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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMA DE GESTÃO NILSON LOPES SOARES ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL ATRAVÉS DO APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistema de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistema de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Qualidade Total Orientador: Prof. Luís Alberto Duncan Rangel, D.Sc. Universidade Federal Fluminense Niterói 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMA DE GESTÃO

NILSON LOPES SOARES

ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL

ATRAVÉS DO APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistema

de Gestão da Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em

Sistema de Gestão. Área de Concentração: Organizações

e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela

Qualidade Total

Orientador:

Prof. Luís Alberto Duncan Rangel, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2017

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Ficha Catalográfica

Elaborada por bibliotecária - CRB 5041

S 676 Soares, Nilson Lopes.

Análise da gestão ambiental em estaleiro naval através do apoio

multicritério à decisão / Nilson Lopes Soares. 2017.

175 f.

Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia, 2017.

Orientador: Luís Alberto Duncan Rangel.

1. Gestão ambiental. 2. Apoio multicritério à decisão. 3. Indústria

naval. I. Título.

CDD 363.7

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NILSON LOPES SOARES

ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL

ATRAVÉS DO APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistema

de Gestão da Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em

Sistema de Gestão. Área de Concentração: Organizações

e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela

Qualidade Total

Aprovada em 07 de novembro de 2017.

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DEDICATÓRIA

À minha família: Delaide (esposa);

Lívia e Natália (filhas).

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AGRADECIMENTO

Gostaria de agradecer às pessoas com as quais tive a satisfação e oportunidade de dividir

espaços de trabalho e convivências profissionais: Alexandre Cruz Rodrigues, Ana Lucia de

Jesus C. T. da Silva, André Valentim Lucafó, Carlos Boeckh, Jano Schwind Pedroso Stussi,

João Candido Gonçalves da Silva, Jorge Kenji Yauti, Marcus Vinícius Fonseca Teixeira, Max

Isaú Corrêa, Michel Felipe Cordeiro, Naiane Lúci Santos Teixeira, Noara Pauluze Calixto Paulo

Fonseca, Paulo Pippi, Ricardo Ribeiro Marques Gomes, Rodolffo Mamedes de Castro M. dos

Santos, Rosanges Martins da Costa e Silvio Luiz Cruz Martins.

Minha gratidão a todos!

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RESUMO

Muitos são os problemas enfrentados pelas indústrias para atender as legislações e normas

vigentes no país. Especificamente em estaleiros navais, o atendimento à legislação ambiental é

ainda maior, dada a natureza da atividade. Este ramo industrial está diretamente relacionado

com o meio ambiente. Esta pesquisa apresenta um estudo sobre as práticas de gerenciamento

ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e

especialistas ambientais deste setor industrial. Empregaram-se conjuntamente nesta análise dois

métodos de Apoio Multicritério à Decisão, os métodos: AHP – Analytic Hierarchy Process e o

TODIM – Tomada de Decisão Interativa Multicritério. Na implementação desta pesquisa

obteve-se a ordenação de alternativas, provenientes das ponderações dos critérios propostos por

especialistas do setor, e observou-se êxito no emprego dos métodos de Apoio Multicritério à

Decisão, verificando-se que podem subsidiar a tomada de decisão auxiliando a gestão ambiental

na indústria naval

Palavras-Chaves: Estaleiro Naval, Apoio Multicritério à Decisão, Gestão Ambiental, AHP e

TODIM

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ABSTRAT

Many are the problems faced by industries to comply the laws and current standards in the

country. Specifically in shipyards, compliance with environmental legislation and even greater

the given nature of the activity. This industrial branch is directly related to the environment.

This research presents a study of the environmental management practices in shipyards, with

jobs of criteria listed by professionals and environmental specialists of this industrial sector.

There are two methods of Multiple Criteria Decision that were used in this analysis: AHP -

Analytic Hierarchy Process and the TODIM - Interactive Decision Making Multiple Criteria.

In the implementation of this research, we obtained the ordering of alternatives derived from

the criteria weightings proposed by industry experts, and we found success in the use of

Multiple Criteria Decision methods, being verified that they can subsidize the decision making

aiding the environmental management in the naval industry.

Key Words: Naval shipyard, Multicriteria Decision Aid, Environmental Management, AHP

method, TODIM method.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Direção causal do relacionamento “meios” e “fim” ............................. 66

Figura 2.2– Enlaces entre conceitos .......................................................................... 67

Figura 2.3 - Polo presente e polo oposto psicológico em um conceito ..................... 70

Figura 2.4 – Relações causais entre os polos dos conceitos ...................................... 71

Figura 2.5 – Expansão do mapa em direção aos meios e aos fins ............................. 72

Figura 2.6 – Sequência de construção do mapa ........................................................ 73

Figura 2.7 – Conceito fim conflitante ........................................................................ 73

Figura 2.8 - Mapa cognitivo: gestão ambiental corporativa ...................................... 74

Figura 2.9 – Clusters 1 e Cluster 2 ............................................................................ 78

Figura 2.10 - Processo Decisório .............................................................................. 82

Figura 2.11 - Estrutura Hierárq. Zelar pelos Preceitos Ambientais Corporativos .... 84

Figura 2.12 – Estruturação Hierárquica do AHP ...................................................... 87

Figura 2.13 – Função de Valor da Teoria dos Prospectos ......................................... 90

Figura 3.1 – Etapas dos Processos Relacionado à Estruturação de Problema .......... 100

Figura 3.2 – Fluxograma da Aplicação e Análise do AHP ....................................... 104

Figura 3.3 – Fluxograma da Aplicação e Análise do TODIM .................................. 106

Figura 4.1 - Mapa SODA .......................................................................................... 117

Figura 4.2 - Mapa cognitivo individual ..................................................................... 119

Figura 4.3 - Representações de Linhas de Argumentação ........................................ 129

Figura 4.4 - Mapa Cognitivo Congregado e Ramos ................................................. 131

Figura 4.5- Árvore Hierárquica de Critérios ............................................................. 140

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Legislações Federais ........................................................................... 26

Quadro 2.2 - Sumário de Legislações Aplicáveis a Estaleiro Naval ........................ 27

Quadro 2.3 - Elementos Constituintes do Processo de Gestão Ambiental ............... 30

Quadro 2.4- Legislações Estaduais Aplicáveis ........................................................ 45

Quadro 2.5 - Elementos principais das estratégias de construção de mapas causais 65

Quadro 2.6 – Linhas de Argumentação .................................................................... 79

Quadro 2.7 – Linhas de Argumentação e seus Ramos .............................................. 80

Quadro 2.8 – Candidatos a PVF ............................................................................... 83

Quadro 2.9 - Escala de Julgamento de Saaty ............................................................ 85

Quadro 3.1 – Planejamento de Entrevistas ............................................................... 101

Quadro 4.1 – Planilha de Coletas de Constructos – Ação Estratégica ...................... 111

Quadro 4.2 – Descritores e conceitos por áreas de interesse .................................... 114

Quadro 4.3 – Planilha de Conceitos / Descritores .................................................... 115

Quadro 4.4 – Áreas de Conhecimento e Relação dos Descritores ............................ 116

Quadro 4.5 - Mapas Cognitivos Individuais e Números de Subclusters................... 120

Quadro 4.6 - Relação das Linhas de Argumentação ................................................. 128

Quadro 4.7–Linha de Argumentação e Ramos.......................................................... 132

Quadro 4.8 - Candidatos a PVF ................................................................................ 133

Quadro 4.9 –Propriedades: Essenciabilidade e Controlabilidade.............................. 137

Quadro 4.10 - Validação do Conjunto de PVF ......................................................... 138

Quadro 4.11 - Conjunto Final de PVF ...................................................................... 139

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Relatórios Ambientais Anuais .............................................................. 56

Tabela 2.2– Valores de IR para Matrizes Quadradas de Ordem n ............................ 89

Tabela 2.3– Matriz de Desejabilidades Parciais ........................................................ 92

Tabela 4.1 – Matriz Comparação de Critérios .......................................................... 141

Tabela 4.2– Normalização dos Autovetores .............................................................. 142

Tabela 4.3– Análise de Consistência ......................................................................... 143

Tabela 4.4– Análises de Consistência – Alternativas ................................................ 145

Tabela 4.5 – Matriz de Decisão ................................................................................. 146

Tabela 4.6 – Valores Finais e Ordenação .................................................................. 147

Tabela 4.7 - Valores Finais e Ordenação (+20%) ..................................................... 148

Tabela 4.8 - Valores Finais e Ordenação (-10%) ...................................................... 149

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação de Norma Técnicas Brasileiras

AMD - Apoio Multicritério à Decisão

ANVISA –Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

ANTAQ – Agencia Nacional de Transportes Aquaviários.

CEDAE/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos, do Estado do Rio de Janeiro.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro

EPA - Elementos Primário de Avaliação

GEAR - Gerência da Qualidade do Ar (Órgão Fiscalizador do INEA).

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEA – Instituto Estadual do Ambiente, do Estado do Rio de Janeiro

MCDA - Multi-Critério de Apoio à Decisão

ONG – Organização Não Governamental

PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos.

PVE - Pontos de Vistas Elementares

PVF - Pontos de Vistas Fundamentais

SciELO – Scientific Electronic Library Online

SCOPUS – Base de dados de referências e citações

SINIMA – Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente

SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos

SINISA - Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico

SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

SLAM - Sistema de Licenciamento Ambiental no Estado do Rio de Janeiro

SMAC – Secretaria Municipal de Meio Ambiente – Prefeitura do Rio de Janeiro

SMS – Segurança, Meio Ambiente e Segurança Ocupacional

SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SUASA – Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

UFF – Universidade Federal Fluminense

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................... 16

1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA .................................................. 20

1.3 OBJETIVO ............................................................................................................. 21

1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 21

1.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 21

1.4 DELIMITAÇÃO DAPESQUISA .......................................................................... 21

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 23

2.1 ESTALEIRO NAVAL: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................... 26

2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................. 27

2.3 GESTÃO AMBIENTAL APLICADA A ESTALEIRO NAVAL ......................... 28

2.4 GRUPOS DE PROCESSOS DA GESTÃO AMBIENTAL .................................. 29

2.4.1 Requisitos operacionais .................................................................................... 30

2.4.1.1 Licenciamento Ambiental ................................................................................ 30

2.4.1.1.1 Das competências dos entes federados ................................................. 31

2.4.1.1.2 Das competências dos órgãos fiscalizadores ........................................ 32

2.4.1.2 Auditoria Ambiental ......................................................................................... 33

2.4.1.2.1 Auditoria ambiental - DZ-056 – R3 (INEA / RJ) .................................. 33

2.4.1.2.2 Auditoria ambiental – Resolução CONAMA nº 306/2002 ................... 33

2.4.1.2.3 Auditoria ambiental - ABNT/ISO 14.001 ............................................. 35

2.4.1.3 Plano de Emergência Individual – PEI ............................................................ 36

2.4.1.4 Armazenamentos de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis ............................ 37

2.4.2 Requisitos referentes aos riscos à saúde humana ........................................... 37

2.4.2.1 Promoção da saúde e controle sanitário ........................................................... 37

2.4.2.2 Sistema de climatização - prevenção de riscos à saúde dos ocupantes ............ 39

2.4.3 Requisitos referentes à Biodiversidade ........................................................... 40

2.4.3.1 Controle da flora .............................................................................................. 40

2.4.3.2 Controle de pragas e vetores ............................................................................ 41

2.4.4 Requisitos físico e químico ................................................................................ 42

2.4.4.1 Corpos hídricos ................................................................................................ 43

2.4.4.1.1 Gestão do lançamento de efluentes em corpos de águas receptores ...... 43

2.4.4.1.2 Programa de autocontrole de efluentes líquidos ................................... 44

2.4.4.1.3 Efluentes orgânicos sanitários .............................................................. 45

2.4.4.2 Emissões atmosféricas ..................................................................................... 46

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2.4.4.3 Ruído ambiental industrial ............................................................................... 47

2.4.4.4 Gestão de resíduos sólidos ............................................................................... 47

2.4.4.4.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS .................................. 48

2.4.4.4.2 Execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos .......................... 51

2.4.4.4.3 Sistema de Manifesto de Resíduos – Estado do Rio de Janeiro .......... 53

2.4.4.5 Passivos ambientais .......................................................................................... 53

2.4.4.5.1 Qualidade de solo e da água subterrânea ............................................ 53

2.4.4.5.2 Contaminação do solo e água subterrânea – Estado do R. Janeiro ..... 54

2.4.4.5.3 Avaliação de risco à saúde humana .................................................... 55

2.4.5 Inventário anual ambiental .............................................................................. 55

2.4.5.1 Relatório anual de atividades do IBAMA ........................................................ 55

2.5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA METODOLOGIA AMD ......................... 57

2.5.1 Considerações sobre a metodologia multicritério .......................................... 57

2.5.2 Métodos de apoio multicritério à decisão ........................................................ 59

2.5.3 Atores do Processo de Decisão ......................................................................... 60

2.5.4 Metodologia Soft ................................................................................................ 61

2.6 MAPA COGNITIVO / SODA ............................................................................... 63

2.6.1 Conceitos sobre mapas cognitivos .................................................................... 63

2.6.2 Mapa casual ....................................................................................................... 64

2.6.3 Construção do mapa cognitivo ......................................................................... 66

2.6.4 Análise de enlace ............................................................................................... 67

2.6.5 Mapa individual ................................................................................................ 68

2.6.6 Agrupamento de conceitos e mapa congregado ............................................. 75

2.6.7 Análise de mapa cognitivo ................................................................................ 76

2.6.8 Análise tradicional de mapa cognitivo ............................................................ 76

2.6.9 Grupos de conceitos similares .......................................................................... 77

2.6.10 Análise avançada de mapa cognitivo ............................................................. 78

2.6.11 Identificação de linhas de argumentação ...................................................... 79

2.6.12 Definição de ramos .......................................................................................... 80

2.6.13 Transição do mapa cognitivo para o modelo multicritério ......................... 80

2.6.14 Estrutura hierárquica ..................................................................................... 81

2.6.15 Enquadramento do processo decisório .......................................................... 81

2.6.16 Validação do conjunto de PVF ....................................................................... 83

2.7 MÉTODO AHP ...................................................................................................... 85

2.7.1 Processo Analítico do método AHP ................................................................. 86

2.7.1.1 Estrutura hierárquica ........................................................................................ 86

2.7.1.2 Modelagem do método ..................................................................................... 87

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2.8 O MÉTODO TODIM ............................................................................................. 89

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 95

3.1 PESQUISA EXPLORATÓRIA E DESCRITIVA ................................................. 95

3.2 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 95

3.3 TÉCNICAS ADOTADAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS ................... 97

3.4 TÉCNICA DE EXECUÇÃO DO MÉTODO AHP ............................................... 104

3.5 TÉCNICA DE EXECUÇÃO DO MÉTODO TODIM .......................................... 106

4 PESQUISA-AÇÃO .................................................................................................. 108

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................... 108

4.2 PLANEJAMENTO E COLETA DE DADOS ....................................................... 110

4.3 APLICAÇÕES DE FERRAMENTAS E MÉTODOS DO AMD .......................... 115

4.3.1 Construção dos mapas SODA .......................................................................... 115

4.3.2 Construção dos mapas cognitivos individuais ................................................ 118

4.3.3 Identificações dos clusters e subclusters ......................................................... 120

4.3.4 Descrições dos clusters e subclusters ............................................................... 121

4.3.5 Identificações das linhas de argumentação ..................................................... 127

4.3.6 Mapa cognitivo congregado e Identificações de Ramos ................................ 129

4.4 IDENTIFICAÇÃO DOS PVF ................................................................................ 133

4.4.1 Análises quanto a: essenciabilidade e controlabilidade ................................. 135

4.4.2 Validação do conjunto de PVF ......................................................................... 138

4.4.3 Conjunto final de PVF ...................................................................................... 139

4.5 APLICAÇÃO DO MÉTODO AHP ....................................................................... 140

4.5.1 Estrutura Hierárquica ...................................................................................... 140

4.5.2 Matriz de comparação de critérios utilizando AHP ...................................... 141

4.5.3 Análise da inconsistência na matriz de critérios ............................................ 143

4.6 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS UTILIZANDO AHP ............................. 143

4.6.1 Análise da inconsistência nas matrizes de alternativas ................................. 145

4.6.2 Matriz de decisão .............................................................................................. 146

4.7 APLICAÇÃO DO MÉTODO TODIM .................................................................. 147

4.7.1 Análise de sensibilidade .................................................................................... 148

4.7.2 Análises dos resultados ..................................................................................... 149

5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 152

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 155

APÊNDICE

APÊNDICE A - Gestores Ambientais - Clusters e Subclusters ................................. 167

APÊNDICE B - Gestão Corporativa - Clusters e Subclusters ................................... 168

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APÊNDICE C - Intervenientes - Clusters e Subclusters ............................................ 169

APÊNDICE D - Fornecedores - Clusters e Subclusters ............................................. 170

APÊNDICE E - Questionário de Comparação Par a Par ........................................... 171

...APÊNDICE F – Framework: Controle e Desempenho Ambiental ............................ 172

...APÊNDICE G – Matrizes de Valores Atribuídos pelas Alternativas ........................ 173

APÊNDICE H - Seleção dos Entrevistados ............................................................... 174

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A indústria naval é intensiva em capital e força de trabalho. Segundo Pires et al (2013),

além de gerador de empregos, o desenvolvimento desse setor traz externalidades positivas para

toda sua cadeia fornecedora, nomeadamente, a indústria de navipeças e incentivando a geração

de novas tecnologias.

Conforme Cerqueira Junior (2014), no fomento às firmas brasileiras de engenharia de

projeto da indústria naval brasileira, a partir de 2007, o setor naval foi inserido nos objetivos do

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, como um dos setores de

maior relevância para o cumprimento dos objetivos estratégicos do país de geração de emprego

e renda. Foram assegurados, assim, os recursos necessários para os investimentos em

infraestrutura e para a expansão e a modernização dos estaleiros nacionais, uma condição

indispensável para o atendimento da demanda por navios e plataformas.

Pires et al (2013), em 7 de maio de 2010, ocorreu a solenidade de lançamento ao mar

do navio petroleiro João Cândido, 23 anos após a última encomenda da empresa Petróleo

Brasileiro S. A. - Petrobras a um estaleiro do Brasil, para a construção de um navio daquele

porte. Ressaltam, os Autores, que este evento foi o marco da revitalização da indústria naval

brasileira e que coincide com o crescimento das atividades petrolíferas offshore (ao longo da

costa), experimentando um movimento de reavivamento que se reflete na retomada de

investimentos e na expansão da capacidade produtiva, com o consequente aumento da produção

de embarcações.

A Firjan1 (2015) publicou - em agosto de 2015 - seu mapeamento da indústria naval2,

citando o Rio de Janeiro como o Estado do país com a maior concentração de estaleiros navais.

Conforme o mapeamento, são observados dois principais núcleos de atividades

produtivas no estado do Rio de Janeiro, sendo: a) o polo de Angra dos Reis - RJ, com três

estaleiros e, b) o polo da Baia da Guanabara - RJ, onde se concentram instalações navais nos

seguintes municípios: Rio de Janeiro, com 7 (sete) estaleiros; Niterói, com18 (dezoito)

estaleiros; e São Gonçalo, com 4 (quatro) estaleiros.

1FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. 2Mapeamento da Indústria Naval: plano de ação para seu fortalecimento. Disponível em

http://www.firjan.com.br/publicacoes/publicacoes-de-economia/mapeamento-da-industria-naval-plano-de-acao-

para-o-seu-fortalecimento-1.htm. Acesso em: 15.11.2017.

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17

O setor naval vive um cenário de risco (Firjan, 2015) com a instabilidade política e

econômica do Brasil, devido à retração da atividade econômica, que paralisou alguns dos

estaleiros.

Estaleiro naval é caracterizado como atividade econômica pertencente à fase

intermediária da cadeira produtiva da indústria naval. Como unidade industrial, possui uma

malha de interações sequenciadas de atividades e segmentos produtivos que convergem para a

produção de bens e serviços. Estão associados ao processo industrial recursos e infraestruturas

de apoios, como também, instalações físicas destinadas às atividades portuárias, como, por

exemplo: cais de atracação para embarcações, diques e guindastes portuários.

A todo estaleiro naval, para a sua operação industrial, é necessário obter autorizações e

licenças ambientais específicas, cujos documentos são expedidos por órgãos reguladores

ambientais nas esferas governamentais (CEGN, 2010)3

A licença ambiental é um ato administrativo (Marini Junior e Gusmão, 2003), que

estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental. Complementam, os

Autores, sobre licença ambiental:

“ela é temporal, pois a questão ambiental é dinâmica. Estão sujeitos ao licenciamento

todos os empreendimentos capazes de modificar o meio ambiente, isto é, aqueles que,

potencial ou efetivamente, afetem a qualidade ambiental, causem qualquer forma de

poluição ou utilizem recursos ambientais, desenvolvidos por pessoas físicas ou

jurídicas, inclusive as entidades da administração pública” (MARINI JUNIOR E

GUSMÃO, 2003, p. 66).

Como exemplo, um estaleiro naval localizado na borda da Baía da Guanabara, no

município do Rio de Janeiro, em suas atividades operacionais, é obrigatório requerer sua

Licença de Operação (LO).

Segundo Marini Junior e Gusmão (2003, p. 71):

“a Licença de Operação estabelece as condições que o empreendimento deverá

obedecer durante sua permanência, funcionamento e operação, determinando os

padrões de qualidade dos efluentes líquidos e gasosos que deverão ser observados,

bem como todos os critérios de controle ambiental a serem respeitados. Estabelece

ainda o programa de monitoramento dos efeitos ambientais, determinando os

parâmetros e a periodicidade das medições, cujos resultados servem para o

acompanhamento da atividade pelo órgão ambiental licenciador”.

Neste trabalho de pesquisa, pretende-se estudar a gestão ambiental de estaleiro naval a

partir de dois aspectos: o primeiro, referente à gestão ambiental privada, na qual são

estabelecidos, por exemplo, as diretrizes corporativas, os procedimentos operacionais,

3CEGN – Centro de Estudo em Gestão Ambiental - Estudo sobre gestão ambiental de estaleiros. São Paulo, 6 de

agosto de 2010. Disponível emhttps://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/CEGN_-_Estudo_sobre

_gestao_ambiental_de_estaleiros.pdf. Acesso em 15 de novembro de 2017.

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18

empregos de tecnologias e a gestão de contratos de prestações de serviços ambientais por

terceiros (fornecedores), visando à mitigação e minimização dos impactos ambientais, de modo

a evitar não conformidades normativas e/ou gerar passivos ambientais; o segundo aspecto, do

ponto de vista da gestão ambiental pública (intervenientes), onde o poder público estabelece

requisitos e normas legais através de políticas públicas e instrumentos administrativos de gestão

ambiental, como, por exemplo: licenças e autorizações ambientais. Como intervenientes,

também se enquadram os públicos de interesse (interno e externo) à organização como partes

interessadas.

Portanto, depara-se comum problema a partir da exposição dos fatos. Presume-se que

há uma mudança da cultura nas questões voltadas à gestão ambiental, isto é, como integrar num

só modelo de gestão dois pontos de vista (públicos e privados), com objetivos comuns a serem

alcançados, isto é, o controle do meio ambiente no âmbito de estaleiro naval.

Neste caso, pretende-se pesquisar nos meios acadêmicos e em literaturas disponíveis,

acerca de gestão ambiental em estaleiro, as metodologias de auxílio multicritério à tomada de

decisão, dentre aquelas capazes de contribuir técnica e administrativamente com os gestores e

profissionais ambientais em suas tarefas de direção e manutenção do negócio empresarial.

Assim sendo, a ideia central do trabalho está em aplicar métodos de estruturação de

problemas, do inglês PSM (Problem Structuring Methods), no campo da PO soft (Pesquisa

Operacional soft), como: SSM (Soft Systems Methodology), SODA (Strategic Options

Development and Analysis) e mapa cognitivo, bem como os métodos AMD (Apoio

Multicritério à Decisão), notadamente os métodos AHP (Analytic Hierarchy Process) e o

TODIM (Tomada de Decisão Interativa Multicritério).

Por fim, após a contextualização da pesquisa, será apresentado o suporte metodológico

de acordo com os principais autores das áreas pesquisadas.

Na sequência, por meio da metodologia pesquisa-ação, serão postos em práticas os

conhecimentos adquiridos sobre a gestão ambiental de estaleiro. Com efeito, da adoção da

metodologia de pesquisa-ação, tem-se as exposições dos trabalhos divididas em duas etapas.

A primeira etapa levará em consideração as variedades dos métodos de estruturação de

problemas, assim como as definições e estruturação hierárquicas de critérios, os que serão

propostos para a gestão ambiental.

A segunda etapa se destinará às aplicações dos métodos AMD. Inicialmente, com o

AHP, para determinar a medida global para cada uma das alternativas e, na sequência, a través

da modelagem matemática do TODIM, a obtenção da ordenação e dos valores globais das

alternativas definidas ao processo.

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Serão realizadas entrevistas de campo com profissionais, gestores e especialistas

ambientais, como parte do emprego das metodologias às identificações e estruturações de

problemas e das definições de critérios relacionados à gestão ambiental, como também

contribuirão como alternativas ao processo, emitindo seus juízos de valores sobre os critérios

propostos.

Serão selecionados, no polo industrial da Baia da Guanabara, 7 (sete) Estaleiros Navais,

como alternativas ao processo, todos com históricos operacionais similares em prestações de

serviços e obras para o segmento offshore. Por exemplo, grandes embarcações e plataformas de

petróleo e gás.

Os dados colhidos nas entrevistas serão transformados em valores numéricos, por meio

da Escala Fundamental de Saaty, e organizados na forma de matrizes quadradas recíprocas,

chamadas de Matrizes de Comparações das Alternativas. Portanto, cada matriz representará um

critério, sendo as matrizes construídas por valores numéricos relativos àqueles atribuídos entre

as alternativas.

Estas matrizes serão validadas e processadas, dentre dos critérios preconizados pelo

método, e os resultados obtidos (autovetores) farão parte da matriz de decisão.

Com aplicação do modelo matemático do método TODIM, espera-se - como resultado

- a ordenação das alternativas, assim como a avaliação global de cada alternativa.

A partir dos resultados obtidos e dos conhecimentos adquiridos, será possível

comprovar se os métodos de Apoio Multicritério à Decisão (AMD) empregados na presente

pesquisa podem subsidiar a tomada de decisão, bem como serem utilizados como ferramentas

auxiliares à gestão ambiental em estaleiro naval, como também, responder as questões

formuladas com objetivos da pesquisa.

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1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA

Este estudo abordou os aspectos da gestão ambiental em estaleiro naval, procurando

implementar ferramentas e métodos do AMD, com a finalidade de auxiliar o gestor ambiental

a dominar conhecimento específico e se relacionar com partes interessadas, tendo como

resultado esperado o ganho de qualidade no trato profissional com questões da governança

empresarial ambiental.

Espera-se, com esta pesquisa, abrir novas possibilidades para novos estudos na área de

conhecimento gestão ambiental empresarial e, também, quanto aos empregos de métodos de

estruturação de problemas (PSM) e do apoio multicritério à decisão (AMD), no campo da

ciência Pesquisa Operacional (PO).

A presente pesquisa evidencia-se relevante ao contribuir com o aprimoramento do

conhecimento associado ao tema “análise da gestão ambiental em estaleiro naval”, por meio

das aplicações de modelos de estruturação de problemas e dos métodos do apoio multicritério

à decisão, fatos que, certamente, contribuirão para o aprimoramento profissional dos gestores,

especialistas e demais profissionais ambientais envolvidos na realização da pesquisa e, também,

quanto ao contexto do gerenciamento ambiental em estaleiro naval.

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1.3 OBJETIVO

1.3.1 Objetivo geral

Pretende-se - com esta pesquisa- o emprego de métodos de estruturação de problemas e

de apoio multicritério à decisão, de modo a auxiliar os gestores ambientais de estaleiro naval a

tomarem decisão, com base nos critérios elencados por especialistas do setor da indústria naval.

1.3.2 Objetivos específicos

Pesquisar a legislação ambiental e seus requisitos aplicáveis às atividades

operacionais de estaleiro naval;

Avaliar a percepção dos gestores, com base na governança ambiental estratégica

empresarial;

Fazer o levantamento dos pontos de vista fundamentais dos gestores ambientais, com

base nas práticas operacionais implementadas relativas à gestão ambiental;

Escolher - dentre os métodos do AMD - aquele que forneça a ordenação de

alternativas como ferramenta de auxílio aos gestores à tomada de decisão.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

As delimitações da presente pesquisa são:

Os ambientes selecionados para a realização da pesquisa possuem características

singulares de governança empresarial, com atuações no segmento industrial de

estaleiro naval, em especial, às demandas de offshores (petróleo e gás).

O universo profissional e as percepções dos gestores quanto aos processos de

gerenciamento ambiental em estaleiro naval, por pertencerem ao mesmo polo

industrial e da região administrativa governamental.

A predefinição do arcabouço de requisitos vinculados ao gerenciamento ambiental,

por força de legislações governamentais específicas e pelas interposições de

demandas ambientais específicas por intervenientes (órgãos fiscalizadores

ambientais governamentais) através de Atos Administrativos.

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1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta pesquisa está dividida em cinco capítulos, sendo este, de caráter introdutório.

Quanto ao segundo capítulo, trata-se do referencial teórico no qual se faz a

contextualização do arcabouço das legislações governamentais afeitas ao gerenciamento de

estaleiro naval, bem como das normas técnicas pertinentes. Contém, também, a fundamentação

teórica das metodologias do AMD (Apoio Multicritério à Decisão) e de descrições de

ferramentas relativas a mapa cognitivo / SODA, e dos métodos do AMD, referentes ao AHP e

TODIM. Os dois últimos métodos citados foram os selecionados para serem utilizados neste

trabalho.

O terceiro capítulo, nas duas primeiras seções, contém descrições dos modelos e

abordagens de pesquisa (exploratória e descritiva). Na terceira seção, detalham-se as técnicas

de coletas de dados. E, quanto às seções quatro e cinco, descrevem-se as técnicas de aplicação

e execução dos métodos AHP e TODIM, respectivamente.

No quarto capítulo, trata-se de pesquisa-ação. A primeira seção, deste capítulo, descreve

a contextualização sobre o objeto deste trabalho de pesquisa e, nas seis seções seguintes, estão

detalhados: o planejamento e coleta de dados; aplicações dos métodos do AMD (AHP e

TODIM); identificação dos PVF; a avaliação das alternativas utilizando AHP e aplicação do

método TODIM. Por fim, são detalhadas as análises de sensibilidade recomendadas pelo

método TODIM e dos resultados obtidos, com relação ao pesquisa-ação.

O quinto capítulo presta-se às conclusões, momento no qual são analisados os resultados

obtidos no trabalho de pesquisa em comparação aos objetivos propostos, observando quais

ganhos foram percebidos e faz sugestão para estudos futuros quanto à ampliação da pesquisa.

Ao fim do trabalho, serão apresentadas as referências bibliográficas e os apêndices.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta os referenciais teóricos, que orientam a presente pesquisa, e está

estruturado em oitos seções. Inicia-se pela seção 2.1, com a descrição de estaleiro naval como

atividade econômica pertencente à cadeia produtiva da industrial naval, com destaque à gestão

ambiental.

Adiante, nas seções 2.2 e 2.3, respectivamente, são contextualizadas as legislações e

normas governamentais ambientais e outros requisitos, por exemplo, os normativos de

instituições de classes, bem como os subscritos pela organização quanto à gestão ambiental de

estaleiro naval.

Na seção 2.4, são descritas as práticas e os grupos de processos aplicados ao

gerenciamento ambiental de estaleiros navais.

Na sequência, nas seções 2.5 a 2.8, são feitas as revisões teóricas das ferramentas e

metodologias do AMD, destacando-se os métodos que foram definidos para aplicações neste

trabalho. São abordadas as teorias sobre ferramentas PSM (Problem Structuring Methods)

como SSM (Soft Systems Methodology), SODA (Strategic Options Development and Analysis)

e construção de mapa cognitivo.

Segue, na seção 2.7, com método AHP (Analytic Hierarchy Process) e, na seção 2.8,

com o método TODIM (acrônimo de TOmada de Decisão Interativa e Multicritério).

As informações e dados sobre obrigações legais interpostas por órgãos fiscalizadores

governamentais e outras obrigações afeitas à gestão ambiental de estaleiro naval foram obtidos

por pesquisas através da internet, por tratar-se de documentos públicos (livre acesso), utilizando

se de buscas por palavras-chave, números de identificação de normas, por esfera governamental

e assuntos. Foram pesquisados os seguintes:

1.Competências do Órgão Estadual (INEA/RJ) – portal na internet: www.inea.rj.br, nas

abas legislação, licenciamento e monitoramento.

2.Competências do Órgão Municipal (Rio de Janeiro) – portal na internet:

www.rio.rj.gov.br/web/guest/orgaos-municipais, nas abas: i) Secretaria Municipal de

Urbanismo, Infraestrutura e Habitação e ii) Secretaria Municipal de Conservação e Meio

Ambiente.

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3. Competências de Órgãos Federais:

3.1. Ministério do Meio Ambiente: portal na internet:

www.mma.gov.br/legislação/governanca ambiental - decretos, leis, portarias e resoluções.

3.2. ANVISA: portal na internet: portal.anvisa.gov.br/legislação, planilha “Estoque

Regulatório da ANVISA”, selecionar na aba “macrotema” (porto e agrotóxico).

Paralelamente, e, em complementações aos diplomas legais, foram pesquisados os

paramentos técnicos (normas específicas, tabelas de valores de agentes ambientais, padrões de

qualidade e programa de monitoramento), aqueles que são partes dos diplomas e os citados

como critérios técnicos a serem atendidos nos processos das avaliações, dos controles e das

correções dos efeitos ambientais (ou impactos ambientais) relacionados à instalação e operação

do empreendimento (estaleiro naval).

Conforme Martini Junior e Gusmão (2003), são notadamente os parâmetros citados em

condicionantes interpostas por atos administrativos pelos órgãos fiscalizadores governamentais

nas concessões de licenças e autorizações ambientais.

Cabe destacar que o autor desta pesquisa pertence ao quadro de funcionário efetivo de

um Estaleiro Naval, no cargo de Responsável Técnico pela Gestão Ambiental do Estaleiro

Naval perante ao INEA/RJ, como também ao CREA/RJ –Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia do Rio de Janeiro- e, como representante técnico da empresa junto ao IBAMA, para

informação e atualização do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente

Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.

Como Responsável Técnico da empresa, tem-se como prerrogativa da governança

organizacional o acesso às informações aquelas relativas à gestão ambiental e das relações com

os Órgãos Fiscalizadores Governamentais. Portanto, facilita-se ao autor fazer sua pesquisa e

tomadas de conhecimentos do arcabouço legal e demais compromissos subscritos pela

organização na esfera da gestão ambiental. Porém, a empresa se resguarda, no seu direito, de

não autorizar a divulgação de sua razão social e logomarca.

Quanto aos levantamentos das literaturas técnico-científicas, referentes aos

embasamentos teóricos e aplicações de ferramentas e métodos do AMD como mapa cognitivo,

SSM, SODA, AHP e TODIM, foram obtidos através de pesquisas em bancos de dados como:

SciELO, Artigos Científicos, Periódico CAPES (Scopus) e Google Acadêmico.

A pesquisa foi dividida em etapas, como seguem:

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1° etapa: seleção das normas e requisitos legais citados nos corpos das licenças

ambientais e de suas condicionantes. Foram listados e organizados, conforme as vinculações às

esferas governamentais.

2º etapa: seleção dos requisitos legais e normas técnicas mencionados nos relatórios de

auditorias ambientais compulsórias, aplicadas nos processos internos de gestão ambiental

relativos aos anos de 2016 e 2017. Essas auditorias são realizadas por força das seguintes

legislações: a) Diretriz INEA/RJ, DZ-056-R3, com periodicidade anual; b) Resolução

CONAMA nº 306/2002, com periodicidade bianual.

3ª etapa: seleção e estudo dos padrões operacionais relacionados ao gerenciamento

ambiental. Estes padrões são aderentes aos requisitos normativos preconizados pela norma da

série ambiental NBR ABNT/ISO 14.0004. Por acesso à internet e em bancos de dados

corporativo, foi possível tomar conhecimento, analisar e organizar as informações por áreas de

interesse, servindo como subsídios ao trabalho de pesquisa.

4ª etapa: pesquisas e seleções dos métodos de apoio à tomada de decisão. Estas tarefas

ocorreram em três momentos, da seguinte forma:

Inicialmente, buscou-se nas literaturas técnico-científicas, os embasamentos teóricos e

métodos voltados à estruturação de problema. A primeira fonte de pesquisa foi o livro “Tomada

de Decisão Gerencial: Enfoque Multicritério”, 5ª ed., Atlas, de Luiz F. A. M. Gomes e Carlos

F. S. Gomes, que faz menção aos métodos da PO Soft (Pesquisa Operacional Soft).

Através de pesquisas na internet, em bancos de dados (SciELO, Google Acadêmico e

Periódicos CAPES), foram identificados, selecionados e estudados artigos publicados sobre os

métodos que compõem a PO Soft, como SSM (Soft Systems Methodology), SODA (Strategic

Options Development and Analysis) e mapa cognitivo.

No segundo momento, foi pesquisado o método AHP (Analytic Hierarchy Process), nas

mesmas bases de dados. Neste caso, a informação inicial sobre o uso do AHP, em gestão

ambiental, foi através do material de apresentação “O Índice IDA – Índice de Desempenho

Ambiental para Instalações Portuárias”, do Eng. Marcos Maia Porto (Gerente de Meio

Ambiente e Sustentabilidade da ANTAQ), em abril de 2016. Disponível em:

http://web.antaq.gov.br/Portal/Palestras_Meio _Ambiente.asp.

Em terceiro, os principais autores que tornaram referências técnicas de estudo sobre o

método TODIM foram: Gomes, Araya e Carignano, (2011); Gomes, Gomes e Almeida, (2006);

4ABNT NBR ISO 14000 especifica os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental.

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Gomes e Rangel, (2009); Rangel, Gomes, Cardoso, (2010), Rangel e Gomes (2007), Rangel e

Silvério, (2006).

Portanto, a presente pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir de materiais já

elaborados e construídos, principalmente, de livros técnicos, artigos científicos, dissertações de

mestrados, anais de congressos e portais governamentais.

2.1 ESTALEIRO NAVAL: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As condições gerais de governança, técnicas e administrativas afeitas à gestão ambiental

em estaleiro naval são estruturadas em procedimentos e padrões ambientais (legais, normativos

e corporativos) juntamente com outras condições subscritas pela corporação.

Têm-se também, como parte da gestão ambiental em condições específicas, os requisitos

ambientais interpostos por órgãos fiscalizadores das três esferas governamentais (federal,

estadual e municipal) através de atos administrativos.

A definição de estaleiro, como unidade industrial, está mencionada nas seguintes

Legislações, citado no Quadro 2.1:

Quadro 2.1 – Legislações Federais

Legislação Federal Descrição

Resolução CONAMA

nº 398/2008

Art. 2º, Parágrafo X – “estaleiro: instalação que realiza reparo

naval, com ou sem docagem, ou construa navios e plataformas e

que realize qualquer atividade de manuseio de óleo”;

Decreto Federal

nº 2.265/1997

Art.3º, Parágrafo II – “CONSTRUÇÃO: execução de projeto de

embarcação desde o início das obras até o recebimento do termo

de entrega pelo estaleiro”.

Fonte: o autor.

Estaleiro (ou estaleiro naval), como atividade econômica, não está bem definida no

CNAE – Código Nacional de Atividade Econômica - quanto à sua identificação como unidade

produtiva do país. Observa-se nos cadastros e registros das administrações públicas - nas três

esferas de governo - que a atividade industrial “estaleiro” pertence à fase intermediária da

cadeia produtiva da construção naval.

Segundo Cardoso (2015), “na cadeia produtiva da construção naval, o estaleiro exerce

o papel principal e é o elo central da cadeia, [...] com uma dependência em relação a montante

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dos fornecedores (elos da cadeia para trás) e a jusante, dos armadores (elos para frente)”.

Os estaleiros navais são normalmente instalados nas bordas de corpos d’águas, por

exemplo, a orla marítima da Baia da Guanabara – RJ, onde concentram-se diversas instalações

industriais de estaleiros navais. Portanto, estão providos de recursos e infraestruturas de apoios

similares às atividades portuárias, como cais de atracação para embarcações, dique seco e

flutuante - que são usados nas operações industriais - e guindastes para movimentações de

cargas (tipo portuário). Daí podendo, concomitantemente, ser caracterizado como instalação

portuária ou infraestrutura portuária, sendo uma atividade econômica secundária, a qual é

mencionada na legislação federal.

2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Aplica-se ao estaleiro naval o Decreto Federal nº 6.620/2008, art. 2º, no inc. XIII, o qual

dispõe que Gestão Ambiental Portuária como sendo: “conjunto de rotinas, procedimentos e

ações administrativas que permite administrar as relações de atividades, operações, instalações,

processos e obras portuárias, com o meio ambiente que as abrigam, em observância à legislação

ambiental vigente”.

Em adição, no Quadro 2.2, têm-se um sumário dos diplomas legais, aplicáveis ao

estaleiro naval, no âmbito federal e do estado do Rio de Janeiro:

Quadro 2.2 - Sumário de Legislações Aplicáveis a Estaleiro Naval.

Legislação Descrição

Lei Federal nº 6.938/1981,

art. 10.

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins

e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras

providências.

Art. 10: A construção, instalação, ampliação e funcionamento

de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos

ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,

sob qualquer forma, de causar degradação ambiental

dependerão de prévio licenciamento ambiental.

Resolução CONAMA

nº 237/1997

(Legislação Federal)

Dispõe sobre a definição de licenciamento ambiental, licença

ambiental, estudos ambientais e impacto ambiental regional.

Decreto Estadual do Rio

de Janeiro nº 44.820/2014.

Dispõe sobre o Sistema de Licenciamento Ambiental - SLAM

e dá outras providências.

Fonte: o autor.

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Adicionalmente, de acordo com a PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente, Lei

Federal nº 6.938/81, em seu art. 10, dispõe que “cabem aos órgãos ambientais governamentais

competentes as concessões de licenças ambientais”, in verbis:

“A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e

atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores

ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de

prévio licenciamento ambiental” (ART. 10, LEI nº 6.938/81).

O licenciamento ambiental, como citado no art. 10, somente poderá ser concedido após

serem avaliados os estudos de impacto ambiental do empreendimento, como também, terem

definidas as interposições de condicionantes ambientais, aquelas associadas às respectivas

licenças, por exemplo: i. LI – Licença de Instalação, ii. LO – Licença de Operação. Tais licenças

retrocitadas funcionam com regulamentos e condições para que elas sejam cumpridas pelo

estaleiro naval requerente. As concessões são realizadas por meio de atos administrativos, uma

vez que o empreendimento peticionário tenha atendido a todas as exigências prescritas no

arcabouço normativo e legal pertinente.

As condicionantes se traduzem em projetos ambientais e visam evitar, mitigar ou

compensar os impactos ambientais (potenciais ou reais) como base nos resultados de estudos

de avaliações sobre os mesmos. As condicionantes também podem ser exigências para

realizações de estudos ambientais complementares ou de monitoramentos dos impactos

relevantes, como: i. os níveis de poluição sonora; ii. alterações da qualidade do meio físico (ar,

solo, lençol freático) e biótico (avifauna, vegetação); iii. alteração na biota local, entre tantos

outros.

Para Martini Junior e Gusmão (2003), a PNMA tem por objetivos:

“harmonizar o desenvolvimento econômico e social com a proteção do meio

ambiente, promovendo o uso racional dos recursos ambientais, impedindo a

utilização predatória e irracional desses recursos e racionalizando os custos

empresariais na adequação dos projetos às exigências de controle ambiental”.

2.3 GESTÃO AMBIENTAL APLICADA A ESTALEIRO NAVAL

Estaleiro, como elo intermediário da cadeia produtiva da industrial naval, tem por

atividades principais a construção, manutenção, reparo de embarcações e plataformas de

petróleo e gás, como também, atuações industriais ampliadas ao setor naval de offshore, por

exemplo: reformas e obras conversões de navios “aposentados” em plataformas marítimas,

construções e montagens de grandes blocos ou unidades operacionais destinadas: i. unidades

de serviços; ii. Unidades de utilidades; iii. unidades de acomodação; iv. estruturas de helipontos

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etc., para setores industriais de exploração e produção de petróleo e gás, assim como outras

singularidades. Todos os fornecimentos são mediantes encomendas prévias, de clientes do

segmento naval.

Suas atividades, produtos e serviços se distinguem quando comparado com outras

indústrias, pelo acentuado potencial de degradação ambiental, tanto quanto pela elevada

demanda por materiais de aplicação e de consumo utilizados na produção, seja pelo potencial

de alteração da qualidade do ar, solo e corpos hídricos, seja como consumidor direto de recursos

naturais e energia.

Este potencial poluidor, segundo Martini Junior e Gusmão (2003), está relacionado ao

nível das tecnologias adotadas e à intensidade das restrições legais. Partes das restrições legais

são condicionantes ambientais interpostas pelos órgãos governamentais, como também,

conversões internacionais do setor, tendo como exemplo: IMO5/Marpol6. Tecnicamente,

também, são adotadas boas práticas operacionais corporativas (lições aprendidas) de

empreendimentos anteriores e aquisições de novas tecnologias do setor naval.

Outras ações de controles ambientais - que se pode cita r- são as adesões voluntárias às

normas técnicas de gestão, por exemplo: i. série de normas ABNT NBR ISO 14.000, voltadas

à gestão ambiental, e ii. realizações de auditorias ambientais (voluntárias e compulsórias).

2.4 GRUPOS DE PROCESSOS DA GESTÃO AMBIENTAL

Para fins desta pesquisa, foram realizados estudos e análises dos diplomas legais

aplicáveis à gestão ambiental de estaleiro naval, envolvendo também setores de atividades afins.

Foram pesquisados, além dos documentos legais e normas técnicas, diversos padrões

operacionais (corporativos e outros requisitos subscritos), todos relacionados e aplicáveis aos

processos de gerenciamento ambiental. Destas interações foi possível gerar conhecimentos

sobre o tema e estruturar os processos de gerenciamentos ambientais em cinco grupos de

requisitos e seus elementos constituintes, como descritos no Quadro 2.3 – Elementos

Constituintes do Processo de Gestão Ambiental.

5 IMO (Organização Marítima Internacional) – Agência da ONU, a qual tem como escopo a elaboração e

unificação de normas para a segurança da navegação e comércio marítimo internacional. Disponível em:

http://www.oabrj.org.br/arquivos/files/CDMPM_Cartilha_de_Direito_Maritimo_e_Portuario_web.pdf. Acesso

em: 09.04.2017 6MARPOL 78 – Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, ratificadas pelo

Brasil. (Lei 9.966/00 e Decreto 4.136/02). Disponível em: http://www.oabrj.org.br/arquivos/files/

CDMPM_Cartilha_de_Direito_Maritimo_e_Portuario_web.pdf. Acesso em: 09.04.2017.

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30

Os elementos constituintes do Quadro 2.3 foram baseados no padrão de avaliação

ambiental instituído pela ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários7), a qual

adota a Resolução nº 2650, de 26.08.2012, do Ministério de Transporte – Brasil, como

referência. A Resolução, em questão, aprova os instrumentos de acompanhamento e controle

de gestão ambiental em instalações portuárias, denominados de IDA – Índice de Desempenho

Ambiental.

Quadro 2.3 - Elementos Constituintes do Processo de Gestão Ambiental

Grupos de Requisitos Elementos Constituintes

Operacionais

Licenciamentos ambientais

Auditorias ambientais

Prevenção de riscos ambientais

Riscos à Saúde Humana Promoção da saúde e controle sanitário

Sistemas climatizados

Biodiversidade Controle da flora

Controle de pragas e vetores

Físicos e Químicos

Corpo hídrico

Rede hidráulica de esgoto sanitário

Poluentes atmosféricos

Resíduos sólidos

Passivos ambientais

Inventários Ambientais Relatórios ambientais anuais

Fonte: o autor, com base no método de avaliação do IDA/ANTAQ (2016)

2.4.1 Requisitos operacionais

2.4.1.1 Licenciamento ambiental

O licenciamento ambiental, no Brasil, segundo Martini Junior e Gusmão (2003),

começou a vigorar desde a década de 1970 em alguns Estados como Rio de Janeiro, São Paulo

Minas Gerais e Bahia. Complementa Sánchez (2008) que o ato normativo foi incorporado à

legislação federal como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

7 Site: http://web.antaq.gov.br/Portal/MeioAmbiente_IDA.asp. Acesso em: 22.02.2017.

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Na legislação federal, o licenciamento aparece como um dos instrumentos da Política

Nacional do Meio Ambiente - PNMA, Lei 6.938/81, a qual no artigo 10 estabeleceu que:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e

atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores

ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de

prévio licenciamento ambiental. (LEI COMPLEMENTAR nº 140, de 2011).

Sánchez (2008) argumenta tratar-se, portanto, não somente de atividades que possam

causar poluição ambiental, mas qualquer forma de degradação, denotando-se, assim, uma

evolução no entendimento das causas da deterioração da qualidade ambiental, que não mais são

somente atribuídas à poluição, mas a outras causas oriundas das atividades humanas. Cabe

observar que, na redação do artigo 10, exige-se licença ambiental tanto para a construção e

instalação como para a ampliação de estabelecimentos e atividades já existentes, assim como

para seu funcionamento.

2.4.1.1.1 Das competências dos entes federados

No âmbito da gestão e proteção ambiental, a CF - Constituição Federal - estabeleceu as

competências para a regulamentação e a atuação administrativa de forma específica em seus

artigos: i. art. 23, inc. III, VI e VII, e ii. art. 24, inc. VI, VII e VIII.

Posteriormente, foi editada a Lei Complementar nº 140/2011, que fixa normas, nos

termos do art. 23 caput e inc. III, VI e VII, da CF, buscando a cooperação entre a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício

da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio

ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da

fauna e da flora, alterando ainda a Lei nº 6.938, de 31.08.1981, que trata da Política Nacional

do Meio Ambiente.

Ainda, de acordo com a LC nº 140, art. 8º “são ações administrativas dos Estados”:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio

Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental;

[...]

III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de

Meio Ambiente;

IV - promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e

entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios relacionados à proteção e à gestão ambiental;

[...]

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32

Antecipando-se à LC nº 140, de 08.12.2011, o Estado do Rio de Janeiro publicou o

Decreto nº 42.159, de 02.12.2009, que dispõe sobre o Sistema de Licenciamento Ambiental

(SLAM) e dá outras providências. Neste dispositivo legal, no seu Capitulo I - do Sistema de

Licenciamento Ambiental - temos que: “este Decreto dispõe sobre o Sistema de Licenciamento

Ambiental, regulamentando a legislação pertinente, e dá outras providências” (art. 1º, Decreto

nº 42.159/09).

O Estado do Rio de Janeiro publicou, no ano de 2014, o Decreto nº 44.820, que institui

o Sistema de Licenciamento Ambiental - SLAM - o qual disciplina o licenciamento ambiental

dos empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva,

potencialmente poluidores ou, capazes, sob qualquer forma, de causarem degradação ambiental

e alterações posteriores.

Em complementação às normas legais estaduais, foram editadas ainda as Resoluções

INEA (Instituto Estadual do Ambiente - RJ) e a Resolução do Conema (Conselho Estadual de

Meio Ambiente – RJ), em auxílio ao licenciamento ambiental dos empreendimentos e

atividades utilizadores de recursos ambientais - efetiva ou potencialmente poluidores.

2.4.1.1.2 Das competências dos órgãos fiscalizadores

O empreendimento objeto desta pesquisa tem seu enquadramento nos ditames da

Resolução CONAMA nº 237/1997, em seu art. 2º e, nos parágrafos 1º e 2º, respectivamente,

assim como no Anexo 1, desta Resolução, nos seguintes termos:

Art. 2º - A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais

consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os

empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação

ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental

competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

§ 1º- Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades

relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução.

§ 2º – Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o

detalhamento e a complementação do Anexo 1, levando em consideração as

especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do

empreendimento ou atividade.

[...]

ANEXO 1 - Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao Licenciamento Ambiental.

- Fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes.

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33

2.4.1.2 Auditoria ambiental

2.4.1.2.1 Auditoria ambiental - DZ-056 – R3 (INEA / RJ)

Conforme Martini Junior e Gusmão (2003), a Auditoria Ambiental compulsória como

instrumento legal, para o apoio à fiscalização ambiental dos órgãos de controle ambiental, já

está sancionada em alguns Estados, e citam como, por exemplo, os Estados: Espírito Santo,

Minas Gerais e Rio de Janeiro; assim como Municípios: Santos (SP) e Vitória (ES).

No Rio de Janeiro, as responsabilidades, os procedimentos e os critérios técnicos para a

realização de Auditorias Ambientais são definidos pela Diretriz DZ-56, editada pelo Conema.

Atualmente, está em vigor a Resolução Conema n° 21, de 07.05.2010, que aprova a

revisão número 03, a DZ-056. R-3 - Diretriz para Realização de Auditoria Ambiental, que

dispõe sobre as novas responsabilidades, os procedimentos e os critérios técnicos para a

realização de auditorias ambientais, como instrumento do sistema de licenciamento ambiental

no Estado do Rio de Janeiro.

Esta Resolução está respaldada pela Lei Estadual nº 1.898, de 26 de novembro de 1991,

que dispõe sobre a realização de auditorias ambientais, cujo requisito legal foi regulamentado

pelo Decreto Estadual nº 21.470-A, de 5 de junho de 1995, com aplicação no âmbito do Estado

do Rio de Janeiro.

A Diretriz tem por definição como Auditoria Ambiental:

Processo sistemático de verificação, documentado e independente, nas modalidades

Auditoria Ambiental de Controle e Auditoria Ambiental de Acompanhamento,

executado para obter evidências e avaliá-las objetivamente, para determinar a

extensão na qual os critérios de auditoria estabelecidos nesta Diretriz são atendidos e

os resultados comunicados (SUBITEM 3.1, da DIRETRIZ DZ-056. R3).

O subitem 4.1, da Diretriz apresenta uma relação por tipos de organizações que devem

realizar auditorias ambientais periodicamente. No caso presente, a organização objeto da

pesquisa tem seu enquadramento no subitem 4.1, parágrafo XVIII – Estaleiros.

2.4.1.2.2 Auditoria ambiental - Resolução CONAMA nº 306/2002

O processo de gestão exige, necessariamente, que a informação ambiental esteja

disponível para o agente fiscalizador, seja ele o gerador dessa informação, seja ele o seu

demandante. Neste caso, insere-se a atividade de estaleiro naval. É um atendimento por

obrigação legal.

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Toda e qualquer informação de interesse do público deve estar disponível, exceto

quando classificada de confidencial. Os usuários dessa informação são de naturezas diversas.

(ANTAQ – IDA, 2016)

Na esfera federal, o primeiro ato normativo a vigorar estabelecendo auditoria ambiental

compulsória foi a Resolução CONAMA nº 265, de 27/1/2000, motivada pelo acidente da

Petrobrás na Baía de Guanabara. A resolução obrigava a estatal a realizar auditorias ambientais

em todas as suas instalações localizadas no Estado do Rio de Janeiro.

Em abril, do mesmo ano, foi publicada a única lei federal que estabelecia auditoria

ambiental compulsória. Trata-se da Lei nº 9.966, de 28.04.2000, que dispõe sobre a prevenção,

o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias

nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, determinando, em seu artigo 9º, que “as

entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os proprietários ou

operadores de plataformas e suas instalações de apoio deverão realizar auditorias ambientais

bienais, independentes, com o objetivo de avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental

em suas unidades”.

Portanto, no Brasil, de um modo geral, apenas empreendimentos portuários e de

exploração de petróleo e gás natural estão sujeitos à auditoria ambiental compulsória.

Em 2002, o CONAMA estabeleceu, por meio da Resolução nº 306, de 05.07.2002

(alterada pela Resolução CONAMA nº 381/2006, de 14.12.2006), os requisitos mínimos e o

termo de referência para a realização de auditorias ambientais, com foco no atendimento ao

disposto na Resolução nº 265/2000 e no artigo 9º da Lei 9.966/00.

A Lei nº 9.966/00 foi regulamentada pelo Decreto nº 4.136, de 20.02.2002, e dispõe

sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações para com as regras de prevenção,

controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas

ou perigosas em águas sob jurisdição nacional. Em relação à Auditoria Ambiental esse Decreto

traz, em seu art. 2º, a seguinte definição:

Parágrafo XXIII - auditoria ambiental: é o instrumento pelo qual se avalia os sistemas

de gestão e controle ambiental em porto organizado, instalação portuária, plataforma

e suas instalações de apoio e dutos, a ser realizada por órgão ou setor que não esteja

sendo objeto da própria auditoria, ou por terceira parte (DECRETO nº 4.136/2002).

Em seu art. 4º, dispõe que “as auditorias ambientais devem envolver análise das

evidências objetivas que permitam determinar se a instalação do empreendedor auditado atende

aos critérios estabelecidos nesta Resolução, na legislação ambiental vigente e no licenciamento

ambiental”, redação dada pela Resolução CONAMA nº 381, de 14.12.2006. No Parágrafo

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único, do mesmo artigo, salienta que “as constatações de não conformidade devem ser

documentadas de forma clara e comprovadas por evidências objetivas de auditoria e deverão

ser objeto de um plano de ação”.

No art. 9º, da Resolução, dispõe que “as auditorias ambientais deverão ser

compatibilizadas, no que couber, com os demais programas de gestão de risco estabelecidos em

outros regulamentos federais”. Pode-se atribuir que o art. 9º tem incidência nas Normas

Regulamentadoras, aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08.06.1978, do MTPS (Ministério do

Trabalho e da Previdência Social) como nas Normas e Convenções da OIT (Organização

Internacional do Trabalho), das quais o Brasil é signatário. Além de outros documentos que,

em si, não constituem requisitos legais, mas servem como base para implementação de

melhorias operacionais e de controle ambiental, tais como: normas da ABNT NBR e

Regulamento Internacional, por exemplo: MARPOL - Convenção Internacional para a

Prevenção da Poluição por Navios.

2.4.1.2.3 Auditoria ambiental - ABNT/ISO 14.001

Percebe-se que o modelo de gestão ambiental, quando estruturado na norma ABNT/ISO

14.001 – Gestão Ambiental, a governança corporativa passa a ser norteada por premissas, com

base nos requisitos da norma ambiental, como, por exemplo: política ambiental empresarial,

objetivos, metas e processos, relacionamentos com os seus entes corporativos, como, também,

considerações com partes interessadas (termo inglês: stakeholders), que podem afetar os

resultados da gestão ambiental empresarial, direta ou indiretamente, como exemplo: órgãos

governamentais intervenientes, clientes, fornecedores, organizações de classes, ONG, público

interno e externo e a comunidade, em especial, da circunvizinhança.

Contudo não seja uma conformidade por força de lei, o sistema de gestão baseado na

norma NBR ABNT/ISO 14.001 é de caráter voluntário, e pode ser auditável, por seguir os

requisitos da norma em referência. Pode, também, não ser auditado; neste caso, por não possuir

certificação de conformidade no contexto da norma, cujo processo está a cargo de auditores

independentes ligados a um Organismo Certificador Acreditador competente.

Portanto, trata-se de sistema de gerenciamento ambiental o qual tem por premissa

cumprir e fazer cumprir todos os requisitos legais pertinentes diretamente ao seu encargo, bem

como gerenciar aqueles delegados a terceiros: (a) empresas contratadas de serviços e obras; (b)

fornecedores de recursos materiais, equipamentos e mãos de obra; (c) prestadores de serviços

ambientais especializados.

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Ao estabelecer sua política de negócios e de relacionamentos com partes interessadas,

procura formalizá-la de modo a prover de evidências e registros necessários às demandas

interpostas pela governança corporativa e outros compromissos subscritos a cargo da

organização.

2.4.1.3 Plano de emergência individual – PEI

O Plano de Emergência Individual – PEI, é um instrumento de prevenção, controle e de

ação em emergência ambiental, definido a partir de cenários ambientais hipotéticos de acidentes

com derramamento de óleo no mar (ou outros tipos de derivados de hidrocarbonetos de

petróleo), assim como outras substâncias nocivas ou perigosas ao meio ambiente marinho.

Para os estudos e simulações de acidentes no mar, por sua complexidade e elevado

potencial de impacto, são realizados como recursos de software específicos nos quais procura-

se descrever o comportamento e o espalhamento das manchas no mar, bem como avaliar os

possíveis impactos ambientais decorrentes do sinistro. São, adicionalmente, quantificados os

recursos materiais e humanos necessários para a contenção e mitigação dos danos.

Com a ferramenta informatizada, torna-se possível avaliar os efeitos colaterais, por

exemplo, os impactos socioambientais na região, os riscos ambientais de uma operação

portuária ou de um estaleiro naval e, com tais informações, procura-se estabelecer táticas e

técnicas de atuações emergenciais.

Portanto, o Plano de Emergência Individual é classificado como instrumentos de

contingência à degradação ambiental e ele integra o conjunto de ferramentas imprescindíveis

para a proteção do meio ambiente portuário a serem implantados individualmente ou

coletivamente por seus agentes (administradores de instalações portuárias). Como instrumento

de contingência, faz parte, obrigatoriamente, do licenciamento da instalação portuária (ANTAQ

– IDA, 2016).

O Plano de Emergência Individual é previsto na Lei Federal nº 9.966, de 28.04.2000,

que “dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento

de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras

providências”.

Consta do PEI a descrição de atividades dos integrantes da equipe treinada e capacitada

para atuação em emergência ambiental, sob a denominação de Estrutura Organizacional de

Resposta – EOR para que atue no controle e combate às emergências com derramamento de

óleo no mar, possuindo uma hierarquia com atribuições e responsabilidades entre seus

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participantes, visando atingir, de forma segura e eficaz, os objetivos principais da resposta às

emergências.

2.4.1.4 Armazenamentos de líquidos inflamáveis e combustíveis

Em planta industrial, como estaleiro naval, há necessidade de pátios e armazéns

caracterizados como áreas específicas para a disposição de contêineres, tanques e vasilhames

contendo produtos químicos líquidos inflamáveis e combustíveis como medida de controle de

risco de vazamento e derramamento. Deve haver condições adequadas às operações nos seus

interiores, e outros requisitos de segurança operacional, como sinalização vertical e horizontal

nas áreas de circulação interna, armazenagem e manuseio seguro de produtos; acrescido de

programa de gerenciamento de riscos estabelecendo condições para o transporte, manuseio e

armazenamento de produtos perigosos (ANTAQ – IDA, 2016).

O Instituto Estadual de Meio Ambiente – INEA/RJ, - ao conceder a Licença de

Operação (LO) - para as obras e serviços de reparos de embarcações, estabeleceu diversas

condicionantes ambientais ao texto administrativo, sob o título de “condições de validade

gerais”, e, dentre as condicionantes introduzidas na LO, há uma descrita como “atender à NBR

17505 – Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis”.

2.4.2 Requisitos referentes aos riscos à saúde humana

2.4.2.1 Promoção da saúde e controle sanitário

A Resolução ANVISA/RDC nº 72/2009 editada pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária contém diversos aspectos pertinentes à gestão ambiental, como, por exemplo: i. o

gerenciamento de sólidos; ii. dos efluentes sanitários; iii. o controle e descarte de embalagem

de produtos utilizados para o controle de pragas e fauna sinantrópica, assim como, o provimento

de água potável ao consumo humano. Os três primeiros tópicos serão tratados, neste capítulo,

em seções posteriores.

O monitoramento das características de água destinada ao consumo humano sempre

fica a cargo da Gestão Ambiental, devido à forma de controle da qualidade com prevalências

de parâmetros físico-químicos e microbiológicos.

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A Resolução da Diretoria Colegiada, que “dispõe sobre o Regulamento Técnico que

visa à promoção da saúde nos portos de controle sanitário instalados em território nacional, e

embarcações que por eles transitem nos termos desta Resolução.”, em seu art. 1º, dispõe que

“fica aprovado o regulamento técnico que estabelece os requisitos mínimos para a promoção

da saúde nos portos de controle sanitário instalados em território nacional, e embarcações que

por eles transitem, nos termos desta Resolução” (ART. 1º, RDC 72/2009).

A presente Resolução editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária contém

diversos aspectos pertinentes à gestão ambiental, como, por exemplo, o gerenciamento de

sólidos, dos efluentes sanitários, assim como o provimento de água potável ao consumo

humano8. Os dois primeiros tópicos já foram tratados, em seções anteriores, neste capítulo.

Outro tópico, no qual há participação da gestão ambiental, é o controle e descarte de

embalagem de produtos utilizados para o controle de pragas e fauna sinantrópica (art. 102,

parágrafo 1º e art. 101, parágrafo único), isto é, quanto aos riscos relacionados aos efluentes

sanitários gerados após as lavagens das embalagens para descartes seguros.

Cabe destacar os compromissos que a Autoridade Portuária assume como o Órgão

Fiscalizador, de apresentar em períodos pré-determinados, evidências da qualidade da água

ofertada, conforme texto da Seção II - Dos Reservatórios, Rede de Distribuição e Pontos de

Oferta de Água Potável.

Em adição a Resolução da ANVISA, tem-se a Portaria nº 2.914, de 12.12.2011, do

Ministério da Saúde, que “dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da

qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade”.

Esta Portaria, no Capítulo III – Das Competências e Responsabilidades, Seção I – Das

Competências da União, no seu art. 10, dispõe que “Compete à ANVISA exercer a vigilância

da qualidade da água nas áreas de portos, [...], conforme os critérios e parâmetros estabelecidos

nesta Portaria, bem como diretrizes específicas pertinentes”.

Para a garantia da qualidade microbiológica da água (art. 30), em complementação às

exigências relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o padrão de turbidez

expresso no Anexo II - Tabela de padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção,

sendo, em ambos os casos, avaliações mensais.

8 Água para o consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene

pessoal, independentemente da sua origem, conforme art. 5º, Parágrafo I, da Port. nº 2.914/2011, do Ministério da

Saúde.

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2.4.2.2 Sistema de climatização: prevenção de riscos à saúde dos ocupantes

Os sistemas de climatização devem estar em condições adequadas de limpeza,

manutenção, operação e controle, observadas as determinações relacionadas à prevenção de

riscos à saúde dos ocupantes. Devem ser descartados os resíduos gerados pela limpeza

mecânica, contendo material particulado e as sujidades sólidas retiradas do sistema de

climatização após a limpeza. Os rejeitos devem ser acondicionados em sacos de material

resistente e porosidade adequada para evitar o espalhamento de partícula inalável. Quanto à

fiscalização dos aspectos ambientais, a lei faz menções aos órgãos governamentais

fiscalizadores, sem distinguir a esfera de competência. Com destaque, faz referência aos órgãos

de Vigilância Sanitária que terão a incumbência de fiscalização e de fazer cumprir esta Lei (LEI

ESTADUAL nº 4.192/03 - RJ).

Dispõe a Lei nº 4.192/03, no art. 1º, “é obrigatória a realização anual de limpeza geral

nos aparelhos de ar condicionado e nos dutos de sistemas de ar refrigerado central, de todos os

prédios públicos e comerciais do Estado do Rio de Janeiro”.

No art. 4º, complementa que “todos os sistemas de climatização devem estar em

condições adequadas de limpeza, manutenção, operação e controle, [...], visando à prevenção

de riscos à saúde dos ocupantes”.

O texto legal determina que o estabelecimento servido de sistema de ar condicionado

deve manter um responsável técnico habilitado (art. 5º), com atribuições de implantar e manter

disponível no imóvel um Plano de Manutenção, Operação e Controle – PMOC (art. 5º, alíneas),

com responsabilidade de implementar todos os requisitos previstos no Plano em questão.

No art. 7º da Lei, há menções aos órgãos governamentais fiscalizadores, sem distinguir

a esfera de competência, com destaque aos órgãos de Vigilância Sanitária que terão a

incumbência de fiscalização e de fazer cumprir esta Lei. Traz, no texto, que a fiscalização será

através de inspeções e de outras ações pertinentes, com o apoio de órgãos governamentais,

organismos representativos da comunidade e ocupantes dos ambientes climatizados.

A Resolução ANVISA - RE nº 9, de 16.01.2003, tem como prerrogativa ser uma norma

técnica, contendo “Padrões de Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes

climatizados artificialmente de uso público e coletivo”.

Quanto aos resíduos gerados pela limpeza mecânica contendo material particulado,

devem ser descartadas (art. 5º, alínea “g”) “as sujidades sólidas, retiradas do sistema de

climatização após a limpeza, acondicionadas em sacos de material resistente e porosidade

adequada, para evitar o espalhamento de partículas inaláveis”.

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2.4.3 Requisitos referentes à biodiversidade

A Constituição Federal preconiza em seu inciso VII do § 1º do art. 225 que incumbe ao

Poder Público a proteção da fauna e da flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem

em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetem os animais à

crueldade.

No âmbito do estado do Rio de Janeiro, a Constituição Estadual prevê, em seu capítulo

de Meio Ambiente, que incumbe ao Poder Público fiscalizar e zelar pela utilização racional e

sustentada dos recursos naturais, proteger e restaurar a diversidade e a integridade do

patrimônio genético, biológico, ecológico, [...] proteger e preservar a flora e fauna [...].

Já na esfera municipal, sobre a proteção ao meio ambiente, destaca-se a Lei nº 105, de

13.06.1979, que instituiu o Programa de Proteção ao Meio Ambiente - PROMAN, como uma

política municipal de conservação e proteção ambiental.

2.4.3.1 Controle da flora

A realização de estudos de levantamento florísticos das espécies arbóreas, em

empreendimentos como instalações de estaleiro e portuária, tem o objetivo de fornecer

subsídios para decisões a respeito do gerenciamento de impactos gerados pela obra de

manutenção ou ampliação da planta industrial, de maneira preventiva e corretiva. São

recomendados estudos para conhecimento, quantificação, caracterização dos indivíduos

existentes e preservação das espécies, podendo ser parte integrante do processo de

licenciamento ambiental (ANTAQ – IDA, 2016).

No que tange ao gerenciamento de arborização no Município do Rio de Janeiro, a

temática é tratada com relevância, visto o robusto arcabouço legal vigente na Municipalidade.

Destaca-se a LOM - Lei Orgânica Municipal (1990), o PDDUS - Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano Sustentável (Lei Complementar nº 111, de 01.02.2011, alterada pela

Lei Complementar nº 149, de 15.12.2014), que dedica o art. 127 ao tema (in verbis):

O corte de árvore bem como a remoção de vegetação, incluindo o transplantio vegetal,

em área pública ou particular, somente poderá ser efetuado mediante prévia

autorização do órgão central de planejamento e gestão ambiental e sob sua orientação.

Corroboram as demais Leis e Decretos que estruturam os órgãos ambientais, bem como

regulamentos técnicos a serem seguidos, no que se referem à gestão e ao planejamento da

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arborização urbana, além de edições de normativas técnicas, resoluções e portarias dos órgãos

de gestão ambiental.

O diploma legal, de relevância ao estaleiro, que trata do manejo de indivíduos arbóreos

(supressão, transplantio e podas de galhos) refere-se à Resolução SMAC nº 587, de 16.04.2015,

a qual “dispõe sobre os procedimentos a serem adotados nos casos de Autorização para remoção

de vegetação e dá outras providências”.

A autorização de intervenção é ato administrativo da SAE – Secretaria de Meio

Ambiente Municipal (art. 8º), - a qual emite autorização, bem como interpõe, no mesmo ato,

responsabilidade ao requerente na forma de condicionante. Inicia-se o processo administrativo

pelo Termo de Compromisso o qual é celebrado entre o Município e o Requerente (art. 10).

Desta ação, tem-se por resultado a imputação de obrigações ao Requerente (art. 13 e §1º), na

forma de execução de medida compensatória e valor monetário.

Corrobora, com a ação do gestor municipal, o art. 477, da LOM, que dispõe: “os serviços

de derrubada de árvores somente poderão ser efetuados mediante prévia autorização do órgão

ambiental e sob sua orientação”.

A Resolução SMAC nº 587, art. 17, em seu parágrafo único, salienta que, no caso da

não execução da Medida Compensatória no prazo estabelecido, a Municipalidade poderá lavrar

auto de infração, com base na Lei Federal nº 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes

Ambientais.

2.4.3.2 Controle de pragas e vetores

Conforme a Resolução RDC/ANVISA nº 72/09, o controle integrado da fauna

sinantrópica nociva e o controle de vetores e pragas urbanas devem ser desenvolvidos de acordo

com o levantamento das espécies potencialmente envolvidas na transmissão de doenças de

importância para a saúde ocupacional e pública, e do ambiente domissanitário local e

circunvizinho, previamente estabelecido, considerando também as condições físicas e de

segurança da área na qual será desenvolvido o programa, bem como as condições de ecologia

dos vetores e pragas, efetividade e toxicidade dos produtos.

O uso de praguicida, para o controle de vetores e pragas urbanas, no estado do Rio de

Janeiro, foi regulamentado pela Norma Técnica nº NT-1005.R-21 – “Praguicidas e suas

Concentrações Permitidas para Utilização em Serviços de Controle de Vetores e Pragas

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Urbanas”, aprovada pela Deliberação CECA nº 3.622, de 24. 04.1997, da antiga FEEMA, hoje

INEA/RJ.

Para o caso específico de instalações portuárias, identifica-se que, em 06.08.2008,

através de ato Resolução da Diretoria Colegiada9, foi emitida a Resolução ANVISA/RDC nº

56, que “dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas, Passagens de Fronteiras e Recintos

Alfandegados”, que enfatiza o gerenciamento de resíduos sólidos com enfoque de controle

sanitário.

O Capitulo I, da norma, é composto de um artigo; este, por sua vez, de uma série de

incisos destinados a prover as definições pertinentes ao contexto na norma em questão.

A Resolução, em dois artigos distintos, aborda os temas i. insetos vetores (art.33) e, ii.

controle de pragas, incluindo as embalagens dos produtos pesticidas (art.47).

As demais partes da citada Resolução estão estruturadas em Capítulos, Seções, Artigos,

Incisos e Parágrafos, os quais descrevem requisitos de abordagem ambiental, com destaque ao

gerenciamento de resíduos sólidos, mas também refere-se à segurança das pessoas, as práticas

operacionais e aos aspectos da higiene dos ambientes.

2.4.4 Requisitos físico e químico

O monitoramento do efluente descartado no corpo hídrico (mar) é considerado como a

medição ou verificação periódica e contínua de parâmetros de qualidade da água, utilizado para

o acompanhamento da efetividade das ações ou medidas de controle da poluição hídrica adotadas

pelo empreendimento. Não diz respeito ao controle e monitoramento da qualidade da água

consumida no estaleiro naval ou fornecida a qualquer embarcação atracada no cais. Os pontos de

amostragem devem contemplar o sistema de tratamento de água residuária do estaleiro e as

informações devem estar organizadas e disponibilizadas na forma de um banco de dados. O ideal

é que as definições dos parâmetros monitorados, dos locais de coleta, da periodicidade das

amostragens, dos métodos aplicados e dos demais procedimentos estejam descritos e

documentados em um Programa de Monitoramento da Qualidade da Água (RESOLUÇÃO

CONAMA nº 430/11).

9Resolução da Diretoria Colegiada: decisão conjunta da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária.

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43

2.4.4.1 Corpos hídricos

2.4.4.1.1 Gestão do lançamento de efluentes em corpos de águas receptores

A Resolução CONAMA nº 430/2011, que dispõe sobre os parâmetros, condições,

padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em corpos de águas receptores,

alterou parcialmente e complementou a Resolução CONAMA nº 357/2005. Esta, por sua vez,

“dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de águas

superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes”

(RESOLUÇÃO CONAMA nº 357/2005).

O Capítulo II – “das condições e padrões de lançamento de efluentes”, Seção II - das

condições e padrões de lançamento de efluentes, em seu art. 16, faz referências às condições e

padrões de lançamentos de efluentes em geral.

O art. 16, desta Resolução, dispõe que “os efluentes de qualquer fonte poluidora

somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde que obedeçam às condições

e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis”. Para tanto, o artigo

traz em seus incisos, as condições e padrões previstos:

I - Condições de lançamento de efluentes: que trata das características físico-químicas

(pH, temperatura e solubilidade); regime de lançamento; padrões de matérias

orgânicas; e de demanda bioquímica – DBO.

II - Padrões de lançamento de efluentes: apresenta a tabela I, com parâmetros

inorgânicos e valores máximos individuais, para lançamento em corpo receptor.

Cabe destacar, da Resolução nº 430, no Capítulo III - Diretrizes para Gestão de

Efluentes, o seu art. 28, o qual determina que “o responsável por fonte potencial ou efetivamente

poluidora dos recursos hídricos deve apresentar ao órgão ambiental competente, até o dia 31 de

março de cada ano, Declaração de Carga Poluidora10, referente ao ano anterior”.

Na Resolução, no parágrafo 1º (art. 24), o legislador faculta ao órgão ambiental

competente, no caso presente, ao INEA/RJ, estabelecer critérios e procedimentos para a

execução e averiguação do automonitoramento de efluentes e avaliação da qualidade do corpo

receptor.

No que se refere à gestão de lançamentos de efluentes, a norma estadual que trata do

tema é a DZ-942.R7 - Diretriz do Programa de Autocontrole de Efluentes Líquidos – Procon

10Carga Poluidora: é toda e qualquer quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um corpo

de água receptor, expressa em unidade de massa por tempo. (Licenciamento Ambiental - Declaração de Carga

Poluidora, http://creaweb.crea-pr.org.br/IAP/arquivos/DECLARACAO_CARGA_ POLUIDORA.pdf, acesso em

01.10.2016).

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Água, aprovada pela Deliberação CECA n° 1.995, de 14.01.1991, da SAE, que atribui ao órgão

estadual de meio ambiente a competência para fiscalizar.

2.4.4.1.2 Programa de autocontrole de efluentes líquidos

A DZ-942.R7 - Diretriz do Programa de Autocontrole de Efluentes Líquidos – Procon

Água, aprovada pela Deliberação CECA n° 1.995, de 14.01.1991, é um instrumento no qual os

responsáveis pelas atividades poluidoras informam regularmente ao INEA, por intermédio do

Relatório de Acompanhamento de Efluentes Líquidos (RAE), as características qualitativas e

quantitativas de seus efluentes líquidos.

A Diretriz tem por objetivo, “estabelecer as diretrizes do programa de autocontrole de

efluentes líquidos - PROCON ÁGUA, no qual os responsáveis pelas atividades poluidoras

informam regularmente à Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA, por

intermédio do Relatório de Acompanhamento de Efluentes Líquidos - RAE, as características

qualitativas e quantitativas de seus efluentes líquidos, como parte integrante do Sistema de

Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP” (DZ-942.R7, PARÁGRAFO PRIMEIRO).

Adicionalmente, deve-se ater às legislações estaduais aplicáveis, conforme Quadro 2.4:

Quadro 2.4 - Legislações Estaduais Aplicáveis

Texto Legal Título Descrição / Objetivos

NT-202.R10,

de 12.12.1986

Critérios e Padrões para

Lançamento de

Efluentes Líquidos.

Considerações sobre o corpo receptor e vazão

de um curso d’água, diluição (proibida),

lançamentos individualizados e mistura,

regime de lançamento, casos de infiltração,

redução da toxicidade, métodos de coleta e

análise.

NT-213.R-4,

de

18.10.1990.

Critérios e Padrões para

Controle da Toxicidade

em Efluentes Líquidos

Industriais

Estabelecer critérios e padrões para controle

da toxicidade em efluentes líquidos

industriais, utilizando testes de toxicidade

com organismos aquáticos vivos, de modo a

proteger os corpos d’água da ocorrência de

toxicidade aguda ou crônica.

Lei nº 3467,

de 14.09.2000

Dispõe sobre as sanções

administrativas

derivadas de condutas

lesivas ao meio

ambiente no Estado do

Rio de Janeiro, e dá

outras providências.

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45

DZ-205.R6,

de

08.11.2007.

Diretriz de Controle de

Carga Orgânica em

Efluentes de Origem

Industrial

Estabelecer, como parte integrante do Sistema

de Licenciamento de Atividades Poluidoras –

SLAP, exigências de controle de poluição das

águas que resultem na redução de: i. Matéria

orgânica biodegradável de origem industrial;

ii. Matéria orgânica não biodegradável de

origem industrial; e iii. Compostos orgânicos

de origem industrial que interferem nos

mecanismos ecológicos dos corpos d’água e

na operação de sistemas biológicos de

tratamento implantados pelas indústrias e

pelas operadoras de serviços de esgoto.

Fonte: o autor.

2.4.4.1.3 Efluentes orgânicos sanitários

Os efluentes orgânicos sanitários oriundos dos prédios administrativos, vestiários e da

cozinha e refeitório industrial do estaleiro são coletados por rede hidráulica e caixas de

passagem e, na sequência, são transferidos à rede coletora pública da CEDAE/RJ, para

tratamento apropriado.

O efluente descartado é transferido para Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da

Concessionária onde, após passar por tratamento físico/químico/biológico, é descartado à

natureza, em conformidade aos padrões de lançamento de efluentes ao corpo receptor.

Os requisitos legais pertinentes ao gerenciamento do efluente sanitário no âmbito das

instalações internas do estaleiro são determinados pela Deliberação CECA/CN n° 4.886 de

08.11.2007, que aprova a DZ-205.R-4 – Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável

em Efluentes Líquidos de Origem Sanitária, que no Item 1 – Objetivo – dispõe: “estabelecer

exigências de controle de poluição das águas que resultem na redução de carga orgânica

biodegradável de origem sanitária, como parte integrante do Sistema de Licenciamento de

Atividades Poluidoras – SLAP”.

No item 2 – Abrangência –, faz a inclusão de atividades não industriais como, por

exemplo: portos, grandes estruturas de apoio e embarcações e canteiros de serviços.

As normas NBR/ABNT nº 8.160/1990 e NBR/ABNT nº 12.208/1992 corroboram com

vistas às adequações e atendimentos às demandas tanto técnica como legal, de forma a atender

a Condicionante de Licença.

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2.4.4.2 Emissões atmosféricas

A planta industrial do estaleiro naval possui alguns processos industriais com

significativas fontes estacionárias de poluição atmosférica, como por exemplo, cabine de

jateamento e pintura, motogeradores a diesel. As emissões atmosféricas que mais ocorrem são

emissões de particulados e de gases como SOx11, NOx12, VOC13, que resultam em impactos

negativos para o meio ambiente e à saúde das pessoas. Deve-se realizar os monitoramentos das

emissões de materiais particulados e de gases, com periodicidade regular e elaborado o

Inventário de Emissões, com identificação das fontes e quantificação com base nos parâmetros

de emissões fornecidos pelo Órgão Ambiental.

No âmbito do estaleiro há dois programas ambientais para o monitoramento e controle

de emissões atmosféricas propostos pelo INEA/RJ, sendo: i. PROMON AR, destinado às fontes

fixas, com amostragens em dutos de exaustão e chaminés industriais; ii. PROCON FUMAÇA

PRETA, para autocontrole de emissões de motores do ciclo diesel.

A vinculação do estaleiro ao PROMOM AR é realizada por meio de vistoria in loco nas

unidades produtivas, licenciadas pelo INEA, durante ou após a fase de licenciamento pelos

técnicos da GEAR.

A frequência do monitoramento periódico deve estar expressa nas condicionantes das

licenças ambientais ou outro documento formal do INEA ou estipuladas em normas específicas,

devendo ser, no mínimo, semestral (ART. 8.1, da NOP-INEA-01).

Quanto ao PROCON FUMAÇA PRETA: a Secretaria de Estado do Ambiente - SEA,

através do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Conema), editou a Resolução Conema nº 43,

de 14.12.2012, que “ratifica a política de controle de emissões veiculares definida no PCPV -

Plano de Controle da Poluição Veicular”, com base na Resolução CONAMA nº 418/2009,

alterada pela Resolução CONAMA nº426/2010, na qual estabelece os limites máximos de

emissão veicular e faculta o estabelecimento dos limites estaduais de emissão veicular (veículos

do ciclo Otto, motociclos e veículos do ciclo Diesel).

Em termos operacionais, a Resolução Conema nº 65, de 10.10.2014, aprova a NOP-

INEA-13, que revisa os procedimentos para medição do nível de opacidade de veículos do ciclo

11 SOx – óxidos de enxofre 12 NOx – óxidos de nitrogênio 13 VOC – composto orgânico volátil

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47

diesel em uso, que, no art. 6º, dispõe que “esta Resolução entrará em vigor a partir do dia 01 de

janeiro de 2015”.

2.4.4.3 Ruído ambiental industrial

A Resolução CONAMA n.º 1, de 08.03.1990, que “dispõe sobre critérios de padrões

de emissão de ruídos decorrentes de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou

recreativas, inclusive as de propaganda política”, destacam os itens 2, 3 e 6 que determinam a

norma NBR/ABNT nº 10.151/2000 para a avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o

conforto da comunidade, definição de níveis máximos permissíveis para cada tipo de

zoneamento da cidade e método de medição a ser seguido. Em associação, define a norma

NBR/ABNT nº 10.152/1987 para avaliação de conforto acústico em ambientes construídos.

Quanto à aplicação dos requisitos normativos e legais, dispõe a Resolução (Item V),

que “as entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) competentes, no uso do

respectivo poder de polícia, disporão de acordo com o estabelecido nesta Resolução, sobre a

emissão ou proibição da emissão de ruídos produzidos por qualquer meio ou de qualquer

espécie, considerando sempre os locais, horários e a natureza das atividades emissoras, com

vistas a compatibilizar o exercício das atividades com a preservação da saúde e do sossego

público”.

Na cidade do Rio de Janeiro estão em vigor as Leis Municipais nº 3.268/2001 e nº

3.342/2001 e a Resolução SMAC nº 198/2002, as quais seguem, em termos técnicos, as

condições da norma NBR/ABNT 10.151/2000. Cabe destacar que há menções nestas leis sobre

os critérios de zonas municipais arranjados por ocupações urbanas: i. residencial; ii.

industriais; iii. comerciais etc. Como é o caso do art. 4º, da Lei 3.268/2001, que é

complementado pelo anexo da Lei, onde consta a Tabela 1: “Níveis máximos para sons e

ruídos externos, em dBA (decibel medidos na escala A, utilizada na avaliação de nível de

pressão sonora), vinculados ao zoneamento municipal, de acordo com a ABNT/NBR

10.151/2000”.

2.4.4.4 Gestão de resíduos sólidos

A instalação portuária - incluindo estaleiro - deve dispor de instalações ou meios

adequados para o recebimento e tratamento dos diversos tipos de resíduos. Estas instalações

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48

devem atender os requisitos dispostos nas legislações governamentais que conferem

competências pertinentes à matéria a outros órgãos e entidades das administrações públicas

federal, estaduais e municipais.

2.4.4.4.1 Política nacional de resíduos sólidos – PNRS

A Lei nº 12.305, de 02.08.2010, que “institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos -

PNRS; altera a Lei no 9.605, de 12.02.1998; e dá outras providências”, alinha-se ao lado das

leis ambientais mais relevantes do Brasil, como a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente

(Lei nº 6.938/1981), a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), a Lei de Recursos

Hídricos (Lei 9.433/1997), entre outras, preenchendo importante lacuna no conjunto de leis

nacionais dedicadas à proteção do meio ambiente (ARAÚJO e JURAS, p. 21, 2011).

De acordo com texto legal, o gerenciamento de resíduo sólido (art. 3º, inc. X), dispõe a

respeito às etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final

ambientalmente adequada. Neste sentido, corrobora o art. 3º, inc. VII, que inclui a reutilização,

a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras

destinações dos resíduos sólidos, como formas de destinações finais ambientalmente

adequadas.

A Lei, no art. 9º, que propõe o ordenamento prático na gestão e gerenciamento de

resíduos sólidos, “deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução,

reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente

adequada dos rejeitos”.

Um dos conceitos mais relevantes e constantes na Lei 12.305/2010 refere-se à logística

reversa. Segundo Araújo e Juras (2011), ela engloba ações, procedimentos e meios estruturados

para assegurar o retorno de produtos usados, embalagens ou outros materiais gerados nas

atividades de consumo ou aplicação para o setor empresarial responsável por sua produção ou

comercialização. Neste sentido, complementa as Autoras, que “a base da logística reversa está

na responsabilidade pós-consumo do setor produtivo, em conexão com o princípio do poluidor-

pagador”.

Cabe destacar que resíduos sólidos e rejeitos são conceitos distintos para a Lei

12.305/2010. Os resíduos sólidos têm maior abrangência, significando material, substância,

objeto ou bem, no estado sólido ou semissólido, a cuja destinação final se procede, se propõe

proceder ou se está obrigado a proceder (art. 3º, inc. XVI).

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O termo resíduo sólido, segundo o mesmo artigo, abrange também os gases contidos em

recipientes e líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu lançamento na rede pública

de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente

inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

O conceito de rejeito, citado no artigo 3º, inc. XV, por sua vez, é mais restrito, isto é,

refere-se apenas aos resíduos sólidos que não apresentam outra possibilidade além da

disposição final ambientalmente adequada. Neste caso, enquadra os resíduos - por questões

tecnológicas ou econômicas - como o seu tratamento ou a sua recuperação inviável.

Outro ponto importante da Lei 12.305/2010 faz referência à responsabilidade

compartilhada, do conjunto dos atores, (art. 30), sobre ciclo de vida dos produtos14. Alude que

as obrigações nesse sentido não se esgotam na responsabilidade pós-consumo do setor

produtivo, mas, engloba fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, bem como os

consumidores e os responsáveis dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos

resíduos sólidos.

Conforme o disposto no art. 3º, inc. XVII, todos têm por tarefa implementar ações no

sentido de minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir

os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos

produtos.

Neste caso, trata-se de regras diferenciadas como destacam Araújo e Juras (2011).

Assim, são responsáveis pela implementação e operacionalização integral do plano de

gerenciamento de resíduos sólidos os geradores de serviços de públicos de saneamento básico,

industriais, de serviços de saúde e de mineração. Segundo as Autoras, “se enquadram ainda

nesta situação os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos

perigosos ou que gerem resíduos que, por sua natureza, composição ou volume, não sejam

equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal”.

Comentam Araújo e Juras (2011), que a Lei da PNRS, em relação às responsabilidades

pelos resíduos gerados em determinados setores, não traz grandes inovações, uma vez que já

havia regras estabelecidas pelo CONAMA. Citam os casos de haver procedimentos para os

gerenciamentos de resíduos quanto ao:

(a) serviço de saúde, dados pela Resolução CONAMA nº 358/2005,

(b) resíduos de construção civil, tratados pela Resolução CONAMA nº 307/2002;

(c) resíduos industriais, são controlados pela Resolução CONAMA nº 313/2002.

14 Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-

primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final (art. 3º, inc. IV, da Lei 12.305/2010 –

Resíduos Sólidos).

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Citam que havia, também, a previsão da responsabilidade pós-consumo para resíduos e

embalagens de agrotóxicos, disciplinados pela Lei nº 7.802/1989, que foi alterada pela Lei nº

9.974/2000 juntamente no aspecto da responsabilidade pós-consumo. Tal responsabilidade

também existia como resultados das Resoluções do CONAMA citada abaixo:

(a) Resolução CONAMA nº 401/2008, para pilhas e baterias;

(b) Resolução CONAMA nº 416/2009, para pneus;

(c) Resolução CONAMA nº 362/2005, para óleos lubrificantes.

Araújo e Juras (2011) argumentam ainda que “cabe dizer que a inserção de regras nesse

sentido em lei implica sistematização e maior coerência e segurança jurídica”.

Cabe, também, destacar o art. 37, do Capítulo IV – Dos Resíduos Perigosos, pela sua

relevância de conteúdo, o qual é indispensável em uma lei como a PNRS.

No primeiro dispositivo do capítulo, estabelece-se que “a instalação e o funcionamento

de empreendimento ou atividade que gere ou opere com resíduos perigosos somente podem ser

autorizados ou licenciados pelas autoridades competentes se o responsável comprovar, no

mínimo, capacidade técnica e econômica, além de condições para prover os cuidados

necessários ao gerenciamento desses resíduos”.

A Lei da PNRS, em seu art. 38, prevê a instituição do Cadastro Nacional de Operadores

de Resíduos Perigosos, o qual integra o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente

Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e o SINIR – Sistema Nacional de

Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos15 e será coordenado pelo órgão federal

competente do SISNAMA e implantado de forma conjunta pelas autoridades federais, estaduais

e municipais.

A Lei fixa também algumas obrigações para as pessoas jurídicas que operam com

resíduos perigosos, sendo a primeira delas o cadastramento no Cadastro Nacional de

Operadores de Resíduos Perigosos e, a segunda, a elaboração de plano de gerenciamento de

resíduos perigosos, que pode estar incluído no plano de gerenciamento de resíduos, além de

outras exigências previstas em regulamentos ou em normas técnicas para resíduos perigosos

como no caso do SNVS/ANVISA16.

15 SINIR: é um dos Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei nº 12.305,

de 02.08.2010 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23.12.2010. 16 SNVS/ANVISA: Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, na

Lei n° 9.782, de 26.01.1999.

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Cabem também às pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos:

(a) manter registro atualizado e facilmente acessível de todos os procedimentos

relacionados à implementação e à operacionalização do plano de gerenciamento

de resíduos perigosos;

(b) prestar anualmente aos órgãos ambientais informações sobre a quantidade, a

natureza e a destinação temporária ou final dos resíduos sob sua responsabilidade,

inclui-se os resíduos de serviços de saúde;

(c) adotar medidas destinadas a reduzir o volume e a periculosidade dos resíduos sob

sua responsabilidade e aperfeiçoar seu gerenciamento;

(d) informar imediatamente os órgãos competentes sobre a ocorrência de acidentes ou

outros sinistros relacionados aos resíduos perigosos.

A Lei da PNRS foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 7.404, de 23.12.2010, que

será comentado no item 2.4.4.4.2 - Execução da política nacional de resíduos sólidos

2.4.4.4.2 Execução da política nacional de resíduos sólidos

O Decreto Federal nº 7.404, de 23.12.2010, regulamenta a Lei n 12.305, de 02.08.2010,

que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, a qual cria o Comitê

Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a

Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.

A presente norma legal é estruturada na forma de texto extenso, com 86 artigos,

subdividido em doze títulos.

Em seu art. 1º, tem o Decreto “estabelece normas para execução da Política Nacional de

Resíduos Sólidos, de que trata a Lei nº 12.305, de 02.08.2010”.

Esta fase da revisão de literatura técnico-legal, referente ao Decreto nº 7.404/10, como

premissa, serão analisados os capítulos e artigos relevantes, condizentes e aplicáveis à gestão

ambiental de estaleiro naval, por tratar-se do objeto do presente trabalho de pesquisa.

O legislador, ao elaborar o Decreto, dedica uma parte significativa aos aspectos do

gerenciamento dos resíduos sólidos. No art. 35, o Decreto repete a ordem de prioridade fixada

pela Lei da PNRS (caput do art. 9º) para o gerenciamento de resíduos sólidos, qual seja: não

geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada dos rejeitos.

A norma legal ratificou a relevância dada à logística reversa (PNRS) e criou o Comitê

Orientador para a Implantação de Sistemas de Logística Reversa (art. 33), como inovação. No

art. 37, aborda a recuperação energética dos resíduos sólidos, condicionada à comprovação de

sua viabilidade técnica ambiental e com a implantação de programa de monitoramento

ambiental.

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No art. 36, o Decreto faz referência expressa ao coprocessamento, e exige a observância

às normas estabelecidas pelos órgãos competentes.

O art. 64, do Decr. Nº 7.404/10, dispõe o que vem a ser os geradores ou operadores de

resíduos perigosos, em empreendimentos ou atividades:

I - cujo processo produtivo gere resíduos perigosos;

[...]

III - que prestam serviços que envolvam a operação com produtos que possam gerar

resíduos perigosos e cujo risco seja significativo a critério do órgão ambiental;

IV - que prestam serviços de coleta, transporte, transbordo, armazenamento,

tratamento, destinação e disposição final de resíduos ou rejeitos perigosos; ou

V - que exercerem atividades classificadas em normas emitidas pelos órgãos do

SISNAMA, SNVS ou SUASA como geradoras ou operadoras de resíduos

perigosos.

No Decreto, há um capítulo dedicado ao Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos

Perigosos e acrescenta detalhes sobre a sua operacionalização. Incumbe, também, ao IBAMA

a responsabilidade pela coordenação do cadastro, que será implantado de forma conjunta pelas

autoridades governamentais nas esferas federais, estaduais e municipais. Cabe ao IBAMA, pelo

mesmo dispositivo Legal (art. 69, § 1º e § 2º), a responsabilidade de assegurar a disponibilidade

e a publicidade desse cadastro aos Órgãos e entidades interessados, assim com a integração

desse Cadastro com o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou

Utilizadoras de Recursos Ambientais e com o SINIR.

O ponto relevante é o art. 76, (in verbis): “Os dados, informações, relatórios, estudos,

inventários e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação ou à fiscalização dos

serviços relacionados à gestão dos resíduos sólidos, bem como aos direitos e deveres dos

usuários e operadores, serão disponibilizados pelo SINIR na rede mundial de computadores”.

Segundo Araújo e Juras (2011), “a disponibilização das informações do SINIR na rede

mundial de computadores é, sem dúvida, importante avanço trazido pelo Decreto 7.404/2010”.

As Autoras complementam que “a Lei 12.305/2010, em relação à publicidade dos planos,

remete à Lei 10.650/200317, que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações

existentes nos Órgãos do SISNAMA”.

Ademais, o plano de gerenciamento de resíduos sólidos é parte integrante do processo

de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade pelo órgão competente do

SISNAMA.

17Planos de Gestão de Resíduos Sólidos, publicado pelo site do Ministério do Meio Ambiente (2012), endereço:

http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/manual_de_residuos_solidos3003_182.pdf. Acesso em

23.10.2016.

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2.4.4.4.3 Sistema de manifesto de resíduos – Estado do Rio de Janeiro

A DZ-1310.R7 - Sistema de Manifesto de Resíduos, de 21.09.2004, aprovada pela

Deliberação CECA nº 4.497, de 03.09.2004, é um instrumento de controle que permite ao

Instituto Estadual do Ambiente (INEA/RJ) conhecer e monitorar a destinação final dada pelo

gerador, transportador e receptor aos resíduos. Estão sujeitas à vinculação ao Sistema todas as

pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, geradoras, transportadoras e

receptoras de resíduos, abrangidos pela Diretriz (Item 5.1, da DZ-1310.R-7).

O objetivo da Diretriz é “estabelecer a metodologia do Sistema de Manifesto de

Resíduos, de forma a subsidiar o controle dos resíduos gerados no Estado do Rio de Janeiro,

desde sua origem até a destinação final, evitando seu encaminhamento para locais não

licenciados, como parte integrante do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras”

(Item 1, da DZ-1310.R-7).

A Diretriz define no item 9 – responsabilidade, manifestadas em ações a cargo de: i.

gerador; ii. Transportador; e iii. receptor do resíduo. Alerta ainda que, no caso de não conseguir

acessar o sistema on-line, o responsável poderá imprimir o formulário de manifesto e preenchê-

lo manualmente, para que a retirada de resíduos não seja feita sem a documentação necessária,

fato que caracteriza situação especial.

Os códigos relacionados às caracterizações dos resíduos a serem preenchidos no corpo

do Manifesto devem ser consultados na Norma NBR 10.004:2004 – Resíduos Sólidos –

Classificação, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

2.4.4.5 Passivos ambientais

2.4.4.5.1 Qualidade de solo e da água subterrânea

O gerenciamento da qualidade de solos e das águas subterrâneas tanto pode ser de

caráter preventivo quanto corretivo. O solo pode atuar como um filtro receptor (capacidade de

autodepuração desse tipo de corpo receptor, isto é a água subterrânea). O que ocorre com o

solo, pode repercutir nas águas superficiais e subterrâneas; porém, essa capacidade é limitada.

De acordo com a ANTAQ (2012), os passivos ambientais portuários, normalmente, são

contingências originadas em longo período, sendo despercebido, às vezes, pela própria

administração do terminal. Normalmente, o surgimento de passivos ambientais pode ocorrer

em função da disposição não controlada de resíduos ou lixos industriais, da ocorrência de

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acidentes operacionais - como vazamentos de óleos e outras substâncias químicas - e da

utilização de instalações e equipamentos inadequados.

Segundo o art. 6º, inc. V, da Resolução CONAMA nº 420/2009, dispõe sobre

contaminação como “a presença de substância(s) química(s) no ar, água ou solo, decorrentes

de atividades antrópicas, em concentrações tais que restrinjam a utilização desse recurso

ambiental para os usos atual ou pretendido, definidas com base em avaliação de risco à saúde

humana, assim como aos bens a proteger, em cenário de exposição padronizado ou específico”.

Segundo INEA/RJ18, “uma área com contaminação é definida pela presença de

substância(s) química(s) no ar, água ou solo, decorrentes de atividades antrópicas, em

concentrações tais que restrinjam a utilização desse recurso ambiental para os usos atual ou

pretendido, definidas com base em avaliação de risco à saúde humana, assim como aos bens a

proteger, em cenário de exposição padronizado ou específico”.

2.4.4.5.2 Contaminação do solo e água subterrânea – Estado do Rio de Janeiro

No Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado do Ambiente, por intermédio do

Conselho Estadual de Meio Ambiente (Conema) - editou a Resolução Conema nº 44, de

14.12.2012, que dispõe sobre a obrigatoriedade da identificação de eventual contaminação

ambiental do solo e das águas subterrâneas por agentes químicos no processo de licenciamento

ambiental estadual.

Em seu art. 1º, estabelece a obrigatoriedade, nos requerimentos de licenciamento

ambiental, de apresentação de relatório de identificação da eventual contaminação ambiental

do solo e das águas subterrâneas por agentes químicos.

O texto da Resolução Conema nº 44/2012 se respalda integralmente aos ditames da

Resolução CONAMA nº 420/2009. Acrescentam-se exigências às emissões de relatório de

quaisquer ordens com os dizeres (art. 9º), “em todos os relatórios deverão constar”, passando

aos inc. I a III:

(a) assinatura original e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do responsável

técnico pelo estudo;

(b) laudos originais das análises de solo e águas subterrâneas emitidos por laboratório

credenciado pelo INEA e as respectivas cadeias de custódia19 das amostragens;

(c) Declaração de Responsabilidade [ ... ].

18 Publicação do Gerenciamento de Áreas Contaminadas do Estado do Rio Janeiro - Cadastro de Áreas

Contaminadas e Reabilitadas – 1ª Edição. Acesso: http://arquivos.proderj.rj.gov.br/INEA_imagens/downloads

/areas_contaminadas /Relatorio_AreasContaminadaseReabilitadas_1aEdicaoo.pdf, em 02.11.2016 19 Cadeia de Custódia: é um método de documentação que é usado para manter a história cronológica, garantir a

idoneidade e o rastreamento da evidência. Caminho: http://abqrs.com.br/cadeia-de-custodia/. Acesso em:

06.11.2016.

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O arcabouço de legislações e normas (nacionais e internacionais) assim como

procedimentos técnicos são vastos e de fácil acesso para conhecimentos e aplicações quer sejam

em: i. diagnóstico e avaliação de área com potencial de contaminação; ii. áreas suspeitas e

valores de intervenção; iii. padrões de engenharia para tomadas de amostras de campo e de

exames laboratoriais; iv. valores orientadores de solo e água subterrânea, entre outros

documentos pertinentes ao gerenciamento de áreas contaminadas

2.4.4.5.3 Avaliação de risco à saúde humana

A Resolução CONAMA nº 420/2009 trata dos riscos à saúde humana no Capítulo I,

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, nos seguintes tópicos do diploma legal:

Capítulo I, Das Disposições Gerais, Parágrafo único do art. 1º:

(a) nos inc. I, V, VII, do art. 3º,

(b) nos inc. XIII, XV, XXIV, do art. 6º,

Capítulo II, Critérios e Valores Orientadores de Qualidade do Solo:

(a) no art. 10,

Capítulo IV, Diretrizes para o Gerenciamento de Áreas Contraminadas:

(a) no inc. I, do art. 22, no art. 26, no art. 31 e § 2º no inc. III, e no inc. I, do parágrafo

único do art. 34, da Resolução.

2.4.5 Inventário anual ambiental

2.4.5.1 Relatório anual de atividades do IBAMA

O IBAMA exige entrega do RAPP - Relatório Anual de Atividades Potencialmente

Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais, para pessoas físicas e jurídicas a que

exercem atividades sujeitas a cobrança de Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental

(TFCA)20, no período entre o primeiro dia de fevereiro e o trigésimo dia do mês de março de

cada ano, referente ao ano anterior, (LEI nº 6.938/81, § 1º, ART. 17-C).

O RAPP é um instrumento de coleta de informações de interesse ambiental com objetivo

de colaborar com os procedimentos de controle e fiscalização ambiental, além de subsidiar

20 TFCA: Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, a qual é cobrada trimestralmente pelo IBAMA, por meio

da Portaria Interministerial nº812, de 29. 09.2015, entre o Ministério da Fazenda e Ministério do Meio Ambiente.

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ações de gestão ambiental. Os dados e informações exigidos, assim como as formas e

metodologias para sua medição e registro, são estabelecidos de acordo com a atividade

potencialmente poluidora e utilizadora de recursos ambientais, com o porte, com as

características produtivas, com os volumes de geração e emissão de poluentes, efluentes

líquidos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos ou outro critério técnico.

A obrigatoriedade de entrega do RAPP foi instituída pela Lei nº 6.938/81, § 1º do art.

17-C (Lei de Crimes Ambientais), alterada pela Lei nº 10.165, de 2000 (Lei da Taxa de Controle

e Fiscalização Ambiental) e art. 8º, § 1º da Instrução Normativa IBAMA nº 17, de 29.12.2011,

onde citam que o Relatório deve ser submetido anualmente ao IBAMA, com dados atualizados

referentes aos aspectos ambientais das atividades exercidas, no caso presente, pelo estaleiro

naval relativo ao ano anterior.

O RAPP solicita uma série de informações sobre o estaleiro naval, tanto de cunho

ambiental quanto financeiro e operacional. É necessário informar: i. o volume de resíduos

gerados; ii. matérias-primas consumidas e, iii. faturamento do ano anterior.

Também se encerra no dia 31 de março (de cada ano), o prazo para o preenchimento e

envio das seguintes declarações e relatórios aos órgãos ambientais competentes, conforme

Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Relatórios Ambientais Anuais

O que Órgão

Governamental

Data ou

período

Requisito Legal

pertinente

Relatório Anual de Atividades

Potencialmente Poluidoras e

Utilizadoras de Recursos Ambientais

– RAPP

IBAMA

Até

31 de

março

IN IBAMA nº 6,

de 2013

Login e senha

Declaração de Carga Poluidora

(DCP), em atendimento ao art. 28 da

Resolução CONAMA n° 430/2011.

(condições e padrões de lançamento

de efluentes),

IBAMA

Até

31 de

março

Resolução

CONAMA

430/2011

Declaração Anual de geração de

resíduos de serviços de saúde.

INEA/RJ Até

31 de

março

Art. 6º, da

Resolução

CONAMA

358/2005, IBAMA

Certificado Técnico Federal –

Certificado de Regularidade do

IBAMA. (Acordo de Montreal)

IBAMA

Até

31 de

março

Lei nº 10.165,

de 27.12.2000.

Fonte: o autor.

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57

2.5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA METODOLOGIA AMD

Nesta seção serão expostos os fundamentos relevantes quanto aos aspectos teóricos

relativos à metodologia do AMD (Auxilio Multicritério à Decisão), ou em inglês, MCDA

(Multicriteria Decision Aid), com a finalidade de destacar os conhecimentos e conceitos

necessários aos objetivos deste trabalho de pesquisa.

De acordo com Fantinatti et al (2015), “a metodologia multicritério pode utilizar

variáveis subjetivas as quais não podem ser representadas por funções matemáticas e, portanto,

não podem ser otimizadas; descrevem geralmente problemas discretos e para avaliação faz uso

de agregação de desempenhos de diferentes critérios”.

Gomes e Gomes (2014) afirmam que a Pesquisa Operacional (PO) é a área que cuida da

otimização dos processos organizacionais e outros métodos de resolução de problemas de apoio

à decisão, como também, procura aperfeiçoar as operações existentes e/ou ajudar no processo

de tomada de decisão, visando fornecer subsídios racionais para a tomada de decisões.

Segundo Fantinatti et al (2015), “a metodologia MCDA proporciona a adoção de uma

estratégia formal de planejamento, cuja abordagem visa diminuir a subjetividade das

avaliações, por meio de dados concretos e contextualização dos problemas, e facilitar o diálogo

entre os decisores”.

No âmbito da Pesquisa Operacional duas visões podem ser distinguidas: a visão hard

que pressupõe modelos do mundo e a visão Soft que pressupõe modelos que incorporam

maneiras especiais de ver o mundo. Cada uma destas visões é formada por diferentes premissas

e atitudes, conduzindo, consequentemente, a diferentes resultados (ENSSLIN et al, 2005).

A descrição do modelo Soft será vista em destaque na seção 2.5.4.

2.5.1 Considerações sobre a metodologia multicritério

Arêas (2011) relata que, “antes do surgimento dos métodos do AMD (ou MCDA), certos

tipos de problemas não podiam se valer de técnicas que os resolvessem de maneira eficaz:

aqueles nos quais uma série de critérios tinha de ser levados em conta, com uma dificuldade a

mais. Acrescenta o autor, que frequentemente certos critérios eram conflitantes entre si, ou seja,

o entendimento a um determinado critério poderia prejudicar o atendimento a outro(s). Por

“atendimento a um critério” entenda-se a escolha de uma solução para o problema na qual esse

critério é respeitado”.

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Acrescenta Gomes et al, (2006), que essa dificuldade aumentava na medida em que os

problemas a serem resolvidos afetavam não apenas uma pessoa, mas, um grupo, ambos

chamados de agente de decisão.

Segundo Almeida (2011), esse agente de decisão surgiu de um conjunto de métodos

aplicados aos problemas de decisão, com múltiplos objetivos, na área de Ciência da Gestão e

Pesquisa Operacional (PO). Segundo o autor, “estes métodos são fundamentados na análise de

problemas de decisão onde existem vários objetivos, muitas vezes conflitantes, para os atores

envolvidos no processo decisório” (ALMEIDA, 2011).

Pode-se dizer que um problema de decisão multicritério consiste numa situação, onde

há pelo menos duas alternativas de ação para se escolher, e esta escolha é conduzida pelo desejo

de se atender a múltiplos objetivos. A estes objetivos são associadas variáveis que podem ser

chamadas de critérios, atributos ou dimensões (ALMEIDA, 2011).

Segundo Gomes et al (2004), os primeiros métodos de apoio ou auxilio multicritério à

decisão começaram na década de 70, com o intuito de enfrentar situações específicas, nas quais

um decisor, atuando com racionalidade, deveria resolver um problema em que vários eram os

objetivos a serem alcançados de forma simultânea.

Para Fantinatti et al (2015), é um problema recorrente nas mais diversas situações de

tomadas de decisão, o desconhecimento em relação aos objetivos desejados, às formas de ação

para se atingir os objetivos ou até mesmo entre os meios e os fins pretendidos.

De acordo com Gomes et al (2004), os métodos do apoio multicritério à decisão têm um

caráter científico e, ao mesmo tempo, subjetivo, trazendo consigo a capacidade de agregar, de

maneira ampla, todas as características consideradas importantes, inclusive as não quantitativas,

com a finalidade de possibilitar a transparência e a sistematização do processo referente aos

problemas de tomadas de decisões.

Segundo Fantinatti et al (2015), “a metodologia AMD proporciona a adoção de uma

estratégia formal de planejamento, cuja abordagem visa diminuir a subjetividade das

avaliações, por meio de dados concretos e contextualização dos problemas, e facilitar o diálogo

entre os decisores”.

Almeida (2011) argumenta que uma questão importante associada a um problema de

decisão multicritério é a presença de um decisor que estabelece suas preferências sobre as

consequências envolvidas no problema. Para Gomes et al (2004), o enfoque do apoio

multicritério à decisão, não procura apresentar ao decisor ou decisores uma solução para o

problema, elegendo uma única verdade representada pela alternativa escolhida. Pretende-se,

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conforme seu nome sugere, apoiar o processo de decisão ao recomendar ações ou cursos de

ação que serão realizados.

A metodologia AMD se propõe a aumentar a compreensão dos decisores sobre o

problema, viabilizando a estruturação do mesmo (via procedimentos normais). Ela permite

identificar novas e melhores alternativas, assim como o conjunto de ações necessárias para sua

efetivação, além de dar legitimidade às decisões tomadas e favorecidas a implantação das ações

(FANTINATTI et al, 2015).

Conforme Arêas (2011), o AMD é um conjunto de métodos cujas características têm

muito em comum com as daqueles classificados como pertencentes à PO Soft (que será

apresentado na seção 2.5.4), quais sejam: (a) a estruturação prévia dos problemas; (b) são

voltados para a resolução de problemas complexos, levando em conta os aspectos qualitativos;

(c) implicam em grande participação dos atores (stakeholders) e (d) baseiam-se na

aprendizagem constante.

2.5.2 Métodos de apoio multicritério à decisão

Conforme Gomes, Gomes e Almeida (2006), Keeney (2012) e Aguiar (2014), o AMD

- Apoio Multicritério à Decisão é uma área dinâmica do conhecimento e da pesquisa, orientada

a apoiar os decisores e os negociadores, auxiliando na estruturação dos problemas, permitindo

expandir a argumentação e ampliando sua capacidade de aprendizagem e compreensão.

Segundo Bana e Costa (1996), Ensslin, et al (1996), as metodologias do AMD

apresentam conceitos e bases para estruturar e modelar uma situação problemática, incluindo

modos para identificar e gerar ações, bem como técnicas de construção de critérios e

procedimentos à agregação, para tal situação.

Quando deparado com problema de tomada de decisão, segundo Keeney (2012), a única

influência proposital que o decisor (indivíduo ou organização) pode ter sobre o futuro é através

de suas próprias decisões. E, ainda, no momento da decisão, a única flexibilidade que o decisor

tem é escolher uma dentre o conjunto de alternativas que foram identificadas. Por isso, a

geração e escolha de alternativas adequadas é uma das principais preocupações das

metodologias do AMD.

A participação de especialistas (gestores e decisores da organização) pode ser

considerada para dar suporte ao processo de definição de critérios e alternativas, com vistas ao

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60

que de melhor se faz na área de interesse, isto é, levar em considerações as experiências e

opiniões dos profissionais em questão.

Segundo Gomes; Araya; Carignano (2004) existem diferentes tipos de problemas de

decisão a partir dos conceitos expostos, e afirmam que dado um problema de decisão, uma das

seguintes problemáticas é abordada pelo AMD.

Problema tipo α (Pα): selecionar a “melhor” alternativa ou as melhores

alternativas.

Problema tipo β (Pβ): aceita alternativas que parecem “boas” e descartar as que

parecem “ruins”, ou seja, realizar uma classificação das alternativas.

Problema tipo γ (Pγ): gerar ordenação das alternativas

Problema tipo δ (Pδ): realizar uma descrição das alternativas

Essas problemáticas não são independentes entre si, pois parece lógico pensar que a

ordenação das alternativas (Pγ) pode servir de base para resolver problemas de seleção da melhor

alternativa (Pα).

2.5.3 Atores do processo de decisão

Vários atores podem ser considerados num processo decisório (ALMEIDA, 2011). Há

várias classificações na literatura (Almeida, 2011), para diversos atores que participam de

alguma forma deste processo, dentre os quais são citados: i. decisor, ii. analista, iii. cliente, e

iv. especialista.

De acordo com Almeida (2011), o processo decisório pode envolver apenas um decisor

ou um grupo de decisores. O decisor ou um grupo de decisores é o responsável pela tomada de

decisão. Corroboram Gomes e Gomes (2014), dizendo:

“Decisor: influencia no processo de decisão de acordo com o juízo de valor(es) que

representa(m) e/ou relações que se estabeleceram. Estas relações devem possuir

caráter dinâmico, pois poderão ser modificadas durante o processo de decisão devido

ao enriquecimento de informações e/ou interferência de facilitadores” (GOMES e

GOMES, p. 7, 2014).

O analista de decisão, de acordo com Almeida (2011), fornece suporte metodológico ao

processo decisório, podendo exercer um papel mais amplo de envolvimento com o grupo de

atores para trabalhar no entendimento do problema. Neste caso, salienta o autor “o analista pode

exercer o papel de facilitador”.

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Para Gomes e Gomes (2014), o facilitador participa do processo de decisão como

negociador, no qual a decisão mútua é feita com a concordância das partes, como também, se

busca o consenso, para tanto:

“Facilitador: é um líder experiente que deve focalizar a sua atenção na resolução do

problema, coordenando os pontos de vista do decisor, mantendo este motivado e

destacando o aprendizado no processo de decisão. Tem como papel esclarecer e

modelar o processo de avaliação e/ou de negociação conducente à tomada de decisão.

Deve manter uma postura neutra no processo decisório, para não intervir nos

julgamentos dos decisores. Deve propiciar o aprendizado [...]” (GOMES e GOMES,

p. 7 e 8, 2014).

Para Almeida (2011), o cliente é apontado como um intermediário entre o decisor e o

analista, podendo exercer o papel de assessor do decisor. Acrescenta o autor, que “o especialista

raramente é citado na literatura do MCDA (Multi-Criteria Decision Aid), mas está sempre

presente na literatura de Teoria da Decisão”, por ser profissional que conhece os mecanismos

de comportamento do sistema objeto de estudo e do seu ambiente que influenciam variáveis

relacionadas ao problema de decisão em questão.

Gomes e Gomes (2014) colocam que podem existir outros atores (em inglês,

stakeholders) que influenciam o decisor de alguma outra forma, através de algum tipo de

pressão. Argumentam, os Autores, que pode ocorrer também que estes atores sejam afetados

pela decisão a ser tomada, como é o caso descrito por (Gomes e Gomes, 2014), quando se

referem ao agidos:

“Agidos: são as pessoas às quais o programa é imposto, ou são as pessoas que são

afetadas por ele, de maneira direta ou indireta. Os agidos não tomam decisão sobre o

programa, apenas participam. São aqueles que, apesar de sofrerem consequências das

decisões, têm limitadas ou nenhuma capacidade de, por vontade própria, ver seus

valores e preferências contemplados nos modelos de avaliação” (GOMES e GOMES,

p. 7, 2014).

2.5.4 Metodologia soft

A Pesquisa Operacional Soft (PO Soft), segundo Arêas (2011), surgiu nos anos 1960,

embasada pela aplicação (e posterior elaboração teórica) de diversos métodos a situações

problemáticas que não eram suscetíveis ao uso dos procedimentos da PO hard (PO tradicional).

Posteriormente, conforme Rosenhaed e Mingers (2004) e Almeida (2011) passou a ser abordada

como MEP (Métodos de Estruturação de Problemas), em inglês, como PSM (Problem

Structuring Methods).

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A “Soft” é composta de uma geração de métodos pensados e elaborados para um mundo

coberto por um clima de complexidade, conflitos e incertezas que auxiliam aos que praticam

funções de análise de problemas e gerenciamento na vida real a enfrentarem os problemas de

planejamento e tomada de decisão (GOMES, GOMES, 2014).

Os métodos são conhecidos por PO Soft, segundo Gomes, Gomes (2014), porque a

maior parte deles surge de uma evolução da Pesquisa Operacional (PO) – ferramenta de

otimização e algoritmos. A PO Soft baseia-se em modelos ditos apreciativos, onde a apreciação

é um ato mental, avaliativo, no qual normas conflitantes e valores determinam quais são

somente os fatos relevantes, enquanto fatos percebidos ou considerados exigem atenção porque

são vistos como relevantes para certos valores (GOMES, GOMES, 2014).

Pidd (2001) destaca a metodologia Soft e SODA (Strategic Options Development and

Analysis) / Mapa Cognitivo, como exemplares de abordagens formais para a estruturação de

problemas, por ajudar a compreender como diferentes pessoas exploram suas crenças e

formatam seus mundos. Segundo o referido autor, a ideia dos métodos é que eles devem ser

usados para ajudar indivíduos e grupos a pensarem sobre as consequências das suas crenças e

preferências.

A principal função destes métodos e metodologia (Gomes e Gomes, 2008) é a estruturar

problemas antes de tentar resolvê-lo; e, por isso, foram chamados de método Soft. Sua

importância deve ser compreendida porque a maior parte deles surge de uma evolução da PO

clássica, calcada em ferramentas de otimização e algoritmos igualmente quantitativos.

De acordo com (Gomes e Gomes, 2008), o principal ingrediente das metodologias Soft

é a incorporação explícita do comportamento humano que, por senso comum e experiência,

pode ser representado por métodos gráficos ou diagramas que representam de forma

esquemática redes de interações, demonstrando entre os diversos elementos das situações

analisadas, as influências, causalidades, similaridades ou compatibilidades existentes.

Segundo os autores Gomes (2014) e Almeida (2011), dentre os métodos que mais se

destacam pela aplicabilidade e quantidade de artigos publicados, citam:

(a) SSM (Soft Systems Methodology), proposto por Peter Checkland (1972): - a

metodologia de sistema Soft (SSM), segundo (Arêas, 2011) é uma metodologia de

estruturação de problemas que adota um enfoque sistêmico para a criação de

modelos conceituais que ajudem na compreensão das situações-problema e

eventualmente identifiquem ações de melhoria;

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(b) SCA (Strategic Choice Approach), proposto por J. K. Friend e Jessop Hickling

(1969): Arêas (2011), é voltada para o auxílio a grupos de dicision-makers

envolvidos em processos decisórios nos quais exista alto grau de incerteza quanto

a aspectos da situação em estudo. O SCA lida com essas incertezas de forma

estratégicas. Baseia-se em workshops nos quais são definidas as áreas de decisão

(isto é, os vários aspectos de um problema) e suas interconexões que serão

priorizadas pelos atores participantes do processo (decision-makers).

(c) SODA (Strategic Options Development and Analysis), proposto por Eden Colin

(1981). Tem por objetivo elaborar um modelo da situação estudada, na forma de

um mapa cognitivo que reflete os pontos de vista de cada um dos integrantes do

grupo que resolverá a situação-problema, o que favorece o diálogo entre os atores

no sentido aperfeiçoar a representação da situação e confere um caráter cíclico ao

método. Um mapa cognitivo é uma representação da visão particular do ator sobre

a situação em estudo, e pode ser montado através de entrevistas (ARÊAS, 2011).

2.6 MAPA COGNITIVO / SODA

2.6.1 Conceitos sobre mapas cognitivos

Os mapas cognitivos são, normalmente, utilizados como ferramentas para representar

estruturas e processos cognitivos que ajudam a compreender decisões e ações que configuram

uma organização. Conforme Bastos (2002), o mapeamento cognitivo é uma estratégia

metodológica especialmente voltada para explicitar os processos de construção de sentido e a

estruturação de conhecimento (schemas21), tanto entre indivíduos, como entre grupos e

organizações. Este autor ressalta que os mapas cognitivos envolvem conceitos e relações que

são utilizados pelos sujeitos a fim de compreenderem o seu ambiente e dar-lhe sentido.

Segundo Bastos (2002), algumas características são importantes para uma compreensão

mais precisa do conceito de mapa cognitivo. Os mapas não são representações estáticas do

ambiente, sendo sempre atualizados a partir das experiências do sujeito. A necessidade de um

contínuo ajustamento às mudanças do contexto impõe a exigência de incorporação de novas

informações e, portanto, os mapas vão sendo reconstruídos pelo processo de aprendizagem.

O mapa cognitivo pode ser representado graficamente. Neste sentido, Jardim (2011), ao

falar sobre mapa cognitivo, “uma representação gráfica é o resultado da interpretação mental

que o analista (facilitador) faz a partir da representação discursiva feita pelo sujeito (ator) sobre

um problema”. Eden (2004) tem igual entendimento, “os mapas não são apenas uma descrição

gráfica do que é dito, mas eles são interpretações do que se entende pelo entrevistado”.

21Schemas são utilizados para gerir e organizar os objetos do banco de dados.

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64

Nesse processo discursivo-reflexivo-recursivo, representado pelo mapa cognitivo,

preconiza-se a neutralidade por parte do facilitador (JARDIM, 2011).

Os mapas cognitivos revelam, de imediato, uma importante característica: a pluralidade

de formas de sua apresentação ou tratamento gráfico. Essa diversidade se estende, também, aos

caminhos envolvidos na sua construção, às fontes de dados utilizadas e às estratégias de análise

empregadas. Ou seja, ‘mapa cognitivo’ é um rótulo bastante amplo que engloba procedimentos

muito diversificados de descrever e representar graficamente cognições ou informações e

conhecimentos que as pessoas acessam para darem sentido a eventos, lidarem com problemas

e fundamentarem suas decisões e ações (BASTOS, 2002).

Fiol e Huff (1992) destacam três alternativas de mapeamento mais usadas na pesquisa

organizacional (PO) e voltadas para três diferentes aspectos dos processos cognitivos: i. os

mapas de identidade, por identificarem os principais atores, eventos e processos do “terreno”;

ii. os mapas de categorização, voltados para as relações entre tais entidades e, iii. mapas causais

e de argumentação, centrados no raciocínio causal que liga entidades ao longo do tempo, ou no

raciocínio que embasa decisões.

Como foi descrito, existem diversos tipos de mapas cognitivos, porém, será alvo deste

trabalho de pesquisa apenas o mapa causal ou de argumentação, o qual segundo os autores

Ensslin, Montibeller e Noronha (2001), por ser mais adequado ao auxílio à estruturação de

modelos multicritério.

2.6.2 Mapa casual 22

Nos estudos organizacionais, os mapas causais são os mais largamente usados, o que

leva a muitas vezes serem tomados como sinônimos de mapas cognitivos

(LAUKKANEN,1998).

São três as principais estratégias metodológicas disponíveis para a construção de mapas

causais, conforme Bastos (2002), e estão sintetizadas no Quadro 2.5, segundo o próprio Autor.

22 Neste trabalho serão detalhadas apenas as principais características dos mapas casuais, por ser adequada a

presente pesquisa.

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65

Quadro 2.5 - Elementos principais das estratégias de construção de mapas causais.

Coleta dos

dados

Estratégias Metodológicas

Bougon (1983):

Self-Q (uma técnica de

autoquestionamento).

Laukkanen (1998):

Dados documentais e/ou

entrevistas – inicialmente

não estruturadas.

Eden (1988):

Dados documentais e/ou

entrevistas.

Análise dos

dados

O próprio sujeito

participa em várias

etapas: identificação

de conceitos;

avaliação da

congruência entre a

ideia expressa e a

formulação pelo

pesquisador; o sentido

do mapa construído.

Identificação dos temas

âncora:

o desenvolvimento de um

vocabulário padrão –

categorias que agrupam

sinônimos e permitem

comparar o material.

Criação de matriz de

dados com as relações

causais. Identificação de

clusters de sujeitos

segundo a similaridade

dos conceitos enunciados.

Medidas quantitativas:

distância, complexidade,

unidades centrais,

similaridade etc.

Identificação dos

construtos: frases que

devem preservar a

linguagem “natural”.

Formulação de conceitos

bipolares: opostos

psicológicos, conforme

teoria dos construtos

pessoais de Kelly23.

Três tipos/níveis de

conceito: objetivo/metas

– opções estratégicas –

opções potenciais.

Identificação de clusters

– conjuntos de nós

relacionados.

Recurso

tecnológico Não disponível

Software CMPA224 (não

comercial). Não permite

a construção gráfica dos

resultados

Software ‘Decison

Explorer’ (comercial).

Permite a disposição dos

dados na forma de

mapas.

Formato

gráfico

Os conceitos são

dispostos em um

polígono e uma teia

central de relações

expressa os vínculos

causais entre eles.

Nodos (conceitos)

ligados por setas que

indicam vínculo causal.

Nodos (conceitos)

ligados por setas que

indicam vínculo causal.

Conceitos organizados

em uma hierarquia que

leva aos objetivos (topo

do mapa).

Fonte: o autor, com base nas estratégias de construção de mapas causais. (ref.: Bastos, 2002).

Neste trabalho de pesquisa, será utilizada a terceira estratégia metodológica de

construção mapas causais, apresentada por Bastos (2002) sendo esta desenvolvida por Colin

Eden e associados (1988), denominada SODA (Strategic Options Development Analysis), a

23 Uma descrição pormenorizada da teoria dos construtos pessoais de Kelly pode ser encontrada em The

PsychologyofPersonalConstructs., volume 1 e 2. Norton, New York. 24O CMAP2: é um software não-comercial criado pelo autor e disponibilizado para pesquisadores interessados em

seu uso.

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66

qual possui o caráter de uma metodologia de solução ou modelagem de problemas

organizacionais (BASTOS, 2002).

A SODA, segundo Pidd (1998): “é uma abordagem desenvolvida por Eden e seus

colegas com a intenção de prover uma maneira de permitir que grupos de pessoas se

comprometam com as ações através de consideração cuidadosa e racional acerca das

possibilidades consideradas”.

2.6.3 Construção do mapa cognitivo

A boa construção de um mapa cognitivo depende de dois fatores essenciais: i. a

abordagem empática inicial por parte do facilitador e, ii. o estabelecimento de um eficiente e

legítimo processo de negociação (JARDIM, 2011).

Na abordagem cognitiva, estabelece-se um processo de negociação de uma situação

problemática em que o facilitador e o(s) ator(es) se compromete(m) a construir a definição do

problema, aceitando a intersubjetividade e o pressuposto da aprendizagem. Os mapas

cognitivos podem, por esse meio, servir como instrumentos de negociação (JARDIM, 2011).

Eden et al. (1992) considera o mapa cognitivo como sendo um subconjunto dos mapas

causais. Estes consistem de nós, conhecidos como conceitos, e são similares a constructos

ligados por setas podendo estas serem acompanhadas de um sinal em suas pontas (positiva “+”

ou negativa “-”), embora a ausência de sinal usualmente indique uma ligação positiva. Para um

sinal negativo, indica-se uma ligação negativa.

A Figura 2.1 mostra dois conceitos abstratos (Pidd, 2001) ligados de modo positivo.

Quanto à direção da seta, diz respeito à direção causal do relacionamento, isto é, significa que,

da maneira exposta, o conceito 1 (meio) tende a levar em direção ao conceito 2 (o fim).

Figura 2.1 – Direção causal do relacionamento “meios” e “fim”.

Fonte: Pidd, 2001

Um conceito (ou nó) é expresso como um par de opostos psicológicos, não precisando

ser estes opostos lógicos (Pidd, 2001). Segundo o Autor, um par de opostos ajuda a tornar claro

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o que a pessoa quer dizer com este conceito, isto é, o segundo polo não é simplesmente a

negação do primeiro polo. Quando há um sinal negativo na ponta de uma seta, mostra que existe

causalidade negativa entre os conceitos. Isto não significa que o relacionamento meios/fins

esteja invertido. Significa, segundo Pidd (2001) e Bastos (2002), que o segundo polo do

conceito meio está psicologicamente ligado pela pessoa ao primeiro polo do conceito fim.

2.6.4 Análise de enlace

Os mapas cognitivos são representados por diagramas como na Figura 2.2, sendo,

também, possível a ocorrência de enlaces. Um enlace (Pidd, 2001) ocorre quando as setas que

saem de um determinado conceito terminam de volta onde começaram seguindo o caminho

através dos conceitos (ou nós). O mapa representado na Figura 2.2 é um mapa hipotético que

contém dois enlaces, ambos iniciando no conceito 2. Pode-se observar que o maior dos dois

começa no conceito 2, e retorna ao seu início, após seguir pelos conceitos 9, 10 e 11. O menor

sai do conceito 2, passa pelo 9 e 11, e, na sequência, retorna ao conceito 2 novamente.

Figura 2.2– Enlaces entre conceitos

Fonte: Pidd, 2001.

Ao analisar um enlace, segundo Pidd (2001), a primeira possibilidade é que ele pode

simplesmente indicar um erro – seja por conta da pessoa que está sendo entrevistada (conceitos

estariam confusos) ou por parte do analista. O próximo passo é avaliar o sinal visando a

considerar o que isto significa em termos dinâmicos. Analisar os sinais do enlace permite ao

analista verificar em que direção ocorre à causalidade.

O objetivo da análise de enlaces é procurar por erros, bem como checar a direção da

causalidade dos possíveis enlaces restantes. Complementa, Pidd (2001), que os enlaces podem

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68

ser discutidos pelo analista e pelo cliente, com vista a tentar entender suas implicações.

2.6.5 Mapa individual

Segundo Montibeller (2000), o termo mapa cognitivo é usado para descrever um modelo

que mostra relações percebidas entre meios e fins (ou causas e efeitos), modelo este que é

construído por meio de um discurso feito pelo tomador de decisão através de um processo de

representações cognitivas múltiplas. Acrescenta o Autor, que “mapas cognitivos buscam

representar percepções e entendimentos que o tomador de decisão constrói sobre a realidade”

(MONTIBELLER, 2000).

O facilitador não deve forçar o entrevistado (tomador de decisão), diante de qualquer

hesitação ou dúvida, a expressar julgamento ou preferência, quando não estiver absolutamente

seguro.

A aparente confusão nos primeiros mapas cognitivos faz parte do processo. A busca da

significação e clareza não deve ser forçada (JARDIM, 2011).

Para construir um mapa cognitivo, é necessário algum procedimento de “obtenção” do

conhecimento do tomador de decisão (Montibeller, 2000) e entrevistas individuais - entre

pesquisador-tomador de decisão, parecem ser um método “melhor” de obter dados

idiossincráticos25.

Eden et al. (1983) sugere o uso de um processo de entrevista não-estruturada, em que o

pesquisador tem em mente apenas algumas regras de construção do mapa, desenvolvendo-o a

partir do discurso do tomador de decisão. Existem também os mapas desenvolvidos a partir de

entrevistas semiestruturadas como proposto por Laukkanen (1998). Neste trabalho de pesquisa,

serão adotados os dois modelos aqui apresentados.

Conforme Jardim (2011), o mapa cognitivo é uma hierarquia de conceitos relacionados

por ligações meio e fim, representando o sistema de valores do(s) decisor(es) na forma de

objetivos estratégicos (os conceitos superiores na hierarquia). Salienta o Autor que o mapa

cognitivo também fornece as alternativas, ou ações para atingir os objetivos estratégicos,

através dos conceitos subordinados na hierarquia. Neste aspecto, corrobora Montibeller (2000),

na medida em que se deseja saber a influência que um determinado meio (alternativa) exerce

sobre os fins do tomador de decisão (seus valores).

Como regra, Montibeller (2000), os mapas cognitivos são representados por bloco de

25 A melhor interpretação do termo no contexto: “mapa cognitivo”.

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textos (nós) que são considerados como um construto/conceito (sua denominação irá depender

dos pressupostos do pesquisador e do tipo de modelo utilizado).

De acordo com Otte (2013, p. 51 e 52):

A construção do mapa se baseia em constructos resultantes do discurso do ator. Esses

constructos são fundamentais para o entendimento da solução de problemas. Eles são

elementos conceituais presentes na visão da realidade que podem representar os mais

diversos elementos e que são postos-chaves e reais para a compreensão do problema

pelo ator. Para obter-se uma representação da realidade, porém, não bastam os

constructos fragmentados. A representação necessita do conjunto deles e esses devem

formar um sistema; dessa forma, devem possuir conexões que são tão importantes

quanto os constructos em si. Pois, sendo holístico e construtivista, o relacionamento

entre os elementos é também importante para o sentido e o entendimento do sistema

(OTTE, 2013).

A seguir são relacionados e especificados os passos necessários para a construção de

um mapa cognitivo individual, por adaptação de:

1º Passo: Definição de um rótulo para o problema:

Através de uma abordagem empática, não impositiva, o facilitador ouve o(s)

decisor(es) para definir um nome, ou rótulo para o problema que receberá o apoio à

decisão. O rótulo deve ser estabelecido pelo(s) decisor(es) como resultado de questões

consideradas importantes e levantadas pelo(s) mesmo(s) (JARDIM, 2011).

2º Passo: Definição dos elementos primários de Avaliação:

Através de um esquema de perguntas e respostas, são estabelecidos os elementos

primários de avaliação (EPA), que representam objetivos, metas, valores dos

decisores, ações, alternativas, opções, carências, sugestões mencionadas por outros,

apreensões. O procedimento é incentivar os decisores a emitir, espontaneamente, os

primeiros EPA que venham à mente, evitar críticas e comentários sobre ideias

manifestadas e registrar o maior número possível dessas manifestações. Essa etapa é

fundamental para a construção do mapa cognitivo. Um número reduzido de EPA pode

prejudicar o resultado (JARDIM, 2011).

3º Passo: Construção dos conceitos a partir do EPA:

A partir de cada EPA deve ser construído um conceito. Para tanto inicialmente o

elemento primário de avaliação é orientado à ação, fornecendo assim o primeiro pólo

do conceito. O sentido do conceito está baseado em parte na ação que ele sugere. Tal

dinamismo pode ser obtido colocando o verbo no início do conceito,

(MONTIBELLER, 1996). Conforme Eden (1998), o conceito só tem sentido quando

afirmado pelo seu contraste, o pólo oposto psicológico, implícita ou explicitamente.

Para Bastos (2002), os EPA são tratados como conceitos distintos que são reconectados para

representar, então, a explicação em um formato gráfico. Isto revela o padrão de raciocínio sobre

um problema que, de certo modo, o texto linear não permite. Esse Autor complementa, dizendo:

“Um par de frases pode ser unido em um único conceito, quando a pessoa provê um

contraste significante com outro, isto é, quando o contraste permite ao usuário

construir e reter um significado melhor da outra frase. Estas frases formam um

construto único: o significado é retido por contraste” (BASTOS, 2002).

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O polo oposto é importante na medida em que o conceito só tem sentido quando existe

o contraste entre dois polos. Os dois rótulos são separados por “ ... ”, que deve ser lido como

“ao invés de”. Para ilustrar, admita-se o exemplo da Figura 2.3, que na avaliação do

desempenho ambiental de uma organização, com vista a atender uma determinada estratégia de

ação, um dos elementos primários de avaliação sugerido tenha sido: atender a condicionante

proposta na licença ambiental. Caso o primeiro polo expresso pelo decisor seja: “atender ao

requisito citado na condicionante ambiental, terá o conceito a partir da conexão entre esse polo

e seu polo contraste, ou oposto psicológico:

Figura 2.3 - Polo presente e polo oposto psicológico em um conceito.

Atender ao requisito citado na condicionante ambiental,

....

Incorrer em sanção administrativa pelo órgão competente.

Fonte: o autor.

Para Jardim (2011), não há uma regra predefinida para a fixação, ou codificação, do

primeiro polo. Uma sistemática que pode ser recomendada é o facilitador adotar como primeiro

polo a primeira descrição pronunciada pelo decisor, resultante da primeira percepção que lhe

vem à mente, seja positiva ou negativa (JARDIM, 2011).

O texto de cada conceito não deve ser muito longo, (Ensslin, Montibeller, 1998) e

(Bastos, 2002) as frases normalmente distintas de 10 - 12 palavras que retenha a linguagem da

pessoa provedora da explicação.

4º Passo: Hierarquização dos conceitos.

De acordo com Otte (2013), “para se iniciar o mapeamento, são necessários

constructos, ou conceitos de partida, que podem ser definidos da maneira que for mais

interessante para o ator”.

Segundo Ensslin, Neto e Noronha (2001), apud Otte (2013), esse pode ter um ou mais

conceitos preestabelecidos sobre os quais se deseja trabalhar, ou, esses conceitos podem ser

fruto de um brainstorming26entre o(s) ator(es) e o facilitador para a descoberta dos elementos

iniciais de avaliação que permitirão o início da construção do mapa.

26Brainstorming: técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de ideias por parte de

todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou de conceber um trabalho criativo.

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Conforme Otte (2013), a importância do polo e do oposto psicológico é de dar sentido

e direcionamento ao conceito. Esse sentido se torna ainda mais presente na expansão do mapa,

em que conectamos os conceitos a outros conceitos por meio de relações causais referenciadas

justamente pelos conceitos e seus opostos psicológicos.

A estrutura do mapa cognitivo é formada por conceitos-meio e conceitos-fim, por

ligações de influência (ENSSLIN, MONTIBELLER, 1998) e (JARDIM, 2011).

Relações causais (causa/efeito ou meio/fim) oriundas do primeiro polo do conceito

(conceito positivo) levam a relações causais positivas, enquanto que relações causais oriundas

do segundo polo do conceito (inverso psicológico) levam a relações causais negativas,

conforme apresentado na Figura 2.4.

Figura 2.4 – Relações causais entre os polos dos conceitos.

Conceito-meio: Conceito-fim:

Dar treinamento,

‘ ... ‘

Não dar treinamento.

(+) Ter equipe bem treinada,

‘ ... ‘

(-) Não ter equipe treinada.

Fonte: o autor.

As ligações entre os conceitos, que possibilitam a definição da hierarquia, são feitas

através de relações de causalidade, par-a-par, simbolizadas por setas (ou flechas). Cada seta é

associada a um sinal positivo ou negativo, que indica a direção do relacionamento. Tomando-

se a Figura 2.4, como exemplo, um sinal positivo (+) na extremidade da seta indica que o

primeiro polo do conceito-meio leva ao primeiro polo do conceito-fim. Para o sinal (-) na

extremidade da seta, indica que o primeiro polo oposto do conceito-meio leva ao segundo polo

oposto do conceito-fim.

Pode-se verificar que ambos os polos se conectam aos polos de um mesmo segundo

conceito. Isso não é uma obrigatoriedade, mas acaba sendo algo praticamente inevitável durante

a construção do mapa.

De acordo com Jardim (2011), a maneira de identificação do conceito-fim, registrado no

mapa cognitivo, pelo facilitador, se dá através da pergunta: “Por que esse conceito é

importante”? ...o decisor responde que o referido conceito é importante para que se possa

atingir um determinado fim.

Na sequência, o decisor é questionado sobre o oposto psicológico do conceito-fim, o

polo psicológico (JARDIM, 2011). Conclui, este Autor, sobre o processo exposto, o qual segue

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nessa sistemática até que o decisor responda que “o conceito é importante por que é

importante”. Chega-se, assim, ao nível hierárquico mais elevado no mapa cognitivo: o objetivo

estratégico, as metas maiores.

Segundo Otte (2013), em direção aos conceitos de maior valor ou fins/efeitos, são

realizadas perguntas, tais como ‘por quê?’, ‘para quê?’, ‘com que finalidade?’, ‘com qual

objetivo?’, ‘qual a importância?’, entre outras. Já, em direção aos conceitos de menor valor ou

meios/causas, são feitos questionamentos envolvendo estas perguntas: ‘como?’, ‘qual a

origem?’, ‘de onde surgiu?’, entre outros questionamentos possíveis.

A Figura 2.5 ilustra o relacionamento causal para ‘fins’ em direção a conceitos de maior

valor do conceito 1 (constructo 1) para o conceito 2 (constructo 2) por meio do questionamento

‘por quê?’, assim como o relacionamento causal para as ‘causas’ em direção a conceitos de

menor valor percebido do constructo 2 para o constructo 1 por meio do questionamento

‘como?’. Esse é o modelo que foi utilizado e apresentado por ENSSLIN, NETO E NORONHA

(2001).

Figura 2.5 – Expansão do mapa em direção aos meios e aos fins

Fonte: o autor.

Expande-se o mapa à medida que novos conceitos surgem como respostas aos

questionamentos e são, em seguida, também questionados, originando mais conceitos. Na

prática, não se costuma fazer o mapeamento de meio/fim e fim/meio entre dois conceitos, pois

não existe real expansão do mapa; buscam-se sempre novos conceitos, ampliando a rede de

relações meio-fins e aumentando o detalhe do mapa (OTTE, 2013).

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A seguir a Figura 2.6, pode ser tomada como exemplo de expansão do mapa.

Figura 2.6 – Sequência de construção do mapa

Fonte: adaptado de Otte (2013).

Jardim (2011) alerta que um determinado conceito pode gerar dois, ou mais conceitos

fim conflitantes ou ser explicado por dois ou mais conceitos meio, também conflitantes. Nos

dois casos, o primeiro polo do conceito está ligado aos polos contraste dos conceitos fim, ou

meio. Comenta, o Autor, que essas situações ocorrem frequentemente nos contextos decisórios

complexos. Nesses casos, a solução do problema pode ser alcançada através da Análise

Multicritério (ENSSLIN et al., 1998 e JARDIM, 1999, apud JARDIM, 2011).

A Figura 2.7, pode ser tomada como exemplo de conceitos fim conflitantes, pois

partindo-se do conceito ‘investir nos recursos humanos’, ao invés de, ‘manter a política de RH

(atual)’, são gerados dois conceitos fins conflitantes, sendo um de polo (+) ‘aumentar a

competividade’, ao invés de, ‘manter como está’, e um segundo polo (-) ‘implementar plano de

contenção de despesas’, ao invés de, manter como está. Portanto, os conceitos fins são duas

propostas ao encaminhamento de solução, com atributos conflitantes.

Figura 2.7 – Conceito fim conflitante.

Fonte: adaptado de Jardim (2011).

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Essa expansão ou exploração do mapa é um processo contínuo e não existe um fim claro,

conforme explica (EDEN e ACKERMANN, 1.998). Como orientação, assim que se torna

adequado para as análises necessárias, ou quando se percebe um esgotamento do entrevistado,

pode-se decidir que se chegou ao fim do mapeamento, ao menos naquele contexto.

Os quatros passos citados acima são necessários na construção de um mapa cognitivo.

Em resumo: são criados conceitos, e na sequência, são orientados e hierarquizados.

A Figura 2.8, mostra um exemplo de mapa cognitivo obtido a partir da análise do

problema de gestão ambiental corporativa.

Cabe salientar, que, após a conclusão de um mapa cognitivo individual, este deve ser

levado ao conhecimento do decisor que o gerou, para que a validação possa ser realizada. Esta

ação garantirá que a representação ou elaboração feita no papel pelo facilitador está de acordo

com a expectativa do decisor.

Figura 2.8 - Mapa cognitivo: gestão ambiental corporativa

Fonte: o autor.

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2.6.6 Agrupamento de conceitos e mapa congregado

O processo de agrupamento de conceitos ocorre quando são identificados conjunto de

conceitos que são de algumas formas similares e podem ser, em certo sentido, mais ou menos

separados do resto do mapa. Um possível agrupamento indica que há uma questão de certa

importância que pode ter efeito bastante superior, comparado com uma ligação simples de

entrada e saída (PIDD, 2001).

Conforme Jardim (2011), os decisores compartilham o poder na organização, mas têm

interesses e valores conflitantes, por representarem diversos grupos de interesse. A construção

do mapa cognitivo do grupo de decisores é muito mais complexa do que a de um mapa cognitivo

individual. Segundo Ensslin et al. (1998) apud Jardim (2011), no grupo há diferença de

personalidades, estilos de interação, poder, valores e de preocupações sobre a política interna

da organização.

Para realizar o processo de agrupamento de ligações, o analista examina as palavras

empregadas nos conceitos (os rótulos dados aos nós) em busca de afinidades entre elas. Os nós

com rótulos afins são agregados em agrupamentos, com a condição de que cada nó somente

pode existir dentro de um único agrupamento. Neste sentido, corrobora Jardim (2011), que

apesar de os decisores perceberem e interpretarem o mesmo contexto decisional de forma

diferente para realizar alguma coisa, tem-se de levar em conta como os outros decisores

percebem e interpretam tal contexto. Há, na realidade, uma interdependência entre os decisores

no que concerne às ações.

Pidd (2001) orienta que algum sistema informatizado (recurso de software) pode ser

usado para estabelecer a similaridade de diferentes rótulos. Complementa, o Autor, que isto

poderia ser usado como critério para indicar quando um conceito deve ou não ser acrescentado

a um agrupamento.

O resultado da forma como um grupo de decisores entende um problema é representado

pelo mapa cognitivo congregado.

Esta é a última etapa relativa ao processo do mapeamento cognitivo. A próxima etapa é

analisar o mapa congregado com a finalidade de determinação da estrutura hierárquica que

representa o problema.

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2.6.7 Análise de mapa cognitivo

Após a construção dos mapas de relações meios-fins, descreve Ensslin et al (2001) que

devem ser validados com os decisores e, na sequência, analisá-los considerando os valores dos

decisores alocando-os por clusters (agrupamentos) e, em cada um deles, as linhas de

argumentação (LA) que demonstram as preocupações sobre o contexto decisório.

Segundo Ensslin et al (2001), o objetivo da análise do mapa cognitivo tem dois aspectos,

sendo: i. gerenciar a complexidade do mapa e, ii. compreender melhor as relações existentes

entre os fins que os decisores desejam obter e os meios disponíveis para alcançá-los.

Aguiar (2014) descreve que “existem dois tipos de análise de um mapa congregado: a

tradicional e a avançada”. Observa o Autor que a escolha de qual tipo deve ser utilizado

dependerá dos objetivos esperados, uma vez que cada um fornece resultados diferentes e

possibilita a obtenção de conclusões diferentes.

2.6.8 Análise tradicional de mapa cognitivo

A análise tradicional, segundo Ensslin et al (2001), aplica-se quando os mapas são

formados por número elevados de nós, o que os tornam relativamente complexos, surgindo a

necessidade da identificação de características estruturais que permitam sua análise. A análise

tradicional fornece conclusões preliminares, de forma direta e simples, sobre o problema em

questão, sendo possível pela ação, determinar os objetivos meios – fins, identificar grupos de

conceitos similares (clusters), como também, os possíveis erros como linha de realimentação.

Os autores Rodrigues (2013) e Aguiar, 2014) descrevem que “ao se construir um mapa

cognitivo surge conceitos cabeças, que são relacionados com os objetivos fins e os conceitos

caudas, com os objetivos meios ou alternativas”. Tomando-se a Figura 2.9, como exemplo, o

objetivo fim seria “zelar pelos preceitos ambientais corporativos”.

Para que o objetivo fim seja alcançado, existem diversos objetivos meios, que são

identificados pelos conceitos caudas, no mesmo exemplo: “garantir recursos com base na

previsão orçamentária”; “falta de práticas de benchmarking estruturadas para a gestão

ambiental”; “falta de práticas estruturadas para processos de licenciamentos” entre outros

conceitos.

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Conforme Ensslin et al (2001), quando há um número elevado de cabeças indica que

existe uma série de objetivos a serem considerados. Na prática, é aconselhável, e não

indispensável, subir a hierarquia de conceitos em direção aos fins, de modo que se chegue a um

único conceito cabeça. Para os Autores, esse conceito expressará o objetivo mais estratégico

dos decisores, naquela dada análise (ou situação).

Com relação ao todo, um cluster não deve ser analisado de forma mutuamente exclusiva,

mas, como parte representativa do problema, que se relaciona a uma meta em particular, dentro

do conjunto de metas, permitindo inferir que as análises sugerem que o problema, ou, questão

em análise, é constituído por um sistema de subproblemas relacionados.

2.6.9 Grupos de conceitos similares

Aguiar (2014) relata que “é natural que, ao se construir um mapa cognitivo, conceitos

similares estejam agrupados”. Esses agrupamentos de conceitos (ou clusters) deixam

transparecer os critérios adotados pelo decisor.

A Figura 2.9 mostra, em diferentes cores, as separações por clusters (cluster 1 e cluster

2) obtidas com base da análise do mapa cognitivo da Figura 2.8, bem como as ordenações dos

conceitos. Percebe-se que a própria estrutura hierárquica do mapa cognitivo faz com que surjam

esses agrupamentos.

Conforme Morita (2013), um cluster não deve ser analisado de forma mutuamente

exclusiva, mas como parte representativa do problema, que se relaciona a uma meta em

particular, dentro do conjunto de metas, permitindo inferir que as análises sugerem que o

problema, ou, questão em análise, é constituído por um sistema de subproblemas relacionados.

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Figura 2.9: - Clusters 1 e Cluster 2

Fonte: o autor.

2.6.10 Análise avançada de mapa cognitivo

Quanto à segunda forma de analisar, Aguiar (2014) descreve que “a análise possibilita

identificar os eixos de avaliação do problema (Pontos de Vistas Fundamentais – PVF), levando

em conta tanto a forma quanto o conteúdo do mapa cognitivo”.

Zelar pelos preceitos ambientais corporativos

...

Não zelar pelos preceitos ambientais

Cumprir as legislações

ambientais ...

Não se importar com as

legislações ambientais

Consolidar e reportar os

resultados das autoavaliações...

Não reportar as autoavaliações

Elaborar programas de meio ambiente

...

Não elaborar programas ambientais

Internalizar os conceitos

fundamentais da política ambiental...

Não internalizar os conceitos

fundamentais

Garantir recursos com base

na previsão orçamentária...

Não garantir recursos

necessários

Resolver expectativas e

conflitos entre áreas administrativas

...

Não resolver os conflitos

Falta de práticas estruturadas para

processos de licenciamentos...

Ter prática reconhecidas de

licenciamentos ambientais

Falta de práticas de benchmarking

estruturadas para a gestão ambiental...

Ter práticas de benchmarking

estruturadas

Cluster 2Cluster 1

C2

C7

C6 C5

C4

C3

C9

C1

C8

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Salienta o Autor: “ao contrário da análise tradicional, a avançada obedece a uma

sequência de passos determinados que, com sua execução, levarão o facilitador a identificar os

critérios que devem ser utilizados posteriormente, além de organizá-los, segundo uma estrutura

hierárquica”.

Morita (2013), corrobora, descrevendo “a cada cluster identificado, nomeado por meio

de um descritor, tem-se a representação de uma parte separável da questão, que pode ser

abordada de forma independente das outras partes, o que contribui para facilitar a análise do

todo”.

2.6.11 Identificação de linhas de argumentação

Uma linha de argumentação forma uma sequência encadeada de raciocínio entre os

objetivos de mais baixo nível até os de nível mais alto na rede de conceitos, mostrando, portanto,

a sequência lógica que leva os objetivos meios aos objetivos fins. Uma linha de argumentação

inicia-se em um conceito cauda e termina em um conceito cabeça. A análise que visa identificar

uma linha de argumentação é basicamente ligada à forma do mapa (ENSSLIN,

MONTIBELLER e NORONHA, 2001).

O Quadro 2.6 ilustra as linhas de argumentação obtidas no mapa cognitivo representado

na Figura 2.9.

Quadro 2.6 – Linhas de Argumentação

Linha de Argumentação “LA” Conceitos “C”

LA1 C5; C4; C3; C2; C1

LA2 C5; C4; C3; C1

LA3 C5; C4; C7; C8; C9; C1

LA4 C6; C4; C3; C1

LA5 C6; C4; C3; C2; C1

LA6 C6; C4; C7; C8; C9; C1

Fonte: o autor.

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80

2.6.12 Definição de ramos

Uma vez definidas as linhas de argumentação Ensslin, Montibeller e Noronha (2001)

argumentam que se passa a definir os ramos do mapa, que são conjuntos de linhas de

argumentação pertencentes a um mesmo cluster. São construídos por uma ou mais linhas de

argumentação que demonstrem preocupações similares sobre o contexto decisório. Portanto,

trata-se de uma análise de conteúdo que leva em conta a ideia expressa no conceito (ENSSLIN,

MONTIBELLER e NORONHA, 2001).

Tomando-se como base a Figura 2.9 e o Quadro 2.6, obtém-se os grupos das linhas de

argumentação (LA1; LA2; LA4 e LA5); (LA3 e LA6), tendo como resultados a identificação

dos ramos R1 e R2, como citados no Quadro 2.7 – Linhas de Argumentação e seus Ramos.

Quadro 2.7 – Linhas de Argumentação e seus Ramos.

Linhas de Argumentação Ramos

LA1; LA2; LA4 e LA5 R1

LA3 e LA6 R2

Fonte: o autor.

2.6.13 Transição do mapa cognitivo para o modelo multicritério

Aguiar (2014) propõe que uma vez definidos os ramos dos mapas, torna-se possível

construir uma estrutura hierárquica multicritério. Segundo o Autor, essa não é uma tarefa fácil

de realizar. Neste sentido, Bana e Costa (1992) descrevem que, após a identificação dos ramos

associados com suas preocupações, se inicia a identificação dos Pontos de Vista Fundamentais

– PVF.

Os PVF explicitam os valores que o decisor (ou grupo de decisores) considera

importante naquele contexto, definindo ao mesmo tempo as características das ações que são

de interesse do decisor. Além disso, é necessário que os candidatos- do ponto de vista

fundamental (PVF)- obedeçam a uma série de propriedades, as quais serão vistas na seção

2.6.16.

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81

2.6.14 Estrutura hierárquica

Uma estrutura hierárquica é composta por pontos de vista fundamentais (PVF) e pontos

de vista elementares (PVE) e, há casos de compor de subpontos de vista elementares (SubPVE).

Esta estrutura arborescente decorre do mapa de relações meios-fins e reflete a transição para

um modelo multicritério.

Gomes (et al, 2010) descreve que, normalmente, a hierarquia linear é a estrutura que

melhor representa em termos de simplicidade e funcionalidade; a dependência entre os níveis

dos componentes de um sistema em relação a outro nível, de maneira sequencial. Comentam,

os Autores, que é a maneira conveniente de decompor, em passos, um problema complexo, na

busca de explicação de causa e efeito, formando-se uma cadeia linear.

O início da hierarquia, segundo Gomes (et al, 2010), representa um critério de síntese

ou objetivo global, enquanto, nos níveis sucessivamente inferiores, colocam-se os critérios que

apresentam algum impacto no critério do nível superior. No último nível da hierarquia, devem

estar as alternativas consideradas (GOMES et al, 2010).

No modelo multicritério, o nível hierárquico inferior deve compor de critérios

mutuamente exclusivos e, coletivamente, necessitam fornecer uma caracterização exaustiva

(completa) do critério de nível hierárquico superior. Além disso, devem existir pelo menos dois

critérios, de nível hierárquico inferior, conectados ao critério de nível hierárquico superior

(KEENEY, 1992)

2.6.15 Enquadramento do processo decisório

O quadro do processo decisório é formado pelo conjunto de ações potenciais

(oportunidades de escolha ou alternativas) associados aos PVF. Internalizar os conceitos

fundamentais da política dos decisores Keeney (1992) e Ensslin (2001), visto que apresentam

uma discussão detalhada sobre esse importante tópico.

O conjunto de ações potenciais define quais delas são consideradas em uma situação

decisória específica, enquanto que os pontos de vista fundamentais (PVF) explicam os valores

que os decisores consideram importantes naquele contexto e, ao mesmo tempo, definem as

características das ações que são de interesse de decisor (BANA e COSTA, 1992).

A Figura 2.10 mostra a relação entre PVF, os conjuntos de ações potenciais e os

objetivos estratégicos.

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82

Conforme se observa na Figura 2.10, pode-se ter uma ideia do processo decisório

lateralmente. Três linhas paralelas são apresentadas: a das ações potenciais (L3), as dos PVF

(L2) e a dos objetivos estratégicos dos decisores (L1).

Segundo Gomes et al (2014), para determinar os PVF é necessário realizar o

enquadramento do mapa cognitivo:

1. onde estão localizados os conceitos que expressam ideia relacionadas aos objetivos

estratégicos dos decisores (essenciabilidade – L1);

2. onde estão localizados os conceitos que expressam ideias relacionadas às ações

potenciais do problema (controlabilidade L3);

3. em uma busca nos sentidos fins-meios e meios-fins do ramo, localizar os conceitos

que expressam ideias relacionadas ao candidato a PVF dos decisores, naquele

contexto de decisão.

Figura 2.10 - Processo Decisório

Fonte: adaptado de Gomes, Gomes (2014).

Ainda, descreve Gomes et al (2014), na pesquisa do ramo em busca do PVF, algumas

diretrizes devem ser adotadas pelo facilitador. Na procura de sentido dos fins-meios, deve-se

levar em conta o aumento da controlabilidade do ponto de vista (ideia) expresso pelos decisores

naquele ramo. A controlabilidade refere-se à necessidade de o PVF representar um aspecto que

seja de consequências fundamentalmente importantes segundo os objetivos estratégicos dos

decisores.

Outro ponto a ser considerado segundo Gomes et al (2014) é a propriedade de

essenciabilidade, que se refere à necessidade de que o PVF represente um aspecto que seja de

consequências fundamentais, importantes, segundo os objetivos estratégicos dos decisores.

De volta ao mapa cognitivo da Figura 2.9, tem-se que “internalizar os conceitos

fundamentais da política” (C9), “consolidar e reportar os resultados das autoavaliações” (C2) e

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83

“cumprir as legislações ambientais” (C3) são PVF. A análise das três propriedades

recomendadas por Ensslin (2001), para os PFV retrocitados, encontra-se no Quadro 2.8.

Quadro 2.8 – Candidatos a PVF:

- Zelar pelos preceitos ambientais corporativos -

Candidatos a PVF É essencial? É controlável? É isolável?

Internalizar os

conceitos

fundamentais da

política

Sim. Para resolver

expectativas e

conflitos entre áreas

administrativas.

Sim. Tem suas

previsões recursos

com base

orçamentária.

Sim. Requer

programa específico

para sua

implementação.

Consolidar e

reportar os

resultados das

autoavaliações

Sim. Requer o pleno

atendimento ao

cumprimento da

legislação pertinente.

Sim. Pode ser

mensurável por

avaliação

estruturada.

Sim. Trata-se de

requisito legal e de

ação voluntária a

cargo da corporação.

Cumprir as

legislações

ambientais.

Sim. Requer práticas

e conhecimento

especializado.

Sim. Há métodos e

ferramentas de para

verificação e

acompanhamento.

Sim. São obrigações

legais a cargo da

organização.

Fonte: modelo baseado em Aguiar (2014).

2.6.16 Validação do conjunto de PVF

Para que se possam definir os critérios que refletirão, adequadamente, os objetivos

estratégicos dos decisores, segundo Fantinatti et al (2015), as subjetividades devem ser

explicitadas ao máximo, de tal forma a possibilitar a delimitação das ações que levarão a estes

objetivos.

Para isso, o conjunto de PVF deve satisfazer determinadas propriedades (ENSSLIN,

MONTIBELLER e NORONHA, 2001):

(a) Isolabilidade: refere-se à necessidade de que o PVF seja isolável, isto é, deve ser

possível avaliar as ações segundo o PVF independentemente dos seus impactos nos

demais pontos de vistas fundamentais do modelo.

(b) Completo: o conjunto de PVF deve incluir todos os aspectos considerados como

fundamentais.

(c) Mensurável: o PVF permite especificar, com a menor ambiguidade possível, a

performance das ações potenciais, segundo os aspectos considerados fundamentais

pelos decisores.

(d) Operacional: o PVF possibilita coletar informações requeridas sobre o desempenho

das ações potenciais, dentro do tempo disponível e com um esforço viável.

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84

(e) Não redundante: o conjunto de PVF não deve levar em conta o mesmo aspecto mais

de uma vez.

(f) Conciso: o número de aspectos considerados pelo conjunto de PVF deve ser o

mínimo necessário para modelos de forma adequada, segundo a visão dos decisores,

o problema.

(g) Compreensível: o PVF deve ter seu significado claro para os decisores, permitindo

a geração e comunicação de ideias.

Fantinatti et al (2015) descreve que “uma vez estabelecidos os critérios, cada um deve

ter uma descrição. Isto é, para cada critério deve ser desenvolvido os descritores de

desempenho”. Complementam os Autores:

Os descritores de desempenho dos critérios ajudam a compreender o que os decisores

estão considerando, tornam os objetivos inteligíveis, permitem a geração de ações de

aperfeiçoamento, possibilitam a mensuração do desempenho de ações do critério e

auxiliam na construção de um modelo global de avaliação.

Pela análise realizada no Quadro 2.8 - Candidatos a PVF, relativo a “zelar pelos

preceitos ambientais corporativos”, observa-se que tal problema obedece a estas propriedades.

Com o conjunto de PVF validado, torna-se possível construir a estrutura hierárquica,

proposta na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Estrutura Hierárquica de Zelar pelos Preceitos Ambientais Corporativos

Fonte: o autor.

Esta seção apresentou as ferramentas do PSM, as quais serão empregadas na

estruturação do problema, com finalidade de avaliar a gestão ambiental em estaleiro naval.

Nas seções 2.7 e 2.8, serão estudadas as metodologias do AMD, respectivamente, o

método AHP e o método TODIM. Estes métodos de auxílio multicritério à tomada de decisão

foram definidos para serem aplicados ao presente trabalho de pesquisa.

Zelar pelos preceitos

ambientais corporativos

AutoavaliaçõesGarantir

recursos

Conceitos

fundamentais

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85

2.7 MÉTODO AHP

O método AHP (abreviação do inglês Analytic Hierarchy Process) trata de um método

de agregação aditivo com uma ênfase em procedimento próprio para modelagem das

preferências do decisor (ALMEIDA, 2011). O método foi proposto por Thomas L. Saaty, na

década de 1980, e, apresenta uma forma bem estruturada para estabelecer os objetivos e critérios

numa forma hierárquica.

O método AHP, após a divisão do problema em níveis hierárquicos, determina - de

forma clara e por meio da síntese dos valores dos agentes de decisão- uma medida global para

cada uma das alternativas, priorizando-as ou classificando-as ao finalizar o método (GOMES

et al, 2011).

Almeida (2011), “o AHP usa um procedimento de comparação par a par para comparar

as alternativas para cada critério. Isto é efetuado por meio de avaliações numa escala semântica

de cinco níveis, apresentada de forma explicita, tendo nove níveis no total, pois se há hesitação

do decisor, valores intermediários são considerados entre os cinco níveis”. Complementa, o

Autor, argumentando que os critérios são comparados entre si.

A escala semântica citada por Almeida (2011) é a Escala Fundamental de Saaty (ou

Escala de Julgamento de Saaty), que está representada no Quadro 2.9.

Quadro 2.9 - Escala de Julgamento de Saaty

Grau de

importância.

Avaliação

(intensidade da importância) Interpretação

1 Igual Os dois critérios têm a mesma

importância.

3 Pouco superior Um dos critérios tem importância

pouco maior que o outro.

5 Muito superior Um dos critérios é muito mais

importante que o outro.

7 Extremamente superior Um dos critérios é extremamente mais

importante que o outro.

9 Absolutamente superior Um dos critérios é absolutamente mais

importante que o outro.

2, 4, 6, 8 Avaliação intermediária Quando se procura uma condição de

compromisso entre duas condições.

Fonte: Saaty, 1980.

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A atribuição de pesos aos critérios no modelo AHP, segundo Gomes et al (2014), é

baseada na comparação paritária dos critérios considerados. Isto é feito por meio das perguntas:

Qual destes critérios é o mais importante? Quando este critério é mais importante que o outro?

Almeida (2011) adianta que o método utiliza escala de razão para todas as avaliações.

Para Gomes et al (2014), utilizando a escala de razão, pode-se obter a seguinte metodologia:

Considerando os critérios c1, c2 e c3 onde c1>c2>c3, perguntamos: Quanto c1 é superior

a c2? Quanto c1 é superior a c3? ...e, quanto c2 é superior a c3? Observamos que o

número de comparações é definido pela formula [n x (n-1)] x2, onde n é o número de

critérios.

Conforme Gomes et al (2014), os elementos fundamentais do método AHP são:

(a) Atributo e Propriedade – um conjunto finito de alternativas é comparado em

função de um conjunto finito de propriedades;

(b) Correlação Binária – ao serem comparados dois elementos baseados em uma

determinada propriedade, realiza-se uma comparação binária, na qual um

elemento pode ser preferível ou indiferente a outro;

(c) Escala Fundamental – a cada elemento associa-se um valor de prioridade sobre os

outros elementos, que será lido em uma escala numérica de números positivos e

reais;

(d) Hierarquia – um conjunto de elementos ordenados por ordem de preferência e

homogêneos em seus respectivos níveis hierárquicos.

2.7.1 Processo analítico do método AHP

O estudo do processo utilizado pelo método AHP pode ser dividido em duas etapas:

estruturação hierárquica do problema de decisão e modelagem do método (GOMES et al

(2014).

2.7.1.1 Estrutura hierárquica

Deve-se efetuar a estruturação do problema em análise, combinando os critérios

segundo os diversos níveis hierárquicos necessários, para que se obtenha uma representação do

problema. Determinam-se, dessa forma, as alternativas pertinentes, que serão estudadas sob a

ótica de cada critério do nível hierárquico mais abaixo (GOMES et al, 2014). Descrevem, os

Autores, que é uma maneira conveniente de decompor em passos um problema complexo, na

busca da explicação de causa e efeito, formando-se uma cadeia linear.

O início da hierarquia representa um critério de síntese ou objetivo global, enquanto nos

níveis sucessivamente inferiores colocam-se os critérios que apresentam algum impacto no

critério do nível superior. No último nível da hierarquia, devem estar às alternativas

consideradas (GOMES et al, 2014).

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87

A Figura 2.12 representa o modelo de estrutura hierárquica. Pode-se observar, o que

caracteriza estruturalmente o AHP é o fato de possuir o nível inferior formado pelas

alternativas. Neste exemplo, todas as comparações par a par, inclusive as alternativas,

representam graus de preferências relativas umas com relação às outras.

Figura 2.12 – Estruturação Hierárquica do AHP

Fonte: Saaty (2005).

2.7.1.2 Modelagem do método

Depois de construir a hierarquia proposta pelo método, cada decisor deve fazer uma

comparação, par a par, de cada elemento em um nível hierárquico dado, criando-se uma matriz

de decisão quadrada. Nesta matriz, decisor representa, a partir de uma escala predefinida, sua

preferência entre os elementos comparados, sob o enfoque de um elemento do nível

imediatamente superior (GOMES, ARAYA e CARIGNANO, 2004)

As comparações pareadas entre alternativas ou critérios relacionados a um critério de

nível hierárquico imediatamente superior são obtidos utilizando-se uma escala de medida

predefinida (Escala Fundamental de Saaty) e os resultados irão compor a matriz de comparação

par a par mostrada na Equação [1]:

Objetivo global

Critério 1 Critério 2

Subcritério

1.1

Alternativa

1

Subcritério

1.2

Subcritério

2.1

Subcritério

2.2

Subcritério

2.3

Alternativa

2

Alternativa

3

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𝑎11,

𝑎21 ,…

𝑎𝑛1,

𝑎12, ….,

𝑎22, … ,…

𝑎𝑛2, …,

𝑎1𝑛

𝑎2𝑛

… 𝑎𝑛𝑛

[1]

Portanto, o decisor deverá fazer n(n-1)/2 comparações, sendo n o número de elementos

do nível analisado. Na matriz quadrada, têm-se aij, para i = 1, 2, ..., n e j = 1,2, ..., n. Essas

matrizes são sempre matrizes recíprocas positivas, ou seja, com aij,= 1/aij,.

As comparações par a par são realizadas em todos os níveis hierárquicos.

Considerando-se todos os julgamentos perfeitos e se A satisfizer a condição aijx ajk =

aik(i,j,k = 1,2, ..., n), em todas as comparações, a matriz A é dita consistente. Como os

julgamentos do decisor são passiveis de erro, tornando-os inconsistentes, na prática a matriz A

também será inconsistente.

Seja n o número de elementos a serem comparados, λmax o autovetor de A e, w ,o vetor

próprio correspondente ou vetor de prioridades. Entretanto, quase sempre se verifica alguma

inconsistência nos juízos, fato este que, no entanto, é admitido pelo método AHP.

Segundo Gomes et al (2004), a inconsistência pode ser medida da seguinte maneira:

quanto mais próximo estiver o valor de λmax de n, maior será a consistência dos juízos. Portanto,

λmax – n é um indicador de consistência. Ainda, de acordo com Saaty (1980), demonstrou-se

que, sendo “A” a matriz de valores, deverá ser encontrado o vetor que satisfaça a equação [2]:

𝐴𝑤 = 𝜆𝑚á𝑥. 𝑤 [2]

Para obter o autovetor a partir da equação [2], tem-se:

𝜆𝑚á𝑥 =1

𝑛∑𝑣𝑖

𝑛

𝑖=1

[𝐴𝑤]

𝑤𝑖𝑖 [3]

A partir da Equação [3], procede-se o cálculo do Índice de Consistência (IC) da matriz

como mostra a Equação [4]:

IC = (λmax – n)/(n – 1) [4]

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Após realizar o cálculo do IC, faz-se o cálculo da Razão de Consistência (RC), como

mostra a Equação [5]:

RC = IC/IR [5]

O IR é um índice aleatório, calculado para matrizes quadradas de ordem n. Alguns dos

valores de IR são apresentados na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Valores de IR para Matrizes Quadradas de Ordem n.

n 2 3 4 5 6 7 8

IR 0,0 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41

Fonte: Laboratório Nacional de Oak Ridge, EUA.

Conforme Gomes et al (2004), citando Ernest Heinrich Weber (1795-1878), Gustav

Theodor Fechner (1801-1887) e Stanley Smith Stevens (1906-1973) que se sobressaíram na

análise do tema de estímulos e respostas, Saaty (1980) observa que, apesar das diferenças entre

os estímulos que seguem uma escala geométrica, a percepção destes pelo indivíduo obedece a

uma escala linear.

Citam os Autores, que existe também o denominado limite psicológico, segundo o qual

o ser humano pode, no máximo, julgar corretamente 7 ± 2 pontos, ou seja, nove pontos para

distinguir essas diferenças.

2.8 O MÉTODO TODIM

O método multicritério TODIM (Tomada de Decisão Interativa Multicritério),

concebido em sua forma atual no início dos anos 90 (Gomes, 2007), é, provavelmente, o único

método multicritério fundamentado na Teoria dos Prospectos. E, é caracterizado por: i. ser um

instrumento acessível a profissionais sem formação específica em Apoio à Decisão; ii. fornecer

uma ordenação a partir da qual será produzida a decisão recomendada; iii. englobar critérios

quantitativos e qualitativos; iv. ordenar critérios hierarquicamente; e v. tratar a interdependência

entre critérios (MOURÃO, GOMES, 2006).

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Segundo Gomes et al (2004), o método TODIM foi desenvolvido para resolver

problemas do tipo Pγ (problemática de ordenação), isto é, para esclarecer a decisão por meio

de uma ordenação das alternativas. Complementam, os Autores, que esse método tem a

vantagem de modelar os padrões de preferência quando se tomam decisões de risco.

O uso prático do método TODIM, estando na modelagem do problema, assim como

seus cálculos, considera grande a necessidade de dar a devida atenção ao processo de

estruturação. Esta compreensão caracterizou o que se entende por um modelo requisito para o

problema (PHILLIPS, 1984 e 1990). A escolha do método é uma combinação de sua relativa

simplicidade de utilização com a originalidade da sua fundamentação na Teoria dos Prospectos,

imprimindo assim uma dimensão de praticidade e realismo aos resultados obtidos (KUMAR;

LIM, 2008; HUBER; VISCUSI; BELL, 2008; JOU et al., 2008).

A Teoria dos Prospectos utiliza a função de valor para explicar a aversão e propensão

ao risco. Esta função assume a forma de um "S", representada na Figura 2.13.

Acima do eixo horizontal, considerado como a referência desta análise, há uma curva

côncava representando ganhos, e, abaixo do eixo horizontal, é uma curva convexa que

representa as perdas. A parte côncava reflete a aversão ao risco em face dos ganhos e a parte

convexa, por sua vez, simboliza a propensão ao risco quando se lida com perdas (RANGEL;

GOMES; CARDOSO, 2010).

Figura 2.13 - Função de Valor da Teoria dos Prospectos

Fonte: Rangel; Gomes; Cardoso, 2010.

Conforme Rangel e Gomes (2007), o método TODIM faz uso de comparações por pares

entre os critérios de decisão, possuindo recursos tecnicamente simples e corretos para eliminar

eventuais inconsistências provenientes dessas comparações. Também, o método TODIM

permite efetuar juízos de valor em uma escala verbal; utilizar uma hierarquia de critérios; juízo

de valor nebulosos e fazer uso de relações de interdependência entre alternativas.

Valor

Perdas Ganhos

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91

Em Roy & Bouyssou (1993), sobre o método TODIM, afirmam que este é “ [...] um

método tendo como base a Escola Francesa e a Escola Americana. Combina aspectos

provenientes da Teoria de Utilidade Multiatributo, do método AHP e dos métodos ELECTRE”

(GOMES, 2007)

A ideia, presente na formulação do método TODIM, de introduzir-se na mesma função

de valor multiatributo expressões de perdas e de ganhos aufere a esse método alguma

similaridade com os métodos PROMÉTHÉÉ, que fazem uso da mencionada noção de fluxo

líquido de superação. Barba-Romero e Pomerol (1997) compreenderam isto, notando que: “[...]

baseia-se em uma noção bastante parecida com a de fluxo líquido, no sentido do PROMÉTHÉÉ.

Gomes, Araya e Carignano (2004) explicam com detalhes o método TODIM.

Encontram-se, na literatura acadêmica, várias publicações já realizadas deste método em:

Gomes e Lima (1992a; 1992b); Gomes e Duarte (1998); Gomes, Duarte e Moraes (1999);

Trotta, Nobre e Gomes (1999); Costa, Almeida e Gomes (2003); Passos e Gomes (2005);

Mourão e Gomes (2006); Rangel, Silva e Silvério (2006); e Gomes e Rangel (2009).

Considere-se um conjunto de "n" alternativas a serem ordenadas na presença de "m"

critérios quantitativos ou qualitativos. Para determinar os pesos dos critérios, o método TODIM

emprega uma matriz de comparação por pares entre critérios. Para formar esta matriz, faz-se

uso da escala de Saaty (1990).

Como, no entanto, toda matriz de comparações por pares pode conter alguma

inconsistência decorrente da violação da transitividade, o método TODIM possui um recurso

que, ao mesmo tempo em que respeita os juízos de valor que conduziram a essa matriz inicial,

corrige-os de uma forma sistemática, eliminando por completo a eventual inconsistência. Uma

vez assim constituída a matriz corrigida de comparações por pares entre os critérios, a aplicação

do método TODIM prossegue na direção da obtenção dos pesos dos critérios, usando-se para

isto as seguintes duas etapas:

(a) somam-se os valores ao longo de cada coluna dessa matriz corrigida;

(b) calculam-se os recíprocos dessas somas;

(c) divide-se cada um desses recíprocos pelas somas dos recíprocos: os valores

desta forma obtidos serão os pesos dos critérios.

Após a definição desses pesos dos critérios, pede-se aos especialistas que estimem para

cada um dos critérios qualitativos c, a contribuição de cada alternativa i, para o objetivo

associado ao critério. Este método requer que os valores das avaliações, dos critérios em relação

às alternativas, sejam numéricos e que sejam normalizados, portanto, os critérios qualitativos

avaliados numa escala verbal são transformados numa escala cardinal. As avaliações dos

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92

critérios quantitativos são obtidas através dos desempenhos das alternativas em relação aos

critérios, como, por exemplo, nível de ruído em decibéis, potência de um motor em HP, nota

de um aluno em uma disciplina etc. (GOMES; ARAYA; CARIGNANO, 2004).

Para este método, é necessário que cada valor das avaliações dos critérios em relação às

alternativas seja numérico e, ainda, que sejam normalizados. Assim, os critérios qualitativos

avaliados por uma escala verbal podem ser transformados em uma escala cardinal. Já, para a

avaliação dos critérios quantitativos, podem ser obtidos através dos desempenhos de cada

alternativa em relação aos critérios.

A título de exemplo, pode-se listar o nível de ruído em decibéis, potência de um motor

em HP, nota de um aluno em uma disciplina, entre outros (GOMES; ARAYA; CARIGNANO,

2004).

Avaliadas as alternativas em relação a todos os critérios, obtém-se a matriz de avaliação

já com todos os valores na forma numérica. A partir deste ponto, faz-se normalização,

empregando-se, a exemplo, para determinados critérios, a divisão do valor de uma alternativa

pela soma dos valores de todas as alternativas. Essa normalização é feita para cada um dos

critérios apresentados, construindo-se assim uma nova matriz, onde todos os valores estão entre

zero e um, denominada como Matriz de Desejabilidades Parciais W = [Wnm], conforme Tabela

2.3, (GOMES, ARAYA e CARIGNANO, 2004).

Tabela 2.3 – Matriz de Desejabilidades Parciais.

Alternativas Critérios

C1 C2 ... Cj ... Cm

A1 W11 W12 ... W1j ... W1m

A2 W21 W22 ... W2j ... W1m

... ... ... ... . . . ... ...

Ai Wi1 Wi2 ... Wij ... Wim

... ... ... ... . . . ... . . .

An Wn1 Wn2 ... Wnj ... Wnm

Fonte: Gomes, Araya e Carignano (2004).

Após a atribuição dos pesos dos critérios e de sua normalização, necessita-se de calcular

as matrizes de dominância parciais e a matriz de dominância final. Admita-se, agora, que um

dos ‘m’ critérios pode ser considerado como sendo um critério de referência ‘r’, e este poderá

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ser, por exemplo, identificado como sendo o critério de maior peso. Assim, ‘arc’ representa a

taxa de substituição do critério em análise ‘c’, em relação ao critério de referência ‘r’. A medida

de dominância de cada alternativa ‘i’ sobre cada alternativa ‘j’, incorporada, agora, à Teoria

dos Prospectos, é dada pela expressão matemática [6]. As equações [7], [8] e [9] realizam os

cálculos de Φ(i, j).

O fator Φc(i,j) representa a parcela de contribuição do critério ‘c’ à função δ(i,j),

quando se compara a alternativa ‘i’ com a alternativa ‘j’. Caso o valor de wic – wjc seja positivo,

representará um ganho para a função δ(i,j) e, portanto, será usada a expressão de Φc(i,j)

correspondente, isto é, à equação [7]. Caso wic – wjc seja nulo, será atribuído o valor nulo para

Φc (i,j), isto é, a equação [8], e se wic – wjc for negativo, Φc(i,j) será representado pela equação

[9]. (GOMES, ARAYA e CARIGNANO, 2004).

Assim:

- δ (i, j) representa a medida de dominância da alternativa "i" sobre a alternativa "j";

- m é o número de critérios;

- c é um critério qualquer, para c = 1,..., m;

- arc é a taxa de substituição do critério c pelo critério de referência "r";

- wic e wjc são, respectivamente, os pesos das alternativas "i" e "j" em relação "a" "c";

- θ é o fator de atenuação das perdas. Usado para aumentar a representatividade da curva

ajustada à nuvem de pontos relacionados à percepção de perdas do decisor. Seu valor

é empírico, testado na prática para cada processo decisório.

[6]

[7]

[8]

[9]

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94

Depois, já calculadas todas as matrizes de dominância parciais, uma para cada critério,

obtém-se a matriz de dominância final δ(i,j), pela soma dos elementos de todas as matrizes.

A matriz de dominância final, agora, será normalizada, usando-se a Equação (10) para

obter o valor global para cada alternativa. Cada número calculado é interpretado como a medida

da desejabilidade ou utilidade global, ou, simplesmente, como o valor de uma alternativa

específica. As alternativas são ordenadas e originadas de acordo com a ordenação de seus

respectivos valores.

O método TODIM determina uma escolha a partir das preferências expressas por um

decisor ou um grupo de decisores ao ordenar todas as alternativas (FONTES, 2016). E, ainda,

pode-se, eventualmente, chegar a um novo resultado, através de uma análise de sensibilidade,

mudando-se tal conjunto de preferências.

O próximo capítulo – Metodologia - é dedicado às técnicas metodológicas empregadas

neste trabalho de pesquisa, bem como as técnicas empregadas nas coletas e análises de dados.

Na sequência, serão apresentados, em detalhes, três fluxogramas de processos, sendo o primeiro

relacionado às ferramentas de estruturação de problemas e, os demais, às aplicações dos

métodos multicritérios do AMD, respectivamente, AHP e TODIM.

[10]

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95

3 METODOLOGIA

Este capítulo está dividido em cinco seções, tendo como objetivo apresentar nos três

primeiros tópicos as propriedades da metodologia de pesquisa e as técnicas de coletas e análises

de dados. Na sequência, pretende-se fazer as exposições das etapas referentes às aplicações dos

métodos multicritérios, respectivamente, AHP e TODIM.

3.1 PESQUISA EXPLORATÓRIA E DESCRITIVA

Essa pesquisa pode ser classificada como exploratória e descritiva. Primeiramente,

trata-se de pesquisa exploratória porque o objetivo é levantar informações de critérios usados

no julgamento administrativo e técnico pelos gestores organizacionais à tomada de ação e,

sobre a classificação de importância relativa dada às demandas legais, contratuais e

corporativas, que envolvem a gestão ambiental, de sobre maneira, em estaleiro naval. É,

também, descritiva por buscar formas de apresentar os modus operandi da gestão ambiental e,

ao mesmo tempo, estabelecer correlações entre os gerenciamentos dos processos

organizacionais (administrativo, produção e outros), bem como considerar as práticas usuais

aceitáveis.

3.2 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

O método de elaboração da pesquisa foi de “pesquisa bibliográfica”, com base de livros,

bancos eletrônicos de artigos, periódicos, dissertações e teses, textos técnicos sobre processos

e técnicas referentes à gestão ambiental em estaleiro naval e, também, sobre aos métodos do

AMD (Apoio Multicritério à Decisão), com ênfase em mapa cognitivo/SODA, AHP e TODIM.

O trabalho teve por enfoque metodológico o caráter de análise com métodos mistos de

obtenção dos dados. A análise foi realizada de forma indutiva, durante o levantamento do

referencial teórico, conforme exposto no capítulo 2, deste trabalho.

Segundo Gray (2012), quando o autor trata do desenho de pesquisa com métodos mistos,

sendo qualitativo e, depois, quantitativo, salienta:

“Essa é uma abordagem comum ao desenho de métodos mistos e ocorre quando os

resultados de um estudo qualitativo são usados para informar a fase de pesquisa

quantitativa. Esse desenho é usado em circunstâncias em que relativamente pouco

ou nada se sabe sobre o contexto do trabalho de campo ou os problemas da pesquisa.

Nesta situação, seria inviável e pouco prático usar um desenho baseado em

questionário, pois os constructos que estão sendo mensurados são desconhecidos ou

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não suficientemente entendidos. O estudo qualitativo, portanto, explora, identifica e

pode proporcionar clareza com relação aos tipos de variáveis que demandam mais

investigação” (GRAY, p. 169, 2012).

Quanto à forma indutiva, para Gray (2012), se planeja a coleta de dados e, depois, são

analisados, para verificar se há qualquer padrão que sugira relações entre as variáveis. Ainda,

do Autor, a partir dessas observações pode ser possível construir generalizações, relações e até

mesmo teoria. Neste aspecto Marconi e Lakatos (2009) corroboram:

“Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados

particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal,

não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos é levar a

conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se

basearam” (MARCONI E LAKATOS, p. 53, 2009).

A pesquisa pode ser classificada, também, como bibliográfica e documental, por ter sido

realizada, inicialmente, como base teórica, em dados primários e informações que tratam dos

assuntos de interesse, com vista ao resultado esperado.

Gil (2010) salienta que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já

elaborado, construído, principalmente, de livros e artigos científicos. Quanto à pesquisa

documental, Gil (2010) descreve que se assemelha muito à pesquisa bibliográfica. A única

diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza

essencialmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa

documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou, que

ainda pode ser reelaborado de acordo com os objetivos da pesquisa.

Neste sentido, Marconi e Lakatos (2007) acrescentam “sua finalidade é colocar o

pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado

assunto, inclusive conferências seguidas de debates, que tenham sido transcritas por alguma

forma, quer publicadas, quer gravadas”.

Sobre a pesquisa bibliográfica, Faria et al, (2007) chama a atenção para:

“Durante as leituras, é importante aproveitar as ideias que vão surgindo (insighs)27 e

anotá-las imediatamente para que não se percam. Salientam os autores, que no

momento das leituras é natural que o pesquisador já comece, mentalmente, a cruzar

informações com outros textos lidos, devendo, também, anotar essas reflexões”

(FARIA et al, p. 33, 2007).

27Insighs: é um substantivo com origem no idioma inglês e que significa compreensão.

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3.3 TÉCNICASADOTADAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Segundo Marconi e Lakatos (2007), a fase de coleta de dados é a etapa da pesquisa em

que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se

efetuar a obtenção dos dados previstos.

Conforme Gil (2010), na observação sistemática o pesquisador precisa elaborar um

plano que estabeleça o que deve ser observado, em que momentos, bem como a forma de

registro e organização das informações. Marconi e Lakatos (2007) acrescentam que quanto mais

planejamento for feito previamente, menos desperdício de tempo haverá no trabalho de campo,

propriamente dito, facilitando a etapa seguinte.

Este trabalho foi centrado no método de pesquisa-ação, tendo como objetivo estudar a

gestão ambiental de estaleiro naval. Dentre as características operacionais de estaleiro (perfil

de produção, diversidade de configuração e atuação), pretendeu-se fixar como objetivo da

pesquisa estudar as empresas pertencentes ao polo naval da Baia da Guanabara – RJ, em

especial, àquelas com demandas /encomendas de offshores (navios e plataformas).

Conforme Gray (2012), o método de pesquisa-ação trata de problemas da vida real.

Complementa o Autor “quem faz pesquisa-ação se envolve diretamente no processo de pesquisa

com um agente da transformação, dedicando não apenas a estudar organizações e processos,

mas também a melhorá-los” (GRAY, p.254, 2012)

Esta técnica de estudo foi selecionada para descrever as características relacionadas ao

escopo do gerenciamento ambiental. Segundo Gray (2012), a pesquisa-ação é comprometida e

intencional, mas também informada e sistemática, na qual o pesquisador não se julga

simplesmente no processo de pesquisa. Esperam-se, do pesquisador, ações de planejamento,

implementação e ética que precisam ser tratadas.

Para Gray (2012), dentro do processo de pesquisa, há metodologias variadas, cada uma

com suas próprias prioridades e modos de investigação. Para esta pesquisa adota-se um contexto

mais organizacional, com possibilidade de incluir maneiras de os profissionais e gestores

ambientais melhorarem suas próprias práticas.

Neste contexto, segundo Gray (2012), é necessário atender três características em

comum:

1. os sujeitos de pesquisa são os colaboradores e o pesquisador;

2. a pesquisa deve ser vista como um agente da transformação e

3. os dados são gerados a partir de experiências diretas dos participantes de

pesquisa.

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98

Nesta pesquisa, foram adotados vários procedimentos para a realização da coleta de

dados, que variaram de acordo com as circunstâncias ou com a fase da investigação.

As técnicas utilizadas foram:

1. COLETA DOCUMENTAL: Marconi e Lakatos (2003) comentam que:

“A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita

a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias.

Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois”

(MARCONI E LAKATOS, p. 174, 2003).

Nesta etapa, foram feitas as coletas, seleções e análises do arcabouço legal, técnico e

demais requisitos pertinentes à gestão ambiental de estaleiro naval.

Foram utilizados - como suportes à pesquisa - documentos de usos e empregos nas

atividades de gerenciamento ambiental. Ressalta-se que a empresa - na qual o pesquisador tem

vínculo empregatício - facultou-lhe o livre acesso às consultas, àquelas que se fizeram

necessárias, como destacado no capítulo 2 – Referencial Teórico, p.24.

Foram objetos de pesquisa os requisitos legais contidos nas licenças ambientais e suas

condicionantes, os relatórios de auditorias ambientais compulsórias e voluntárias; os relatórios

técnico-ambientais (laudos, avaliações laboratoriais e planilhas de controle e monitoramento).

Foi possível, do mesmo modo, acessar o sistema informatizado para consulta em bancos

de dados, em rede de computadores (intranet), com acesso direto pelo usuário do posto de

trabalho.

Os dados relativos aos padrões corporativos foram obtidos do portal de dados e

documentos, através de buscas por: palavras-chave, assuntos e órgãos da estrutura

organizacional. Foram selecionados e analisados somente os documentos classificados como

“públicos”, levando-se em consideração o cargo e o perfil de acesso do pesquisador.

Após análises, avaliações e considerações (ou julgamentos), com base nos objetivos

deste trabalho, os documentos foram separados, organizados e agrupados por temas afins, isto

é, aqueles classificados como documentos relevantes. Na sequência, procederam-se os estudos,

com elaborações dos resumos e organizações em textos, como os citados e incorporados ao

capítulo 2 - Referencial Teórico.

2. FONTES BIBLIOGRÁFICAS: Marconi e Lakatos (2003) explicam que:

“A pesquisa bibliográfica, ou fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada

pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais,

revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios

de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e

televisão” (MARCONI E LAKATOS, p. 183, 2003).

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Gray (2012) cita a internet como uma fonte eletrônica de um banco de dados

bibliográficos, que oferece um índice de artigos e outros materiais, além de resumos, citações

e o próprio artigo integral ou links pelos quais ele pode ser acessado. Ainda, o Autor afirma que

a maioria das instituições acadêmicas dá aos alunos acesso livre a uma série de bancos de dados

desse tipo.

Para pesquisa bibliográfica sobre os métodos do AMD, foram feitas consultas em

literaturas técnico-científicas referentes aos métodos AHP e TODIM, e também quanto ao mapa

cognitivo/ SODA e SSM. Os procedimentos de pesquisas foram os citados no capítulo 2 –

Referencial Teórico, (p. 24).

3. ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS: Gray (2012) classifica a entrevista como

coleta de dados primários:

“Uma entrevista é uma conversa entre pessoas, a qual uma cumpre o papel de

pesquisador” (GRAY, p. 299, 2012).

Gray (2012) enfatiza que a entrevista bem conduzida é uma ferramenta poderosa para

evocar dados ricos sobre visões, atitudes e sentidos que embasam as vidas e os comportamentos

das pessoas.

As entrevistas semiestruturadas não são padronizadas e, muitas vezes, são usadas na

análise qualitativa. Para Gil (2010), esta modalidade de entrevista se dá o nome de entrevista

focalizada, na qual o entrevistador permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto.

Conforme Gray (2012), permite-se fazer aprofundamento das visões e das opiniões e,

quando for desejável, que os respondentes aprofundem suas respostas. Ele acrescenta:

“podem ser feitas perguntas adicionais, inclusive algumas que não tenham sido

previstas no início da entrevista, à medida que surgem novas questões” (GRAY, p.

302, 2012).

Os processos relacionados às entrevistas semiestruturadas, bem como sobre os instrumentos

elaborados e as técnicas à seleção de dados, estão descritos no fluxograma representado pela

Figura 3.1 - Etapas dos Processos Relacionado à Estruturação de Problema.

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100

Figura 3.1 – Etapas dos Processos Relacionado à Estruturação de Problema

Fonte: o autor.

Os eventos relacionados às entrevistas foram definidos por etapas:

Etapa 1: Planejamento das entrevistas – foram selecionados cargos e colaboradores

internos de um dado estaleiro (colaboradores próprios e prestadores de serviços contratados

para apoio a gestão ambiental), aqueles- com funções laborais- que se enquadravam aos

propósitos do trabalho pretendido.

O Quadro 3.1 – Planejamento de Entrevistas - apresenta a relação dos cargos

selecionados para fins de entrevistas, bem como o número de pessoas por cargo e suas

formações acadêmicas, de tal modo a contemplar três níveis hierárquicos, que foram definidos

pelos critérios: a) relevâncias administrativas e, b) funções estratégicas quantos aos processos

do gerenciamento ambiental.

Planejamento

das Entrevistas

Instrumento para coleta

de dados

Framework: Controle e

Desempenho Ambiental

Levantamento dos

Constructos

Mapas SODA /

Mapas Cognitivos

Identificação dos PVF(s)

• Definição dos Interlocutores

• Agendamento das entrevistas

• Elaboração de Planilha

• Utilização como documento

auxiliar às entrevistas

• Organização e agrupamento dos

dados obtidos pelas entrevistas,

• Definições de grupos de interesse

a partir da compilação dos dados,

• Seleção de conceitos por grupos

de interesse.

• Construção e validação

dos mapas cognitivos

• Validação dos PVF(s),

• Conjunto final dos PVF(s).

ProcessosEtapas Ações Implementadas

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

Definição dos Critérios e

Estruturação Hierárquica

• Objetivo,

• Áreas do Conhecimento,

• Critérios,

• Alternativas

(7)

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101

Quadro 3.1 –Planejamento de Entrevistas

Cargo na Empresa Quantidade

de Pessoas

Formação

Escolar

Vínculo com

a Empresa

Função de

Liderança

Gerente Administrativo 1 Superior Próprio Alta

Gerente de SMS 1 Superior Próprio Alta

Gerente de Segurança

do Trabalho 1 Superior Próprio Média

Gerente de Meio

Ambiente 1 Superior Próprio Média

Engenheiro de Meio

Ambiente 1 Superior Contratado Média

Advogado Ambiental 1 Superior Contratado Média

Técnico de Meio

Ambiente 2

Técnico

Nível Médio Contratado Operacional

Técnico de Construção

e Montagem 1

Técnico

Nível Médio Próprio Operacional

Fonte: o autor.

As entrevistas foram acordadas e agendadas por contatos telefônicos, diretamente com

as pessoas selecionadas. No contato inicial, foi possível definir: a) o dia do evento, b) o horário,

c) o tempo previsto da reunião, d) local do evento (sala de reunião). Em cada contato, foi

possível apresentar: a) preâmbulo dos objetivos, b) o formato da entrevista (individual,

preferencialmente), c) os recursos a serem utilizados (materiais) e, d) os registros que seriam

gerados.

Etapa 2: Instrumentos para coletas de dados – elaborou-se planilha específica, com a

finalidade de coletas e registros de dados. Elaborou-se o instrumento, com base na Tabela 1, a

qual está contida no artigo publicado pela revista FACEF Pesquisa - Desenvolvimento e

Gestão28, sob o título “Estruturação do Problema de Desempenho das Unidades Operacionais

de Instituição de Ensino Profissionalizante Utilizando uma Multimetodologia”, de SIMÕES et

al (2015, p.354). Ressalta-se, que o artigo retrocitado refere-se a uma aplicação prática de

estruturação de problema, em conformidade ao método PSM - Problem Structuring Methods.

Segundo Simões et al (2015), “os métodos de estruturação de problemas (PSM -

Problem Structuring Methods) são utilizados em cenários onde o problema não se apresenta de

28 Endereço eletrônico: http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/facefpesquisa/article/view/1111/846. Acesso

em: 22.02.2017.

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maneira estruturada tampouco com a clareza necessária para determinar facilmente todas as

variáveis envolvidas”.

A planilha, em questão, apresenta-se formatada / organizada da esquerda à direita,

composta de três colunas, cada qual com seu cabeçalho, como seguem:

1. Primeira coluna “Descrição dos envolvidos no processo de gestão ambiental”,

destina-se a registrar os envolvidos (áreas ou setores) nos processos de gerenciamento

ambiental.

2. Segunda coluna “Descrição da influência dos envolvidos”, destina-se a registrar

o(s) poder(es) de atuação técnica ou administrativa dos envolvidos (1ª Coluna) no

gerenciamento ambiental.

3. Terceira coluna “Descrição das restrições”, destina-se a registrar os controles e

demandas interpostas pelos atores condizentes aos registros da 2ª Coluna.

Uma vez realizadas as anotações, ao final do evento (entrevista), os dados foram

compilados e organizados, e, na sequência, levados ao conhecimento do interlocutor

(entrevistado) com o propósito de buscar sua anuência sobre as informações colhidas / anotadas.

Quando constatou-se divergência sobre as anotações, recorreu-se ao diálogo entre o

respondente e o pesquisador, como forma de buscar o consenso e validar o processo de tomadas

de informações.

As perguntas formuladas eram do tipo, “o quê?” e “como?”, ambas relativas aos

processos de gestão ambiental. Foram realizadas sempre com liberdade de exposições de

opiniões, pontos de vistas e discussões pertinentes ao tema entre os interlocutores.

Etapa 3: Framework29: Controle e Desempenho Ambiental – trata-se de ferramenta de

apoio às pesquisas de campo (entrevistas), cujo documento foi organizado pelo pesquisador a

partir de informações e levantamento de dados durante a elaboração do capítulo 2 - Referencial

Teórico. O documento está ilustrado no Apêndice F.

Etapa 4: Levantamento dos Constructos – nesta etapa do processo, foi realizada a

organização e os agrupamentos dos constructos por relações e similaridades textuais, por

técnica de compilação dos dados. Paralelamente, ocorreram as identificações e denominações

dos grupos de interesse com a finalidade de realçar os temas centrais das exposições dos fatos.

Ocorreram, também, as transformações dos constructos em conceitos e, na sequência, foram

29Framework ou arcabouço conceitual: é um conjunto de conceitos usado para resolver um problema de um

domínio específico.

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relacionados aos grupos de interesse sob a ótica da gestão ambiental. Para este contexto

decisório, foram escolhidos dois gestores ambientais (decisores), com habilidade e vivência em

gestão de SMS – Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional.

Etapa 5: Mapa SODA e Mapa Cognitivo – trata-se da construção dos mapas cognitivos

individuais, por áreas de interesse, a partir das informações levantadas na Etapa 4 -

Levantamento dos Constructos. Participam, deste trabalho, o pesquisador - como Facilitador -

e os Decisores. Cada processo construtivo somente era finalizado com a validação do mapa.

Buscava-se o consenso entre as partes, quando necessário.

Etapa 6: Identificação dos PVF - após a conclusão da Etapa 5, passou-se a construção e

análise do mapa cognitivo congregado (organizações dos mapas individuais, em uma só

representação). Segundo o método construtivo, é a fase do processo que se realiza a transição

do mapa cognitivo congregado para o modelo multicritério, através das definições dos PVF

como critérios.

Etapa 7. Definição dos Critérios e Estruturação Hierárquica: Nesta etapa, foram

definidos os critérios, por consenso, respeitando os interesses dos decisores. Foi feita a

estruturação dos critérios, de modo hierárquico, na forma de uma árvore, como preconiza o

método. A estruturação ocorreu de forma cuidadosa, para que os critérios aplicados fossem

realmente homogêneos e não redundantes. A hierarquização ocorreu do seguinte modo: a) o

início estava representado pelo objetivo global; b) no nível abaixo, estavam representadas as

quatro áreas do conhecimento; c) abaixo do segundo nível, foram posicionados os

correspondentes critérios e, d) finalizando (nível inferior), abaixo dos critérios, estavam as

alternativas. A representação gráfica da estruturação hierárquica da aplicação do método AHP

está ilustrada na Figura 2.12– Estruturação hierárquica do AHP.

As definições dos critérios tiveram por finalidade utilizá-los como dados de entrada à

aplicação da metodologia de auxilio multicritério, do AHP.

O processo metodológico utilizado para a execução do método AHP está descrito na

seção 3.4 – técnica de execução do método AHP.

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104

3.4 TÉCNICA DE EXECUÇÃO DO MÉTODO AHP

A aplicação e análise de decisão, pelo método multicritério AHP, podem ser entendidas

por etapas de execução.

A Figura 3.2 traz a representação do fluxograma da aplicação e análise do AHP, onde

estão descritas, de modo conciso, todas as etapas do procedimento analítico do AHP, previstas

e utilizadas para este trabalho.

Figura 3.2 - Fluxograma da Aplicação e Análise do AHP

Adaptado de Vieira (2006)

O método de aplicação e análise do AHP, para o presente trabalho, teve como modelo

as etapas propostas por Vieira (2006), conforme descritas:

1. Definição do Objeto de Decisão: foi definido que o método AHP era o mais

adequado à solução do problema, por usar uma abordagem hierárquica para estabelecer os

objetivos, os critérios e para identificar as alternativas, conforme as preferências os decisores.

Definição do Objetivo de Decisão

Obtenção dos Vetores de Prioridades

Matriz de Decisão do Método AHP

Identificação dos Decisores

Matriz de Comparação de Critérios

PROCESSOS

Índice de Consistência (IC)

Pesos Relativos entre Critérios

Definição das Alternativas e

Coletas de Dados

Determinações dos IC das Matrizes de

Comparações das Alternativas

(1)

(8)

(9)

(2)

(3)

ETAPAS

(4)

(5)

(6)

(7)

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2. Identificação dos Decisores: foram definidos gestores ambientais como agentes de

decisão (ou decisores) na forma de juízos de valor.

3. Matriz de Comparação de Critérios: foi elaborada a matriz de comparação par a par

entre critério, com os valores numéricos propostos pelos decisores, tendo como referência a

Escala Fundamental de Saaty.

4. Índice de Consistência (IC): foi verificado o índice de consistência dos dados da

matriz de comparação de critérios, bem como da própria matriz. Este procedimento é requerido

pelo método para a validação integral da matriz.

5. Pesos Relativos entre Critérios: após as Etapas 3 e 4, respectivamente, foram

determinados os pesos relativos entre os critérios. O processo ocorre através das definições dos

valores dos autovetores normalizados, da matriz de comparação, sendo possível obter a

ordenação do maior ao menor valor relativo, entre os critérios.

6. Definição das Alternativas e Coletas de Dados: foram selecionados, para serem

alternativas do processo, sete estaleiros navais, de um total de quinze pesquisados, e todos do

segmento industrial naval de offshores. Estes estaleiros estão localizados nas bordas da Baia da

Guanabara – RJ. Foram entrevistados os representantes ambientais dos estaleiros (profissionais,

gestores e técnicos ambientais) que emitiram seus juízos verbais sobre os critérios. As opiniões

e preferências dos entrevistados foram transformadas em valores numéricos por meio e uso da

Escala Fundamental de Saaty (Apêndice E - Questionário de Comparação Par a Par). Os valores

foram organizados em seis matrizes quadradas recíprocas, chamadas de Matrizes de

Comparações das Alternativas. Com as matrizes, foram possíveis aos decisores verificarem as

preferências relativas entre as alternativas, individualmente, sobre cada critério.

7. Determinações dos IC das Matrizes de Comparações das Alternativas: este

procedimento é similar ao citado na Etapa 4.

8. Obtenção dos Vetores de Prioridades (ou autovetor): na Etapa7, foram calculados

os autovetores normalizados das matrizes de comparações das alternativas, como parte do

procedimento de definições dos IC. Nesta Etapa, todos os valores dos autovetores normalizados

foram utilizados como dados matriz de decisão.

9. Matriz de Decisão do Método AHP: tratava-se da matriz de critérios por alternativas,

como proposta na Etapa 8. Nesta matriz, foram elencados os pesos relativos de cada critério,

aqueles relacionados às preferências das alternativas.

Os valores desta matriz (matriz de decisão), associados aos pesos relativos dos critérios

definidos na Etapa 5, foram utilizados como dados de entrada para aplicação da modelagem

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106

matemática do método TODIM. A seção 3.5, sob a técnica de execução do método TODIM,

descreve toda a metodologia de aplicação do método.

3.5 TÉCNICA DE EXECUÇÃO DO MÉTODO TODIM

O TODIM foi o método do AMD definido para o projeto de pesquisa como a ferramenta

possível de apresentar uma ordenação das alternativas. A seguir, são explicadas as etapas do

procedimento analítico do TODIM, o qual foi implementado neste trabalho, conforme o

fluxograma representado pela Figura 3.3 - Fluxograma da Aplicação e Análise do TODIM.

Figura 3.3 - Fluxograma da Aplicação e Análise do TODIM

Fonte: o autor.

O método de aplicação e a análise do TODIM, para o presente trabalho, tiveram as

seguintes etapas:

1. Matriz de Decisão – a matriz de decisão representa o resultado final da aplicação do

método AHP. Trata-se de uma matriz onde estão elencados os pesos relativos de cada critério,

comparativamente, às preferências das alternativas. Os valores desta matriz, juntamente com

Matriz de Decisão

Análises de Sensibilidade

Normalização da Matriz de Decisão

Formulação Matemática do Modelo

PROCESSOS

Valores Finais e Ordenação

(1)

(2)

(3)

ETAPAS

(4)

(5)

Conclusão(6)

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107

os pesos relativos atribuídos a cada critério, foram os dados de entrada para a aplicação da

modelagem matemática do método TODIM.

2. Normalização da Matriz de Decisão: deverá ser feita a normalização da matriz de

decisão, quando couber esta ação.

3. Formalização Matemática do Modelo: implementação efetiva da formulação

matemática do modelo TODIM.

4. Valores Finais e Ordenação: com aplicação do modelo matemático do TODIM, foi

possível obter os valores de utilidades globais correspondentes a cada alternativa. Outros

resultados atribuídos a esta Etapa foram os correspondentes: a) normalização dos valores de

utilidades globais e b) a ordenação das alternativas.

5. Análises de Sensibilidade: esta ação permitiu-se avaliar a estrutura do modelo de tomada

de decisão proposto e o seu conteúdo. Segundo Gomes et al. (2011), “são adequados para resolver o

problema em questão”. Foram duas as opções para as verificações do método: primeiro, em

alterarem 20% (vinte por cento) e, a segunda, em menos 10% (dez por cento) sobre o valor do

maior peso relativo entre os critérios. Com as simulações, verificou-se que os novos resultados

apresentados e os correspondentes impactos individuais relativos aos valores atribuídos, quando

comparados aos valores iniciais, não se alteraram significativamente.

6. Conclusão: uma análise criteriosa foi realizada com a finalidade de validar as

metodologias multicritérios implementadas, para que não fosse criado um modelo que levasse

à irrealidade. Por consequência, para se clarificar a tomada de decisão, torna-se indispensável

o domínio dos fundamentos e métodos do AMD (GOMES; GOMES, 2014).

Todos os recursos e conhecimentos adquiridos no desenvolvimento deste capítulo foram

aplicados, no capítulo 4, como suporte metodológico da pesquisa-ação. Ao final do capítulo 4,

será possível fazer as análises dos resultados e as conclusões do presente trabalho de pesquisa.

Portanto, será possível concluir sobre a viabilidade ou não de se utilizar os métodos do

AMD, aqueles descritos por este trabalho, na gestão ambiental de estaleiro naval.

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108

4 PESQUISA-AÇÃO

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Estaleiro naval é, seguramente, o elo mais importante na cadeira produtiva da indústria

naval por demandar e concentrar, na sua planta industrial, elevadas quantias de suprimentos

(chapas e perfis metálicos, navipeças, equipamentos, máquinas, tubulações dentre outros),

como também, por fazer uso intensivo em mão de obras e de recursos naturais. Também requer

complexa infraestrutura industrial como suporte às suas principais atividades, por exemplo,

construção, reparo, manutenção, adequação de embarcação naval. Os estaleiros também

atendem demandas de serviços e obras do segmento de offshores, como, por exemplo,

conversões de navios, construção e manutenção de plataformas marítimas de produção de

petróleo e gás.

Estaleiros navais são classificados pelos órgãos ambientais governamentais como

atividade industrial do setor da indústria metalúrgica, dando destaques às suas atividades

preponderantes como processos operacionais potencialmente poluidores ao meio ambiente.

Portanto, sob o ponto de vista ambiental, podem causar impactos significativos ao meio

físico, isto é, provocar alterações na qualidade do ar, do solo e de corpos hídricos. Outra questão

associada ao impacto ambiental diz respeito à elevada utilização de matérias primas e consumo

de energias nos processos industriais, bem como os descartes de rejeitos. Faz parte deste

contexto a preocupação com impactos no meio biótico (fauna e flora), assim como a

possibilidade de trazer prejuízos à saúde das pessoas.

Neste cenário complexo, vislumbrou-se a oportunidade de realizar o presente trabalho

acadêmico, na forma de pesquisa-ação, sobre “gestão ambiental em estaleiro naval”, com um

grupo de estaleiros navais, com características operacionais similares e situados em um mesmo

polo industrial.

Os estudos e pesquisas foram direcionados às ações técnicas e administrativas, isto é,

àquelas que dizem respeitos ao gerenciamento e o controle ambiental, como ações requeridas

por atos administrativos interportos por órgãos fiscalizadores governamentais e suas práticas

operacionais adotadas pela governança empresarial, com os objetivos de preservar o meio

ambiente e não gerar passivos ambientais.

Inicialmente, para realizar o diagnóstico e compreensão global do aludido desafio,

lançou-se mão de métodos de pesquisa acadêmica, como entrevistas semiestruturadas e de

pesquisas bibliográfica e documental. Adicionalmente, foram estudadas e analisadas as

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obrigações legais, normas operacionais, condicionantes ambientais e procedimentos técnicos.

Estes documentos compõem o rol de obrigações das organizações navais, tanto de cunho legal

como práticas operacionais da gestão ambiental.

Para realizar a pesquisa, foram selecionados métodos de estruturação de problemas

como SSM e o de construção/elaboração de mapa cognitivo pareado à metodologia SODA.

Com as aplicações dos métodos, foi possível definir critérios ambientais. Os critérios foram

determinados como as participações de profissionais e gestores ambientais, os quais

contribuíram opiniões e pontos de vistas sobre suas práticas e vivências profissionais sobre

modelos de gestão.

Continuando-se o trabalho, o desafio passou a ser os empregos dos métodos de apoio

multicritérios à tomada de decisão. Como premissas os métodos deveriam considerar as

importâncias relativas entre os critérios (quantitativos e qualitativos), bem como as

subjetividades dos interlocutores. Neste caso as escolhas recaíram sobre os métodos AHP e

TODIM.

Como alternativas do processo, foram selecionados sete estaleiros localizados ao longo

da orla marítima e ilhas da Baia da Guanabara/RJ, aqueles que, mediante convite formal do

pesquisador, concordaram em contribuir com a pesquisa. Os estaleiros selecionados, além da

posição geográfica, possuem características operacionais similares (perfil de produção, carteira

de encomendas, configuração física e atuação), bem como por estarem sujeitos às obrigações

legais ambientais, interpostas pelos órgãos reguladores governamentais, fatos que trazem

robustez ao trabalho de pesquisa.

O AHP é o método mais conhecido e usado no mundo. Por esse método, o problema de

decisão é dividido em níveis hierárquicos, facilitando, assim, sua compreensão e avaliação.

Quanto ao TODIM, é o método aplicável à resolução de problemas do tipo Pγ, isto é, para

esclarecer a decisão por meio de uma ordenação das alternativas. Segundo Gomes, Araya e

Carignano (2004), o método tem a vantagem de modelar os padrões de preferência quando se

tomam decisões de risco.

A aplicação do método TODIM se dá a partir da Matriz de Decisão Normalizada. Os

dados dessa Matriz, por sua vez, são obtidos a partir dos resultados finais da aplicação do

método AHP. A modelagem matemática do TODIM segue um caminho específico, pelo fato

de se basear na Teoria dos Prospectos.

O trabalho de pesquisa finaliza-se com os resultados da ordenação e os valores globais

das alternativas obtidos pelo método TODIM. São elementos considerados, no modelo

matemático, a Matriz de Decisão Normalizada e os valores relativos atribuídos a cada critério,

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comparativamente. Em complementação, foram realizadas análises de sensibilidade

recomendadas pelo método TODIM, com a finalidade de verificar se o modelo criado para o

problema é condizente com a realidade.

Nas próximas seções, deste capítulo, serão detalhados os passos da pesquisa-ação, com

aplicações dos conhecimentos e métodos apresentados no capítulo que trata das metodologias.

4.2 PLANEJAMENTO E COLETAS DE DADOS

O planejamento, com o propósito de colher os dados em campo, no âmbito do estaleiro

de referência, iniciou-se com a definição e escolhas de pessoas lotadas nos vários níveis

hierárquicos, com atribuições funcionais em gestão ambiental. Como refinamento às escolhas,

era preciso que os colaboradores conhecessem os objetivos ambientais empresariais, como

também, ocupassem funções de coordenações de atividades na organização e poder de decisão.

As pessoas que se enquadraram às premissas iniciais foram selecionadas, informadas e

convidadas a contribuírem com a pesquisa, de forma colaborativa.

O modo principal de contribuição dizia respeito a responder questões acerca da gestão

ambiental, com interlocuções em entrevista presencial, na qual cada pessoa deveria expressar

opiniões sobre a temática gestão ambiental do estaleiro naval.

Os selecionados foram separados em três grupos funcionais, contemplando os níveis

hierárquicos do estaleiro, como apresentado no Apêndice H - Seleção dos Entrevistados,

definidos como:

1.- Grupo Estratégico: composto por duas pessoas com: a) responsabilidade

administrativa, b) poder de gestão sobre recursos, c) responsabilidades pela internalização de

políticas e de diretrizes corporativas.

2.- Grupo Tático: composto por quatro pessoas que participam das gerências

intermediárias, com responsabilidades: a) desdobramento de planos estratégicos (produção,

financeiro etc.); b) relacionamentos com fornecedores e terceiros; c) relacionamentos com

partes interessadas.

3.- Grupo Operacional: composto por duas pessoas com responsabilidades: a) pelas

operações rotineiras; b) pelos relacionamentos com pessoas e organização do trabalho; c) pela

supervisão de campo, de modo a evitar a geração de passivos ambientais.

Simultaneamente às entrevistas, ocorreram os registros das informações e opiniões, em

planilha como o modelo representado no Quadro 4.1 - Planilha de Coletas de Constructos.

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111

Ao final de cada evento, o material (planilha) com as anotações (dados compilados) era

levado ao conhecimento de cada entrevistado, com o propósito de buscar sua anuência sobre as

anotações e, quando necessário, procurava-se o consenso entre entrevistador e o entrevistado,

de modo a validar o processo.

Foram formuladas perguntas do tipo, “o quê” e “como”, relativas ao processo de gestão

ambiental, com liberdade de exposição de opiniões, pontos de vista e discussões pertinentes ao

tema.

Uma cópia do framework “Controle e Desempenho Ambiental” (Apêndice F) era

repassada no início do trabalho ao interlocutor como material de apoio, de modo a facilitar o

entendimento sobre o propósito do trabalho e, ao mesmo tempo, reaver na memória exemplos

de processos relacionados à gestão ambiental. Desse modo, as interações sobre o tema central

ocorreram com qualidade, orientação e foco.

O Quadro 4.1 apresenta uma ilustração do modelo da planilha utilizada nas entrevistas

junto aos representantes do Grupo Estratégico.

Quadro 4.1 – Planilha de Coletas de Constructos – Ação Estratégica

Planilha de Coletas de Constructos - Ação Estratégica -

Entrevistado: Cargo: Data:

Descrição das

áreas envolvidas

no processo de

gestão ambiental

Descrição da

influência dos

envolvidos

Descrição das restrições

Alta Direção do

Estaleiro

Assegurar a

sustentabilidade

ambiental do

estaleiro

Cumprir a previsão de custos e investimentos;

Acompanhar o andamento da execução física do

projeto;

Buscar a satisfação das partes envolvidas;

Garantir meios eficazes de comunicação com as

partes envolvidas;

Zelar pelo

cumprimento da

política de meio

ambiente, requisitos

normativos, legais e

contratuais

Garantir e monitorar as respostas às demandas

externas de partes envolvidas;

Resolver expectativas e conflitos entre áreas

administrativas;

Gerenciar a prevenção de passivos ambientais;

Gerenciar o controle de passivos ambientais.

Fonte: o autor, com base na Tabela 1, do artigo publicado por Simões et al (2015), na revista

FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gestão, v.18, nº 3, p.347-358, Franca.

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112

Procurou-se formular as perguntas com base nos termos dos cabeçalhos dispostos em

colunas e, como consequência, foram feitas as anotações nos espaços correspondentes, de

maneira sucessiva, conforme a descrição operacional de cada coluna:

a) primeira coluna: “descrição das áreas envolvidas no processo de gestão ambiental”,

- ao interlocutor, caberia informar a área administrativa (ou função) da qual iria

comentar;

b) segunda coluna: “descrição da influência dos envolvidos”, - neste caso, tratava-se

da(s) ação(es) e/ou responsabilidade(s)da(s) área(s) ou função(es) citado(s)

anteriormente, na primeira coluna;

c) terceira coluna: “descrição das restrições”, - nesta posição, eram registradas as ações

previstas e necessárias à gestão ambiental, com base nos argumentos citados e

registrados, tanto na primeira como na segunda coluna.

Após finalizar o processo das entrevistas, todos os materiais foram organizados e

analisados como sendo um diagnóstico da gestão ambiental do estaleiro. Como resultado

secundário, percebeu-se a necessidade de ampliar o escopo da pesquisa para contemplar outras

partes interessadas, as quais exercem influências nos processos de gestão ambiental. Estas áreas

foram identificadas como:

a) Gerência Corporativa de Meio Ambiente: área da empresa responsável pela

internalização da política ambiental; definição de objetivos estratégicos e metas;

gestão de indicadores de desempenho ambiental; compartilhamento das melhores

práticas; entre outros.

b) Fornecedores: empresas ou indivíduos que fornecem produtos e serviços ambientais

por meio de contrato comercial. Faz parte, do escopo contratual, a obrigatoriedade

de seguir normas contratuais sobre exigências técnicas, legais, ambientais e de

segurança.

c). Órgãos Intervenientes: pessoa física, jurídica ou mesmo órgãos governamentais,

como partes interessadas da gestão ambiental empresarial, com atribuições de

efetuar o controle e garantia da qualidade do meio ambiente, através de ações

interpostas por atos administrativos ou outros meios.

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113

Na fase seguinte, relacionadas às novas áreas identificadas, foram empenhados os

mesmos procedimentos dos eventos anteriores. Ocorreram entrevistas programadas com os

representantes da Gerência Corporativa e dos Fornecedores, respectivamente. Com relação aos

Órgãos Intervenientes, a opção feita pelo autor foi extrair as informações, através de análises

documentais e entendimentos sobre as obrigações interpostas pelas partes interessadas, como

legislações ambientais, condicionantes de licenças ambientais etc., como também outros

compromissos subscritos pelo estaleiro naval. Neste caso, o processo de entrevistas presenciais

tornou-se inviável, devido à dispersão territorial dos atores, principalmente, dos órgãos

governamentais, como também os retornos negativos quantos aos convites formulados, quer

sejam, por simples declinação ao pedido e/ou por entraves burocráticos, entre outros.

Ao término das duas fases das entrevistas, foram totalizados os seguintes dados

referentes as planilhas:

1. Questão: “descrição das áreas envolvidas com a gestão ambiental”.

Foram identificadas quatro áreas, sendo:

a) alta administração do estaleiro;

b) gerência corporativa de meio ambiente;

c) fornecedores de produtos e serviços ambientais;

d) organismos intervenientes (partes interessadas externas à organização).

2. Questão: “descrição da influência das áreas envolvidas”.

Foram identificados 17 (dezessete) atores como poder de influências.

3. Questão: “descrição das restrições”.

Foram identificados 128 (cento e vinte e oito) restrições que dizem respeito à gestão

ambiental em estaleiro.

Foram tomadas ações para transformarem os dados das entrevistas em informações

como parte do processo de estruturação do problema. Esta etapa foi elaborada pelo autor, após

abrir discussão e ouvir opiniões de gestores ambientais. A primeira modificação foi com relação

à denominação da área “alta administração do estaleiro”, a qual passou a se chamar

“responsabilidade dos gestores ambientais”.

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114

A razão para a mudança foi definir sua importância na organização assim como, dizer

das responsabilidades funcionais (técnica e operacional), a cargo dos profissionais envolvidos

com a gestão ambiental do estaleiro.

Outra ação foi com relação aos dados referentes à “descrição da influência das áreas

envolvidas”. Neste caso, as informações passaram a configurar como descritores (ou conceitos-

chave), isto é, passam a ser os objetivos a serem alcançados, posicionados em um nível acima

das “restrições”. São elementos-chave na estruturação do problema, por auxiliarem na

construção de modelo global de avaliação, como será detalhado na seção 4.3.1 - Construção

dos mapas SODA.

Os registros relacionados à “descrição das restrições” foram organizados, agrupados e

agregados com a forma de transformá-los em constructos da gestão ambiental. A etapa seguinte

foi a transformação dos constructos em conceitos da gestão ambiental, isto é, agregando a cada

constructo seu oposto psicológico.

O Quadro 4.2 apresenta o balanço geral, com os tratamentos implementados junto às

informações obtidas a partir das entrevistas. Estão citados os números de: a) áreas de interesse,

descritores e conceitos relacionados à gestão ambiental.

Quadro 4.2– Descritores e conceitos por áreas de interesse

Áreas de Interesse Descritores Conceitos

Responsabilidade dos

Gestores Ambientais 7 49

Gerência Corporativa 3 22

Interlocutores 3 24

Fornecedores 4 33

Soma = 17 128

Fonte: o autor.

O Quadro 4.3 apresenta uma ilustração da Planilha de Conceitos / Descritores que foi

utilizada para organizar e agrupar os elementos da gestão ambiental por áreas de interesse.

Foram elaboradas quatro planilhas, sendo uma para cada área de interesse, conforme

Quadro 4.2, a saber: i. Responsabilidade dos Gestores Ambientais; ii. Gerência Corporativa; iii.

Interlocutores e, iv. Fornecedores.

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Quadro 4.3 – Planilha de Conceitos / Descritores

Planilha de Conceitos / /Descritores por Áreas de Gestão Ambiental

- Área de Interesse: Responsabilidade dos Gestores Ambientais -

Descrição da influência dos

envolvidos.

(descritores ou conceitos-chave)

Descrição das restrições

(conceitos de gestão ambiental)

a) Internalizar os preceitos

ambientais

b) Cumprir e fazer cumprir as

iniciativas corporativas

1. Falta de práticas de benchmarking estruturados para

processo de gestão ambiental ... Ter práticas de

benchmarking, com vista aos modelos de gestão

ambiental.

2. preocupar-se com a não geração de passivos

ambientais ... Ser multados pelos Órgãos Ambientais.

3. Cumprir plenamente a legislação ambiental e demais

requisitos subscritos ao seu encargo ... Ter as Licenças

Ambientais suspensas.

4. Evitar os impactos ambientais de seus processos ...

Ter impactos ambientais decorrentes dos processos.

5. Estabelecer programas para mitigar e reduzir os

descartes poluentes na natureza ... Não estabelecer

programas de descartes de poluentes ambientais.

Fonte: o autor.

Os próximos passos, do presente trabalho, referem-se à seção 4.3 – Aplicações de

ferramentas e métodos do AMD.

4.3 APLICAÇÕES DE FERRAMENTAS E MÉTODOS DO AMD

Nesta seção, serão descritos os processos decisórios de estruturação de problemas,

inicialmente, com a aplicação da metodologia para elaboração de mapa SODA. Na sequência,

a partir dos resultados de SODA, será empregado o método de construção de mapa cognitivo

causal, com a finalidade de identificar os pontos de vista fundamentais – PVF.

4.3.1 Construção dos mapas SODA

Nesta seção, será descrito o modo de construção dos mapas SODA, que são utilizados

como ferramenta no processo de estruturação de problemas, após a consolidação das

informações obtidas nas entrevistas com gestores ambientais. Para tanto, lançou-se mão dos 17

(dezessete) descritores (ou conceitos-chave), como pontos de partida.

Na sequência, são tomados os conceitos listados em planilhas, onde se encontram

relacionados cada qual com seu correspondente descritor. Ao todo, são 4 (quatro) listas

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organizadas por áreas de conhecimento: 1. Responsabilidade dos Gestores Ambientais; 2.

Gestão Corporativa; 3. Intervenientes, e 4. Fornecedores.

Cada mapa SODA recebe um descritor como objetivo a ser alcançado. Na construção

do mapa SODA, adota-se o limite máximo de doze conceitos vinculados. Esta restrição tem por

finalidade privilegiar o domínio de conhecimento sobre o tema em pauta, objetividade e

simplificação. Todos os conceitos, dispostos nos respectivos mapas, foram posicionados numa

relação de causa – efeito, como determina o método construtivo.

Nesta etapa, foram elaborados dezessete mapas SODA, organizados em quatro áreas de

conhecimento, como ilustrado no Quadro 4.4 –

Áreas de Conhecimento e Relação dos Descritores.

Quadro 4.4 – Áreas de Conhecimento e Relação dos Descritores

Áreas de

Conhecimento Relação dos Descritores

Responsabilidade

dos Gestores

Ambientais

Zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental.

Assegurar a sustentabilidade ambiental.

Gerir os riscos, aspectos e impactos ambientais.

Buscar formas de promoção e controle do desempenho ambiental.

Administrar relacionamento com públicos de interesse.

Dispor de plano estratégico para emergências ambientais

Avaliar o comprometimento dos colaboradores com o estaleiro

Gestão

Corporativa

Aprimorar sistema de gestão ambiental corporativa

Definir objetivos, metas e indicadores de desempenhos ambientais.

Gerir a dinâmica da gestão ambiental

Intervenientes

Gerir os processos de obtenções de licenças e de autorizações

ambientais

Gerir os processos de auditorias e inspeções ambientais compulsórias

Gerir os programas ambientais interpostos por condicionantes

Fornecedores

Administrar os contratos de prestação de serviços ambientais

Monitorar os riscos e vulnerabilidades na prestação de serviços

Planejar ações em anomalias e emergências ambientais

Demonstrar maturidade empresarial nas soluções de problemas

ambientais.

Fonte: o autor.

Cada conjunto de mapas SODA, organizado por área de conhecimento, foi apresentado

às pessoas entrevistadas anteriormente, como feedback, para conhecimentos, análises e

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considerações, sendo possível, então, fazer novos ajustes de conteúdo, como, por exemplos,

adequações nas relações causas/efeitos e complementações de conceitos, sempre buscando o

consenso entre o facilitador e os interlocutores.

As adequações, em síntese, proporcionaram ganhos de conhecimentos, melhorias nas

ordenações causa/efeito e estruturações dos conceitos.

A Figura 4.1 é um exemplo de mapa SODA, o qual foi elaborado com participações dos

interlocutores e anuências dos gestores que contribuíram com as informações iniciais. Neste

exemplo, foi empregado o descritor: zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental.

Figura 4.1 - Mapa SODA

“Zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental”.

Fonte: o autor.

9. Internalizar os conceitos

fundamentais da política ambiental

... não internalizar os conceitos

4. Resolver expectativas e

conflitos entre áreas administrativas

... não resolver expectativas e conflitos

29. Zelar pela política de M. A., requisitos

normativos, legais e contratuais ...

não zelar pela política de M. Ambiente

13. Empenhar pelo cumprimento

de leis e iniciativas relacionadas

a gestão ambiental ... não

empenhar pelo cumprimento

11. Elaborar programas de

meio ambiente ... não

elaborar programas

145. Planejar os atendimentos

aos requisitos ambientais ...

não planejar os atendimentos

8. Integrar o Plano de Auxilio Mútuo

... não integrar PAM

50. Avaliar/monitorar os

passivos ambientais ...

não avaliar/monitorar

5. Gerenciar a prevenção

de passivos ambientais ... não

gerenciar a prevenção

2. Falta de práticas de benchmarking

estruturadas p/ processos de

licenciamentos ... ter prática de

benchmarking

1. Falta de práticas de benchmarking

estruturadas p/ proc. Gestão ... ter

prática de benchmarking

12. Consolidar e reportar os

resultados das autoavaliações

... não consolidar e reportar

3. Garantir e monitorar as respostas

às demandas externas ... não

garantir e monitorar as respostas

7. Garantir recursos c/ base

na Matriz de Atribuições

... não garantir recursos

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118

4.3.2 Construção dos mapas cognitivos individuais

Após as finalizações e consolidações dos mapas SODA, tornou-se possível a elaboração

dos mapas cognitivos individuais. Neste caso, os mapas cognitivos individuais, utiliza-se os

mesmos elementos constituintes dos mapas SODA (descritor e conceitos), caso-a-caso.

Cabe salientar que são duas as principais diferenças entre os modelos, sendo o primeiro,

quanto às formas individuais das representações gráficas. O mapa cognitivo possui um formato

arborizante, o que difere do mapa SODA, o qual não possui uma representação gráfica rígida.

A segunda diferença é o fato de que, no mapa cognitivo, os conceitos possuem relações

de causas-efeitos e são representados de forma hierarquizada, com orientação ao nível mais alto

do mapa, isto é, direcionados ao conceito-chave ou objetivo a ser alcançado. Este método não

é exigido na construção do mapa SODA.

O método de construção do mapa cognitivo permite, também, que se façam adequações

quanto aos conceitos, como acrescentar, suprimir ou modificar conteúdos, durante o processo

de construção, de modo a alcançar o objetivo desejado.

Neste processo, os mapas cognitivos individuais foram elaborados a partir da série de

mapas SODA, relatados na seção 4.3.1, isto é, procurou-se manter o mesmo número de mapas,

aplicar iguais conceitos e seus respectivos conceitos-chave. Trata-se, aqui, de decisão

consensual entre o facilitador e os decisores, com a finalidade de manter as opiniões e os pontos

de vista dos colaboradores (gestores) acerca da gestão ambiental do estaleiro, apresentados na

fase do diagnóstico, como descritas na seção 4.2.

O processo de ordenação dos conceitos, inicialmente, não obedeceu à regra rígida,

ficando a critério dos envolvidos fazerem experimentações. Desta forma, foram elaborados

mapas similares para um mesmo objetivo (ou conceito-chave). Porém, nos arranjos finais dos

mapas, através de consenso entre os atores, elaboravam-se as formas definitivas - como

determina o método - relações de causalidade, hierarquias de conceitos, ligações de influências

(setas) e outros.

A escolha e a identificação dos primeiros conceitos, com vistas à estruturação do mapa

cognitivo, normalmente, foram aquelas que explicitavam, nas suas descrições, (ou seus

conteúdos) a propriedade de assumir posição de “conceito-cauda” (nível inferior do mapa). Daí,

em diante, buscou-se os conceitos de níveis acima, por fluxo ascendente, com ligações de

influências em direção ao “conceito cabeça”. Este último já predefinido como sendo o descritor

de cada mapa cognitivo.

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119

No transcorrer do processo de construção dos mapas cognitivos, foram acrescidos

alguns constructos, como também ocorreram supressões e agrupamentos de outros. Tais fatos

são considerados normais, neste modelo de construção de mapa, tendo por finalidade suprir

algumas lacunas identificadas e aceitas pelos participantes (sempre por consenso), com

entendimento de tratar-se de conceitos necessários e suficientes à busca do objetivo predefinido.

Ao todo, foram elaborados dezessete mapas cognitivos individuais, com base no mesmo

número de mapas SODA, como previsto.

A etapa seguinte do processo foi a identificação dos clusters e subclusters, conforme

seção 4.3.3, deste capítulo.

Novamente, todas as entrevistas com os decisores foram presenciais e individualizadas

por área de conhecimento. Tendo, cada evento, a duração média de duas horas, assim

totalizando oito horas de trabalho.

A Figura 4.2 é um exemplo de mapa cognitivo individual, a qual faz correspondência

como o mapa SODA, ilustrado na Figura 4.1.

Figura 4.2 - Mapa cognitivo individual

“Zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental”.

Fonte: o autor.

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120

4.3.3 Identificações dos clusters e subclusters

A estrutura arborizante, como modelo peculiar do mapa cognitivo, pode-se distribuir

por várias ramificações e, em diversos níveis hierárquicos, permitindo outras leituras do seu

contexto. Esta subdivisão estrutural na representação mapa cognitivo é chamada de cluster.

Segundo Fantinatti et al(2015), no processo de mapeamento cognitivo, devem ser

identificados “grupos ou agrupamentos”, também denominados clusters, os quais definem

objetivos e critérios relacionados com um mesmo objetivo fundamental. Portanto, esses

agrupamentos de conceitos deixam transparecer os critérios adotados pelo decisor.

Os dezessetes mapas cognitivos individuais, como visto na seção 4.3.2, podem ser

reconhecidos individualmente como clusters. Neste processo, através de análises

complementares sobre os mapas cognitivos, foram identificados vinte e sete subclusters. Esta

denominação passa a existir em função dos desdobramentos em ramos ou agrupamentos.

O Quadro 4.5 apresenta a listagem de mapas cognitivos como cluster e seus

desdobramentos em subclusters. Estes também obedecem à forma de estruturas hierárquicas,

sendo representados em níveis inferiores aos seus respectivos clusters, como ilustrados nos

Apêndices (A, B, C e D), e serão vistos nas seções 4.3.4 e 4.3.5, respectivamente.

Quadro 4.5– Mapas Cognitivos Individuais e Números de Subclusters

Área de

Conhecimento Mapa Cognitivo Individual (ou cluster)

Número de

Subclusters

Responsabilidade

dos gestores

ambientais

Zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental. 2

Assegurar a sustentabilidade ambiental 2

Gerir os riscos, aspectos e impactos ambientais. 3

Buscar formas de promoção e controle do desempenho

ambiental 2

Administrar relacionamento com públicos de interesse 2

Dispor de plano estratégico para emergências ambientais 1

Avaliar o comprometimento dos colaboradores com o

estaleiro. 1

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121

Gestão

Corporativa

Aprimorar sistema de gestão ambiental corporativa 2

Definir objetivos, metas e indicadores de desempenhos

ambientais. 1

Gerir a dinâmica da gestão ambiental. 2

Intervenientes

Gerir os processos de obtenções de licenças e de

autorizações ambientais 1

Gerir os processos de auditorias e inspeções ambientais

compulsórias 2

Gerir os programas ambientais interpostos por

condicionantes 1

Fornecedores

Administrar os contratos de prestação de serviços

ambientais 1

Monitorar os riscos e vulnerabilidades na prestação de

serviços 2

Planejar ações em anomalias e emergências ambientais 1

Demonstrar maturidade empresarial nas soluções de

problemas ambientais 1

Soma = 27

Fonte: o autor.

4.3.4 Descrições dos clusters e subclusters

Com as transformações dos mapas cognitivos individuais em clusters e subclusters, com

fatos necessários ao processo de estruturação do problema, ocorreu que foram gerados muitos

dados e informações a serem contemplados no presente trabalho. Este fato torna a apresentação

deste trabalho de pesquisa muito extenso, com repetições de conteúdo, o que seguramente foge

do seu princípio acadêmico.

Portanto, o autor fez a opção de restringir os próximos passos das aplicações dos

métodos de estruturação de problemas e, consequentemente, dos métodos do AMD, limitados

à área de conhecimento “Responsabilidade dos Gestores Ambientais”.

A opção por contemplar esta fração da gestão ambiental do estaleiro naval é devido ao

fato de ter constatado, na fase do diagnóstico, que os gestores ambientais - além das atribuições

funcionais operacionais – comumente apresentam a necessidade de se relacionarem com as

demais partes interessadas da gestão ambiental.

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122

São tomados todos os cuidados necessários para alcançar os objetivos propostos à

pesquisa, observando, também, os parâmetros acadêmicos usuais para uma dissertação de

mestrado.

A decisão pela restrição e sua justificativa foi levada ao conhecimento dos decisores.

Uma vez definidas as condições de contorno relativas ao trabalho, passou-se a estudar

os sete cluster e seus treze subclusters, todos com vinculações à “responsabilidade dos gestores

ambientais”. Para tanto, iniciou-se com as descrições das características básicas dos subclusters

e de suas relações hierárquicas como os clusters correspondentes, como apresentados no

Apêndice A.

Será visto que cada subcluster recebe uma denominação própria, a qual procura realçar

seu aspecto mais relevante, como seguem:

1. Mapa cognitivo: Zelar pelo cumprimento da política ambiental:

Subcluster 1.1: Gerir a Política Ambiental Corporativa: - esse subcluster envolve ações

técnicas e administrativas, incluindo práticas ambientais definidas pela organização com

o propósito de preservar o meio ambiente e a garantia da manutenção dos negócios. As

ações são norteadas por princípios e valores ambientais na forma de política ambiental

corporativa, a qual leva em consideração os atendimentos às legislações governamentais

e acordos voluntários celebrados com autoridades reguladoras, estatutários e com

terceiros, como também o compromisso de reportar suas interações com o meio

ambiente sob sua influência.

Subcluster 1.2: Cumprir e Fazer Cumprir as Iniciativas Corporativas – esse subcluster

preocupa-se com a internalização dos conceitos da política ambiental, com

estabelecimento de programas ambientais para questões voltadas à mitigação de

impactos por emissões, efluentes e resíduos, bem como uso de materiais, energias e

água, inclusive, com a preservação da biodiversidade, aplicáveis à organização.

Preocupa-se, também, com recebimento de queixa e declaração (por escrito) emitidas

por agência reguladora - órgão oficial do governo - e demais partes interessadas, sendo

endereçadas à organização, identificando as violações e anomalias relatadas e que

tenham sido reconhecidas como legítimas.

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123

2. Mapa Cognitivo: Assegurar a sustentabilidade ambiental:

Subcluster 2.1: Promover a sustentabilidade Ambiental – esse subcluster envolve-se

com questões relacionadas aos processos de gerações de produtos e serviços, com

destaque aos descartes de seus resíduos e feitos, em seu nome, por empresas contratadas,

com vistas a prevenir, reduzir, controlar e documentar os aspectos, impactos e riscos

ambientais. Inclui, também, a gestão com outras atividades ambientais, as quais estão

integradas com o meio ambiente, como: emissões atmosféricas e lançamentos de

efluentes, assim como processos de controle ambiental, tratamento, saneamento e

limpeza.

Subcluster 2.2: Obter produtos e serviços ambientalmente sustentáveis – esse subcluster

preocupa-se com os aspectos ambientais relativos aos custos operacionais e da

infraestrutura; com melhorias de processos, eficiência e inovações organizacionais ou

tecnológicas, permitindo obter produtos e serviços de modo econômico e sustentável,

tanto em recursos materiais como de consumos de energias, procurando evitar perdas

desnecessárias. Estas ações contemplam redesenhos de processos, a conversão e

adaptação de equipamentos, como também, mudanças de comportamento dos

colaboradores, fornecedores, contratados etc.

3. Mapa Cognitivo: Gerir os riscos, aspectos e impactos ambientais:

Subcluster 3.1: Manter a conformidade ambiental - esse subcluster envolve-se com

questões de gestão de impactos ambientais, sejam eles positivos, negativos, efetivos,

potenciais, diretos, indiretos, de curto prazo, de longo prazo, esperados ou inesperados.

A organização deve preocupar-se com incidentes ambientais (ou passivos ambientais)

que tenham potencial de gerar ações judiciais, reclamações registradas junto à

organização ou às autoridades competentes mediante processo formal, ou, casos de não

conformidade identificados pela organização por meio de procedimentos estabelecidos,

como auditorias de sistemas de gestão ou programas de monitoramento.

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124

Subcluster 3.2: Antecipar os potenciais riscos ambientais - esse subcluster envolve-se

com questões de gestão de riscos ambientais condizentes com aspectos significativos e

de suas relações com os impactos decorrentes. A organização deve estabelecer os limites

dos aspectos, considerando aqueles que ocorrem tanto dentro como fora da organização.

Os impactos podem variar de forma, intensidade, potencial etc., de acordo com os

aspectos relatados. Devem ser considerados, nas análises ambientais, todos impactos

significativos relatados, sejam eles positivos, negativos, efetivos, potenciais, diretos,

indiretos, de curto prazo, de longo prazo, esperados ou inesperados. Um impacto é

considerado significativo quando pode afetar o uso de recursos de naturais, a

biodiversidade adversamente (direta ou indiretamente), a integridade de uma área/região

geográfica, como também, afetar o bem-estar dos usuários a longo prazo. Devem-se

avaliar, preventivamente, as mudanças ou alterações no padrão de operações da

organização com consequências significativas, positivas ou negativas, para seus

colaboradores. Essas mudanças podem incluir, por exemplo, reestruturação,

terceirização de operações, encerramento de atividades, expansões, novas unidades,

aquisições, venda da totalidade ou de parte da organização ou fusões.

Subcluster 3.3: Avaliar os riscos ambientais - esse subcluster está preocupado com os

riscos que refletem em impactos materiais, econômicos e ambientais significativos da

organização ou com aqueles que influenciam substancialmente as avaliações e tomadas

de decisões pela alta direção. Para avaliar os riscos relacionados aos aspectos e

impactos, quanto às suas relevâncias, são necessárias análises qualitativas e

quantitativas e discussões técnicas, administrativas, de conformidade legal, econômica

entre outras. Como gestão estratégica, a organização deve contemplar ações para tratar

riscos associados a ameaças e oportunidades, que é o pensamento baseado em risco.

4.Mapa Cognitivo: Buscar forma de promoção e controle do desempenho ambiental:

Subcluster 4.1: Buscar a melhoria contínua - esse subcluster está preocupado com a

consciência da importância sobre a preservação do meio ambiente, fato que, bem

administrado, se transforma em melhoria da competitividade para a organização. A

organização deve avaliar seu desempenho ambiental com base nos recursos disponíveis

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e experiências acumuladas, bem como nos resultados alcançados pelos investimentos

aplicados na capacitação e treinamento de seus Colaboradores. O processo de análise

deve contemplar as iniciativas, os desafios e metas (individuais e coletivas) delegadas

pela alta administração. A melhoria contínua é entendida como um conjunto de

atividades planejadas, através das quais todas as partes da organização objetivam

aumentar a satisfação dos clientes (internos e externos) e melhorar o ambiente de

negócios, fatos que auxiliam a permanência no mercado.

Subcluster 4.2: Realizar análise crítica da gestão ambiental - esse subcluster está

preocupado com as informações qualitativas ou quantitativas sobre consequências ou

resultados da gestão ambiental associado à organização. O estaleiro deve analisar o

sistema de gestão ambiental em intervalos planejados. A análise pela administração

ocorre sob a forma de reunião formal e, seguindo uma pauta, com abordagens de todos

os pontos (requisitos) previstos no modelo de gestão da organização. Deve ser elaborada

e mantida a ata dessa reunião, contendo registros das saídas (ações obrigatórias

deliberadas), com orientação quanto à implementação das ações e de adequações do

sistema promovendo, deste modo, a melhoria contínua do sistema de gestão.

5. Mapa Cognitivo: Administrar relacionamento com públicos de interesse:

Subcluster 5.1: Relacionar-se com públicos de interesse: - esse subcluster diz respeito

às práticas e ao estabelecimento de relacionamentos com seus públicos de interesse ou

públicos estratégicos (do inglês: Stakeholders), afeitos à política estratégica de

negócios. Procura-se entender as necessidades e expectativas das partes interessadas. O

espectro de públicos de interesse é amplo, podendo ser externo ou interno à organização,

como: 1) externo: empresas do setor de atuação; clientes; acionistas, fornecedores, ONG

(organização não governamental), intervenientes (entidades governamentais e

estatutárias), comunidade do entorno, visitantes; e 2) interno: colaboradores e lideranças

em cargos de chefia, funcionários contratados e terceiros.

Subcluster 5.2: Responder as demandas das partes interessadas: - esse subcluster diz

respeito a ações de respostas às demandas recebidas ou interpostas por partes

interessadas. O processo de governança corporativa procura definir e orientar as formas

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de relacionamentos, bem como as definições e atribuições dos níveis de

responsabilidades para o tratamento e solução de problemas, incluindo a forma de

prover evidências e registros necessários, quanto aos processos e às decisões tomadas

ou acordadas pelas partes. Para a tomada de decisão, é analisada o alcance e a influência

da demanda em particular, quanto à amplitude/extensão das relações políticas, legais,

contratuais, econômicas ou outras relações por meio das quais a organização poderá ser

afetada.

6.Mapa Cognitivo: Dispor de plano estratégico para emergências ambientais

Subcluster 6.1: Realizar simulados ambientais: - esse subcluster preocupa-se com a

prevenção, controle e ação em emergência ambiental definidos a partir de cenários

ambientais hipotéticos de acidentes como derramamento de óleo no mar, impactos ao

ambiente marinho e outros tipos de anomalias ambientais, como potenciais riscos à

natureza, às instalações e à segurança das pessoas. A organização realiza estudos e

simulações para cenários complexos e de elevado potencial de impacto, através de

recursos de software específicos e de outros recursos pertinentes. Adicionalmente, são

quantificados os recursos materiais, equipamentos, estruturas de apoio de terceiros e

humanos necessários para a contenção e mitigação dos danos, assim como avaliar a

eficiência e o tempo de resposta da atividade numa situação emergencial. A organização

constitui, capacita e treina uma equipe multidisciplinar, que é mobilizada para combater

eventuais acidentes tanto em ambiente portuário quanto em ambiente onshore30.

7. Mapa Cognitivo: Avaliar o comprometimento dos colaboradores com o estaleiro

Subcluster 7.1: Gerir o clima organizacional: - esse subcluster preocupa-se com as metas

e análise de desempenho dos colaboradores que se baseiam em critérios conhecidos pelo

funcionário e por seus superiores. A análise é feita com o conhecimento do funcionário.

Ela pode incluir a avaliação do empregado, dos seus pares ou de um grupo mais amplo

de empregados. A análise também pode envolver empregados contratados ou

30Onshore - é um termo em inglês muito utilizado nas organizações que trabalham com perfurações em terra.

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prestadores de serviços terceirizados quanto ao comportamento e ações proativas na

temática ambiental. A organização deve preocupar-se com aquisição e atualização de

habilidades, conhecimentos, qualificações e interesses das pessoas quanto à relevância

da prática e do comportamento seguro, evitando a geração de passivos ambientais nas

operações das quais participa ou tenha influência.

Os textos atribuídos aos subclusters foram obtidos por consenso, em uma reunião de

trabalho conjunta entre o facilitador e os decisores. Esta etapa teve a duração de duas horas.

Na sequência, coube ao facilitador identificar as linhas de argumentação relacionadas

aos mapas cognitivos individuais, consequentemente, aos clusters, como parte da

implementação do método.

4.3.5 Identificações das linhas de argumentação

As linhas de argumentação definem uma linha de raciocínio existente entre os conceitos

hierarquizados (AGUIAR, 2014). Uma linha de argumentação pode ter seu encadeamento entre

os conceitos, desde o mais baixo nível até os posicionados nos níveis mais alto, na forma

hierarquizada ou rede de conceitos. Deste modo, é possível perceber uma sequência de

raciocínio, portanto, é a sequência lógica que leva os objetivos meios aos objetivos fins.

Outra forma de descrição de uma linha de argumentação é dizer que se inicia em um

conceito cauda e termina em um conceito cabeça.

Outro ponto que deve ser considerado na análise da linha de argumentação é a sua

padronização, quanto ao uso dos conceitos elementares. O método recomenda que somente

poderá haver relacionamento entre conceitos do mesmo polo, isto é, relacionamentos entre

conceitos do polo (+) ou os conceitos de polo oposto. Neste trabalho, foi padronizada a

utilização do conceito de polo (+).

O Quadro 4.6 apresenta a relação das linhas de argumentação, as quais são relacionadas

à “responsabilidade dos gestores ambientais”. Neste quadro, estão relacionados treze

subclusters e seus respectivos conceitos, os quais são representados pela letra “C” acompanhada

de número.

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128

Quadro 4.6 - Relação das Linhas de Argumentação

Subcluster Linha de

Argumentação Conceitos

Internalizar os preceitos ambientais

corporativos LA1 C7; C6; C3; C1

Cumprir e fazer cumprir as iniciativas

corporativas LA2 C8; C5; C4; C2

Promover a sustentabilidade ambiental LA3 C17; C13; C15; C18

Obter produtos e serviços ambientalmente

sustentáveis LA4 C19; C16; C14; C12; C18

Manter a conformidade ambiental LA5 C25; C27

Antecipar os potenciais riscos ambientais LA6 C26; C31; C29; C30

Avaliar os riscos ambientais LA7 C26; C31; C28; C30

Buscar a melhoria contínua LA8 C39; C35; C37

Realizar análise crítica da gestão ambiental LA9 C40; C36; C38

Relacionar-se com públicos de interesse LA10 C48; C47

LA11 C48; C51

Responder as demandas externas

LA12 C49; C51

LA13 C49; C45; C46

LA14 C49; C45; C50

Realizar simulados ambientais LA15 C62; C63; C65

LA16 C60; C64; C66; C61

Gerir o clima organizacional LA17 C71; C74; C70; C73

LA18 C71; C74; C72; C73

Fonte: o autor, baseado em Aguiar (2014).

Para efeito de exemplificação, a Figura 4.3 representa o mapa cognitivo “zelar pelo

cumprimento dos preceitos da gestão ambiental”, onde se pode observar as marcações de duas

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linhas de argumentação identificadas por LA1 e LA2, respectivamente, sendo cada uma destas

linhas de argumentação relacionada com um determinado subcluster:

Figura 4.3 - Representações de Linhas de Argumentação

Fonte: o autor.

A próxima etapa da implementação do método foi à elaboração do mapa cognitivo

congregado, como descrito na seção 4.3.6.

4.3.6 Mapa cognitivo congregado e identificações de ramos

O método recomenda que se façam as associações dos mapas cognitivos individuais

para os quais, são de algumas formas similares. Com este contexto, foram tratados e analisados

Zelar pelo cumprimento dos

preceitos da gestão ambiental.

7. Internalizar os conceitos

fundamentais da política

ambiental .... implementar

uma gestão ambiental ineficaz

1. Falta de práticas de

benchmarking

estruturadas para processo

de gestão ambiental ... ter

práticas de benchmarking

3. Cumprir plenamente a

legislação ambiental e demais

requisitos subscritos ao seu

encargo ... ter as Licenças

Ambientais suspensas

6. Garantir e monitorar as

respostas às demandas externas

de partes envolvidas ....

prejudicar a imagem da empresa

2. Preocupar-se com a não

geração de passivos

ambientais ... ser multado

pelos Órgãos Ambientais

4. Evitar e mitigar os

impactos ambientais de

seus processos ... gerar

passivos ambientais

5. Estabelecer programas, para

mitigar e reduzir os descartes

poluentes na natureza ...

receber multas pela falta de

controle de poluição

8. Empenhar-se em realizar

ações e iniciativas relacionadas

a política ambiental .... ter o

desempenho ambiental

comprometido

LA 1 LA 2

Subcluster 2Subcluster 1

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sete mapas cognitivos individuais, sendo todos relacionados à área ‘responsabilidade dos

gestores ambientais’.

Com esta ação, é gerado o mapa cognitivo congregado, conforme representado na

Figura 4.4.

A partir desta tarefa de associações dos mapas, há possibilidades de fazer fusões de

conceitos similares. Embora possa haver conceitos com escritas diferentes, para tanto, procura-

se manter a denominação daquele com melhor representatividade ou abrangência.

Outra ação implementada, nesta etapa, se refere às identificações dos ramos.

Ramos são identificados como conjuntos de linhas de argumentação (LA)que pertencem

a um mesmo cluster. Os ramos são construídos por uma ou mais linhas de argumentação.

Portanto, trata-se de uma análise de conteúdo que leva em conta a ideia expressa no conceito.

Na Figura 4.4, todos os ramos estão identificados por letra “R” acompanhada de número

de ordem. Os ramos foram representados no mapa cognitivo com base nas LA no Quadro 4.7 –

Linha de Argumentação e Ramos.

A partir desta etapa, a representação gráfica das associações dos mapas cognitivos

individuais, passa-se a ser identificada como mapa cognitivo congregado.

O mapa cognitivo congregado apresentado na Figura 4.4 tem com descritor central

‘responsabilidade dos gestores ambientais’.

Uma vez estruturado, o mapa cognitivo congregado deve passar por validação, isto é,

trata-se do momento onde os decisores fazem suas análises e podem apresentar mudanças

pertinentes.

Ao finalizar a análise, sempre por modo consensual entre o facilitador e decisores, dá-

se por concluído o mapa cognitivo congregado, passando a seguir para a identificação dos

pontos de vistas fundamentais (PVF), como preconizado no método.

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Figura 4.4 - Mapa Cognitivo Congregado e Ramos

Fonte: o autor.

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132

Com a estrutura do mapa cognitivo congregado e das identificações dos ramos,

conforme preconiza o método, o objetivo na sequência da análise passa a ser avaliar seus

conteúdos, a partir dos seus ramos, com a finalidade de identificar os pontos de vista

fundamentais - PVF. Conforme Ensslin (2001), para que se possam identificar os PVF (ramos

e conceitos do problema), é necessário realizar a análise da estrutura, do conteúdo do mapa

cognitivo de modo a identificar no mapa as linhas de argumentação (LA).

Segundo Fantinatti et al (2015), devem ser identificados “ramos” relacionados com um

mesmo “objetivo fim”. Os ramos são construídos por uma ou mais LA e que evidenciam

preocupações similares sobre o contexto de decisão.

O Quadro 4.7 ilustra as LA e as identificações dos ramos, em conformidade com suas

representações no corpo do mapa cognitivo congregado, ilustrado na Figura 4.4.

Quadro 4.7–Linha de Argumentação e Ramos

Subcluster Linha de Argumentação Ramos

Gerir a Política Ambiental Corporativa LA1, LA3, LA7 R1

Cumprir e fazer cumprir as Iniciativas

Corporativas LA2, LA4, LA5, LA8 R2

Promover a sustentabilidade Ambiental LA13, LA15, LA17, LA18, R3

Obter produtos e serviços ambientalmente

sustentáveis LA12, LA14, LA16, LA18, LA19 R4

Manter a conformidade ambiental LA25, LA27 R5

Antecipar os potenciais riscos ambientais LA26, LA29, LA30, LA31 R6

Avaliar os riscos ambientais LA26, LA28, LA30, LA31 R7

Buscar a melhoria contínua LA35, L37, LA39 R8

Realizar análise crítica da gestão ambiental LA36, LA38, LA39, LA40 R9

Relacionar-se com públicos de interesse LA47, LA48

R10 LA48, LA51

Responder as demandas das partes

interessadas

LA45, LA49, LA50,

R11 LA45, LA46, LA49

LA49, LA51

Realizar simulados ambientais LA62, LA63, LA65

R12 LA60, LA61, LA62, LA64, LA66

Gerir o clima organizacional LA70, LA71, LA73, LA74, LA75

R13 LA71, LA72, LA73, LA74, LA75

Fonte: o autor, baseado em Aguiar (2014).

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Conforme transcrito no Quadro 4.7, pode-se notar que os ramos identificados pelos

códigos R10, R11, R12 e R13, respectivamente, são formados por mais de uma LA.

4.4 IDENTIFICAÇÃO DOS PVF

Esta etapa do processo inicia-se com as avaliações individuais dos ramos com a

finalidade de indicá-los como potenciais candidatos a ponto de vista fundamental (PVF).

Inicialmente, procura-se fazer as agregações dos ramos, para os quais demonstrem

preocupações similares sobre o contexto decisório. Neste caso, cabe observar que a regra foi

aplicada somente àqueles que se encontravam dentro do mesmo cluster, o que é permitido no

emprego da metodologia.

O Quadro 4.8 apresenta sete candidatos a PVF, cada qual com sua descrição sucinta

sobre suas características peculiares. Esta descrição é denominada de ‘preocupação’.

Cada candidato está vinculado a um ou mais ramos, como demonstrado no Quadro 4.8,

como também, têm-se os títulos outorgados a cada candidato a PVF. Esta forma de apresentação

tem como proposta facilitar as análises e os enquadramentos dos potenciais candidatos a PVF.

Quadro 4.8 - Candidatos a PVF

Ramos Preocupação Candidatos a

PVF

R1 e R2

Relativos aos atendimentos dos preceitos da gestão

ambiental, quanto aos atendimentos dos requisitos legais e

demais acordos celebrados, com demonstração de

iniciativas e práticas sustentáveis, com controle dos

impactos e não geração de passivos ambientais,

contribuindo como a imagem do estaleiro.

Zelar pelo

cumprimento dos

preceitos da gestão

ambiental.

R3 e R4

Relacionada à avaliação dos investimentos e os resultados

alcançados na gestão ambiental, considerando gestão de

produtos e serviços ambientais, controle de desperdícios e

dos descartes na natureza, como estratégia de ser um

estaleiro sustentável.

Assegurar a

sustentabilidade

ambiental.

R5, R6 e

R7

Relativos às ações que tratam dos riscos de caráter

ambiental, considerando as ameaças e oportunidades, a

gestão de compliance, o diagnóstico e antecipação de

necessidades de recursos, avaliação e controle dos

processos e dos potenciais impactos ambientais e das

condições ambientais locais e regionais que afetam a

organização ou que possam ser afetados por ela.

Gerir os riscos,

aspectos e

impactos

ambientais.

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134

R8 e R9

Relativos ao controle sistemático de informações

documentadas, incluindo padrões operacionais, atas de

análises críticas, controle de registros e de informações

relevantes, evidências de práticas sustentáveis e do

gerenciamento de indicadores ambientais, inclusive as

deliberações da alta administração com vistas às

adequações e a melhoria contínua da gestão.

Buscar formas de

promoção e

controle do

desempenho

ambiental

R10 e

R11

Está preocupado com as relações formais com públicos de

interesse ou públicos estratégicos, afeitos à política

estratégica de negócios, em responder às demandas e

interposições de partes interessadas, podendo ser de público

interno ou externo a organização, com confiabilidade

requerida.

Administrar o

relacionamento

com públicos de

interesse

R12

Preocupa-se com as ações de mitigação e controle em

emergência ambiental definidas a partir de estudos

ambientais de riscos, com base em cenários hipotéticos e

condições adversas, considerando a natureza das atividades

e operações desenvolvidas, as condições locais e dos

recursos disponíveis (materiais, equipamentos e humanos).

Outra preocupação diz respeito à realização de simulado

como parte do treinamento e avaliação de atuação da equipe

responsável, como também medir o tempo de resposta, o

fluxo de informação e a eficácia do plano de remediação.

Dispor de plano

estratégico para

emergências

ambientais

R13

Preocupa-se com o desempenho dos colaboradores, com

base nas metas individuais e de equipe, através de análise

qualitativa e quantitativa, com base nos compromissos

desdobrados a partir das iniciativas da gestão ambiental

corporativa. Outra preocupação faz referência ao controle

de geração de passivos, com emprego de práticas seguras e

comportamento das pessoas, no âmbito da gestão

ambiental, nas operações das quais participam ou tenham

influência.

Avaliar o

comprometimento

dos colaboradores

com o estaleiro

Fonte: o autor, baseado em Aguiar (2014).

As análises relativas aos candidatos a PVF foram divididas em duas etapas, sendo a

primeira, descrita na seção 4.4.1 - Análises quanto à: essenciabilidade e controlabilidade, com

apresentação dos resultados nos Quadro 4.9 - Propriedades: Essenciabilidade e

Controlabilidade.

A segunda etapa está descrita na seção 4.4.2 - Validação do conjunto de PVF, com os

correspondentes resultados transcritos no Quadro 4.10 - Validação do Conjunto de PVF.

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135

4.4.1Análises quanto à: essenciabilidade e controlabilidade

As análises quanto à essenciabilidade e controlabilidade dizem respeito à primeira etapa

relativa aos candidatos a PVF, dos seguintes modos:

1) Zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental.

1.1) Essenciabilidade: zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental é

essencial para organização. Devendo ser iniciativa da corporação, as questões

relacionadas ao meio ambiente, cuja ação permitirá a organização desenvolver sua

estrutura de gerenciamento e proteção do meio ambiente, como também facilitará a

obtenção de rápida resposta às mudanças das condições ambientais.

1.2) Controlabilidade: o conceito é controlável por ser tratar de requisitos e obrigações

legais e outros subscritos, como acordos voluntários celebrados com autoridades

reguladoras e os estatutários, servindo como alternativa ao gerenciamento ambiental

empresarial, sob sua interação e influência.

2) Assegurar a sustentabilidade ambiental.

2.1) Essenciabilidade: assegurar a sustentabilidade ambiental empresarial é essencial

por estar diretamente ligada às atividades e ações que visam a gerir produtos, serviços e

processos por meio do desenvolvimento tecnológico, econômico e ambiental, buscando

gerar o menor impacto ao meio ambiente e uso consciente e racional dos recursos

naturais.

2.2) Controlabilidade: o conceito é controlável por ser a alternativa relacionada ao

controle ambiental, em todas as fases produtivas, com destaque `aquela que a

organização tem gestão ou pode tomar atitude assim como também influenciar.

3) Gerir os riscos, aspectos e impactos ambientais.

3.1) Essenciabilidade: gerir os riscos, aspectos e impactos ambientais tem sua

relevância no processo de planejar, organizar, dirigir e controlar perdas econômicas e

financeiras, danos aos ecossistemas e/ou os impactos ambientais adversos ou

hipotéticos, sendo tomada como alternativa técnica e administrativa de análises e

tratamentos das ameaças e oportunidades à gestão ambiental estratégica da organização.

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136

3.2) Controlabilidade: o conceito é controlável uma vez que se trata de gerir os riscos à

manutenção do negócio, à imagem e à reputação empresarial, servindo de alternativa

prévia, como análise da probabilidade de ocorrência de anomalia ambiental (real ou

potencial) e possibilitar o juízo crítico avaliativo das suas consequências.

4) Buscar forma de promoção e controle do desempenho ambiental

4.1) Essenciabilidade: buscar forma de promoção e controle do desempenho ambiental

é iniciativa corporativa fundamental, que permite realizar análise crítica global e

sistemática da gestão ambiental, a partir dos resultados alcançados, com intuito de

promover melhoria contínua da gestão ambiental.

4.2) Controlabilidade: o conceito é controlável por se tratar de análises de indicadores

e dados estatísticos extraídos de registros, de evidências e outras informações, fatos que

possibilitam ao gestor avaliar o desempenho ambiental empresarial através dos

resultados alcançados e compará-los com os objetivos e metas ambientais preconizados.

5) Administrar o relacionamento com públicos de interesse

5.1) Essenciabilidade: administrar o relacionamento com públicos de interesse é

essencial para: i. estabelecer práticas voltadas à comunicação e relacionamento com

públicos e instituições estratégicos à organização; ii. identificar as necessidades de

interações e definições táticas de abordagem junto a eles. Deve-se constituir, na política

de relacionamento, o respeito, o diálogo e a transparência, de modo a permitir a

realização eficiente do plano de negócios e gestão.

5.2) Controlabilidade: o conceito é controlável por prover dados e informações que

contribuem para o conhecimento, diagnóstico e avaliação das práticas estratégicas e de

governança corporativas àquelas relacionadas às exigências legais e regulatórias, assim

como outras expectativas sobre a organização pelos diversos públicos de interesse,

como resultados da gestão ambiental, produção, não geração de passivos entre outros.

6) Dispor de plano estratégico para emergências ambientais

6.1) Essenciabilidade: dispor de plano estratégico para emergências ambientais é

essencial para manter, atuar e controlar eventos críticos e emergências ambientais a

partir de cenários complexos hipotéticos e realizações práticas de simulados e sistemas

de contingência ambiental, com a finalidade de mensuração dos recursos disponíveis e

prever outras necessidades e adequações, aprimorando estudos dos potenciais riscos e

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137

danos, incluindo a identificação da alternativa mais adequada frente aos requisitos legais

e normativos.

6.2) Controlabilidade: o conceito é controlável, por ser alternativa a tomada de decisão

operacional e de controle ao atendimento às emergências ambientais, de modo a evitar

que a organização venha a sofrer multas e sanções não monetárias, por desconformidade

com leis e regulamentos ambientais.

7) Avaliar o comprometimento dos colaboradores com o estaleiro

7.1) Essenciabilidade: Avaliar o comprometimento com a gestão ambiental - por parte

dos colaboradores - é fator essencial dentre as iniciativas estruturadas, visto que

promove o processo de avaliação de desempenho e resultados dos Colaboradores,

independentemente do nível hierárquico.

7.2) Controlabilidade: o conceito não é controlável, uma vez que o objetivo é avaliar

qualitativamente as capacidades laborais individuais e de grupos de pessoas, com foco

no comportamento e respeito às normas, procedimentos, regulamentos e leis de modo

geral. Por se tratar de ação administrativa transversal a todas as gerências da

organização, os resultados da análise não enfatizam um setor ou gerência, portanto,

torna-se inviável o controle de forma eficaz e direta.

O Quadro 4.9 - Propriedades: Essenciabilidade e Controlabilidade, apresenta o resumo

das análises quanto à essenciabilidade e controlabilidade relativas aos candidatos a PVF. Ainda.

conforme os dados registrados pode-se concluir que o ramo (R13) não poderá ser considerado

PVF, pois não possui o atributo requerido quanto à “controlabilidade”.

Quadro 4.9 – Propriedades: Essenciabilidade e Controlabilidade.

Ramos Candidatos a PVF Essenciabilidade Controlabilidade é PVF?

R1 e

R2

Zelar pelo cumprimento dos

preceitos da gestão

ambiental.

OK OK OK

R3 e

R4

Assegurar a sustentabilidade

ambiental. OK OK OK

R5, R6

e R7

Gerir os riscos, aspectos e

impactos ambientais. OK OK OK

R8 e

R9

Buscar forma de promoção e

controle do desempenho

ambiental.

OK OK OK

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138

R10 e

R11

Administrar o

relacionamento com

públicos de interesse.

OK OK OK

R12

Dispor de plano estratégico

para emergências

ambientais.

OK OK OK

R13

Avaliar o comprometimento

dos colaboradores com o

estaleiro.

OK NÃO NÃO

Fonte: o autor, baseado em Aguiar (2014).

4.4.2 Validação do conjunto de PVF

Esta é a segunda etapa: a validação do conjunto de PVF. Do mesmo modo, todos

candidatos foram analisados, com exceção do item ‘avaliar o comprometimento dos

colaboradores com o estaleiro’, conforme ilustrado no Quadro 4.9.

Neste caso, a finalidade foi saber se os candidatos a PVF são respectivamente: (a)

compreensíveis; (b) não-redundantes; (c) concisos; (d) isoláveis; (e) mensuráveis; (f)

operacional e, (g) completos. Portanto, cada qual foi submetido a nove propriedades

fundamentais.

O Quadro 4.10 ilustra os resultados quanto das análises referentes à segunda etapa.

Ressalta-se que após os desfechos das análises, para aqueles que cumprem todas as

características estabelecidas, conforme Ensslin et al. (2001), passam a ser considerados PVF.

Quadro 4.10 - Validação do Conjunto de PVF

Candidatos a PVF Isolabi-

lidade

Com-

pleto

Mensu-

rável

Opera-

cional

Não

redun-

dante

Com-

ciso

Com-

preen-

sível

PVF

Zelar pelo

cumprimento dos

preceitos da gestão

ambiental.

OK OK OK OK OK OK OK OK

Assegurar a

sustentabilidade

ambiental.

OK OK OK OK OK OK OK OK

Gerir os riscos,

aspectos e impactos

ambientais.

OK OK OK OK OK OK OK OK

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139

Buscar forma de

promoção e

controle do

desempenho

ambiental.

OK OK OK OK OK OK OK OK

Administrar o

relacionamento

com públicos de

interesse.

OK OK OK OK OK OK OK OK

Dispor de plano

estratégico para

emergências

ambientais.

OK OK OK OK OK OK OK OK

Fonte: o autor, baseado em Aguiar (2014).

4.4.3 Conjunto final de PVF

A relação final de PVF está citada no Quadro 4.11 - Conjunto final de PVF.

Quadro 4.11 - Conjunto Final de PVF

Item PVF

1 Zelar pelo cumprimento dos preceitos da gestão ambiental.

2 Assegurar a sustentabilidade ambiental.

3 Gerir os riscos, aspectos e impactos ambientais.

4 Buscar formas de promoção e controle do desempenho ambiental

5 Administrar o relacionamento com públicos de interesse

6 Dispor de plano estratégico para emergências ambientais

Fonte: o autor, baseado em Aguiar (2014).

Como visto, a transição do mapa cognitivo para o modelo multicritério não é uma tarefa

fácil. Foi necessário aplicar todos os passos das metodologias relacionadas ao mapa SODA e

do mapa cognitivo, nos dois casos, com as finalidades de identificar e analisar os potenciais

candidatos a PVF.

A partir das definições dos PVF, é possível organizá-los na forma de árvore de PVF. É

o modo de utilizá-los como critérios, em modelo multicritério. Este processo será tratado na

seção 4.5.1 – Estrutura Hierárquica.

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140

4.5 APLICAÇÃO DO MÉTODO AHP

4.5.1 Estrutura hierárquica

Com o conjunto PVF já definido, tornou-se possível continuar o estudo e chegar à

estruturação da árvore de PVF, obtendo, assim, a estrutura hierárquica de um modelo

multicritério. Esta pesquisa se restringiu a estruturar apenas a área de conhecimento

“Responsabilidade dos Gestores Ambientais”, como forma de simplificar o problema e seus

resultados, conforme justificativas citadas na seção 4.3.4.

Da mesma forma, optou-se também por não aumentar o detalhamento da estrutura

hierárquica no modelo multicritério, correspondente ao nível inferior dos PVF, isto é, procurou-

se representar somente os critérios relacionados aos PVF, elencados no Quadro 4.11 - Conjunto

final de PVF, os quais foram transformados em critérios, de acordo com método multicritério.

A Figura 4.5 mostra a árvore hierárquica de critérios, conforme os resultados obtidos

pelo presente estudo, nas condições e delimitações propostas.

Figura 4.5 - Árvore Hierárquica de Critérios

Fonte: o autor.

Zelar pelo

cumprimento

dos preceitos

da gestão

ambiental

Gestão Ambiental de Estaleiro Naval

Responsabilidade

dos Gestores

Ambientais

Gestão

CorporativaIntervenientes Fornecedores

Critério 1

Gerir os

riscos,

aspectos e

impactos

ambientais

Critério 2

Assegurar a

sustentabilidade

ambiental

Critério 4

Buscar

formas de

promoção e

controle do

desempenho

ambiental

Critério 5

Dispor de

plano

estratégico

para

emergências

ambientais

Critério 6

Administrar

relacionamento

com públicos

de interesse

Critério 3

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141

Na seção 4.5.2, que trata da matriz de comparação de critérios utilizando AHP, será

descrito o procedimento de atribuições de valores relativos a cada critério. Neste processo, os

decisores expressarão seus juízos de valor e, de preferência, sobre cada critério, através de

comparações par a par, utilizando-se da Escala Fundamental de Saaty. Todos os valores serão

obtidos por consenso entre os decisores com a mediação do facilitador.

4.5.2 Matriz de comparação de critérios utilizando AHP

A partir da árvore hierárquica de critérios, representada pela Figura 4.5, passou-se a

identificação dos graus de preferência (análise quantitativa) atribuída a cada critério, por meio

de comparações par a par entre critérios.

As comparações par a par foram realizadas com participações de dois decisores, os quais

ocupam cargos de Gerentes de SMS no estaleiro naval. Neste procedimento, os valores

numéricos foram obtidos com base na Escala Fundamental de Saaty, seguindo o modelo do

Apêndice E - Questionário de Comparação Par a Par

Os valores atribuídos a cada critério foram obtidos por consenso entre os participantes

(decisores), cabendo ao facilitador organizar os dados em uma matriz recíproca quadrada

positiva, conforme representada na Tabela 4.1 - Matriz de Comparação de Critérios.

Tabela 4.1 - Matriz de Comparação de Critérios

Critério1 Critério2 Critério3 Critério4 Critério5 Critério6

Critério 1 1,00 2,00 2,00 2,00 3,00 3,00

Critério 2 0,50 1,00 3,00 2,00 1,00 3,00

Critério 3 0,50 0,33 1,00 0,50 1,00 2,00

Critério 4 0,50 0,50 2,00 1,00 2,00 3,00

Critério 5 0,33 1,00 1,00 0,50 1,00 2,00

Critério 6 0,33 0,33 0,50 0,33 0,50 1,00

Fonte: o autor.

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142

Na sequência, foram feitos os procedimentos de cálculos para as verificações das

possíveis inconsistências de dados, isto é, quanto aos valores relativos atribuídos aos critérios.

Este procedimento verifica se há inconsistência nos dados assim como da própria matriz.

O processo iniciou-se com as determinações dos valores atribuídos aos autovetores

relacionados a cada critério. Na sequência, foram efetuadas as normalizações para estes dados,

por intermédio da soma dos autovetores (valor global), e a divisão de cada critério, pelo valor

global. A soma dos valores normalizados deve ser 1 (um). Os valores obtidos estão

representados na Tabela 4.2 - Normalização dos autovetores.

Tabela 4.2 - Normalização dos Autovetores

CRITÉRIOS AUTOVETOR NORMALIZAÇÃO

DOS AUTOVETORES

Critério 1 2,039648903 0,304

Critério 2 1,442249570 0,215

Critério 3 0,741836376 0,110

Critério 4 1,200936955 0,179

Critério 5 0,832683178 0,124

Critério 6 0,458243212 0,068

Soma: 6,715598194 1,000

Fonte: o autor.

Conforme os valores das normalizações dos autovetores, apresentados na Tabela 4.2,

verifica-se que o Critério 1 apresenta o maior valor dentre os demais critérios. Isto corresponde

a dizer que o Critério 1 é o de maior valor (ou importância) relativo entre os critérios.

Para Gomes; Araya; Carignano (2004), as avaliações podem levar à inconsistência na

hierarquia dos critérios, pois a posição relativa das alternativas pode se alterar, em função de

inclusão ou retirada de uma alternativa. Como também, toda matriz de comparações por pares

pode conter alguma inconsistência decorrente da violação da transitividade.

A análise da inconsistência na matriz de critério está descrita na seção 4.5.3 - Análise

da inconsistência na matriz de critérios.

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143

4.5.3 Análise da inconsistência na matriz de critérios

Segundo Saaty (1980), a verificação da consistência da matriz pode ser feita por meio

de um Índice de Consistência (IC). Ainda do Autor, que os dados de uma dada matriz sejam

consistentes se, λmax ≥ n. Para tanto, os dados da matriz serão consistentes quando for calculado

o IC = (λmax – n) / (n – 1), sendo que o IC terá um valor menor que 0,1 (SAATY, 1980).

Utilizando-se as equações [3], [4] e [5] assim como os valores da Tabela 2.2, todos

citados na seção 2.7.1.2 (Modelagem do Método), têm-se como resultados os dados da Tabela

4.3, que devem ser analisados.

Basicamente, para fazer a análise da inconsistência da matriz, verifica-se o valor

correspondente ao Índice de Consistência (IC). No caso presente, o valor do IC é 0,05251992

(Tabela 4.3), portanto, é menor que 0,1 com proposto por SAATY (1980). Neste caso, a

inconsistência é considerada aceitável.

Tabela 4.3 - Análise de Consistência

Formulas e Dados Descrição Resultados

λmax Autovetor da Matriz ( 6,262599602

IC = (λmax– n) / (n – 1) Índice de Consistência 0,05251992

n Número de ordem da matriz 6,0

IR Índice Randômico 1,24

RC = IC/IR Razão de Consistência 0,042354774

Fonte: o autor.

Na sequência, serão analisados os valores atribuídos a cada critério através de

comparações entre as alternativas, já definidas para este trabalho de pesquisa. Os procedimentos

de comparações estão descritos na seção 4.6 - Avaliação das Alternativas Utilizando AHP.

4.6 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS UTILIZANDO AHP

Foram selecionados quinze estaleiros navais para servirem de alternativas ao processo.

Todo estão localizados ao longo da orla marítima e ilhas da Baia da Guanabara / RJ.

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144

Como premissa de seleção, os estaleiros navais deveriam ter históricos de serviços e

obras de construção, manutenção, reparos etc., para setor offshores, no segmento de petróleo e

gás, além de possuírem características operacionais similares, como, por exemplo: porte,

instalações físicas e encomendas.

Desses estaleiros navais, retornaram, com sinalização positiva (aceito o convite), sete

deles. Os demais recusaram o convite e apresentaram - como justificativas - os seguintes

argumentos:

(a) redução (ou ausência) de profissionais, com expertise na área

ambiental, devido à redução de quadro de funcionários, ocasionado

pelo momento econômico recessivo do país, que afeta toda cadeia

produtiva da construção naval e,

(b) atividades operacionais navais paralisadas, devido à baixa demanda

por serviços e obras.

Porém, os trabalhos de pesquisas de campo não tiveram quaisquer prejuízos, visto que

o número de estaleiros participantes foi suficiente e representativo do setor naval, como

também, correspondia aos requisitos elencados na premissa.

Os trabalhos de campo foram por meio de entrevistas presenciais semiestruturadas e

individuais, com um ou mais representantes dos estaleiros selecionados. Todos os eventos

relacionados às entrevistas ocorreram em um espaço de tempo de duas semanas consecutivas,

em dias e horários disponíveis pelas partes envolvidas. Cada entrevista, por sua vez, teve a

duração média de duas horas.

Coube, ao facilitador, apresentar em todos os eventos: a) quais eram os objetivos da

pesquisa; b) a importância das participações e das opiniões dos entrevistados (interlocutores)

acerca dos critérios selecionados; c) abordagens quanto ao método de coleta de dados e, d)

explanação sobre futuras análises e considerações sobre os dados a serem coletados.

Foram tratados, em cada oportunidade com os interlocutores, aspectos quanto às

privacidades das pessoas e da empresa, assim como o modo que as informações seriam

utilizadas e divulgadas.

As observações iniciais foram complementadas, com apresentação das ferramentas de

apoio às entrevistas, como: a) cópia da planilha ‘Controle e Desempenho Ambiental’ (Apêndice

F) e, b) cópia das descrições dos critérios, conforme o conteúdo Quadro 4.8 – Candidatos a

PVF. Também, foram respondidas as perguntas formuladas pelos participantes e em sua

maioria, diziam respeito sobre a finalidade básica da pesquisa.

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145

Os sete estaleiros consultados foram identificados como ‘A’, ‘B’, ‘C’, ‘D’, ‘E’, ‘F’ e

‘G’. Este padrão foi adotado como forma de preservar a privacidade deles, pois, não foi possível

obter as autorizações para que fossem apresentados no presente estudo.

Todas as opiniões e juízos de valores dos representantes, de cada estaleiro, foram

transformados em valores numéricos, com base na planilha ‘Questionário de Comparação Par

a Par’ (Apêndice E).

A partir das compilações dos dados, foram possíveis construir as seis matrizes quadradas

recíprocas, correspondentes a cada critério. As matrizes foram denominadas de ‘matrizes de

comparações par a par entre as alternativas’.

Estas matrizes, do mesmo modo que ocorreu na Matriz de Comparação de Critérios

(Tabela 4.1), podem conter inconsistências de dados. Para solucionar o problema, foram

realizadas as análises das inconsistências, tanto dos valores como das próprias matrizes,

consequentemente.

O processo de análise da inconsistência está descrito na seção 4.6.1, o qual é similar ao

aplicado na seção 4.5.3, quando da descrição e análise da inconsistência referente à matriz de

comparações de critérios.

4.6.1 Análise da inconsistência nas matrizes de alternativas

Todo processo de análise de inconsistência sobre os dados das matrizes teve as

participações dois Gerentes de SMS (decisores). Em todas as ocorrências de inconsistências de

valores, foram tomadas ações corretivas e ajustes, de modo consensual pelos decisores, e

quando houve necessidade, ocorreram as mediações a cargo do facilitador.

Todos os processos de análises foram similares ao aplicado na seção 4.5.3. Os resultados

finais dos índices de consistência (IC) estão apresentados na Tabela 4.4 – Análises de

Consistência - Alternativas.

Tabela 4.4 – Análises de Consistência - Alternativas

Critérios C1 C2 C3 C4 C5 C6

Número de ordem da

matriz “n” 7 7 7 7 7 7

Índice de Consistência(IC) 0,0569 0,0913 0,0860 0,0956 0,0921 0,0877

Fonte: o autor.

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146

Uma vez que os Índices de Consistências ficaram menores que 0,1 (Saaty, 1980), pode-

se considerar que as inconsistências das matrizes de alternativas sejam aceitáveis.

As seis matrizes consolidadas e finalizadas estão citadas no Apêndice G - Matrizes de

Valores Atribuídos pelas Alternativas. Estas matrizes serão consideradas e utilizadas na

próxima etapa do problema para a construção da matriz de decisão.

Portanto, a próxima etapa, da aplicação do método AHP, passa a ser a construção da

matriz de decisão, conforme descrito na seção 4.6.2.

4.6.2 Matriz de decisão

A matriz de decisão é composta por valores dos autovetores normalizados, obtidos de

cada matriz de alternativas apresentadas no Apêndice G, sendo uma para cada critério

O procedimento de cálculo do autovetor se dá da seguinte maneira: a) calcula-se a média

geométrica de cada linha da matriz para determinar os autovetores, e, na sequência, procede-se

a somatória para determinar o valor global, b) para normalizar os autovetores, é preciso fazer a

divisão do valor de cada autovetor pelo valor global, determinando, assim, os valores

normalizados. A soma dos autovetores normalizados é igual a 1(um).

A composição final da matriz de decisão contém, em cada coluna, os valores

normalizados de cada matriz; esta, por sua vez, relacionada a cada critério, modo como está

representada na Tabela 4.5 – Matriz de Decisão.

Tabela 4.5 – Matriz de Decisão

Alternativas Critérios

C1 C2 C3 C4 C5 C6

A 0,17228 0,09240 0,10405 0,18838 0,18803 0,08145

B 0,15603 0,29592 0,23367 0,19628 0,05408 0,06018

C 0,14132 0,16063 0,18090 0,23353 0,10815 0,09371

D 0,14132 0,09791 0,07731 0,11290 0,28104 0,15006

E 0,15603 0,10202 0,16384 0,09262 0,13737 0,22299

F 0,10500 0,11935 0,10582 0,08741 0,11567 0,23021

G 0,12800 0,13177 0,13441 0,08889 0,11567 0,16142

Soma 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000

Fonte: o autor.

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147

A aplicação do método TODIM se dá a partir da Matriz de decisão normalizada. O

processo da aplicação do TODIM está descrito na seção 4.7 – Aplicação do método TODIM.

4.7 APLICAÇÃO DO MÉTODO TODIM

O método TODIM necessita de valores normalizados dos critérios, isto é, referentes aos

pesos relativos normalizados, conforme ilustrado na Tabela 4.2, assim como os valores

normalizados dos autovetores, extraídos das matrizes das alternativas do Apêndice G. Neste

último caso, a matriz de decisão, conforme apresentada na Tabela 4.5.

A próxima etapa tem-se a aplicação da formulação matemática do método TODIM,

conforme Gomes; Rangel (2009), no qual se obtém o valor global e o valor normalizado para

cada alternativa. Tais dados são utilizados para a ordenação final das alternativas a partir do

maior para o menor valor calculado.

Os valores finais calculados pela modelagem matemática do método TODIM estão

representados na Tabela 4.6 - Valores Finais e Ordenação.

Tabela 4.6 - Valores Finais e Ordenação

Alternativas Valor de ξ Normalizado Ordenação

A -11,3023 0,0475 6

B -9,9822 0,3274 3

C -7,8467 0,7802 2

D -11,1065 0,0890 5

E -6,8102 1,0000 1

F -11,5263 0,0000 7

G -11,0113 0,1092 4

Fonte: o autor.

Conforme os valores apresentados na coluna ‘ordenação’ da Tabela 4.6, a alternativa

‘E’ foi a que se apresentou mais adequada, segundo os critérios definidos como referências ao

trabalho de pesquisa.

O método TODIM recomenda que se faça a análise de sensibilidade. Esta ação está

descrita na seção 4.7.1 - Análise de sensibilidade.

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148

4.7.1 Análise de sensibilidade

Segundo Gomes et al (2004), em qualquer modelo de decisão, é importante examinar

quão sensitiva é a alternativa preferida quanto às mudanças nos juízos emitidos pelo decisor.

Neste caso, a escolha, para análise de sensibilidade, recai no valor normalizado do maior peso

relativo entre os critérios. O Critério 1 (Tabela 4.2) é o que tem o maior peso relativo, por sua

vez, é o critério de maior preferência entre os decisores.

Foram realizadas duas simulações, sendo a primeira com acréscimo de 20 % (vinte por

cento) e, a segunda opção, pela redução de 10% (dez por cento), respectivamente, no valor do

Critério 1.

Estas simulações tiveram por finalidade observar os impactos individuais que ocorreram

nos resultados dos valores finais e ordenações relativas a cada simulação.

Os resultados dos valores globais e ordenações das alternativas, para o acréscimo de

20% (vinte por cento), no valor do Critério 1, estão apresentados na Tabela 4.7 - Valores Finais

e Ordenação (+20%).

Tabela 4.7 - Valores Finais e Ordenação (+20%)

Alternativa Valor de ξ Normalizado Ordenação

A -11,6857 0,0072 6

B -10,3890 0,2849 3

C -8,1189 0,7709 2

D -11,4404 0,0598 5

E -7,0490 1,0000 1

F -11,7196 0,0000 7

G -11,2641 0,0975 4

Fonte: o autor.

Na Tabela 4.8, estão apresentados os valores globais e ordenações das alternativas para

o decréscimo de 10% (dez por cento), no valor do Critério C1.

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Tabela 4.8 - Valores Finais e Ordenação (-10%)

Alternativa Valor de ξ Normalizado Ordenação

A -11,7451 0,0404 6

B -10,4468 0,3090 3

C -8,2100 0,7717 2

D -11,5315 0,0846 5

E -7,1067 1,0000 1

F -11,9403 0,0000 7

G -11,4102 0,1097 4

Fonte: o autor.

Observa-se que, para ambos os casos, não ocorreram mudanças das ordenações ou

impactos significativos nos valores individuais, permanecendo a ordem inicial, qual seja, do

valor maior para o menor, com as respectivas simulações de valores (+ 20% e – 10%), aplicadas

no Critério 1.

Assim, pode-se concluir que as ordenações resultantes das simulações por meios de

alterações de valores no Critério 1, - como apresentadas, respectivamente, na Tabela 4.7 e na

Tabela 4.8 - são indicadores que modelo matemático TODIM está coerente, isto é, não houve

mudanças significativas de valores ou impactos nas ordenações das alternativas.

4.7.2 Análises dos resultados

Com a pesquisa, foi possível ter uma visualização das relações administrativas e

operacionais dos estaleiros navais consultados, sobre a gestão ambiental de cada um deles. Em

linhas gerais, todos se preocupam com as conformidades a serem atendidas, como Licença de

Operação (LO); Plano de Emergência Individual (PEI); Plano de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos (PGRS); Plano de Controle de Emergência e Prevenção dos Riscos Ambientais;

incluindo ações de controle e monitoramento para determinados aspectos ambientais, conforme

a natureza das operações e do meio ambiente industrial onde se localizam.

Foi possível constatar que os objetivos internos - que orientam a gestão ambiental - são

voltados ao atendimento das condicionantes estabelecidas na licença operacional das

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organizações. Outro ponto que está considerado na gestão é o cumprimento das legislações

governamentais existentes, porém, somente alguns estaleiros navais se dedicam ao

gerenciamento quanto às antecipações aos novos regulamentos e requisitos.

A partir dos resultados das ordenações das alternativas, conforme ilustrado na Tabela

4.6 – Valores Finais e Ordenação, torna-se se possível analisar e fazer algumas considerações

preliminares sobre os modelos de gestão ambiental dos estaleiros consultados.

As possíveis análises e considerações somente poderão ser creditadas aos dados

coletados durante as entrevistas, onde foi possível registrar as opiniões e percepções dos

interlocutores acerca dos critérios como tema central da pauta de reunião.

Cabe comentar, como exemplo, as práticas de gestão ambiental adotadas por dois

estaleiros aquelas que obtiveram pontuações relativas nos extremos, respectivamente, o

estaleiro correspondente a alternativa ‘E’ (maior valor) e o estaleiro referente à alternativa ‘F

(menor valor).

Nos dois casos, foram evidenciadas algumas preocupações básicas como atender os

compromissos legais e a condicionantes ambientais, com provimentos de evidências das ações

implementadas.

O estaleiro (alternativa ‘E’) possui modelo de gestão ambiental baseado na norma

ABNT/ISO 14.001(sistema de gestão ambiental – requisitos com orientações para uso), com

procedimentos exigidos estabelecidos.

Conta com profissionais especializados e investimentos em recursos informatizados,

que são empregados como ferramentas de gestão, por exemplo, no planejamento, no controle

dos programas ambientais e como banco de dados. Realiza-se, anualmente, auditoria ambiental,

com a finalidade de diagnóstico e avaliação do sistema de gestão, tendo, assim, a possibilidade

de fazer as correções e melhorias que julgar necessárias.

Ao se comparar o estaleiro da alternativa ‘F’, sob os mesmos paramentos, verifica-se

que sua gestão empresarial está estruturada nos requisitos da norma ABNT/ISO 9.001

(requisitos para a gestão da qualidade), o que não assegura eficácia à gestão ambiental, por não

ser norma propriamente adequada. Não possui funcionários dedicados exclusivamente à gestão

ambiental. Como argumentado na entrevista, não há prática de auditoria ambiental específica.

Percebe-se que a governança corporativa não aloca investimento exclusivo à gestão ambiental,

mas, os recursos disponíveis são geridos pela área de Segurança do Trabalho e do Meio

Ambiente. Procura-se resolver as demandas ambientais de forma reativa e pragmática, isto é,

quando se faz presente.

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Cabe ressaltar que os dois exemplos apresentados são ausentes de méritos, servindo

apenas como recurso ou esclarecimento com a finalidade de demonstrar que as utilizações dos

métodos AMD, mais propriamente, aqueles definidos para este trabalho de pesquisa podem

auxiliar, por exemplo, gestores e especialistas na tomada de decisões sobre a matéria ambiental.

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5. CONCLUSÃO

Este trabalho de pesquisa se enquadra como pesquisa-ação, em cenários complexos

relacionados à gestão ambiental de estaleiros navais. Trata-se, em seu contexto, o emprego de

ferramentas de estruturação de problemas e dos métodos do AMD (Apoio Multicritério à

Decisão), respectivamente, AHP e TODIM na análise de estaleiros navais.

A construção do entendimento sobre o problema trouxe ganhos, os quais foram obtidos

durante todo o processo de estruturação do problema, não somente os resultados finais. Além

disso, com o emprego do método AHP, construíram-se critérios com a participação de atores.

Da mesma forma, com a aplicação do método TODIM, em complementação, obteve-se a

ordenação de alternativas como resultado final do problema.

Os estudos relacionados à estruturação do problema ocorreram em dois momentos,

sendo, o primeiro, relativo à pesquisa sobre legislações ambientais e de outros requisitos

aplicáveis ao gerenciamento ambiental; o segundo, à seleção dos atores (colaboradores) como

partes interessadas nos processos de gestão ambiental.

Pode-se afirmar que a pesquisa realizada sobre as legislações ambientais atinentes à

gestão ambiental, em estaleiro naval, proporcionou um inventário robusto e eficaz do arcabouço

legal. E, também, foram analisados os compromissos normativos e outros requisitos subscritos

pela organização, atendendo, assim, os objetivos da pesquisa. Faz-se necessário dizer que, ao

realizar esta pesquisa, não se pretendeu exaurir todas as complexas matérias. O trabalho de

pesquisa visou apenas servir como uma ferramenta de contribuição ao pesquisador e demais

interessados com a apresentação de um sumário legislativo e outros requisitos concernentes às

atividades operacionais do estaleiro naval.

Adicionalmente aos estudos acerca da gestão ambiental, foi possível construir um

framework, isto é, uma representação da estrutura conceitual sobre o controle e desempenho

ambiental, fazendo parte do texto as exposições dos principais grupos de processos

(planejamento; controle operacional; monitoramento e medição; e emergências) e suas

atividades relacionadas. Este material mostrou-se útil, como ferramenta de apoio, na etapa

quatro, referente à pesquisa de campo, como parte da pesquisa-ação, quando ocorreram as

entrevistas com diversos atores.

A segunda parte da estruturação do problema foi dedicada à seleção de pessoas (atores)

para colaborarem com a pesquisa, por intermédio de entrevistas semiestruturadas e individuais,

tendo como tema central a gestão ambiental em estaleiro naval.

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Quanto à finalidade das entrevistas, foi colher dos atores (gestores, especialistas,

profissionais envolvidos com questões ambientais) suas opiniões e percepções sobre

governança estratégica ambiental e as práticas implementadas no gerenciamento ambiental, em

suas organizações. Desse modo, permitiu-se responder a um dos objetivos da pesquisa.

As entrevistas foram realizadas com os atores dos diversos níveis organizacionais

(estratégico, tático e operacional). Cabe ressaltar que um dos assuntos abordados nas

interlocuções foi sobre o detalhamento das atividades e as responsabilidades dos profissionais,

com funções ambientais. Este tópico, em particular, trouxe importantes informações ao trabalho

de pesquisa, além das pretendidas coletas de constructos condizentes à gestão ambiental. Como

resultado alcançado, pode-se citar as prospecções de duas áreas não contempladas no

planejamento inicial: gestão corporativa e a gestão exercida pelos intervenientes.

Com as abordagens gerais sobre a temática ambiental, com vistas a buscar elementos

para a estruturação de problemas, foi possível obter um bom número de constructos. Na

sequência, seguindo as recomendações do método, foram empenhados esforços nas análises,

organizações e agrupamentos dos constructos, possibilitando assim transformá-los em um

conjunto de conceitos da gestão ambiental.

Os conceitos, por sua vez, foram agrupados e organizados por áreas de conhecimento

ou grupos afins, sendo possível, também, estruturá-los em diversos mapas cognitivos.

Como a aplicação dos métodos SODA/mapa cognitivo, foi possível retornar com os

resultados para as anuências dos atores, como, também, conhecer mais sobre a situação

problemática, facilitando o processo de comunicação entre os envolvidos. Portanto, trata-se de

estratégia metodológica para comunicar e explicar processos de construção, estruturação de

conhecimento e formulação de critérios.

Foi dada particular atenção para a definição de cada um dos critérios, de forma a ser tão

exaustiva quanto possível. Os critérios devem refletir as preferências dos decisores e diferentes

pontos de vista, de modo a resumir e a reunir as diversas dimensões nas análises subjetivas.

As aplicações conjuntas dos métodos AHP e TODIM permitiram à pesquisa alcançar

seus objetivos (central e específico). Com o método AHP, foi possível estabelecer a hierarquia

dos critérios e seus graus de preferências relativas atribuídos pelos decisores, assim como, fazer

as comparações par a par a cada critério, pelo conjunto de alternativas.

O método TODIM trouxe - como resultado - a ordenação e os valores globais das

alternativas do processo, com base no conjunto de critérios.

Uma questão de máxima importância, na análise multicritério, é o envolvimento dos

diferentes atores na definição dos critérios e nas análises das alternativas.

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A credibilidade das análises será tanto quanto confiável, quando os decisores, que são

partes interessadas nas avaliações, tiverem em suas participações nos processos de definições

dos critérios, interesses, interações e discussões robustas até se encontrar pelo menos um

critério - dentre o rol de apreciação - àquele que demonstre a “preferência”, por consenso. Esta

dinâmica deve ser repetida tantas vezes quanto necessárias.

Pode-se concluir que a análise multicritério ajusta-se bem ao estudo da gestão ambiental

e avaliação das alternativas. Como foi visto, as opiniões dos diversos colaboradores e decisores

podem ser expressas em conjunto (sempre por consenso), sem perder nenhum dos pontos de

vista, ou ter de fazer demasiadas concessões em relação às suas escalas de valor.

Fica como sugestão para estudos futuros a ampliação do modelo, com vista às

internalizações de outras áreas de conhecimento relativas à gestão ambiental de estaleiro naval,

como: gestão corporativa, intervenientes e fornecedores; todos elencados na fase de diagnóstico

e estruturação do problema, porém, não tratados neste trabalho, como foi justificado,

anteriormente, pelo autor.

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155

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167

APÊNDICE A

Gestores Ambientais - Clusters e Subclusters

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An

tecip

ar o

s

po

ten

cia

is ris

co

s

am

bie

nta

is

Av

alia

r o

s ri

sco

s

am

bie

nta

is

Bu

sca

r a

melh

ori

a

co

ntí

nu

a

Rea

liza

r a

lise

crí

tica

da

gest

ão

am

bie

nta

l

Rela

cio

na

r-se

co

m

blico

s d

e in

tere

sse

Resp

on

der a

s

dem

an

das

ex

tern

as

Rea

liza

r si

mu

lad

os

am

bie

nta

is

Clu

ster

Av

alia

r o

com

pro

met

imen

to

do

s C

ola

bo

rad

ore

s

com

a E

mp

resa

Geri

r o

clim

a

org

an

iza

cio

na

l

Su

bcl

ust

er

Page 168: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

168

APÊNDICE B

Gestão Corporativa - Clusters e Subclusters

Ges

tão

Am

bie

nta

l d

e E

sta

leir

o N

av

al

Res

po

nsa

bil

idad

es d

os

Ges

tore

s A

mb

ien

tais

Fo

rnec

edo

res

Inte

rven

ien

tes

Ges

tão

Co

rpo

rati

va

Ad

min

istr

ar

rela

cio

na

men

to c

om

blico

s d

e in

tere

sses

Co

ntr

ola

r o

dese

mp

en

ho

am

bie

nta

l

Geri

r o

s ri

sco

s e

imp

acto

s a

mb

ien

tais

Bu

sca

r o

melh

or

dese

mp

en

ho

am

bie

nta

l

Pro

mo

ver a

gest

ão

am

bie

nta

l co

rpo

rati

va

Imp

lem

en

tar a

gest

ão

am

bie

nta

l co

rpo

rati

va

Au

dit

ar o

sis

tem

a d

e

gest

ão

am

bie

nta

l

Av

alia

r a

s

op

ort

un

ida

des

de

melh

ori

a d

a g

est

ão

am

bie

nta

l

Clu

ster

Su

bcl

ust

er

Page 169: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

169

APÊNDICE C

Intervenientes - Clusters e Subclusters

Ges

tão

Am

bie

nta

l d

e E

sta

leir

o N

av

al

Fo

rnec

edo

res

Inte

rven

ien

tes

Ges

tão

Co

rpo

rati

va

Av

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r o

co

mp

rom

eti

men

to d

os

Co

lab

ora

do

res

co

m a

Em

pre

sa

Dis

po

r d

e p

lan

o

est

raté

gic

o p

ara

em

erg

ên

cia

s

am

bie

nta

is

Ad

min

istr

ar

rela

cio

na

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to c

om

blico

s d

e in

tere

sses

Pro

ver

as

licen

ça

s e

au

tori

za

çõ

es

am

bie

nta

is

Pro

mo

ver a

ima

gem

am

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nta

l da

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pre

sa

Rea

liza

r a

s a

ud

ito

ria

s

co

mp

uls

óri

as

Imp

lem

en

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s

pro

gra

ma

s a

mb

ien

tais

Res

po

nsa

bil

idad

es d

os

Ges

tore

s A

mb

ien

tais

Clu

ster

Su

bcl

ust

er

Page 170: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

170

APÊNDICE D

Fornecedores - Clusters e Subclusters

Ges

tão

Am

bie

nta

l d

e E

sta

leir

o N

av

al

Fo

rnec

edo

res

Inte

rven

ien

tes

Ges

tão

Co

rpo

rati

va

Av

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r o

co

mp

rom

eti

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to d

os

Co

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ora

do

res

co

m a

Em

pre

sa

Dis

po

r d

e p

lan

o

est

raté

gic

o p

ara

em

erg

ên

cia

s

am

bie

nta

is

Ad

min

istr

ar

rela

cio

na

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to c

om

blico

s d

e in

tere

sses

Co

ntr

ola

r o

dese

mp

en

ho

am

bie

nta

l

Geri

r o

s co

ntr

ato

s e o

s

forn

ecim

en

tos

de

serv

iço

s a

mb

ien

tais

Ev

ita

r a

gera

çã

o d

e

pa

ssiv

os

am

bie

nta

is

Av

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r ri

sco

s

am

bie

nta

is d

e terc

eir

os

Atu

ar em

em

erg

ên

cia

am

bie

nta

l

So

lucio

na

r o

s

pro

ble

ma

s a

mb

ien

tais

Res

po

nsa

bil

idad

es d

os

Ges

tore

s A

mb

ien

tais

Clu

ster

Su

bcl

ust

er

Page 171: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

171

APÊNDICE E

Questionário de Comparação Par a Par

Page 172: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

172

APÊNDICE F

Framework: Controle e Desempenho Ambiental

Pla

nej

am

ento

Leg

isla

ções

Am

bie

nta

is

Req

uis

ito

s A

mb

ien

tais

-P

etro

bra

s (C

on

trat

ante

)

Lic

ença

s A

mb

ien

tais

&

Co

nd

icio

nan

tes

Órg

ãos

Reg

ula

do

res

(Nac

. e

Inte

rnac

ion

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Pre

stad

ore

s d

e S

erv

iço

s

Inte

rno

s -(c

apac

itaç

ão)

No

tifi

caçõ

es, I

nte

rdiç

ões

(g

estã

o téc

. /

adm

.)

Ges

tão

de

Rec

urs

os

apli

cáv

eis

ao M

eio

Am

b.

Ges

tão

de

Ind

icad

ore

s A

mb

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Po

líti

cas

Am

bie

nta

is d

a (s

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on

trat

ada(

s)

Pre

stad

ore

s d

e S

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iço

s A

mb

ien

tais

(es

pec

ializa

do

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Par

ceri

as T

écn

icas

(a

po

io c

orp

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tiv

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Pro

jeto

s A

mb

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do

E

stal

eiro

(in

frae

stru

tura

)

Co

ntr

ole

Op

era

cio

na

l

Prá

tica

s O

per

acio

nai

s (s

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iço

s e

ob

ras

/ m

anu

ten

ção

)

Ges

tão

da Q

ldd

ed

o A

r (e

mis

sões

em

ger

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Ges

tão

Qld

deÁ

gu

a, S

olo

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Len

çol F

reát

ico

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tão

de

Res

ídu

os,

Reu

sos,

R

ecic

lag

ens,

Lo

gís

tica

Rev

ersa

Cap

acit

ação

&

Co

nsc

ien

tiza

ção

Insp

eção

de

Cam

po

(o

bra

s /

serv

. / u

tilid

ades

/ in

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stru

tura

)

Ges

tão

do

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de

Rec

urs

os

Nat

ura

is e

Bio

div

ersi

dad

es

Eq

uip

e d

e P

rofi

ssio

nai

s d

e M

eio

Am

bie

nte

Rec

urs

os

Op

erac

ion

ais

aplica

do

s ao

Mei

o A

mb

ien

te

En

g. A

nál

ise

de

Ris

cos

apli

cáv

el

ao p

roje

to e

/ou

in

stal

açõ

es

Prá

tica

s A

mb

ien

tais

(i

mp

lem

enta

ção

)

Co

ntr

ole

fit

oss

anit

ário

/ z

oo

no

se(p

rag

as e

vet

ore

s)

Mo

nit

or.

& M

ediç

ão

Mo

nit.

& M

ediç

ões

A

gen

tes A

mb

ien

tais

Reg

istr

os

(Req

uer

ido

s p

ela

ges

tão

am

bie

nta

l)

Ges

tão

da

Bio

ta

(áre

a d

e in

flu

ênci

a)

Áre

as S

ensí

vei

s (s

olo

e

len

çol fr

eáti

coM

edid

as P

rev

enti

vas

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Co

rret

ivas

Au

dit

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as L

egai

s &

V

olu

ntá

rias

Cer

tifi

caçõ

es p

or

Órg

ão

de

Cla

sse

(Nac

. e I

nte

rn)

Rel

acio

nam

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c/

Co

mu

nid

ades

Co

ntr

ole

das

co

nd

içõ

es

Atm

osf

éric

a (m

aré

e v

ento

)

Em

erg

ênci

a

PE

I -P

lan

o E

mer

gên

cia

Ind

ivid

ual

Tra

tam

ento

s d

e P

assi

vo

s (p

ré e

xis

ten

tes)

Pro

posi

ção

de

Cen

ário

s e

Sim

ula

do

s A

mb

ien

tais

Co

mu

nic

ação

de

Em

erg

ênci

as A

mb

ien

tais

PA

M –

Pla

no

de

Au

xíl

io

tuo

Elim

inaç

ão d

e P

assi

vo

s p

or A

cid

ente

s A

mb

ien

tais

Atu

ação

em

Em

erg

ênci

a A

mb

ien

tal (r

ecu

rso

s)

PR

E –

Pla

no

de

Res

po

sta

à E

mer

gên

cias

Co

ntr

ole

e S

alv

atag

emd

e F

aun

as

Fra

mew

ork

: C

on

tro

le e

Des

emp

enh

o A

mb

ien

tal

Page 173: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

173

APÊNDICE G

Matrizes de Valores Atribuídos pelas Alternativas

(Valores Comparativos por Critério)

Critério 1 – Zelar pelos cumprimentos dos

preceitos da gestão ambiental.

Critério 2 – Assegurar a sustentabilidade

ambiental.

Critério 3 – Gerir os riscos, aspectos e

impactos ambientais.

Critério 4 – Buscar formas de promoção e

controle do desempenho ambiental.

Critério 5 Administrar relacionamento com

públicos de interesse.

Critério 6 – Dispor de plano estratégico para

emergências ambientais

Alternativas A B C D E F G

A 1,00 2,00 1,00 1,00 1,00 2,00 1,00

B 0,50 1,00 1,00 2,00 2,00 1,00 1,00

C 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

D 1,00 0,50 1,00 1,00 1,00 2,00 1,00

E 1,00 0,50 1,00 1,00 1,00 2,00 2,00

F 0,50 1,00 1,00 0,50 0,50 1,00 1,00

G 1,00 1,00 1,00 1,00 0,50 1,00 1,00

Alternativas A B C D E F G

A 1,00 0,33 0,50 2,00 0,50 1,00 0,50

B 3,00 1,00 2,00 2,00 3,00 4,00 2,00

C 2,00 0,50 1,00 1,00 1,00 2,00 2,00

D 0,50 0,50 1,00 1,00 1,00 1,00 0,50

E 2,00 0,33 1,00 1,00 1,00 0,25 1,00

F 1,00 0,25 0,50 1,00 4,00 1,00 1,00

G 2,00 0,50 0,50 2,00 1,00 1,00 1,00

Alternativas A B C D E F G

A 1,00 0,33 0,50 3,00 1,00 0,33 1,00

B 3,00 1,00 2,00 2,00 1,00 2,00 2,00

C 2,00 0,50 1,00 2,00 2,00 2,00 1,00

D 0,33 0,50 0,50 1,00 0,50 1,00 0,50

E 1,00 1,00 0,50 2,00 1,00 2,00 2,00

F 3,00 0,50 0,50 1,00 0,50 1,00 0,50

G 1,00 0,50 1,00 2,00 0,50 2,00 1,00

Alternativas A B C D E F G

A 1,000 0,500 1,000 2,000 2,000 3,000 2,000

B 2,000 1,000 1,000 0,500 2,000 4,000 2,000

C 1,000 1,000 1,000 3,000 3,000 3,000 2,000

D 0,500 2,000 0,333 1,000 1,000 1,000 1,000

E 0,500 0,500 0,333 1,000 1,000 0,500 2,000

F 0,333 0,250 0,333 1,000 2,000 1,000 1,000

G 0,500 0,500 0,500 1,000 0,500 1,000 1,000

Alternativas A B C D E F G

A 1,00 4,00 2,00 0,50 3,00 1,00 1,00

B 0,25 1,00 0,50 0,25 0,25 0,50 0,50

C 0,50 2,00 1,00 0,50 0,50 1,00 1,00

D 2,00 4,00 0,50 1,00 2,00 5,00 5,00

E 0,33 4,00 2,00 0,50 1,00 1,00 1,00

F 1,00 2,00 1,00 0,20 1,00 1,00 1,00

G 1,00 2,00 1,00 0,20 1,00 1,00 1,00

Alternativas A B C D E F G

A 1,00 0,33 1,00 1,00 0,50 0,50 0,50

B 3,00 1,00 0,50 0,33 0,25 0,20 0,20

C 1,00 2,00 1,00 0,50 0,33 0,33 1,00

D 1,00 3,00 2,00 1,00 0,50 0,50 2,00

E 2,00 4,00 3,00 2,00 1,00 1,00 1,00

F 2,00 5,00 3,00 2,00 1,00 1,00 1,00

G 2,00 5,00 1,00 0,50 1,00 1,00 1,00

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174

APÊNDICE H

Seleção dos Entrevistados

Gru

poC

argo

For

maç

ãoP

rópr

io /

Con

trat

ado

Res

pons

abili

dade

s F

unci

onai

sR

espo

nsab

ilida

des

refe

rent

es

às d

eman

das

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enta

is

Est

raté

gico

Ger

ente

Adm

inis

trat

ivo

Ciê

ncia

s

Bio

lógi

cas

Pró

prio

A

dmin

istr

ação

das

inst

alaç

ões

pred

iais

,

M

anut

ençõ

es d

as in

frae

stru

tura

s da

s of

icin

as e

unid

ades

de

utili

dade

s,

G

eren

ciar

os

supr

imen

tos

de m

ater

iais

e d

e

ener

gias

.

1. R

elac

iona

r co

m o

s ór

gãos

am

bien

tais

, com

o

repr

esen

tant

e ad

min

istr

ativ

o da

Em

pres

a.

2. C

umpr

ir e

faze

r cu

mpr

ir o

s re

quis

itos

das

licen

ças

e

auto

riza

ções

am

bien

tais

.

3. In

tern

aliz

ar a

pol

ítica

am

bien

tal d

a em

pres

a

Ger

ente

de

SM

S

Eng

enhe

iro

Quí

mic

oP

rópr

io

G

eren

ciar

as

ativ

idad

es d

os p

rofi

ssio

nais

de

SM

S.

G

erir

os

cont

rato

s de

em

pres

as d

e pr

esta

ções

de

serv

iços

am

bien

tais

.

1. R

elac

iona

r-se

com

os

órgã

os a

mbi

enta

is, c

omo

repr

esen

tant

e té

cnic

o da

Em

pres

a.

2. G

eren

ciar

os

proc

esso

s de

am

bien

tais

.

3. G

uard

ião

da p

olíti

ca a

mbi

enta

l da

Em

pres

a.

4. G

eren

ciar

as

emer

gênc

ias

ambi

enta

is.

Tát

ico

Ger

ente

de

Seg

uran

ça d

o

Tra

balh

o

(cor

pora

tivo

)

Eng

enhe

iro

Civ

ilP

rópr

io

R

espo

nsáv

el p

ela

supe

rvis

ão té

cnic

a da

s di

retr

izes

corp

orat

ivas

, na

sua

área

de

com

petê

ncia

.

P

ropo

r pro

gram

as e

cam

panh

as c

orpo

rativ

as d

e

SM

S.

A

udita

r os

proc

esso

s op

erac

iona

is q

uant

o ao

s

aten

dim

ento

s no

rmat

ivos

, as

dem

anda

s in

terp

osta

s

por t

erce

iros

e a

s su

bscr

itas

pela

Em

pres

a.

1. S

uper

visi

onar

os

aten

dim

ento

s ao

s re

quis

itos

inte

rpos

tos

por ó

rgão

s am

bien

tais

gov

erna

men

tais

.

2. A

sses

sora

r a g

erên

cia

de S

MS

qua

nto

a ap

licaç

ão e

gera

ção

de re

gist

ros

sobr

e os

requ

isito

s no

rmat

ivos

lega

is im

plem

enta

dos.

Ger

ente

de

Mei

o

Am

bien

te

(cor

pora

tivo

)

Eng

enhe

iro

de M

eio

Am

bien

te

Pró

prio

Pro

fiss

iona

l de

Mei

o

Am

bien

te

(nív

el

supe

rior

)

Arq

uite

tura

(esp

ecia

list

a

em g

estã

o

ambi

enta

l)

Con

trat

ado

A

poio

técn

ico

à ge

stão

de

SM

S.

F

isca

lizar

em

pres

as te

rcei

riza

das.

S

uper

visã

o op

erac

iona

l de

cam

po.

A

poia

r às

ins

peçõ

es d

e ór

gãos

fis

cali

zado

res

e aç

ões

corp

orat

ivas

.

Z

elar

pel

a po

líti

ca a

mbi

enta

l da

em

pres

a.

1. F

isca

lizar

as

empr

esas

con

trat

adas

pre

stad

oras

de

serv

iços

am

bien

tais

.

2. E

labo

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mbi

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is.

3. S

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o de

cam

po, p

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o

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ção

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enta

is.

4. G

eren

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os

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arte

s ex

tern

os d

e re

sídu

os.

5. M

onit

orar

os

desc

arte

s de

efl

uent

es e

emis

sões

atm

osfé

rica

s

Page 175: ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL EM ESTALEIRO NAVAL … Nilson L Soares.pdf · ambiental em estaleiros navais, com empregos de critérios elencados por profissionais e especialistas

175

APÊNDICE H

Seleção dos Entrevistados(continuação)

Gru

poC

argo

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ação

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prio

/

Con

trat

ado

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pons

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dade

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bien

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.

2. I

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s am

bien

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.

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bien

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esat

mos

féri

cas,

font

es

polu

idor

as,e

mer

gênc

ias

ambi

enta

is).

2.E

labo

rar

rela

tóri

osam

bien

tais

(int

erno

s)

3.S

uper

visã

ode

cam

po,

para

oco

ntro

lede

não

gera

ção

depa

ssiv

osam

bien

tais

.

4.In

speç

ãopa

rao

cont

role

depr

agas

eve

tore

s

Ope

raci

onal

Téc

nico

(Con

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ção

e

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nico

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o

(con

stru

ção

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as d

e pr

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ão

(con

stru

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stri

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.

Fi

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em

pres

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cont

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refe

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e ao

s se

rviç

os e

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s (p

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ção)

.

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perv

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de

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os s

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ços,

obr

as e

inst

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ões.

In

speç

ão s

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ento

s do

s

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isit

os e

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s am

bien

tais

, de

sua

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de

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ncia

.

1. F

isca

lizar

as

empr

esas

con

trat

adas

de

mod

o a

evit

ar a

ger

ação

de

pass

ivos

am

bien

tais

.

2. F

isca

liza

r as

em

pres

as c

ontr

atad

as q

uant

o ao

cons

umo

e ap

lica

ções

de

recu

rsos

mat

eria

is e

de

ener

gias

.

3. R

epor

tar

as o

corr

ênci

as d

e an

omal

ias

e de

emer

gênc

ias

ambi

enta

is.

4. I

nteg

rar

equi

pe d

e co

mba

te à

s em

ergê

ncia

s

ambi

enta

is.