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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
ANÁLISE DA PERFORMANCE E CUSTOS DE DIFERENTES
CONFIGURAÇÕES DE UM VEÍCULO A CÉLULA A COMBUSTÍVEL:
O HYUNDAI NEXO
Guilbert Gomes Nassif
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Sílvio Carlos Aníbal de Almeida
Rio de Janeiro
Agosto de 2019
ii
iii
Nassif, Guilbert Gomes
Análise da performance e custos de diferentes configurações de powertrain
de um veículo a célula a combustível: O Hyundai Nexo / Guilbert Gomes
Nassif. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2019.
XI, 177 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Sílvio Carlos Aníbal de Almeida
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Mecânica, 2019.
Referências Bibliográficas: p. 158-161.
1. Introdução 2. Bateria 3. Célula a Combustível 4.Veículo Elétrico
5.Softwares 6.Hyundai Nexo 7.Análise do Veículo Elétrico híbrido a
Célula a Combustível 8. Análise do Veículo Elétrico Híbrido Plug-in
a Célula a Combustível 9.Análise Econômica com Veículos Reais 10.
Conclusões I. De Almeida, Sílvio Carlos de Aníbal. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica. III. Análise de duas plataformas veiculares de um veículo
a célula a combustível utilizando-se o Advisor.
iv
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a minha família. Em especial ao meus pais, Gilberto e
Regina, pelo apoio incondicional durante toda minha vida e por todos os sacrifícios feitos para
que eu pudesse ter a melhor educação possível. Aos meus irmãos, Emmanuel, Michele, Marconi
que são a minha inspiração.
Agradeço aos meus amigos do curso de engenharia mecânica, Pedro Zambrano,
Giuseppe Giovanelli, Bruno Soares, Lucas Guedes, Lucas Paraquett, Lucas Ribeiro e Asaph
Tinoco que estiveram comigo durante esses anos tornando a graduação mais agradável.
Agradeço aos professores da UFRJ que tive contato pela dedicação ao ensino. Em
especial agradeço ao professor Sílvio Carlos pelo ensinamentos, disponibilidade, paciência e
apoio durante a orientação desse projeto.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
ANÁLISE DA PERFORMANCE E CUSTOS DE DIFERENTES
CONFIGURAÇÕES DE POWERTRAIN DE UM VEÍCULO A CÉLULA A
COMBUSTÍVEL: O HYUNDAI NEXO
Guilbert Gomes Nassif
Agosto/2019
Orientador: Sílvio Carlos Aníbal de Almeida
Curso: Engenharia Mecânica
Alinhado com as tendências mundiais de desenvolvimento de veículos não dependentes
de combustíveis fósseis e com zero emissões, esse estudo propõe e analisa modificações a um
veículo elétrico híbrido a célula a combustível (Hyundai Nexo).
Utilizando-se o software de simulação veicular Advisor foi possível avaliar a
performance do Hyundai Nexo nas versões: veículo elétrico híbrido a célula a combustível e
veículo elétrico híbrido plug-in a célula a combustível. Foram criadas diferentes configurações
do veículo com diferentes graus de hibridização e avaliada a influência desse parâmetro na
performance do veículo.
Selecionam-se os dois melhores modelos de cada versão e compara-se seus custos com
o custo do Hyundai Nexo original e de veículos a combustão e elétrico da mesma categoria. A
comparação é realizada no cenário atual, no cenário de 500.000 veículos a célula a combustível
produzidos ao ano e no cenário de 2030 projetado pelo DOE (sistema de célula a combustível,
tanque e hidrogênio com custos otimizados). Dessa forma é possível observar-se o impacto das
modificações em diferentes momentos de maturidade da tecnologia do sistema de célula a
combustível e do hidrogênio. O custo dos combustíveis e dos veículos analisados são referentes
a Califórnia (EUA), isso é devido a grande disponibilidade de dados para esse Estado.
Palavras-chave: Advisor, Célula a Combustível, Veículo Elétrico Híbrido a Célula a
Combustível, Veículo Elétrico Híbrido Plug-in a Célula a Combustível.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment
of the requirements for the degree of Engineer.
PERFORMANCE AND COST ANALYSIS OF DIFFERENT POWERTRAIN
CONFIGURATIONS OF A FUEL CELL VEHICLE: THE HYUNDAI NEXO
Guilbert Gomes Nassif
August/2018
Advisor: Sílvio Carlos Aníbal de Almeida
Course: Mechanical Engineering
Aligned with the world’s trends of development of zero emission and not fossil fuel
dependent vehicles, this work proposes and analyses modifications to a fuel cell hybrid electric
vehicle (Hyundai Nexo).
Using the vehicle simulator software Advisor, it was possible to evaluate Hyundai
Nexo’s performance in the versions: fuel cell hybrid electric vehicle and fuel cell hybrid plug-
in vehicle. Different configurations at different degrees of hybridization were created and the
influence of this parameter in vehicle’s performance are analyzed.
The two best vehicles of each version are selected and have a cost comparison with the
original Hyundai Nexo, an internal combustion engine vehicle and an electric vehicle of the
same category. The comparison is performed in the current scenario, in a scenario with 500.000
fuel cell vehicles produced by year and in the 2030 scenario projected by DOE (fuel cell system,
tank and hydrogen with costs optimized). In this way it is possible to realize the impact of the
modifications in different stages of maturity of the fuel cell system and of hydrogen. The fuel
and vehicle costs’ analyzed are based on California (USA), this is due to the large availability
of data for this State.
Keywords: Advisor, Fuel Cell, Fuel Cell Hybrid Electric Vehicle, Fuel Cell Plug-in Hybrid
Electric Vehicle.
vii
Sumário Lista de Figuras ........................................................................................................................ xii
Lista de Tabelas ........................................................................................................................ xv
Lista de Abreviaturas e Siglas ...............................................................................................xviii
1. Introdução ............................................................................................................................. 20
1.1 Relevância dos veículos a célula a combustível ..................................................... 20
1.2 Objetivos ................................................................................................................. 22
1.3 Descrição dos Capítulos.......................................................................................... 22
2. Bateria ................................................................................................................................... 24
2.1 Tipos de bateria ....................................................................................................... 25
2.2.1 Níquel-hidreto metálico ........................................................................... 26
2.2.2 Íon lítio ..................................................................................................... 27
2.2 Principais parâmetros .............................................................................................. 27
2.3 Modos de operação da bateria ................................................................................ 28
3. Célula a Combustível............................................................................................................ 30
3.1 Tipos de Célula a Combustível ............................................................................... 30
3.2 Sistema da célula a combustível ............................................................................. 32
3.3 Energia e eficiência da célula a combustível .......................................................... 33
3.4 Voltagem da célula a combustível ......................................................................... 33
3.5 Voltagem real da célula a combustível ................................................................... 34
3.6 Eficiência do Sistema de célula a combustível ....................................................... 37
4. Veículos elétricos ................................................................................................................. 38
4.1 Veículo elétrico a bateria ........................................................................................ 38
4.2 Veículo elétrico híbrido .......................................................................................... 38
4.2.1 Veículo elétrico híbrido a célula a combustível ....................................... 39
4.2.1.1 Consumo de combustível de veículos ....................................... 42
viii
4.2.2 Veículo elétrico híbrido plug-in a célula a combustível .......................... 42
4.2.2.1 Consumo de um veículo elétrico híbrido plug-in a célula a
combustível ........................................................................................... 43
4.2.2.2 Diferença de eficiência entre o modo charge depleting e charge
sustaining .............................................................................................. 46
4.3 Grau de hibridização ............................................................................................... 48
4.3.1 Restrições ao grau de hibridização........................................................... 48
4.4 Ciclo de Condução .................................................................................................. 49
5. Softwares .............................................................................................................................. 52
5.1 FastSim ................................................................................................................... 52
5.2 Advisor.................................................................................................................... 52
5.2.1 Interface ................................................................................................... 52
6 Hyundai Nexo ........................................................................................................................ 59
6.1 Descrição ................................................................................................................ 59
6.2 Dados de entrada ....................................................................................................60
6.2.1 Bateria ...................................................................................................... 60
6.2.2 Sistema de Célula a Combustível e Tanque ............................................. 61
6.2.3 Motor ........................................................................................................ 62
6.2.4 Veículo ..................................................................................................... 62
6.2.5 Transmissão ............................................................................................. 62
6.2.6 Roda ......................................................................................................... 63
6.2.7 Estratégia de controle da célula a combustível e do banco de baterias.... 63
6.3 Modelagem no Advisor .......................................................................................... 64
6.3.1 Veículo ..................................................................................................... 65
6.3.2 Roda ......................................................................................................... 66
6.3.3 Banco de baterias ..................................................................................... 66
6.3.4 Sistema de Célula a Combustível e Tanque ............................................. 70
ix
6.3.5 Estratégia de controle da célula a combustível do banco de baterias ...... 71
6.3.6 Condições iniciais .................................................................................... 72
6.4 Validação .................................................................................................... 74
7 Análise do Veículo elétrico híbrido a célula a combustível .................................................. 77
7.1 Análise de diferentes graus de hibridização ........................................................... 77
7.1.1 Configuração dos parâmetros da simulação ............................................ 82
7.1.2 Resultados da Simulação ......................................................................... 83
7.1.2.1 Consumo de Combustível ......................................................... 83
7.1.2.2 Autonomia veicular ................................................................... 87
7.2 Vida útil .................................................................................................................. 88
7.3 Análise Econômica ................................................................................................. 89
7.3.1 Custo de aquisição do veículo .................................................................. 89
7.3.2 Custo de combustível ao usuário ............................................................. 92
7.3.3 Custo total do veículo .............................................................................. 95
7.4 Escolha da melhor configuração ............................................................................. 96
8 Análise do veículo elétrico híbrido plug-in a célula a combustível ...................................... 98
8.1 Definição dos dados do veículo .............................................................................. 98
8.1.1 Bateria ...................................................................................................... 98
8.1.2 Estratégia de Controle do Banco de Baterias e da Célula a Combustível 99
8.1.3 Condições Iniciais .................................................................................... 99
8.1.4 Configuração final.................................................................................... 99
8.2 Modelagem no Advisor ........................................................................................ 100
8.2.1 Banco de baterias ................................................................................... 100
8.2.2 Estratégia de controle do banco de baterias e da célula a combustível.. 103
8.2.3 Condições iniciais .................................................................................. 103
8.3 Nexo versão veículo elétrico híbrido plug-in a célula a combustível com diferentes
GHs ............................................................................................................................. 104
x
8.4 Resultados da simulação ....................................................................................... 108
8.4.1 Consumo no modo CD ........................................................................... 108
8.4.2 Consumo no modo CS ........................................................................... 113
8.4.3 Consumo do Ciclo .................................................................................. 117
8.4.4 Autonomia e Autonomia Elétrica .......................................................... 118
8.5 Análise Econômica ............................................................................................... 120
8.5.1 Custos de Aquisição ............................................................................... 120
8.5.2 Custos de combustível ao usuário .......................................................... 122
8.5.3 Custo total do veículo ............................................................................ 126
8.6 Seleção do melhor veículo plug-in ....................................................................... 128
8.7 Comparação energética do veículo elétrico híbrido a célula a combustível e do
veículo elétrico híbrido plug-in a célula a combustível .............................................. 129
9 Análise econômica com veículos reais ................................................................................ 131
9.1 Seleção dos veículos de comparação .................................................................... 131
9.2 Cenários de Comparação ...................................................................................... 132
9.3 Comparação no atual cenário de produção ........................................................... 133
9.3.1 Custo de aquisição do veículo ................................................................ 133
9.3.2 Custo do combustível ............................................................................. 135
9.3.3 Custo total sem isenções ........................................................................ 137
9.4 Cenário com custos de 500.000 unidades fabricadas ao ano ................................ 141
9.4.1 Custo de aquisição ................................................................................. 142
9.4.2 Custo do combustível ............................................................................. 143
9.4.3 Custo total .............................................................................................. 145
9.5 Cenário de 2030 .................................................................................................... 147
9.5.1 Custo de aquisição do veículo em 2030 ................................................. 147
9.5.2 Custo de combustível cenário de 2030 .................................................. 149
9.5.3 Custo total do veículo cenário de 2030 .................................................. 151
xi
9.6 Emissões evitadas ................................................................................................. 153
10 Conclusões ......................................................................................................................... 156
Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 159
Apêndice A ............................................................................................................................. 164
Apêndice B ............................................................................................................................. 175
xii
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Célula de uma bateria .......................................................................................... 24
Figura 2.2 – Figura de Ragone dos principais sistema de armazenamento de energia ........... 26
Figura 2.3 –Modos de operação da bateria .............................................................................. 29
Figura 3.1 – Célula combustível .............................................................................................. 30
Figura 3.2 – Voltagem da célula combustível com perdas ....................................................... 36
Figura 3.3 – Eficiência do sistema, voltagem da célula e densidade de potência líquida ...... 37
Figura 4.1 – Powertrain do veículo elétrico híbrido a célula combustível com fluxo de energia
.................................................................................................................................................. 39
Figura 4.2 – Powertrain do veículo plug-in a célula combustível com fluxo de energia ........ 43
Figura 4.3 – Fator de Utilidade ............................................................................................... 46
Figura 4.3 – Fluxo de energia do BB até a roda detalhando-se a eficiência do processo por etapa
.................................................................................................................................................. 47
Figure 4.4 – Fluxo de energia da célula a combustível até roda detalhando-se a eficiência do
processo por etapa ................................................................................................................... 48
Figura 4.4 – Perfil de velocidade ciclo UDDS ........................................................................ 50
Figura 4.5 – Perfil de velocidade ciclo HWFET ..................................................................... 50
Figura 5.1 – Primeira tela do Advisor ...................................................................................... 53
Figura 5.2 – Segunda tela do Advisor .................................................................................... 55
Figura 5.3: Configuração das condições iniciais ...................................................................... 55
Figura 5.4 Configuração do teste de aceleração ...................................................................... 56
Figura 5.5 – Configuração do teste de inclinação .................................................................... 57
Figura 5.6 – Tela de resultados da simulação .......................................................................... 58
Figura 6.1 – Tela inicial da configuração final do Hyundai Nexo .......................................... 64
Figura 6.2 – Potência da bateria em função do SOC para diferentes temperaturas ................ 66
Figura 6.3 – Temperatura da bateria ao longo de 5 ciclos UDDS ........................................... 67
Figura 6.4 – Temperatura da bateria ao longo de 5 ciclos HFWET ........................................ 67
Figura 6.5 – Arquivo de texto da bateria ................................................................................. 68
Figura 6.5 - Eficiência da Célula a Combustível em função da sua potência ......................... 72
Figura 6.6 - Estado de carga para 20 ciclos UDDS ................................................................. 73
Figura 6.7 - Estado de carga para 20 ciclos HFWET .............................................................. 74
Figura 6.8 - Resultados da simulação para 1 ciclo UDDS ...................................................... 75
xiii
Figura 6.9 - Resultados da Simulação para um ciclo HFWET ................................................ 76
Figura 7.1 – Inclinação máxima sustentada pelo veículo para diferentes graus de hibridização
.................................................................................................................................................. 79
Figura 7.2 – Tempo de aceleração para diferentes graus de hibridização ............................... 80
Figura 7.3 – Massa do powertrain para configurações com diferentes graus de hibridização 81
Figura 7.4 - Consumo para diversos graus de hibridização nos ciclos padrão ......................... 84
Figura 7.5 - Consumo configuração 3 (GH=29,6%) para 1 ciclo UDDS ................................ 85
Figura 7.6 - Consumo configuração 3 (GH=29,6%) para 1 ciclo HFWET ............................. 85
Figura 7.7 – Consumo configuração 7 (GH=61,6%) para 1 ciclo UDDS .............................. 86
Figura 7.8 – Consumo configuração 7 (GH=61,6%) para 1 ciclo HWFET ............................ 86
Figura 7.9 – Custo de aquisição do veículo para configurações diferentes graus de hibridização
.................................................................................................................................................. 92
Figura 7.10 - Custo total do veículo para diferentes graus de hibridização ............................ 96
Figura 8.1 – Tela inicial da configuração VEHPCC com GH=30% ..................................... 102
Figura 8.2 – Inclinação máxima para vários graus de hibridização ....................................... 105
Figura 8.3 – Tempo de aceleração 0 a 96,6 km/h para vários graus de hibridização ............ 105
Figura 8.4 - Variação da massa do powertrain para vários graus de hibridização ................ 107
Figura 8.5 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 2 (GH=24,1%) ......................... 108
Figura 8.6 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 3 (GH=29,6%) ......................... 109
Figura 8.7 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 4 (GH=40,1%) ......................... 109
Figura 8.8 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 5 (GH=50,0%) ......................... 110
Figura 8.9 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 6 (GH=60,1%) ......................... 110
Figura 8.10 – MPGeCS no ciclo UDDS para a configuração 2 (GH=24,1%) ........................ 113
Figura 8.11 – MPGeCS no ciclo UDDS para a configuração 3 (GH=29,6%) ........................ 114
Figura 8.12 – MPGeCS no ciclo UDDS para a configuração 4 (GH=40,1%) ........................ 114
Figura 8.13 – MPGeCS no ciclo UDDS com a configuração 5 (GH=50,2%) ........................ 115
Figura 8.14 – MPGeCS no ciclo UDDS com a configuração 6 (GH=60,1%) ........................ 115
Figura 8.15 – Consumo de combustível equivalente nos 3 ciclos para diferentes graus de
hibridização ........................................................................................................................... 118
Figura 8.16 – Custo de aquisição do veículo para diferentes graus de hibridização ............. 122
Figura 8.17 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=24,1% ......... 123
Figura 8.18 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=29,6% .......... 123
Figura 8.19 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=40,1% ......... 124
xiv
Figura 8.20 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=50,1% .......... 124
Figura 8.21 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=60,1% .......... 125
Figura 8.22 – Custo total do veículo para diferentes graus de hibridização .......................... 128
Figura 8.23 – Comparação do consumo kWh/100 km para as duas configurações .............. 130
Figura A.1 – Consumo configuração 2 (GH=25,5%) para 1 ciclo UDDS ............................ 164
Figura A.2 – Consumo configuração 2 (GH=25,5%) para 1 ciclo HWFET ........................ 165
Figura A.3 – Consumo configuração 4 (GH=39,8%) para 1 ciclo UDDS ............................ 165
Figura A.4 – Consumo configuração 4 (GH=39,8%) para 1 ciclo HWFET .......................... 166
Figura A.5– Consumo configuração 5 (GH=50,0%) para 1 ciclo UDDS ............................. 166
Figura A.6 – Consumo configuração 5 (GH=50,0%) para 1 ciclo HWFET .......................... 167
Figura A.7 – Consumo configuração 6 (GH=60,1%) para 1 ciclo UDDS ............................ 167
Figura A.8 – Consumo configuração 6 (GH=60,1%) para 1 ciclo HWFET ......................... 168
Figura A.9 – Performance da configuração 2 (GH=25,5%) em 5,24 ciclos UDDS .............. 169
Figura A.10 – Performance da configuração 2 (GH=25,5%) em 3,81 ciclos HWFET ......... 169
Figura A.11 – Performance da configuração 3 (GH=39,8%) em 5.24 ciclos UDDS ........... 170
Figura A.12 – Performance da configuração 3 (GH=39,8%) em 3.81 ciclos HWFET ......... 170
Figura A.13 – Performance da configuração 4 (GH=50,0%) em 5.24 ciclos UDDS ............ 171
Figura A.14 – Performance da configuração 4 (GH=50,0%) em 3.81 ciclos HWFET ......... 171
Figura A.15 – Performance da configuração 5 (GH=60,2%) em 5.24 ciclos UDDS ............ 172
Figura A.16 – Performance da configuração 5 (GH=60,2%) em 3.81 ciclos HWFET ......... 172
Figura A.17 – Performance da configuração original (GH=29,6%) em 5.24 ciclos UDDS . 173
Figura A.18 – Performance da configuração original (GH=29,6%) em 3.81 ciclos HWFET
................................................................................................................................................ 173
Figura A.19– Performance da configuração 7 (GH=61,6%) em 5.24 ciclos UDDS ............ 174
Figura A.20 – Performance da configuração 7 (GH=61,6%)em 3.81 ciclos HWFET ......... 174
Figura B.1 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=24,1%......... 175
Figura B.2 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=29,6%......... 176
Figura B.3 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=40,1%......... 176
Figura B.4 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=50,1%......... 177
Figura B.5 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=60,1%......... 177
xv
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 Comparação entre Hyundai Kona e Hyundai Nexo para Califórnia (EUA) ......... 21
Tabela 2.1 – Baterias dos veículos a célula combustível atuais .............................................. 26
Tabela 3.1 –Características das Células Combustível que utilizam hidrogênio ...................... 31
Tabela 4.1 Eficiência média dos componentes do VEHPCC [4,5] .......................................... 47
Tabela 6.1- Dados de Performance do Hyundai [27] .............................................................. 60
Tabela 6.2- valores reais e estimados da bateira do Hyundai Nexo ........................................ 60
Tabela 6.3- valores reais e estimados da célula a combustível e do tanque do Hyundai Nexo
.................................................................................................................................................. 61
Tabela 6.4 - valores reais do Hyundai Nexo ........................................................................... 62
Tabela 6.5 – Dados estimados para o Hyundai Nexo .............................................................. 63
Tabela 6.6 – Estratégia de controle para o Hyundai Nexo ...................................................... 63
Tabela 6.7 – Características das baterias no Advisor em relação ao Hyundai Nexo .............. 68
Tabela 6.8 – Passo a Passo da mudança de valores das variáveis da bateria .......................... 70
Tabela 6.9 – Consumo do Hyundai Nexo original em diferentes temperaturas ambiente ...... 72
Tabela 6.10 – Consumo para diferentes SOC’s nos ciclos UDDS e HFWET ........................ 73
Tabela 6.11 - Comparação dos valores simulados para 1 ciclo e dados reais ......................... 75
Tabela 7.1 – Dados dos diferentes graus de hibridização da configuração híbrida .................. 78
Tabela 7.2 – Massa do powertrain e veículo para configurações com diferentes graus de
hibridização .............................................................................................................................. 81
Tabela 7.3 Principais dados do Nexo VEHCC para diferentes graus de hibridização ............ 82
Tabela 7.4 – SOC Inicial para os diferentes graus de hibridização ......................................... 83
Tabela 7.5 – Autonomia dos diferentes graus de hibridização ................................................. 88
Tabela 7.6 - Custo de Aquisição para configurações com diferentes graus de hibridização .. 91
Tabela 7.7 - Consumo em kWh/100 km, consumo de hidrogênio e sua energia equivalente em
diferentes GHs para 39 milhas nos 3 ciclos padrão ................................................................. 94
Tabela 7.8 - Consumo anual e total de combustível para diferentes GHs ............................... 94
Tabela 7.9 – Custos de Aquisição, Combustível e Total do veículo para diferentes GHs ....... 95
Tabela 8.1 – Dados da bateria do Kia Niro plug-in ................................................................. 99
Tabela 8.2 – Configuração Inicial do Nexo VEHPCC .......................................................... 100
Tabela 8.3 – Características das baterias do Advisor e do Nexo VEHPCC .......................... 101
Tabela 8.4 – Passo a Passo da mudança de valores das variáveis da bateria ......................... 102
xvi
Tabela 8.5 – Dados dos diferentes graus de hibridização da configuração plug-in ............... 104
Tabela 8.6 – Massa do powertrain e do veículo para diferentes graus de hibridização ........ 106
Tabela 8.7 – Principais dados das configurações no Nexo VEHPCC estudados .................. 107
Tabela 8.8 – Dados de consumo no modo CD para o ciclo UDDS ....................................... 111
Tabela 8.9 – Consumo para o ciclo HWFET no modo CD ................................................... 112
Tabela 8.10 – Consumo no modo CS no ciclo UDDS .......................................................... 116
Tabela 8.11 – Consumo no modo CS no ciclo HWFET ....................................................... 116
Tabela 8.12 – Dados de consumo dos 3 ciclos para diferentes graus de hibridização .......... 117
Tabela 8.13 – Autonomia e autonomia elétrica dos diferentes graus de hibridização ........... 118
Tabela 8.14 – Autonomia do veículo para diferentes graus de hibridização ......................... 119
Tabela 8.15 - Custo de aquisição para diferentes graus de hibridização ............................... 121
Tabela 8.16 – Detalhes do consumo diário para diferentes graus de hibridização ................ 125
Tabela 8.17 - Consumo anual e custo total de combustível para diferentes graus de hibridização
................................................................................................................................................ 126
Tabela 8.18 – Custos de Aquisição, Combustível e Total do veículo para diferentes GHs .. 127
Tabela 9.1 – Preço do sistema de célula a combustível, tanque e hidrogênio por cenários ... 133
Tabela 9.2 – Custo de aquisição das 3 versões do Nexo ........................................................ 134
Tabela 9.3 – Comparação entre o custo de aquisição de todas as configurações ................... 135
Tabela 9.4 – Custo dos combustíveis utilizados .................................................................... 135
Tabela 9.5 - Comparação do custo dos combustíveis ao longo de 10 anos ............................ 136
Tabela 9.6 – Custo total dos veículos ao fim de 10,5 anos .................................................... 138
Tabela 9.7 – Custo Total dos veículos com subvenções ....................................................... 140
Tabela 9.8– Composição do custo total dos veículos a célula combustível para 500.000
unidades/ano ........................................................................................................................... 142
Tabela 9.9 – Custo de aquisição das diferentes configurações dos veículos ......................... 143
Tabela 9.10 – Custo dos combustíveis utilizados no Cenário de 2019 e com 500.000 unidades
................................................................................................................................................ 144
Tabela 9.11 – Custo com combustível para o cenário de 500.000 unidades/ano ................... 144
Tabela 9.12 – Custo total dos veículos ao fim de 10,5 anos no cenário de 500.000 unidades/ano
................................................................................................................................................ 146
Tabela - 9.13 Comparação dos custos atuais e custos com a tecnologia estabelecida ........... 147
Tabela 9.14 – Composição dos custos dos veículos a célula a combustível no cenário 2030
................................................................................................................................................ 148
xvii
Tabela 9.15 – Comparação entre o custo de aquisição de todas as configurações ................. 149
Tabela 9.16 – Custo dos combustíveis utilizados ................................................................... 150
Tabela 9.17 – Custo de combustível no cenário de 2030 ...................................................... 151
Tabela 9.18 – Custo total dos veículos ao fim de 10,5 anos no cenário de 2030 .................. 152
Tabela 9.19 – Emissões do tanque a roda de CO2 do Hyundai Tucson ................................. 154
xviii
Lista de Abreviaturas e Siglas
Advisor Advanced Vehicle Simulator
AFC Alkaline Fuel Cell
BB Banco de Baterias
CD Charge Depleting
CS Charge Sustaining
DMFC Direct Methanol Fuel Cell
DOE Departament of Energy
EPA Enviromental Protection Agency
EIA Energy Information Administration
IEA International Energy Agency
INEA Instituto Nacional de Eficiência Energética
FASTSim Future Automotive System Technology Simulator
GGE Galão de Gasolina Equivalente
GH Grau de Hibridização
HWFET Highway Fuel Economic Test
MCFC Molten Carbon Fuel Cell
MPG Milhas por galão de gasolina
MPGe Milhas por galão de gasoline equivalente
NREL National Renewble Energy Laboratory
PAFC Phosphoric Acid Fuel Cell
PEMFC Proton Exchange Membrane Fuel Cell
PNGV Partenership for a New Generation of Vehicles
SOC Estado de Carga
SOCmáx Estado de Carga máximo
SOCmín Estado de Carga Mínimo
SOFC Solid Oxide Fuel Cell
SUV Sport Utilitary Vehicle
UDDS Urban Dynamometer Drive Schedule
UF Utility Factor
VEB Veículo Elétrico a Bateria
xix
VECC Veículo Elétrico a Célula a Combustível
VEHCC Veículo Elétrico Híbrido a Célula a Combustível
VEHPCC Veículo Elétrico Híbrido Plug-in a Célula a Combustível
VMCI Veículo de Motor a Combustão Interna
Capítulo 1
1. Introdução
1.1 Relevância dos veículos a célula a combustível
Há anos existe um forte movimento por parte das nações para redução da dependência
de combustíveis fósseis e também para redução das emissões de CO2. O acordo de Paris
assinado em 2015 é um exemplo de um compromisso para a redução de emissões de CO2.
Segundo a “International Energy Agency” (IEA) [1,2], em 2016 o setor de transportes
representou 33,7% da energia total consumida no mundo e 24,4% das emissões mundiais de
CO2. Wilberforce et al. [3] afirmam que de 2017 a 2020 a frota mundial de veículos avançará
de até 0,9 bilhão para 1,1 bilhão impulsionada pela expansão econômica de China e Índia. Logo,
fica evidente o impacto dos veículos no consumo mundial de energia e emissões de CO2 e,
consequentemente, a necessidade da renovação da frota mundial de veículos de motores a
combustão interna (consumidores de combustíveis fósseis) por veículos que utilizem energias
renováveis e com menores índices de emissão.
Pode-se analisar as emissões de gases de um combustível por dois caminhos
complementares, do poço ao tanque (emissões na produção e distribuição do combustível) e do
tanque a roda (emissões no consumo do combustível). Na análise do poço a roda, os veículos
elétricos a bateria (VEB) e o veículo elétrico híbrido à célula a combustível (VEHCC) atendem
aos requisitos de não dependência de combustíveis fósseis e de zero emissão. Mas na análise
do poço ao tanque pode haver emissões dependendo do processo de produção e distribuição do
combustível. Para ter zero emissões do poço ao tanque, o VEB precisa usar energia elétrica
oriunda de fontes renováveis e o VEHCC precisa utilizar hidrogênio produzido por hidrólise
que tenha utilizado energia elétrica de fontes renováveis.
Comparando-se o VEHCC e o VEB, o VEB é mais eficiente. Analisando-se apenas a
operação do veículo, o VEB possui eficiência máxima de 83%, enquanto o VEHCC possui
48%. [4,5].
Em relação a autonomia, VEHCC consegue percorrer maiores distâncias que o VEB [6],
mesmo sendo menos eficiente que o VEB. Isso ocorre porque VEHCC tem mais energia
21
disponível do que o VEB. O VEHCC utiliza hidrogênio como combustível que possui
densidade de energia mássica consideravelmente maior do que a bateria [6]. Em relação ao
tempo de recarga/abastecimento, o VEHCC pode ser abastecido em poucos minutos, enquanto
o VEB necessita de pelo menos 30 minutos [6].
Considerando-se custo de aquisição o VEB é mais barato do que o VEHCC [6]. Ao final
desse trabalho mostra-se que o custo com combustíveis do VEB é menor do que o VEHCC
devido, principalmente, ao elevado preço do hidrogênio frente a energia elétrica.
Para ilustrar essas informações, a tabela 1.1 faz uma comparação entre um modelo de
VEB (Hyundai Kona) e um modelo de VEHCC (Hyundai Nexo) da mesma categoria.
Tabela 1.1 Comparação entre Hyundai Kona e Hyundai Nexo para Califórnia (EUA) [7,8,9] 1
Veículo Kona Nexo
Fonte de energia Bateria de Íon-lítio Hidrogênio a
70 Mpa
Densidade de energia mássica da
fonte de energia [kWh/kg] 0,14 33,33
Massa total da fonte de energia [kg] 457 6,3
Energia total disponível da fonte de
energia [kWh] 64,0 209,8
Consumo na Cidade [kWh/100km] 15,8 32
Autonomia na Cidade [km] 405,1 655,7
Tempo de recarga /
reabastecimento
De 0% a 80% da carga total da
bateria em uma fonte de 150 kW:
40 minutos
De 0% a 100% da carga total da
bateria em uma fonte de 7 kW:
10 horas
5 minutos
Custo de Aquisição US$ 37.945 US$ 58.300
O Departamento de Energia dos Estados Unidos (U.S. Department of Energy - DOE)
calcula que o aumento do nível de produção anual de veículos a célula combustível aliado ao
desenvolvimento da estrutura de produção e distribuição do hidrogênio reduzirá
22
consideravelmente o custo do veículo a célula combustível e do hidrogênio [10]. Enquanto não
se atinge esse cenário o governo americano e da Califórnia estimulam a compra de VEB e
VEHCC com isenções ao consumidor [7]. Além disso, a Hyundai oferece 3 anos de hidrogênio
grátis para usuários de seu VEHCC [7].
1.2 Objetivos
O presente trabalho tem por objetivo otimizar o custo e desempenho de um veículo
elétrico híbrido à célula a combustível (VEHCC) existente: o Hyundai Nexo. Para isso foram
estudadas duas configurações do sistema de propulsão (powertrain) para este veículo: a de um
veículo elétrico híbrido a célula a combustível (VEHCC) e a de um veículo elétrico híbrido
plug-in à célula a combustível (VEHPCC). Analisou-se, para as duas configurações, a
influência do grau de hibridização (GH) do veículo em seu custo e em sua performance. O
grau de hibridização é a porcentagem da potência fornecida pelo banco de baterias em relação
a potência total disponível ao veículo.
Utiliza-se o software de simulação veicular Advisor para análise da performance.
Avalia-se, em cada versão de powertrain, o consumo, o tempo de aceleração e os custos para
diferentes graus de hibridização. Define-se, para cada versão de powertrain, o melhor veículo
como aquele que apresentar o menor consumo, menor tempo de aceleração e menor custo total.
Finalmente, realiza-se uma comparação econômica do Nexo original, do melhor Nexo
VEHCC e do melhor Nexo VEHPCC com um veículo elétrico a bateria e um veículo a
combustão interna da mesma categoria.
1.3 Descrição dos Capítulos
O trabalho foi divido em 10 capítulos, abaixo comenta-se brevemente o conteúdo dos
capítulos.
O segundo capítulo descreve o funcionamento da bateria, apresenta seus conceitos
básicos e revela os principais tipos utilizados atualmente em VEHCC e VEHPCC.
O terceiro capítulo descreve o funcionamento da célula a combustível, explica seus
principais conceitos, revela os tipos existentes e explica os componentes/sistemas geralmente
presentes no sistema de célula a combustível.
23
O quarto capítulo descreve os veículos elétricos e suas subclassificações, com ênfase
nas peculiaridades do VEHCC e do VEHPCC. Apresenta-se o conceito de grau de hibridização
e suas limitações. Também introduz-se os ciclos de condução.
O quinto capítulo apresenta o Advisor, software utilizado para as simulações,
descrevendo as ferramentas utilizadas do software. Também se apresenta brevemente o
FASTSim, software utilizado como fonte para dados indisponíveis do veículo.
O sexto capítulo introduz o Hyundai Nexo, explica-se a sua modelagem no software e
analisa-se a validade do modelo obtido.
O sétimo capítulo analisa a performance e custos de diferentes graus de hibridização da
configuração VEHCC. Ao final se seleciona a melhor configuração baseado na análise de custos
e performance.
O oitavo capítulo analisa a performance e custos de diferentes graus de hibridização da
configuração VEHPCC. Ao final se seleciona a melhor configuração baseado na análise de
custos e performance.
O nono capítulo realiza a comparação econômica do Nexo original, melhor Nexo
VEHCC e melhor Nexo VEHPCC com o Hyundai Kona e o Hyundai Tucson. A comparação é
feita no cenário atual (com e sem subvenções), no cenário com 500.000 unidades fabricadas ao
ano e no cenário de 2030 previsto pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (custos
do sistema de célula a combustível, tanque e hidrogênio economicamente estabelecidos). Ao
fim deste capítulo compara-se as emissões de CO2 do tanque a roda do Tucson com os demais
veículos.
O décimo capítulo revela as conclusões dos resultados obtidos nos capítulos sete, oito e
nove.
24
Capítulo 2
2. Bateria
A bateria é um dispositivo que transforma energia química em energia elétrica durante
a descarga e energia elétrica em energia química durante a carga.
Basicamente a bateria é formada por uma associação de células em série e/ou paralelo,
apresentando o comportamento resultante dessa associação. Cada célula é composta de três
elementos: um eletrodo positivo (cátodo), um eletrodo negativo (ânodo) e um eletrólito onde
os eletrodos ficam imersos. Um circuito externo liga os dois eletrodos, nesse circuito ocorre a
transferência de elétrons. No eletrólito ocorre a migração de íons. A figura 2.1 ilustra isso:
Figura 2.1 – Célula de uma bateria [11] 1
Diferentes tipos de eletrodos e eletrólitos geram diferentes tipos de bateria. Utiliza-se a
bateria de chumbo ácido como exemplo do princípio de funcionamento da bateria devido a sua
simplicidade. O eletrólito é uma solução aquosa de ácido sulfúrico (2H+ + 𝑆𝑂24−). O eletrodo
positivo (cátodo) é composto de chumbo poroso (Pb) o eletrodo negativo (ânodo) é composto
por dióxido de chumbo poroso (Pb02).
25
A equação 2.1 mostra a equação do ânodo na descarga:
𝑃𝑏 + 𝑆𝑂24− → 𝑃𝑏𝑆𝑂4 + 2𝑒− (2.1)
O chumbo é consumido, sulfato de chumbo (PbSO4) é obtido e dois elétrons são enviados ao
anodo pelo circuito.
A equação 2.2 mostra a equação do cátodo na descarga:
𝑃𝑏𝑂2 + 4𝐻+ 𝑆𝑂24− + 2𝑒− → 𝑃𝑏𝑆𝑂4 + 2𝐻2𝑂 (2.2)
O dióxido de chumbo poroso é convertido em sulfato de chumbo e água.
A equação 2.3 mostra a equação global na descarga:
𝑃𝑏 + 𝑃𝑏𝑂2 + 2𝐻2𝑆𝑂4 → 2𝑃𝑏𝑆𝑂4 + 2𝐻2𝑂 (2.3)
Para a carga o fluxo da reação é invertido:
2𝑃𝑏𝑆𝑂4 + 2𝐻2𝑂 → 𝑃𝑏 + 𝑃𝑏𝑂2 + 2𝐻2𝑆𝑂4 (2.4)
A reação global libera 2.03 V na condição padrão, a voltagem é afetada pela concentração do
eletrólito.
2.1 Tipos de bateria
Diferentes tipos de bateria são obtidos utilizando-se diferentes eletrólitos e eletrodos. A
figura 2.2 ilustra a potência específica e energia específica dos principais tipos de baterias
utilizados em veículos.
26
Figura 2.2 – Figura de Ragone dos principais sistema de armazenamento de energia [11]2
Young et al. [12] afirma que as baterias de íon lítio (Li-ion) e níquel-hidreto metálico
(Ni-MH) são os principais tipos de baterias veiculares na atualidade. A tabela 2.1 detalha o
tipo de bateria utilizada pelos atuais VEHCC e VEHPCC:
Tabela 2.1 – Baterias dos veículos a célula combustível atuais 2
Montadora Modelo Configuração Tipo de Bateria
Toyota Mirai VEHCC Níquel-Hidreto Metálico
Hyundai Nexo VEHCC Íon Lítio
Honda Clarity VEHCC Íon Lítio
Mercedes Benz GLC Fuel Cell VEHPCC Íon Lítio
2.2.1 Níquel-hidreto metálico
O eletrodo positivo (cátodo) é o hidróxido óxido de níquel III (NiOOH) e o eletrodo
negativo (ânodo) é hidrogênio absorvido em hidreto metálico (MH). O eletrólito é uma solução
aquosa de hidróxido de potássio (KOH) com hidróxido de lítio (LiOH). A equação global de
descarga/carga é dada por:
𝑀𝐻 + 𝑁𝑖𝑂𝑂𝐻 ↔ 𝑀 + (𝑁𝑖𝑂𝐻)2 (2.5)
27
A reação tem voltagem nominal de 1.2 V.
2.2.2 Íon lítio
O eletrodo positivo (cátodo) é uma interpolação de um Carbono e Lítio (LixC) e o
eletrodo negativo (ânodo) é uma interpolação de um óxido metálico e Lítio (Li1-xMyOz). Utiliza-
se uma solução orgânica ou um polímero para o eletrólito. A reação global genérica é dada por:
𝐿𝑖𝑥𝐶 + 𝐿𝑖1−𝑥𝑀𝑦𝑂𝑧 ↔ 𝐶 + 𝐿𝑖𝑀𝑦𝑂𝑧 (2.6)
Há uma grande variedade de baterias de Íon Lítio dependendo-se do tipo de ânodo
escolhido, por exemplo, o Lítio Cobalto (Li1-xCoO2) e o lítio-manganês (Li1-xMn2O4).
2.2 Principais parâmetros
Os principais parâmetros da bateria são:
a) Voltagem (V):
É a força eletromotriz de uma célula eletroquímica, é dada pela diferença de potencial
entre o cátodo e ânodo. É medida em Volts (V).
b) Corrente (I):
É o movimento ordenado de elétrons que uma célula eletroquímica pode aplicar em um
circuito externo. É medida em Ampére (A).
b) Capacidade (Cap):
É o total de carga que pode ser retirado da bateria totalmente carregada sob condições
especificadas. É medido em Ampére-hora (Ah).
c) Carga Atual (C):
É a quantidade de carga disponível na bateria para o momento considerado.
d) Estado de Carga (SOC):
Representa a proporção entre a carga atual da bateria e a carga máxima da bateria.
28
𝑆𝑂𝐶 =
𝐶
𝐶𝑎𝑝
(2.7)
Uma bateria completamente carregada tem SOC=1 e uma bateria totalmente
descarregada tem um SOC=0.
e) Energia (E):
É a energia que uma bateria (ou célula) é capaz de armazenar. É dada pelo produto da tensão
que a bateria (ou célula) está sujeita pela sua capacidade. É media em Watt-hora (Wh).
𝐸 = 𝑉. 𝐶 (2.8)
f) Densidade de energia mássica:
É a energia da bateria, ou célula, normalizada pela sua massa.
𝐸𝑚 =
𝐸
𝑚
(2.9)
g) Potência (Pot):
É a taxa temporal de energia elétrica transferida pela bateria (ou célula). É dada pelo
produto da voltagem que a bateria (ou célula) está sujeita pela corrente que a atravessa. É
medida em Watts (W).
𝑃𝑜𝑡 = 𝑉. 𝐼 (2.10)
h) Densidade de potência mássica (Potm):
É a potência da bateria, ou célula, normalizada pela massa.
𝑃𝑜𝑡𝑚 =
𝑃𝑜𝑡
𝑚
(2.11)
2.3 Modos de operação da bateria
Segundo F. Nemry et al. [13], há dois modos de operação da bateria:
- Charge depleting (CD): O estado de carga da bateria decresce continuamente até atingir um
nível mínimo definido na estratégia de controle. O veículo pode se comportar como um veículo
elétrico consumindo apenas a energia da bateria, ou pode utilizar a bateria e outra fonte de
energia quando a bateria não for capaz de atuar sozinha.
29
-Charge sustaining (CS): O estado de carga da bateria flutua acima do valor mínimo definido
na estratégia de controle. Nesse modo a bateria atua apenas em acelerações, faixas de baixa
eficiência da outra fonte de energia, na recuperação da energia da frenagem e quando a outra
fonte de energia não conseguir suprir a potência requerida pelo motor elétrico.
A figura 2.3 ilustra o modo CS e o modo CD da bateria em um percurso para um veículo híbrido
com motor de combustão interna.
Figura 2.3 –Modos de operação da bateria [11] 3
30
Capítulo 3
3. Célula a Combustível
A célula a combustível é uma célula que converte a energia química do combustível em
energia elétrica por meio de processos eletroquímicos. A célula a combustível é formada por
um cátodo, um ânodo e um eletrólito. Os eletrodos estão conectados por um circuito externo e
imersos no eletrólito. O combustível é entregue ao ânodo, a reação química libera íons através
do eletrólito para o cátodo e elétrons que fluem através do circuito externo para o cátodo. No
cátodo a combinação de íons e oxigênio gera os produtos da reação [14].
Figura 3.1 – Célula combustível [14] 4
3.1 Tipos de Célula a Combustível
É possível distinguir seis tipos de células combustível de acordo com tipo de eletrólito
utilizado, cinco tipos utilizam hidrogênio como combustível e um tipo utiliza metanol como
combustível [14]:
1) Célula a combustível de membrana polimérica (Proton Exchange Membrane Fuel Cell -
PEMFC);
2) Célula a combustível alcalina (Alkaline Fuel Cell – AFC);
3) Célula a combustível de ácido fosfórico (Phosphoric Acid Fuel Cell – PAFC);
31
4) Célula a combustível de carbonato fundido (Molten Carbonate Fuel CellI MCFC);
5) Célula a combustível de óxido sólido (Solid Oxide Fuel Cell – SOFC);
6) Célula a combustível de metanol direto (Direct Methanol Fuel Cell– DMFC);
A célula a combustível de metanol direto (DMFC) utiliza metanol ao invés de
hidrogênio como combustível e por isso não será abordada nesse trabalho.
A tabela 3.1 resume as características dos tipos que utilizam hidrogênio como
combustível:
Tabela 3.1 –Características das Células Combustível que utilizam hidrogênio [15,16] 3
Tipo PEMFC AFC PAFC MCFC SOFC
Eletrólito Polímero:
Náfion®
Hidróxido de
potássio
Ácido fosfórico
líquido em SiC
Carbonato
Fundido
líquido em
SiAlO2
Cerâmica
Eletrodo Carbono Metais de
Transição Carbono
Níquel e
Óxido de
Níquel
Metal
Catalisador Platina Platina Platina Material do
eletrodo
Material do
eletrodo
Temperatura
de operação 40-80°C 65-220°C 205°C 605°C 600-1000°C
Vantagens
Alta
densidade de
potência e
operação
flexível
Alta
eficiência
Maior
desenvolvimento
tecnológico
Tolerância a
CO/CO2 e
eletrodos a
base de
níquel
Alta
eficiência,
reforma de
combustível
pode ser
feita na
célula
Desvantagens
Custo da
membrana e
contaminação
do catalisador
com CO.
Sensibilidade
a CO2, gases
ultrapuros
sem reforma
de
combustível
Sensibilidade ao
CO, eficiência
limitada pela
corrosão,
controle da
porosidade do
eletrodo.
Necessidade
de
reciclagem
de CO2
Interface
trifásica de
difícil
controle,
Expansão
térmica e
necessidade
de pré-
reforma.
Aplicações
Veículos,
catalisadores
e
espaçonaves.
Espaçonaves
e aplicações
militares
Unidades
estacionárias
(100 kW a
alguns MW) e
Cogeração
Unidades
estacionárias
(algumas
centenas de
kW) e
Cogeração
Unidades
estacionárias
(de 10 a
algumas
centenas de
kW) e
Cogeração
32
Para veículos utiliza-se a célula a combustível de membrana polimérica (PEMFC). A
primeira razão é a baixa temperatura de operação que facilita seu início de operação. A segunda
razão é porque a PEMFC possui a mais alta densidade de potência entre todas as células a
combustível reduzindo seu volume necessário. A terceira razão é o eletrólito sólido não se
mover, se alterar ou se vaporizar. O quarto motivo é impossibilidade de corrosão devido ao fato
do único líquido utilizado na célula ser a água [14].
3.2 Sistema da célula a combustível
O projeto do sistema de célula a combustível é complexo e varia significativamente
dependendo do tipo de célula e de aplicação. Geralmente se encontram os seguintes
componentes e sistemas [17]:
a) Empilhamento: Uma simples célula a combustível produz uma voltagem insuficiente para a
maioria das aplicações. Logo, células individuais são combinadas em série em um
empilhamento.
b) Fornecimento de ar: Para melhorar a eficiência da célula é necessário elevar a pressão do ar
na entrada de 2 a 4 vezes. Isso é feito pelo compressor.
c) Controle de temperatura: Há um sistema de controle de temperatura para manter o
empilhamento em sua temperatura ideal de trabalho.
d) Controle de Umidade: A membrana polimérica não funciona adequadamente fora da sua
umidade ideal. É necessário inclui-se um umidificador na entrada do ar. Esse umidificador
aproveita a água eliminada na exaustão da célula para umidificar o ar na entrada, evitando a
utilização de água externamente.
d) Condicionamento de combustível: Prepara o combustível para ser utilizado pela célula. Pode
fazer desde a purificação do combustível até o seu processamento.
e) Condicionamento de energia elétrica: Esse sistema controla a corrente, voltagem, frequência
da energia elétrica gerada pela célula para se adequar a sua aplicação.
33
3.3 Energia e eficiência da célula a combustível
A energia liberada pela célula é dada pela variação da energia livre de Gibbs (∆G), a
variação da energia de Gibbs em uma reação é dada pela diferença da energia dos reagentes
(Gi) pela energia dos produtos (Gj):
∆G = ∑ 𝐺𝑖𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠
− ∑ 𝐺𝑗𝑅𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
(3.1)
Se o processo ocorrido for reversível ∆G é dado por:
∆G = −n. F. 𝑉𝑟
(3.2)
Onde:
- n é o número de elétrons transferido;
- F é a constante de Faraday (96,495 C/mol);
- Vr é a voltagem reversível da célula.
Para um processo não reversível a energia é dada por:
∆G = ∆H − T. ∆S (3.3)
- Onde ∆H é a variação de entalpia da reação na temperatura absoluta;
- ∆S é a variação de entropia da reação na temperatura absoluta;
- T é a temperatura absoluta em Kelvin;
A eficiência ideal de uma célula é dada por
η𝑖𝑑 =
∆G
∆H= 1 − T.
∆S
∆H
(3.4)
No processo de conversão de energia química em elétrica há um aumento de entropia devido
ao calor cedido ao ambiente (T.∆S).
3.4 Voltagem da célula a combustível
A energia de Gibbs também pode ser escrita como:
∆S = ∆G0 RT ln (
∏ 𝑓𝑢𝑔𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠
∏ 𝑓𝑢𝑔𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠)
(3.5)
34
Onde:
- ∆G0 é a variação da energia de Gibbs na condição padrão (25ºC e 1 atm);
- R é a constante universal dos gases 8,31 J/mol.K;
A voltagem da célula é dada utilizando-se (3.2) em (3.5):
V𝑟 = 𝑉𝑟
0 𝑅𝑇
nF ln (
∏ 𝑓𝑢𝑔𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑐𝑡𝑜𝑠
∏ 𝑓𝑢𝑔𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠)
(3.6)
Vro é a voltagem da célula nas condições padrão (25ºC e 1 atm).
Para reagentes e produtos no estado gasoso a voltagem é dada por:
V𝑟 = 𝑉𝑟
0 𝑅𝑇
nF ∑ 𝑉𝑖 ln (
P𝑖
𝑃𝑖0)
𝑖
(3.7)
Onde:
- Pi é a pressão dos gases da reação;
- Pio é a pressão padrão;
- Vi é o número de moles de cada elemento i.
3.5 Voltagem real da célula a combustível
A voltagem real da célula é inferior a voltagem teórica devido as perdas de diversa
natureza:
a) Perda ôhmica (∆VΩ):
Quando corrente é retirada da célula a combustível, há uma queda de voltagem gerada
pela resistência ôhmica dos eletrodos e do eletrólito. Essa perda é proporcional a corrente:
∆VΩ = Re. i (3.8)
Onde:
- Re é a resistência por área do eletrodo e eletrólito;
- ∆VΩ é a perda ôhmica.
35
b) Perda de ativação (∆Va):
Em uma célula a combustível, parte da energia é perdida para fazer os elementos
reagirem, pois uma energia extra é necessária para superar a barreira de ativação. Essa perda
está intimamente relacionada ao material dos eletrodos e do catalisador. A perda de ativação é
dada por:
∆V𝑎 = 𝑉𝑟
0 𝑅𝑇
βnF ln (
𝑖
𝑖𝑜)
(3.9)
Onde:
- β é o coeficiente de transferência de elétrons no eletrodo;
- io é a densidade da corrente de troca.
c) Perda devida a concentração (∆Va):
Conforme a corrente flui ocorre um fluxo de íons do ânodo para o cátodo, reduz-se a
concentração de íons no ânodo. Essa redução gera uma queda de voltagem no ânodo. Essa
queda é inexpressiva para pequenas correntes, mas se torna expressiva com o aumento da
corrente até atingir a corrente limite.
A perda de voltagem no ânodo é dada por:
∆V𝑐1 =
𝑅𝑇
nF ln (
𝑖𝐿
𝑖𝐿 − 𝑖)
(3.10)
- IL é a corrente limite.
A variação da voltagem no cátodo é dada por:
∆V𝑐2 =
𝑅𝑇
nF ln (
𝑖𝐿 + 𝑖
𝑖𝐿)
(3.11)
A queda de voltagem devido a concentração não está restrita apenas ao eletrólito.
Quando os reagentes ou os produtos são gases, a variação na pressão parcial nas zonas de reação
também representa variação da concentração na superfície do eletrólito. Essa variação da
concentração causa uma queda de voltagem definida como:
36
∆V𝑐𝑔 =
𝑅𝑇
nF ln (
𝑃𝑠
𝑃𝑜)
(3.12)
Onde:
- Ps é a pressão na superfície do eletrólito;
- Po é a pressão do fluxo do gás de alimentação.
A figura 3.2 ilustra a voltagem da célula em função da densidade de corrente detalhando
os tipos de perda.
Figura 3.2 – Voltagem da célula combustível com perdas [9] 5
A eficiência da célula pode ser dada pela queda da voltagem da célula:
η𝑓𝑐 =
V
𝑉𝑟𝑜
(3.13)
Onde:
- V é a voltagem real da célula;
- 𝑉𝑟𝑜é a voltagem reversível da célula nas condições padrões.
37
3.6 Eficiência do Sistema de célula a combustível
Os acessórios necessários no sistema de célula a combustível consomem uma
quantidade considerável de energia. O compressor é o maior consumidor de energia, junto com
o seu motor consome até 10% da energia gerada pela célula.
A figura 3.3 ilustra a eficiência do sistema de célula a combustível. A região de baixa
corrente é ineficiente porque boa parte da potência da célula é utilizada para manter os
acessórios do sistema, na região de alta corrente há uma grande perda de eficiência devido à
queda da voltagem, devido ao aumento das perdas ôhmicas. A região intermediária de corrente
é onde o sistema de célula a combustível apresenta a maior eficiência [14].
Figura 3.3 – Eficiência do sistema, voltagem da célula e densidade de potência líquida [14] 6
38
Capítulo 4
4. Veículos elétricos
Segundo o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEA) [18], veículos elétricos
são veículos que utilizam pelo menos um motor elétrico para a sua tração. Pode-se incluir nessa
categoria os veículos elétricos a bateria e veículos elétricos híbridos (com suas
subclassificações).
4.1 Veículo elétrico a bateria
O veículo elétrico a bateria (VEB) utiliza exclusivamente o banco de baterias (BB) como
fonte de energia para o motor elétrico, logo é necessário recarregar a bateria na rede elétrica.
Conforme discutido na seção 1.1, sua desvantagem é a autonomia limitada e o alto tempo de
recarga quando comparados a veículos elétricos híbrido a célula a combustível [6].
4.2 Veículo elétrico híbrido
Veículos elétricos híbridos utilizam duas ou mais fontes de energia para a propulsão do
veículo. A combinação mais comum é o motor de combustão interna com o banco de baterias,
também é possível utilizar-se um banco de baterias com uma célula a combustível.
Ahmad [19] classifica os veículos híbridos quanto às funções do banco de baterias no sistema
de powertrain:
a) Micro-híbridos
O banco de baterias mantém os acessórios do veículo em funcionamento quando o veículo para
e também dá partida no motor quando o motorista solicita potência.
b) Híbrido leve
O banco de baterias recupera a energia da frenagem e possui todas as funções da bateria do
micro-híbrido.
c) Híbrido Completo
39
O banco de baterias fornece energia para o veículo durante acelerações e pode até conduzir o
veículo por curtas distâncias. Possui todas as funções do híbrido leve.
d) Híbrido plug-in
O banco de baterias conduz o veículo por longas distâncias sozinho e pode ser carregado
externamente na rede. Possui todas as funções do híbrido completo.
Nas duas próximas subseções detalha-se o powertrain das duas configurações estudadas neste
trabalho e também o cálculo de seu consumo.
4.2.1 Veículo elétrico híbrido a célula a combustível
O veículo elétrico híbrido a célula a combustível (VEHCC) utiliza o banco de baterias
e a célula a combustível para sua tração.
A figura 4.1 apresenta um diagrama indicando os principais componentes de um
VEHCC e os fluxos de energia que estão representados pelas setas vermelhas.
Figura 4.1 – Powertrain do veículo elétrico híbrido a célula combustível com fluxo de energia7
Este powertrain é composto pelo sistema da célula a combustível, tanque de hidrogênio,
banco de baterias, motor elétrico, conversor de corrente contínua para corrente contínua
(conversor CC/CC) e conversor de corrente contínua para alternada (conversor CC/CA).
40
Neste trabalho o veículo analisado utiliza um motor elétrico de corrente alternada,
enquanto a bateria e a célula a combustível fornecem corrente contínua. Durante o modo de
tração do veículo é necessário converter a corrente contínua gerada nas fontes de energia para
corrente alternada utilizada no motor. Durante a frenagem é necessário converter a corrente
alternada recebida do motor para corrente contínua no banco de baterias. O conversor CC/CA
é o componente que converte a corrente contínua em alternada e vice-versa. Esse componente
fica localizado entre as fontes de energia e o motor elétrico.
O sistema de célula a combustível e o banco de baterias operam com corrente contínua
em diferentes voltagens, para o sistema de célula a combustível carregar o banco de baterias é
necessário equalizar a voltagem dos dois sistemas. O conversor CC/CC é o componente que
altera a voltagem de uma corrente contínua de um valor de origem para um valor desejado. Para
permitir a recarga do banco de baterias pela célula a combustível utiliza-se esse componente
entre o sistema de célula a combustível e o banco de baterias.
A utilização da célula a combustível em conjunto com o banco de baterias permite superar
algumas limitações da célula a combustível para propulsão veicular. Segundo Wang e Nehir
[20], a célula a combustível não é capaz de responder rapidamente a acelerações. Ademais, a
célula a combustível possui baixa eficiência em baixas potências [14]. Portanto, a utilização do
banco de baterias em conjunto com a célula a combustível permite obter um melhor
desempenho em acelerações e em faixas de baixa eficiência da célula a combustível.
O fluxo de energia do banco de baterias, da célula a combustível e do motor elétrico é
determinado pela estratégia de controle configurada no controlador do veículo. A estratégia de
gerenciamento de potência do veículo deve garantir três condições [14]:
A potência do motor elétrico deve sempre seguir a demanda de potência do veículo;
A célula a combustível opera somente em sua faixa de alta eficiência;
O estado de carga do banco de baterias é mantido entre o SOCmin e SOCmáx.
O veículo pode operar em 4 modos, cada um com uma estratégia de controle diferente:
1) Modo estático: Nenhuma das duas fontes de energia transmite energia para o motor elétrico;
2) Modo de frenagem: Célula a combustível é desativada e banco de baterias é carregado pela
energia da frenagem regenerativa através do motor elétrico.
3) Modo de tração com banco de bateria no modo CS:
41
a) Se a potência requerida pelo motor elétrico estiver entre a potência mínima de ativação da
célula a combustível e a potência máxima da célula a combustível e o banco de baterias não
precisar ser carregado, a célula a combustível atua sozinha fornecendo a potência requisitada
pelo motor. Caso o banco de baterias precise ser recarregado, a célula a combustível atua em
sua potência máxima e a energia que não for utilizada pelo motor elétrico carrega o banco de
baterias.
b) Se a potência requerida pelo motor elétrico for maior do que a potência máxima da célula a
combustível, a célula a combustível e o banco de baterias são acionados. A célula a combustível
fornece sua potência máxima e o banco de baterias fornece a potência restante necessária.
c) Se a potência solicitada pelo motor for menor do que a potência mínima de ativação da célula
a combustível e o banco de baterias não precisar ser carregado, o banco de baterias atua sozinho
fornecendo a potência requerida pelo motor. Caso o banco de baterias precise ser carregado, a
célula a combustível atua em sua potência máxima e a potência que não é utilizada para acionar
o motor é utilizada para carregar o banco de baterias.
4) Modo tração com bateria no modo CD:
a) Se a potência requisitada pelo motor elétrico for menor do que a potência máxima da bateria
e o banco de baterias não precisar ser carregado, a bateria fornece sozinha a potência requisitada
pelo motor. Caso a bateria necessite ser carregada, a célula a combustível fornece sua potência
máxima e a potência não utilizada pelo motor é utilizada para carregar o banco de baterias.
b) Se a potência solicitada pelo motor for maior do que a potência máxima do banco de baterias
e o banco de baterias não precisar ser carregado, o banco de baterias e a célula a combustível
são acionados. A bateria fornece a sua potência máxima e a célula a combustível fornece o
restante da potência necessária se esta puder atuar em sua faixa de alta eficiência. Caso não
possa, a célula a combustível fornece a sua potência mínima de ativação e o banco de baterias
fornece a potência restante solicitada pelo motor.
c) Se a potência solicitada pelo motor for maior do que a potência máxima da bateria e o banco
de baterias precisar ser carregado, a célula a combustível fornece sua potência máxima e a
potência não utilizada pelo motor é utilizada para carregar o banco de baterias.
42
4.2.1.1 Consumo de combustível de veículos
Como os parâmetros de consumo de combustível reportados pelos fabricantes são
fornecidos em unidades inglesas, a exposição das equações de consumo e consumo equivalente
também são apresentadas nessas mesmas unidades.
Para veículos a combustão interna geralmente utiliza-se a unidade MPG (milhas por
galão de gasolina). O MPG mede a distância em milhas que um veículo consegue percorrer
com um galão de gasolina.
𝑀𝑃𝐺 =
𝐷
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
(4.1)
- D é a distância percorrida em milhas;
- Volumegasolina é quantidade de gasolina consumida em galões.
Para veículos alternativos utiliza-se a unidade MPGe (milhas por galão de gasolina
equivalente). O MPGe mede a distância em milhas que um veículo consegue percorrer
utilizando a energia equivalente a um galão de gasolina (33,44 kWh) da fonte de energia
utilizada nesse veículo (hidrogênio, gás natural, eletricidade).
O consumo equivalente de um VEHCC é dado por:
𝑀𝑃𝐺𝑒 =
𝐷. 𝐸𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
𝐸ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜
(4.2)
- Egasolina é a energia contida em um galão de gasolina (33,44 kWh);
- Ehidrogênio é a energia utilizada oriunda do hidrogênio em kWh (cada quilograma de hidrogênio
possui 33,3 kWh de energia).
O consumo do veículo é medido para um ciclo com SOC médio que o veículo apresenta
durante 20 ciclos. Na seção 6.5 se justifica o porquê da utilização desse valor do SOC médio
para o SOC inicial do veículo.
4.2.2 Veículo elétrico híbrido plug-in a célula a
combustível
O veículo elétrico híbrido plug-in a célula a combustível (VEHPCC) se difere do veículo
elétrico híbrido a célula a combustível (VEHCC) nas características de seu banco de baterias.
43
Além de cumprir os requisitos do banco de baterias dos VEHCC, o banco de baterias do
VEHPCC deve ser capaz de sustentar o veículo sem o auxílio da célula a combustível por
maiores distâncias. Consequentemente, o banco de baterias do VEHPCC tem que ter uma
quantidade de energia disponível maior do que a do VEHCC. Além disso, a bateria do plug-in
pode ser recarregada na rede elétrica, dessa forma é possível aproveitar-se mais do modo CD
do veículo.
A figura 4.2 ilustra o powertrain do VEHPCC. Nota-se em relação ao powertrain do
VEHCC, o incremento do carregador da bateria para expressar a possibilidade de recarga na
rede.
Figura 4.2 – Powertrain do veículo plug-in a célula combustível com fluxo de energia 8
Por possuir um powertain bastante similar ao do VEHCC, o VEHPCC possui a mesma
estratégia de gerenciamento de potência para os seus quatro de modos de atuação (estático,
frenagem, tração com bateria no modo CS e tração da bateria no modo CD).
4.2.2.1 Consumo de um veículo elétrico híbrido plug-in a célula
a combustível
Diferentemente do VEHCC em que toda a energia utilizada é gerada pelo sistema de
célula a combustível, a energia utilizada pelo VEHPCC é oriunda de duas fontes de energia, o
sistema de célula a combustível e o banco de baterias.
44
O VEHPCC pode operar com duas estratégias de controle distintas da bateria, o modo
“charge depleting” (CD) e o modo “charge sustaining” (CS). No modo CD consome-se
majoritariamente energia do banco de baterias com a célula a combustível complementando a
energia quando requisitado. No modo CS consome-se majoritariamente energia da célula a
combustível hidrogênio com o banco de baterias complementando a energia quando necessário.
O consumo de combustível em veículos híbrido plug-in depende de seu modo de
atuação. Segundo Gonder e Simpson [22], o consumo de combustível para veículos híbrido
plug-in é calculado da seguinte maneira:
a) Modo CS:
É definido da mesma forma do que nos VEHCC:
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝑆 =
𝐷𝐶𝑆. 𝐸𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
𝐸ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜
(4.3)
- Dcs é a distância percorrida no modo CS em milhas.
b) Modo CD:
Partindo-se do seu estado máximo de carga, o consumo é dado por uma média das duas
fontes de energia consumidas pelo veículo ponderando-se a energia elétrica a ser recarregada
para um galão de gasolina:
𝑀𝑃𝐺𝐶𝐷 =
𝐷
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎 +𝐸𝑟𝑒𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
𝐸𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
(4.4)
- Erecarga é a energia necessária em kWh para recarregar-se a bateria do seu estado de carga final
até o estado de carga máxima.
Para o VEHPCC, tanto a energia elétrica quanto a energia consumida do hidrogênio são
ponderadas para a energia contida em um galão de gasolina:
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝐷 =
𝐷. 𝐸𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
𝐸ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 + 𝐸𝑟𝑒𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
(4.5)
- D é a distância total desse percurso em milhas.
45
Um detalhe importante é a distância D. Define-se o número mínimo de ciclos padrão
para que o veículo partindo do estado de carga máxima atinja o modo CS, D é a distância total
desse percurso.
A variável DCD é a autonomia elétrica, esta variável é definida como a distância máxima
percorrida por um veículo no modo CD, partindo-se com a bateria totalmente carregada, em um
determinado ciclo. DCD será importante para o cálculo do consumo do veículo em um ciclo no
item c.
c) Consumo no ciclo:
Para calcular o consumo por galão equivalente do veículo no ciclo é preciso ponderar o
quanto desse percurso é realizado no modo CS e no modo CD. Isso é feito pelo fator de utilidade
(UF) que é baseado em dados da Agência de Estatísticas de Direção dos Estados Unidos (U.S.
National Driving Statistics).
O consumo de um veículo plug-in em um ciclo é dado por:
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝐼𝐶𝐿𝑂 =
1
𝑈𝐹𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝐷
+ 1 − 𝑈𝐹𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝑆
(4.6)
- MPGeCD é o consumo no modo CD;
- MPGeCS é o consumo no modo CS;
- UF é o fator de utilidade.
O fator de utilidade dá a porcentagem de milhas diárias percorridas pela frota de veículos
americanos para uma determinada distância D. A figura 4.3 detalha o UF em função da
distância.
46
Figura 4.3 – Fator de Utilidade [22]9
Por exemplo, um valor de 40 milhas cruza a curva em 50%, isso significa que 50% das
milhas percorridas pela frota de veículos americanos ocorreram nas primeiras 40 milhas do seu
percurso diário, os outros 50% ocorrerão nas milhas seguintes do percurso diário. Ao se utilizar
autonomia elétrica (DCD) de um veículo plug-in para obter UF pondera-se quantas milhas
percorridas pela frota de veículos americanos foi percorrida no modo CD desse veículo e
consequentemente quantas foram no modo CS. E a partir disso calcula-se o consumo desse
veículo.
4.2.2.2 Diferença de eficiência entre o modo charge depleting
e charge sustaining
Um ponto a se destacar é que o VEHPCC é mais eficiente quando opera com o banco
de baterias no modo CD do que quando opera com banco de baterias no modo CS. A explicação
é a disparidade entre a eficiência do fluxo de energia do banco de baterias até a roda e do fluxo
de energia da célula a combustível até a roda.
A tabela 4.1 mostra a eficiência de cada componente do powertrain do VEHPCC
baseados na pesquisa de S. Eaves et al. [4] e de S. Campanari et al. [5].
47
Tabela 4.1 Eficiência média dos componentes do VEHPCC [4,5] 4
Componente Eficiência média
Banco de baterias de íon lítio 90%
Sistema de Célula Combustível 55%
Conversor CC/CC 97%
Conversor CC/AC 97%
Motor Elétrico 92%
Sistema de Transmissão 98%
Quando o banco de baterias opera no modo CD o VEHPCC utiliza majoritariamente o
banco de baterias como fonte de energia. A figura 4.3 detalha o fluxo de energia do banco de
baterias até a roda, mostrando em vermelho a eficiência de conversão do processo em cada
etapa e mostrando a eficiência de cada componente em preto. A eficiência do fluxo de energia
do BB até a roda é de 76,3%.
Figura 4.3 – Fluxo de energia do BB até a roda detalhando-se a eficiência do processo por etapa 10
Quando o banco de baterias opera no modo CS o VEHPCC utiliza majoritariamente a
célula a combustível como fonte de energia. A figura 4.4 detalha o fluxo de energia da célula a
combustível até a roda e a eficiência de cada componente em preto. A eficiência do fluxo de
energia da célula a combustível até a roda é de 46,7%.
48
Figure 4.4 – Fluxo de energia da célula a combustível até roda detalhando-se a eficiência do processo
por etapa 11
O veículo operando no modo CD utiliza majoritariamente o banco de baterias como
fonte de energia (eficiência de conversão de energia até a roda de 76,5%) enquanto o veículo
operando no modo CS utiliza majoritariamente a célula a combustível como fonte de energia
(eficiência de 46,7% na conversão de energia até a roda). Logo, o modo CD é mais eficiente do
que o modo CS pois utiliza predominante um fluxo de energia com maior eficiência de
conversão da fonte energia até a roda.
Estas considerações serão importantes para o estudo sobre a influência do grau de
hibridização de veículos que será tratado a seguir.
4.3 Grau de hibridização
O grau de hibridização (GH) é uma medida da ordem de grandeza da potência do sistema
de armazenamento de energia sobre a potência total do sistema. Para o caso do veículo a célula
a combustível, o grau de hibridização é definido matematicamente como:
𝐺𝐻 =
𝑃𝑏𝑎𝑡,𝑚𝑎𝑥
𝑃𝑐𝑒𝑙,𝑚𝑎𝑥 + 𝑃𝑏𝑎𝑡,𝑚𝑎𝑥. 100 [%]
(4.7)
Onde:
- Pbat,max é potência máxima disponibilizada pela bateria;
- Pcel,max é a potência máxima disponibilizada pela célula combustível.
4.3.1 Restrições ao grau de hibridização
Em 1993 o governo americano criou a “Partnership for a new generation of vehicles”
(PNGV). Essa iniciativa era composta por três grandes montadoras (Ford, General Motors e
49
Chrysler) e buscava desenvolver veículos mais eficientes e com baixos índices de emissão, mas
sem sacrificar sua performance.
A PNGV estabelece os seguintes requisitos de performance para veículos alternativos
[23]:
1) Subida em aclive com inclinação de 6,5 % a velocidade constante de 55 mph (88,5 km/h)
durante 20 minutos;
2) Velocidade máxima de 88,5 mph (136,8 km/h);
3) Aceleração de 0 a 60 mph (96,6 km/h) em até 12 segundos.
Para o primeiro requisito utiliza-se os critérios propostos por Ahluwalia et al. [24].
Segundo os autores a célula a combustível deve ser capaz atender sozinha aos requisitos de
potência do veículo, nesses requisitos se inclui a subida em aclives. Dessa forma o teste de
subida em aclive é realizado utilizando-se apenas a célula a combustível.
Conforme mencionado na seção 4.2, a célula a combustível não consegue responder
rapidamente a variações de potência, por esse motivo os testes 2 e 3 utilizam a bateria e a célula
a combustível conjuntamente.
4.4 Ciclo de Condução
O ciclo de condução é uma representação das condições de direção de um veículo em
um trajeto. São fundamentais para determinação do consumo de combustível e emissão de
poluentes.
A Agência de Protação Ambiental dos Estados Unidos (“U.S. Enviromental Protection
Agency” - EPA) define os principais ciclos utilizados. Abaixo listam-se os três ciclos utilizados
nesse estudo:
a) O ciclo “Urban Dynamometer Driving Cycle” (UDDS) é utilizado para representar a direção
de um veículo leve na cidade. Em 1369 segundos percorre-se 7,45 milhas (12 km) com uma
velocidade média de 19,59 mph (31,53 km/h). A figura 4.4 mostra o perfil de velocidade do
ciclo:
50
Figura 4.4 – Perfil de velocidade ciclo UDDS [25] 12
b) O ciclo “Highway Fuel Economy Test” (HWFET) é utilizado para representar a direção de
um veículo leve na estrada. Em 765 segundos percorre-se 10,26 milhas (16,51 km) com uma
velocidade média de 48,3 mph (77,33 km/h). A figura 4.5 mostra o perfil de velocidade do
ciclo:
Figura 4.5 – Perfil de velocidade ciclo HWFET [25]13
c) Ciclo Combinado
O ciclo combinado é composto por uma ponderação de 55% do ciclo UDDS e 45% do
ciclo HWFET.
O consumo do ciclo combinado é dado por:
51
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝑂𝑀𝐵 =
1
0,55
𝑀𝑃𝐺𝑒𝑈𝐷𝐷𝑆+
0,45𝑀𝑃𝐺𝑒𝐻𝑊𝐹𝐸𝑇
(4.8)
- MPGeCOMB é o consumo no ciclo combinado;
- MPGeUDDS é o consumo no ciclo UDDS;
- MPGeHWFET é o consumo no ciclo HWFET.
Neste estudo os custos do veículo serão baseados no consumo do ciclo combinado.
52
Capítulo 5
5. Softwares
Este capítulo descreve o funcionamento do Advisor (software utilizado nas simulações)
entrando-se em mais detalhes de seu funcionamento. Também se discorre brevemente sobre o
FASTSim (software utilizado como base de dados para o estudo).
5.1 FastSim
O “Future Technology Systems Technology Simulator” (FASTSim) é um software
desenvolvido pela NREL e pelo DOE para a análise de sistemas automotivos, a última versão
disponível foi lançada em dezembro de 2018.
O FASTSim permite de uma maneira simples e rápida comparar diferentes powertrains
e estimar impacto de modificações do sistema na eficiência, performance e custo do veículo. A
base de dados do FASTSim possui veículos com diferentes powertrains como convencionais e
elétricos (a bateria, a célula a combustível, híbrido e plug-in) [26].
Nesse estudo utiliza-se o FASTSim apenas para estimar-se alguns dados de difícil obtenção do
veículo.
5.2 Advisor
O Advanced Vehicle Simulator (Advisor) é um software desenvolvido pela NREL que
funciona no ambiente do Simulink (Matlab). O software faz uma rápida análise da performance
e consumo de veículos convencionais e elétricos (a bateria, a célula a combustível, híbrido e
plug-in). Nesse estudo o Advisor é utilizado para a análise da performance dos veículos
estudados.
5.2.1 Interface
O Advisor possui três telas principais de interface:
a) Primeira tela:
53
Na primeira tela configura-se o veículo a ser simulado. A tela é dividida em dois lados,
no lado esquerdo é possível visualizar os parâmetros do veículo e no lado direito altera-se as
configurações do modelo. A figura 5.1 ilustra a primeira tela.
Figura 5.1 – Primeira tela do Advisor 14
Abaixo descreve-se brevemente os principais itens da tela a direita:
“Drivetrain Config”: Define a configuração do powertrain veículo.
“Vehicle”: Define a carroceria do veículo.
“Fuel Converter”: Define o tipo de dispositivo que converte a energia química do
combustível em energia para tracionar as rodas. Pode ser um motor a combustão ou uma
a célula a combustível. A direita dessa opção é possível alterar a potência máxima e
eficiência máxima do dispositivo.
“Exhaust Aftertreat”: Define o tipo de sistema de exaustão e tratamento dos gases do
veículo.
“Energy Storage”: Define o tipo de sistema de armazenamento de energia do veículo.
A direita dessa opção é possível alterar o número de módulos da bateria.
54
“Motor”: É o tipo de motor elétrico que o veículo utiliza para tracionar as rodas. A
direita dessa opção é possível alterar a potência máxima e eficiência máxima do motor.
“Transmission”: É o modelo de transmissão que converte o torque do motor para as
rodas;
“Wheel Axle”: Define o modelo do sistema de tração do veículo composto de roda e
eixo.
“Acessory”: É o modelo dos acessórios que o motor sustenta. Pode ser de potência
constante ou variável.
“Powertrain Control”: É o tipo de controle do motor e da embreagem.
“Traction Control”: É o tipo de tração do veículo, dianteiro, traseiro ou nas quatro
rodas.
Na parte inferior da primeira tela há a região “variable list”, nessa região é possível alterar-
se as variáveis de cada um dos componentes do veículo citados anteriormente. Basta selecionar
a variável desejada, clicar em “edit var.” e alterar o seu valor.
b) Segunda Tela:
A figura 5.2 ilustra a segunda tela, nessa tela configura-se os parâmetros do teste a ser feito:
Condições iniciais: Selecionando o botão “Initial Conditions” no retângulo verde
configura-se o estado de carga inicial da bateria, temperatura do ambiente e dos
componentes do veículo. A figura 5.3 ilustra a caixa de diálogo.
Ciclo: No retângulo verde seleciona-se o ciclo a ser percorrido pela caixa de seleção.
O número de ciclos é definido em “# of cycles”.
Teste de aceleração: Selecionando o botão “Accel Options” no retângulo amarelo
configura-se os intervalos de aceleração e quais fontes de energia serão utilizados do
teste de aceleração. A figura 5.4 ilustra a caixa de diálogo.
Teste de inclinação: Selecionando o botão “Grade Options” no retângulo amarelo
configura-se o tempo do teste, velocidade do veículo, quais fontes de energia são
utilizadas no teste de inclinação. A figura 5.5 ilustra a caixa de diálogo.
55
Figura 5.2 – Segunda tela do Advisor 15
Figura 5.3: Configuração das condições iniciais16
56
Figura 5.4 Configuração do teste de aceleração 17
57
Figura 5.5 – Configuração do teste de inclinação 18
Os testes de aceleração e inclinação são configurados para avaliar-se os limites de
hibridização descritos na seção 4.4.2.
c) Terceira tela:
A figura 5.6 ilustra a terceira tela, na qual observa-se os resultados da simulação. No
lado esquerdo são mostradas até quatro telas com variáveis do veículo. As simulações realizadas
apresentam a mesma tela em todas as simulações para se manter a uniformidade:
58
Figura 5.6 – Tela de resultados da simulação 19
Primeira tela: Velocidade do veículo em mph ao longo do tempo.
Segunda tela: Estado de carga da bateria ao longo do tempo.
Terceira tela: Potência entregue em kW pela célula a combustível ao longo do tempo.
Quarta tela: Consumo de hidrogênio em litros ao longo do tempo;
O retângulo bege à direita mostra o consumo de gasolina equivalente (MPGe) na variável
“Gasoline Equivalent”.
O retângulo amarelo à direita detalha o resultado dos testes de aceleração e de subida em
pista inclinada.
59
Capítulo 6
6 Hyundai Nexo
Nesse capítulo descreve-se o Hyundai Nexo, modela-se o veículo no Advisor e analisa-
se a validade do modelo.
6.1 Descrição
Em 2013 a Hyundai lançou o Hyundai ix35, um veículo elétrico híbrido à célula a
combustível (VEHCC) que teve seu projeto adaptado ao de sua versão a combustão. Esse
modelo foi produzido até 2017, até que em 2018 a Hyundai lança o Nexo como seu sucessor.
O Nexo não foi uma adaptação de um projeto de um veículo anterior, mas sim resultado de um
projeto inovador.
O Nexo está disponível para venda e locação na Califórnia (EUA), alguns países da
Europa, Japão e Coreia do Sul. Devido ao alto custo de aquisição e elevado custo do hidrogênio,
o governo americano oferece US$ 7.500 dólares de incentivo para a compra do Nexo e o
governo da Califórnia oferece US$ 5.000. A Hyundai oferece US$ 13.000 para compra de
combustível ou 3 anos grátis de combustível (o que ocorrer primeiro) [7].
O veículo possui a versão Blue e Limited, ambos têm a mesma configuração de
powertrain. A diferença está no peso e no preço, a versão Limited é um modelo mais luxuoso
contando com mais acessórios, por isso é mais caro e mais pesado. O modelo de estudo utilizado
é versão Blue por ser mais barato e mais leve.
O Nexo tem autonomia de 380 milhas (611,5 km) e leva apenas 5 minutos para abastecer
totalmente seu tanque de 156,6 L.
A tabela 6.1 resume os dados de performance do Hyundai Nexo.
60
Tabela 6.1- Dados de Performance do Hyundai [27] 5
Dados de Performance
Consumo Ciclo UDDS 65 MPGe
Consumo Ciclo HWFET 58 MPGe
Consumo Ciclo Combinado 61 MPGe
Tempo de aceleração de 0 a 100 km/h 9,2 s
Tempo de aceleração de 80 a 120 km/h 7,4 s
Velocidade máxima 179 km/h
Autonomia 611,5 km
Tempo de abastecimento [s] 300
6.2 Dados de entrada
Nessa seção detalha-se os dados do Hyundai Nexo, segundo os dados disponíveis pela
Hyundai [27], separados por área e detalhando-se as hipóteses para os dados faltantes.
6.2.1 Bateria
O Hyundai Nexo utiliza um banco de baterias de Íon Lítio, com 40 kW de Potência,
1,56 kWh de Energia e Voltagem de 240 V. A tabela 6.2 resume os valores reais descritos
anteriormente e valores estimados da bateria:
Tabela 6.2- valores reais e estimados da bateira do Hyundai Nexo 6
Bateria
Tipo Íon-lítio
Voltagem (V) 240
Voltagem por célula (V) 3,75
Células 64
Capacidade [Ah] 6,5
Massa [kg] 33
Energia [kWh] 1,56
Densidade energética da célula [Wh/célula] 24,4
Potência[kW] 40,0
Densidade de potência da célula [W/célula] 625
61
Não há informação disponível a respeito do número de células, massa por célula,
capacidade da célula e voltagem da célula do Hyundai Nexo. A exceção da massa por célula,
os dados ausentes estão disponíveis para o Hyundai Ioniq híbrido [28] e Kia Niro híbrido [29].
Os dois veículos possuem o mesmo tipo de bateria, potência, energia e voltagem que o Nexo,
dessa forma assume-se os dados ausentes do Nexo como os do Kia Niro e do Hyundai Ioniq.
A massa da célula é calculada dividindo-se a massa total da bateria pelo número de células.
6.2.2 Sistema de Célula a Combustível e Tanque
O Nexo utiliza a célula a combustível de membrana polimérica com 95 kW de Potência, o
sistema de célula a combustível é fabricado pela própria Hyundai, tem massa de 89 kg e
eficiência máxima de 60% [30]. Retira-se do modelo do FASTSim o tempo para a célula a
combustível atingir a potência máxima, 5s.
A tabela 6.3 resume os valores reais e estimados do sistema de célula a combustível e
tanque:
Tabela 6.3- valores reais e estimados da célula a combustível e do tanque do Hyundai Nexo 7
Sistema de Célula a Combustível e Tanque
Tipo Membrana Polimérica
Potência [kW] 95
Tempo para atingir a potência máxima [s] 5
Massa do Sistema de célula a combustível
[kg] 89
Eficiência Máxima 60%
Capacidade do tanque [L] 156,6
Capacidade do Tanque [kg] 6,3
Massa do tanque [kg] 112
Massa do hidrogênio [kg] 6,3
Pressão [MPa] 70
Densidade do hidrogênio [g/L] 40,2
62
O Nexo possui 3 tanques, com volume total de 156,6 L para armazenar 6,3 kg de hidrogênio
a 10.000 psi (70 MPa). Não se tem informação da massa do tanque. Para ter-se um valor
razoável, aproxima-se o valor da massa do tanque por volume do Toyota Mirai (87,5 kg em
122,4 L) para o volume do Nexo, totalizando 112 kg.
Posteriormente, será necessário colocar o valor de densidade do hidrogênio armazenado no
Advisor, isso ocorre devido aos diferentes tipos de pressão de armazenamento do hidrogênio
disponíveis. A densidade do hidrogênio é obtida simplesmente dividindo-se a massa total de
hidrogênio pelo volume total do tanque. O resultado é 40,2 g/L.
6.2.3 Motor
O Hyundai Nexo utiliza um motor elétrico de imã permanente de corrente alternada
síncrono com 120 kW de potência máxima e 395 N.m de torque máximo.
6.2.4 Veículo
A tabela 6.4 resume os principais dados do veículo:
Tabela 6.4 - valores reais do Hyundai Nexo [27] 8
Veículo
Coeficiente de Arrasto 0,33
Área Frontal* 3,02 m²
Massa sem passageiros 1822 kg
Massa da carga 136 kg
Comprimento 4670 mm
Largura 1860 mm
Altura 1630 mm
Distância entre eixos 2790 mm
*A área frontal foi obtido do modelo do Hyundai IX35 no FASTSim.
6.2.5 Transmissão
O Veículo possui tração dianteira e um sistema de transmissão com velocidade única.
63
6.2.6 Roda
Os dados da tabela 6.5 foram retirados do modelo do Hyundai ix35 no FASTSim:
Tabela 6.5 – Dados estimados para o Hyundai Nexo 9
Roda
Raio do pneu 351 mm
Momento de inércia 3,26 kg.m²
Coeficiente de rolamento 0,007
Coeficiente de atrito da roda 0,7
6.2.7 Estratégia de controle da célula a combustível e do
banco de baterias
Utiliza-se o o banco de baterias no modo CS, com o estado de carga máximo (SOCmáx)
de 0,8 e estado de carga mínimo (SOCmín) de 0,4. A célula a combustível só é utilizada quando
se atinge uma eficiência de 50% para economia de combustível. A tabela 6.6 resume a estratégia
de controle adotada para o Hyundai Nexo.
Tabela 6.6 – Estratégia de controle para o Hyundai Nexo 10
Estratégia de Controle
Modo de operação Charge Sustaining
SOCmáx 0,8
SOCmín 0,4
Eficiência mínima para
ativação da célula 50%
Os valores de SOCmáx e SOCmín foram retirados da base de dados do FASTSim.
64
6.3 Modelagem no Advisor
A partir dos dados apresentados na seção anterior modela-se o veículo no Advisor. A
figura 6.1 representa a tela inicial do modelo final no Advisor.
Figura 6.1 – Tela inicial da configuração final do Hyundai Nexo 20
Segue a abaixo a justificativa para cada escolha:
a) Drivetrain Configuration: Escolhe-se a opção “fuel_cell” porque é a configuração de um
veículo híbrido a célula a combustível.
b) Vehicle: Escolhe-se a opção “VEH_smallSUV” porque modela os dados do veículo com o de
um SUV pequeno (mesma classificação do Hyundai Nexo). Isso é especialmente útil na
estimativa de dados não disponíveis.
c) Fuel Converter: Escolhe-se a opção “FC_ANHL50H2” por ser o modelo de célula a
combustível a hidrogênio. Por não possuir as características da célula do Hyundai Nexo
modificações serão realizadas na subseção 6.3.4.
65
d) Exhaust Aftertreat: Escolhe-se a opção “EX_FUELCELL” porque é a configuração original
dos veículos a célula a combustível.
e) Energy Storage: Escolhe-se a opção “ESS_LI7_temp” por ser a única opção que retrata uma
bateria de íon-lítion. Por não possuir as características da bateria de íon lítion do Hyundai Nexo
modificações são realizadas na subseção 6.3.3.
f) Motor: Escolhe-se a opção “MC_PM100_UQM” por retratar um motor elétrica de imã
permanentes com a maior potência disponível. Alterou-se a potência do motor de 100kW para
120kW.
g) Transmission: Escolhe-se a opção “TX_1SPD_IDEAL” por retratar uma transmissão de uma
velocidade única do veículo. Seleciona-se a opção “front wheel drive” para configurar-se a
tração dianteira.
h) Wheel/Axle: Escolhe-se a opção “WH_SUV” por retratar as características de um SUV
pequeno.
i) Acessory: Escolhe-se a opção “ACC_HYBRID” por representar os requisitos de potência dos
acessórios em um veículo híbrido.
j) Powertrain Control: Escolhe-se a opção “PTC_FUELCELL” por ser a opção padrão de
controle de powertrain de um veículo a célula a combustível.
6.3.1 Veículo
As seguintes variáveis do veículo são alteradas na área “variable list” (localizada na
parte inferior da tela inicial de configuração):
a) Coeficiente de Arrasto: Altera-se a variável “veh_cd” para 0,33;
b) Área frontal: Altera-se a variável “veh_FA” para 3,02;
c) Massa da Carga: Altera-se a variável “veh_cargo_mass” para 136kg;
d) Massa do veículo com a carga: Altera-se a variável “veh_mass” para 1947 kg (massa do
veículo somada a massa da carga)
e) Distância entre eixos: Altera-se a variável “veh_wheelbase” para 2,62m.
66
6.3.2 Roda
As seguintes variáveis do veículo são alteradas na área variable list:
a) Raio do Pneu: A variável “wh_radius” é alterada para 0,313 m;
b) Inércia da Roda: A variável “wh_inertia” é alterada para 3,26 kg.m².
c) Coeficiente de rolamento: A variável “wh_1st_rrc” é alterada para 0,007.
6.3.3 Banco de baterias
A bateria de íon-lítio do Advisor possui características de densidade de potência,
densidade de energia, capacidade e densidade mássica diferentes da bateria do Hyundai Nexo.
Nessa seção explica-se as diferenças e como se alterar a as características da bateria do Advisor
para a do Hyundai Nexo.
As características da bateria são dependentes da temperatura de atuação, o Advisor
interpola essas características a 0°C, 25°C e 41°C para a bateria de Íon Lítio. A figura 6.2 ilustra
o efeito da temperatura na potência da bateria.
Figura 6.2 – Potência da bateria em função do SOC para diferentes temperaturas 21
As figuras 6.3 e 6.4 mostram a temperatura da bateria ao longo de 5 ciclos UDDS e
HFWET, respectivamente. É notório que após a temperatura se estabilizar a bateria atua mais
próximo dos 41°C do que as demais temperaturas, por isso as características da bateria são
avaliadas nessa temperatura.
67
Figura 6.3 – Temperatura da bateria ao longo de 5 ciclos UDDS 22
Figura 6.4 – Temperatura da bateria ao longo de 5 ciclos HFWET 23
Um banco de baterias é formado por uma associação de módulos em série ou em
paralelo. Um módulo é uma associação de células em série ou em paralelo. Uma associação de
células tem as mesmas propriedades elétricas do que uma associação de resistores. Ou seja,
uma associação de células em série tem a voltagem igual a soma das voltagens das células, a
corrente da associação é dada pela soma das correntes das células e a resistência da associação
é dada pela soma das resistências em série.
68
O Advisor altera as propriedades do banco de baterias pelo módulo da bateria, ou seja,
por uma associação de células. Analisando-se o arquivo de texto da bateria do Advisor, nota-se
que as variáveis da massa e da voltagem do módulo são explicitamente multiplicadas por 3.
Esse efeito é o equivalente a associar-se 3 células em série no módulo. Portanto, conclui-se que
o módulo da bateria do Advisor é composto por 3 células em série. A figura 6.5 mostra a parte
do arquivo de texto da bateria que contém a variável “ess_voc” (voltagem do módulo) e
“ess_module_mass” (massa do módulo) multiplicados por 3.
Figura 6.5 – Arquivo de texto da bateria 24
Os dados da bateria do Nexo estão disponíveis para uma célula. Para facilitar a
comparação coloca-se o módulo da bateria do Advisor também com 1 célula, ou seja, as
variáveis não são mais multiplicadas por 3. A tabela 6.7 mostra as características da bateria do
Advisor com 1 célula por módulo e as características da célula da bateria do Nexo (valores
desejados).
Tabela 6.7 – Características das baterias no Advisor em relação ao Hyundai Nexo 11
Bateria Advisor Hyundai Nexo
Voltagem Nominal 3,57 3,75
Potência por célula [W/célula] 224 625
Energia por célula [Wh/célula] 26,3 24,4
Capacidade da célula [Ah] 7,4 6,5
Massa da célula [kg] 0,378 0,516
Para que o módulo do Advisor tenha as mesmas características da do Nexo é necessário
modificar as seguintes variáveis dos módulos da bateria:
a)“ess_cap_scale”: essa variável altera a massa, a potência e capacidade do módulo do módulo
da bateria proporcionalmente ao fator de escala definido. Ela pode ser alterada na tela de
configuração inicial.
69
b)“ess_module_mass”: essa variável modifica a massa do módulo. Ela pode ser alterada na tela
de configuração inicial.
c)“ess_voc”: é a voltagem de 1 módulo em função do estado de carga e da temperatura do
módulo da bateria. Deve ser alterado no arquivo de texto da bateria. Para alterar o arquivo de
texto da bateria acesse o diretório onde o Advisor foi instalado, abra a pasta “data”, em seguida
abra a pasta “energy_storage” e por fim abra o arquivo de texto “ess_li7_temp”. Após fazer as
alterações salve o arquivo no mesmo diretório e com o mesmo nome.
d)“ess_max_ah_cap”: é a capacidade de 1 módulo da bateria em função do estado de carga e
da temperatura. Deve ser alterado no arquivo de texto da bateria.
Realiza-se o seguinte procedimento para alterar-se o módulo original do Advisor para o
módulo desejado do Hyunda Nexo:
1) No arquivo de texto da bateria a variável “ess_voc” era inicialmente multiplicada por um
fator de 3 obtendo-se uma voltagem de 10,7 V por módulo (3,57 V . 3 = 10,7). Agora multiplica-
se por um fator de 1,05 para ter-se uma voltagem nominal de 3,75V por módulo (3,57 V . 1,05
= 3,75).
2) A potência por módulo com 1 célula precisa aumentar de 224 kW/módulo para 625
kW/módulo, ou seja precisa aumentar 2,79 vezes. Logo, altera-se a variável “ess_cap_scale”
de 1 para 2,79. O efeito colateral disso é o aumento da massa e da capacidade do módulo pelo
mesmo valor. Mas isso pode ser resolvido alterando-se essas duas variáveis individualmente.
3) A capacidade do módulo precisa ir de 20,75 Ah (7,4 Ah aumentado 2,79 vezes) para 6,5 Ah.
Para isso se altera no arquivo de texto da bateria a variável “ess_max_ah_cap”, multiplica-se
a variável por 0,314.
4) A massa do módulo desejada é 0,516 kg. O valor inserido para “ess_module_mass” é 0,185
kg, pois esse valor é multiplicado por 2,79 resultando em 0,516kg.
A tabela 6.8 mostra passo a passo a mudança de valores das variáveis realizada anteriormente.
70
Tabela 6.8 – Passo a Passo da mudança de valores das variáveis da bateria 12
Passo a Passo Pot/célula
[kW/kg]
Capacidade da
célula [Ah]
Massa da
célula [kg]
Voltagem da
Célula [V]
Inicialmente 224 7,4 0,378 3,57
Modificação 1 224 7,4 0,378 3,75
Modificação 2 625 20,64 1,04 3,75
Modificação 3 625 6,5 1,04 3,75
Modificação 4 625 6,5 0,516 3,75
Seguindo-se esses passos consegue-se obter um módulo composto de uma célula com
as características desejadas conforme na tabela 6.7. Agora basta selecionar o número de
modulos da bateria na tela inicial como 64.
A figura 6.2 mostrada anteriormente ilustra a curva de potência desejada, a figura 6.1
mostrada anteriormente ilustra a massa, voltagem e número de modos desejados da bateria.
6.3.4 Sistema de Célula a Combustível e Tanque
As características da célula a combustível descritas na tabela 6.3 são utilizadas para
modelar-se a célula a combustível no Advisor. São realizadas as seguintes modificações nas
características da célula:
a) Potência Máxima da célula: Na tela inicial de configuração altera-se a potência máxima de
50 kW para 95 kW. Isso é feito alterando-se em “variable list” o valor da variável
“fc_max_pwr” de 50.000 W para 95.000 W.
b) Taxa de crescimento da potência: Em “variable list” altera-se a variável
“cs_max_pwr_rise_rate” para 19.000 W/s. Dessa forma a célula a combustível atinge em 5s a
sua potência máxima de 95kW.
c) Massa do sistema de célula a combustível: O Advisor varia a massa do sistema de célula a
combustível proporcionalmente a sua potência tendo como base o valor da massa do sistema
para 50 kW (valor padrão do software). Dessa forma, para se ter a massa de 89 kg do sistema a
71
95kW, utiliza-se a massa que o sistema teria a 50kW (46,8 kg). Em “variable list” altera-se o
valor da variável “fc_base_mass” para 46,8 kg.
O sistema de armazenamento de combustível tem as seguintes variáveis modificadas na área
“variable list”:
a) Massa do tanque e combustível: Altera-se a variável “fc_mass” para 118 kg (massa do tanque
somada ao combustível).
b) Densidade do hidrogênio: Altera-se a variável “fc_fuel_den” para 40,2 g/l.
Na tela inicial da figura 6.1, a massa mostrada (206 kg) é a massa do sistema de célula
combustível somada a massa do tanque e do hidrogênio.
6.3.5 Estratégia de controle da célula a combustível do
banco de baterias
Na área “variable list” alteram-se as seguintes variáveis:
a) Estado de Carga Máxima da Bateria: Altera-se a varíavel “cs_hi_soc” para 0,8.
b) Estado de Carga Mínima da Bateria: Altera-se a varíavel “cs_lo_soc” para 0,4.
c) Modo de operação da bateria: Mantém-se a variável “cs_charge_deplete_bool” igual a 0 para
atuação no modo charge sustaining, o valor seleciona o modo charge depleting.
d) Potência mínima para ativação da célula a combustível: Conforme discutido na seção 3.6, a
eficiência da célula a combustível cresce com aumento da potência até se estabilizar em uma
faixa de potência. Para se utilizar a célula a combustível nessa faixa de alta eficiência, acima de
50%, define-se um valor mínimo de potência para sua ativação.
A figura 6.5 mostra a curva de eficiência x potência dessa configuração:
72
Figura 6.5 - Eficiência da Célula a Combustível em função da sua potência 25
Para essa configuração seleciona-se o valor de 10 kW como a potência mínima de
ativação da célula a combustível, então altera-se o valor da variável “cs_min_pwr”para 10.000
W.
6.3.6 Condições iniciais
Na tela de configuração de parâmetros da seleção
a) Temperatura
Segundo a “United States Climate Date” a temperatura em Los Angeles (Califórnia)
oscila entre 10°C e 26°C durante o ano [31]. A tabela 6.8 mostra o consumo do Hyundai Nexo
original simulado a 10°C e 26°C nos ciclos UDDS e HFWET. A diferença foi inferior a 1%
nesses dois extremos, logo conclui-se que a variação nessa faixa não é relevante. Portanto
utiliza-se a configuração original do Advisor a 20ºC como temperatura ambiente do veículo e
dos seus demais componentes.
Tabela 6.9 – Consumo do Hyundai Nexo original em diferentes temperaturas ambiente 13
Temperatura 10°C 26°C Diferença
Ciclo UDDS [MPGE] 58,8 57,4 0,7%
Ciclo HFWET [MPEG] 58,4 57,0 0,7%
b) SOC Inicial
73
Conforme pode-se observar na tabela 6.9, nota-se que o consumo é muito sensível ao
estado de carga inicial, pois o modo CD tem grande influência para a curta distância de um
ciclo:
Tabela 6.10 – Consumo para diferentes SOC’s nos ciclos UDDS e HFWET 14
SOC Inicial UDDS [MPGE] HFWET [MPGE] Combinado [MPGE]
0,8 72,6 65,6 69,5
0,6 63,8 59,8 62,0
0,4 56,2 55,4 55,8
O VEHCC só pode ter sua bateria carregada pela energia regenerativa dos freios e pela
energia da célula a combustível, ambos dependem do estilo de direção e o segundo da estratégia
de controle do powertrain. Para um determinado ciclo o comportamento do estado de carga da
bateria se estabiliza após um determinado número de ciclos, pois seu estilo de direção e
estratégia de controle são repetidos a cada ciclo, esse comportamento é visível nas figuras 6.6
e 6.7. Assim o valor mais adequado para estado inicial de carga da bateria para esse ciclo
específico é o seu valor mais provável nesse ciclo, ou seja, a média do estado de carga nesse
ciclo após sua estabilização.
Figura 6.6 - Estado de carga para 20 ciclos UDDS 26
74
Figura 6.7 - Estado de carga para 20 ciclos HFWET 27
Neste trabalho o estado de carga inicial da bateria é definido como a média do estado
de carga ao longo de 20 ciclos. Isto é feito porque o estado de carga da bateria se estabiliza
muito antes de se atingir 20 ciclos, dessa forma ao se calcular o SOC médio do ciclo dilui-se o
efeito transitório do valor inicial do SOC. Para o ciclo UDDS o SOC médio é 0,461 e para o
ciclo HFWET o SOC médio é 0,511.
6.4 Validação
Para validar-se a modelagem do Hyundai Nexo compara-se os resultados da simulação
para um ciclo dos ciclos padrões (UDDS e HFWET) com os dados reais do Hyundai Nexo.
Utilizando-se os valores médios de SOC de cada ciclo chega-se a um diferença relativa
de 5% para o consumo do ciclo combinado comparado ao valor real. Os dados de aceleração e
velocidade máxima tiveram uma grande variação em relação aos dados reais, mas isso não
compromete a modelagem pois apenas os dados de consumo devem ser precisos, já que estes
serão utilizados para cálculos econômicos posteriormente. Dessa forma pode-se validar a
modelagem do veículo. Segue abaixo a tabela com os resultados das simulações e as figuras
com os resultados para cada ciclo.
75
Tabela 6.11 - Comparação dos valores simulados para 1 ciclo e dados reais 15
Dado Simulação Real Diferença
Relativa
UDDS [MPGE] 58,6 65 10%
SOC Inicial 0,461 - -
HFWET [MPEG] 56,5 58 3%
SOC Inicial 0,511 - -
Combinado [MPGE] 57,6 61,0 6%
Aceleração 0-100 km/h [s] 11,3 9,2 23%
Aceleração 80-120 km/h [s] 9,4 7,4 26%
Velocidade máxima [km/h] 157,2 179 12%
A figura 6.8 mostra a tela de resultados para 1 ciclo UDDS e a figura 6.9 mostra o
resultado para 1 ciclo HWFET.
Figura 6.8 - Resultados da simulação para 1 ciclo UDDS 28
76
Figura 6.9 - Resultados da Simulação para um ciclo HFWET 29
77
Capítulo 7
7 Análise do Veículo elétrico híbrido a célula a
combustível
Nessa seção analisa-se a performance e custos do Hyundai Nexo versão veículo elétrico
híbrido a célula a combustível (VEHCC) para diferentes graus de hibridização. O objetivo dessa
análise é definir o melhor grau de hibridização levando-se em conta a performance e custos.
7.1 Análise de diferentes graus de hibridização
Conforme visto na seção 4.3, para o veículo a célula a combustível o grau de
hibridização é a proporção da potência do banco de baterias em relação a potência total do
sistema (definido pela equação 4.7).
Para a análise da influência do grau de hibridização no desempenho e nos custos do
veículo a potência total do sistema é mantida constante em 135 kW, mesma do Hyundai Nexo
real, altera-se apenas a proporção da potência total do banco de baterias e da célula a
combustível.
A potência total da bateria é modificada pela variação do número de módulos da bateria,
a potência total da célula a combustível é dada pela diferença da potência total do sistema e do
novo valor da potência total da bateria.
Os graus de hibridização são validados conforme as restrições descritas na subseção
4.3.2:
1) Utilizando-se somente a célula a combustível para acionamento do motor, o veículo deve ser
capaz de subir aclives com inclinação de 6,5 % a velocidade constante de 55 mph (88,5 km/h)
durante 20 minutos;
2) Utilizando-se a célula de combustível e o banco de baterias para o acionamento do motor, o
veículo deve atingir a velocidade máxima de 88,5 mph (136,8 km/h);
78
3) Utilizando-se a célula de combustível e o banco de baterias para o acionamento do motor, o
veículo deve acelerar de 0 a 60 mph (96,6 km/h) em até 12 segundos.
A tabela 7.1 detalha os diferentes graus de hibridização testados e seus resultados de
performance obtidos no Advisor. As configurações de 2 a 7 são válidas pois satisfazem as
restrições de hibridização. A configuração 1 é invalida porque ultrapassou o tempo máximo de
12 segundos para a aceleração e a configuração 8 não conseguiu manter a inclinação mínima
(6,5 %). Essas duas configurações não serão consideradas nas próximas análises pois não
satisfazem as restrições de hibridização.
Tabela 7.1 – Dados dos diferentes graus de hibridização da configuração híbrida16
Configuração 1 2 3
(Original) 4 5 6 7 8
Grau de
Hibridização 25,0% 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6% 62,1%
Tempo 0-60
mph (0 a 96,6
km/h)
12,1 11,9 10,5 9,5 9,2 8,8 8,7 8,7
Inclinação
máxima (%) 12,7 12,9 15,2 12,4 9,6 6,8 6,5 6,4
Massa total do
veículo [kg] 1950,6 1950,7 1950,0 1948,5 1946,9 1945,4 1945,2 1945,1
A figura 7.1 mostra a inclinação máxima que o veículo consegue subir à velocidade
constante de 55 mph (88,5 km/h) durante 20 minutos para diferentes graus de hibridização.
79
Figura 7.1 – Inclinação máxima sustentada pelo veículo para diferentes graus de hibridização 30
Analisando-se a figura 7.1 observa-se uma redução da inclinação máxima conforme se
afasta do grau de hibridização da configuração original (GH=29,6%).
A figura 7.2 mostra o comportamento do tempo de aceleração do veículo de 0 a 60 mph
(0 a 96,6 km/h) com a variação do grau de hibridização.
12,9
15,2
12,4
9,6
6,8 6,5
0
2
4
6
8
10
12
14
16
25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Grau de Hibridização
Inclinação máxima (%)
80
Figura 7.2 – Tempo de aceleração para diferentes graus de hibridização 31
Examinando-se a figura 7.2 nota-se que conforme se aumenta o grau de hibridização,
obtém-se menores tempos de aceleração. Conforme já discutido na subseção 4.2, a célula a
combustível não é capaz de responder rapidamente a transitórios de potência, mas as baterias
conseguem. Portanto, ao se aumentar o grau de hibridização é natural que o veículo possua
melhor resposta às acelerações.
A tabela 7.2 discrimina a massa de cada componente do sistema de powertrain para
configurações com diferentes graus de hibridização.
12,0
10,9
9,59,2
8,8 8,7
0,0
1,5
3,0
4,5
6,0
7,5
9,0
10,5
12,0
13,5
25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Grau de Hibridização
Tempo 0-60 mph [s]
81
Tabela 7.2 – Massa do powertrain e veículo para configurações com diferentes graus de hibridização17
Configuração 2 3 (Original) 4 5 6 7
Grau de Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Massa da bateria [kg] 28,4 33,0 44,4 55,7 67,1 68,6
Massa do sist. Cel. Comb.
[kg] 94,2 89,0 76,1 63,2 50,3 48,5
Massa do tanque [kg] 111,9 111,9 111,9 111,9 111,9 111,9
Massa do Combustível [kg] 6,3 6,3 6,3 6,3 6,3 6,3
Massa Sist. Cel. Comb. +
Tanque + Combustível [kg] 240,8 240,2 238,7 237,1 235,6 235,3
Massa total do veículo [kg] 1814,6 1814,0 1812,5 1810,9 1810,4 1809,2
Averiguando-se a tabela 7.2 conclui-se que a massa total do veículo não sofre grandes
modificações com o aumento do grau de hibridização. A redução na massa do sistema de célula
a combustível é praticamente compensada pelo ganho de massa da bateria. Há uma redução de
massa de 5 kg do maior grau de hibridização em relação à configuração original. A figura 7.3
ilustra essa tendência.
Figura 7.3 – Massa do powertrain para configurações com diferentes graus de hibridização 32
240,9 240,8 240,2 238,7 237,1 235,6
0
50
100
150
200
250
25,0% 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2%
Mas
sa [
kg]
Grau de Hibridização
Massa da bateria [kg] Massa do sist. Cel. Comb. [kg]
Massa do tanque [kg] Massa do Combustível [kg]
82
A tabela 7.3 resume os principais dados das configurações do Nexo VEHCC estudados neste
capítulo:
Tabela 7.3 Principais dados do Nexo VEHCC para diferentes graus de hibridização 18
Configuração 2 3
(Original) 4 5 6 7
Grau de Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Voltagem do Banco de
Baterias (V) 206,25 240 322,5 405 487,5 498,75
Número de Células do
Banco de Baterias 55 64 86 108 130 133
Energia do Banco De
Baterias [kWh] 1,34 1,56 2,10 2,64 3,17 3,25
Potência do Banco de
Baterias [kW] 34,4 40,0 53,8 67,5 81,3 83,2
Potência do Sistema de
Célula Combustível [kW] 100,6 95 81,2 67,5 53,7 51,8
7.1.1 Configuração dos parâmetros da simulação
Neste item configuram-se os parâmetros da simulação (condições iniciais e dados do
ciclo) contidos na segunda tela do Advisor.
1) Condições Iniciais
Mantém-se as mesmas condições iniciais da subseção 6.3.6:
- Temperatura ambiente e temperatura inicial dos componentes do veículo como 20º C;
- Estado de carga inicial da bateria como a média do estado de carga ao longo de 20 ciclos.
A tabela 7.4 detalha o estado de carga inicial das configurações com diferentes graus de
hibridização. As configurações 1 e 8 não são incluídas por não atenderem aos requisitos de
hibridização impostos (tabela 7.1).
83
Tabela 7.4 – SOC Inicial para os diferentes graus de hibridização 19
Configuração 2 3 (Original) 4 5 6 7
Grau de
hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,2%
SOC Inicial Ciclo
UDDS 0,724 0,461 0,469 0,440 0,510 0,512
SOC Inicial Ciclo
HFWET 0,779 0,511 0,432 0,442 0,453 0,486
2) Dados do ciclo
a) Para o cálculo do consumo do veículo utiliza-se um ciclo padrão conforme foi feito com o
Hyundai Nexo original.
b) Para a análise econômica de custos de combustíveis utiliza-se 5,24 ciclos UDDS e 3,81 ciclos
HWFET. Essa escolha é para obter-se o consumo de hidrogênio para 39 milhas, a distância
diária média percorrida por um americano [33].
7.1.2 Resultados da Simulação
Neste item analisa-se o consumo equivalente de combustível (MPGe) e autonomia do
VEHCC em diferentes graus de hibridização baseado nos resultados obtidos da simulação no
Advisor.
7.1.2.1 Consumo de Combustível A figura 7.8 detalha o consumo equivalente de combustível de todas as configurações
válidas para o ciclo UDDS, HWFET e Combinado.
84
Figura 7.4 - Consumo para diversos graus de hibridização nos ciclos padrão33
A análise da figura 7.4 revela que a configuração com o menor grau de hibridização
apresenta o pior consumo para os três ciclos, enquanto a configuração com o maior grau de
hibridização apresenta o melhor consumo para os três ciclos. Observando-se cada configuração
nota-se que o consumo melhora conforme se aumenta o grau de hibridização, isto é valido para
todos os ciclos.
Para ilustrar o impacto da variação do grau de hibridização em relação à configuração
original, as figuras 7.4 a 7.8 mostram as telas de resultados no ciclo UDDS e HWFET para a
configuração original (GH=29,6%) e para a configuração com maior grau de hibridização
(GH=61,6%). As telas de resultado das demais configurações, são mostradas no apêndice A.
50,6
52,6
54,6
56,6
58,6
60,6
62,6
64,6
66,6
68,6
25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Co
nsu
mo
[M
PG
e]
Grau de Hibridização
UDDS [MPGe] HWFET [MPGe] Combinado [MPGe]
85
Figura 7.5 - Consumo configuração 3 (GH=29,6%) para 1 ciclo UDDS 34
Figura 7.6 - Consumo configuração 3 (GH=29,6%) para 1 ciclo HFWET 35
86
Figura 7.7 – Consumo configuração 7 (GH=61,6%) para 1 ciclo UDDS 36
Figura 7.8 – Consumo configuração 7 (GH=61,6%) para 1 ciclo HWFET 37
87
Analisando-se as telas de resultado das configurações original (figuras 7.5 e 7.6) e 7
(figuras 7.7 e 7.8), nota-se que a configuração com maior grau de hibridização apresenta
melhora no consumo de 16,9% no ciclo UDDS e de 18,2% no ciclo HFWET em relação a
configuração original. Essa é maior melhora do consumo obtido em relação a configuração
original.
7.1.2.2 Autonomia veicular
A autonomia do veículo é a distância percorrida por este até se esgotar seu combustível.
Para o veículo estudado, a autonomia é a distância percorrida até se consumir 6,3 kg de
hidrogênio.
A partir dos dados de consumo de combustível equivalente calculados no item 7.1.2.1 é
possível se obter a autonomia do veículo. O MPGe diz quantas milhas o veículo consegue
percorrer com 33,44 kWh de combustível. Se em 6,3 kg de hidrogênio tem-se 209,8 kWh (33,33
kWh por kg de hidrogênio), basta fazer a proporção das milhas percorridas com 33,44 kWh
para 209,8 kWh e converter-se as milhas para quilômetros:
𝐴𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 =
𝑀𝑃𝐺𝑒 . 209,8 . 1,6093
33,44
(7.1)
Onde:
- MPGe é o consumo de combustível equivalente;
- 209,8 é a energia em kWh contida em 6,3 kg de hidrogênio;
- 33,44 é a energia em kWh contida em 1 galão de gasolina;
- 1,6093 é o fator de conversão de milhas para quilômetros.
A partir da equação 7.1 e dos dados de consumo equivalente de combustível calcula-se
a autonomia do veículo para diferentes graus de hibridização. A tabela 7.5 resume esses dados.
88
Tabela 7.5 – Autonomia dos diferentes graus de hibridização20
Configuração 2 3
(Original) 4 5 6 7
Grau de Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Ciclo UDDS [km] 506,9 588,4 600,0 618,8 644,0 646,6
Ciclo HWFET [km] 591,0 616,9 624,7 642,9 657,9 659,0
Ciclo Combinado [km] 544,8 601,2 611,1 629,7 650,3 651,9
Conclui-se que a autonomia do veículo melhora conforme se aumenta o grau de
hibridização para todos os ciclos. Isso é natural, pois a autonomia é inversamente proporcional
ao consumo do veículo.
7.2 Vida útil
O Hyundai Nexo é um veículo recente e ainda não há dados disponíveis sobre sua vida
útil. Nesse estudo considera-se a vida útil do veículo como a vida útil da célula a combustível,
pois o custo da troca da célula a combustível é maior do que custo do veículo depreciado pelo
tempo de vida útil da célula. Nos parágrafos abaixo justifica-se essa escolha.
O DOE estima uma vida útil de 150.000 milhas (241.395 km) para a célula a
combustível a hidrogênio [32]. Segundo pesquisa realizada por McGuckin e Fucci [33], em
2017 um cidadão americano percorreu em média 42,5 milhas/dia (68,4 km/dia) e uma cidadã
americana percorreu em média 35,6 milhas/dia (57,3 km/dia). Utiliza-se a média desses valores,
39 milhas/dia (62,9 km/dia) como a distância média percorrida por um cidadão americano.
Percorrendo-se 39 milhas diariamente, a célula a combustível tem uma vida útil de 10,5 anos.
Conforme será visto na seção 7.4.4, a célula a combustível corresponde a
aproximadamente 30% do custo do veículo. Utilizando-se a taxa de depreciação do Hyundai
Tucson nos Estados Unidos [34], 20% no primeiro ano e 12% nos anos seguintes, ao final de
89
10 anos o veículo vale 25,6% do seu valor original. Ou seja, a troca da célula custará mais do
que o veículo depreciado.
7.3 Análise Econômica
Nesta seção é feita uma análise dos custos das diferentes configurações obtidas para
selecionar a melhor configuração do ponto de vista econômico.
O custo total do veículo analisado neste item é composto pelo custo de produção dos
seus componentes, a margem de lucro do fabricante, a margem de lucro do revendedor, os
impostos de venda e, ao final, o custo do combustível do usuário. A análise não considera os
custos de manutenção periódicas e aleatórias pois esses teriam um efeito comparativo marginal
no estudo das diferentes configurações [35]. Esta análise de custos segue o mesmo modelo
apresentado no FASTSim [26].
Análise econômica é realizada para o Hyundai Nexo com os custos de energia e de
combustível da Califórnia (EUA). Essa escolha deve-se, principalmente, a grande quantidade
de dados necessários para a simulação que estão disponíveis para a Califórnia.
7.3.1 Custo de aquisição do veículo
Neste item calcula-se o custo de aquisição do VEHCC para diferentes graus de
hibridização e analisa-se a influência do grau de hibridização no custo de aquisição do veículo.
O Custo de aquisição envolve os custos de produção dos componentes do veículo,
impostos de venda, margem do fabricante e margem do revendedor.
Os custos dos componentes são separados pelos diferentes componentes: custos do
motor elétrico, do sistema de célula a combustível, tanque de hidrogênio, banco de baterias e
carroceria:
90
a) Custo do Motor Elétrico: O FASTSim possui uma base de dados dos custos do Hyundai Ix35
(antecessor do Hyundai Nexo). O preço do motor elétrico é dado por uma parcela fixa de US$
425 e por uma parcela dependente da potência do motor de US$ 27,5/kW;
b) Carroceria do Veículo: A base de dados do FASTSim para o Hyundai Ix35 estima o preço
da carroceria do veículo (veículo sem powertrain) como sendo US$ 19.014;
c) Sistema de Célula a Combustível: A base de dados do FASTSim para o Hyundai Ix35 estima
o preço do sistema de célula a combustível como US$ 185/kW;
d) Tanque de Hidrogênio: A base de dados do FASTSim para o Hyundai Ix35 estima o preço
do tanque de hidrogênio como US$ 20/kW;
e) Banco de Baterias: O estudo realizado pela “Bloomberg Energy Finance” em 2018 [36],
estima o preço da bateria de ion-lítio como US$ 176/kWh;
Os impostos de venda são estimados em 8% pela base de dados do FastSim. A margem
do fabricante é assumida 10% e a margem do revendedor é assumida em 15%, valores máximos
do intervalo válido definido por Kochhan [37].
A tabela 7.6 detalha os custos de aquisição para diferentes configurações em função dos
graus de hibridização. A metodologia utilizada para estimar o preço do veículo se mostrou
confiável, visto que o preço de venda do Hyundai Nexo na Califórnia é US$ 58.300 e o valor
calculado pela metodologia utilizada para o Nexo original é US$ 58.295
91
Tabela 7.6 - Custo de Aquisição para configurações com diferentes graus de hibridização 21
Analisando-se os custos de aquisição do veículo na tabela 7.4, nota-se que a
configuração mais cara é a de menor grau de hibridização e a mais barata é a com o maior grau
de hibridização. Observando-se as configurações intermediárias nota-se uma tendência de
queda de custo com o aumento do grau de hibridização. Essa tendência é justificada pelo mais
elevado custo por kW do sistema de célula a combustível em relação ao da bateria, logo é
natural que o aumento do grau de hibridização reduza o custo total do veículo. Há uma diferença
de 17,3% (US$ 10.060) no custo de aquisição do veículo entre a configuração original e a
configuração com maior grau de hibridização
A figura 7.9 ilustra em um gráfico de barras o impacto de cada componente no preço
total do veículo para diferentes graus de hibridização. Na figura fica claro que, conforme se
aumenta o grau de hibridização, a redução no preço do sistema de célula a combustível é bem
mais impactante no custo do veículo do que o aumento do custo do banco de baterias.
Configuração 2 3
(Original) 4 5 6 7
Grau de
Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Carroceria US$19.014 US$19.014 US$19.014 US$19.014 US$19.014 US$19.014
Motor
Elétrico US$3.509 US$3.509 US$3.509 US$3.509 US$3.509 US$3.509
Célula
Combustível US$18.611 US$17.575 US$15.025 US$12.479 US$9.934 US$9.587
Tanque US$4.195 US$4.195 US$4.195 US$4.195 US$4.195 US$4.195
Banco de
Baterias US$236 US$274 US$369 US$463 US$558 US$571
Margem do
revendedor US$5.832 US$5.704 US$5.390 US$5.076 US$4.763 US$4.720
Margem do
fabricante US$4.556 US$4.456 US$4.211 US$3.966 US$3.721 US$3.687
Impostos US$3.645 US$3.565 US$3.369 US$3.172 US$2.976 US$2.950
Total US$59.601 US$58.295 US$55.084 US$51.878 US$48.672 US$48.235
92
Figura 7.9 – Custo de aquisição do veículo para configurações diferentes graus de hibridização38
A partir das análises realizadas conclui-se que o custo de aquisição do veículo é reduzido
com o aumento do grau de hibridização porque o sistema de célula a combustível é mais caro
do que o banco de baterias.
7.3.2 Custo de combustível ao usuário
Neste item calcula-se o custo de combustível ao usuário anualmente e por 10,5 anos (vida
útil estimada do veículo) para os diferentes graus de hibridização.
O consumo de combustível do veículo é recalculado no Advisor para a distância de 39
milhas, isso ocorre porque o consumo/km na distância de um ciclo padrão difere em até 5% do
ciclo com 39 milhas. Uma possível causa disso seria o tempo necessário para o veículo atingir
o regime permanente em sua operação. O tempo de 1 ciclo parece ser insuficiente para se atingir
$59.601 $58.296
$55.084
$51.878
$48.673 $48.236
$0
$10.000
$20.000
$30.000
$40.000
$50.000
$60.000
25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Pre
ço
Grau de hibridização
Carroceria (Veículo sem powertrain) Motor Elétrico ($425 + $25.7/kW) Célula Combustível ($185/kW)
Tanque ($20/kWh) Banco de Baterias ($176/kWh) Conector ($750)
Margem do revendedor (15%) Margem do fabricante (10%) Impostos (8%)
93
o regime permanente de operação do veículo, enquanto que para o tempo transcorrido na
distância de 39 milhas parece ser suficiente. Essa diferença de 5% é aumentada 3650 vezes ao
se calcular o custo final do combustível (365 dias a cada ano durante 10 anos), por isso o
cuidado de se manter as condições reais. A distância de 39 milhas equivale a 5,24 ciclos UDDS
e 3,81 ciclos HFWET. Esses valores são utilizados para o número de ciclo no Advisor.
Evitou-se utilizar projeções do custo futuro do combustível. Dessa forma utiliza-se o
valor atual do hidrogênio na Califórnia congelado pelo período de 10 anos (vida útil assumida
do veículo), o que leva a uma análise conservadora e desfavorável. De acordo com o relatório
de Abril de 2019 do Departamento de Energia dos Estados Unidos [38], o hidrogênio custa em
média US$ 15,83/GGe (US$ 15,79/kg) nos postos americanos.
O custo anual do combustível é calculado em relação ao consumo anual no ciclo
combinado. O custo é dado pelo preço do hidrogênio multiplicado pela quantidade anual de
hidrogênio consumida nesse ciclo.
As telas de resultado da simulação para 39 milhas estão no apêndice A, os resultados
têm a mesma tendência comentada na subseção 7.2.3, apenas diferem em cerca de 5% no
consumo conforme explicado anteriormente.
A tabela 7.7 detalha o consumo em kWh/100 km, o consumo de hidrogênio e a energia
equivalente em kWh consumida para 39 milhas nos 3 ciclos padrão.
94
Tabela 7.7 - Consumo em kWh/100 km, consumo de hidrogênio e sua energia equivalente em
diferentes GHs para 39 milhas nos 3 ciclos padrão 22
Configuração 2 3 (Original) 4 5 6 7
Grau de Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Ciclo UDDS H2
Consumido [kg] 0,780 0,676 0,659 0,654 0,628 0,622
Ciclo UDDS Energia
Total Consumida [kWh] 25,74 22,31 21,75 21,58 20,72 20,53
Ciclo UDDS Consumo
[kWh/100km] 41,0 35,5 34,7 34,4 33,0 32,7
Ciclo HWFET H2
Consumido [kg] 0,669 0,643 0,633 0,615 0,599 0,596
Ciclo HWFET Energia
Total Consumida [kWh] 22,07 21,22 20,89 20,30 19,77 19,67
Ciclo HWFET Consumo
[kWh/00km] 35,2 33,8 33,3 32,3 31,5 31,3
Ciclo Combinado H2
Consumido [kg] 0,730 0,661 0,647 0,636 0,615 0,610
Ciclo Combinado Energia
Total Consumida [kWh] 24,09 21,81 21,35 20,99 20,30 20,13
Ciclo Combinado
Consumo [kWh/100 km] 38,4 34,74 34,0 33,4 32,3 32,1
A tabela 7.8 retrata o custo anual e total (ao longo de 10,5 anos) com combustível para
todas as configurações.
Tabela 7.8 - Consumo anual e total de combustível para diferentes GHs 23
Configuração 2 3 (Original) 4 5 6 7
Grau de
Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Custo Anual
com
Combustível
US$4.162 US$3.769 US$3.690 US$3.629 US$3.506 US$3.480
Custo Total
com
Combustível
US$43.703 US$39.579 US$38.750 US$38.100 US$36.813 US$36.535
95
Analisando-se a tabela 7.8 observa-se que a configuração com menor grau de
hibridização apresenta o maior custo e a configuração com maior grau de hibridização apresenta
o menor custo. Examinando-se as configurações intermediárias percebe-se uma tendência de
redução de custo com aumento do grau de hibridização. Isto é natural pois, o custo com
combustíveis é diretamente proporcional ao consumo do veículo e, conforme visto no item
7.1.2.1, o consumo é reduzido com o aumento do grau de hibridização. Comparando-se a
configuração original e a configuração com maior grau de hibridização, nota-se uma diferença
de 7,7% (US$ 3.044) no custo de combustível entre a configuração 7 a configuração original.
Portanto, conclui-se que o aumento do grau de hibridização reduz o consumo com
combustíveis devido a melhora no consumo do veículo.
7.3.3 Custo total do veículo
Nesta seção analisa-se o custo total do VEHCC durante sua vida útil para diferentes
graus de hibridização.
A tabela 7.9 mostra o custo total com combustível, custo de aquisição e custo total do
veículo.
Tabela 7.9 – Custos de Aquisição, Combustível e Total do veículo para diferentes GHs24
Configuração 2 3
(Original) 4 5 6 7
Grau de
Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Custo Total
com
Combustível
US$43.703 US$39.579 US$38.750 US$38.100 US$36.813 US$36.535
Custo de
Aquisição US$59.601 US$58.296 US$55.084 US$51.878 US$48.673 US$48.236
Custo Total US$103.305 US$97.875 US$93.834 US$89.979 US$85.486 US$84.770
Conforme visto nos itens anteriores, o aumento do grau de hibridização reduz o custo
total com combustível e o custo de aquisição do veículo. Logo, o custo total do veículo também
96
segue a tendência de redução com o aumento do grau de hibridização, conforme mostrado na
tabela 7.9. Há uma diferença de 13,4% (US$ 13.105) no custo total da configuração original
para a configuração com maior grau de hibridização.
A figura 7.10 ilustra o peso de cada componente no custo total do veículo. Nota-se o
alto peso do custo com combustível e do sistema de célula a combustível no custo total do
veículo.
Figura 7.10 - Custo total do veículo para diferentes graus de hibridização 39
7.4 Escolha da melhor configuração
Neste item seleciona-se a melhor configuração de VEHCC baseado nos resultados de
consumo, tempo de aceleração e custo de aquisição e custo com combustíveis do veículo.
$103.305 $97.875
$93.834 $89.979
$85.486 $84.770
$0
$20.000
$40.000
$60.000
$80.000
$100.000
25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2% 61,6%
Pre
ço
Grau de hibridização
Carroceria (Veículo sem powertrain) Motor Elétrico ($425 + $25.7/kW) Célula Combustível ($185/kW)
Tanque ($20/kWh) Banco de Baterias ($176/kWh) Conector ($750)
Margem do revendedor (15%) Margem do fabricante (10%) Impostos (8%)
Custo Total Comsbutível
97
Na seção 7.2 analisou-se o tempo de aceleração para diferentes graus de hibridização.
Conclui-se, que devido a bateria possuir melhor resposta em transitórios de potência do que a
célula a combustível, gera-se uma tendência de redução do tempo de aceleração conforme se
aumenta o grau de hibridização. Portanto, o veículo com maior grau de hibridização apresentou
o melhor tempo de aceleração.
No item 7.1.2.1 averiguou-se o consumo do veículo para diferentes graus de
hibridização. Notou-se que o consumo melhora conforme aumenta-se o grau de hibridização.
Dessa forma a configuração com maior grau de hibridização apresentou o melhor consumo.
Na subseção 7.4.1 examina-se o custo de aquisição do veículo para diferentes graus de
hibridização. É mostrado que o alto custo do kW do sistema de célula a combustível frente ao
do banco de baterias gera uma tendência de redução de custo de aquisição do veículo com o
aumento do grau de hibridização. Logo, o veículo com maior grau de hibridização tem o menor
custo de aquisição.
Na subseção 7.4.2 estudou-se o custo total do veículo, incluindo-se os gastos com
combustível para diferentes graus de hibridização. Conclui-se que há uma diminuição do
consumo com o aumento do grau de hibridização, o que resulta numa redução do custo com
combustível nos maiores graus de hibridização.
Diante dos fatos expostos, conclui-se que a configuração com maior grau de
hibridização é a melhor configuração de VEHCC.
98
Capítulo 8
8 Análise do veículo elétrico híbrido plug-in a
célula a combustível
Nessa seção analisa-se a performance e custos do Nexo versão veículo elétrico híbrido
plug-in a célula a combustível (VEHPCC) para diferentes graus de hibridização. O objetivo
dessa análise é definir o melhor grau de hibridização levando-se em conta a performance e
custos dessa configuração.
8.1 Definição dos dados do veículo
Conforme mencionado na subseção 4.2.2 as principais diferenças entre a configuração
VEHPCC e VEHCC residem na bateria, estratégia de controle e condições iniciais. Os outros
itens mantêm-se iguais aos da configuração híbrida. Abaixo detalha-se a modelagem desses
itens.
8.1.1 Bateria
Conforme já discutido na seção 4.2, o banco de baterias dos veículos plug-in além de
satisfazer os requisitos do banco de baterias de um veículo híbrido, precisa ser capaz de
conduzir o veículo sem o auxílio de outra fonte de energia por longos períodos. Outra diferença
importante é que o veículo plug-in pode recarregar o banco de baterias através da rede elétrica.
Para simular a versão VEHPCC do Nexo, utilizou-se os dados das baterias do veículo
Kia Niro 2019 plug-in [39]. Essa escolha é devida ao fato do veículo também ser um SUV
pequeno, utilizar uma bateria de íon lítio e pela grande disponibilidade de dados. A tabela 8.1
detalha os dados da bateria do Kia Niro.
99
Tabela 8.1 – Dados da bateria do Kia Niro plug-in [39] 25
Bateria
Tipo Íon-lítio
Voltagem (V) 360
Voltagem por célula (V) 3,75
Células 96
Capacidade [Ah] 24,7
Massa [kg] 117
Energia [kWh] 8,9
Energia por célula [Wh/célula] 92,71
Potência [kW] 59
Potência por célula [W/célula] 627,7
8.1.2 Estratégia de Controle do Banco de Baterias e da
Célula a Combustível
Atua-se no modo CD até se atingir o estado de carga de 0,35, nesse momento em diante
atua-se no modo CS. Para utilização da célula a combustível em maiores faixas de eficiência, a
célula a combustível só é ativada em potências ao qual sua eficiência for pelo menos 50%,
mesmo caso do VEHCC.
8.1.3 Condições Iniciais
Para haver o máximo aproveitamento do modo elétrico, o veículo sempre inicia o ciclo
com carga máxima (1,0). As demais condições iniciais são iguais as dos veículos híbridos.
8.1.4 Configuração final
Para comparar-se adequadamente as configurações VEHPCC e VEHCC, a potência
total dos dois sistemas deve ser igual. Por isso, para a configuração VEHPCC a potência
máxima do sistema também é mantida em 135 kW.
A configuração inicial do VEHCC tem o mesmo grau de hibridização do que a
configuração original do Hyundai Nexo (aproximadamente 30%). Para isso utiliza-se 65
100
módulos da bateria (obtendo-se 40 kW de potência) e ajusta-se a potência da célula para 95 kW.
A tabela 8.2 detalha essa configuração.
Tabela 8.2 – Configuração Inicial do Nexo VEHPCC 26
Modelo Nexo VEHPCC
Grau de Hibridização 29,6%
Tipo da bateria Íon Lítio
Número de Células da bateria 65
Capacidade [Ah] 24,7
Voltagem por célula (V) 3,75
Voltagem da bateria (V) 243,75
Energia da bateria [kWh] 6,0
Potência da bateria [kW] 40,0
Massa total da bateria [kg] 79,2
Potência da célula combustível
[kW] 95,0
Massa do Sistema de célula
combustível [kg] 89,0
Massa do tanque [kg] 111,9
Massa do Combustível [kg] 6,3
Total [kg] 207,2
Na seção 8.4 configurações com diferentes graus de hibridização serão utilizadas.
8.2 Modelagem no Advisor
A modelagem do VEHPCC no Advisor difere da modelagem do VEHCC apenas na
configuração da bateria, estratégia de controle e condições iniciais.
8.2.1 Banco de baterias
Segue-se um procedimento idêntico ao da subseção 6.3.3, mas aqui o objetivo é
modelar-se a bateria descrita na subseção 8.1.1. Logo, os valores utilizados nas variáveis serão
diferentes. A tabela 8.3 resume a bateria atual no Advisor e a bateria do Nexo VEHPCC a ser
modelada.
101
Tabela 8.3 – Características das baterias do Advisor e do Nexo VEHPCC 27
Bateria Advisor Nexo VEHPCC
Voltagem Nominal 3,57 3,75
Potência por célula [W/célula] 224 627,7
Energia por célula
[Wh/célula] 26,3 92,71
Capacidade da célula [Ah] 7,4 24,7
Massa da célula [kg] 0,378 1,219
A bateria do Advisor será modelada com 1 célula por módulo, pois assim facilita a comparação
com a bateria do Nexo VEHPCC (valores desejados).
É necessário modificar as seguintes variáveis:
1) No arquivo de texto da bateria a variável “ess_voc” era inicialmente multiplicado por um
fator de 3, obtendo-se uma voltagem por módulo de 10,7 V por módulo (3,57 . 3 = 10,7). Agora
é multiplicado por 1,05 para obter-se o valor de 3,75 V por módulo (3,57 . 1,05 = 3,75).
2) A potência por módulo com 1 célula precisa aumentar de 224 kW/módulo para 627,7
kW/módulo, ou seja precisa aumentar 2,80 vezes. Logo, altera-se a variável “ess_cap_scale”
de 1 para 2,80. O efeito colateral disso é o aumento da massa e da capacidade do módulo pelo
esmo valor. Mas isso pode ser resolvido porque pode-se modificar essas variáveis
individualmente.
3) A capacidade do módulo precisa aumentar de 20,72 Ah (7,4 Ah aumentado 2,8 vezes) para
24,7 Ah. Para isso se altera no arquivo de texto da bateria a variável “ess_max_ah_cap”,
multiplica-se a variável por 1,19.
4) A massa do módulo desejada é 1,219 kg. O valor inserido para “ess_module_mass” é 0,420
kg pois esse valor é multiplicado por 2,90 resultando em 1,219kg.
Para facilitar o entendimento a tabela 8.4 resume o passo a passo feito:
102
Tabela 8.4 – Passo a Passo da mudança de valores das variáveis da bateria 28
Passo a Passo Pot/célula
[kW/kg]
Capacidade da
célula [Ah]
Massa da
célula [kg]
Voltagem da
Célula [V]
Inicialmente 224 7,4 0,378 3,57
Modificação 1 224 7,4 0,378 3,75
Modificação 2 627,7 20,72 1,058 3,75
Modificação 3 627,7 24,7 1,058 3,75
Modificação 4 627,7 24,7 1,219 3,75
Seguindo-se esses passos consegue-se obter um módulo composto de uma célula com
as características desejadas conforme na tabela 8.3 Selecionando-se o número de módulos da
bateria na tela inicial como 65, obtém-se os valores da tabela 8.2. A figura 8.1 mostra a tela
inicial da configuração VEHPCC com GH= 30%.
Figura 8.1 – Tela inicial da configuração VEHPCC com GH=30% 40
103
8.2.2 Estratégia de controle do banco de baterias e da
célula a combustível
As seguintes alterações na estratégia de controle, em relação ao VEHCC, são realizadas na área
variable list:
a) Estado de Carga Máxima da Bateria: Altera-se a varíavel “cs_hi_soc” para 1,0;
b) Estado de Carga Mínima da Bateria: Altera-se a varíavel “cs_lo_soc” para 0,35;
c) Modo de operação da bateria: Mantém-se a variável “cs_charge_deplete_bool” igual a
1 para atuação no modo CD.
A célula a combustível continua sendo acionada apenas quando tem eficiência maior que
50%, para o caso de GH=30% isso equivale a potência de 10 kW (“cs_min_pwr”= 10.000 W).
8.2.3 Condições iniciais
As condições iniciais são configuradas da seguinte forma:
a) Temperatura inicial: é mantida nas mesmas condições do que a configuração híbrida;
b) Estado de Carga Inicial:
- Para o cálculo do consumo segundo a norma no modo CS utiliza-se o estado de carga inicial
igual a 0,35, pois esse é o valor mínimo de SOC que a bateria pode atuar;
- Para o cálculo do consumo segundo a norma no modo CD utiliza-se o estado de carga igual
1;
- Para o cálculo do custo com combustíveis utiliza-se o estado de carga inicial como 1, pois se
assume que o veículo é completamente carregado diariamente após seu uso;
c) Número de ciclos:
- Para o cálculo do consumo segundo a norma no modo CD utiliza-se o número mínimo de
ciclos para se atingir o modo CD;
- Para o cálculo do consumo segundo a norma no modo CS utiliza-se 3 ciclos;
- Para o cálculo do custo com combustíveis utiliza-se o número de ciclos equivalente a distância
diária média percorrida por um americano. Ou seja, 39 milhas em cada ciclo equivalendo a 5,24
ciclos para o ciclo UDDS e 3,81 para o Ciclo HFWET.
104
8.3 Nexo versão veículo elétrico híbrido plug-in a
célula a combustível com diferentes GHs
Segue-se a mesma metodologia utilizada na seção 7.2 para a modelagem dos diferentes
graus de hibridização e sua validação também segue as restrições descritas na seção 4.3.1.
A tabela 8.5 detalha os diferentes graus de hibridização testados e seus resultados de
performance obtidos no Advisor.
Tabela 8.5 – Dados dos diferentes graus de hibridização da configuração plug-in29
Configuração 1 2 3 4 5 6 7
Grau de
Hibridização 23,2% 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1% 61,0%
Massa total [kg] 1987,3 1988,6 1996,3 2011,1 2025,2 2039,4 2040,6
Tempo 0-60 mph 12,1 11,9 10,3 9,9 9,3 8,7 8,4
Vel máx. (mph) 97,8 97,8 97 97,1 97,4 97,5 97,3
Inclinação
máxima (%) 11,5 11,6 14,9 9,4 9,3 6,6 6,4
A análise da tabela 8.5 mostra que as configurações de 2 a 6 são válidas pois satisfazem
as restrições de hibridização. A configuração 1 é inválida porque ultrapassou o tempo máximo
de 12 segundos para a aceleração e configuração 7 é inválida pois não atingiu a inclinação
mínima. As configurações 1 e 7 serão excluídas de todas as análises feitas neste trabalho porque
não satisfazem as restrições de hibridização.
A figura 8.2 mostra a inclinação máxima que o veículo consegue subir para diferentes
graus de hibridização. Conforme se afasta da configuração com grau de hibridização igual a
configuração original (configuração 3) a inclinação máxima cai, mesma tendência observada
nos VEHCC.
105
Figura 8.2 – Inclinação máxima para vários graus de hibridização41
A figura 8.3 mostra o tempo de aceleração para os diversos graus de hibridização, nota-
se que conforme se aumenta o grau de hibridização o tempo de aceleração é reduzido. Essa é a
mesma tendência ocorrida nos VEHCC e sua explicação é a mesma citada na seção 7.2.
Figura 8.3 – Tempo de aceleração 0 a 96,6 km/h para vários graus de hibridização 42
11,6
14,9
9,4 9,3
6,6
0
2
4
6
8
10
12
14
16
24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Grau de Hibridização
Inclinação máxima (%)
11,9
10,39,9
9,38,7
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Grau de Hibridização
Tempo 0-60 mph [s]
106
A tabela 8.6 detalha a massa dos componentes do powertrain e do veículo para os
diferentes graus de hibridização.
Tabela 8.6 – Massa do powertrain e do veículo para diferentes graus de hibridização 30
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de
Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Massa do banco de
baterias [kg] 64,6 79,2 107,3 134,1 160,9
Massa do sistema de
célula combustível
[kg]
96,0 89,0 75,8 63,1 50,5
Massa do tanque
[kg] 111,9 111,9 111,9 111,9 111,9
Massa do
Comsbutível [kg] 6,3 6,3 6,3 6,3 6,3
Massa total do
veículo [kg] 1852,6 1860,3 1875,1 1889,2 1903,4
A análise da tabela mostra que conforme se aumenta o grau de hibridização, se aumenta
a massa do powertrain: chega-se a uma diferença de 52 kg entre a configuração 2 (GH=24,1%)
e 7 (GH=60,1%). A justificativa é que, para um aumento do grau de hibridização, o ganho de
massa do banco de baterias é mais significativo do que perda de massa do sistema de célula a
combustível.
A figura 8.4 ilustra a proporção de cada componente do powertrain na massa total do
powertrain.
107
Figura 8.4 - Variação da massa do powertrain para vários graus de hibridização 43
A tabela 8.7 resume os principais dados das diferentes configurações do Nexo VEHPCC
estudados neste capítulo:
Tabela 8.7 – Principais dados das configurações no Nexo VEHPCC estudados 31
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Voltagem do Banco de Baterias (V) 198,75 243,75 330 412,5 495
Número de Célula do Banco de
Baterias 53 65 88 110 132
Energia do Banco de Baterias [kWh] 4,9 6,0 8,2 10,2 12,2
Potência do Banco de Baterias [kW] 32,6 40,0 54,1 67,6 81,1
Potência do Sistema de Cel. Comb.
[kW] 102,4 95,0 80,9 67,4 53,9
278,8286,5
301,3315,4
329,6
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Mas
sa [
kg]
Grau de HibridizaçãoMassa do empilhamento [kg] Massa do tanque [kg]
Massa do Combustível [kg] Massa da bateria [kg]
108
8.4 Resultados da simulação
Nessa seção avalia-se o consumo segundo a norma para diferentes graus de hibridização.
No item 8.4.1 avalia-se o consumo no modo CD, no item 8.4.2 avalia-se o consumo no modo
CS e no item 8.4.3 calcula-se o consumo do ciclo. Ressalta-se que o consumo é calculado de
acordo com as equações apresentadas no item 4.2.2.1 que seguem a norma.
8.4.1 Consumo no modo CD
As figuras 8.5 a 8.9 mostram a tela de resultados para o ciclo UDDS. A análise das
figuras mostra que no modo CD a bateria dos veículos com os dois menores graus de
hibridização não é capaz de sustentar as demandas de potência do motor sem ativar a célula a
combustível. A configuração 2 solicita constantemente a célula a combustível, a configuração
3 solicita apenas em alguns momentos. Nos demais graus de hibridização a bateria consegue
sozinha manter o veículo até atingir seu valor mínimo de estado de carga (SOC=0,35). Isso
ilustra o aumento da potência máxima da bateria conforme se aumenta o grau de hibridização.
Figura 8.5 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 2 (GH=24,1%) 44
109
Figura 8.6 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 3 (GH=29,6%) 45
Figura 8.7 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 4 (GH=40,1%) 46
110
Figura 8.8 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 5 (GH=50,0%) 47
Figura 8.9 – MPGeCD no ciclo UDDS com a configuração 6 (GH=60,1%) 48
111
A tabela 8.8 resume os dados de consumo no modo CD em diferentes graus de
hibridização no ciclo UDDS obtidos da simulação.
Tabela 8.8 – Dados de consumo no modo CD para o ciclo UDDS 32
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
D [milhas] 22,40 14,90 22,40 22,40 29,8
DCD [milhas] 21,95 13,90 16,70 21,39 25,51
Porcentagem do Ciclo
percorrida no modo CD 98,2% 93,2% 74,6% 95,6% 85,6%
H2 consumido [kg] 0,319 0,021 0,072 0,005 0,039
EHIDROGÊNIO [kWh] 10,63 0,70 2,40 0,17 1,30
SOC Final 0,401 0,351 0,335 0,352 0,359
ERECARGA [kWh] 2,95 3,91 5,43 6,62 6,86
UDDS [MPGECD] 55,1 108,0 95,7 110,4 108,5
A tabela 8.8 discrimina o valor cada variável necessária para o cálculo do consumo no
modo CD e também mostra o valor do consumo calculado na última linha. Recordando-se o
item 4.2.2.1, o consumo equivalente de combustível no modo CD é dado por:
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝐷 =
𝐷. 𝐸𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
𝐸ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 + 𝐸𝑟𝑒𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
(4.5)
Onde:
- D é a distância total percorrida em milhas. Utilizou-se o número mínimo de ciclos para o
veículo, partindo com a bateria totalmente carregada, atinja o modo CS;
- Ehidrogênio é a energia consumida oriunda do hidrogênio em kWh;
- Erecarga é a energia necessária para carregar a bateria em kWh ao fim do teste;
- Egasolina é a energia contida em um galão de gasolina (33,44 kWh).
Analisando-se os dados tabela 8.8, nota-se que a distância que o veículo consegue
percorrer no modo CD (DCD) aumenta conforme se aumenta o grau de hibridização. Isso é
esperado, pois conforme se aumenta o grau de hibridização se aumenta a energia e a potência
disponível do banco de baterias. A configuração 2 é a exceção desse comportamento, pois essa
112
configuração solicita constantemente a célula a combustível para atuar no modo CD e por isso
consegue um valor mais alto.
Repare que a porcentagem do teste percorrida no modo CD varia bastante entre as
configurações, isso ocorre devido a exigência de se utilizar um número inteiro mínimo de ciclos
para que o veículo atinja o modo CD. Dessa forma uma configuração atinge o modo CD
próximo ao final do ciclo (configurações 2,3 e 5) enquanto outras (configurações 4 e 6) atingem
mais distante do fim do ciclo.
Em relação ao consumo, a diferença entre a porcentagem do ciclo percorrida no modo
CD afetou o resultado. Lembrando-se do capítulo 4 que o modo CD é mais eficiente do que o
modo CS, pois o modo CD utiliza majoritariamente o banco de baterias (que possui uma
eficiência máxima de 90%) enquanto o modo CS utiliza majoritariamente a célula a
combustível (que tem uma eficiência máxima de 60%). Como consequência disso ao se
comparar o consumo no modo CD nesses dois casos realiza-se uma comparação injusta, pois
percorre-se porcentagens diferentes do ciclo no modo CD e no modo CS. Por exemplo,
comparar-se o consumo da configuração 4 e 3 não é adequado pois há uma diferença quase de
20% da proporção do ciclo percorrida no modo CD. Mas comparar a configuração 5 e 3 é
adequado (diferença de apenas 2,4%), nessa comparação o aumento do grau de hibridização
melhorou o consumo.
A tabela 8.9 resume os dados de consumo para o ciclo HWFET:
Tabela 8.9 – Consumo para o ciclo HWFET no modo CD 33
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
D [milhas] 41,00 14,90 20,50 20,50 30,80
DCD [milhas] 33,13 13,92 16,22 20,41 24,97
Porcentagem do Ciclo
percorrida no modo CD 80,4% 93,4% 79,12% 99,6% 81,1%
H2 consumido [kg] 0,65 0,03 0,08 0,00 0,08
EHIDROGÊNIO [kWh] 21,65 1,00 2,66 0,00 2,66
SOC Final 0,49 0,336 0,369 0,353 0,336
ERECARGA [kWh] 2,51 4,00 5,15 6,60 8,13
UDDS [MPGECD] 56,5 99,6 88,1 103,8 96,9
113
A conclusão das análises realizadas para o ciclo UDDS são as mesmas para o ciclo
HWFET, pois a natureza dos resultados é a mesma.
8.4.2 Consumo no modo CS
As figuras 8.10 a 8.15 mostram a tela de resultados para a simulação de 3 ciclos UDDS.
É interessante notar que que o estado de carga da bateria do veículo plug-in desempenha de
forma bem parecida ao veículo híbrido. Chega-se inclusive a ter valores de consumo bem
próximos.
Figura 8.10 – MPGeCS no ciclo UDDS para a configuração 2 (GH=24,1%) 49
114
Figura 8.11 – MPGeCS no ciclo UDDS para a configuração 3 (GH=29,6%) 50
Figura 8.12 – MPGeCS no ciclo UDDS para a configuração 4 (GH=40,1%) 51
115
Figura 8.13 – MPGeCS no ciclo UDDS com a configuração 5 (GH=50,2%) 52
Figura 8.14 – MPGeCS no ciclo UDDS com a configuração 6 (GH=60,1%) 53
116
A tabela 8.10 discrimina os resultados obtidos da simulação para o ciclo UDDS, na
última linha é dado o valor do consumo equivalente de combustível no modo CS calculado pela
equação 4.3.
Recordando-se da seção 4.2.2.1, o consumo no modo CS é dado por:
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝑆 =
𝐷𝐶𝑆. 𝐸𝑔𝑎𝑠𝑜𝑙𝑖𝑛𝑎
𝐸ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜
(4.3)
Onde:
- DCS é a distância percorrida no modo CS em milhas.
Tabela 8.10 – Consumo no modo CS no ciclo UDDS 34
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
DCS [milhas] 22,40 22,40 22,40 22,40 22,40
H2 Consumido [kg] 0,429 0,378 0,370 0,356 0,348
Energia Consumida do
Hidrogênio [kWh] 14,29 12,58 12,32 11,86 11,59
UDDS [MPGCS] 51,6 58,4 59,7 62,0 63,5
A análise da tabela mostra que o consumo melhora conforme se aumenta o grau de
hibridização. Esse efeito é bem parecido ao ocorrido nos VEHCC.
A tabela 8.11 faz a mesma análise da tabela 8.7 só que para o ciclo HWFET.
Tabela 8.11 – Consumo no modo CS no ciclo HWFET 35
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
DCS [milhas] 30,80 30,80 30,80 30,80 30,80
H2 [kg] 0,56 0,499 0,478 0,475 0,449
HWFET [MPGECS] 55,1 62,0 64,7 65,1 68,9
A análise dos resultados da tabela revela a mesma tendência que a da tabela 8.7, redução
do consumo com o aumento do grau de hibridização.
117
8.4.3 Consumo do Ciclo
A partir do consumo no modo CD e no modo CS obtidos nos itens anteriores é possível
se calcular o consumo para cada ciclo através da equação 4.6:
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝐼𝐶𝐿𝑂 =
1
𝑈𝐹𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝐷
+ 1 − 𝑈𝐹𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝑆
(4.6)
Onde:
- UF é o fato de utilidade, ele é obtido utilizando-se o valor da autonomia elétrica (DCD) no
gráfico do fator de utilidade (figura 4.3).
A tabela 8.12 detalha os valores para o cálculo do consumo no ciclo, o valor do consumo
no ciclo, para os três ciclos estudados (UDDS, HFWET e Combinado). O consumo no ciclo
combinado é obtido ponderando-se os valores do ciclo UDDS e HFWET (equação 4.8).
Tabela 8.12 – Dados de consumo dos 3 ciclos para diferentes graus de hibridização 36
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
UDDS [MPGeCD] 55,1 108,0 95,7 110,4 108,5
UDDS [MPGECS] 51,6 58,4 59,7 62,0 63,5
UF 0,33 0,22 0,27 0,33 0,38
UDDS [MPGe] 53,3 67,3 67,4 73,6 76,4
HWFET [MPGECD] 56,5 99,6 88,1 103,8 96,9
HWFET [MPGECS] 55,1 62,0 64,7 65,1 68,9
UF 0,45 0,22 0,32 0,33 0,36
HWFET [MPGe] 55,8 67,6 70,7 74,3 76,9
Combinado [MPGe] 54,4 67,4 68,9 73,9 76,6
A análise dos resultados da tabela 8.12 mostra que o consumo do veículo é reduzido
conforme se aumenta o grau de hibridização para todos os ciclos.
118
Figura 8.15 – Consumo de combustível equivalente nos 3 ciclos para diferentes graus de hibridização 54
8.4.4 Autonomia e Autonomia Elétrica
A autonomia elétrica do veículo é o quanto o veículo consegue andar no modo CD, ou
seja, é a distância DCD calculada no item 8.4.1. A tabela 8.13 detalha a autonomia elétrica para
diferentes graus de hibridização:
Tabela 8.13 – Autonomia e autonomia elétrica dos diferentes graus de hibridização37
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Energia do Banco de Baterias
[kWh] 4,9 6,0 8,2 10,2 12,2
Potência do Banco de
Baterias [kW] 32,6 40,0 54,1 67,6 81,1
Autonomia elétrica Ciclo
UDDS [km] 35,3 21,5 25,9 34,1 41,1
Autonomia elétrica Ciclo
HWFET [km] 53,3 22,8 26,1 33,1 40,2
Autonomia elétrica Ciclo
Combinado [km] 43,4 22,1 26,0 33,7 40,7
52
57
62
67
72
77
24,10% 29,60% 40,10% 50,10% 60,10%
Co
nsu
mo
[M
PG
e]
Grau de Hibridização
UDDS [MPGe] HWFET [MPGe] Combinado [MPGe]
119
A análise da tabela 8.13 mostra que conforme se aumenta o grau de hibridização, se
aumenta a autonomia elétrica do veículo. Isso é esperado, pois a bateria terá uma quantidade
maior de energia disponível conforme se aumenta o grau de hibridização. A exceção é a
configuração 2 que, por não ter potência suficiente, utiliza a célula a combustível
constantemente no seu modo CD, e por isso apresenta um valor mais alto de autonomia elétrica.
A autonomia do veículo VEHPCC é dada pela distância que o veículo consegue
percorrer até o seu banco de baterias atingir SOC =0,35 e o seu tanque de hidrogênio esvaziar.
O banco de baterias só atua até SOC=0,35 porque operar abaixo desse SOC é danoso para
bateria [22]. Logo, a autonomia do veículo é dada pela autonomia elétrica somada ao que o
veículo consegue percorrer no modo CS com o que há disponível de hidrogênio após o modo
CD:
𝐴𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 = 𝐴𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎𝐸𝐿É𝑇𝑅𝐼𝐶𝐴 +
𝑀𝑃𝐺𝑒𝐶𝑆 . 𝐸𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 . 1,6093
33,44
(8.1)
- MPGeCS é o consumo de combustível equivalente no modo CS;
- EDisponível é a energia em kWh contida no hidrogênio que sobrou após o modo CD;
- 33,44 é a energia em kWh contida em 1 galão de gasolina;
- 1,6093 é o fator de conversão de milhas para quilômetros.
A tabela 8.14 detalha a autonomia para diferentes graus de hibridização:
Tabela 8.14 – Autonomia do veículo para diferentes graus de hibridização 38
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Energia Disponível Ciclo
UDDS [kWh] 199,2 209,1 207,4 209,6 208,5
Autonomia Ciclo UDDS [km] 532,0 611,7 624,3 662,2 681,0
Energia Disponível Ciclo
HFWET [kWh] 188,2 208,8 207,2 209,8 207,2
Autonomia Ciclo HWFET
[km] 554,3 648,4 673,8 693,2 729,9
Autonomia Ciclo Combinado
[km] 542,0 628,6 646,6 676,6 703,0
120
A análise da tabela 8.14 revela que autonomia do veículo melhora conforme se aumenta
o grau de hibridização. Há uma diferença de 11,8% (74,4 km) entre a configuração 3 e 6.
É interessante notar que a autonomia da configuração 2 é consideravelmente menor do
que a das demais configurações. Isso é devido em grande parte por essa configuração usar
bastante a célula a combustível no modo CD, o que reduz a quantidade de hidrogênio disponível
no modo CS e por conseguinte reduz a sua autonomia.
8.5 Análise Econômica
Este item tem por objetivo comparar os custos das diferentes configurações de VEHPCC
estudadas nos itens anteriores para selecionar a melhor configuração do ponto de vista
econômico. Utilizam-se as mesmas hipóteses feitas na seção 7.4 para o cálculo do custo total
do veículo, ou seja, o custo total do veículo é dado pelo seu custo de aquisição e custo com
combustíveis baseados para o Hyundai Nexo na Califórnia. Não se leva em consideração o
custo com manutenção.
8.5.1 Custos de Aquisição
Segue-se a mesma metodologia utilizada na seção 7.4.1 para modelagem dos custos de
aquisição. Para o VEHPCC é necessário incluir nos custos o conector (ou plug) necessário para
a recarga da bateria na rede. Estima-se que o custo desse componente seja US$ 750 baseado
na base de dados do FASTSim para o Hyundai ix35.
A tabela 8.15 detalha os custos de aquisição para diferentes configurações.
121
Tabela 8.15 - Custo de aquisição para diferentes graus de hibridização 39
Configuração 1 2 3 4 5
Grau de
Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Carroceria US$19.074 US$19.074 US$19.074 US$19.074 US$19.074
Motor
Elétrico US$3.509 US$3.509 US$3.509 US$3.509 US$3.509
Célula
Combustível US$18.947 US$17.583 US$14.967 US$12.465 US$9.963
Tanque US$4.196 US$4.196 US$4.196 US$4.196 US$4.196
Bateria de
Lítio US$865 US$1.061 US$1.437 US$1.796 US$2.155
Conector US$750 US$750 US$750 US$750 US$750
Margem do
revendedor US$7.101 US$6.926 US$6.590 US$6.268 US$5.947
Margem do
fabricante US$4.734 US$4.617 US$4.393 US$4.179 US$3.965
Impostos US$3.787 US$3.694 US$3.515 US$3.343 US$3.172
Total US$62.964 US$61.410 US$58.430 US$55.580 US$52.730
Analisando-se os custos de aquisição do veículo na tabela 8.15, nota-se uma redução de
custo conforme se aumenta o grau de hibridização. A justificativa é que a redução da potência
do sistema de célula a combustível é mais impactante nos custos do veículo do que o aumento
da potência da bateria. Há uma diferença de 14,1% (US$ 8.680) no custo de aquisição da
configuração 3 (GH=29,6%) e a configuração 6 (GH=60,1%).
A figura 8.16 ilustra o peso de cada componente no custo de aquisição do veículo.
122
Figura 8.16 – Custo de aquisição do veículo para diferentes graus de hibridização 55
O exame da figura 8.16 revela que o sistema de célula a combustível é muito mais
impactante no preço do veículo do que o banco de baterias.
8.5.2 Custos de combustível ao usuário
Utiliza-se a mesma metodologia da seção 7.4.3 para composição dos custos com
combustível, apenas inclui-se o preço da eletricidade na Califórnia (0,193 US$/ kWh) baseado no
relatório de abril de 2019 da EIA [30].
As figuras 8.17 a 8.21 detalham a tela de resultado das simulações das configurações
estudadas para 39 milhas no ciclo UDDS. Os resultados para o ciclo HFWET apresentaram a
mesma tendência do ciclo UDDS e, por economia de espaço, as figuras com as telas de resultado
do ciclo HWFET são mostradas no apêndice B.
$62.964$61.410
$58.430$55.580
$52.730
$0
$10.000
$20.000
$30.000
$40.000
$50.000
$60.000
24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Pre
ço
Grau de hibridização
Carroceria (Veículo sem powertrain) Motor Elétrico ($425 + $25.7/kW) Célula Combustível ($185/kW)
Tanque ($20/kWh) Banco de Baterias ($176/kWh) Conector ($750)
Margem do revendedor (15%) Margem do fabricante (10%) Impostos (8%)
123
Figura 8.17 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=24,1% 56
Figura 8.18 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=29,6%57
124
Figura 8.19 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=40,1% 58
Figura 8.20 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=50,1%59
125
Figura 8.21 – Simulação de 5.24 ciclos UDDS para a configuração com GH=60,1%60
A tabela 8.16 discrimina a energia elétrica e a energia do hidrogênio consumido ao final
de 39 milhas em cada ciclo para os diferentes graus de hibridização.
Tabela 8.16 – Detalhes do consumo diário para diferentes graus de hibridização 40
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Ciclo UDDS Energia p/ carregar BB [kWh] 3,03 3,92 5,27 6,62 7,81
Ciclo UDDS Hidrogênio Consumido [kg] 0,704 0,501 0,408 0,316 0,221
Ciclo UDDS Energia Total Cons. [kWh] 24,77 20,61 18,86 17,14 15,17
Ciclo HWFET Energia p/ carregar BB [kWh] 2,49 4,00 5,41 6,91 8,13
Ciclo HWFET Hidrogênio Consumido [kg] 0,66 0,46 0,367 0,292 0,220
Ciclo HWFET Energia Total Cons. [kWh] 23,18 19,32 17,63 16,47 15,46
Ciclo Combinado Energia p/ carregar BB [kWh] 12,81 14,28 16,73 21,18 25,63
Ciclo Combinado Hidrogênio Consumido [kg] 1,12 1,80 2,44 3,11 3,66
Ciclo Combinado Energia Total Cons. [kWh] 24,06 20,03 18,31 16,84 15,30
126
A análise da tabela 8.16 mostra que o veículo se torna mais econômico conforme se
aumenta o grau de hibridização. Há uma diferença de 20% (3,86 kWh) na energia consumida
entre a configuração 3 (GH=29,6%,) e a configuração 6 (GH=60,1%) para 39 milhas no ciclo
combinado. Pode-se atribuir a redução de consumo devido a maior distância percorrida no
modo CD (modo mais eficiente que o modo CS) da configuração 6 (40,2 km) em relação as
demais configurações.
O custo anual do combustível é calculado em relação ao ciclo combinado. O custo é
dado pelo consumo anual de hidrogênio e de energia elétrica multiplicados pelos seus
respectivos preços. O custo total de combustível é o custo anual extrapolado para 10,5 anos
(vida útil do veículo).
A tabela 8.17 retrata o custo anual e custo total de combustível calculados a partir do
consumo do ciclo combinado para todas as configurações.
Tabela 8.17 - Consumo anual e custo total de combustível para diferentes graus de hibridização41
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de
Hibridização 24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Custo Anual de
Combustível US$3.819 US$3.016 US$2.585 US$2.201 US$1.811
Custo Total de
Combustível US$40.294 US$31.816 US$27.267 US$23.207 US$19.087
Analisando-se a tabela 8.17 nota-se uma expressiva redução no custo do combustível
consumido pelo veículo conforme se aumenta o grau de hibridização. Isso é natural, pois
conforme visto na tabela 8.16, o consumo do veículo cai com o aumento do grau de
hibridização. Comparando-se as configurações 3 e 7, nota-se uma queda de 40% (US$ 12.729)
no consumo com combustível ao longo da vida útil do veículo.
8.5.3 Custo total do veículo
Nesta seção analisa-se o Custo total do VEHPCC durante sua vida útil para diferentes
graus de hibridização. O custo total é composto pelo custo de aquisição e pelo custo com
combustível ao longo da vida útil do veículo. A tabela 8.18 mostra o custo total com
combustível, custo de aquisição e custo total do veículo.
127
Tabela 8.18 – Custos de Aquisição, Combustível e Total do veículo para diferentes GHs 42
Configuração 2 3 4 5 6
Grau de
Hibridização 25,5% 29,6% 39,8% 50,0% 60,2%
Custo de
Aquisição US$62.964 US$61.410 US$58.430 US$55.580 US$52.730
Custo Total
com
Combustível
US$40.294 US$31.816 US$27.267 US$23.207 US$19.087
Custo Total US$103.258 US$93.226 US$85.697 US$78.787 US$71.817
Conforme visto nos itens anteriores, o aumento do grau de hibridização reduz o custo
total com combustível e o custo de aquisição do veículo. Portanto, o custo total do veículo
também segue a tendência de redução com o aumento do grau de hibridização (conforme
mostrado na tabela 8.18). Há uma diferença de 23,0% (US$ 21.409) no custo total da
configuração 3 para a configuração com maior grau de hibridização (6).
A figura 8.22 ilustra a proporção de cada componente no custo total do veículo ao longo
de sua vida útil. Observa-se o alto peso do custo total com combustível e do sistema de célula
a combustível no custo total do veículo.
128
Figura 8.22 – Custo total do veículo para diferentes graus de hibridização 61
8.6 Seleção do melhor veículo plug-in
Neste item seleciona-se a melhor configuração de VEHPCC baseado nos resultados de
consumo, tempo de aceleração e custo de aquisição e custo com combustíveis do veículo.
Na seção 8.3 analisou-se o tempo de aceleração para diferentes graus de hibridização.
Conclui-se que devido a bateria possuir melhor resposta em transitórios de potência do que a
célula a combustível, gera-se uma tendência de redução do tempo de aceleração conforme se
aumenta o grau de hibridização. Portanto, o veículo com maior grau de hibridização apresentou
o melhor tempo de aceleração.
$103.258
$93.226
$85.697
$78.788
$71.818
$0
$20.000
$40.000
$60.000
$80.000
$100.000
24,1% 29,6% 40,1% 50,1% 60,1%
Pre
ço
Grau de hibridização
Carroceria (Veículo sem powertrain) Motor Elétrico ($425 + $25.7/kW) Célula Combustível ($185/kW)
Tanque ($20/kWh) Banco de Baterias ($176/kWh) Conector ($750)
Margem do revendedor (15%) Margem do fabricante (10%) Impostos (8%)
Custo Total Comsbutível
129
Na seção 8.4 averigua-se o consumo do veículo para diferentes graus de hibridização.
Notou-se que o consumo melhora conforme aumenta-se o grau de hibridização. Dessa forma a
configuração com maior grau de hibridização apresentou o melhor consumo.
Na subseção 8.5.1 examina-se o custo de aquisição do veículo para diferentes graus de
hibridização. É mostrado que o alto custo do sistema de célula a combustível frente ao do banco
de baterias gera uma tendência de redução de custo de aquisição do VEHPCC com o aumento
do grau de hibridização. Logo, o VEHPCC com maior grau de hibridização tem o menor custo
de aquisição.
Na subseção 8.5.2 estuda-se o custo com combustível do VEHPCC para diferentes graus
de hibridização. Conclui-se que a melhora do consumo em maiores graus hibridização leva uma
redução do custo com combustíveis nos maiores graus de hibridização. Assim, a configuração
com maior grau de hibridização possui o menor custo com combustíveis.
Pelos fatos expostos anteriormente conclui-se que a configuração com maior grau de
hibridização é a melhor configuração de VEHPCC.
8.7 Comparação energética do veículo elétrico
híbrido a célula a combustível e do veículo elétrico
híbrido plug-in a célula a combustível
Neste item analisa-se o consumo energético da versão VEHCC e VEHPCC para 39
milhas (62,76 km) no ciclo combinado. A figura 8.23 detalha o consumo em kWh/100km das
duas configurações para diferentes graus de hibridização.
130
Figura 8.23 – Comparação do consumo kWh/100 km para as duas configurações 62
Conforme discutido no item 4.2.2.2, a atuação no modo CD é mais eficiente do que a
atuação no modo CS, pois no modo CD se utiliza majoritariamente o banco de baterias
(eficiência máxima de 90%) enquanto que no modo CS se utiliza majoritariamente o sistema
de célula a combustível (eficiência máxima de 60%). Como os VEHPCC podem percorrer
maiores distâncias no modo CD do que os VEHCC, é esperado que o consumo energético do
VEHPCC seja menor do que o do VEHCC. Isso é exatamente o que é mostrado na figura 8.23,
a exceção da configuração com GH=25% que utilizou constantemente o sistema de célula a
combustível no modo CD, todos os VEHPCC consumiram menos energia do que o VEHCC.
Para as configurações com GH=60% há uma diferença de 24,0% (7,7 kWh) de consumo entre
o VEHPCC e VEHCC.
38,4
34,8 34,0 33,532,1
38,4
31,9
29,2
26,8
24,4
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
25% 30% 40% 50% 60%
Co
nsu
mo
[kW
h/1
00 k
m]
Grau de hibridização
Consumo Energético no percurso diário
VEHCC VEHPCC
131
Capítulo 9
9 Análise econômica com veículos reais
Neste capítulo compara-se economicamente veículos a célula a combustível com
veículos a combustão interna e elétricos do mesmo segmento. A comparação é realizada em
diferentes cenários econômicos para demonstrar a evolução da competitividade do veículo a
célula a combustível conforme se aumenta seu nível de produção e se obtém preços mais
competitivos do hidrogênio.
9.1 Seleção dos veículos de comparação
Seleciona-se três veículos a célula a combustível, um elétrico e um a combustão para a
comparação.
Para os veículos a célula a combustível, foram selecionados os seguintes modelos:
a) Hyundai Nexo original: deseja-se comparar a versão disponível no mercado com os demais
veículos;
b) Melhor Nexo VEHCC: deseja-se analisar o efeito da hibridização no custo total do Nexo
comparado a outros modelos;
c) Melhor Nexo VEHPCC: deseja-se avaliar o impacto financeiro da mudança no powertrain
do Nexo com os demais modelos.
O Hyundai Nexo está disponível a venda por US$ 58.300 na Califórnia. O governo
americano e o governo da Califórnia oferecem, respectivamente, subvenção de US$ 7.500 e
US$ 5.000 para a compra do Nexo. Além disso, a Hyundai oferece aos consumidores
combustível gratuitamente durante 3 anos ou US$ 13.000 para compra de combustível, o que
ocorrer primeiro [7].
O veículo a combustão selecionado é o modelo 2019 do Hyundai Tucson 2.0 L com
tração dianteira, o modelo está disponível por US$ 25.599. Selecionou-se esse modelo por ser
um SUV da mesma categoria do que o Nexo e ter a mesma potência máxima do motor (120kW),
o modelo apresenta consumo de 26 MPG no ciclo combinado [41].
132
Como padrão de comparação para o veículo elétrico a bateria, selecionou-se a versão
elétrica do Hyundai Kona. Essa escolha foi feita pelo veículo ser um SUV da mesma categoria
que o Hyundai Nexo. O Hyundai Kona apresenta um consumo de combustível equivalente de
120 MPGe no ciclo combinado, custa US$ 37.945 e pode receber até US$ 10.800 em
subvenções [9]. O governo americano oferece US$ 7.500 de subvenção, o governo da Califórnia
oferece US$ 2.500 de subvenção, e a “Pacific Gas and Electric Company” (concessionária de
distribuição de energia elétrica na Califórnia) oferece US$ 800 em subvenção para pessoas
físicas que comprarem um veículo elétrico.
9.2 Cenários de Comparação
O estudo realizado por S. Thompson et. Al [42] mostra que os custos de produção do
sistema de célula a combustível são inversamente proporcionais ao número de unidades
fabricadas anualmente. Isso ocorre porque as economias de escala geradas no aumento da
produção reduzem o custo total do sistema. O autor estima que para 100.000 unidades
fabricadas ao ano tem-se um custo de US$ 59/kW para o sistema de célula a combustível e que
para 500.000 unidades ao ano tem-se um custo de 53 US$/kW.
Um estudo mais recente realizado pelo DOE em 2019 [10], revela a mesma tendência
dos resultados de Thompson, mas com valores mais atualizados. Este estudo também faz
estimativas para o custo do tanque do sistema de célula a combustível e do preço do hidrogênio
ao consumidor. O preço do hidrogênio depende do processo de sua produção, que pode ser por
eletrólise ou por reforma de hidrocarbonetos. Seleciona-se o preço da produção por eletrólise
porque, se a fonte de energia utilizada nesse processo for renovável, o processo é livre de
emissões de CO2 do poço a roda. Ainda nesse estudo se estima o melhor preço possível do
sistema de célula a combustível, do tanque e do hidrogênio. Estes valores refletem o custo com
a tecnologia de veículos a célula a combustível estabelecida e com a produção, distribuição e
armazenamento de hidrogênio desenvolvidas. Nesse estudo do DOE estima-se que esse cenário
ocorrerá em 2030, dessa forma essa circunstância será referida como cenário de 2030.
A tabela 9.1 resume o custo do sistema de célula a combustível, do tanque e do
hidrogênio para os quatro cenários:
1) Cenário com custos de 2019;
133
2) Cenário com custos de 100.000 unidades de veículos a célula a combustível produzidas ao
ano;
3) Cenário com custos de 500.000 unidades de veículos a célula a combustível produzidas ao
ano;
4) Cenário com custos de 2030, esse cenário utiliza os custos previstos pelo DOE quando a
tecnologia do sistema de célula a combustível, tanque e produção de hidrogênio estiverem bem
desenvolvidos economicamente
Tabela 9.1 – Preço do sistema de célula a combustível, tanque e hidrogênio por cenários 43
Cenário 2019 100.000
unidades/anoc
500.00
unidades/anoc 2030c
Preço do sistema de
célula combustível
[U$/kW]
185,0a 50,0 45,0 30,0
Preço do tanque
[US$/kWh] 20,0a 17,0 15,0 8,0
Preço do hidrogênio
[US$/kg] 15,79b 10,0 10,0 3,98
a Fonte: Base de Dados do FASTSim para o IX35. b Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [30]. c Fonte: Estudo do DOE, 2019 [10].
Conforme mostrado na tabela 9.1, há quatro cenários possíveis de comparação em que
se evolui gradativamente até que a tecnologia do sistema de célula a combustível esteja
estabelecida. Nesse trabalho é feito uma análise econômica dos cinco veículos citados
anteriormente para o cenário atual, para o cenário de 500.000 unidades produzidas ao ano e
para o cenário de 2030 previsto pelo DOE. O cenário de 100.000 unidades ao ano não foi
incluído porque apresenta valores muito próximos ao cenário de 500.000 unidades ao ano (10%
de diferença) o que tornaria a análise repetitiva.
9.3 Comparação no atual cenário de produção
Nessa seção compara-se o custo total dos veículos para o atual nível de produção de
veículos a célula a combustível e com os preços atuais dos combustíveis.
9.3.1 Custo de aquisição do veículo
A tabela 9.2 detalha os custos de aquisição das 3 versões do Nexo (Original, melhor
VEHCC e melhor VEHPCC) em dólar e valor convertido em real. O custo do Nexo original é
134
o custo calculado pela modelagem realizada no item 7.4.1, pois chegou-se muito próximo do
custo real US$ 58.300 e também porque é possível analisar o impacto do custo de cada
componente.
Tabela 9.2 – Custo de aquisição das 3 versões do Nexo44
Veículo Nexo Original Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo
VEHPCC
Carroceria US$19.014 R$71.493 US$19.014 R$71.493 US$19.074 R$71.718
Motor
Elétrico US$3.509 R$13.194 US$3.509 R$13.194 US$3.509 R$13.194
Célula
Combustível US$17.575 R$66.082 US$9.587 R$36.047 US$9.963 R$37.461
Tanque US$4.196 R$15.777 US$4.196 R$15.777 US$4.196 R$15.777
Bateria de
Lítio US$275 R$1.034 US$571 R$2.147 US$2.155 R$8.103
Conector US$0 R$0 US$0 R$0 US$750 R$2.820
Margem do
revendedor US$5.705 R$21.451 US$4.720 R$17.747 US$5.947 R$22.361
Margem do
fabricante US$4.457 R$16.758 US$3.688 R$13.867 US$3.965 R$14.908
Impostos US$3.565 R$13.404 US$2.950 R$11.092 US$3.172 R$11.927
Total US$58.296 R$219.193 US$48.236 R$181.367 US$52.730 R$198.265
Cotação 1US$= R$3,76 em 24/07/2019.
Comparando-se os custos de aquisição dos veículos a célula a combustível nota-se que,
para o nível atual de produção, o aumento do grau de hibridização reduz consideravelmente seu
custo. Em relação ao Nexo Original, chega-se a uma economia de 17,3% (US$ 10.500) para o
VEHCC e 9,6% (US$ 5.596) para o VEHPCC.
A tabela 9.3 discrimina o custo de aquisição dos cinco veículos.
135
Tabela 9.3 – Comparação entre o custo de aquisição de todas as configurações 45
Veículo Nexo
Original
Melhor
Nexo
VEHCC
Melhor
Nexo
VEHPCC
Tucson Kona
Custo Total em Dólares US$58.296 US$48.236 US$52.730 US$25.599 US$37.945
Custo Total em Reais R$219.193 R$181.367 R$198.265 R$96.252 R$142.673
Razão do preço do
veículo e do Tucson 2,27 1,89 2,06 - 1,48
Comparando-se o custo total de aquisição dos veículos, nota-se que apesar da melhora
do preço com a hibridização, o melhor VEHCC ainda é 1,89 vezes o preço do veículo a
combustão. O melhor VEHPCC é ainda mais caro, 2,06 vezes, enquanto o veículo elétrico
custa 1,48 vezes.
9.3.2 Custo do combustível
Utiliza-se a mesma metodologia da subseção 8.5.2 para o cálculo do custo do
combustível, apenas adiciona-se a metodologia o valor médio da gasolina na Califórnia
congelado pelo período de 10,5 anos. Segundo a EIA, em 27/05/2019 a gasolina na Califórnia
custava em média US$ 3,95/galão (US$ 0,87/L) [43].
A tabela 9.4 resume o preço dos combustíveis atuais nas unidades convencionais e por
galão de gasolina equivalente (GGe), custo para 33,44 kWh de energia, assim compara-se os
custos dos combustíveis para a mesma quantidade de energia.
Tabela 9.4 – Custo dos combustíveis utilizados 46
Combustível Preço Preço
Razão do
Preço Combustível
e Preço Gasolina
Hidrogênioa 15,79 U$/kg 15,83 US$/GGe 4,0
Energia Elétricab 0,19 US$/kWh 6,35 US$/ GGe 1,6
Gasolinac 3,95 US$/galão 3,95 US$/GGe -
a Fonte: Relatório DOE, abril 2019 [38]
b Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [30]
c Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [43]
Observando-se a tabela 9.4 nota-se que a gasolina é o combustível mais barato, seguido
pela energia elétrica que custa 1,6 vezes o valor da gasolina e pelo hidrogênio que custa 4 vezes.
136
Ressalta-se que estes valores são válidos para a Califórnia, sendo bastante diferentes para o
caso brasileiro.
A tabela 9.5 resume os custos de combustível ao longo de 10,5 anos (vida útil estimada do
Nexo).
Tabela 9.5 - Comparação do custo dos combustíveis ao longo de 10 anos47
Veículo Nexo
Original
Melhor
Nexo
VEHCC
Melhor
Nexo
VEHPCC
Tucson Kona
Consumo no Ciclo
Combinado [MPGe] 59,2 65,4 79,4 26 MPG 120
Razão do consumo do
veículo em relação ao
consumo do Tucson
2,28 2,52 3,05 - 4,62
Custo anual de
Combustível US$3.750 US$3.441 US$1.828 US$2.160 US$773
Custo Total de
Combustivel US$39.579 US$36.535 US$19.087 US$22.679 US$8.112
Diferença total para o
Tucson US$16.900 US$13.856 -$US3.592 -
-
US$14.567
Razão do custo total
de combustível do
veículo em relação
ao do Tucson
2,05 1,59 0,85 - 0,36
Os VEHCC percorrem distâncias maiores do que Tucson para a mesma quantidade de
energia (até 2,52 vezes), mas como hidrogênio custa em torno de 4 vezes o preço da gasolina acabam
tendo maior custo com combustível do que o Tucson. O melhor Nexo VEHCC gasta 1,59 mais com
combustível do que o Tucson e o Nexo original gasta 2,05 vezes mais.
O melhor Nexo VEHPCC gasta 15% a menos com combustível do que o Tucson. Isso ocorre
porque o veículo consegue percorrer distâncias 3 vezes maiores com a mesma quantidade de energia
do que o Tucson e utiliza mais a energia elétrica (1,6 vezes o preço da gasolina) do que o hidrogênio
que é (4 vezes o preço da gasolina). Dessa forma é possível reduzir-se os custos com combustível a
ponto de se tornar mais barato do que o Tucson.
O Kona percorre distância 4,6 vezes maiores do que o Tucson para a mesma quantidade de
energia e utiliza apenas energia elétrica, consequentemente seu custo anual com combustível é 74%
menor do que o do Tucson.
137
9.3.3 Custo total sem isenções
Os veículos a célula a combustível e elétricos a bateria recebem incentivos do governo
americano para que se tornem mais competitivos no mercado. Nessa seção analisa-se o custo
total do veículo sem as isenções para mostrar a diferença real de preço entre os veículos sem
esse benefício. A tabela 9.6 detalha o custo total do veículo ao final de 10,5 anos.
Tabela 9.6 – Custo total dos veículos ao fim de 10,5 anos 48
Veículo Nexo Original Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo
VEHPCC Tucson Kona
Custo total de
Combustivel US$39.579 R$142.484 US$36.535 R$137.372 US$19.087 R$71.767 US$22.679 R$85.273 US$8.112 R$30.501
Custo de
aquisição US$58.296 R$209.866 US$48.236 R$181.367 US$52.730 R$198.265 US$25.599 R$96.252 US$37.945 R$142.673
Custo total US$97.875 R$ 352.350 US$84.771 R$318.739 US$71.817 R$270.032 US$48.278 R$181.525 US$46.057 R$173.174
Diferença
entre o custo
total do
veículo e do
Tucson
US$49.597 R$178.549 US$36.493 R$137.214 US$23.539 R$88.507 - - -US$2.221 -R$8.351
Razão entre
o custo total
do veículo e
do Tucson
2,03 1,75 1,50 - 0,96
24/07/2019.
Analisando-se os custos da tabela 9.6, observa-se que O Nexo original custa o dobro do
Tucson enquanto o melhor Nexo VEHCC custa 1,75 vezes o Tucson ao longo de 10,5 anos.
Isto mostra que atualmente o veículo elétrico híbrido a célula a combustível não é
economicamente competitivo com o veículo a combustão interna. Isso é justificado pelo
elevado custo do hidrogênio, do sistema de célula a combustível e do tanque.
O melhor Nexo VEHPCC, devido a economia de combustível, custa 1,5 vezes o valor
do Tucson ao final de 10,5 anos. É menos do que o melhor Nexo VEHHC, mas ainda assim não
é economicamente competitivo com o Tucson.
O Kona é 4% mais barato do que o Tucson ao final de 10,5 anos, isto é devido à grande
economia gerado com combustíveis.
9.3.4 Custo total com subvenções
Nessa seção analisa-se o cenário real com as isenções concedidas aos veículos elétricos
a bateria e aos veículos à célula a combustível.
A tabela 9.7 detalha os custos totais dos veículos com subvenções.
Tabela 9.7 – Custo Total dos veículos com subvenções 49
Veículo Nexo Original Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo VEHPCC Tucson Kona
Custo total de
Combustivel US$39.579 R$148.817 US$36.535 R$137.372 US$19.087 R$71.767 US$22.679 R$85.273 US$8.112 R$30.501
Custo total de
combustível
com subvenção
US$28.271 R$106.299 US$26.096 R$98.121 US$13.634 R$51.264 US$22.679 R$85.273 US$8.112 R$30.501
Custo de
aquisição US$58.296 R$219.193 US$48.236 R$181.367 US$52.730 R$198.265 US$25.599 R$96.252 US$37.945 R$142.673
Custo de
aquisição com
subvenção
US$45.796 R$172.193 US$35.736 R$134.367 US$40.230 R$151.265 - - US$27.145 R$102.065
Custo total com
isenção US$74.066 R$278.488 US$61.832 R$232.488 US$53.864 R$202.529 US$48.278 R$181.525 US$35.565 R$133.724
Redução
percentual do
custo total
devido a
subvenção
24,3% 27,1% 27,1% - 25,0%
Diferença entre
o custo total do
veículo e do
Tucson
US$25.789 R$ 96.967 US$13.564 R$ 51.001 US$5.586 R$ 21.003 - - -US$12.713 -R$47.801
Razão entre o
custo total do
veículo e do
Tucson
1,53 1,28 1,11 - 0,96
Analisando-se os resultados da tabela 9.7 nota-se o impacto das isenções no custo total
do veículo, há uma redução até 27,1% no custo total do veículo para o caso do melhor Nexo
VEHCC.
Em relação aos VEHCC, o custo total do Nexo original foi de 2 para 1,53 vezes o preço
do Tucson e a melhor configuração do Nexo VEHCC foi de 1,75 para 1,28 vezes o valor do
Tucson. É notório o impacto dos incentivos, mas ainda assim o veículo elétrico híbrido à célula
combustível não é economicamente competitivo com o Tucson.
O melhor Nexo VEHPCC foi de 1,5 para 1,11 vezes o preço do Tucson. As subvenções
tornaram o veículo mais atrativo economicamente, mas não a ponto de torná-lo mais barato do
que o Tucson.
O Kona se tornou ainda mais atrativo em relação ao Tucson com as subvenções, seu
custo total foi de 0,96 para 0,74 vezes o valor do Tucson.
Conclui-se que para o cenário atual a melhor escolha é o veículo elétrico a bateria,
seguido pelo veículo a combustão. Para os veículos a célula a combustível o melhor Nexo
VEHPCC mostrou-se ser a melhor opção devido a economias no custo de combustível, seguido
pelo melhor Nexo VEHCC. O Nexo original apresentou o pior resultado, por ter a menor
performance e maior composição de componentes de sistema de célula a combustível.
9.4 Cenário com custos de 500.000 unidades
fabricadas ao ano
Nesta seção compara-se o custo dos veículos à célula a combustível com volume de
produção de 500.000 unidades ao ano com os de veículos reais.
Utiliza-se a mesma modelagem feita na seção 9.3, exceto pelos custos do sistema de
célula a combustível, custo do tanque e preço do hidrogênio. Estes custos são relativos ao
volume de produção de 500.000 unidades, conforme mostrado na tabela 9.1.
142
9.4.1 Custo de aquisição
O aumento no volume de produção resulta em uma queda do custo de aquisição para os
veículos a célula a combustível. A tabela 9.8 detalha a composição do custo total dos veículos
a célula a combustível.
Tabela 9.8– Composição do custo total dos veículos a célula combustível para 500.000 unidades/ano50
Veículo Nexo (Original) Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo VEHPCC
Carroceria US$19.014 R$71.493 US$19.014 R$71.493 US$19.074 R$71.718
Motor
Elétrico US$3.509 R$13.194 US$3.509 R$13.194 US$3.509 R$13.194
Célula a
Combustível US$4.275 R$16.074 US$2.332 R$8.768 US$2.423 R$9.110
Tanque US$3.147 R$11.833 US$3.147 R$11.833 US$3.147 R$11.833
Bateria de
Lítio US$275 R$1.034 US$571 R$2.147 US$2.411 R$9.065
Conector US$0 R$0 US$0 R$0 US$750 R$2.820
Margem do
revendedor US$3.868 R$14.544 US$3.657 R$13.750 US$4.697 R$17.661
Margem do
fabricante US$3.022 R$11.363 US$2.857 R$10.742 US$3.131 R$11.773
Impostos US$2.418 R$9.092 US$2.286 R$8.595 US$2.505 R$9.419
Total US$39.527 R$148.622 US$37.374 R$140.526 US$41.648 R$156.596
Redução de
custo total em
relação ao
cenário de
2019
US$18.773 R$70.586 US$10.862 R$40.841 US$11.082 R$41.668
Redução
percentual
do custo total
em relação
ao cenário de
2019
32,2% 22,5% 21,0%
143
Pela tabela 9.8 nota-se uma redução de custos de aquisição de 21,0% até 32,2%. A
maior redução ocorreu no Nexo original por este possuir a maior quantidade de kW no sistema
de célula a combustível.
A tabela 9.9 detalha os preços dos 5 veículos para 500.000 unidades fabricadas ao ano.
Tabela 9.9 – Custo de aquisição das diferentes configurações dos veículos 51
Veículo Nexo
Original
Melhor
Nexo
VEHCC
Melhor
Nexo
VEHPCC
Tucson Kona
Custo de aquisição
em Dólares US$39.527 US$37.374 US$41.648 US$25.599 US$37.945
Custo de Aquisição
em Reais R$148.621 R$140.526 R$156.597 R$96.252 R$146.673
Diferença entre o
custo total do veículo
e do Tucson em
Dólares
US$13.928 US$11.775 US$15.928 - US$12.346
Diferença entre o
custo total do veículo
e do Tucson em Reais
R$ 53.369 R$ 44.274 R$ 59.889 - R$ 46.421
Razão entre o custo
total do veículo e do
Tucson
1,54 1,46 1,62 - 1,48
Comparando-se o custo de aquisição dos veículos na tabela 9.9, nota-se que o melhor
Nexo VEHCC está ligeiramente mais barato do que o veículo elétrico, no entanto ainda é 48%
mais caro do que o veículo a combustão.
O Hyundai Nexo original está mais barato do que o melhor Nexo VEHPCC, esse fato
ilustra o barateamento do sistema de célula a combustível frente ao banco de baterias utilizado
pelo VEHPCC.
A queda de preço dos veículos é devido ao barateamento do sistema de célula a
combustível e do tanque.
9.4.2 Custo do combustível
Segue-se a mesma metodologia da seção 9.3.2, exceto pelo preço do hidrogênio que é
modificado para US$ 10/kg de acordo com o cenário previsto pelo DOE [10].
144
A tabela 9.10 compara o preço dos combustíveis para o GGe (energia contida em galão
de gasolina -33,44 kWh) no cenário de 2019 e para 500.000 unidades:
Tabela 9.10 – Custo dos combustíveis utilizados no Cenário de 2019 e com 500.000 unidades 52
Combustível Cenário 2019:
Preço
Cenário 2019:
Razão do
Preço do
Combustível e
do Preço
Gasolina
Cenário
500.000
unidades:
Preço
Cenário 500.000
unidades:
Razão do
Preço do
Combustível e
Preço da Gasolina
Hidrogênio 14,82 US$/GGea 4,0 10,0 US$/GGeb 2,53
Energia
Elétricac 6,35 US$/GGe 1,6 6,35 US$/GGe 1,6
Gasolinad 3,95 US$/GGe - 3,95 US$/GGe - a Fonte: Relatório DOE, abril 2019 [38] b Fonte: Estudo DOE, 2019 [10] c Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [30] d Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [43]
É interessante notar na tabela 9.10 que o hidrogênio cai de 4 vezes o valor da gasolina
para 2,56 vezes. Isso reduzirá na mesma proporção o custo com combustíveis dos VEHCC e
impactará em menor escala no VEHPCC, já que esse utiliza mais energia elétrica do que
hidrogênio.
A tabela 9.11 detalha o custo com combustíveis dos 5 veículos estudados em 10,5 anos.
Tabela 9.11 – Custo com combustível para o cenário de 500.000 unidades/ano 53
Veículo Nexo
(original)
Melhor
Nexo
VEHCC
Melhor
Nexo
VEHPCC
Tucson Kona
Consumo Ciclo
Combinado [MPGe] 59,2 65,4 79,4 26 MPG 120
Razão do consumo
do veículo em
relação ao consumo
do Tucson
2,28 2,52 3,05 - 4,62
Custo anual de
Combustível US$2.413 US$2.202 US$1.382 US$2.160 US$773
Razão do custo
anual de
combustível do
veículo em relação
ao do Tucson
1,12 1,019 0,67 - 0,36
Custo Total com
Combustivel US$25.339 US$23.123 US$15.202 US$22.689 US$8.112
145
9.4.3 Custo total
A tabela 9.12 detalha os custos ao final de 10,5 anos para os cinco veículos estudados.
Tabela 9.12 – Custo total dos veículos ao fim de 10,5 anos no cenário de 500.000 unidades/ano 54
Veículo Nexo Original Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo VEHPCC Tucson Kona
Custo total de
Combustivel US$25.339 R$95.275 US$23.123 R$86.942 US$15.202 R$57.160 US$22.689 R$85.311 US$8.112 R$30.501
Custo de aquisição US$40.521 R$152.359 US$37.916 R$142.564 US$41.527 R$156.142 US$25.599 R$96.252 US$37.945 R$142.673
Custo total US$64.866 R$243.896 US$60.497 R$227.469 US$56.850 R$213.756 US$48.278 R$181.525 US$46.057 R$173.174
Diferença entre o
custo total do
veículo e do Tucson
US$16.588 R$62.371 US$12.219 R$45.943 US$8.572 R$32.231 - - -US$2.221 -R$ 8.351
Cenário de 2019
sem subvenções:
Razão entre o custo
total do veículo e do
Tucson
2,03 1,75 1,50 - 0,96
Cenário de 500.000
unidades ao ano:
Razão entre custo
total do veículo e
do Tucson
1,34 1,25 1,18 - 0,96
Analisando-se o custo total do veículo ao final de 10,5 anos na tabela 9.12, observa-se
que os veículos a célula a combustível se tornaram mais competitivos frente ao Tucson. O Nexo
original custa 1,34 vezes o valor do Tucson ao final de 10,5 anos, o melhor Nexo VEHCC custa
1,25 vezes e o melhor Nexo VEHPCC custa 1,18 vezes. Isso é consequência do barateamento
do sistema de célula a combustível, tanque e do hidrogênio. Repare que a diferença entre o
melhor Nexo VEHPCC e melhor Nexo VEHCC reduziu 0,25 vezes o valor do Tucson para 0,07
vezes, isso mostra o efeito do barateamento do hidrogênio frente a energia elétrica.
Apesar das quedas de preço nesse cenário, os veículos à célula a combustível ainda são
mais caros do que o Tucson. Novamente o veículo elétrico é a melhor opção econômica,
seguido pelo Tucson, pelo melhor Nexo VEHPCC, pelo melhor Nexo VEHCC e pelo Nexo
original.
9.5 Cenário de 2030
Nesta seção realiza-se uma análise econômica baseada no estudo realizado pelo DOE
[10], esse estudo estima os preços do sistema de célula a combustível, tanque e hidrogênio
quando a tecnologia de célula a combustível estiver economicamente estabelecida e quando o
hidrogênio estiver disponível ao consumidor a preços competitivos, o DOE estima que isto
aconteça em 2030. A tabela 9.13 resume os valores atuais do sistema de célula a combustível,
tanque e hidrogênio no momento atual e para o cenário previsto em 2030 pelo DOE:
Tabela - 9.13 Comparação dos custos atuais e custos com a tecnologia estabelecida 55
Cenário 2019 2030
Preço do sistema de célula combustível [US$/kW] 185 30
Preço do tanque [US$/kWh] 20 8
Preço do hidrogênio [US$/kg] 15,79 3,93
9.5.1 Custo de aquisição do veículo em 2030
Neste item modela-se de aquisição do veículo baseado nos custos do sistema de célula
a combustível e tanque previstos no estudo do DOE [10].
O estudo do DOE mostra que o componente com maior custo no sistema de célula a
combustível é o catalisador utilizado (platina), este representa 42% do custo total para um
volume de produção de 500.000 unidades fabricadas por ano [44]. Para reduzir o custo do
148
sistema para 30 US$/kW, o DOE coloca como meta reduzir os níveis de metais do grupo da
platina no catalisador. Além disso, também deseja-se aumentar a densidade de potência do
empilhamento de célula a combustível em 29%.
Em relação ao tanque, o estudo mostra que, para um volume de produção de 500.00
unidades por ano, 72% do custo total do tanque é composto da compra e processamento de
compósitos [45]. A substituição da fibra de poliacrilonitrilo convencional pela fibra de
poliacrilonitrilo têxtil reduz em 25% o custo com a compra da fibra. A mudança do processo
de fabricação da fibra de fiação úmida para fiação por fusão reduz em 25% o preço do processo
de fabricação da fibra. Essas duas mudanças são as mais impactantes para a redução do custo
do tanque para 8 US$/kWh. A tabela 9.14 detalha os custos dos veículos a célula a combustível
em 2030:
Tabela 9.14 – Composição dos custos dos veículos a célula a combustível no cenário 2030 56
Veículo Nexo Original Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo VEHPCC
Carroceria US$19.014 R$71.493 US$19.014 R$71.493 US$19.074 R$ 71.718
Motor Elétrico US$3.509 R$13.194 US$3.509 R$13.194 US$3.509 R$ 13.194
Célula
Combustível US$2.850 R$10.716 US$1.555 R$5.847 US$1.615 R$ 6.072
Tanque US$1.678 R$6.309 US$1.678 R$6.309 US$1.678 R$ 6.309
Bateria de Lítio US$275 R$1.034 US$571 R$2.147 US$2.411 R$ 9.065
Plug-in US$0 R$0 US$0 R$0 US$750 R$ 2.820
Margem do
revendedor US$3.498 R$13.152 US$3.370 R$12.671 US$4.355 R$ 16.375
Margem do
fabricante US$2.733 R$10.276 US$2.633 R$9.900 US$2.903 R$ 10.915
Impostos US$2.186 R$8.219 US$2.106 R$7.919 US$2.323 R$ 8.734
Total US$35.742 R$134.390 US$34.336 R$129.103 US$38.620 R$ 145.211
Redução
percentual do
custo total em
relação ao
cenário de 2019
39,2% 28,8% 26,8%
149
A tabela 9.13 revela que no cenário de 2030, o custo de aquisição dos veículos à célula
combustível são reduzidos em até 39,2% em relação ao cenário atual.
A tabela 9.15 compara os custos dos 5 veículos estudados no cenário de 2030.
Tabela 9.15 – Comparação entre o custo de aquisição de todas as configurações 57
Veículo Nexo
Original
Melhor
Nexo
VEHCC
Melhor
Nexo
VEHPCC
Tucson Kona
Custo de aquisição US$35.742 US$34.336 US$38.620 US$25.599 US$37.945
Diferença entre o custo
total do veículo e do
Tucson
US$10.143 US$8.737 US$13.021 - US$12.346
Razão entre o custo
total do veículo e do
Tucson
1,40 1,34 1,51 - 1,48
Observando-se a tabela 9.15, percebe-se que no cenário com a tecnologia do sistema de
célula a combustível estabelecida, os custos do sistema de célula de combustível ficam
otimizados a ponto do Nexo Original estar mais barato do que o Kona. Isso é justificado pela
queda de custo do sistema de célula a combustível e do tanque.
9.5.2 Custo de combustível cenário de 2030
Neste item calcula-se o custo com combustível do veículo ao longo de 10,5 anos, da
mesma forma que nas seções anteriores, mas baseado no custo do hidrogênio previsto pelo DOE
(4 US$/kg) [10].
Para redução de custos do hidrogênio o DOE utiliza estratégias diferentes para o curto
e longo prazo [46]:
a) Para o curto prazo, devido ao baixo volume de hidrogênio requisitado, é mais viável produzir
o hidrogênio na estação onde o veículo é abastecido. As vantagens dessa forma de produção
em relação a produção centralizada (distante da estação de abastecimento) são menores
investimentos com compra de equipamentos e a independência da infraestrutura de transporte
do hidrogênio. As duas formas de produção possíveis são:
150
- Eletrólise: ocorre em pequena escala e utilizando energia da rede com até metade do custo
atual (0,10 US$/kWh);
- Reforma de hidrocarbonetos com captura de carbono: a captura de carbono é obrigatória para
a redução de emissões de CO2.
b) Para o longo prazo, devido ao alto volume de hidrogênio demandado, é economicamente
interessante produzir-se hidrogênio de forma centralizada. A razão disso é a existência de uma
estrutura de distribuição de hidrogênio já desenvolvida e a possibilidade de se gerar economias
de escala com o alto volume de produção. Nesse cenário produz-se hidrogênio paralelamente
nas estações de distribuição (criadas no curto prazo) e nos centros de produção. Os métodos
que se destacam na produção centralizada são:
- Eletrólise: ocorre em grande escala, deve utilizar energia renovável da rede com até metade
do custo atual (0,10 US$ kWh);
- Eletrólise de alta temperatura: utiliza a energia térmica rejeitada de uma usina nuclear;
- Reforma de hidrocarbonetos com captura de carbono;
- Gaseificação da biomassa: tem praticamente zero emissão de carbono.
A tabela 9.16 compara o preço dos combustíveis por GGe (energia equivalente a um
galão de gasolina - 33,44 kWh) no cenário atual e no cenário de 2030.
Tabela 9.16 – Custo dos combustíveis utilizados 58
Combustível Cenário 2019:
Preço
Cenário 2019:
Razão do
Preço do
Combustível e do
Preço Gasolina
Cenário de
2030:
Preço
Cenário de 2030:
Razão do
Preço do
Combustível e
Preço da Gasolina
Hidrogênio 14,82 US$/GGea 4,0 4,0 US$/GGeb 1,01
Energia
Elétricac 6,35 US$/GGe 1,6 6,35 US$/ GGe 1,6
Gasolinad 3,95 US$/GGe - 3,95 US$/GGe - a Fonte: Relatório DOE, abril 2019 [38] b Fonte: Estudo DOE, 2019 [10] c Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [30] d Fonte: Relatório EIA, abril de 2019 [43]
Observando-se a tabela 9.16 nota-se que o preço do hidrogênio reduziu de 4 para 1,01
vezes o preço da gasolina e se tornou mais barato do que a energia elétrica. É importante
ressaltar que o preço da energia elétrica e da gasolina foi mantido igual ao do cenário atual.
151
A tabela 9.17 detalha os custos com combustíveis no cenário de 2030.
Tabela 9.17 – Custo de combustível no cenário de 2030 59
Veículo Nexo
Original
Melhor
Nexo
VEHCC
Melhor
Nexo
VEHPCC
Tucson Kona
Consumo Ciclo
Combinado [MPGe] 59,2 65,4 79,4 26 MPG 120
Custo anual de
Combustível US$947 US$864 US$893 US$2.160 US$773
Custo Total de
Combustível US$9.946 US$9.077 US$9.377 US$22.679 US$8.112
Razão do custo total de
combustível do veículo
em relação ao do Tucson
0,44 0,40 0,41 - 0,36
A análise da tabela 9.6 mostra que as 3 configurações de veículos à célula a combustível
tem o custo total com combustível expressivamente menor do que o Tucson. O melhor Nexo
VEHCC chega a ter um custo total de combustível de 40% do custo do Tucson e é apenas 12%
mais custoso do que o do Kona.
No cenário de 2030, apesar de o melhor Nexo VEHPCC ser mais eficiente, o seu custo
de combustíveis se torna mais alto do que o do melhor Nexo VEHCC. Isso ocorre porque, de
acordo com as hipóteses realizadas neste trabalho, a energia elétrica é mais cara do que o
hidrogênio nesse cenário.
9.5.3 Custo total do veículo cenário de 2030
Nesse item analisa-se o custo total dos 5 veículos estudados ao longo de 10,5 anos no
cenário de 2030.
A tabela 9.18 detalha o custo total dos veículos ao longo de 10,5 anos no cenário de
2030.
Tabela 9.18 – Custo total dos veículos ao fim de 10,5 anos no cenário de 2030 60
Veículo Nexo Original Melhor Nexo VEHCC Melhor Nexo VEHPCC Tucson Kona
Custo total de
Combustivel US$9.946 R$37.397 US$9.077 R$ 34.130 US$9.377 R$35.258 US$22.679 R$85.273 US$8.112 R$30.501
Custo de
aquisição US$35.742 R$134.390 US$34.436 R$ 129.479 US$38.621 R$145.215 US$25.599 R$96.252 US$37.945 R$142.673
Custo total US$45.689 R$171.791 US$43.513 R$ 163.609 US$47.997 R$180.469 US$48.278 R$181.525 US$46.057 R$173.174
Diferença
entre o custo
total do
veículo e do
Tucson
-US$2.589 -R$9.735 -US$4.765 -R$ 17.916 -US$281 -R$1.057 - - -US$2.221 -R$8.351
Cenário de
2019 sem
subvenções:
Razão entre o
custo total do
veículo e do
Tucson
2,03 1,75 1,50 - 0,96
Cenário de
2030:
Razão entre o
custo total do
veículo e do
Tucson
0,95 0,90 0,99 - 0,96
Analisando-se a tabela 9.18, nota-se que os veículos a célula a combustível se tornaram
mais baratos do que o Tucson no cenário de 2030. Comparando-se o cenário de 2030 com o
cenário de 2019 sem subvenções, todos os veículos a célula se tornaram mais baratos do que o
Tucson ao final de 10,5 anos. A maior queda de preço foi a do Nexo Original, uma queda 2,03
vezes o valor do Tucson para 0,95 vezes o valor do Tucson.
Os VEHCC são a melhor opção econômica, o melhor Nexo VEHCC se tornou o veículo
com o menor custo ao final de 10,5 anos custando 0,9 vezes o valor do Tucson. O Nexo original
é a segunda melhor opção econômica custando 0,95 vezes o Tucson, ligeiramente mais barato
do que o Kona.
O melhor Nexo VEHPCC é a quarta melhor opção em termos econômicos custando
ligeiramente menos do que o Tucson ao final de 10,5 anos.
Esses cálculos mostram que, com o estabelecimento econômico da tecnologia de célula
a combustível e preços reduzidos do hidrogênio, os veículos à célula a combustível se tornam
economicamente competitivos com os veículos a combustão interna e até com os veículos
elétricos.
9.6 Emissões evitadas
A análise completa de emissões de gases de um combustível deve avaliar o caminho do
combustível do poço ao tanque, passando por sua produção, distribuição e seu consumo [4].
Pode-se dividir o percurso do poço a roda em dois caminhos complementares, do poço ao
tanque (produção e distribuição do combustível) e do tanque as rodas (consumo do
combustível).
Segundo a EIA [2], em 2016 emitiu-se 32,3 gigatoneladas de CO2 na atmosfera. Desse
total 7,87 gigatoneladas foram geradas pelo setor de transportes. Um dos grandes responsáveis
pelas emissões de CO2 são os veículos a combustão interna. Uma solução para a redução de
emissões de CO2 é a utilização de veículos com zero emissões, como o veículo elétrico a bateria
e o veículo elétrico a célula a combustível (híbrido ou plug-in), já que esses veículos não
realizam combustão e, portanto, não emitem CO2 em sua operação (emissões do tanque a roda).
No entanto, esses veículos ainda podem ter emissões do poço ao tanque dependendo da origem
energética de seu combustível. Neste trabalho analisa-se apenas as emissões do tanque a roda.
154
A quantidade de CO2 emitida na queima de um combustível depende da quantidade de
carbono presente nesse combustível. Geralmente 99% do carbono de um combustível se torna
CO2 após a sua queima [47]. A EPA estima que a queima de um galão de gasolina (4,54L)
emita 8,88 kg de CO2 na atmosfera e um galão de diesel emita 10,18 kg de CO2 [47]. Logo, a
quantidade de CO2 emitida do tanque a roda de um veículo depende de seu consumo de
combustível.
A equação 9.1 detalha a emissão de CO2 do tanque a roda de um veículo a combustão
interna que usa gasolina [47]:
𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝐶𝑂2 =
𝐷 . 8,88
𝑀𝑃𝐺
(9.1)
Onde:
- D é a distância percorrida em milhas.
- MPG é número de milhas que o veículo consegue percorrer com 1 galão de gasolina;
- 8,88 é a massa em kg de CO2 emitida por galão de gasolina consumido.
O Hyundai Tucson percorre 30 milhas (48,3 km) com um 1 galão de gasolina (4,54L)
no ciclo combinado. Se o veículo percorrer a distância diária média de um cidadão americano
[33], 39 milhas (48,3 km), ele emitirá do tanque a roda por dia:
𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝐶𝑂2 =
39 . 8,88
30= 11,54 𝑘𝑔 𝐶𝑂2
(9.2)
A tabela 9.19 extrapola os valores de emissão do tanque a roda de CO2 diários para um
ano e para 10,5 anos (vida útil estimada do veículo a célula a combustível neste trabalho) para
o Hyundai Tucson, supondo que se percorra 39 milhas todos os dias:
Tabela 9.19 – Emissões do tanque a roda de CO2 do Hyundai Tucson61
Emissões de CO2
Diária [kg] 11,54
Anual [Ton] 4,21
Ao longo de 10,5 anos [Ton] 44,27
155
Observando-se a tabela 9.18 nota-se que, ao longo de 1 ano, o Tucson emite 4,21
toneladas de CO2 do tanque a roda. Logo, ao se comprar um veículo a célula a combustível ou
elétrico ao invés do Tucson, deixa-se de emitir 4,21 toneladas de CO2 do tanque a roda por ano
na atmosfera.
Enfatiza-se que, para ter-se uma comparação completa, ainda é necessário fazer uma
análise do poço ao tanque dos veículos de modo a saber a emissão total de CO2. O estudo
realizado por Lajunen e Lipman [49] calcula as emissões do poço ao tanque de diferentes tipos
de powertrain de um ônibus, esse estudo é uma referência interessante para aprofundar-se no
assunto pois aborda de forma completa esse tema.
156
Capítulo 10
10 Conclusões
O objetivo do trabalho é analisar a performance e custos do Hyundai Nexo em duas
plataformas veiculares (VEHCC e VEHPCC) para diferentes graus de hibridização (GH).
Posteriormente compara-se o custo do melhor veículo de cada configuração e do Nexo original
com o custo de um veículo elétrico e um veículo a combustão da mesma categoria em diferentes
cenários.
Inicialmente introduz-se o software de simulação veicular utilizado (Advisor),
explicando-se as suas funcionalidades utilizadas neste trabalho.
Posteriormente, modela-se o Nexo no software utilizando-se dados reais e estima-se os
dados faltantes. A modelagem apresenta pequeno desvio no consumo (6%) em relação ao
veículo real, provando a sua validade.
A primeira análise é entender como a variação do GH do Nexo original afeta a
performance e custos do powertrain híbrido. É mostrado que conforme se aumenta o GH
melhora-se o consumo do veículo, tempo de aceleração e custos. Dessa forma, a configuração
do Nexo VEHCC com maior GH é a melhor configuração.
A segunda análise é observar o impacto em custos e performance ao se alterar o
powertrain de híbrido para plug-in em diferentes GHs. É mostrado a mesma tendência
observada nos VEHCC, a melhor configuração de VEHPCC é aquela que possui o maior grau
de hibridização pois tem o menor custo, melhor consumo e tempo de aceleração. Também é
mostrado que, para o mesmo GH, o VEHPCC consome menos energia do que o VEHCC.
Ao fim do trabalho, compara-se os custos do Nexo original, melhor Nexo VEHCC e
melhor Nexo VEHPCC com o do Kona (elétrico) e do Tucson (combustão) em três cenários.
No cenário atual (com e sem subvenções), no cenário com volume de produção de 500.000
unidades produzidas ao ano e no cenário de 2030 com a tecnologia de célula a combustível e
tanque economicamente desenvolvidos e com baixo preço do hidrogênio.
Para o cenário atual sem subvenções é mostrado que o melhor Nexo VEHPCC apresenta
o menor custo entre os veículos a célula a combustível (26,6% mais barato que o Nexo
157
Original), seguido pelo melhor Nexo VEHCC (15,2% mais barato que o Nexo Original). Há
uma diferença de 14,1% no custo total entre o melhor Nexo VEHPCC e o melhor Nexo
VEHCC, isso é reflexo da grande diferença entre o preço da eletricidade e do hidrogênio. Esses
resultados mostram a validade econômica das alterações feitas no Nexo original.
Ao se comparar com o Kona e Tucson no cenário atual sem subvenções, nota-se que os
veículos a célula a combustível são bem mais custosos, custando de 1,5 a 2 vezes o valor do
Tucson, enquanto o elétrico é 3% mais barato. Isso mostra que no cenário atual os veículos à
célula a combustível ainda estão muito distantes de serem competitivos diante os veículos a
combustão e veículos elétricos devido ao alto preço do hidrogênio, do sistema de célula a
combustível e do tanque.
Ao se aplicar as subvenções disponíveis no cenário de 2019, há uma redução de 25%
em média no custo total dos veículos a célula a combustível, mas ainda assim, continuam bem
distantes do Tucson e Kona.
No cenário com 500.000 unidades fabricadas ao ano, a redução do preço do hidrogênio
e do sistema de célula a combustível tornam os veículos a célula a combustível mais
econômicos, porém ainda são mais dispendiosos do que o veículo elétrico e a combustão. O
melhor Nexo VEHPCC custa 1,18 vezes o valor do Tucson, o melhor Nexo VEHCC custa 1,25
vezes e o Nexo original custa 1,34 vezes. A diferença de custo total entre o VEHCC e o
VEHPCC cai de 14% para 6%, isso é reflexo do barateamento do hidrogênio em relação a
energia elétrica.
No cenário de 2030, o melhor Nexo VEHCC tem o menor custo total, 10% mais barato
do que o Tucson. O Nexo original é o segundo colocado custando 5% a menos que o Tucson.
O Kona é o terceiro veículo, 4% mais barato que o Tucson. O melhor VEHPCC é o quarto
colocado ligeiramente mais barato (1% a menos) do que o Tucson. Isso mostra que, quando
atingir-se os custos previstos pelo DOE para 2030, os veículos à célula a combustível serão
economicamente competitivos com os veículos a combustão de combustão interna e até com os
veículos elétricos.
Na última seção mostrou-se que ao se utilizar o Hyundai Nexo ou Hyundai Kona ao
invés do Tucson com o perfil de uso de um cidadão americano, deixa-se de emitir 44,27
toneladas de CO2 do tanque a roda por ano em 10,5 anos (vida útil estimada do Nexo).
158
Sugere-se para trabalhos futuros que se realize a modelagem do veículo utilizando-se
apenas dados reais, visto que nesse estudo algumas variáveis foram estimadas no FASTSim
devido a sua indisponibilidade no momento atual. Para a análise econômica é interessante
também se considerar diferentes preços da gasolina e energia elétrica em cada cenário, nesse
estudo utilizou-se os mesmos valores em todos os cenários. Também sugere-se calcular as
emissões do poço a roda de cada veículo para ter-se uma análise completa de emissões do
veículo, visto que neste estudo considerou-se apenas as emissões do tanque a roda.
159
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164
Apêndice A
Neste apêndice são mostradas as telas de resultados das configurações 2,4,5 e 6 do Nexo
VEHCC para os ciclos HFWET e UDDS.
Figura A.1 – Consumo configuração 2 (GH=25,5%) para 1 ciclo UDDS 63
165
Figura A.2 – Consumo configuração 2 (GH=25,5%) para 1 ciclo HWFET 64
Figura A.3 – Consumo configuração 4 (GH=39,8%) para 1 ciclo UDDS 65
166
Figura A.4 – Consumo configuração 4 (GH=39,8%) para 1 ciclo HWFET 66
Figura A.5– Consumo configuração 5 (GH=50,0%) para 1 ciclo UDDS 67
167
Figura A.6 – Consumo configuração 5 (GH=50,0%) para 1 ciclo HWFET 68
Figura A.7 – Consumo configuração 6 (GH=60,1%) para 1 ciclo UDDS 69
168
Figura A.8 – Consumo configuração 6 (GH=60,1%) para 1 ciclo HWFET 70
As próximas figuras são relativas as simulações com 39 milhas utilizadas no cálculo do custo
dos combustíveis:
169
Figura A.9 – Performance da configuração 2 (GH=25,5%) em 5,24 ciclos UDDS71
Figura A.10 – Performance da configuração 2 (GH=25,5%) em 3,81 ciclos HWFET72
170
Figura A.11 – Performance da configuração 3 (GH=39,8%) em 5.24 ciclos UDDS 73
Figura A.12 – Performance da configuração 3 (GH=39,8%) em 3.81 ciclos HWFET74
171
Figura A.13 – Performance da configuração 4 (GH=50,0%) em 5.24 ciclos UDDS75
Figura A.14 – Performance da configuração 4 (GH=50,0%) em 3.81 ciclos HWFET76
172
Figura A.15 – Performance da configuração 5 (GH=60,2%) em 5.24 ciclos UDDS77
Figura A.16 – Performance da configuração 5 (GH=60,2%) em 3.81 ciclos HWFET78
173
Figura A.17 – Performance da configuração original (GH=29,6%) em 5.24 ciclos UDDS 79
Figura A.18 – Performance da configuração original (GH=29,6%) em 3.81 ciclos HWFET 80
174
Figura A.19– Performance da configuração 7 (GH=61,6%) em 5.24 ciclos UDDS 81
Figura A.20 – Performance da configuração 7 (GH=61,6%)em 3.81 ciclos HWFET 82
175
Apêndice B
Nesse apêndice são mostradas as telas de resultados do Nexo VEHPCC para diversos graus de
hibridização no ciclo HFWET.
Figura B.1 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=24,1%83
176
Figura B.2 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=29,6%84
Figura B.3 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=40,1%85
177
Figura B.4 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=50,1%86
Figura B.5 – Simulação de 3.81 ciclos HFWET para a configuração com GH=60,1%87