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ANÁLISE ÀS SEQUÊNCIAS OFENSIVAS RESULTANTES EM GOLO NO EURO 2008 DE FUTEBOL Estudo comparativo entre Selecções com níveis de sucesso distintos
Helder Jorge Neves Ribeiro Rodrigues Porto, 2009
ANÁLISE ÀS SEQUÊNCIAS OFENSIVAS RESULTANTES EM GOLO NO EURO 2008 DE FUTEBOL Estudo comparativo entre Selecções com níveis de sucesso distintos
Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Orientador: Mestre José Guilherme Oliveira
Autor: Helder Jorge Neves Ribeiro Rodrigues
Porto, 2009
Rodrigues, H. (2009). Análise às Sequências Ofensivas Resultantes em Golo
no Euro 2008 de Futebol. Estudo comparativo entre Selecções com níveis de
sucesso distintos. Porto: H. Rodrigues. Dissertação de Licenciatura
apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
III
Agradecimentos
O presente trabalho não teria sido possível sem o contributo,
disponibilidade e empenho de algumas pessoas. Deixo aqui presente o meu
mais sincero agradecimento a algumas delas:
Ao Dr. Guilherme Oliveira, orientador deste trabalho, que com os seus
conselhos, saber e disponibilidade permitiu um acrescento de qualidade a esta
monografia.
A todos os meus amigos…eles sabem quem são!
À minha família, especialmente aos meus pais e aos meus irmãos, por tudo
o que me deram e por tudo o que me proporcionaram.
À Diana, um especial obrigado, pelo companheirismo, amizade, paciência e
amor constante.
ÍNDICES
IV
Índice Geral
Agradecimentos III
Índice Geral IV
Índice de Figuras VI
Índice de Quadros VII
Resumo VIII
Codificação de Abreviaturas IX
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO DA LITERATURA 5
2.1. O Futebol nos Estudos de Observação 5
2.2. A Essência dos Jogos Desportivos Colectivos 6
2.3. O Futebol no Seio dos Jogos Desportivos Colectivos 7
2.4. O Jogo de Futebol: Ataque vs Defesa 9
2.4.1. Caracterização do Processo Ofensivo 9
2.5. As Sequências Ofensivas – Variáveis em Estudo 11
2.5.1. A Estrutura Temporal 11
2.5.1.1. Tempo de Realização do Ataque 11
2.5.1.2. Velocidade de Transmissão da Bola 13
2.5.2. A Estrutura Espacial 13
2.5.2.1. Frequência de Utilização dos Corredores 14
2.5.2.2. Número de Variações de Corredor 15
2.5.2.3. Zonas de Finalização 16
2.5.2.4. Zona Utilizada para o Último Passe / Zona para onde é Direccionado 17
2.5.3. A Estrutura da Tarefa 18
2.5.3.1. Número de Jogadores envolvidos 18
2.5.3.2. O Passe: Número, Tipo e Direcção 19
2.5.4. A Organização da Equipa 21
2.5.4.1. Métodos de Jogo Ofensivo 21
2.5.4.1.1. As Bolas Paradas 23
3. MATERIAL E MÉTODOS 25
3.1. Caracterização da Amostra 25
3.2. Explicitação das Variáveis 28
3.3. Registo dos Dados 31
3.3.1. Fiabilidade Intra-observador 32
3.3.2. Procedimentos Estatísticos 34
3.3.3. Instrumentarium 34
ÍNDICES
V
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 35
4.1. Caracterização Geral dos Golos do Euro 2008 35
4.2. Variáveis Observadas 36
4.2.1. Tempo de Realização de Ataque (TRA) 37
4.2.2. Velocidade de Transmissão da Bola (VTB) 41
4.2.3. Frequência de Utilização dos Corredores (FUC) 44
4.2.4. Número de Variações de Corredor (NVC) 45
4.2.5. Zonas de Finalização (ZF) 47
4.2.6. Zona Utilizada para o Último Passe (ZUP) / Zona para onde é Direccionado (ZDP) 49
4.2.7. Número de Jogadores Envolvidos (NJ) 51
4.2.7.1. Número de Jogadores em Zonas de Finalização 54
4.2.8. O Passe: Número (NP), Tipo (TP) e Direcção (DP) 56
4.2.9. Métodos de Jogo Ofensivo (MJO) 64
4.2.9.1. As Bolas Paradas (BP) 68
5. CONCLUSÕES 71
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75
Anexos I
ÍNDICES
VI
Índice de Figuras
Figura 1: Campograma – Divisão do terreno de jogo em 12 zonas distintas 32
Figura 2: Índice de Fiabilidade dos resultados 33
Figura 3: Percentagens de golos obtidos através de SOFG e BP 35
Figura 4: Tempo de Realização do Ataque – % obtidas 37
Figura 5: Valores médios no TRA entre o Grupo 1 e o Grupo 2 40
Figura 6: TRA entre Grupo 1 e Grupo 2 – nº de golos marcados 40
Figura 7: Valores médios de VTB entre Grupo 1 e Grupo 2 41
Figura 8: Frequência de Utilização dos Corredores – % obtidas 44
Figura 9: Frequência de Utilização dos Corredores – valores obtidos entre grupos 45
Figura 10: Número de Variações de Corredor – % obtidas 46
Figura 11: Valores médios do NVC entre o Grupo 1 e o Grupo 2 47
Figura 12: Zonas de Finalização – % obtidas 47
Figura 13: Zonas de Finalização – % relativas obtidas entre grupos 48
Figura 14: Zonas de Realização do Último Passe – % obtidas 49
Figura 15: Zona de Realização do Último Passe – valores obtidos por grupo 50
Figura 16: Número de Jogadores envolvidos – % obtidas 51
Figura 17: Valores médios no NJ entre o Grupo 1 e o Grupo 2 52
Figura 18: Número de Jogadores envolvidos – valores obtidos entre grupos 53
Figura 19: Número de Jogadores em Zonas de Finalização – valores médios entre grupo 1 e grupo 2 56
Figura 20: Número de Passes realizados – % obtidas 57
Figura 21: Número de Passes – valores médios entre grupo 1 e grupo 2 57
Figura 22: Tipo de Passes – % obtidas 59
Figura 23: Tipo e Direcção dos Passes – % obtidas 60
Figura 24: Tipo de Passe utilizado – valores obtidos entre equipas do Grupo 1 e Grupo 2 62
Figura 25: Métodos de Jogo Ofensivo – valores obtidos 64
Figura 26: Métodos de Jogo Ofensivo – valores obtidos entre equipas do Grupo1 e Grupo 2 65
Figura 27: Bolas Paradas – % obtidas 68
ÍNDICES
VII
Índice de Quadros
Quadro 1: Características dos Métodos de Jogo Ofensivos (Adaptado de Garganta, 1997) 22
Quadro 2: Jogos e resultados do Grupo A 26
Quadro 3: Jogos e resultados do Grupo B 26
Quadro 4: Jogos e resultados do Grupo C 26
Quadro 5: Jogos e resultados do Grupo D 26
Quadro 6: Jogos e resultados dos Quartos de Final 27
Quadro 7: Jogos e resultados das Meias-Finais 27
Quadro 8: Jogo e resultado da Final 27
Quadro 9: Índices de Fiabilidade das diferentes variáveis 33
Quadro 10: VTB – Média e Desvio Padrão das equipas presentes na competição 42
Quadro 11: Zonas para onde são dirigidos os últimos passes 50
Quadro 12: Número de Jogadores envolvidos – Média e Desvio Padrão 53
Quadro 13: Número de Jogadores em Zonas de Finalização – Média e Desvio Padrão 55
Quadro 14: Número de Passes – Total, Média e Desvio Padrão 59
Quadro 15: Métodos de Jogo Ofensivo – resultados por equipa 66
Quadro 16: Bolas Paradas – resultados por equipa 69
RESUMO
VIII
Resumo
A obtenção de golos no Futebol tem-se revelado como um objectivo cada vez
mais difícil de alcançar, consequência da crescente supremacia das organizações
defensivas perante os ataques contrários. Os problemas de finalização e a criação de
oportunidades de golo revelam-se como alguns dos aspectos mais prementes a
resolver. O Campeonato da Europa 2008 foi um dos maiores eventos desportivos
organizados a nível internacional, sendo um momento privilegiado que importa
analisar para aprofundar os conhecimentos específicos sobre o jogo, contribuindo
para a evolução da modalidade. O presente estudo tem como principal objectivo
caracterizar e comparar o desenvolvimento das sequências ofensivas finalizadas em
golo por selecções com níveis de sucesso distintos. As selecções de maior sucesso
foram definidas como aquelas que superaram a fase de grupos do torneio, sendo as
de menor sucesso as que foram eliminadas nessa mesma fase. A amostra é
constituída pelos 77 golos marcados nos 31 jogos realizados pelas 16 equipas
presentes na competição. As sequências ofensivas foram analisadas ao nível das
dimensões tempo (tempo de realização do ataque, velocidade de transmissão da
bola), espaço (frequência de utilização dos corredores, número de variações de
corredor, zonas de finalização, zona utilizada para o último passe e para onde este é
direccionado), tarefa (número de jogadores envolvidos e caracterização do passe) e
organização da equipa (métodos de jogo ofensivo e bolas paradas). Recorremos a
uma observação sistemática e indirecta, com recurso a imagens videogravadas.
Foram utilizados métodos de estatística descritiva como a média, a percentagem e o
desvio padrão para apuro dos resultados sobre as variáveis em estudo. Na
comparação entre os dois grupos de equipas verificou-se que: a duração média das
jogadas de golo foi superior nas equipas de maior sucesso obtendo também valores
superiores no índice de variação de corredor; as equipas com melhores resultados
utilizaram em média mais jogadores nas suas sequências, posicionando-os em maior
número nas zonas de finalização; as equipas melhor sucedidas realizaram passes
mais diversificados e em maior número; o ataque rápido foi o método ofensivo mais
utilizado por ambos os grupos de equipas, com superior destaque para as equipas
com maior grau de sucesso.
PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL; GOLOS; PROCESSO OFENSIVO; SEQUÊNCIA
OFENSIVA; FINALIZAÇÃO.
CODIFICAÇÃO DE ABREVIATURAS
IX
Codificação de Abreviaturas
AP – ataque posicional
AR – ataque rápido
BP – bola parada
CA – contra-ataque
CC – corredor central
CD – corredor direito
CE – corredor esquerdo
DC – sector defensivo central
DD – sector defensivo direito
DE – sector defensivo esquerdo
FA – fora área
FUC – frequência de utilização dos corredores
GA – grande área
JDC – jogos desportivos colectivos
MDC – sector médio defensivo central
MDD – sector médio defensivo direito
MDE – sector médio defensivo esquerdo
MJO – método de jogo ofensivo
MOC – sector médio ofensivo central
MOD – sector médio ofensivo direito
MOE – sector médio ofensivo esquerdo
NC – nº de contactos realizados
NJ – número de jogadores envolvidos
NP – número de passes
NR – nº de bolas recebidas
NVC – número de variações de corredor
OC – sector ofensivo central
OD – sector ofensivo direito
OE – sector ofensivo esquerdo
PA – pequena área
CODIFICAÇÃO DE ABREVIATURAS
X
PCM – passe curto/médio
PCM-F – passe curto/médio – frente
PCM-T – passe curto/médio – trás
PCM-L – passe curto/médio – lado
PCM-DF – passe curto/médio – diagonal frente
PCM-DT – passe curto/médio – diagonal trás
PL – passe longo
PL-F – passe longo – frente
PL-T – passe longo – trás
PL-L – passe longo – lado
PL-DF – passe longo – diagonal frente
PL-DT – passe longo – diagonal trás
SD – sector defensivo
SM – sector médio
SMD – sector médio defensivo
SMO – sector médio ofensivo
SO – sector ofensivo
SOFG – sequência ofensiva finalizada em golo
TRA – tempo de realização do ataque
VTB – velocidade de transmissão da bola
ZF – zona de finalização
ZDP – zona para onde o último passe é direccionado
ZUP – zona de realização do último passe
INTRODUÇAO
Helder Rodrigues
1
1. INTRODUÇÃO
“…o Futebol é a nossa paixão…”
Bento, J.O. (2004:201)
Segundo Rocha (2003), o modo como se interpreta e entende um
determinado fenómeno está directamente relacionado com o tipo de “olhos”
que está por detrás de cada observação. São todas as nossas crenças,
experiências e influências que determinam o entendimento ou compreensão do
universo a que todos atribuem o mesmo nome mas que ninguém o vê de uma
única forma: o Futebol. Ele assume hoje uma importância e um peso social e
desportivo extraordinário. Garganta (2004) apresenta-o mesmo como o
fenómeno mais marcante do final do século XX e princípio do século XXI.
Nesse sentido é compreensível que irrompam diversos interesses, em
ramos de actividade distintos, com o intuito de se obter conhecimentos mais
aprofundados e credíveis para se tentar compreender as suas lógicas de
funcionamento.
O Futebol de alto nível, bem como outros jogos desportos colectivos,
são considerados fenómenos sociais de relevo e logicamente objectos de
investigação. Eles revelam ser, hoje em dia, um assunto de crescente
complexidade e que solicita a intervenção de saberes multidisciplinares para a
respectiva interpretação (Constantino, 2007).
A análise do jogo de Futebol a partir da observação da actividade dos
jogadores e das equipas tem vindo a assumir uma importância crescente
(Garganta, 1999). Curiosamente, ao nível da investigação, os aspectos tácticos
parecem patentear uma importância reduzida tendo em conta a importância
que é atribuída pelos agentes envolvidos para a obtenção de rendimento
desportivo (Garganta et al., 2002).
Para Garganta (2001), o processo de recolha, tratamento e análise dos
dados conseguidos a partir da observação do jogo, apresenta-se como um
aspecto cada vez mais importante na procura da elevação dos índices de
rendimento colectivo e individual, o que permite:
INTRODUÇAO
Helder Rodrigues
2
Configurar modelos de actividade dos jogadores e das equipas;
Identificar os traços de actividade que se relacionam com a eficácia
dos processos e resultados positivos;
Promover o desenvolvimento de métodos de treino que garantam
uma maior especificidade;
Indicar tendências evolutivas.
O sucesso de uma equipa traduz-se pela sua capacidade em marcar
mais golos do que o adversário num determinado jogo. Apesar disso, o que se
tem observado nos últimos trinta anos, é que o Futebol tem caminhado de um
modo geral para cenários menos positivos em que as filosofias e organizações
mais defensivas têm superado os ataques contrários (Hughes, 1996).
No presente trabalho, o processo ofensivo é o objecto de estudo e
análise. O Campeonato da Europa de Futebol é um dos maiores eventos
desportivos organizados em todo o mundo. Assim, do nosso ponto de vista,
este acontecimento reveste-se de uma enorme relevância para a observação,
análise e aprendizagem de comportamentos (entenda-se futebolísticos) de
algumas das melhores selecções do panorama futebolístico internacional.
A necessidade de tornar o processo ofensivo mais objectivo e
concretizador tem constituído uma preocupação evidente de todos os que
pretendem ver aumentada a qualidade e espectacularidade do jogo de Futebol
(Luhtanen, 1993). Nesse sentido, têm surgido vários estudos relacionados com
esta fase do jogo. Na perspectiva dos investigadores e dos treinadores torna-se
importante conhecer não apenas o momento correspondente ao golo mas
também o processo que lhe deu origem (Basto e Garganta, 1996). Eles têm
tentado observar as características das equipas com maior sucesso, com o
objectivo de tentarem detectar modelos de referência, padrões de jogo e a
influência relativa das diferentes componentes do rendimento desenvolvido
pelos jogadores (Garganta, 1997). Segundo Guilherme Oliveira (2004), numa
“organização fractal procura-se uma parte invariante de um sistema que, em
virtude da sua estrutura e funcionalidade, é representativa de um todo. Nesse
sentido, o nosso objectivo passará em parte por encontrar padrões de
INTRODUÇAO
Helder Rodrigues
3
comportamento colectivo e individual no decorrer do processo ofensivo que
seja expressivo de um todo (modelo de jogo).
Este trabalho tem como principal objectivo caracterizar e comparar o
desenvolvimento das sequências ofensivas finalizadas em golo (SOFG) por
selecções com níveis de sucesso distintos, presentes no Campeonato da
Europa de 2008 organizado na Áustria e na Suiça. O nível de sucesso
alcançado pelas várias equipas é considerado em função do apuramento ou
não para os quartos de final da competição. Assim, as selecções que foram
eliminadas na fase de grupos são consideradas como as de menor sucesso e
as que ultrapassaram esta fase são consideradas como as equipas de maior
sucesso.
Deste modo, delineámos os seguintes objectivos específicos para a
elaboração do nosso trabalho:
Apurar a duração das SOFG através do tempo de realização do ataque
(TRA);
Apurar os valores de velocidade de transmissão da bola (VTB) no decorrer
das SOFG;
Verificar a frequência de utilização dos corredores (FUC) ao longo das
SOFG;
Apurar os índices de variação de corredor (NVC) nas SOFG;
Identificar as zonas de finalização (ZF) mais utilizadas nas SOFG;
Identificar as zonas mais utilizadas para a realização do último passe (ZUP)
nas SOFG, bem como as zonas para onde estes são direccionados (ZDP);
Verificar qual o número de jogadores (NJ) directamente envolvidos na
construção das SOFG;
Apurar o número de passes (NP) realizados pelas equipas no
desenvolvimento das suas SOFG;
Verificar qual o tipo (TP) e direcção dos passes (DP) utilizados nas SOFG;
Identificar os métodos de jogo ofensivo (MJO) adoptados pelas equipas na
construção das suas SOFG;
Apurar o número de golos obtidos através de lances de bola parada (BP).
INTRODUÇAO
Helder Rodrigues
4
Para a realização deste trabalho optámos por fazer uma estruturação em
seis partes: na primeira parte (Introdução) procurámos enquadrar e descrever
de um modo resumido, o objectivo e pertinência do estudo.
Na segunda parte (Revisão da Literatura) é efectuada uma revisão da
literatura acerca do tema do nosso trabalho.
Na terceira parte (Material e Métodos) incluímos a caracterização da
amostra, variáveis e categorias de observação, procedimentos utilizados na
recolha e registo dos dados.
Na quarta parte (Apresentação e Discussão de Resultados) é
efectuada a análise das variáveis estudadas, descrevendo as diferenças e
paralelismos entre as acções observadas.
Na quinta parte são elaboradas as principais conclusões do estudo.
Por último, na sexta parte (Referências Bibliográficas) mencionamos
as referências bibliográficas consultadas para a elaboração do trabalho.
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. O Futebol nos Estudos de Observação
Os Jogos Desportivos Colectivos têm sido ao longo dos anos alvo de
inúmeros estudos por parte de investigadores e outros agentes ligados ao
desporto. O Futebol não foge à regra, afigurando-se e emergindo nas
sociedades como um dos traços matriciais da civilização, tornando-se o jogo
mais praticado e aclamado no planeta (Garganta, Oliveira & Murad, 2004). É
também uma das modalidades que a nível social, económico e desportivo mais
impacto desperta no mundo inteiro. Ele é um fenómeno de elevada magnitude
no quadro da cultura desportiva contemporânea (Garganta e Pinto, 1995). O
Futebol envolve directa e indirectamente, biliões de pessoas e incalculáveis
recursos humanos em diversas áreas e serviços (Murad, 2007). Contudo, como
referem Garganta e Pinto (1995), o conhecimento científico que o acompanha é
escasso, limitado e pouco consistente. Castelo (1996) também parece estar de
acordo mencionando que na actualidade, o Futebol é indiscutivelmente o
desporto de maior impacto na sociedade fruto da sua popularidade e
abrangência, mas que ao nível da investigação e literatura se verificam lacunas
evidentes. Este facto não acompanha a grandeza e importância que a
modalidade ostenta.
Para Garganta e Pinto (1995) assume-se como essencial a criação de
condições para a evolução da modalidade. Evolução essa que poderá passar,
entre outras coisas, por um maior entendimento do jogo, das suas vicissitudes
e características. Isto em muito contribuirá para o reforço da imagem do
Futebol enquanto desporto e enquanto espectáculo.
A competição é um dos momentos mais propícios e profícuos para a
obtenção de mais e melhor informação do jogo (Maçãs, 1997). Para Silva
(1998) o estudo do comportamento dos jogadores e das equipas em
competição permite representar modelos de actividade dos mesmos, entender
quais os métodos mais ou menos eficazes, definir estratégias de trabalho mais
vantajosas e apontar caminhos para a evolução do Futebol enquanto
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
6
modalidade. Garganta (1999) reforça esta ideia considerando que, para os
treinadores e investigadores, a observação é um meio viável para o aumento
do volume de conhecimentos dos conteúdos do jogo e da sua lógica,
conduzindo indubitavelmente à melhoria dos processos de treino. Contudo,
Gowan (1982) já havia chamado a atenção para a precariedade que representa
a observação das acções quando fora do contexto a observar. Para se
entender a organização de um sistema de final aberto, como no Futebol, a
busca de laços directos causa / efeito revela-se pouco profícua ou produtiva. O
raciocínio eficaz está sobretudo relacionado com a descoberta de acções mais
representativas da actividade do sistema (Stacey, 1995). Pensamos que a
maior evolução do jogo passará, acima de tudo, pelo maior desenvolvimento
das capacidades e dos conhecimentos específicos dos jogadores e das
equipas (Guilherme Oliveira, 2004).
2.2. A Essência dos Jogos Desportivos Colectivos
Nos Jogos Desportivos Colectivos, as acções decorrem num ambiente
de variabilidade e imprevisibilidade. Para Gréhaigne & Guillon (1992), o que
mais distingue estes desportos são as relações de cooperação e de oposição
entre os jogadores intervenientes. Qualificam ainda os Jogos Desportivos
Colectivos como a auto-organização de um grupo ou equipa enfrentando outra
com interesses contrários, tendo sempre em vista o alcançar de um propósito
comum com o auxílio de uma estratégia colectiva. Segundo Garganta
(1997:24), o que “em primeira instância caracteriza os JDC é o confronto entre
duas formações, duas equipas, condicionadas pelo cumprimento do
regulamento, que se dispõem de uma forma particular no terreno de jogo e se
movimentam com o objectivo de vencer”.
Para Bayer (1994) a lógica interna dos desportos colectivos assenta em
cinco parâmetros: um objecto (geralmente uma bola), mediador da luta entre
dois colectivos, um espaço fechado no interior do qual se desenvolve um
confronto, um alvo a atacar e um alvo a defender, a presença de companheiros
com quem se deve cooperar e interagir; a presença de adversários cuja
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
7
oposição importa vencer. Do mesmo modo, para Garganta (1997:21), as
equipas em confronto, disputando objectivos comuns, “lutam para gerir em
proveito próprio o tempo e o espaço, realizando em cada momento acções
reversíveis de sinal contrário de ataque e defesa, alicerçadas em relações de
oposição – cooperação”. Aos jogadores é exigida luta directa pela posse da
bola, invasão do meio campo adversário e circulação constante da bola
(Garganta et al., 1995). Tudo isto se orienta na tentativa de coordenar as
acções para recuperar, conservar, fazer progredir a bola para o alvo, alcançar a
zona de finalização e marcar golo (Gréhaigne e Guillon, 1992). Pede-se por
isso aos jogadores uma permanente avaliação, adaptação e antecipação às
circunstâncias instáveis que o jogo lhes vai solicitando (Contreras e Ortega,
2000).
2.3. O Futebol no seio dos Jogos Desportivos Colectivos
O jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois sistemas
complexos que são as equipas. Caracteriza-se pelas sucessivas alternâncias
de estado de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e
variedade (Garganta, 2001). Para Garganta (1997), o comportamento de uma
equipa apresenta-se por um lado com um aspecto estabilizador e conservador
(equilíbrio, princípios e regras) e por outro com uma face criativa, fantasista,
inovadora (o desequilíbrio). Na mesma linha, para Teodorescu (1977), uma
equipa pressupõe uma funcionalidade geral (constante, baseada em princípios
e regras de coordenação das acções dos jogadores) e uma funcionalidade
especial (variável para cada jogo, para cada adversário, em função de
condições diversas).
Assim sendo, devido ao facto de os acontecimentos do jogo ocorrerem
nestes moldes (oposição/cooperação), a dimensão táctica assume no Futebol
uma particular importância (Barreira, 2006). Também para Garganta e Pinto
(1995), o primeiro desafio que se coloca em jogo aos jogadores é sempre de
natureza táctica. Eles devem ser capazes de em qualquer situação de
confronto entenderem os “desafios” que vão surgindo, utilizar os meios técnicos
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
8
adequados ao seu dispor para conseguir dar uma resposta apropriada e
eficiente. Segundo Gréhaigne (1992), os aspectos tácticos e técnicos são
indissociáveis, estando os últimos relacionados com as leituras e escolhas que
os jogadores devem fazer durante um jogo de Futebol. Castelo (1994) refere
que os aspectos de manifestação técnica são sempre determinados por um
contexto táctico que potencia a exposição da inteligência e da capacidade de
decisão das equipas. Assume-se como aspecto fundamental que os jogadores
demonstrem adequadas capacidades de análise nas diferentes acções do jogo.
Devem também expor a gama de recursos motores específicos que possuem
(também denominados por técnica) na resolução das situações com que se
deparam. Os grandes jogadores ajustam-se não só às situações que vêem,
mas também aquelas que prevêem, isto é, antecipam as acções e decidem em
conformidade (Garganta e Pinto, 1995). Para Guilherme Oliveira (2004:3),
“…qualquer acção de jogo é condicionada por uma interpretação que envolve
uma decisão (dimensão táctica), uma acção ou habilidade motora (dimensão
técnica) que exigiu determinado movimento (dimensão fisiológica) e que foi
condicionada e direccionada por estados volitivos e emocionais (dimensão
psicológica).
No universo dos Jogos Desportivos Colectivos, o Futebol tem-se
distinguido dos outros, entre outras coisas, pelos baixos índices de eficácia que
apresenta. De acordo com alguns autores (Dufour, 1989; Sleziewski, 1987), em
média apenas 1% dos ataques realizados durante um jogo termina com a
obtenção de golo. No Futebol verifica-se normalmente uma supremacia da
defesa perante o ataque. Desse modo, o criar de situações de finalização
talvez seja um dos maiores problemas que o jogo apresenta (Castelo, 1994).
Para Garganta (1993b), o que mais tem contribuído para essa situação prende-
se com o facto das equipas recorrerem cada vez mais a sistemas tácticos e
ideologias demasiado defensivas, conduzindo desse modo a um decréscimo da
qualidade e espectacularidade do jogo. Barros (2002) parece partilhar da
mesma opinião, pois afirma que no Futebol actual, os sistemas de jogo são
cada vez mais defensivos, o que segundo Garganta (1997) reduz o espaço
para jogar e o tempo para pensar.
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
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2.4. O Jogo de Futebol: Ataque vs Defesa
Segundo Queiroz (1983) podemos identificar duas grandes fases no jogo
de Futebol, a fase de ataque e a fase de defesa. Para autores como
Teodorescu (1984), Bayer (1994) e Castelo (1994), nestes dois processos
perfeitamente distintos são reflectidos clara e profundamente diferentes
objectivos, princípios, atitudes e comportamentos táctico-técnicos,
determinados pela condição de posse ou não da bola.
As fases ofensiva e defensiva embora sejam apresentadas numa
oposição lógica devido à natureza do jogo, são no fundo o complemento uma
da outra (Castelo, 1994). Isto é, cada uma delas está intimamente associada
pelo desenrolar da outra. As equipas devem saber atacar, defender e passar
de um momento para o outro sem hipotecar o equilíbrio colectivo e os
objectivos da equipa. O êxito de ambas as fases passa por uma coordenação
das acções dos jogadores reguladas pelos princípios gerais e específicos
(Garganta e Pinto, 1994). Para Guilherme Oliveira (in Amieiro, 2004:113)
“defender e atacar são momentos que têm de ser articulados, na medida em
que estão relacionados. Se ao momento ofensivo se segue o momento
defensivo, não pode ser indiferente a forma como se defende”. Os objectivos
destas mesmas fases ou momentos são suportados pelas relações constantes
de oposição entre equipas, supondo mudanças alternadas de comportamentos
e atitudes de acordo com o objectivo do jogo. No decorrer do mesmo até
conseguirem marcar golo ou evitar sofrer, a equipa deve desenvolver acções
parcelares num contexto marcado pela aleatoriedade, imprevisibilidade e pelo
determinismo (Garganta, 1997).
2.4.1. Caracterização do Processo Ofensivo
O processo ofensivo caracteriza-se pelo facto da equipa possuir a bola e
sem infringir as leis do jogo, deve ser capaz de, através de acções colectivas e
individuais, criar situações de finalização para fazer golo (Queiroz, 1983). Para
Teodorescu (1984), a fase ofensiva é uma das fundamentais num jogo de
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
10
Futebol e talvez a mais estudada. O jogo é objectivado pela busca e pela
concretização do golo. Logo, é na fase ofensiva que as equipas marcam golos
e objectivamente ganham jogos (Castelo, 1996). Luhtanen (1993) chama a
atenção para a necessidade de se criarem mais situações de finalização, assim
como torná-las mais objectivas e eficazes. Para esse propósito, torna-se
condição essencial estar na posse da bola. Só assim se vence a resistência
defensiva do adversário e se atingem os objectivos de concretização (Castelo,
1994).
A análise centrada na observação do jogo tem permitido detectar,
nomeadamente nas sequências ofensivas, algumas regularidades e
comportamentos colectivos distintivos das equipas (Garganta, 1999). Este
aspecto pode ajudar na identificação e caracterização das acções que levam à
criação de situações de finalização e ao golo. Dietrich (1978) define três fases
fundamentais do processo ofensivo no Futebol:
A construção da acção ofensiva;
A criação de situações de finalização, em que se assegura nas zonas
predominantes de finalização, a desorganização do método defensivo
adversário criando-se os pressupostos mais vantajosos, através de acções
técnico-tácticas individuais e colectivas, para a concretização do objectivo do
jogo;
A Finalização, que é objectivada pela acção de remate e que culmina todo o
trabalho colectivo com vista à obtenção do golo.
Já Queiroz (1983) e Castelo (1994) caracterizam o processo ofensivo
em três sub-fases:
A construção das acções ofensivas (objectivada logo após a recuperação
da posse da bola, através de circulações, combinações e acções tácticas
individuais e colectivas que visam o deslocamento da bola para espaços vitais
do terreno de jogo);
A criação de situações de finalização (em que se procura assegurar, nas
zonas predominantes de finalização, as condições óptimas para a execução
eficaz das acções técnico-tacticas individuais e colectivas para finalizar);
Finalização propriamente dita.
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11
2.5. As Sequências Ofensivas – Variáveis em Estudo
De acordo com as limitações de observação inerentes no nosso estudo,
seleccionamos um conjunto de variáveis que estão em concordância com as
macrodimensões configuradoras do processo ofensivo que Garganta (1997)
menciona no seu estudo. Elas (macrodimensões) são: o Espaço, o Tempo, a
Tarefa e Organização da equipa (interacção das anteriores). O autor refere que
a variabilidade e a aleatoriedade não se manifestam apenas à escala temporal,
mas também no que diz respeito ao espaço e ao nível de realização das
tarefas. O jogador vê-se constantemente confrontado com a obrigatoriedade de
tomar decisões acertadas no mais curto espaço de tempo. Para Garganta
(1997:199), “o jogo consiste numa luta incessante pelo tempo e pelo espaço”.
Lobo (2007) corrobora a afirmação e refere que o tempo para pensar no jogo
de Futebol escasseia, motivo pelo qual os jogadores têm que decidir
apressadamente.
Deste modo, as noções de espaço e de tempo estão estritamente
relacionadas. Restringir o espaço disponível para jogar significa diminuir o
tempo para agir correctamente.
2.5.1. A Estrutura Temporal
O tempo constitui um dos parâmetros configuradores da estrutura dos
Jogos Desportivos Colectivos (Moreno, 1994). A estrutura temporal funciona
como um gerador de contingências em que são impostos fortes
constrangimentos à utilização do espaço, da realização das tarefas e à sua
interacção (Barth, 1994; Thomas &Thomas, 1994, cit. Garganta, 1997). Esta
dimensão poderá ser avaliada através do Tempo de Realização do Ataque
(TRA) e da Velocidade de Transmissão da Bola (VTB).
2.5.1.1. Tempo de Realização do Ataque (TRA)
Segundo Castelo (1994), após a recuperação da bola, a equipa deve
progredir em direcção à baliza contrária rapidamente e de um modo eficaz. Isto
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12
é, o tempo de realização do ataque deve ser o mais curto possível. Nesse
seguimento, a concretização de golos parece estar associada a sequências
ofensivas de curta duração. De acordo com alguns autores (Castelo, 1994;
Garganta, 1997; Garganta et al., 1997; Maçãs, 1997; Carling et al., 2005;
Bergier & Buraczewski, 2007) verifica-se de facto que as sequências ofensivas
apresentam durações relativamente reduzidas. Mombaerts (1991) apurou, em
estudos sobre Campeonatos da Europa e do Mundo, que os tempos médios de
realização do ataque eram inferiores a quinze segundos. Um outro autor (Reina
et al., 1997) obteve resultados semelhantes num estudo realizado sobre o
Campeonato da Europa de 1996. Constatou que 65% das sequências
ofensivas também tinham uma duração inferior a quinze segundos. Maçãs
(1997), baseando-se nas selecções nacionais de futebol júnior, constatou que a
maioria das acções finalizadas tem a duração de nove a catorze segundos. Já
Barros (2002) obteve valores médios de 12,2 segundos, centrando a sua
análise nas sequências ofensivas finalizadas pela equipa do Brasil no
Campeonato do Mundo de 2002. Basto e Garganta (1996) apresentam ainda
valores mais baixos, inferiores a dez segundos.
No que se refere a sequências finalizadas em golo, Garganta (1997) e
Oliveira (1996) apuraram que as equipas de alto nível analisadas realizaram
tempos inferiores a dez segundos. Também Marchal e Lété (1990, cit.
Garganta, 1997) concluíram que 93% dos golos foram obtidos em sequências
com menos de quinze segundos. Do mesmo modo, Bergier & Buraczewski
(2007), a partir da análise de setenta e seis jogos dos Campeonatos do Mundo
de 2002 e 2006, Campeonato da Europa de 2004 e Liga dos Campeões de
2004 / 2005, apuraram também que 76% dos golos tiveram um TRA inferior a
quinze segundos. De acordo com os resultados obtidos por Carling et al. (2005)
no Campeonato do Mundo de 2002 Coreia/Japão, concluiu-se que 53% das
jogadas de golo duraram 6” a 15”, 16% duraram entre 0 e 5” e 11% entre 21 e
25”. Os valores mais elevados foram os encontrados por Castelo (2003), em
que apurou que os tempos médios para as sequências finalizadas em golo
foram de dezoito segundos. Parece-nos que as melhores equipas tendem a
utilizar sequências rápidas para a obtenção dos seus golos, evitando assim as
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organizações defensivas adversárias. Aos jogadores pede-se hoje uma grande
velocidade de decisão e execução. Os ritmos de jogo são cada vez mais
elevados e retiram tempo e espaço necessário à realização das acções
(Castelo, 1996). Para Cabezón e Fernández (1996), a eficácia das acções
ofensivas é, na maior parte das vezes, inversamente proporcional à sua
duração.
2.5.1.2. Velocidade de Transmissão da Bola (VTB)
A circulação da bola a elevada velocidade poderá constituir um
importante argumento ofensivo do jogo colectivo das equipas (Garganta, 1997).
Por outro lado, afirma que uma elevada VTB não está associada
necessariamente à eficácia ofensiva. A expressão desta variável durante o jogo
dependerá, acima de tudo, das condições do jogo, da oposição do adversário e
de aspectos estratégicos.
Para Dugrand (1989, cit. Garganta, 1997) a VTB é tanto maior quanto
mais o seu valor se aproximar da unidade. Isto é, quando o número de bolas
recebidas iguala o número de contactos com a mesma, a VTB alcança o seu
valor máximo. Quando apenas um dos jogadores intervém sobre a bola esta
alcança o seu valor mínimo. Com esta variável procura-se encontrar
indicadores da “fluidez” e ritmo do processo ofensivo das equipas, acreditando
no principio de que quanto menor o número de contactos em função do número
de recepções maior a rapidez da sequência ofensiva.
Em estudos de alguns autores (Quarteu, 1996; Oliveira, 1996; Ribeiro,
2003 e Reis, 2004) os resultados obtidos têm demonstrado valores entre 0,30 e
0,40. Oliveira (1996) concluiu ainda que não se verificaram diferenças
significativas entre equipas de níveis distintos.
2.5.2. A Estrutura Espacial
O jogo de Futebol e todas as suas acções e características decorrem
dentro de um espaço pré-definido. Contudo, este (espaço) não deverá ser
perspectivado de um modo isolado. Ele está umbilicalmente associado ao
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factor tempo, porque é assente nesta relação bipolar que os jogadores deverão
analisar o jogo e tomar decisões. Havendo mais espaço disponível existirá
também mais tempo para decidir e optar pela melhor solução (Comucci, 1983
cit. Garganta, 1997).
Nesta dimensão poder-se-ão enquadrar as seguintes variáveis que a
configuram: frequência de utilização e número de variações de corredor, zona
de realização do último passe, zona para onde estes são direccionados e
zonas de finalização.
2.5.2.1. Frequência de Utilização dos Corredores (FUC)
A amplitude e a profundidade atacantes são fundamentais no Futebol
actual para a obtenção de golos. Facilmente se compreende a importância da
utilização de todo o campo e o aproveitamento de todos os corredores do
terreno de jogo. Para isso, mesmo os jogadores sem bola devem movimentar-
se em largura e em profundidade, de modo a criarem linhas de passe (Castelo,
1994).
Para Miller (1994) o jogo pelas alas ou corredores laterais é um
indicador de um jogo de qualidade. Em estudos do autor, nomeadamente no
Campeonato do Mundo de 1986, concluiu-se que cerca de 28,8% dos golos
foram obtidos a partir de cruzamentos. Na mesma linha, de acordo com
Partridge et al. (1993), os cruzamentos foram também um meio importante para
a obtenção de golos nos mundiais de 1986 e 1990. Assim como para Jinshan
et al. (1993), que em jogos do campeonato do mundo de sub-20 e seniores,
verificou que cerca de 81% dos ataques eram desenvolvidos pelos corredores
laterais. Contudo, estudos de alguns autores (Sleziewski, 1987; Hughes et al.,
1988 e Cabezón e Fernández, 1996) parecem contradizer os resultados
anteriores. Sleziewski (1987) verificou que no Campeonato do Mundo de 1986,
cerca de 47% dos golos foram marcados a partir de acções conduzidas pelo
corredor central. Outro autor (Hughes et al., 1988), num estudo entre equipas
de níveis diferentes, constatou que as equipas com sucesso efectuavam as
suas transições defesa-ataque maioritariamente pelo corredor central e as de
nível inferior pelos corredores laterais. Corroborando estes resultados,
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15
Cabezón e Fernández (1996), analisando as sequências que originaram golos
no campeonato espanhol de futebol, confirmaram de facto que cerca de 60%
dos golos conseguidos surgiram a partir de acções desenvolvidas no corredor
central.
Parece de facto existir uma certa contradição entre os valores
mencionados pelos diferentes autores. Do nosso ponto de vista, a análise
dever-se-á centrar mais na alternância dos espaços de circulação da bola por
parte das equipas. Só assim se ”favorece a criação de surpresa na defensiva
adversária e induz desequilíbrio no balanço ataque/defesa, em favor do ataque”
(Garganta, 1997:226).
2.5.2.2. Número de Variações de Corredor (NVC)
De acordo com Costa (2005), os deslocamentos em largura permitem
uma maior variação do ângulo de ataque e um leque mais alargado de opções
no processo ofensivo. Esta variável descreve o deslocamento da bola no
espaço de jogo durante uma sequência ofensiva. Para Vieira e Garganta
(1996) a variação de corredores é importante. Os autores reforçam a ideia de
que uma das vantagens das equipas vencedoras em campeonatos do mundo
se encontrou na frequência de utilização dos corredores laterais e no índice de
variação de corredor. Por outro lado, Couto (2007) concluiu numa análise entre
selecções de níveis diferentes do Campeonato do Mundo de 2006 que,
independentemente da condição das equipas, estas finalizavam
preferencialmente as suas acções ofensivas sem variação de corredor.
Segundo Quarteu (1996), num estudo com os quatro primeiros
classificados do Campeonato do Mundo de 1994, em todas as sequências
ofensivas realizadas, as equipas frequentaram maioritariamente dois (49,3%) e
três (42,3%) corredores do terreno de jogo. Castelo (1994) obteve valores
parecidos: 44%, 34% e 22% para dois, três e um corredor respectivamente.
Em trabalhos de Cunha (1999) e Garganta et al. (2002), observou-se
que o número médio de variações era de 2,8 por cada sequência ofensiva
realizada e finalizada. De acordo com Costa (2005), nas sequências finalizadas
com remate, a equipa observada efectuou uma (40%), duas (30,7%) e três ou
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16
mais (20,7%) variações de corredor. A grande maioria destes valores parece
demonstrar a importância que as variações de corredor têm no processo
ofensivo das equipas e na causa de instabilidade nas defesas contrárias. Para
além disso, estes resultados parecem estar em concordância com Garganta et
al. (2002) quando mencionam a existência de correlação entre o número de
variações de corredor e a eficácia ofensiva. Será de esperar que equipas de
topo utilizem frequentemente variações de corredor e elevadas percentagens
de utilização dos corredores laterais quando atacam a baliza contrária.
2.5.2.3. Zonas de Finalização (ZF)
A finalização é o momento final ao qual se aspira no desenrolar do
processo ofensivo. Ela é que vai possibilitar atingir aquilo que uma equipa
ambiciona, isto é, o golo. Os jogos ganham-se marcando golos e estes poderão
estar associados ao volume de situações de finalização que uma equipa
consegue criar. Para Garganta (1997), no Futebol, o remate é a acção de
finalização por excelência, pois representa o auge de uma sequência de jogo
ofensivo.
Vários autores (Bezerra, 1995; Castelo, 1996; López, 2002; Costa, 2005)
entendem ser importante estudar as zonas de finalização na análise dos
processos ofensivos, uma vez que a finalização está estritamente relacionada
com o espaço (Barros, 2002). As possibilidades de se finalizar com êxito são
tanto maiores quanto mais próximo se estiver da baliza. Bate (1988) é da
mesma opinião. O autor refere que para se alcançar o êxito no Futebol, é
crucial que se ataque no terço ofensivo de um modo rápido e frequente.
A zona frontal é a que está mais associada à marcação de golos (Wrzos,
1984; 1997; Mombaerts, 1991; Bezerra, 1996 e Reina et al., 1997). Castelo
(1996) num estudo que efectuou, refere que 49% dos golos são obtidos a
menos de 11 metros da baliza, 38% entre os 11 e 22 metros e 14% a mais de
22 metros. López (2002), numa investigação sobre os Campeonatos do Mundo
de 1994, 1998 e Liga espanhola concluiu que aproximadamente 65% dos golos
acontecem dentro da grande área numa zona frontal à baliza, 25% dentro da
pequena área e 10% fora da área. Segundo Carling et al. (2005) no
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Campeonato do Mundo de 2002, cerca de 55% dos golos foram obtidos na GA,
29% na PA e 16% FA. Yiannakos e Armatas (2006), tendo por base a
realização do Campeonato da Europa de 2004 em Portugal, observaram que
44,1% das sequências ofensivas foram finalizadas dentro da grande área,
32,2% dentro da pequena área e 20,4% fora da área. Relativamente às
competições observadas por Bergier e Buraczewski (2007), concluiu-se que
62,4% dos golos foram marcados dentro da PA.
2.5.2.4. Zona Utilizada para o Último Passe (ZUP) / Zona para onde é
Direccionado (ZDP)
Um factor relevante para a finalização é a zona de onde surgiu o último
passe. Trabalhos de alguns autores (Mombaerts, 1991; Dufour, 1993; Jinshan
et al. 1993; Castelo, 1996; Olsen & Larsen, 1997; Cunha, 1999) indicam que
uma grande percentagem de últimos passes surgiram das zonas laterais do
terreno de jogo. Outros (Pedrosa, 1994; Cabezón e Fernández, 1996 e Barros,
2002) mencionam que uma grande parte dos golos marcados é resultado de
últimos passes efectuados no corredor central do campo.
Após a observação de jogos de Campeonatos da Europa e do Mundo,
Mombaerts (1991) apurou que 50% dos golos resultavam de cruzamentos dos
corredores laterais. Na mesma linha, segundo Cunha (1999), num trabalho
sobre a equipa campeã Mundial de 1998 (França), observou que as zonas
ofensivas esquerda e direita foram as mais utilizadas para a realização do
último passe. Por outro lado, Barros (2002), num estudo sobre a selecção
brasileira no Campeonato do Mundo de 2002, aferiu que a maior parte dos
últimos passes surgiram a partir da zona média ofensiva central (33,3%) e da
zona ofensiva esquerda (20,4%). Também Pedrosa (1994), no estudo sobre o
campeonato do Mundo de 1994, refere que 46% dos tentos obtidos tiveram a
sua génese em passes oriundos do corredor central. Segundo Maçãs (1997) e
Carling et al. (2005), as zonas mais utilizadas no passe para golo são em
primeiro lugar o sector ofensivo, seguido do sector médio ofensivo. Este último
autor observou que no Campeonato do Mundo de 2002, 50% dos últimos
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18
passes foram originados do sector ofensivo e 45% da do sector médio
ofensivo.
Facilmente se compreende que quanto mais próximos da baliza
contrária a equipa conseguir jogar, maior a probabilidade desta conseguir criar
situações de golo. Assim, deduz-se que as zonas mais solicitadas para o envio
de últimos passes são as frontais e próximas à baliza adversária. De acordo
com Barros (2002), no estudo que efectuou, cerca de 75% dos últimos passes
das sequências ofensivas finalizadas foram direccionados para o corredor
central. Espera-se com isto que as melhores equipas aproveitem de uma forma
eficaz as zonas frontais e próximas à baliza adversária para a realização de
assistências e obtenção de golos.
2.5.3. A Estrutura da Tarefa
Esta dimensão representa a acção ou acções desempenhadas pelos
jogadores nas diferentes fases do jogo, mediante constrangimentos de espaço
e de tempo que se lhes deparam (Garganta, 1997). Estas acções podem ser
avaliadas a partir de variáveis como o número de jogadores que participam no
desenvolvimento das acções e as características do passe envolvido no
processo ofensivo.
2.5.3.1 Número de Jogadores envolvidos (NJ)
Segundo Teodorescu (1984), esta variável é importante uma vez que a
sua variação altera a variabilidade das situações de jogo. O número de
jogadores nas acções ofensivas está interligado com a maior exploração do
espaço de jogo na fase ofensiva do mesmo.
Num trabalho realizado por Castelo (1994), verificou-se que em cerca de
40% das sequências ofensivas eficazes não participam mais do que quatro
jogadores. Com valores idênticos, Reina et al. (1997) verificaram que em 76%
das sequências que originaram golo no europeu de 1996 participaram menos
de quatro jogadores. Já Garganta e al. (1997) aferiram que entre cerca de 48%
e 85% das sequências ofensivas que originaram golo, participaram entre um a
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19
três jogadores. Esses foram também os resultados para os valores médios
apresentados por Cunha (1999) nas sequências ofensivas efectuadas pela
selecção francesa no Campeonato do Mundo de 1998. Num estudo de
Rodrigues (2000), a média de jogadores intervenientes nas sequências
ofensivas foi inferior a quatro. Na investigação de Costa (2005), os resultados
parecem corroborar os valores anteriores. Das sequências observadas, 26,3%
envolviam três jogadores e 18,8% quatro jogadores. Valores idênticos foram
obtidos por Bergier e Buraczewski (2007), pois apuraram em diferentes
competições internacionais que 16% dos golos obtidos envolveram dois ou
menos jogadores, 25% três jogadores e 22,9% quatro jogadores.
Podemos deduzir destes resultados que os ataques com resultados
positivos (golos) recorrem normalmente a poucos jogadores por sequência
ofensiva.
2.5.3.2 O Passe: Número (NP), Tipo (TP) e Direcção (DP)
Para Talaga (1985) é fundamental a análise relativa ao número de
passes que as equipas efectuam no processo ofensivo. O passe é o elemento
fundamental básico de colaboração entre jogadores da mesma equipa
(Castelo, 1996). É a acção técnica mais utilizada no decurso do jogo de futebol
(Hughes et al., 1988). Segundo Castelo (1994), a sua correcta execução pode
levar ao desequilíbrio da organização defensiva adversária ou à ultrapassagem
eficaz do adversário directo. De acordo com Wrzos (1984), os passes
determinam o ritmo de jogo e a velocidade das acções ofensivas e defensivas.
Eles caracterizam também o desenvolvimento e o estilo de jogo da equipa.
Valdano (1997 in Barreto, 2003) parece concordar, pois menciona que o tipo de
passe influencia as alternâncias dos ritmos de jogo das equipas no decorrer do
seu processo ofensivo.
Em estudos relacionados com o número de passes efectuado pelas
equipas no decorrer das suas acções ofensivas, os resultados obtidos por
diferentes autores são muito parecidos. Olsen (1988) constatou, em jogadas
que conduziram ao golo no mundial de 1986, que cerca de 79% dos golos são
precedidos de cinco ou menos passes. Do mesmo modo, Hughes (1990)
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apurou que em seis finais dos Campeonatos do Mundo, 92,5% dos golos são
obtidos a partir de cinco ou menos passes. Mombaerts (1991) concluiu em
estudos sobre os campeonatos da Europa de 1988 e do Mundo de 1990, que
as sequências mais eficazes utilizaram dois a três passes. Basto e Garganta
(1996) encontraram valores semelhantes na análise de clubes europeus e
também em Campeonatos da Europa e do Mundo. Os golos surgiam em
jogadas compostas por um máximo de três passes. Reina et al. (1997), no
europeu de 1996, observou que 76% dos golos surgiram de sequências com
menos de quatro passes. No estudo efectuado por Maçãs (1997) com as
selecções de futebol júnior, foi observado que 79% das acções ofensivas
terminadas com situações de finalização se realizaram zero a três passes. Já
Garganta et al. (2002) referem que os quatro primeiros classificados do
Campeonato do Mundo de 1994 realizaram em média cinco passes por
sequência finalizada. Barros (2002) constatou que a equipa do Brasil, nas suas
sequências ofensivas finalizadas, fazia em média três passes. Carling et al.
(2005) apurou que em 66% das sequências de golo se realizaram entre um e
quatro passes e em 34% cinco ou mais. Com estes valores deduzimos que, no
que diz respeito a jogadas finalizadas (em golo ou não), as sequências que
precedem essa mesma finalização englobam poucos passes entre elementos
da mesma equipa. Esta observação vai ao encontro do que refere Talaga
(1985). Isto é, à medida que aumenta o número de passes, reduz-se a eficácia
das acções no ataque e o efeito surpresa no adversário.
Em estudos de alguns autores (Mombaerts, 1991; Castelo, 1994;
Pedrosa, 1994; Bezerra, 1996; Garganta, 1997; Silva, 1998; Mendes, 2002;
Ribeiro, 2003), parece verificar-se que as equipas utilizam predominantemente
o passe curto/médio, dirigido para a frente e para os lados no desenvolvimento
das acções de ataque. Reina et al. (1997) mencionam que 60 % dos passes,
em jogadas de golo no campeonato da Europa de 1996, foram dirigidos para a
frente. Araújo e Garganta (2002) registaram também uma clara predominância
do passe dirigido para a frente num estudo sobre o contra-ataque de uma
equipa do campeonato português. Na mesma linha, de acordo com Barros
REVISÃO DA LITERATURA
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(2002), nas jogadas de ataque finalizadas pelo Brasil, o passe para a frente foi
também o mais utilizado.
Estes trabalhos de investigação e observação parecem anunciar que as
equipas de rendimento superior recorrem sobretudo a um número reduzido de
passes (inferior a cinco). Distinguem-se também por serem preferencialmente
curtos e médios, orientados para a frente e para os lados no desenvolvimento
das suas sequências ofensivas finalizadas.
2.5.4. A Organização da Equipa
A organização das equipas resulta da interacção das dimensões tempo,
espaço e tarefa acima referidas e pode ser avaliada através do método de jogo
ofensivo utilizado.
2.5.4.1. Métodos de Jogo Ofensivo (MJO)
Os métodos de jogo ofensivo compreendem um conjunto coordenado de
princípios, de dispositivos e de acções técnicas individuais que têm como
objectivo a organização racional do ataque (Teissie, 1969, cit. Garganta, 1997).
Segundo Garganta (1997:212), por MJO deve-se entender “a forma como os
jogadores de uma equipa desenvolvem o processo ofensivo, desde o momento
da aquisição ou recuperação da posse da bola, até ao momento de finalização
ou perda da mesma”. De acordo com Castelo (2003:80), os métodos de jogo
ofensivos “visam uma coordenação eficaz das acções dos jogadores que
constituem a equipa, de forma a criar condições mais favoráveis para
concretizar os objectivos de ataque da equipa em consonância ou não, com os
objectivos do jogo – o golo”. Ainda segundo Castelo (1996:133), os diferentes
métodos procuram garantir:
“A criação e condições mais favoráveis, em termos de tempo, espaço e de
número, para a concretização dos objectivos do ataque ou objectivos tácticos
momentâneos da equipa, levando consequentemente o adversário a errar;
A contínua instabilidade da organização da defesa adversária em qualquer
das fases do processo ofensivo;
REVISÃO DA LITERATURA
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22
A execução da maior parte das acções técnico-tácticas individuais e
colectivas, em direcção à baliza adversária ou para zonas vitais do terreno de
jogo”.
Segundo Castelo (1994) e Garganta (1997) existem três MJO
fundamentais: contra-ataque, ataque rápido e ataque posicional. No quadro 1
serão resumidas as características que, segundo Garganta (1997), compõem
os métodos de jogo ofensivos fundamentais.
Quadro 1: Características dos Métodos de Jogo Ofensivos (Adaptado de Garganta, 1997)
Cabezón e Fernández (1996) afirmam que a combinação de ataques
rápidos com o envolvimento de poucos jogadores induzem um alto nível de
eficácia. Deste modo, estes autores confirmaram nos seus estudos sobre
campeonato espanhol que 68% dos golos foram marcados em AR e 32% em
AP. Esta afirmação parece estar de acordo com um estudo de Wrzos (1981)
em que analisou as acções ofensivas no mundial de 1978. Concluiu que 88%
dessas acções se processavam através de ataque rápido. Também Castelo
(1994), na observação de 549 sequências ofensivas que originaram golo em
finais de Campeonatos do Mundo e da Europa, menciona que 42% dessas
acções se produzem através de ataque rápido e 21% através de ataque
Ataque Posicional (AP) Ataque Rápido (AR) Contra-Ataque (CA)
Bola recuperada em qualquer zona do terreno;
Equipa adversária equilibrada
defensivamente.
Bola recuperada em qualquer zona do terreno;
Equipa adversária equilibrada
defensivamente.
Bola recuperada no meio campo defensivo;
Equipa adversária encontra-se avançada no terreno de jogo e
desequilibrada defensivamente.
Circulação da bola mais em largura do que em profundidade;
Passes curtos e desmarcações de
apoio.
Circulação da bola em largura e em profundidade;
Passes rápidos, curtos e longos
alternados;
Desmarcações de ruptura.
Circulação da bola mais em profundidade do que em largura;
Passes longos e para a frente
preferencialmente;
Desmarcações de ruptura.
Realiza acima de 7 passes Passes realizados não ultrapassam os 7
Realiza abaixo de 5 passes
TRA elevado (acima de 18 “) TRA não ultrapassa, em regra,
os 18 “
Transição rápida da zona de conquista da bola para zonas de
finalização;
TRA baixo (igual ou inferior a 12”) Ritmo de jogo lento
comparativamente aos outros;
Menor velocidade de circulação da bola e de jogadores.
Ritmo de jogo elevado (elevada velocidade de circulação da bola
e de jogadores).
Ritmo de jogo elevado (elevada velocidade de circulação da bola e
de jogadores).
REVISÃO DA LITERATURA
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posicional e contra-ataque. Parece existir a preocupação por parte das equipas
em transportar a bola para as zonas decisivas do terreno de modo a ser mais
previsível a marcação de golos.
Por outro lado, estudos de Sleziewski (1987) e Silva (1998) parecem
contrapor os valores anteriores. Referem uma ligeira supremacia dos ataques
posicionais, logo seguido pelo ataque rápido. Apenas Dufour (1993) aponta
valores bastante superiores (88%) do ataque posicional comparativamente ao
ataque rápido (12%), no estudo sobre o Campeonato do Mundo 1990 em Itália.
Estas diferenças poderão em parte ser explicadas, como refere Garganta
(1997), não só pelos diferentes tipos de amostras utilizadas nos trabalhos, mas
acima de tudo pelos problemas na definição dos diferentes métodos de jogo
ofensivo.
Quando se comparam diferentes níveis competitivos das equipas,
obtêm-se resultados curiosos. Em investigações efectuadas por Castelo (1996)
e Silva (1998), concluiu-se que as equipas de nível superior parecem adoptar
preferencialmente o ataque rápido e em seguida o ataque posicional. As
equipas de nível inferior adoptam preferencialmente o contra-ataque (Silva,
1998). Em estudos com equipas portuguesas, Mendes (2002) e Ribeiro (2003)
concluíram também que o ataque rápido era o método ofensivo mais vezes
utilizado nas equipas que observaram.
2.5.4.1.1. As Bolas Paradas (BP)
Os lances de bola parada assumem, hoje em dia, uma preponderância
cada vez maior no panorama futebolístico internacional. Estão muitas vezes
associadas a acções que conduziram à obtenção de sucesso. Nas
competições ao mais alto nível, onde o grau de competência das equipas é
muitas vezes semelhante, os golos marcados através de bola parada
acarretam um peso maior e quase decisivo. De facto, um estudo de Jinshan et
al. (1993) sobre os golos num Campeonato do Mundo de Futebol, parece
reforçar essa ideia. O autor refere que de todos os golos obtidos, 32,2% foram
alcançados através de bolas paradas. Um resultado próximo foi o que conferiu
Castelo (1996) em observação de finais de Campeonatos do Mundo e da
REVISÃO DA LITERATURA
Helder Rodrigues
24
Europa. O autor afirma que 27% dos golos totalizados foram de bola parada,
dos quais 12% foram de livre, 9% de grande penalidade, 5% de canto e 1% de
lançamento lateral. Resultados idênticos foram os observados por Cherry
(2000) no Campeonato do Mundo de 1998. O autor assegura que 25% dos
golos da competição foram conseguidos com jogadas de bola parada, em que
a maioria deles foram conseguidos de grande penalidade.
Daqui se deduz a importância que este tipo de lances vêem conseguindo
alcançar no quadro do Futebol internacional, muitas vezes com grande
influência na obtenção de sucesso das equipas.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
25
3. MATERIAL E MÉTODOS
O processo de recolha, tratamento e análise dos dados obtidos a partir da
observação do jogo, é considerado cada vez mais, como um elemento
determinante na obtenção de melhores resultados das equipas e dos
jogadores (Garganta, 1997). Para Bezerra (1995), a gravação com recurso a
imagens de vídeo faculta a visualização das sequências de jogo através de
diferentes velocidades, permitindo a análise de pormenores do jogo no tempo
e espaço correctos sem o desvirtuar. Segundo Garganta (1997), esses
recursos constituem, no seu conjunto, um universo muito importante, pela
qualidade, quantidade e diversidade de informação que dispõem. O autor
afirma ainda que uma maior exactidão na recolha dos dados minimiza
eventuais erros de análise futura.
Para a realização deste estudo, foram efectuadas uma pesquisa
bibliográfica e documental, bem como uma observação sistemática e indirecta
de imagens gravadas, auxiliadas por software de reprodução de imagens
virtuais. Para além disso, elaborámos também uma ficha de observação para
registo de acções efectuadas pelas equipas, nomeadamente nas sequências
que originaram golo.
3.1. Caracterização da Amostra
Foi para nós vantajoso neste estudo tentar contextualizar as acções de
jogo das equipas de alto nível competitivo. Houve a preocupação com a busca
de padrões de acção que nos permitissem deduzir alguns comportamentos
comuns nas equipas no momento de criação das jogadas de golo. Pois
segundo Garganta (1995), é importante saber como as equipas de elite jogam,
uma vez que constituem o expoente máximo do conteúdo táctico-técnico
individual e colectivo do jogo.
A amostra deste trabalho é constituída pelos setenta e sete (77) golos
marcados nos trinta e um (31) jogos realizados pelas dezasseis equipas
presentes no Campeonato da Europa Áustria / Suiça 2008.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
26
Os quadros seguintes (2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8) indicam os jogos realizados e
os resultados obtidos na competição:
Grupo A
Portugal Turquia 2 - 0
Suiça República Checa 0 - 1
República Checa Portugal 1 - 3
Suiça Turquia 1 - 2
Turquia República Checa 3 - 2
Portugal Suiça 0 - 2
Quadro 2: Jogos e resultados do Grupo A
Grupo B
Áustria Croácia 0 – 1
Alemanha Polónia 2 – 0
Croácia Alemanha 2 - 1
Áustria Polónia 1 - 1
Alemanha Áustria 1 - 0
Polónia Croácia 0 - 1
Quadro 3: Jogos e resultados do Grupo B
Grupo C
Roménia França 0 - 0
Holanda Itália 3 – 0
Holanda França 4 – 1
Itália Roménia 1 - 1
Roménia Holanda 0 – 2
França Itália 0 - 2
Quadro 4: Jogos e resultados do Grupo C
Grupo D
Espanha Rússia 4 – 1
Grécia Suécia 0 – 2
Grécia Rússia 0 – 1
Suécia Espanha 1 – 2
Espanha Grécia 2 – 1
Rússia Suécia 2 - 0
Quadro 5: Jogos e resultados do Grupo D
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
27
Quartos de Final
Portugal Alemanha 2 - 3
Croácia Turquia 1 - 1 (1-3) g.p.
Holanda Rússia 1 - 3
Espanha Itália 0 - 0 (4-2) g.p.
Quadro 6: Jogos e resultados dos Quartos de Final
Meias-Finais
Alemanha Turquia 3 – 2
Rússia Espanha 0 - 3
Quadro 7: Jogos e resultados das Meias-Finais
Final
Espanha Alemanha 1 – 0
Quadro 8: Jogo e resultado da Final
Dividimos as equipas em dois grupos: Grupo 1 e Grupo 2. As equipas
do Grupo 1 são todas aquelas que atingiram pelo menos os quartos de final da
competição (Portugal, Alemanha, Croácia, Turquia, Holanda, Rússia, Espanha
e Itália) e as do Grupo 2 (Suiça, República Checa, Áustria, Polónia, Roménia,
França, Grécia, Suécia) as que foram eliminadas na fase de grupos. As
selecções da Áustria, Grécia e Itália só marcaram golos de bola parada e só
serão consideradas neste ponto do trabalho.
A separação das selecções em dois grupos relacionou-se com o facto
de se tentarem observar diferenças relevantes na construção dos processos
ofensivos. Assim, o apuramento das mesmas para os quartos de final da
competição pareceu-nos ser um critério apropriado para a elaboração do
nosso estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
28
3.2. Explicitação das Variáveis
Para a análise das sequências que foram finalizadas com êxito total, isto
é, o golo, decidimos fazer uma selecção de variáveis que nosso entender
fossem as mais indicadas para a realização do nosso trabalho. Elas são:
Tempo de Realização do Ataque (TRA)
Entende-se por TRA o período de tempo entre o início do processo
ofensivo (SOFG) e a sua conclusão (Garganta, 1997).
Velocidade de Transmissão da Bola (VTB)
Entende-se por VTB a velocidade com que a bola é transmitida entre
jogadores da mesma equipa na mesma SOFG. É calculada a partir do
quociente entre o número de bolas recebidas (NR) e o número de contactos
(NC) realizados (VTB=NR/NC). O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que,
quanto mais se aproximar da unidade mais rápida é considerada a transmissão
da bola.
Frequência de Utilização Corredores (FUC), Nº de Variações de
Corredor (NVC)
A FUC relaciona-se com a identificação dos corredores utilizados
durante uma sequência ofensiva finalizada em golo. Por NVC entende-se o
número de vezes em que a bola transita de um corredor para outro através de
um passe (Garganta, 1997).
Zona de Finalização (ZF)
Pode-se considerar por ZF a zona do terreno onde foi realizado o
remate. A zona PA corresponde exclusivamente à área de baliza. A zona GA
refere-se ao restante espaço da área excepto a área de baliza. A zona FA
relaciona-se com o espaço exterior à grande área.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
29
Zona Utilizada para o Último Passe (ZUP)
Por ZUP entende-se a zona do terreno a partir do qual foi efectuado o
último passe. Considera-se o último passe, aquele que é efectuado para o
jogador que concretiza o remate (Silva, 1998).
Zona para onde foi dirigido o Último Passe (ZDP)
Por ZDP entende-se a zona do terreno para onde é dirigido o último
passe antes de se finalizar a SOFG.
Número de Jogadores envolvidos na Sequência Ofensiva (NJ)
Entende-se por NJ, o número de jogadores que contactam com a bola,
independentemente do número de vezes que o façam no decorrer da SOFG
(Cunha, 1999).
Caracterização do Passe: Número (NP), Tipo (TP) e Direcção (DP);
Por NP entende-se o número de transmissões da bola entre elementos
da mesma equipa desde o momento da aquisição da posse da bola até ao final
da sequência ofensiva (Garganta, 1997).
No que diz respeito aos TP, estes podem ser:
o Curto/Médio (Pcm) – a transmissão da bola para outro elemento da
equipa é feita na mesma zona ou numa das zonas contíguas
assinaladas no campograma (Garganta, 1997).
o Longo (PL) – a transmissão da bola para outro elemento da equipa
cruza as zonas contíguas à da zona de acção e foi jogada numa terceira
zona (Garganta, 1997).
Por DP entende-se a orientação de cada passe, isto é, para a frente,
para os lados e para trás relativamente ao sentido do ataque (Garganta, 1997).
Considerámos pertinente também criar a categoria dos passes
diagonais, que podem ser para a frente e para trás. Estes são normalmente
considerados, em alguns estudos, como passes orientados para a frente.
Contudo entendemos adequado enquadrá-los numa categoria à parte.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
30
Método de Jogo Ofensivo (MJO)
Entende-se por MJO a forma como a equipa desenvolve o processo
ofensivo (Garganta, 1997). De acordo com Castelo (1994) e Garganta (1997)
são considerados três métodos básicos: Contra-Ataque (CA), Ataque Rápido
(AR) e Ataque Posicional (AP).
o Contra-Ataque – Após a conquista da bola no meio campo defensivo,
deve-se procurar chegar o mais rapidamente possível à baliza adversária, sem
possibilitar que a equipa contrária se organize defensivamente. A equipa
contrária encontra-se desequilibrada do ponto de vista defensivo e avançada
no terreno. Utilizam-se sobretudo passes longos e com uma circulação de bola
mais em profundidade do que em largura. Os passes caracterizam-se por
serem poucos (no máximo cinco) e longos. Verifica-se uma rápida transição da
zona da conquista da bola para as zonas de finalização, logo o tempo de
realização do ataque apresenta o máximo de doze segundos.
o Ataque Rápido – Difere do contra-ataque, acima de tudo pela fase de
criação e finalização do processo ofensivo ter a equipa contrária já em
organização defensiva. A bola é recuperada tanto no meio campo ofensivo
como defensivo. A circulação da bola é feita tanto em profundidade como em
largura, com passes rápidos, curtos, longos e acompanhados de
desmarcações de ruptura. Realizam-se no máximo sete passes. O tempo
máximo de ataque não ultrapassa os dezoito segundos.
o Ataque Posicional – A fase de construção das acções ofensivas é mais
demorada, sendo que a transição defesa-ataque se baseia em passes curtos,
desmarcações de apoio e coberturas ofensivas. A bola pode ser conquistada
no meio campo defensivo ou ofensivo, estando a equipa contrária organizada e
equilibrada defensivamente. As acções de ataque assentam em passes curtos
e desmarcações de apoio. Realizam-se normalmente acima de sete passes
por acção ofensiva, demorando esta mais do que dezoito segundos.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
31
Salientamos o facto de os critérios que definem os Métodos de Jogo
Ofensivo não serem “estanques”. Isto é, uma sequência ofensiva pode não
denotar, aparentemente, características de CA, AR ou AP e no entanto poder
sê-lo em função da conjugação das diversas variáveis que a constituem. Por
exemplo, o tempo de realização do ataque, o tipo/número de passe utilizado ou
o número de jogadores envolvidos podem, numa determinada jogada, exibir
valores inferiores ou superiores com o que está definido na literatura para um
determinado método de jogo ofensivo. No entanto, em função da interligação
das variáveis e indicadores (organização defensiva adversária, existente ou
não e em que local está colocada; zonas do terreno onde são desenvolvidas
as acções; ritmo de jogo e velocidade das acções) pode ser considerado como
um MJO diferente.
3.3. Registo dos Dados
Após a definição da amostra e das variáveis efectuámos a recolha dos
dados. Para procedermos à localização e contextualização do jogador e da
equipa no espaço de jogo, recorremos a um campograma (Figura 1C) ou
modelo topográfico de divisão do terreno em doze zonas distintas. Essa
divisão foi resultante da justaposição da divisão transversal do terreno de jogo
(Figura 1A) em quatro sectores (sector defensivo, sector médio defensivo,
sector médio ofensivo e sector ofensivo) com a divisão longitudinal (Figura 1B)
em três corredores (corredor esquerdo, corredor central e corredor direito) tal
como se pode observar abaixo na Figura 1.
A adopção deste campograma, com os corredores laterais a serem
delimitados pelas linhas laterais da grande área, relaciona-se o objectivo do
nosso trabalho. Isto é, sendo os corredores laterais mais estreitos, pensamos
conseguir perceber de um modo mais claro os comportamentos específicos e
mais característicos das zonas laterais do campo. De outro modo, muitas das
acções desenvolvidas nos corredores laterais seriam consideradas como
acções do corredor central.
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
32
A B MEIO CAMPO DEFENSIVO MEIO CAMPO OFENSIVO
SECTOR SECTOR SECTOR CORREDOR ESQUERDO (CE) DEFENSIVO MÉDIO OFENSIVO DEFENSIVO OFENSIVO CORREDOR CENTRAL (CC) CORREDOR DIREITO (CD) SD SMD SMO SO
C DE MDE MDO OE
DC MDC MOC OC
DD MDD MOD OD
SENTIDO DO ATAQUE
Figura 1: Campograma – Divisão do terreno de jogo em 12 zonas distintas
Legenda: zona defensiva direita (DD); zona defensiva central (DC); zona defensiva esquerda (DE); zona média defensiva direita
(MDD); zona média defensiva central (MDC); zona média defensiva esquerda (MDE); zona média ofensiva direita (MOD); zona média
ofensiva central (MOC); zona média ofensiva esquerda (MOE); zona ofensiva direita (OD); zona ofensiva central (OC); zona ofensiva
esquerda (OE).
3.3.1. Fiabilidade Intra-observador
Concluída a selecção e definição das variáveis a observar no nosso
estudo, asseguramos a fiabilidade dos resultados obtidos através da
determinação da fiabilidade intra-observador.
Para verificar a fiabilidade intra-observador comparam-se os valores
encontrados em duas observações efectuadas pelo mesmo observador. No
nosso caso realizámos as duas observações com um intervalo de tempo de
duas semanas. Este teste tenta assegurar a fiabilidade dos resultados na
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
33
medida em que, face à mesma situação, ainda que em momentos distintos, o
observador pode obter resultados díspares.
Este método foi apurado pela fórmula de Heinz e Zender (1956) e
Bellack et al. (1966), citado por Garganta (1997), como se pode observar na
figura 2. Tem por base a relação percentual entre o número de acordos e
desacordos registados.
ÍNDICE DE FIDELIDADE = Nº DE ACORDOS X 100
Nº DE ACORDOS + Nº DE DESACORDOS
Figura 2: Índice de Fiabilidade dos resultados
Relativamente aos resultados encontrados para cada uma das variáveis
(Quadro 9) os valores variaram entre 87,1% e 100%, atestando a fiabilidade
dos resultados da amostra.
Quadro 9: Índices de Fiabilidade das diferentes variáveis
Variáveis Índice de Fiabilidade (%)
TRA 100
VTB 93,5
FUC 100
NVC 100
ZF 100
ZUP 100
ZDP 100
NJ 100
NP 87,1
TP 95,1
DP 88,7
MJO 91,9
MATERIAL E MÉTODOS
Helder Rodrigues
34
3.3.2. Procedimentos Estatísticos
Para a análise e caracterização das variáveis envolvidas neste estudo,
foram utilizados métodos de estatística descritiva como a média, a
percentagem e o desvio padrão. Foi utilizado também o programa “Windows
Excel” para a realização do tratamento estatístico e apuro de resultados.
3.3.3. Instrumentarium
Televisor LCD Samsung LE 37 M8 HD
PC portátil Clasus C – 450;
Impressora HP psc 1315;
Cronómetro;
Grelhas de observação e registo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
35
80,5%
19,5%
SOFG
BP62
15
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Caracterização geral dos golos do Euro 2008
Neste Campeonato Europeu de Futebol de 2008 realizado na Áustria e
na Suiça realizaram-se trinta e um (31) jogos e marcaram-se setenta e sete
golos (77). Da amostra total verificámos que sessenta e dois golos (62), ou
seja, 80,5% foram marcados em sequências contínuas de jogo ofensivo e
quinze golos (15), que correspondem a 19,5% obtidos através de lances de
bola parada.
Figura 3: Percentagens de golos obtidos através de SOFG e BP
A média de golos por jogo alcançada durante o torneio foi de 2,48,
repetindo-se assim a segunda melhor média desde que o Campeonato da
Europa passou a contar com este número de jogos. O resultado mais frequente
foi o 1 – 0 e ocorreu em seis partidas. A Espanha foi a selecção mais
concretizadora somando doze tentos em seis encontros. Contudo, a Holanda é
a que apresenta uma melhor média de golos por jogo (2,5) nos quatro jogos
que realizou. As equipas da Áustria, França, Grécia, Polónia e Roménia
apenas marcaram por uma vez. A Croácia apresentou a defesa mais segura,
sofrendo apenas dois golos em quatro jogos, em claro contraste com França e
República Checa, que terminaram a sua prestação na fase de grupos com seis
golos sofridos, apesar de nenhuma delas ter sofrido no seu jogo de estreia. A
Turquia foi a pior defesa do campeonato sofrendo nove golos, chegando no
entanto, às meias-finais. De todos os jogos disputados, em vinte e quatro deles
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
36
(77,4%) foram marcados até três golos por jogo. Apenas em sete jogos
realizados (22,5%) foram marcados mais do que três golos. No ranking das
selecções mais concretizadoras deste Europeu, em primeiro lugar aparece a
Espanha com doze golos, seguida da Holanda e da Alemanha, ambas com dez
golos apontados. Abaixo surgem as equipas da Turquia com oito, Portugal e
Rússia com sete e Croácia com cinco golos marcados.
Relativamente a partidas com mais golos, destacam-se cinco jogos onde
foram obtidos o máximo de cinco golos em cada um. Esses jogos foram:
Holanda (4-1) França na fase de grupos;
Turquia (3-2) República Checa na fase de grupos;
Espanha (4-1) Rússia na fase de grupos;
Portugal (2-3) Alemanha nos quartos de final;
Alemanha (3-2) Turquia nas meias-finais.
No que diz respeito às maiores goleadas, ocorreram em quatro jogos e
nunca existindo uma diferença maior do que três golos. Essas partidas foram:
Espanha (4-1) Rússia na fase de grupos;
Holanda (4-1) França na fase de grupos;
Holanda (3-0) Itália na fase de grupos;
Rússia (0-3) Espanha nas meias-finais.
4.2. Variáveis Observadas
As variáveis consideradas para a realização do nosso estudo centraram-
se acima de tudo na observação das sequências ofensivas dos sessenta e dois
(62) golos marcados em jogo contínuo. Os restantes quinze (15) golos foram
obtidos através de lances de bola parada, sendo a sua análise realizada
exclusivamente no ponto relativo a este aspecto.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
37
3,2%
40,3%43,5%
12,9%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
4 a 6 seg. 7 a 9 seg. 10 a 13 seg. 14 a 17 seg.
27 25
8 2
4.2.1. Tempo de Realização do Ataque (TRA)
A finalidade de qualquer acção ofensiva é provocar um efeito surpresa
na tentativa de explorar o desequilíbrio induzido no dispositivo adversário
(Gréhaigne, 2001). Desse modo, a velocidade de execução das acções
colectivas e individuais vai ser preponderante para a obtenção do golo.
Através da análise da figura 4, podemos verificar que os tempos de
realização do ataque (TRA) em sequências finalizadas com golo variaram entre
os quatro e os dezassete segundos, sendo que o tempo médio obtido neste
estudo foi de 8,77 segundos para a totalidade das equipas presentes.
De salientar que cerca de 96,7 % dos golos deste Campeonato da
Europa surgiram de jogadas com uma duração inferior a treze segundos, o que
se aproxima dos valores indicados por Marchal & Lété (1990, in Garganta,
1997). Cerca de 83,9% dos golos, isto é, cinquenta e dois (52), foram
marcados após jogadas com durações entre os sete (7) e os treze (13)
segundos.
Figura 4: Tempo de Realização do Ataque – % obtidas
Observámos também que se marcaram vinte e sete golos (27) que
representam 43,5%, precedidos de jogadas com uma duração entre os sete e
os nove segundos. Este assume-se como o intervalo de tempo mais
representativo quanto ao volume de golos marcados. Marcaram-se vinte e
cinco golos (25), que correspondem a 40,3% da amostra, em jogadas com uma
duração de 10” a 13”, sendo o segundo intervalo de tempo onde foram
observados mais golos. As sequências com duração de 4” a 6” representam
12,9% (8 golos) e o de 14” a 17” apenas 3,22% (2 golos).
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
38
Pensamos que ao classificar o MJO evidenciado num determinado golo,
recorrendo ao TRA de um modo isolado, pode-se traduzir em algo redutor.
Interessa analisar o processo ofensivo de um modo mais abrangente.
Por definição uma situação de contra-ataque (CA) deverá apresentar
uma duração até doze segundos. Pela observação da figura 4, podemos
concluir que as jogadas de golo se desenrolaram em períodos de tempo
relativamente reduzidos. No nosso estudo os golos realizados neste tipo de
acção ofensiva abrangeram todos os intervalos de tempo observados. Isto é,
foram marcados golos em jogadas de quatro segundos como também em
jogadas de quinze segundos de duração. As jogadas de golo com nove
segundos ocorreram por cinco vezes, sendo essa a duração mais vezes
evidenciada. Curiosamente, as sequências de CA mais longas (11, 12, 13 e 15
segundos) foram todas realizadas por equipas pertencentes ao Grupo 1 do
nosso estudo (Portugal, Espanha, Rússia e Holanda). Este aspecto poderá
eventualmente estar associado com uma maior complexidade ofensiva destas
equipas, conduzindo a acções de CA menos directas. Um dado curioso prende-
se com o facto de duas das sequências mais longas de CA (13 e 15 segundos)
terem sido ambas realizadas pela mesma selecção: a Holanda. Essa situação
poderá estar relacionada com o facto de, nos dois momentos, a posse da bola
ter sido feita perto da sua baliza, circulando posteriormente pelos três
corredores do campo até fazerem golo. Num dos golos observados, o processo
ofensivo iniciou-se inclusivamente após uma recuperação da bola dentro da GA
num canto defensivo. A Rússia proporcionou uma das situações de CA mais
prolongadas (13 segundos) da competição. Para isso terá contribuído o facto
de a bola ter percorrido mais de metade do campo, conduzida pelo mesmo
jogador (VTB baixa), em jogada individual, o que terá elevado o TRA.
O tempo de realização do ataque nas acções de Ataque Posicional (AP)
é normalmente descrito como sendo superior a dezoito segundos. Contudo, de
acordo com a nossa observação, isso não se verificou na competição. De facto,
todos os golos em AP foram obtidos recorrendo a acções de curta duração
(entre 8 e 12 segundos). No nosso entender, esta situação só será possível
pelo facto das equipas recuperarem a bola no último terço do campo, junto à
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
39
área adversária, desenvolvendo aí as suas acções e tentarem o mais rápido
possível finalizar. A equipa que obteve o TRA mais elevado foi a Croácia (12
segundos).
Para poder ser possível uma média tão baixa no TRA nas acções de AP,
na nossa opinião, o número de passes entre jogadores da mesma equipa e o
número de jogadores envolvidos nas jogadas de golo terá que ser baixo e a
VTB (nestas condições) terá que ser elevada.
No que diz respeito ao ataque rápido (AR), o seu TRA é normalmente
aceite como sendo nunca superior a dezoito segundos. No nosso trabalho foi
possível constatar que as acções ofensivas em AR foram de facto as mais
observadas na competição. Apresentaram uma duração entre os cinco e os
catorze segundos. As acções com nove segundos foram as mais frequentes (8
golos), seguidas das acções com dez segundos (6 golos). As equipas da
Turquia, da Espanha e da Alemanha foram as que marcaram mais golos em
AR. A selecção turca foi a que utilizou este MJO com TRA mais diversificado,
obtendo golos em jogadas com duração de 5, 8, 9, 11 e 14 segundos. A
Espanha marcou em jogadas com duração de 9, 10, 11 e 12 segundos. Já a
equipa alemã foi mais regular em questão de duração das suas sequências
ofensivas, marcando seis golos em AR com durações de 8 e 9 segundos. O
aspecto da variabilidade ofensiva (na duração das jogadas) talvez seja um
indicador importante para a obtenção de sucesso. Segundo estes resultados,
podemos afirmar que as jogadas em CA apresentaram valores de TRA
elevados e o AP valores bastante baixos. No que se refere ao AR situa-se
dentro dos valores previamente abordados na revisão da literatura, ou seja,
inferiores a dezoito segundos.
Oliveira (1996) e Garganta (1997) apuraram em alguns estudos que os
tempos médios das sequências de golo em equipas de rendimento superior
eram inferiores a dez segundos. Quando comparámos os dados entre grupos
distintos (Grupo 1 e 2) constatámos algumas diferenças no TRA. Como se
observa na figura 5, o Grupo 1 apresentou valores médios de 9,72 segundos e
o Grupo 2 apresentou valores médios de 7,67 segundos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
40
9,727,8
0
4
8
12
GRUPO 1 GRUPO 2
GRUPO 1
GRUPO 2
2422
23 4 34
0
5
10
15
20
25
30
4 a 6 seg 7 a 9 seg 10 a 13 seg 14 a 17 seg
GRUPO 1
GRUPO 2
Figura 5: Valores médios no TRA entre o Grupo 1 e o Grupo 2
Neste caso, as selecções independentemente do seu nível, parecem
recorrer a sequências de curta duração com o objectivo de conseguirem
alcançar o golo pretendido.
Através da figura 6 podemos também observar que as equipas do Grupo
1, para além de terem obtido um volume de golos bastante superior, também
marcaram golos em jogadas de duração abrangidas por todos os intervalos
observados. As equipas do Grupo 2 não marcaram golos no intervalo 14” a 17”,
superiorizando-se contudo no número de golos marcados na categoria 4” a 6”.
Este dado poderá estar relacionado com o estilo de jogo adoptado pelas
selecções do Grupo 2. Estas devem ter assumido posturas de uma maior
contenção defensiva e à espera do erro do adversário, ao invés de tentarem
provocar o erro e o desequilíbrio defensivo nas equipas contrárias.
Figura 6: TRA entre Grupo 1 e Grupo 2 – nº de golos marcados
De acordo com Garganta (1997), as equipas de maior sucesso apostam
preferencialmente num estilo de jogo indirecto, aproveitando a largura e a
profundidade do campo como meio de impor variação e imprevisibilidade ao
seu jogo, arrastando logicamente um TRA mais elevado. Esta situação pode
em parte explicar a diferença encontrada entre os valores médios dos dois
grupos estudados. Couto (2007), num estudo onde comparou equipas de níveis
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
41
0,43 0,41
0,00
0,20
0,40
0,60
GRUPO 1 GRUPO 2
GRUPO 1
GRUPO 2
distintos, concluiu também que as equipas de nível superior apresentaram uma
duração média superior nas sequências ofensivas finalizadas.
4.2.2. Velocidade de Transmissão da Bola (VTB)
As exigências do Futebol actual conduzem a estilos de jogo onde a
velocidade das acções colectivas e individuais são requisito fundamental para o
sucesso. Mas mais importante do que correr é o modo como se corre e o
momento certo para o fazer (Carvalhal, 2000). Os valores da velocidade de
transmissão da bola variam entre 0 e 1, sendo tanto mais rápida quanto mais
se aproximar da unidade. Analisando a figura 7, podemos observar que os
valores médios para a VTB são praticamente idênticos entre grupos de níveis
distintos. No entanto, as equipas do Grupo 1 (0,43 +/- 0,06) apresentam
valores médios ligeiramente superiores aos do Grupo 2 (0,41+/- 0,07).
Figura 7: Valores médios de VTB entre Grupo 1 e Grupo 2
Estes dados são semelhantes mas ligeiramente superiores aos obtidos
por Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004) nos seus
estudos. Os dados recolhidos estão no entanto de acordo com as conclusões
de Oliveira (1996) que mencionou não encontrar diferenças significativas entre
equipas de níveis diferentes. Do nosso ponto de vista, a VTB não deverá ser
analisada de um modo descontextualizado e isolado da realidade do jogo. Para
Garganta (1997:223) o que interessa observar é “sobretudo a circulação táctica
baseada, quer no ritmo de trocas de bola, quer na exploração do espaço de
jogo na transmissão da bola por parte dos jogadores”. Guilherme Oliveira
(2004) relativiza o conceito convencional de velocidade nas acções de jogo no
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
42
Futebol. Afirma que a realização das diversas acções de jogo tanto podem
encontrar o êxito se forem executadas quase sem movimento como também a
grande velocidade, dependendo do momento e do envolvimento em que são
realizadas. Na mesma linha, segundo José Mourinho (2003b), a antecipação
das acções é importante para uma boa velocidade da bola. Esta só é garantida
através de um bom jogo posicional e que transmita segurança a todos os
jogadores. Eles sabem que em determinada posição há um jogador, e que sob
o ponto de vista geométrico existe algo construído no terreno de jogo que lhes
permite pensar antecipadamente.
No que se refere aos valores médios de VTB evidenciados pelas
diferentes equipas (quadro 10), destacamos a selecção da Croácia como
aquela que tem o valor mais elevado desta variável (0,53) e a Espanha com um
dos mais baixos (0,34). Relativamente às equipas que alcançaram as meias-
finais do torneio, isto é, a Espanha, Turquia, Alemanha e Rússia, conferimos
que as duas primeiras apresentam valores parecidos, assim como as duas
últimas.
VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA (VTB)
EQUIPA MÉDIA DESV. PADRÃO
ESPANHA 0,34 0,13
RÚSSIA 0,46 0,14
HOLANDA 0,38 0,09
CROÁCIA 0,53 0,04
ALEMANHA 0,47 0,16
PORTUGAL 0,41 0,19
TURQUIA 0,38 0,15
REPÚBLICA CHECA 0,46 0,07
POLÓNIA 0,33 -
SUIÇA 0,40 0
SUÉCIA 0,34 0,09
ROMÉNIA 0,50 -
FRANÇA 0,43 -
Quadro 10: VTB – Média e Desvio Padrão das equipas presentes na competição
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
43
Estes dados podem transparecer alguma incoerência se não forem
“olhados” com algum cuidado. Será que a selecção espanhola não tem um
bom jogo posicional? Ou não tem capacidade para acelerar o jogo? Tani (2002)
remete-nos para a noção de “timing”, mencionando que este conceito assume
um papel preponderante na qualidade dos desempenhos desportivos. Isto é, a
escolha do momento certo para decidir e sem pressa, pode resultar numa
resposta adequada às situações em causa. A capacidade de leitura e
adaptação das equipas às contingências do jogo, associado ao talento
colectivo e individual para acelerar ou abrandar as suas acções pode ajudar a
determinar o seu nível táctico.
Parece-nos que as diversas equipas presentes na competição
interpretam a “velocidade” das suas acções de um modo bastante diferente
umas das outras. Podemos verificar nomeadamente que equipas que atingiram
fases adiantadas da competição, tiveram o seu “sucesso relativo” jogando a
diferentes “velocidades”. De acordo com Amieiro (2005), os princípios do bom
Futebol, em que é fundamental correr e parar, acelerar e travar, antecipar e
esperar, são opostos com aquilo que se denomina de “vertigem da pressa”.
Esse aspecto revela o estado de impaciência dos jogadores e equipa em
quererem fazer tudo de um modo apressado e fora de tempo.
Apresentando a Espanha um dos valores mais baixos da competição,
poderemos questionar: terá sido este um dos aspectos que mais contribuiu
para o seu sucesso? Terá sido a sua capacidade para abrandar e “jogar
devagar” decisivo? Pois como refere Valdano (1998), a pausa é o segredo dos
grandes jogadores e das grandes equipas.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
44
3,2%
80,6%
16,1%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
SÓ CORREDOR CENTRAL CORREDOR CENTRAL + 1
CORREDOR LATERAL
3 CORREDORES
50
10 2
4.2.3. Frequência de Utilização dos Corredores (FUC)
Relativamente aos resultados referentes à utilização dos corredores,
podemos verificar através da figura 8 que em 80,6% das jogadas de golo (50
golos) foram utilizados dois corredores de jogo: o central e um dos laterais.
Figura 8: Frequência de Utilização dos Corredores – % obtidas
O corredor central foi utilizado de um modo exclusivo em 16,1% dos
golos marcados, ou seja, em dez golos. Apenas em 3,2% (2 golos) das
sequências ofensivas observadas foram utilizados os três corredores do campo
de jogo. De salientar que esses dois golos foram obtidos pela mesma equipa: a
Holanda, o que poderá estar eventualmente relacionado com o estilo de jogo
ofensivo adoptado pela equipa. Desde logo, estes resultados parecem
confirmar parcialmente a importância que o jogo desenvolvido pelos corredores
laterais assume, estando de acordo com a afirmação de Miller (1994) quando
refere que o jogo pelas alas é um indicador de um jogo de qualidade. Os
valores obtidos parecem anunciar que a utilização dos espaços centrais do
campo (leia-se corredor central) em conjunto com um dos corredores laterais
podem estar associados com a obtenção de sucesso. De facto, poucos golos
foram marcados com recurso a uma circulação de bola a toda a largura do
campo e percorrendo os três corredores. Esta observação é explicada em parte
pelos resultados no TRA. Observámos que de uma forma generalizada, as
sequências de golo tiveram uma curta duração. As equipas parecem preferir a
adopção de comportamentos ofensivos mais lineares e directos como meio de
surpreender as organizações defensivas adversárias. Os dados são contrários
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
45
2
41
8 9
20
10
20
30
40
SÓ CORREDOR CENTRAL CORREDOR CENTRAL + 1
CORREDOR LATERAL
3 CORREDORES
GRUPO 1
GRUPO 2
aos obtidos por Cabezón e Fernández (1996) em que apuraram nos seus
estudos que cerca de 60% dos golos marcados surgiram de jogadas
desenvolvidas no corredor central. Os resultados que obtivemos no que se
refere a esta variável estão também algo distantes dos apontados por Castelo
(1994) e Quarteu (1996). Estas divergências podem contudo ser explicada por
eventuais diferenças na delimitação dos espaços e zonas de observação no
campograma.
Numa análise entre grupos distintos pudemos desde logo constatar
(figura 9) que a tendência de utilização dos corredores se manteve. Isto é,
parece existir por parte das equipas de ambos os grupos a preferência pela
utilização do corredor intermédio em conjunto com um dos corredores laterais
na construção das suas jogadas de golo. Contudo, as equipas do Grupo 2 não
marcaram qualquer golo utilizando os três corredores do campo de jogo.
Figura 9: Frequência de Utilização dos Corredores – valores obtidos entre grupos 4.2.4. Número de Variações de Corredor (NVC)
O número médio de variações de corredor nas jogadas de golo
alcançado na competição foi de 1,2. Estes resultados ficam longe dos valores
observados por Cunha (1999) com cerca de 2,8. Através da figura 10, podemos
concluir que o NVC nas jogadas que terminaram com êxito total se situou entre
as zero variações e as quatro variações de corredor por sequência ofensiva.
Como se pode observar, 35,5% dos golos (22 golos) foram precedidos
de jogadas com apenas uma variação, seguidos de 29% (18 golos) com duas
variações e 25,8% (16 golos) com nenhuma variação de corredor. Apenas
cinco dos golos marcados (8,1%) foram oriundos de acções ofensivas com três
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
46
1,6%
8,1%
29,0%
35,5%
25,8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
0 variações 1 variação 2 variações 3 variações 4 variações
22
18 16
5 1
variações de corredor e um golo (1,6%) obtido com quatro mudanças de
corredor na mesma jogada ofensiva. As equipas adoptaram nas suas
sequências de golo, comportamentos mais “rectilíneos”, sem muitas variações
de corredor. Para além disso, recorreram na maioria das ocasiões observadas,
a dois dos corredores do terreno de jogo, complementando com acções de
reduzida duração. De facto, cerca de 92% dos golos observados na
competição foram construídos em jogadas compostas entre zero e duas
variações de corredor.
Figura 10: Número de Variações de Corredor – % obtidas
As jogadas com três variações de corredor foram todas realizadas por
equipas do Grupo 1 do nosso estudo, neste caso a Rússia, Holanda,
Alemanha, Turquia e Croácia. A selecção da Croácia foi inclusivamente a única
a efectuar quatro variações de corredor no decorrer da mesma sequência
ofensiva. Este aspecto pode estar interligado com o MJO mais utilizado pela
equipa, neste caso o AP. Como observado acima, ela foi também a equipa com
a VTB mais elevada de todas as presentes no Europeu, reflexo eventualmente
de um jogo posicional apurado e com a intenção de fazer a bola circular à
largura do campo entre os seus jogadores. Uma comparação interessante é
com a Espanha, que foi como se sabe a vencedora da competição. Ela realizou
uma grande parte dos seus golos (6) recorrendo apenas a uma variação de
corredor. Associando a isto ainda uma VTB entre os seus jogadores muito
baixa. Parece-nos existir um “confronto” entre dois modelos de jogo diferentes.
A Croácia assenta o seu jogo ofensivo em mais variações de corredor,
enquanto a Espanha é mais linear e muito forte nas transições defesa-ataque.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
47
1,271,09
0
0,5
1
1,5
2
GRUPO 1 GRUPO 2
GRUPO 1
GRUPO 2
6,5%
27,4%
66,1%
0%
20%
40%
60%
80%
GA PA FA
4
17
41
Pudemos observar também diferenças entre equipas de grupos diferentes
(figura 11).
Figura 11: Valores médios do NVC entre o Grupo 1 e o Grupo 2
As equipas do Grupo 1 realizaram, como se observa na figura 11, uma
média de 1,27 variações de corredor por jogada de golo durante a competição.
As equipas do Grupo 2 alcançaram uma média de 1,09. Os resultados
observados permitem-nos concluir que as equipas, independentemente do seu
nível, realizaram poucas variações de corredor no decorrer dos seus processos
ofensivos finalizados com golo.
4.2.5. Zonas de Finalização (ZF)
No que concerne às zonas de finalização das jogadas de golo, podemos
constatar pela observação da figura 12 que a grande maioria dos golos (41),
isto é, 66,1% foi obtida na zona GA.
De seguida, a zona mais “fértil” em finalizações de sucesso foi a PA com
27,4% dos golos marcados (17). Foram obtidos apenas quatro golos (4), o
equivalente a 6,5% da amostra, recorrendo a remates das zonas exteriores à
grande área.
Figura 12: Zonas de Finalização – % obtidas
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
48
5,9%
25,5%
68,6%
36,4%
9,1%
54,5%
0%
20%
40%
60%
80%
GA PA FA
Grupo 1
Grupo 2
Estes resultados vão ao encontro dos que foram observados por
diversos autores, tais como Lopez (2002), Carling et al. (2005) e Yiannakos e
Armatas (2006). Os valores mais parecidos com os que foram obtidos no nosso
estudo são os de Lopez (2002). O autor, em observação dos Campeonatos do
Mundo de 1994, 1998 e Liga Espanhola, obteve valores de 65%, 25% e 10%
para as zonas da GA, PA e FA respectivamente.
Relativamente aos resultados entre equipas do Grupo 1 e Grupo 2,
podemos verificar diferenças no peso relativo demonstrado pelas percentagens
na figura 13.
Figura 13: Zonas de Finalização – % relativas obtidas entre grupos
Podemos apurar que nos dois grupos distintos, a zona da GA se
assumiu como a mais produtiva relativamente ao número de golos marcados,
seguido da PA e FA. As equipas do Grupo 1 efectuaram 68,6% dos seus golos
na GA, e as do Grupo 2, cerca de 54,5%. O peso relativo inverte-se nas zonas
da PA e FA, isto é, as equipas do Grupo 2 marcaram 36,4% e 9,1% dos seus
golos nas zonas da PA e FA respectivamente. Já no que diz respeito ao Grupo
1, cerca de 25,5% dos golos foram obtidos na PA e apenas 5,9% fora da área.
Apesar da zona da GA ser a mais procurada para finalizar e fazer golo
por parte de ambos os grupos, as zonas da PA e FA assumem uma
importância superior nas equipas do Grupo 2.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
49
3,2%3,2%
16,1%19,4%
12,9%
45,1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
OC OE OD MOC MOE MOD
28
8 12
10
2 2
4.2.6. Zona Utilizada para o Último Passe (ZUP) / Zona para onde é Direccionado (ZDP)
Pelos dados recolhidos no nosso estudo concluimos que os últimos
passes nas jogadas de golo tiveram a sua origem exclusivamente em dois
sectores: o sector ofensivo e o sector médio ofensivo. Assim, podemos
observar mais especificamente através da figura 14 que a zona mais utilizada
para realizar a assistência para golo foi a zona ofensiva central (OC). Foram
marcados 45,1% dos golos a partir de passes deste local do terreno. A seguir
surge a zona OD com 19,4%, a MOC com 16,1% e a OE com 12,9%. As zonas
menos utilizadas e que foram observadas no nosso estudo foram a MOD e a
MOE, ambas com valores de 3,2%.
Figura 14: Zonas de Realização do Último Passe – % obtidas
Apesar de ter existido um contributo importante de passes oriundos dos
corredores laterais (38,7%), principalmente da zona OD, a maior parte das
jogadas de golo tiveram o seu último passe realizado no corredor central (OC,
MOC) com cerca de 61,2%, o que está de acordo com as afirmações e estudos
de Pedrosa (1994), Cabezón e Fernández (1996) e Barros (2002).
Relativamente às zonas mais avançadas do terreno (OC, OE, OD),
verificamos que, apesar da zona central (OC) ser a mais decisiva ao nível de
golos marcados, o somatório de golos marcados após passes efectuados a
partir dos outros dois corredores (OE e OD) equivalem a 32,3%, o que denota a
importância do jogo desenvolvido nos corredores laterais para a marcação de
golos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
50
9
1 2
98
22
01
03
1
6
0
5
10
15
20
25
OC OE OD MOC MOD MOE
GRUPO 1
GRUPO 2
A figura 15 indica-nos que as equipas do Grupo 1 realizaram
maioritariamente os seus últimos passes nas jogadas de golo na zona ofensiva
central, obtendo vinte e dois golos (22), seguindo-se as zonas OD, OE e MOC
praticamente com o mesmo grau de sucesso (oito e nove golos). Foram
marcados dois golos ainda com assistências oriundas da zona MOE.
Relativamente às equipas do Grupo 2, a zona ofensiva central foi igualmente a
mais procurada para a realização desta acção táctico-técnica, com seis (6)
golos obtidos, logo seguido pela zona ofensiva direita (OD) com a
concretização de três golos.
Figura 15: Zona de Realização do Último Passe – valores obtidos por grupo
Foram ainda observados últimos passes para golo, neste grupo, nas
zonas MOC e MOD. Foi visível a maior propensão para a realização de
assistências para golo nos sectores mais avançados do terreno,
independentemente do nível a que pertencem as equipas.
Compreende-se facilmente que o destino dos últimos passes sejam as
zonas mais próximas e frontais à baliza adversária, pois as probabilidades de
se marcar golo aumentam consideravelmente. Durante a competição foram
observadas apenas duas zonas para onde foram dirigidos os últimos passes
das jogadas que deram origem a golo: a OC e MOC. Através do quadro 11
verificamos que o sector OC foi o destino quase exclusivo das assistências
para golo durante o torneio. Foram marcados cinquenta e oito golos (58), o que
equivale a 93,54% da totalidade da amostra. Para a zona MOC foram dirigidos
passes que resultaram em apenas quatro golos, isto é, 6,45%.
Quadro 11: Zonas para onde são dirigidos os últimos passes
ZDP Nº GOLOS OBTIDOS %
OC 58 93,5
MOC 4 6,5
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
51
6,5%
37,0%
46,8%
9,7%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
2 JOG 3 JOG 4 JOG 5 JOG
29
23
6 4
No estudo de Barros (2002) foram apurados que 75% dos últimos
passes das jogadas finalizadas pela selecção do Brasil se destinavam para o
corredor central, o que é algo díspar dos resultados por nós apurados.
4.2.7. Número de Jogadores envolvidos (NJ)
O número de jogadores envolvidos numa sequência ofensiva pode
indicar o nível de complexidade do processo ofensivo de uma equipa. A média
total de jogadores envolvidos nos processos ofensivos nesta competição foi de
3,28, o que corrobora os resultados apurados por diversos autores (Castelo,
1994; Reina et al., 1997; Costa, 2005; Bergier e Buraczewski, 2007). No nosso
estudo observámos que as jogadas que deram origem aos golos envolveram
entre dois e cinco jogadores no máximo. As jogadas com três e quatro
elementos foram as mais utilizadas pelas equipas, equivalendo a 83,8% dos
golos marcados. As sequências com dois (9,7%) e cinco jogadores (6,5%)
foram menos utilizadas.
Através da figura 16 podemos constatar que 46,8% dos golos, isto é,
vinte e nove (29), foram marcados em acções ofensivas em que intervieram
três jogadores e 37% (23 golos) em que intervieram quatro jogadores. Os
processos ofensivos com mais sucesso nesta competição foram caracterizados
por recorrerem, de um modo geral, a poucos elementos da equipa.
Figura 16: Número de Jogadores envolvidos – % obtidas
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
52
3,473,05
0
1
2
3
4
GRUPO 1 GRUPO 2
GRUPO 1
GRUPO 2
As diferenças entre os valores médios relativos ao NJ (figura 17) entre o
Grupo 1 e o Grupo 2 poderão ser um dos aspectos que explique o maior
sucesso dos seus processos ofensivos e do número de golos obtidos na
competição.
Figura 17: Valores médios no NJ entre o Grupo 1 e o Grupo 2
As equipas do Grupo 1, com uma média superior de jogadores
envolvidos nas suas jogadas ofensivas, denotam e apresentam
obrigatoriamente uma maior complexidade de processos e opções. Isto pode
criar uma maior imprevisibilidade às suas acções permitindo a superação das
equipas adversárias e a finalização com êxito. Isto é, conseguem colocar mais
jogadores na mesma jogada de golo o que causa um maior envolvimento às
suas acções ofensivas. De salientar contudo que os resultados de ambos os
grupos estudados estão de acordo com os observados por outros autores. Isto
é, em estudos de Garganta et al. (1997), Costa (2005), Bergier e Buraczewski
(2007), as jogadas de golo apontavam para o envolvimento de quatro ou
menos jogadores nas jogadas de golo observadas. No quadro 12 estão
representadas a média e o desvio padrão do NJ das equipas da competição.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
53
2320
446
32
0
5
10
15
20
25
30
2 jogadores 3 jogadores 4 jogadores 5 jogadores
GRUPO 1
GRUPO 2
Quadro 12: Número de Jogadores envolvidos – Média e Desvio Padrão
As selecções da Espanha (3,55), da Holanda (3,63), da Croácia (3,71) e
da Alemanha (3,71) foram as que apresentaram médias superiores no NJ
envolvidos nas suas sequências de golo. Pensamos que este aspecto possa
ser um critério importante e directamente relacionado com o sucesso. A
Polónia teve uma média de quatro jogadores, mas só marcou um golo durante
todo o torneio. As equipas do Grupo 2 não foram capazes, de em nenhuma
ocasião, fazerem golos em jogadas construídas por cinco jogadores (figura 18).
Dos poucos golos (11) marcados por estas selecções, em mais de metade
deles (6) foram envolvidos três jogadores da mesma equipa.
Figura 18: Número de Jogadores envolvidos – valores obtidos entre grupos
NÚMERO DE JOGADORES (NJ)
EQUIPA MÉDIA DESVP
ESPANHA 3,55 0,52
RÚSSIA 3,33 1,03
HOLANDA 3,63 0,74
CROÁCIA 3,71 0,50
ALEMANHA 3,71 1,11
PORTUGAL 3,29 0,75
TURQUIA 3,13 0,64
REPÚBLICA CHECA 3 1
POLÓNIA 4 -
SUIÇA 3 0
SUÉCIA 3,33 0,57
ROMÉNIA 2 -
FRANÇA 3 -
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
54
As únicas equipas que conseguiram abranger, na mesma jogada de
golo, cinco jogadores foram a Rússia, a Holanda e a Alemanha. Esta última
conseguindo fazê-lo por duas vezes. O processo ofensivo da Alemanha torna-
se interessante de analisar pela conjugação de três variáveis: o TRA, a VTB e
o NJ. De todas as selecções apuradas para os quartos de final da competição,
ela apresenta o TRA médio mais baixo (8,71), a VTB é a segunda mais alta
(atrás da Croácia) e consegue colocar sempre muitos jogadores nas suas
sequências de golo. A Alemanha recorreu frequentemente ao AR.
Depreendemos que esta equipa conseguiu fazer circular a bola a uma
grande velocidade entre os seus jogadores, alcançando as zonas de
finalização de um modo rápido e em condições de finalizar com elevado nível
de sucesso. A Croácia difere da Alemanha essencialmente por ter uma média
no TRA mais elevado, com mais passes, mais desmarcações de apoio, o que é
ajustado com construções ofensivas em ataque posicional (AP).
4.2.7.1. Número de Jogadores colocados em zonas de finalização
Do nosso ponto de vista, para além do número de jogadores que as
equipas conseguem envolver directamente nas jogadas (contactando a bola),
revela-se pertinente saber também quantos jogadores conseguem colocar em
zonas propícias para finalizar. Este aspecto pode revelar, no nosso entender, o
nível qualitativo do processo ofensivo, bem como a maior complexidade que
distingue as equipas de maior valia no desenvolvimento dos seus processos
ofensivos.
Através do quadro 13 podemos verificar que as equipas que, em termos
médios, mais jogadores colocaram em zonas de finalização foram a Croácia
(3,75), Turquia (3,5), República Checa (3,33) e Alemanha (3,14). No entanto,
torna-se curioso o facto de a Espanha ser uma das equipas com os valores
médios mais baixos (2), sagrando-se contudo campeã. As equipas com
maiores índices de sucesso, normalmente desenvolvem as suas acções
ofensivas conseguindo colocar mais jogadores nas zonas de finalização do que
as equipas com menos sucesso. Comparando os valores entre Espanha e
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
55
Alemanha, que jogaram a final do Euro 2008, observam-se diferenças
significativas neste ponto em particular. No nosso ponto de vista, a selecção
espanhola e alemã apresentaram estilos de jogo ofensivo diferentes. A
Alemanha, no momento de finalização, tinha mais jogadores nas imediações da
área o que poderá estar relacionado com a forma como desenvolveu as suas
jogadas de golo, isto é, os CA foram mais apoiados e o AR construído contra
equipas adversárias em já em organização defensiva. Por outro lado, a
Espanha preferiu nas sequências de golo realizar acções mais rápidas e
explosivas, com CA mais directo e AR em que aproveitaram os desequilíbrios
defensivos contrários, exponenciando a velocidade de deslocamento dos seus
avançados. É também importante de salientar os valores de desvio padrão
alcançados. A Espanha revela uma menor variabilidade de dados do que a
Alemanha, podendo indicar que este seja um comportamento perfeitamente
assimilado do seu Modelo de Jogo.
NÚMERO DE JOGADORES EM ZONAS DE FINALIZAÇÃO
EQUIPAS MÉDIA DESVIO P
ESPANHA 2 0,89
RÚSSIA 2,66 1,03
HOLANDA 2,88 0,83
CROÁCIA 3,75 0,50
ALEMANHA 3,14 1,46
PORTUGAL 2,71 0,95
TURQUIA 3,5 0,93
REPÚBLICA CHECA 3,33 1,15
POLÓNIA 2 -
SUIÇA 3 0
SUÉCIA 2,66 0,58
ROMÉNIA 2 -
FRANÇA 2 -
Quadro 13: Número de Jogadores em Zonas de Finalização – Média e Desvio Padrão
No que se refere à comparação entre equipas de grupos diferentes,
podemos verificar através da figura 19 que as equipas do Grupo 1 colocaram
em média 2,95 jogadores em situação de poderem finalizar. Já as equipas do
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
56
2,952,5
0
1
2
3
4
GRUPO 1 GRUPO 2
GRUPO 1
GRUPO 2
Grupo 2 conseguiram, nas suas jogadas de golo, posicionar em média 2,5
jogadores nas zonas de finalização.
Figura 19: Número de Jogadores em Zonas de Finalização – valores médios entre grupo 1 e grupo 2
4.2.8. O Passe: Número (NP), Tipo (TP) e Direcção (DP)
O tipo (TP) e a direcção dos passes (DP), são aspectos que podem
ajudar a classificar o estilo e o método de jogo ofensivo de uma equipa. O
passe curto ou passe longo está directamente associado com a velocidade que
se pretende imprimir ao jogo ofensivo. Para Valdano (1997 in Barreto, 2003) o
passe é essencial. Refere que o passe curto e de pé para pé torna mais lento o
desenvolvimento da ataque da equipa, mas o passe longo ou para o espaço
vazio acelera o processo.
Número de Passes (NP)
No que se relaciona com o número de passes (NP) nas sequências de
golo, foram observadas jogadas compostas entre um e os seis passes. A
média total obtida em toda a competição foi de 2,75. Através da figura 20
podemos observar que cerca de 88,7% dos golos do torneio foram marcados
em jogadas com quatro ou menos passes.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
57
3,16
2,27
0
1
2
3
4
GRUPO 1 GRUPO 2
GRUPO 1
GRUPO 2
9,7%
1,6%
11,3%
41,9%
25,8%
9,7%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
1 passe 2 passes 3 passes 4 passes 5 passes 6 passes
26
16
7 6 6
1
Figura 20: Número de Passes realizados – % obtidas
As sequências com três passes foram as mais realizadas no
Campeonato da Europa de 2008, sendo marcados vinte e seis golos (26) que
equivalem a 41,9% da amostra. Em jogadas com dois passes foram obtidos
dezasseis golos (16), ou seja 25,8%. Seguiram-se as sequências de quatro
passes (11,3%) com sete golos (7), e as sequências compostas por um e cinco
passes, ambas com 9,7% (6 golos). Por último, as sequências com seis passes
(1,6%) foram as menos observadas, sendo obtido apenas um (1) golo.
Os valores observados no nosso estudo são parecidos com os de outros
autores, tais como Mombaerts (1991), Reina et al. (1997), Maçãs (1997), entre
outros. As equipas parecem preferir os processos simples e com poucos
passes nas situações que conduzem à obtenção do golo.
Entre equipas de grupos diferentes, chegámos à conclusão que as
equipas do Grupo 1 efectuaram em média mais passes por sequência ofensiva
finalizada em golo do que as do Grupo 2. Através da figura 21 podemos
observar que as selecções do Grupo 1 fizeram em média 3,16 passes nas
jogadas de golo, e as do Grupo 2 cerca de 2,27.
Figura 21: Número de Passes – valores médios entre grupo 1 e grupo 2
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
58
Estes valores estão de acordo com o que discutimos nos pontos acima.
Isto é, as equipas de maior sucesso tendem a apresentar um jogo mais
evoluído e complexo do ponto de vista ofensivo. O número de jogadores e
acima de tudo o número de passes são um bom indicador desse mesmo
aspecto. Um dos meios que pode contribuir para a desorganização das defesas
contrárias é o NP realizado pela equipa que ataca, na tentativa de fazer oscilar
o bloco defensivo adversário, envolvendo simultaneamente o maior número
possível de jogadores. Através do quadro 14, podemos desde logo reparar na
grande diferença existente no número de passes entre as equipas do Grupo 1
e do Grupo 2, reflexo do número de golos apontados pelas equipas. Como era
de esperar, a Espanha foi a selecção que efectuou o maior NP em virtude dos
seus onze (11) golos apontados em sequências de jogo contínuo. No entanto
não foi a equipa com a média de passes por jogada mais elevada (2,63), mas
sim a equipa da Croácia (4,75). Ela fez dezanove passes (19) em apenas
quatro golos marcados.
Estas diferenças visíveis podem ser explicadas pelos modelos de jogo
adoptados pelas respectivas equipas. Isto é, existem equipas que privilegiam
uma maior troca de bola entre os seus jogadores e outras que, nas suas
jogadas de golo, preferem acções mais directas e objectivas, com menos
passes, induzindo uma maior surpresa no bloco defensivo contrário. Como
referiu Talaga (1985), à medida que aumenta o número de passes numa
jogada, reduz-se a eficácia e o efeito surpresa no adversário.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
59
93,80%
6,17%
PCM
PL
167
11
NÚMERO DE PASSES (NP)
EQUIPAS Nº DE GOLOS Nº TOTAL PASSES MÉDIA DESVIO PADRÃO
ESPANHA 11 29 2,63 0,81
RÚSSIA 6 20 3,33 1,63
HOLANDA 8 22 2,75 0,83
CROÁCIA 4 19 4,75 0,50
ALEMANHA 7 25 3,57 1,51
PORTUGAL 7 18 2,57 0,98
TURQUIA 8 20 2,50 0,76
REPÚBLICA CHECA 3 6 2 1,00
POLÓNIA 1 3 3 -
SUIÇA 2 4 2 0
SUÉCIA 3 8 2,66 0,58
ROMÉNIA 1 1 1 -
FRANÇA 1 3 3 -
Quadro 14: Número de Passes – Total, Média e Desvio Padrão
Tipo de Passes (TP)
Quanto ao tipo de passes (TP) observados no nosso estudo (ver figura
22), podemos desde logo afirmar que, nas sequências de golo, a esmagadora
maioria (93,8%) dos passes realizados foram curtos ou médios (Pcm). Os
passes longos (PL) representaram apenas 6,2% da totalidade.
Figura 22: Tipo de Passes – % obtidas
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
60
83
12,3%
3,9%0,6%1,7%
46,6%
19,1%
1,7%
14,0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
CMF CMT CML CMDF CMDT LF LL LDF
34
3 22
25
3 1 7
83
Através da figura 23, podemos ter noção do tipo e da direcção dos
passes observados no nosso estudo.
Figura 23: Tipo e Direcção dos Passes – % obtidas
Direcção de Passes (DP)
O passe curto/médio na diagonal e para a frente (CMDF) foi o mais
observado em todas as sequências de golo da competição (46,6%), seguido
pelo CML (19,1%), pelo CMF (14%) e pelo CMDT (12,3%). Outros passes
assumiram uma menor importância na construção dos processos ofensivos
finalizados em golo, tais como: LDF (3,9%), LF e CMT (1,7%) e LL (0,6%).
Em estudos de vários autores (Bezerra, 1996; Garganta, 1997; Silva,
1998; Mendes, 2002 e Ribeiro, 2003), o passe curto/médio orientado para a
frente e para os lados foi o mais representativo nas acções de ataque das
equipas observadas. Os passes que nós classificámos como diagonais, nesses
trabalhos eram considerados como passes para a frente. Contudo, no nosso
estudo, preferimos fazer a divisão entre os dois. Entendemos que só assim
obteríamos informações mais fidedignas e ajustadas com as funções que
esses mesmos tipos de passe desempenham. No nosso entendimento, um
passe para a frente tem, em contexto de ataque, efeitos díspares de um passe
diagonal para a frente.
Temos que salientar a importância que os passes curtos e médios
assumiram no desenvolvimento do jogo ofensivo das equipas nesta
competição. Do nosso ponto de vista isso está relacionado com o nível elevado
de segurança que estes proporcionam nas situações de posse de bola
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
61
ofensiva. Os passes longos tiveram uma expressão menor, com cerca de 6,2%
da totalidade de passes constituintes das sequências de golo.
Os passes CMDF revelaram ser um importante recurso por parte das
equipas, uma vez que denotam a intenção de contornarem as organizações
defensivas das equipas contrárias. Isto é, estando uma equipa em equilíbrio
defensivo e colocada no seu meio campo, relativamente próxima da sua área,
compreende-se que seja mais difícil a utilização de passes que não rompam
com essa mesma organização e posicionamento.
O passe e o deslocamento com condução da bola estão intrinsecamente
relacionados com o abrandamento ou aceleração do ritmo de jogo (Riera,
1995). A elevada cadência nas trocas de bola e de jogadores, em conjunto com
a utilização de passes curtos/médios em progressão a grande velocidade são
(algumas) características evidenciadas nos processos de AR e CA. As
selecções da Espanha (15), da Alemanha (12), da Holanda (10) e Turquia (10)
foram as que mais utilizaram este tipo de passe nas suas sequências de golo.
Para além disso, foram as equipas (excepto a Alemanha) que denotaram uma
média na VTB mais baixa nesta competição. Podemos inferir por este aspecto
que estas selecções assumiram comportamentos muito lineares e directos nas
suas jogadas de golo, apostando em transições defesa-ataque (muitas vezes
com a bola controlada) muito rápidas, desorganizando as defesas opostas e
originando a obtenção de golos.
O passe CML foi o segundo mais observado no estudo. É um tipo de
passe que denota uma particular importância nas acções de AP, decorrendo de
um bom jogo posicional, com várias desmarcações de apoio, maior
proximidade entre jogadores da mesma equipa e grande segurança nas acções
de passe. Curiosamente, este passe foi apenas observado nas selecções do
Grupo 1 (ver figura 24) do nosso estudo, excepto nas equipas da Suiça (1
passe) e da Polónia (2 passes), aspecto que pode estar directamente
relacionado com a boa capacidade de posse de bola e circulação ofensiva à
largura do terreno, característica de equipas de um nível mais elevado. As
equipas onde o passe CML mais vezes foi observado são a Holanda e
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
62
31
71
20
3133
21
4
002
03
12
40
10
20
30
40
50
60
70
80
CMF CMT CML CMDF CMDT LF LL LDF
GRUPO 1
GRUPO 2
Alemanha, ambas com seis (6) passes realizados. A Espanha e a Croácia
realizaram este tipo de passe por cinco (5) vezes.
O passe CMF foi o terceiro mais influente na construção das jogadas de
golo observadas. É um passe a que praticamente todas as equipas recorreram
durante o desenvolvimento dos seus processos ofensivos (excepto Suécia,
Roménia e Polónia). É um tipo de acção que, na nossa opinião, pode suportar
todo o tipo de jogo ofensivo das equipas. Isto é, pode ser visível em acções de
CA apoiado, AR e AP, dependendo nesse caso da zona onde é utilizado e a
velocidade com que é executado.
Figura 24: Tipo de Passe utilizado – valores obtidos entre equipas do Grupo 1 e Grupo 2
Como se pode observar pela figura 24, o passe CMDT foi realizado por
vinte e duas (22) ocasiões, sendo a grande maioria deles (20) feitos em
jogadas de golo das equipas do Grupo 1. Apesar de ter surgido menos vezes, o
passe CMT também só foi observado em equipas do Grupo 1 do nosso
trabalho, neste caso a Rússia, Holanda e Croácia. Parece-nos que este tipo de
recursos táctico-técnicos são mais utilizados quando se alcançam os espaços
próximos da baliza adversária. Pressupõe desmarcações de apoio de um ou
mais companheiros de equipa nos locais onde a finalização seja mais
favorável. Traduzem um tipo de jogo ofensivo mais evoluído porque são
realizados em contextos de pouco espaço (dentro da área), com uma pressão
defensiva elevada e tomadas de decisão em curtos espaços de tempo.
Os passes longos foram pouco significativos na construção das jogadas
de golo. Como facilmente se entende, eles acarretam um maior risco de perda
de bola nas fases de construção ofensiva. São normalmente vinculados a
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
63
acções de CA, conferindo ao processo ofensivo uma grande velocidade e com
o objectivo de se aproveitar o desequilíbrio posicional que no momento se
observa nas equipas adversárias. Dos passes longos, o LDF foi o mais
observado nas sequências de golo. As equipas dos Grupos 1 e 2 recorreram
quase o mesmo número de vezes a este tipo de passe. Ele é um dos meios
que possibilita a realização do CA directo e saída rápida das zonas de pressão
defensiva, fazendo a respectiva variação de corredor. A equipa que mais
recorreu a este passe foi a Suécia com dois (2) passes. As outras equipas
foram a Roménia, Suiça, Alemanha, Turquia e Portugal, todos com um (1)
passe efectuado. Os passes longos e direccionados directamente para a frente
(LF) só foram feitos por três (3) vezes nas jogadas de golo em toda a
competição. São característicos do CA directo, rápido e com a bola a percorrer
sempre o mesmo corredor. A Turquia (2) e a Espanha foram as selecções onde
se observou este tipo de acção táctico-técnica no desenrolar dos seus
respectivos CA. O passe LL só surgiu por uma vez (1) e através da equipa
holandesa.
As equipas que constituem o Grupo 1 do nosso trabalho realizaram,
todos os tipos de passes abrangidos pela nossa observação, o que do nosso
ponto de vista reflecte uma maior riqueza táctica. Permite um tipo de jogo
ofensivo mais variado, com velocidade de processos mais intermitente, o que
causa uma dificuldade acrescida a quem defende.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
64
16,9% 19,5%
42,9%20,8%
contra-ataque
ataque rápido
ataque posicional
bolas paradas
33
15
16
13
4.2.9. Métodos de Jogo Ofensivo (MJO)
A atribuição/classificação de um determinado método de jogo ofensivo
(MJO) a uma jogada de golo baseia-se na conjugação das variáveis já
abordadas em pontos anteriores, tais como o TRA, NVC, NJ, caracterização do
passe, etc.
Os golos em AR assumiram de facto uma importância decisiva nesta
competição. Como se observa na figura 25, foram obtidos trinta e três golos
(33) através deste método de jogo ofensivo, que correspondem a 42,9% da
nossa amostra. Este resultado está de acordo com estudos de outros autores
(Wrzos, 1981; Castelo, 1994; Cabezón e Fernández, 1996) que concluíram que
o AR foi o MJO mais observado nas sequências de golo das competições
observadas. O CA foi o segundo MJO em que as equipas mais apostaram para
a construção das suas sequências ofensivas no Campeonato da Europa de
2008. Neste caso foram conseguidos dezasseis (16) golos, equivalentes a
20,8% da amostra. Foram marcados apenas treze (13) golos em AP,
demonstrando uma preponderância inferior comparativamente aos outros MJO.
No que se refere às bolas paradas pudemos apurar quinze golos (15) ao longo
de todo o torneio.
Figura 25: Métodos de Jogo Ofensivo – valores obtidos
Quando comparamos os resultados das equipas dos dois grupos em
estudo, podemos desde logo verificar através da figura 26, o elevado número
de golos (28) marcados em AR pelas equipas do Grupo 1. Essa foi de facto a
forma de construção ofensiva mais evidenciada em toda a competição e em
particular nas selecções constituintes do Grupo 1. As outras formas de jogo
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
65
28
12 1111
5 4 42
0
10
20
30
AP AR CA BP
GRUPO 1
GRUPO 2
ofensivo observadas (CA, AP e BP) foram realizadas menos vezes, sendo o
número de golos apontados semelhante em cada um deles. O Grupo 1 marcou
em AP por onze (11) vezes, doze (12) vezes em CA e em lances de BP fez
onze (11) golos. Saliente-se o elevado número de golos marcados através de
BP que é semelhante ao número de golos em AP. Pensamos que estas
jogadas assumem uma importância crescente no Futebol moderno, servindo
em vários momentos como factor desequilibrador dos resultados de um jogo.
No que diz respeito às equipas do Grupo 2, o AR foi também o mais
utilizado. Contudo, não denotou uma superioridade tão marcada perante os
outros MJO como o que foi possível verificar nas equipas do Grupo 1.
Obtiveram-se cinco (5) golos em AR, quatro (4) em CA e quatro (4) de BP.
Foram marcados apenas dois (2) golos em AP. Apurámos desde logo a grande
disparidade de golos marcados na competição entre os dois grupos em estudo.
No entanto, pudemos desde logo observar algumas tendências no
desenvolvimento do processo ofensivo entre os dois grupos de selecções. O
Grupo 1 privilegiou de facto, as acções de AR nas jogadas que lhes permitiram
a obtenção de golos, relegando as outras para um plano secundário. As
selecções do Grupo 2 não demonstraram uma predilecção evidente por um dos
MJO, realçando-se contudo a pouca importância atribuída (ou incapacidade)
para a construção de jogadas de golo em AP. Do nosso ponto de vista, esse
aspecto pode estar relacionado com uma postura mais defensiva destas
equipas, numa atitude de maior expectativa, tentando após a recuperação da
bola, aproveitar eventuais espaços concedidos para poderem atacar
rapidamente e finalizar.
Figura 26: Métodos de Jogo Ofensivo – valores obtidos entre equipas do Grupo1 e Grupo 2
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
66
Como afirmou Cabezón e Fernández (1996), a combinação de acções
ofensivas em ataque rápido com recurso a poucos jogadores pode induzir a um
nível elevado de eficácia. Assim, como podemos verificar através do quadro 15,
as equipas que mais vezes recorreram ao AR no desenvolvimento das suas
jogadas de golo foram a Turquia (7), Espanha (6) e Alemanha (6).
Curiosamente, estas foram três das quatro equipas que alcançaram as meias-
finais da competição. Para além disso, todas as equipas do Grupo 1 (excepto a
Itália) fizeram golos recorrendo a este MJO. A variabilidade no tipo de jogo e na
forma de desenvolvimento do ataque pode ajudar a compreender parcialmente
a origem do sucesso de uma equipa. Desse modo, observámos que apenas
quatro equipas obtiveram golos recorrendo a todos os MJO (AP, AR, CA e BP):
Espanha, Rússia, Holanda e República Checa, o que pode indicar
eventualmente, um nível de jogo evoluído e adaptável aos adversários em
causa. No entanto a República Checa não ultrapassou a fase de grupos da
competição.
Quadro 15: Métodos de Jogo Ofensivo – resultados por equipa
MÉTODOS DE JOGO OFENSIVOS (MJO)
EQUIPAS AP AR CA BP
ESPANHA 1 6 4 1
RÚSSIA 2 2 2 1
HOLANDA 1 4 3 2
CROÁCIA 3 1 - 1
ALEMANHA 1 6 - 3
PORTUGAL 2 2 3 -
TURQUIA 1 7 - -
ITÁLIA - - - 3
REPÚBLICA CHECA 1 1 1 1
POLÓNIA 1 - - -
SUIÇA - 1 1 1
SUÉCIA - 2 1 -
ROMÉNIA - 1 - -
FRANÇA - - 1 -
ÁUSTRIA - - - 1
GRÉCIA - - - 1
TOTAL 13 33 16 15
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
67
A Espanha, como campeã, merece da nossa parte uma atenção
especial. Do nosso ponto de vista, para o sucesso que obteve, muito contribuiu
o seu estilo ofensivo rápido, diversificado e criativo. Pela observação das
variáveis que compuseram o nosso estudo, concluímos que esta selecção
apostou essencialmente, nas suas jogadas de golo, em transições ofensivas
sempre muito rápidas. Como se pode observar no quadro 15, os MJO que mais
caracterizaram os processos da Espanha foram o AR e CA. Será pertinente da
nossa parte referir que apesar da Holanda, da Alemanha e Turquia também
terem preferido as suas formas de jogo ofensivo em AR e CA, pareceu-nos
existirem algumas diferenças. A Espanha demonstrou uma cultura táctica
superior, em que soube aproveitar da melhor forma possível as características
dos seus jogadores mais ofensivos, rápidos, com um grande controlo de bola
em progressão e elevada capacidade de resolução de situações 1x1 (Torres,
Villa, e David Silva). Para além disso, assentaram a sua inteligência de jogo
numa mistura de passes curtos e passes mais compridos, executados quase
sempre no tempo e momento certos (VTB baixa). Para isso foi fulcral a acção
dos seus jogadores do meio campo que, com um grande sentido posicional e
de recuperação de bola, elevada dinâmica de jogadores e criação de espaços,
conseguiam muitas vezes a colocação da bola em zonas de potencial perigo
para os adversários. Referimo-nos à acção de Xavi, Iniesta, Fabregas e Senna,
entre outros.
Apesar da Alemanha ter realizado bastantes golos em AR, o seu
processo foi diferente do efectuado pela equipa espanhola. A Alemanha
realizou em média mais passes por sequência de golo (3,57) do que a Espanha
(2,63). Os AR da equipa germânica foram construídos de um modo geral, com
os adversários em organização defensiva, o que necessariamente eleva o
número de passes a efectuar, baixando os níveis de surpresa no adversário. O
AR da Alemanha foi assente também em mais recuperações de bola no meio
campo ofensivo do que a equipa da Espanha (meio campo defensivo),
existindo um jogo mais apoiado no ataque (média de jogadores ligeiramente
superior) com uma velocidade de circulação da bola bastante elevada. O AR
espanhol tinha a maioria das vezes a sua origem a partir da linha do meio
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
68
33,3%
13,3%
6,7%
26,7%
20,0%
cantos
livres directos
livres indirectos
penalties
livres laterais
4
2
5
3
1
campo ou atrás, e com as acções de passe (poucos) para a frente e em
diagonal, rapidamente alcançavam as zonas de finalização, auxiliados pela
grande capacidade de transição dos seus avançados. Para além disso, o TRA
médio das equipas foi algo diferente, o que pode ajudar a explicar o MJO
adoptado nos seus processos ofensivos. As equipas da Holanda (10,4 seg.), da
Espanha (10,2 seg.) apresentaram tempos médios superiores à Alemanha (8,7
seg.), Turquia (8,8 seg.), Portugal (9,1 seg.) e Rússia (9,8 seg.). Como já
referido anteriormente, no caso da Holanda e mais especificamente da
Espanha, o indicador do TRA mais elevado destas equipas relaciona-se mais
directamente com a distância percorrida pelos jogadores com bola (bola
recuperada mais longe da baliza) do que propriamente com o elevado número
de passes e acções táctico-técnicas nos seus processos de ataque.
4.2.9.1. Bolas Paradas
Os golos obtidos em lances de bola parada (BP) têm no futebol actual
uma importância crescente. De facto, são momentos que podem desequilibrar
o resultado final de um jogo. Não é de estranhar portanto que as equipas
dediquem uma parte importante do tempo de treino aos aspectos relacionados
com este tipo de lances. Estes representaram 19,5% da totalidade dos golos
alcançados no Euro 2008. Dos autores referenciados na revisão da literatura, o
que obteve resultados mais próximos dos nossos foi Cherry (2000). O autor
concluiu que foram conseguidos cerca de 25% dos golos em lances de bola
parada, sendo a maioria deles de penalti. Através da figura 27 temos uma
perspectiva dos golos conseguidos através das diferentes formas de bola
parada.
Figura 27: Bolas Paradas – % obtidas
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
69
Os golos de canto foram os mais observados, tendo sido obtidos cinco
(5) golos (33,3%). Seguiram-se os golos de penalti, em que foram marcados
quatro golos (4), correspondentes a 26,7%. Através da marcação de livres
laterais foram conseguidos três (3) golos, isto é, 20%. Os livres directos que
originaram golo foram observados por duas vezes, o que equivale a 13,3% dos
golos marcados de bola parada. As acções de bola parada menos observadas
na competição foram os livres indirectos. Durante toda a competição só foi
obtido um golo (6,7%) através deste tipo de acção ofensiva.
Os cantos são momentos que permitem muitas vezes, a equipas de
menor poderio, colocarem-se próximo da baliza contrária com possibilidades de
fazerem golo. Não é de estranhar portanto que este tenha sido o tipo de bola
parada onde se conseguiram mais golos.
Na nossa observação, dos quatro golos apontados de bola parada pelas
equipas do Grupo 2 (quadro 16), dois deles foram apontados de grande
penalidade.
Quadro 16: Bolas Paradas – resultados por equipa
Realçam-se duas equipas que demonstraram ser muito fortes em lances
de bola parada: Alemanha e Itália, ambas com três (3) golos obtidos.
Curiosamente, a Itália só fez golos de bola parada na competição (canto,
penalti e livre directo). A Alemanha foi mais eficaz na marcação de livres: livre
BOLAS PARADAS (BP)
EQUIPAS CANTOS PENÁLTIES LIVRES
DIRECTOS LIVRES
INDIRECTOS LIVRES
LATERAIS
CROÁCIA - 1 - - -
ALEMANHA - - 1 - 2
HOLANDA 1 - - - 1
ESPANHA 1 - - - -
RÚSSIA 1 - - - -
ITÁLIA 1 1 1 - -
GRÉCIA - - - 1 -
SUÍÇA - 1 - - -
REP. CHECA 1 - - - -
ÁUSTRIA - 1 - - -
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Helder Rodrigues
70
directo (1 golo) e livres laterais (2 golos). Nos livres laterais a equipa alemã
colocou três e quatro jogadores respectivamente em zona de finalização. Já a
Holanda posicionou seis jogadores em posição de finalizar, cinco deles dentro
de área e um fora de área.
CONCLUSÕES
Helder Rodrigues
71
5. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no nosso trabalho sobre o desenvolvimento das
sequências ofensivas finalizadas em golo (SOFG) realizadas pelas equipas
presentes no Campeonato da Europa de 2008 parecem indicar-nos que:
As sequências ofensivas que originaram golo foram na sua generalidade
de curta duração, apresentando durações entre os quatro e os dezassete
segundos no máximo. A esmagadora maioria dos golos observados revelaram
durações inferiores a treze segundos, revelando a opção por parte das várias
equipas em alcançarem a baliza contrária rapidamente e aproveitar uma maior
desorganização defensiva contrária. As equipas do Grupo 1 evidenciaram nas
SOFG uma duração média superior aos das equipas do Grupo 2. Pensamos
que este aspecto pode estar relacionado com um estilo de jogo ofensivo mais
indirecto e mais preparado, com maior capacidade circulação de bola entre os
seus jogadores e a realização de um maior número de acções táctico-técnicas
ofensivas.
Os índices da VTB situaram-se entre 0,33 e 0,53, sendo que os valores
médios entre as equipas do Grupo 1 e as do Grupo 2 não apresentaram
diferenças muito visíveis. Pensamos que os índices de VTB são importantes
mas não foram um dos aspectos decisivos no que se refere à eficácia e à
obtenção de sucesso. Dependem dos estilos de jogo adoptado pela equipa, do
adversário e de aspectos estratégicos.
As equipas, independentemente do nível de sucesso obtido, optaram
nas suas jogadas de golo maioritariamente pela conjugação de dois corredores
de jogo, neste caso, o central e um dos laterais. Os movimentos colectivos e
individuais foram quase sempre verticais mas diagonais, denotando a intenção
clara de se alcançarem num curto espaço de tempo às zonas de finalização.
De facto, apesar de se terem observado entre zero e quatro variações de
CONCLUSÕES
Helder Rodrigues
72
corredor nas SOFG, as jogadas com apenas uma variação foram as mais
executadas.
As equipas de maior sucesso obtiveram valores médios superiores no
NVC comparativamente às equipas do Grupo 2. Não se evidenciaram no
entanto diferenças notórias. Parece-nos contudo que esta pode ser uma
solução a ter em consideração no desenrolar dos processos ofensivos e na
criação de situações de finalização.
A zona da GA foi onde se efectuaram o maior número de finalizações
para golo em ambos os grupos de equipas, seguida da PA e FA. As equipas de
maior sucesso finalizaram preferencialmente na GA, enquanto que as equipas
com menor grau de sucesso pareceram ter uma maior propensão para
concluírem as suas sequências de golo na PA e FA.
As zonas mais próximas da baliza contrária são, compreensivelmente,
as mais propícias para a criação de oportunidades de golo e finalização. Desse
modo, os últimos passes das SOFG tiveram a sua génese exclusivamente nos
sectores ofensivo (SO) e médio ofensivo (SMO). A zona frontal à baliza (OC)
foi a mais procurada pelos dois grupos de equipas no momento de realizarem o
último passe das suas jogadas de golo, verificando-se no entanto um número
importante de últimos passes oriundos dos corredores laterais (OD e OE).
No que se refere à direcção tomada pelos últimos passes nas SOFG, foram
quase na totalidade para a zona OC, a qual possibilita, logicamente, as maiores
probabilidades de sucesso total.
Foram observadas SOFG em que intervieram entre dois e cinco
jogadores, sendo que as jogadas em que intervieram três jogadores foram as
mais observadas. As equipas do Grupo 1 recorreram em média a um maior
número de jogadores do que as equipas do Grupo 2, colocando também um
maior número de jogadores em zonas de finalização. Pensamos que através de
um maior envolvimento colectivo, proporcionada por um número superior de
CONCLUSÕES
Helder Rodrigues
73
intervenientes no desenvolvimento dos processos ofensivos, pode ser um
aspecto relevante para a obtenção de sucesso.
Constatámos que nas jogadas de golo, as equipas optaram por realizar
de um modo geral poucos passes. As sequências foram constituídas por um a
seis passes. No entanto, as compostas por três passes foram as mais comuns.
Pudemos também verificar que as equipas do Grupo 1 efectuaram, em média,
um maior numero de passes do que as selecções do Grupo 2, reflexo da maior
complexidade ofensiva e o maior número de acções realizadas.
O passe curto/médio foi utilizado de uma forma quase absoluta nas
jogadas que deram origem aos golos. O passe longo foi utilizado apenas em
6,2% das situações de golo. O passe diagonal e orientado para a frente foi
aquele ao qual as equipas, de ambos os grupos, mais vezes recorreram,
demonstrando ser uma boa opção para superar as defesas contrárias. No
entanto, as equipas de maior sucesso efectuaram durante as suas jogadas de
golo todos os tipos de passes abrangidos no estudo, comprovando o domínio
de um leque de opções técnicas e tácticas mais vasto.
Os golos obtidos em ataque rápido (AR) foram os mais observados na
competição, seguindo-se os golos em contra-ataque (CA), de bola parada (BP)
e em ataque posicional (AP). As equipas com maior grau de sucesso optaram
claramente pelos processos ofensivos desenvolvidos em AR, verificando-se
que através dos outros MJO foram marcados um número de golos semelhante.
Relativamente às equipas do Grupo 2, salienta-se o número idêntico de golos
obtido em cada um dos MJO, com excepção do AP que foi o MJO menos
observado. Na nossa opinião pode ser reflexo de uma maior incapacidade de
circulação de bola entre jogadores nos momentos ofensivos. Pensamos que as
equipas optaram, de um modo geral, por acções ofensivas desenvolvidas a um
elevado ritmo, característico do AR e CA. No entanto, esse aspecto é mais
vincado nas equipas que chegaram a fases mais avançadas da competição,
CONCLUSÕES
Helder Rodrigues
74
demonstrando que esse tipo de comportamento foi essencial no que diz
respeito à marcação de golos e obtenção de sucesso.
No que se relaciona com lances de bola parada, estes corresponderam
a 19,5% da totalidade da amostra do nosso estudo. Os golos através de canto
foram os mais observados, seguindo-se os golos de penalti, livres laterais e
livres directos. Os golos de livre indirecto foram os menos observados. As
equipas do Grupo 1 marcaram onze golos de BP e as do Grupo 2 apenas
quatro.
Em suma, os resultados parecem demonstrar que nas situações de jogo
observadas, o jogo vertical e em progressão longitudinal, com recurso a passes
curtos e médios desde as zonas intermédias e defensivas do campo, seguido
de acções individuais e assistências nos sectores ofensivo e médio ofensivo
foram cruciais do ponto de vista da eficácia e da obtenção de golos.
As selecções com maior sucesso destacaram-se por apresentarem um
jogo ofensivo mais rico, evoluído e imprevisível. Envolveram mais jogadores
nos seus processos ofensivos, colocaram um maior número de jogadores em
zonas de finalização, realizaram um maior número de passes, apresentaram
índices de variação de corredor ligeiramente superiores e os tempos de
realização do ataque foram mais prolongados. Por tudo isto, o grau de
incerteza aumenta nas defesas contrárias.
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TRA
(em seg) VTB
CENTRO DIR ESQ NVC ZF ZUP ZDP NJ NP
PCM PL F L T D
SEQUÊNCIA 1
SEQUÊNCIA 2
SEQUÊNCIA 3
SEQUÊNCIA 4
SEQUÊNCIA 5