anÁlise termodinÂmica e experimental da...
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ANÁLISE TERMODINÂMICA E EXPERIMENTAL DA COMBUSTÃO DE
DIESEL MARÍTIMO EM MOTORES DE ROTAÇÃO CONSTANTE MAN
INNOVATOR 4C E ASTM/CFR F-5
André Maciel Falcão
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Março de 2019
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadores: Marcelo José Colaço
Orientadores: Nauberto Rodrigues Pinto
Orientadores: Pedro Paulo Pereira
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
ANÁLISE TERMODINÂMICA E EXPERIMENTAL DA COMBUSTÃO DE DIESEL
MARÍTIMO EM MOTORES DE ROTAÇÃO CONSTANTE MAN INNOVATOR 4C
E ASTM/CFR F-5
André Maciel Falcão
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.
Aprovado por:
________________________________________________ Prof. Marcelo José Colaço, D.Sc.
________________________________________________ Eng. Nauberto Rodrigues Pinto, Engenheiro
________________________________________________ Eng. Pedro Paulo Pereira, Engenheiro
________________________________________________ Prof. Albino José Kalab Leiroz, Ph.D.
________________________________________________ Prof. Gabriel Lisbôa Verissimo, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO DE 2019
iii
Falcão, André Maciel
Análise Termodinâmica e experimental da combustão
de diesel marítimo em motores de rotação constante MAN
Innovator 4C E ASTM/CFR-F5 / André Maciel Falcão – Rio
de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2019.
XIII, 60 p.: il.; 29,7 cm
Orientadores: Marcelo José Colaço
Orientadores: Nauberto Rodrigues Pinto
Orientadores: Pedro Paulo Pereira
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Mecânica, 2019.
Referências Bibliográficas: p. 53 - 54
1. Combustão em motores diesel. 2. Óleo diesel
marítimo. 3. Diesel rodoviário S500. 4. Número de Cetano.
I. Colaço, Marcelo José et al. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica. III. Análise Termodinâmica e Experimental da
Combustão de Diesel Marítimo em Motores de Rotação
Constante MAN Innovator 4C e ASTM/CFR F-5.
iv
Agradecimentos
Aos meus pais, sem eles, nada disso seria possível. Nunca mediram esforços
para que eu chegasse a esta etapa da minha vida e de tudo fizeram para me
proporcionar o melhor ambiente possível para o meu desenvolvimento e do meu irmão.
Sempre estiveram presentes nas minhas conquistas, e desta vez, não seria diferente.
Minha querida mãe, Lucienne, quem sempre zelou por mim e quem torce para o meu
sucesso e felicidade. Exemplo de mãe. Sempre pude e sei que posso contar com seu
apoio. Meu pai, Carlos, sempre forte, pessoa que eu tenho como exemplo de ética e
comprometimento. Com ele aprendi que “a maior herança que alguém pode deixar para
outra, é a educação, e isso ninguém pode tirar”, sempre fomentando o desenvolvimento
intelectual.
Ao meu irmão, Alexandre, hoje colega de profissão, quem sempre admirei pela
inteligência e é um exemplo de pessoa responsável.
Às pessoas que conheci durante a faculdade e que contribuíram, de alguma
forma, com a minha jornada. Em especial, aos meus amigos do curso de engenharia
mecânica da UFRJ, pessoas com quem pude compartilhar sentimentos diversos ao
longo desta experiência: Arthur Gobbi, Bernardo Barboza, Bruno Gomes, Diego Totti,
Heitor França, Lucas Amorim, Michel Besso e Vitor Hugo.
Agradeço aos professores com quem tive a honra de ter podido adquirir
conhecimentos ao longo da minha graduação, em especial, ao professor Marcelo
Colaço, também meu orientador no presente trabalho.
Agradeço à equipe do Laboratório de Máquinas Térmicas da UFRJ, em especial,
ao Nauberto Rodrigues Pinto, Pedro Paulo Pereira e Rodrigo Rodrigues Machado pelo
suporte e paciência neste trabalho.
Por fim, agradeço à Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição de
excelência que tenho a honra de dizer que fez parte da minha vida e o orgulho de dizer
que fiz parte de sua história.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
ANÁLISE TERMODINÂMICA E EXPERIMENTAL DA COMBUSTÃO DE
DIESEL MARÍTIMO EM MOTORES DE ROTAÇÃO CONSTANTE MAN
INNOVATOR 4C E ASTM/CFR F-5
André Maciel Falcão
Março/2019
Orientadores: Marcelo José Colaço
Orientadores: Nauberto Rodrigues Pinto
Orientadores: Pedro Paulo Pereira
Curso: Engenharia Mecânica
A preocupação com os impactos negativos no meio ambiente, devido ao
aumento da demanda energética, estimula o estudo de formas de se aproveitar melhor
a transformação de energia realizadas pelo homem. O objetivo deste trabalho, é a
análise da combustão de combustíveis operando nos motores diesel MAN Innovator 4C
e Waukesha CFR F-5. No motor MAN, foram utilizados os dados experimentais na
câmara de combustão para três percentuais diferentes da carga (50%, 75% e 100%)
operando com o óleo diesel marítimo, obtidos anteriormente pela equipe do Laboratório
de Maquinas Térmicas da UFRJ. No motor CFR F-5, foram analisados os resultados
obtidos ao longo deste presente trabalho operando com os combustíveis diesel
rodoviário S500 e óleo diesel marítimo, operando com os parâmetros de operação
determinados pelo método ASTM D-613, utilizado para a obtenção do número de cetano
de combustíveis usados em motores de ignição por compressão. Por fim, foram
comparados e analisados os resultados obtidos para os diferentes percentuais de carga
no motor MAN, e para os diferentes combustíveis utilizados no motor CFR F-5.
Palavras-chave: Combustão em Motores Diesel, Óleo Diesel Marítimo, Diesel
Rodoviário S500, Número de Cetano.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Mechanical Engineer.
THERMODYNAMIC AND EXPERIMENTAL ANALYSIS OF MARITIME DIESEL
COMBUSTION IN CONSTANT ROTATION ENGINES MAN INNOVATOR 4C
AND ASTM/CFR F-5
André Maciel Falcão
March/2019
Advisors: Marcelo José Colaço
Advisors: Nauberto Rodrigues Pinto
Advisors: Pedro Paulo Pereira
Course: Mechanical Engineering
The concern about the negative impacts on the environment, due to the increase
in energy demand, stimulates the study of ways to make better use of the transformation
of energy made by man. The aim of this work is the analysis of combustion of fuels
operating in the MAN Innovator 4C and Waukesha CFR F-5 diesel engines. In the MAN
engine, the experimental data in the combustion chamber were obtained for three
different percentages of the maximum engine load (50%, 75% and 100%) operating with
the marine diesel oil, previously obtained by the staff of the Laboratory of Thermal
Machines of the UFRJ. In the CFR F-5 engine, the results obtained during this project
were analyzed using road diesel fuel S500 and marine diesel oil, running with the
operating parameters determined by the ASTM D-613 method, used to obtain the cetane
number of fuels used in compression-ignition engines. Finally, we compared and
analyzed the results obtained for the different percentages of the maximum engine load
in the MAN engine, and for the different fuels used in the CFR F-5 engine.
Keywords: Diesel Engines Combustion, Marine Diesel Oil, Road Diesel Fuel S500,
Cetane Number.
vii
Sumário
Agradecimentos .............................................................................................. iv
Lista de Tabelas .............................................................................................. ix
Listas de Figuras .............................................................................................. x
Lista de Símbolos ........................................................................................... xii
Abreviaturas .................................................................................................. xiii
1. Introdução .................................................................................................. 1
1.1. Motivação ..................................................................................................... 1
1.2. Objetivo ........................................................................................................ 2
2. Revisão Bibliográfica ................................................................................ 3
2.1. Motor ciclo diesel ......................................................................................... 3
2.1.1. Ciclo termodinâmico .......................................................................................... 4 2.1.2. Tipos de sistema de combustão ........................................................................ 5 2.1.3. Motores marítimos ............................................................................................. 5 2.1.4. Razão de compressão ....................................................................................... 6 2.1.5. Poder calorífico ................................................................................................. 7 2.1.6. Processo de combustão .................................................................................... 7 2.1.6.1. Fase de atraso de ignição ................................................................................ 8 2.1.7. Número de cetano ........................................................................................... 10 2.1.8. Trabalho indicado por ciclo .............................................................................. 12 2.1.9. Liberação de calor pela queima do combustível .............................................. 12 2.1.10. Eficiências ....................................................................................................... 13
2.2. Combustíveis ............................................................................................. 16
2.2.1. Diesel em aplicações marítimas ...................................................................... 16 2.2.2. Diesel rodoviário .............................................................................................. 18
3. Procedimento Experimental ................................................................... 19
3.1. Combustíveis ............................................................................................. 19
3.2. Poder calorífico .......................................................................................... 19
3.3. Motores utilizados ...................................................................................... 20
3.3.1. MAN Innovator 4C ........................................................................................... 20 3.3.2. Waukesha CFR F-5 ......................................................................................... 23 3.3.3. AVL IndiCom ................................................................................................... 26
4. Metodologia .............................................................................................. 27
4.1. Modelagem termodinâmica ........................................................................ 27
4.1.1. Primeira Lei da Termodinâmica ....................................................................... 27
viii
4.1.2. Razão de compressão ..................................................................................... 28 4.1.3. Volume do cilindro ........................................................................................... 28 4.1.4. Consumo horário de combustível .................................................................... 29
4.2. Número de cetano ..................................................................................... 29
4.3. Poder calorífico .......................................................................................... 32
4.4. Atraso de ignição ....................................................................................... 32
4.4.1. Ângulo de início de injeção .............................................................................. 33 4.4.2. Ângulo do início da combustão ........................................................................ 33
4.5. Trabalho indicado ...................................................................................... 34
4.6. Liberação de calor pela queima de combustível ........................................ 34
4.7. Eficiência térmica ....................................................................................... 35
5. Resultados e análises ............................................................................. 36
5.1. Massa específica dos combustíveis ........................................................... 36
5.2. Poder calorífico .......................................................................................... 37
5.3. MAN Innovator 4C ..................................................................................... 38
5.3.1. Curvas de pressão .......................................................................................... 38 5.3.2. Consumo horário de combustível .................................................................... 40 5.3.3. Atraso de ignição ............................................................................................. 40 5.3.4. Taxa de liberação de calor para diferentes cargas .......................................... 43 5.3.5. Eficiências ....................................................................................................... 44
5.4. Waukesha CFR F-5 ................................................................................... 45
5.4.1. Curvas de pressão .......................................................................................... 46 5.4.2. Consumo horário de combustível .................................................................... 47 5.4.3. Liberação de calor pelos combustíveis MDO e S500 ....................................... 48 5.4.4. Número de cetano ........................................................................................... 49 5.4.5. Eficiências ....................................................................................................... 50
6. Conclusões .............................................................................................. 52
7. Referências ............................................................................................. 53
APÊNDICE A – Especificações dos combustíveis ...................................... 55
A.1 – Especificações dos óleos marítimos, de acordo com a Resolução ANP nº 52 de 29 de dezembro de 2010 ............................................................................................ 55 A.2 – Especificações do óleo diesel de uso rodoviário, de acordo com a Resolução ANP n° 50 de 23/12/2013 ........................................................................................... 56
APÊNDICE B – CFR método F-5 .................................................................... 59
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1. Alguns valores especificados pela ANP para MDO e S500. ........................ 19
Tabela 2. Características do motor MAN. ................................................................... 21
Tabela 3. Parâmetros do motor CFR. ......................................................................... 26
Tabela 4. Número de cetano com relação a porcentagem do T22 e U15. ................... 30
Tabela 5. Conversão da leitura do volante para razão de compressão. Retirado de
[19]. ............................................................................................................. 32
Tabela 6. Trabalho por ciclo no motor MAN a rotação de 1200 rpm utilizando MDO. . 39
Tabela 7. SFC e consumo horário de combustível por carga no motor MAN. ............. 40
Tabela 8. Valores para início da combustão no motor MAN para os diferentes
métodos. ..................................................................................................... 42
Tabela 9. Valores de atrasos de ignição para cada percentual de carga do motor MAN.
.................................................................................................................... 42
Tabela 10. Calor liberado para cada percentual de carga do motor MAN operando com
o MDO. ........................................................................................................ 44
Tabela 11. Eficiência térmica calculada a partir dos dados experimentais do motor
MAN para diferentes cargas. ....................................................................... 45
Tabela 12. SFC e consumo horário do motor CFR operando com o MDO e o S500... 48
Tabela 13. Registros de operação do motor CFR ....................................................... 49
Tabela 14. Eficiência térmica calculada a partir dos dados experimentais do motor
CFR para o MDO e S500. ........................................................................... 50
x
Listas de Figuras
Figura 1. Distribuição percentual da produção de derivados energéticos de petróleo –
2017. Retirado de [2]. .................................................................................... 2
Figura 2. Ciclo operacional do motor diesel de quatro tempos. Retirado de [5]. ............ 4
Figura 3. Representação genérica da razão de compressão de 8:1. Retirado de [7]. ... 6
Figura 4. Efeitos no atraso de ignição com a variação da pressão média efetiva e da
temperatura de admissão. Adaptado de [3]. .................................................. 9
Figura 5. Influência do número de cetano no atraso de ignição. Adaptado de [3]. ...... 10
Figura 6. Diagrama pressão-volume genérico de um ciclo diesel................................ 12
Figura 7. Modelo de curva de liberação de energia. Adaptado de [3]. ......................... 13
Figura 8. Volume de controle do motor. ...................................................................... 14
Figura 9. Limites de emissão de NOx – MARPOL. Retirado de [11]. ........................... 16
Figura 10. Calorímetro modelo C200, fabricante IKA. Retirado de [14]. ...................... 20
Figura 11. Sala de testes Bunker I localizado no LMT da UFRJ. ................................ 21
Figura 12. Motor marítimo diesel MAN Innovator 4C instalado no LMT da UFRJ. ....... 22
Figura 13. Motor ASTM Cetano CFR, modelo F-5. ..................................................... 23
Figura 14. Medidor do avanço de injeção e atraso de ignição. .................................... 24
Figura 15. Volante responsável pela variação da razão de compressão. Retirado de
[16]. ............................................................................................................. 24
Figura 16. Micrômetro do avanço de injeção do motor CFR. Retirado de [17]. ........... 25
Figura 17. Tela inicial do software utilizado para leitura dos dados experimentais
durante os testes. ........................................................................................ 26
Figura 18. Geometria do conjunto cilindro-biela-virabrequim. ..................................... 28
Figura 19. Curva do Motor CFR Cetano (29/08/2006). ................................................ 31
Figura 20. Atraso de ignição a partir das curvas do levantamento da agulha e taxa de
liberação de calor. Adaptado de [4]. ............................................................ 33
Figura 21. Curva genérica de levantamento da agulha injetora, lN, em função de θ com
indicação do máximo de sua derivada. Adaptado de [3]. ............................. 33
Figura 22. Calorímetro C 200 fornecendo o poder calorífico superior do MDO. .......... 37
xi
Figura 23. Calorímetro C 200 fornecendo o poder calorífico superior do S500. .......... 37
Figura 24. Curvas experimentais da pressão em função do volume dentro da câmara
de combustão operando a 50%, 75% e 100% da carga do motor MAN
operando com MDO. ................................................................................... 38
Figura 25. Curvas experimentais da pressão em função do ângulo do virabrequim
operando a 50%, 75% e 100% da carga do motor MAN com MDO. ............ 39
Figura 26. Curvas da abertura da agulha de injeção de combustível em função do
ângulo de virabrequim. ................................................................................ 40
Figura 27. Identificação do início da combustão através do primeiro máximo local das
curvas d²P/dθ². ............................................................................................ 41
Figura 28. Identificação do início da combustão através do primeiro máximo local das
curvas d³P/dθ³. ............................................................................................ 41
Figura 29. Identificação do início da combustão através do primeiro mínimo local das
curvas d(ln P)/dθ. ........................................................................................ 41
Figura 30. Curvas experimental e de tendência de dQ/dθ em função do θ para as
diferentes cargas do motor MAN. ................................................................ 43
Figura 31. Eficiência térmica do MDO baseada no PCS para os percentuais da carga
do motor MAN. ............................................................................................ 44
Figura 32. Condições registradas no sistema de aquisição no momento da obtenção
do número de cetano do combustível S500. ................................................ 45
Figura 33. Condições registradas no Logs no momento da obtenção do número de
cetano do combustível MDO. ...................................................................... 46
Figura 34. Curvas experimentais da pressão em função do volume dentro da câmara
de combustão dos combustíveis MDO e S500. ........................................... 46
Figura 35. Curvas experimentais da pressão em função do ângulo do virabrequim do
motor CFR operando com MDO e S500. ..................................................... 47
Figura 36. Energia liberada instantaneamente em função do ângulo do virabrequim
para os combustíveis MDO e S500. ............................................................ 48
Figura 37. Energia liberada acumulada ao longo da combustão em função do ângulo
do virabrequim para os combustíveis MDO e S500. .................................... 49
xii
Lista de Símbolos
B Diâmetro do pistão
C Raio da manivela
CP Calor específico a pressão constante
CV Calor específico a volume constante.
L Comprimento da biela
mcomb Massa de combustível presente na câmara de combustão
ṁcomb Vazão de mássica de combustível
Poti Potência indicada
P(θ) Pressão na câmara de combustão
𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏 Calor liberado pelo combustível
rc Razão de compressão
s(θ) Distância entre o eixo da manivela e o eixo do pino do pistão
U Energia interna total da mistura ar-combustível
Vd Volume deslocado do cilindro
Vm Volume morto do cilindro
V(θ) Volume instantâneo do cilindro em função do ângulo do virabrequim
𝑊 Trabalho exercido pela mistura ar-combustível
𝑊𝑖 Trabalho indicado pelo motor
�̇� Potência do motor
𝛾 Coeficiente politrópico
θ Ângulo do virabrequim
θav Ângulo de abertura da válvula de admissão
θfv Ângulo de fechamento da válvula de descarga
θSOC Ângulo do virabrequim do início da combustão (start of combustion)
θEOC Ângulo do virabrequim do fim da combustão (end of combustion)
θSOI Ângulo do virabrequim do início da injeção (start of injection)
𝜌 Massa específica
xiii
Abreviaturas
ANP: Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
ASTM: American Society for Testing and Materials
CFR: Cooperative Fuel Research
DMB: Diesel marítimo B
EOI: End of injection
Eq.: Equação
GLP: Gás liquefeito de petróleo
HFO: Heavy fuel oil
IMO: International Maritime Organization
LMT: Laboratório de Máquinas Térmicas
MARPOL: Maritme Pollution
MDO: Marine Diesel Oil
NC: Número de cetano
ONU: Organização das Nações Unidas
PC: Poder calorífico
PCI: Poder calorífico inferior
PCS: Poder calorífico superior
PMS: Ponto morto superior
PMI: Ponto morto inferior
Pot.: Potência
SFC: Specific fuel consumption
SOC: Start of combustion
SOI: Start of injection
QAV: Querosene de aviação
UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro
1
1. Introdução
1.1. Motivação
Desde o início dos tempos, o homem vem procurando formas de transformar a
energia para utilizá-la em seu favor, desde as tarefas mais básicas, como na preparação
de alimentos, até as mais elaboradas, como no transporte em massa. Porém, é quase
certo que durante o processo de transformação de energia algum tipo de dano ambiental
proporcional seja causado, seja na fauna, flora, saúde ou ao bem-estar público.
Os danos ambientais causados pelos poluentes artificiais, que são produzidos
pelas atividades humanas, advêm da liberação de gases poluentes que os combustíveis
lançam na atmosfera no momento da combustão, como o dióxido de carbono (CO2) e o
monóxido de carbono (CO), em caso de combustão incompleta, ambos os gases que
intensificam o efeito estufa e agravam o problema do aquecimento global. Outro efeito
colateral da combustão de combustíveis é o lançamento de impurezas na atmosfera,
como os óxidos de enxofre que, em contato com a água, podem produzir as chuvas
ácidas.
Visando menor agressão ao meio ambiente e o fato de que os combustíveis
fósseis não são renováveis, o investimento em pesquisas sobre as “energias limpas”,
tais como solar, eólica e geotérmica, vem crescendo, mas ainda representam uma
pequena parcela da energia produzida, considerando a matriz energética mundial.
Outra forma de diminuir os prejuízos ambientais causados pelo homem, é a
busca de uma maior eficiência na utilização dos combustíveis fósseis, que significa gerar
maior ou igual quantidade de energia utilizando menos recursos naturais. Para que o
crescimento impacte negativamente o mínimo possível as futuras gerações, a escolha
correta do combustível de acordo com a aplicação torna-se fundamental para se
alcançar a máxima eficiência energética e, ao mesmo tempo, seja feita uma contribuição
favorável para a conservação do meio ambiente.
Motores diesel têm uma grande importância estratégica no Brasil sendo
utilizados desde transportes terrestres aos marítimos, transportando tanto cargas
quanto pessoas. O desenvolvimento econômico nacional, assim como o aumento
populacional, acarreta num aumento na demanda energética. Essa importância
estratégica do óleo diesel para a produtividade do país [1] pode ser notada tanto pelo
alinhamento do seu consumo com importantes indicadores econômicos, quanto pelas
2
políticas governamentais de regulação do preço e investimento em capacidade
instalada desse insumo.
A importância do óleo diesel para o Brasil é também observada através da
representatividade de sua produção. Em 2017, a produção brasileira de derivados
energéticos de petróleo (combustíveis) foi de 96,544 milhões de metros cúbicos, sendo
o óleo diesel responsável por 42% deste total, conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1. Distribuição percentual da produção de derivados energéticos de petróleo – 2017. Retirado de [2].
A principal motivação técnica deste trabalho é o estudo da combustão do diesel
marítimo em diferentes motores diesel, e a análise das eficiências do ciclo a diesel.
1.2. Objetivo
O objetivo deste projeto de graduação foi avaliar o desempenho do óleo diesel
marítimo em motores de ciclo diesel através da variação das condições de
funcionamento em motores instalados no Laboratório de Máquinas Térmicas (LMT) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a partir de dados experimentais em
testes realizados nestes motores operando com diferentes cargas e tipos de diesel.
Para tal, foi realizada uma revisão bibliográfica englobando as propriedades dos
combustíveis utilizados, óleo diesel marítimo e diesel rodoviário S500. Além disso, foram
feitas as análises do processo de combustão nos motores CFR e MAN, equipados com
sistema de controle e monitoramento de dados.
No motor marítimo diesel, MAN, foram utilizados os dados experimentais da
pressão na câmara de combustão operando com óleo marítimo diesel para três
percentuais da carga do motor (50%, 75% e 100%). O motor CFR foi utilizado para a
comparação de propriedades termodinâmicas dos combustíveis utilizados neste
trabalho.
Óleo Diesel 42,0%
Gasolina A 28,7%Óleo Combustível 12,1%
GLP 10,7%
QAV 6,4%
Outros 0,1%
3
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Motor ciclo diesel
Os motores de combustão têm como propósito a conversão de energia química,
presente no combustível utilizado, em energia mecânica através da queima desses
combustíveis. Neste trabalho, foram utilizados motores que funcionam segundo o ciclo
diesel, que são máquinas térmicas alternativas, de combustão interna, destinadas ao
suprimento de energia mecânica ou força matriz de acionamento.
Tal nome se deve ao engenheiro alemão Rudolf Diesel, quem desenvolveu o
primeiro motor do gênero, entre 1893 a 1898 [3]. Seu conceito de iniciar a combustão a
partir da injeção de combustível líquido no ar aquecido apenas por compressão. Desta
forma, permitiu-se o alcance de maior eficiência, aproximadamente 26%, se comparado
com outros motores de combustão interna da época, como os motores a gasolina, que
alcançavam rendimento de cerca de 20%, e os a vapor, que tinham rendimento em torno
de 10%.
O motor desenvolvido, trabalhando no ciclo de quatro tempos, possui
basicamente duas grandes diferenças em relação a um motor a gasolina:
a. O motor aspira e comprime apenas ar no chamado tempo de compressão;
b. Presença de um sistema de injeção que dosa, distribui e pulveriza o
combustível nos cilindros. O combustível inflama-se ao entrar em contato com
o ar fortemente aquecido pela compressão. Motores a diesel utilizam uma alta
razão de compressão, podendo chegar a 24:1, se comparado aos motores de
ignição por centelha, como motores a gasolina (entre 8:1 e 12:1) ou a etanol
(entre 12:1 e 14:1).
Há uma grande variedade de projetos de motores a diesel em uso para diversas
aplicações – transporte rodoviário, ferroviário ou marítimo, geração de energia. O
princípio por trás do funcionamento do motor a diesel é o ciclo de ignição por
compressão [4]. O movimento descendente do pistão faz com que dentro do cilindro do
motor o ar seja admitido, onde este é comprimido no curso ascendente do pistãoErro!
Fonte de referência não encontrada.. Essa compressão é a responsável pelo
aquecimento do ar no interior do cilindro. O combustível é injetado pelo bico injetor
quando o pistão se aproxima do final do curso de compressão, chamado de Ponto Morto
Superior (PMS), e se inflama espontaneamente. O deslocamento alternativo do pistão
ao longo do cilindro transforma-se em movimento de rotação por meio do mecanismo
biela/manivela.
4
O princípio do motor de ignição por compressão se difere do motor de ignição
por centelha pelo fato deste último possuir um dispositivo, a vela, que provoca uma
centelha dentro da câmara de combustão, na presença da mistura comprimida ar-
combustível. A centelha fornece a energia inicial necessária ao processo de combustão
neste tipo de motor e, então, a mistura queima, expandindo dentro da câmara enquanto
empurra o pistão para baixo. A razão de compressão acaba sendo limitada pela
resistência à autoignição do combustível utilizado. Este tipo de ignição é mais comum
em motores de ciclo Otto
2.1.1. Ciclo termodinâmico
No motor a diesel, no ciclo termodinâmico a quatro tempos, ilustrado na Figura
2, cada cilindro requer quatro cursos de seu respectivo pistão - duas revoluções do
virabrequim - para completar a sequência de eventos que produz a potência. Para
melhor entendimento do funcionamento do motor de ciclo diesel, os quatros tempos de
um cilindro funcionando sob tal ciclo são descritos [3]:
Figura 2. Ciclo operacional do motor diesel de quatro tempos. Retirado de [5].
(a) Admissão: começa com o pistão no ponto morto superior (PMS), iniciando o
movimento em direção ao ponto morto inferior (PMI) ao mesmo tempo em que a
válvula de admissão se abre, possibilitando a admissão de ar no cilindro, e
termina quando o pistão alcança o PMI, ao tempo em que a válvula de admissão
se fecha.
(c) (d) (b) (a)
Válvula de admissão Injetor Válvula de exaustão
5
(b) Compressão: inicia-se com o pistão no PMI e termina com o mesmo no PMS.
Ambas as válvulas, de admissão e exaustão, estão fechadas e o ar contido no
cilindro é comprimido a uma pequena fração de seu volume inicial. Ao final do
curso de compressão, quando o pistão se aproxima do PMS, inicia-se a injeção
de combustível pelo bico injetor.
(c) Expansão: caracterizado pelo processo de combustão. Este é o tempo em que
o pistão começa no PMS e termina no PMI, quando os gases de alta temperatura
e pressão empurram o pistão para o PMI e forçam a manivela a girar. Conforme
o pistão se aproxima do PMI, a válvula de exaustão se abre para iniciar o
processo de exaustão e aliviar a pressão do cilindro para se aproximar da
pressão de exaustão.
(d) Exaustão: tempo em que ocorre a descarga dos gases produzidos durante o
processo de combustão. Estes gases são varridos pelo pistão enquanto este se
move em direção ao PMS. Conforme o pistão se aproxima do PMS, a válvula de
admissão é aberta. Logo após o pistão chegar ao PMS, a válvula de exaustão
se fecha e o ciclo recomeça.
2.1.2. Tipos de sistema de combustão
Os motores de ciclo a diesel [3] são divididos em duas categorias básicas de
acordo com o projeto de sua câmara de combustão:
• Motores de injeção direta: possuem uma única câmara de combustão na
qual o combustível é injetado diretamente. Este tipo de sistema é mais comum
em motores de médio e grande porte. Têm como característica a combustão
mais eficiente e o menor consumo do combustível; e
• Motores de injeção indireta: possuem câmara de combustão dividida em
duas regiões, sendo o combustível injetado na “pré-câmara de combustão”
que é ligada à câmara principal (localizada acima da coroa do pistão). Este
sistema é de uso exclusivo em motores de menor porte. Têm como
característica a fácil manutenção e alta confiabilidade.
2.1.3. Motores marítimos
São projetados para possuir elevados níveis de confiabilidade, resistência a
corrosão e desempenho adequada aos mais variados tipos de embarcação. São
motores que se destacam pela manutenção simples e econômica, podendo inclusive
ser reparados sem a necessidade de remoção da embarcação. Existem dois tipos [6]:
6
• Motor de combustão auxiliar (gerador): projetado para fins de geração de
energia elétrica, dentro da embarcação, em geral são motores de rotação
constante acoplados a um gerador. Seu torque varia de acordo com a carga
solicitada pelos utilizadores do navio; e
• Motor de combustão principal (propulsão): projetado para fins de
locomoção da embarcação, que podem ter sua rotação e torque exercido
variados. Para atingir seu objetivo de locomoção, esse equipamento é
auxiliado por lemes e hélices independentes, permitindo maior mobilidade da
embarcação, tanto em deslocamento quanto em aproximação para
atracamento ao cais.
2.1.4. Razão de compressão
A razão de compressão é a relação matemática que indica quantas vezes o ar
aspirado para dentro dos cilindros é comprimido pelo pistão dentro da câmara de
combustão antes que se inicie o processo de queima, como ilustrado na Figura 3.
Figura 3. Representação genérica da razão de compressão de 8:1. Retirado de [7].
Do ponto de vista termodinâmico, a razão de compressão é diretamente
responsável pelo rendimento térmico do motor. Assim, quanto maior a razão de
compressão, melhor será o aproveitamento energético do motor em relação ao
combustível consumido. É por este motivo que os motores diesel consomem menos que
7
um similar a gasolina: funcionando com razões de compressão altíssimas (17:1 nos
turbo-diesel e até 22:1 nos diesel aspirados), geram potência equivalente consumindo
menos combustível.
2.1.5. Poder calorífico
A cada uma das reações elementares de combustão completa está associada
uma quantidade de calor liberada característica, denominada poder calorífico (PC). Para
combustíveis cuja composição específica não é conhecida, a entalpia dos reagentes
não pode ser determinada a partir das entalpias de formação das espécies reagentes.
O poder calorífico do combustível é então medido diretamente.
O poder calorífico é a magnitude do calor da reação a pressão constante ou a
volume constante a uma temperatura padrão, geralmente 25 °C, para a combustão
completa da massa unitária de combustível. Mais explicitamente, entende-se por poder
calorífico de um combustível sendo o calor liberado durante a combustão completa de
um quilograma do mesmo (no caso de combustíveis sólidos e líquidos), ou de um metro
cúbico (no caso de combustíveis gasosos). A combustão completa caracteriza-se pela
conversão de todo carbono em dióxido de carbono (CO2), todo hidrogênio em água
(H2O), e do enxofre em dióxido de enxofre (SO2) [3].
O termo Poder Calorífico Superior (PCS) é utilizado quando o H2O formado é
todo condensado para a fase líquida. Poder Calorífico Inferior (PCI) é utilizado quando
o H2O formado é todo no estado gasoso.
Podemos obter o valor real da energia liberada pelo combustível ao
correlacionarmos os valores do PCI e a massa de combustível (mcomb).
2.1.6. Processo de combustão
O processo de combustão inicia-se após a injeção do combustível. É
apresentado [3] que no processo de combustão, o combustível líquido é injetado, no
final do tempo de compressão, para que o combustível seja distribuído em um jato, ou
em vários jatos, em toda ou parte da câmara de combustão.
A distribuição do combustível, a mistura com o ar, a evaporação e a difusão para
produzir uma mistura gasosa e reações químicas para queimar o combustível, tudo tem
que ser realizado em um período extremamente curto de tempo para que o motor seja
eficiente. O combustível é, portanto, injetado através do bico injetor, que direciona os
jatos para a câmara de combustão a uma alta pressão. Isso produz injeção rápida e a
uma alta velocidade do jato em relação ao ar. Devido a essa alta velocidade, o jato se
desintegra em gotículas de combustível formando um spray, que se mistura com o ar.
8
O processo de combustão ocorre em um tempo muito pequeno, em geral dado
em milissegundos ou em graus do ângulo do virabrequim. Para melhor entendimento, o
processo foi dividido em quatro fases [8]:
2.1.6.1. Fase de atraso de ignição
O atraso de ignição é a primeira fase do processo de combustão, definida como
o intervalo de tempo entre o início da injeção e o início da combustão [3]. Nesta etapa,
a temperatura se eleva devido a compressão do ar, causando a autoignição do
combustível injetado ainda não queimado. O atraso de ignição é composto pelo atraso
físico (tempo em que a atomização, vaporização e mistura de ar combustível ocorrem)
e pelo atraso químico (atribuído às reações de pré-combustão).
Basicamente, a pressão de injeção e a pressão e a temperatura do ar admitido
no interior da câmara de combustão que definem o atraso físico, enquanto que o atraso
químico é definido pela qualidade do combustível. Os atrasos físico e químico ocorrem
simultaneamente [8].
Um longo atraso de ignição resulta em acúmulo de combustível na câmara de
combustão que, ao ocorrer a ignição, queima rapidamente resultando em um aumento
abrupto da pressão que pode acarretar um funcionamento irregular e, por vezes, danos
no motor.
Este é um parâmetro importante na preparação do combustível antes de injetá-
lo no motor, bem como na seleção do momento ideal de injeção. Nos motores a diesel
de injeção direta, a estimativa do atraso de ignição é de grande importância devido ao
seu efeito sobre a capacidade de atingir a temperatura de autoignição do combustível,
o ruído e as emissões.
Há diversas causas que incidem durante a operação do motor que modificam o
atraso de ignição: o avanço de injeção, a carga do motor, a rotação de funcionamento
e a taxa de injeção. Um aumento da pressão média efetiva e da temperatura do ar de
admissão facilitam a ignição e contribuem para um menor atraso de ignição, como pode
ser visto na Figura 4, em que se pode observar a diminuição do atraso de ignição ao se
aumentar a pressão média efetiva e a temperatura de admissão.
9
Figura 4. Efeitos no atraso de ignição com a variação da pressão média efetiva e da temperatura de admissão. Adaptado de [3].
2.1.6.2. Fase pré-misturada
Em seguida, vem o chamado período de combustão pré-misturada ou
combustão rápida, em que após um pequeno atraso de ignição, o calor da compressão
faz com que a ignição espontânea ocorra, e um período de combustão rápida e
descontrolada ocorre à medida que o vapor acumulado formado durante a fase de
injeção inicial é queimado vigorosamente.
A elevação brusca na pressão, característica desta fase, é a responsável pelo
ruído característico do funcionamento dos motores diesel. Um pico na taxa de variação
da pressão significa uma aplicação espontânea de carga na estrutura do motor,
podendo levar à falha por fadiga em casos mais graves.
2.1.6.3. Fase difusiva
A terceira fase, combustão difusiva, é o período da combustão controlada que
mantém a pressão no pistão e é caracterizada inicialmente pela combustão constante e
uniforme do combustível à medida que este continua sendo injetado no motor, e termina
com a queima completa do combustível após o fim de sua injeção.
Durante as fases dois e três, a pressão no cilindro do motor aumenta
rapidamente e esforços consideráveis são impostos ao pistão. É desejável que a
pressão suba a uma taxa mais baixa possível, e isso é conseguido garantindo que a
10
quantidade mínima de combustível esteja presente no cilindro antes da ignição. Isso
significa que o período de atraso de ignição deve ser o mais curto possível.
A potência de saída do motor tende a melhorar caso a ignição ocorra quando o
pistão estiver mais perto do PMS e for seguida por uma combustão suave e rápida. Para
satisfazer estes requisitos, é necessário, na prática, iniciar a injeção de combustível
antes do PMS, para permitir o efeito do atraso de ignição.
2.1.6.4. Fase residual
A última fase da combustão, também conhecida como “cauda da combustão”,
acontece ao fim da etapa de expansão e é definida pela queima do combustível
remanescente, que acontece a uma proporção menor que nas etapas anteriores.
2.1.7. Número de cetano
A ignição por compressão depende também das propriedades do combustível.
O tempo de atraso dessa ignição deve ser adequado para garantir que o motor funcione
de forma suave, com maior eficiência de conversão da energia do combustível,
reduzindo vibrações, ruídos e emissão de particulado. A qualidade da ignição do
combustível é medida através do Número de Cetano (NC).
No motor de ciclo a diesel, os combustíveis com maior NC terão um menor atraso
de ignição. Tal comportamento pode ser observado na Figura 5, em que quanto maior
o número de cetano, menor será o atraso de ignição e, portanto, mais fácil o combustível
será queimado.
Figura 5. Influência do número de cetano no atraso de ignição. Adaptado de [3].
11
O método utilizado para a determinação do parâmetro em questão é o ASTM D-
613 [17], Método de Teste Padrão para o Número de Cetano do Óleo Diesel. Este
método de teste determina a classificação do óleo diesel em termos de uma escala
arbitrária de NC usando um cilindro único padrão, ciclo de quatro tempos, com razão de
compressão variável e motor diesel com injeção indireta.
Não há benefícios em utilizar combustíveis com NC maior do que o especificado
pelo fabricante do motor. Como exposto na Especificação Padrão ASTM para Óleos
Diesel Combustível (D-975), “os requisitos do número de cetano dependem do design
do motor, tamanho, velocidade, variações de carga e das condições de partida e
atmosféricas. O aumento no número de cetano em relação aos valores realmente
necessários não melhora significativamente o desempenho do motor. Assim, o número
de cetano especificado deve ser o mais baixo possível para garantir a máxima
disponibilidade de combustível". Esta citação ressalta a importância de se corresponder
aos requisitos de cetano do motor com o número de cetano do combustível.
O uso de combustíveis que atendam aos requisitos de operação do motor traz
benefícios à partida a frio, reduz a fumaça durante a partida, aumenta a economia de
combustível, reduz as emissões de exaustão, aumenta a durabilidade do motor e reduz
ruídos e vibrações. Estes requisitos de combustível do motor são publicados no manual
de instruções para cada motor ou veículo específico.
Por outro lado, a utilização de combustíveis diesel com número de cetano inferior
aos requisitos mínimos do motor podem causar uma operação irregular do motor. Neste
caso, os motores têm maiores dificuldades em darem partida, especialmente em climas
frios ou em grandes altitudes. Muitos combustíveis com baixo teor de cetano aumentam
os depósitos do motor durante a operação, resultando em maior emissão de gases de
exaustão e maior desgaste do motor.
12
2.1.8. Trabalho indicado por ciclo
A combustão promove um aumento de pressão e temperatura dentro do cilindro,
causando uma expansão dos gases. Esta pressão desenvolvida no cilindro e seu
volume correspondente podem ser expressos no diagrama da pressão em função do
volume, como ilustrado na Figura 6, usado para calcular o trabalho transferido dos gases
para o pistão.
Figura 6. Diagrama pressão-volume genérico de um ciclo diesel.
2.1.9. Liberação de calor pela queima do combustível
A taxa de liberação de calor durante a combustão em motores diesel é um
parâmetro importante por diversas razões, incluindo a avaliação de desempenho,
formação de poluentes e controle [9]. A quantidade de calor liberado pela queima do
combustível é diretamente ligada à massa de combustível admitida no cilindro, por ciclo,
e ao poder calorífico inferior do combustível.
O processo de combustão e consequente liberação de calor em motores diesel
com injeção direta pode ser idealizado através da curva da taxa de liberação de calor
pelo combustível em função do ângulo do virabrequim.
4
P
V PMS PMI
0 1
3 2
13
Figura 7. Modelo de curva de liberação de energia. Adaptado de [3].
A partir da Figura 7, pode-se observar as quatro fases da combustão, conforme
visto anteriormente na Subseção 2.1.6:
• Fase I: atraso de ignição, entre a, início de injeção (start of injection - SOI) e b,
início da combustão;
• Fase II: combustão pré-misturada ou combustão rápida (rapid combustion), entre
b e c;
• Fase III: combustão difusiva ou controlada pela taxa de mistura, entre c e d, é a
fase onde ocorre o fim da injeção de combustível (end of injection - EOI); e
• Fase IV: combustão terminal ou residual, a partir de d.
2.1.10. Eficiências
A medição das eficiências é um importante parâmetro para comparação de
desempenho de motores de combustão interna.
2.1.10.1. Eficiência da combustão
Nos gases de exaustão de um motor de combustão interna são encontrados
produtos da combustão incompleta (por exemplo, CO e hidrocarbonetos não
queimados) e da combustão completa (CO2 e H2O). Sob condições de operação pobre
em combustível, as quantidades de produtos de combustão incompleta são pequenas,
uma vez que sob condições de operação ricas em combustível, essas quantidades se
tornam mais substanciais, pois não há oxigênio suficiente para completar a combustão.
Taxa
de
Lib
era
çã
o d
e C
alo
r
Ângulo de Virabrequim
14
Como uma fração da energia química do combustível não é totalmente liberada
dentro do motor durante o processo de combustão, é cabível definir uma eficiência de
combustão. O motor pode ser analisado como um sistema aberto que troca calor e
trabalho com o ambiente circundante (a atmosfera), como ilustrado na Figura 8.
Reagentes fluem para o sistema; produtos fluem para fora [3].
Uma baixa eficiência de combustão tem como consequência uma menor taxa de
crescimento de pressão e pressão máxima na câmara de combustão alcançada,
resultando em uma combustão incompleta do combustível.
2.1.10.2. Eficiência global
Na eficiência global, analisa-se a eficiência total do ciclo, com base no calor que
efetivamente se transforma em trabalho útil e o calor equivalente ao trabalho que
poderia ser obtido com a queima de combustível.
2.1.10.3. Eficiência térmica
A energia térmica liberada na combustão não é totalmente aproveitada para a
realização de trabalho pelo motor. A eficiência térmica é dada pela relação entre a
potência indicada e a potência calorífica entregue, ou seja, é a eficiência da
transformação de calor em trabalho, para um ciclo.
Motor
Combustível
Ar
Volume de controle
Gases de exaustão
Figura 8. Volume de controle do motor.
15
2.1.11. Emissões de óxidos de nitrogênio (NOx)
As emissões de NOx são formadas pela combinação de monóxido de nitrogênio
(NO) e dióxido de nitrogênio (NO2), que são altamente nocivos aos seres vivos. A
formação dos NOx ocorre pela oxidação do nitrogênio a elevadas temperaturas [3].
Desta forma, a temperatura da combustão exerce grande influência na formação dos
NOx, bem como a concentração de oxigênio presente na combustão.
A IMO (International Maritime Organization), uma agência das Organização das
Nações Unidas (ONU), é a autoridade global de definição de normas para segurança,
proteção e desempenho ambiental do transporte marítimo internacional, que tem como
principal papel a criação de uma estrutura regulatória para o setor de transporte
marítimo [10].
As regras [11] de emissão por embarcações da IMO estão contidas na
“Convenção Internacional sobre a Prevenção da Poluição por Embarcações”, conhecida
como MARPOL1 73/78. Em 27 de setembro de 1997, a Convenção MARPOL foi alterada
pelo “Protocolo de 1997”, que inclui os “Regulamentos para a Prevenção da Poluição
do Ar por Embarcações” que, entre outras determinações, estabelece limites para a
emissão de NOx de embarcações.
Os padrões limite de emissão de NOx determinados pela IMO são comumente
chamados de padrões Tier I, II ou III. As normas Tier I foram definidas na versão de
1997, enquanto as normas Tier II, em 2008. Para operações em áreas de controle de
emissão2, começaram a valer as normas Tier III a partir de 2016 para os Estados Unidos
e Canadá, e apenas a partir de 2021 para a Europa.
Os limites de emissão de NOx da MARPOL aplicam-se a cada motor diesel
marítimo com uma potência superior a 130 kW instalada em uma embarcação. Os
limites de emissões de NOx são definidos para motores a diesel, dependendo da
velocidade máxima de operação do motor, conforme apresentados Figura 9. Os limites
Tier I e Tier II são globais, enquanto os padrões Tier III se aplicam somente em áreas
de controle de emissões de NOx.
1 MARPOL 73/78, acrônimo de Maritme Pollution (Poluição marítima), 73 devido ao ano (1973) da Convenção Internacional sobre a Prevenção da Poluição por Embarcações e 78 devido ao ano (1978) da modificação. 2 As áreas de controle de emissões existentes incluem: • Mar Báltico (NOx: 2016/2021) • Mar do Norte (NOx: 2016/2021) • A maior parte da costa dos EUA e do Canadá (NOx: 2010/2012). • Caribe, incluindo Porto Rico e Ilhas Virgens dos EUA (NOx: 2011/2014).
16
Figura 9. Limites de emissão de NOx – MARPOL. Retirado de [11].
2.2. Combustíveis
O combustível é a substância utilizada para produzir calor, que é utilizado para
acionar os motores. O diesel é um derivado do petróleo utilizado em motores de ignição
por compressão. Para melhor análise e entendimento dos resultados experimentais, são
apresentadas as características e propriedades específicas dos combustíveis utilizados
neste trabalho, óleo diesel marítimo e diesel rodoviário S500, que influenciam
diretamente os resultados das medições experimentais.
2.2.1. Diesel em aplicações marítimas
Em aplicações marítimas, são utilizados dois tipos de diesel: um com alta
viscosidade, o óleo bunker ou óleo pesado (heavy fuel oil - HFO), e o óleo diesel
marítimo (marine diesel oil - MDO), que tem como característica a alta concentração de
enxofre em sua composição. Devido às suas características, o HFO tem custo menor
comparado ao MDO, além de ter menor qualidade de combustão [9].
O diesel marítimo é utilizado prioritariamente nos sistemas auxiliares de geração
de energia ou de emergência de embarcações. Entretanto são utilizados em motores
principais, de propulsão, em embarcações de médio e pequeno porte [12]. Existem
normas estabelecidas que definem algumas propriedades destes combustíveis, como o
teor de enxofre, acidez, massa específica, viscosidade, ponto de fluidez, entre outros.
17
Os requisitos de qualidade do diesel marítimo são semelhantes aos do diesel de
aplicação automotiva. Contudo, o óleo diesel marítimo possui menores exigências com
relação a qualidade da combustão, mas requer um ponto de fulgor (temperatura na qual
o líquido se torna inflamável na presença de uma chama) mais elevado, por ser
armazenado em ambientes confinados, dentro de tanques de navios, exigindo maiores
níveis de segurança.
2.2.1.1. Óleo diesel marítimo
Neste trabalho, foi utilizado o óleo diesel marítimo, também denominado de MDO
ou DMB (diesel marítimo B). O óleo diesel marítimo é um combustível destinado ao uso
em motores de embarcações, tanto na propulsão, como em motores auxiliares,
classificados em destilados médios ou óleos diesel marítimos e residuais ou óleos
combustíveis marítimos. Algumas de suas propriedades são regulamentadas pela
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biodiesel (ANP) (Apêndice A.1 –
Especificações dos óleos marítimos, de acordo com a Resolução ANP nº 52 de 29 de
dezembro de 2010).
2.2.1.2. Biodiesel
Vale ressaltar a discussão em torno da adição de biodiesel no diesel marítimo.
Atualmente, de acordo com a resolução da ANP, admite-se um teor máximo de 0,1%
em volume de biodiesel aos óleos diesel marítimos3. Porém, houve o descumprimento
da determinação da lei 11.097 de janeiro de 2005, que determinava que todo diesel
marítimo consumido em território brasileiro passaria a receber a adição de 5% de
biodiesel a partir do começo de 2011. No entanto, a adição obrigatória de biodiesel aos
combustíveis aquaviários, de acordo com a ANP, será reavaliada quando as condições
técnico-operacionais para o uso seguro da mistura estiverem estabelecidas [13].
Duas propriedades do biodiesel tornam difíceis a sua adição no diesel marítimo:
a) O biodiesel é altamente higroscópico (absorve a umidade do ar com
facilidade), e isso torna o combustível susceptível à proliferação de
microrganismos; e
b) Prazo de validade relativamente curto, formando borras quando oxida.
3 pelo método ABNT NBR 15568 ou ENN 14078
18
2.2.2. Diesel rodoviário
O diesel rodoviário é classificado pelo seu teor máximo de enxofre presente em
sua composição, o qual é um elemento químico indesejável tanto no ponto de vista dos
motores, devido à corrosão de suas partes metálicas, quanto do ponto de vista
ambiental, devido às emissões de enxofre, altamente nocivo ao meio ambiente. Neste
trabalho, foi utilizado o óleo diesel rodoviário S500, devido às suas propriedades se
assemelharem àquelas do diesel marítimo, como por exemplo, massa específica e
quantidade de enxofre mais elevada.
O diesel rodoviário S500, analogamente ao diesel marítimo possui suas
classificações regulamentadas pela ANP (Apêndice A.2 – Especificações do óleo diesel
de uso rodoviário, de acordo com a Resolução ANP n° 50 de 23/12/2013). O número
500 que acompanha a letra “S”, designando o tipo de diesel automotivo, representa o
teor máximo de enxofre contido no combustível, em mg/kg, o que significa que o diesel
S500 possui teor máximo de enxofre de 500 mg/kg.
19
3. Procedimento Experimental
Nesta seção, são descritos os procedimentos experimentais realizados neste
trabalho: propriedades dos combustíveis utilizados, aquisição dos dados referentes aos
testes no motor MAN e CFR, além da determinação dos valores de poder calorífico dos
combustíveis. Todos os experimentos citados anteriormente foram realizados nas
dependências do Laboratório de Máquinas Térmicas (LMT), localizado no Centro de
Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3.1. Combustíveis
Cabe à ANP proteger os interesses dos consumidores quanto a preço, qualidade
e oferta de produtos, bem como especificar a qualidade dos derivados de petróleo, gás
natural e seus derivados e dos biocombustíveis, considerando a obrigação de evitar
riscos à segurança dos consumidores, conforme estabelecido no Código de Defesa do
Consumidor.
Algumas das especificações da ANP referentes às propriedades dos
combustíveis MDO (resolução ANP n° 52 de 29/12/2010, Apêndice A.1) e do S500
(resolução ANP n° 50 de 23/12/2013, Apêndice A.2) são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Alguns valores especificados pela ANP para MDO e S500.
Propriedade MDO S500 Unidade
Água, máx. 0,30 0,05 % volume
Enxofre total máx. Não especificado 0,5 % massa
Índice de cetano, mín. 35 Não especificado -
Número de cetano, mín. Não especificado 42 -
Massa específica a 20 °C, máx. 896,8 815,0 a 865,0 kg/m³
Ponto de fulgor, mín. 60 38 °C
Viscosidade cinemática a 40 °C Máx. 11,0 2,0 a 5,0 mm²/s
O MDO e o S500 foram obtidos do estoque do LMT. As massas específicas dos
combustíveis MDO e S500 foram determinadas a partir de amostras, com o auxílio de
uma balança de precisão e proveta graduada.
3.2. Poder calorífico
Em geral, para combustíveis industriais, costuma-se determinar de forma
experimental a quantidade de calor liberada (poder calorífico) por uma amostra
mediante a realização de ensaio em laboratório, sob condições padronizadas.
20
Para a obtenção do poder calorífico dos combustíveis utilizados neste projeto,
foi utilizado o Calorímetro C 200 da fabricante IKA, mesmo modelo mostrado na Figura
10, presente no Laboratório de Máquinas Térmicas da UFRJ.
Figura 10. Calorímetro modelo C200, fabricante IKA. Retirado de [14].
Este calorímetro fornece o poder calorífico superior (PCS) de amostras a partir
de uma amostra do combustível. O único dado de entrada para o cálculo do PCS, é a
massa do combustível a ser analisada.
3.3. Motores utilizados
Os dados utilizados neste projeto foram obtidos através da operação de dois
motores, ambos instalados nas dependências do Laboratório de Máquinas Térmicas
(LMT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os quais são comentados nas
subseções 3.3.1 e 3.3.2.
3.3.1. MAN Innovator 4C
Neste trabalho foram utilizados dados experimentais obtidos anteriormente em
testes no motor marítimo do ciclo diesel, operando com o combustível óleo diesel
marítimo, do fabricante MAN, o Innovator 4C, do tipo GenSet (grupo gerador), localizado
na bancada de testes Bunker I, Figura 11.
21
Figura 11. Sala de testes Bunker I localizado no LMT da UFRJ.
O motor em questão, mostrado na Figura 12, tem como objetivo a realização de
testes e pesquisas com óleos combustíveis pesados e lubrificantes, e possui
especificações conforme indicadas na Tabela 2.
Tabela 2. Características do motor MAN.
Ciclo 4 tempos
Combustível MDO ou HFO
Cilindros 5
Configuração Em linha
Tipo de injeção Direta
Potência 500 kW
Velocidade de rotação 1200 rpm
Diâmetro (cilindro) 160 mm
Curso (cilindro) 240 mm
Comprimento da biela 690 mm
Relação biela manivela 5,75
Ângulo de injeção - 4° (4° antes do PMS)
Cilindrada 4800 cm³ (por cilindro)
Área do pistão (por cilindro) 201 cm²
Razão de compressão 15,2:1
22
O motor MAN Innovator 4C opera segundo o ciclo diesel de quatro tempos,
possui 5 cilindros configurados em linha que funciona a uma rotação constante de 1200
rpm e opera acoplado a um gerador WEG GPA 400. Juntos, os 5 cilindros fornecem um
total de 500 kW de potência. O motor possui sistema de turbocompressão que aumenta
a massa de ar injetada nos cilindros através de uma maior massa específica resultante
da compressão no dispositivo. Desta forma, mais combustível é queimado, aumentando
a potência do motor para um mesmo volume admitido nos cilindros. O motor também
possui um intercooler que tem o objetivo de resfriar o ar antes de ser admitido pelo
cilindro, aumentando sua massa específica.
Figura 12. Motor marítimo diesel MAN Innovator 4C instalado no LMT da UFRJ.
A sala de controle é equipada com um computador que é conectado ao módulo
base do motor, mostrando as leituras dos sensores que medem a variação do ângulo
do virabrequim e a pressão dentro da câmara de combustão, além de sensores que
medem o levantamento da agulha do bico injetor.
A medição do ângulo do virabrequim é captada por um sensor eletromagnético,
modelo Honeywell 3010AN. Para a pressão na câmara de combustão é feita a medição
pelo sensor da AVL modelo GU21D. O dispositivo para a medição da pressão na câmara
de combustão em função do ângulo do virabrequim permite a obtenção de dados a uma
frequência de medição a cada 0,25°. O ângulo de virabrequim igual a 0° representa o
pistão no PMS, ao final do tempo da compressão e início do tempo de expansão [15].
23
A partir dos dados das medições realizadas anteriormente pela equipe do LMT,
três percentuais diferentes da carga do motor (50%, 75% e 100%) foram consideradas
neste trabalho e, para cada carga, 200 ciclos completos foram monitorados e medidos.
3.3.2. Waukesha CFR F-5
O motor ASTM Cetano CFR (Cooperative Fuel Research), modelo F-5
(APÊNDICE B – CFR método F-5), fabricado pela Waukesha Motor Co. em 1973,
mostrado na Figura 13, foi projetado de acordo com as especificações da norma ASTM
D-613 e tem como objetivo a determinação do número de cetano de combustíveis
utilizados em motores de ignição por compressão.
Figura 13. Motor ASTM Cetano CFR, modelo F-5.
24
O motor CFR – cetano ASTM D-613 tem como característica o ajuste de
parâmetros de operação durante o seu funcionamento, exceto pela sua rotação, a qual
é fixa no valor de 900 rpm, uma vez que esta é controlada por um motor elétrico síncrono
e responsável pela partida do motor CFR.
O motor, é equipado com um sistema de aquisição e controle de dados, e permite
as seguintes medições:
• Atraso de ignição: O motor CFR é equipado com um medidor digital, 115
VAC (50 ou 60 Hz), Figura 14, que mede e exibe o avanço de injeção e atraso
de ignição dos combustíveis de teste e de referência, em graus do ângulo do
virabrequim.
Figura 14. Medidor do avanço de injeção e atraso de ignição.
• Pressão no interior da câmara de combustão: O volante, Figura 15,
permite a variação da razão de compressão enquanto o motor opera. A razão
de compressão deste motor pode variar de 8:1 a 36:1, permitindo que uma
grande variedade de combustíveis diesel seja testada sem mudança do
cabeçote. Quanto maior a razão de compressão, menor o atraso de ignição.
Figura 15. Volante responsável pela variação da razão de compressão.
Retirado de [16].
25
• Avanço de injeção: é alterado através de um micrômetro, Figura 16, que
modifica o ângulo de defasagem da bomba injetora.
Figura 16. Micrômetro do avanço de injeção do motor CFR. Retirado de [17].
• Vazão de combustível: é ajustada através da cremalheira, ilustrada na
Figura 16, que controla quanto de combustível é fornecido. O sistema de
injeção de combustível se dá através da injeção indireta de combustível, que
é realizada por um injetor emparelhado com uma bomba de injeção de alta
pressão.
• Temperatura de admissão do ar: é controlada através de uma resistência
elétrica que entra em contato com o ar no duto de admissão.
• Temperatura do bico injetor: é modificada através de uma válvula que
controla o fluxo de água responsável pelo arrefecimento da camisa d’água
que envolve o bico injetor.
• Temperatura do óleo lubrificante: o óleo lubrificante não possui controle de
temperatura.
A determinação do NC segue a norma ASTM D-613 [17], por isso, os parâmetros
operacionais do motor, tais como rotação, vazão de combustível, atraso de ignição,
avanço de injeção e temperatura do ar de admissão, são ajustados e fixados seguindo
a norma, de acordo com a Tabela 3.
26
Tabela 3. Parâmetros do motor CFR.
Parâmetro Valores de referência
Rotação 900 ± 9 rpm
Avanço de injeção 13° antes do PMS
Início da combustão 13° após início da injeção
Razão de compressão (variável) Acerto dos 13° do “delay”
Vazão de combustível 13 ± 0,2 mL/min
Temperatura do ar de admissão 150 ± 1 °F
Temperatura da água de arrefecimento do injetor 100 ± 5 °F
Temperatura da água de arrefecimento do motor 212 ± 3 °F
Pressão do óleo lubrificante 25 a 30 psi
Temperatura do óleo lubrificante 135 ± 15 °F
3.3.3. AVL IndiCom
Para a medição de parâmetros durante os testes realizados no motor MAN
Innovator 4C e CFR, ambos foram instrumentados com sensores que medem pressão
no interior da câmara de combustão e a posição (ou levantamento) da agulha do bico
injetor em função do ângulo do eixo de manivela.
Para a captação dos dados referentes às medições nos sensores foi utilizado o
software AVL IndiCom [18], Figura 17, específico para análises de processos de
combustão, instalado nos respectivos computadores das salas de controle das
bancadas de teste.
Figura 17. Tela inicial do software utilizado para leitura dos dados experimentais
durante os testes.
27
4. Metodologia
Uma análise teórica do ciclo termodinâmico do motor de combustão interna o
classificaria como um ciclo aberto, com o fluido de trabalho composto por uma mistura
de gases. Uma boa aproximação prática do ponto de vista da engenharia, contudo, é
considerá-lo um ciclo fechado, com um fluido de trabalho padrão (ar). Para essa análise,
consideramos verdadeiras as seguintes hipóteses:
• Uma massa fixa de ar (gás perfeito) é considerada durante todo o processo.
Desta forma, não seria necessário considerar os fluxos de fluidos através das
válvulas;
• O processo de combustão é substituído por uma transferência de calor de
uma fonte externa;
• Os processos de entrada e saída de ar são substituídos por processos de
transferências de calor;
• Processos de compressão e expansão são considerados reversíveis; e
• CP e CV são considerados constantes.
4.1. Modelagem termodinâmica
4.1.1. Primeira Lei da Termodinâmica
Os modelos termodinâmicos de simulação dos processos em motores de ciclo a
diesel se baseiam em expressões derivadas da primeira Lei da Termodinâmica que, em
sua forma diferencial e em função do ângulo do eixo de manivela (θ), é escrita como [3]:
𝑑𝑈
𝑑𝜃=
𝛿𝑄𝑇𝑜𝑡
𝛿𝜃−
𝛿𝑊
𝛿𝜃 ( 1 )
sendo 𝛿𝑄𝑇𝑜𝑡 o diferencial inexato de calor total, 𝛿𝑊 o diferencial inexato do trabalho
realizado pelo pistão e 𝑑𝑈 é o diferencial da energia interna. A taxa de calor total é uma
relação entre 𝛿𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏 e 𝛿𝑄𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒, dada por:
𝛿𝑄𝑇𝑜𝑡
𝛿𝜃=
𝛿𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏
𝛿𝜃−
𝛿𝑄𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒
𝛿𝜃 ( 2 )
28
4.1.2. Razão de compressão
É o valor numérico da relação entre o volume total da câmara de combustão
(quando o pistão se encontra no PMI) e o volume da mesma completamente comprimida
(quando o pistão se encontra no PMS), ou seja [3]:
𝑟𝑐 =𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜=
𝑉𝑚+𝑉𝑑
𝑉𝑚 ( 3 )
onde Vm é o volume morto do cilindro, e Vd é o volume deslocado pelo movimento do
pistão entre o PMS e o PMI.
4.1.3. Volume do cilindro
O volume do cilindro pode ser determinado, qualquer que seja sua posição, de
acordo com a seguinte relação:
𝑉(𝜃) = 𝑉𝑚 + 𝜋𝐵²
4 [𝐿 + 𝐶 − 𝑠(𝜃)] ( 4 )
onde s(θ) é a distância entre o eixo da manivela e o eixo do pino do pistão, descrito
como:
𝑠(𝜃) = 𝐶 𝑐𝑜𝑠𝜃 + √(𝐿² − 𝐶2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃) ( 5 )
A geometria do cilindro pode ser observada na Figura 18, onde é possível
verificar as representações do diâmetro do pistão (B), comprimento da biela (L), raio da
manivela (C) e ângulo da manivela (θ).
Figura 18. Geometria do conjunto cilindro-biela-virabrequim.
PMS
PMI
θ
C
L
s(θ)
B
29
4.1.4. Consumo horário de combustível
O consumo horário de combustível injetado na câmara de combustão pode ser
determinado através do consumo específico de combustível (specific fuel consumption
– SFC). A vazão mássica de combustível, ṁcomb, pode ser determinada por:
�̇�𝑐𝑜𝑚𝑏 = �̇� ∙ 𝑆𝐹𝐶 ( 6 )
onde �̇� é a potência do motor operando a mesma carga que o valor de SFC usado.
4.2. Número de cetano
O método utilizado para a determinação do número de cetano é descrito pela
norma ASTM D-613 [17]. Neste método, o NC de um tipo de diesel é determinado pela
comparação de suas características de combustão no motor de teste padronizado, o
CFR, com combustíveis de referência, cujos NC são conhecidos.
O teste é realizado utilizando o volante que varia a razão de compressão do
motor CFR para a amostra e cada um dos dois combustíveis de referência para obter
um atraso de ignição específico, permitindo a interpolação do número de cetano em
termos da leitura do volante.
Os combustíveis de referência considerados neste trabalho foram o T-22 (NC
=74,8) e o U-15 (NC = 18,7), utilizados para obter misturas intermediárias com NC
variável. A Tabela 4, obtida pela equipe do LMT previamente ao presente trabalho,
fornece o NC com relação à porcentagem da quantidade de T-22 no U-15.
30
Tabela 4. Número de cetano com relação a porcentagem do T22 e U15.
A partir da seleção dos 11 valores destacados na Tabela 4, foi feita,
anteriormente à realização deste trabalho pela equipe do LMT, a composição da curva
que informa o número de cetano em função da posição do volante que desloca o êmbolo
da pré-câmara de combustão, responsável por variar a razão de compressão do motor.
Pode-se observar esta relação na Curva do Motor CFR Cetano feita pela equipe do LMT
em 29 de agosto de 2006, conforme ilustrado na Figura 19.
31
Figura 19. Curva do Motor CFR Cetano (29/08/2006).
Para a determinação do número de cetano dos combustíveis analisados, o motor
CFR é abastecido, e quando os parâmetros do motor, indicados na Tabela 3 (rotação,
atraso de ignição, vazão de combustível, etc), estão nos intervalos determinados pelo
teste ASTM D-613, é realizada a leitura do volante utilizado para variar a razão de
compressão.
O volante possui um leitor que permite determinar sua posição e fazer uma
correlação com a razão de compressão. A partir da leitura do volante pode-se
determinar o NC do combustível, através da Curva do Motor CFR Cetano, e a razão de
compressão, conforme valores indicados na Tabela 5.
32
Tabela 5. Conversão da leitura do volante para razão de compressão. Retirado de
[19].
4.3. Poder calorífico
Neste trabalho, para os cáclulos referentes ao poder calorífico foi utilizado o
poder calorífico superior (PCS) obtido através do calorímetro C200, ao invés do inferior
(PCI). Muito embora o valor do PCS seja maior do que o valor do PCI, os resultados
obtidos serviram como base de comparação os combustíveis analisados aqui.
4.4. Atraso de ignição
Como já visto em sua definição na subseção 3.3.2, o atraso de ignição depende
da determinação dos momentos de início da injeção do combustível e de início da
combustão. A Figura 20 ilustra como é obtido o atraso de ignição, baseado nos dados
da abertura do bico injetor (injector needle lift) e a curva da taxa de liberação de calor.
Em seguida, são apresentados os métodos utilizados para obtenção do atraso
de ignição e os dados experimentais do motor a diesel da MAN utilizados no presente
trabalho.
33
Figura 20. Atraso de ignição a partir das curvas do levantamento da agulha e taxa de liberação de calor. Adaptado de [4].
4.4.1. Ângulo de início de injeção
O ângulo de início da injeção foi determinado através dos dados experimentais
de posição da agulha do bico injetor. Um método para a determinação do ângulo de
início de injeção é aquele em que a velocidade da agulha em função do ângulo do
virabrequim, obtida após um pós-processamento dos dados de sua posição, apresenta
seu primeiro pico, ilustrada na Figura 21. Este critério costuma ser de fácil aplicação e
de alta precisão, pois a abertura do bico se dá de forma brusca e com pouco ruído nos
dados do sensor [20].
Figura 21. Curva genérica de levantamento da agulha injetora, lN, em função de θ com indicação do máximo de sua derivada. Adaptado de [3].
4.4.2. Ângulo do início da combustão
São conhecidos diversos métodos para a identificação do início da combustão a
partir das curvas de pressão e de taxa de calor liberado pela combustão. Para se obter
o ângulo do início de combustão, uma das formas mais utilizadas na literatura [3], é
através da identificação do momento, ou ângulo do virabrequim, em que a curva da taxa
de liberação de calor em função do ângulo de virabrequim possui a maior inclinação.
Início da Injeção
Atraso de
ignição
Levantamento da agulha injetora
θ
Início da combustão
Taxa de liberação de calor
PMS θ
34
Existem outras maneiras de determinar o início da combustão a partir das curvas
experimentais de pressão na câmara de combustão. Uma delas, é através do primeiro
máximo local das curvas da derivada segunda da pressão em relação ao ângulo do
virabrequim [21], outra maneira é através do máximo local das curvas da derivada
terceira da pressão em relação ao ângulo do virabrequim [22].
Existe ainda o método em que se identifica o início da combustão através da
determinação do ponto de mínimo local da curva d(ln P)/dθ [23].
De maneira geral, os métodos baseados na segunda e terceira derivadas da
curva da pressão da câmara de combustão apresentam resultados similares, que
coincidem com uma inspeção visual da curva de pressão para baixas cargas, onde é
possível identificar claramente o início da combustão [20].
4.5. Trabalho indicado
O trabalho indicado (Wi) realizado pelo motor é calculado da seguinte forma [3]:
𝑊𝑖 = ∫ 𝑃(𝜃)𝑑𝑉𝜃𝑎𝑣
𝜃𝑓𝑣 ( 7 )
onde θfv e θav são, respectivamente, os ângulos de fechamento da válvula de admissão
e de abertura da válvula de descarga e P é a pressão na câmara de combustão e V o
volume desta, e que ambos variam com o ângulo de virabrequim θ.
4.6. Liberação de calor pela queima de combustível
A taxa de liberação de calor pela queima de combustível foi determinada a partir
dos dados experimentais da pressão dentro da câmara de combustão em função do
ângulo do virabrequim e da aplicação da Primeira Lei da Termodinâmica.
Para a estimativa da taxa de liberação de calor pela queima de combustível, a
mistura formada dentro do cilindro de combustão foi considerada um gás ideal com
propriedades uniformes. A partir desta consideração e da equação de estado para um
gás ideal, juntamente com a Primeira Lei da Termodinâmica, a Eq. ( 8 ) pode ser obtida
quando as válvulas de admissão e exaustão estão fechadas [3]:
𝑑𝑃
𝑑𝜃= −𝛾
𝑃
𝑉
𝑑𝑉
𝑑𝜃−
(𝛾−1)
𝑉
𝑑𝑄
𝑑𝜃 ( 8 )
Onde P(θ) é a pressão, que varia com o tempo, θ é o ângulo do virabrequim, V(θ) é o
volume instantâneo do cilindro, Q(θ) é o calor liberado e γ é o coeficiente politrópico,
que foi assumido constante e igual a 1,33. A quantidade de energia que o combustível
35
libera durante a combustão (que ocorre dentro do cilindro após a injeção), pode ser
determinada pelo poder calorífico inferior (PCI), uma vez que a água presente no
produto da reação química está no estado de vapor [3]. Contudo, para fins de
comparação, serão utilizados os valores de poder calorífico superior (PCS) dos
combustíveis, determinados a partir de testes no calorímetro C200. Logo, para
determinar a quantidade de calor total liberada pela queima de combustível (Qcomb):
𝑄𝑐𝑜𝑚𝑏 = 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏 𝑃𝐶𝑆 ( 9 )
onde mcomb é a massa de combustível admitida no cilindro por ciclo.
4.7. Eficiência térmica
É o valor adimensional que tem por finalidade medir a eficiência de um motor,
adotando em sua formulação o calor obtido pela combustão e a potência do eixo, dado
por [24]:
𝜂𝑇 = 𝑃𝑜𝑡
�̇�𝑐𝑜𝑚𝑏 𝑃𝐶𝑆 100% ( 10 )
onde Pot é a potência gerada e ṁcomb é a vazão mássica do combustível, que varia de
acordo com o percentual da carga do motor.
36
5. Resultados e análises
Nesta seção, a partir da metodologia descrita no Cap. 4, são mostrados os
resultados e análises dos testes de operação anteriormente realizados pela equipe do
LMT no motor MAN Innovator 4C operando com combustível MDO, e mais
recentemente no motor Waukesha CFR F-5, operando com o MDO e o S500.
Os resultados desta seção foram obtidos através da média de 200 ciclos em
cada carga específica (50%, 75% e 100%) de cada teste realizado no motor MAN
Innovator 4C. No motor Waukesha CFR F-5, a média de 200 ciclos foi obtida para cada
combustível utilizado (MDO e S500).
5.1. Massa específica dos combustíveis
Para obtenção da massa específica das amostras dos combustíveis, MDO e
S500, o ambiente foi condicionado, com a intenção de aproximar a temperatura do
laboratório a 20 °C, que é a temperatura de referência para as massas específicas
tabeladas nas especificações da ANP (Apêndices A.1 – Especificações dos óleos
marítimos, de acordo com a Resolução ANP nº 52 de 29 de dezembro de 2010 e A.2 –
Especificações do óleo diesel de uso rodoviário, de acordo com a Resolução ANP n° 50
de 23/12/2013).
Além disso, foi verificada a estabilidade da balança, verificando se esta não
variava a leitura ao se colocar uma massa sobre ela.
Para a determinação da massa específica do MDO, primeiramente foi aferida a
massa da proveta, obtendo-se uma leitura de mproveta= 284,9 g. Em seguida, a proveta
foi preenchida com o combustível até a marca de 250 mL. Então ela foi pesada
novamente, desta vez com combustível, m(MDO + proveta) 1 = 495,6 g.
Para garantir a confiabilidade dos dados, o procedimento foi repetido mais duas
vezes, encontrando as seguintes leituras da proveta preenchida com combustível:
m(MDO + proveta) 2 = 495,5 g e m(MDO + proveta) 3 = 495,5 g.
Sabendo que a massa específica (𝜌) é a relação entre a massa (m) da
substância em questão e o volume ocupado por ela (V),
𝜌 = 𝑚
𝑉 ( 11 )
foram obtidos três valores para a massa específica do combustível MDO: 𝜌𝑀𝐷𝑂1= 842,8
kg/m³, 𝜌𝑀𝐷𝑂2= 842,4 kg/m³ e 𝜌𝑀𝐷𝑂3 =842,4 kg/m³.
37
A partir dos valores acima, foi realizada a média, obtendo-se a massa específica
𝜌𝑀𝐷𝑂= 842,6 kg/m³ para combustível MDO, utilizada para os cálculos referentes a este
combustível no presente trabalho. O valor está de acordo com as determinações da
resolução da ANP n° 52 de 29/12/2010, Apêndice A.1, que determina o valor máximo
da massa específica 𝜌𝑀𝐷𝑂𝑚á𝑥 = 896,8 kg/m³.
O processo análogo foi feito para o diesel S500, obtendo os seguintes valores
de massa específica: 𝜌𝑆5001 = 849,5 kg/m³, 𝜌𝑆5002 = 849,0 kg/m³ e 𝜌𝑆5003 = 849,1 kg/m³.
A partir dos valores supracitados, foi realizada a média, obtendo-se a massa
específica 𝜌𝑆500 = 849,2 kg/m³ para o combustível S500, utilizada para os cálculos
referentes a este combustível aqui. O valor está de acordo com as determinações da
resolução da ANP n° 50 de 23/12/2013, Apêndice A.2, que determina os valores máximo
e mínimo da massa específica deste combustível (815,0 < 𝜌𝑆500 < 865,0 kg/m³)
5.2. Poder calorífico
O Calorímetro C 200, utilizado neste projeto, fornece o poder calorífico superior
(PCS) das amostras analisadas. Para o MDO, o valor encontrado para o PCS foi de
45,047 MJ/kg (Figura 22) e para o diesel S500, PCS de 44,744 MJ/kg (Figura 23). Os
testes foram realizados durante a execução deste projeto, em agosto de 2018.
Figura 22. Calorímetro C 200 fornecendo o poder calorífico superior do MDO.
Figura 23. Calorímetro C 200 fornecendo o poder calorífico superior do S500.
38
A partir da proximidade entre os valores de poder calorífico superior encontrados,
espera-se uma quantidade de energia liberada similar em ambos os combustíveis ao
operar no mesmo motor (Waukesha CFR F-5) sob os mesmos parâmetros de operação
(determinados pelo método ASTM D-613 [17]).
5.3. MAN Innovator 4C
Os dados apresentados nesta seção, são referentes à operação do motor MAN
com o combustível MDO em novembro de 2013 pela equipe do LMT, anteriormente ao
início deste trabalho, a partir dos quais foram gerados os gráficos e tendências
analisados na presente seção.
5.3.1. Curvas de pressão
A Figura 24 apresenta os comportamentos das curvas de pressão em função da
variação do volume dentro da câmara de combustão para os diferentes percentuais da
carga do motor MAN operando com o MDO. Os valores obtidos são com base nas
respectivas médias de 200 ciclos das diferentes porcentagens da carga do motor MAN.
Figura 24. Curvas experimentais da pressão em função do volume dentro da câmara de combustão operando a 50%, 75% e 100% da carga do motor MAN operando com
MDO.
O trabalho por ciclo aumenta conforme aumenta o percentual da carga do motor
MAN, calculado a partir da integração pelo método dos trapézios da curva da pressão
em função do volume na câmara de combustão, Tabela 6:
0
30
60
90
120
150
180
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
P (
bar)
Volume (cm³)
100% da carga
75% da carga
50% da carga
PMI PMS
39
Tabela 6. Trabalho por ciclo no motor MAN a rotação de 1200 rpm utilizando MDO.
% Carga do motor Potência nominal (kW) Trabalho (J)
50% 250 5.234,34
75% 375 7.471,00
100% 500 9.699,54
A partir dos dados numéricos de pressão na câmara de combustão, gerados
durante os ensaios realizados anteriormente com o motor MAN Innovator 4C apresenta-
se, no presente trabalho, a geração de resultados gráficos (Figura 25) onde observa-se
os diferentes comportamentos do motor quando submetido às cargas de 50%, 75% e
100%.
Figura 25. Curvas experimentais da pressão em função do ângulo do virabrequim operando a 50%, 75% e 100% da carga do motor MAN com MDO.
Numa análise mais criteriosa, pode-se afirmar que: para cada curva de pressão
para diferentes cargas, existe o aumento brusco da pressão na câmara de combustão
ocorrendo perto do PMS (θ = 0°), indicando a ocorrência da combustão. É possível
observar também a diferença da suavidade com que ocorre a combustão em cada caso.
Enquanto para carga de 100% a combustão ocorre de maneira mais suave e contínua,
para cargas menores, como ocorre na curva de 50% de carga, é observada uma
combustão mais brusca. Esse comportamento se deve, entre outros fatores, ao atraso
de ignição, como será visto na Subseção 5.3.3.
0
30
60
90
120
150
180
-50 -25 0 25 50 75 100 125 150
P (bar)
θ (°)
100% da carga
75% da carga
50% da carga
40
5.3.2. Consumo horário de combustível
A vazão mássica de combustível injetada na câmara de combustão do motor
MAN, Tabela 7, determinada através da Eq. ( 6 ), utiliza os valores da potência do motor
(�̇�) e o respectivo consumo específico de combustível (SFC), retirado do manual do
motor [25], cujos valores por percentual da carga, no motor MAN, são listados na Tabela
7.
Tabela 7. SFC e consumo horário de combustível por carga no motor MAN.
Carga Potência (kW) SFC (g/kWh) �̇�𝒄𝒐𝒎𝒃 (kg/h)
25% 125 230 28,75
50% 250 199 49,75
75% 375 187 70,50
100% 500 188 94,00
5.3.3. Atraso de ignição
As curvas da Figura 26 mostram o comportamento da agulha de injeção de
combustível antes, durante e depois da injeção do combustível para diferentes cargas.
É possível observar que quanto maior a carga utilizada no motor, maior o tempo que a
agulha de injeção de combustível fica aberta, consequentemente, mais combustível é
injetado na câmara de combustão.
O critério utilizado para a determinação do início da injeção, foi o ângulo (θSOI)
em que a agulha do bico injetor sai de sua posição de repouso, θSOI = -4°. O ângulo de
injeção no motor MAN é fixo, logo é o mesmo para as três cargas.
Figura 26. Curvas da abertura da agulha de injeção de combustível em função do ângulo de virabrequim.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
-20 -10 0 10 20 30
Levanta
mento
da a
gulh
a d
o b
ico
inje
tor
(m
m)
θ (°)
100% de carga75% de carga50% de carga
PMS -4
41
Para a determinação do início da combustão nas Figura 27, Figura 28 e Figura
29, indicadas pelas circunferências cujas as cores referem-se à carga utilizada. Os
métodos utilizados foram descritos na Sec. 4.4, obtidos a partir das curvas de pressão
para cada carga aplicada em função do ângulo do virabrequim (Figura 25).
Figura 27. Identificação do início da combustão através do primeiro máximo local das curvas d²P/dθ².
Figura 28. Identificação do início da combustão através do primeiro máximo local das
curvas d³P/dθ³.
Figura 29. Identificação do início da combustão através do primeiro mínimo local das curvas d(ln P)/dθ.
Os valores encontrados para cada método são apresentados na Tabela 8, em
que é possível relacionar o início da combustão mais tardia para menores percentuais
de carga do motor. Vale ressaltar que tais valores são uma estimativa, uma vez que
θ (°)
d²P
/dθ²
(bar/
°²)
d³P
/dθ³
(bar/
°³)
d(ln P
)/dθ (
1/°
)
θ (°)
θ (°)
42
para se obter uma análise mais detalhada do início da combustão, seria necessário
considerar a variabilidade das 200 curvas de cada carga que compõem as médias
analisadas.
Tabela 8. Valores para início da combustão no motor MAN para os diferentes métodos.
Carga Método Início da combustão (°)
50% 𝑑²𝑃
𝑑𝜃²
0,00
75% -1,25
100% -1,75
50% 𝑑³𝑃
𝑑𝜃³
-1,00
75% -1,75
100% -3,25
50% 𝑑(𝑙𝑛 𝑃)
𝑑𝜃
-2,00
75% -2,00
100% -2,50
A partir da determinação dos inícios da injeção e da combustão (este calculado
a partir da média dos valores encontrados para cada método em cada percentual de
carga do motor utilizada), é possível determinar o atraso de ignição para os diferentes
percentuais da carga do motor MAN, como mostrado na Tabela 9.
Tabela 9. Valores de atrasos de ignição para cada percentual de carga do motor MAN.
Carga Início de injeção (°)
𝜽𝑺𝑶𝑰 Início da combustão (°)
𝜽𝑺𝑶𝑪 Atraso de ignição (°)
|𝜽𝑺𝑶𝑪 − 𝜽𝑺𝑶𝑰|
50% - 4,00°
- 1,00 3,00
75% - 1,67 2,33
100% - 2,50 1,50
A partir dos valores de atraso de ignição para os diferentes percentuais de carga
do motor MAN (lembrando que o início de injeção é fixo para todas as cargas) é possível
observar na Tabela 9Tabela 4 a relação inversamente proporcional com a carga, ou
seja, quanto maior a carga, menor é o atraso de ignição.
Um menor atraso de ignição leva a combustão a ocorrer de forma mais suave,
como pode ser notado através de uma inspeção visual das curvas de pressão em função
do ângulo do virabrequim para cada carga na Figura 25. Na curva de pressão a 50% de
carga, é possível observar uma elevação mais brusca da pressão na câmara de
combustão do que na curva de 100% de carga, em que esta elevação da pressão ocorre
de maneira mais suave e contínua.
Uma carga mais baixa, implica em maior atraso de ignição devido à menor
temperatura na câmara de combustão (se comparado com cargas maiores), fazendo
43
com que o tempo levado pelo combustível para começar a queimar seja maior, a
combustão pré-misturada será mais intensa do que nas cargas altas, o que justifica o
aumento brusco da curva de pressão ao se aproximar do PMS para as cargas baixas.
O motor MAN Innovator 4C, possui um sistema de injeção mecânico, ou seja, o
início da injeção do combustível na câmara de combustão foi pré-definido pelo
fabricante. Desta forma, o início da combustão ocorre antes do ponto morto superior.
Assim, a combustão é otimizada, uma vez que os máximos das curvas de pressão
apresentam seus máximos absolutos o mais próximo do PMS.
5.3.4. Taxa de liberação de calor para diferentes cargas
As curvas de taxa de liberação de calor em função do ângulo de virabrequim,
ilustradas na Figura 30, foram obtidas pelo orientador Prof. Marcelo J. Colaço, através
da utilização dos dados da pressão na câmara de combustão em função do ângulo de
virabrequim, dados da geometria do motor e métodos descritos por Pasqualette [15].
Figura 30. Curvas experimental e de tendência de dQ/dθ em função do θ para as diferentes cargas do motor MAN.
O calor liberado para as curvas de 50%, 75% e 100% da carga do motor MAN,
valores apresentados na Tabela 10, foram determinadas a partir da integração pelo
método dos trapézios das curvas dQ/dθ em função do ângulo θ, Figura 30, em que foi
observada uma maior liberação de calor conforme o aumento de carga no motor.
As curvas de tendência foram obtidas através da suavização das respectivas
curvas calculadas a partir dos dados experimentais, utilizado os recursos do Excel.
-200
0
200
400
600
800
1000
-10 0 10 20 30 40 50 60
dQ/dθ (J/°)
θ (°)
Calculado a partir dos dadosexperimentais (100% da carga)Calculado a partir dos dadosexperimentais (75% da carga)Calculado a partir dos dadosexperimentais (50% da carga)Tendência (100% da carga)
Tendência (75% da carga)
Tendência (50% da carga)
44
Tabela 10. Calor liberado para cada percentual de carga do motor MAN operando com o MDO.
% Carga do motor Integral 𝒅𝑸/𝒅𝜽 (J)
50% 10.874,54
75% 15.664,30
100% 20.113,54
5.3.5. Eficiências
A Figura 31 apresenta a tendência da curva da eficiência térmica baseada no
PCS do MDO para diferentes percentuais da carga do motor MAN operando a 1200
rpm. Para melhor análise da tendência, foi adicionada a eficiência térmica para o motor
operando com 25% da carga do motor.
Figura 31. Eficiência térmica do MDO baseada no PCS para os percentuais da carga do motor MAN.
Para o cálculo destas eficiências, foi utilizado o poder calorífico superior (PCS)
do MDO. A análise da serve apenas como comparação entre as eficiências dos
diferentes percentuais da carga do motor.
Pode-se observar, através da análise da Figura 31, o aumento da eficiência
térmica com o aumento da carga, isto é, quanto maior a carga, melhor o aproveitamento
do combustível, devido às melhores condições dentro da câmara de combustão, onde
temperatura e pressão são mais elevadas à medida que a carga aumenta.
As eficiências térmicas baseadas nos dados experimentais do motor MAN,
mostradas na Tabela 11, foram calculadas a partir dos valores do trabalho por ciclo para
os diferentes percentuais da carga do motor (obtidos através das curvas da Figura 24)
34,7%
40,2%42,7% 42,5%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
0% 25% 50% 75% 100%Re
nd
imen
to té
rmic
o d
o M
DO
(%
)
Carga do motor (%)
Rendimento a 25% da carga máxima Rendimento a 50% da carga máxima
Rendimento a 75% da carga máxima Rendimento a 100% da carga máxima
45
e dos respectivos valores de energia liberada ao longo das combustões (obtidos através
das curvas da Figura 30).
Tabela 11. Eficiência térmica calculada a partir dos dados experimentais do motor MAN para diferentes cargas.
% da carga do motor W (J) 𝑸𝒄𝒐𝒎𝒃 (J) Eficiência do motor (%)
50% 5.234,34 10.874,54 48,13
75% 7.471,00 15.664,30 47,69
100% 9.699,54 20.113,54 48,22
5.4. Waukesha CFR F-5
Para a obtenção dos dados referente ao número de cetano do MDO e S500, foi
utilizado o motor Waukesha CFR F-5, seguindo como referência as condições
determinadas na norma ASTM D-613. As telas da interface gráfica de controle do motor
são mostrados na Figura 32 e Figura 33 para os combustíveis S500 e MDO,
respectivamente. Na Figura 32 e Figura 33 também é possível ver as condições usadas
nos testes. Os testes foram realizados durante a execução deste trabalho, em agosto
de 2018.
Figura 32. Condições registradas no sistema de aquisição no momento da obtenção do número de cetano do combustível S500.
46
Figura 33. Condições registradas no Logs no momento da obtenção do número de cetano do combustível MDO.
5.4.1. Curvas de pressão
Na Figura 34, é apresentado o comportamento das curvas de pressão em função
da variação do volume dentro da câmara de combustão dos combustíveis MDO e S500.
Os valores obtidos pelo AVL Indicom (Subseção 3.3.3) são com base nas respectivas
médias de 200 ciclos dos diferentes combustíveis testados.
Figura 34. Curvas experimentais da pressão em função do volume dentro da câmara de combustão dos combustíveis MDO e S500.
0
10
20
30
40
50
0 100 200 300 400 500 600 700
P (bar)
V (cm³)
MDO
S500
PMI PMS
47
Os trabalhos por ciclo para cada combustível no motor CFR, calculado a partir
da integração pelo método dos trapézios da curva da pressão em função do volume na
câmara de combustão, são 296,77 J para o MDO e 305,82 J para o S500.
A Figura 35 ilustra as curvas de pressão experimental na câmara de combustão
para o ciclo médio dos combustíveis MDO e S500 no motor CFR. O ponto morto superior
(PMS) ocorre quando θ = 0°.
Figura 35. Curvas experimentais da pressão em função do ângulo do virabrequim do motor CFR operando com MDO e S500.
Nas Figura 34 e Figura 35, é possível observar que as curvas de pressão, para
ambos os combustíveis, têm comportamento similar e, consequentemente, os trabalhos
realizado por ciclo são parecidos (diferença de cerca de 3% entre os valores).
5.4.2. Consumo horário de combustível
No motor CFR, lembrando que a vazão volumétrica de combustível determinada
pelo método ASTM D-613 [17] é de 13 mL/min, e conhecendo as massas específicas
dos combustíveis, o consumo horário para o MDO é de ṁMDO (CFR) = 0,644 kg/h, enquanto
que para o diesel rodoviário S500, é de ṁMDO (CFR) = 0,648 kg/h.
A potência do motor utilizada foi aferida no trabalho de Valéria Pimentel e o Prof.
Carlos Belchior [26] a partir de medições de um dinamômetro hidráulico, projetado para
ser instalado diretamente no eixo do motor CFR F-5, que capturou a leitura da potência
de 2,6 kW para a vazão de 13 mL/min.
O SFC do motor CFR para cada combustível, determinado a partir dos valores
da potência do motor e da vazão volumétrica dos respectivos combustíveis, são
apresentados na Tabela 12.
0
10
20
30
40
50
-30 -20 -10 0 10 20 30 40
P (bar)
θ (°)
MDO
S500
48
Tabela 12. SFC e consumo horário do motor CFR operando com o MDO e o S500.
Combustível Potência (kW) SFC (g/kWh) ṁcomb (kg/h)
MDO 2,6 247,69 0,644
S500 2,6 243,23 0,648
Tabela 13. SFC e consumo horário de combustível por carga no motor MAN.
Carga Potência (kW) SFC (g/kWh) ṁcomb(kg/h)
25% 125 230 28,75
50% 250 199 49,75
75% 375 187 70,50
100% 500 188 94,00
A partir dos valores de SFC para o combustível MDO encontrados para os
motores CFR F-5 e MAN pode-se observar que para gerar a mesma potência, o CFR F-
5 precisa utilizar mais combustível do que o motor MAN.
5.4.3. Liberação de calor pelos combustíveis MDO e S500
A partir das curvas de calor liberado pelos combustíveis MDO e S500 em função
do ângulo do virabrequim (θ), Figura 36, foram obtidas as respectivas curvas de energia
liberada acumulada ao longo da combustão, Figura 37, ambas obtidas pelo AVL
Indicom.
Figura 36. Energia liberada instantaneamente em função do ângulo do virabrequim para os combustíveis MDO e S500.
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
-21 -15 -9 -3 3 9 15 21 27 33
Q (kJ/m³°)
θ (°)
MDO
S500
49
Figura 37. Energia liberada acumulada ao longo da combustão em função do ângulo do virabrequim para os combustíveis MDO e S500.
Ao fim da combustão, para cada teste com os diferentes combustíveis, os calores
liberados foram de 970,63 J pelo MDO e 1010,62 J pelo S500. Os valores foram obtidos
a partir da integração pelo método dos trapézios da curva da energia liberada
instantaneamente em função do ângulo de virabrequim. É possível observar que o
comportamento das curvas de liberação de energia para ambos os combustíveis ocorre
de maneira similar, isso se atribui ao fato de que ambos os combustíveis possuem os
valores de poder calorífico e de massa específica semelhantes, além de ambos os
combustíveis terem operado no motor CFR sob as condições da norma ASTM D-613.
5.4.4. Número de cetano
A Tabela 13, apresenta os resultados dos testes realizados no motor CFR para
a determinação do número de cetano dos combustíveis analisados no presente trabalho.
Tabela 13. Registros de operação do motor CFR
Parâmetros Combustível Unidade MDO S500
Temperatura do ar de admissão 151 151 ºF
Temperatura do bico injetor 103,5 103,7 ºF
Temperatura do óleo lubrificante 125 123 ºF
Tempo de consumo de 13 mL 60 60 s
Posição da cremalheira 697 697 -
Posição do avanço de injeção 1190 1177 -
Posição do volante 1605 1555 -
Número de cetano4 50,2 44,5 -
Razão de compressão 12,29:1 12,58:1 -
4 Número de cetano referenciado à curva de calibração do motor, 29 de agosto de 2006
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
-21 -15 -9 -3 3 9 15 21 27 33
Q (J)
θ (°)
MDOS500
50
Através da leitura da posição do volante do motor CFR para cada combustível,
obtemos as respectivas razões de compressão: 12,29:1 para o MDO e 12,58:1 para o
S500. Como pode ser observado na Tabela 13, apesar de um maior número de cetano
encontrado para o MDO em relação ao NC do S500, esta superioridade não refletiu em
um melhor processo de combustão, como visto nos comportamentos das curvas de
pressão, liberação de calor e os valores de trabalho e energia liberada por ciclo. Isso se
deve ao fato de que a utilização de combustíveis com número de cetano maior do que
o especificado pelo fabricante do motor, não traz grandes benefícios, como visto na
subseção 2.1.7.
5.4.5. Eficiências
Como foi visto na revisão bibliográfica realizada no Cap. 2, a razão de
compressão é um parâmetro que está diretamente relacionado à eficiência do motor.
Logo, é esperado que as eficiências sejam semelhantes para ambos os combustíveis,
uma vez que os valores das respectivas razões de compressão são próximos.
As eficiências térmicas do motor CFR F-5 para os diferentes combustíveis
utilizados são 32,26% operando com o combustível MDO e 32,22% operando com o
diesel rodoviário S500.
A partir dos valores de energia liberada acumulada ao longo das combustões
dos diferentes combustíveis (obtidos através das curvas da Figura 37) e dos valores do
trabalho por ciclo por combustível (obtidos através das curvas da Figura 34), ratifica-se
a relação entre a razão de compressão e eficiência. Além disso, é visto que a utilização
de combustível com maior número de cetano do que o especificado pelo fabricante, não
melhora significativamente o desempenho do motor. Esta tendência ocorre uma vez que
para ambos os combustíveis de teste, foram obtidas eficiências térmicas baseadas nos
dados experimentais similares, de aproximadamente 30%, como mostrado na Tabela
14.
Tabela 15. Eficiência térmica calculada a partir dos dados experimentais do motor CFR para o MDO e S500.
Combustível W (J) 𝑸𝒄𝒐𝒎𝒃 (J) Eficiência térmica (%)
MDO 296,77 970,63 30,57
S500 305,82 1010,62 30,26
Fazendo um comparativo dos valores dos consumos específicos de combustível
(SFC) e das eficiências térmicas encontrados para a motor MAN Innovator 4C e o CFR
F-5, pode-se observar que o motor MAN é mais eficiente e econômico. Isso se deve ao
fato de o motor CFR F-5 ser um motor de injeção indireta, possuir injeção lateral de
51
combustível, possuir apenas duas válvulas (uma de injeção e outra de descarga), operar
com razão de compressão baixa e ter operado de acordo com parâmetros determinados
pela norma ASTM D-613, que não otimiza o processo de combustão. Por outro lado, o
motor MAN possui sistema de injeção direta, injeção de combustível central, quatro
válvulas (duas de admissão e duas de descarga), possui sistema de turbocompressão,
além de possuir uma concepção de projeto mais moderna.
52
6. Conclusões
O conhecimento mais profundo sobre os combustíveis e suas propriedades evita
gastos excessivos com o combustível e com a manutenção do motor, permite maior
aprendizado sobre as necessidades do motor a ser utilizado e atendimento aos
requisitos de segurança. Neste trabalho, foram comparados e analisados os resultados
experimentais da combustão de diferentes combustíveis em diferentes motores.
No motor MAN Innovator 4C, operando com óleo diesel marítimo em diferentes
cargas:
• observa-se as evoluções bruscas das curvas de pressão, para cada percentual da
carga do motor, ao aproximarem-se de seus respectivos PMS e que quanto maior
é o percentual de carga no motor, mais suave e contínua é a combustão, além de
uma maior pressão máxima alcançada;
• constata-se a relação direta entre o atraso de ignição e a qualidade da combustão;
• observa-se que quanto maior a carga utilizada no motor, maior é a liberação de
calor por ciclo; e
• ratifica-se, através da curva de tendência da eficiência térmica, a relação entre
uma melhor combustão e o aumento do percentual de carga do motor, devido às
melhores condições dentro da câmara de combustão.
No motor Waukesha CFR-F5, operando com o óleo diesel marítimo e diesel
rodoviário S500:
• observa-se que para combustíveis com número de cetano e poder calorífico
similares operando sob as mesmas condições (método ASTM D-613), o
comportamento das curvas de pressão e de liberação de calor, trabalho realizado
por ciclo, razões de compressão, consumo específico de combustível e eficiências
se assemelham; e
• ratifica-se a informação de que a utilização de combustível com NC maior do que
o especificado pelo fabricante do motor não traz grandes benefícios ao processo
de combustão.
A partir de uma comparação dos valores de consumo específico de combustível
e das eficiências utilizando o combustível MDO nos motores MAN e CFR F-5, pode-se
verificar que o motor MAN tem um melhor aproveitamento do combustível no processo
de combustão, isso se deve, entre outros fatores, à concepção mais moderna do projeto
deste motor e o tipo de injeção de combustível.
Desta forma, pôde-se confirmar as informações expostas na bibliografia deste
trabalho, permitindo o uso mais eficiente dos combustíveis e motores analisados.
53
7. Referências
[1] L. P. CAETANO, “Mapemento e Projeção do Consumo de Óleo Diesel no Brasil,”
Rio de Janeiro, 2013.
[2] AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS
(ANP), “Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis,” ANP, 2018.
[3] J. B. HEYWOOD, Internal combustion engine fundamentals, New York: McGraw-
Hill, 1988.
[4] C. P. G. LEWIS, C. SCHENK, W. J. M. STASSEN, Ignition Quality of Residual
Fuels in Diesel Engines, Amsterdam: Shell Research and Technology Centre
Amsterdam.
[5] ENCYCLOPEDIA BRITANNICA INC., 2007.
[6] O. C. NOGUEIRA, “Estudo comparativo de motores diesel marítimos através da
análise de lubrificantes usados e engenharia de confiabilidade,” Engevista, vol. v.
13, pp. 244-254, 2011.
[7] CANAL DA PEÇA, “Canal da Peça,” 2017 04 18. Disponível em:
https://www.canaldapeca.com.br/blog/o-que-e-taxa-de-compressao-e-cilindrada/.
Acesso em: 02 de fevereiro de 2019.
[8] J. LAMB, The Burning of Boiler Fuels in Marine Diesel Engines, vol. LX, The
Institute of Marine, 1948.
[9] M. A. PASQUALETTE, D. C. ESTUMANO, F. C. HAMILTON, M. J. COLAÇO, A.
J. K. LEIROZ, H. R. ORLANDE, et al., “Bayesian estimate of pre-mixed and
diffusive rate of heat release phases in marine diesel engines” Journal of the
Brazilian Society of Mechanical Sciences and Engineering, vol. 39, maio 2017.
[10] INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION, “International Maritime
Organization”. Disponível em: http://www.imo.org/en/About/Pages/Default.aspx.
Acesso em: 30 de janeiro de 2019.
[11] DIESELNET, “DieselNet” . Disponível em:
https://www.dieselnet.com/standards/inter/imo.php. Acesso em: 30 de janeiro de
2019.
[12] PETROBRAS, “Informações Técnicas Combustíveis Marítimo”.
54
[13] F. RODRIGUES, “Diesel marítimo: ainda sem previsão,” BiodieselBR. Disponível
em: https://www.biodieselbr.com/revista/027/ainda-sem-previsao. Acesso em: 18
de janeiro de 2019.
[14] LABCONTROL INSTRUMENTOS CIENTÍFICOS LTDA., “Manual Pré Instalação:
C 200,” Labcontrol Instrumentos Científicos Ltda., São Paulo.
[15] M. A. PASQUALETTE, “Estimativa Inversa Bayesiana da Taxa de Liberação de
calor de um motor marítimo Diesel Usando Filtros de Partículas para a Análise da
Combustão e suas Fases,” Trabalho de conclusão de curso. Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil., 2014.
[16] WAUKESHA ENGINE DIVISION, “CFR F-5 Cetane Method Diesel Fuel Rating
Unit”.
[17] ASTM, “Standard Test Method for Ignition Quality of Diesel Fuels By the Cetane
Method” em ASTM D 613, 1985.
[18] AVL, AVL Indicom Mobile 2015 - User's Guide, 2014.
[19] ASTM, ASTM Manual for Rating Motor, Diesel and Aviation Fuels, 1972.
[20] M. PASQUALETTE, M. COLAÇO, J. ANTUNES, A. LEIROZ, “Métodos para a
Determinação do Atraso de Ignição em um Motor Marítimo Diesel Operando com
Óleo Diesel Marítimo,” 2014.
[21] D. B. LATA, A. MISRA, “Analysis of Ignition Delay Period of a Dual Fuel Diesel
Engine with Hydrogen and LPG as Secondary Fuels,” International Journal of
Hydrogen Energy, vol. 36, pp. 3746-3756, Março 2011.
[22] T. KATRASNIK, F. TRENC E S. R. OPRESNIK, “A New Criterion to Determine
the Start of Combustion in Diesel Engines”, ASME, vol. 128, pp. 928 - 933, 2006.
[23] E. ZERVAS, Comparative Study of Some Experimental Methods to Characterize
the Combustion Process in a SI Engine, vol. 30, 2005, pp. 1803 - 1816.
[24] F. F. FILHO, “Desempenho de um Motor Diesel Operando no Modo Bi-
Combustível Diesel-Álcool”, Rio de Janeiro, 2008.
[25] MAN DIESEL & TURBO, Manual MAN L16/24: Project Guide, 1ª ed., 2010.
[26] V. S. B. PIMENTEL, C. P. R. BELCHIOR, Análise e diagnose de diesel geradores
operando com óleo de dendê "in natura". In: Encontro de Energia no Meio Rural,
4, Campinas, 2002.
55
APÊNDICE A – Especificações dos combustíveis
A.1 – Especificações dos óleos marítimos, de acordo com a Resolução
ANP nº 52 de 29 de dezembro de 2010
Característica Unidade
Tipo Método
DMA DMB ABNT
NBR ASTM/IP/ISO
Aspecto - LII(5) anotar Visual -
Cor ASTM, máx. - 3 - 14483 ASTM D1500
Enxofre Total, máx. % massa 0,5 14533
ASTM D2622
ASTM D4294
ASTM D5453
ISO 8754
ISO 14596
Massa específica a 20° 𝐶, máx
𝑘𝑔/𝑚³ 876,8 896,8 7148
14065
ASTM D1298
ASTM D4052
ISO 3675
ISO 12185
Ponto de Fulgor, mín. °𝐶 60,0 14598 ASTM D93
ISO 2719
Viscosidade a 40°𝐶 𝑚𝑚²/𝑠 1,5 - 6,0 máx. 11,0 10441 ASTM D445
ISO 3104
Ponto de Fluidez, máx.
Tipo inverno °𝐶
-6 0 11349
ASTM D97
ISSO 3016 Tipo verão 0 6
Índice de Cetano, mín. - 40 35 14759 ASTM D4737
ISSO 4264
Resíduo de Carbono no resíduo dos 10% finais de destilação, máx.
% massa 0,25 - 15586
ASTM D4530
ISO 10370
Resíduo de Carbono, máx. % massa - 0,30
Cinzas, máx. % massa 0,010 9842 ASTM D482
ISO 6245
Água, máx. % vol. - 0,30 14236 ASTM D95
ISO 3733
Sedimentos, máx. % massa - 0,10(6) - ASTM D4870
ISO 10307-1
5 Límpido e isento de impurezas 6 A determinação desta característica é requerida quando o produto não se apresentar límpido e isento de impurezas.
56
A.2 – Especificações do óleo diesel de uso rodoviário, de acordo com
a Resolução ANP n° 50 de 23/12/2013
Característica(7) Unidade
Tipo Método
Tipo A e B ABNT
NBR ASTM / EN
S10 S500
Aspecto(8) - Límpido e isento de impurezas
14954 D4176
Cor - (9) Vermelho(10
)
Cor ASTM, máx.(11) - 3,0 14483
D1500 D6045
Teor de biodiesel(12) % volume (13) 15568 EN 14078
Enxofre total, máx. 𝑚𝑔/𝑘𝑔
10,0(14) - - D2622 / D5453 / D7039 / D7212/ D7220
- 500 14533 D2622 / D4294 / D5453 / D7039 / D7220(15)
Destilação
10% vol., recuperados,mín.
°𝐶
180,0 Anotar
9619 D86
50% vol., recuperados 245,0 a 295,0
245,0 a 310,0
85% vol., recuperados,máx. - 360,0
90% vol., recuperados - Anotar
95% vol., recuperados,máx. 370,0 -
Massa específica a 20 °𝐶 𝑘𝑔/𝑚³ 815,0 a 850,0(16)
815,0 a 865,0
7148
14065
D1298
D4052
7 Poderão ser incluídas nesta especificação outras características, com seus respectivos limites, para óleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gás natural ou a partir de matéria prima distinta do petróleo. 8 Deverá ser aplicado o procedimento 1 para cada método. 9 Usualmente de incolor a amarelada, podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido à coloração do biodiesel. 10 O corante vermelho, especificado, deverá ser adicionado no teor de 20 mg/L de acordo com o artigo 12. 11 Limite requerido antes da adição do corante. 12 Aplicável apenas para o óleo diesel B 13 No percentual estabelecido pela legislação vigente. Será admitida variação de ± 0,5 % volume. A norma EN 14078 é de referência em caso de disputa para a determinação do teor de biodiesel no óleo diesel B. 14 Para efeito de fiscalização nas autuações por não conformidade, será admitida variação de +5 mg/kg no limite da característica teor de enxofre do óleo diesel B S10, nos segmentos de distribuição e revenda de combustíveis. 15 Aplicável apenas para óleo diesel A. 16 Será admitida a faixa de 815 a 853 kg/m3 para o óleo diesel B.
57
Ponto de fulgor, mín. °𝐶 38,0 7974
14598
D56 / D93 / D3828 / D7094
Viscosidade Cinemática a 40°𝐶 𝑚𝑚²/𝑠 2,0 a 4,5 2,0 a 5,0 10441 D445
Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.
°𝐶 (17) 14747 D6371
Número de cetano, mín., ou Numero de cetano derivado (NCD), mín.
- 48 42(18) -
D613
D6890
D7170
Resíduo de carbono Ramsbot-tom no resíduo dos 10% finais da destilação, máx.
% massa 0,25 14318 D524
Cinzas, máx. % massa 0,010 9842 D482
Corrosividade ao cobre, 3h a 50°C, máx.
- 1 14359 D130
Teor de água(19), máx. 𝑚𝑔/𝑘𝑔 200 500 - D6304
EN ISO 12937
Contaminação total(20), máx. 𝑚𝑔/𝑘𝑔 24 - - EN 12662
Água e sedimentos, máx. % volume - 0,05 - D2709
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, máx.
% massa 11 - - D5186 / D6591 / EN 12916
Estabilidade à oxidação(21), máx. 𝑚𝑔/100𝑚𝐿
2,5 - - D2274 / D5304(22)
Índice de Acidez Mg
KOH/g Anotar - 14248 D664 / D974
Lubricidade, máx. 𝜇𝑚 (23) ISO 12156 / D6079
17 Limites de acordo com o mês e a unidade da federação. 18 Para o óleo diesel A, alternativamente, fica permitida a determinação do índice de cetano calculado pelo método ASTM D4737, quando o produto não contiver aditivo melhorador de cetano, com limite mínimo de 45. No caso de o resultado ser inferior a 45, o ensaio de número de cetano deverá ser realizado. Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano, esta informação deverá constar no Certificado da Qualidade. 19 Aplicável na produção e na importação do óleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os óleos diesel B na distribuição. 20 Aplicável na importação, antes da liberação do produto para comercialização. 21 Os resultados da estabilidade à oxidação e dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos poderão ser encaminhados ao distribuidor até 48 h após a comercialização do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento. A partir de 1º de janeiro de 2015, o resultado do teor hidrocarbonetos policíclicos aromáticos deverá constar no Certificado da Qualidade no ato da comercialização do produto. 22 Os métodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao óleo diesel A. 23 Poderá ser determinada pelos métodos ISO 12156 ou ASTM D6079, sendo aplicáveis os limites de 460 µm e 520 µm, respectivamente. A medição da lubricidade deverá ser realizada em amostra com biodiesel, no teor estabelecido pela legislação vigente, em conformidade com o § 9º do Art. 9º.
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Condutividade elétrica(24), mín. 𝜌𝑆/𝑚 25 25(25) - D2624 / D4308
24 Limite requerido no momento e na temperatura do carregamento/bombeio do combustível pelo produtor, importador e distribuidor. Para o óleo diesel A S500 deverá ser informado no Certificado da Qualidade a concentração de aditivo antiestático adicionada. 25 Limite requerido no momento e na temperatura do carregamento/bombeio do combustível pelo produtor, importador e distribuidor. Para o óleo diesel A S500 deverá ser informado no Certificado da Qualidade a concentração de aditivo antiestático adicionada.
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APÊNDICE B – CFR método F-5
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