andrade, oswald. a utopia antropofágica

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OBRAS COMPLETAS DE OSWALD DE ANDRADE

A UIDPIA

ANTROPOFAGICA

A Antropofogia ao alcance de todosPor Benedito Nunes

U. F. M.G. - BIBLIOTECA UNIVERSITARIA

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NAO DANIFIQUE ESTA ETIQUETA

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MANIFES10 DA POESIA PAU-BRASIL

A Poesia cxiste nos fatos. Os casebres de ~ a f r i o e de ocrenos verdes da Favela, sob o azul cabralino, sao fatos esteticos.

0 Carnava.l no Rio e o acontecimento religioso da r ~ a . PauBnsil. Wagner submerge ante os cordoes de Botafogo. Barbaroe nosso. A f o r m ~ etnica rica. Riqueza vegetal. 0 minerio. A

cozinha. 0 vatapa, o ouro e a d a n ~ . Toda a hist6ria bandeirante e a hist6ria comercial do Brasil.

0 Jado doutor, o lado c i ~ o e s , o lado autores conhecidos. Co-

movente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegimbia. Tudo rever

taado em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Nepu de jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar diffcil.

0 lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado eclominando politicamente as selvas selvagens. 0 bacharel. Niopodemos deixar de ser doutos. Doutores. Pals de dores an6nimas, de doutores an6nimos. 0 Imperio foi assim. Eruditamos tuclo. Esquecemos o gaviio de penacho.

A nunca e x p o ~ i o de poesia. A poesia anda oculta nos cip6s maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universiwia.

Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens quesabiam tudo · se deformaram como borrachas sopradas. Re

bentaram.A volta a e s p e c i a l i z a ~ i o . Fil6sofos fazendo fdosofia, crlticos,

critica, donas-de-casa tratando de cozinha.

A Poesia para os poetas. Alegria dos que nio sabem e des-cobrem.

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MANIFES1D ANTROP6FAGO

S6 a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente.Filosoficamente.

Unica lei do mundo. Expressao mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religioes. Detodos os tratados de paz.

Tupi or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mae dos Gracos.

S6 me interessa o que nao emeu. Lei do homem. Lei doantrop6fago.

Estamos fatigados de todos os maridos cat6licos suspeitosospostos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

0 que atropelava a verdade era a roupa, o impermeavel en

tre o mundo interior e o mundo exterior. A r e a ~ a o contra o ho-• mem vestido. 0 cinema americana informara.

Filhos do sol, mae dos viventes. Encontrados e amados fe-rozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelostraficados e pelos touristes. No pa1s da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramaticas, nem c o l e ~ o e s de ve-

lhos vegetais. En u n ~ a

soubemos o que era urbano, suburbano,f r o n t e i r i ~ o e continental. P r e g u i ~ o s o s no mapa-mundi do Brasil.Uma consciencia participante, uma dtmica religiosa.

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Oswald tie Andrade

A nossa independencia ainda nao foi proclamada. Frase u-

pica de D. Joao VI: - Meu ftlho, poe essa coroa na tua c a b e ~ a . antes que algum aventureiro o f a ~ a ! Expulsamos a dinastia. E re-ciso expulsar o esplrito bragantino, as o r d e n ~ a e s e o rape de Maria

da .funte.

Conua a realidade social, vestida e opressora, cadasuada porFreud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostitui~ o e s e sem penitenciarias do matriarcado de Pindorama.

OSWALD DE ANDRADE

Em Piratininga

Ano 374 da D e g l u t i ~ a o do bispo Sardinha.

(Re'llista de Antropofogia, Ano I, NC? I, maio de 1928.)

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~ MEU TESTAMEN10

Depoimento inclwdo no livro Testamento De Uma

Gera¢o, de Edgard Cavalheiro, publicado pelaLiflra-

ria do Globo, 1944, Pono Alegre.

Edgard Cavalheiro:

C o m e ~ a r e i protestando contra a confusao que se faz enuea seriedade do esplrito hurnano e, por exemplo, a sisudez de urnasessao academica, com suas ratazanas fardadas e a c o l e ~ a o de suascarecas de l o u ~ a . Ao conuario disso nada mais serio que a blaguede Voltaire ou de Ilya Ehrenburg, a fantasia deJoyce eo suspeitomoralismo de Proust. Ser contra urna determinada moral ou es-ta r fora dela nao e ser imoral. At.acar com saude os crepusculos

de urna classe dominante nao e de modo algum ser pouco serio.0 sarcasmo, a c6lera e ate o disrurbio sao necessidades de a ~ a o e dignas o p e r ~ a e s de limpeza, principalmente nas eras de caos,quando a vasa sobe, a subliteratura uona e os poderes infemaisse apossam do mundo em clamor.

Que houve, para que tudo isso acontecesse e se despejasse so-bre a c a ~ a desavisada dos que, como eu, nasceram cinqiientaanosattas, numa capital de conegos e de sinos da America paulista? Ape-

nas isto- estamos em plena e rasa m u d a n ~ a de urn ciclo hist6rico.Para melhor me defmir, vou dialogar pedagogicamente.voct - Que fatos ocasionaram essa m u d a n ~ a ? EU - Quero tomar para referenda deste speculum mundi

que me e exigido OS fenomenos mais significativos da hist6ria humana e dar como padrao as sociedades mais a v a n ~ a d a s , mais efi-cientes e mais cultas. Sao elas alias que marcam o carater de cadaepoca, influindo de urn modo apressado ou tardio, total ou parcial, sobre os demais aglomerados hurnanos.

Se examinarmos em conjunto a geografla e a hist6ria, vere-mos que tudo que de mais imponante se vern processando no

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~ A

A ARCADIA E A INCONFIDENCIA

Tesc para concurso da Cadeira de Literatura Brasilei-

ra da Faculdade de Filosofta, C i ~ n c i a s e Letras da Uni-

versidade de Sao Paulo, 1945.

''Chamavam a este conluioajuntamento de poe-

las, querendo signillcar com isto ser fabulosa a pro-

jetada r e v o l u ~ a o . assim como fabulosos eram os mis-

terios da poesia.''

"Uitimos Momentos dos Inconfidentes de

1789'; pelo Frade que os assistiu em conflSSao.

Frei Vicente do Salvador ilusua pitorescamente a ganancia

meuopolitana durante o nosso perfodo colonial, quando diz que,arrancando o que podiam do Brasil, os dominadores ensinavam

os seus loiros a repetir: Papagaio Real! Para Portugal! Para Portu-gal! Uma i n f o r m a ~ a o autorizada faz subir a cern milhtks de es-

terlinos o ouro exponado do Brasil para a Metr6pole durante o

seculo XVIII. Esse ouro, panicularmente o das Minas Gerais, ia,auaves de Lisboa, influir nos mercados fmanceiros da epoca, ali-

mentando as f o r ~ a s do capitalismo nascente.

Dessa conjuntura hist6rica, em que Portugal, depois das suaspesadas lutas autonomistas com a Espanha, passa a se debater nas

maos equipadas da Inglaterra, resta urn monumento que se di-

ria erigido a e x p r o p r i a ~ a o . Eo convento de Mafra, junto de Lis-

boa, que no seu palido rococo exprime a c6pia e a decadencia

e diz o quanto estamos Ionge da virilidade da Batalha e de Tho-

mar, dos Jeronimos, do castelo da Pena e de A l c o b a ~ a . Eo seculo XVIII, quando as conseqiiencias ideol6gicas dos

descobrimentos e das i n v e n ~ o e s agravam o debate entre a tiraniae a liberdade, a ignorancia e a cultura, a t r a d i ~ a o e a r e v o l u ~ a o .

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A Utopia Antropofagica

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adotando ideias do seculo XVIII que Gonzaga dedicou a Sebastiao Jose de Carvalho o seu Tratado de Direito Natural. 0 mesmo se pode dizer quanto aode pela aclama\ao de D. Maria I,onde mais ainda ele evolui no sonho progressista acreditando no

liberalismo de sua futura condenadora.Quanto a Alvarenga Peixoto, da prisao ele nao escreveu ne-

nhum verso que lhe desabone o carater. Ao contririo, hi urn sam-

brio pessimismo naquele:

Eventura tambem achar a morteQuando a vida s6 serve de castigo

que lhe e atribuido. E e lindo o poema feito amulher e a ilha:

Barbara belaDo Norte estrelaQue o meu destino

Sabes guiar,De ti ausenteTriste somente

As horas passoA suspirar.

Por entre as penhasDe incultas brenhasCansa-me a vista

De te buscar,Porem nao vejoMais que o desejo,

Sem esperan\aDe te encontrar.

Eu bern queriaA noite e o diaSempre contigoPoder passar;Mas orgulhosa

Sorte invejosa,D 'esta fortunaMe quer privar.

86l

Tu, entre os bra\OS,

Ternos abra\OSDa filha amadaPodes gozar;

Priva-me a estrelaDe ti e d'ela,Busca dous modosDe me matar!

Resta o soneto incluido na Devassa e que serve de fecho, co-mo pedido de gra\a. aos embargos impostos pelo grande advogado dos Inconfidentes, Jose de Oliveira Fagundes. Evidentemente

foi este desvelado defensor dos manires quem promoveu a atitude de Alvarenga na qual, alias, nao ha nem covardia nem desdouro. Antes, e de ver como urn ressaibo de ironia parece guiar0 ultimo terceto:

''Bendita sejas lusitana augusta!Cobre o mar, cobre a terra e o ceu sereno,G r a ~ a s a ti, o grande, o sabia, 6 justa!''

Isso dirigido a uma louca pode encerrar urn honroso duplosentido. Alias, numa ode anterior tambem dirigida aD. MariaI, o ar equivoco de bufonaria panegirica parece ressaltar clarodestes versos:

Do trono os resplendoresF a ~ a m a vossa gloria, e vestiremosBarbaras penas de vistosas cores

Para nos so queremosOs pobres dons da simples naturezaE seja vosso tudo quanto temos.

Isso na boca de urn aventureiro da mais corajosa v o c a ~ a o , quehavia de terminar dando vida e fortuna pela luta contra a tirania. Somem-se a essa atitude, quase sempre sibilina quando naosarcastica, os trechos claros da ode que lhe foi apreendida entreos papeis e que figura como carga na Devassa:

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A CRISE DA FIIDSOFIA MESSIANICA

Tese para concurso da Cadeira de Filosofia da Facul

dade de Filosofia, Ciencias e Letras da U niversidade

de Sao Paulo, 1950.

A antropofagia ritual e assinalada por Homero entre OS gregos e, segundo a d o c u m e n t a ~ a o do escritor argentino Blanco Villalta, foi encontrada na America entre os povos que haviam atingido uma elevada cultura- Astecas, Maias, Incas. Na expressaode Colombo, comiam los hombres. Nao o faziam, porem, porgula ou por fome. Tratava-se de urn rito que, encontrado tambern nas outras partes do globo, da a ideia de exprimir urn modode pensar, uma visao do mundo, que caracterizou certa fase pri

mitiva de toda a humanidade.Considerada assim como Weltanschauung, mal se presta

a i n t e r p r e t a ~ a O materialista e imoral que dela fizeram OS jesuttas e colonizadores. Antes pertence como ato religioso ao ricomundo espiritual do homem primitivo. Contrapoe-se, em seusentido harmonica e comunial, ao canibalismo que vern a sera antropofagia por gula e tambem a antropofagia por fome,conhecida atraves da cronica das cidades sitiadas e dos viajantes

perdidos.A o p e r a ~ a o metafisica que se liga ao rito antropofagico e a

da t r a n s f o r m a ~ a o do tabu em totem. Do valor oposto ao valorfavoravel. A vida e d e v o r a ~ a o pura. Nesse devorar que a m e a ~ a acada minuto a existencia humana, cabe ao homem totemizar otabu. Que e o tabu senao o intocavel, o limite? Enquanto, nasua escala axiol6gica fundamental, o homem do Ocidente elevou as categorias do seu conhecimento ate Deus, supremo bern,o primitivo instituiu a sua escala de valores ate Deus, supremomal. Ha nisso uma radical o p o s i ~ a o de conceitos que da uma ra-dical o p o s i ~ a o de conduta.

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Oswald de Andrade

A nossa tese afirma:

1?) Que o mundo se divide na sua longa Hist6ria em: Ma-

triarcado e Patriarcado.

A Utopia Antropofagica

12?) Que A Revolttfiio dos Gerentes, de James Burnham,lembrando a gerontocracia da tribo, oferece o melhor esquemapara uma sociedade controlada que suprima pouco a pouco o Es-

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2?) Que correspondendo a esses hemisferios antagonicos exis-tem: uma cultura antropofagica e uma cultura messianica.

3?) Que esta, dialeticamente, esta sendo substitufda pela

primeira, como s!ntese ou 3? termo, acrescentada das conquis

tas tecnicas.

4?) Que urn novo Matriarcado se anuncia com suas formasde expressao e realidade social, que sao: o filho de direito ma

terno, a propriedade comum do solo e o Estado sem classes,

ou a ausencia de Estado.

5?) Que a fase atual do progresso humano prenuncia oque Arist6teles procurava exprimir dizendo que, quando os fu-sos trabalhassem sozinhos, desapareceria o escravo.

6?) Que, sob o aspecto dissimulado ou nao da secularida

de, a ftlosofia comprometida com Deus nunca deixou de ser

messianica.

7?) Que a URSS exprime urn pequeno anseio da grande re

v o l u ~ a o do parentesco que se realiza com o advento do novo Ma-

triarcado. A sua r e v o l u ~ a o se concentra numa enfase - a do se

tor da propriedade.

8?) Que, ao lado disso, a URSS, levada pela mistica da a ~ a o , perdeu o impulso dialetico de seu movimento, enquistando-se

numa dogmatica obreirista que lembra, em sfntese, a Reforma

e a Contra-Reforma.

9?) Que isso exprime o ultimo refUgio da Filosofia messia

nica, trazida do Ceu para a terra.

10?) Que, face a c o n c e p ~ a o hist6rico-coletivista de Marx, oExistencialismo exprime urn momento alto da Subjetividade,

aquele em que o indiv1duo se historializa como consciencia e como drama. No Patriarcado.

11?) Que s6 ar e s t a u r a ~ a o

tecnizada duma cultura antropofagica resolveria os problemas atuais do homem e da Filosofia.

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rtado, a propriedade privada e a familia indissoliivel, ou seja, as

formas essenciais do Patriarcado.

13?) Que o homem, como o virus, o gen, a parcela minimada vida, se realiza numa duplicidade antagonica - benefica, ma

lefica -, que traz em si o seu carater conflitual com o mundo.

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BIBLIOGRAFIA

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fUM ASPEC1D ANTROPOFAGICO

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DA CULTURA BRASILEIRA:0 HOMEM CORDIAL

Anais do Primeiro Congresso Brasileiro de Filosofia,

vol. 1, m a r ~ o de 1950, Instituto Brasileiro de Filoso

fia, Sao Paulo, pags. 229-231.

Pode-se chamar de alteridade ao sentimento do outro, istoe, de ver-se o outro em si, de constatar-se em si o desastre, a mor

t i f i ~ ou a alegria do outro. Passa a ser assim esse termo o opostodo que significa no vocabulirio existencial de Charles Baudelaire- isto e, o sentimento de ser outro, diferente, isolado e contrario.

A alteridade e no Brasil urn dos sinais remanescentes da cultura matriarcal.

Entre outros cronistas do passado, Femao Cardim constata

esse sentimento mais do que de solidariedade, de i d e n t i f i c ~ a o , no fato de o recem-chegado a qualquer taba indlgena ser recebi

do com lagrimas e lastimas. Eis o trecho dos Tratados ria te"ae genie do Brasil onde isso se refere:

''Entrando-lhe algum h6spede pela casa, a honra e agasa

lho que lhe fazem e chorarem-no: entrando pois logo 0 h6spedena casa o assentao na rede, e depois de assentado, sem lhe fala

rem, a mulher e filhas e mais amigas se assentao ao redor, com

os cabelos baixos, tocando com a mao na mesma pessoa, e come~ a m a chorar todas em altas vozes, com grande a b u n d ~ c i a de

lagrimas, e ali contam em prosas trovadas quantas coisas tern acontecido desde que se nao viram ate aquela bora e outras muitasque imaginao, e trabalhos que o h6spede padeceu pelo caminho,

e tudo o mais que pode provocar a lastima e choro' . Pag. 150.

Serie V Brasiliana. Vol. 168.

0 texto classico ilustra hem o que Sergio Buarque de Hollanda estuda no cap. V das Raizes do Brasil, sob o dtulo ' '0 Homem Cordial".

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E d i ~ a o p6smma do Minisrerio da E d u c a ~ a o e Cultu

ra, compondo o volume 139 de Os Cadernos de Cul-

tura, 1966, Rio de Janeiro.

Pode-se chamar de Cicio das Utopias esse que se inicia nosprimeiros anos do seculo XVI, com a d i v u l g a ~ a o das canas de Ves-

piicio, e se encerra com o Manifesto Comunista de Karl Marx eFriedrich Engels, em 1848, documento esse que liquida o chamado Socialismo Ut6pico, abeno com a obra de Morus e que,superado, chega, no entanto, ate o seculo XIX, quando o francesCabet publica a sua Viagem a caria, ultimo pals onde o purosonho igualizante encontrou guarida e afago.

A vida humana e a Hist6ria se transformaram. Os b r a ~ o s possantes da r e v o l u ~ a o industrial que, pela e x a l t a ~ a o do trabalho, o

sonho de Morus e de Campanella longi.nquamente divisavam, agi-taram a terra. Houve a experiencia da Comuna de Paris. Outrossao OS ideais, OUtros OS metodos.

Como Manifesto de Marx e Engels anuncia-se o novo ciclo- o do chamado Socialismo Ciendfico. Com ele coincidemOS grandes abalos da Europa liberal do seculo passado, ondeesplendem, entre outras, as figuras de Mazzini e Garibaldi. Marca

a brecha decisiva no poder temporal dos papas o fim da SantaA l i a n ~ a

e de seus resfduos reacionarios. fui tao vivo o movi-mento liberal e tao sedutora a imagem de uma Europa progressista que o proprio Pio IX, titubeante e inceno, se viu envolvido algumas vezes na onda patri6tica que unificaria a Ita.Iia.

0 grito ''Viva Pio IX!'' foi urn grito de guerra e pareceu atesubversivo. 0 Papa era contra os melhoramentos da epoca -o gas, a estrada de ferro etc. -; chegou a vacilar e cena hora,numa reuniao em pleno Vaticano, deixou-se levar pelos inimigos do imperio austrfaco, tendo ele mesmo dado o brado sus-

peito "Viva Pio IX!"

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VARIA<;OES SOBRE 0 MATRIARCADO

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. ~

Urn jornalista ilustre, que se julga dono de todos os assuntos, ha tempos confundiu o Matriarcado como poderio atribu1-do aSra. Eva Peron. Para a sua leviana i n f o r m a ~ a o , Matriarcadoexistia quando a mulher mandava. Nenhuma a t e n ~ a o dava aosefeitos sociais do que chamava de governo da mulher. Para eleera assim. 1inhamos tido Matriarcado durante o efemero poderio da Marquesa de Santos e seria tambem Matriarcado o reinode Luis XIV, atravessado da fulgurante i n t e r v e n ~ a o de suas favo-ritas ilustres. No entanto, esse fenomeno sociol6gico esta hoje emvoga e necessaria se torna a e l u c i d a ~ a o do que ele representa nocorrer dos fatos hist6ricos e pollticos.

Evidentemente, a palavra Matriarcado traz consigo a ideiade predomlnio matemo. Seria Matriarcado o fabuloso poderio atri

buido as Amazonas, no Brasil Colombiano. No entanto, a palavra, como a ideia, tern uma hist6ria que perfeitamente a elucida

e confina.Foi Friedrich Nietzsche quem divulgou uma curiosa desco

bena de seu compatriota e contemporaneo Bachofen, a respeitodo que se chamou depois de r e v o l u ~ a o patriarcal ou do direitopaterno. Bachofen era urn excentrico pesquisador de fatos socio-16gicos, mais tendendo aFilosofia do que a outros estudos. Reve-

lando asi n s c r i ~ o e s

tumulares da velha Italia, trouxe a uz muitacoisa nova e atraente.Nunca foi urn revolucionario. Antes, a sua p o s i ~ a o de turis

ta erudito e rico o fazia normalmente encanar-se entre os apaziguados esteios da ordem burguesa.E onhecido o escandalo comque fixou, em cana, a visao que teve, numa rua de Roma, docaudilho Giuseppe Garibaldi, montando urn cavalo branco e ves-

tindo uma blusa vermelha, seguido a pe por urn preto, naturalmente brasileiro. Se, de fato, Garibaldi representa uma fase agu-

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0 ACHADO DE VESPUCIO

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Sergio Milliet pos aminha d i s p o s i ~ a o uma baia da Biblioteca e nela fez enfueirar, sobre a mesa, cinco volumes acerca da correspondencia do piloto que deu nome aAmerica. Fiquei, assim,mais habilitado a entrar no assunto que elegera, do que se tivesse

encontrado na desordemviva

de minha biblioteca o volumede suas cartas que inutilmente procurava.Americo Vespiicio foi, para mim, urn dos homens marcan

tes nas t r a n s f o r m a ~ o e s que presidiram a f o r m a ~ a o da mentalidade do Renascimento.

Se a religiao teve em Calvino, mais do que em Lutero, urnlfder decisivo de seus novos caminhos, se foi Maquiavel quem degolou a Medusa das ideias pol:iticas que reumatizavam o Medievo, foi Vespiicio quem ofereceu a arda Europa ptolomaica urn

panorama diferente da especie humana. Ele descobriu e anunciou o homem natural. A sua imponancia talvez tenha decorrido mais disso do que de qualquer outra f a ~ a n h a .

A Idade Media confinada nas suas fronteiras r e l i g i o s ~ v i v e -ra ate a1 em f u n ~ a o dos ensinamentos geograficos do egipcio-gregodo segundo seculo Claudio Ptolomeu. Se hem que hoje se aflrme que outras e diferentes c o n c e p ~ o e s astronomicas houvessemsurgido num passado anterior, as que p r e s i d i ~ . m as r e l a ~ o e s cul

turais do eixo da hist6ria que foi a Europa Medieval eram as dePtolomeu. Sendo a terra estavel e plana, centro indiscutivel doU niverso, o ceu foi colocado em cima, no azul do infinito, e oinferno embaixo, nos abismos terrificantes, donde, antes da es-

peleologia, sala pela boca dos vulcoes lava e fogo vomitados doInferno. E a Igreja canta ate hoje para os seus monos o horrorda porta in ori que e a pona de baixo. Tamhem toda a cosmolo

gia dantesca e ptolomaica.E foi preciso vir a aventura de Colombo, para defmitivamente

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POSIC::AO DE SARTRE

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Jean-Paul Sanre nao perdeu de modo nenhum a sua imponancia nem a sua alta popularidade. Continua a ser umadas figuras maximas do Ocidente intelectual. Mas houve, evi-

dentemente, uma guinada na sua linha de conduta. Tera sido

apenas, quem sabe, a a c e n t u a ~ a o e mesmo a d e f m i ~ a o de todoo seu passado inquieto, ou melhor, o delta de suas Intimas correntezas revolucionarias.

Essa a c e n t u a ~ a o e essa d e f i n i ~ a o nao exprimem urn acrescimo do poder subversivo do mestre escritor. Dir-se-ia que Sanretermidorizou.

Disso pode-se encontrar uma v e r i f i c a ~ a o facil na polemicaque ele manteve com outra grande figura das letras francesas,Alben Camus, que foi nosso h6spede dois anos atras. Em termos de polftica social, urn tomou a direita e outro a esquerda.E apesar do seu novo fervor pela Uniao Sovietica e talvez, porisso mesmo, quem ficou na ala conservadora foi Sante. Camustomou para si a defesa do i"edutivel que e 0 individuo e dasua intocavel liberdade.

Dois acontecimentos na vida literaria de Same produziram-seultimamente. furam eles: a p u b l i c a ~ a o do volume intitulado SaintGenet, que e urn livro de mais de quinhentas paginas prefacian

do as obras do escritor-ladrao, cuja celebridade transpos de hamuito os muros das penitenciarias que o detiveram- eo comparecimento faustoso e decisivo do autor de L'Etre et le Neantao Congresso da Paz de Viena, onde alardeou uma intimidadeabsurda e explicavel somente como atitude panidaria, com o ver-

melho Aragon, que, depois de ser p a l h a ~ o do Surrealismo, decidiu ser clown do comunismo.

A o f i c i a l i z a ~ a o de Jean Genet como grande escritor nada tern

deexcessivo.

0 extraordinario gale e de fato uma das maiores pe-

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DESCOBERTA DA AFRICA

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Ha quem afirme que Gil!;>erto Freyre devia ter c o m e ~ a d o seus estudos sociol6gicos pela Mrica. Ou melhor, que a sua re-

cente viagem atraves do Imperio Portugues-Negro deveria terpercebido a f t x a ~ a o Eanoramica de nossa f o r m a ~ a o . Nao sou dos

que pensam assim. E tal a honestidade, a c o n v i c ~ a o e a riquezacom que o mestre de Recife faz entrar pelas nossas retinas aagua-forte de seus encontros com o Brasil que seria dificillheter escapado qualquer coisa da alta c o n t r i b u i ~ a o africana na com-

p o s i ~ a o de nossa originalidade.E vidente que essa viagem ao Continente Negro pode completar e enriquecer 0 amalgama de fatos e o b s e r v a ~ o e s que juntou ate agora em seus livros classicos. E urn dos mais eficientestriunfos de nossa autenticidade e ter o autor de Sobrados e Mo-

cambos restitufdo, sem urn falso pudor d6lico-loiro, a realidadede mitivistas- o portugues, o indio, o negro.

Tudo isso aflora da r e v e l a ~ a o da Africa - de que c o n h e ~ o apenas a escala mecanica e sofisticada de Dacar - que me acabade fazer o jovem dominicano Frei Benevenuto de Santa Cruz, quecom o soci6logo de sua ordem, Padre Debret, realizou recentemente sua excursao a diversas regioes do continente afro, atingindo o Sudao.

Quando Artur Ramos, muitos anos atras, a l m o ~ a v a comigo,batendo eruditos papos sobre a sua e s p e c i a l i z a ~ a o , que era o negro, eu mais de uma vez lhe perguntei se nao seria o africanoe nao o germanico o representante tfpico do He"envolk, tal afinura e a aristocracia de seu porte, de suas maneiras e sentimentos, quando nao degenerado e desmoralizado pelo contato branco.

Frei Benevenuto veio me dar razao, tal o deslumbramentoque seus olhos guardaram da gente pura da Africa, de seus cos-

tumes e maneiras, de sua arte e de sua cultura inconfundfveis.

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Oswald de Andrade

mundo colonial que se abria entre flores, lianas e frutos disformes. 0 Grego, sim. EBarraco. Ea alma disforme e tnigica

do Barraco.Da janela maravilhosa de Tomar ao Cesar de Roma, o Bar

raco e o mundo novo. Alias, nada c o n h e ~ o de maior na hist6riaplastico-arquitetonica que a abadia guerreira de Tomar em Por-

tugal. 0 nosso Aleijadinho esta perto dela.

E, encerrando, nada mais tenho a dizer senao que tambem

CRONOLOGIA

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trago a minha Utopia, de carater social. Por que nao se organizaro mundo numa polltica de dois tetos? Ninguem tera mais do quetanto. Ninguem menos do que tanto. No intervale o homem podera subir ou descer como quer a sua ambiciosa natureza.

E por que naose

criar umae s p e c i a l i z a ~ a o

vocacional? Inclusive urn corpo politico de eleitores formados para isso? Tenho dito.

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1890 Nasce em Sao Paulo, no dia 11 de janeiro, Jose Oswald deSousa Andrade, filho de Jose Nogueira de Andrade e Ines

Ingles e Sousa de Andrade.1903 Entra para o Ginasio Sao Bento.1909 Inicia-se no jornalismo como artigo "Pennando" no "Dia

rio Popular''. Redator e critico teatral no ''Diario Popular'', assinando a coluna ''Teatro e Saloes''. Ingressa na

Faculdade de Direito.1911 Deixa o "Diario Popular".1912 Viaja pela primeira vez aEuropa. No navio conhece a dan

~ a r i n a Helena Carmen Hosbale (Carmen Lydia, Landa Kos-

bach). Morre em Sao Paulo sua mae. Retorna ao Brasil trazendo a estudante francesa Henriette Denise Boufleur (Kamia). Traz da Europa novidades vanguardistas, entre elaso ''Manifesto futurista'' de Felippo Tomaso Marinetti. Es-

creve e rasga seu primeiro poem a livre ' '0 ultimo passeiode urn tuberculoso, pela cidade, de bonde".

1914 Nasce seu primeiro filho Jose Oswald Antonio de Andrade (None) com Kamia. Bacharel em Ciencias e Letras pelo

Ginasio Sao Bento.1915 Tern urn romance tumultuado com a d a n ~ a r i n a CarmenLydia. Separa-se de Kamia.

1916 Publica com Guilherme de Almeida Mon Coeur Balance

e Leur Ame (teatro). Redator do "Jornal do Comercio".Colabora ate 1922. Colabora na revista ''A Vida Modema'' .

1917 Retorna aFaculdade de Direito. Torna-se amigo de Mariode Andrade. Conhece Di Cavalcanti. Aluga em Sao Paulouma garfonniere a rua L!bero Badar6, n<:' 67, 3<:' andar,

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