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Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Departamento de Geotecnia e Transportes
RELATÓRIO 01
ANÁLISE TÁCTIL VISUAL DOS SOLOS
094461 – Talita Beluffi de Camargo
CV 924 – Complementos de Fundações
Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque
CAMPINAS
AGOSTO 2013
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
CV 924 – Complementos de Fundações 094461 – Talita Beluffi de Camargo
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1. OBJETIVO
O experimento consistiu em identificar as características de fácil reconhecimento dos
solos, através de sua análise táctil visual.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Quase todas as obras de engenharia têm, de alguma forma, de transmitir as cargas
sobre elas impostas ao solo. Além disto, em algumas obras, o solo é utilizado como o
próprio material de construção, como, por exemplo, os aterros rodoviários, as bases para
pavimentos de aeroportos e as barragens de terra. O estudo do comportamento do solo
frente às solicitações a ele impostas por estas obras é portanto de fundamental importância.
Os métodos laboratoriais, ainda que constituam importantes ferramentas para o manejo
e sejam bastante exatos e precisos, são muitas vezes de difícil utilização devido ao custo e
tempo. A rápida avaliação da qualidade do solo pode ser obtida a partir de alguns testes
feitos rapidamente em uma amostra desse solo. Esse procedimento consta essencialmente
de identificar e anotar:
A ocorrência ou não de matéria estranha ao solo (raízes, pequenas conchas, matéria
orgânica etc.)
Coloração natural da amostra e sua uniformidade
Teor de umidade
Minerais reconhecíveis, no solo de solo granular. Normalmente os mais passíveis de
identificação são o quartzo, feldspato e mica.
Odores estranhos
Granulometria
Essa seqüência é quase simultânea e praticamente não exige equipamento, exigindo,
entretanto, uma grande experiência no reconhecimento e no trato do solo. Assim, para o
processo de identificação táctil visual de um solo utilizam-se freqüentemente os seguintes
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procedimentos, alguns sugeridos inclusive pela norma NBR 7250: Tato, plasticidade,
resistência ao solo seco, dispersão em água, impregnação, dilatância.
Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os
resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Por definição, os solos são
classificados em pedregulhos e areias (solos grossos), siltes e argilas (solos finos).
Os solos grossos possuem uma maior percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥
0,074 m) e suas partículas têm formas arredondadas, poliédricas e angulosas.
São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que
2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas
margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até
mesmo em uma massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem
e ao saprolito).
As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou pelo
vento. A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte
sofrido pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende
a arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais
esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as partículas com
dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e
0,06mm (ABNT). O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu
comportamento mecânico, pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em
contrapartida, como eles deslizam entre si quando solicitados por forças externas. Por outro
lado, como estas forças se transmitem dentro do solo pelos pequenos contatos existentes
entre as partículas, as de formato mais angulares, por possuírem em geral uma menor área
de contato, são mais suscetíveis a se quebrarem.
Solos finos são aqueles que possuem dimensões menores que 0,074mm (DNER), ou
0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado como argila ou
como silte. Os solos finos possuem partículas com formas lamelares, fibrilares e tubulares e
é o mineral que determina a forma da partícula. O comportamento dos solos finos é definido
pelas forças de superfície (moleculares, elétricas) e pela presença de água, a qual influi de
maneira marcante nos fenômenos de superfície dos argilo-minerais.
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A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a 0,002mm)
se caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar sem apresentar
variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a fração mais ativa dos solos.
Já os siltes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa
resistência quando seco. A Figura 1 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT
(NBR 6502):
Figura 1 – Escala granulométrica da ABNT NBR 6502/1995.
Os solos orgânicos são identificados em separado, em função de sua cor e odor
característicos. Além da identificação táctil visual do solo, todas as informações pertinentes
à identificação do mesmo, disponíveis em campo, devem ser anotadas. Deve-se informar,
sempre que possível, a eventual presença de material cimentante ou matéria orgânica, a cor
do solo, o local da coleta do solo, sua origem geológica, sua classificação genética,
identificação do solo da vizinhança etc.
A distinção entre solos argilosos e siltosos, na prática da engenharia geotécnica, possui
certas dificuldades, já que ambos os solos são finos. Porém, após a identificação táctil visual
ter sido realizada, algumas diferenças básicas entre eles podem ser utilizadas para distingui-
los. Pode-se ressaltar:
1- O solo é classificado como argiloso quando se apresenta bastante plástico em presença
de água, formando torrões resistentes ao secar. Já os solos siltosos quando secos, se
esfarelam com facilidade.
2- Os solos argilosos se desmancham na água mais lentamente que os solos siltosos. Os
solos siltosos, por sua vez, apresentam dilatância marcante, o que não ocorre com os
solos argilosos.
Quando pelo exame táctil visual for possível identificar a origem dos solos,
especificamente nos casos das origens marinha, orgânica e residual e no caso de aterros,
tais designações são acrescentadas à sua nomenclatura. Além disso, se a presença de
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mica for acentuada, a designação micácea também deverá ser acrescentada a
nomenclatura do solo.
Para a classificação táctil visual dos solos será considerada sua composição
granulométrica, ainda que essa classificação seja adequada principalmente para os solos
grossos, conforme as características de seu comportamento. Nesta classificação os solos
são designados pelo nome da fração preponderante. Esta afirmação deve ser analisada
com rigor, pois se sabe que as definições não deveriam ser baseadas simplesmente nas
frações majoritárias, uma vez que nem sempre são elas que ditam o comportamento de um
solo. Assim, preferindo-se agrupar os solos quanto ao comportamento e não quanto às
constituições, a classificação deveria denominá-lo de acordo com a fração mais ativa no seu
comportamento. Embora hoje recomendada mais para os solos grossos (que não
apresentam propriedades correlacionadas com a plasticidade) a classificação
granulométrica tornou-se universalmente empregada.
A classificação será realizada utilizando-se diagramas triangulares, como o de Feret,
ilustrado na Figura 2. Nesse diagrama, fazem-se corresponder aos três lados do triângulo as
porcentagens respectivas de argila, silte e areia. É mais comum somar as porcentagens de
pedregulho e areia antes de utilizar o diagrama triangular, e mencionar após a classificação,
conforme o caso, a predominância de areia ou de pedregulho.
Figura 2 – Diagrama triangular de Feret.
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Outra classificação bastante adequada para processos de identificação do solo em
campo é a tabela proposta pelo Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS),
tabela esta apresentada na Figura 3.
Figura 3 - Sistema Unificado de Classificação dos Solos para ensaios de campo.
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O sistema SUCS (ou U.S.C.) é o aperfeiçoamento da classificação de Casagrande
para utilização em aeroportos, adaptada para uso no laboratório e no campo pelas agências
americanas "Bureau of Reclamation" e "U.S. Corps of Engenneers", com simplificações que
permitem a classificação sistemática. Foi proposto por Arthur Casagrande no início da
década de 40.
Pela primeira vez os solos orgânicos foram considerados como um grupo de
características e comportamento próprio e diferente dos outros dois. As mais significativas
mudanças e revisões, da norma antiga, podem ser resumidas em 4 itens:
• A classificação de um solo é feita através de um símbolo e de um nome;
• Os nomes dos grupos, simbolizados por um par de letras, foram normalizados;
• Argilas e siltes orgânicos foram redefinidas;
• Foi estabelecida uma classificação mais precisa.
Os solos estão distribuídos em 6 grupos: pedregulhos (G), areias (S), siltes
inorgânicos e areias finas (M), argilas inorgânicas (C), e siltes e argilas orgânicos (O). Cada
grupo é então dividido em subgrupos de acordo com suas propriedades índices mais
significativos.
.
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
A aparelhagem necessária, como já citado anteriormente, é mínima. Serão necessários:
água corrente
proveta (ou um recipiente de vidro qualquer)
almofariz de porcelana e não de borracha
amostra de solo (serão oito) (Figura 4) .
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Figura 4 - Amostra de solo
Como os procedimentos são diversos, eles serão divididos em tópicos.
3.1. Tato
Inicia-se o procedimento de identificação das amostras de solo pela sua granulometria,
procurando-se classificar-las nas duas grandes divisões: solos grossos ou solos finos. Para
tanto, é utilizado o ensaio de tato, que consiste em friccionar uma porção do solo na mão e
entre os dedos. A amostra pode ser umedecida ou não.
Os solos grossos (as areias) são ásperos ao tato, apresentam partículas visíveis ao olho
nu e permitem muitas vezes o reconhecimento de minerais.
Já os solos finos são divididos em siltes e argilas.
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O silte é menos áspero que a areia, mas perceptível ao tato. Entre os siltes grossos e as
areia fina, a distinção é praticamente impossível, a não ser cokm o auxilio de outros testes.
Por outro lado, as argilas, quando misturadas a água e trabalhadas entre os dedos,
apresentam uma semelhança com pasta de sabão escorregadia; quando seca os grãos
finos da argila proporcionam ao tato a sensação de farinha. A Tabela 1 apresenta um
resumo dessas características.
Tabela 1 – Classificação segundo o tato
Análise táctil Classificação
Ásperos ao tato / partículas visíveis / reconhecimento de minerais
AREIAS
Pouco ásperos / perceptíveis ao tato SILTES
Macios ao tato / sensação de farinha / sensação de pasta de sabão quando úmido
ARGILAS
3.2. Visual
O exame visual das amostras permite avaliar a predominância do tamanho dos grãos,
sendo possível individualizar grão de tamanho superior a décimos de milímetros, admitidos
visíveis a olho nu. Na Tabela 2 são apresentadas as dimensões características para a
classificação dos grãos. Além disso, também deve-se classificar os solos em bem ou mal
graduados, sendo que solos bem graduados apresentam solos com partículas de tamanhos
bastante distintos enquanto que solos mal graduados apresentam graduação praticamente
constante de grãos.
Tabela 2 – Classificação visual segundo a dimensão dos grãos
Dimensão dos grãos (mm) Classificação
PEDREGULHOS
AREIAS
SILTES E ARGILAS
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3.3. Cor
A nomenclatura dos solos deve ser acompanhada pela indicação da cor, feita logo após
a colheita das mesmas, utilizando-se até no máximo de duas designações de cores. Quando
as amostras apresentarem mais do que duas cores, deve ser utilizado o termo variegado no
lugar do relacionamento das cores.
Embora considerando o caráter subjetivo desta indicação de cor, devem ser utilizadas as
seguintes designações: branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde,
admitindo-se ainda as designações complementares, claro e escuro.
3.4. Teste de sujar as mãos ou impregnação
Faz-se uma pasta de solo e água e esfrega-se na palma das mãos, colocando-se em
seguida sob água corrente. O solo arenoso lava-se facilmente, isto é, os grãos de areia
limpam-se rapidamente das mãos.
Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade.
O solo mais siltoso só se limpa depois que bastante água correu sobre as mãos, sendo
necessário sempre alguma fricção para a limpeza total. O solo mais argiloso distingue-se
pela dificuldade de se desprender da palma das mãos, porque os grãos muito finos
impregnam-se na pele, sendo necessário friccionar vigorosamente para que a palma da mão
se ver livre da pasta (Tabela 3).
Tabela 3 – Classificação segundo o teste de sujar as mãos
Impregnação nas mãos Classificação
Grãos lavam-se fácil e rapidamente AREIAS
Necessidade de alguma fricção para a limpeza total SILTES
Necessidade de friccionar vigorosamente ARGILAS
3.5. Resistência do solo seco
Foram realizados pequenos cubos de 1cm³ com as amostras de solo umedecidas. Esses
cubos foram colocados sob uma peça de papelão onde ficaram durante uma semana, para
que secassem. Cada um desses cubos pode apresentar grande, média ou nenhuma
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resistência quando se tenta desfazê-lo entre os dedos. Isso indica, respectivamente, uma
grande coesão dos solos argilosos, pouca coesão para os solos siltosos e nenhuma coesão
para os solos arenosos. Na Tabela 4 apresentam-se esses conceitos.
Tabela 3 – Classificação segundo o teste de resistência conforme o comportameto dos
cubos quando submetidos a pressão dos dedos.
Teste de resistência Classificação
Difícil/impossível formar cubos / não resistentes a pressão dos dedos
AREIAS
Pouco resistentes à pressão dos dedos SILTES
Muito resistente à pressão dos dedos ARGILAS
Observação: quando os cubos foram colocados sobre o papelão, desenhou-se o
perímetro da face do cubo que estava contato com o papelão. Após a semana na qual os
cubos permaneceram para secagem, verificou-se que alguns cubos retraíram. Sabe-se
ainda que os movimentos de retração e expansão que se observam quando há variação de
umidade são característicos da argila presente no solo, representados essencialmente pelos
argilominerais.
3.6. Dispersão em água
Para este teste o solo deve estar completamente desagregado, por isso devem-se
desfazer os torrões. Deve-se tomar especial atenção com os agregados de solos finos,
porque estes são muitas vezes resistentes a desagregação mecânica, sendo necessário
para uma separação perfeita fos grãos a adição de defloculantes.
O procedimento consiste em colocar uma pequena quantidade da amostra de solo
destorroado (20ml) numa proveta e completá-la com água (até 100ml) (esses valores são
arbitrários). Agita-se o conjunto por aproximadamente 2 minutos, provocando assim uma
dispersão homogênea do solo com na água. Deixa-se em repouso e observa-se o tempo de
deposição da maior parte das partículas constituintes da amostra. Os solos arenosos
depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a suspensão e demoram para
sedimentar. A Tabela 5 apresenta o tempo para a deposição das partículas conforme o tipo
de solo.
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Tabela 5 – Classificação conforme o tempo de deposição dos sólidos.
Tempo para assentamento das partículas Classificação
30 a 60 segundos AREIAS
15 a 60 segundos SILTES
Podem levar horas em suspensão ARGILAS
3.7. Dilatância ou mobilidade de água intersticial
O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de movimentação
da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma amostra de solo
homogênea e com teor de umidade que lhe garanta uma consistência mole, porém não
lamacenta. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos, em concha, e
distribuído uniformemente sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O teste
se inicia com um movimento horizontal da mão, batendo vigorosamente a sua lateral contra
a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma lâmina
d'água na superfície do solo (brilho) e o tempo para a ocorrência. Em seguida, a palma da
mão deve ser aberta, o que provocará o aparecimento de fissuras e o ressecamento
aparente da superfície da pasta.
O tempo de reação da massa de solo, isto é, sob as vibrações, rapidamente assumiu o
aspecto liso e brilhante, indica que a presença de maior porcentagem de partículas grossas.
Também ao se abrir a mão, o solo rapidamente se fissura e torna a absorver a água
superficial, indica a facilidade de movimento através das partículas ou presença de solos
grossos.
A reação lenta, tanto no aparecimento da superfície brilhante, como na fissuração
reduzida, indica a presença de solos finos, ou seja, indica a dificuldade de movimentação
das partículas de água aderentes ou coesas às partículas de solo.
A classificação é feita conforme apresentado na Tabela 6.
Tabela 6 - Classificação conforme a resposta ao teste de dilatância
Aparecimento da água / fissuras Dilatância Classificação
Rápido Rápida AREIAS
Médio Média SILTES
Lento Lenta SILTE OU AREIA ARGILOSA
Sem mudança aparente Nenhuma ARGILAS
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3.8. Plasticidade
Consiste em moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são
moldáveis enquanto as areia e siltes não são moldáveis. A classificação varia entre
rigída, baixa, média e nenhuma, como apresentado na tabela 7.
Tabela 7 – Classificação conforme a plasticidade.
Característica Plasticidade Classificação
Facilmente Moldáveis Rígida AREIAS
Moldáveis Média SILTES
Pouco moldáveis Baixa SILTE OU AREIA ARGILOSA
Não moldáveis Nenhuma AREIAS
4. RESULTADOS
Após realizados todos os testes citados no item 3, foram anotados os seguintes
resultados obtidos em laboratório para cada uma das oito amostras (Tabela 8).
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Tabela 8 – Identificação das características das amostras de solo para cada uma das oito amostras.
Item Amostra 1 2 3 4 5 6 7 8
Procedência Jaguariúna Americana
Campinas - Ouro Verde
UNICAMP Jundiaí Paraíba Sorocaba Cubatão
3.3. Cor Cinza e marrom clara
esbranquiçado Marrom claro
Marrom avermelhado claro
Marrom avermelhado escuro
Vermelho amarronzado
Marrom amarelado
Marrom claro amarelado
Cinza escuro
3.1. 3.2.
Textura Mista com predomínio
de grossos Grossa
(Areia Fina) Média / Mista Média para fina Média para fina Fina Média Fina
Porção Grossa
3.2. Graduação Bem Graduado Mal Graduado Mal Graduado Bem Graduado Bem Graduado Mal Graduado Bem Graduado Mal Graduado
3.1. Forma das Partículas
Mista - arredondado e subangular
Arredondada Subangular Subangular Mista – arred. e
subangular Arredondada
Mista – arred. e angular
Arredondada
3.1. Mineralogia Quartzo, Feldspato e
Mica Mica Indefinido Indefinido Mica Indefinida Indefinida Indefinida
Porção Fina / Mista
3.4. Aderência Baixa Baixa Muito Baixa Muito Baixa Média Muito Alta Baixa Muito Alta
3.7. Dilatância Rápida Rápida Lenta Rápida Média Nenhuma Lenta Média
3.8. Plasticidade Nenhuma Nenhuma Média Baixa Média Rígida Média Rígido
3.5. Resistência a Compressão
- - Média Alta Média Baixa Muito Alta Alta Muito Alta
Dispersão
3.6.
%Areia - - 60 30 70 5 95
% Silte - - 20 60
% Argila - - 20 10 30 95 5
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Deve-se ainda comentar que nenhum dos solos apresentava qualquer tipo de odor
característico, uma vez que não eram exatamente amostras recentes.
Outra observação diz respeito a retração sofrida pelos cubos do ensaio de
resistência a compressão (teste 3.5.). Quando observados os cubos após a secagem de
uma semana, percebeu-se que as amostras 6 e 8 apresentaram grande retração.
Além disso, a amostra de número 3 apresentou friabilidade, que é a capacidade de
fragmentação de uma partícula ou de um torrão. Torrões quase secos de silte apresentam
fácil desagregação por pressão dos dedos, enquanto os de argila são muito menos friáveis.
A observação da friabilidade foi realizada com as amostras durante os ensaios e
comprovada posteriormente no ensaio de resistência a seco.
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Como o solo é uma mistura heterogênea de areia silte e argila, com presença ou
não de pedregulho, estes testes serviram para classificar a granulometria predominante das
amostras. Isto é, ao executar a classificação visual e táctil de um solo, pode-se identificar
item a item, como apresentado na Tabela 8.
Comparando a tabela de resultados (Tabela 8) com as tabelas apresentadas no
item 3 (Tabelas 1 a 7), podemos classificar individualmente cada item, ou seja, se um
determinado item se enquadra na categoria areia, silte ou argila. Dessa forma, após
considerar item a item, devemos olhar para as características da amostra como um todo e,
com o auxilio do diagrama de Feret finalmente classificá-la. Além disso, também procede a
classificação baseada no na tabela proposta pelo Sistema Unificado de Classificação dos
Solos (SUCS) (Figura 2), de modo que os resultados sejam os mais corretos posssíveis. A
classificação obtida por cada um dos métodos encontra-se apresentada na Tabela 9.
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Tabela 9 – Classificação dos solos através do triângulo de Feret e do SUCS após
análise das amostras.
Triângulo Feret SUCS
1 Areia bem graduada com presença de pedregulho
GW Pedregulhos bem graduados, mistura de areia e pedregulho e
pedregulho com pouco ou nenhum fino
2 Areia mal graduada SP Areias mal graduadas, areias pedregulhosas, com pouco ou
nenhum fino
3 Areia argilosa SC Areias argilosas, misturas bem graduadas de areia e argila
4 Areia siltosa ML Siltes inorgânicos e areias muito finas, alteração de rocha,
areias finas, siltosas ou argilosas com pequena plasticidade
5 Areia argilosa SF Areias siltosas, misturas mal graduadas de areia e silte
6 Argila CH Argila inorgânicas de alta plasticidade, argilas gordas
7 Areia siltosa SC Areias argilosas, misturas bem graduadas de areia e argila
8 Argila CH Argila inorgânica de alta plasticidade, argilas gordas
Percebe-se que as amostras 1, 2, 3, 4, 6 e 8 foram classificadas de modo igual
utilizando ambos os métodos. Por outro lado, a amostra 7 diferiu em parte, uma vez que na
classificação de Feret o silte era o segundo maior em fração preponderante, enquanto que
pelo SUCS a argila é quem aparece na segunda posição. Já no caso da amostra 5 o
problema é semelhante, invertidos os papéis da argila e do silte.
Observação deve ser feita com relação ao solo da amostra 8. Inicialmente, devido a
sua coloração, imaginou-se ser um solo orgânico. Entretanto, o mesmo não apresentava
odor característico. Após os testes realizados e com o auxilio da tabela do SUCS, verificou-
se que a dilatância e a rigidez apresentadas não são compatíveis com a dos solos
orgânicos.
Particularmente, a classificação pelo SUCS é mais fácil, enquanto que a
classificação pelo triângulo gera margens maiores de dúvida, principalmente pois, a leitura
do triângulo é muito tendenciosa aos resultados do teste de dispersão. Além disso,
comparando os valores obtidos no teste de dispersão, estes nem sempre parecem
plenamente compatíveis com os demais testes realizados, causando insegurança na
interpretação dos dados.
Já a classificação pelo SUCS trata de forma mais abrangente todas as
características, sendo mais fácil para pessoas com menos experiência se familiarizarem
com os resultados.
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A dificuldade da classificação, entretanto reside em conseguir, com tão poucos
recursos, identificar de maneira mais correta possível a granulometria percentual da
amostra. Percebe-se, portanto, que a experiência e o constante manuseio são fundamentais
para tal fim.
6. CONCLUSÃO
Como o solo é uma mistura heterogênea de areia, silte e argila, com presença ou
não de pedregulho, estes testes serviram para classificar as frações predominantes dos
solos das amostras. Isto é, ao executar a classificação visual e táctil de um solo, chegamos
a conclusão que o solo 1 é uma mistura de areia e pedregulho, o solo 2 é uma areia mal
graduada, o solo 3 é areia argilosa, o solo 4 é areia siltosa, o solo 5 é uma areia siltosa, solo
6 é uma argila de alta plasticidade, o solo 7 é uma areia argilosa bem graduada e, por fim, o
solo 8 é uma argila.
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT NBR 7181 - Solo - Análise granulométrica.
ABNT NBR 7250 – Identificação e descrição de amostras de solo obtidas em
sondagens de simples reconhecimento dos solos.
STANCATI, G.; NOGUEIRA, J. B.; VILAR, O. M. Ensaios de Laboratório de
Mecânica dos Solos. São Carlos: EESC/USP, 1991.
VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos. São Paulo: Editora McGraw-Hill do
Brasil, 1977.
CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Ed. Livros técnicos e
científicos S.A, Vols. 1, 2 e 3. Rio de Janeiro, 1981.
NIERO, Luiz Augusto Cardoso. Avaliações visuais do solo como índice de qualidade
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químicas. 2009. 111f. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Pós-
Graduação – IAC. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v34n4/25.pdf. Acesso em 23
de agosto de 2013.
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ORTIGÃO, J. A. R. Introdução à mecânica dos solos dos estados críticos. Ed. Livros
técnicos e científicos S.A, Rio de Janeiro, 3ª Ed. 2007.
ALMEIDA, Gil Carvalho Paulo de. Caracterização Física e Classificação dos Solos.
Disponível em
http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/rosane/downloads/material%20de%20apoio/APOSTILA_
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BASTOS, Cezar. Classificação Geotécnica dos Solos. Disponível em
ftp://ftp.cefetes.br/cursos/Transportes/CelioDavilla/Solos/Literatura%20complementar/Apostil
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BARRISON, Marcelo Ribeiro. Módulo 2 – Mecânica dos solos. Disponível em
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Acesso em 23 de agosto de 2013.
http://www.forma-te.com/mediateca/download-document/4355-classificacao-dos-
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