada de modo a manter a mola alinhada e firme em posição, cerca de no

máximo 200 � e a célula de carga foi zerada. Com uma aplicação gradativa de forças, foi

medida a variação do comprimento exposto do pistão hidráulico com um paquímetro e

correlacionado com a carga de modo a obter pontos registrados no Apêndice C e mostrados nas

Figura 3.15 e Figura 3.16. Para converter as dimensões originais do mostrador do equipamento

de ���para N utilizamos um valor padrão para gravidade neste trabalho de � = 9,8 �/��.

Um problema encontrado durante o ensaio foi a impossibilidade de medir com precisão

a pré-carga e a respectiva deflexão inicial, acredita-se inclusive que nessa zona o

comportamento da mola ainda não seja linear, por isso os pontos de todos os ensaios foram

ajustados de modo que a primeira marcação indicasse uma carga e deflexão de referência nulas.

Outro problema é que por razões de segurança se evitou colocar cargas acima de 1400�

mesmo que a operação em carros seja dada em valores dessa ordem. Apesar de tudo, a forte

linearidade encontrada na faixa de ensaio permite, como esperado, encontrar uma constante

elástica �� que possa ser extrapolada para faixa de operação e que represente com precisão o

comportamento do componente.

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Figura 3.15 - Ensaio de molas dianteiras. Resultados e linearização. Fonte: Autor

Figura 3.16 - Ensaio de molas traseiras. Resultados e linearização. Fonte: Autor

A aproximação linear é feita pelo software através do método dos mínimos quadrados

resultando nas equações mostradas nas Figura 3.15 e Figura 3.16, onde a rigidez é o coeficiente

angular das retas. Os coeficientes de elasticidade estão reunidos na Tabela 3.4.

Uno = 18.269x + 0.7087

Gol = 15.817x - 0.0185

Fiesta = 21.67x + 57.3

Santana = 18.261x - 3.1183

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Car

ga [N

]

Comprimento Referencial [mm]

Ensaio das Molas Dianteiras

Uno

Gol

Fiesta

Santana

Gol = 15.207x + 0.1186

Fiesta = 16.921x - 0.2011

Santana = 17.403x - 6.596

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

0 10 20 30 40 50 60

Car

ga [N

]

Comprimento Referencial [mm]

Ensaios das Molas Traseiras

Gol

Fiesta

Santana

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55

Tabela 3.4 - Constantes elásticas das molas.

Carro �� [�/�]

Gol Dianteira 15 817

Gol Traseira 15 208

Uno Dianteira 18 269

Uno Traseira -

Fiesta Dianteira 21 670

Fiesta Traseira 16 921

Santana Dianteiro 18 261

Santana Traseira 17 403 Fonte: Autor.

Um ensaio diferenciado foi feito para o feixe de molas transversal traseiro do Uno. Neste

caso, dada a grande dificuldade de medir o �� da mola em separado, foi avaliada a constante

elástica da suspensão entre a roda e o chassi, o ��� diretamente. A medida do comprimento

referencial foi feita a partir do centro da roda em relação a uma marcação no para-lama com

ajuda de uma trena e a força foi avaliada com a mesma balança veicular usada em 3.2.1.

Figura 3.17 - Ensaio da constante elástica da suspensão diretamente na roda traseira do Uno. Fonte: Autor

A variação de carga foi feita adicionando pesos à traseira ou removendo carga através

do uso de um elevador veicular. Os dois lados foram avaliados, linearizados e foi feita a média

a fim de encontrar um ��� mais uniforme. Utilizando os coeficientes angulares obtidos no

ensaio representado na Figura 3.17 com a média é obtido ��� = 38 082 �/� para a traseira do

Uno. Por simetria, considerar-se-á o mesmo valor para ambas as rodas.

Esquerda = -35.956x + 17562

Direita = -40.207x + 19498

0

500

1000

1500

2000

2500

435 440 445 450 455 460 465 470 475

Car

ga [N

]

Comprimento referencial [mm]

Ensaio da Traseira do Uno

Esquerda

Direita

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3.2.3 Amortecedores

Os amortecedores foram ensaiados em uma máquina especialmente construída pela

equipe do laboratório para esta finalidade exibida na Figura 3.18 (VANDRESEN, et al., 2014).

O funcionamento é baseado em transformar a rotação de um motor em movimento linear, na

direção do amortecedor. Uma célula de carga capta os sinais de força e, uma roda fônica a

posição. Oss dados são digitalizados através de um sistema de aquisição também desenvolvido

pela equipe, exposto na Figura 3.19, que consiste em uma ponte, um amplificador e um

microcontrolador Arduino.

Figura 3.18 - Maquina de ensaio de amortecedores. Fonte: Autor

Figura 3.19 - Sistema de aquisição feito sob medida. Fonte: Autor

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57

Alguns parâmetros de ensaio devem ser pré-estabelecidos para uso do equipamento. Foi

utilizado um curso de trabalho com amplitude de 50�� e buscou-se instalar o amortecedor de

modo que a posição neutra coincidisse com o centro do curso do mesmo. Ao contrário das

idealizações teóricas o coeficiente de amortecimento � não é independente da velocidade, então

o ensaio deve ser feito em condições semelhantes às de operação. Devido às indicações de que

as suspensões funcionam entre 1 e 2 �� foram testados os amortecedores nessas duas

frequências, que geram um campo de velocidades compatível com o uso.

Processando o sinal obtido são gerados diversos gráficos de interesse.

A Figura 3.20 mostra a relação entre força e posição durante o ciclo da máquina para

um dos ensaios. Ele não permite inferir facilmente o amortecimento, porém pelo seu formato e

por advir diretamente dos instrumentos de captação, mostra-se útil para verificar se o ensaio

está ocorrendo adequadamente. A suavidade da linha e a identificação de duas regiões que

possam ser aproximadas por semi-elipses é indicativo de que o amortecedor se comportou como

esperado.

Figura 3.20 - Amortecedor do Fiesta traseiro, relação entre força e posição, frequência 1Hz. Fonte: Autor

Um exemplo de ensaio problemático está mostrado na Figura 3.21. As diferentes linhas

indicam os 3 ciclos captados pelo ensaio. Uma quina pode ser visualizada no primeiro quadrante,

isso indica um pequeno travamento no amortecedor, seja por atrito ou problema de válvula. Um

pequeno defeito como esse, entretanto, não é suficiente para descarte do ensaio.

-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

-60 -40 -20 0 20 40 60

Forç

a [N

]

Posição [mm]

Amortecedor Traseiro do Fiesta. Ensaio em 1Hz

Compressão

Tração

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Figura 3.21 -Amortecedor do Fiesta dianteiro, relação entre força e posição, frequência 1Hz. Nota-se uma quebra na continuidade da força no primeiro quadrante.

Já quando se relaciona força com a velocidade axial como na Figura 3.22, o aspecto do

gráfico começa a indicar regiões de proporcionalidade entre força e velocidade de modo que o

amortecimento possa ser indicado pela inclinação. Como previsto na seção 2.1.2 a intensidade

desse efeito na zona de tração é diferente da de compressão.

Figura 3.22 - Amortecedor do Fiesta traseiro, relação entre força e velocidade, frequência 1Hz. Fonte: Autor

Relacionando o valor aproximado instantâneo do coeficiente de amortecimento �� com

a velocidade como na Figura 3.23, nota-se constância apenas nas extremidades, onde a

velocidade é maior, e o oposto no centro, onde ela é pequena. A forte variação e ruído para

baixas velocidades pode ser atribuída a vários fatores, como: atrito na haste do amortecedor,

abertura e fechamento de válvulas hidráulicas internas, folgas e não linearidades da máquina de

medição. Este erro também é amplificado pela diminuição dos valores absolutos de força e

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

-60 -40 -20 0 20 40 60

Forç

a [N

]

Posição [mm]

Amortecedor Dianteiro do Fiesta. Ensaio em 1Hz

-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

-0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4

Forç

a [N

]

Velocidade [m/s]

Amortecedor Traseiro do Fiesta. Ensaio em 1Hz

Compressão

Tração

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59

velocidade. É possível inferir constantes de amortecimento descartando a parte central e

aproximando as extremidades por retas horizontais.

Figura 3.23 - Amortecedor do Fiesta traseiro, relação entre amortecimento e velocidade, frequência 1Hz. Fonte: Autor.

Os gráficos efetivamente utilizados neste trabalho para obtenção das constantes foram

os de coeficiente de amortecimento por posição. Um exemplo é o da Figura 3.24. Nesse caso

não é possível relacionar �� diretamente com a velocidade, mas é possível encontrar patamares

bem definidos de modo que seja fácil descartar a zona onde ocorrem ruídos ou outros

comportamentos estranhos.

Figura 3.24 - Amortecedor do Fiesta traseiro, Relação entre amortecimento e posição frequência 1Hz. Fonte: Autor

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4

c[N/(m/s)]

Velocidade [m/s]

Amortecedor Traseiro do Fiesta. Ensaio em 1Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

-60 -40 -20 0 20 40 60

c [N/(m/s)]

Posição [mm]

Amortecedor Traseiro do Fiesta. Ensaio em 1Hz

Compressão

Compressão

Tração

Tração

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Fazendo o mesmo procedimento de análise para todos os ensaios chega-se aos

resultados presentes na Tabela 3.5. Os demais gráficos com a definição dos patamares estão

disponíveis no Apêndice C para consulta. Não foram obtidos resultados do ensaio para o

amortecedor dianteiro do Uno, pois ele apresentou um problema sério de travamento que

impediu o funcionamento da máquina.

Tabela 3.5 - Constantes dos coeficientes de amortecimento.

1hz 2Hz Média

Compressão (Bump)

[�/(�/�)]

Tração (Rebound) [�/(�/�)]

Compressão (Bump)

[�/(�/�)]

Tração (Rebound) [�/(�/�)]

Compressão (Bump)

[�/(�/�)]

Tração (Rebound) [�/(�/�)]

Gol D 700 2 600 600 1 800 650 2 200

Gol T 600 2 350 500 2 000 550 2 175

Uno D - - - - - -

Uno T 1 250 2 000 750 1 250 1 000 1 625

Fiesta D 1 900 2 900 1 200 1 700 1 550 2 300

Fiesta T 800 1 400 800 1 050 800 1 225

Santana D 1 600 2 200 1 050 2 250 1 325 2 225

Santana T 600 2 300 500 1 900 550 2 100 Fonte: Autor.

Na impossibilidade de avaliar o amortecimento da dianteira do Uno, utilizar-se-á um

valor fictício baseado na média dos outros casos. Deve-se destacar que dessa forma o resultado

final de resposta à frequência será impreciso e não será uma boa representação do

comportamento do veículo. Portanto, tal resultado será usado apenas para efeito de comparação

com os outros casos e não demonstra credibilidade como representação do próprio Uno.

3.2.4 Pneus

Os procedimentos de medição dos pneus foram feitos de forma semelhante aos usados

para as molas na seção 3.2.2. As diferenças se deram em função da não linearidade desse tipo

de sistema.

Anteriormente ao ensaio todos os pneus foram calibrados com 30 PSI de pressão. A

Figura 3.25 mostra a instalação da roda na prensa hidráulica para medição. Foram utilizadas

chapas metálicas planas para simular a extensão da área de contato. Diferente do funcionamento

real onde a força parte do centro da roda, aqui o pneu é apoiado diametralmente. Dessa forma

a deflexão da parte superior e inferior será somada, o que resultará na metade do valor usual da

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rigidez do pneu. A pré-carga utilizada foi nula, de forma que a célula de carga considere também

o peso da própria roda, pois a não linearidade pode levar ao erro no cálculo da constante.

Figura 3.25 - Instalação da roda no equipamento para medição dos pneus. Fonte: Autor

Na Figura 3.26 estão registrados os pontos obtidos no ensaio para os pneus dos 4

diferentes veículos. Por razões de segurança, os pneus não foram comprimidos com forças

superiores à 2500� onde, em vários casos, na prática, eles operam. Para atingir esses campos

de valores foi feita uma extrapolação a partir de uma interpolação pelo método dos mínimos

quadrados por um polinômio do terceiro grau.

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Figura 3.26 – Curvas de medição dos pneus na prensa hidráulica. Carga diametral por comprimento referencial. Fonte: Autor

Os polinômios da Figura 3.26 obtidos a partir de ferramentas do Microsoft Excel foram

processados em código de MatLab. O programa avaliou os valores das derivadas dos mesmos

no ponto de operação de cada suspensão conforme as médias da Tabela 3.3. Os valores obtidos

foram multiplicados por dois para estimar a rigidez radial ao invés da diametral medida. Uma

cópia do código de MatLab pode ser encontrado no Apêndice A e resulta na Tabela 3.6

Tabela 3.6 – Constantes elásticas radiais dos pneus.

Carro Constantes elásticas

dos pneus, �� [�/�]

Gol Dianteira 178 140

Gol Traseira 190 500

Uno Dianteira 214 100

Uno Traseira 137 480

Fiesta Dianteira 213 900

Fiesta Traseira 164 020

Santana Dianteiro 319 010

Santana Traseira 236 140 Fonte: Autor.

Gol = -0.0347x3 + 2.4919x2 + 34.913x - 0.5111

Uno = 0.0214x3 - 0.4202x2 + 51.497x + 1.6365

Fiesta = 0.0075x3 + 0.1379x2 + 52.259x - 2.1111

Santana = 0.0329x3 - 0.4208x2 + 62.381x + 3.807

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Car

ga [N

]

Comprimento Referencial [mm]

Ensaio dos Pneu

Gol

Uno

Fiesta

Santana

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63

3.3 MEDIÇÃO GEOMÉTRICA

A medição geométrica foi feita com duas diferentes abordagens: Uma considerando as

suspensões vistas na seção 2.4 em sua representação plana e, outra considerando o mecanismo

em suas três dimensões.

A medição plana da parte frontal do veículo teve como base o modelo, construído no

GeoGebra para o formato MacPherson, representado na Figura 3.27. O eixo vertical representa

um plano de simetria separando os dois lados do veículo. �, � e �� e seus pares �’, �’ e ��’

representam respectivamente as juntas entre bandeja e chassis, os pontos de fixação dos topos

das torres e os centros dos pneus. Os pontos designados pela inicial � representam as juntas

nas extremidades da bandeja sendo que na posição de repouso do carro temos �0. A

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64

Tabela 3.7 foi usada como apoio na coleta de dados, ao passo em que as medidas de

ângulo foram feitas utilizando o goniômetro digital profissional da Figura 3.28, e as distâncias

horizontais e verticais foram medidas com uma trena sendo estas ainda auxiliadas por um prumo.

Figura 3.27 – Representação Gráfica do modelo no GeoGebra para suspensões Macpherson planas. Fonte: Autor

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65

Tabela 3.7 - Coleta de medidas planas da suspensão. Onde existem dois valores a medida foi realizada nos dois lados do carro esquerdo e direito e por uma questão de avaliação a média será utilizada.

Medida Gol Fiesta Uno Santana

Inclinação pino Mestre, KPI (medido) 0,8 - 3,3 5,9 - 5,3 8 0.8 - 4.10 º

Camber (medido) 2,4-2,6 1,3-0,3 1,0-2,2 1,6-0,3 º

Ângulo Bandeja solo 7 7,1 - 7 - 9 - 8,2 º

AA' horizontal (Buchas das bandejas) 68 76,5 72 66 ��

CC' horizontal 103 111 94,5 115,5 ��

F0F0' horizontal (centros roda) 137 149,4 132 140,5 ��

Altura A do solo 26 21,5 25,5 24 ��

Altura C em relação a A 57 62 53,5 58 ��

DA eixo y plano (braço bandeja) 32 32 26,7 33 ��

Diâmetro pneu 58 58 55 59 ��

Largura do Pneu. Medido 19 18,5 16 18 ��

Largura Pneu. Especificação 19,5 18,5 14,5 18,5 ��

Fonte: Autor.

Figura 3.28 - Goniômetro digital preciso. Fonte: Autor.

As suspensões traseiras de eixo de torsão, mais simples, foram avaliadas de forma

diferente para cada caso, porém com os mesmos procedimentos de medição.

Para os modelos tridimensionais as coordenadas foram medidas conforme os pontos

indicados no formulário do programa da Lotus, no sistema de coordenadas indicado na Figura

2.20, para as seguintes opções suportadas:

- Type 3: Steerable Macpherson Strut: Para todas as suspensões dianteiras. Incluindo a

do Uno, que apesar de não seguir exatamente esse formato, pode ser aproximada.

- Type 29: Twist Beam – twin wheel: Para as traseiras do Gol, Santana e Fiesta.

- Type 7: Non-Steerable Macpherson strut, toe link to wishbone: Para a traseira do Uno.

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A medição dos pontos nos eixos � e � foi feita a partir da projeção dos pontos com um

prumo em folhas de papel cartão afixadas ao chão. E a altura, �, foi medida simplesmente com

o uso da trena em conjunto com o prumo. Uma posição de origem foi definida a frente do eixo

dianteiro e o carro foi considerado simétrico em �. Alguns pontos foram medidos indiretamente,

sendo que os das traseiras, por exemplo, foram medidos em relação a um sistema de

coordenadas auxiliar e depois transformados para o principal. Todas estas medidas foram

executadas por diferentes grupos de alunos do Laboratório de Mecânica Veicular do IFSC, que

contribuíram com este projeto. Foram utilizadas fichas de apoio para guiar os grupos nas

medidas. Os registros podem ser encontrados no Apêndice C.

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67

4 MODELO ANALÍTICO E RESULTADOS

Neste capítulo será aplicado o modelo de ¼ de veículo descrito na seção 2.3. Para isso

é preciso definir as constantes de entrada, apresentadas na Equação (16), a serem aplicadas na

inversão matricial na Equação (23) para obter [T(ω)]. Será trabalhado o módulo da resposta do

primeiro termo, ����/�� que representa a relação entre a amplitude da excitação da base e a

resposta do movimento do chassi. As frequências naturais �� serão inferidas a partir dos picos

presentes nas funções de resposta. Os valores de � serão calculados com o uso da simplificação

do sistema em apenas 1 grau de liberdade. Os resultados serão mostrados e discutidos

comparando as 8 suspensões analisadas.

Para calcular a resposta de cada caso são necessárias as seguintes constantes: ��, ��,

���, ���, ��, todas já definidas nos capítulos 2 e 3

As massas suspensas (��) e não suspensas (��) estão descritas na Tabela 3.3. As

constantes elásticas dos pneus, (�� ) estão apresentadas na Tabela 3.6. Para elasticidade e

amortecimento devemos utilizar os valores de �� e �� dos ensaios nas seções 3.2.2 e 3.2.3,

respectivamente, corrigidos pela razão de movimento (conceito introduzido em 2.5) para obter

��� e ���. Como existem duas constantes para cada amortecedor, será feita uma distinção na

notação utilizando ���� para o caso de compressão e ���� para tração.

Aplicando o método descrito em 0, para descrição plana da geometria e utilizando 2.5.3

para o modelo em três dimensões, obtemos a Tabela 4.1 com as razões de movimento para o

efeito de molas e amortecedores no deslocamento vertical da roda. É importante lembrar que

estes valores devem ser elevados ao quadrado para fazer a devida correção. A traseira do Uno

não apresenta valor para a mola pois ��� foi medido diretamente.

Tabela 4.1 - Razões de movimento conforme Lotus e GeoGebra.

Método Lotus Método GeoGebra

Carro Mola Amortecedor Mola Amortecedor

Gol Dianteira 0,945 0,951 0,957

Gol Traseira 0,962 1,000 0,998

Uno Dianteira 0,844 0,867 0,915

Uno Traseira - 0,899 - 0,911

Fiesta Dianteira 0,965 0,981 0,942

Fiesta Traseira 0,942 1,126 0,958 1,126

Santana Dianteira 0,924 0,925 0,966

Santana Traseira 0,970 0,970 0,973 Fonte: Autor

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Conforme esperado, as razões de movimento levemente são menores do que 1. Um valor

muito baixo indicaria mal aproveitamento do componente, ou seja, a capacidade dele estaria

sendo desperdiçada pelo fabricante. A única exceção é o que foi obtido para o amortecedor

traseiro do Fiesta, que foi maior do que 1 por estar atrás da roda. Nesse caso, o sistema funciona

como uma alavanca inter-potente amplificando o efeito da força do componente.

Aplicando as razões de movimento da Tabela 4.1 às constantes das molas e de

amortecimento ficam definidos todos os dados numéricos para cálculo conforme a Tabela 4.2.

Um script de MatLab foi escrito a fim de realizar a construção e inversão das matrizes e se

encontra disponível no Apêndice A.

Tabela 4.2 - Listagem de dados numéricos para cálculo.

Carro �� [��]

�� [��]

���

[�/�]

����

[�/(�/�)]

����

[�/(�/�)] ��

[�/�]

Gol Dianteira 225,35 34,15 14 131 1 988 587 178 140

Gol Traseira 153,75 36,25 14 060 2 175 550 190 500

Uno Dianteira 211,70 30,30 13 010 1 502 676 214 100

Uno Traseira 106,88 25,63 38 082 1 314 809 137 480

Fiesta Dianteira 287,70 27,80 20 190 2 215 1 493 213 900

Fiesta Traseira 156,25 38,25 15 003 1 553 1 015 164 020

Santana Dianteira 298,33 28,68 15 598 1 904 1 134 319 010

Santana Traseira 185,15 36,60 16 372 1 976 517 236 140 Fonte: Autor

Os resultados foram obtidos na forma de funções de resposta à frequência, de

Transmissibilidade para o modelo de ¼ de veículo para o grau de liberdade das massas

suspensas. Como visto em 2.3, esta FRF representa a proporção entre a amplitude da vibração

do solo e da porção do chassi suportada pela suspensão. Como já citado, esta relação tanto pode

ser em termos de distância, como em termos de aceleração. As respostas das suspensões estão

apresentadas graficamente nas Figura 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4, representando em cada caso, para os 4

veículos, as suspensões dianteiras em tração, suspensões dianteiras em compressão, suspensões

traseiras em tração e suspensões traseiras em compressão, respectivamente. Para facilitar a

visualização, foi utilizada escala logarítmica no eixo vertical enquanto o eixo das abcissas fica

dividido em unidades de Hertz.

No caso da transmissibilidade para 1GL, como na Figura 2.6, nota-se a presença de um

único cume e depois uma suavização contínua na forma de uma assíntota ao eixo conforme a

frequência aumenta, já para o modelo mais completo, com dois graus, é esperada a presença de

uma segunda zona de ressonância. As figuras citadas anteriormente corroboram essa

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69

expectativa e apresentam um segundo cume, ou mesmo uma região de transição antes da

aproximação ao eixo.

A Figura 4.1 mostra as transmissibilidades para as suspensões dianteiras em situação de

tração do amortecedor (Rebound). É perceptível um pico de ressonância próximo de 1�� quase

coincidente entre os 4 veículos, o que indica comportamento parecido para estas frequências.

O gráfico não apresenta um segundo cume definido, provavelmente pelo alto valor do

amortecimento que mitiga a amplitude da ressonância.

Figura 4.1 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Dianteiras para a Tração. Fonte: Autor

Na Figura 4.2 o comportamento das suspensões dianteiras em compressão (Bump)

também apresenta um primeiro pico onde as curvas têm certo grau de coincidência, porém,

desta vez, é possível visualizar uma segunda região de cume. Essa está mais relacionada com o

funcionamento elástico dos pneus e das massas não suspensas. Tanto as respostas, como as

frequências na região de ressonância foram maiores nesse caso, devido ao efeito menor de

amortecimento durante a compressão.

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70

Figura 4.2 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Dianteiras para compressão. Fonte: Autor

As suspensões traseiras conforme a Figura 4.3 e Figura 4.4 tiveram comportamentos

semelhantes aos já comentados para as dianteiras, mas com as frequências de ressonância

levemente superiores. A exceção notável foi a do Uno, que destoou muito de todos os outros

resultados. O ensaio da mola traseira deste automóvel, como mostrado na seção 3.2.2 já havia

indicado um valor muito discrepante dos outros.

Figura 4.3 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Traseiras para a Tração. Fonte: Autor

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71

Figura 4.4 - Gráfico da Transmissibilidade das Suspensões Traseiras para a Compressão. Fonte: Autor

Uma resolução refinada foi utilizada para estimar a localização de cada pico com a

frequência natural, ou ressonante, e seu respectivo valor de transmissibilidade, sendo os dados

reunidos na Tabela 4.3. Os campos em vazio indicam a não existência de valores máximos nas

funções em análise. Observando-os, constata-se que os valores de frequência de ressonância

ficam na faixa entre 1 e 1,5��, sendo em geral um pouco maiores para a compressão do que

para tração. Como única exceção a isso, tem-se a suspensão traseira do Uno. As amplitudes

máximas, no entanto, variam bastante e são bem maiores para o caso de tração. A segunda

ressonância, por sua vez, sendo causada primariamente pelo grau de liberdade das massas não

suspensas e elasticidade dos pneus, fica acima de 10Hz.

Tabela 4.3 - Frequências de ressonância e respectivos valores de transmissibilidade para diferentes situações através do uso do modelo de ¼ de veículo.

1ª Ressonância 2ª Ressonância

Tração Compressão Tração Compressão

�� [��]

���� [-]

�� [��]

���� [-]

�� [��]

���� [-]

�� [��]

���� [-]

Gol D 1,10 1,51 1,19 3,64 - - 11,5 0,15

Gol T 1,32 1,34 1,44 3,24 - - 11,6 0,24

Uno D 1,11 1,65 1,18 2,94 - - 13,2 0,14

Uno T 2,64 2,74 2,63 4,10 - - - -

Fiesta D 1,19 1,69 1,22 2,19 - - - -

Fiesta T 1,38 1,62 1,42 2,11 - - 9,6 0,26

Santana D 1,02 1,65 1,07 2,34 - - 15,7 0,10

Santana T 1,30 1,49 1,43 3,95 - - 13,0 0,20 Fonte: Autor

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As frequências de ressonância ou naturais também foram avaliadas através do modelo

de um grau de liberdade com movimento da base, detalhado na seção 2.2. Para isso

primeiramente foi calculado o fator de amortecimento, conforme a equação (12), utilizando

como massa a massa suspensa �� , como constante de elasticidade o valor de ��� e como

amortecimento o de ���. A partir das frequências naturais não amortecidas �� pode se aplicar

a equação (15) e encontrar as frequências de ressonância ��.

A Tabela 4.4 mostra os resultados desta abordagem. Nota-se que as frequências das

primeiras ressonâncias são bem próximas aos do modelo mais completo da Tabela 4.3, tanto

para tração como para compressão, porém a inclusão do grau de liberdade das massas suspensas

e elasticidade dos pneus parece reduzir ��, deixando a suspensão menos rígida.

Um outro sistema hipotético também com 1GL com frequência natural denominada ��,�

foi avaliado de modo a tentar representar apenas a influência das massas não suspensas e pneus

sobre a resposta do grau de liberdade �� aplicando �� e �� na equação (11). Os valores obtidos

também se mostraram próximos aos encontrados na análise pelo modelo de ¼ de veículo para

a segunda ressonância em compressão.

Tabela 4.4 - Aproximações para 1GL para Fatores de amortecimento e frequências de ressonância.

Tração Compressão

�� (1GL) [��]

ξ [-]

�� (1GL) [��]

ξ [-]

�� (1GL) [��]

��,� (1GL) [��]

Gol D 1,26 0,56 1,05 0,16 1,23 11,49

Gol T 1,52 0,74 1,18 0,19 1,47 11,54

Uno D 1,25 0,45 1,09 0,20 1,20 13,38

Uno T 3,00 0,33 2,77 0,20 2,90 11,66

Fiesta D 1,33 0,46 1,16 0,31 1,24 13,96

Fiesta T 1,56 0,51 1,33 0,33 1,43 10,42

Santana D 1,15 0,44 1,01 0,26 1,09 16,79

Santana T 1,50 0,57 1,24 0,15 1,47 12,78 Fonte: Autor

A proximidade dos resultados das frequências naturais entre os dois métodos permite

inferir uma certa independência entre os graus de liberdade e assim adotar com segurança os

fatores de amortecimento ξ obtidos por 1GL, de forma simples e fácil, como representativos

de todo o sistema.

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5 CONCLUSÕES

A realização do trabalho mostrou a viabilidade de se fazer a engenharia reversa de uma

suspensão de modo a caracterizá-la em parâmetros que permitam a análise e comparação entre

teoria e prática para diferentes veículos populares. Os objetivos propostos foram cumpridos e

se pôde responder ao questionamento levantado na justificativa.

Os veículos disponibilizados para a realização do trabalho pelo laboratório,

efetivamente, representam carros populares comerciais do mercado brasileiro em condições

propícias para o estudo. Foram executadas a medição de características relacionadas às massas,

ao funcionamento das molas, amortecedores, pneus e geometrias de suspensão e isso permitiu

a análise de resposta à frequência.

Apesar da dificuldade de medição, dada à complexidade, as geometrias dos mecanismos

resultaram em valores de razão de movimento dentro do esperado. O método em 3D, com o uso

da ferramenta profissional da empresa Lotus, apresentou resultados bem semelhantes aos do

processo plano no programa gratuito GeoGebra. Portanto as duas formas de obtenção da razão

de movimento podem ser consideradas válidas e, de precisão semelhante, mas sendo o segundo

caso de execução bem mais simples e acessível. Uma observação importante é que de fato, não

se pode utilizar diretamente os valores de constante elástica de mola (�� ) e constante de

amortecimento (��) para avaliar as frequências naturais de suspensões, pois a alteração pelo

mecanismo é significativa e, deve ser sempre verificada.

As molas em geral puderam ser ensaiadas em uma prensa hidráulica de forma simples

e apresentaram bastante linearidade após a aplicação de uma pequena pré-carga. Conclui-se que

não é necessário adicionar uma carga tão grande quanto a de operação para inferir sobre o

comportamento desse componente. Dessa forma foi possível obter as constantes elásticas de

mola de maneira confiável.

No caso da mola traseira do Uno, em particular, o ensaio apresentou valores discrepantes.

Não se sabe exatamente todos os fatores que levaram a essas condições, mas isso pode ser

explicado em parte pelo atrito entre as placas do feixe de molas. Nesse caso em particular, como

visualizado na Figura 3.5, existe um material intermediário polimérico que pode se enrijecer

com o tempo ou grudar com a falta de uso, dificultando o movimento e fazendo a constante

elástica da mola aparentar ser maior.

A máquina de ensaios para amortecedores desenvolvida por Vandressen et. al. (2014)

se mostrou eficiente para avaliar componentes em boas condições. Os amortecedores puderam

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ser ensaiados nas frequências e velocidades de operação. Uma observação importante foi a de

que o amortecimento varia um pouco ao longo do tempo com a mudança de temperatura do

componente e, portanto, recomenda-se o controle ou consideração dessa variável durante os

testes. O único ensaio deste tipo, que foi planejado e que não pode ser feito, foi o do amortecedor

dianteiro do Uno, que por razões desconhecidas, apresentou travamento e não pôde ser excitado

pelo equipamento.

O método utilizado pelo mesmo autor (VANDRESEN, et al., 2014) para inferir as

constantes de amortecimento a partir dos ensaios não foi utilizado neste trabalho. Verificou-se

que o uso e instalação dos amortecedores nas máquinas traz certos problemas na região de

inversão das velocidades de operação. Foi criado um critério próprio de modo a facilitar a

abstração das constantes de amortecimento que se mostrou logicamente coerente e obteve

valores bem próximos aos do tradicional.

Os pneus, por não se comportarem como molas lineares, trouxeram certa dificuldade. A

aproximação por polinômios de terceiros grau apresentou coeficientes muito diversos entre os

diferentes objetos de ensaio, o que indica não ser um método ideal. A baixa quantidade de

pontos no ensaio não corrobora a presunção de que o comportamento da curva seja realmente

este. Os resultados obtidos para as áreas da segunda ressonância acima de 10�� mostram as

curvas desencontradas entre os diferentes veículos, provavelmente por desvio nas constantes

elásticas (��) dos pneus na zona de operação. Um teste com uma pequena mudança na pressão

interna para a pressão do pneu do Santana mostrou dependência significativa dessa variável.

Em futuros trabalhos, recomenda-se utilizar a pressão calibrada conforme recomendação do

manual do proprietário, dependente inclusive da carga do veículo, para uma obtenção mais

precisa da frequência de ressonância ligada ao grau de liberdade das massas não suspensas e

pneus.

A última consideração em relação à medição é a respeito do método de pesagem que se

mostrou eficaz, com a ressalva, como foi visto, de que a massa real de operação foi um pouco

subestimada. Uma maior massa, nesse caso, resultaria em uma pequena diminuição das

frequências naturais. No caso de carros leves, como os utilizados, passageiros, combustíveis e

bagagens podem elevar o peso original de 800�� a mais de 1200�� nos piores casos.

Recomenda-se, em futuros trabalhos, observar no manual do fabricante as notações de carga do

veículo carregado e vazio e, tentar simular esses valores durante a pesagem das massas totais,

colocando passageiros e bagagem.

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Com a obtenção de todos os dados foi possível aplicar o modelo de ¼ de veículo previsto

em Jazar (2014) e também simplificações utilizando apenas 1GL. A função resposta à

frequência obtida pelo primeiro método foi utilizada para a construção de curvas que

representam o comportamento das suspensões. Os gráficos e tabelas obtidas no capítulo 4

mostram uma semelhança notável entre as frequências naturais (�� ) das suspensões de

diferentes veículos para a primeira ressonância. Assumindo que a indústria realmente utilize

valores semelhantes em diferentes veículos, infere-se que o método utilizado neste trabalho é

coerente e assertivo. A única exceção, notável, foi a traseira do Uno que destoou totalmente dos

outros veículos.

A simplificação com 1 GL também se mostrou adequada para encontrar as frequências

de ressonância (��) e os coeficientes de amortecimento dentro do esperado, mas não para

encontrar a amplitude correta da FRF para esses valores. Essa semelhança entre os modelos

pode ser explicada se considerarmos que a rigidez do pneu é tão grande em relação a mola (mais

de 10 vezes) que ele pode ser considerado um corpo rígido para baixas frequências. Desta forma

ambos os modelos escolhidos foram adaptados de modo a representar as suspensões conforme

proposto nos objetivos, porém cada um foi efetivamente utilizado para certas grandezas em

análise.

O campo de valores encontrado para as frequências naturais (��) pelo uso do modelo

proposto por Jazar (2014) ficou entre 1 e 1,5�� (com exceção da traseira do Uno), sendo

englobado tanto pelo que foi proposto por Bastow (2004), como por Gillespie (1992), e Da

Rosa (2012) como valores recomendados para carros de passeio. Foi verificado, na seção 2.6,

que quanto menor a frequência maior a amplitude tolerada pelos passageiros para a vibração,

até o limite de 1�� quando uma diminuição adicional passa a ser deletéria para o conforto.

Apesar de ter sido trabalhado até aqui somente oscilações no sentido vertical ao corpo humano,

a vibração das suspensões ao girar o chassi do veículo acarreta em um pequeno componente

longitudinal que caso tenha frequências muito inferiores à 1�� pode acarretar em náusea e,

portanto, essa zona deve ser evitada ao máximo (BASTOW, et al., 2004) (SANDERS, et al.,

1992), o que de fato foi verificado com os valores encontrados.

5.1 TRABALHOS FUTUROS

Apesar da confiança no método dada a observância clara da teoria, ainda se recomenda

o desenvolvimento de pesquisas semelhantes através de um meio direto que possa aferir as

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respostas a frequências de uma suspensão durante a operação em estrada. Recomenda-se medir

previamente os obstáculos do trajeto, de modo que se possa inferir as frequências presentes no

solo e, que se use um carro equipado com acelerômetros sensíveis a baixas frequências (<

20��) nos cubos de roda e nos pontos de fixação das suspensões. Dessa forma, pode-se julgar

se os fatores desconsiderados (incluindo desconhecidos) neste trabalho apresentam alteração

significativa do comportamento das suspensões.

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6 REFERÊNCIAS

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CHEVROLET. Take it Easy! Chevrolet Motor Company, The jam Handy Organization, 1936.

DA ROSA, Edison, et al. Página do GRANTE. [Online] GRANTE. [Citado em: 15 de Março

de 2017.] http://www.grante.ufsc.br/.

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introdução a modelagem quasi-estática de automóveis. Florianópolis : Publicação interna do

Grante, 2012.

DIXON, John C. Suspension Geometry and Computation. West Sussex : Wiley, 2009.

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Human Factors: The Hournal of the Human Factors and Ergonomics Society. Junho, 1980.

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APÊNDICE A – CÓDIGO DE PROGRAMAÇÃO

frfw.m function Zs=frfw(w,F,M,C,K) R=(-w^2.*M+i.*w.*C+K); Z=R^-1*F; Zs=Z(1); end

funcaoresposta.m

function frf_pos=funcaoresposta(res,wf,ceq,mu,ms,keq,kt) A=1; F=[0;A*kt]; M=[ms,0;0,mu]; C=[ceq,-ceq;-ceq,ceq]; K=[keq,-keq;-keq,keq+kt]; it=1; for w=res:res:wf frf_pos(it)=frfw(w,F,M,C,K); it=it+1; end end

main.m

clear clc A=[ 225.35 34.15 14131 1987.88 587.33 178140 153.75 36.25 14060 2175.00 550.00 190500 211.70 30.30 13010 1501.82 675.82 214100 106.88 25.63 38082 1314.15 808.71 137480 287.70 27.80 20190 2215.03 1492.74 213900 156.25 38.25 15003 1553.50 1014.53 164020 298.33 28.68 15598 1904.05 1133.87 319010 185.15 36.60 16372 1975.61 517.42 236140 ]; %Colunas: %ms 1 mu 2 keq 3 ceq+ 4 ceq- 5 kt 6 %4 é tração, 5 é compressao %Linhas: % 'Gol Dianteira' % 'Gol Traseira' % 'Uno Dianteira' % 'Uno Traseira' % 'Fiesta Dianteira' % 'Fiesta Traseira' % 'Santana Dianteira' % 'Santana Traseira' res=0.01; wf=125; for l=1:1:8 ms=A(l,1);

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mu=A(l,2); keq=A(l,3); ceq=A(l,4); %tracao kt=A(l,6); frf(l,:)=funcaoresposta(res,wf,ceq,mu,ms,keq,kt); end for l=9:1:16 ms=A(l-8,1); mu=A(l-8,2); keq=A(l-8,3); ceq=A(l-8,5); %compressao kt=A(l-8,6); frf(l,:)=funcaoresposta(res,wf,ceq,mu,ms,keq,kt); end w=res:res:wf; f=w./2./pi; figure('Color',[1 1 1]) subplot(2,2,1) semilogy(f,abs(frf(1,:)),':',f,abs(frf(3,:)),'--',f,abs(frf(5,:)),'-',f,abs(frf(7,:)),'-.') set(gca,'XTick',0:1:20) title('Transmissibilidade das Suspensões Dianteiras em Tração'); legend('Gol','Uno','Fiesta','Santana') grid on xlabel('Frequência [\itHz\rm]') ylabel('Zs/S') subplot(2,2,3) semilogy(f,abs(frf(9,:)),':',f,abs(frf(11,:)),'--',f,abs(frf(13,:)),'-',f,abs(frf(15,:)),'-.') set(gca,'XTick',0:1:20) title('Transmissibilidade das Suspensões Dianteiras em Compressão'); legend('Gol','Uno','Fiesta','Santana') xlabel('Frequência [\itHz\rm]') ylabel('Zs/S') grid on subplot(2,2,2) semilogy(f,abs(frf(2,:)),':',f,abs(frf(4,:)),'--',f,abs(frf(6,:)),'-',f,abs(frf(8,:)),'-.') set(gca,'XTick',0:1:20) title('Transmissibilidade das Suspensões Traseiras em Tração'); legend('Gol','Uno','Fiesta','Santana') xlabel('Frequência [\itHz\rm]') ylabel('Zs/S') grid on subplot(2,2,4) semilogy(f,abs(frf(10,:)),':',f,abs(frf(12,:)),'--',f,abs(frf(14,:)),'-',f,abs(frf(16,:)),'-.') set(gca,'XTick',0:1:20) title('Transmissibilidade das Suspensões Traseiras em Compressão'); legend('Gol','Uno','Fiesta','Santana') grid on xlabel('Frequência [\itHz\rm]') ylabel('Zs/S') for it=1:1:16

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[Tm{it},inde{it}]=findpeaks(abs(frf(it,:))); wm{it}=f(inde{it}); end

pneus.m

clear clc %gol=@(x)-0.0035*x^3+0.2543*x^2+3.5626 %kgf/mm duplo pgol=[-0.0035 +0.2543 +3.5626 -0.0521]; puno=[+0.0022 -0.0429 +5.2548 +0.167]; pfiesta=[0.0008 +0.0141 +5.3325 -0.2154]; psantana=[0.0034 -0.0429 +6.3655 +0.3885]; %1 gol, 2 uno, 3 fiesta, 4 santana matriz=[pgol;puno;pfiesta;psantana] front_load=[259.5 242.0 315.5 327] back_load=[190 132.5 195.5 221.8] %encontrar x de cargas 0 frente e de traz for it=1:4 raizes=roots(matriz(it,:)-[0 0 0 front_load(it)]) xf0(it)=raizes(3); raizes=roots(matriz(it,:)-[0 0 0 back_load(it)]) xb0(it)=raizes(3); end xf0 xb0 %derivadas nos pontos for it=1:4 k_derf(it)=polyval(polyder(matriz(it,:)),xf0(it)) %derivada k_derb(it)=polyval(polyder(matriz(it,:)),xb0(it)) %derivada end k_f=k_derf.*2 k_b=k_derb.*2 k_f_si=9.8*1000*k_f k_b_si=9.8*1000*k_b

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82

APÊNDICE B – ANÁLISE DE RESPOSTA PARA SISTEMAS VIBRATÓRIOS PARA

1 GRAU DE LIBERDADE.

Figura 0.1 – Sistema de 1GL

Em nosso caso o oscilador é uma massa � sujeita a uma força periódica �(�) afixada

ao solo por uma mola linear de constante elástica � e um amortecedor linear de constante �

conforme apresentado na Figura 0.1.

Figura 0.2 - Diagrama de corpo Livre

Construindo o diagrama de corpo livre conforme Figura 0.2 e aplicando a segunda lei

de newton temos a equação diferencial:

� � = ��̈ = −� � − � �̇ + �(�)

��̈ + ��̇ + �� = �(�)

(B.1)

A equação não homogênea e por isso pelo princípio da linearidade sua solução é a soma

de uma solução geral com uma solução particular. A solução geral se refere a resposta transiente

a condições iniciais. Como estamos interessados no regime permanente vamos nos ater somente

a solução particular por enquanto.

Seja �(�) uma função senoidal de fase 0º representada pela parte real de uma

exponencial complexa de amplitude �.

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�(�) = ��������� (B.2)

A resposta, �(�), também poderá ser escrita como uma exponencial complexa e por

propriedade de um sistema linear conservará a frequência � de excitação. Para encontrá-la

deve-se assumir um termo adicional para fase e uma amplitude de forma que possa ser escrita

como:

�(�) = �������∅ (B.3)

O termo de fase e de amplitude podem ser agrupados em uma amplitude complexa �� tal

que:

�(�) = ������ (B.4)

É interessante escrever a primeira e segunda derivadas de resposta de �(�):

�̇(�) = ���(�)

�̈(�) = −���(�) (B.5)

Aplicando a função de resposta �, suas derivadas e a excitação B.2 na equação B.1

temos:

−��� ������ + ��� ������ + � ������ = � ���� (B.6)

Que permite o cancelamento do termo exponencial em função do tempo levando a

função resposta à frequência ��(�):

−��� + ��� + � =�

��

��(�) =��

�=

−��� + ��� + �

(B.7)

Por convenção podemos adotar alguns termos na análise sendo �� a frequência natural

não amortecido e � chamado de fator de amortecimento:

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84

�� = �

� =�

2���

(B.8)

Com isso podemos reescrever ��(�) em função desses dois termos ao invés de massa e

amortecimento:

��(�) =

1/�

1 − ��

���

�+ 2��

���

(B.9)

Por último Rao (2010) prevê ainda uma dedução para a frequência natural amortecida,

��, onde essa função resposta à frequência atinge a máxima amplitude. Ela pode ser encontrada

pela expressão:

�� = �� �1 − 2ξ� (B.10)

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85

APÊNDICE C – REGISTROS DE MEDIÇÃO

C.1 - ENSAIOS DAS MOLAS

Tabela C.1 - Medição do k das molas.

Frente Traseira

Comp. Ref mm Carga [Kgf] Comp. [cm] Carga [Kgf]

Uno

35 20,4

X

45,5 40,6

57,5 61,75

67 80,2

78 100,55

88,5 120,4

Gol

30,2 0 71,5 10,2

45,6 25,2 78,1 20,45

61,3 50,15 84,5 30,2

77 75,5 91 41

92,6 100 97 50

107,8 125,15 104,5 60,95

123 150,3 111 70,95

- - 116,5 80,15

- - 123 90,5

Fiesta

75,7 0 48 10,75

81,3 25,5 53,5 20,1

97,3 51,9 59 30

107,3 76,5 65 40

119 101,8 71 50,3

129 123 82,5 70,3

- - 94 90,2

Santana

15 20,45 19 20,75

26 40,05 31 40,2

36 60,35 41,5 60,6

47 79,95 53 80,55

61 100 64,5 100,25

66 120 75 120 Fonte: Autor

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C.2 - ENSAIOS DOS AMORTECEDORES

Obs.: Em todos os casos, o eixo vertical indica o valor de um coeficiente local de

amortecimento � em unidades de �/(�/�) e o eixo horizontal indica a posição em relação ao

ponto neutro da maquina em ��.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-60 -40 -20 0 20 40 60

c [N

/(m

/s)]

x [mm]

Gol Dianteira. 1Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

-60 -40 -20 0 20 40 60

Gol Dianteiro 2Hz

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

-60 -40 -20 0 20 40 60

c [N

/(m

/s)]

x [mm]

Gol. Traseira 1Hz

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-60 -40 -20 0 20 40 60

c [N

/(m

/s)]

x [mm]

Gol. Traseira 2Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-60 -40 -20 0 20 40 60

Uno Traseira 1Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

-60 -40 -20 0 20 40 60

Uno Traseira 2Hz

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0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

-60 -40 -20 0 20 40 60

Fiesta Dianteiro 1Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-60 -40 -20 0 20 40 60

Fiesta Dianteira 2Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

-60 -40 -20 0 20 40 60

c [N

/(m

/s)]

Posição [mm]

Fiesta Traseiro 1Hz

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

-60 -40 -20 0 20 40 60

Fiesta Traseira 2Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-60 -40 -20 0 20 40 60

Santana Dianteiro 1Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

-60 -40 -20 0 20 40 60

Santana Dianteiro 2Hz

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88

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

-60 -40 -20 0 20 40 60

Santana Traseira 1Hz

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

-60 -40 -20 0 20 40 60

Santana Traseira 2Hz

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89

C.3 - PONTOS MEDIDOS PARA O LOTUS

Tabela C.2 – Medição Lotus. Modo: Sterrable McPherson Strut

Gol Dianteira Uno Dianteira Fiesta Dianteira Santana Dianteira Uno traseira

Nº x

[mm] y

[mm] z

[mm]

x [mm

]

y [mm]

z [mm]

x [mm]

y [mm]

z [mm]

x [mm]

y [mm]

z [mm]

x [mm]

y [mm

] z

[mm]

Lower wishbone front pivot 1 1 340 260 10 360 280 1 385 217 72 330 248 2361 309 325

Lower wishbone rear pivot 2 306 340 260 480 345 270 305 425 225 385 337 227 2557 301 325

Lower wishbone outer ball join 3 170 658 221 380 635 165 22.5 685 215 230 673 160 2462 605 205

Strut slider upper axis point 6 170 543 350 380 573 315 11.4 587 340 219 609 346 2462 552 185

Strut top point 7 136 515 830 405 475 850 58 561 811 230 527 895 2546 515 820

Strut Slider lower axis point

8 (6) 170 544 346 380 573 315 11.4 587 340 219 609 346 2462 552 185

Outer track rod ball joint 11 234 643 275 509 547 370 131 650 275 450 570 583

- - -

Inner Track rod ball joint 12 246 347 302 488 241 450 153.5 347 250 219 100 570

- - -

Upper Spring pivot point 16 136 515 830 405 471 840 50 561 790 225 502 830

- - -

Lower Spring pivot point 17 136 545 615 337 540 570 7 591 615 260 615 600 2451 510 230

Wheel spindle point 18 170 675 260 380 663 265 19 772 280 235 717 286 2453 681 260

Wheel centre point 19 170 685 260 380 670 265 19 747 280 235 700 286 2453 645 260

Tebala C.3 – Medição Lotus. Modo: Modo: Twist Beam - Twin Wheel

Gol Traseira Fiesta Traseira Santana Traseira

Nº x [mm] y [mm] z [mm] x [mm] y [mm] z [mm] x [mm] y [mm] z [mm]

Trailing Arm Body Point Right 1 2040 620 300 1820 563 230 2375 587 275

Trailing Arm Body Point Left 2(1) 2040 -620 300 1820 -563 230 2375 -587 275

Shear point Right 3(19) 1820 0 145 2027 0 195 2485 0 240

Right Damper lower trailing arm end 4 2410 525 260 2170 524 175 2760 567 265

Right Damper body end 5 2410 510 840 2158 514 795 2760 567 885

Right Upper spring pivot point 6 2410 510 840 2200 501 435 2760 567 860

Right Lower spring pivot point 7 2393 546 602 2253 504 175 2760 567 625

Wheel spindle point 1 8 2410 638 260 2259 676 280 2772 769 286

Wheel centre point 1 9 2410 693 260 2259 706 280 2772 751 286

Wheel centre point 2 10(9) 2410 -693 260 2259 -706 280 2772 -751 286

Wheel Spindle point 2 11(8) 2410 -638 260 2259 -676 280 2772 -769 286

Left Damper Lower trailing arm end 12(4) 2410 -525 260 2170 -524 175 2760 -567 265

Left Damper body End 13 (5) 2410 -510 840 2158 -514 795 2760 -567 885

Left Upper Spring pivot point 14(6) 2410 -510 840 2200 -501 435 2760 -567 860

Left Lower spring pivot point 15(7) 2393 -546 602 2253 -501 175 2760 -567 625

Shear point Left 16(19) 1820 0 145 2027 0 195 2485 0 240

Twist beam point right 17 2225 582 253 2027 440 195 2560 557 240

twist beam point left 18(17) 2225 -582 253 2027 -440 195 2560 -557 240

centre connection point 19 2066 0 295 2027 0 195 2485 0 240