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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ANÁLISE DOS PROCESSOS DE INJEÇÃO DE CO2E ÁGUA EM
RESERVATÓRIOS COM CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-SAL
Ricardo de Castro Madruga Filho
Novembro de 2017
NATAL, RN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
ii Ricardo de Castro Madruga Filho
Ricardo de Castro Madruga Filho
ANÁLISE DOS PROCESSOS DE INJEÇÃO CONTÍNUA DE CO2 E ÁGUA EM
RESERVATÓRIOS COM CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-SAL
Trabalho apresentado ao Curso de
Engenharia de Petróleo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenção do título
de Engenheiro de Petróleo.
Orientador (a): Dra. Jennys Lourdes Meneses Barillas, Dr. Tarcilio Viana Dutra Junior
Novembro de 2017
NATAL, RN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
iii Ricardo de Castro Madruga Filho
Orientadores: Dra. Jennys Lourdes Meneses Barillas, Dr. Tarcilio Viana Dutra
Junior
ANÁLISE DOS PROCESSOS DE INJEÇÃO CONTÍNUA DE CO2 E ÁGUA EM
RESERVATÓRIOS COM CARACTERÍSTIVAS DO PRÉ-SAL
Natal, 22 de Novembro de 2017
O aluno Ricardo de Castro Madruga Filhofoiconsiderado aprovadonoseu trabalho
de conclusão para obtenção do título de Formação em Engenharia de Petróleo.
Banca examinadora formada por:
__________________________________________
Prof. Dra. Jennys Lourdes Meneses Barillas
Orientadora - UFRN
__________________________________________
Prof. Dr. Tarcilio Viana Dutra Junior
Orientador - UFRN
__________________________________________
Msc.MarceloPenninck Junior
Membro examinador – UFRN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
iv Ricardo de Castro Madruga Filho
MADRUGA FILHO, Ricardo de Castro. Análise dos processos de injeção contínua de CO2 e
água em reservatórios com características do pré-sal. 2017. 56 f. TCC (Graduação) - Curso de
Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.
Orientadores:Profª. Drª. Jennys Lourdes Meneses Barillas, Prof. Dr. Tarcilio Viana Dutra
Junior
RESUMO
___________________________________________________________________________
A província do pré-sal é composta por grandes concentrações de óleo leve, de boa qualidade e
alto valor comercial, sendo um marco importante nas últimas décadas no Brasil e no mundo.
Existem várias técnicas de recuperação do reservatório. A injeção de água é um processo de
deslocamento do óleo, bastante utilizada na indústria do petróleo devido sua ampla
disponibilidade e baixo custo de operação. A injeção de CO2 pode ser considerada um método
miscível, esse processo elimina as tensões interfaciais dos fluidos. Neste trabalho foi feito a
análise dos processos de injeção de CO2 e água em reservatórios com características do pré-
sal, através da modelagem dos fluidos, simulação do reservatório, perfuração e completação
de diversas configurações de poços e uma análise comparativa entre os dois processos, pelo
método de simulação numérica no software da CMG, modulo WinProp, Builder, GEM e
Results Graphics e 3D. Buscando obter o melhor método de produção, de acordo com o fator
de recuperação, analisando as malhas, as vazões de injeção e os canhoneados. Essa pesquisa
contribuiu para mostrar que A utilização da produção primaria para o reservatório estudado
deu uma resposta de fator de recuperação de 14,11 %, com a aplicação da injeção de água
como um método de recuperação alcançou 57,77 %, enquanto que a injeção de CO2 atingiu
94,95 %. Outro fator fundamental é a reutilização de um composto causador de impactos
ambientais em um aliado, diminuindo o problema e incrementando a recuperação,
simultaneamente.
Palavras-Chave: Injeção de CO2. Injeção de água. Pré-sal. Simulação de reservatórios.
Recuperação avançada de petróleo. Recuperação especial de petróleo.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
v Ricardo de Castro Madruga Filho
MADRUGA FILHO, Ricardo de Castro. Analysis of the processes of injecting CO2 and
water in reservoir with Brazilian pre salt characteristics. 2017. 56 pages. Final Project Paper –
Undergraduation on Petroleum Engineering, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, Brazil, 2017.
Advisor: Profª. Drª. Jennys Lourdes Meneses Barillas, Prof. Dr. Tracilio Viana Dutra Junior
ABSTRACT
__________________________________________________________________________
The pre-salt field is composed of large concentrations of light oil, with good quality
and high commercial value, being an important historic mark in the last decades in Brazil and
in the world. There are several reservoir recovery techniques. Water injection is an oil
displacement process, widely used in the oil industry due to its wide availability and low
operating cost. CO2 injection could be considered a miscible method, this process eliminates
the interfacial tensions of the fluids. In this research the CO2 and water injection processes
were performed in reservoirs with pre-salt characteristics, through fluid modeling, reservoir
simulation, drilling and completion of several well configurations and a comparative analysis
between the two processes, by numerical simulation method in CMG software, WinProp,
Builder, GEM and Results Graphics and 3D. Seeking to obtain the best production method,
according to the recovery factor, analyzing the injections patterns, the injection rate and the
completion. This research contributed to show that the use of primary production to the
reservoir studied gave a recovery factor response of 14.11%, with the application of water
injection as a recovery method reached 57.77%, while the injection of miscible CO2 reached
94.95%. Another key factor is the reuse of a compound that causes environmental impacts on
an ally, reducing the problem and increasing recovery simultaneously.
Keywords: CO2 flooding. Water flooding. Brazilian pre salt. Resevoir simulation. Enhanced
oil recovery. Improved oil recovery.
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vi Ricardo de Castro Madruga Filho
DEDICATÓRIA
Dedico esta, bem como as minhas demais conquistas, à minha mãe, Adriana Moura
Monteiro Madruga, por acreditar no meu potencial, pelos sacrifícios feitos, pelas orações
feitas e por sempre me incentivar a fazer além do que os demais fazem.
Agradecer aos meus pais e familiares por todo o apoio e incentivo dado ao longo de
toda minha vida.
À minha orientadora e amiga Jennys Lourdes Meneses Barillas por ter me apoiado,
tido paciência, me indicado os melhores caminhos a percorrer e ter transmitido conhecimento
e confiança para fazer deste trabalho o mais excelente possível.
Ao meu orientador e exemplo Tarcilio Viana Dutra Juniorpelas oportunidades de
acompanhar ele durante suas aulas e expandir meus conhecimentos.
Ao meu colega e grande amigo Marco Aurélio da Câmara Cavalcanti de Albuquerque
Neto por ter me acompanhado nos estudos, companheiro de trabalhos e projetos, ter sido um
dos grandes incentivos para meu espírito competitivo.
A todos os professores do curso de engenharia de petróleo da UFRN, em especial da
área de reservatórios, por saciarem minha sede de conhecimento, se mostrarem presentes para
as dúvidas, ter me passado o máximo de conhecimento possível e apresentado a beleza que é a
engenharia de petróleo e a engenharia de reservatórios.
Agradeço a todos que de forma direta ou indireta estiveram presentes e influenciaram
nesse período de 5 anos de aprendizado.
Dedico ao meu irmão, João Victor Moura Monteiro Madruga, para que se inspire,
obtenha sucesso na vida, acredite no seu potencial e sempre ultrapasse seus limites.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
vii Ricardo de Castro Madruga Filho
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo conhecimento e
oportunidades adquiridas.
Agradeço à Computer Modelling Group pela disponibilidade de seus softwares.
Agradeço ao LASIMPET pela estrutura tecnológica.
Agradeço ao DPET pelo apoio fornecido.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
viii Ricardo de Castro Madruga Filho
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 ASPECTOS TEÓRICOS 2
2.1 PETRÓLEO 2
2.2 CLASSIFICAÇÃO DO ÓLEO 2
2.3 RESERVATÓRIO 3
2.4 FORMAÇÃO DA CAMADA PRÉ-SAL 3
2.5 CARACTERÍSTICAS DOS RESERVATÓRIOS DO PRÉ-SAL 4
2.6 MÉTODO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO 5
2.6.1 Mecanismos de produção 7
2.6.2 Injeção contínua de água 7
2.6.3 Injeção miscível de CO2 8
3 MATERIAS E MÉTODOS 9
3.1 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS UTILIZADAS 9
3.1.1 WinProp 9
3.1.2 Builder 9
3.1.3 GEM 10
3.1.4 Results Graphs e 3D 10
3.2 MODELO DE FLUIDO 10
3.2.1 Propriedades dos fluidos e das rochas 12
3.3 INTERAÇÃO ROCHA FLUIDO 16
3.4 CARACTERÍSTICAS DO MODELO BASE DO RESERVATÓRIO 18
3.5 CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS DO MODELO BASE 23
3.6 METODOLOGIA PARA REALIZAÇÃO DO TRABALHO 24
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 26
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
ix Ricardo de Castro Madruga Filho
4.1 ESTUDO DO PROCESSO SEM INJEÇÃO DE FLUIDOS 26
4.1.1 Análise da pressão de fundo de poço do Modelo Base 26
4.2 ESTUDO DA INJEÇÃO DE ÁGUA 30
4.2.1 Análise das malhas de produção 30
4.2.2 Influência da vazão de injeção de água na produção de óleo 37
4.2.3 Análise dos poços produtores direcionais 39
4.3 ESTUDO DA INJEÇÃO DE CO2 44
4.3.1 Análise das malhas de produção 44
4.3.2 Influência da vazão de injeção de CO2 na produção de óleo 46
4.3.3 Análise dos poços produtores direcionais 48
4.4 COMPARATIVO ENTRE A INJEÇÃO DE CO2 E DE ÁGUA 50
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 52
5.1 CONCLUSÕES 52
5.2 RECOMENDAÇÕES 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
x Ricardo de Castro Madruga Filho
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2-1: Representação geológica do pré-sal. ..................................................................... 4
Figura 2-2: Localização geográfica da província. ................................................................... 5
Figura 2-3: Método de recuperação. ....................................................................................... 6
Figura 3-1: Curva de fator volume de formação e razão de solubilidade em função da pressão.
..................................................................................................................................... 13
Figura 3-2: Curva de densidade do óleo em função da pressão. ............................................ 14
Figura 3-3: Curva de viscosidade do óleo em função da pressão. .......................................... 15
Figura 3-4: Comparativo do envelope de fases. .................................................................... 16
Figura 3-5: Curva de permeabilidade relativa da água e do óleo em função da saturação de
água. ............................................................................................................................ 17
Figura 3-6: Curva de permeabilidade relativa do gás e do óleo em função da saturação de
liquido. ......................................................................................................................... 17
Figura 3-7: Diagrama ternário do fluido do reservatório. ...................................................... 18
Figura 3-8: Comparativo do Modelo Base e os dados fornecidos. ......................................... 20
Figura 3-9: Vista ik do Modelo Base. ................................................................................... 21
Figura 3-10: Vista 3D do Modelo Base. ............................................................................... 22
Figura 3-11: Poço vertical com canhoneio completo do intervalo. ........................................ 24
Figura 4-1: Exibição das pressões de fundo do poço produtores. .......................................... 27
Figura 4-2: Comparativo do Fator de Recuperação para as diferentes pressões de fundo do
poço. ............................................................................................................................ 28
Figura 4-3: Comparativo da capa de gás formada para as diferentes pressões. ...................... 29
Figura 4-4: Configurações das malhas de injeção de água. ................................................... 31
Figura 4-5: Comparativo do FR para as configurações de malhas. ........................................ 35
Figura 4-6: Comparativo da Qo para as diferentes configurações de malha. .......................... 36
Figura 4-7: Comparativo do FR para as diferentes vazões de injeção de água. ...................... 37
Figura 4-8: Comparativo do Qo para as diferentes vazões de injeção de água. ...................... 38
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xi Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-9: Mudanças dos poços produtores para a injeção de água. ..................................... 40
Figura 4-10: Comparativo do FR para as mudanças dos poços direcionais. ........................... 43
Figura 4-11: Comparativo do Qo para as diferentes configurações de poços produtores. ...... 44
Figura 4-12: Comparativo das configurações de malhas de injeção de CO2. ......................... 45
Figura 4-13: Comparativo da Qo para as diferentes configurações de malha para injeção de
CO2. ............................................................................................................................. 46
Figura 4-14: Comparativo do FR para as diferentes vazões de injeção de CO2. .................... 47
Figura 4-15: Comparativo do FR para as mudanças do canhoneio para a injeção de CO2. ..... 49
Figura 4-16: Comparativo do Qo para as diferentes configurações de poços produtores. ...... 50
Figura 4-17: Comparativo do FR para a injeção de água e CO2. ........................................... 51
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xii Ricardo de Castro Madruga Filho
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1: Classificação API do óleo. ................................................................................... 2
Tabela 2-2: Estimativa do FR para os diversos mecanismos de produção. .............................. 7
Tabela 3-1: Componentes do fluido presente no reservatório. ............................................... 11
Tabela 3-2: Agrupamento do fluido no reservatório.............................................................. 12
Tabela 3-3: Propriedades do reservatório.............................................................................. 19
Tabela 3-4: Configuração do refinamento do reservatório. ................................................... 19
Tabela 3-5: Parâmetros operacionais. ................................................................................... 23
Tabela 4-1: Relação entre BHP e o FR. ................................................................................ 30
Tabela 4-2: Configuração de malhas para a injeção de água. ................................................ 31
Tabela 4-3: Relação vazão de injeção de água e o FR. .......................................................... 39
Tabela 4-4: Descrição das mudanças dospoços produtores do modelo de injeção de água. ... 39
Tabela 4-5: Relação vazão de injeção de CO2 e FR. ............................................................. 48
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xiii Ricardo de Castro Madruga Filho
LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SÍMBOLOS E/OU SIGLAS
API – American PetroleumInstitute
BHP – Bottom Hole Pressure
CMG – Computer Modelling Group Ltd.
CO2 – Dióxido de carbono
CO2inj – Dióxido de carbono injetado
cP - centipoise
C1 - Metano
C2 - Etano
C3 - Propano
C6 - Hexano
C7 - Heptano
C8 - Octano
C9 - Nonano
C10 - Decano
C11- Undecano
C12- Dodecano
C13- Tridecano
C14- Tetradecano
C15- Pentadecano
C16- Hexadecano
C17- Heptadecano
C18- Octadecano
C19- Nonadecano
C20+- Eicosano mais
FR – Fator de recuperação
i – direção do eixo x
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xiv Ricardo de Castro Madruga Filho
iC4 – isobutano
iC5 – isopentano
ij – plano formado pelo eixo x e y
ik – plano formado pelo eixo x e z
j – direção do eixo y
k – direção do eixo z
kgf/cm2 – quilograma força por centímetro quadrado
km – quilometro
kPa – quilo pascal
krg – permeabilidade relativa ao gás
krog – permeabilidade relativa ao óleo e gás
krow – permeabilidade relativa ao óleo e água
krw – permeabilidade relativa a água
Mm3std/d – mil metros cúbicos padrões por dia
Mm3/d – mil metros cúbicos por dia
m - metro
mD -mili Darcy
m3std/d – metros cúbicos padrões por dia
m3std/m
3std - metros cúbicospadrões por metros cúbicos padrões
m3/d - metros cúbicos por dia
N2 – Nitrogênio
nC4 – normal butano
nC5 – normal pentano
P – pressão
pp – pontos percentuais
Psi – pound per squaredinch
Q – vazão
Qo – vazão de óleo
rb/stb – relative barrel per stock tank barrel
RGO – razãogás-óleo
scf/stb – standard cubic foot per stock tank barrel
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xv Ricardo de Castro Madruga Filho
Sgas – gás saturation
Sl – saturação de líquido
Soil – oilsaturation
Sw – saturação de água
Swater – watersaturation
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2D – duas dimensões
3D – três dimensões
oAPI – grau API
oC – grau Celsius
oF – grau Fahrenheit
% - porcentagem
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1 Ricardo de Castro Madruga Filho
1 INTRODUÇÃO
A importância do petróleo na sociedade é extrema e fundamental, não apenas como
uma das principais fontes de energia, mas seus derivados são a matéria prima para inúmeros
bens de consumo.
A Petrobras conduziu as descobertas de um marco importante, o achado do pré-sal. O
reservatório do pré-sal apresenta grandes quantidades de óleo leve com elevado valor
comercial devido a sua ótima qualidade. A formação geológica do pré-sal está localizada
abaixo de uma extensa camada de sal, com características de grandes depressões onde são
acumuladas e retidas matéria orgânica, que através de processos termoquímicos se
transformam em hidrocarbonetos (PETROBRAS,2015a).
A engenharia de reservatórios é um estudo do comportamento dos processos de
produção de um reservatório de petróleo, usado para otimizar a produção, no aspecto
operacional e econômico.
As fontes de energia primária do reservatório são provenientes das circunstancias e
situações sofridas pela formação. A perda dessa energia é identificada pelodecréscimo da
pressão do reservatório, expansão dos fluidos e a indução do escoamento dos fluidos
(WALSH, 2007). O primeiro estimulo de produção origina do próprio reservatório com sua
energia natural, o segundo é proveniente da recuperação convencional e o terceiro resultante
da recuperação especial (THOMAS, 2004).
O presente trabalho foi realizado através dos softwares de simulação providos pelo
Computer Modelling Group Ltd.- CMG. O WinProp utilizado para a modelagem do fluido, o
Builder para a construção física do reservatório e parâmetros operacionais, o GEM para a
simulação dos dados e o Results Graphcs e 3D para os comparativos e analises dos resultados.
O presente trabalho tem como objetivo de realizar a modelagem dos fluidos do pré-sal,
simular o reservatório, perfurar e completar diversas configurações de poços e uma análise
comparativa entre os sistemas de injeção de CO2 e água. Buscando obter o melhor método de
produção, de acordo com o fator de recuperação, analisando as malhas, as vazões de injeção e
os canhoneados.
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2 Ricardo de Castro Madruga Filho
2 ASPECTOS TEÓRICOS
Nesta seção são tratados conceitos utilizados no decorrer do trabalho de conclusão de
curso para explicar os fenômenos que acontecem.
2.1 PETRÓLEO
O petróleo é composto por centenas de misturas de compostos químicos orgânicos e
inorgânicos, conhecidos como hidrocarbonetos e contaminantes. O petróleo pode ser
encontrado no estado gasoso, liquido ou solido, algumas vezes mais de um estado pode estar
presente. Possui, em geral, características oleosas, viscosas, menos denso que a água, cheiro
forte, cor escura e inflamável (THOMAS, 2004).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DO ÓLEO
O oAPI, foi criado pela American Petroleum Institute para medir a densidade relativa
de óleos e derivados. Usado para classificação do petróleo bruto encaminhado a refinaria. De
acordo com a Tabela 2-1 percebe-se que com o aumento do grau API a densidade do óleo
decresce e o valor comercial é elevado (PETROLEUM.CO.UK, 2017).
Tabela 2-1: Classificação API do óleo.
Tipo do óleo oAPI
Leve >31
Mediano <31 e >22
Pesado <22 e >10
Extra pesado <10
Fonte: PETROLEUM.CO.UK, 2017.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
3 Ricardo de Castro Madruga Filho
2.3 RESERVATÓRIO
É a rocha a qual o petróleo migrado é acumulado. A rocha reservatório pode
apresentar qualquer origem, porém é necessário que ela possua espaços vazios, poros, e que
eles estejam conectados, permitindo o escoamento do óleo através deles, permeabilidade.
Todas as rochas sedimentares, arenitos e calcarenitos podem ser boas rochas reservatório,
folhelhos e alguns carbonatos também podem ser considerados, caso apresentem fraturas
(THOMAS, 2004).
2.4 FORMAÇÃO DA CAMADA PRÉ-SAL
A PETROBRAS, empresa exploradora e explotadora de petróleo brasileira, conduziu
as descobertas de um marco importante para as últimas décadas no Brasil e no mundo, o
achado do pré-sal. A província do pré-sal apresenta grandes quantidades de óleo leve com
elevado valor comercial devido a sua suprema qualidade. A formação geológica do pré-sal é
composta por rochas sedimentares formadas há milhões de anos, localizada abaixo de uma
extensa camada de sal, com características de grandes depressões onde são acumuladas e
retidas matéria orgânica, que através de processos termoquímicos se transformam em
hidrocarbonetos, exibido de acordo com a Figura 2-1 (PETROBRAS,2015a).
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
4 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 2-1: Representação geológica do pré-sal.
Fonte: PETROBRAS, 2016.
2.5 CARACTERÍSTICAS DOS RESERVATÓRIOS DO PRÉ-SAL
Segundo Mello (2011), estudos iniciais estima-se que a província do pré-sal se estende
entre o Estado do Espírito Santo e Estado de Santa Catarina, com extensão de 800 km e
largura de 200 km, com profundidade entre 5 mil e 7,5 mil metros a partir da superfície do
mar. Sua reserva é estimada em 10 a 16 bilhões de barris, localizada na Bacia de Santos,
Bacia de Campos e Bacia do Espírito Santo, como mostra a Figura 2-2
(PETROBRAS...2012).
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
5 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 2-2: Localização geográfica da província.
Fonte: PETROBRAS, 2012.
Os reservatórios do Campo de Lula, localizado na porção central da Bacia de Santos,
são rochas carbonáticas de origem microbiana com capacidade de volumes recuperáveis
estimados entre 5 e 8 bilhões de barris, apresentando óleo leve de grau API entre 27 e 30,
pressões iniciais do reservatório de 56.878 kPa, temperatura inicial de 147,2 oF, com RGO de
220 a 240 m3std/m
3std, viscosidade do óleo de 1,14 cP e contendo CO2 em solução de 8 a 12%
(NAKANO et al., 2009).
De acordo com a PPSA (2014), o Campo de Libra é composto por reservatórios
carbonáticos com volumes recuperáveis de 8 a 12 bilhões de barris, submetido a alta pressão e
baixa temperatura, contendo um óleo de grau API de 27, com RGO superior a 400
m3std/m3std e conteúdo de CO2 de 44%.
2.6 MÉTODO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO
As acumulações de petróleo possuem, inicialmente, certa quantidade de energia
determinada pelo volume, natureza do fluido presente, pressão e temperatura predominantes
no reservatório, denominada de energia primária (ROSA; CARVALHO; XAVIER, 2006). As
fontes básicas de energia primária do reservatório são provenientes da energia de compressão
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
6 Ricardo de Castro Madruga Filho
da água, rocha, óleo e do gás, e da energia gravitacional causada pela segregação de óleo e
gás. A perda dessa energia é identificada pelo declínio na pressão do reservatório, expansão
dos fluidos e a indução do escoamento dos fluidos, que resultarão na produção (WALSH,
2007).
De acordo com Rosa, Carvalho e Xavier (2006) existem dois caminhos a serem
seguidos para minimizar os efeitos negativos da dissipação da energia primária do
reservatório:
Suplementá-la com energia secundária, artificialmente comunicada, através da injeção
de certos fluidos em poços selecionados e/ou;
Reduzir as resistências viscosas e capilares por meio de métodos especiais.
Segundo Thomas (2004) o primeiro esforço de recuperação origina do próprio
reservatório com sua energia natural, o segundo é proveniente da recuperação secundaria ou
convencional, e o ultimo resultante da recuperação terciária ou especial, como demonstrado
na Figura 2-3.
Figura 2-3: Método de recuperação.
Fonte: GUEDES JÚNIOR, 2016.
Injeção de vapor
Combustão in-situ
SAGD
Injeção de CO2
Injeção de N2
Injeção de solvente
Injeção de polímeros
Injeção de sufactantes
Microbiológicos
Estimulação sísmica
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7 Ricardo de Castro Madruga Filho
2.6.1 Mecanismos de produção
O reservatório inicialmente dispõe de certa energia natural resultante de todas as
circunstâncias e situações geológicas que a formação passou. O óleo flui dos poros devido à
descompressão, causada pela expansão do fluido, e ao deslocamento de outro fluido, que
invade o espaço do petróleo. O mecanismo de gás em solução são moléculas de gás presentes
no óleo, que ao decorrer da descompressão do fluido se expande. O mecanismo de capa de
gás consiste em um volume de gás separado da fase óleo, que compensará a descompressão
do fluido pela alta compressibilidade do gás. O mecanismo de influxo de água é a invasão da
água de um aqüífero no reservatório deslocando o óleo antes presente. O mecanismo
combinado é a mistura de 2 ou mais mecanismos de produção. Na Tabela 2-2 apresenta uma
estimativa dos fatores de recuperação para cada mecanismo (THOMAS, 2004).
Tabela 2-2: Estimativa do FR para os diversos mecanismos de produção.
Mecanismo de produção Fator de recuperação estimado (%)
Gás em solução <20
Capa de gás >20 e <30
Influxo de água >30 e <40
Combinado Impossível determinar
Fonte: THOMAS, 2004.
2.6.2 Injeção contínua de água
A injeção de água tem excessiva utilização na indústria do petróleo por ter resultados
bastante eficientes de reposição da energia inicial do reservatório que, vai sendo dissipada de
acordo com os fluidos que vai sendo produzindo, sendo de fundamental importância a sua
reposição para obter maiores volumes recuperáveis. As principais razões para esse ser o
método mais utilizado são a disponibilidade abundante do fluido injetado, a água, o baixo
custo de operação, em relação às demais métodos, e por ser um método bastante utilizado e
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8 Ricardo de Castro Madruga Filho
antigo e ter bom conhecimento da tecnologia e especialistas (CORRÊA, 2006 apud PREDA et
al., 2008).
2.6.3 Injeção miscível de CO2
A injeção de CO2, gás natural e de nitrogênio podem ser considerados um método
miscível por tratar-se de processos em que será reduzido ou eliminar as tensões interfaciais,
como o fluido do reservatório e o fluido injetado são misturáveis, eles não apresentam nem
interfaces nem tensões interfaciais (THOMAS, 2001).
O inchamento do óleo no reservatório é resultado da injeção e solubilização do fluido
miscível, assumindo que o volume poroso é constante, o aumento do volume de fluido da
formação produz um aumento da pressão e uma produção maior (SILVA FILHO, 2016).
O CO2 injetado, geralmente, não se dissolve totalmente no primeiro contato,
necessitando de vários contatos, formando um novo fluido composto pelo CO2 e componentes
do óleo. Esse processo ocorre para que haja uma completa dissolução do fluido injetado no
petróleo (MATHIASSEN, 2003).
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9 Ricardo de Castro Madruga Filho
3 MATERIAS E MÉTODOS
Neste trabalho foram usadas ferramentas computacionais para simular o
comportamento do reservatório, do fluido, dos parâmetros operacionais, dos dados pós-
processamento e implementar o método de recuperação.
3.1 FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS UTILIZADAS
Para a produção deste trabalho foi utilizado o simulador computacional da Computer
ModellingGroupLtd. - CMG, através de cinco módulos, todos na versão 2013, o WinProp,
Builder, GEM, ResultsGraphs e Results 3D.
3.1.1 WinProp
O módulo utilizado para a elaboração do modelo de fluido do reservatório. Ele
manipula através de equações de estado para assegurar a analogia dos dados provenientes do
laboratório com os dados do modelo matemático, sendo capaz de fazer previsões de
comportamento de fluido em situações diversas. A ferramenta pode realizar a caracterização
dos fluidos, agrupamento de componentes, ajuste de dados laboratoriais por regressão,
simulação de processos de múltiplo contato e construção de diagrama de fases(COMPUTER
MODELLING GROUP LTD, 2015e).
3.1.2 Builder
A ferramenta utilizada para a construção do modelo físico do reservatório, responsável
pela geração do arquivo .dat que contém o design do reservatório juntamente com o modelo
de fluido proveniente da ferramenta WinProp. A ferramenta proporciona gerenciar
propriedades físicas das rochas, como permeabilidade vertical e horizontal, porosidade, além
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
10 Ricardo de Castro Madruga Filho
de parâmetros operacionais, como pressão de injeção e produção, vazão de produção e injeção
(COMPUTER MODELLING GROUP LTD,2015a).
3.1.3 GEM
O simulador GEM utiliza equações de estado geral para modelar o fluxo trifásico e
multicomponente inserido pelo arquivo .dat. É uma ferramenta eficiente e de ampla
utilização, podendo ser usado para reproduzir testes de laboratório ou campos de petróleo.
Qualificado para simular condições fisioquímicas do reservatório e seus componentes, ele
simula processos miscíveis e imiscíveis, além de qualquer tipo de reservatório(COMPUTER
MODELLING GROUP LTD, 2015b).
3.1.4 Results Graphs e 3D
Módulo aplicado na interpretação e no pós-processamento dos dados gerado pelas
ferramentas de simulação IMEX, STARS e GEM. Nele é possível analisar parâmetros
operacionais, de reservatório e dos fluidos em gráficos 2D e em modelagem 3D, como o fator
de recuperação, vazão de produção, saturação de óleo e temperatura no
reservatório(COMPUTER MODELLING GROUP LTD, 2015c; COMPUTER MODELLING
GROUP LTD, 2015d).
3.2 MODELO DE FLUIDO
Foram adicionados dados de um fluido característico de um óleo leve encontrado no
pré-sal. O módulo WinProp foi utilizado para a montagem do modelo de fluido. Os
componentes presentes no reservatório estudado estão expressos na Tabela 3-1, assim como
sua fração molar.
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Tabela 3-1: Componentes do fluido presente no reservatório.
Componente Fração molar
CO2 0,0824
N2 0,0037
C1 0,5129
C2 0,0707
C3 0,0487
iC4 0,0090
nC4 0,0179
iC5 0,0059
nC5 0,0086
C6 0,0113
C7 0,0164
C8 0,0210
C9 0,0169
C10 0,0155
C11 0,0126
C12 0,0115
C13 0,0119
C14 0,0098
C15 0,0096
C16 0,0075
C17 0,0068
C18 0,0069
C19 0,0063
C20+ 0,0762
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12 Ricardo de Castro Madruga Filho
Para diminuir os esforços computacionais e acelerar as simulações, os componentes do
fluido foram agrupados em pseudocomponentes através da ferramenta WinProp. A
composição dos pseudocomponentes do fluido do reservatório pode ser observada na Tabela
3-2, junto com suas composições molares.
Tabela 3-2: Agrupamento do fluido no reservatório.
Pseudocomponente Composição molar
CO2 0,082
N2 e C1 0,514
C2 e C3 0,118
iC4 – nC5 0,041
C6 – C9 0,065
C10 – C19 0,102
C20+ 0,076
Fonte: Autoria própria.
3.2.1 Propriedades dos fluidos e das rochas
Os ajustes relacionados à propriedade dos fluidos como fator volume de formação,
razão de solubilidade,densidade eviscosidade. A Figura 3-1 representa os pontos
experimentais da razão gás/óleo e o fator volume de formação, pontos verde e pontos
vermelho, com a linha de tendência simulada, linha verde e linha vermelha, pode-se perceber
que os resultados simulados se aproximam aos dados experimentais.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
13 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 3-1: Curva de fator volume de formação e razão de solubilidade em função da
pressão.
Fonte: Autoria própria.
A Figura 3-2 mostra a tendência dos pontos experimentais da densidade do
óleo e a tendência simulada, nota-se que para pressões acima do ponto de bolha, 5.598 psi, a
simulação apresenta um leve desvio dos resultados experimentais.
Raz
ão d
e so
lubil
idad
e
Fato
r volu
me d
e form
ação
Pressão
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Figura 3-2: Curva de densidade do óleo em função da pressão.
Fonte: Autoria própria.
A Figura 3-3 mostra os pontos experimentais e tendência simulada da
viscosidade do óleo, pode-se observar que os resultados simulados são idênticos aos
resultados experimentais.
Den
sidad
e do ó
leo
Pressão
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Figura 3-3: Curva de viscosidade do óleo em função da pressão.
Fonte: Autoria própria.
Para a validação do agrupamento da composição em pseudocomponentes é
necessária a validação dos dados e ambos terem os comportamentos semelhantes. Na
Figura 3-4 pode-se ver que o agrupamento corresponde a uma boa aproximação ao
comportamento dos componentes do fluido do reservatório.
Pressão
Vis
cosi
dad
e do ó
leo
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16 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 3-4: Comparativo do envelope de fases.
Fonte: Autoria própria.
3.3 INTERAÇÃO ROCHA FLUIDO
As interações entre a rocha-fluido são expressas pelas curvas de permeabilidades
relativas da água e do óleo, demonstrado na Figura 3-5, pelas curvas de permeabilidades
relativas do gás e do óleo, exibido na Figura 3-6 e o diagrama ternário da permeabilidade,
mostrado na Figura 3-7.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Pre
ssão
(p
sia)
Temperatura (deg F)
Two phase Envelope
Multicomponentes
Agrupamento
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Figura 3-5: Curva de permeabilidade relativa da água e do óleo em função da
saturação de água.
Figura 3-6: Curva de permeabilidade relativa do gás e do óleo em função da saturação
de liquido.
Per
mea
bil
idad
e re
lati
va
Saturação de água
Saturação de liquido
Per
mea
bil
idad
e re
lati
va
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Figura 3-7: Diagrama ternário da permabilidade do reservatório.
Fonte: Autoria própria.
3.4 CARACTERÍSTICAS DO MODELO BASE DO RESERVATÓRIO
Neste trabalho, foi atribuído um reservatório do tipo anticlinal com o seu topo em uma
profundidade de 5.310 m, com pressão inicia de 61.356 kPa e temperatura inicial de 93,89 oC.
As propriedades de permeabilidade vertical e horizontal, porosidade e compressibilidade são
representadas na Tabela 3-3.
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Tabela 3-3: Propriedades do reservatório.
Propriedade Valor
Permeabilidade horizontal (mD) 375
Permeabilidade vertical (mD) 37,5
Porosidade @61356 kPa 0,10
Compressibilidade da rocha @29995 kPa
(kPa-1)
1,304*10-8
O volume do reservatório foi dividido em seções, na direção i com 32 blocos de 50 m,
concluindo um comprimento de 1600 m, na direção j com 20 blocos de 75 m, concluindo uma
largura de 1500 m e na direção k com 15 blocos de 5,2 m e 1 bloco de 50 m, concluindo uma
profundidade de 128 m, demonstrados na Tabela 3-4.
Tabela 3-4: Configuração do refinamento do reservatório.
Blocos Quantidade Total (m)
I 32 1600
J 20 1500
k 16 128
Fonte: Autoria própria.
Após o refinamento a configuração dos blocos escolhidas foi moldada às curvas de
nível do reservatório, a Figura 3-8 mostra os dados fornecidos para a construção do
reservatório e o modelo do reservatório construído no Builder.
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Figura 3-8: Comparativo do Modelo Base e os dados fornecidos.
Fonte: Autoria própria.
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A Figura 3-9 mostra o plano das direções x e z, com as profundidades de cada camada.
Figura 3-9: Vista ik do Modelo Base.
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 3-10 observa-se a característica anticlinal do reservatório.
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Figura 3-10: Vista 3D do Modelo Base.
Fonte: Autoria própria.
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3.5 CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS DO MODELO BASE
Para definir os parâmetros operacionais do modelo base é necessário saber as
configurações e o sistema que estará sendo utilizado. Neste trabalho foi utilizado um sistema
de injeção de água e de CO2, além de configurações de poços direcionais e poços verticais. A
Tabela 3-5 expressa os valores adotados para os parâmetros operacionais.
Tabela 3-5: Parâmetros operacionais.
Parâmetro Valor
Pressão mínima de fundo nos poços produtores (kPa) 38.597
Vazão máxima por poço de produção de líquido (m3std/d) 4.000
Pressão máxima de fundo nos poços injetores (kPa) 122.713
Vazão máxima total de injeção de CO2 (Mm3std/d) 1.000
Vazão máxima total de injeção de água (m3std/d) 1.700
Fonte: Autoria própria.
Após a importação do fluido para o módulo do Builder, foi perfurado um poço
produtor no centro do reservatório, coordenadas i 16 e j 11 k 1, e com uma completação que
se estende pela a espessura inteira do reservatório para estudo do comportamento dos fluidos
do reservatório, exibido na Figura 3-11.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
24 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 3-11: Poço vertical com canhoneio completo do intervalo.
Fonte: Autoria própria.
3.6 METODOLOGIA PARA REALIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho foi iniciado com a modelagem do fluido de um óleo leve, típico do pré-sal,
no módulo WinProp foi adicionada as características composicional e dados de laboratório de
uma analise PVT.
Foi modelado o reservatório típico do pré-sal, no módulo Builder foram adicionados
dados inerentes as características das rochas reservatório, tais como porosidade,
permeabilidades, profundidades e entre outras.
No mesmo módulo, Builder, é determinado as vazões máximas, pressões máximas e
como o sistema de poços estão distribuídos ao redor do reservatório, a malha. As pressões no
fundo do poço produtor foram mudadas, para identificar uma pressão ótima de operação.
Neste trabalho utilizou-se uma malha five-spot, duas malhas five-spot, uma malha seven-spot,
duas malhas seven-spot, 4 poços direcionais e 6 poços direcionais. Além da variação da vazão
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
25 Ricardo de Castro Madruga Filho
de injeção de CO2 de 0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 800, 900 e 1000 Mm3std/d e a variação
da vazão de injeção de água de 0, 200, 400, 600, 800, 1000, 1200, 1500 e 1700 m3std/d.
Após o estudo das variações das malhas e das vazões de injeção de fluido, foi
realizada a mudança das completações, continuando no módulo do Builder. As analises foram
feitas de acordo com as simulações e a interpretação dos resultados no Results Graphs e 3D
do fator de recuperação, volume de CO2inj, densidade do óleo e entre outros.
Por fim é analisado as mudanças das completações e o comparativo entre os modelos
de injeção de CO2 e de injeção de água, através do módulo do Results Graphs pela
propriedade do fator de recuperação.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
26 Ricardo de Castro Madruga Filho
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
São apresentados, neste capítulo, os produtos das simulações e as discussões em torno
do mesmo, utilizando os resultados obtidos para possibilidade de ser implementada em escala
de campo.
4.1 ESTUDO DO PROCESSO SEM INJEÇÃO DE FLUIDOS
O estudo do processo de recuperação primária, fonte de energia inicial do reservatório,
é importante para poder interpretar
4.1.1 Análise da pressão de fundo de poço do Modelo Base
Analisando com o modelo de produção primária, com a energia proveniente do
reservatório, foram realizadas sete simulações de produção. O objetivo é entender o
comportamento do reservatório.
Foram escolhidas seis pressões distintas de fundo de poço para a simulação. As
primeiras quatro situações possuem as pressões abaixo da pressão de bolha, ou seja, estando
em uma condição em que o reservatório está saturado, apresentando ambas fases, gás e óleo,
13.788 kPa, 27.576 kPa, 31.023 kPa e 34.470 kPa, respectivamente. A quinta pressão
escolhida foi a pressão de bolha, na iminência de haver presença de gás, 38.592 kPa. A sexta
pressão de fundo de poço foi uma pressão acima da pressão de bolha, ou seja, uma condição
subsaturada, onde apresenta apenas a fase óleo, 44.811kPa.
As pressões determinadas são mantidas, mostradas na Figura 4-1, porém no início da
produção apresenta um declínio na pressão e um reajuste rápido, pois o simulador interpreta
que a pressão de produção está abaixo do pré-determinado e reajusta automaticamente para os
valores limites.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
27 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-1: Exibição das pressões de fundo dos poços produtores.
Fonte: Autoria própria.
A Figura 4-2 mostra a resposta do fator de recuperação do óleo para as mudanças da
pressão de fundo do poço produtor.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
28 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-2: Comparativo do Fator de Recuperação para as diferentes pressões de
fundo do poço.
Fonte: Autoria própria.
Pode-se determinar que quando se utiliza a produção primária a queda de pressão no
reservatório é acentuada e acontece em um intervalo de tempo curto, levando em
consideração o tempo de vida estipulado pelo estudo de 40 anos. Em aproximadamente um 1
ano a pressão do reservatório e a pressão de fundo do poço idênticas, o que implica de acordo
com a equação de Darcy, onde a vazão é diretamente proporcional ao diferencial de pressão.
Esses resultados são devido à mudança do mecanismo de produção atuando no
reservatório, pode-se observar que ambos apresentam o mecanismo de gás em solução, porem
para as pressões abaixo da pressão de bolha existe o processo de acumulação de gás no topo
da formação, fazendo um novo mecanismo atuar, o mecanismo de segregação gravitacional.
A liberação do gás encontrado em solução dentro do óleo contribui no FR pelo fato do gás ter
uma compressibilidade bastante superior ao óleo, que tem direta relação com o tamanho da
capa de gás que é formada no reservatório, como se observa na Figura 4-3.
(%)
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
29 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-3: Comparativo da capa de gás formada para as diferentes pressões.
Fonte: Autoria própria.
Na Tabela 4-1 pode ser observada o fator de recuperação para 2 e 40 anos de produção
do reservatório. Com os resultados de 2 e 40 anos e a comparação de ambas, pode ser
percebido que o reservatório já está praticamente no seu limite e o acréscimo do fator de
recuperação para os 38 anos é mínimo.
P 13.788 kPa P 27.576 kPa
P 31.023 kPa P 34.470 kPa
P 38.592 kPa P 44.811 kPa
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
30 Ricardo de Castro Madruga Filho
Tabela 4-1: Relação entre BHP e o FR.
Pressão (kPa) Fator de Recuperação (%)
2 anos
Fator de Recuperação (%)
40 anos
13788 14.10 14,11
27576 7.75 7,76
31023 5.80 5,81
3447 4.18 4,20
38592 2.88 2,88
44811 2.02 2,02
Fonte: Autoria própria.
4.2 ESTUDO DA INJEÇÃO DE ÁGUA
O sistema de injeção de água foi modelado conforme o modelo base e as
características do reservatório típico do pré-sal, as devidas alterações foram feitas para existir
uma coerência do sistema de injeção utilizado e o modelo de simulação adotado.
4.2.1 Análise das malhas de produção
Neste trabalho foi analisada 6 configurações de malhas, com alterações nas
quantidades de poços, distribuição, sistema de injeção e direção das perfurações, onde foram
analisadas configurações com no mínimo 5 poços e no máximo 12, mostradas na Tabela 4-2.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
31 Ricardo de Castro Madruga Filho
Tabela 4-2: Configuração de malhas para a injeção de água.
Configuração Descrição Poços Produtores Poços Injetores
1 Uma malha five-spot invertida 4 1
2 Duas malhas five –spot invertidas 6 2
3 Uma malha seven-spot invertida 6 1
4 Duas malhas seven-spot invertidas 10 2
5 Oito poços direcionais
(injetores na camada inferior)
4 4
6 Doze poços direcionais
(injetores na camada inferior)
6 6
Fonte: Autoria própria.
As vistas 2D das configurações analisadas são mostradas na Figura 4-4.
Figura 4-4: Configurações das malhas de injeção de água.
1
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2
3
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4
5
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Fonte: Autoria própria.
Parâmetros operacionais foram mantidos nas mudanças das configurações para poder
ter um comparativo fiel, a vazão de injeção totalda malha de 1.000m3std/d, o BHP de 38.597
kPa e a vazão total de liquido de 4.000 m3std/d. Foi escolhida a pressão de saturação para que a
presença do gás não interferisse com o fluido injetado. Os modelos tiveram um tempo de
projetode 40 anos, e o fator principal para a análise foi o FR.
A Figura 4-5 mostra um comparativo das diferentes configurações e seus respectivos
Fatores de Recuperação.
6
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35 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-5: Comparativo do FR para as configurações de malhas.
Fonte: Autoria própria.
A configuração 4 possui um baixo desempenho, pelo fato do sistema não apresentar
bom varrido pelas distâncias dos poços.As configurações 1 e 2, possuem comportamentos e
volume de óleo recuperado semelhantes por se tratarem de configurações similares. As
configurações 3 e 4, possuem um comportamento parecidos, porem o espaçamento e a
distribuição dos poçosda configuração 4 causam uma diferença no FR. Já as configurações 5 e
6 apresentam um maior fator de recuperação pelo fato da área aberta ao fluxo ser maior e o
tempo da chegado do fluido injetado ser superior. De acordo com os resultados obtidos foi
identificado a melhor escolha sendo a configuração 5, malha composta por 8 poços
direcionais, para continuar os estudos, pois este modelo representa a maior recuperação de
óleo do reservatório, FR de 57,17 %, dentre as demais.
(%)
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36 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-6: Comparativo da Qo para as diferentes configurações de malha.
Fonte: Autoria própria.
É possível observar na Figura 4-6, que todas as configurações possuem um
comportamento idênticos até o ano de 2005, pois nenhumas dos sistemas tinham chegado no
breakthrough. A chegada do fluido injetado é representada pelo decréscimo brusco da vazão
de óleo, pois o petróleo que estava sendo produzido sozinho está sendo produzido em
conjunto com a água. É notório que para as configurações 4, a chegada do fluido é rápida pelo
fato de se tratar de poços produtores verticais próximos dos poços injetores. As configurações
5 e 6, tratam-se de poços direcionais que demonstram um tempo de breakthrough maiores que
as demais configurações.
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37 Ricardo de Castro Madruga Filho
4.2.2 Influência da vazão de injeção de água na produção de óleo
As mudanças nas vazões foram realizadas com um passo de 200 m3std/d até ser
atingido o limite, onde o acréscimo de volume injetado não tem alteração significativa no FR,
utilizando a configuração de malha 5, mostrado na Figura 4-7.
Figura 4-7: Comparativo do FR para as diferentes vazões de injeção de água.
Fonte: Autoria própria.
A adição da quantidade de fluido que é injetada no reservatório, como técnica de
deslocamento, tem uma resposta crescente no Fator de Recuperação, porém esse acréscimo
possui um limite.
(%)
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38 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-8: Comparativo do Qo para as diferentes vazões de injeção de água.
Fonte: Autoria própria.
É possível visualizar que a produção primária do reservatório não é satisfatória, pois
não consegue recuperar quantidades significativas do óleo. A Figura 4-8 mostra as vazões de
óleo para as diferentes vazões de injeção, observando as quedas de vazões e o tempo do
breakthrough. Injetando de 200 a 600 m3std/d, percebe-se que a inclinação da curva se mantém
constante, representando que ainda não houve a chegada do fluido injetado aos poços
produtores. Para vazões de injeção maiores que 800 m3std/d, os valores de FR são
semelhantes, indicando que o sistema de injeção está próximo do limite, a diferença
predominante entre as 5 últimas configurações é que eles atingem em tempos diferentes o
limite produtivo, quanto maior a vazão mais rápido atinge o limite produtivo da configuração.
De acordo com os resultados obtidos, demonstrados na Tabela 4-3, foi escolhido a
vazão de injeção de 1.200 m3std/d, para continuar os estudos, pois este modelo corresponde a
recuperação de óleo do reservatório de 57,43%.
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39 Ricardo de Castro Madruga Filho
Tabela 4-3: Relação vazão de injeção de água e o FR.
Vazão de injeção de água (m3std/d) Fator de Recuperação (%)
40 anos
0 2,88
200 17,78
400 32,62
600 47,33
800 56,20
1000 57,16
1200 57,43
1500 57,54
1700 57,60
Fonte: Autoria própria.
4.2.3 Análise dos poços produtores direcionais
Foi realizada uma análise da direção e da completação dos poços direcionais para a
configuração 5, utilizando uma vazão de injeção de água de 1.200 m3std/d. As descrições das
mudanças estão descritas na Tabela 4-4.
Tabela 4-4: Descrição das mudanças dos poços produtores do modelo de injeção de
água.
Configuração Descrição da mudança
1 Nenhuma alteração.
2 Redução do comprimento da completação.
3 Rotação 45º no sentido horário do plano ij.
4 Rotação 45º no sentido horário do plano ij e redução do
comprimento da completação.
Fonte: Autoria própria.
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40 Ricardo de Castro Madruga Filho
A Figura 4-9 mostra uma vista ij das alterações de direção e completaçãofeitas nos
poços produtores da configuração 5.
Figura 4-9: Mudanças dos poços produtores para a injeção de água.
1
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2
3
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42 Ricardo de Castro Madruga Filho
Fonte: Autoria própria.
As mudanças podem trazerresultados interessantes, pois com o retardo do fluido
injetado teremos o atraso dos fingers, caminhos preferenciais que o fluido injetado percorre
uma maior parte do reservatório varrido e uma economia no tratamento do fluido injetado que
é produzido. Na Figura 4-10 mostra o comportamento do FR para as mudanças dos poços
direcionais.
4
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43 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-10: Comparativo do FR para as mudanças dospoços direcionais.
Fonte: Autoria própria.
Observado o gráfico, pode-se determinar que a mudança no canhoneio não tem uma
influência grande no fator de recuperação final, diferença de 0,31% entre as configurações 1 e
4. Na Figura 4-11é possível identificar o atraso do breakthrogh, explicando assim o aumento
do FR.
(%)
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Figura 4-11: Comparativo do Qo para as diferentes configurações de poços
produtores.
Fonte: Autoria própria.
4.3 ESTUDO DA INJEÇÃO DE CO2
Igualmente ao sistema de injeção de água, o modelo de injeção de CO2 foi preparado
conforme o modelo base e as devidas alterações foram feitas para não haver diferenças entre o
sistema de injeção de gás utilizado e o modelo de simulação adotado.
4.3.1 Análise das malhas de produção
Foi realizado a análise 6 tipos de malhas, com alterações nas quantidades de
poços,direção das perfurações, distribuição e sistema de injeção, onde foram analisadas
esquemas com no máximo 12 poços e no mínimo 5. As configurações são as mesmas
configurações adotadas na análise das malhas de produção para a injeção de água.
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
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A vazão de injeção de CO2 foi mantida constante em 500 Mm3std/d para poder obter
um comparativo fiel. Os modelos tiveram um tempo de produção de 40 anos, e o fator
principal para a análise foi o FR. Na Figura 4-12 mostra um comparativo das diferentes
configurações e seus respectivos Fatores de Recuperação.
Figura 4-12: Comparativo das configurações de malhas de injeção de CO2.
Fonte: Autoria própria.
Como vista na análise das malhas para a injeção de água, temos os mesmos
comportamentos em relação às configurações com poços verticais e com poços direcionais.
Observa-se, na Figura 4-13, que os poços direcionais possuem um tempo de
breakthrough maiores que as configurações com poços verticais. É notório que no final dos
40 anos as configurações ainda apresentam um declínio na produção, representa que o
reservatório ainda teria condições de suporta a produção por mais tempo.
(%)
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Figura 4-13: Comparativo da Qo para as diferentes configurações de malha para
injeção de CO2.
Fonte: Autoria própria.
De acordo com os resultados obtidos foi escolhido a configuração 5, malha constituída
por 8 poços direcionais, para continuar os estudos, pois este modelo representa a maior
recuperação de óleo do reservatório, FR de 72,28 %, dentre as demais.
4.3.2 Influência da vazão de injeção de CO2 na produção de óleo
O aumento na vazão de injeção de fluido no reservatório, como técnica de
deslocamento miscível, tem uma resposta crescente no Fator de Recuperação, porém esse
acréscimo possui um limite. As mudanças nas vazões foram feitas com um passo de 100
Mm3std/d até ser atingido esse limite, onde o acréscimo de volume injetado não tem alteração
significativa no FR, mostrado na Figura 4-14.
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47 Ricardo de Castro Madruga Filho
Figura 4-14: Comparativo do FR para as diferentes vazões de injeção de CO2.
Fonte: Autoria própria.
É possível visualizar que a produção primaria possui uma resposta inferior as demais.
Injetando um fluido miscível é possível observar o comportamento bem diferente da injeção
de água, onde podemos perceber, de acordo com a inclinação suave da curva, que a chegada
do fluido injetado não causa tanta perturbação para a produção. De acordo com os resultados,
mostrados na Tabela 4-5, foi escolhido à vazão de injeção de 900 Mm3std/d, para continuar os
estudos, pois este modelo corresponde a recuperação de óleo do reservatório de 93,43%.
(%)
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Tabela 4-5: Relação vazão de injeção de CO2 e FR.
Vazão de injeção de CO2 (Mm3std/d) Fator de Recuperação (%)
40 anos
0 2,88
100 17,83
200 32,78
300 47,40
400 60,92
500 72,28
600 81,06
700 87,11
800 91,17
900 93,43
1000 93,58
Fonte: Autoria própria.
4.3.3 Análise dos poços produtores direcionais
Foi realizada uma análise da direção e da completação dos poços direcionais para a
configuração 5, utilizando uma vazão de injeção de 900 Mm3std/d. As mudanças das
configurações são as mesmas mudanças adotadas na análise das malhas de produção para a
injeção de água.
As mudanças podem trazer resultados interessantes, pois com o atraso da produção do
fluido injetado teremos o atraso dos fingers, caminhos preferenciais que o fluido injetado
percorre uma maior parte do reservatório varrido e uma economia no tratamento do fluido
injetado que é produzido. Na Figura 4-15mostra o comportamento do FR para as mudanças
do canhoneio.
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Figura 4-15: Comparativo do FR para as mudanças do canhoneio para a injeção de
CO2.
Fonte: Autoria própria.
Observado o gráfico, pode-se determinar que a mudança na direção e completação não
tem muita influência no fator de recuperação final, apenas um acréscimo de 1,52 pp entre as
configurações 1 e 4.
(%)
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Figura 4-16: Comparativo do Qo para as diferentes configurações de poços
produtores.
Fonte: Autoria própria.
Observa-se que para as configurações 2 e 4, onde os poços produtores são horizontais
em uma profundidade de 5.310 m, apresentam o mesmo comportamento e valores
aproximadamente idênticos apesar da mudança de direção. Já nas configurações 1 e 3 é
evidente a influência da direção do poço.
4.4 COMPARATIVO ENTRE A INJEÇÃO DE CO2 E DE ÁGUA
Levando em consideração que as plataformas de produção do pré-sal são marítimas,
que para injeção de fluido é necessário estocá-lo, ter uma planta de tratamento do mesmo e
que os poços presentes do pré-sal apresentam produção de CO2. Com todos os processos e
mudanças na simulação, foi possível obter a melhor forma de produção de acordo com os dois
sistemas estudados, injeção de CO2 e injeção de água. A configuração da injeção de água
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consiste em uma malha com 8 poços direcionais, com vazão de injeção de 1.200 m3std/d e com
poços produtores rotacionados em 45º no sentido horário do plano ij e a redução do
comprimento da completação, isso resultou em um FR de 57,77 %. O sistema de injeção de
CO2 adotando uma malha composta por 4 poços injetores e 4 poços produtores direcionais,
com vazão de injeção de 900 Mm3std/d e com poços produtores rotacionados em 45º no
sentido horário do plano ij e a redução do comprimento da completação, resultando em um
fator de recuperação de 94,95 %.
Figura 4-17: Comparativo do FR para a injeção de água e CO2.
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 4-17 mostra os resultados da configuração de injeção de água e a
configuração da injeção de CO2, pode-se assumir que a injeção de CO2 é mais eficaz para ser
implementada no reservatório estudado apresentando um acréscimo do fator de recuperação
de 37,18 %.
(%)
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5 CONCLUSÕESE RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÕES
Esta pesquisa contribui para mostrar que utilizando a produção primária é
recomendada uma menor pressão de fundo do poço, pois o aumento da diferença de pressão e
o surgimento da capa de gás contribui para o FR.
Com as diferentes configurações de poços, têm-se diferentes áreas abertas ao fluxo,
com isso identifica-se maiores recuperações de óleo em poços direcionais onde sua área de
contato com o reservatório se prolongam por toda a extensão da formação ao invés de
comente a espessura.
O aumento da vazão de injeção implica diretamente no aumento do fator de
recuperação, pelo fato de estar depositando energia no reservatório através da massa e em
casos de fluidos miscíveis a diminuição da viscosidade, densidade e das tensões interfaciais.
As disposições das perfurações e completações estudados são operações simples e
facilitadoras, geram um acréscimo no óleo recuperado pelo fato do atraso da produção de
fluido injetado, a turbulência do contato dos dois fluidos e dos caminhos preferenciais.
A utilização da produção primaria para o reservatório estudado deu uma resposta de
fator de recuperação de 14,11 %, com a aplicação da injeção de água como um método de
recuperação alcançou 57,77 %, enquanto que a injeção de CO2 atingiu 94,95 %. Outro fator
fundamental é a reutilização de um composto causador de impactos ambientais em um aliado,
diminuindo o problema e incrementando a recuperação, simultaneamente.
5.2 RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se um estudo de viabilidade econômica dos modelos simulados, para
decisões estratégicas na engenharia de reservatório em plataformas offshore.
Indica-se uma análise variando as pressões de produção e injeção aplicada para as
configurações de injeção de água e CO2.
Estudo de critérios econômicos da utilização do sistema de injeção de água e CO2 em
ambiente offshore.
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Devido a uma complexidade demonstrada nos reservatórios, aconselha-se a realização
de uma simulação com um refinamento maior.
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