andreza de paula - portal bio cursos · 2014. 9. 4. · segurança do trabalho, recursos humanos,...
TRANSCRIPT
Utilização do censo de ergonomia como ferramenta de apoio ao
gerenciamento ergonômico para definição de prioridades
Andreza de Paula Soares da Silva1
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Ergonomia – Faculdade Ávila
Resumo
Este artigo desenvolve uma análise sobre a necessidade das organizações de desenvolver
estratégias para diagnosticar préviamente os potenciais de riscos ergonomicos em seus
processos operacionais. Seu objetivo principal é evidenciar a importância das decisões serem
tomadas a nível estratégico e o quanto as organizações do Pólo Industrial de Manaus
necessitam gerenciar seus processos de trabalho tornando-os ergonomicamente viáveis,
tendo em vista o aumento dos casos de doenças relacionadas ao trabalho. Este estudo realiza
análise prévia de um grupo de colaboradores adotando como metodologia a pesquisa
qualitativa através do censo de ergonomia, buscando saber quais os maiores potenciais de
riscos, usando o resultado desta ferramenta como base para estabelecimento de prioridades e
direcionamento dos recursos na tentativa de minimizar os transtornos encontrados nos
processos operacionais que possam levar a perdas por absenteísmos ou rotatividades de mão
de obra.
Palavras-chave: Ergonomia; Estratégia; Gerenciamento.
1. Introdução
Qualquer organização que visa o trabalhador qualificado como seu diferencial competitivo,
deve se preocupar com a qualidade de vida do mesmo dentro de seu ambiente laboral, é fato
que a ergonomia tem sido objeto de discussão e de demanda, com um número crescente de
empresas solicitando serviços nesta área, porém o mercado disponibiliza diversas alternativas
que vai do gerenciamento interno à consultoria de profissionais especializados.
Porém, independente da decisão tomada pela organização, qualquer profissional que se
disponha a desenvolver tal serviço deve estar preparado para atender as particularidades de
cada processo encontrado no polo industrial de Manaus, sendo necessário desenvolver
metodologias de estudos e controles que visem à minimização dos desconfortos causados
pelas diversas atividades profissionais e que contribuem de forma efetiva na produtividade e
qualidade dos serviços desenvolvidos, se tornando fundamental que as mais diversas áreas de
conhecimento possam estar envolvidas neste tipo de levantamento, e que não somente
ferramentas científicas sejam usadas para auxílio de diagnóstico, mas que as ferramentas de
gestão possam ser parte integrante destes estudos.
O resultado de desempenho dos indivíduos e a sua produtividade não estão ligados somente
ao aspecto físico, mas também recebem grande influência dos fatores cognitivos que não são
observados e mensurados tão facilmente, portanto neste estudo foram desenvolvidas
estratégias para auxiliar no diagnóstico prévio necessário para o inicio de um programa de
gerenciamento, que possibilita aos envolvidos interagir diretamente com o ambiente
1 Pós-graduando em Ergonomia
2Orientador: Graduado em Fisioterapia, Especialista em Metodologia de Ensino Superior, Mestrando em
Aspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde.
2
analisado, podendo responder sobre sua percepção das atividades realizadas, visando à
redução dos problemas ergonômicos desencadeados pelos mais diversos processos
produtivos, tendo como pilar o conjunto de normas que rege técnicas utilizadas para adequação e adaptação do trabalhador à sua atividade.
2. Gerenciamento Ergonômico
A Ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade nele
existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu
desempenho eficiente, confortável e seguro (ABERGO, 2000).
De acordo com Iida (2005), a ergonomia pode dar diversas contribuições para melhorar
as condições de trabalho. Em empresas, estas podem variar, conforme a etapa em que
ocorrem. Em alguns casos, são bastante abrangentes, envolvendo a participação dos
diversos níveis administrativos e vários profissionais da empresa.
Portanto é fundamental que seja adotado um modelo de gerenciamento para tratar de
problemas ergonômicos dos sistemas de produção onde as organizações diversas podem
empregar com muitas vantagens, este serviço visando interagir com os diversos tipos de não
conformidades que os processo produtivos se defrontam, resultando em maior eficiência com
menos rotatividade de mão de obra.
Isto nos leva a necessidade de monitorar problemas como:
- Deficiências dos métodos organizacionais e produtivos;
- Inadequação dos postos de trabalho ou dos ambientes;
- Índices de defeitos e retrabalhos;
- Custo de doenças ligadas ao trabalho;
Sendo necessário um gerenciamento contante, de forma que isto incorpore a realidade das
organizações visto que a grande maioria das industrias é bem similar no tocante a
administração dos problemas gerados em seus processos e que, por ventura possam estar
relacionados às condições estabelecidas pela própria empresa.
Durante sua atividade o ser humano interage com os diversos componentes do sistema como:
equipamentos, instrumentos e mobiliários, procedimentos e comportamentos, formando
diversas interfaces, sendo necessário desenvolver estratégias operacionais que levem em
consideração às capacidades, limitações e demais características do indivíduo em cada
atividade realizada. Para tal é necessário entender que se deve investir em profissionais
qualificados, que possam estar preparados para realização de um diagnóstico preciso e
fundamentado em técnicas e ferramentas que sejam adequadas as particularidades de cada
processo da empresa.
De acordo com Grandjean (1968), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela
compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria é a sociedade
no trabalho. O objetivo prático da ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos
instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A
realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um
rendimento do esforço humano.
Quando o trabalho é realizado envolvendo todos os níveis de ação, seja ele, operacional, tático
ou estratégico, o resultado tem mais chance de atingir o esperado, por estar sendo proposto
por todos aqueles que estão diretamente ligados ao projeto, inclusive os especialistas nas
operações que são os operários lotados no processo, pois os mesmos são donos de visões do
negócio muitas vezes subestimadas.
Outro fator evidente é que apesar da empresa ter um sistema de gestão integrado implantado e
em funcionamento pleno, a política da empresa vai de encontro as necessidade de mudanças e
inovações visto que seus processos já funcionam desta forma a muitos anos, não tendo
3
nenhum tipo de alteração em seu contexto que pudesse modificar as estruturas operacionais e
hierárquicas.
Mas não estamos falando de um caso isolado, pois muitas outras organizações não aceitam
mudanças facilmente, e quando falamos em Ergonomia e suas aplicabilidades, estamos com
toda certeza falando de mudanças de processos e de conceitos.
Por se tratar de uma nova abordagem de conceitos não disseminados ao nível estratégico das
organizações, a maioria das empresas e seus administradores, não dão a devida importância ao
assunto. Porém, com o aumento dos casos de afastamento a maioria das empresas do polo
industrial de manaus foi surpreendida com uma chuva de doenças ocupacionais que podem ou
não estar relacionadas aos seus processos operacionais e com a mudança da legislação
previdenciária desde abril de 2007, quando entrou em vigor o Nexo Técnico Epidemiológico,
mais conhecido como NTEP, o aumentando do passivo previdenciário-trabalhista das
organizações também sofreram um grande impacto, pois a partir de então, a maioria das
empresas passaram a ter que controlar de forma sistemática os problemas ergonômicos
associados a seus processos, fortalecendo assim o seu gerenciamento ergonômico e
proporcionando as empresas alternativas para que as mesmas possam ter conhecimento do
volume de queixas relacionadas aos seus processos, assim como, evidenciar através de
indicadores todo esforço da empresa em corrigir e melhorar suas operações, sejam por meios
organizacionais ou tecnológicos, desde que os mesmos possam ser otimizados visando a
sustentabilidade, levando em consideração o aumento da eficiência tão esperada pelos donos
do negócio, pois as melhorias ergonômicas estão associadas diretamente a redução de perdas.
Além da empresa ter necessidade de controlar o índice de absenteísmo e os motivos pelos
quais estes são gerados, vale lembrar que as organizações devem arcar com os possíveis
acidentes gerados por suas operações estando também incluída neste grupo as doenças
ocupacionais desencadeadas em seus processos, contribuindo para o aumento do Fator
Acidentário de Prevenção – FAP, fator este que pode fazer com que a empresa tenha que
aumentar consideravelmente o índice da alíquota do RAT (Riscos Ambientais do trabalho)
que passou a ser pago pelas empresas desde 2010, podendo aumentar os custos da empresa
com impostos visto que os percentuais estão ligados diretamente aos custos da folha de
pagamento das empresas.
Com esta mudança na legislação as empresas passaram estas atribuições para seus setores de
segurança do trabalho, recursos humanos, etc, porém esta atividade não requer somente o
controle dos resultados, pois a necessidade maior é a melhoria do processo para a redução dos
casos de afastamentos pelos mesmos motivos, para então reduzir o índice da alíquota paga.
Este é o momento oportuno para apresentação de estudos ergonômicos que possam auxiliar
para um diagnóstico prévio, contribuindo significativamente para a melhoria da eficiência dos
processos operacionais e, para uma melhor definição das características de seus novos
projetos é necessário que a decisão seja tomada em nível estratégico, afim de que todas as
ações propostas possam realmente ser efetivadas.
Portanto, ficou claro que ergonomia deve ser parte integrante de um sistema de gestão,
precisando de todo um grupo técnico composto de profissionais que estejam focados neste
assunto, podendo colocar em prática as melhorias de processos sejam por implantação de
recursos materiais e tecnológicos ou pela orientação e educação das pessoas envolvidas, isto
é, trabalhar em desenvolvimento pessoal e profissional.
Mesmo não existindo departamento especializado em ergonomia, é necessário
desenvolver os diversos profissionais ligados a saúde do trabalhador, a organização do
trabalho e ao projeto de maquinas e equipamentos. Eles podem colaborar, fornecendo
conhecimentos úteis, que poderão ser aproveitados para redução de problemas
ergonômicos, sendo eles:
4
a) Médicos do trabalho: por ajudar na identificação prévia de patologias que possam
estar associadas as atividades realizadas na empresa, desenvolvendo metodologias de
monitoramentos dos pacientes com predisposição ou com quadro de absenteísmo
relacionados a estas patologias, na tentativa de tratar estas doenças em sua condição
inicial garantindo ao trabalhador uma condição mais saudável.
b) Engenheiros de projetos: por ajudar desde a concepção ao desenvolvimento dos postos
de trabalho, modificando maquinas, equipamentos e ambiente de trabalho levando em
consideração o fator humano, dimensionando postos visando as necessidades de quem
será o principal usuário - o operário.
c) Engenheiro de produção (eficiência): contribuem diretamente no estudo de métodos,
tempo e postos de trabalho, na organização do trabalho, estabelecendo um fluxo
racional para atividade realizada e para os materiais utilizados, estabelecendo ciclos de
trabalho para os postos sem que causem sobrecargas aos operários, obedecendo a taxa
de ocupação máxima e respeitando as necessidades pessoais e fisiológicas dos
operários.
d) Engenheiro de manutenção: contribuem realizando cronograma de manutenção
preventiva para máquinas e equipamentos, reduzindo assim indice de defeitos e
paradas de equipamentos causados por paradas de máquinas.
e) Engenheiro de segurança: identificam áreas e máquinas potencialmente perigosas e
que devem ser modificadas, são responsáveis por gerenciar levantamento de atividades
com potencial de gerar acidentes ou doenças;
f) Projetista: ajudam na adaptação de maquinas e equipamentos, projetos de posto de
trabalho estabelecendo critérios que devem ser obedecidos quando for definir um novo
posto.
g) Psicólogos: geralmente envolvidos na analise dos processos cognitivos,
relacionamentos humanos, seleção e treinamento de pessoal, podem ajudar na
implantação de novos métodos.
h) Enfermeiros e fisioterapeutas: podem contribuir na recuperação de trabalhadores com
dores ou lesões e podem também atuar preventivamente.
i) Programadores de produção: podem contribuir para criar um fluxo mais adaptado de
trabalho, evitando atrasos, estresses, sobrecargas ou trabalhos noturnos.
j) Administradores: contribuem na definição do planejamento estratégico para
preparação e desenvolvimento de um projeto e melhorias, levantando recursos
financeiros necessários para implantação das medidas, buscando reduzir o índice de
modificação do projeto após implantação, justificando para alta administração a taxa
de retorno dos projeto.
k) Compradores: ajudam na aquisição de maquinas, equipamentos e materiais avaliados e
padronizados, visando direcionar as mais diversas áreas da empresa a comprar
somente o que já foi desenvolvido para atender os mais diversos padrões de
regulagens e adaptações, tornando-se mais seguros e confortáveis.
l) Tecnologia da Informação: contribuem adquirindo e padronizando recursos tecnológicos
que atendam os mais diversos padrões de regulagens, podendo ser adaptados aos mais
diversos ambientes, desenvolvendo softwares que atendam a necessidade do usuário e que
possam reduzir os comandos do usuários de forma que o mesmo não tenha que permanecer
tempo excessivo na operação.
5
Esses profissionais devem ser capacitados em ergonomia na sua aplicabilidade, isto é a
ergonomia na prática e como ferramenta de mudanças, pois assim isto fará parte da rotina
das atividades desenvolvidas por estas áreas, se tornando viável, e imprescind ível o apoio
da alta administração da empresa para facilitar, encorajar ou até exigir o envolvimento de
todos esses profissionais na solução de problemas ergonômicos que muitas vezes são
causados por projetos mal elaborados, não por incompetência, mas por falta de
conhecimento prático.
3. Planejamento estratégico como ferramenta de gestão
O termo ergonomia ainda não é muito conhecido pelos profissionais de todos os níveis
hierárquicos da organização, sendo necessário desenvolver uma equipe multidisciplinar para
acompanhamento e elaboração de serviços neste segmento.
Atualmente os profissionais mais voltados a esta prestação de serviços nesta área são os
fisioterapeutas, médicos do trabalho, técnicos e engenheiros de segurança do trabalho, cada
um focando no que tem maior qualificação. Quando na prestação do serviço de diagnóstico,
levantamento de problemáticas entre outros tantos necessários para evidenciar o problema, é
que se torna necessário a visão de outro profissional, o administrador, com a elaboração do
planejamento estratégico com objetivo de ter domínio da situação diagnosticada focando no
objeto de desejo do gestor – o resultado.
A falta de preparação dos profissionais causam desperdícios de recursos, sendo o tempo um
dos mais afetados, onde o planejamento estratégico do programa se torna um diferencial para
as empresas, no sentido de reduzir os transtornos e as perdas, ou até mesmo para exigir o
envolvimento de todos os profissionais na solução dos problemas ergonômicos
diagnosticados como prioridades e que, muitas vezes são causados por projetos mal
elaborados, não por incompetência, mas por falta de conhecimento prático. Vale ressaltar
que cada profissional envolvido no projeto e processo produtivo das indústrias possui sua
própria linha de pensamento baseada nos seus conhecimentos, porém para melhor atender
as empresas, devemos derrubar as barreiras que separam as profissões, trabalhando juntos
e de forma organizada na solução dos mais diversos problemas.
Segundo Costa (2007) a gestão estratégica visa assegura o crescimento, a continuidade e a
sobrevivência da instituição, por meio da adaptação contínua de sua estratégia, de sua
capacitação e de sua estrutura.
Se esta ferramenta administrativa for implementada de forma adequada, o resultado será um
direcionamento mais focado e voltado para tratativas com maior potencial de risco auxiliando
nas tomadas de decisão do nível gerencial das organizações.
No plano estratégico, devem ser identificadas as unidades e os gestores responsáveis pelos
processos que devem ser tratados como prioridades, estes gestores deverão participar do
processo decisório por serem os agentes facilitadores, com habilidades para negociar;
administrar pessoas, distribuir recursos e dimensionar tarefas visando os pontos mais críticos
dos processos avaliados.
Para sistematizarmos esta metodologia, a melhor forma de fazer isso é mapeando toda
área operacional da empresa, analisando-a criticamente visando melhorias ergonômicas,
estabelecendo nível de prioridades para cada necessidade encontrada, com reuniões
periódicas para follow up do andamento das ações de curto, médio e longo prazo, onde os
profissionais envolvidos possam discutir conceitos, apresentar resultados e manter os
gestores informados sobre a evolução dos trabalhos. Assim como, é de fundamental
importância para o bom andamento das ações que as áreas envolvidas tenham um bom
6
entrosamento caso seja necessário conter problemas em que se torne importante a
colaboração de outro departamento, sendo este auxílio obtido mais rapidamente, e com
menor resistência, pois já saberão das dificuldades encontradas pela organização e da
decisão do nível gerencial em priorizar a atividade realizada.
4. Metodologia
Nesta pesquisa foi utilizada pesquisa bibliográfica e de campo, na forma descritiva e
explicativa. A descritiva caracteriza uma determinada população, pois sua realização será
desenvolvida através de analise e interpretação dos dados coletados. Para a obtenção destes
resultados, foram utilizados os recursos da abordagem quantitativa onde a interpretação dos
fenômenos e as atribuições de significados são básicas, servindo de base para a descoberta da
melhor forma de utilização da tecnologia como estratégia competitiva. Segundo GODOY
(1995, p.58) o tipo de pesquisa utilizada deve preocupar-se com a medição objetiva e a
qualificação dos resultados, na busca de precisão, evitando distorções na etapa de analise e
interpretação dos dados, garantindo assim uma margem de segurança em relação às
interferências obtidas. De acordo com Lakatos (2001) este item é considerado como o
conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia,
permite alcançar os objetivos/ conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
Segundo OLIVEIRA (1997), a escolha do método e técnica utilizada, depende do objetivo da
pesquisa, dos recursos financeiros disponíveis, da equipe e elementos no campo da
investigação. Como não era objetivo dessa pesquisa estudar a opinião de toda população sobre
o assunto, foram desconsideradas algumas técnicas de análise devido ao tamanho da amostra.
A pesquisa selecionou apenas uma técnica que poderia atender os objetivos do estudo, sendo
ela o questionário. Para obter as informações foi utilizado o padrão do questionário chamado
de “Censo de Ergonomia” elaborado inicialmente pelo Dr. Hudson de Araújo Couto, (Médico
do Trabalho, UFMG, 1975, exerceu a especialidade durante 11 anos no setor metalúrgico) e
pelo Dr. Otacílio S Cardoso (Médico do Trabalho de empresas do ramo metalúrgico). Dentro
do censo há o diagrama de corllet onde são especificados todos os segmentos do corpo para
que o colaborador possa marcar qual é a parte do corpo mais solicitada durante as atividades,
podendo isto colaborar para o estabelecimento de relação das queixas versus atividade
realizada, as demais perguntas do questionário são questões objetivas e que para esta
atividade foi aprimorado, buscando uma melhor adaptação a realidade dos envolvidos na
pesquisa, com objetivo de extrair o máximo de informações dos colaboradores e para que eles
pudessem expressar o seu sentimento quanto aos aspectos psicossociais e ergonômicos das
atividades por eles desenvolvidas, dando espaço para que eles possam sugerir melhorias com
objetivo de diagnósticar previamente os problemas relacionados a saúde e a satisfação dos
mesmos no tocante as atividades realizadas no processo. Conforme modelo em anexo.
De acordo com Vergara (2005) Na coleta de dados o autor deve ser informado de como se
pretende obter os dados de que precisa para responder ao problema. Durante a coleta dos
dados foi definido e delimitado o campo de pesquisa, para que pudessemos ter base para
iniciar o gerenciamente ergonômico tendo em vista as prioridades do processo.
Segundo Vergara (2005), universo e amostra trata-se de definir toda a população e a
população amostral. Entenda-se aqui por população não o número de habitantes de um local,
como é largamente conhecido o termo, mas um conjunto de elementos (empresas, produtos,
pessoas, por exemplo) que possuem características que serão objeto de estudo.
A área de estudo analisada para a obtenção destes resultados foi dentro de um processo
operacional de uma fabrica do ramo metalúrgico no polo industrial de Manaus, onde foram
utilizados os recursos da abordagem quantitativa. O universo da pesquisa está relacionado a
7
25 vinte e cinco funcionários que trabalham neste setor, o equivalente a 100% da população
amostral analisada para obtenção das informações, sendo esse levantamento quantitativo
aplicado seguindo o fluxograma apresentado na figura 1, para que o resultado da ferramentas
seja o mais completo possível.
(1) levantar criteriosamente todas as atividades realizadas na
empresa, para que possam ser mapeadas a fim de identificar a
extensão dos trabalhos.
(2) Identifica o setor com maior número de queixas relacionadas ao
trabalho e com maior número de absenteísmo (apoio do serviço
médico)
(3) entregar censo de ergonomia para todos os colaboradores do
setor identificado como potencial de risco para diagnóstico prévio
(4) compilar os dados obtidos através da pesquisa quantitativa,
gerando gráficos indicadores.
P1 - O resultado evidenciou previamente como potencial de risco
(5) Os postos que não foram apontados durante em análise prévia
como maiores causadores de desconfortos relacionados ao processo
ficarão na fila de execução do mapeamento realizado inicialmente,
aguardando o seu diagnóstico completo. Este trabalho será realizado
de forma progressiva aguardando escala de prioridades
(6) Se o resultado do censo identificar o posto como um dos
maiores geradores de queixas relacionadas aos seus processos, este
receberá tratamento de prioridade, sendo realizado seu diagnóstico
completo de forma detalhada para que seja possível visualizar em
que momento a tarefa demandada precisa de ações de melhorias,
assim como também possibilita visualizar de forma mais clara qual
segmento corpóreo deverá ser priorizado durante a análise
ergonômica.
Figura 1 – Fluxograma de aplicação do censo de ergonomia
5. Apresentação dos resultados
Esta pesquisa apresenta todas as etapas utilizadas para que o diagnóstico prévio do processo
operacional seja realizado de forma mais rápida, resultando num espelho macro das atividades
analisadas, tornando-se imprescindível para que as mais diversas empresas, sejam elas
públicas ou privadas, empresas pequenas, médias ou grandes, empresas familiares ou
qualquer outro empreendimento, possam utilizar esta mesma ferramenta como fonte de
auxílio no mapeamento das prioridades das ações iniciais, dando direcionamento para os
locais que deverão ser analisados ergonômicamente em carater de prioriades de ação.
Nesse sentido, os resultados apresentados neste artigo atendem a necessidade que todo
profissional sente, que é o direcionamento adequado e sistemático de suas atividades para que
seus esforços sejam focados no maior potencial de risco ergonômico encontrado no grupo de
atividades mapeadas, sendo este resultado o alicerce do gerenciamento no tocante a definição
de prioridades. No gráfico abaixo fica evidente que foi levado em consideração o corpo como
um todo, e que o maior índice de desconforto está relacionado aos membros superiores
(2) Identificação
de maior demanda
(3) Aplicar o censo
de ergonomia
n
s
(6) Será tratado como
prioridade para inicio
de Análise Ergonômica
do Trabalho (AET)
(5) Aguardar
diagnóstico
(1) Mapeamento
de postos
(4) Compilar
dados
P1
8
direito, sendo constatado que durante o processo operacional que esses são os segmentos mais
sobrecarregados e que possivelmente podem ser acometidos de patologias relacionadas ao
desgaste muscular, sendo estas atividades priorizadas para início de diagnóstico detalhado que
deverá ser realizado pela análise ergonômica do trabalho, onde poderá visualizar se o
apontamento inicial da pesquisa realmente está relacionado aos movimentos realizados nas
operações encontradas dentro da organização, facilitando com isso a análise ergonomica do
trabalho pois este diagnóstico prévio tanto evidenciará as criticidades dos processos quanto
facilitará a escolha das ferramentas científicas utilizadas para avaliar os riscos apontados
inicialmente como desconforto. Este passo é de suma importância visto que o tempo é um dos
fatores mais relevantes quando se trata de exposição aos riscos e na implantação de medidas
de melhorias, também podendo nortear o analista quanto aos fatores externos ao trabalho que
podem estar contribuindo para as situações relatadas no diagnóstico prévio.
Figura 2 - Diagrama de corllet - censo de ergonomia (pergunta 1)
Como o objetivo da pesquisa seria identificar as prioridades de ações e os fatores que
influenciam nas dificuldades relatadas no processo estudado, também foram levantadas
informações relacionadas a jornada de trabalho, organização, método e fatores cognitivos que
associados interferem diretamente nas atividades realizadas pelos operários e que podem
contribuir para o agravamento das dificuldades apontadas inicialmente como, relacionadas ao
trabalho realizado dentro da organização, conforme gráficos a seguir, representados pelas
figuras 3 e 4.
75
410
1210
47
02
1814
1513
118
45
136
2016
910
1313
1013
1
0 5 10 15 20 25
Pé (direito)
Tornozelo direito
Perna (direita)
Joelho (direito)
Coxa (direita)
Mão (direita)
Punho (direito)
Antebraço (direito)
Cotovelo (direito)
Braço (direito)
Ombro (direito)
Bacia
Costas (médio)
Cervical
Cabeça
Quantidade de Operários
Par
tes
do
Co
rpo
ass
oci
ada
ao d
esc
on
fort
o
9
Figura 3 - Censo de ergonomia (perguntas 2 a 6)
Figura 4 – Censo de ergonomia (perguntas 7 a 13)
10
Durante a aplicação do questionário foi aberto espaço para que o colaborador pudesse
informar quais as situações em seus postos de trabalhos ou atividades que, na opinião dele,
contém dificuldades importantes que causam fadiga. Tendo como resultados o gráfico abaixo:
Figura 5 - Censo ergonomia – dificuldades (pergunta 14)
Após a identificação do nível de desconforto, segundo o trabalhador, eles também puderam
sugerir como poderiam ser minimizados os problemas desses postos de trabalho ou dessas
atividades ou tarefas. Tendo como sugestões de melhorias a relação a seguir:
Figura 6 - Censo ergonomia – melhorias (pergunta 15)
13
2
3
5
2
0 2 4 6 8 10 12 14
Realização de retrabalhos
- Levantamento de peso;
- Transporte de material;
- Organização do posto de trabalho;
- Realização de embalagens manuais
Quantidade de Operários
Ati
vida
des
caus
ador
as d
e de
scon
fort
o
13
7
3
1
1
0 2 4 6 8 10 12 14
- Melhorias em métodos de trabalho (embalagens, trabalho sentado, revezamento, armazenagem
material);
- Manutenção Corretiva e Preventiva (Redução de retrabalhos manuais)
- Colocar carrinhos para carregar caixas;
- Diminuir a produção;
- Mudança de Lay out;
Quantidade de Operários
Suge
stõe
s de
mel
hori
as n
o pr
oces
so
11
Após o resultado deste questionário, ficou mais fácil a identificação dos problemas
ergonômicos que estão relacionadas ao processo operacional da organização, visto que foram
diagnosticados e mapeados todos os segmentos do corpo que são solicitados durante a
operação, assim como o esforço realizado por eles, evidenciando a necessidade de melhorias
no processo estudado, com estabelecimento de prioridades de ações voltadas aos membros
superiores direitos, além de proporcionar ao operário o direito de expressar sua opinião de
forma direita e participativa, durante toda aplicação da pesquisa, principalmente por
apresentar meios pelos quais os envolvidos puderam sugerir melhorias relacionadas as
situações levantadas, podendo validar o que foi coletado no diagrama de corllet, tornando a
base do gerenciamento mais focada aos processo que são mais suscetíveis de problemas
ergonômicos e que podem não estar sendo visualizadas pela organização, facilitando com isso
o direcionamento das análises ergonômicas, visando iniciar pelos postos com maior índice de
queixas e desconfortos previamente identificados como sendo relacionados as atividades
laborais.
Conclusão
Com a aplicação desta ferramenta ergonômica, ora denominada censo de ergonomia, é
possível observar o quanto é importante um diagnóstico prévio bem elaborado, com
necessidade do uso de recursos e metodologias que não são encontradas somente em livros
de ergonomia, mas que incorporam o termo multidisciplinar, onde todos os campos de
conhecimento podem ser usados com um único objetivo comum que é a produtividade.
Durante este trabalho, os conhecimentos técnicos e científicos sobre ergonomia foram
aplicados durante a melhoria do questionário “Censo de ergonomia” levando em consideração
o padrão operacional dos operários, o que foi de grande valia pois os resultados apontaram
para confirmação da hipótese de se ter um quadro de problemas voltados a questões
ergonômicas ainda não estudadas, sendo definidas prioridades pelo grau de dificuldades
relatadas durante a pesquisa e que consequentemente estavam impactando na produtividade e
na saúde do operário entrevistado. Também pudemos observar com esta pesquisa a
necessidade da ergonomia ser tão parte integrante do sistema quantos os outros itens, visto
que alguns resultados refletem diretamente em gestão de pessoas pelo fato de ser apontado a
necessidade de preparar os gestores para atuarem preventivamente quando observado
situações rotineiras que possam acarretar no agravamento de dificuldades encontradas no
processo que estejam relacionadas a ergonomia e que possam comprometer o seu quadro
laboral, e na manutenção preventiva/corretiva com intuito de alertar de um modo geral quanto
a necessidade de eliminar os defeitos, visto que os mesmos podem ser prejudiciais ou
aumentar as dificuldade de realização das tarefas o que impactará tanto na saúde do operário
quanto na eficiência dos processos envolvidos, tendo a tecnologia como forte aliada para
auxiliar neste processo decisório.
Contudo, ressalta-se que cada empresa possui cultura organizacional diferenciada, com
uma linha de pensamento própria, que dão base aos seus projetos. Estes recebem, além da
influencia direta das políticas organizacionais, a tendência de serem desenvolvidos por
profissionais com conhecimentos especializados e focados no seu objeto de domínio, seja
ele engenharia, produção, segurança ou manutenção, tornando-se mais uma vez evidente
que a ergonomia deve ser tratada em campo multidisciplinar, assim como hoje já são
utilizadas as ferramentas da qualidade, pois seria usada como ferramenta para avaliar
todos os processos não só como padrão técnico, mas levando em consideração os fatores
psicossociais e cognitivos que podem estar relacionados a operação.
12
Referências
GIL, ANTONIO CARLOS. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Ed. Atlas,
2002.
MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de
pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados.
3.ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: edição compacta. São Paulo: Atlas, 1996.
OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica: PROJETOS DE PESQUISAS, TGI,
TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1997.
GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisas Qualitativa. Tipos Fundamentais. Revista de
Administração de Empresas – ERA. São Paulo: UNESP,1995.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 12. Ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
LEVIN, J. Estatística aplicada a ciências humanas. 2. Ed. São Paulo: Harbra, 1987.
COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão Estratégica: Da empresa que temos para a empresa
que queremos. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
MINTZBERG, H; Ahlstrand, B; Lampel J. Safari de Estratégia: um roteiro pela selva do
planejamento estratégico. Tradução: Nivaldo Montingelli Jr. Porto Alegre: Bookman, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos nas
Organizações. 3.ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração: 7.ed. rev. e
atual. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos: Uma
abordagem gerencial. 17.ed. – São Paulo: Atlas, 2007.
MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao
estratégico. – 13 ed. – São Paulo: Saraiva, 2009.
GLINA, D. M..R. Qualidade de Vida no Trabalho. Revista Cipa, v.21, n. 244, p. 76-79,
2000.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1993.
COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho: Manual Técnico de
Máquina Humana. Belo Horizonte: Ergo, 1996.
COUTO, Hudson de Araújo. Como Implementar Ergonomia na Empresa: A Prática dos
Comitês de Ergonomia. Belo Horizonte: Ergo, 2002.
COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho em 18 Lições. Belo
Horizonte: Ergo, 2002.
GRANDJEAN, Etienne; KROEMER, Karl H. E.; Manual de Ergonomia: Adaptando o
Homem ao Trabalho. São Paulo: Bookman, 2005.
13
ANEXOS
14
CENSO DE ERGONOMIA
EMPRESA ____________________________
Matrícula: ............................................................. Data de entrevista: ......../......../............
Nome:....................................................................................................................................................
Data de Nasc.: ......../......../............ Idade:........ Sexo:........ Altura:............ Peso:............
Data Admissional: ......../......../............
1) Você sente atualmente algum desconforto nos membros superiores, ou coluna ou membros
inferiores? Marque com um “X”, na figural abaixo, o(s) local(is).
Outros:....................................................
................................................................
................................................................
Não sinto – nesse caso, vá direto à
questão 9.
15
2) O que você sente e que fez referência na questão anterior está relacionado ao trabalho no setor
atual?
Sim Não
3) Faz Quanto tempo?
Até 1 mês 1 a 3 meses 3 a 6 meses Acima de 6 meses
4) Qual é o desconforto?
Cansaço Choques Estalos Dolorimento Dor
Formigamento ou adormecimento Peso Perda da força
5) O que você sente, você classifica como
Muito forte/forte Moderado Leve/muito leve
6) O que você sente aumenta com o trabalho?
Durante a jornada normal
Durante as horas extras
À noite
Não
7) O que você sente melhora com o repouso?
À noite
Nos finais de semana
Durante o revezamento em outras tarefas
Nas férias
Não melhora
8) Tem tomado remédio ou colocado emplastos ou compressas para poder trabalhar?
Sim Não Às vezes
9) Já fez tratamento médico alguma vez por algum distúrbio ou lesão em membros superiores ou
coluna?
Sim Não
10) Você usa uma das mãos mais do que a outra? Sim Não
Se sim, qual? Esquerda Direita
16
11) Usa equipamento de proteção individual, quais?
EPI`s Utilizados
Avental Oculos
Luva Bota
Mangote
Protetor Auricular
Máscara
Respiratória
Máscara Visual
Capacete
Boné
12) O seu trabalho exige concentração, atenção? Pouca média muita
13) O seu trabalho é monótono? Pouco médio muito
14) Quais são as situações de trabalho ou postos de trabalhos, tarefas ou atividades que, na sua
opinião, contém dificuldade importante ou desconforto importante ou causam fadiga ou mesmo
dor?
............................................................................................................................. ............................
...................................................................................................... ...................................................
............................................................................................................................. ............................
15) Qual é a sua sugestão para melhorar o problema d esse posto de trabalho ou dessa atividade
ou tarefa?
............................................................................................................................. ............................
................................................. ........................................................................................................
............................................................................................................................. .......................... ..
............................................................................................................................. ............................
................................................................................................... ......................................................
Unidade: .............................................. Função: ............................................................................
Máquina: ............................................... ................................................................................................
............................................................................................................................. ..................................
Assinatura do Colaborador Assinatura do entrevistador Testemunha